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Distribuição Gratuita abcdefghijklmnopqrstuvwxyyz Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 8 - nº 70 - Agosto/2007 Veja nesta edição: Lei de Ação e Reação - Resgates Coletivos Pinga Fogo com Chico Xavier Doença em Família Igualdade Natural Paulo de Tarso Última parte Última parte

Distribuição Gratuita Paulo de Tarso · comprar livros espíritas e ler o Seareiro ... voltara aos antigos árabes tribais, porque, ao deixar Damasco, Saulo sabia das brigas políticas

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Distribuição Gratuita

abcdefghijklmnopqrstuvwxyyz

Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 8 - nº 70 - Agosto/2007

Veja nesta edição:Lei de Ação e Reação - Resgates Coletivos

Pinga Fogo com Chico XavierDoença em Família Igualdade Natural

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EditorialSeareiro

SeareiroSeareiro2

editorial

Publicação MensalDoutrinária-espírita

Direção e Redação

Endereço para correspondência

Conselho Editorial

Jornalista Responsável

Diagramação e Arte

Impressão

Tiragem

Ano VIII - nº 70 - Agosto/2007Órgão divulgador do Núcleo de

Estudos Espíritas Amor e EsperançaCNPJ: 03.880.975/0001-40

CCM: 39.737

Seareiro é uma publicação mensal,destinada a expandir a divulgação dadout r ina espí r i ta e manter ointercâmbio entre os interessados emâmbito mundial. Ninguém estáautorizado a arrecadar materiais emnosso nome a qualquer título.Conceitos emitidos nos artigosassinados refletem a opinião de seurespectivo autor. Todas as matériaspodem ser reproduzidas desde quecitada a fonte.

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Ana Daguimar de Paula AmadoFátima Maria Gambaroni

Geni Maria da SilvaJosé Roberto Amado

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Roberto de Menezes PatrícioRosangela Neves de Araújo

Rosane de Sá AmadoRuth Correia Souza Soares

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12.000 exemplaresDistribuição Gratuita

“O Criador concede às criaturas, no espaço e no tempo, as experiências quedesejem, para que se ajustem, por fim, às leis de bondade e equilíbrio que Omanifestam.” Emmanuel

Vimos pela televisão, estarrecidos, o acontecimento do acidente aéreo. Todas asimagens nos faziam sentir uma grande tristeza pelo sofrimento causado.

Nós devemos aproveitar este momento para estudar a situação à luz da DoutrinaEspírita, que nos ensina que não existe um Deus punitivo ou vingativo, mas sim, umDeus justo e misericordioso.

Procuremos nas obras de Kardec a explicação e encontraremos, por exemplo, ocapítulo V, item 6, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, onde seremos instruídosde que, se os sofrimentos não encontram causa nesta vida, ela estará nas vidasanteriores.

Combinado com este ensinamento, lembremo-nos da lei de Ação e Reação, ouseja, nossas ações passadas terão uma reação no presente e, ainda, as váriaspáginas explicativas sobre os desencarnes e resgates coletivos e mais, as perguntas851 e seguintes de O Livro dos Espíritos que versam sobre o tema Fatalidade.

É importante que saibamos encontrar explicações para podermos consolaraqueles que sofrem, acendendo em seus corações o lenitivo da fé, mas uma féraciocinada e fundamentada na crença em um Deus que, acima de tudo éMisericordioso.

Não deixemos também de orar por aqueles que desencarnaram e pelos familiares.Lembremos a mensagem deAmor deixada por Jesus:“Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.”

Equipe Seareiro

Grandes PioneirosLivro em FocoCantinho do Verso em ProsaClube do LivroKardec em EstudoCanalAbertoFamília:Atualidade

Contos:

: Paulo de Tarso - Última Parte - Pág. 3: Pinga Fogo com Chico Xavier - Pág. 14

: O Divino Encontro - Pág. 15: VingançaAlém do Túmulo - Pág. 15

: Igualdade Natural - Pág. 16: O Espiritismo - Pág. 16

Doença em Família - Pág. 17: Lei deAção e Reação - Resgates Coletivos - Pág. 18;Ajustes - Pág. 18

AMentira - Pág. 19

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Clube do Livro Espírita “Joaquim Alves (Jô)”

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Saulo entrava em Damasco tendo seu rosto iluminadopela alegria de agora ser um servidor de Jesus!

Trazia o coração acelerado pela saudade e ansiedadeem rever principalmente o velho Ananias que lembrava amesma sabedoria com relação ao Cristo de seu antigomestre Gamaliel.

Sua chegada foi de grande júbilo, não só por parte deAnanias como também por parte de todos os componentesdo núcleo do Caminho sob a direção deAnanias.

Todos acompanhavam atentos as narrações de Saulo nodeserto. Ananias mentalmente emocionado sentia atransformação daquele que fora o mais ferrenhoperseguidor dos cristãos. Aquela criatura fria, autoritária,não mais existia, até seu semblante em nada lembrava-oporque o deserto lhe dera não só a experiência de umsimples tecelão como marcara sua fisionomia igual a deoutros beduínos acostumados às duras lutas de cada dia.Saulo agradecia a hospitalidade que os adeptos doCaminho lhe ofereciam, pois era de suma importância queele fizesse parte da comunidade cristã de Damasco. Aliencontrou uma profunda mudança. Voltara Damasco àjurisdição de Aretas, rei dos beduínos nabateus, quer dizer,voltara aos antigos árabes tribais, porque, ao deixarDamasco, Saulo sabia das brigas políticas exercidas pelaslibertinagens durante o império de Calígula. Esse eraindiferente ao governo e os reis indígenas do Orienteexerciam poder idêntico, trazendo confusões ao meiopolítico e religioso. Os judeus aproveitaram esse períodopara impor suas regras religiosas com severidade.

Saulo tomou conhecimento de que a campanha exercidapelos judeus contra os cristãos estava mais acirrada,principalmente no que se referia aos problemas levantadospelos cristãos a respeito da circuncisão. Os judeus e osmais tolerantes não se colocavam contra os cristãos quenão se opusessem à Lei de Moisés.

Ananias colocou Saulo a observar assutilezas que envolviam os menosavisados ou aqueles que, por interessespessoais e não doutrinários, faziamacontecer a confusão no meio cristão.

Saulo refletiu o tamanho da tarefa quelhe caberia desenvolver. Esses conflitosretardariam o progresso da “Boa Nova”entre os povos. Durante a sua ausência,diziaAnanias, a perseguição aos cristãospiorara. Os fariseus aproveitavam muitodesse caos para cometerem atoscriminosos em nome da caridade.

Junto a Ananias, Saulo formulou planode ação para restabelecer a Verdade doCristo. Era preciso esclarecer o que era acircuncisão e o que era o novo caminhoda fé ensinada por Jesus.

Ananias estimulou-o a seguir suaintuição, apenas tinha receio do que

pudesse acontecer a Saulo caso viessem a reconhecê-lo.Saulo acalmou-o e, no primeiro sábado após esse encontrocom a realidade cristã em Damasco, apresenta-se àSinagoga como israelita comum.

Ouve a leitura e explanação do texto do Torá feito por umdos sacerdotes. Após isso, aproxima-se da tribuna, já queera de costume ser dada a palavra aos adeptos dojudaísmo. Saulo exalta a Lei de Moisés. Sua presença e ofalar firme cativam a platéia enquanto ressalta aspromessas de Isaías. E com sábia cautela, passa acomentar os estudos dos profetas. Todos estão ansiosospor saber quem era aquela criatura que tão bem conheciaas Sagradas Escrituras! Sentem um estranho envolvimentoe, se pudessem observar com os olhos espirituais, veriamintensa luz aureolando a cabeça de Saulo. Estevão ali estáa acompanhá-lo. E é nesse exato momento que o ex-rabinocomeça a falar sobre a vinda do Messias, Jesus de Nazaré.Divulga seus ensinamentos tão preciosos eesclarecedores, principalmente com respeito à circuncisão.Quando o ex-doutor da Lei volta a comentar o problema dacircuncisão, uma gritaria passa a tomar conta daassembléia:

— É ele... o traidor da Lei Mosaica... ele está devolta!...Vamos, prendam-no!... Vamos jogar pedras aobandido adepto do Caminho...

Todos se alarmam... debaixo do intenso vozerio que seestabelece, os rabinos mais atentos reconhecem o traidor.

Saulo relembra o último encontro nessa mesmaSinagoga e com o mesmo final... assiste a tudotranqüilamente, esperando a atitude dos chefes religiosos.Esses, encerrada a confusão, pedem a Saulo que osacompanhe para responder ao interrogatório.

Diante disso, ele obedece calmamente. Era necessáriopensar para poder sair-se bem dessa situação.

A autoridade, ali representada pelos rabinos, exige-lherespostas imediatas:

— Então, você é o tão procurado Saulode Tarso, traidor da Lei Mosaica?

— Sim, responde-lhes Saulo resolutosou eu, não traidor, mas seguidor do

Cristo, Jesus de Nazaré...— Não estamos perguntando pelo

crucificado já julgado, o que nosinteressa é a sua prisão imediata...

— Os senhores não têm o direito deprender-me pelos seguintes motivos: soudoutor da Lei e posso perfeitamenteescolher minha posição religiosa e,acima de tudo, politicamente sou cidadãoromano e ordens verbais de prisão nãome fazer ceder aos seus desejos.

A discussão prolonga-se por um longotempo. Como o pergaminho para que seefetuasse a prisão não está em mãos dochefe da Sinagoga, Saulo continua sua

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oratória com mais entusiasmo. Emd a d o m o m e n t o , u m d o ssacerdotes, irritado, grita para queprendam Saulo até a chegada dopergaminho, que não o levem paraa prisão, mas que seja algemadoali mesmo.

Saulo, triunfante, revida:— Vim o fe rece r - l hes o

Evangelho. Ele é a liberdade queeu sinto. Essas algemas nadarepresentam porque a palavra deDeus nunca será algemada. Jesusnão permitirá que se efetue aprisão de nenhum de seus servoshumildes e fiéis. As bênçãos do Senhor hão de iluminá-lospara a verdadeira vida!

Assim dizendo, Saulo, olhando fixamente a todos, cujosilêncio inundava a Sinagoga, caminha para a porta desaída perdendo-se pelas estreitas ruelas da cidade.

Passados os instantes extasiantes dos sacerdotes, ovozerio recomeçou. Era preciso prender aquele audaciosopregador e magnetizador do mal. E a correria foi paraencontrarem o pergaminho de Jerusalém de outra época,para que pudessem ir à captura de Saulo. Formaram-sediligências civis e se dividiram por toda parte,principalmente às portas da cidade onde foi fortalecida aguarda. Todos os lugares e principalmente as casas ondesabiam os fariseus que havia simpatizantes ao movimentocristãos foram vasculhadas. Saulo, rapidamente, foi tercomAnanias. Contando-lhe o sucedido, disse-lhe esse:

— Aqui, Saulo, você não poderá ficar. Todos sabem domeu apreço por você e mais que sou cristão. Vou levá-lo àcasa de uma lavadeira onde fazemos o Evangelho àsescondidas, com o intuito de levar-lhe trabalho. Ela saberádar-lhe guarida. E assim foi feito. Saulo permaneceria aliaté que o velhoAnanias pudesse ajudá-lo a fugir.

Ananias foi preso e torturado. Indagado pelodesaparecimento do ex-rabino, ele apenas dizia: — Sauloestá com Jesus!

Como a prisão de Ananias não resolvia o caso e,achando que o velho já não raciocinava bem, o soltaram.

Ananias vai à casa da lavadeira e, reencontrando Saulo etrocando idéias de como pudesse ele fugir, lembra-se ovelho cristão de que certa feita assistira, quando criança, àfuga de um salteador. Virando-se para Saulo, indaga-lhe:

— Meu filho, se for necessário, teria você medo de fugirnum cesto de vime?

Saulo, achando graça, mas sentindo a seriedade nosemblante do velhoAnanias, responde convicto:

— Por certo que não. Moisés, pelo que sabemos, foiencontrado num cesto de vime, boiando sobre as águas dorio.

Achando graça com a comparação feita por Saulo,Ananias descreve seu plano de fuga, que aconteceunaquela mesma noite.

Ajudados por amigos cristãos, Saulo subiu a muralhaque dividia a cidade entre a mata e, num ponto maisretirado, sentou-se ele dentro do cesto de vime que estavasuspenso em cordas. Tanto de um lado como do outro, osamigos cuidadosamente levantaram o cesto e Saulo foiamparado do outro lado do muro, saltando livremente docesto. Erguendo as mãos numa atitude de adeus, acenapara todos que o ajudaram e, num gesto de abraço a

Ananias, deixa que as lágrimaslavem seu rosto, e seus passosfirmes se perdem na escuridão.

Foram longos e cansativos osdias e as noites que Sauloencetara até chegar a Jerusalém.Fazia pequenas paradas paraservir-se de bolos de cevada que aboa lavadeira e Ananias tinham-lhe reservado para matar a fome.Porém o principal alimento que lhesupria o espírito para novasenergias era o Evangelho que seuamado mestre Gamaliel lhe derade presente. Era essa leitura que

lhe refazia a coragem e sentia, nessas horas, oenvolvimento amoroso de Estevão e Abigail. Durante essetrajeto, ao penetrar na Palestina, Saulo reviveu sua emoçãocom a visão que tivera do Mestre Jesus. Quis conhecer oslugares por onde o Cristo passara. Visitou Cafarnaum eNazaré. Em Cafarnaum desceu até o lago de Genesaré.Conversou com os pescadores do local que seguiramJesus e O ouviram em pregações. Contaram sobre as curasque presenciaram e fizeram questão de levá-lo à casinhade Simão Pedro, onde o Cristo fizera o primeiro Evangelhono Lar. Saulo fez seu agradecimento àqueles homensrudes e cheirando a suor, com um abraço afetuoso pelashoras e dias indescritíveis que ali passara. Quando, emoutros tempos, seu orgulho como doutor da Lei o deixariafazer esse gesto? Hoje ele sabia o que havia perdido,porque essas foram horas felizes!

Foi ele a Dalmanuta para conhecer Madalena e seutrabalho com os doentes de toda parte, principalmente comos leprosos. Fica encantado com tanta dedicação e ao ouvirMadalena contar sobre o seu encontro com o Mestre Jesus.Ambos abraçam-se e choram. E, antes de sua despedida àtambém convertida de Magdala, Saulo abraça um a um osleprosos e cegos que se curaram pela fé raciocinada emJesus.

Saulo passa mais alguns dias em Nazaré. Visita todos osamigos cristãos e participa de reuniões pregando comentusiasmo o Evangelho. Dias depois de novascaminhadas, o fugitivo de Damasco chega a Jerusalém.Seus olhos enchem-se de pranto. Que saudades a lheapossar o coração! Onde estaria sua irmã tão querida eseus pais?! Viveriam ainda em Tarso? Como seria recebidopor aqueles que deixara como amigos? Lembrou-se, aorever uma biga, de quantas vezes a tomara no final do diapara ir velozmente para Jope para abraçar sua amadaAbigail! Saulo chora, mas Jerusalém não reconheceriaagora esse homem sujo pela poeira, magro e pálido com abarba crescida e os olhos encovados pelo cansaço, maisparecendo um mendigo. Ninguém o reconheceria como umdoutor da Lei.

Ao passar pelos transeuntes, percebeu os olharesassustados e até mesmo de medo em alguns. Saulo bateua porta daquela residência que outrora lhe fora familiar. Erao domicílio de sua irmã. Um servo, abrindo a porta, volta afechá-la. Saulo insiste e diz ser irmão da proprietária.Ouvindo isso, o servo entreabre a porta e afirma comveemência que aquela casa pertencia a um homemsolitário e infeliz, não havendo, portanto, nenhuma mulherali que pudesse ser sua irmã. Como fosse persistente, oservo resolve ouvi-lo. Novamente repete que o dono da

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Esboço das casas em Cafarnaum por John DominicCrossan e Jonathan L. Reed.

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casa vivia sozinho. Sabia, por conversas de vizinhos, que,de fato, a casa fora comprada porque os ex-proprietárioshavia partido para outra cidade.

Cabisbaixo, Saulo agradeceu e continuou a andar semrumo. Em meio ao caos mental, parou para fazer uma precea Jesus. Precisava buscar a paz interior para saber comofazer o trabalho do Cristo. Após a meditação, veio-lhe àmente a figura de Estevão. Era esse o caminho para areconciliação com aqueles cristãos do Caminho, que tantoofendera outrora.

Chegando, com o coração aos saltos por rever o localonde maltratara Estevão, bateu a porta, esperando que osadeptos do Caminho o recebessem. Veio atendê-lo um dosauxiliares. Saulo apresenta-se e, com todo cuidado, pedepara ser recebido por Simão Pedro. O auxiliar lembra-se,horrorizado, desse nome. Sem mais delongas, corre para ointerior da casa e, ofegante, conta a Pedro que o grandeperseguidor dos cristãos está de volta e quer vê-lo. Pedroestremece. Chama João e Tiago para saber o que fazer.João lembra aos amigos da tão comentada conversão deSaulo... mas seria verdadeira a sua vontade de se tornarum cristão? Foram longas as discussões em torno doassunto. No final, Simão Pedro, olhando os companheiros,esclarece:

— Meus irmãos, confiemos em Jesus. Se ele estivermesmo convertido, a nossa obrigação é recebê-lo. Vamosouvi-lo, porque o trabalho é do Mestre.

Tiago, não concordando com isso, revelou que seuinterior pedia cautela. Não seria melhor reunirem-se com osoutros integrantes do movimento cristão para depoisencontrarem-se todos com o convertido?

Diante desse impasse, Pedro e João acharam por bemaceitar. Pediram ao auxiliar, que dissesse a Saulo que seriamelhor retornar no dia seguinte. Se, de fato, ele estivesseconvertido, esperaria sem reclamar. Saulo entendeu orecado. Tinham razão em não acreditar na sua mudança,talvez para eles tão rápida, depois de tanta maldade e detanto orgulho. Sentia-se até feliz por ter sido tão bemacolhido por Ananias e a comunidade cristã de Damasco.Tanto que estava livre da prisão pela ajuda que receberadaquele povo cristão. Era a hora do reconhecimento e nãoda revolta. Ele ainda nada sofrera e deveria lutar para serreconhecido como servo do Cristo.

Feita a reunião e tendo Simão Pedro colocado o receiode receber Saulo na casa do Caminho, ouviu o relato deBarnabé, que era um dos adeptos da casa do Caminho.

Barnabé pediu benevolência em nome de Jesus. Disseque o Mestre, em todas as pregações, citava o amor emqualquer situação.

— Ele achava que o erro é comum nas criaturas diziaBarnabé Se nós, aqui na casa do Caminho, abrimos asportas para os recém-chegados de qualquer parte, semperguntarmos se são doentes ou criminosos, por que nãoperdoarmos a essa criatura? Se ele aqui vem, eu acredito— dizia Barnabé — que vem em busca de reconciliação.

E assim foi feito. Coube a Barnabé o encontro com Saulopara trazê-lo à casa.

No dia imediato, Saulo, que havia encontrado um abrigonuma pequena hospedaria, aguardava a resposta dePedro.

Quando Barnabé pôde vê-lo, assustou-se. Em nadalembrava o antigo doutor da Lei. Chegou mesmo a duvidarque fosse o próprio se não tomasse conhecimento da vozde Saulo, que exclamou:

— Por acaso, o senhor vem da casa do Caminho?— Sim, e creio estar na presença do doutor da Lei, Saulo

de Tarso! Sou Barnabé. Estive por longo tempo trabalhandocom Ananias, na comunidade de Damasco. Sei tudo a seurespeito. Estou preocupado com seu semblante abatido.Por acaso está enfermo?

— Sinto-me febril, mas ansioso. Gostaria de ser aceito notrabalho do Cristo, na casa do Caminho. Parece ser umabsurdo, mas preciso refazer-me no lugar que tanto malcausei ao maior pregador do Evangelho do Cristo, o fielEstevão.

Ambos conversaram por longo tempo. Barnabéobservou o quanto havia de pureza e verdade nos relatosque ouviu de Saulo com respeito à sua conversão. Estavasatisfeito, pois não se enganara e nem ouvira mentirasquando esteve em Damasco. Realmente, a transformaçãode Saulo era total.Até seu aspecto físico se modificara.

Caminharam até a casa onde todos os adeptos dacomunidade ali estavam a esperá-los.

Saulo andava com dificuldades, estava trêmulo etemeroso pelo encontro com todos que um dia maltratara.

Pedro foi o primeiro a saudá-lo e os outros seguiram oexemplo do abnegado discípulo do Cristo. Mais uma vez alição do Mestre ensinada e aprendida fizera-se confirmarpelo perdão e paz.

Saulo teve a oportunidade de demonstrar seuar repend imento perante todos, nar rando osacontecimentos de sua vida até aquele instante. E, paraconfirmar seu relato, mostrou os pergaminhos que lheforam passados às mãos por Gamaliel, os quais haviamsido presenteados por Simão Pedro, quando o mestre deSaulo visitara a casa do Caminho.

Simão Pedro estremeceu. Era verdade o que foraexposto por Saulo. Abraçando-se ambos choraram àrecordação da bondosa figura de Gamaliel, sempreponderado em suas ações.

Com muita vontade de trabalhar junto à comunidade,Saulo demonstra o desejo de ali morar. Pedro pergunta-lhe:

— Caso não se sinta fora das luxuosas moradias quetivera, se quiser, poderá instalar-se em nossos humildesleitos, que são coletivos, porque não temos espaçosparticulares.

Saulo sorri com brandura e acrescenta:— Há muito não sei o que é luxo. Não se esqueça, Pedro,

de que fiquei três anos no deserto, dormindo em tendasque, graças a Deus, aprendi a confeccionar e a ganhar comhonestidade o pão de cada dia. Porém, se não for exigirdemais, gostaria de ocupar o mesmo leito de Estevão.Poderei, então, ter a certeza de que estará também a meperdoar.

Simão Pedro achou o pedido sensato e o levou ao leitode Estevão, sempre cuidado e limpo. E pensava odiscípulo: “Por que ninguém se atrevera ali deitar?”. Sóagora, dava-se conta que esse leito estivera vazio por tantotempo e, quem sabe, para acalentar o espírito desseterrível algoz, talvez vindo pelos próprios braços deEstevão?

Para completar a alegria de Saulo com esse ato, Pedrotrouxe-lhe uns pergaminhos onde Estevão fazia anotaçõesde suas pregações evangélicas e onde em meio a isso, porvárias vezes, lia-se o nome de Abigail. Para Saulo, era oreviver do passado feliz com sua feliz amada.

Saulo estava retornando a saúde de seu corpo. Todospreocupavam-se com sua palidez e magreza. Com os

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cuidados dos amigos da casa e a alimentação contínua, arecuperação se fizera.

Sentindo-se mais forte, ele procurou pelo discípuloSimão Pedro e falou-lhe da vontade de seguir com aspregações do Evangelho. Sentia-se inspirado por Estevãoe queria ser útil. Via tanto trabalho por fazer e queriatambém compartilhar com as tarefas junto aos doentes.

Simão Pedro, ouvindo a tudo, falou com precaução:— Por ora, Saulo, creio que o melhor seria você partir

para outras paragens. Entenda que não o estouexpulsando daqui, mas acho que por você ter chegadodoente e confuso não percebeu os olhares dos enfermos.Muitos temem que você volte a aprisioná-los. Nãoacreditam no seu arrependimento. Já ouvi várias pessoasquerendo ir embora por pensarem que, assim que suasaúde voltar, o passadotambém retorne. Você mecompreende, não?

— Claro, Pedro. Não tiroa razão de ninguém. Seique terei muito que realizarde bem, para ser esquecidocomo malfeitor.

Deliberando-se paraencon t ra r conso lo edefinição para sua vida,Saulo procurou o refúgio nasala simples onde SimãoPedro reunia-se todas asnoites para fazer o CultoCristão no Lar, que forainiciado por Jesus. Naquelerecanto singelo, direcionouao Mestre suas preces.Tinha em suas mãos osp e r g a m i n h o s q u epertencera a Estevão ereviu as anotações ali prescritas. Em muitos tópicos, váriasdúvidas assinaladas por Estevão. Em outras anotações,colocava ele o nome de Abigail para ajudá-lo a entendermelhor os pensamentos humanos. E Saulo lembrava-sedas palavras carinhosas que ele sempre ouvia quandochegava revoltado pelo movimento dos cristãos.

Em meio a esses pensamentos e voltando-se para o diado martírio de Estevão e pedindo o perdão de Jesus pelosseus enganos, sentiu que algo lhe tocava o ombro. Com osolhos marejados de pranto, revê novamente a intensa luzque irradiava aquela figura de olhar penetrante a lhe dizer:

— Saulo, é chegado o momento de sua redenção.Deverá você partir e pregar as lições de amor e paz emoutros locais. Vá até Simão Pedro e ele saberá como ajudá-lo, nessa tão importante missão que dará a você asatisfação de cumprir a vontade do Pai.

O ex-rabino estava jubiloso em seu interior. Dessa vez, acegueira não o alcançara, pois seu espírito acabava deentender a que viera, como lhe havia dito o Mestre no dia desua conversão.

Após a aparição do Cristo, ressaltando-lhe a idéia deSimão Pedro para que saísse de Jerusalém, foi ele radiantenarrar a Pedro o sucedido. Esse e os amigos do Caminho,entendendo a mensagem do Cristo, ajudaram Saulo a sairsecretamente do lugar em noite alta para não levantarsuspeitas para onde iria. Porém, o rumo seria paraCesaréia, como Pedro previra antes da aparição do Cristo.

Ao saberem da fuga de Saulo, os cristãos suspiraramaliviados.

Com o coração aos saltos, Saulo segue tristemente ocaminho para Cesaréia. Não ficaria muito tempo, tinhavontade de ir a Tarso.

Passando pelas paisagens bucólicas de Cesaréia, foirecebido com muito carinho pelos cristãos do local,principalmente quando mostrou as cartas onde Pedro orecomendava e o apresentava como o mais novo adepto deCristo. Ficou alguns dias e seguiu para Tarso.

Pelo caminho, sentiu as saudades apertarem-lhe. Velhasárvores e rochedos lembravam-lhe a infância e o carinho desua irmã. Revendo sua terra natal, caminha apressadopara aquele lar que há muito não via. Como estaria Isaac,seu velho pai?

Batendo à porta, o antigoservo, ao abri-la, não oreconheceu. Saulo, comleve sorriso, adianta-se,abrindo os braços:

— V o c ê n ã o m ereconhece? Sou Saulo, aquem você viu crescer...

O antigo servo afasta-se,m e i o c o n s t r a n g i d o .Apressa-se a chamar seuamo. Isaac, sentindo o pesoda idade a dificultar-lhe osmovimentos, caminha paraa porta, tendo o servopedido para apressar-separa reconhecer se aqueleh o m e m d e a s p e c t oestranho seria realmenteseu filho Saulo.

De imediato, o velhoIsaac reconheceu aquele

que, para ele, pai que tanto fizera para que seu amado filhose tornasse um doutor da Lei e defensor de Moisés, aliestava pálido e acabado.

— Então, dizia energicamente, o que mais você quer queeu sofra?... Já não basta saber de todas as suas loucuras?Você sabe muito bem o quanto repercutiu no nosso meio agrande comédia acontecida na estrada de Damasco. Eagora, você vem para enterrar-me? Sua ingratidão não foisó com sua família, mas também para com toda acomunidade israelita. Foi e será sempre um traidor. Suairmã e seu cunhado foram praticamente expulsos de nossomeio. Mortos de vergonha, saíram às escondidas deJerusalém, após saberem da prisão decretada contra vocêem Damasco. E, para completar, você iria casar-se comuma criatura sem pais reconhecidos. Penso até que tenhasido essa mulher a causa de todas as desgraças na suavida.

Saulo chorava. Seus soluços saídos do fundo de seuatormentado coração só tiveram uma pausa, quando suaamada fora mencionada com tanto desprezo por seu pai.Erguendo seu olhar flamejado por um brilho ardente,dignou-se a dizer:

— Pai, peço-lhe perdão pelos males que, infelizmente,trouxe à família. Mas quanto à Abigail, não permitireipalavras que não sejam de carinho. Foi ela que metransformou em pessoa humana. Abigail foi o meu primeiroelo com Jesus de Nazaré.

Maquete do Templo de Jerusalém, principal centro de culto religiosodo antigo povo de Israel. Em primeiro plano está o palácio de Herodes,ao fundo e ao centro o Templo e a esquerda a TorreAntonia.

No século I a.C., Herodes ordena uma remodelação no templo, com opropósito de agradar a César, construindo num dos vértices da muralhaa Torre Antonia, uma guarnição romana que dava acesso direto aointerior do pátio do templo, desta forma, também ficou conhecido comoTemplo de Herodes e a remodelação foi considerada por muitos judeuscomo uma profanação.

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Ao ouvir o nome de Jesus, Isaac estremeceu e, irritado,bradou:

— É essa a sua escolha, prefere continuar aceitandoesse carpinteiro. Que tolo eu fui acreditando que seu juízoestaria voltando ao retornar à casa paterna. Vá... nessacasa não há lugar para você.

Saulo gostaria de poder entrar e rever seu lar... comogostaria de abraçar aquele velhinho tão querido ao seucoração... como entendia nesse exato instante osensinamentos de Jesus sobre os laços de família.Compreendia a atitude do pai... não poderia julgá-lo porqueestava ele defendendo o que acreditava... ele, Saulo,também assim o fora em muito pior condição... deperseguidor.

Passados alguns segundos, Saulo ainda insiste:— Pai... não tenho onde ficar... estou doente e sem

dinheiro... deixe-me ficar por alguns dias... ficarei até ocultose o senhor quiser... mas, por favor, ampara-me.

Isaac ainda, energicamente, responde ao apelo deSaulo:

— Se está assim tão mal, por que você não pede ajudaao carpinteiro? por certo deverá ajudá-lo... não tem esseJesus poderes?... pois então vá ao seu encontro!

— Está bem, meu pai... adeus... tenho certeza de queJesus não me abandonará.

Sentindo o peso da tristeza sobre seu corpo cansando,ele se movia lentamente, deixando o jardim da casapaterna. Já no meio da calçada, ele ouve seu nome numtom abafado; voltando-se para trás viu o servo queapressava-se em alcançá-lo:

— Senhor, meu amo mandou-me entregar essa bolsa,dizendo-lhe que, dessa forma, ele não terá remorsos emrelembrá-lo.

Saulo, apossando-se da bolsa e abrindo-a, viu umaquantia de dinheiro que lhe salvava a situação atual. Nomesmo instante, quis o orgulho apoderar-se-lhe do serquase mandando de volta a bolsa... porém, lembrou-se dotestemunho da humildade... ele havia pedido ao pai esseauxílio... porque, pensava, era pela diferença da cenapassada?... era porque o pai estava lhe dando a lição deque ele só voltara para ser amparado e não para abraçá-lo,movido pelo desejo de sabê-lo bem em saúde e paz?

Com esses pensamentos, Saulo não percebeu que oservo já havia entrado para o interior da casa. Só lherestava agradecer... fosse o que fosse, ele realmenteprecisava dessa ajuda e talvez a atitude de Isaac tivessetido a intuição dos mensageiros do Cristo.

Afastando-se da cidade, alcançou um campo agresteonde muitas cavernas haviam sido abandonadas.Colhendo alguns frutos que pendiam das árvores frutíferas,Saulo ganhou sustento para o corpo físico. Cansado,deitou-se sob as sombras dos arbustos para meditar.Súbito, sentiu movimentos ao seu redor e parecia-lhe ouvirsuaves acordes de harpas e alaúde, como era costumeouvir-se nos festejos aos deuses da corte.

Saulo procurou orar... estaria perdendo a razão ouseriam os cristãos perseguidos vindo cobrar-lhes os maustratos aos quais foram submetidos. Arrependido ebuscando lembrar-se do mártir Estevão, não pôde conter opranto... e foi então que seus olhos embaçados puderamver Estevão e Abigail, os dois irmãos com alvas túnicas,achegarem-se ao seu lado.

Saulo imediatamente ajoelha-se aos pés dos dois e ouveEstevão dizer-lhe:

— Coloque-se em pé, meu irmão! — e ouviu deAbigail:— Por que esse desânimo quando a tarefa ainda está

para começar?E Estevão continuava:— Não fique preso ao passado a tudo o que já ocorreu.

Erros são normais nas criaturas, principalmente quandoestamos na Terra para ressarcir os desafetos deixados. Oúnico isento de erros foi o Cristo.

Saulo sentia-se atônito. Ali, junto ao seu coração, Abigaile Estevão.

Quis beijar as mãos de Estevão e abraçar Abigail, massentia-se petrificado. Abigail, aproximando-se, tocou-lhe atesta com um beijo de suave ternura e, tomando suasmãos, segrega-lhe aos ouvidos:

— Meu querido, estamos juntos, como lhe prometi. Seutrabalho será sempre amparado por Jesus. Ele é que nosfaz reunirmo-nos como num grande lar que é o mundo. Nãoformamos nossa família na Terra, porque há muito o quefazer pelas famílias humanas. Teremos que lutar lado alado, resgatando os filhos do Calvário, pois Jesus é oconsolo e a vida, portanto, meu amado, não fique entregueao desânimo, há muito o Mestre espera esse trabalho. Nãose culpe e passe com vigor à restauração de sua saúdefísica e mental. Você deverá fazer com que a crença emDeus e em Jesus seja a fonte que derrame a água pura doEvangelho ao qual você já teve acesso. Espalhe-o a todo ocanto desse mundo humano, porque a vida não é apenas amatéria. Você sabe que o espírito é eterno. E siga confiante.Não reclame da pouca ajuda dos companheiros. Lembre-se de que Jesus caminhou sempre sozinho. Ele saberáenviar-lhe os reforços necessários na hora exata. Lembre-se de que Jesus lhe falou: “Não recalcitres contra osaguilhões”. Sirva-O com alegria e fé e você se sentiráfortalecido nesse grande ideal.

Querendo ardentemente esboçar mais alegria por verespíritos tão queridos afeitos ao bem, viu que Estevão sedespedia num gesto fraterno. Antes, tocando suavementesua fronte, disse-lhe:

— Pense seriamente nas palavras de Abigail, mascomece rapidamente a tarefa. Aqueles que comungam domesmo ideal cristão virão auxiliá-lo.

Saulo, sentindo forte emoção ao ver seus amigos sedesvanecerem ao longo do caminho, ajoelhou-se eagradeceu muito a Jesus pelas respostas que obtivera.Mesmo tendo sido o verdugo cruel de Estevão e um noivoingrato para quem dizia sempre amar, recebeu a permissãode Jesus que esses afeiçoados trabalhadores do bemviessem mostrar-lhe o esquecimento do passado e a lei doamor pelo perdão, reanimando-lhe as fibras de seucoração. Era assim que ele deveria agir sempre que osacontecimentos fossem contrários aos seus desejoscristãos.

O tempo passava e Saulo esforçava-se cada vez maispara encontrar meios e seguir um dia para divulgar aVerdade do Cristo. Trabalhava intensamente, de sol a sol,confeccionando tapetes e tendas para angariar os recursosnecessários para seus planos futuros.

Ninguém em Tarso reconhecia aquele homem deoutrora. O senhor Isaac, seu pai, não suportava a idéia decontinuar vivendo no mesmo local onde ele ouvia falartantas asneiras sobre aquela criatura que ele designavacomo louco e não o homem inteligente e sábio que fora seufilho. Esse havia morrido.

Perdido em suas dores, preferiu deixar o antigo lar e ir

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viver em uma de suas residências à margem do rioEufrates, onde pouco tempo depois veio a desencarnar,sem entender o procedimento de seu amado filho e quetanto desgostos lhe trouxera.

Saulo continuava sua luta. As aparições de Estevão eAbigail lhe davam muita energia e as reuniões com oscristãos lhe enchiam a alma de contentamento.

Saulo recebia notícias de outros núcleos cristãos porcompanheiros que chegavam trazendo essas notícias oufugindo dos soldados que continuavam a perseguição aoscristãos, de forma cada vez mais acelerada. Saulo tambémsabia que muitas vezes essas perseguições tinham outrascaracterísticas, como ele tão bem conhecia, que eram osopositores aos regimes políticos da época queaproveitavam da chamada caça aos cristãos paraafastarem organizadores de algum protesto que, às vezes,incomodavam aos Césares da corte.

E foi nesse ínterim que certa feita, Saulo recebeu comalegria a presença amiga e querida de Barnabé. Sabia queele ajudava o núcleo de Antioquia, onde Ignácio deAntioquia lutava bravamente ao lado daquele apóstolomaior chamado João Boanerges, que recebera de SimãoPedro em Cafarnaum, quando o visitou, a incumbência deformar junto aos pagãos o núcleo cristão. Barnabé, Ignáciode Antioquia, João Boanerges e Tomé Bersebeu foramindicados para colaborarem junto aos cristãos que estavamse aglutinando em Antioquia, vindos fugitivos de Jope, porordem de César.

Toda essa atmosfera e outros atritos levaram Barnabé air de encontro a Simão Pedro em Cafarnaum. Narrando-lheas intrigas e indisposições vindas de Roma para ataqueacirrado a Antioquia, buscava Barnabé a ajuda do apóstoloprincipal do cristianismo. Simão Pedro, após ouvi-lo e,impossibilitado de ausentar-se da casa do Caminho, pediu-lhe que fosse em busca de Saulo de Tarso que estava serevelando um servidor nato em defenderaos ensinos do Cristo.

Era esse o motivo da vinda de Barnabéa Tarso, precisava de Saulo para ajudá-loemAntioquia; o momento era grave.

Barnabé narrava a Saulo o que ocorriaemAntioquia:

— Sabe você, meu amigo, queAntioquia hoje é a principal cidade doimpério dos Césares, depois de Roma.Lá há mais ou menos um milhão dehabitantes. Podemos afirmar queAntioquia seria uma espécie dePompéia, onde você sabe que o confortoe o luxo pairam esplendidamente. Com isso, as religiõespagãs estão chegando ao extremo da perversidade, pois osvícios se propalam. Sobretudo, no culto aAdônis e aAstarteque culmina com a divinização dos instintos sexuais e derepugnantes atos. Há ainda quatro classes sociaisdiscriminadas:

1ª - o romano, militarizado, de cultura escassa, poucaspalavras e muito orgulhoso;

2ª - o grego ou helenista (culto), materialista e indiferentea tudo;

3ª - o sírio, plebeu, indolente, supersticioso e meio pueril;4ª - o judeu, negociante e convencido em ser o único

homem religioso do mundo.Prosseguindo nas descrições do ambiente vivido e

sentido por ele, Barnabé salientava que havia um bom

número de discípulos de Jesus, tanto em Antioquia comonos arrabaldes da cidade, que era o ponto de encontro doscristãos, para se organizarem nas pregações doEvangelho. Nas catacumbas, eram onde ficavam maistranqüilos para orar.

Ele, Barnabé, fora apontado entre os judeus-cristãospara orientar em como realizar a união para a tarefa doCristo. Para tanto, Barnabé adquiriu singela casinha na ruaSingon. Com parcos recursos, procurava manter firme seuideal de cristão. Mas como tudo estava difícil, viera buscar aajuda de Saulo, contra a luxúria e as superstições religiosasque estavam sendo criadas, resultados da má formaçãomoral que os efeitos bélicos mantidos por Júlio César eoutros aproveitavam para a continuidade de um podercaótico sobre o povo. Por isso, Barnabé confiava na ajudaque Saulo lhe daria.

Saulo ouviu a tudo com serenidade. Ao término daexposição, ele, aproximando-se de Barnabé, declarou:

— Sinto-me muito feliz pela lembrança de Simão Pedroem fazê-lo vir até Tarso e brindar-me com essa tarefa tãodignificante para o início de minha vontade em servir oCristo. Amanhã mesmo partiremos numa pequenaembarcação. Navegaremos do rio Cydnus até o litoral doMediterrâneo. Daí seguiremos num veleiro mercante, cujosproprietários também são cristãos e nos ajudarão achegarmos ao porto de Selêucia. O que você narrou,Barnabé, é muito sério. Não podemos perder tempo.

Tudo passou-se como previra Saulo. Barnabé sentia-segrato pela eficiência e préstimos que obtiveram durante otrajeto. Alcançada a primeira meta, seguiram ao descer noporto de Selêucia para galgarem rampas rochosas até ovale do Orontes, descendo por uma margem arenosa deonde já avistavam a cidade deAntioquia.

Durante o trajeto, Barnabé confiava ao amigo o trabalhograndioso e sofrido que Ignácio, ainda tão jovem, procurava

desenvolver. Mas os preconceitos sobreseu nascimento faziam com que oegoísmo entre os adeptos cristãosprevalecesse. Saulo sorriu e, pelaprimeira vez, falou a Barnabé sobre acaridade moral, essa lição preciosa quehavia aprendido com o Mestre Jesus eque seria o roteiro de sua vida.

E, diante do assunto em pauta, Sauloconfessou a Barnabé o que iria fazer aochegar diante dos cristãos e serapresentado a todos, dizendo-lhe:

— Barnabé, de ora em diante, sereiPaulo e não Saulo. Como Paulo de Tarso,

lutarei até o fim de meus dias na Terra, para defender ehonrar os preceitos de Jesus. Deixarei para trás Saulo,aquele que se equivocou e que servira a Moisés em honraapenas às letras e não ao sentido profundo como osensinamentos do Cristo nas letras de seu Evangelho.

Nesse colóquio no qual Barnabé o saudou, como aevidenciar seu caráter íntegro e sua fidelidade a Jesus,acrescenta sua alegria, completando o pensamento dePaulo:

— Vejo, amigo, em sua decisão o firme propósito dedeixar para sempre seu estatus social e tudo que tinha embens materiais... realmente você entendeu Jesus.

De imediato, Barnabé indica o endereço da singelacasinha. Rendendo graças ao Pai Celestial, ambosdirigem-se ao interior da mesma. Várias são as pessoas ali

SeareiroSeareiro8

Casa de Ananias, transformada em igreja,em Damasco na Síria.

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presentes... Barnabé apresenta a todos o novo apóstolo,Paulo de Tarso. Ele os ajudaria a trazer a paz entre oscristãos e a obra em nome do Cristo a ser realizada emAntioquia.

Todos os sábados à noite, enquanto os aristocratas deAntioquia dedicavam-se a noitadas de luxúrias em seusexageros, outros grupos, agora tendo a frente Paulo deTarso, se reuniam entre operários, escravos, soldados(muitos fugiam de suas funções com trajes disfarçados)para ouvirem falar do Cristo, de um mundo espiritualdiferente das orgias e torrentes de ódio entre as criaturas.Paulo ressaltava a eles que Jesus de Nazaré também foraum operário, um servo e fora vítima e réu de morte entretodos os homens. E isso tudo para trazer à Terra a Lei doAmor, legada pelo Pai Criador, que também ensinava aigualdade entre os povos sem distinção de crenças, raçasou religiões. E enternecidos ouviam as preces de Paulo eBarnabé enquanto cântico de louvor ao bem era emitido porvozes singelas que enchiam o ar daquela simples casinhade vibrações revigorantes entre todos.

Daí para frente a vida de Paulo de Tarso foi absorvidapelas viagens que foram realizadas para divulgar eesclarecer a todos.

Junto de Barnabé criou vários núcleos como em Chipre,cidade natal de Barnabé, na Galácia, Liacônia, Cesaréia,Listres e, voltando para Antioquia, escreveu váriasepístolas.

Em meio a toda a vida atribulada desses mensageirosdivinos, ao retornarem a Antioquia, souberam, por algunscristãos-judeus que vieram de Jerusalém, que grandetumulto ali estava acontecendo. Contaram a Paulo quevários adeptos cristãos queriam manter a Lei de Moisés,trazendo muita discórdia e dividindo-os em grupos dentrodo mesmo núcleo.

Paulo partiu imediatamente com esses mensageiros eocupa a tribuna principal da Sinagoga. A assembléia,reunida de imediato, ouvia toda a dissertação de Paulo, quedeixava claro que todas as práticas estranhas aocristianismo deveriam ser anuladas.

E dizia a todos, numa eloqüência firme, que os ensinosdo Mestre Jesus eram simples e libertadores de rituaisefêmeros. Era necessário entender a Lei Mosaica pelospreceitos cristãos e não pelos antigos.

Durante a volta ao núcleo de Antioquia, após Paulo eBarnabé conseguirem retornar a paz aos núcleos deJerusalém, dizia ele a Barnabé da preocupação que sentiapor deixar Antioquia e seus adeptos cristãos sem alguémmais preparado para continuar com a obra do Cristo aindaem desenvolvimento. Sabia que essas viagens teriam quecontinuar até que houvesse firmeza entre os cristãos emrealizar as pregações do Evangelho.

Barnabé, pensativo, concluiu que realmente eraperigoso não se ter uma pessoa que fosse de atitudessólidas porque as perseguições eram cada vez maisacirradas e as prisões constantes.

Ao chegarem a Antioquia foram recebidos com muitaalegria, pois uma surpresa os esperava. Enquantoviajavam, chegara ao posto de atendimento de Antioquiadois adeptos estudiosos da Doutrina de Jesus, Barsabás eSilas, trazendo em suas companhias um jovem de nomeJoão Marcos, sobrinho de Barnabé. Esse rejubilou-se, poishavia um bom tempo que não tinha notícias de seusfamiliares.

Paulo de Tarso, entre abraços para com os amigos quechegaram, pensava e agradecia a Deus pela providênciaabençoada. Sua preocupação findara. Quem daí parafrente o acompanharia em suas viagens seria Silas. Ele eraprofundamente devotado à causa cristã. Lembrava-sePaulo que Silas lhe dera muita sustentação no início donúcleo em Jerusalém. E Antioquia continuaria bemresguardada com o trabalho de Barnabé que era seu braçoforte diante de decisões importantes que foram tomadas.Poderia seguir suas pregações do Evangelho maistranqüilo pela confiança que depositava em Barnabé.

À noitinha, após os trabalhos desenvolvidos e as notíciasque foram dadas dos outros núcleos por onde passaramBarsabás e Silas, foram esses convidados ao repousonoturno para se refazerem do cansaço físico. A sós, Paulopede a Barnabé que se demore mais um pouco pararecolher-se, pois ele tinha algo a lhe comunicar.

Barnabé, sorrindo, fala:— Eu tenho também algo a lhe contar. — e prossegue —

Quando chegamos e encontramos nossos amigos, umaidéia surgiu-me em mente... deixar o núcleo aos cuidadosdo meu sobrinho João Marcos... ele é jovem... competentee...

Ia continuar quando Paulo o interrompe:— Não prossiga porque eu não concordo. Quando você

começou a falar, pensei que ambos tínhamos encontrado amesma solução.. . meu propósito é deixar aresponsabilidade do núcleo com você, Barnabé, eBarsabás e quanto a Silas, iria me acompanhar nasviagem. E, com respeito a seu sobrinho... é por sabê-lo tãojovem que não podemos confiar-lhe tamanharesponsabilidade... sei também que seu desejo é ampará-lo por ser seu sobrinho, principalmente. Mas, lembre-se deque ele já falhou em suas atitudes ainda imaturas, sofrendorepreensões e até torturas, quando foi encontrado junto àscatacumbas. Não quero magoá-lo. Jamais faria qualquerabsurdo para vê-lo atritado. Nossa amizade está acima dosfatos banais. Creio que já superamos a isso, não é?

— Procuro compreendê-lo, Paulo... — dizia Barnabé,entristecido — Penso no momento diante das liçõesaprendidas com Jesus se não é falta de caridade negarmosessa possibilidade de trabalho ao rapaz. Você não estariasendo duro demais? Não seria um modo de trazê-lo anovas exper iências para contr ibuir com seuamadurecimento?

— Por vezes, meu amigo, parecemos maus e ingratos.Mas, o serviço que desenvolvemos na Seara do Mestre

tivemos que fazer valer com dedicação e osdeveres serem cumpridos através dos nossosexemplos. Seu sobrinho atingirá esse estadocom mais vivência nas lutas evangélicas.

Barnabé calou-se e, após as reflexõesponderadas, pronunciou-se:

— Você tem razão, peço-lhe que perdoemeu instinto egoísta e possessivo. Talvez sefosse outra pessoa eu nem a teria mencionado.

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Porém, meu desejo não seria o de aqui ficar. O núcleo deAntioquia ficará muito bem orientado com Barsabás.

— Pois se é assim que sua alegria voltará ao seusemblante, digo-lhe que, se você quiser, poderá partir comseu sobrinho para Chipre. Lá o rapaz terá um campo detrabalho muito grande. Juntos poderão cuidar daorganização que será fundada nessa ilha. E continuarão aestender a cooperação para a continuidade do núcleo deJerusalém, que você sabe ficou muito abalada com osúltimos acontecimentos dos quais fizemos parte, para onúcleo voltar a funcionar em paz.

Barnabé sorriu e, com satisfação, aceitou o encargo emChipre. Abraçaram-se como amigos que sempre foram,seguindo, daí para frente, rumos diferentes.

Paulo e Silas foram para várias cidades. Sempre oconvertido de Damasco era esperado para ouvirem-no citaras lições de Jesus. E foi em Listra, quando sua voz alterava-se para salientar a Lei do Amor, que um grupo de soldadosapareceu na porta do núcleo cristão e, de imediato,prenderam Paulo. Esse foi açoitado e levado todoensangüentado para o monturo da cidade. Silas conseguiraescapar e foi pedir socorro a uns amigos de Paulo, que elesabia onde encontrar.

Chegando à humilde moradia, colocou a par dosacontecimentos a Lóide e a sua filha Eunice, que tinha umjovem filho, Timóteo, sendo esse profundo admirador doex-rabino. Ouvia sua mãe falar dos feitos de Paulo e de suadesenvoltura em abrir os núcleos e arrecadar mais cristãospara a obra do Cristo.

Lóide e Eunice eram judias convertidas ao cristianismo.Por isso, Silas confiava que essa família por certo o ajudariaa salvar Paulo.

Lóide e Eunice, juntas a Timóteo, seguiram Silas e apósesperarem o cair da noite conseguir transportar Paulo paraa casa e lá curaram as chagas abertas pelos açoites. Foramdias tormentosos para todos. Paulo teve febre altíssima e,no delírio, falava em encontrar o Mestre para dizer-lhe desua abnegação ao trabalho do Evangelho. Findo o períodomais grave causado pelas infecções dos cortes, e com todoo desvelo dos amigos, Paulo começou a se recuperar. Seucorpo, acostumado ao deserto, em breve tempo, cedeu àslavagens que eram feitas com ervas medicinais, que Lóidetão bem conhecia.

Timóteo procurava obter informações que para ele erammuito preciosas, com respeito aos núcleos que fundavam.Silas sentia-se útil e grato a essa família que tão bem osrecebera, portanto, confiava a Timóteo todo o trabalhodesenvolvido por Paulo. Com seu restabelecimento esabendo o desejo imenso de Timóteo em pertencer a umnúcleo cristão, Paulo, com o consentimento da avó Lóide ede sua mãe Eunice, fez de Timóteo o principal membro donúcleo de Listra. Timóteo, embora houvesse recebidoquando criança os ensinamentos da religião judaica, nãoera circuncidado, porque seus pais já haviam se tornadocristãos e não concordaram com a circuncisão do menino.Esse, porém, era um empecilho para os outros membros dogrupo aceitarem Timóteo com um deles convertido. Paraque não houvesse polêmicas que viessem a prejudicar omovimento, Paulo aconselhou Timóteo a circuncisar-se,não pela justiça imposta a esse rito tradicional, mas paraevitar a ofensa aos judeus mais antigos, ainda arraigados aesses valores por tradição do povo judaico.

Após a partida de Paulo e Silas para outras cidades,começou ele a enviar várias epístolas a Timóteo, que

começara a ter dificuldades com o núcleo cristão. Davainstruções de como combater falsos mestres queapareciam com novidades no meio cristão, de comodisciplinar o trabalho dentro do núcleo, de como ter ocuidado de escolher aqueles a quem seriam dadas tarefasimportantes entre os cristãos, de como deveria Timóteoenfrentar as diferentes classes religiosas que tentassem seinfiltrar no núcleo para saber quais seriam as intenções...perturbar ou se converterem? A postura de Timóteo,escrevia Paulo em suas epístolas, deveria ser de ensinar afé e dar exemplos de seu comportamento moral, paraserem seguidos, assim como deu testemunho Jesus.

E escreveu Paulo aos filipenses com respeito a Timóteo:“Não tenho outro homem de idênticos sentimentos e quepor vós se interesse com afeto mais sincero... Como umfilho serve a seu pai, assim me serviu ele, a bem doEvangelho”. (A. II).

Essa epístola aos filipenses fora necessária quandoesses desaprovaram Timóteo como membro do núcleo emListra.

Com o tempo e o desenvolvimento no trabalho ativo,Timóteo adquiriu muita experiência e quando Lóide eEunice estiveram com Paulo, quando do retorno desse aListra, pediram elas que, se fosse possível, pudesseTimóteo segui-lo em suas viagens, pois era desejo deambos partirem para a Grécia. Isso facilitaria o socorro deque precisavam, porque havia parentes que iriam recolhê-las, prestando-lhes auxílio na velhice. A preocupação eracom Timóteo. Ele queria ficar para continuar sendo útil nacoletividade cristã. Paulo aceitou sem relutar. Timóteoexultou de alegria: completava seu sonho de trabalhar como ex-rabino.

Partindo para Corinto, Paulo fundou o núcleo cristão,deixando a eles um trabalho de organização em união.Para tanto, precisou ali permanecer por quase dois anos.Após esse período, passou ao envio de epístolas paramanter-se sabedor dos acontecimentos entre os novoscristãos. Mas as respostas enviadas a Paulo eramperturbadoras, porque a moral existente entre eles era deaceitação prejudicial aos jovens. Isso estavacomprometendo o núcleo que começara a se dividir emduas facções.

De imediato, Paulo de Tarso colocou Timóteo à frente domovimento, orientando-o como disciplinar o núcleo. Comoa fase de desentendimento estava se tornando grave,Paulo, antes da chegada de Timóteo ao local, já haviaenviado uma epístola que Timóteo tomara conhecimento,para dar continuidade à tarefa.

Nessa epístola, Paulo advertia para o cuidado com:espírito sectário, incesto, processos, fornicação,casamento e divórcio, ingestão de alimentos ofertados aídolos, uso do véu, a Ceia do Senhor, dons espirituais e aressurreição do corpo (Sagradas Escrituras).

Paulo de Tarso, além das viagens que fazia, continuava aescrever suas epístolas. As notícias vindas ora eram boas,repletas de esperanças, ora eram preocupantes, como nocaso de Corinto, que sempre causava problemas peloorgulho latente dos gregos em se reconhecerem contráriosà ressurreição física.

Foram enviadas epístolas aos Gálatas, aos Efésios, aosColossenses, a Tito, a Filemon, considerando-se a 1ª Cartaaos Coríntios, a 2ª Carta aos Coríntios, a 1ª Carta aTimóteo, a 2ª Carta a Timóteo e aos Romanos. E muitasoutras cartas aos hebreus, a Tiago, 1ª e 2ª Cartas de Pedro,

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Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 11

1ª, 2ª e 3ª Cartas de João e uma carta de Judas.Estavam agora reunidos com Paulo para as caminhadas

evangélicas Lucas, Silas e Timóteo. Estavam cansados econvidados ao repouso.

Paulo, ao fazer sua prece noturna, percebe um vulto aoseu lado. Com alegria, reconhece Estevão. Esse lhe diztrazer um recado de Jesus.

Envolto pelas luzes desse guia espiritual, Paulo ouve:— Paulo, leve a luz do Evangelho para irmãos de outras

paragens, para que saiam do caminho das trevas.Compreendendo que Jesus o requisitava para novas

tarefas, agradece a dedicação de Estevão, respondendo-lhe:

— Farei por entender aos meus amigos que Jesusconclama a outros lugares, isso porque essas regiões játiveram a terra preparada e as sementes lançadas. Não nospertence mais o que virá.

No dia seguinte, passando aos companheiros o recadodo Cristo através de Estevão, sem perder tempo, seguirama intuição para que caminhassem para Trôade. Lá foramdescansar numa humilde hospedaria. Novamente Pauloteve uma visão. Reconheceu que esse era um espíritovindo da Macedônia, que lhe dizia:

— Vem para nos ajudar!Comunicando aos amigos o sucedido,

concluía Paulo que o Cristo completava oque Estevão lhe dissera. Era necessárioir a Macedônia... os amigos pensavamaflitos... como?

P a u l o , p a r e c e n d o l e r s e u spensamentos, falou-lhes:

— Jesus nos proporcionará onecessário... o recurso virá...

E, encontrando-se com Lucas, conta-lhe o sucedido... Lucas de imediatopropõe-se a pagar as despesas... comomédico, estava sendo convidado peloCristo a curar os doentes da alma. Essasforam as palavras de Paulo paraconvencer Lucas a segui-los para a Macedônia.

A bordo da embarcação, Paulo aproveitou o momentopara pregar a palavra de Jesus, que foi ouvida comentusiasmo por muitas pessoas ali reunidas, que setornaram simpatizantes do Evangelho.

Chegaram a Neápolis, e depois foram para Filipos. AíPaulo sugeriu para que Lucas e Timóteo seguissem poroutros lugares, onde voltaria a se encontrar emTessalônica. Dessa forma, muitos seriam os beneficiados aouvirem falar sobre o reino de paz de Jesus. E assim foi feitocom apoio total de todos os missionários.

Após breve colóquio com uma negociante do local denome Lídia e que ofereceu sua residência, embora simples,para que o povo que quisesse ouvi-lo fosse para lá, Pauloficou feliz por saber que as mulheres ali estavam reunidaspara ouvirem o Evangelho. Lembrou-se também que, comono dia do Calvário, foram apenas as mulheres que ficaramao pé da cruz.

E, após ter ajudado a uma pobre serva desequilibrada aencontrar a paz interior pelas palavras de Jesus, foi eleespancado e preso, juntamente com Silas, acusados debruxarias. Mas quando as autoridades locais souberamserem eles cidadãos romanos, foram soltos e procuradospara receberem desculpas e o pedido para deixarem acidade. Antes, porém, Paulo deixou mais um núcleo cristão

em andamento, com o apoio da viúva Lídia, que seencontrou com a verdadeira vida, segundo suas palavras aPaulo de Tarso.

Daí seguiram para Tessalônica. Essa cidade fora acapital do distrito da província romana da Macedônia.Localizada na via Egnatia, uma estrada militar romana queia desde a costa balcânica ocidental até Istambul, eragovernada por militares da região, considerados osmagistrados da cidade.

Paulo, ao tomar conhecimento dos atritos que o núcleocristão estava passando, quis de imediato ir à Sinagoga. Oslíderes judeus não aceitavam as mudanças aliapresentadas. Ao se depararem com a presença de Paulo,insultaram-no e o tacharam de rebelde ao chamar Jesus de“Senhor”, título que, para eles, só é usado em família aosmais idosos ou a alguma pessoa da corte. E mais aindaquerendo trazer um concorrente a César. Enfim, eramtantas as discordâncias que Paulo e Silas acharam melhorpartir para Beréia. Mas quando os judeus de Tessalônicasouberam que eles iriam pregar em Beréia, correram paralá incitando o povo para apedrejá-los. Tiveram queinterromper a tarefa de início do Evangelho no continente

europeu. Paulo compreendeu apreocupação de Jesus, quando recebeuo recado. Ele continuou enviando asepístolas, falando sobre a fé, sobre osque são mortos-vivos sem esperançasem Cristo. E finalizava com o consolopara os que acreditavam no Evangelho.Essas epístolas eram enviadas a Tito,que se tornou cristão-grego.

Pau lo e seus companhe i roscontinuaram a luta pela divulgação daDoutrina de Jesus em muitas idas evindas. Por todos os lugares quepassava, Paulo pregava e recuperavadoentes e obsediados em nome doCristo. Sabia ele que Estevão e Abigaildavam-lhe toda a cobertura espiritual de

que necessitava.Durante todo o trajeto, foram eles perseguidos, presos,

açoitados, mas nada os demovia de seu intento. A fé emJesus os alimentava.

Paulo resolve ir a Nicópolis, onde estaria na metade docaminho para Roma, cidade à qual sentia muita vontade deretornar e rever os cristãos que lá se desdobravam naárdua tarefa cristã.

Após algum tempo, Paulo parte para Roma. Conseguirasair de Nicópolis ajudado por Tito, que viera de Creta eseguiria para Ilíria. Quando Tito procurou por Paulo, soubepor cristãos do local que ele havia sido preso quandopregava o Evangelho nos arredores de Roma. Tito,encontrando-o, ajudou-o a fugir da precária prisão que foraimprovisada, pois Roma o queria preso. Mesmo porinsistência de Tito para que não fosse a Roma, Paulo otranqüilizou, agradecendo a ajuda, mas confessando-lheque ele tinha a certeza de que, estando em Roma,cumpriria a última etapa de sua reencarnação. Tito,entristecido, partiu, abraçando Paulo e ambos pediram oamparo do Alto para continuarem a sublime missão doEvangelho em nome de Jesus.

No início da primavera do ano 67 d.C., Paulo de Tarsochega em Roma. Próximo à Porta Ostiensis, nos arredoresda Ilha do Tibre, Paulo encontrou um armazém onde

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SeareiroSeareiro12

guardavam o trigo colhido, mas abandonado. Instalou-seali e com o passar dos dias o armazém passou a encher-sedo divino trigo do Evangelho, porque muitos cristãos dolocal, ao saberem da presença de Paulo, acorreram paraouvi-lo falar do reino de Deus. Entre esses havia muitossoldados disfarçados.

Numa certa noite, quando todos os cristãos estavamenvoltos pelas palavras de fé e consolo que Paulo pregavasobre os ensinamentos do Senhor, foram surpreendidospelos soldados de Nero. Com grande tumulto e correria,prenderam Paulo como chefe de um partido religioso muitoperigoso. Pesava sobre todos os efeitos do terrível incêndioem Roma, fato este atribuído àqueles que formavam a“seita dos seguidores do Cristo”, considerados os principaisculpados. E Paulo era dado como o chefe. Essa prisão lhefora duramente sofrida. Paulo foi jogado numa escuramasmorra fétida.Asolidão era total.

Alguns poucos amigos souberam do paradeiro de Paulo.Procuravam vê-lo às escondidas, ajudados por algunssoldados simpatizantes cristãos. Paulo mandava recadospara os amigos, mas ninguém o atendia. Começava ele asentir o abandono daqueles a quem tanto confiara eajudara. Somente Lucas procurava ajudá-lo, trazendo-lhenotícias do processo em andamento, que estava sob ajurisdição de César, porque Nero encontrava-se na Grécia.Para substitui-lo, a administração palaciana ficara a cargode seu amigo Aelius, que era sua imagem e decadênciamoral.

Sem advogado e nem amigos, Paulo defendeu-sesozinho em sua primeira audiência. Dizia, a seu favor, queJesus lhe dava as forças necessárias, pois ele defendia-seanunciando a chegada do Cristo e a sua permanentepresença através do Evangelho e que ele, Paulo,continuaria a fazer chegar a todos os ouvidos de crentes ouincrédulos da fé, a presença de Jesus.

Após esse interrogatório, voltou ao cárcere sombrio.Paulo sentia suas forças diminuírem com o passar do

tempo. Pensava que mesmo sendo absolvido não teriasaúde para continuar a viver. Mas ele sentia que deverialutar até o fim das condições exigidas pelas leis da Terra.Para isso solicitou uma conversa amigável com oadministrador da prisão. Sabia esse que, sendo Paulo umcidadão romano, não poderia negar-se em ouvi-lo.

O ex-rabino, sob a proteção do Alto, confiou seu coraçãoem relatos dignificantes de suas atitudes, respeitando asleis representadas por Nero. Pediria a esse oficial que, emse condoendo de sua precária condição de detento,procurasse por seu amigo Acácio Domício e outro que bemo conheciam para deporem em seu favor com respeito àsua conduta desde os tempos da Sinagoga.

Confessava ao administrador que jamais ele incitaria opovo a incendiar Roma. Sempre fora a favor da ordem e dapaz.

O administrador da prisão Mamertina ouviu os rogos dePaulo e se condoeu penalizado que ficara diante de tantasinceridade. Embora sabendo que sua função era prendera todos os cristãos que tentassem se aproximar da prisão,comprometeu-se em ir à procura de Acácio Domício. Esse,de imediato, atendeu ao pedido de Paulo. Procurou oscaminhos por onde pudesse ajudar seu amigo e sincerobatalhador do bem, depois de ouvir toda a entrevista que ochefe da prisão tivera com o preso.

Estando com Paulo, dizia-lhe das dificuldadesencontradas e que a situação era deveras gravíssima. A

única solução que ele encontrava no momento era a deapelar para a boa vontade do imperador em interrogá-lopessoalmente. Para isso seria necessário que Paulocomparecesse diante dele. E isso só aconteceria se apetição que fosse enviada a César viesse a ser aceita.

Ciente desse fato, lembrou-se Paulo de uma tempestadeque o surpreendeu em pleno mar, quando navegava entre aGrécia e a Ilha de Malta, ouvindo em meio às suas precesum mensageiro de Jesus que o alertava sobre ocomparecimento dele perante César. Porém, não lhe foradado entender o porquê. Seria esse o momento?

Acácio Domício preparava Paulo para o interrogatório.Sabia que Nero seria cruel, isso porque o incêndio de Romatinha sido causado por ele... seus interesses eraminúmeros... apenas que o acontecimento fora trágicodemais... Nero, sabedor da influência de Paulo sobre oscristãos, percebeu que chegara para ele a hora exata paraque a culpa caísse sobre os cristãos, principalmente sobrePaulo de Tarso.

Embora a preocupação de seu defensor em querer quefossem ocultadas quaisquer referências ao Cristo e seusensinamentos, Paulo iria fazer exatamente o contrário.Para ele seria o momento exato. Aquela audiência comNero seria o momento de afrontá-lo diante das crueldadesfeitas às criaturas, cujo único erro fora o de acreditar numajustiça vinda da fé por aqueles que aceitavam a vinda deJesus e de seu Evangelho Consolador. E se, por isso,voltasse à prisão, retornaria com a consciência tranqüila e odever cumprido, diante da verdade.

Concedido o pedido, foi o ex-rabino levado à presença deNero, escoltado por guardas, tendo as mãos acorrentadas.Nero o aguardava com ansiedade. Ao vê-lo, porém,decepcionou-se... então era aquela mísera figuraenvelhecida e franzina que causava tanto tumulto por ondepassava? Ficou tão aborrecido que não queria mais saberde ouvi-lo. Diante da realidade, achou por bem mandá-lo devolta à prisão. Como poderia manter um diálogo com umafigura tão insignificante? Mencionando seus pensamentosaos membros do Conselho Imperial presente, ouviu dessesa importância em deixá-lo falar. Seria bom observarem ograu da mentalidade do preso, visto que sempre elogiavamsua inteligência.

Isso chamou a atenção de Nero. Não poderia perderessa ocasião de mostrar-se acima de Paulo pelaeloqüência artística e espetaculosa com que se colocavaorgulhoso diante do povo. Deu seu consentimento para queo ex-rabino falasse.

Paulo, diante de Nero, sente as mãos de Estevão eAbigail a ampará-lo. Diante dessa força espiritual, comandao interrogatório medíocre por parte de Nero e tão impetuosoe vibrante, pois as palavras de Paulo ressoavam nocoração de todos os que o ouviam. Sua defesa em favordos cristãos e a maldade que o império fazia para com osofrido povo, deixavam lágrimas a correr no rosto dealguns. Até Nero o ouvia enternecido e preocupado. Pelacircunstância aparente que o efeito das palavras de Pauloestava ocasionando a todo o conselho, Nero chama à parteum de seus fiéis colaboradores e confessa temer Paulo,pois ele se mostrava mais perigoso do que ele supunha.Tramas se formam após esse interrogatório. Embora poressa época Paulo fosse libertado, vem novamente a serpreso e levado ao cárcere do monte Esquilino. Nesse local,outras torturas vem a sofrer Paulo. Estava incomunicável.Sentia frio e fome, mas se controlava pela fé que possuía

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em Jesus. Sofria mais ainda por saber que muitos cristãosestavam sendo mortos pelos leões do circo romano e elequeria estar junto deles para perecerem unidos até diantedaquele martírio imposto por leis cruéis dos césares.

Não tardou muito e ele ouviu a porta do cubículo sendoaberta. Notou que vários soldados entraram e pediram paraque se levantasse, pois, por ordens superiores, serialevado para o local de sua morte. Como Paulo estava muitoenfraquecido, não podendo obedecer para colocar-se empé, foi açoitado e carregado para fora. Seguiram a cavaloao longo da via Ápia, até as proximidades do cemitério. Alidesceram os soldados e comunicaram ao ex-rabino queseu sacrifício seria após a morte dos cristãos, na grandefesta do circo romano, que fora muito apreciada pelosconvidados.

Paulo, com toda a serenidade estampada em seus olhos,aditou-lhes:

— Cumpram com a ordem dada a mais essa criminosatarefa que irão desempenhar. Os discípulos de Jesus nãose amedrontam diante da morte do corpo, porque nenhumaespada elimina a vida espiritual. Estaremos com o Mestre,felizes pelo dever cumprido, mas vocês e Nero e toda acorte maldosa e criminosa terão muitas contas a pagardiante de seus próprios tribunais.

Diante dessas palavras pronunciadas com firmeza, ossoldados se intimidaram, porém, um deles já exalando fortedose alcoólica, reagiu:

— Vamos logo acabar com essa lenga... se essescristãos e seu chefe... esse Jesus fossem tão poderosos,vocês não morreriam nunca... estariam aí a fazermilagres...

Os outros soldados voltaram-se à mesma faixa espiritualdo zombador que acabara de ser médium das sombras e,aproximando-se de Paulo, desferem com a espada violentogolpe que fere violentamente a garganta do Apóstolo Paulode Tarso. Seu corpo rola ao solo sem se ouvir um gemidosequer de seus lábios. Somente seu sangue jorra aosgolfões, numa agonia rápida, enquanto os soldados, aosgritos de vitória, deixam o local, triunfantes do que, paraeles, era um dever cumprido a Nero.

Paulo de Tarso começara a sentir um grande alívio. Mãoscarinhosamente o amparavam, para libertá-lo daquelespadecimentos carnais. Passados alguns minutos, já nãosentia mais dores. Começou a divisar, com muita

dificuldade, um lugar aprazível e sereno. Lembrando-se deseu primeiro contato com Jesus em Damasco, passou aorar buscando energias renovadas pela nova sensaçãosentida. E, nesse instante, sentiu que algo lhe tocava oombro.Ainda com dificuldade, pergunta:

— Quem está a amparar-me?E ouviu uma voz ressoar aos seus ouvidos:— Sou eu, irmão Paulo,Ananias.Paulo, sentindo o pranto rolar pelo seu rosto, caiu de

joelhos aos pés deAnanias. Este, erguendo-o, exclama:— Como da primeira vez, Jesus pediu-me que viesse ao

seu encontro para lhe devolver a luz dos olhos carnais.Agora ele enviou-me para restabelecer-lhe a luz espiritual.Desde Damasco, você entregou-se a Jesus dando seutestemunho de amor a Deus. Propalou o Evangelhoedificando o reino de paz nos corações mais endurecidos,agora Jesus o busca para a beleza da vida eterna, desdeque você soube conquistar seu lugar como servo fiel doMestre.

Nesse momento, Paulo pôde identificar a paisagem queos rodeava... ele não estava tão distante das catacumbas,mas o quadro de seus despojos fora afastado. Sentia-serejuvenescido. Viu seu corpo espiritual coberto por umaalva túnica. Reconhecido pelo bem estar sentido, viu ao seulado, abraçando-o fraternalmente, seu mestre Gamaliel.Entre lágrimas de júbilo, alcançando com seus braçostambém aAnanias, exclamou:

— Que bênção maior poderia Jesus me proporcionar!E, como por encanto, continuou a divisar muitos

companheiros de luta cristã que haviam sido condenados asuplícios e morte e que, agora, vinham saudá-lo com o hinodos prisioneiros libertados da dor.

Ananias, quebrando um pouco a cena emocionante,pergunta ao apóstolo:

— Qual será o seu primeiro desejo encontrando-sedesse lado da pátria espiritual, meu irmão Paulo?

Paulo, de imediato, lembrou-se de Abigail: comodesejaria tê-la em seus braços, mas revendo-se como umacriança caprichosa, arrependido, volta-se para Ananias efala:

— Desejaria rever Jerusalém. E lá, onde tanto malpratiquei, orarei a Jesus para agradecer-lhe o amparo quesempre recebi.

Rapidamente, todos os espíritos demandaram-se emvolitação. Ficara eleassombrado por ver queas d i s tânc ias nadasignificavam diante daespiritualidade superior. Ea caravana seguiu pelaVia Ápia até Pouzzoules,onde Paulo reverenciou-se em preces. Chegandoem Corinto, deu curso aosseus pensamentos nosmomentos de alegria quecompartilhara com osadeptos cr is tãos. Ep r o s s e g u i r a m a srecordações a Paulo aopassar a caravana porAtenas, Tessalônica,Filipos, Neápolis, Trôadee Éfeso. Foram esses os

Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 13

RomaRoma

NápolesNápolesPouzzoulesPouzzoules

RégioRégio

SiracusaSiracusa

MessinaMessina

MALTAMALTA

CireneCirene

AlexandriaAlexandria

NicópolisNicópolis

AtenasAtenasCorintoCorinto

EspartaEsparta

Bons PortosBons Portos

RodesRodes MirraMirra

SidomSidomTiroTiro

PtolemaidaPtolemaidaCesaréiaCesaréia

JerusalémJerusalém

PalmiraPalmira

EdesaEdesa

AntioquiaAntioquia

Antioquiada PisidiaAntioquiada Pisidia

Mar NegroMar NegroMarAdriáticoMarAdriático

Mar MediterrâneoMar Mediterrâneo

AdanaAdanaTarsoTarsoListraListraIcônioIcônio

SardeSarde

PergePergeAtáliaAtália

MiletoMileto

EsmirnaEsmirna

MitileneMitileneAssósAssósTrôadeTrôade

BizâncioBizâncio

LatisaLatisa

BeréiaBeréiaTessalônicaTessalônica

FiliposFiliposNeápolisNeápolis

ApolôniaApolônia

AnfípolisAnfípolis

200 km

SalaminaSalaminaPafosPafos

ÉfesoÉfeso

GALÁCIAGALÁCIA

CILÍCIACILÍCIA

CRETACRETA CHIPRECHIPRE

MACEDÔNIAMACEDÔNIA

PALESTINAPALESTINA

GRÉCIAGRÉCIA

SÍRIASÍRIA

JopeJope

DerbeDerbe

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livro em focoLivro em Foco

Esta obra nos traz a entrevista completa e um resumo davida de Chico Xavier, até então.

28 de julho de 1971, noite, TV Tupi, adentra ao palcoChico Xavier com seu jeito humilde e simples,direcionando-se rapidamente e sentando-se em umacadeira atrás da mesa. Quando começa a falar, suaspalavras emanam vibrações de paz, respeito e amor.

Era o programa de entrevistas “Pinga Fogo”, que nessedia poderia ter-se denominado “Pinga Luz”, composto peloapresentador Almir Guimarães, pelos jornalistasconvidados, João de Scantimburgo (católico) e HerculanoPires (espír i ta) , ambos professoresuniversitários, e pelos jornalistas da equipeHele Alves, Reale Junior e Saulo Gomes.Durante o programa houve também perguntasde telespectadores.

Esta entrevista foi como uma cunha tal a suapenetração, abertura e repercussão em todo oBrasil.

Este programa teve seu vídeo-tapetransmitido mais duas vezes, devido asolicitações dos ouvintes e foi remetido a todasas regiões de nosso país. (Atualmente já existeDVD do programa).

“Há o Brasil antes e após o Pinga Fogo comChico Xavier”.

Basta vermos a expansão doutrinária nos

meios jornalísticos, radiofônicos e televisivos.Muito notório e importante é que Chico Xavier jamais se

sentiu orgulhoso disso, pois por várias vezes comunicouque não falava por si e sim pelos Espíritos que o assistiam,entre eles Emmanuel, quando, na abertura do programa,após agradecimento às palavras a ele dirigidas, afirmou:“Estou confiante no Espírito de Emmanuel que prometeuassistir-nos pessoalmente”.

A entrevista consta de perguntas sobre diversosassuntos. As respostas foram extremamente elucidativas,sobre psicografia, planos e subplanos espirituais,

evolução, mortes violentas, conquista espacial,dúvidas de como foram efetuadas as obraspsicografadas, dúvidas sobre a Gênese,evolução da humanidade, sexualidade,reencarnação via tubo de ensaio, leis cármicas,considerações sobre Judas Escariotes,planejamento reencarnatório, atuação religiosana sociedade, puxão de orelha “Morrer comEducação”, mensagem final via psicografia.

Dessa forma, é uma obra recomendada tantopara aqueles que assistiram, para que possamrelembrar aquela noite memorável, quanto paraaqueles que não tiveram o prazer de assistir aoprograma, para que possam enriquecer seusconhecimentos na Doutrina Espírita.

Família Amado

Pinga Fogo com Chico XavierFrancisco Cândido Xavier

Editora Edicel88 páginas

Ignácio de Antioquia – Geraldo Lemos / Theóphorus -1ª edição - 2005 - Editora Vinha de LuzPaulo de Tarso - Humberto Rodhen - 6ª edição - 1975 -Editora FundaçãoAlvoradaPaulo e Estevão - Francisco Cândido Xavier /Emmanuel - 24ª edição - 1987 - FEBSagradas Escrituras - 1ª edição - 1973 - EditoraSociedade Bíblica do BrasilVida e Atos dos Apóstolos - Cairbar Schutel - 9ª

edição - 2001 - Editora O ClarimImagens:

en.wikipedia.org/wiki/Image:Ananias_house.jpgiglededios.tripod.com/viajes2.gifwww.laeditorialvirtual.com.ar/Pages/MartosDenes/LosDeicidas/Images/JerusalemEn66DC.jpgwww.pbs.org/empires/peterandpaul/photos/popup.html?jerusalem_9.jpgwww.techs.com.br/meimei/paulo%20de%20tarso/Paulo%20de%20Tarso%2001.jpgwww.techs.com.br/meimei/paulo%20de%20tarso/Paulo%20de%20Tarso%2030a.jpgwww.techs.com.br/meimei/paulo%20de%20tarso/Paulo~20.jpg

Bibliografia

lugares onde o coração do apóstolo pedia breves paradaspara agradecer a Jesus as bênçãos recebidas.

Passaram pela Cilícia, onde seus pensamentosretornaram a sua infância, chegando na Palestina ondemais uma plêiade de espíritos incorporou-se à caravana jáformada. E todos, obedecendo ao desejo de Ananias,reuniram-se no alto do Calvário. Ali as vozes se ergueramem cânticos de amor e luz ao Divino Salvador.

Paulo ajoelhou-se e em preces comovidas dirigiu-se aJesus em profundo reconhecimento e gratidão. Do Alto oseflúvios chegavam emocionando aos espíritos alipresentes. Delineavam-se no espaço iluminado três figurasque se aproximavam jubilosos: o Mestre Jesus no centro,ladeado por Estevão eAbigail.

Paulo apenas conseguia estender seus braços porquesua voz emudecera-se na garganta. Lágrimas jorravam deseus olhos.Abigail e Estevão aproximaram-se.Abigail tomaPaulo pelas mãos e Estevão o abraça com ternura. QuisPaulo beijar Abigail, retê-la em seus braços, mas buscandoo olhar de Jesus como que pedindo-lhe permissão, notou o

sorriso estampar-se no rosto sereno do Cristo e ouviu-lhedizer:

— Seja feliz, Paulo de Tarso! Seja bem-vindo aos meusbraços porque é da vontade do Pai Celestial que todos osmartirizados se reúnam no meu reino de paz e amor, para aeternidade...

Seguiram eles, trabalhadores e servos do Cristo, a darcontinuidade ao Evangelho da redenção, pela luz daVerdade sob os rastros do Mestre Jesus.

E na Terra, Jerusalém começava um novo dia, sem queas criaturas, voltadas ao mundo material, pudessem saberdos acontecimentos que acabaram de se passar peloscaminhos ocultos da espiritualidade superior.

Na Epístola aos Gálatas, cap. V, vers. 18-25, Pauloescreveu:

“Mas o fruto do Espírito é a caridade, a paz, alonganimidade e a benegnidade, a bondade, a fidelidade, amansidão, a temperança. Contra tais coisas não há lei. Sevivemos pelo espírito, andemos também pelo espírito.”

EloisaFinal da terceira e última parte

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Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 15

Cantinho do Verso em Prosacantinho do verso em prosa

Durante a experiência física, quando a reencarnação nosfornece a oportunidade de refazimento, pela misericórdia de Deus,nos defrontamos com os mesmos obstáculos. Por vezes, essaviagem do retorno nos traz a mesma estação de desembarque, que

nos leva aos mesmos lugares e pessoas sem que nos lembremos doserros cometidos.

A primeira sensação da nova cidade nos enche de contentamento emuitos planos são traçados. Mas durante a longa caminhada, os atritosaparecem. Os familiares nos parecem uma enorme carga que, sem sabera resposta, achamos que devemos carregar. Ou, por vezes, nosapegamos tanto a eles, que esses elos nos prendem sem sabermos comoos desatar, por não querermos aceitar uma separação. Dizemos amar enão entendemos o que é o amor. Passamos a sentir o antagonismo sementender a razão. Mais uma vez, Deus nos proporciona buscar averdadeira luz da existência. E isso acontece porque, pelos prazeresmateriais, nos afastamos de Deus.

Durante a romagem terrena, vivemos a buscar ilusões, fantasias banaise fortalecimento aos vícios devoradores, que nos distanciam do caminhodo bem. Entramos em êxtases buscando um paraíso inexistente. Dizemoster fé e não agimos como cristãos. Após tantos dissabores, como semprehá um dia após o outro, lembramo-nos de Deus. Que hora abençoada,quando, através de um pedido de socorro feito em palavras dirigidas aJesus, poderemos ouvi-lO dizer: — Filho, eu estou aqui.

Elielce

Viajor!... viajor!...No oceano da vida,Muita vez, tua voz,Misturada de pranto,Clama a Presença Divina...Entretanto,

Basta que surja uma ilha sedutoraPara que te detenhas muitos anos,No cipoal das sensações efêmeras,De bússola abandonada,De leme esquecido,De navio ancorado em sombra...

Descuidado e feliz,Observas, não longe,Terremotos de dor compelindo-te à volta ao mar.Lembras-te, então, de novo,E imploras, angustiado, a Presença Divina...

Todavia,Basta que um companheiro te provoqueÀ disputa infelizPara que te projetes na água turva,Fora da embarcação.

Torturado, bracejas,Entre os monstros do abismo,Não podes repousar,Senão momentos brevesEntre braços de rochaA emergirem do fundo...E após dias de dor,De sede, fome e sono,Ganhas a praia extensa,— Um deserto areal...Nem árvores, nem fontes,Apenas ervançaisOnde a serpente mora,Aguardando-te os pés.

Foges, espavorido,Esfarrapado e só,E, quando a ventaniaImprovisa o sepulcroQue te espera, por fim,De corpo verminado,Apodrecido e nu,Sem bússola, sem nau,Sem âncoras no porto,Sem a voz de ninguémQue te console ou guie,Agarras-te à fé vivaE gritas para o Céu:— Senhor! Senhor! Senhor!...

Então, e só então,Sentes no coraçãoQue soluça e que riA Voz, a Grande Voz que te renova o “eu”— Não temas, filho meu,Espera!... Estou aqui.

Alma Eros

Psicografia de Francisco Cândido XavierLivro “Correio Fraterno” - FEB - 1ª edição - 1970

O Divino Encontro

Clube do Livroclube do livro

Em abril, o associado do Clube do Livroteve a oportunidade de receber um romancemediúnico escrito p

AssisAzevedo.A obra relata, como exemplo para todos

os leitores, os limites que podemosencontrar no momento em que atingimos aliberdade do próximo, mesmo quando estepróximo venha a ser um filho.

Mostra as diversas conseqüências dequando os in te resses mundanosultrapassam a busca individual e interferemna trajetória dos seres e os caminhos decomo podemos ser auxiliados à frente desituações de dor, para as quais, muitasvezes, não encontramos mais respostas. Aomesmo tempo, a estória relata como podemosajudar a pessoas que já desencarnaram e precisamdesse apoio para aceitar sua condição atual, a fimde que possam ser auxiliadas no plano espiritual.

Um roteiro de muita dor ao lado de momentos de alegria que podemservir de auxílio para que nos momentos de incertezas pensemos bemantes de tomarmos qualquer atitude.

Como sempre, vale a pena lermos mais uma obra destinada ao nossocrescimento espiritual, desde que nos conscientizemos dos nossospróprios desacertos e queiramos, assim, alcançar um degrau na escaladessa nossa longa evolução.

Marcelo e Rosangela

elo espírito João Maria,através do médium

Vingança Além do Túmulo

Assis Azevedo peloespírito João MariaEditora O Clarim

264 páginas

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kardec em estudoKardec em Estudo

Deus nos criou simples e ignorantes, dentro de suas leisque são imutáveis e colocou dentro de cada um assementes em estado latente, dando-nos por misericórdia o“LivreArbítrio”.

A criação de todos, sem exceção, como simples eignorantes, está totalmente dentro da lei imutável, a

.Ao colocar dentro de cada um todas as sementes, do

deu-nos mais uma vez a prova da

A partir daí cada ser humano tem o seu ,para seguir a sua vida, sua evolução e nos acompanhaoutra Lei imutável, , onde o plantio élivre, porém a colheita é obrigatória Esta Lei é fabulosa, seassim não o fosse, estaríamos em condições piores ainda,pois, junto com o plantio, está o joio que é composto denosso orgulho, egoísmo e vaidade os quais ilusoriamentenos fazem sentir poderosos. Porém, é como uma grandebexiga que vai se enchendo de ar, mas sua durabilidadenão é eterna e vai murchando e ficando fraca, flácida, semconsistência, sem utilidade, tendo que procurar outro

que seja mais forte e útil, vaso este que seria uma novareencarnação, só que sua reserva de ar estaria bem baixa,pois foi mal utilizada na bexiga. Resultando então esforçopara recarregar a carga de ar.

Entra aí novamente a , pois o Paicolocou à nossa disposição tudo o que é necessário para arecarga de qualquer elemento, à disposição de qualquerum e o processo de refazimento será mais ou menosrápido, dependendo só de uma pessoa, nós mesmos.

Como? Se não fossem os nossos vícios, criados por nósmesmos, seria mais rápido.

As nossas dificuldades tornaram-se profundas.Mais uma vez vem a e, nos envia

nosso o co-criador de nossoplaneta escola, nos mostrando como devemos fazer, comexemplos vivos, exemplos que foram mostrados paratodos, sem exceção.

E como sua também é e, sabendoque mesmo assim, após milênios, ainda teríamosdificuldades, devido ao nosso grosso ranço, de nossoorgulho, egoísmo e vaidade, nos promete a vinda do

Este nos chegou através de Kardec, depois de muitoesforço e lutas contra as sombras e a fogueira que tentouqueimar as suas obras. Porém como suas obras sãolastreadas nos ensinamentos do , queimou-sesomente o papel e não os ensinamentos do .

Mais uma vez a se mostra presente,com força e imutável, pois o aí estápresente em todos os segundos de nossa existência.

Vamos acordar?Vamos começar a pôr em prática?Ainda não é fácil, porém o apoio, o amparo está e estará

sempre presente.Mais rápido ou mais lento, dependerá só de nós, pois

como vimos, a é imutável e é para todos.José Roberto

Lei deIgualdade Natural

amor, perdão, caridade, humildade, fé, esperança,tolerância, paciência...,Lei de Igualdade.

Livre Arbítrio

Lei da Ação e Reação.

vaso

Lei de Igualdade

Misericórdia DivinaIrmão Maior Jesus Cristo,

Misericórdia Divina

Consolador Prometido.

Mestre MaiorCristo

Lei de IgualdadeConsolador Prometido

Lei de Igualdade

Bibliografia: O Livro dos Espíritos - Allan KardecTradução Salvador Gentile - IDE - 124ª edição

Igualdade Natural

O Espiritismo

Canal Abertocanal aberto

Este espaço é reservado para respondermos às dúvidas que nos são enviadas e para publicações dos leitores.Agradecemos todas as correspondências e e-mails recebidos. Reservamo-nos o direito de fazer modificações nos textos a serem publicados.

Jesus não pôde ensinar todas as verdades; os antigosnão compreendiam, estavam despreparados.

Jesus prometeu outro consolador, em Sua bondade; e oEspiritismo veio como foi apregoado.

O Espírito de Verdade ilumina o Evangelho no acertosublime, beneficiando a humanidade com o Espiritismo,

levando os homens a Deus, na verdade que redime, naposse do completo e perfeito Cristianismo.

Deus nos concede centenas de vidas, para crescermosem espírito, em todo o valor; Deus é o Todo Poderoso, Elenão tem almas perdidas.

O Espiritismo é a essência suprema do Evangelho, é anata dos ingredientes da Verdade, que nos traz a Deus,libertos dos enganos velhos, preparados no Amor emSanta fraternidade.

Texto enviado por Carlos Prates Castanho - São Vicente - SP

Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”

Rua das Turmalinas, 56 / 58 - Jardim Donini - Diadema - SPRua das Turmalinas, 56 / 58 - Jardim Donini - Diadema - SP

Tratamento Espiritual: 2ª e às 19h453 e às 14h45

4ªª 6ªAtendimento às Gestantes: 2ª às 15 horas

Evangelização Infantil: ocorre em conjunto às reuniõesReuniões: 2ª, 4 e 5 às 20 horas3 e 6 às 15 horas

Domingo às 10 horas

ª ªª ª

Artesanato: Sábado das 10 às 16 horas

Questão 803 — Todos os homens são iguais diante deDeus?— Sim, todos tendem ao mesmo fim e Deus fez suas leispara todos. Dizeis freqüentemente: O sol brilha para todos.Com isso dizeis uma verdade maior e mais geral do quepensais.Todos os homens serão submetidos às mesmas leis daNatureza. Todos nascem com a mesma fraqueza, estãosujeitos às mesmas dores e o corpo do rico se destrói comoo do pobre. Portanto, Deus não deu, a nenhum homem,superioridade natural, nem pelo nascimento, nem pelamorte. Diante dele, todos são iguais.

O Livro dos Espíritos - Capítulo “Lei de Igualdade”

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Doença em Família

Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 17

atualidadeAtualidade

Lei de Ação e Reação - Resgates Coletivos

Muitas vezes somos surpreendidos com esteacontecimento em família: um parente próximo adoece,obrigando-nos a dedicar grande parte de nosso tempo,quando não todo, nos cuidados que ele requer.

Como sabemos que nada acontece por acaso, se estefamiliar precisa de nós é porque alguma ligação espiritualtemos com ele.

A prova disto é a de que, às vezes, um pai tem váriosfilhos, mas quando adoece, uma nora ou neta se dispõe acuidar dele como se pai dela fosse.

Qual é a obrigação que ela tem de cuidar deste doenteque nem parente consangüíneo dela é?

Perante os homens poderíamos dizer que nenhuma, masperante as leis de Deus, explicada por Jesus na frase “amaa teu próximo como a ti mesmo”, sabemos que algo há entreestas criaturas para que o Pai os aproxime.

Não raro vemos casos em que os cuidados dispensadospelo familiar que encarregou de ser o “enfermeiro” são tãograndes e com tanto zelo que acreditamos que nem em umaclínica especializada o doente seria tão bem cuidado.

Isto acontece, pois, além dosremédios, do banho e da alimentação,o “enfermeiro” coloca o divino remédio:AMOR.

E para quem acha que amor é o queum casal expressa um pelo outro,aprenda que amor é um ingredientecomplexo, composto de respeito,dedicação, abnegação e carinho e, aomesmo tempo, simples, pois todos podem expressá-lo.

Para quem já está fragilizado em seu corpo físico por umadoença, receber o carinho de um familiar ajuda narecomposição, senão física, certamente na recomposiçãoespiritual.

Sabemos que Deus está vendo o nosso esforço,portanto, por mais que estejamos esgotados em nossas

forças físicas, oremos ao Pai pedindo que nos sustente emnossos bons propósitos e continuemos na tarefa abraçada.

Como consolo aos corações nesta situação, lembremos:“Se você registra o impulso generoso de dar-se a si

mesmo, em benefício de quem sofre, estará penetrando noclima espiritual do Espiritismo-cristão. E esse clima é omesmo em que se sustentou Simão Pedro, quandocaminhou pelo mar revolto de Genesaré ao encontro com oMestre, superando as tempestades e as ameaças domundo.” (livro “Vida Futura” - Roque Jacintho)

Mas também, devemos analisar a responsabilidade e opapel que o restante da família deve exercer.

Como já dissemos aquele familiar que se dispôs a cuidardo doente tem alguma ligação espiritual com ele, mas istonão isenta o resto da família de oferecer a ajuda necessária.E a ajuda não se limita à questão financeira, mas deveabranger, principalmente, a presença, a demonstração decarinho e o apoio ao doente e ao “enfermeiro”.

Como sempre, nos acomodamos quando alguémcumpre com as responsabilidades que são nossas.

Por que não nos oferecemos por algumas horaspara cuidar do familiar doente para que o

“enfermeiro” possa ter um período de descansofísico?

Pergunte se você não pode ajudarfazendo algo simples.

Às vezes é triste ver filhos relegando ospais aos cuidados de terceiros sem nem ao

menos fazer uma visita, com a desculpa deque tem muitos compromissos.

Lembremos do mandamento:“Honrarás pai e mãe”

Se semearmos sofrimento pelo nosso caminho hoje, anossa colheita será de dor.

Semeando amor, ela será de paz. Esta é a lei da Ação eReação.

Sabendo disso, examinemos a nossa conduta.Deus estará vendo tudo.

WilsonImagem: adaptação de www.hregina.com.br/img/enfermagem.jpg

familiaFamília

Para traçarmos breves comentários sobre os resgatescoletivos vistos sob a ótica da Lei de Ação e Reação,precisamos ter algumas noções sobre reencarnação esobre Deus.

Como funciona a lei de reencarnação?O espírito encarna em um corpo físico. Vive a sua vida

guiado pelo seu livre arbítrio, ou seja, tem a liberdade deatuar na vida, principalmente perante os seus semelhantes,do jeito que desejar.

Pode praticar o bem ou o mal, ou seja, pode conviver comas pessoas que o rodeia com respeito, solidariedade,caridade ou não.

Ao desencarnar, levará consigo, como bagagem, tudo oque praticou quando encarnado. Terá contado tudo o quecultivou de bem ou de mal.

Asua consciência irá examinar os seus atos.Para todos os atos que prejudicaram os semelhantes, a

consciência irá cobrá-lo para uma reparação do malcometido. Isto será como um tormento ou sofrimento moralque os espíritos relatam que parece um fogo que queima etem-se a impressão de que será eterno. Esta sensação é oefeito da cobrança que a própria consciência do indivíduolhe provoca.

O remorso de ter cometido o mal é o primeiro sintoma

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SeareiroSeareiro18

para o início do resgate.Neste momento entra o efeito da reencarnação mais

benéfico para nós: o esquecimento do passado.Para que aquele sofrimento da cobrança consciencial

não nos perturbe eternamente, a Misericórdia Divina nosfaz esquecer, durante a reencarnação, todo o nossopassado, dando um alívio passageiro, para que possamosredirecionar a nossa vida.

Ao reencarnarmos, temos a Lei de Ação e Reação anosso favor.

Diferentemente do que muitos gostam de frisar, de quetodo o mal que fizermos retornará para nós, lembremos quedevemos olhar com uma ótica diferente: todo o bem querealizarmos será contado a nosso favor, “abatendo a nossadívida”.

Voltando à reencarnação, aquele que prejudicou osemelhante e reencarnou para poder resgatar a sua dívidade amor não vivido, é submetido a algumas “provas”, ouseja, aquele que “foi duro e desumano, poderá ser, por suavez, tratado duramente e com desumanidade, se foiorgulhoso, poderá nascer em condição humilhante.”(capítulo V, item 7 de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”)

Além dessas linhas gerais da reencarnação, poderão sertraçados acontecimentos pontuais, tais como um acidenteque deverá sofrer ou até mesmo a forma para o seudesencarne, e ainda, dificuldades ou enfermidades.

Lembremos, como exemplo, que no livro “Contos Destae Doutra Vida”, há uma explicação sobre os casos de máformação congênita, que geraram deformação dascrianças, pelo uso do remédio chamado Talidomida.

Explica-nos a lição que aqueles que na guerrasaqueavam as famílias israelitas e, para roubarem jóiascortavam os dedos, orelhas e pescoços, além de mutilaremas pernas daqueles que reagiam, depois de um período deremorso na espiritualidade, reencarnam e sofrem o efeitodo medicamento, sofrendo o que fizeram os outrossofrerem.

Só assim a cobrança da consciência daquele que erroupode ser minorada.

Lembramos que, anos atrás, após um acidente aéreoocorrido em São Paulo, um espírito que fazia parte de umaequipe de socorro presente em um cemitério, relatou-nos oporquê do desencarne de um passageiro que morreu

queimado. Segundo este espírito, ele teria provocadomuitas mortes em guerras antigas e costumava queimar ascasas, provocando a morte de muitas pessoas porqueimaduras. Para o resgate deste passado, escolheu eleo desencarne por acidente aéreo em que tambémdesencarnaria queimado.

Para nós, o que foi uma fatalidade, olhando sob estanova ótica, foi na realidade uma liberação de um passadode sofrimento.

Mas devemos frisar novamente que a Lei de Ação eReação não deve ser vista somente pela ótica do mal.

Todo o bem que realizarmos em favor do nossosemelhante será contado a nosso favor.

Isto está fundamentado nas palavras de Jesus: “O Amorcobre a sua multidão de pecados.”

Entre o momento em que praticamos o mal e a hora doresgate, Deus nos oferece um tempo para podermostrabalhar em favor de nossa redenção. Isto é a MisericórdiaDivina.

Lembramo-nos de um caso que nos foi relatado de umfeitor de escravos que, como castigo aos negros rebeldes,esmagava o braço deles na pedra do moinho.

Após várias reencarnações em que houve oarrependimento sincero e ele praticou o bem, auxiliandomuitas pessoas e vivendo o Amor ensinado por Jesus, aochegar a hora do resgate onde ele sofreria o esmagamentodo braço através de um acidente de trabalho, só foiesmagado a ponta de um dedo.

Cumpriu-se a Lei de Ação e Reação em conjunto com alei doAmor, associadas à Misericórdia Divina.

Por tudo isso, ao nos depararmos com acidentes em quemuitas pessoas desencarnam, enxerguemos além datragédia. Pensemos que, acima de tudo, temos um Deusque é justo e, sendo Ele assim, a causa de tudo também éjusta.

Jesus, ao curar, já orientava: “Vá e não peques mais,para que não te suceda coisa pior.”

Orientava-nos o Mestre de que o bem será semprecontado a nosso favor.

Somos os únicos responsáveis pelo que nos acontece debom ou de ruim, portanto, assumamos as rédeas de nossavida e tracemos nós hoje o destino do amanhã.

Adolpho

Nem sempre você terá no filho um amigo.Você usou todos os recursos de comunicação.Num esforço pessoal, não regateou em promover o

diálogo, abrindo-se com seu filho sobre temas delicadosque lhe foram vedados na sua infância.

Quis conquistá-lo, vencendo a barreira da indiferença.Aceitou que não poderia sustentar o relacionamento

convencional. Permitiu uma liberdade que, algumas vezes,chegou a beirar a indisciplina.

Não coibiu impulsos, salvos os excessos.Não fez uso dos direitos seculares da hierarquia

consangüínea, para impor-se despoticamente. Foi, isto sim,um liberal no convívio.

Não se ausentou do lar.Amou, sem querer a posse do filho, nele respeitando uma

criação divina com individualidade própria e autônoma.

Deu-lhe exemplos de respeito e afetividade.Apesar, no entanto, das noções educativas que lhe

transmitiu, ele se guardou distante de quaisquerintimidades. Ouviu, sem escutá-lo. Dobrava-se para ocírculo extralar, buscando conselhos onde faltava aexperiência.

É justo o seu espanto.Ele não se edificou em seu amigo.Você se sente, por isso, frustrado.Não se atribule.Há laços afetivos que se corrigem apenas com a bênção

da dor. A imersão em labirintos amargosos, não raro,corresponde a um encontro marcado com o sol que farágerminem sementes do Bem que você lhe deitou no solo docoração.

Amaturação dele virá.Na lei da evolução, ambos são Espíritos com

compromissos mútuos. Quando não, são almas que seajustaram para vencer, próximas, uma etapa da existência,

Ajustes

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lançando as bases do amor fraternal.Confie e espere.O tempo, como recurso divino, fará a segunda etapa do

processo educativo. Você, aí, será de novo chamado a dar asua contribuição, sem desfalecimento.

Até lá, ele será um enfermo a precisar de você.Roque Jacintho

Dona Anita estava acabando de fazer o almoço para afamília, quando Raul, seu filhinho de oito anos, entra pelaporta da cozinha todo agitado. Atira a mochila numa dascadeiras e dirige-se à mãe, todo amuado.

Dona Anita, vendo seu estado emocional, chama-lhe aatenção:

— E então, mocinho... é assim que você entra em casa:jogando a mochila numa atitude mal-educada? O queaconteceu?

Raul, andando de um lado para outro e aindademonstrando nervosismo, fala:

— É o Pedrinho, mamãe... ele é tão mentiroso... mas tãomentiroso que hoje chegamos a trocar uns socos... se nãofosse a professora, dona Célia, eu não sei não... — e osolhos de Raul e seus gestos mostravam muita raiva.

Dona Anita, achando o momento importante, tira oavental, desliga o fogo e, sentando-se, faz com que Raulfaça o mesmo. Aconchegando-o ao seu coração, procurafazer-se entender:

— Meu filho, por pior que tenha sido a mentira que seuamiguinho tenha contado, não justifica sua atitudeagressiva. Se você olhasse a sua figura no espelho, porcerto, se assustaria, tão transtornado você estava. Mas,agora, diga-me, que tipo de mentira ele falou a você?

— Não foi só a mim, foi para a classe inteira. Dona Célia,nossa professora, começou a aula perguntando a um porum como era a nossa vida em família. Cada um contoucomo vivia. A senhora sabe, mamãe, que por falta de vagasnas escolas, as classes estão super-lotadas de alunos.Com isso, há crianças de todos os bairros e mal se conheceum ao outro. O Pedrinho mora muito longe. Eu sei que, paraele chegar à escola, ele anda a pé muitos quilômetros e issoporque não é sempre que o pai dele tem dinheiro para eletomar ônibus.

Eu sei disso, mamãe, porque logo no começo do anoletivo, nós estávamos no pátio, esperando o sinal para oinício das aulas, quando eu vi o Pedrinho num cantochorando. Cheguei a ele e perguntei-lhe porque estavatriste ou se havia acontecido alguma coisa. Depois defalarmos nossos nomes, ele me contou que havia pedido depresente de aniversário uma bicicleta. Disse também que opai dele consertava bicicletas. E ele ficava doidinho quandoos meninos traziam as suas para serem consertadas esaíam pedalando com elas pelas ruas. Mas o pai deledissera que não podia comprar um presente tão caro, queeles eram pobres e o que ganhava, ele e amãe de Pedrinho, que é faxineira, nãodava para fazer gastos tão grandes,porque o dinheiro era pouco.

E hoje, mamãe, quando dona Céliaperguntou ao Pedrinho como viviacom a família, sabe o que elerespondeu?... que era rico, quemorava numa casa grande e que sóandava de carro importado... imagine,

mamãe, que mentira!... Fiquei tão bravo que na hora griteipara a professora que não era nada verdade... e ele veiopara cima de mim, me batendo e... e foi isso queaconteceu... O menino é um mentiroso...

Raul falava e chorava, voltando a ficar furioso. DonaAnita, sabendo agora do ocorrido, continuou calmamente:

— Meu filho, sei que isso não se faz. A mentira, seja comofor, é um ato muito desagradável. Mas não foi isso que eu eseu pai lhe ensinamos. Você poderia ter tido mais paciência.Ele estava inventando uma vida que gostaria de ter. Masvocê não esperou o resultado. Claro que sua professora eos outros alunos logo, logo saberiam que era mentira,porque uma pessoa, por mais simples que seja, demonstrase tem ou não recursos, pelas roupas, pelos objetos de usopessoal e outras coisas. Como avaliar a verdade do que elecontou à classe se você mesmo disse que ele andaquilômetros a pé?... Meu filho, o que disse dona Célia,assim que apartou a briga?

— Chamou-me junto a ela e disse que sabia da mentira dePedrinho. Conhecia o pai do menino e que era uma pessoahonesta, que ficaria muito triste por saber que seu filhoinventava viver como um menino rico. Pediu-me para ajudá-la a fazer Pedrinho ser feliz no lar que Deus lhe dera... porisso, fiquei mais nervoso... Pedrinho é mau, mamãe.

— Não, meu filho, ele está apenas equivocado. Não seconforma em ser pobre. Só que ele não vê o quanto é feliz,por ter pais tão honestos. Ele precisará de ajuda para não setornar mau no futuro. Vamos ajudá-lo a entender que, se elenão tem uma bicicleta agora ou uma casa grande, nãosignifica que não terá quando for maior. Se ele ajudar ospais, estudando para se tornar uma pessoa digna, poderáter quantas bicicletas quiser, sem precisar fazer uso damentira para ganhar alguma coisa ou para se fazer superiorperante os outros, quando Deus nos oferece meios paracrescermos, reajustando os nossos princípios de moral. Porisso, meu filho, amanhã você trará Pedrinho para almoçarconosco e pedirá desculpas pelo ocorrido. Lembre-se deque, quando oramos a Jesus, é para ajudarmos a quemmais precisa... e seu amigo precisa e muito conhecer Jesuse ser seu amigo também.

Abraçando-se à mãezinha, Raul prometeu que assimfaria. E pôde almoçar em paz, lembrando-se de que no diaseguinte Pedrinho estaria almoçando também.

Não foi fácil para Raul pedir desculpas a Pedrinho.Embora esse tivesse ficado constrangido com a mentiraque contara, já que todos os alunos souberam o porquê dabriga, ele aceitou o convite de Raul e, durante o trajeto da

escola até a casa do amigo, pensava emcomo havia sido mal-educado e ingratopara com seus pais, principalmentequando conheceu os pais de Raul e o

carinho dele para com donaAnita.E Pedrinho ficou feliz por ter certeza

de que, com o carinho que recebera,nunca mais mentiria e seria sempre

grato a seus pais.Érica

Imagem: adaptação dewww.pm.ba.gov.br/imagensrondaescolar.htm

A Mentira

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