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DISSIPAÇÃO DE ENERGIA EM EDIFÍCIOS
Aplicação de Dissipadores Viscosos a um Edifício Alto
Mauro Filipe Santos Monteiro
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Civil
Júri
Presidente: Professor José Manuel Matos Noronha da Câmara
Orientador: Professor Luís Manuel Coelho Guerreiro
Vogal: Professor João Sérgio Nobre Duarte Cruz
Outubro de 2011
ii
i
AGRADECIMENTOS
Quero dedicar esta página a todos os que, directa ou indirectamente, prestaram a sua preciosa e
indispensável contribuição durante o meu percurso académico, com a qual enriqueceram e
tornaram possível a realização deste grande desafio.
Ao Professor Luís Guerreiro, quero agradecer pela sua disponibilidade para ser orientador
científico da minha Dissertação de Mestrado e pelo interesse e disponibilidade sempre
demonstrada. A sua sabedoria, sentido crítico e grande capacidade para ensinar tornaram este
trabalho muito mais rico.
O maior agradecimento vai para os meus pais, que sempre me apoiaram e incentivaram ao
longo do Curso. Sem eles nada disto teria sido possível!
Ao meu irmão Pedro Monteiro, quero agradecer pela amizade e pela paciência demonstrada ao
longo destes anos. Em breve terás um computador novo.
À Diana um especial agradecimento pela sua ajuda, paciência e dedicação.
A todos os meus amigos e colegas de Curso um grande obrigado pelos momentos passados, em
especial ao Marcelo Serrano e ao Miguel Bárbara que sempre me acompanharam nas horas de
trabalho, estudo e lazer.
Por fim, um grande obrigado ao Pedro Nunes que me auxiliou na Dissertação com uma revisão
rigorosa do texto.
ii
iii
RESUMO
Na presente dissertação desenvolve-se um estudo detalhado que visa avaliar a eficácia da
aplicação de uma tecnologia de protecção sísmica em edifícios. Neste sentido, é analisado o
desempenho de um edifício alto, face à acção sísmica, quando aplicado um sistema de
dissipação de energia. A solução de dissipação considerada é composta por dissipadores
viscosos que são colocados em altura nas diagonais entre pisos da estrutura em causa.
Com este trabalho, pretende-se testar diferentes formas de distribuição de um conjunto de
dissipadores em altura, de modo a obter uma melhor resposta sísmica da estrutura.
Assim, o trabalho começará pela caracterização e pelo estudo do comportamento dos
dissipadores viscosos. Posteriormente, estes dispositivos serão aplicados numa estrutura tipo,
que servirá de elemento de referência para a análise seguinte.
Após se definir a capacidade total de dissipação de energia a aplicar no edifício em estudo desta
dissertação, serão analisados diversos esquemas de distribuição dos dissipadores ao longo da
sua altura, tentando optimizar a disposição das características globais dos dispositivos de
dissipação utilizados, de forma a garantir um melhor desempenho sísmico da estrutura.
PALAVRAS-CHAVE
Sistema de Dissipação de Energia
Dissipadores Viscosos
Acção Sísmica
Acelerograma
Edifícios Altos
iv
v
ABSTRACT
This paper presents a detailed study on the evaluation of the effectiveness of seismic protection
technology on buildings. With this purpose, the performance of a tall building under seismic
action is analyzed, when an energy dissipation system is installed. The dissipation
solution adopted consists on several viscous dampers which are placed diagonally between all
structure’s floors.
The main purpose of this paper consists in testing different ways to distribute a set
of dampers along the height of the building, to obtain a better seismic response of the structure.
In order to begin this study, a characterization of the viscous dampers is carried out and their
response behavior is analyzed. Then, the dampers will be applied to a structure model, which will
provide a reference point for the subsequent analysis.
After determining the total energy dissipation capacity of the dampers installed on the studied
building, several arrangements along its height will be tested. This distribution is optimized by
changing the placing and characteristics of the dampers, in order to achieve the best possible
structure’s performance under seismic action.
KEYWORDS
Energy Dissipation Systems
Fluid Viscous Dampers
Seismic Action
Accelerogram
Tall Building
vi
vii
ÍNDICE DO TEXTO
1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................................1
1.1 GENERALIDADES ............................................................................................................ 1
1.2 ESTRUTURA DA TESE .................................................................................................... 2
2. ESTADO DE ARTE .......................................................................................................5
2.1 SISMICIDADE HISTÓRICA .............................................................................................. 5
2.2 SISTEMAS DE PROTECÇÃO SÍSMICA .......................................................................... 7
2.2.1 Isolamento de Base ................................................................................................... 8
2.2.2 Sistemas de Dissipação de Energia ....................................................................... 10
2.3 UTILIZAÇÃO DE SISTEMAS DE PROTECÇÃO SÍSMICA NO MUNDO ...................... 13
2.4 UTILIZAÇÃO DE SISTEMAS DE PROTECÇÃO SÍSMICA EM PORTUGAL ................ 15
2.5 ANÁLISE DA REGULAMENTAÇÃO ACTUAL ............................................................... 17
2.5.1 Modelo de Análise ................................................................................................... 18
2.5.2 Testes de Aceitação ................................................................................................ 19
3. SISTEMAS DE DISSIPAÇÃO DE ENERGIA ..............................................................21
3.1 DISSIPADORES VISCOSOS ......................................................................................... 21
3.2 CUSTO ............................................................................................................................ 25
3.3 MÉTODO DE ANÁLISE .................................................................................................. 26
4. ACÇÃO SÍSMICA .......................................................................................................29
4.1 REPRESENTAÇÃO DA ACÇÃO SÍSMICA .................................................................... 29
4.1.1 Sismicidade em Portugal e Zonamento Sísmico .................................................... 29
4.1.2 Modelos de Representação da Acção Sísmica ...................................................... 30
4.1.3 Definição e Modelação da Acção Sísmica .............................................................. 32
4.1.3.1 Definição dos Acelerogramas .............................................................................. 32
4.1.3.2 Modelação da Acção Sísmica Através de Acelerogramas ................................. 33
5. ESTUDO PRELIMINAR ..............................................................................................35
viii
5.1 DESCRIÇÃO DA ESTRUTURA ...................................................................................... 35
5.2 DIMENSIONAMENTO DOS DISSIPADORES VISCOSOS ........................................... 38
5.3 OPTIMIZAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DE DISSIPADORES EM ALTURA ...................... 42
5.3.1 Estudo 1 ................................................................................................................... 42
5.3.2 Estudo 2 ................................................................................................................... 44
5.3.3 Estudo 3 ................................................................................................................... 46
6. CASO DE ESTUDO ....................................................................................................49
6.1 DESCRIÇÃO DA ESTRUTURA ...................................................................................... 49
6.2 ANÁLISE MODAL DA ESTRUTURA .............................................................................. 51
6.3 RESPOSTA SÍSMICA DO MODELO SEM DISSIPAÇÃO DE ENERGIA ...................... 53
6.3.1 Força de Corte Basal ............................................................................................... 53
6.3.2 Deslocamentos ........................................................................................................ 53
6.4 DIMENSIONAMENTO DOS DISSIPADORES VISCOSOS ........................................... 56
6.5 DISTRIBUIÇÃO UNIFORME DOS DISSIPADORES EM ALTURA (TESTE 0) ............. 62
6.5.1 Força de Corte Basal ............................................................................................... 62
6.5.2 Deslocamentos ........................................................................................................ 62
6.6 OPTIMIZAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DE DISSIPADORES EM ALTURA ...................... 66
6.6.1 Distribuição com base nos Deslocamentos Relativos ............................................ 67
6.6.1.1 Teste 1 ................................................................................................................. 69
6.6.1.2 Teste 2 ................................................................................................................. 69
6.6.1.3 Teste 3 ................................................................................................................. 70
6.6.1.4 Teste 4 ................................................................................................................. 71
6.6.2 Distribuição com base nas forças axiais dos dissipadores ..................................... 72
6.6.2.1 Teste 5 ................................................................................................................. 72
6.6.3 Comparação de Resultados .................................................................................... 73
6.6.3.1 Análise da Força de Corte Basal ......................................................................... 74
6.6.3.2 Análise dos Deslocamentos ................................................................................ 75
ix
6.7 ESTUDO DOS DISSIPADORES NA DIRECÇÃO OPOSTA (DIRECÇÃO X)................ 80
6.7.1 Análise da Força de Corte Basal............................................................................. 81
6.7.2 Análise dos Deslocamentos .................................................................................... 82
7. CONCLUSÃO .............................................................................................................87
7.1 OPTIMIZAÇÃO ................................................................................................................ 87
7.2 LOCALIZAÇÃO DOS DISSIPADORES .......................................................................... 88
7.3 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................................. 88
8. REFERÊNCIAS...........................................................................................................91
ANEXOS
x
xi
ÍNDICE DE FIGURAS
Capítulo 2
Figura 2.1 – Epicentros de sismos ocorridos entre 1963 e 1998 (NASA). ...................................... 6
Figura 2.2 – Representação da camada de isolamento de base (Guerreiro, 2003). ...................... 8
Figura 2.3 – Efeito da redução da frequência própria da estrutura e do aumento do
amortecimento nos valores das (a) acelerações e (b) deslocamentos induzidos pela acção
sísmica (Figueiredo, 2007). .................................................................................................... 9
Figura 2.4 – Exemplos de Sistemas de Isolamento: HDRB, LRB e FPS (Guerreiro, 2003). ........ 10
Figura 2.5 – Possibilidades de instalação de dissipadores em edifícios (Guerreiro, 2011). ......... 11
Figura 2.6 – Dissipador histérico (Alga a) e um exemplo da sua aplicação na Universidade de
Ancona, Itália (FIP Industriale). ............................................................................................ 11
Figura 2.7 – Esquema de um dispositivo visco elástico [adaptado de (Guerreiro, 2011)] e a sua
aplicação no reforço de edifícios (FIP Industriale). .............................................................. 12
Figura 2.8 – Dissipador electro indutivo (Alga a). .......................................................................... 12
Figura 2.9 – Dissipador por atrito no Edifício da biblioteca da Universidade de Concordia,
Canadá (PALLDYNAMIC). ................................................................................................... 12
Figura 2.10 – Dissipador Viscoso (Alga a). .................................................................................... 13
Figura 2.11 – Dois exemplos da aplicação dos dissipadores viscosos (Hussain, et al.) (Ekwueme,
et al., 2010). .......................................................................................................................... 13
Figura 2.12 – Identificação da localização dos edifícios com o sistema de isolamento sísmico de
base e identificação das zonas com maior intensidade sísmica nos últimos anos [adaptado
de (NASA)]. ........................................................................................................................... 14
Figura 2.13 – Aplicação de dissipadores de energia viscosos no Hospital Regional em Colton,
Califórnia (Taylor Devices a). ........................................................................................... 15
Figura 2.14 – Dissipador histérico colocado na Ponte Vasco da Gama (Guerreiro, 2006). ......... 16
Figura 2.15 – Dissipador Viscoso colocado no reforço sísmico do Viaduto de Alhandra (Appleton,
et al.). .................................................................................................................................... 16
xii
Capítulo 3
Figura 3.1 Esquema da constituição de um dissipador viscoso [adaptado de (D. Lee, 2001)]. ... 21
Figura 3.2 – Esquema de um dissipador viscoso (FIP Industriale). .............................................. 22
Figura 3.3 – Comportamento do dissipador viscoso consoante o valor de (Guerreiro, 2006) .. 22
Figura 3.4 – Relação Força-Deformação do dissipador (Guerreiro, 2006). .................................. 23
Figura 3.5 – Diagrama típico da relação Força-Deslocamento do dissipador para um valor de α
entre 0,015 e 1 (Alga) ........................................................................................................... 24
Figura 3.6 – Diagrama típico da relação Força-Deslocamento do dissipador para um valor de
α=0,1 e para um valor de C entre 2000 e 3000 (Guerreiro, 2006) ...................................... 24
Figura 3.7 – Propriedades do dissipador viscoso modelado como elemento de Maxwell para uma
análise não-linear: amortecedor e mola em série [adaptado de (CSI)]. .............................. 27
Figura 3.8 – Janela do programa SAP 2000 v14.0.0 que permite definir diversos tipos de
dissipadores, nomeadamente os dissipadores viscosos (exemplo). ................................... 28
Capítulo 4
Figura 4.1 – Zonamento sísmico nacional para o sismo afastado (esq.) e próximo (dir.) (AN,
2009) ..................................................................................................................................... 30
Figura 4.2 – Espectros de resposta – influência do tipo de acção sísmica (AN, 2009). ............... 31
Figura 4.3 – Registo da série de acelerações do Sismo de Kobe, 1995, gravado na estação
KJMA [adaptado de (PEER)]. ..................................................................................... 31
Figura 4.4 – Acelerograma A. ........................................................................................................ 33
Capítulo 5
Figura 5.1 - Pórtico onde se realizará o estudo preliminar. ........................................................... 36
Figura 5.2 - Análise modal da estrutura porticada depois de adicionada uma massa de 25
kN.s2/m em cada nó. ............................................................................................................ 36
Figura 5.3 – Evolução dos deslocamentos absolutos em altura. .................................................. 37
Figura 5.4 – Colocação dos dissipadores. ..................................................................................... 38
xiii
Figura 5.5 – Deslocamento relativo máximo do piso 1 em função do valor de C e α usado no
dissipador. ............................................................................................................................ 40
Figura 5.6 – Deslocamento relativo máximo do piso 2 em função do valor de C e α usado no
dissipador. ............................................................................................................................ 40
Figura 5.7 – Deslocamento relativo máximo do piso 3 em função do valor de C e α usado no
dissipador. ............................................................................................................................ 40
Figura 5.8 – Força basal da estrutura em função do valor de C e α usado no dissipador. .......... 41
Figura 5.9 - Distribuições de dissipadores em altura que são alvo de estudo. ............................. 43
Figura 5.10 – Deslocamentos absolutos e deslocamentos relativos da estrutura original e da
estrutura com diferentes distribuições de dissipadores em altura. ...................................... 43
Capítulo 6
Figura 6.1 – Projecto do edifício Broadgate Place (Skyscrapercity). ............................................ 50
Figura 6.2 - Modelo estrutural a três dimensões no SAP2000. ..................................................... 50
Figura 6.3 – Planta do piso térreo e de um piso em altura. ........................................................... 51
Figura 6.4 – Deformada da estrutura para os três primeiros modos de vibração. ........................ 52
Figura 6.5 – Esquema representativo da deformada do topo da estrutura devido ao efeito do
Sismo segundo X.................................................................................................................. 54
Figura 6.6 - Esquema representativo da deformada do topo da estrutura devido ao efeito do
Sismo segundo Y.................................................................................................................. 54
Figura 6.7 - Evolução dos deslocamentos absolutos e relativos em altura com base na resposta
média da acção sísmica dos 10 acelerogramas na direcção X, para os pontos 1 e 2 da
estrutura. ............................................................................................................................... 55
Figura 6.8 - Evolução dos deslocamentos absolutos e relativos em altura com base na resposta
média da acção sísmica dos 10 acelerogramas na direcção Y, para os pontos 1 e 2 da
estrutura. ............................................................................................................................... 55
Figura 6.9 – Estrutura simplificada com a localização dos dissipadores em altura. ..................... 56
Figura 6.10 - Força de corte basal máxima da estrutura em função do valor de C usado no
dissipador, para o sismo segundo X. ................................................................................... 58
Figura 6.11 - Força de corte basal máxima da estrutura em função do valor de C usado no
dissipador, para o sismo segundo Y. ................................................................................... 58
xiv
Figura 6.12 – Deslocamento absoluto máximo do último piso, no ponto 1, em função do valor de
C usado no dissipador, para o sismo segundo X................................................................. 59
Figura 6.13 - Deslocamento absoluto máximo do último piso, no ponto 1, em função do valor de
C usado no dissipador, para o sismo segundo Y................................................................. 59
Figura 6.14 - Deslocamento absoluto máximo do último piso, no ponto 2, em função do valor de
C usado no dissipador, para o sismo segundo X................................................................. 60
Figura 6.15 - Deslocamento absoluto máximo do último piso, no ponto 2, em função do valor de
C usado no dissipador, para o sismo segundo Y................................................................. 60
Figura 6.16 - Deslocamentos absolutos e relativos da estrutura sem e com dissipação de Energia
(C=4000), registados no ponto 1, face ao sismo segundo X. .............................................. 63
Figura 6.17 - Deslocamentos absolutos e relativos da estrutura sem e com dissipação de Energia
(C=4000), registados no ponto 1, face o sismo segundo Y. ................................................ 63
Figura 6.18 – Evolução do deslocamento segundo X no topo da estrutura, no ponto 1, para a
acção sísmica do acelerograma A na direcção X. ............................................................... 66
Figura 6.19 – Esquema representativo dos deslocamentos considerados para a análise da
distribuição dos dissipadores em altura em função da evolução dos deslocamentos. ....... 68
Figura 6.20 – Distribuição do valor de C em altura para cada teste realizado.............................. 73
Figura 6.21 - Força de corte basal para os diferentes testes estudados. ..................................... 74
Figura 6.22 – Força de corte basal (kN) para os diferentes testes estudados com a respectiva
ampliação com a indicação da redução máxima ocorrida em relação ao teste 0. .............. 75
Figura 6.23 – Evolução dos deslocamentos máximos absolutos em altura no ponto 1 da estrutura
para acção sísmica na direcção X, para os vários casos de estudo. .................................. 76
Figura 6.24 - Evolução dos deslocamentos máximos absolutos em altura no ponto 1 da estrutura
para acção sísmica na direcção Y, para os vários casos de estudo. .................................. 76
Figura 6.25 - Evolução dos deslocamentos máximos relativos em altura no ponto 1 da estrutura
para acção sísmica na direcção X, para os vários casos de estudo. .................................. 77
Figura 6.26 - Evolução dos deslocamentos máximos relativos em altura no ponto 1 da estrutura
para acção sísmica na direcção X, para os vários casos de estudo. .................................. 78
Figura 6.27 – Evolução do valor de C em altura............................................................................ 80
Figura 6.28 - Estrutura simplificada com a posição dos dissipadores em altura e a respectiva
localização na planta da estrutura. ....................................................................................... 81
Figura 6.29 - Comparação da força de corte basal, entre os testes relativos à disposição dos
dissipadores nas duas direcções distintas (X e Y). ............................................................. 82
xv
Figura 6.30 – Comparação dos deslocamentos em X, para o sismo na direcção X, entre os dois
testes (teste 0 e teste 1) relativos à disposição dos dissipadores nas duas direcções
distintas (X e Y). ................................................................................................................... 83
Figura 6.31 - Comparação dos deslocamentos em Y, para o sismo na direcção X, entre os dois
testes (teste 0 e teste 1) relativos à disposição dos dissipadores nas duas direcções
distintas (X e Y). ................................................................................................................... 83
Figura 6.32 - Comparação dos deslocamentos em X, para o sismo na direcção X, entre os dois
testes (teste 0 e teste 1) relativos à disposição dos dissipadores nas duas direcções
distintas (X e Y). ................................................................................................................... 84
Figura 6.33 - Comparação dos deslocamentos em Y, para o sismo na direcção Y, entre os dois
testes (teste 0 e teste 1) relativos à disposição dos dissipadores nas duas direcções
distintas (X e Y). ................................................................................................................... 84
xvi
xvii
ÍNDICE DE QUADROS
Capítulo 2
Quadro 2.1 – Principais sismos ocorridos no mundo recentemente [adaptado de (USGS)]. ......... 5
Capítulo 5
Quadro 5.1 - Força de corte basal e deslocamentos da sem dissipadores (Acelerograma A). .... 37
Quadro 5.2 - Análise iterativa para determinar o valor da rigidez da mola (k). ............................. 39
Quadro 5.3 - Força de corte basal da estrutura original e da estrutura com diferentes
distribuições de dissipadores em altura. .............................................................................. 44
Quadro 5.4 - Análise de resultados da distribuição triangular inversa. ......................................... 45
Quadro 5.5 - Análise de resultados de uma nova distribuição (1). ................................................ 45
Quadro 5.6 - Análise de resultados de uma nova distribuição (2). ................................................ 46
Quadro 5.7 - Análise de resultados de uma nova distribuição (3). ................................................ 46
Quadro 5.8 - Análise de resultados de uma nova distribuição (4). ................................................ 47
Capítulo 6
Quadro 6.1 – Características dos três primeiros modos de vibração e respectivas participações
de massa. ............................................................................................................................. 51
Quadro 6.2 – Força de corte basal da estrutura em estudo face à acção sísmica (média dos 10
acelerogramas). .................................................................................................................... 53
Quadro 6.3 – Resumo dos valores ou Intervalos de valores de C que se traduzem em resultados
próximos ou superiores da redução de 50% para o estudo dos 10 acelerogramas. .......... 61
Quadro 6.4 – Força de Corte Basal da estrutura na mesma direcção da acção sísmica. ............ 62
Quadro 6.5 - Força de Corte Basal da estrutura na direcção oposta da acção sísmica............... 62
Quadro 6.6 – Quadro resumo da análise da resposta da estrutura com uma distribuição uniforme
de dissipadores em altura, face à acção sísmica de 10 acelerogramas. ............................ 64
xviii
Quadro 6.7 - Apresentação das características dos testes efectuados tendo por base a
distribuição dos deslocamentos relativos em altura. ........................................................... 68
Quadro 6.8 – Determinação da distribuição das constantes características dos dissipadores em
altura (teste 1). ...................................................................................................................... 69
Quadro 6.9 – Determinação da distribuição das constantes características dos dissipadores em
altura (teste 2). ...................................................................................................................... 70
Quadro 6.10 – Determinação da distribuição das constantes características dos dissipadores em
altura (teste 3). ...................................................................................................................... 71
Quadro 6.11 – Determinação da distribuição das constantes características dos dissipadores em
altura (teste 4). ...................................................................................................................... 71
Quadro 6.12 – Determinação da distribuição das constantes características dos dissipadores em
altura (teste 5). ...................................................................................................................... 73
Quadro 6.13 - Análise quantitativa da redução dos deslocamentos relativos do teste 1 em
relação ao teste 0. ................................................................................................................ 79
Quadro 6.14 – Quadro da Resumo da Análise dos deslocamentos absolutos nos dois testes,
para o sismo segundo X. ...................................................................................................... 85
Quadro 6.15 - Quadro da Resumo da Análise dos deslocamentos absolutos nos dois testes, para
o sismo segundo Y. .............................................................................................................. 85
Quadro 6.16 - Quadro da Resumo da Análise dos deslocamentos relativos máximos registados
nos dois testes. ..................................................................................................................... 86
xix
NOTAÇÃO
MAIÚSCULAS LATINAS
C Constante característica do Dissipador
E Módulo de Elasticidade
F Força
Fmáx Força máxima medida na estrutura
Fbasal Força de corte basal
Hz Hertz – unidade de medida de tensão
K Rigidez
Ms Magnitude
M Massa
S Factor do tipo de terreno de fundação
V Velocidade
MINÚSCULAS LATINAS
a Aceleração
a(t) Aceleração em função do tempo
c Coeficiente de amortecimento
d(t) Deslocamento em função do tempo
dmáx Deformação máxima medida na estrutura
f Frequência
g Aceleração da gravidade
kg Quilograma – unidade de medida de massa
kN QuiloNewton – unidade de medida de força
m Metro – unidade de medida de comprimento
mm Milímetro - unidade de medida de comprimento
n Número natural
s Segundo – unidade de medida de intervalos de tempo
t Intervalo de tempo
ton Tonelada – unidade de medida de massa
xx
MAIÚSCULAS GREGAS
∆ Deslocamento
∆mola Relaxamento (deslocamento) da mola
∆total Deslocamento total do dissipador
MINÚSCULAS GREGAS
α Constante característica da viscosidade do fluido
αg Valor de cálculo da aceleração à superfície de um terreno do tipo A
αgR Valor de referência da aceleração máxima à superfície de um terreno do tipo A
Peso volúmico
Coeficiente de importância
Amortecimento
MATRIZES E VECTORES
Forças devidas ao amortecimento
Forças de deformação elástica
Forças de Inércia
Vector da aceleração
Vector da velocidade
Forças aplicadas exteriormente
Vector dos deslocamentos
[C] Matriz de amortecimento
[K] Matriz de rigidez
[M] Matriz de massa
SIGLAS
FNA Análise Rápida Não Linear (Fast Nounlinear Analysis)
FPS Friction Pendulum System
HDRB High Damping Rubber Bearings
LRB Lead Rubber Bearings
INSTITUIÇÕES
CEN Comité Européen de Normalisation
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 Generalidades
Nos últimos anos, tem-se assistido a um constante desenvolvimento de tecnologias de protecção
sísmica, fruto da necessidade de projectar e conceber edifícios cada vez mais altos, localizados
em áreas com um elevado grau de sismicidade, com capacidade para resistir aos efeitos
destrutivos das acções sísmicas.
Os sistemas de dissipação de energia são uma dessas tecnologias que, quando aplicados na
estrutura, dissipam uma grande parte da energia fornecida por um sismo, melhorando o
comportamento sísmico da estrutura sem o recurso à capacidade de deformação plástico desta.
Este tipo de soluções tem vindo a ser aplicado em edifícios altos, casos onde o problema da
deformação se torna mais significativo. Os principais sistemas de dissipação de energia são os
do tipo viscoso (força proporcional à velocidade de deformação) ou do tipo histerético (força
proporcional ao deslocamento). Existem também sistemas visco-elásticos, electro-indutivos e os
dissipadores por atrito.
O uso de sistemas de dissipação de energia não se restringe à protecção de estruturas novas,
havendo também exemplos de aplicação como forma de reforço sísmico de estruturas
existentes.
O principal objectivo desta dissertação é estudar a configuração mais eficaz de um sistema de
dissipação de energia a aplicar para a protecção de um edifício alto. O estudo engloba a
definição das características dos dissipadores de energia e a forma como eles se distribuem ao
longo da altura do edifício.
A utilização prática de sistemas de dissipação de energia surgiu apenas na última década do
século XX. Em Portugal, esta tecnologia ainda não foi utilizada em nenhum projecto para a
protecção sísmica de edifícios. Apesar de não ser aplicada em edifícios, esta tecnologia tem sido
largamente utilizada a nível de pontes e viadutos. Um objectivo adicional da presente
dissertação prende-se com a divulgação desta técnica de modo a possibilitar uma melhor
compreensão das vantagens inerentes à aplicação da mesma.
Como foi referido, o propósito deste trabalho consiste no teste de diferentes formas de
distribuição de um conjunto de dissipadores em altura. O trabalho começa pela caracterização e
pelo estudo do comportamento de dissipadores numa estrutura tipo, que servirá de elemento de
referência. De seguida, serão testados diversos esquemas de distribuição dos dissipadores no
2
edifício de estudo desta dissertação, tentando optimizar as características globais dos
dissipadores utilizados para conseguir um melhor desempenho sísmico da estrutura.
Para avaliar a qualidade da solução e do método estudado foram realizadas diversas análises
dinâmicas, com a modelação do comportamento não linear dos sistemas de dissipação. Nos
estudos apresentados foi sempre considerado que a estrutura dos edifícios se mantém em
regime linear.
1.2 Estrutura da Tese
Para além do presente capítulo, a dissertação encontra-se dividida em mais seis capítulos,
apresentando-se de seguida uma pequena descrição do conteúdo de cada um deles.
No segundo capítulo, descreve-se o conceito de protecção sísmica, exprimindo, em primeiro
lugar, o que motivou o seu aparecimento, e em segundo, as vantagens da aplicação conjunta de
um sistema de protecção por isolamento de base e por dissipação de energia. São descritos
alguns dos principais tipos de aparelhos de dissipação de energia, apresentando-se as suas
propriedades e características gerais. Ainda neste capítulo apresenta-se um resumo da evolução
histórica desta tecnologia assim como o estado actual de aplicação dos sistemas de protecção
sísmica no mundo e em Portugal.
O capítulo três é relativo à caracterização das propriedades e do funcionamento dos
dissipadores viscosos, uma vez que é sobre este sistema de dissipação que se desenvolve a
presente dissertação. A última parte deste capítulo é alusiva ao dimensionamento e modelação
dos dispositivos de dissipação considerados.
No capítulo quatro é realizada uma breve descrição da acção sísmica de dimensionamento para
a análise dinâmica efectuada, seguindo-se a respectiva modelação através de séries de
acelerações.
O capítulo cinco prende-se com o estudo das principais características dos dissipadores
viscosos e do seu dimensionamento, de modo a garantir o desempenho satisfatório para a
protecção sísmica de uma estrutura tipo. Numa segunda parte, apresentam-se alguns testes de
forma a optimizar a dissipação de energia global na mesma estrutura.
No capítulo seis descreve-se o edifício utilizado como caso de estudo na dissertação. De forma
análoga ao sucedido no capítulo anterior, é desenvolvido o estudo da aplicação de dissipadores
viscosos na estrutura em causa. Numa primeira fase determina-se a distribuição uniforme de
dissipação que resulta num bom desempenho sísmico da estrutura. Posteriormente são
3
realizados vários testes, com diferentes distribuições da capacidade de dissipação em altura, nos
quais se analisam os esforços e deslocamentos, com o intuito de obter uma solução optimizada
que garanta o melhor desempenho sísmico da estrutura.
Por último, no sétimo capítulo são apresentadas as principais conclusões do trabalho
desenvolvido, enumerando alguns desafios interessantes para futuros estudos.
4
5
2. ESTADO DE ARTE
2.1 Sismicidade histórica
Os sismos constituem um fenómeno geológico caracterizado por ser um dos desastres naturais
que mais impacto tem junto das populações, não só pelos prejuízos humanos e materiais
causados, mas também pela sua imprevisibilidade.
Nos últimos 100 anos foram registados mais de 1000 sismos intensos em todo o mundo,
originando mais de um milhão e meio de mortes (Guerreiro, 2008). No Quadro 2.1 resumem-se
alguns dos principais sismos que recentemente ocorreram no mundo. De referir que em
Portugal, no ano de 1755, ocorreu um sismo de grande intensidade em Lisboa, com uma
magnitude estimada de 8,7, e que originou um tsunami. Neste acontecimento morreram mais de
70.000 pessoas.
Recorda-se que a magnitude é uma medida da energia libertada pelos sismos. A escala de
magnitudes é logarítmica o que significa que a energia libertada por um sismo de magnitude n+1
é cerca de 32 vezes superior à de um sismo de magnitude n (Oliveira, 2004).
Quadro 2.1 – Principais sismos ocorridos no mundo recentemente [adaptado de (USGS)].
Data Local Magnitude Mortes (sismo + tsunami)
26 de Dezembro de 2004 Sumatra, Indonésia 9,1 227.898
11 de Março de 2011 Sendai, Japão 9,0 15.561
27 de Fevereiro de 2010 Maule, Chile 8,8 521
28 de Março de 2005 Sumatra, Indonésia 8,6 1.300
12 de Janeiro de 2010 Haiti 7,0 316.000
17 de Janeiro de 1995 Kobe, Japão 6,9 6.434
Recentemente, o Japão foi atingido por um sismo de grande magnitude, que originou um
tsunami com ondas com mais de 10 metros de altura. O efeito combinado destes dois
fenómenos causou um elevado número de mortes e estragos, no entanto, o facto de o Japão ser
um país extremamente evoluído a nível da protecção sísmica, minimizou significativamente o
número de vítimas e o nível de danos devidos às vibrações. Este avanço tecnológico é
consequência, principalmente, do sismo de Kobe, uma vez que este sismo veio a expor a
vulnerabilidade das infra-estruturas e pôr em causa a resistência da construção japonesa.
6
Durante o tremor de terra de Kobe colapsaram vários edifícios, linhas férreas e viadutos que
supostamente seriam construções anti-sísmicas. No rescaldo do desastre, estradas, pontes e
edifícios foram reforçados e o governo do Japão reviu as políticas de resposta a tragédias deste
tipo (Público).
Grande parte da população mundial vive em regiões de perigo sísmico considerável, isto é, em
zonas com risco de terramotos de elevada severidade e frequência de ocorrência (Figura 2.1),
zonas estas que se encontram sobretudo nas fronteiras das placas litosféricas.
Figura 2.1 – Epicentros de sismos ocorridos entre 1963 e 1998 (NASA).
Como se observa na Figura 2.1, a concentração dos epicentros ocorre, em geral, em áreas
bastante desenvolvidas e com uma elevada densidade populacional. Deste modo, torna-se
extremamente importante assegurar a necessidade de projectar e conceber nestas zonas
edifícios, que consigam fazer face aos efeitos destrutivos das acções sísmicas.
Garantir que uma estrutura é totalmente segura quando sujeita à acção de um sismo é
impossível. As incertezas no processo, quer na definição da acção sísmica, quer na definição do
modelo de análise, tornam esta tarefa impraticável.
Assim, a avaliação desta situação tem motivado os investigadores na procura de novas soluções
e tecnologias para melhorar o comportamento anti-sísmico das estruturas.
Um exemplo destas novas técnicas são os denominados sistemas de protecção sísmica, que
constituem todo um conjunto de dispositivos que, quando incluídos na estrutura, melhoram o
comportamento sísmico sem o recurso à capacidade de deformação da estrutura
(Guerreiro, 2008).
7
2.2 Sistemas de Protecção Sísmica
São diversos os tipos de protecção sísmica, sendo normalmente classificados como sistemas de
protecção activa ou passiva consoante é necessário ou não o fornecimento de energia para o
seu funcionamento. Recentemente apareceram novos sistemas designados semi-activos e
híbridos, cujo comportamento decorre duma mistura dos conceitos de protecção activa e passiva
(Guerreiro, 2008).
As definições destes termos são apresentadas de seguida, embora o foco principal deste
capítulo sejam os sistemas de controlo passivo.
Sistemas de Controlo Passivo
Estes sistemas são projectados, ou para modificar as características dinâmicas da estrutura
(diminuindo as frequências de vibração), ou para dissipar uma grande parte da energia fornecida
à estrutura por um sismo, através de dispositivos especializados ou de ligações particulares que
se deformam e cedem durante um sismo. Desde que a deformação e a cedência se concentrem
nestes dispositivos, os danos nos outros elementos estruturais são muito reduzidos. Estes
sistemas são passivos pois não necessitam de nenhuma fonte de energia adicional para
actuarem, sendo activados pelo movimento provocado pelo abalo sísmico (Loureiro, 2008).
Sistemas de Controlo Activo
Estes sistemas garantem protecção sísmica impondo forças às estruturas de modo a anular o
efeito do sismo. Estes sistemas são activos, pois requerem uma fonte de energia e uns
dispositivos controlados por computador. Os sistemas de controlo activo são mais complexos
que os sistemas passivos, pois dependem de um controlo monitorizado de movimentos e
acelerações, de sensores de movimento e de mecanismos com memória, isto é, instrumentos
que realizem um “feedback” das posições da estrutura. Além disto, estes sistemas necessitam
de uma fonte de energia de emergência, que assegure que todos os dispositivos operem durante
um sismo.
Sistemas de Controlo Semi-Activo
Os dispositivos de controlo semi-activo podem ser designados, de uma forma genérica, por
aparelhos passivos controláveis, ou seja, sistemas de protecção passiva cujas características
podem ser alteradas ao longo da duração do sismo, optimizando o comportamento da estrutura.
8
Comparativamente aos sistemas de controlo activo, estes consomem muito menos energia,
podendo funcionar, de uma forma geral, com baterias (Oliveira, et al., 2004).
Sistemas de Controlo Híbrido
Estes sistemas combinam características de sistemas de controlo passivo e activo. Na
generalidade, reduzem as necessidades energéticas, aumentam a segurança e reduzem os
custos quando comparados com os sistemas de controlo totalmente activos. O funcionamento
destes sistemas de controlo híbrido compreende um sistema de controlo activo que actua sobre
uma estrutura que possui aparelhos de protecção passiva (Oliveira, et al., 2004).
A tecnologia destes sistemas de controlo encontra-se em pleno desenvolvimento,
nomeadamente em amortecedores de atrito variável, em dissipadores de viscosidade variável e
em apoios de isolamento semi-activo.
De entre todos os sistemas de protecção sísmica, os mais populares, em virtude da sua maior
simplicidade e comprovada eficácia, são os sistemas de protecção passiva (Guerreiro, 2008). O
isolamento de base e a utilização de dispositivos para a dissipação de energia, são um exemplo
destes sistemas, dando-se particular relevo aos dissipadores viscosos, uma vez que é sobre
estes que o estudo apresentado nesta dissertação se desenvolve.
2.2.1 Isolamento de Base
O isolamento de base é uma técnica que consiste na separação parcial do movimento da
estrutura relativamente ao movimento do solo, com o intuito de reduzir a transmissão das
acelerações horizontais do solo à estrutura. Essa separação é conseguida através da colocação
de aparelhos de apoio, com grande flexibilidade horizontal, entre a estrutura a proteger e o solo,
criando desta forma uma superfície de descontinuidade.
Pretende-se deste modo que a superstrutura apresente um comportamento semelhante ao de
um corpo rígido, como representado na Figura 2.2.
Figura 2.2 – Representação da camada de isolamento de base (Guerreiro, 2003).
9
O principal resultado desta técnica consiste na redução da sua frequência própria de vibração,
que tem como consequência a redução das acelerações máximas. Em contrapartida, o
isolamento de base conduz a um aumento dos deslocamentos, sendo estes concentrados ao
nível do sistema de isolamento.
Na Figura 2.3, representam-se as principais alterações induzidas pelo isolamento sísmico, com
base na configuração típica dos espectros de resposta de acelerações e de deslocamentos (para
níveis de amortecimento de 2, 5 e 10% do amortecimento crítico).
À esquerda, na Figura 2.3(a), verifica-se que a redução da frequência própria de uma estrutura
provoca uma grande redução no valor das acelerações impostas pelo sismo e,
consequentemente, dos esforços originados pela acção sísmica. Contudo, conforme ilustrado na
Figura 2.3(b), a diminuição da frequência provoca um aumento considerável dos deslocamentos
(Loureiro, 2008).
Figura 2.3 – Efeito da redução da frequência própria da estrutura e do aumento do amortecimento nos valores das (a) acelerações e (b) deslocamentos induzidos pela acção sísmica (Figueiredo, 2007).
Outra propriedade importante que resulta da introdução do sistema de isolamento sísmico é o
aumento da capacidade de amortecimento da estrutura. Deste modo, os aparelhos aplicados
permitem a dissipação de grande parte da energia proveniente dos sismos, evitando que esta
ocorra através de danos nos elementos estruturais.
Actualmente são vários os tipos de sistemas de isolamento de base disponíveis no mercado que
garantem as quatro funções principais que um sistema de isolamento deve apresentar: i)
transmissão de cargas verticais; ii) flexibilidade lateral; iii) capacidade de restituição lateral e iv)
dissipação de energia (Guerreiro, 2003).
Destes, os mais populares são: blocos de apoio em borracha de alto amortecimento (HDRB de
High Damping Rubber Bearings), blocos de borracha com núcleo de chumbo (LRB de Lead
Rubber Bearings) e os sistemas pendulares com atrito (FPS de Friction Pendulum System),
Figura 2.4.
10
Figura 2.4 – Exemplos de Sistemas de Isolamento: HDRB, LRB e FPS (Guerreiro, 2003).
Este método de protecção sísmica, que emprega as vantagens do isolamento de base e da
dissipação de energia, é uma técnica de protecção sísmica eficaz mas com elevadas reservas
de segurança na eficiência estrutural (Loureiro, 2008).
No entanto, o principal inconveniente da consideração de sistemas de isolamento sísmico é o
aumento significativo dos deslocamentos, pois pressupõe custos acrescidos inerentes à
consideração de juntas estruturais de grande dimensão. Esta tecnologia é pouco eficiente para a
protecção sísmica de edifícios altos onde as frequências da estrutura são baixas e o grau de
deslocamentos é mais significativo.
2.2.2 Sistemas de Dissipação de Energia
Uma outra forma de reduzir os efeitos devastadores da acção sísmica sobre as estruturas
centra-se no aumento da sua capacidade de dissipar a energia transmitida pelo sismo.
A acção sísmica é responsável pela transferência para a estrutura de uma grande quantidade de
energia. Essa energia ou é absorvida através da deformação da estrutura ou é dissipada, em
processos mais ou menos controlados.
A utilização de sistemas de dissipação de energia no dimensionamento sísmico corresponde a
uma alternativa simples e económica face à concepção tradicional, segundo a qual o
comportamento sísmico depende do desempenho de um conjunto de “rótulas plásticas” com
comportamento não-linear (Guerreiro, 2006). Assim, quanto maior for a energia introduzida no
sistema maiores terão que ser as deformações inelásticas para garantir a sua dissipação. A ideia
de conceber dispositivos de dissipação resulta da necessidade de criar mecanismos que
permitam consumir a energia do sismo controlando simultaneamente o nível de danos
resultantes (Guerreiro, 2008).
Os sistemas de dissipação de energia são dispositivos especialmente concebidos e testados
para dissipar grandes níveis de energia sem se deteriorarem. O facto de, através destes
dispositivos, se conseguir dissipar a energia de uma forma eficaz, fiável e sem danos estruturais,
11
torna esta tecnologia uma alternativa muito credível na protecção sísmica de novas estruturas
assim como a nível de reforço sísmico de estruturas já existentes.
Para optimizar o desempenho dos sistemas de dissipação, estes devem ser colocados na
estrutura de forma a maximizar a deformação dos dissipadores. Assim, em pontes são
normalmente colocados entre o tabuleiro e os encontros, e em edifícios são montados em
diagonais como está esquematizado na Figura 2.5.
Figura 2.5 – Possibilidades de instalação de dissipadores em edifícios (Guerreiro, 2011).
Actualmente existem vários tipos de sistemas de dissipação de energia que podem ser utilizados
na protecção sísmica de estruturas:
- Os dissipadores metálicos histeréticos dissipam energia e controlam o nível de força horizontal
durante um sismo, tirando partido da capacidade de deformação plástica de elementos
metálicos, normalmente de aço, Figura 2.6. Nestes sistemas a força depende essencialmente
dos deslocamentos impostos ao dissipador e os parâmetros de controlo são a rigidez inicial,
rigidez após cedência e o nível de cedência (Guerreiro, 2006).
Figura 2.6 – Dissipador histérico (Alga a) e um exemplo da sua aplicação na Universidade de Ancona, Itália (FIP Industriale).
- Os dissipadores visco-elásticos são constituídos por materiais poliméricos que dissipam
energia através de deformações por corte, Figura 2.7. Normalmente, estes dissipadores são
utilizados como complemento e em associação com outros dispositivos de prevenção sísmica.
12
Figura 2.7 – Esquema de um dispositivo visco elástico [adaptado de (Guerreiro, 2011)] e a sua aplicação no reforço de edifícios (FIP Industriale).
- Os dissipadores electro-indutivos utilizam a velocidade do movimento sísmico para gerar
electricidade, transformando a energia cinética em calor, e assim dissipar energia. Estes
aparelhos, Figura 2.8, têm duas partes importantes na sua constituição, sendo uma delas
constituída por vários ímanes, que criam um campo magnético, e a outra por um circuito eléctrico
que se encontra em movimento relativo em relação ao campo magnético (Cardozo, 2010).
Figura 2.8 – Dissipador electro indutivo (Alga a).
- Os dissipadores por atrito dissipam energia através das forças de atrito geradas entre a fricção
de dois materiais. Os dissipadores de atrito têm a sua capacidade de dissipação de energia
associada ao coeficiente de atrito entre os materiais deslizantes, que ao deslizarem dissipam
energia cinética por calor, Figura 2.9 (Cardozo, 2010).
Figura 2.9 – Dissipador por atrito no Edifício da biblioteca da Universidade de Concordia, Canadá (PALLDYNAMIC).
- Os dissipadores viscosos garantem a dissipação de energia ao forçar a passagem de um fluido
especialmente viscoso através de orifícios muito pequenos utilizando para isso um sistema
cilindro-pistão. Nestes dissipadores a força do elemento depende da velocidade relativa entre as
suas duas extremidades. A forma da relação força-velocidade que cada tipo de dissipador
apresenta depende essencialmente das características do fluido utilizado e das dimensões do
13
dissipador. Os dissipadores viscosos são semelhantes aos sistemas de amortecimento de
vibrações utilizados nos automóveis e nas motos, vulgarmente designados por amortecedores.
Como consequência da dissipação da energia sísmica, a utilização dos dissipadores viscosos na
protecção sísmica, permite simultaneamente a redução dos esforços e das deformações de uma
estrutura, resultando numa redução de danos em elementos estruturais e não estruturais
(Taylor, et al.).
Figura 2.10 – Dissipador Viscoso (Alga a).
Figura 2.11 – Dois exemplos da aplicação dos dissipadores viscosos (Hussain, et al.) (Ekwueme, et al., 2010).
Entre os vários sistemas de dissipação de energia referidos, os mais comuns são os
dissipadores histéricos e os dissipadores do tipo viscoso, no entanto, irá dar-se particular relevo
a este último no próximo capítulo, uma vez que é sobre este que incidirá o estudo. Estes
sistemas apresentam uma grande versatilidade que favorece a sua utilização, sendo fácil a sua
introdução no sistema estrutural e permitindo uma grande liberdade por parte do projectista, na
definição das suas características.
2.3 Utilização de Sistemas de Protecção Sísmica no Mundo
No ano de 1907, em Munique, foi patenteado o primeiro sistema de isolamento sísmico que
consistia numa base rígida de suporte do edifício, assente em corpos esféricos de um material
rijo. No entanto, este tipo de protecção sísmica, só viria a ser aplicado no ano de 1969 num
edifício na Macedónia, já depois de conhecidas diversas propostas de sistemas de isolamento
sísmico (Andrade, 2007).
14
O aparecimento e desenvolvimento dos apoios elastoméricos, que se desenrolou nos últimos
45 anos, impulsionou a aplicação de sistemas de isolamento sísmico por todo o mundo. As
primeiras referências nos E.U.A. e no Japão são da década de 80 (Kelly, et al., 1999).
No entanto, foi após o sismo de Kobe em 1995, que aumentou significativamente a aplicação de
sistemas de isolamento sísmico por todo o mundo, uma vez que os resultados em dois edifícios
com protecção sísmica existentes perto do epicentro do sismo foram muito satisfatórios,
comprovando a eficácia deste sistema de isolamento sísmico (Andrade, 2007).
Em Junho de 2005, foi efectuado um levantamento do número de edifícios isolados
sismicamente no mundo, registando-se mais de 2700 edifícios isolados no Japão, 550 na
Rússia, 490 na China, 100 nos E.U.A., 31 em Itália, 24 em Taiwan, 19 na Arménia, 11 na
Nova Zelândia e algumas situações no México, Chile, Turquia e Índia (Dolce, et al., 2005). Como
se observa na Figura 2.12, grande parte destes edifícios isolados sismicamente encontram-se
em zonas de grande intensidade sísmica, correspondendo em geral a países desenvolvidos,
mas também, em alguns casos, a países em desenvolvimento.
Figura 2.12 – Identificação da localização dos edifícios com o sistema de isolamento sísmico de base e
identificação das zonas com maior intensidade sísmica nos últimos anos [adaptado de (NASA)].
O aparecimento dos sistemas de dissipação de energia ocorreu no ano de 1995, no Hospital
Regional em Colton, na Califórnia (The Arrowhead Regional Medical Center at Colton), sendo
este o primeiro projecto a utilizar dissipadores de fluido viscoso no domínio da protecção sísmica
(Taylor, et al.).
O facto de o complexo hospitalar assumir um grau de importância significativo, e se encontrar
numa zona de alto risco sísmico, sobre a falha de Sto. André, exigiu um elevado nível de
protecção sísmica.
A equipa de projectistas inicialmente pretendia utilizar o sistema de isolamento sísmico a partir
das borrachas de alto amortecimento, no entanto, não existiam aparelhos com dimensões
suficientes para que estes atingissem o nível máximo de deslocamentos pretendidos.
15
Numa tentativa de reduzir os deslocamentos, adicionaram-se assim dissipadores viscosos em
paralelo com o sistema de isolamento de base, Figura 2.13.
Figura 2.13 – Aplicação de dissipadores de energia viscosos no Hospital Regional em Colton, Califórnia (Taylor Devices a).
Esta nova tecnologia vinha a ser utilizada como parte do programa estratégico de defesa dos
EUA, para proteger silos de mísseis e navios contra explosões nucleares, e após a Guerra Fria
os fabricantes destes componentes fizeram a transição desta tecnologia para a aplicação dos
amortecedores de fluido viscoso como parte de sistemas de dissipação de energia sísmica
(Taylor, et al.).
Hoje existem mais de 150 estruturas nos EUA e mais de 2000 estruturas no Japão que
utilizam sistemas de dissipação de energia (Myamoto, et al., 2004).
Entre estes, os
dissipadores viscosos são os elementos mais populares de protecção sísmica de edifícios altos,
permitindo um melhor desempenho durante a acção sísmica, mas também face à excitação
provocada pelo vento. Além disso são muito utilizados em pontes e viadutos e em reforço de
edifícios com deficiente resistência sísmica, pois não necessitam de alterar o sistema estrutural
existente.
2.4 Utilização de Sistemas de Protecção Sísmica em Portugal
Existem, em Portugal, duas realidades completamente distintas no que diz respeito ao uso de
sistemas de protecção sísmica. Relativamente aos edifícios, só muito recentemente é que se
projectou um edifício com isolamento sísmico de base, constituído por apoios de borracha de
alto amortecimento (HDRB) (Guerreiro, et al., 2005). Foi inaugurado em Abril de 2007, e constitui
o Complexo Integrado de Saúde (Hospital da Luz), em Lisboa.
Contrariamente ao que acontece com os edifícios, na maioria dos projectos de pontes e viadutos
efectuados, especialmente para obras no sul do país coincidentes com zonas de risco sísmico
mais elevado, são utilizados sistemas de protecção sísmica. A utilização de apoios elastoméricos
em pontes começou no final dos anos sessenta, em substituição dos aparelhos de apoio
16
metálicos que se utilizavam então. Posteriormente, começaram-se a utilizar os aparelhos
elastoméricos, com a finalidade de reduzir a frequência própria de vibração da estrutura, e mais
tarde, ainda adoptando o conceito de isolamento de base, aquando da introdução dos aparelhos
elastoméricos de alto amortecimento (Azevedo, et al., 2007).
Na última década do século XX, houve um enorme crescimento na aplicação de sistemas de
isolamento, nomeadamente dos HDRB, ao que se juntou a aplicação de dissipadores de energia
passivos (Azevedo, et al., 2007).
Hoje em dia, a maioria das pontes e viadutos construídos nas zonas sísmicas mais activas
utilizam principalmente dissipadores viscosos, como sistema de protecção sísmica, mas existem
também situações, como na Ponte Vasco da Gama, onde são utilizados sistemas de dissipação
histeréticos, Figura 2.14. Recentemente, têm sido também utilizados com frequência os
dissipadores viscosos no reforço sísmico de pontes e viadutos, Figura 2.15.
Figura 2.14 – Dissipador histérico colocado na Ponte Vasco da Gama (Guerreiro, 2006).
Figura 2.15 – Dissipador Viscoso colocado no reforço sísmico do Viaduto de Alhandra (Appleton, et al.).
Actualmente não existem em Portugal aplicações de sistemas de dissipação de energia em
edifícios.
Tal como Portugal, muitos dos países que apresentam regiões caracterizadas por níveis de
sismicidade médios ou altos ainda não consideram os sistemas de dissipação de energia, como
um sistema eficaz para a protecção sísmica de edifícios.
Localização dos Dissipadores
17
Várias razões podem ser apontadas para este facto:
As novas invenções são sempre encaradas com algum cepticismo, principalmente em
áreas como a engenharia civil, em que vidas humanas são colocadas em risco em caso
de erro, não podendo esse risco ser negligenciado. No entanto, é importante referir que
os sistemas passivos de dissipação de energia sísmica, apesar de serem considerados
como “novas” tecnologias, já são utilizados há muitos anos na engenharia mecânica (são
exemplo, os amortecedores dos veículos e as molas que isolam equipamentos de
vibrações verticais) e para além disso têm demonstrado a fiabilidade necessária, através
da grande performance que as estruturas têm apresentado durante a ocorrência de
sismos de grande magnitude.
O aumento do custo inicial das construções, induzido pela implementação de uma
solução de protecção sísmica, é um outro dos motivos que tem impedido o aumento da
utilização destas tecnologias. Em geral, é difícil convencer os investidores a adoptarem
uma solução que só permitirá ganhos a longo prazo, resultantes da redução dos danos
estruturais originados pelas excitações sísmicas. Podendo eventualmente ser verdade o
aumento do preço da estrutura, tem de se ter em conta que com sistemas de protecção
sísmica, é possível atingir elevados níveis de segurança em relação à acção sísmica
com estruturas mais baratas (sem considerar o custo dos dispositivos de isolamento),
devendo a decisão final, ser baseada numa análise correcta de custos e benefícios
(Guerreiro, 2004).
Outro motivo que pode ser apontado é a falta de informação referente a esta
metodologia, verificando-se que na maioria das instituições de ensino os sistemas de
protecção sísmica nem chegam a ser apontados como um tópico de estudo
(Figueiredo, 2007).
O desafio passa então por criar condições que permitam adaptar as tecnologias existentes às
aplicações da engenharia civil, e não por tentar desenvolver novas tecnologias.
2.5 Análise da Regulamentação Actual
Hoje em dia, a falta de regulamentação adequada para o isolamento de base está ultrapassada,
pois já existe um conjunto de normas que contemplam a aplicação desta tecnologia que
enquadra e define a forma de aplicação do isolamento sísmico.
18
Relativamente à utilização de sistemas de dissipação de energia, as objecções nunca foram tão
fortes como em relação ao isolamento de base, pois o seu conceito sempre foi mais simples de
incluir nas formas mais tradicionais de análise sísmica de estruturas, considerando o acréscimo
de amortecimento que advém da aplicação dos dispositivos (Guerreiro, 2008).
Desta forma, a existência de regulamentação permite definir a forma correcta de aplicação desta
tecnologia e é essencial para fomentar o aumento do número de aplicações dos sistemas de
dissipação de energia e promover a consolidação do papel desta técnica na área de protecção
sísmica de estruturas.
Por esta razão, efectua-se a descrição de algumas das especificações presentes em três dos
principais regulamentos existentes nesta área: o Eurocódigo 8 (CEN, 2004 e prEN 15129 Anti-
seismic devices), o Regulamento Italiano (Nuove Norme Tecniche per le Costruzioni, 2008) e o
Regulamento Americano (BSSC, 2003).
2.5.1 Modelo de Análise
Uma das principais preocupações dos diversos conjuntos de normas é indicar quais os tipos de
modelos e métodos de análise que são permitidos utilizar na avaliação do comportamento
sísmico de edifícios com sistemas de dissipação de energia. Um primeiro passo fundamental é
caracterizar o tipo de comportamento do sistema.
O Eurocódigo 8 não faz referência explícita a estruturas com sistemas de dissipação de energia,
contudo indica que se a estrutura, para uma situação de projecto sísmico, tiver comportamento
não linear é necessário recorrer à análise no domínio do tempo, pelo contrário se tiver um
comportamento linear poderá optar-se por uma análise linear (CEN, 2004).
De acordo com o Regulamento Americano e Italiano, para estruturas com sistemas de
dissipação de energia, pode ser utilizada uma análise linear somente se os dispositivos de
dissipação tiverem comportamento elástico linear (BSSC, 2003) (CSLP, 2008).
No entanto, na maioria dos edifícios os dissipadores de energia utilizados apresentam
comportamento não linear e desta forma a opção válida passa a ser a análise não linear
dinâmica – no domínio do tempo (time history analysis) (BSSC, 2003) (CSLP, 2008).
Em todos os casos, a análise não linear dinâmica pode ser usada para implementar a dissipação
em dispositivos de energia passiva sem restrições. Além disso, também permite avaliar melhor o
comportamento estrutural como um todo, em particular em relação à distribuição de dissipadores
na estrutura, evitando a deformação concentrada em alguns elementos estruturais, maximizando
assim a eficiência do sistema de amortecimento (BSSC, 2003) (CSLP, 2008).
19
O regulamento americano refere ainda que, independentemente do método de análise utilizado,
o pico de resposta dinâmico (máximo deslocamento, máxima velocidade e máxima aceleração)
da estrutura e dos elementos do sistema de amortecimento devem ser confirmados usando a
análise não linear no domínio do tempo (BSSC, 2003).
2.5.2 Testes de Aceitação
Os Regulamentos referidos apresentam também uma série de testes de aceitação que visam
verificar as propriedades mecânicas dos dissipadores, a viscosidade do fluido, assim como os
requisitos de projecto de modo a melhorar eficiência energética dissipada. Os testes devem
extrapolar o comportamento do material do dissipador em relação às mudanças ambientais,
temperatura interna e envelhecimento.
Como exemplo, transcrevem-se os critérios de base para estes testes de acordo com a norma
europeia sobre dispositivos anti-sísmicos:
Os ensaios devem ser realizados em grupos assegurando que a entrada total de energia
para o dissipador em cada grupo de teste não seja superior a duas vezes a energia
dissipada pelo dissipador durante um sismo (CEN, 2006).
Os ensaios devem ser realizados sempre que um novo produto seja diferente por mais
de ± 20% em termos de capacidade de carga de uma unidade previamente testada
(CEN, 2006).
Como seria de esperar os documentos em análise são semelhantes no essencial das regras que
apresentam.
20
21
3. SISTEMAS DE DISSIPAÇÃO DE ENERGIA
3.1 Dissipadores Viscosos
Como já foi descrito anteriormente, existem sistemas de dissipação que dissipam a energia com
base em vários fenómenos físicos: por deformação plástica: de metais, por atrito ou através de
um comportamento viscoelástico. Todos estes tipos de dissipadores utilizam a acção de
materiais sólidos para dissipar energia. No entanto, como será discutido no presente capítulo, os
fluidos também podem ser utilizados em sistemas de protecção sísmica do tipo dissipador.
Os dissipadores viscosos são compostos por um cilindro contendo um fluido de alta viscosidade,
e um pistão livre que se pode movimentar em ambos os sentidos, criando duas câmaras, tal
como se esquematiza na Figura 3.1.
Figura 3.1 Esquema da constituição de um dissipador viscoso [adaptado de (D. Lee, 2001)].
O seu funcionamento é simples: durante a actuação de um sismo, a força gerada pela
aceleração imposta é transmitida ao dissipador, no qual existe um “circuito” hidráulico
apropriadamente projectado, que controla a passagem do fluido através de pequenos orifícios
em que o líquido é comprimido de uma câmara para a outra devido ao movimento relativo entre
as duas extremidades do dissipador, Figura 3.2. A energia dissipada é função da velocidade com
que o fluido atravessa os orifícios. Quanto maior for a velocidade, maior será a energia dissipada
pelo amortecedor viscoso. Dependendo de cada caso de aplicação, podem-se usar fluidos mais
ou menos viscosos, de acordo com a quantidade de energia que se deseja dissipar
(Cardozo, 2010).
22
Figura 3.2 – Esquema de um dissipador viscoso (FIP Industriale).
A força gerada num dissipador viscoso é caracterizada por uma lei constitutiva expressa pela
seguinte relação:
(3.1)
Onde:
– força no elemento dissipador;
V – velocidade relativa entre as extremidades do dissipador;
– constante característica do dissipador, função do seu diâmetro e da área de orifícios da
passagem do líquido;
– constante característica da viscosidade do fluído. O valor de pode variar entre 0,1 e 1,80
de acordo com a viscosidade do fluido e do tipo de válvulas do dissipador (Guerreiro, 2006).
De uma forma geral, o aparelho transmite à estrutura uma força pouco significativa para
situações em que a velocidade relativa entre as extremidades do dissipador é pequena, sendo o
caso das variações térmicas, da retracção e da fluência. Contudo, quando a velocidade é
elevada, no caso dos sismos e de acções dinâmicas como o vento em edifícios altos, o
dissipador reage com a força para o qual foi dimensionado.
O tipo de relação força-velocidade que cada tipo de dissipador apresenta, depende
essencialmente das características de fluido utilizado, que neste caso se traduz na variação da
constante característica do dissipador, α, que como mostra a Figura 3.3, conduz a
comportamentos distintos.
Figura 3.3 – Comportamento do dissipador viscoso consoante o valor de (Guerreiro, 2006)
23
α < 1 - a força cresce bruscamente para baixas velocidades atingindo um limite máximo.
Deste modo, o dissipador comporta-se como um aparelho “fixo” para estes valores de
velocidade, o que permite controlar a máxima força transmitida para a estrutura.
α = 1 - a força cresce linearmente com a velocidade. Aplica-se directamente o conceito
de coeficiente de amortecimento (ζ).
α > 1 - o dissipador comporta-se como um aparelho “móvel”, uma vez que, para
solicitações com valores baixos de velocidade, a força no dispositivo é quase nula. Só
quando actuado por velocidades significativas é que este tipo de dissipadores exerce
influência na resposta da estrutura. Os dissipadores viscosos com esta característica são
designados por shock absorbers (Loureiro, 2008).
Relativamente ao amortecimento que um determinado dissipador introduz na estrutura, este é
medido pela sua capacidade de dissipação de energia em cada ciclo, e que no caso dos
dissipadores viscosos é devido ao seu comportamento viscoso.
A energia dissipada em cada ciclo pode ser avaliada através do cálculo da área interior do ciclo
medida na curva que relaciona a força no dissipador com a sua deformação, Figura 3.4, uma vez
que está relacionada com o valor do coeficiente de amortecimento equivalente , que pode ser
estimado, a partir da seguinte expressão:
(3.2)
– máxima força medida na estrutura,
– máxima deformação medida na estrutura.
Figura 3.4 – Relação Força-Deformação do dissipador (Guerreiro, 2006).
Assim, a capacidade de dissipação de energia de um dissipador será tanto maior quanto mais
“rectangular” for o seu ciclo completo, na relação força-deformação.
24
Como se pode verificar pela Figura 3.5, quanto mais próximo de zero for o valor de α maior será
a área do ciclo e, consequentemente, a quantidade de energia dissipada por ciclo para um
esforço máximo na estrutura.
Figura 3.5 – Diagrama típico da relação Força-Deslocamento do dissipador para um valor de α entre 0,015 e 1 (Alga)
Pode-se concluir, que para optimizar o resultado, deve-se utilizar um valor de α o mais baixo
possível, que no limite será de 0,1. Este valor poderá no futuro diminuir, mas dependerá sempre
de desenvolvimentos tecnológicos para melhorar o comportamento e a viscosidade dos fluidos a
usar nos dissipadores viscosos.
Em relação às características do dissipador, o parâmetro C não altera a forma do ciclo força-
deformação, contudo, aumenta a área interna do ciclo. O aumento do valor de C conduz a uma
maior capacidade de dissipação de energia mas, em contrapartida, aumenta a força no
dissipador, Figura 3.6.
Figura 3.6 – Diagrama típico da relação Força-Deslocamento do dissipador para um valor de α=0,1 e para um valor de C entre 2000 e 3000 (Guerreiro, 2006)
Estes dispositivos têm características e limitações específicas, estando o seu dimensionamento
fortemente relacionado com as relações força-deslocamento apresentadas, e com as
características próprias das estruturas onde são instalados.
25
Por fim apresentam-se as principais características dos dissipadores viscosos:
Altos valores de coeficiente de amortecimento;
Não necessitam de grande manutenção, pois todas as partes do circuito hidráulico estão
dentro do aparelho e por isso protegidas (Alga b);
O período de vida dos dissipadores é em média superior ao tempo de vida do edifício
onde é instalado (Taylor Devices b).
Os dissipadores podem ser instalados em edifícios novos e existentes com bastante
facilidade, uma vez que podem ser incorporados numa estrutura sem comprometer
arquitectonicamente o edifício. Este facto torna-os extremamente versáteis para qualquer
aplicação.
Como consequência da dissipação da energia sísmica, a sua utilização permite
simultaneamente a redução dos esforços e das deformações de uma estrutura,
resultando numa redução de danos em elementos estruturais e não estruturais
(Taylor, et al.), sem que para isso acrescente rigidez ao edifício, pois o período
fundamental da estrutura permanece o mesmo. A experiência com esses projectos
mostra que a instalação de dissipadores viscosos em edifícios pode reduzir até cerca de
50% das acelerações e dos deslocamentos entre pisos (Constantinou, 1992)
(Hussain, et al.).
3.2 Custo
A resposta dinâmica de um edifício depende de diversos factores da estrutura, incluindo a sua
rigidez, forma, massa, e o seu amortecimento. O nível de amortecimento pode ser intrínseco da
própria estrutura ou ser adicionado a partir do exterior, e traduz-se no grau de dissipação de
energia que pode proporcionar à estrutura melhorando o seu desempenho.
À medida que a altura de um edifício aumenta há uma tendência decrescente do grau de
amortecimento intrínseco da estrutura, e desta forma o recurso a técnicas de amortecimento a
partir de sistemas de dissipação assume uma importância significativa para controlar a resposta
dinâmica, sendo muitas vezes o método mais económico, ao invés de se rigidificar ainda mais a
estrutura (The Arup Journal, 2008). Apesar de ser um custo adicional, no total pode representar
cerca de 1% do custo final de construção do edifício (Myamoto, et al., 1998), pelo que a longo
prazo irá justificar plenamente o uso dos dissipadores para protecção sísmica das estruturas.
26
A nível do dimensionamento e para se garantir o desempenho desejado, a optimização da
distribuição dos dissipadores viscosos é particularmente importante para edifícios altos, uma vez
que são bastantes os locais onde podem ser colocados. Assim, o desenvolvimento de uma
distribuição eficiente de dissipadores torna-se extremamente difícil, uma vez que há inúmeras
combinações possíveis da capacidade de dissipação destes dispositivos em altura.
O problema torna-se ainda mais complexo pelo facto de o custo dos dissipadores viscosos
variar, principalmente, com a força de amortecimento a que está sujeito, ou seja, com a sua
capacidade de dissipação.
Não existe muita informação relativa ao preço dos dissipadores, pois é uma técnica recente e em
desenvolvimento. No entanto, é possível avaliar o custo deste sistema de dissipação através da
influência de alguns factores. Além da força característica do dissipador, outros
requisitos especiais, tais como o ambiente de exposição, a quantidade de dissipadores para o
projecto e a quantidade de testes do protótipo, podem ter um impacto significativo nos custos
(Kargahi, et al., 2004).
Os custos dos dissipadores aumentam particularmente com o deslocamento e com a força a que
estão sujeitos, uma vez que é exigido um dispositivo com maiores dimensões. Como a força
associada a cada dissipador varia linearmente com o valor da constante característica do
dissipador (C), assume-se nesta dissertação, que o valor de C é uma boa medida do custo de
dispositivos de amortecimento viscoso, para o mesmo tipo de fluido, isto é, para o mesmo valor
de α. Apesar de na realidade, a evolução do custo dos dissipadores não ser exactamente linear
com o aumento do valor de C.
Desta forma, o processo de optimização pretende minimizar os custos dos dissipadores a
utilizar, maximizando em simultâneo os benefícios para a estrutura.
3.3 Método de Análise
Como já mencionado no capítulo anterior, e segundo a regulamentação estudada, no caso de os
dissipadores apresentarem um comportamento elástico linear pode-se recorrer à análise linear,
caso contrário deve-se utilizar uma análise dinâmica não linear no domínio do tempo.
Nos dissipadores viscosos a não linearidade advém da sua lei de comportamento, que é
representada por uma equação não linear:
(3.3)
27
Sendo que apenas para α=1 a equação atrás referida é linear, tornando mais fácil o problema da
análise da resposta.
Desta forma o único método possível para calcular correctamente a resposta duma estrutura
com dissipadores não lineares é através da utilização de um programa de análise dinâmica não
linear, uma vez que se utilizam valores de α<1.
Actualmente já existem no mercado programas de análise não linear que permitem calcular a
resposta de estruturas com dissipadores viscosos.
O programa SAP2000 é um exemplo de programa com estas capacidades, e corresponde ao
software escolhido para auxiliar este estudo (SAP 2000 v14.0.0).
É importante realçar a necessidade de analisar criticamente os resultados obtidos
analiticamente. Se é verdade que esta preocupação deve estar sempre presente no espírito do
engenheiro que faz análise de estruturas, quando se manipula uma ferramenta de análise não
linear, este cuidado deve ser redobrado. O aumento do número de variáveis em jogo e a falta de
domínio sobre algumas das variáveis aconselham prudência na utilização deste tipo de
programas de análise.
O programa SAP 2000 v14.0.0 tem um conjunto de elementos que permite simular os diversos
tipos de dissipadores. Estes elementos são designados por Link, sendo o dissipador viscoso
modelado como um elemento de Maxwell, Figura 3.7, que consiste num amortecedor não
linear em série com uma mola (CSI).
Figura 3.7 – Propriedades do dissipador viscoso modelado como elemento de Maxwell para uma análise não-linear: amortecedor e mola em série [adaptado de (CSI)].
Na modelação desprezou-se a massa dos dissipadores, adoptando-se uma massa de 1×10-3
ton
e não um valor nulo, para evitar problemas numéricos.
Depois de determinados os parâmetros de dimensionamento do modelo de Maxwell para o
dissipador viscoso: K (rigidez da mola), C (constante do dissipador) e α (característica do fluido),
estes são introduzidos no SAP de forma a definir este sistema de dissipação de energia, como
mostra a Figura 3.8.
28
Figura 3.8 – Janela do programa SAP 2000 v14.0.0 que permite definir diversos tipos de dissipadores, nomeadamente os dissipadores viscosos (exemplo).
29
4. ACÇÃO SÍSMICA
4.1 Representação da Acção Sísmica
A definição da acção sísmica é dependente do tipo de solo, da zona sísmica e da fonte
sismogénica. No domínio de aplicação do Eurocódigo 8 (Parte 1), o movimento devido a um
sismo é representado, em geral, por um espectro de resposta elástico, no caso de uma análise
linear ou por uma função temporal, acelerograma, no caso de uma análise linear ou não linear
(Loureiro, 2008).
4.1.1 Sismicidade em Portugal e Zonamento Sísmico
A parte continental do território português é uma zona de sismicidade média-alta, que foi atingida
por fortes sismos no passado. O zonamento sísmico do país, segundo o Anexo Nacional do
Eurocódigo 8, tem em conta que os movimentos sísmicos do solo expectáveis em diferentes
regiões do país são diferentes, dado que as distâncias às diferentes zonas sismogénicas variam
ao longo do território. No que diz respeito às fontes sísmicas consideram-se separadamente dois
tipos:
A primeira, associada à falha que separa as placas tectónicas europeia e africana e que se
desenvolve ao sul do território de Portugal Continental, e que dá origem às acções sísmicas
que se designam por interplacas (sismo afastado), capazes de gerar sismos de alta
magnitude (Ms≈8,5). Foi nesta zona que teve origem o sismo de 1755 que devastou por
completo a cidade de Lisboa (Azevedo, et al., 2007).
A segunda corresponde às fontes sísmicas no interior da placa continental e que por isso
dão origem às acções sísmicas que se designam por intraplacas (sismo próximo), capazes
de gerar sismos de magnitude considerável (Ms≈7). As fontes mais importantes estão no
vale do rio Tejo, próximo de Benavente (Azevedo, et al., 2007).
Na Figura 4.1 apresenta-se o zonamento sísmico de Portugal continental, para o sismo afastado
e para o sismo próximo, de acordo com o Anexo Nacional do Eurocódigo 8. Por definição, em
cada zona o valor da acção sísmica é determinado a partir de um único parâmetro, a aceleração
máxima de referência ao nível de um solo, R.
30
Figura 4.1 – Zonamento sísmico nacional para o sismo afastado (esq.) e próximo (dir.) (AN, 2009)
4.1.2 Modelos de Representação da Acção Sísmica
A análise sísmica de uma estrutura define-se pela análise da sua resposta quando solicitada por
um movimento na base representativo duma acção sísmica (Guerreiro, 1999). Esta análise pode
ser efectuada recorrendo a um espectro de resposta, onde se calculam os valores extremos da
resposta da estrutura, ou através de uma série de acelerações, onde se regista a resposta da
estrutura ao longo do tempo.
Espectro de Resposta
A representação sísmica através de um espectro de resposta elástico de aceleração, constitui o
exemplo mais divulgado de caracterização da acção sísmica, sendo utilizado quase na totalidade
dos programas de cálculo automático que permitam realizar análise dinâmica de estruturas em
regime linear (Guerreiro, 2010). O espectro de resposta é o valor máximo da aceleração que um
oscilador de um grau de liberdade, com determinado amortecimento, sofreria quando excitado
por uma dada acção sísmica. A partir da analogia que existe entre a resposta de osciladores de
vários graus de liberdade e um oscilador de um grau de liberdade é possível quantificar através
de espectros de resposta os valores máximos de resposta de um oscilador de vários graus de
liberdade.
Na Figura 4.2 pode-se observar as diferenças que advêm das características das duas acções
sísmicas regulamentares. Os espectros de resposta elásticos representados referem-se ao
mesmo local (Lisboa), ao mesmo tipo de terreno de fundação (Solo do Tipo B) e ao mesmo valor
do coeficiente de amortecimento (ξ = 5%). O sismo “afastado”, embora tenha uma magnitude
superior, apresenta valores espectrais inferiores aos do sismo “próximo” para valores baixos de
período.
31
Figura 4.2 – Espectros de resposta – influência do tipo de acção sísmica (AN, 2009).
Representação Temporal (Time-History)
A acção sísmica modelada através de uma representação temporal por séries de acelerações
permite simular os movimentos de aceleração do solo em função do tempo ou em função de
grandezas directamente relacionadas, permitindo realizar análises dinâmicas não lineares que
se tornaram cada vez mais vulgares, devido ao desenvolvimento dos meios de cálculo.
Infelizmente, a verificação da segurança duma estrutura não se pode fazer através da análise da
resposta para um único sismo, o que torna o processo relativamente moroso no caso de se optar
por esta forma de representação da acção sísmica. No entanto, se a estrutura a analisar tiver
comportamento não linear a utilização de séries de acelerações torna-se praticamente inevitável
(Guerreiro, 2010).
No caso da análise sísmica, estas séries devem ser representativas da acção sísmica de
dimensionamento a considerar. As séries de acelerações podem ser reais, Figura 4.3, ou
geradas artificialmente. Dada a grande aleatoriedade na definição da acção, nenhuma conclusão
pode ser obtida com base na análise da resposta de uma só série de acelerações.
Figura 4.3 – Registo da série de acelerações do Sismo de Kobe, 1995, gravado na estação KJMA [adaptado de (PEER)].
32
Deverão ser sempre utilizados valores médios das respostas da estrutura a um número
suficiente de séries de aceleração. Esse número nunca deve ser inferior a 6, sendo aconselhável
a utilização de 10 séries diferentes (Guerreiro, 2006).
4.1.3 Definição e Modelação da Acção Sísmica
No presente trabalho foram realizadas apenas análises dinâmicas não lineares, pois os
dissipadores viscosos utilizados em estudo apresentam um comportamento não-linear. Sendo
assim, a acção sísmica foi obrigatoriamente modelada por séries de acelerações,
frequentemente designadas por acelerogramas.
4.1.3.1 Definição dos Acelerogramas
O principal objectivo na definição das séries de acelerações é que estas sejam compatíveis com
o espectro de resposta regulamentar da acção sísmica. Um acelerograma representa o registo
das acelerações do solo, e portanto as acelerações ao nível da base da estrutura, durante a
ocorrência de um sismo. Estas acelerações são registadas e posteriormente utilizadas para o
estudo da acção sísmica. No entanto, nem sempre é possível a utilização de registos reais, pelo
que é comum gerarem-se acelerações artificiais (Rôlo, 2009).
Segundo o Eurocódigo 8, é permitida a utilização de acelerogramas registados, ou de
acelerogramas gerados através de uma simulação numérica dos mecanismos na fonte ou da
trajectória de propagação, desde que as amostras utilizadas sejam devidamente qualificadas
relativamente às características sismogénicas da fonte e às condições do terreno do local, e que
os seus valores sejam graduados em função do valor de ag.S da zona considerada (CEN, 2004).
Sendo ag o valor de cálculo da aceleração à superfície para um terreno do tipo A
e S o factor do tipo de terreno de fundação.
Para o presente estudo, utilizou-se um conjunto de 10 acelerogramas registados e adoptou-se a
acção sísmica referente a um sismo afastado, uma vez que é a acção sísmica condicionante
para a frequências baixas, como é o característico de edifícios altos. Ainda em relação à
definição dos acelerogramas considerou-se que estes são característicos da zona de Lisboa
(zona 3 – ag = 1,5m/s2) num solo de classe B (depósitos de areia muito compacta, de seixo ou de
argila muito rija, com uma espessura de, pelo menos, várias dezenas de metros, caracterizados
por um aumento gradual das propriedades mecânicas com a profundidade – S = 1,35). Assim,
com base na zona sísmica e no tipo de terreno, é possível determinar o valor de ag.S, que irá
afectar os acelerogramas respectivos à acção sísmica em estudo.
33
Na Figura 4.4, apresenta-se um dos dez acelerogramas utilizados, estando os restantes
apresentados no Anexo I.
Figura 4.4 – Acelerograma A.
4.1.3.2 Modelação da Acção Sísmica Através de Acelerogramas
Cada acelerograma foi definido individualmente nas duas direcções horizontais, como um caso
de análise de representação temporal (Time History), possibilitando a realização de uma análise
dinâmica não-linear.
O tempo de integração dos acelerogramas escolhidos é de 40 segundos, subdivididos em
4000 tempos de análise, cada um com 0,01 segundos.
-1,5
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Ace
lera
ção
(m/s
2 )
Tempo (s)
34
35
5. ESTUDO PRELIMINAR
No presente capítulo apresenta-se um estudo para apoiar a estimativa das principais
características dos dissipadores viscosos a aplicar numa estrutura tipo, de modo a garantir o seu
desempenho satisfatório para a protecção contra a acção sísmica. Isto é, numa primeira fase, o
objectivo consiste em determinar o valor da constante característica do dissipador (C) que
garante um bom desempenho sísmico da estrutura assumindo uma distribuição de um só tipo de
dissipador ao longo da altura.
Numa fase posterior apresenta-se o estudo para a determinação da melhor forma de os
dissipadores se distribuírem ao longo do edifico, variando o valor de C em altura, tendo como
objectivo optimizar a dissipação de energia global no edifício. Assim, testaram-se várias formas
de distribuição de um conjunto de dissipadores em altura, a partir de um nível total de dissipação
de energia pré-fixado à partida.
No estudo apresentado neste capítulo foi utilizada uma estrutura tipo que servirá de elemento de
referência para o caso de estudo que é alvo esta dissertação, que será apresentado no próximo
capítulo. No edifício tipo serão testados os diversos esquemas de distribuição dos dissipadores,
numa tentativa de optimizar as características globais dos dissipadores utilizados.
Para avaliar a qualidade da solução e do método estudado foram realizadas análises dinâmicas,
com a modelação do comportamento não linear dos sistemas de dissipação. Na análise das
situações estudadas, foi sempre considerado que a estrutura dos edifícios se mantém em regime
linear.
5.1 Descrição da estrutura
Com o intuito de exemplificar o uso do sistema passivo de dissipação de energia conhecido e
mencionado em capítulos anteriores, optou-se por testar o efeito da aplicação de dissipadores
viscosos, na protecção sísmica de um pórtico plano com 3 andares, Figura 5.1, recorrendo ao
programa SAP2000.
36
Figura 5.1 - Pórtico onde se realizará o estudo preliminar.
A partir do estudo sobre esta estrutura porticada, foi possível avaliar de que forma as suas
características e o seu comportamento dinâmico influenciam a eficácia dos dissipadores
viscosos na resposta dessas estruturas sob excitação sísmica de base.
Optou-se por adoptar uma frequência próxima de 1Hz para a estrutura apresentada. Para isso
foi necessário considerar um conjunto de massas concentradas nos pisos.
Através do SAP2000 realizou-se uma primeira análise modal da estrutura para determinar a
frequência própria inicial da mesma. Posteriormente adicionou-se uma massa de 25 kN.s2/m
(25 ton) em cada nó de cada piso, como se observa na Figura 5.1, de modo a obter o valor
pretendido para a frequência da estrutura. As características da análise modal relativa aos três
primeiros modos de vibração apresentam-se na Figura 5.2.
Figura 5.2 - Análise modal da estrutura porticada depois de adicionada uma massa de 25 kN.s2/m em cada nó.
Para se obter a resposta dinâmica da estrutura porticada face à acção sísmica, o modelo
estrutural adoptado foi submetido a uma excitação de base produzida pelo registo de aceleração
do acelerograma A, numa análise não linear no domínio do tempo, como já descrito
anteriormente.
1º Modo
2º Modo
3º Modo
25 kN.s2/m
25 kN.s2/m
25 kN.s2/m
25 kN.s2/m
25 kN.s2/m
25 kN.s2/m
37
Para estudar e avaliar a eficácia da utilização dos dissipadores, foi necessário determinar os
resultados mais representativos da resposta da estrutura face à acção sísmica. A dissipação da
energia sísmica com recurso a estes dispositivos traduz-se essencialmente numa redução de
acelerações impostas à estrutura, que por sua vez implica uma diminuição dos deslocamentos e
da força de corte basal. Utilizando as capacidades do programa SAP2000 apresenta-se no
Quadro 5.1 os resultados da estrutura sem qualquer sistema de dissipação.
Quadro 5.1 - Força de corte basal e deslocamentos da sem dissipadores (Acelerograma A).
Força de Corte
Basal (kN) Piso
Deslocamento Máximo
Absoluto (mm)
Deslocamento Relativo
Máximo (mm)
480,1
1 36,00 36,00
2 64,20 28,21
3 78,09 13,89
Para uma análise dinâmica obtiveram-se dois valores (positivo e negativo) ao nível dos
deslocamentos absolutos, apresentando-se no quadro anterior o valor do seu máximo absoluto.
Neste estudo foi considerado, para efeitos de dimensionamento, que a diferença entre
deslocamentos máximos absolutos entre pisos corresponderá aos deslocamentos relativos
máximos. Apesar de os deslocamentos máximos absolutos poderem não acontecer em
simultâneo, considerou-se esta aproximação, até porque os deslocamentos do primeiro modo
são predominantes no comportamento da estrutura.
A estrutura, como se previa, apresenta uma deformada típica de uma estrutura em pórtico, isto é,
os deslocamentos relativos entre pisos são mais significativos nos pisos inferiores como mostra
a Figura 5.3.
Figura 5.3 – Evolução dos deslocamentos absolutos em altura.
Sabendo a resposta original da estrutura face à acção sísmica, sem recurso a sistemas de
dissipação de energia, procedeu-se à colocação dos dissipadores na estrutura a fim de reduzir
as deformações e os esforços na mesma.
38
5.2 Dimensionamento dos Dissipadores Viscosos
Com o intuito de optimizar o desempenho dos sistemas de dissipação, optou-se por colocar os
dissipadores viscosos na diagonal entre pisos, como mostra a Figura 5.4. De seguida, procedeu-
se à modelação destes dispositivos, como descrito no capítulo 3.
Figura 5.4 – Colocação dos dissipadores.
Para determinar os valores dos respectivos parâmetros de dimensionamento dos dissipadores,
foi necessário definir um nível satisfatório de redução de deformações e esforços que se
pretende atingir, uma vez que quanto mais sofisticado é o dissipador utilizado, à partida,
melhores resultados se obtêm. Deste modo, definiu-se como objectivo deste estudo a redução
de 50% dos valores dos deslocamentos relativos máximos entre pisos e da força de corte basal.
Como este estudo apresenta um carácter académico, optou-se por escolher este valor de 50%
como valor suficiente para estudar a eficácia da introdução do sistema de dissipação de energia
com vista a melhor o desempenho dinâmico da estrutura.
Na caracterização destes equipamentos é necessário definir os parâmetros K, α e C dos
modelos de análise a utilizar no programa SAP.
Para uma melhor optimização de resultados, o parâmetro α deve ser o mais baixo possível,
como tal estudou-se a influência deste parâmetro para os valores de 0,1; 0,15 e 0,2. Sabendo, à
partida, que o primeiro valor, em princípio, conduzirá a melhores resultados, avaliou-se se as
diferenças são significativas face aos restantes valores.
Em relação ao valor de C, este não tem um valor limite conhecido, quanto maior for o seu valor,
maior será o diâmetro do dissipador e consequentemente a sua capacidade de dissipação de
energia.
39
O valor de K, correspondente à rigidez da mola, deve ser elevado, visto que com não há
transferência de energia para o dissipador. Porém, este valor também não deve ser demasiado
alto para não criar problemas numéricos de convergência.
Para alcançar este objectivo, é recomendado que a rigidez da mola apenas influencie o
deslocamento total do dissipador na ordem de grandeza das milésimas.
(5.1)
Sendo:
deslocamento da mola
força máxima do dissipador
Para verificar a sensibilidade do valor de K, realizou-se assim uma análise iterativa, fixando o
valor de e , e arbitrando como valor inicial , até atingir o valor
pretendido, estando os resultados apresentados no Quadro 5.2.
Quadro 5.2 - Análise iterativa para determinar o valor da rigidez da mola (k).
(kN) (m) (m) (m)
10.000 15,05 0,0015 0,0521 5,205E-5
100.000 14,89 1,49E-4 0,0517 5,171E-5
1.000.000 14,89 1,49E-5 0,0519 5,191E-5
Depois de se determinar o valor de K a utilizar (1.000.000), procedeu-se ao estudo dos valores
de α e C, de modo a obter resultados próximos de 50% dos valores originais dos deslocamentos
relativos máximos entre pisos e da força de corte basal.
Os resultados desta análise (deslocamentos e força) foram obtidos através do SAP2000 e estão
apresentados de seguida sob a forma de gráficos (na Figura 5.5 a Figura 5.8) em função do
valor de α e de C utilizados nos dissipadores.
40
Figura 5.5 – Deslocamento relativo máximo do piso 1 em função do valor de C e α usado no dissipador.
Figura 5.6 – Deslocamento relativo máximo do piso 2 em função do valor de C e α usado no dissipador.
Figura 5.7 – Deslocamento relativo máximo do piso 3 em função do valor de C e α usado no dissipador.
41
Figura 5.8 – Força basal da estrutura em função do valor de C e α usado no dissipador.
Com base nos gráficos apresentados nas figuras anteriores, pode-se tirar as seguintes
conclusões:
- A relação entre o valor de C e o valor dos deslocamentos é muito semelhante à relação entre C
e o valor da força de corte basal da estrutura. Em todos os casos, o gráfico decresce com o
aumento da capacidade de dissipação de energia do dissipador, traduzido no aumento do valor
de C. No entanto, o aumento da capacidade dos dissipadores para valores elevados de C não
altera significativamente os resultados, isto é, o gráfico parece seguir uma assíntota horizontal,
demonstrando-se assim a existência de um nível máximo de dissipação a aplicar à estrutura.
- Para o parâmetro α constata-se o que se previa, quanto mais baixo o seu valor, maior será a
redução dos deslocamentos entre pisos e da força de corte basal, para o mesmo valor de C.
Contudo, para valores elevados da constante característica dos dissipadores, as diferenças de
resultados entre os diferentes valores de α são menos significativas, uma vez que as curvas
tendem a aproximar-se, ou seja, com o aumento da capacidade de dissipação de energia do
dissipador o parâmetro α perde influência nos resultados.
- A redução desejada de 50% dos valores de deslocamentos relativos e da força de corte basal,
demonstrada pela intersecção entre os gráficos e respectiva recta correspondente a 50% dos
resultados iniciais da estrutura sem qualquer tipo de dissipação, acontece para valores
semelhantes de C mantendo o mesmo valor de .
Como o objectivo é optimizar os resultados utilizando um menor valor de C, optou-se por utilizar
o menor valor de , pois para o intervalo de valores óptimos de C, a diferença de
resultados entre diferentes valores de α é significativa. Deste modo, e realizando uma análise
global dos 4 gráficos, verifica-se que é atingido o nível exigido para valores de C entre 50 e 60.
42
Assim, optou-se por escolher o valor intermédio de como o valor ideal para este
parâmetro.
5.3 Optimização da distribuição de dissipadores em altura
Depois de se ter estudado o desempenho da estrutura com a aplicação de dissipadores
distribuídos uniformemente em altura, estudaram-se outras configurações de distribuição dos
dissipadores que possam melhorar o desempenho global do pórtico, alterando o valor de C nos
dissipadores em cada piso.
A capacidade total de dissipação da estrutura, traduzida em termos do somatório dos valores de
C utilizados, vai permanecer constante, de modo a ser possível comparar a eficácia das
diferentes soluções testadas. Além disso, admite-se que, desta forma, mantendo a capacidade
global de dissipação do pórtico em estudo, todas a distribuições analisadas terão o mesmo custo
associado. Assim, pretende-se que, com o mesmo custo e com o mesmo nível de dissipação de
energia, seja encontrada a solução mais eficaz na protecção sísmica da estrutura.
Considerou-se, assim, que o custo associado a três dissipadores com , um em cada piso,
é igual a qualquer conjugação de valores desde que o conjunto dos dissipadores perfaça um
total de .
Desta forma, e para facilitar a análise, só se estudará a influência de apenas uma variável (o
valor de C), que neste caso corresponderá ao modo de como a capacidade de dissipação de
energia se distribuirá ao longo da altura da estrutura.
5.3.1 Estudo 1
Uma vez que os deslocamentos relativos entre pisos variam em altura, pretendeu-se avaliar a
influência da distribuição das propriedades dos dissipadores nos diferentes pisos com base na
deformada da estrutura.
Assim, foram estudadas duas novas distribuições de dissipadores, que serão comparadas com a
solução uniforme em altura, como mostra a Figura 5.9:
- Distribuição Triangular: O dispositivo na base foi definido usando um valor de do valor de C
inicial, definindo-se para o último piso um valor de do mesmo valor. Neste caso, a
distribuição da capacidade de dissipação de energia está inversamente relacionada com a
evolução dos deslocamentos em altura
43
- Distribuição Triangular Invertida: Como o nome indica, a distribuição será o inverso da anterior.
Neste caso a distribuição da capacidade de dissipação de energia está associada ao andamento
dos deslocamentos em altura.
Figura 5.9 - Distribuições de dissipadores em altura que são alvo de estudo.
Recorrendo de novo ao programa SAP2000, foi possível determinar a resposta da estrutura com
estas novas distribuições de dissipadores em altura. Na Figura 5.10 e no Quadro 5.3
apresentam-se os resultados deste estudo. Para facilitar a interpretação dos resultados
alcançados apresentam-se também os resultados da estrutura sem qualquer dissipação de
energia e os valores que se pretendem atingir, correspondentes a 50% dos valores iniciais dos
deslocamentos e da força de corte basal.
Figura 5.10 – Deslocamentos absolutos e deslocamentos relativos da estrutura original e da estrutura com diferentes distribuições de dissipadores em altura.
44
Quadro 5.3 - Força de corte basal da estrutura original e da estrutura com diferentes distribuições de dissipadores em altura.
Solução Original 50% Original Uniforme Triangular Triangular
Inversa
Força (kN) 480,1 240,0 261,0 291,8 241,8
Com base nos resultados anteriormente apresentados podem tirar-se as seguintes conclusões:
- A distribuição triangular inversa dos dissipadores é solução mais eficaz na redução dos
deslocamentos e da força de corte basal, enquanto a distribuição triangular piora os resultados
antes obtidos pela distribuição uniforme.
- No caso dos deslocamentos, observa-se que a distribuição uniforme dos dissipadores em
altura, corresponde praticamente ao nível exigido de desempenho do sistema de dissipação de
energia, pois a curva equivalente aos resultados com essa distribuição coincide sensivelmente
com a curva associada a 50% dos deslocamentos iniciais (absolutos e relativos). Relativamente
ao comportamento da estrutura com a distribuição triangular inversa, verifica-se que se obtém
uma redução de deslocamentos superiores a 50%.
- No caso da força de corte basal, a solução uniforme de capacidade de dissipação de energia
não chega ao valor ideal dos 50%, apesar de estar muito próximo, no entanto com a distribuição
triangular inversa o objectivo é atingido.
Portanto, chega-se à conclusão que se consegue optimizar os resultados com uma distribuição
da capacidade de dissipação de energia relacionada com a evolução dos deslocamentos em
altura.
Posto isto, pode-se questionar se é possível obter ainda melhores resultados, com uma nova
distribuição da capacidade de dissipação de energia em altura, ou se pelo contrário, a
distribuição triangular inversa é a solução optimizada da distribuição dos dissipadores em altura.
5.3.2 Estudo 2
Sabendo, à partida, que a melhor solução corresponde a uma maior capacidade de dissipação
de energia na base da estrutura, e menor no último piso, testaram-se algumas variações à
distribuição triangular inversa, modificando a relação entre a variação dos valores de C em
altura.
Para avaliar a eficácia de cada distribuição, e uma vez que à partida todas as alternativas
estudadas são boas soluções, pretende-se analisar as reduções em percentagem tanto dos
45
deslocamentos relativos como da força basal, sendo que a melhor solução será a que
apresentar um maior nível de redução, onde todos os valores terão de ser superiores a 50%.
Em primeiro lugar, apresenta-se no Quadro 5.4 os resultados correspondentes à distribuição
triangular inversa.
Quadro 5.4 - Análise de resultados da distribuição triangular inversa.
Piso C Deslocamentos Força Basal
abs (mm) rel (mm) Redução (kN) Redução
1 82,5 14,42 14,42 60,0%
241,8 49,6% 2 55 27,46 13,05 53,8%
3 27,5 34,75 7,28 47,6%
Como se pode verificar, no Quadro 5.4, esta distribuição não atinge resultados de 50% em todos
os parâmetros em estudo, apesar de estar próximo disso.
Prosseguiu-se o estudo, seguindo a tendência de aumentar o valor de C no primeiro piso,
retirando a capacidade de dissipação nos pisos superiores.
Nota: Para facilitar os testes que serão realizados em seguida, assume-se que o valor de C varia com múltiplos de 5.
Quadro 5.5 - Análise de resultados de uma nova distribuição (1).
Piso C Deslocamentos Força Basal
abs (mm) rel (mm) Redução (kN) Redução
1 100 12,96 12,96 64,0%
232,1 51,7% 2 45 2594 12,98 54,0%
3 20 33,50 7,56 45,6%
Com a alteração da distribuição do valor de C nos três pisos, apresentada no Quadro 5.5,
verificou-se uma diminuição dos deslocamentos absolutos e deslocamentos relativos à excepção
do último piso. Com o aumento da dissipação na base da estrutura a força de corte basal
também diminui, sofrendo já uma redução superior a 50%.
Optou-se por continuar a aumentar a capacidade de dissipação de energia no primeiro piso,
diminuindo a constante característica do dissipador apenas no piso intermédio, Quadro 5.6, uma
vez que a redução da dissipação no último piso irá prejudicar os resultados a nível do
deslocamento relativo neste piso.
46
Quadro 5.6 - Análise de resultados de uma nova distribuição (2).
Piso C Deslocamentos Força Basal
abs (mm) rel (mm) Redução (kN) Redução
1 120 12,39 12,39 65,6%
235,5 51,0% 2 25 25,82 13,43 52,4%
3 20 33,22 7,40 46,7%
Esta distribuição, apesar de aumentar ligeiramente os deslocamentos relativos do piso
intermédio, mantém os seus valores superiores a 50% dos valores inicias. Por outro lado, o
aumento da capacidade de dissipação de energia no primeiro piso resultou numa redução dos
deslocamentos absolutos e dos deslocamentos relativos do último. Seguindo esta tendência,
optou-se por retirar a dissipação no piso intermédio e passa-la para o primeiro piso, como se
demonstra no Quadro 5.7.
Quadro 5.7 - Análise de resultados de uma nova distribuição (3).
Piso C Deslocamentos Força Basal
abs (mm) rel (mm) Redução (kN) Redução
1 145 11,71 11,71 67,5%
238,7 50,3% 2 0 25,77 14,07 50,1%
3 20 32,63 6,86 50,6%
A existência do dissipador no último piso é fundamental para controlar os deslocamentos a este
nível, já no segundo piso, conclui-se que a existência de dissipadores é desnecessária, uma vez
que a redução de 50% dos deslocamentos é garantida de igual forma pela dissipação que ocorre
no primeiro e último piso, que são extremamente importantes para o desempenho geral da
estrutura, assegurando a redução de 50% dos deslocamentos relativos entre pisos e também da
força de corte basal. Para além disso, consegue-se uma redução ao nível do primeiro piso de
cerca de 68%, piso este que corresponde a valores iniciais de deslocamento mais elevado.
Esta análise, apesar de ter um nível de exigência que é objectivo, é relativamente subjectiva,
pois a redução de 50% correspondente ao deslocamento relativo do último piso não tem uma
importância significativa, uma vez que este valor é cerca de metade dos deslocamentos relativos
correspondentes aos pisos inferiores.
5.3.3 Estudo 3
Numa outra perspectiva, torna-se importante avaliar a eficácia das distribuições de dissipadores
na estrutura, com base no valor máximo dos deslocamentos relativos de cada solução. No caso
da distribuição apresentada no Quadro 5.5, pode verificar-se, que o deslocamento relativo
47
máximo registado corresponde ao menor valor comparado com os valores máximos observados
nas restantes soluções.
Esta distribuição, apesar de corresponder ao maior valor do deslocamento relativo no último piso
em comparação com outras soluções, permite que o máximo dos deslocamentos
relativos obtidos seja inferior a qualquer outra distribuição testada.
Sendo assim, e segundo esta óptica, foi realizado mais um teste com uma nova distribuição,
Quadro 5.8. Esta solução prescinde do sistema de dissipação de energia no último piso,
aumentando a capacidade dos dissipadores nos dois primeiros pisos.
Quadro 5.8 - Análise de resultados de uma nova distribuição (4).
Piso C Deslocamentos Força Basal
abs (mm) rel (mm) Redução (kN) Redução
1 105 11,82 11,82 67,2%
219,4 54,3% 2 60 23,78 11,96 57,6%
3 0 31,93 8,15 41,3%
Esta distribuição, como seria de esperar, aumenta os deslocamentos relativos no último piso,
mas este valor continua a ser inferior aos registados nos pisos inferiores, e, por isso,
este aumento não tem importância. No entanto, o facto de esta solução beneficiar de uma maior
capacidade de dissipação de energia nos dois primeiros pisos diminui significativamente, e em
simultâneo, os deslocamentos relativos nos mesmos, para um valor de (reduções de
67% e 57% para o 1º e 2º piso respectivamente). Ou seja, para valores pequenos dos
deslocamentos o aumento da capacidade de dissipação tem pouca expressão, por outro lado,
para maiores deslocamentos a redução destes é extremamente eficaz utilizando dissipadores
viscosos mais fortes (com um valor de C mais elevado). Além disso, também se regista um
menor deslocamento absoluto do topo da estrutura , mostrando que de maneira
geral esta será a melhor solução.
Em relação à força de corte basal, esta distribuição também reduz o valor correspondente para
mais de 54%. Pode, assim, concluir-se que a maior redução deste parâmetro não corresponde
apenas a uma maior capacidade de dissipação de energia na base da estrutura em comparação
com os restantes pisos, ao contrário do que se podia prever, mas sim a uma distribuição da
capacidade de dissipação de energia entre os dois primeiros pisos correspondentes aos pisos
com maiores valores de deslocamentos.
Esta distribuição corresponde assim à solução mais eficaz para a redução dos valores dos
deslocamentos relativos máximos entre pisos de forma equilibrada, para a redução do
deslocamento absoluto do topo da estrutura, e ainda para a redução da força de corte basal.
48
49
6. CASO DE ESTUDO
O presente capítulo é dedicado ao estudo da aplicação de um sistema de dissipação de energia
a um edifício real de betão armado com 28 pisos. Após ter sido dada especial ênfase, no
capítulo anterior, à descrição das principais particularidades decorrentes do processo de
dimensionamento dos dissipadores viscosos, no presente caso de estudo pretende-se que este
processo seja mais célere.
Neste caso de estudo são testados esquemas de distribuição dos dissipadores no edifício,
tentando optimizar as características globais dos dissipadores utilizados. Para validar a solução
e o método estudado devem ser realizadas análises dinâmicas não lineares, com a modelação
dos sistemas de dissipação. Na análise das situações estudadas é sempre considerado que a
estrutura dos edifícios se mantém em regime linear.
Inicialmente, o estudo realizou-se apenas com base num registo de acelerações, o
acelerograma A. Posteriormente, efectuou-se o mesmo estudo para 10 acelerogramas distintos,
avaliando a resposta através da média dos seus resultados.
6.1 Descrição da estrutura
Para este estudo foi utilizado o projecto de um edifício a ser construído em Trinidad e Tobago
indicado na Figura 6.1. Este projecto foi escolhido uma vez que corresponde a um edifício
bastante alto, ideal para o estudo que se pretende realizar, e porque o seu modelo estrutural foi
possível obter através da empresa que o projectou, Bouygues Bâtiment International
(Transcorpcu).
Este projecto, do ano de 2007, refere-se a um edifício de escritórios de 28 andares com 105 m
de altura, de nome Broadgate Place, localizado em Port of Spain, capital da República de
Trinidad e Tobago, no entanto, por questões judiciais a sua construção encontra-se parada
(Newsday).
50
Figura 6.1 – Projecto do edifício Broadgate Place (Skyscrapercity).
De seguida, e para melhor interpretação da estrutura em estudo, apresenta-se na Figura 6.2
uma imagem do modelo a três dimensões no programa SAP2000, e ainda a planta da estrutura
correspondente ao piso térreo e a um piso em altura, na Figura 6.3, identificando os elementos
estruturais resistentes (as paredes e o núcleo).
Figura 6.2 - Modelo estrutural a três dimensões no SAP2000.
51
Figura 6.3 – Planta do piso térreo e de um piso em altura.
A estrutura do edifício é praticamente simétrica relativamente a um eixo perpendicular à maior
direcção em planta, conforme se pode verificar através da Figura 6.3. Este facto, juntamente com
a existência das paredes nos contornos exteriores e a localização do núcleo no centro da
estrutura, faz com que o centro de rigidez coincida praticamente com o centro de massa, ao
mesmo tempo que confere uma rigidez considerável à estrutura segundo as duas direcções
horizontais.
6.2 Análise Modal da Estrutura
A análise modal foi realizada através dos vectores próprios. Os aspectos mais importantes desta
análise estão resumidos nos três primeiros modos de vibração no Quadro 6.1. A deformada da
estrutura para estes modos de vibração está representada na Figura 6.4.
Quadro 6.1 – Características dos três primeiros modos de vibração e respectivas participações de massa.
Modo de
vibração
Período
(s)
Frequência
(Hz)
Translação X Translação Y Rotação em Z
% % acum % % acum % % acum
1 2,784 0,359 12,17 12,17 46,14 46,14 42,59 42,59
2 2,164 0,462 1,82 13,99 0,40 46,54 13,56 56,15
3 1,810 0,552 45,56 59,55 11,75 58,29 0,07 56,22
52
Figura 6.4 – Deformada da estrutura para os três primeiros modos de vibração.
O comportamento dinâmico de um edifício é essencialmente influenciado pela sua frequência
fundamental. Em estruturas altas, como o caso deste edifício com 28 andares, e por se tratar de
estruturas mais flexíveis, o valor da frequência tende a ser mais baixo.
A frequência para o primeiro modo é de 0,359 Hz, sendo este caracterizado por translação em Y
(factor de participação de massa de 46,14%). A translação em Y neste modo de vibração
poderia causar alguma estranheza, uma vez que é nesta direcção que se encontram os
elementos resistentes, nomeadamente as paredes. No entanto, como se está perante uma
estrutura significativamente alta, onde a direcção Y corresponde à menor dimensão em planta do
edifício, será expectável que tal aconteça.
Existe ainda uma contribuição de rotação significativa em torno de Z (42,59%), que provoca uma
torção na estrutura. Esta característica condiciona fortemente a resposta da estrutura uma vez
que o primeiro modo de vibração tem uma importante componente de rotação associada à
translação, chegando mesmo a ser superior à participação da rotação no segundo modo de
vibração que se caracteriza por torção pura.
O segundo modo de vibração da estrutura apresenta-se como um modo de torção, evidenciando
um movimento de rotação em torno de Z (factor de participação de massa de 13,56%) e, por
isso, a participação de massa em X e Y é reduzida.
O terceiro modo de vibração caracteriza-se por uma translação quase pura segundo X, com um
factor de participação de massa significativo de 45,56%.
Como se pode constatar pela análise modal, a resposta sísmica da estrutura poderá ser
fortemente influenciada por uma grande contribuição da rotação em torno de Z.
53
6.3 Resposta Sísmica do Modelo sem Dissipação de Energia
Para se obter a resposta dinâmica da estrutura face à acção sísmica, o modelo estrutural foi
submetido a uma excitação de base produzida pelo registo de aceleração do acelerograma A.
Este acelerograma foi definido de forma independente nas duas direcções horizontais com 100%
de participação em cada direcção. Utilizando as capacidades do programa SAP2000, foi possível
determinar a resposta sísmica da estrutura relativamente aos máximos de deslocamentos e força
de corte basal, para cada direcção da excitação do acelerograma A, sem qualquer sistema de
dissipação (Anexo II). As duas direcções foram analisadas independentemente.
Posteriormente, realizou-se o mesmo processo para os 10 acelerogramas já anteriormente
mencionados. Como a média dos resultados máximos obtidos é semelhante aos valores
registados no acelerograma A, optou-se por apresentar apenas os resultados respectivos da
média dos 10 acelerogramas, uma vez que esta é uma análise mais rigorosa na interpretação do
comportamento geral da estrutura.
6.3.1 Força de Corte Basal
No Quadro 6.2, apresentam-se os valores médios dos 10 acelerogramas respectivos à força de
corte basal máxima nas duas direcções (X e Y) para cada direcção da acção sísmica.
Quadro 6.2 – Força de corte basal da estrutura em estudo face à acção sísmica (média dos 10 acelerogramas).
Direcção da
Acção Fbasal,x (kN) Fbasal,y (kN)
Sismo X 67730,9 48427,3
Sismo Y 48427,3 58313,7
É de esperar que, para cada direcção da acção do sismo, a força de corte basal nessa mesma
direcção seja superior. No entanto, para a acção sísmica segundo X nota-se uma diferença
bastante significativa entre o valor da força basal nas duas direcções. Esta disparidade deve-se
ao facto da dimensão em planta da estrutura segundo X ser sensivelmente o dobro da outra
dimensão.
6.3.2 Deslocamentos
Na análise da evolução dos deslocamentos em altura, foram escolhidos dois pontos localizados
em extremos diagonalmente opostos do edifício em planta, como mostra a Figura 6.5 e Figura
6.6, uma vez que a estrutura sob a acção sísmica apresenta uma rotação significativa segundo
Z, e como consequência, os deslocamentos não são iguais nesses pontos. Desta forma é
54
importante analisar o comportamento dos dois pontos em simultâneo, para evitar possíveis erros
no dimensionamento dos dissipadores viscosos, uma vez que é com base nos deslocamentos
iniciais da estrutura que se avalia o desempenho do sistema de dissipação de energia.
Figura 6.5 – Esquema representativo da deformada do topo da estrutura devido ao efeito do Sismo segundo X.
Figura 6.6 - Esquema representativo da deformada do topo da estrutura devido ao efeito do Sismo segundo Y.
O edifício, como era previsto, apresenta uma deformada típica de uma estrutura em parede, ao
contrário do que acontece no pórtico no capítulo anterior, isto é, os deslocamentos relativos
entre pisos são mais significativos nos pisos superiores, como mostra a Figura 6.7 e Figura 6.8.
Os valores dos deslocamentos absolutos apresentados nas referidas figuras são os máximos
deslocamentos em valores absolutos registados para cada piso. Para os deslocamentos
relativos, considerou-se que estes correspondem à diferença entre os máximos deslocamentos
absolutos entre pisos.
Rotação em Z
SISMO Y
Translação em Y
SISMO X
Translação em X
Rotação em Z
55
Figura 6.7 - Evolução dos deslocamentos absolutos e relativos em altura com base na resposta média da acção sísmica dos 10 acelerogramas na direcção X, para os pontos 1 e 2 da estrutura.
Figura 6.8 - Evolução dos deslocamentos absolutos e relativos em altura com base na resposta média da acção sísmica dos 10 acelerogramas na direcção Y, para os pontos 1 e 2 da estrutura.
Relativamente à acção sísmica segundo X, através da análise da Figura 6.7, verificou-se que,
em ambos os pontos analisados, os deslocamentos em X são idênticos enquanto em Y são
ligeiramente superiores ao longo do ponto 2 da estrutura. Este facto deve-se, como já foi referido,
à contribuição da rotação da estrutura e está representado na Figura 6.5.
De forma análoga, para a acção sísmica segundo Y, na Figura 6.8, observou-se novamente que
os deslocamentos segundo X são idênticos e que segundo Y são ligeiramente superiores ao
56
longo do ponto 1 da estrutura, mais uma vez devido à influência da rotação na resposta sísmica
da estrutura, como está representado na Figura 6.6.
Além disso, constatou-se a importância do primeiro modo de vibração da estrutura (translação
em Y) no seu comportamento sísmico, uma vez que a acção sísmica segundo Y provoca
deslocamentos superiores do que a acção sísmica segundo X. Os deslocamentos mais elevados
ocorrem na direcção Y para o sismo Y.
Conhecendo o comportamento da estrutura face à acção sísmica, sem recurso a sistemas de
dissipação de energia, procedeu-se à colocação dos dissipadores na estrutura a fim de reduzir
as deformações e os esforços na mesma.
6.4 Dimensionamento dos Dissipadores Viscosos
De forma semelhante ao realizado no capítulo anterior, numa fase inicial, distribuíram-se os
dissipadores viscosos de forma uniforme ao longo da altura do edifício. Como esta estrutura é
significativamente alta, com 28 pisos, optou-se por colocar os dispositivos na diagonal entre dois
pisos consecutivos. Pelo facto de ser uma estrutura tridimensional colocaram-se os dissipadores
segundo uma das direcções principais nos contornos exteriores (FEMA, 2000). A direcção
escolhida corresponde à direcção com os maiores deslocamentos (Y), e que neste caso coincide
com a localização das paredes estruturais. Desta forma, a implementação do sistema de
dissipação de energia não irá interferir com a arquitectura do edifício, como pretendido. Sendo
assim foram colocados 28 dissipadores de energia no edifício, 14 em cada lado, como se
observa na Figura 6.9.
Figura 6.9 – Estrutura simplificada com a localização dos dissipadores em altura.
57
De seguida, de forma semelhante ao procedimento apresentado no capítulo 5, descreve-se o
dimensionamento a que estes dispositivos foram sujeitos.
A escolha dos dissipadores depende do esforço e da deformação axial máxima a que estes
estão sujeitos. Os esforços e as deformações neste edifício são bastante superiores aos valores
observados na estrutura porticada, e sendo assim, para suportar maiores esforços e
deslocamentos é necessária uma capacidade de dissipação superior.
Relativamente aos parâmetros de dimensionamento, a constante K e o expoente α mantêm-se
com os mesmos valores de 1.000.000 e 0,1. O valor de C foi obtido, novamente, por um
processo iterativo, aumentado o seu valor até se registarem reduções significativas nos
deslocamentos e na força basal.
Á semelhança do que se realizou no capítulo anterior, para a avaliação da eficácia dos
dissipadores na estrutura porticada, utilizou-se a deformação a par da força de corte basal da
estrutura como principais parâmetros para avaliar o desempenho da estrutura face à acção
sísmica.
Desta maneira, define-se como objectivo atingir a redução de cerca de 50% dos deslocamentos
máximos, absolutos e relativos, assim como da força de corte basal máxima da estrutura.
Inicialmente, realizou-se este estudo para a acção sísmica relativa ao acelerograma A, e numa
fase posterior procedeu-se à análise e comparação da evolução do valor de C com base na
resposta média da estrutura para acção dos 10 acelerogramas. Mais uma vez, observaram-se
bastantes semelhanças entre o comportamento da estrutura face à acção do acelerograma A e a
média dos 10 acelerogramas em estudo. Nas próximas figuras, por uma questão de comparação
e a nível de curiosidade, representam-se estes dois comportamentos.
Os resultados da análise da influência do valor de C relativamente à evolução da força de corte
basal, para o sismo a actuar separadamente em cada direcção, foram obtidos através do
SAP2000 e estão apresentados de seguida sob a forma de gráficos em função do valor de C
utilizados nos dissipadores na Figura 6.10 e Figura 6.11.
58
Figura 6.10 - Força de corte basal máxima da estrutura em função do valor de C usado no dissipador, para o sismo segundo X.
Figura 6.11 - Força de corte basal máxima da estrutura em função do valor de C usado no dissipador, para o sismo segundo Y.
Numa primeira etapa, sem se analisar o valor óptimo de C, avaliou-se de maneira geral a
influência da capacidade de dissipação de energia na força de corte da estrutura:
- Em todos os casos, o aumento da capacidade de dissipação da estrutura, sensivelmente a
partir do mesmo valor ( , deixa de influenciar significativamente o valor da força de
corte basal.
- A evolução da força de corte basal na direcção perpendicular à da acção sísmica é
semelhante, e traduz-se numa diminuição significativa para valores até C=5000. No entanto, o
andamento da força de corte basal na direcção da acção sísmica, não está de acordo com o
esperado, uma vez que depois de uma ligeira redução, os valores da força aumentam, sendo
que na acção sísmica segundo X, chegam mesmo a superar os resultados iniciais.
Relativamente aos deslocamentos, optou-se por analisar a influência do aumento da capacidade
de dissipação de energia em função do deslocamento máximo absoluto do topo da estrutura
59
para os dois pontos já mencionados, Figura 6.12 a Figura 6.15. Apesar de não se analisar os
deslocamentos relativos directamente, o andamento dos deslocamentos absolutos do topo da
estrutura permite de maneira geral avaliar o aumento ou diminuição dos deslocamentos relativos
entre pisos.
Figura 6.12 – Deslocamento absoluto máximo do último piso, no ponto 1, em função do valor de C usado no dissipador, para o sismo segundo X.
Figura 6.13 - Deslocamento absoluto máximo do último piso, no ponto 1, em função do valor de C usado no dissipador, para o sismo segundo Y.
60
Figura 6.14 - Deslocamento absoluto máximo do último piso, no ponto 2, em função do valor de C usado no dissipador, para o sismo segundo X.
Figura 6.15 - Deslocamento absoluto máximo do último piso, no ponto 2, em função do valor de C usado no
dissipador, para o sismo segundo Y.
Apesar dos efeitos da acção sísmica sentidos nos pontos opostos da estrutura serem
ligeiramente diferentes, devido à rotação, o andamento dos deslocamentos face ao aumento da
capacidade dos dissipadores de energia é semelhante. Assim, é fundamental analisar a
evolução dos deslocamentos nestes dois pontos, para se escolher o melhor valor de C que
proporciona melhores resultados globais para a estrutura.
Ainda em relação à análise dos gráficos, pode-se salientar que:
- Para se garantir o mesmo nível de redução em percentagem para ambos os pontos (resultados
equivalentes a 50% dos iniciais), é necessário para o ponto 2 uma maior capacidade de
dissipação de energia na estrutura em relação ao ponto 1, devido ao efeito da torção sentido na
estrutura.
61
- De maneira geral os deslocamentos diminuem com o aumento da capacidade de dissipação de
energia, atingindo resultados superiores a 50% a partir de um certo valor de C. A excepção
acontece, tal como para a força de corte basal, nos deslocamentos em X para a acção sísmica
segundo X, que apesar de diminuírem ligeiramente num fase inicial para valores mais elevados
de dissipação os deslocamentos aumentam, superando ligeiramente os deslocamentos iniciais.
- De forma análoga ao que acontece na evolução da força de corte, a partir de um certo valor, o
aumento da capacidade da dissipação não se converte em melhorias significativas a nível de
deslocamentos.
Para facilitar a escolha relativa ao valor óptimo de C, recorre-se ao Quadro 6.3, que em forma de
resumo indica os valores ou os intervalos de valores em que os resultados são próximos ou
ultrapassam mesmo a barreira dos 50% dos resultados iniciais, para o caso da média dos
10 acelerogramas.
Quadro 6.3 – Resumo dos valores ou Intervalos de valores de C que se traduzem em resultados próximos ou
superiores da redução de 50% para o estudo dos 10 acelerogramas.
Força de Corte Basal Deslocamento (Ponto 1) Deslocamento (Ponto 2)
Sismo X Sismo Y Sismo X Sismo Y Sismo X Sismo Y
Fx 4000 a)
Fx [6500,…] ∆x 4000a)
∆x [5000,…] ∆x 4000a)
∆x [4500,…]
Fy [4000,…] Fy 4000a)
∆y [2500,…] ∆y [3000,…] ∆y [5500,…] ∆y [4000,…]
a) nestes casos a redução que se observa não é significativa, e para uma capacidade dissipação superior os resultados
não melhoram.
Para escolher o valor de C que garante um bom desempenho global da estrutura, convém que,
de maneira geral, os esforços e deslocamentos avaliados reduzam o seu valor na ordem dos
50%. No entanto, é necessário ter em consideração que uma maior capacidade de dissipação
implica um custo superior.
A partir da análise do Quadro 6.3, constatou-se que os casos correspondentes a valores de C
mais elevados atingem os resultados pretendidos a partir de um valor de C entre 4000 a 6500, à
excepção de quatro casos em que a dissipação praticamente não melhora os resultados. Sendo
assim, optou-se por escolher o valor de C=4000 como valor ideal de dissipação. Em alguns
casos, este valor apresenta melhores resultados do que para valores de C superiores, e na sua
maioria, os resultados atingem e superam uma redução de 50% dos resultados iniciais, apesar
de sofrerem uma redução ligeiramente inferior relativamente a C superiores.
62
6.5 Distribuição Uniforme dos Dissipadores em Altura (Teste 0)
Depois de determinado o valor ideal da constante relativa às características do dissipador, o
estudo prosseguiu com a avaliação da eficiência de uma distribuição dos dissipadores viscosos,
com o mesmo coeficiente C, com o valor de 4000 em toda a altura. A partir deste momento,
apenas se irá apresentar o estudo com base na média da resposta sísmica da estrutura
correspondente aos 10 acelerogramas.
6.5.1 Força de Corte Basal
No Quadro 6.4 e Quadro 6.5 estão apresentados os resultados relativos à evolução da força de
corte basal obtidos para esta análise. A consideração do sistema de dissipação uniforme em
altura permitiu uma redução da força de corte basal próxima de 50% na direcção perpendicular à
acção do sismo. Contudo, o mesmo não acontece para a força basal na direcção da acção
sísmica, como se já tinha observado pela análise dos gráficos das reacções em função da
capacidade de dissipação (Figura 6.10 e Figura 6.11).
Quadro 6.4 – Força de Corte Basal da estrutura na mesma direcção da acção sísmica.
Direcção da
Acção (i) Fbasal,i (kN), C=0 Fbasal,i (kN), C=4000 Redução (%)
Sismo X 67730,9 66203,7 2,25
Sismo Y 58313,7 40592,3 30,39
Quadro 6.5 - Força de Corte Basal da estrutura na direcção oposta da acção sísmica.
Direcção da
Acção (i) Fbasal,j (kN), C=0 Fbasal,j (kN), C=4000 Redução
Sismo X 48427,3 24713,8 48,97
Sismo Y 48427,3 29727,2 38,61
6.5.2 Deslocamentos
De acordo com as figuras seguintes (Figura 6.16 e Figura 6.17), foi possível avaliar a evolução
dos deslocamentos máximos absolutos e relativos em altura, no ponto 1, da estrutura com uma
distribuição uniforme de dissipadores.
63
Figura 6.16 - Deslocamentos absolutos e relativos da estrutura sem e com dissipação de Energia (C=4000),
registados no ponto 1, face ao sismo segundo X.
Figura 6.17 - Deslocamentos absolutos e relativos da estrutura sem e com dissipação de Energia (C=4000), registados no ponto 1, face o sismo segundo Y.
Com esta análise, observou-se que as maiores reduções dos deslocamentos se verificam
segundo Y, ultrapassando em ambas as direcções da acção sísmica os 50% dos valores iniciais.
Isto é espectável na medida em que foram colocados os aparelhos nesta direcção.
Em relação aos deslocamentos segundo X, estes têm um comportamento distinto para cada
direcção do sismo. Para a acção sísmica segundo X, os deslocamentos absolutos mantêm-se
64
praticamente iguais. Por outro lado, para a acção sísmica segundo Y, os deslocamentos atingem
aproximadamente a redução pretendida de 50%.
Além disso, é curioso verificar que em geral se observa uma ligeira uniformização dos
deslocamentos relativos em altura, facto que é justificado pela introdução do sistema de
dissipação de energia na estrutura.
As conclusões a tirar da análise da evolução dos deslocamentos para o ponto 2, apresentados
no Anexo III, são em tudo semelhantes às mencionadas para o ponto 1. No entanto, as reduções
dos deslocamentos em Y para o sismo nas duas direcções são ligeiramente inferiores às
reduções observadas no ponto 1, situando-se entre os 40 e 45%.
Com base na análise da resposta da estrutura com uma distribuição uniforme de dissipadores
em altura, face à acção sísmica de 10 acelerogramas, confirmou-se que é possível melhorar o
desempenho sísmico de uma estrutura utilizando este sistema de dissipação de energia,
reduzindo em aproximadamente 50% a força de corte basal e principalmente os deslocamentos
de uma estrutura. No Quadro 6.6 apresenta-se um resumo das principais conclusões retiradas
do desempenho da estrutura em estudo para uma distribuição uniforme de dissipadores em
altura.
Quadro 6.6 – Quadro resumo da análise da resposta da estrutura com uma distribuição uniforme de dissipadores em altura, face à acção sísmica de 10 acelerogramas.
Sismo Parâmetro
Observações
Nível Máximo de Redução Dissipação Muito Elevada
X
Força Fx
Redução ligeira (5%) para baixos valores de C
A força supera o valor inicial
Fy Redução até 60% A redução da força estabiliza
Deslocamento ∆x
Redução ligeira (10%) para baixos valores de C
Os deslocamentos superam os valores iniciais
∆y Redução até 90% A redução dos deslocamentos
estabiliza
Y
Força Fx Redução até 70%
A força ainda pode sofrer uma maior redução
Fy Redução ligeira (30%) para
baixos valores de C A força aproxima-se do valor
inicial
Deslocamento ∆x Redução até 70%
A redução dos deslocamentos estabiliza
∆y Redução até 80% A redução dos deslocamentos
estabiliza
Pela análise da tabela, observou-se que em alguns casos específicos, identificados a negrito,
como a força de corte basal em X e o deslocamento em X, para o sismo na mesma direcção, e
para a força de corte basal em Y para o sismo a actuar na direcção Y, a aplicação dos
dissipadores viscosos na estrutura não se traduz numa melhoria significativa do seu
comportamento, registando-se apenas uma ligeira redução para uma baixa capacidade de
65
dissipação. Porém, para níveis de dissipação elevados, os resultados estudados da resposta
sísmica da estrutura pioram, chegando mesmo a suplantar os resultados registados na mesma
sem qualquer sistema de dissipação.
O aumento da força de corte basal para valores de C elevados pode ser explicado em parte pela
relação da força-deformação característica dos dissipadores. O aumento do valor de C conduz a
um aumento da capacidade de dissipação mas em contrapartida aumenta a força no dissipador.
A nível dos deslocamentos, o que se observou não era expectável, e numa primeira análise
poderia ter algumas explicações, que no entanto depois de estudadas não se comprovaram:
Torção elevada na estrutura
Uma vez que o edifício em estudo apresenta uma componente elevada de torção para os
primeiros modos de vibração da estrutura, a razão pela qual os deslocamentos não sofrerem a
redução esperada poderia ser justificada pela análise apenas de um dos pontos do topo da
estrutura. Como mostra o esquema da Figura 6.5, os deslocamentos registados nos dois pontos
da estrutura são diferentes devido à rotação. Contudo, o estudo efectuado mostrou que apesar
da diferença de valores a evolução destes face à introdução do sistema de dissipação é a
mesma.
Valor crítico de amortecimento
Outra das razões poderia ser o facto de se estar a utilizar valores bastante elevados de
dissipação de energia, que fizessem a estrutura atingir o seu amortecimento crítico.
O factor de amortecimento ( ) que é uma quantidade adimensional, indica expressamente o
quanto o sistema está sendo amortecido, caracterizando-se pela relação entre a constante de
amortecimento do sistema (c) e a constante de amortecimento crítica ( ):
(6.1)
Sendo m correspondente à massa do sistema e p a frequência própria da estrutura.
No caso do amortecimento crítico, para , não há oscilação completa da estrutura, pois a
massa pára antes de o ciclo se completar.
Porém, após se analisar a evolução dos deslocamentos ao longo do tempo pela Figura 6.18,
verificou-se que o andamento do gráfico apresenta o comportamento típico de um movimento
oscilatório e não o andamento de um sistema com amortecimento critico ou superior.
66
Figura 6.18 – Evolução do deslocamento segundo X no topo da estrutura, no ponto 1, para a acção sísmica do acelerograma A na direcção X.
Frequências das acelerações do sismo:
Visto que o estudo recaiu sobre uma análise dinâmica com base numa média da acção sísmica
de 10 acelerogramas distintos, também exclui a hipótese, do problema residir numa resposta
atípica de um dos 10 acelerogramas testados.
A justificação para este comportamento deve estar relacionada com o facto do amortecimento
garantido por um sistema de dissipação, como o usado neste modelo, onde a dissipação se
concentra apenas numa direcção, conduzir a uma situação em que o amortecimento não pode
ser considerado proporcional à massa ou à rigidez. Deste modo os modos de vibração serão
modos de vibração complexos, situação de análise que não é contemplada no programa de
cálculo utilizado.
6.6 Optimização da distribuição de dissipadores em altura
O trabalho apresentado até agora refere-se ao estudo do comportamento de um edifício com
recurso a dissipadores viscosos distribuídos uniformemente em altura.
Neste subcapítulo apresenta-se o resultado do estudo de outras configurações de distribuição
dos dissipadores em altura.
A capacidade total de dissipação da estrutura, traduzida em termos do somatório dos valores de
C utilizados, vai permanecer constante, de modo a ser possível comparar a eficácia das
diferentes soluções testadas. Neste caso, o nível global de dissipação corresponderá a
ΣC = 56000 em toda a altura (4000 x 14 pisos) para cada fachada do edifício.
Com base no estudo realizado no capítulo anterior, na estrutura porticada, concluiu-se que a
distribuição da capacidade de dissipadores em altura devia seguir a evolução dos
deslocamentos observados nessa estrutura, isto é, o desempenho da estrutura melhorava com a
67
colocação de um nível superior de dissipação de energia nos pisos com maiores deslocamentos
relativos.
Para este edifício, observou-se também que os deslocamentos relativos de cada piso variam em
altura. Desta forma, nos testes seguintes, pretendeu-se avaliar uma distribuição do parâmetro C,
de acordo com a distribuição dos deslocamentos dos dissipadores em altura, a fim de se obter
melhores resultados.
Além disso, e uma vez que os deslocamentos medidos nos dissipadores estão relacionados com
a força instalada nos mesmos, realizou-se outro teste com a distribuição do parâmetro C de
acordo com os esforços instalados nos dissipadores em altura, visto que as forças axiais
geradas nos dissipadores permitem, à partida, determinar quais são os pisos mais solicitados
durante a acção sísmica. Assim sendo, ao adaptar as propriedades dos amortecedores aos
esforços, pretende-se optimizar a solução de dissipação de energia.
De referir que os valores utilizados relativos às distribuições de deslocamentos e esforços em
altura, são os máximos obtidos na distribuição uniforme de dissipadores em altura (teste 0),
através da resposta média da acção sísmica relativa aos 10 acelerogramas.
Posteriormente, foi realizado o estudo dos resultados obtidos para cada teste numa análise
conjunta, pelo que se optou por não apresentar constantemente os resultados.
6.6.1 Distribuição com base nos Deslocamentos Relativos
O estudo da solução com base nos deslocamentos pretendeu optimizar a distribuição uniforme
de dissipadores distribuindo os valores do parâmetro C em função dos deslocamentos relativos
dos pisos.
Este estudo parte do princípio que a resposta da estrutura está concentrada na frequência de
ressonância (p), sendo as acelerações (a(t)) calculadas pela expressão:
(6.2)
Por integração, as velocidades ( ) e os deslocamentos ( ) são:
(6.3)
(6.4)
Como a força instalada no dissipador depende da velocidade, dada pela seguinte equação:
(6.5)
68
Então, as forças são maiores onde as velocidades são mais elevadas e as velocidades são mais
elevadas onde os deslocamentos são maiores, daí que se possa distribuir os dissipadores de
acordo com a distribuição dos deslocamentos.
Neste estudo, considerou-se que os deslocamentos referidos correspondem aos deslocamentos
relativos entre os pisos que acomodam as extremidades dos dispositivos de dissipação na
direcção onde estão aplicados os mesmos, como está representado na Figura 6.19,
determinados através do teste da distribuição uniforme dos dissipadores em altura, com C=4000.
Figura 6.19 – Esquema representativo dos deslocamentos considerados para a análise da distribuição dos dissipadores em altura em função da evolução dos deslocamentos.
Dado que na estrutura em estudo, se admitiu que a acção sísmica actua nas duas direcções de
forma independente, e devido aos efeitos da rotação, observam-se resultados diferentes para
pontos opostos da estrutura. Assim, optou-se por realizar quatro testes, apresentados no
Quadro 6.7, dois para cada direcção da acção sísmica, correspondentes às duas fachadas do
edifício onde estão colocados os dissipadores.
Quadro 6.7 - Apresentação das características dos testes efectuados tendo por base a distribuição dos deslocamentos relativos em altura.
Testes Direcção da Acção Ponto do
Edifício
Teste 1 Sismo X 1
Teste 2 Sismo Y 1
Teste 3 Sismo X 2
Teste 4 Sismo Y 2
69
6.6.1.1 Teste 1
No Quadro 6.8 estão apresentados os deslocamentos relativos registados ao nível de dois pisos
consecutivos em altura, segundo a direcção onde estão aplicados os dissipadores, na fachada
onde se definiu o ponto 1, para o sismo a actuar na direcção X, e, também, as constantes
características dos dissipadores utilizados para este teste, com base nessa distribuição.
Quadro 6.8 – Determinação da distribuição das constantes características dos dissipadores em altura (teste 1).
Pisos dr (mm) dr/∑dr C
26 - 28 3,233 0,130 7300
24 -26 2,978 0,119 6700
22 - 24 2,681 0,107 6000
20 - 22 2,324 0,093 5200
18 - 20 2,018 0,081 4500
16 - 18 1,817 0,073 4100
14 -16 1,691 0,068 3800
12 - 14 1,525 0,061 3400
10 - 12 1,437 0,058 3200
8 - 10 1,306 0,052 2900
6 - 8 1,141 0,046 2600
4 - 6 1,028 0,041 2300
2 - 4 0,826 0,033 1900
0 - 2 0,949 0,038 2100
Σ 24,952 1,0 56000
6.6.1.2 Teste 2
Na segunda disposição ensaiada, no Quadro 6.9, de forma análoga ao teste 1, estão
apresentados os deslocamentos relativos para o sismo a actuar na direcção Y, e as constantes
características dos dissipadores utilizados para este teste, com base nessa distribuição.
70
Quadro 6.9 – Determinação da distribuição das constantes características dos dissipadores em altura (teste 2).
Pisos dr (mm) dr/∑dr C
26 - 28 8,564 0,095 5300
24 -26 7,950 0,088 5000
22 - 24 7,757 0,086 4800
20 - 22 7,795 0,087 4800
18 - 20 7,647 0,085 4800
16 - 18 7,479 0,083 4700
14 -16 7,104 0,079 4400
12 - 14 6,998 0,078 4400
10 - 12 6,771 0,075 4200
8 - 10 6,148 0,068 3800
6 - 8 5,285 0,059 3300
4 - 6 4,095 0,046 2600
2 - 4 3,114 0,035 1900
0 - 2 3,278 0,036 2000
Σ 89,985 1,000 56000
Neste teste, apesar de os deslocamentos relativos serem superiores para o sismo Y, a sua
variação em altura é mais suave, o que faz com que a capacidade de dissipação de energia dos
últimos pisos seja inferior à mesma verificada no teste 1.
6.6.1.3 Teste 3
Na terceira variação testada, apresentada no Quadro 6.10, pretendeu-se fazer um estudo
semelhante ao teste 1, mas distribuindo os valores do parâmetro C em função da relação entre
os deslocamentos relativos dos pisos registados na fachada onde se definiu o ponto 2.
71
Quadro 6.10 – Determinação da distribuição das constantes características dos dissipadores em altura (teste 3).
Pisos dr (mm) dr/∑dr C
26 - 28 7,398 0,087 4900
24 -26 6,812 0,080 4500
22 - 24 6,532 0,077 4300
20 - 22 6,538 0,077 4300
18 - 20 6,591 0,077 4300
16 - 18 6,800 0,080 4500
14 -16 6,936 0,081 4600
12 - 14 7,107 0,083 4700
10 - 12 7,104 0,083 4700
8 - 10 6,769 0,079 4400
6 - 8 6,089 0,072 4000
4 - 6 4,449 0,052 2900
2 - 4 3,065 0,036 2000
0 - 2 2,970 0,035 1900
Σ 85,161 1,000 56000
6.6.1.4 Teste 4
Para o teste 4, indicado no Quadro 6.11, estão apresentados os deslocamentos relativos
registados na fachada onde se definiu o ponto 2, para o sismo a actuar na direcção Y, e as
constantes características dos dissipadores utilizados para este teste, com base nessa
distribuição.
Quadro 6.11 – Determinação da distribuição das constantes características dos dissipadores em altura (teste 4).
Pisos dr (mm) dr/∑dr C
26 - 28 7,799 0,085 4800
24 -26 7,529 0,082 4600
22 - 24 7,564 0,083 4600
20 - 22 7,442 0,081 4500
18 - 20 7,535 0,082 4600
16 - 18 7,660 0,084 4700
14 -16 7,679 0,084 4700
12 - 14 7,563 0,082 4600
10 - 12 7,197 0,078 4400
8 - 10 6,752 0,074 4100
6 - 8 6,023 0,066 3700
4 - 6 4,523 0,049 2800
2 - 4 3,197 0,035 1900
0 - 2 3,227 0,035 2000
Σ 91,689 1,0 56000
72
Pela análise das tabelas respectivas ao teste 3 e 4 (Quadro 6.10 e Quadro 6.11) verificou-se que
no ponto 2 da estrutura, as variações dos deslocamentos relativos em altura para os dois sismos
são aproximadas, e por consequência, a distribuição do valor de C determinada para cada teste
é bastante semelhante. Além disso, estes dois testes apresentam uma menor discrepância em
termos da capacidade do sistema de dissipação colocado ao longo da altura do edifício.
6.6.2 Distribuição com base nas forças axiais dos dissipadores
Esta nova distribuição pretendeu optimizar a alternativa inicial (teste 0), relativamente à utilização
de uma capacidade de dissipação uniforme em altura, através da consideração dos esforços a
que cada dissipador está sujeito nessa mesma solução.
Os esforços registados nas duas fachadas, e para as duas direcções da acção sísmica, são
bastante semelhantes, apresentando, em geral, uma distribuição aproximadamente constante
em altura, apenas com um ligeiro aumento nos dispositivos dos últimos pisos, ao contrário do
que acontece na evolução dos deslocamentos relativos.
Assim, de modo a simplificar esta análise, adoptou-se como base os esforços verificados no
alinhamento de dissipadores que apresenta uma maior variação dos esforços em altura, dado
que, à partida, o desempenho geral da estrutura melhora para um aumento da capacidade de
dissipação em altura, uma vez que os deslocamentos são mais elevados nos últimos pisos.
6.6.2.1 Teste 5
No Quadro 6.12 estão indicadas as forças axiais verificadas no alinhamento de dissipadores da
fachada correspondente ao ponto 1, para a acção sísmica segundo X, registadas após o teste
correspondente à distribuição uniforme da capacidade de dissipação em altura. Com base
nestes valores, obtêm-se os parâmetros C equivalentes à intensidade da força a serem
aplicados no teste 5. Através desta análise pretendeu-se garantir que a força total absorvida
pelos dissipadores se mantenha igual ao modelo anterior, mas que todos os dissipadores
estejam a trabalhar de forma optimizada.
73
Quadro 6.12 – Determinação da distribuição das constantes características dos dissipadores em altura (teste 5).
Pisos Fmáx (kN) Fmáx/∑ Fmáx C
26 - 28 2694,0 0,078 4400
24 -26 2670,8 0,077 4300
22 - 24 2608,0 0,076 4200
20 - 22 2533,8 0,073 4100
18 - 20 2476,8 0,072 4000
16 - 18 2436,6 0,071 4000
14 -16 2405,2 0,070 3900
12 - 14 2380,2 0,069 3900
10 - 12 2385,2 0,069 3900
8 - 10 2376,3 0,069 3900
6 - 8 2360,8 0,068 3800
4 - 6 2353,3 0,068 3800
2 - 4 2356,0 0,068 3800
0 - 2 2497,3 0,072 4000
Σ 34534,4 1,0 56000
6.6.3 Comparação de Resultados
Após a apresentação das características de cada um dos testes, através da Figura 6.20,
verifica-se que o teste 1 é aquele que apresenta uma maior variação em altura do parâmetro C,
ao contrário do teste 5, que apresenta uma distribuição do parâmetro C próxima à solução
uniforme de dissipadores com C = 4000, caracterizada pelo teste 0.
Figura 6.20 – Distribuição do valor de C em altura para cada teste realizado.
0
2000
4000
6000
8000
0 4 8 12 16 20 24 28
Val
or
de
C
Altura (pisos)
Teste 0
Teste 1
Teste 2
Teste 3
Teste 4
Teste 5
74
De seguida procedeu-se a uma análise comparativa para se poder determinar os benefícios
relativos de cada uma das soluções. A avaliação do desempenho das cinco novas distribuições
de dissipadores foi realizada através dos mesmos parâmetros utilizados na análise efectuada
anteriormente. Ou seja, compararam-se os deslocamentos máximos, relativos e absolutos, e as
forças máximas registadas na base da estrutura, em cada uma das direcções.
6.6.3.1 Análise da Força de Corte Basal
Na Figura 6.21 apresentam-se as forças de corte basal máxima em cada uma das direcções,
para cada direcção da acção sísmica. Os resultados correspondem aos valores médios face à
acção sísmica dos 10 acelerogramas.
Figura 6.21 - Força de corte basal para os diferentes testes estudados.
De maneira geral, os esforços na base da estrutura mantêm-se aproximadamente idênticos para
os diferentes testes realizados e para cada direcção da acção sísmica, verificando-se, no
entanto, pela análise da Figura 6.21, uma ligeira redução comparativamente com a disposição
original (teste 0).
Comparando os dois tipos de distribuições estudados (com base nos deslocamentos relativos e
na força axial dos dissipadores em altura) não se consegue avaliar de forma genérica qual o
conjunto de testes que se traduz num melhor desempenho ao nível dos esforços na base da
estrutura.
75
Para facilitar a consulta dos resultados, apresenta-se na Figura 6.22, uma ampliação com uma
nova organização da força de corte basal para os diferentes testes.
Figura 6.22 – Força de corte basal (kN) para os diferentes testes estudados com a respectiva ampliação com a
indicação da redução máxima ocorrida em relação ao teste 0.
As alterações efectuadas da distribuição do parâmetro C ao nível de cada piso conseguiram
melhorar ligeiramente o desempenho da estrutura, melhoria que é mais significativa na
redistribuição através da comparação dos deslocamentos entre pisos correspondente ao teste 1.
A partir desta análise, conclui-se que a força de corte basal beneficia de uma maior capacidade
de dissipação nos últimos pisos, como definido no teste 1. As outras distribuições produzem
resultados ligeiramente superiores em relação ao mesmo teste.
É relevante verificar, pela Figura 6.21, que todas as distribuições estudadas apresentam a força
de corte basal segundo X para o sismo X idêntica ao valor inicial correspondente à estrutura sem
dissipação de energia. Este comportamento demonstra que independentemente da configuração
utilizada, devido aos modos de vibração complexo, não é possível reduzir este parâmetro.
6.6.3.2 Análise dos Deslocamentos
Nas figuras seguintes estão apresentados os resultados da análise dos vários testes relativos
aos deslocamentos máximos (absolutos e relativos) ao nível de cada piso em cada uma das
direcções.
Os resultados correspondem aos valores médios face à acção sísmica dos 10 acelerogramas em
estudo e são registados no ponto 1 da estrutura ao longo da sua altura. Em relação ao ponto 2,
os resultados apresentam-se no Anexo IV, uma vez que as conclusões a retirar são idênticas,
sendo, no entanto, realizada uma análise conjunta do desempenho nestes dois pontos.
Numa primeira fase são apresentados, na Figura 6.23 e Figura 6.24, as evoluções dos
deslocamentos absolutos em altura, para cada direcção sísmica e para os vários testes
realizados, incluindo a resposta original da estrutura sem qualquer tipo de amortecimento. Para
facilitar a sua consulta, e uma vez que as reduções são ligeiras a nível dos deslocamentos
6% 11% 3%
76
absolutos, apresenta-se à direita dos gráficos uma ampliação dos últimos 4 pisos,
correspondentes aos deslocamentos mais elevados.
Figura 6.23 – Evolução dos deslocamentos máximos absolutos em altura no ponto 1 da estrutura para acção sísmica na direcção X, para os vários casos de estudo.
Figura 6.24 - Evolução dos deslocamentos máximos absolutos em altura no ponto 1 da estrutura para acção sísmica na direcção Y, para os vários casos de estudo.
De um modo geral, o comportamento global da estrutura manteve-se inalterado, apresentando,
no entanto, uma pequena redução nos deslocamentos ao nível dos últimos pisos,
comparativamente com a disposição original (teste 0). Pela análise das figuras anteriores, é
possível observar que os testes que têm por base as distribuições dos deslocamentos relativos
77
(teste 1 a 4), provocam uma maior redução dos deslocamentos nos últimos pisos, comparando
com a distribuição relativa às forças dos dissipadores em altura (teste 5).
Como a capacidade de dissipação global de energia da estrutura se mantém constante e apenas
se conjuga a distribuição da constante característica dos dissipadores em altura, a variação dos
deslocamentos absolutos em altura não é significativa.
No entanto, é possível optimizar a distribuição dos dispositivos de dissipação de energia de
forma a melhorar o desempenho sísmico da estrutura, não só em termos de redução dos
deslocamentos absolutos, mas principalmente a nível dos deslocamentos relativos entre pisos,
pois são estes valores que são importantes na análise dos danos dos elementos não estruturais.
Porém, este facto não se sobrepõe à análise antes efectuada ao longo do trabalho relativo aos
deslocamentos absolutos, pois esta é uma excelente maneira de avaliar a evolução geral dos
deslocamentos relativos em altura, principalmente para grandes variações dos deslocamentos.
Assim, para uma melhor avaliação, de qual o teste que se traduz num melhor desempenho face
à acção sísmica, apresentam-se de seguida, na Figura 6.25 e Figura 6.26, os gráficos com
evolução dos deslocamentos relativos ao nível de cada piso, correspondentes aos
deslocamentos absolutos exibidos anteriormente.
Figura 6.25 - Evolução dos deslocamentos máximos relativos em altura no ponto 1 da estrutura para acção sísmica na direcção X, para os vários casos de estudo.
78
Figura 6.26 - Evolução dos deslocamentos máximos relativos em altura no ponto 1 da estrutura para acção sísmica na direcção X, para os vários casos de estudo.
Esta análise é sem dúvida mais simples e permite que se tirem bastantes conclusões relativas à
optimização da distribuição dos dissipadores em altura.
Em relação ao teste 5, confirmou-se que não apresenta praticamente melhorias em relação à
configuração inicial (teste 0), pois as curvas dos deslocamentos relativos para estes testes são
semelhantes. Este comportamento pode ser explicado pelo facto da distribuição do teste 5 ser
idêntica à distribuição uniforme, apresentando pouca variação em altura da capacidade de
dissipação.
Os benefícios da introdução do sistema de dissipação de energia com base na distribuição dos
deslocamentos relativos em altura são bem visíveis pela redução dos deslocamentos relativos da
estrutura, principalmente ao nível dos últimos pisos. Deve-se salientar que o objectivo de
melhorar o desempenho sísmico, traduzido na redução dos deslocamentos de forma global na
estrutura, é mais significativo nos últimos pisos, uma vez que é nestes que os deslocamentos
são mais elevados.
As alterações efectuadas da distribuição do parâmetro C, ao nível de cada piso, conseguiram
melhorar ligeiramente o desempenho da estrutura, melhoria que é mais significativa na
redistribuição através da comparação dos deslocamentos entre pisos correspondente ao teste 1,
seguido do teste 2. Estes testes, além de apresentarem menores deslocamentos, sobretudo a
nível dos últimos pisos, apresentam uma maior homogeneidade dos deslocamentos relativos em
altura (a curva aproxima-se da vertical), conseguindo obter um comportamento mais regular do
edifício em altura.
Este fenómeno, além de ser explicado pela redistribuição do valor do parâmetro C em altura em
função dos deslocamentos relativos, deve-se ao facto da distribuição do teste 1 apresentar a
79
maior variação em altura da capacidade de dissipação, onde os últimos pisos possuem
dissipadores mais potentes.
Assim, consegue-se uma maior redução de deslocamentos ao nível dos pisos com maiores
deslocamentos iniciais (últimos pisos).
Contudo, ao longo da altura da estrutura é curioso observar que, de maneira geral, a redução
dos deslocamentos dos vários testes estudados são semelhantes. Apenas se verificam
diferenças significativas nos últimos pisos.
Para uma melhor interpretação do grau de desempenho do teste 1, apresenta-se no
Quadro 6.13 uma análise quantitativa relativa às percentagens de redução dos deslocamentos
relativos deste teste face àquele que corresponde à distribuição uniforme (teste 0).
Quadro 6.13 - Análise quantitativa da redução dos deslocamentos relativos do teste 1 em relação ao teste 0.
Pontos Sismo X Sismo Y
Teste 0 Teste 1 Redução Teste 0 Teste 1 Redução
Ponto 1 ∆rx (mm) 6,62 6,26 6% 3,52 3,35 5%
∆ry (mm) 1,98 1,65 17% 5,18 4,8 7%
Ponto 2 ∆rx (mm) 6,35 6,09 4% 4,79 4,14 5%
∆ry (mm) 4,78 4,28 10% 3,31 3,13 8%
Como se verifica pela análise da tabela, a distribuição usada no teste 1 garante um melhor
desempenho sísmico da estrutura, traduzida numa redução entre 4 a 17 % dos deslocamentos
relativos. Esta análise é válida para as duas direcções dos deslocamentos, independentemente
da direcção da acção do sismo, existindo, no entanto, uma menor diminuição dos resultados
para os deslocamentos segundo X. Este comportamento deve-se, por um lado por ser a direcção
com menor rigidez, mas justifica-se principalmente pelo facto de os dissipadores estarem
colocados nas fachadas do edifício na direcção Y.
Além disso, a distribuição do teste 1 consegue ser mais eficaz para o deslocamento segundo Y
na direcção contrária da actuação do sismo, com uma redução de 17 e 10%, para o ponto 1 e 2
respectivamente.
Tal como acontece na análise realizada com a força de corte basal, a distribuição do teste 1 é
mais eficaz para o deslocamento segundo Y na direcção contrária da actuação do sismo.
Assim, e em jeito de conclusão, apresenta-se na Figura 6.27, a evolução da constante
característica de dissipação de energia correspondente ao teste 1.
80
Figura 6.27 – Evolução do valor de C em altura.
Pela análise da figura, observou-se que a solução optimizada que traduz um melhor
desempenho sísmico na estrutura coincide com um aumento aproximadamente linear nos
primeiros 20 pisos da constante característica do dissipador (entre 2000 e 4000). A excepção
acontece no primeiro piso, uma vez que necessita de uma capacidade de dissipação superior
em relação ao piso seguinte, devido ao deslocamento elevado ao qual está sujeito, além dos
esforços na base da estrutura.
A partir do vigésimo piso, notou-se uma ampliação exponencial das capacidades dos
dissipadores utilizados em altura, que se justifica pelo facto de a deformada da estrutura,
correspondente a uma estrutura tipo de parede, caracterizar-se pelo aumento significativo dos
deslocamentos em altura.
6.7 Estudo dos Dissipadores na direcção oposta (direcção X)
Após ter sido realizada uma análise exaustiva do comportamento da estrutura face à acção
sísmica com diferentes distribuições das características dos dissipadores utilizados na menor
dimensão do edifício, testou-se outra forma de instalação dos dissipadores. Neste novo teste os
dispositivos foram colocados segundo a maior dimensão em planta, com o objectivo de estudar a
influência da localização dos dissipadores viscosos no desempenho sísmico da estrutura.
Esta instalação está representada na Figura 6.28 e de forma a comparar a eficácia do
desempenho de cada disposição, utilizou-se a distribuição uniforme de parâmetros C em altura
(teste 0) e a distribuição relativa ao teste 1, pois foi esta a solução mais eficaz determinada no
estudo anterior. Aos testes mencionados, para este novo estudo, dão-se o número de teste 6 e
teste 7, respectivamente, para facilitar a apresentação dos resultados e permitir uma mais rápida
avaliação dos diferentes desempenhos da estrutura.
81
Figura 6.28 - Estrutura simplificada com a posição dos dissipadores em altura e a respectiva localização na planta da estrutura.
Através do SAP2000 foram obtidos os deslocamentos máximos (absolutos e relativos) e a força
de corte basal máxima da estrutura com a nova posição dos dissipadores, face à acção sísmica
dos 10 acelerogramas. Nas seguintes figuras, são comparados estes resultados com os mesmos
registados anteriormente, para a colocação do sistema de dissipação segundo a direcção Y,
relativos ao teste 0 e teste 1.
6.7.1 Análise da Força de Corte Basal
Na Figura 6.29 apresentam-se as forças de corte basal máxima em cada uma das direcções,
para cada direcção da acção sísmica. Os resultados correspondem aos valores médios face à
acção sísmica dos 10 acelerogramas.
82
Figura 6.29 - Comparação da força de corte basal, entre os testes relativos à disposição dos dissipadores nas duas direcções distintas (X e Y).
A força de corte basal sofre uma maior redução na direcção coincidente com a direcção da
aplicação do sistema de dissipação de energia.
De maneira geral, observa-se que a solução optimizada relativa ao teste 7 garante uma maior
redução dos esforços na base da estrutura, em relação à distribuição uniforme do
correspondente ao teste 6.
Através da análise dos deslocamentos realizar-se-á uma avaliação mais detalhada do
comportamento da estrutura face às diferentes localizações dos dissipadores em planta.
6.7.2 Análise dos Deslocamentos
Nas figuras seguintes (Figura 6.30 a Figura 6.33) apresenta-se a evolução dos deslocamentos
(absolutos e relativos) em altura. Para facilitar a análise dos resultados, apresentam-se também
os deslocamentos correspondentes à estrutura sem qualquer tipo de dissipação.
83
Figura 6.30 – Comparação dos deslocamentos em X, para o sismo na direcção X, entre os dois testes (teste 0 e teste 1) relativos à disposição dos dissipadores nas duas direcções distintas (X e Y).
Figura 6.31 - Comparação dos deslocamentos em Y, para o sismo na direcção X, entre os dois testes (teste 0 e teste 1) relativos à disposição dos dissipadores nas duas direcções distintas (X e Y).
84
Figura 6.32 - Comparação dos deslocamentos em X, para o sismo na direcção X, entre os dois testes (teste 0 e teste 1) relativos à disposição dos dissipadores nas duas direcções distintas (X e Y).
Figura 6.33 - Comparação dos deslocamentos em Y, para o sismo na direcção Y, entre os dois testes (teste 0 e teste 1) relativos à disposição dos dissipadores nas duas direcções distintas (X e Y).
Pela análise dos gráficos verificou-se que a eficácia dos dissipadores colocados na maior
direcção do edifício é superior nos deslocamentos segundo X, como seria de esperar. Pelo
contrário, os deslocamentos em Y sofrem uma menor redução.
85
Da mesma forma que no estudo anterior, verificou-se que o sistema de dissipação se traduz num
melhor desempenho sísmico na direcção onde os dissipadores estão instalados, acontecendo o
mesmo para os testes 6 e 7, com os dissipadores colocados na outra direcção.
Adicionalmente, observou-se que na nova disposição dos dispositivos de dissipação, a solução
optimizada usada no teste 7 também apresenta melhores resultados face a distribuição uniforme
do teste 6. Assim, pode concluir-se que a distribuição em causa corresponde à solução
optimizada de dissipação independente da direcção em que é colocada.
Nos testes da disposição segundo Y deparou-se com o problema dos modos de vibração
complexos para os deslocamentos em X face ao sismo X. Da mesma forma poderia pensar-se
que para esta nova disposição, para os deslocamentos Y face ao sismo segundo Y se podia
observar o mesmo. Contudo isso não acontece, pois a acção dos dissipadores segundo X não
excita muita a torção, e, como tal, não afecta muito o movimento segundo Y.
Para uma melhor avaliação e comparação mais precisa das eficácias das disposições estudadas
apresenta-se nos quadros seguintes (Quadro 6.14 e Quadro 6.15) um resumo das reduções
observadas para cada direcção da acção sísmica.
Quadro 6.14 – Quadro da Resumo da Análise dos deslocamentos absolutos nos dois testes, para o sismo
segundo X.
Sismo X Original Teste 1 Teste 7
∆x (mm) 150,2 145,3 93,5
Redução 3% 38%
∆y (mm) 113,9 25,8 70,7
Redução 77% 38%
Quadro 6.15 - Quadro da Resumo da Análise dos deslocamentos absolutos nos dois testes, para o sismo
segundo Y.
Sismo Y Original Teste 1 Teste 7
∆x (mm) 119,5 68,7 93,5
Redução 43 % 55%
∆y (mm) 210,6 99,7 174,0
Redução 54% 17%
Pela análise das tabelas anteriores confirma-se aquilo que já foi mencionado anteriormente,
onde o teste 1 apresenta um bom desempenho (redução superior a 50%), o teste 7 apresenta
resultados piores, e reciprocamente também se verifica o mesmo. Ou seja, os deslocamentos
86
sofrem uma maior redução na direcção coincidente com a direcção da aplicação do sistema de
dissipação de energia.
É pertinente verificar que para o deslocamento em X para o sismo segundo Y, apesar de o
teste 7 apresentar melhores resultados, os níveis de redução dos dois testes analisados são
próximos dos 50%, ao contrário do que se sucede nos restantes casos em que o desempenho
para cada teste é bastante diferente.
No entanto, uma vez que o objectivo inicial é reduzir de forma global os deslocamentos relativos
da estrutura, e dado que os deslocamentos em Y são superiores, constatou-se que a melhor
solução corresponde à colocação dos dissipadores na menor dimensão do edifício. Para esta
disposição o valor máximo do deslocamento relativo entre pisos é 6,3 mm enquanto para os
dissipadores na direcção X o máximo assume um valor superior de 9,1 mm, como se observa no
Quadro 6.16.
Quadro 6.16 - Quadro da Resumo da Análise dos deslocamentos relativos máximos registados nos dois testes.
De modo geral, as conclusões que se tiram pela análise dos deslocamentos são idênticas às
observadas pela análise da força de corte basal.
Sismo Deslocamento
Relativo Original Teste 1 Teste 7
Sismo X máx ∆rx (mm) 7,2 6,3 4,2
máx ∆ry (mm) 5,8 1,7 3,5
Sismo Y máx ∆rx (mm) 5,9 3,3 2,1
máx ∆ry (mm) 11,6 4,8 9,1
87
7. CONCLUSÃO
Ao longo deste estudo foram apresentadas conclusões intermédias relativas aos diferentes
casos analisados. Deste modo, o presente capítulo faz referência somente às conclusões
consideradas mais relevantes.
A estrutura admitida apresenta uma frequência da ordem dos 0,4Hz, o que significa que se trata
de uma estrutura flexível. Neste tipo de estruturas, ficou comprovado que a utilização de
dissipadores viscosos garante um eficaz controlo de deformações e de esforços na base da
estrutura.
Confirmou-se que o aumento da capacidade de dissipação e energia a aplicar à estrutura,
traduzida pelo aumento da sua constante característica (C), é responsável por um melhor
desempenho da resposta dinâmica, conseguindo atingir reduções máximas em geral entre 60%
a 90% a nível de deslocamentos e a nível da força de corte da estrutura. Observou-se a
existência de um nível máximo de dissipação a aplicar à estrutura, a partir do qual não se
observam reduções significativas dos resultados.
Este estudo mostrou também que a introdução do sistema de dissipação de energia nos edifícios
resulta numa maior homogeneidade dos deslocamentos relativos em altura, conseguindo-se
obter um comportamento mais regular do edifício.
A resposta dinâmica da estrutura em estudo não foi a esperada para alguns casos, pois
observou-se que o aumento da capacidade de dissipação conduziu, nalguns casos pontuais, a
resultados ligeiramente piores do que aqueles que foram observados sem dissipadores.
7.1 Optimização
Face ao objectivo de optimizar a solução, para se obter um melhor desempenho sísmico da
estrutura, concluiu-se que a distribuição da capacidade de dissipação de energia ao longo do
edifício deve estar relacionada com a evolução dos deslocamentos em altura, ou seja, devem-se
concentrar dissipadores mais potentes onde os deslocamentos são mais elevados, reduzindo
assim em simultâneo, deslocamentos e a força de corte basal.
Para o caso concreto do edifício em estudo, que apresenta uma deformada típica de um sistema
estrutural de parede, a solução mais eficaz de dissipação de energia passa pela colocação de
dissipadores com maiores valores de C nos últimos pisos, uma vez que é nestes que os
deslocamentos são mais elevados.
88
A solução mais eficaz na protecção sísmica da estrutura determinada apresentou melhorias até
11% e 17%, respectivamente, ao nível da força de corte basal e dos deslocamentos relativos, em
comparação com uma distribuição uniforme de dissipadores, demonstrando assim a
possibilidade de obter melhores resultados com o mesmo custo e com a mesma capacidade de
dissipação de energia aplicada.
Esta análise é válida para as duas direcções, independentemente da direcção da acção do
sismo, existindo, no entanto, uma menor diminuição dos resultados segundo X. Este
comportamento deve-se, por um lado, por ser a direcção com menor rigidez, contudo, justifica-se
principalmente pelo facto de os dissipadores estarem colocados nas fachadas do edifício na
direcção Y.
7.2 Localização dos dissipadores
De modo geral, as conclusões que se tiram pela análise dos deslocamentos são idênticas às
observadas pela análise da força de corte basal, verificando-se que o sistema de dissipação
traduz um melhor desempenho sísmico na direcção onde os dissipadores estão instalados, como
seria de esperar. Desta forma, conclui-se que para obter um melhor desempenho dinâmico da
estrutura, na sua generalidade, deveria se introduzir o sistema de dissipação de energia nas
duas direcções em planta, em simultâneo.
Adicionalmente, observou-se que a distribuição correspondente à solução optimizada de
dissipação de energia é independente da direcção em planta em que os dissipadores são
colocados.
Para o edifício em estudo, uma vez que o objectivo inicial é reduzir de forma global os
deslocamentos relativos da estrutura, e dado que os deslocamentos em Y são superiores,
constatou-se que a melhor solução corresponde à colocação dos dissipadores na menor
dimensão do edifício.
7.3 Sugestões para Trabalhos Futuros
Avaliada a resposta da estrutura para o sistema de dissipação de energia, é de todo o interesse
determinar o custo real de cada solução, com o objectivo de melhor avaliar a eficácia de cada
sistema de dissipação com valores baseados numa relação custo/benefício estrutural.
89
Deste modo, seria possível apresentar à comunidade projectista um documento informativo, útil
para fases preliminares de projecto, que apresentasse não só as capacidades, como também os
custos associados das soluções de dissipação analisadas.
Seria também interessante estudar a implementação do sistema de dissipação de energia, em
simultâneo, nas duas direcções em planta do edifício em estudo, colocando metade do nível de
dissipação relativo à solução mais eficaz encontrada, em cada direcção, com o objectivo de
determinar se se obtêm melhores resultados com esta introdução.
Outro estudo a realizar seria eliminar de forma total ou parcial os elementos estruturais que
conferem rigidez à estrutura, como o núcleo e as paredes, de forma a realizar uma análise
comparativa do nível de capacidade de dissipação de energia que se teria de aplicar de modo a
obter os mesmos resultados a nível do desempenho dinâmico da estrutura original.
90
91
8. REFERÊNCIAS
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95
ANEXOS
ANEXO I – Acelerogramas artificiais considerados na acção sísmica…………………..... 97
ANEXO II – Resposta da estrutura sem qualquer tipo de dissipação com base na acção
sísmica do acelerograma A………………………………………………………………………
100
ANEXO III – Evolução dos deslocamentos máximos absolutos e relativos em altura, no
ponto 2, da estrutura com uma distribuição uniforme de dissipadores (C=4000)……….
101
ANEXO IV – Evolução dos deslocamentos máximos absolutos e relativos em altura, no
ponto 2, da estrutura perante os vários testes de estudo…………………………………..
102
96
97
ANEXO I – Acelerogramas artificiais considerados na acção sísmica
-1,5
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Ace
lera
ção
(m/s
2 )
Tempo (s)
Acelerograma A
-1,5
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Ace
lera
ção
(m/s
2 )
Tempo (s)
Acelerograma B
-1,5
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Ace
lera
ção
(m/s
2 )
Tempo (s)
Acelerograma C
98
-1,5
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Ace
lera
ção
(m/s
2 )
Tempo (s)
Acelerograma D
-1,5
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Ace
lera
ção
(m/s
2)
Tempo (s)
Acelerograma E
-1,5
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Ace
lera
ção
(m/s
2)
Tempo (s)
Acelerograma F
-1,5
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Ace
lera
ção
(m/s
2 )
Tempo (s)
Acelerograma G
99
-1
-0,5
0
0,5
1
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Ace
lera
ção
(m/s
2 )
Tempo (s)
Acelerograma H
-1,5
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Ace
lera
ção
(m/s
2 )
Tempo (s)
Acelerograma I
-1,5
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Ace
lera
ção
(m/s
2)
Tempo (s)
Acelerograma J
100
ANEXO II – Resposta da estrutura sem qualquer tipo de dissipação com base na acção
sísmica do acelerograma A.
Quadro II.1 – Força de corte basal da estrutura em estudo face à acção sísmica.
Direcção Fbasal,x (kN) Fbasal,y (kN)
Sismo X 68996,3 57406,9
Sismo Y 57406,9 57320,6
Figura II.1 - Evolução dos deslocamentos absolutos e relativos em altura com base na resposta da acção sísmica do acelerograma A na direcção X, para o ponto 1 e 2 da estrutura.
Figura II.2 - Evolução dos deslocamentos absolutos e relativos em altura com base na resposta da acção sísmica do acelerograma A na direcção Y, para os pontos 1 e 2 da estrutura.
101
ANEXO III – Evolução dos deslocamentos máximos absolutos e relativos em altura, no
ponto 2, da estrutura com uma distribuição uniforme de dissipadores (C=4000).
Figura III.1 - Deslocamentos absolutos e relativos da estrutura sem e com dissipação de Energia (C=4000), registados no ponto 2 para o sismo segundo X.
Figura III.2 - Deslocamentos absolutos e relativos da estrutura sem e com dissipação de Energia (C=4000), registados no ponto 2 para o sismo segundo Y.
102
ANEXO IV – Evolução dos deslocamentos máximos absolutos e relativos em altura, no
ponto 2, da estrutura perante os vários testes de estudo.
Figura IV.1 – Evolução dos deslocamentos máximos absolutos em altura no ponto 2 da estrutura para acção sísmica na direcção X, para os vários casos de estudo.
Figura IV.2 – Evolução dos deslocamentos máximos relativos em altura no ponto 2 da estrutura para acção sísmica na direcção X, para os vários casos de estudo.
103
Figura IV.3 – Evolução dos deslocamentos máximos absolutos em altura no ponto 2 da estrutura para acção sísmica na direcção Y, para os vários casos de estudo.
Figura IV.4 – Evolução dos deslocamentos máximos relativos em altura no ponto 2 da estrutura para acção sísmica na direcção Y, para os vários casos de estudo.