Upload
trinhxuyen
View
213
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS SETORES MAIS DINÂMICOS DA ECONOMIA PARANAENSE: UMA ANÁLISE INSUMO-PRODUTO
Carlos Alberto Gonçalves Junior1 Carolina Carvalho Garcia de Souza2 Rafaela Maria Graciano Carnevale3
ÁREA TEMÁTICA: 8 - MÉTODOS QUANTITATIVOS PARA A ECONOMIA REGIONAL
Resumo: O objetivo deste estudo é verificar o perfil locacional dos setores econômicos que se destacaram na geração de emprego, renda e produção, bem como identificar quais os setores-chave da economia paranaense e como estes também se localizam entre as microrregiões do Paraná. Para isto, foram utilizados os seguintes métodos quantitativos: o Quociente Locacional, o modelo insumo-produto e os índices de Rasmussen-Hirschman. Os resultados encontrados demonstram que, os setores que, quando estimulados, geram a maior quantidade de empregos são: Agropecuária; Construção; Comércio; Indústrias diversas; e Serviços privados. Em relação à geração de renda, os setores são: Governo e Serviços Públicos; Comércio; Serviços privados. E, referente à geração de produção, os setores que mais se destacaram foram: Mineração; Produtos Alimentícios; e Transportes. Foi constatado também que os setores-chave da economia paranaense são: Mineração; Indústria de Minerais não metálicos; Metalurgia; e, Madeira, Mobiliário e Papel. Através desta análise, é possível realizar um planejamento econômico para otimizar os investimentos nestes setores-chave a fim de gerar externalidades positivas para os demais setores da economia. Palavras-chave: economia paranaense; perfil locacional; setores-chave. Abstract: The objective of this study is to verify the locational profile of economic sectors that stood out in the generation of employment, income and production, as well as identify the key sectors of the state economy and how these are also located among the micro-regions of Parana. For this, quantitative methods were used: Location Quotient, the input-output model and the Hirschman-Rasmussen indexes. The results show that the sectors that, when stimulated, generate more jobs are: Agriculture; Construction; Trade; Diverse Industries; and Private Services. In relation the generation of income, the sectors are: Government and Public Services; Trade; Private Services. And, referring to the generation of production, the sectors that stood out were: Mining; Food Products; and Transport. It was also found that the key sectors of the state economy are: Mining; Non-metallic Minerals Industry; Metallurgy; and Wood, Furniture and Paper. Through this analysis, it is possible to realize an economic planning to optimize investments in these key sectors in order to generate positive externalities for other sectors of the economy. Key-words: key sectors; locational profile; Parana state's economy.
1 Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE/Campus Toledo. E-mail: [email protected]
2 Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE/Campus Toledo. E-mail: [email protected]
3 Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE/Campus Toledo. E-mail: [email protected]
2
1. INTRODUÇÃO
Identificar quais setores são importantes economicamente para uma região é uma
tarefa fundamental para o planejamento econômico. E, além disso, é preciso conhecer como
estas atividades se localizam no território em análise.
É conhecido o fato de a teoria econômica tradicional ignorar os aspectos espaciais
em seus estudos. O problema da localização ótima das atividades econômicas e da
população não pareciam relevantes em comparação com as questões relativas ao
crescimento e ao equilíbrio da economia nacional. Somente quando os problemas relativos
ao pleno emprego, ou da grande desigualdade na distribuição da renda, foram relativamente
resolvidos, é que se tornou possível examinar questões da desigualdade interregional e da
possibilidade de aumentar o potencial de produção da economia através da realocação e
utilização de recursos subutilizados em certas regiões (RICHARDSON, 1975).
O crescente interesse em relação aos problemas locacionais e regionais
indiscutivelmente se deve às suas implicações políticas, mas os problemas espaciais são
dignos de estudo por si mesmos. Nesta perspectiva, Benko (1999) afirma que os estudos
sobre a localização das atividades econômicas são de grande importância para aos
planejadores regionais, uma vez que estes, via de regra, são responsáveis pela repartição
equilibrada das atividades no espaço. Além disso, os empresários interessam-se sobre o
problema da localização, uma vez que as opções locacionais têm grande impacto sobre os
custos de produção e na competitividade atual e futura das firmas.
Neste âmbito, este trabalho tem como objetivo mostrar, através de métodos
quantitativos de análise regional e do modelo insumo-produto, como estão distribuídos
espacialmente os setores econômicos mais dinâmicos da economia paranaense, isto é, os
que possuem maior geração de emprego, renda e produção se receberem estímulos em
suas demandas finais. E, além disto, também será possível identificar os setores-chave da
economia do estado.
A partir desta análise, facilita-se o processo de determinação das estratégias
setoriais de demanda final, e de direcionamento das políticas econômicas para os setores
que possam trazer resultados positivos, isto é, propulsionar o crescimento econômico do
Paraná.
Nesse intuito, este artigo possui mais quatro seções, além desta introdução. A
segunda seção apresenta a revisão da literatura utilizada para subsidiar a análise dos
resultados. O terceiro capítulo, por sua vez, traz o detalhamento dos procedimentos
metodológicos utilizados para a obtenção e análise dos resultados. Os resultados e suas
possíveis discussões são apresentadas na quarta seção. E, por último, são feitas algumas
considerações finais sobre o trabalho.
3
2. ECONOMIA REGIONAL: TEORIAS DA LOCALIZAÇÃO INDUSTRIAL
Para sustentar a análise das informações deste trabalho, torna-se pertinente a
explanação de algumas questões teóricas a fim de buscar subsídios para uma melhor
compreensão dos possíveis resultados, isto é, como se localizam os setores econômicos no
território paranaense e quais destes setores tem expressiva importância para o Estado de
acordo com a metodologia utilizada.
A necessidade de se estudar a teoria espacial surge em função de que o
desenvolvimento aparece de forma irregular pela extensão do espaço, já que as atividades
econômicas não estão presentes em todas as partes do território, fazendo com que haja,
pelo menos nos estágios iniciais de desenvolvimento, desigualdades regionais e
descontinuidades espaciais (SOUZA, 2009).
Várias teorias foram elaboradas para tentar explicar a escolha da localização
industrial por parte dos agentes econômicos (empresários). Há um vasto arcabouço teórico
neste sentido que vai desde a decisão da localização industrial até a análise dos impactos
que esta decisão gera (ou pode gerar) para uma determinada região e seu entorno. Porém,
neste trabalho, nosso foco serão as primeiras teorias locacionais, como forma de explicar
apenas a localização das atividades econômicas. As demais análises serão feitas com base
na metodologia apresentada na seção a seguir.
A primeira importante análise econômica espacial foi a de Von Thünen (1783-1850),
também conhecido como “pai das teorias da localização”. Suas ideias eram associadas a
vários fatores: o custo de transporte, o custo de produção, a distância e o lucro. Assim, para
cada produto, haverá uma distância limite, isto é, a partir desta distância a produção deixa
de ser rentável, pois os custos com transportes se tornam caros a ponto de aumentarem o
custo total da produção e, então, minimizar o lucro do produtor. Dessa forma, o produtor
sempre escolherá a produção que irá maximizar o seu lucro. A escolha da localização de
cada tipo de cultura será feita com o intuito da redução dos custos de transporte, que, por
sua vez, são função da distância a ser percorrida (BENKO, 1999).
Von Thünen desenvolve sua teoria através de uma ferramenta que ficou conhecida
como “Anéis de Von Thünen”, considerando um centro de mercado e uma região agrícola
que o circunda. As culturas que ocupam os anéis mais próximos apresentam,
necessariamente, maior lucro bruto de produção por unidade de terra ocupada e, por isso,
podem serem consideradas culturas nobres. Entretanto, o custo de transporte relativamente
alto faz com que a distância represente uma diminuição significativa do rendimento líquido à
medida que áreas mais afastadas são ocupadas. Por outro lado, as culturas que se
localizam nos anéis mais afastados apresentam menor rendimento bruto por unidade de
4
terra; entretanto, competem com base em seu baixo custo de transporte, o que lhes
possibilita atingir o mercado (CLEMENTE e HIGACHI, 2000).
Dessa forma, os baixos custos de produção (principalmente o de transporte), atuam
como um fator de competitividade entre as atividades, determinando, assim, a localização
das mesmas. Em suma, em sua teoria, Thünen procurou explicar o padrão de distribuição
das atividades agrícolas.
Outro autor que marca a história econômica espacial é Alfred Weber (1868-1958),
sendo, por vezes, considerado o fundador do modelo de localização industrial. Este autor
toma como ponto de partida a definição de que as empresas privadas são móveis, ou seja,
podem se localizar em qualquer ponto do espaço. Porém, considerando os custos de
produção, os locais não são todos iguais, existindo um local onde o custo é mínimo. Deste
modo, a escolha da localização da indústria é aquela que opta pelo local ótimo onde o lucro
possa ser maximizado (CLEMENTE, 1987).
Em sua análise, Weber considera um mercado e duas fontes de matérias-primas,
esquematizando, dessa forma, o conhecido triângulo locacional, no qual, o mercado de
consumo se posicionará na localização de menor custo, levando em conta as distâncias e
os respectivos pesos a serem transportados. Segundo Clemente (1987), o peso locacional é
o peso total a ser transportado numa figura locacional por unidade do produto, e o
coeficiente de mão de obra é a proporção do índice de custo de mão de obra em relação ao
peso locacional.
Neste sentido, Weber (citado por Clemente, 1987) conclui que as indústrias com
peso locacional elevado são atraídas para as fontes de matérias-primas, enquanto as com
peso locacional baixo, para os centros de mercado. Também conclui que quanto maior o
coeficiente de mão de obra mais fortemente a indústria será orientada pelo fator trabalho.
Portanto, há duas fontes principais de atração do local de consumo que explicam a
escolha locacional interregional: o custo de transporte e o custo de mão de obra. Mas
também existem outros fatores, como os aglomerativos e desaglomerativos, estes são
responsáveis pela concentração ou dispersão espacial das indústrias, caracterizando a
escolha locacional intrarregional. Clemente e Higachi (2000), explicam que fator
aglomerativo é a redução de custo que uma empresa aufere ao se localizar junto a outras
empresas da mesma indústria. Fator desaglomerativo, ao contrário, representa economia de
custo obtida pelo distanciamento em relação às empresas já estabelecidas. Deste modo,
então, sempre que vantajoso, o empresário irá aproveitar as economias de aglomeração.
O próximo grande passo da economia espacial foi dado por Walter Christaller
(1893-1969) e August Lösch (1906-1945). Walter Christaller, com sua teoria do lugar central,
incluiu as atividades terciárias nas análises locacionais. Para ele, o crescimento de uma
cidade ocorrerá se esta for especializada em vários tipos de serviços urbanos; deste modo,
a demanda por estes serviços determinará o ritmo de crescimento dos lugares centrais.
5
As cidades e vilas crescem porque o desenvolvimento econômico e o aumento da
renda levam a uma expansão mais do que proporcional na demanda de bens e serviços
centrais e, portanto, da renda líquida recebida pelos habitantes das cidades empregadas em
seu fornecimento. O alcance de fornecimento de determinado serviço depende de vários
fatores, mas seu determinante principal é a distância econômica (isto é, a distância
geográfica convertida em custos de frete e outros custos monetários relacionados com o
transporte) (RICHARDSON, 1975).
Richardson (1975) também aponta algumas forças que podem estimular o aumento
do consumo de serviços centrais e o desenvolvimento dos lugares centrais: alta densidade
populacional, elevação do nível de renda; o nível de desenvolvimento cultural; a estrutura
social da região; e o grau de concorrência entre os estabelecimentos que fornecem bens e
serviços centrais.
A hierarquia urbana se constitui como uma rede de interdependência entre os
lugares centrais e o espaço ao seu redor, onde a tendência é a centralização. Para Benko
(1999), a cidade é um lugar central, cujo papel é fornecer bens e serviços ao espaço que a
rodeia. O sistema funda-se numa tripla hierarquia: a hierarquia das populações urbanas, a
hierarquia comercial das cidades e a hierarquia dos bens e dos serviços. Nas cidades
pequenas, os serviços disponíveis são simples (alimentação, vestuário, etc.) e servem uma
população restrita. Nas cidades grandes, encontramos os serviços e bens mais sofisticados
(ensino superior, ópera, comércio de luxo, etc.), com uma vasta zona de influência (BENKO,
1999).
Esses produtos fornecidos pelas cidades grandes são também chamados de
produtos de elevada centralidade, pois, encontram-se apenas em alguns lugares, já aqueles
produtos de menor centralidade são encontrados com mais facilidade, ou seja, em mais
lugares.
Deste modo, em virtude de os produtos de elevada centralidade serem mais difíceis
de encontrar, eles são buscados a longas distâncias, enquanto que os de baixa centralidade
são produtos que se encontram sem se deslocar para longe. Então, faz-se a seguinte
relação: quanto maior for a centralidade do produto, maior será a área de mercado atingida
pelo mesmo. O grau de centralidade do produto (bem ou serviço) é determinado por dois
fatores principais: o custo de acesso ao produto e as economias de escala (CLEMENTE e
HIGACHI, 2000).
Sendo assim, um lugar central, isto é, de maior centralidade, oferece todo o
conjunto de produtos oferecidos pelos lugares de centralidade menor e mais alguns ou
vários produtos que não se encontram disponíveis nesses lugares.
August Lösch, por sua vez, parte do princípio de que a localização da firma será
aquela onde o lucro é máximo, diferentemente dos autores anteriores que se dedicavam a
localização de custo mínimo. Para defender seu ponto de vista, Lösch considera e analisa
6
duas forças locacionais: os custos de produção e a receita das vendas. Outro ponto em que
Lösch se diferencia de seus antecessores é que ele liga a teoria da localização e a do
equilíbrio econômico espacial (RICHARDSON, 1975).
Segundo a teoria do equilíbrio geral de Lösch, o equilíbrio é o resultante líquido de
duas tendências: em primeiro lugar, os produtores pretendem maximizar os lucros
individuais e os consumidores tentam entrar no mercado de preços mais baratos; em
segundo lugar, a luta competitiva entre produtores, quando as firmas de um mesmo ramo
industrial se multiplicam o suficiente para competir espacialmente, no final de contas elimina
os lucros extraordinários. Quando todos os lucros extraordinários desaparecem, o equilíbrio
é atingido, a luta por espaço acaba e as localizações são determinadas (RICHARDSON,
1975).
Lösch também menciona as regiões econômicas que, para ele, são áreas de
mercado, cuja natureza é determinada pelo número de compradores e vendedores de um
mesmo produto e como estes se distribuem nesse espaço. Ele ainda cita duas forças que
são fundamentais para a determinação da natureza das regiões econômicas: o custo de
transporte e as economias de escala. A primeira estabelece o volume total das vendas, e a
segunda ditam o quão baixo pode ser o preço do produto (CLEMENTE, 1987).
Ainda, em sua teoria, Lösch acredita que a aglomeração ocorre em locais que
possuem condições favoráveis, como vias de transporte, fontes de matérias-primas
industriais e/ou proximidade ao consumidor. Portanto, essas condições, aliadas aos riscos
advindos da falta de informações sobre outras localidades fortalecem a localização da
população e das atividades econômicas nos centros urbanos já existentes, causando
intensa concentração nos mesmos. Além disso, a tendência é ocorrer uma migração de
trabalhadores das regiões menos favorecidas, onde o poder de compra é diminuído, para as
regiões onde o poder de compra é maior (CLEMENTE, 1987).
Ainda segundo Clemente (1987), Lösch observa que a localização da indústria de
bens de consumo é certamente orientada para o próprio mercado consumidor. Enquanto as
demais indústrias (tradicional, pesada ou básica), caso não estejam fortemente ligadas às
fontes de matérias-primas, tendem a acompanhá-la.
A seção a seguir apresenta os procedimentos metodológicos utilizados neste
trabalho.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esse estudo baseia-se, quase que exclusivamente, em uma abordagem quantitativa.
Segundo Diehl (2004), a pesquisa quantitativa caracteriza-se pelo uso da quantificação,
tanto na coleta quanto no tratamento das informações, utilizando-se técnicas estatísticas,
7
objetivando resultados que evitem possíveis distorções de análise e interpretação,
possibilitando uma maior margem de segurança.
3.1 MÉTODOS QUANTITATIVOS
3.1.1 Método de Análise Regional: Quociente Locacional
O Quociente Locacional (QL) é uma medida de natureza descritiva, que permite
caracterizar as várias atividades e as diferentes regiões em análise, do ponto de vista do
seu nível de especialização/diversificação das suas estruturas produtivas num determinado
período (DELGADO e GODINHO, 2002). O cálculo do QL é expresso na equação (01):
QL = (Eij / ∑i Eij ) / (∑j Eij / ∑i∑j Eij ) (01)
Em que:
Eij = Número de empregados formais do setor i na microrregião j;
∑i Eij = Número de empregados formais do setor i do Paraná;
∑j Eij = Número de empregados formais total da microrregião j;
∑i∑j Eij = Número de empregados formais total do Paraná.
Nesse caso, o QL compara a participação percentual do número de empregados de
uma microrregião j com a participação percentual do Estado do Paraná. A importância da
microrregião j no contexto regional é demonstrada quando o QL assume valores acima de 1.
Nesse caso (quando o QL for maior ou igual a 1), indica que o setor é especializado na
microrregião. O contrário ocorre quando o QL for menor que 1 (ALVES, FERRERA DE LIMA
e SOUZA, 2010).
Para o cálculo do QL, utilizou-se a variável número de empregados formais
disponível na Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, do Ministério do Trabalho e
Emprego – MTE, distribuídos entre os vinte e cinco subsetores econômicos do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Estes 25 subsetores foram agrupados em 18
setores4 de acordo com os setores da matriz insumo-produto utilizada5.
A partir da análise do QL, poder-se-á visualizar o perfil locacional dos setores
econômicos entre as microrregiões paranaenses no ano de 2010, demonstrando como
estão localizados os setores econômicos que se destacaram na geração de emprego, renda
e produção segundo o modelo insumo-produto.
3.1.2 Modelo Insumo-Produto
Uma economia funciona, em grande parte, para equacionar a demanda e a oferta
dentro de uma vasta rede de atividades. Wassily Leontief conseguiu demonstrar, pela
construção de uma “fotografia econômica” da própria economia, como os setores estão
relacionados entre si, ou seja, quais setores suprem os outros de produtos e serviços e
4 Essa denominação “setores” é utilizada como forma de padronização com a denominação da metodologia da matriz. Mas,
não se trata dos grandes setores da economia (primário, secundário e terciário) e sim, das atividades econômicas (subsetores). 5 Para visualizar essa agregação, veja anexo A.
8
quais setores compram dos demais; resultando assim numa compreensão de como a
economia funciona, isto é, como cada setor se torna mais ou menos dependente dos outros
(GUILHOTO, 2004).
Esse sistema de interdependência das atividades produtivas no que concerne aos
insumos e produtos utilizados e decorrentes do processo de produção é formalmente
representado em uma tabela conhecida como Matriz Insumo-Produto, que pode ser definido
como um modelo de planejamento econômico, desenvolvido para estudar o fluxo de bens e
serviços entre os vários setores da economia. O modelo também permite obter o valor da
produção em cada uma das atividades econômicas a partir de uma determinada demanda
final, mostrando assim, as relações entre os setores da economia (PYATT e ROE, 1977;
GUILHOTO, 2004; IPEA, 2012; FAGUNDES, 2013).
A Figura 1 a seguir mostra as relações fundamentais de uma matriz insumo-
produto. As linhas registram as vendas (crédito) para cada setor, mostram o fornecimento
aos setores intermediários e à demanda final. As colunas representam as despesas (débito)
para cada setor, mostram os pagamentos aos setores pelos bens intermediários, aos fatores
de produção, impostos e demais itens de despesa (GUILHOTO, 2000).
Figura 1: Relações fundamentais da matriz insumo-produto
Fonte: GUILHOTO (2000).
Conforme a Figura 1, cada linha da matriz Z indica o fluxo intersetorial, ou seja, o
consumo intermediário de bens e serviços de cada setor. A matriz Y registra o consumo
final, dividido em consumo das famílias, consumo do governo, exportações, formação bruta
de capital fixo e variação de estoques. As linhas abaixo das matrizes Z e Y registram as
despesas com importações, impostos indiretos líquidos e valor adicionado (remuneração
aos serviços dos fatores de produção). Os totais das colunas e das linhas da matriz (X e XT)
registram a produção total de cada setor. Estes valores devem ser iguais, indicando o
equilíbrio da economia, onde as despesas de cada setor são iguais às suas respectivas
receitas (GUILHOTO, 2000).
9
Segundo Miller e Blair (1985), as relações fundamentais dos n setores da economia
se fundamentam na matriz insumo-produto através da seguinte equação (02):
𝑍𝑖𝑗𝑛𝑗−1 + Ci + Gi + Ii + Ei = Xi (02)
Onde:
Zij = produção do setor i utilizada como insumo intermediário pelo setor j;
Ci = produção do setor i comprada pelas famílias;
Gi = produção do setor i comprada pelo Governo;
Ii = produção do setor i destinada ao investimento;
Ei = produção do setor i destinada à exportação;
Xi = produção doméstica total do setor i (demanda final e insumos intermediários);
Ci + Gi + Ii = demanda final doméstica.
De acordo com Anefalos (2004), a demanda final da produção do setor i, Yi, é
obtida pela soma das produções do setor i que são compradas pelas famílias e pelo
governo, e que são destinadas ao investimento e à exportação, conforme mostra a equação
(03):
Yi = Ci + Gi + Ii + Ei (03)
De acordo com Haddad et al. (1989), os principais pressupostos da metodologia de
insumo-produto são os seguintes: (i) equilíbrio econômico a um dado nível de preços; (ii)
inexistência de ilusão monetária por parte dos agentes econômicos; (iii) retornos constantes
à escala; (iv) preços constantes. Além desses pressupostos, o modelo impõe que cada setor
produza somente um produto, e que cada produto seja produzido somente por um setor.
No sistema de Leontief consideram-se os retornos constantes à escala, ou seja, as
funções de produção são lineares e homogêneos e o conjunto dos coeficientes técnicos
diretos aij (aij = zij /Xj) que forma a matriz A (de dimensão n x n) é fixo. Esse coeficiente aij
expressa a quantidade de insumo do setor i necessária para a produção de uma unidade do
produto total do setor j, em que Xj é a produção total do setor j (ANEFALOS, 2004).
Essa representação matricial de Leontief é expressa pela equação (04):
AX + Y = X (04)
Sendo:
X e Y = os vetores coluna de ordem (n x 1)
Ainda segundo Anefalos (2004), considerando que as variações na demanda final
são obtidas exogenamente, a produção total necessária para satisfazer a demanda final (Y)
pode ser expressa pela equação (05) a seguir:
X = (I – A)-1Y (05)
Onde:
(I – A)-1 = matriz inversa de Leontief (matriz de coeficientes técnicos de insumos
diretos e indiretos).
10
Para Haddad et al. (1989), cada elemento da matriz inversa de Leontief representa
a quantidade necessária de insumos diretos e indiretos do setor i por unidade monetária de
demanda final à produção do setor j. Pela referida matriz, é possível definir o multiplicador
de produção para cada setor como sendo a soma de suas colunas.
A partir disso, este trabalho identificou, entre os 18 setores econômicos trabalhados
segundo a agregação do Núcleo de Economia Regional e Urbana Universidade de São
Paulo - NEREUS, quais setores econômicos apresentam geração de emprego, renda e
produção acima da média gerada pelo Estado do Paraná.
3.1.3 Índices de Rasmussen-Hirschman
Os índices de poder de dispersão e de sensibilidade à dispersão, desenvolvidos por
Rasmussen e divulgados por Hirschman, descrevem os efeitos de encadeamento para trás,
quando um determinado setor compra insumos dos demais; e os efeitos de encadeamento
para frente, quando o setor vende sua produção como insumo para o restante da economia
(TOYOSHIMA e FERRERA, 2002).
Para os cálculos dos índices de ligação para trás (poder de dispersão) e para frente
(sensibilidade de dispersão), utilizam-se os coeficientes (𝑏 *ij) da matriz inversa de Leontief
[𝐵 * = (𝐼 * - 𝐴 *)-1]. Com isso, tem-se as seguintes equações:
Uj = (B*j/n) / B* e Ui = (Bi*/n) / B* (06)
Em que:
B* = 𝑏𝑛𝑗=1
𝑛𝑖=1 ij / n
2 representa a média de todos os coeficientes da matriz inversa
de Leontief (𝐵 *);
B*j = 𝑏 𝑛𝑖−1
*ij refere-se ao total dos coeficientes pela ótica de compra;
Bi* = 𝑏 𝑛𝑗−1
*ij corresponde ao total dos coeficientes pela ótica de venda.
Quando o índice de ligação para trás (Uj) for superior a uma unidade, isto indica
que, quando há uma variação na demanda final do setor j, o mesmo gera uma compra de
insumos acima da média na economia, revelando fortes encadeamentos para trás no
sistema produtivo. Para este caso, será atribuída ao setor j a letra “B” (backward). Se o
índice de ligação para frente (Ui) > 1, significa que, diante de uma variação na demanda final
de todas as atividades econômicas, a produção do setor i aumenta acima da média na
economia. Tal fato aponta que o setor i tem uma dependência acima da média da produção
de outros setores, uma vez que se destaca como forte fornecedor de insumo
(encadeamentos para frente) dentre os demais. Nesses termos, para o setor i será
empregada a letra “F” (forward) (BETARELLI JUNIOR et al., 2010).
Deste modo, se um determinado setor apresentar as letras “B” e “F”, ou seja, se os
valores de Uj e Ui de um setor forem maiores que 1, isto significa que o mesmo é
considerado como “setor-chave”, pois provoca um efeito de encadeamento de compra e
11
venda acima da média na economia. O setor-chave é aquele que apresenta maior poder de
encadeamento para frente e, ou, para trás, de modo que o aumento do investimento nesse
setor tem efeitos multiplicadores sobre a renda, emprego e produção maiores que a média
das atividades produtivas (PERROUX, 1955).
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este capítulo apresenta os resultados encontrados e algumas possíveis discussões.
4.1 GERAÇÃO DE EMPREGO
Em relação à geração de emprego, os setores que quando estimulados geram
maior número de empregos (postos de trabalhos) são: Agropecuária; Construção; Comércio;
Indústrias diversas; Serviços privados; Têxtil, Vestuário e Calçados; Produtos Alimentícios; e
Governo e Serviços Públicos. Estes setores são os que apresentam geração de emprego
acima da média do Paraná (28,9), conforme pode ser visualizado no Gráfico 1.
Gráfico 1: Emprego gerado por setores econômicos da economia paranaense
Fonte: Resultados da pesquisa
Isto quer dizer que, para um aumento de um milhão de reais na demanda final de
determinado setor, estes setores citados são os que gerarão maior número de postos de
trabalho se comparados a média estadual. Por exemplo, no caso do setor da Agropecuária,
para cada milhão de reais que aumentar na demanda final deste setor, serão gerados 76
empregos dentro do estado do Paraná e 10 empregos no restante do Brasil, isto é, fora do
estado paranaense.
As Figuras 2 e 3 mostram o perfil locacional dos setores que se destacaram na
geração de emprego se comparado à média do estado do Paraná.
Segundo a Figura 2, a maioria das microrregiões paranaenses apresentou
significativa importância na concentração de mão de obra do setor agropecuário se
76,30
39,1437,09
39,28
55,44
45,00
39,2735,87
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Agro
pecu
ária
Min
eração
Ind
ústria d
e Min
erais Não
Metálico
s
Metalu
rgia
Maq
uin
as e Equip
amen
tos
Material E
létrico e E
letrônico
s
Material d
e Tran
sporte
Mad
eira, Mo
biliário
, Pap
el
Refin
o d
e petró
leo e co
qu
e e
outro
s quím
icos e farm
aceutico
s
Têx
til, Vestu
ário, C
alçado
s
Pro
du
tos A
limen
tícios
Ind
ústrias D
iversas
SIU
P in
clusiv
e energ
ia elétrica
Co
nstru
ção
Co
mércio
Tran
spo
rtes
Serv
iços P
rivad
os
Govern
o e S
erviço
s Público
s
EM
PR
EG
O G
ER
AD
O
SETORES
12
comparado à base produtiva total, sendo assim, considera-se que essas mesorregiões são
especializadas neste setor. Mesmo com a modernização e tecnificação agrícola, trinta e
duas das trinta e nove microrregiões do Estado são ainda dependentes do setor primário em
termos de mão de obra. Com exceção apenas das microrregiões de Apucarana, Capanema,
Curitiba, Foz do Iguaçu, Londrina, Maringá e Paranaguá.
Figura 2: Perfil Locacional dos setores econômicos com geração de emprego acima da média gerada pelo Estado do Paraná – Ano 2010
Agropecuária
Têxtil, Vestuário, Calçados
Produtos Alimentícios
Indústrias Diversas
Fonte: Resultados da pesquisa
Os segundo e terceiro setores apresentados nesta figura são o Têxtil, Vestuário e
Calçados e o de Produtos Alimentícios. Como pode ser visualizado, as microrregiões
especializadas nestes setores são as que se localizam principalmente no Oeste e Norte do
Estado. E, por último, o setor de Indústrias Diversas não tem um perfil locacional específico,
sendo que as microrregiões especializadas neste setor no ano de 2010 são doze, entre elas
estão as microrregiões de Curitiba, Londrina, Maringá, Paranavaí, Ponta Grossa e Toledo.A
Figura 3 apresenta a distribuição espacial dos setores de Construção, Comércio, Serviços
Privados e Governo e Serviços Públicos.
Referente à construção, percebe-se que, apesar deste setor ter se destacado na
geração de emprego, apenas dez microrregiões apresentaram especialização neste setor.
Já o setor de comércio, tem um perfil locacional diferenciado, uma vez que grande parte das
microrregiões apresenta especialização neste setor, enquanto que as demais microrregiões
apresentam uma especialização intermediária, ou seja, nenhuma microrregião apresentou-
se como não especializada no setor de comércio.
13
O setor de Serviços Privados possui um perfil locacional bem seleto. Observa-se
que apenas cinco microrregiões tem especialização neste setor no ano de 2010, sendo elas:
Cornélio Procópio, Curitiba, Foz do Iguaçu, Londrina e Paranaguá. Fazendo uma ligação
aqui com as teorias da localização industrial explanadas anteriormente, pode-se inferir que
estas microrregiões são como os “lugares centrais” da teoria de Christaller, ou seja, elas
ofertam serviços que provavelmente as outras microrregiões não ofertam, tornando-se
assim atrativas perante às demais.
Figura 3: Perfil Locacional dos setores econômicos com geração de emprego acima da média gerada pelo Estado do Paraná – Ano 2010
Construção
Comércio
Serviços Privados
Governo e Serviços Públicos
Fonte: Resultados da pesquisa
O último setor apresentado nesta Figura é o de Governo e Serviços Públicos.
Percebe-se que para este setor, assim como para o Comércio, nenhuma microrregião se
apresentou como não especializada. Neste caso, as especializações estão localizadas
principalmente no centro do Estado. Uma explicação para isto pode ser o fato de que estas
microrregiões centrais são as menos dinâmicas e menos favorecidas do estado e, por isso,
necessitam de uma maior atuação das políticas sociais do governo. Outra explicação pode
derivar do fato de que, também por serem regiões menos dinâmicas, estas não possuam
diversas especializações em outros setores e, portanto, a gestão pública destas
microrregiões emprega grande parte da mão de obra, fazendo com que estas se tornem
especializadas neste setor.
4.2 GERAÇÃO DE RENDA
14
Referente à geração de renda, o Gráfico 2 mostra os impactos que as mudanças
ocorridas na demanda final teria sobre a renda do Paraná dividido entre os setores
econômicos.
Gráfico 2: Renda gerada por setores econômicos da economia paranaense
Fonte: Resultados da pesquisa
Desta forma, os setores que mais geram renda dentro do estado caso haja
aumentos em sua demanda final são: Governo e Serviços públicos; Comércio; Serviços
privados; Transportes; e, Máquinas e Equipamentos. Estes setores são os que geram renda
acima da média estadual (258,2).
O setor de Governo e Serviços Públicos apresenta-se em destaque quando se
comparado aos demais. Caso haja um aumento de um milhão de reais na demanda final
deste setor, serão gerados mais de 653 mil reais de renda para a economia paranaense.
Percebe-se também, através do Gráfico 2, que os setores que mais geram renda
são pertencentes ao setor terciário, isto é, são setores de serviços. Isso ressalta o quanto
este setor é importante na geração de renda para o Paraná.
A Figura 4 mostra o perfil locacional dos setores econômicos que apresentaram
geração de renda acima da média estadual, com exceção do setor de Máquinas e
equipamentos que apresentou um valor muito próximo à média.
A distribuição espacial do Comércio, Serviços privados e Governo e Serviços
públicos já foi vista na Figura 3, pois estes setores também se destacaram na geração de
emprego. Sendo assim, no que se refere à Figura 4, é possível visualizar como estão
localizadas as microrregiões especializadas no setor de Transportes.
Observa-se que poucas microrregiões possuem especialização nesta atividade.
Apenas oito microrregiões do Paraná, sendo elas: Cascavel, Curitiba, Foz do Iguaçu,
Londrina, Maringá, Paranaguá, Ponta Grossa e Telêmaco Borba. Assim como o setor de
Serviços Privados, a especialização neste setor é uma característica de uma minoria das
microrregiões.
260.563,48
401.875,96
282.914,99
338.521,70
653.255,83
-
100.000,00
200.000,00
300.000,00
400.000,00
500.000,00
600.000,00
700.000,00
Agro
pecu
ária
Min
eração
Ind
ústria d
e …
Metalu
rgia
Maq
uin
as e …
Material E
létrico e …
Material d
e …
Mad
eira, Mob
iliári…
Refin
o d
e petró
leo …
Têx
til, Vestu
ário, …
Pro
duto
s …
Ind
ústrias D
iversas
SIU
P in
clusiv
e …
Con
strução
Co
mércio
Tran
sportes
Serv
iços P
rivad
os
Go
vern
o e …
RE
ND
A G
ER
AD
A
SETORES
15
Figura 4: Perfil Locacional dos setores econômicos com geração de renda acima da média gerada pelo Estado do Paraná – Ano 2010
Comércio
Transportes
Serviços Privados
Governo e Serviços Públicos
Fonte: Resultados da pesquisa
Estas microrregiões que são especializadas nestas duas atividades (Transportes e
Serviços Privados) são microrregiões que possuem grande importância econômica para o
estado paranaense.
4.3 GERAÇÃO DE PRODUÇÃO
No que se refere à geração de produção, o Gráfico 3 apresenta quais os setores
que se apresentaram em destaque se comparado a média estadual.
Como pode constatar-se, os setores que mais de destacaram foram o de Mineração
e Produtos Alimentícios, seguidos do setor de Transportes; de Material Elétrico e Eletrônicos
e de Indústria de Minerais Não Metálicos.
Os demais setores de Madeira, Mobiliário e Papel; Refino de petróleo e coque e
outros químicos e farmacêuticos; Têxtil, Vestuário e Caçados; e Construção também
apresentaram geração de produção acima da média estadual (1,44), porém valores muito
próximos a esta.
O setor de Produtos Alimentícios apresentou o maior valor de 1,8, isto quer dizer
que se a demanda final deste setor aumentar em um real, isso terá um impacto de quase
dois reais na produção da economia paranaense.
16
Gráfico 3: Produção gerada por setores econômicos da economia paranaense
Fonte: Resultados da pesquisa
Neste sentido, a Figura 5 mostra como estão localizadas as microrregiões
especializadas nestes setores que se destacaram na geração de produção dentro da
economia paranaense.
Figura 5: Perfil Locacional dos setores econômicos com geração de produção acima da média gerada pelo Estado do Paraná – Ano 2010
Mineração
Material Elétrico e Eletrônicos
Produtos Alimentícios
Transportes
Fonte: Resultados da pesquisa
O primeiro setor apresentado na Figura é o setor de Mineração. Percebe-se que ele
está localizado especialmente nas microrregiões próximas da região Metropolitana de
Curitiba. Com exceção apenas na microrregião de Floraí que não se localiza neste eixo.
1,65
1,49 1,49 1,45 1,46 1,44
1,80
1,461,51
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
Ag
rop
ecuária
Min
eração
Ind
ústria d
e Min
erais Não
Metálico
s
Metalu
rgia
Maq
uin
as e Eq
uip
amen
tos
Material E
létrico e E
letrôn
icos
Material d
e Tran
spo
rte
Mad
eira, Mo
biliário
, Pap
el
Refin
o d
e petró
leo e co
qu
e e ou
tros
qu
ímico
s e farmaceu
ticos
Têx
til, Vestu
ário, C
alçado
s
Pro
du
tos A
limen
tícios
Ind
ústrias D
iversas
SIU
P in
clusiv
e energ
ia elétrica
Co
nstru
ção
Co
mércio
Tran
spo
rtes
Serv
iços P
rivad
os
Go
vern
o e S
erviço
s Pú
blico
s
PR
OD
UÇ
ÃO
GE
RA
DA
SETORES
17
Uma característica deste setor, relacionada com as teorias trabalhadas, é que ele tem
tendência de se localizar junto à fonte de matéria-prima.
As microrregiões especializadas no setor de Material Elétrico e Eletrônicos são
poucas no estado: Apucarana, Cornélio Procópio, Curitiba, Irati, Jacarezinho, Londrina,
Maringá e Pato Branco. Algumas destas microrregiões são as mesmas que são as únicas
especializadas nos setores de Transportes e Serviços privados, indicando que estes setores
oferecem produtos e serviços que possuem alta centralidade segundo a ideia de Christaller.
Os demais setores desta Figura 5 já foram comentados anteriormente.
4.4 SETORES-CHAVE DA ECONOMIA PARANAENSE
Setores-chave são aqueles que apresentam um significativo efeito de
encadeamento para trás e para frente. Como visto, as ligações para trás indicam o quanto
este setor demanda insumo dos demais setores e, as ligações para frente sugerem o quanto
este setor tem seus insumos demandados pelos outros setores da economia.
A Tabela 1 apresenta os resultados dos índices de Rasmussen-Hirschman.
Tabela 1: Resultados dos efeitos de encadeamento para trás (backward linkages - BL) e para frente (forward linkages - FL) dos índices de Rasmussen-Hirschman (R-H) – Ano 2010
Fonte: Resultados da pesquisa
* Setores que apresentaram R-H (BL) e R-H (FL) acima de 1 e, por isso, são considerados como setores-chave.
Os setores que apresentaram ambos os índices (backward linkages e forward
linkages) acima de 1 são aqueles considerados como setores-chave da economia
paranaense. Estes setores são: Mineração; Indústria de Minerais não metálicos; Metalurgia;
e, Madeira, Mobiliário e Papel. Deste modo, estes setores são os que tem efeitos
multiplicadores de renda, emprego e produção elevados se comparado à média dos demais
Setores Econômicos R-H (BL) R-H (FL)
Agropecuária 0.9581 1.1787
Mineração* 1.0071 2.1202
Indústria de Minerais Não Metálicos* 1.0057 1.2741
Metalurgia* 1.0370 1.2816
Maquinas e Equipamentos 1.1133 0.7899
Material Elétrico e Eletrônicos 1.0906 0.7868
Material de Transporte 1.2965 0.7206
Madeira, Mobiliário, Papel* 1.0457 1.0639
Refino de petróleo e coque e outros químicos e
farmaceuticos1.1783 1.4773
Têxtil, Vestuário, Calçados 1.0836 0.8564
Produtos Alimentícios 1.2955 0.8947
Indústrias Diversas 1.0547 0.9190
SIUP (inclusive energia elétrica) 0.7039 1.1568
Construção 0.9284 0.6545
Comércio 0.7381 0.9011
Transportes 0.9641 1.0676
Serviços Privados 0.8116 0.8881
18
setores. Por isso, são setores que, se receberem investimentos, tem alta capacidade de
gerar crescimento econômico para o estado.
A Figura 6 mostra como estes setores estão localizados no território estadual. O
setor de mineração já foi mencionado anteriormente.
Figura 6: Perfil Locacional dos setores-chave da economia paranaense segundo os índices de R-H (BL) e R-H (FL) – Ano 2010
Mineração
Indústria de Minerais Não Metálicos
Metalurgia
Madeira, Mobiliário e Papel
Fonte: Resultados da pesquisa
Referente ao setor de Indústria de Minerais não metálicos, dezoito das trinta e nove
microrregiões apresentam-se especializadas neste setor, sendo que este setor não possui
um perfil específico de localização em uma ou outra região do estado.
Para o setor de Metalurgia, apenas onze microrregiões paranaenses apresentaram-
se como especializadas neste setor, estando localizadas principalmente próximas da região
metropolitana de Curitiba, da região Norte e Sudoeste. O último setor apresentado é o de
Madeira, Mobiliário e Papel. Observa-se que este setor está localizado principalmente na
região central do Paraná onde há um percentual maior de mata e floresta do que nas
demais regiões do Estado, como a região Oeste, por exemplo, onde predomina a
agropecuária. Portanto, a localização deste setor, assim como o de Mineração, é fortemente
influenciada pela fonte de matéria-prima.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste artigo foi verificar quais são os setores da economia paranaense
que possuem geração de emprego, renda e produção acima da média estadual e identificar
19
como esses estão localizados no território paranaense. Neste sentido, também averiguar
quais são os setores-chave da economia do Paraná e suas localizações.
Através deste estudo, é possível realizar um planejamento econômico e de políticas
públicas sociais que atuem em áreas menos favorecidas, em que não há setores dinâmicos
que possuem alto grau de geração de emprego, renda e/ou produção; bem como realizar
estudos mais aprofundados de como otimizar os investimentos nos setores-chave da
economia paranaense, de modo que estes gerem externalidades positivas para os demais
setores.
REFERÊNCIAS
ALVES, L. R.; FERRERA DE LIMA, J.; SOUZA, C. C. G. Distribuição Espacial das atividades econômicas entre as mesorregiões do Brasil: 1970 e 2000. In: Anais da VIII ENABER, 2010, Juiz de Fora.
ANEFALOS, L. C. Modelo insumo-produto como instrumento de avaliação econômica da cadeia de suprimentos: O caso da exportação de flores de corte. Tese – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ)/USP, Piracicaba, 2004. BENKO, G. Economia, espaço e globalização na aurora do século XXI. São Paulo: Hucitec, 1999. BETARELLI JUNIOR, A. A.; BASTOS, S. Q. A.; PEROBELLI, F. S. Interdependência e encadeamentos das exportações setoriais e os modais de transporte: Um enfoque de insumo-produto. (Texto para discussão: 380). Belo Horizonte: UFMG/Cedeplar, 2010. CLEMENTE, A. Economia Regional: introdução à economia do espaço geográfico. Curitiba, PR: Scientia Et. Labor, 1987. CLEMENTE, A.; HIGACHI, H. Y. Economia e Desenvolvimento Regional. São Paulo, SP: Atlas, 2000. DELGADO, A. P.; GODINHO, I. M. Medidas de localização das actividades e de especialização regional. In: COSTA, J. S. (Coord.). Compêndio de Economia Regional. Lisboa: APDR, p. 723-742, 2002.
DIEHL, A. A. Pesquisa em ciências sociais aplicadas: métodos e técnicas. São Paulo: Prentice Hall, 2004. FAGUNDES, M. B. B. Elaboração da TRU e construção da matriz insumo-produto Mato Grosso do Sul 2008. Relatório de pesquisa. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2013. GUILHOTO, J. J. M. Leontief e insumo-produto: antecedentes, princípios e evolução. Piracicaba: ESALQ-USP, 2000. GUILHOTO, J. J. M. Análise de insumo-produto: Teoria e fundamentos. Documentos FEA, Universidade de São Paulo, 2004.
20
HADDAD, P.R.; FERREIRA, C.M.C.; BOISIER, S.; ANDRADE, T.A. Economia regional: teorias e métodos de análise. Fortaleza: ETENE-BNB, 1989. IPEA – INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Matriz insumo-produto regional. Plataforma IPEA de pesquisa em Rede, 2012. MARTINS, G. A. Manual para Elaboração de Monografias e Dissertações. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1994. MILLER, R. E.; BLAIR, P. D. Input-Output analysis: foundations and extensions. Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1985. PERROUX, F. Note sur la notion de pôle de croissance. Economie Appliquée, jan./jun., 1955. PYATT, G.; ROE, A.; et.al. Social accounting form development planning: with special reference to Sri Lanka. Cambridge: Cambridge University Press, 1977. RICHARDSON, H. W. Economia regional: teoria da localização, estrutura urbana e crescimento regional. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. SOUZA, N. J. Desenvolvimento Regional. São Paulo: Atlas, 2009. TOYOSHIMA, S. H.; FERREIRA, M. J. Encadeamento do setor de transportes na economia brasileira. Planejamento e Políticas Publicas. IPEA, Brasília, v. 25, p. 139-166, 2002.
ANEXO A
SETORES DA MATRIZ INSUMO-PRODUTO SUBSETORES DO IBGE EXTRAÍDOS DA RAIS*
Agropecuária Agricultura
Mineração Extrativa Mineral
Indústria de Minerais Não Metálicos Prod. Mineral Não Metálico
Metalúrgica Indústria Metalúrgica
Máquinas e Equipamentos Indústria Mecânica
Material Elétrico e Eletrônicos Elétrico e Comunicações
Material de Transporte Material de Transporte
Madeira, Mobiliário, Papel Madeira e Mobiliário; Papel e Gráfica
Refino de Petróleo e coque Outros Químicos e Farmacêuticos
Indústria Química
Têxtil, Vestuário, Calçados Têxtil; Indústria de Calçados
Produtos alimentícios Alimentos e Bebidas
Indústrias Diversas Borracha, Fumo, Couros
Energia Elétrica; Outros Serviços Industriais de Utilidade Pública (SIUP)
Serviços Industriais de Utilidade Pública
Construção Construção Civil
Comércio Comércio Varejista; Comércio Atacadista
Transportes Transportes e comunicações
Serviços Privados Instituições Financeiras; Adm. Técnica Profissional; Aloj. Comunic.; Med., Odontológicos, vet.
Governo e serviços públicos Administração Pública
Fonte: Elaborado pelos autores. * O subsetor de Ensino presente na classificação do IBGE foi ignorado neste trabalho, pois não foi possível sua desagregação em público e privado. Porém, esta ocorrência não parece comprometer a análise.