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DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS SETORES MAIS DINÂMICOS DA ECONOMIA PARANAENSE: UMA ANÁLISE INSUMO-PRODUTO Carlos Alberto Gonçalves Junior 1 Carolina Carvalho Garcia de Souza 2 Rafaela Maria Graciano Carnevale 3 ÁREA TEMÁTICA: 8 - MÉTODOS QUANTITATIVOS PARA A ECONOMIA REGIONAL Resumo: O objetivo deste estudo é verificar o perfil locacional dos setores econômicos que se destacaram na geração de emprego, renda e produção, bem como identificar quais os setores-chave da economia paranaense e como estes também se localizam entre as microrregiões do Paraná. Para isto, foram utilizados os seguintes métodos quantitativos: o Quociente Locacional, o modelo insumo-produto e os índices de Rasmussen-Hirschman. Os resultados encontrados demonstram que, os setores que, quando estimulados, geram a maior quantidade de empregos são: Agropecuária; Construção; Comércio; Indústrias diversas; e Serviços privados. Em relação à geração de renda, os setores são: Governo e Serviços Públicos; Comércio; Serviços privados. E, referente à geração de produção, os setores que mais se destacaram foram: Mineração; Produtos Alimentícios; e Transportes. Foi constatado também que os setores-chave da economia paranaense são: Mineração; Indústria de Minerais não metálicos; Metalurgia; e, Madeira, Mobiliário e Papel. Através desta análise, é possível realizar um planejamento econômico para otimizar os investimentos nestes setores-chave a fim de gerar externalidades positivas para os demais setores da economia. Palavras-chave: economia paranaense; perfil locacional; setores-chave. Abstract: The objective of this study is to verify the locational profile of economic sectors that stood out in the generation of employment, income and production, as well as identify the key sectors of the state economy and how these are also located among the micro- regions of Parana. For this, quantitative methods were used: Location Quotient, the input- output model and the Hirschman-Rasmussen indexes. The results show that the sectors that, when stimulated, generate more jobs are: Agriculture; Construction; Trade; Diverse Industries; and Private Services. In relation the generation of income, the sectors are: Government and Public Services; Trade; Private Services. And, referring to the generation of production, the sectors that stood out were: Mining; Food Products; and Transport. It was also found that the key sectors of the state economy are: Mining; Non-metallic Minerals Industry; Metallurgy; and Wood, Furniture and Paper. Through this analysis, it is possible to realize an economic planning to optimize investments in these key sectors in order to generate positive externalities for other sectors of the economy. Key-words: key sectors; locational profile; Parana state's economy. 1 Universidade Estadual do Oeste do Paraná UNIOESTE/Campus Toledo. E-mail: [email protected] 2 Universidade Estadual do Oeste do Paraná UNIOESTE/Campus Toledo. E-mail: [email protected] 3 Universidade Estadual do Oeste do Paraná UNIOESTE/Campus Toledo. E-mail: [email protected]

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS SETORES MAIS DINÂMICOS DA ... · O crescente interesse em relação aos problemas locacionais e regionais ... problema da localização, uma vez que as

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DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS SETORES MAIS DINÂMICOS DA ECONOMIA PARANAENSE: UMA ANÁLISE INSUMO-PRODUTO

Carlos Alberto Gonçalves Junior1 Carolina Carvalho Garcia de Souza2 Rafaela Maria Graciano Carnevale3

ÁREA TEMÁTICA: 8 - MÉTODOS QUANTITATIVOS PARA A ECONOMIA REGIONAL

Resumo: O objetivo deste estudo é verificar o perfil locacional dos setores econômicos que se destacaram na geração de emprego, renda e produção, bem como identificar quais os setores-chave da economia paranaense e como estes também se localizam entre as microrregiões do Paraná. Para isto, foram utilizados os seguintes métodos quantitativos: o Quociente Locacional, o modelo insumo-produto e os índices de Rasmussen-Hirschman. Os resultados encontrados demonstram que, os setores que, quando estimulados, geram a maior quantidade de empregos são: Agropecuária; Construção; Comércio; Indústrias diversas; e Serviços privados. Em relação à geração de renda, os setores são: Governo e Serviços Públicos; Comércio; Serviços privados. E, referente à geração de produção, os setores que mais se destacaram foram: Mineração; Produtos Alimentícios; e Transportes. Foi constatado também que os setores-chave da economia paranaense são: Mineração; Indústria de Minerais não metálicos; Metalurgia; e, Madeira, Mobiliário e Papel. Através desta análise, é possível realizar um planejamento econômico para otimizar os investimentos nestes setores-chave a fim de gerar externalidades positivas para os demais setores da economia. Palavras-chave: economia paranaense; perfil locacional; setores-chave. Abstract: The objective of this study is to verify the locational profile of economic sectors that stood out in the generation of employment, income and production, as well as identify the key sectors of the state economy and how these are also located among the micro-regions of Parana. For this, quantitative methods were used: Location Quotient, the input-output model and the Hirschman-Rasmussen indexes. The results show that the sectors that, when stimulated, generate more jobs are: Agriculture; Construction; Trade; Diverse Industries; and Private Services. In relation the generation of income, the sectors are: Government and Public Services; Trade; Private Services. And, referring to the generation of production, the sectors that stood out were: Mining; Food Products; and Transport. It was also found that the key sectors of the state economy are: Mining; Non-metallic Minerals Industry; Metallurgy; and Wood, Furniture and Paper. Through this analysis, it is possible to realize an economic planning to optimize investments in these key sectors in order to generate positive externalities for other sectors of the economy. Key-words: key sectors; locational profile; Parana state's economy.

1 Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE/Campus Toledo. E-mail: [email protected]

2 Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE/Campus Toledo. E-mail: [email protected]

3 Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE/Campus Toledo. E-mail: [email protected]

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1. INTRODUÇÃO

Identificar quais setores são importantes economicamente para uma região é uma

tarefa fundamental para o planejamento econômico. E, além disso, é preciso conhecer como

estas atividades se localizam no território em análise.

É conhecido o fato de a teoria econômica tradicional ignorar os aspectos espaciais

em seus estudos. O problema da localização ótima das atividades econômicas e da

população não pareciam relevantes em comparação com as questões relativas ao

crescimento e ao equilíbrio da economia nacional. Somente quando os problemas relativos

ao pleno emprego, ou da grande desigualdade na distribuição da renda, foram relativamente

resolvidos, é que se tornou possível examinar questões da desigualdade interregional e da

possibilidade de aumentar o potencial de produção da economia através da realocação e

utilização de recursos subutilizados em certas regiões (RICHARDSON, 1975).

O crescente interesse em relação aos problemas locacionais e regionais

indiscutivelmente se deve às suas implicações políticas, mas os problemas espaciais são

dignos de estudo por si mesmos. Nesta perspectiva, Benko (1999) afirma que os estudos

sobre a localização das atividades econômicas são de grande importância para aos

planejadores regionais, uma vez que estes, via de regra, são responsáveis pela repartição

equilibrada das atividades no espaço. Além disso, os empresários interessam-se sobre o

problema da localização, uma vez que as opções locacionais têm grande impacto sobre os

custos de produção e na competitividade atual e futura das firmas.

Neste âmbito, este trabalho tem como objetivo mostrar, através de métodos

quantitativos de análise regional e do modelo insumo-produto, como estão distribuídos

espacialmente os setores econômicos mais dinâmicos da economia paranaense, isto é, os

que possuem maior geração de emprego, renda e produção se receberem estímulos em

suas demandas finais. E, além disto, também será possível identificar os setores-chave da

economia do estado.

A partir desta análise, facilita-se o processo de determinação das estratégias

setoriais de demanda final, e de direcionamento das políticas econômicas para os setores

que possam trazer resultados positivos, isto é, propulsionar o crescimento econômico do

Paraná.

Nesse intuito, este artigo possui mais quatro seções, além desta introdução. A

segunda seção apresenta a revisão da literatura utilizada para subsidiar a análise dos

resultados. O terceiro capítulo, por sua vez, traz o detalhamento dos procedimentos

metodológicos utilizados para a obtenção e análise dos resultados. Os resultados e suas

possíveis discussões são apresentadas na quarta seção. E, por último, são feitas algumas

considerações finais sobre o trabalho.

3

2. ECONOMIA REGIONAL: TEORIAS DA LOCALIZAÇÃO INDUSTRIAL

Para sustentar a análise das informações deste trabalho, torna-se pertinente a

explanação de algumas questões teóricas a fim de buscar subsídios para uma melhor

compreensão dos possíveis resultados, isto é, como se localizam os setores econômicos no

território paranaense e quais destes setores tem expressiva importância para o Estado de

acordo com a metodologia utilizada.

A necessidade de se estudar a teoria espacial surge em função de que o

desenvolvimento aparece de forma irregular pela extensão do espaço, já que as atividades

econômicas não estão presentes em todas as partes do território, fazendo com que haja,

pelo menos nos estágios iniciais de desenvolvimento, desigualdades regionais e

descontinuidades espaciais (SOUZA, 2009).

Várias teorias foram elaboradas para tentar explicar a escolha da localização

industrial por parte dos agentes econômicos (empresários). Há um vasto arcabouço teórico

neste sentido que vai desde a decisão da localização industrial até a análise dos impactos

que esta decisão gera (ou pode gerar) para uma determinada região e seu entorno. Porém,

neste trabalho, nosso foco serão as primeiras teorias locacionais, como forma de explicar

apenas a localização das atividades econômicas. As demais análises serão feitas com base

na metodologia apresentada na seção a seguir.

A primeira importante análise econômica espacial foi a de Von Thünen (1783-1850),

também conhecido como “pai das teorias da localização”. Suas ideias eram associadas a

vários fatores: o custo de transporte, o custo de produção, a distância e o lucro. Assim, para

cada produto, haverá uma distância limite, isto é, a partir desta distância a produção deixa

de ser rentável, pois os custos com transportes se tornam caros a ponto de aumentarem o

custo total da produção e, então, minimizar o lucro do produtor. Dessa forma, o produtor

sempre escolherá a produção que irá maximizar o seu lucro. A escolha da localização de

cada tipo de cultura será feita com o intuito da redução dos custos de transporte, que, por

sua vez, são função da distância a ser percorrida (BENKO, 1999).

Von Thünen desenvolve sua teoria através de uma ferramenta que ficou conhecida

como “Anéis de Von Thünen”, considerando um centro de mercado e uma região agrícola

que o circunda. As culturas que ocupam os anéis mais próximos apresentam,

necessariamente, maior lucro bruto de produção por unidade de terra ocupada e, por isso,

podem serem consideradas culturas nobres. Entretanto, o custo de transporte relativamente

alto faz com que a distância represente uma diminuição significativa do rendimento líquido à

medida que áreas mais afastadas são ocupadas. Por outro lado, as culturas que se

localizam nos anéis mais afastados apresentam menor rendimento bruto por unidade de

4

terra; entretanto, competem com base em seu baixo custo de transporte, o que lhes

possibilita atingir o mercado (CLEMENTE e HIGACHI, 2000).

Dessa forma, os baixos custos de produção (principalmente o de transporte), atuam

como um fator de competitividade entre as atividades, determinando, assim, a localização

das mesmas. Em suma, em sua teoria, Thünen procurou explicar o padrão de distribuição

das atividades agrícolas.

Outro autor que marca a história econômica espacial é Alfred Weber (1868-1958),

sendo, por vezes, considerado o fundador do modelo de localização industrial. Este autor

toma como ponto de partida a definição de que as empresas privadas são móveis, ou seja,

podem se localizar em qualquer ponto do espaço. Porém, considerando os custos de

produção, os locais não são todos iguais, existindo um local onde o custo é mínimo. Deste

modo, a escolha da localização da indústria é aquela que opta pelo local ótimo onde o lucro

possa ser maximizado (CLEMENTE, 1987).

Em sua análise, Weber considera um mercado e duas fontes de matérias-primas,

esquematizando, dessa forma, o conhecido triângulo locacional, no qual, o mercado de

consumo se posicionará na localização de menor custo, levando em conta as distâncias e

os respectivos pesos a serem transportados. Segundo Clemente (1987), o peso locacional é

o peso total a ser transportado numa figura locacional por unidade do produto, e o

coeficiente de mão de obra é a proporção do índice de custo de mão de obra em relação ao

peso locacional.

Neste sentido, Weber (citado por Clemente, 1987) conclui que as indústrias com

peso locacional elevado são atraídas para as fontes de matérias-primas, enquanto as com

peso locacional baixo, para os centros de mercado. Também conclui que quanto maior o

coeficiente de mão de obra mais fortemente a indústria será orientada pelo fator trabalho.

Portanto, há duas fontes principais de atração do local de consumo que explicam a

escolha locacional interregional: o custo de transporte e o custo de mão de obra. Mas

também existem outros fatores, como os aglomerativos e desaglomerativos, estes são

responsáveis pela concentração ou dispersão espacial das indústrias, caracterizando a

escolha locacional intrarregional. Clemente e Higachi (2000), explicam que fator

aglomerativo é a redução de custo que uma empresa aufere ao se localizar junto a outras

empresas da mesma indústria. Fator desaglomerativo, ao contrário, representa economia de

custo obtida pelo distanciamento em relação às empresas já estabelecidas. Deste modo,

então, sempre que vantajoso, o empresário irá aproveitar as economias de aglomeração.

O próximo grande passo da economia espacial foi dado por Walter Christaller

(1893-1969) e August Lösch (1906-1945). Walter Christaller, com sua teoria do lugar central,

incluiu as atividades terciárias nas análises locacionais. Para ele, o crescimento de uma

cidade ocorrerá se esta for especializada em vários tipos de serviços urbanos; deste modo,

a demanda por estes serviços determinará o ritmo de crescimento dos lugares centrais.

5

As cidades e vilas crescem porque o desenvolvimento econômico e o aumento da

renda levam a uma expansão mais do que proporcional na demanda de bens e serviços

centrais e, portanto, da renda líquida recebida pelos habitantes das cidades empregadas em

seu fornecimento. O alcance de fornecimento de determinado serviço depende de vários

fatores, mas seu determinante principal é a distância econômica (isto é, a distância

geográfica convertida em custos de frete e outros custos monetários relacionados com o

transporte) (RICHARDSON, 1975).

Richardson (1975) também aponta algumas forças que podem estimular o aumento

do consumo de serviços centrais e o desenvolvimento dos lugares centrais: alta densidade

populacional, elevação do nível de renda; o nível de desenvolvimento cultural; a estrutura

social da região; e o grau de concorrência entre os estabelecimentos que fornecem bens e

serviços centrais.

A hierarquia urbana se constitui como uma rede de interdependência entre os

lugares centrais e o espaço ao seu redor, onde a tendência é a centralização. Para Benko

(1999), a cidade é um lugar central, cujo papel é fornecer bens e serviços ao espaço que a

rodeia. O sistema funda-se numa tripla hierarquia: a hierarquia das populações urbanas, a

hierarquia comercial das cidades e a hierarquia dos bens e dos serviços. Nas cidades

pequenas, os serviços disponíveis são simples (alimentação, vestuário, etc.) e servem uma

população restrita. Nas cidades grandes, encontramos os serviços e bens mais sofisticados

(ensino superior, ópera, comércio de luxo, etc.), com uma vasta zona de influência (BENKO,

1999).

Esses produtos fornecidos pelas cidades grandes são também chamados de

produtos de elevada centralidade, pois, encontram-se apenas em alguns lugares, já aqueles

produtos de menor centralidade são encontrados com mais facilidade, ou seja, em mais

lugares.

Deste modo, em virtude de os produtos de elevada centralidade serem mais difíceis

de encontrar, eles são buscados a longas distâncias, enquanto que os de baixa centralidade

são produtos que se encontram sem se deslocar para longe. Então, faz-se a seguinte

relação: quanto maior for a centralidade do produto, maior será a área de mercado atingida

pelo mesmo. O grau de centralidade do produto (bem ou serviço) é determinado por dois

fatores principais: o custo de acesso ao produto e as economias de escala (CLEMENTE e

HIGACHI, 2000).

Sendo assim, um lugar central, isto é, de maior centralidade, oferece todo o

conjunto de produtos oferecidos pelos lugares de centralidade menor e mais alguns ou

vários produtos que não se encontram disponíveis nesses lugares.

August Lösch, por sua vez, parte do princípio de que a localização da firma será

aquela onde o lucro é máximo, diferentemente dos autores anteriores que se dedicavam a

localização de custo mínimo. Para defender seu ponto de vista, Lösch considera e analisa

6

duas forças locacionais: os custos de produção e a receita das vendas. Outro ponto em que

Lösch se diferencia de seus antecessores é que ele liga a teoria da localização e a do

equilíbrio econômico espacial (RICHARDSON, 1975).

Segundo a teoria do equilíbrio geral de Lösch, o equilíbrio é o resultante líquido de

duas tendências: em primeiro lugar, os produtores pretendem maximizar os lucros

individuais e os consumidores tentam entrar no mercado de preços mais baratos; em

segundo lugar, a luta competitiva entre produtores, quando as firmas de um mesmo ramo

industrial se multiplicam o suficiente para competir espacialmente, no final de contas elimina

os lucros extraordinários. Quando todos os lucros extraordinários desaparecem, o equilíbrio

é atingido, a luta por espaço acaba e as localizações são determinadas (RICHARDSON,

1975).

Lösch também menciona as regiões econômicas que, para ele, são áreas de

mercado, cuja natureza é determinada pelo número de compradores e vendedores de um

mesmo produto e como estes se distribuem nesse espaço. Ele ainda cita duas forças que

são fundamentais para a determinação da natureza das regiões econômicas: o custo de

transporte e as economias de escala. A primeira estabelece o volume total das vendas, e a

segunda ditam o quão baixo pode ser o preço do produto (CLEMENTE, 1987).

Ainda, em sua teoria, Lösch acredita que a aglomeração ocorre em locais que

possuem condições favoráveis, como vias de transporte, fontes de matérias-primas

industriais e/ou proximidade ao consumidor. Portanto, essas condições, aliadas aos riscos

advindos da falta de informações sobre outras localidades fortalecem a localização da

população e das atividades econômicas nos centros urbanos já existentes, causando

intensa concentração nos mesmos. Além disso, a tendência é ocorrer uma migração de

trabalhadores das regiões menos favorecidas, onde o poder de compra é diminuído, para as

regiões onde o poder de compra é maior (CLEMENTE, 1987).

Ainda segundo Clemente (1987), Lösch observa que a localização da indústria de

bens de consumo é certamente orientada para o próprio mercado consumidor. Enquanto as

demais indústrias (tradicional, pesada ou básica), caso não estejam fortemente ligadas às

fontes de matérias-primas, tendem a acompanhá-la.

A seção a seguir apresenta os procedimentos metodológicos utilizados neste

trabalho.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esse estudo baseia-se, quase que exclusivamente, em uma abordagem quantitativa.

Segundo Diehl (2004), a pesquisa quantitativa caracteriza-se pelo uso da quantificação,

tanto na coleta quanto no tratamento das informações, utilizando-se técnicas estatísticas,

7

objetivando resultados que evitem possíveis distorções de análise e interpretação,

possibilitando uma maior margem de segurança.

3.1 MÉTODOS QUANTITATIVOS

3.1.1 Método de Análise Regional: Quociente Locacional

O Quociente Locacional (QL) é uma medida de natureza descritiva, que permite

caracterizar as várias atividades e as diferentes regiões em análise, do ponto de vista do

seu nível de especialização/diversificação das suas estruturas produtivas num determinado

período (DELGADO e GODINHO, 2002). O cálculo do QL é expresso na equação (01):

QL = (Eij / ∑i Eij ) / (∑j Eij / ∑i∑j Eij ) (01)

Em que:

Eij = Número de empregados formais do setor i na microrregião j;

∑i Eij = Número de empregados formais do setor i do Paraná;

∑j Eij = Número de empregados formais total da microrregião j;

∑i∑j Eij = Número de empregados formais total do Paraná.

Nesse caso, o QL compara a participação percentual do número de empregados de

uma microrregião j com a participação percentual do Estado do Paraná. A importância da

microrregião j no contexto regional é demonstrada quando o QL assume valores acima de 1.

Nesse caso (quando o QL for maior ou igual a 1), indica que o setor é especializado na

microrregião. O contrário ocorre quando o QL for menor que 1 (ALVES, FERRERA DE LIMA

e SOUZA, 2010).

Para o cálculo do QL, utilizou-se a variável número de empregados formais

disponível na Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, do Ministério do Trabalho e

Emprego – MTE, distribuídos entre os vinte e cinco subsetores econômicos do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Estes 25 subsetores foram agrupados em 18

setores4 de acordo com os setores da matriz insumo-produto utilizada5.

A partir da análise do QL, poder-se-á visualizar o perfil locacional dos setores

econômicos entre as microrregiões paranaenses no ano de 2010, demonstrando como

estão localizados os setores econômicos que se destacaram na geração de emprego, renda

e produção segundo o modelo insumo-produto.

3.1.2 Modelo Insumo-Produto

Uma economia funciona, em grande parte, para equacionar a demanda e a oferta

dentro de uma vasta rede de atividades. Wassily Leontief conseguiu demonstrar, pela

construção de uma “fotografia econômica” da própria economia, como os setores estão

relacionados entre si, ou seja, quais setores suprem os outros de produtos e serviços e

4 Essa denominação “setores” é utilizada como forma de padronização com a denominação da metodologia da matriz. Mas,

não se trata dos grandes setores da economia (primário, secundário e terciário) e sim, das atividades econômicas (subsetores). 5 Para visualizar essa agregação, veja anexo A.

8

quais setores compram dos demais; resultando assim numa compreensão de como a

economia funciona, isto é, como cada setor se torna mais ou menos dependente dos outros

(GUILHOTO, 2004).

Esse sistema de interdependência das atividades produtivas no que concerne aos

insumos e produtos utilizados e decorrentes do processo de produção é formalmente

representado em uma tabela conhecida como Matriz Insumo-Produto, que pode ser definido

como um modelo de planejamento econômico, desenvolvido para estudar o fluxo de bens e

serviços entre os vários setores da economia. O modelo também permite obter o valor da

produção em cada uma das atividades econômicas a partir de uma determinada demanda

final, mostrando assim, as relações entre os setores da economia (PYATT e ROE, 1977;

GUILHOTO, 2004; IPEA, 2012; FAGUNDES, 2013).

A Figura 1 a seguir mostra as relações fundamentais de uma matriz insumo-

produto. As linhas registram as vendas (crédito) para cada setor, mostram o fornecimento

aos setores intermediários e à demanda final. As colunas representam as despesas (débito)

para cada setor, mostram os pagamentos aos setores pelos bens intermediários, aos fatores

de produção, impostos e demais itens de despesa (GUILHOTO, 2000).

Figura 1: Relações fundamentais da matriz insumo-produto

Fonte: GUILHOTO (2000).

Conforme a Figura 1, cada linha da matriz Z indica o fluxo intersetorial, ou seja, o

consumo intermediário de bens e serviços de cada setor. A matriz Y registra o consumo

final, dividido em consumo das famílias, consumo do governo, exportações, formação bruta

de capital fixo e variação de estoques. As linhas abaixo das matrizes Z e Y registram as

despesas com importações, impostos indiretos líquidos e valor adicionado (remuneração

aos serviços dos fatores de produção). Os totais das colunas e das linhas da matriz (X e XT)

registram a produção total de cada setor. Estes valores devem ser iguais, indicando o

equilíbrio da economia, onde as despesas de cada setor são iguais às suas respectivas

receitas (GUILHOTO, 2000).

9

Segundo Miller e Blair (1985), as relações fundamentais dos n setores da economia

se fundamentam na matriz insumo-produto através da seguinte equação (02):

𝑍𝑖𝑗𝑛𝑗−1 + Ci + Gi + Ii + Ei = Xi (02)

Onde:

Zij = produção do setor i utilizada como insumo intermediário pelo setor j;

Ci = produção do setor i comprada pelas famílias;

Gi = produção do setor i comprada pelo Governo;

Ii = produção do setor i destinada ao investimento;

Ei = produção do setor i destinada à exportação;

Xi = produção doméstica total do setor i (demanda final e insumos intermediários);

Ci + Gi + Ii = demanda final doméstica.

De acordo com Anefalos (2004), a demanda final da produção do setor i, Yi, é

obtida pela soma das produções do setor i que são compradas pelas famílias e pelo

governo, e que são destinadas ao investimento e à exportação, conforme mostra a equação

(03):

Yi = Ci + Gi + Ii + Ei (03)

De acordo com Haddad et al. (1989), os principais pressupostos da metodologia de

insumo-produto são os seguintes: (i) equilíbrio econômico a um dado nível de preços; (ii)

inexistência de ilusão monetária por parte dos agentes econômicos; (iii) retornos constantes

à escala; (iv) preços constantes. Além desses pressupostos, o modelo impõe que cada setor

produza somente um produto, e que cada produto seja produzido somente por um setor.

No sistema de Leontief consideram-se os retornos constantes à escala, ou seja, as

funções de produção são lineares e homogêneos e o conjunto dos coeficientes técnicos

diretos aij (aij = zij /Xj) que forma a matriz A (de dimensão n x n) é fixo. Esse coeficiente aij

expressa a quantidade de insumo do setor i necessária para a produção de uma unidade do

produto total do setor j, em que Xj é a produção total do setor j (ANEFALOS, 2004).

Essa representação matricial de Leontief é expressa pela equação (04):

AX + Y = X (04)

Sendo:

X e Y = os vetores coluna de ordem (n x 1)

Ainda segundo Anefalos (2004), considerando que as variações na demanda final

são obtidas exogenamente, a produção total necessária para satisfazer a demanda final (Y)

pode ser expressa pela equação (05) a seguir:

X = (I – A)-1Y (05)

Onde:

(I – A)-1 = matriz inversa de Leontief (matriz de coeficientes técnicos de insumos

diretos e indiretos).

10

Para Haddad et al. (1989), cada elemento da matriz inversa de Leontief representa

a quantidade necessária de insumos diretos e indiretos do setor i por unidade monetária de

demanda final à produção do setor j. Pela referida matriz, é possível definir o multiplicador

de produção para cada setor como sendo a soma de suas colunas.

A partir disso, este trabalho identificou, entre os 18 setores econômicos trabalhados

segundo a agregação do Núcleo de Economia Regional e Urbana Universidade de São

Paulo - NEREUS, quais setores econômicos apresentam geração de emprego, renda e

produção acima da média gerada pelo Estado do Paraná.

3.1.3 Índices de Rasmussen-Hirschman

Os índices de poder de dispersão e de sensibilidade à dispersão, desenvolvidos por

Rasmussen e divulgados por Hirschman, descrevem os efeitos de encadeamento para trás,

quando um determinado setor compra insumos dos demais; e os efeitos de encadeamento

para frente, quando o setor vende sua produção como insumo para o restante da economia

(TOYOSHIMA e FERRERA, 2002).

Para os cálculos dos índices de ligação para trás (poder de dispersão) e para frente

(sensibilidade de dispersão), utilizam-se os coeficientes (𝑏 *ij) da matriz inversa de Leontief

[𝐵 * = (𝐼 * - 𝐴 *)-1]. Com isso, tem-se as seguintes equações:

Uj = (B*j/n) / B* e Ui = (Bi*/n) / B* (06)

Em que:

B* = 𝑏𝑛𝑗=1

𝑛𝑖=1 ij / n

2 representa a média de todos os coeficientes da matriz inversa

de Leontief (𝐵 *);

B*j = 𝑏 𝑛𝑖−1

*ij refere-se ao total dos coeficientes pela ótica de compra;

Bi* = 𝑏 𝑛𝑗−1

*ij corresponde ao total dos coeficientes pela ótica de venda.

Quando o índice de ligação para trás (Uj) for superior a uma unidade, isto indica

que, quando há uma variação na demanda final do setor j, o mesmo gera uma compra de

insumos acima da média na economia, revelando fortes encadeamentos para trás no

sistema produtivo. Para este caso, será atribuída ao setor j a letra “B” (backward). Se o

índice de ligação para frente (Ui) > 1, significa que, diante de uma variação na demanda final

de todas as atividades econômicas, a produção do setor i aumenta acima da média na

economia. Tal fato aponta que o setor i tem uma dependência acima da média da produção

de outros setores, uma vez que se destaca como forte fornecedor de insumo

(encadeamentos para frente) dentre os demais. Nesses termos, para o setor i será

empregada a letra “F” (forward) (BETARELLI JUNIOR et al., 2010).

Deste modo, se um determinado setor apresentar as letras “B” e “F”, ou seja, se os

valores de Uj e Ui de um setor forem maiores que 1, isto significa que o mesmo é

considerado como “setor-chave”, pois provoca um efeito de encadeamento de compra e

11

venda acima da média na economia. O setor-chave é aquele que apresenta maior poder de

encadeamento para frente e, ou, para trás, de modo que o aumento do investimento nesse

setor tem efeitos multiplicadores sobre a renda, emprego e produção maiores que a média

das atividades produtivas (PERROUX, 1955).

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este capítulo apresenta os resultados encontrados e algumas possíveis discussões.

4.1 GERAÇÃO DE EMPREGO

Em relação à geração de emprego, os setores que quando estimulados geram

maior número de empregos (postos de trabalhos) são: Agropecuária; Construção; Comércio;

Indústrias diversas; Serviços privados; Têxtil, Vestuário e Calçados; Produtos Alimentícios; e

Governo e Serviços Públicos. Estes setores são os que apresentam geração de emprego

acima da média do Paraná (28,9), conforme pode ser visualizado no Gráfico 1.

Gráfico 1: Emprego gerado por setores econômicos da economia paranaense

Fonte: Resultados da pesquisa

Isto quer dizer que, para um aumento de um milhão de reais na demanda final de

determinado setor, estes setores citados são os que gerarão maior número de postos de

trabalho se comparados a média estadual. Por exemplo, no caso do setor da Agropecuária,

para cada milhão de reais que aumentar na demanda final deste setor, serão gerados 76

empregos dentro do estado do Paraná e 10 empregos no restante do Brasil, isto é, fora do

estado paranaense.

As Figuras 2 e 3 mostram o perfil locacional dos setores que se destacaram na

geração de emprego se comparado à média do estado do Paraná.

Segundo a Figura 2, a maioria das microrregiões paranaenses apresentou

significativa importância na concentração de mão de obra do setor agropecuário se

76,30

39,1437,09

39,28

55,44

45,00

39,2735,87

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Agro

pecu

ária

Min

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Ind

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Govern

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s

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O G

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AD

O

SETORES

12

comparado à base produtiva total, sendo assim, considera-se que essas mesorregiões são

especializadas neste setor. Mesmo com a modernização e tecnificação agrícola, trinta e

duas das trinta e nove microrregiões do Estado são ainda dependentes do setor primário em

termos de mão de obra. Com exceção apenas das microrregiões de Apucarana, Capanema,

Curitiba, Foz do Iguaçu, Londrina, Maringá e Paranaguá.

Figura 2: Perfil Locacional dos setores econômicos com geração de emprego acima da média gerada pelo Estado do Paraná – Ano 2010

Agropecuária

Têxtil, Vestuário, Calçados

Produtos Alimentícios

Indústrias Diversas

Fonte: Resultados da pesquisa

Os segundo e terceiro setores apresentados nesta figura são o Têxtil, Vestuário e

Calçados e o de Produtos Alimentícios. Como pode ser visualizado, as microrregiões

especializadas nestes setores são as que se localizam principalmente no Oeste e Norte do

Estado. E, por último, o setor de Indústrias Diversas não tem um perfil locacional específico,

sendo que as microrregiões especializadas neste setor no ano de 2010 são doze, entre elas

estão as microrregiões de Curitiba, Londrina, Maringá, Paranavaí, Ponta Grossa e Toledo.A

Figura 3 apresenta a distribuição espacial dos setores de Construção, Comércio, Serviços

Privados e Governo e Serviços Públicos.

Referente à construção, percebe-se que, apesar deste setor ter se destacado na

geração de emprego, apenas dez microrregiões apresentaram especialização neste setor.

Já o setor de comércio, tem um perfil locacional diferenciado, uma vez que grande parte das

microrregiões apresenta especialização neste setor, enquanto que as demais microrregiões

apresentam uma especialização intermediária, ou seja, nenhuma microrregião apresentou-

se como não especializada no setor de comércio.

13

O setor de Serviços Privados possui um perfil locacional bem seleto. Observa-se

que apenas cinco microrregiões tem especialização neste setor no ano de 2010, sendo elas:

Cornélio Procópio, Curitiba, Foz do Iguaçu, Londrina e Paranaguá. Fazendo uma ligação

aqui com as teorias da localização industrial explanadas anteriormente, pode-se inferir que

estas microrregiões são como os “lugares centrais” da teoria de Christaller, ou seja, elas

ofertam serviços que provavelmente as outras microrregiões não ofertam, tornando-se

assim atrativas perante às demais.

Figura 3: Perfil Locacional dos setores econômicos com geração de emprego acima da média gerada pelo Estado do Paraná – Ano 2010

Construção

Comércio

Serviços Privados

Governo e Serviços Públicos

Fonte: Resultados da pesquisa

O último setor apresentado nesta Figura é o de Governo e Serviços Públicos.

Percebe-se que para este setor, assim como para o Comércio, nenhuma microrregião se

apresentou como não especializada. Neste caso, as especializações estão localizadas

principalmente no centro do Estado. Uma explicação para isto pode ser o fato de que estas

microrregiões centrais são as menos dinâmicas e menos favorecidas do estado e, por isso,

necessitam de uma maior atuação das políticas sociais do governo. Outra explicação pode

derivar do fato de que, também por serem regiões menos dinâmicas, estas não possuam

diversas especializações em outros setores e, portanto, a gestão pública destas

microrregiões emprega grande parte da mão de obra, fazendo com que estas se tornem

especializadas neste setor.

4.2 GERAÇÃO DE RENDA

14

Referente à geração de renda, o Gráfico 2 mostra os impactos que as mudanças

ocorridas na demanda final teria sobre a renda do Paraná dividido entre os setores

econômicos.

Gráfico 2: Renda gerada por setores econômicos da economia paranaense

Fonte: Resultados da pesquisa

Desta forma, os setores que mais geram renda dentro do estado caso haja

aumentos em sua demanda final são: Governo e Serviços públicos; Comércio; Serviços

privados; Transportes; e, Máquinas e Equipamentos. Estes setores são os que geram renda

acima da média estadual (258,2).

O setor de Governo e Serviços Públicos apresenta-se em destaque quando se

comparado aos demais. Caso haja um aumento de um milhão de reais na demanda final

deste setor, serão gerados mais de 653 mil reais de renda para a economia paranaense.

Percebe-se também, através do Gráfico 2, que os setores que mais geram renda

são pertencentes ao setor terciário, isto é, são setores de serviços. Isso ressalta o quanto

este setor é importante na geração de renda para o Paraná.

A Figura 4 mostra o perfil locacional dos setores econômicos que apresentaram

geração de renda acima da média estadual, com exceção do setor de Máquinas e

equipamentos que apresentou um valor muito próximo à média.

A distribuição espacial do Comércio, Serviços privados e Governo e Serviços

públicos já foi vista na Figura 3, pois estes setores também se destacaram na geração de

emprego. Sendo assim, no que se refere à Figura 4, é possível visualizar como estão

localizadas as microrregiões especializadas no setor de Transportes.

Observa-se que poucas microrregiões possuem especialização nesta atividade.

Apenas oito microrregiões do Paraná, sendo elas: Cascavel, Curitiba, Foz do Iguaçu,

Londrina, Maringá, Paranaguá, Ponta Grossa e Telêmaco Borba. Assim como o setor de

Serviços Privados, a especialização neste setor é uma característica de uma minoria das

microrregiões.

260.563,48

401.875,96

282.914,99

338.521,70

653.255,83

-

100.000,00

200.000,00

300.000,00

400.000,00

500.000,00

600.000,00

700.000,00

Agro

pecu

ária

Min

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A

SETORES

15

Figura 4: Perfil Locacional dos setores econômicos com geração de renda acima da média gerada pelo Estado do Paraná – Ano 2010

Comércio

Transportes

Serviços Privados

Governo e Serviços Públicos

Fonte: Resultados da pesquisa

Estas microrregiões que são especializadas nestas duas atividades (Transportes e

Serviços Privados) são microrregiões que possuem grande importância econômica para o

estado paranaense.

4.3 GERAÇÃO DE PRODUÇÃO

No que se refere à geração de produção, o Gráfico 3 apresenta quais os setores

que se apresentaram em destaque se comparado a média estadual.

Como pode constatar-se, os setores que mais de destacaram foram o de Mineração

e Produtos Alimentícios, seguidos do setor de Transportes; de Material Elétrico e Eletrônicos

e de Indústria de Minerais Não Metálicos.

Os demais setores de Madeira, Mobiliário e Papel; Refino de petróleo e coque e

outros químicos e farmacêuticos; Têxtil, Vestuário e Caçados; e Construção também

apresentaram geração de produção acima da média estadual (1,44), porém valores muito

próximos a esta.

O setor de Produtos Alimentícios apresentou o maior valor de 1,8, isto quer dizer

que se a demanda final deste setor aumentar em um real, isso terá um impacto de quase

dois reais na produção da economia paranaense.

16

Gráfico 3: Produção gerada por setores econômicos da economia paranaense

Fonte: Resultados da pesquisa

Neste sentido, a Figura 5 mostra como estão localizadas as microrregiões

especializadas nestes setores que se destacaram na geração de produção dentro da

economia paranaense.

Figura 5: Perfil Locacional dos setores econômicos com geração de produção acima da média gerada pelo Estado do Paraná – Ano 2010

Mineração

Material Elétrico e Eletrônicos

Produtos Alimentícios

Transportes

Fonte: Resultados da pesquisa

O primeiro setor apresentado na Figura é o setor de Mineração. Percebe-se que ele

está localizado especialmente nas microrregiões próximas da região Metropolitana de

Curitiba. Com exceção apenas na microrregião de Floraí que não se localiza neste eixo.

1,65

1,49 1,49 1,45 1,46 1,44

1,80

1,461,51

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

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ÃO

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DA

SETORES

17

Uma característica deste setor, relacionada com as teorias trabalhadas, é que ele tem

tendência de se localizar junto à fonte de matéria-prima.

As microrregiões especializadas no setor de Material Elétrico e Eletrônicos são

poucas no estado: Apucarana, Cornélio Procópio, Curitiba, Irati, Jacarezinho, Londrina,

Maringá e Pato Branco. Algumas destas microrregiões são as mesmas que são as únicas

especializadas nos setores de Transportes e Serviços privados, indicando que estes setores

oferecem produtos e serviços que possuem alta centralidade segundo a ideia de Christaller.

Os demais setores desta Figura 5 já foram comentados anteriormente.

4.4 SETORES-CHAVE DA ECONOMIA PARANAENSE

Setores-chave são aqueles que apresentam um significativo efeito de

encadeamento para trás e para frente. Como visto, as ligações para trás indicam o quanto

este setor demanda insumo dos demais setores e, as ligações para frente sugerem o quanto

este setor tem seus insumos demandados pelos outros setores da economia.

A Tabela 1 apresenta os resultados dos índices de Rasmussen-Hirschman.

Tabela 1: Resultados dos efeitos de encadeamento para trás (backward linkages - BL) e para frente (forward linkages - FL) dos índices de Rasmussen-Hirschman (R-H) – Ano 2010

Fonte: Resultados da pesquisa

* Setores que apresentaram R-H (BL) e R-H (FL) acima de 1 e, por isso, são considerados como setores-chave.

Os setores que apresentaram ambos os índices (backward linkages e forward

linkages) acima de 1 são aqueles considerados como setores-chave da economia

paranaense. Estes setores são: Mineração; Indústria de Minerais não metálicos; Metalurgia;

e, Madeira, Mobiliário e Papel. Deste modo, estes setores são os que tem efeitos

multiplicadores de renda, emprego e produção elevados se comparado à média dos demais

Setores Econômicos R-H (BL) R-H (FL)

Agropecuária 0.9581 1.1787

Mineração* 1.0071 2.1202

Indústria de Minerais Não Metálicos* 1.0057 1.2741

Metalurgia* 1.0370 1.2816

Maquinas e Equipamentos 1.1133 0.7899

Material Elétrico e Eletrônicos 1.0906 0.7868

Material de Transporte 1.2965 0.7206

Madeira, Mobiliário, Papel* 1.0457 1.0639

Refino de petróleo e coque e outros químicos e

farmaceuticos1.1783 1.4773

Têxtil, Vestuário, Calçados 1.0836 0.8564

Produtos Alimentícios 1.2955 0.8947

Indústrias Diversas 1.0547 0.9190

SIUP (inclusive energia elétrica) 0.7039 1.1568

Construção 0.9284 0.6545

Comércio 0.7381 0.9011

Transportes 0.9641 1.0676

Serviços Privados 0.8116 0.8881

18

setores. Por isso, são setores que, se receberem investimentos, tem alta capacidade de

gerar crescimento econômico para o estado.

A Figura 6 mostra como estes setores estão localizados no território estadual. O

setor de mineração já foi mencionado anteriormente.

Figura 6: Perfil Locacional dos setores-chave da economia paranaense segundo os índices de R-H (BL) e R-H (FL) – Ano 2010

Mineração

Indústria de Minerais Não Metálicos

Metalurgia

Madeira, Mobiliário e Papel

Fonte: Resultados da pesquisa

Referente ao setor de Indústria de Minerais não metálicos, dezoito das trinta e nove

microrregiões apresentam-se especializadas neste setor, sendo que este setor não possui

um perfil específico de localização em uma ou outra região do estado.

Para o setor de Metalurgia, apenas onze microrregiões paranaenses apresentaram-

se como especializadas neste setor, estando localizadas principalmente próximas da região

metropolitana de Curitiba, da região Norte e Sudoeste. O último setor apresentado é o de

Madeira, Mobiliário e Papel. Observa-se que este setor está localizado principalmente na

região central do Paraná onde há um percentual maior de mata e floresta do que nas

demais regiões do Estado, como a região Oeste, por exemplo, onde predomina a

agropecuária. Portanto, a localização deste setor, assim como o de Mineração, é fortemente

influenciada pela fonte de matéria-prima.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste artigo foi verificar quais são os setores da economia paranaense

que possuem geração de emprego, renda e produção acima da média estadual e identificar

19

como esses estão localizados no território paranaense. Neste sentido, também averiguar

quais são os setores-chave da economia do Paraná e suas localizações.

Através deste estudo, é possível realizar um planejamento econômico e de políticas

públicas sociais que atuem em áreas menos favorecidas, em que não há setores dinâmicos

que possuem alto grau de geração de emprego, renda e/ou produção; bem como realizar

estudos mais aprofundados de como otimizar os investimentos nos setores-chave da

economia paranaense, de modo que estes gerem externalidades positivas para os demais

setores.

REFERÊNCIAS

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DIEHL, A. A. Pesquisa em ciências sociais aplicadas: métodos e técnicas. São Paulo: Prentice Hall, 2004. FAGUNDES, M. B. B. Elaboração da TRU e construção da matriz insumo-produto Mato Grosso do Sul 2008. Relatório de pesquisa. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2013. GUILHOTO, J. J. M. Leontief e insumo-produto: antecedentes, princípios e evolução. Piracicaba: ESALQ-USP, 2000. GUILHOTO, J. J. M. Análise de insumo-produto: Teoria e fundamentos. Documentos FEA, Universidade de São Paulo, 2004.

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ANEXO A

SETORES DA MATRIZ INSUMO-PRODUTO SUBSETORES DO IBGE EXTRAÍDOS DA RAIS*

Agropecuária Agricultura

Mineração Extrativa Mineral

Indústria de Minerais Não Metálicos Prod. Mineral Não Metálico

Metalúrgica Indústria Metalúrgica

Máquinas e Equipamentos Indústria Mecânica

Material Elétrico e Eletrônicos Elétrico e Comunicações

Material de Transporte Material de Transporte

Madeira, Mobiliário, Papel Madeira e Mobiliário; Papel e Gráfica

Refino de Petróleo e coque Outros Químicos e Farmacêuticos

Indústria Química

Têxtil, Vestuário, Calçados Têxtil; Indústria de Calçados

Produtos alimentícios Alimentos e Bebidas

Indústrias Diversas Borracha, Fumo, Couros

Energia Elétrica; Outros Serviços Industriais de Utilidade Pública (SIUP)

Serviços Industriais de Utilidade Pública

Construção Construção Civil

Comércio Comércio Varejista; Comércio Atacadista

Transportes Transportes e comunicações

Serviços Privados Instituições Financeiras; Adm. Técnica Profissional; Aloj. Comunic.; Med., Odontológicos, vet.

Governo e serviços públicos Administração Pública

Fonte: Elaborado pelos autores. * O subsetor de Ensino presente na classificação do IBGE foi ignorado neste trabalho, pois não foi possível sua desagregação em público e privado. Porém, esta ocorrência não parece comprometer a análise.