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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL DISTRIBUIÇÃO TEMPORAL E ESPACIAL DA QUALIDADE DO LEITE NO ESTADO DE GOIÁS Rodrigo Balduino Soares Neves Orientadora: Dra. Cíntia Silva Minafra de Rezende GOIÂNIA 2015

DISTRIBUIÇÃO TEMPORAL E ESPACIAL DA QUALIDADE DO LEITE …€¦ · Li um provérbio árabe que dizia assim: “Sozinho você vai mais rápido, mas em equipe você vai mais longe”

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

DISTRIBUIÇÃO TEMPORAL E ESPACIAL DA QUALIDADE DO

LEITE NO ESTADO DE GOIÁS

Rodrigo Balduino Soares Neves

Orientadora: Dra. Cíntia Silva Minafra de Rezende

GOIÂNIA

2015

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RODRIGO BALDUINO SOARES NEVES

DISTRIBUIÇÃO TEMPORAL E ESPACIAL DA QUALIDADE DO

LEITE NO ESTADO DE GOIÁS

Tese apresentada junto ao Programa de Pós-

Graduação em Ciência Animal da Escola de

Veterináriae Zootecnia da Universidade Federal de

Goiás para obtenção do grau de Doutor em Ciência

Animal

Área de Concentração:

SanidadeAnimal,Higiene e Tecnologia de Alimentos

Orientador (a):

Profa. Dra. Cíntia Silva Minafra de Rezende –

EVZ/UFG

Comitê de Orientação:

Prof. Dr. Albenones José de Mesquita – EVZ/UFG

Prof. Dr. Marcos Veiga dos Santos – FMVZ/USP

GOIÂNIA

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2015

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RODRIGO BALDUINO SOARES NEVES

Tese defendida e aprovada em 17/09/2015 pela Banca Examinadora constituída pelos professores:

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AGRADECIMENTOS

Li um provérbio árabe que dizia assim: “Sozinho você vai mais rápido, mas em

equipe você vai mais longe”. Dessa maneira, esse trabalho não é apenas o

resultado de um esforço individual. Foi resultado de significativas contribuições

que recolhi durante minha trajetória acadêmica e profissional, ao lidar com

pessoas e instituições que foram fundamentais a essa construção.

Quero expressar a minha gratidão, agradecimento e homenagem ao professor Dr.

Albenones José de Mesquita que foi mais que meu eterno professor, mestre e

orientador, na Graduação, no Mestrado e no Doutorado, agradeço por sua

cumplicidade e responsabilidade direta na construção desta Tese e da minha

pessoa. Tenho uma imensa felicidade pela oportunidade que tive em trabalhar

com uma pessoa tão incrível. Só posso agradecer a Deus por essa oportunidade.

O resultado dessa convivência é que acabamos construindo uma sólida amizade,

que carregaremos para sempre, comprovando assim que a Universidade é muito

mais que uma instituição acadêmica de referência, mas sim local de formação de

cidadão.

Agradeço a minha orientadora Profa.Dra. Cíntia Silva Minafra de Rezende que me

acolheu no final dessa jornada e atuou de forma brilhante e competente, abrindo o

meu horizonte para a construção dessa Tese.

Consciente de que é impossível listar todos que de uma forma ou de outra me

acrescentaram conhecimentos e experiências essenciais à forma de ver o mundo

e nele atuar - particularmente em relação à área do controle da qualidade do leite,

estatística e georreferenciamento - preciso expressar meu agradecimento por ter

convivido e aprendido com pessoas como: Prof. Dr. Marcos Veiga dos Santos,

Prof. Dr. Antonio Nonato de Oliveira, Prof. Dr. Edmar Soares Nicolau, Med. Vet.

Dr. Guilherme Nunes, Prof. Dr. Emmanuel Arnhold, Profa. Dra. Raquel Maria de

Oliveira, Vilson Souza Queiroz Junior e Vinicius Vieira Mesquita.

De forma coletiva, preciso registrar a contribuição da equipe de trabalho do

Laboratório de Qualidade do Leite do CPA/EVZ/UFG da qual participei e dirigi,

com quem tenho tido a oportunidade de unir uma convivência agradável,

companheira e produtiva ao longo de 15 anos. Além de agradecer ao Marcos e

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Paulo do setor de informática do CPA, que contribuíram de forma importante na

captação dos dados.

Entre as instituições com as quais me relacionei e muito aprendi, preciso registrar

o Centro de Pesquisa em Alimentos da Escola de Veterinária e Zootecnia da

UFG, Fundação de Amparo a Pesquisa de Goiás – FAPEG, Universidade

Estadual de Goiás – UEG, Laboratório de Processamento de Imagens e

Geoprocessamento da UFG (LAPIG/UFG), Laboratório de Geoinformação da

UFG de regional de Jataí e as Centrais Elétricas de Goiás – CELG. Aqui um

agradecimento especial ao Coordenador do CPA, Prof. Dr. Moacir Evandro Lage

que compreendeu o momento de minhas ausências e apoiou o desenvolvimento

desse trabalho.

Agradeço profundamente à Direção, meus professores (do Mestrado e do

Doutorado) e aos funcionários da Escola de Veterinária e Zootecnia da

Universidade Federal de Goiás.

Aos meus colegas professores da Universidade Estadual de Goiás, que souberam

me incentivar e apoiar, com atos e palavras em momentos de dificuldades: Profa.

Dra. Claudia Peixoto Bueno, Profa. Dra. Karyne Oliveira Coelho, Profa. Dra.

Aracele Pinheiro, Prof. Renato Dib, Profa. Lucelena, Profa. Dra. Maria Aurora.

Preciso homenagear, ainda, os amigos queridos que de uma forma ou de outra

contribuíram com sua força e estímulo para que eu conseguisse completar este

percurso. Em nome de Valter Ferreira Félix Bueno e Rodrigo Almeida de Oliveira.

Agradeço a minha honrosa matriarca Sueli Soares Dias que me ensinou a

importância do aprendizado pautado no esforço e perseverança.

Finalmente, e não menos importante agradeço a presença amorosa, a inestimável

ajuda e o estímulo de minha esposa Camila Kellen de Souza Cardoso Balduino,

que com sabedoria me apoiou, entendeu e incentivou em todos os momentos de

minha vida pessoal e acadêmica. Produzir uma tese tendo ao lado uma

companheira tão valiosa é um presente. A ela, meu eterno agradecimento.

A gratidão é o tesouro dos humildes... Willian Shakespeare

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1. CONSIDERAÇÕES GERAIS ........................................................... 1

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 11

CAPÍTULO 2 – AVALIAÇÃO SAZONAL E TEMPORAL DA QUALIDADE DO

LEITE CRU GOIANO TENDO COMO PARÂMETROS A CCS E A CBT ............. 17

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 19

MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 20

RESULTADOS ..................................................................................................... 24

DISCUSSÃO ........................................................................................................ 30

CONCLUSÃO ....................................................................................................... 37

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 37

CAPÍTULO 3 – IDENTIFICAÇÃO DE CLUSTERS DE QUALIDADE HIGIÊNICO

SANITÁRIO EM REBANHOS LEITEIROS DO ESTADO DE GOIÁS ................... 42

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 44

MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 45

RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 51

CONCLUSÃO ....................................................................................................... 84

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 84

CAPÍTULO 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS. ........................................................ 87

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CBT ou TBC Contagem Bacteriana Total

CCS ou SCC Contagem de Células Somáticas

CEP Código de endereçamento postal

CPA Centro de Pesquisa em Alimentos

CPF Cadastro de Pessoa Física

Cels/mL Células por mililitro

ºC Graus celsius

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EUA Estados Unidos da América

EVZ Escola de Veterinária e Zootecnia

GO Goiás

IBGE Instituto Brasileiro de Geográfica Estatística

IDF International Dairy Federation

IN Instrução Normativa

INMET Instituto Nacional de Meteorologia

ISO Organização Internacional para Padronização

LQL Laboratório de Qualidade do Leite

Log Logaritmo

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

mL Mililitro

mm milimetro

OMC Organização Mundial do Comércio

RBQL Rede Brasileira de Laboratórios de Controle de Qualidade do Leite

SEGPLAN Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento

SIEG Sistema Estadual de Geoinformação de Goiás

SIG Sistema de Informação Geográfica

UE União Europeia

UFC/mL Unidade Formadora de Colônia por mililitro

UFG Universidade Federal de Goiás

UPGMA Método de agrupamento de pares com média aritmética não

ponderada

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RESUMO

O uso de parâmetros como a contagem bacteriana total (CBT) e a contagem

celular somática (CCS) permite monitorar as condições higiênicas da produção de

leite, além da sanidade da glândula mamária dos rebanhos.O presente estudo foi

desenvolvido com objetivo de identificar clusters para o perfil higiênico-sanitário

do leite, representado pela CBT e pela CCS, em rebanhos bovinos localizados em

mesorregiões do Estado de Goiás.Trata-se de um estudo coorte retrospectivo de

rebanhos bovinos leiteiros. Foram avaliados 1.600 rebanhos, que possuíam

registro regular de análise do leite no Laboratório de Qualidade do Leite do

CPA/EVZ/UFGde Goiânia, GO, Brasil ao longo dos anos de 2012, 2013 e 2014.

Para análise estatística empregou-se o teste de Scott Knott ao nível de

significância de 5%. Para espacialização dos dados, foi utilizado o método

Krigagem do Sistema de Informações Geográficas (SIG) ArcGIS 10.1®. Para

identificar os clusters utilizou-se a ferramenta Cluster and Outlier Analysis. A

média da CBT no ano de 2014 foi de 102.000 UFC/mL. Enquanto a média de

CCS, em 2014, foi de 295.000 Céls/mL.As médias geométricas de CBT e CCS no

período de 2012, 2013 e 2014 atenderam o limite legal de 300.000 UFC/mL e

500.000 Cels/mL, mas parcelas de 23% e 21% dos rebanhos, respectivamente,

estão acima desse limite legal. Foram identificados clusters que apresentaram

contagem alta-alta em todas as mesorregiões avaliadas nos diferentes períodos

(chuva e seca) dos anos de 2012, 2013 e 2014.Embora as médias dos

indicadores higiênicos sanitários, CBT e CCS estejam em acordo com os limites

legais, ao utilizar a ferramenta espacial verificou-se que existem clusters de

qualidade que não atendem os padrões legais.

Palavras-chave:bactéria, células, cluster, localização geográfica.

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CAPÍTULO 1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

Entende-se por leite o produto obtido de ordenha completa, ininterrupta,

em condições higiênicas, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas¹. A

produção de leite tem grande expressão no agronegóciodo Brasil, em 2013 o país

produziu 34bilhões de litros, atingindo a quarta colocação no ranking

mundial².Segundo projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), o Brasil deve aumentar em 4% a produção, atingindo o patamar de

35,6bilhões de litros em 2014². Em especial, o estado de Goiás produziu

3.776.803 litros em 2013, o que representou 11% da produção nacional, e o

colocou comoquarto maior produtor de leite do país².

A indústria do leite representa um setor importante na cadeia produtiva,

bem como na economia goiana. Agrega cerca de 550 estabelecimentos

industriais, gerando aproximadamente 8 mil empregos diretos e outros 220 mil

indiretos,além de possuir em torno de 60 mil produtores de leite³.

Segundo a Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento (SEGPLAN),

o setor movimentou R$ 3,8 bilhões nos 246 municípios goianos em 2013. No

entanto, apesar dessa representatividade, o desempenho do setor experimenta

fortes variações na produção e, consequentemente, no nível de emprego e

renda4.

Cabe aos produtores e às indústrias a tarefa de buscar alternativas para

sustentabilidade de seus negócios.Nesse sentido, a utilização de dados de

análise do leite para obter melhoria da qualidade pode ter reflexos tanto na

redução de custos, como no aumento da produtividade³.

Visando garantir a qualidade do leite no Brasil foramimplantados os

padrões de qualidade do produtocru que devem ser atendidos pelos produtores5.

Assim, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) por meio da

Instrução Normativa nº62/2011 (IN62) instituiu parâmetros higiênicos-

sanitários1.Constituindo destaque especial a Contagem Bacteriana Total (CBT) e

a Contagem Celular Somática (CCS), que são internacionalmente reconhecidos

como indicadores de qualidade do leite5,6.

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Em decorrência da compulsoriedade da legislação de diferentes países,

as indústrias mundial processadoras de lácteos passaram a realizar avaliações

mensais para a CBT e CCS do leite a granel captado nas propriedades rurais,

para verificar o cumprimento da norma estabelecida da qualidade do leite7,8. Além

disso, muitas indústrias brasileiras introduziram esses parâmetros nos programas

de remuneração do leite por qualidade, com penalizações e premiações, para

incentivar a redução de CBT e de CCS nos tanques de expansão dos

produtores,a fim de melhorar a qualidade do leite8.

O leite sintetizado nas células epiteliais dos alvéolos é isento de bactérias,

ao entrar em contato com os ductos e cisterna da glândula ocorre a primeira

contaminação por microrganismos saprófitos. Dessa maneira, a contaminação

inicial é muito pequena, mas durante o processo produtivo primário, a

contaminação é inevitável, principalmente, por bactérias deteriorantes e

patogênicas o que pode elevar a CBT9. A contaminação pode ter origemem três

fontes principais: o interior da cisterna da glândula mamária infectada, a pele do

úbere e dos tetos, além da superfície interna de equipamentos10. Em adição, a

temperatura e o tempo de armazenamento do leite na propriedade rural podem

influenciar na taxa de multiplicação bacteriana11.

Muitos prejuízostecnológicossão causados pela alta contagem bacteriana

do leite11. Entre eles, destacam-se problemas como alteração de cor, sabor, odor,

acidificação, coagulação, geleificação e rancificação. Essas alterações causam

diminuição do rendimento industrial e redução da vida-de-prateleira dos produtos

lácteos12.

Além de problemas tecnológicos, a presença de bactérias patogênicas no

leite cru é uma questão de saúde pública, especialmente, nas situações onde a

população consome o produto cru ou na forma de derivados oriundos de matéria

prima crua9. A alta contaminação bacteriana pode estar relacionada a surtos de

doenças veiculadas pelo leite cru devido a presença de Listeria spp,

Staphylococcus aureus, Brucella spp, Mycobacterium, Campylobacter, Echerichia

coli, Salmonella sppe Yersina. A maioria das bactériasencontradas no leite cru

são destruídas na pasteurização, proporcionando, assim,segurança ao

consumidor. Desta forma, torna-senecessário produzir leite com baixa contagem

de bactériaspara garantir a inocuidade do produto9,13,14.

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Com o advento da refrigeração do leite nas propriedades rurais ocorreu

uma mudança da microbiota prevalente. Anterior à refrigeração, as bactérias

mesófilas eram as mais comuns, e se multiplicavam sob a temperatura de 20 a

45ºC. Atualmente, as bactérias psicrotróficas prevalecem e se multiplicam sob a

temperatura de refrigeração de 7ºC ou menos. As psicrotróficas são responsáveis

por produzir enzimas termoresistentes (proteases, lipases e fosfolipases) que

possuem a capacidade de deteriorar os componentes principais do leite

(proteínas e gorduras), causando, consequentemente, alterações físico-químicas

e sensoriais na matéria prima e nos derivados lácteos14.

A CBT é um importante indicador de qualidade higiênica do leite uma vez

quepermite monitorar as condições higiênicasde obtenção e

armazenamento,além de auxiliar na investigação de problemas relacionados

àcontaminação inicial da matéria prima nas fazendas. Além disso, esse indicador

consta na legislação de diversos países que possuem uma cadeia láctea

desenvolvida e respaldada no critério de qualidade higiênico-sanitária7,11.

A elevação da CBT no leite está associada às condições inadequadas de

manejo do rebanho, falha na higiene de obtenção do leite, problemas de saúde do

ordenhador, além do armazenamento e transporte até a indústriasob

temperaturassuperiores ao permitido.Dentre essascondições,destaca-se a

ordenha realizada em tetos higienizados inadequadamente que podem estar

contaminados por bactérias de origem fecal. Os coliformes podem multiplicar no

leite residual deixado nas superfícies de equipamentos elevando a CBT do

tanque7,11. Eventualmente, a CBT do tanque pode ser afetada pela ordenha de

vacas com mastite, isso ocorre nos casos de infecção intramamária causada por

Streptococcus agalactiae eS.uberis10,15.

Outro fator de risco importante associado ao aumento de CBT é o

transporte de leite em caminhões que possuem mangotes compridos, por

favorecem a presença de leite residual durante a coleta.Alia-se a isto asfalhas na

higienização de bombas, tanques e dos próprios mangotes. A alta contaminação

e as falhas na higienização podem favorecer a presença de biofilme que está

associado ao aumento de CBT no leite cru7.Adicionalmente, a refrigeração

marginal do leite em tanques dimensionados inadequadamente – visto que não

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são capazes de refrigerar o leite à temperatura preconizadana legislação –

contribui para elevação da CBT11.

A CCS por sua vez é considerada um indicador de saúde da glândula

mamária em nível de rebanho e da vaca. No entanto, muitos produtores

consideram a CCS um simples indicador numérico para o leite fornecido às

indústrias e não um indicador do estado sanitário da glândula mamárias de seus

rebanhos. Porém, deve-se enfatizar que uma elevação de CCS no leite é uma

expressão de um processo inflamatório na glândula mamária, que pode

serrelacionado em 90% do caso, como mastite16.

As células somáticas são uma combinação de células secretoras, de

descamação eleucócitos (neutrófilos, linfócitos e macrófagos) presente no

leite17,18. O principal fator responsável pela elevação de células somáticas,

superior ao nível fisiológico, é a inflamação causada por infecção da glândula

mamária. A mastite é uma inflamação do úbere, geralmente causada por infecção

bacteriana, e caracterizada por produzir alterações físicas, químicas e

microbiológicas no leite, além de alterações patológicas no tecido glandular do

úbere, afetando a qualidade17.

A mastite provoca alterações sistêmicas como, o aumento da

permeabilidade vascular, aumento do fluxo sanguíneo e a migração de leucócitos

da circulação para o leite. Os leucócitos são atraídos para o interior da glândula

mamária por quimiotaxia, em reposta a invasão microbiana, a fim de destruir

esses agentes invasores, mas, por outro ladodetermina um aumento expressivo

decélulas somáticas no leite19. O limiar de CCS no quarto mamário saudável é

inferior a 100.000 Cels/mL.Quando essa contagem supera 200.000 Cels/mL,

sugere-se que o quarto mamário esteja infectado ou recuperando de uma

infecção. Já CCS acima de 300.000 Cels/mL revela uma clara infecção e que

existe uma resposta inflamatória20.

A elevação da CCS afeta negativamente a produção e a composição do

leite, devido às diversas mudanças na síntese, pela ação direta dos patógenos ou

de enzimas sobre os componentes e tecido secretor16,19. As alterações na

composição podem ser ocasionadas pela injúria às células do tecido secretor, que

reduz a síntese de componentes na glândula mamária. Além disso, pode ocorrer

alteração na permeabilidade da membranabasal, resultando em aumento da

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passagem de componentes do sangue para o leite e vice-versa. Os componentes

como gordura, caseína, lactose, cálcio e fosforo diminui. Já as imunoglobulinas,

proteínas séricas, cloro, sódio e potássio aumentam16.

As alterações na composição do leite, interferem negativamente sobre a

manufatura e a qualidade dos derivados lácteos21,22,23. Os principais efeitos

negativos relacionam-se à composição físico-química, incluindo a diminuição da

caseína, como percentual da proteína total,o aumento dos ácidos graxos livres de

cadeia curta, as alterações na concentração de minerais e o aumento da atividade

proteolítica e lipolítica do leite cru e pasteurizado19,24. Além disso, a baixa

qualidade dos queijos produzidos com alta CCS pode estar associadaao aumento

do tempo de coagulação, da umidade e da redução de sólidos como as gorduras

eproteínas, e do rendimento23,24,25,26,27.

Por meio da análise de CBT e CCS, pode-se realizaro monitoramento da

qualidade do leite, o que permite verificar as condições de produção, o

cumprimento de normas de inspeção,o desenvolvimento de políticas públicas e a

implantação de programas de remuneração, com base na qualidade28. Além

disso,tais análises podem constituir ferramentas importantes para que os

produtores rurais possam melhorar o manejo, a sanidade dos rebanhos, a

higiene, associadas ao investimento em genética animal, reprodução e

alimentação29,30.

Dessa forma, ao admitir que o desenvolvimento da atividade leiteira no

Brasil passa pela realização periódica das análises de CBT e CCS, impõe-se a

existência de laboratórios para avaliar a qualidade do leite produzido.Assim, em

2002 foi criada a Rede Brasileira de Laboratório de Controle da Qualidade do

Leite – RBQL por meio da publicação da Instrução Normativa nº37, pelo

MAPA31.Nos dias atuais, a Rede é constituída por 10 unidades laboratoriais,

distribuídas em seteEstados da federação (Rio Grande do Sul, Santa Catarina,

Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco e Goiás).

O monitoramento ininterrupto da qualidade do leite pelas indústrias de

laticínios ocorre de forma compulsória estabelecida na Instrução Normativa

nº62/2011– IN62 do MAPA. A Instrução estabelece que o leitede cada produtor

deve ser avaliado, pelo menos uma vez ao mês,para CBT, CCS e composição

química, pelos laboratórios da RBQL¹. No entanto, em países da União Europeia

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e EUA esse monitoramento ocorre na frequência de uma a três vezes por mês

para CBT e para CCS32.

Para o monitoramento adequado da qualidade do leite, torna-se essencial

adefinição de limites legaispara a CBT e CCS.Nesse sentido,Austrália,União

Europeiae Nova Zelândia adotam um limite de 100.000 UFC/mL e 400.000

Cels/mL, respectivamente33,34,35. Nos EUA e Canadá o padrão de CBT é o mesmo

admitido na Europa, enquantopara a CCS é de 750.000 Cels/mLe 500.000

Cels/mL,respectivamente36,37.

No Brasil, olimite legal até 30 de junho de 2016 para o leite produzido nas

regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste é de 300.000 UFC/mL para CBT e 500.000

Cels/mL para CCS¹. Tais valores foram estabelecidos pela IN 62 de 29 de

dezembro de 2011, que substituiu a Instrução Normativa nº 51 (IN 51). Arevisão

da IN51, de maneira geral, redefiniu os limites legais de CBT e CCS, bem como,

estabeleceu maiores prazos para que os produtores brasileiros pudessem se

adequar aos novos limites legais preconizados na IN 621,38.

Relativamenteaos padrões preconizados para CCS, nos EUA em 2013,

cerca de 95,6% dos rebanhos encontravam-se abaixo de 400.000 Cels/mL, com

média nacional de 231.000 Cels/mL39. No Brasil, em 2012, cerca de 48% dos

rebanhos avaliados apresentaram resultados superiores a 400.000 Cels/mL40.

Dados não publicados do Laboratório de Qualidade do Leite - LQL, em 2013,

revelaram que o estado de Goiás apresentou58,9% dos rebanhos abaixo de

400.000 Cels/mL, sendo a média de CCS de 307.580 Cels/mL e 70,3% abaixo de

300.000 UFC/mL com uma média de CBT de 88.489 UFC/mL.

Neste contexto, percebe-se quão essencial é a avaliação temporal e

contínua da qualidade do leite produzido no Brasil, seja em nível regional ou

nacional. Assim, justifica-se a aplicação de estudos epidemiológicos que

determinem os fatores associados ao aumento de CBT e de CCS no leite.

Barnouinet al41relataram que a CBT e a CCS podem ser influenciadas por

diferentes fatores, dentre eles: sazonais, manejo da produção, ordenha, higiene

do úbere, estábulos, condição de parto, características do animal, raça e estágio

de lactação. Além disso, outros fatores como a diferença entre a infraestrutura

existente nas fazendas leiteiras e as condições de mercado, podem determinar

diferenças regionais marcantes, nos resultados apresentados, dentro do país42.

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Estes fatores, só foram estabelecidos por meio da disponibilidade de

bases de dados e modelos estatísticos, os quais permitem trabalhar com

componentes espacial e/ou temporal. Neste cenário, torna-se possível a

quantificação e a identificação das relações entre doença, produção, reprodução

e descarte de vacas leiteiras43.

Assim, um dos principais objetivos de pesquisas na área da saúde animal

e da produção é o aparato epidemiológico, por tratar-se da quantificação e

espacialização da ocorrência de doenças em uma determinada região, além da

determinação dos fatores inter-relacionados a esta ocorrência44.No que concerne

ao conhecimento relacionado à mastite, estudos epidemiológicos, revelaram que

o monitoramento trimestral de CCS permitiu estimar as taxas de prevalência de

infecção intramamária no período seco conforme descrito por Dufour & Dohoo30.

O aumento da prevalência de infeções intramamária causadas por

patógenos ambientais e por patógenos secundários tem sido relatado por

Taponen e Pyorala45,Hogan e Smith46.Piessens et al.47sugerem que reservatórios

primários diferem segundo a espécie de micro-organismo envolvida.

Estudos epidemiológicos permitiram identificar os fatores de risco para

mastite que podem ser utilizados no aprimoramento dos programas de controle e

prevenção, resguardando-se as particularidades geográfico-regionais48,49.

Em complementação aos estudos de prevalência e de identificação de

fatores de risco Ely et al.42 e Gay et al.50 relataram que estudos para

identificarclusters, ou seja,aglomerados de doenças, podem indicar o

estabelecimento das diferenças regionais e auxiliar no manejo higiênico-sanitário

dos rebanhos dessas regiões.

No âmbito da percepção sobre ocorrência da doençaPerkins et

al.51descreveram que a agregação espacial de doençasexplícita fatores

socioeconômicos, demográficos, ambientais, genéticos e/ou culturais superpostos

geograficamente ao padrão de ocorrência observado. Agregação na dimensão

temporal como certos padrões sazonais, endêmicos ou epidêmicos podem

colaborar para elucidação dos mecanismos responsáveis pela ocorrência dos

casos de doença ou dos fatores indicativos de sua possível ocorrência51.

A dependência espacial pode ser entendida como os atributos

geográficos relacionados à localização dos rebanhos e seus problemas higiênico-

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sanitários. Essas características podem ser exploradas em termos geoestatísticos

para análise e identificação de territórios com propriedades espaciais

semelhantes. Asparticularidades podem ser expressas em mapas digitais gerados

a partir de tabelas construídas em sistemas de informações geográficas

(SIG)52,53,54. Esses sistemas permitem a visualização espacial de variáveis como

população de indivíduos, índice de qualidade de vida ou ocorrência de doenças

numa região por meio de mapas. Além disso, com o SIGpode-se observar

padrões espaciais dos fenômenos54, 55.

O SIGpode dar suporte aos estudos epidemiológicos aplicados à saúde

dos rebanhos e contribuir para análise de risco da atividade agroindustrial,

empregando, para tanto, a análise espacial de varredura que tem a finalidade de

verificar a existência de aglomerados (clusters) em uma ou algumas regiões

específicasdeterminando,em princípio, onde poderiam estar as concentrações dos

eventos de risco mais elevados55.

O SIGtornou-se uma ferramenta importante nas análises de risco, uma

vez que os testes genéricos se diferenciam por investigarem inicialmente a

hipótese de que não existe aglomerado na área de estudo. Isso contrasta a

hipótese alternativa de que há algum aglomerado de risco, ou seja, um grupo de

ocorrências geograficamente limitado em concentração e tamanho, de modo que

seja improvável sua ocorrência como mero acaso55. Portanto, a geoestatística

incorpora a análise da distribuição estatística dos dados coletados, bem como as

relações espaciais entre estes, na forma de correlação entre os pontos

amostrados56.

Segundo Câmara et al.57 a análise espacial é realizada por meio de

procedimentos que incluem métodos genéricos de análises exploratórias

associadas à apresentação visual dos dados sob a forma de gráficos ou mapas,

além da identificação do padrão de dependência espacial do objeto de estudo.

Estas ferramentas podem auxiliar na descrição da disposição das variáveis de

estudo e identificar situações atípicas, não só em relação ao tipo de distribuição,

mas também aos vizinhos, e buscar a existência de padrões na classificação

espacial, e de dependência espacial presente no fenômeno57,58.

O desenvolvimento destas tecnologias pode fornecer uma nova

abordagem no contexto da Epidemiologia, o que permite o aprimoramento

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deestudos espaço-temporais. Espera-se uma integração de um número ilimitado

de informações com seus mais variados atributos, na expectativa de estabelecer

as recorrências e singularidades entre as situações e o cenário do que se

pretende estudar59.

Considerando essas ferramentas, especialmente na área de Saúde

Pública, o georreferenciamento é utilizado com sucesso desde tempos remotos.

Em meados do século XIX, o primeiro estudo epidemiológico que utilizou dados

cartográficos foi realizado por John Snow em Londres, o qual identificou o ponto

de contaminação da população por cólera, enfermidade que se alastrava na

população naquela época. Observou-se que a contaminação pela doença se

relacionava à ingestão de água proveniente de um poço localizado em uma

determinada região da cidade onde habitavam a maioria dos doentes, desta forma

foi possível traçar medidas para impedir a disseminação da doença60.

Na área da Medicina Veterinária, foi utilizada a ferramenta SIG para

análise de agrupamento espacial que permitiu a observação das dependências

espaciais entre CCS e os fatores de risco, tais como período do ano e tamanho

de rebanho. Essa ferramenta foi capaz de identificar diferenças de CCS em

regiões com rebanhos heterogêneos e áreas de baixa densidade, em um período

de tempo, informações estas, determinantes para o desenvolvimento de um

programa de melhoria da qualidade do leite50,61.

Ponderando o uso dessa ferramenta, Souza et al62 identificaram em uma

bacia leiteira de Ji-paraná/RO a ocorrência de uma dependência espacial para

indicadores de qualidade higiênico sanitária(CBT e CCS) em 217 rebanhos da

região, sugerindo assim a eficiência da ferramenta de análise espacial na

Medicina Veterinária. Estudos conduzidos na região do Espírito Santo e em

regiões do Sudeste brasileiro chegarama mesma conclusão63. Por sua vez,

Oliveira64reportou por meio da análise espacial, a relação e a dependência

espacial, entre a CCS e a prevalência de Streptococcus agalactiae.

Estudos sugerem que a identificação de aglomerados de CCS, podem ser

útieis como ferramenta de gestão ao auxiliar os técnicos locais no controle da

saúde da glândula mamária por meio do monitoramento do risco para mastite.

Poderia auxiliar ainda na identificação de áreas e regiões com maior ou menor

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adoção das medidas de controle e prevenção da mastite, fato este que pode ser

ampliado para análise de CBT50,61,62,65.

Logo, estudos que consideram as características de cada Estado,

Mesorregiões ou Microrregiões podem identificar influências na definição do

sistema de produção, tamanho e composição racial do rebanho, adoção de

tecnologias e, consequentemente, nos indicadores de qualidade do leite³.Dessa

maneira, a avaliação das diferenças regionais de CBT e de CCS, por meio de

estudos de padrões espaciais e temporais pode auxiliar as agências

governamentais na formulação de programas regionais capazes de atuarem

sobre causas locais visando a melhoria da qualidade do leite no país.

Nesse contexto, é necessário analisar e avaliar o sistema produtivo de

leite no País e, por regiões, quanto à quantidade e qualidade. Isso permitirá a

ampliação desse segmento do agronegócio, a fim de valorizar o leite como

produto e seus derivados. Não menos importante, vincula-se a isto, o produtor, a

indústria, e o governo como regulamentador e fiscalizador, bem como o

consumidor.

Opresente estudo foi desenvolvido com objetivo de identificar clusters

para o perfil higiênico-sanitário do leite, representado pela CBT e pela CCS,

produzido em rebanhos bovinos localizados nas diferentes mesorregiões do

Estado de Goiás de forma temporal.

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CAPÍTULO 2 – AVALIAÇÃO SAZONAL E TEMPORALDA

QUALIDADE DO LEITE CRU GOIANO TENDO COMO

PARÂMETROS A CCS E A CBT

Resumo:O controle da qualidade do leite passa pelo monitoramento da contagem

bacteriana total (CBT) e contagem celular somática (CCS) dos tanques de

refrigeração sendo que as variações da sazonalidade afetam esses indicadores

ao longo do ano.Objetivou-seavaliar a qualidade do leite cru goiano nos períodos

chuvoso e seco dos anos de 2012 a 2014, no estado de Goiás, Brasil, por meio

de indicadores higiênicos-sanitário, CBT e CCS, e do contraste com os limites

legais da Instrução Normativa nº62/2011.Foram avaliados 1.600 rebanhos

leiteiros do estado de Goiás que compuseram o banco de dados do Laboratório

de Qualidade do Leite. Dados mensais relativos à CBT e CCS foram analisados.

As variáveis explicativas foram associadas ao tempo (2012 a 2014 e chuvoso e

seco).Empregou-se, para análise estatística, o teste de Scott Knott ao nível de 5%

de significância (p<0,05). Foi observada diferença estatística (p<0,05) quando se

comparou os períodos de chuva e seca ao longo dos anos 2012 e 2013 para CBT

e CCS. As médias geométricas de CBT e CCS no período de 2012, 2013 e 2014

atenderam o limite máximo de 300.000 UFC/mL e 500.000 Cels/mL, mas parcelas

de 23% e 21% dos rebanhos, respectivamente, estão acima desse limite legal. Os

achados do presente estudo revelam que a qualidade do leite é bastante

influenciada pelas variações sazonais, evidenciando a necessidade de um

controle ainda mais efetivo noperíodo de chuva.

Palavras-chave:bactéria, células, qualidade, leite, sazonalidade.

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Chapter 2 – SEASONAL AND TEMPORAL EVALUATION OF GOIANO RAW

MILK QUALITY BASED ON THE PARAMETERS SCC AND TBC

AbstractMilk quality control in the world is based on the monitoring of total

bacterial count (TBC) and somatic cell count (SCC) of the tanks, and seasonal

variations affect these indicators along the year.The current study was carried out

to evaluate the quality of raw milk, in rainy and dry seasons in 2012, 2013 and

2014, in Goias State, Brazil, by means of the hygienic-sanitary indicators TBC and

SCC, comparing with the legal limits of the Normative Instruction No. 62.A total of

1,600 dairy herds of Goias State, that constitute the database of the Milk Quality

Laboratory, were evaluated.Monthly data regarding TBC and SCC were

analyzed.Explanatory variables were associated to time (years 2012 to 2014) and

period (rainy and dry season).For statistical analysis, Scott Knott test at 5%

significance was employed.There was statistical difference (p>0.05) when rainy

and dry periods were compared along the years 2012 and 2013 for TBC and

SCC.Geometric mean of TBC and SCC in 2012, 2013 and 2014 were within the

legal range of 300,000 CFU/mL and 500,000 Cells/mL, but 23% and 21% of the

herds, respectively, were above the legal range.The findings of this study reveal

milk quality is highly affected by seasonal variations, i.e., rainy and dry seasons,

indicating the need of a more effective control during the rainy period.

Keywords:Bacterium, cells, quality, milk, seasonality.

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INTRODUÇÃO

A contagem bacteriana total (CBT) e a contagem celular somática (CCS)

são reconhecidas mundialmente como indicadores de qualidade higiênico-

sanitária do leite¹. Pesquisadores, produtores e consultores técnicos utilizam os

resultados de avaliaçõesde CBT e de CCS do leite de tanques como ferramentas

para determinar a qualidade do leite e monitorar a saúde do úberede rebanhos

leiteiros.Além disso, muitas empresas captadoras utilizam os resultados de

qualidade para remunerar os produtores de leite².

Visando a segurança dos alimentos, o Ministério da Agricultura, Pecuária

e Abastecimento (MAPA) instituiu a Instrução Normativa nº62/2011,

queestabelece limitesregressivos para a CBT e a CCSdo leite cru refrigerado.

Esseslimites passaram a vigorar em 01 de janeiro de 2012 com limites máximos

de 600.000 para CBT e para CCS. A partir de 01 de julho de 2014 esses

limitesforam reduzidos para 300.000 UFC/mL (CBT) e 500.000 Cels/mL (CCS).

Entretanto, está previsto para 01 de julho de 2016 nova redução,sendo 100.000

UFC/mL e 400.000 Cels/mL³.

O aumento da CBT pode ser causado por contaminação do úbere, rotina

de ordenha inadequada, equipamentos contaminados, refrigeração e transporte

inadequadosdo leite. Por outro lado, a CCS pode ser elevada devido às falhas na

rotina de ordenha, no processo de desinfecção do teto na pós-ordenha, terapia da

vaca seca e tratamento dos casos de mastite clínica4,5. Além disso, todos esses

fatores associadosàs condições ambientais de altas temperaturas e umidade

podem aumentarosefeitos negativos sobre os indicadores de qualidade do leite6,7.

Condições ambientaisexistentes entre os períodos chuvoso e seco podem

influenciar a produção e o bem estar animal e,consequentemente,os indicadores

de qualidade do leite de formas distintas. Nesse sentido, o período chuvoso,

caracterizado por alta temperatura ambiente e umidade, pode favorecer a

contaminação do úbere ea proliferação de bactérias no ambiente, afetando o

estado sanitário da glândula mamária o que resulta na elevação da CCSe

violação dos limites legais de qualidade do leite cru8,9,10. Por outro lado, o período

seco é marcado por baixastemperaturas e umidade, sendo que nessas condições

pode ocorrerdiminuiçãoda contaminação bacteriana, logo, espera-se menor

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contaminação do úbere e do ambiente, que podem reduzira CBT e a CCS6,7,11.

A qualidade do leite está diretamente relacionada à competitividade e

rentabilidade da cadeia agroindustrial do leite. Portanto, o controle torna-se

fundamental para possibilitar a otimização do uso de recursos, viabilizar a

conquista e manutenção de mercados, além de garantir a segurança do alimento

colocado à disposição do consumidor. Estudos que identifiquem a situação

regional real, considerando a diversidade existente em um país de tamanho

continental, e que verifiquem a associação entre o limite legal e os impactos sobre

o setor produtivo são importantes na definição de políticas públicas. Além disso, o

conhecimento sobre o efeito dos períodos de chuva e seca sobre a qualidade do

leite podem embasar estratégias de gestão na exploração leiteira12.

O presente estudo foi desenvolvido com objetivo de avaliar a qualidade do

leite cru goiano por meio de indicadores higiênicos-sanitário, CBT e CCS,e do

contraste com os limites legais da IN62/2011 nos períodos chuvoso e seco dos

anos de 2012 a 2014, no estado de Goiás, Brasil.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de Estudo

A distribuição espacial dos rebanhos que compuseram o universo

amostral foi realizada segundo a divisão geopolítica do Estado, por mesorregião

conforme a Figura 1. As mesorregiões avaliadas foram: Centro Goiano, Norte

Goiano, Noroeste Goiano e Sul Goiano. A distribuição espacial dos rebanhos

representou o nível de desenvolvimento das diversas bacias leiteiras do estado de

Goiás.

Goiás é caracterizado por um período chuvoso (outubro a abril) e seco

(maio a setembro). No período chuvoso ocorre 95% do total de precipitação

pluvial com destaque para os meses de dezembro e janeiro, que chove em torno

de 250 a 300 mm. A temperatura máxima do ar de Goiás, ocorre nos meses de

agosto e setembro que apresentam os maiores índices térmicos, alcançando

temperaturas médias em torno de 34°C, nas localidades situadas à Noroeste do

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Estado. Por outro lado, as temperaturas mínimas do ar são observadas nos

meses de junho e julho que são os mais frios, indicando temperaturas médias em

torno de 12°C em áreas localizadas no Sudeste e Sudoeste goiano13.

FIGURA 1: Distribuição espacial dos rebanhos leiteiros avaliados no estado de Goiás durante os anos de 2012, 2013 e 2014. Fonte: Adaptado do SIEG, 2015.

Caracterização do objeto de estudo

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Trata-se de um estudo coorte retrospectivo de rebanhos bovinos leiteiros.

Os dados avaliados foram extraídos do banco de dados do Laboratório de

Qualidade do Leite (LQL) do Centro de Pesquisa em Alimentos da Escola de

Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás. O banco de dados

deriva do registro dos resultados das análises do leite proveniente de

propriedades rurais que fornecema matéria prima aosestabelecimentos de

laticínios do estado de Goiás,sob Inspeção Federal do Ministério de Agricultura

Pecuária e Abastecimento – MAPA.Esse banco possuía 22.000 rebanhos, no

entanto devido á necessidade da informação de localização geográfica dos

rebanhos, para posterior mapeamento, foram selecionados 8.000 rebanhos.

Devido a frequência analítica anual, com repetição deno mínimo 10 análises no

ano, reduziu para 1.600 rebanhos que possuíam 10 resultados mensais ao longo

dos anos de 2012 a 2014. O agrupamento temporal e as informações relativas

aos anos de 2012, 2013 e 2014 estão apresentados no Quadro 1.

QUADRO 01. Total de rebanhos leiteiros do estado de Goiás, avaliados entre os anos de 2012 e 2014.

Períodos Ano/número de rebanhos

2012 2013 2014

Chuvosa 1.588 1.701 1.568

Seca 1.654 1.623 1.475

Média acumulada 1.621 1.662 1.521

Fonte: Banco de dados do LQL/CPA.

Os registros foram relacionados aos períodos de chuva e de secadevido à

disponibilidade de alimento, condições climáticas da regiãoque afetam a produção

em termos de quantidade, composiçãoe qualidade higiênico-sanitária do leite.

Isso ocorreu em função das condições de alta temperatura e precipitação(Quadro

2), observadas no período chuvoso compreendido entrenovembroa março e, por

baixas temperaturas e índices pluviométricos, no período seco(Quadro 2), que

abrangeuos meses de maio a setembro.

QUADRO 02. Índice de temperatura e precipitação do estado de Goiás, nos anos de 2012, 2013 e 2014.

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Índice/Mesorregião/Estação/Ano

Índice Mesorregião Chuva Seca

2012 2013 2014 2012 2013 2014

Temperatura (ºC) Centro

30,26 31,21 31,23 17,62 17,51 17,55

Precipitação (mm) 326,32 225,32 299,32 23.72 17,00 13,34

Temperatura (ºC) Sul

30,83 30,96 31,64 14,06 13,68 14,26

Precipitação (mm) 259,28 258,72 186,26 35,94 11,94 31,40

Temperatura (ºC) Norte

27,85 28,76 28,38 17,22 16,59 16,73

Precipitação (mm) 203,45 238,02 212,88 6,72 19,66 4.48

Temperatura (ºC) Noroeste

32,04 32,36 32,62 18,20 18,15 16,52

Precipitação (mm) 190,50 262,22 231,60 11,40 15,12 13,04

Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia – INMET13.

Coleta das Amostras

Amostras de leite dos rebanhos que compuseram o universo amostraldo

presente estudo foram obtidasem conformidade com as descrições de

EMBRAPA14. Após a coleta, as amostras foram acondicionadas em caixas

isotérmicas (temperatura entre 1e 10ºC) e encaminhadas ao laboratório,conforme

preconiza a Instrução Normativa nº62 do MAPA3.No laboratório as amostras

passaram por seleção, seguindo os critérios de aceitação ou rejeição (considerou-

se: temperatura adequada para transporte, presença de conservantes e estado

físico).

Análise das amostras

Asanálises para quantificação de células somáticasdo leite (CCS) dos

rebanhos foram realizadas pelo método de citometria de fluxo em equipamentos

automatizados (Fossomatic 5000 Basic – FOSS e Somascope - Delta) de acordo

com o ISO/IDF15, com resultados expressos em Cels/mL. As análises decontagem

de bactérias (CBT)foram realizadas utilizando-se os equipamentos Bactoscan FC

(FOSS) e Bactocount IBC (Bentley) cujo princípio analítico baseia-se na citometria

de fluxo, conforme descrito em ISO/IDF16, os resultados foram expressos em

UFC/mL.

Análise dos dados

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Os dados mensais relativos à CBT e CCS constituíramas variáveis

respostas para análise. Esses dados foram transformados em médias

geométricas por período do ano. O cálculo da média geométrica foi composto por

todos os resultados dos rebanhos de cada período (chuvoso e seco).Esses dados

foram transformados para escala log10, com o objetivo de normalizar a

distribuição.As variáveis explicativas foram relacionadas ao tempo (ano 2012 a

2014 e período chuvoso e seco).

Os dadosde CBT e de CCSforam distribuídos emcinco classes,Quadro 3,

de acordo com a distribuição dos rebanhos em intervalos de classe estabelecidos

tendo como base os limites legais preconizados pela Instrução Normativa nº 62.

QUADRO 03. Classe de contagem de CBT e CCS de acordo com a redução progressiva estabelecida pela Instrução Normativa nº62/2011.

CBT CCS

Classe( UFC/mL) Classe (Cels/mL)

< 100.000† < 400.000†

100.001à 300.000‡ 400.001à 500.000‡

300.001à 600.000¥ 500.001à 600.000¥

600.001à 750.000 * 600.001à 750.000 *

> 750.000 ** > 750.000 ** Legenda:

†limite a partir de julho de 2016,

‡limite entre julho de 2014 a junho 2016,

¥limite entre janeiro 2012 a junho de

2014 conforme IN62. * limite que vigorou entre julho de 2008 a dezembro de 2011, ** limite anterior a junho de 2008,

conforme IN51.

Os resultados foram analisadospara as variáveis de qualidade do leite de

acordo com osperíodos chuvoso e seco, e da série temporal, 2012 a 2014. As

repetições dentro de cada período foram constituídas pelos rebanhos avaliados.

As médias foram posteriormente comparadas, pelo teste de Scott Knott ao nível

de 5% de significância.

As análises estatísticas foram realizadas com auxílio do Software R17.

RESULTADOS

Do total de 60.000 rebanhos do estado de Goiás18, 22.000 foram

controlados mensalmentedurante os anos de 2012, 2013 e 2014 pelo

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LQL/CPA/EVZ/UFG em cumprimento à legislação3.Dos 22.000 foram obtidos

36.000 pontos de coordenadas geográficas, as quais foram possíveis relacionar

com dados de 8.000 rebanhos, reduzindo para 3600 que possuíam dez

avaliações dos indicadores no ano de 2012, e para aproximadamente 1.600

rebanhos que foram avaliados ao longo dos três anos do presente estudo.

A distribuição das médias dos indicadores higiênicos-sanitário de rebanhos

do estado de Goiáspodem ser visualizados na Figura 2. A média da CBT no ano

de 2014 foi de 102.000 UFC/mL, indicando que a qualidade bacteriológica do leite

reduziu, sendoobservada diferença estatística (p<0,05) ao se comparar com

valores dos anos anteriores. Por outro lado, a média de CCS, em 2014, foi de

295.000 Cels/mL, evidenciando uma ligeira redução, sendo observada diferença

estatística (p<0,05) quando comparada ao ano de 2012.A análise dos dados

sugere uma possível melhora na saúde da glândula mamária desses rebanhos.

Ao analisar as médias, dos dois indicadores de qualidade nota-se que todos os

valores estão em acordo com o limite legal instituído no Brasil, ou seja, < 300.000

UFC/mL e < 500.000 Cels/mL para CBT e CCS, respectivamente.

FIGURA 2: Distribuição das médias geométricas de CBT (UFC/mL) e de CCS (Cels/mL) de rebanhos leiteiros do estado de Goiás, 2012 a 2014.

O número de rebanhos avaliadose a distribuiçãoem intervalos de classes

de CBT,segundo as faixas regressivas de CBT adotadas como limite legal da

IN62, por período chuvoso e seco ao longo dos anos de 2012 a 2014,encontram-

se na Tabela 1. Nota-se queos resultadosestãoem acordo com os limites

83 76 102

309 295 295

0

50

100

150

200

250

300

350

2012 2013 2014

x 1

000

/ m

L

Ano

CBT (UFC/mL) CCS (Cels/mL)

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estabelecidos pelalegislação vigente,<600.000 UFC/mL, até o período chuvoso de

2014, correspondendo a 88% (chuva), 91% (seca), 88% (chuva), 94% (seca) e

86%(chuva), respectivamente, no decorrer dos anos de 2012, 2013 e 2014. Além

disso, no ano de 2014 o número de rebanhos que apresentaram CBT < 100.000

UFC/mL foi reduzido nos período de chuva e de secaem comparação ao ano de

2013 (Tabela 1). Esta redução pode explicar em parte o aumento da média de

CBT ocorrido em 2014 (Figura 2). Por outro lado, o percentual de rebanhos que

não atenderia o limite legal de 600.000 UFC/mL foi de 12% (chuva), 9% (seca),

12% (chuva), 6% (seca) e 14% (chuva), e de 300.000 UFC/mL foi de 23% (seca)

no decorrer dos anos de 2012, 2013 e 2014, respectivamente (Tabela 1). Assim

como ocorreu para CCS, no ano de 2014 houve acréscimo de rebanhos nas

classes > 300.000 UFC/mL.

TABELA 1: Frequência dos rebanhos avaliadosem função de intervalos de classespara contagem de bactéria no leite em 2012, 2013 e 2014, segundo os períodos de chuva e seca, Goiás.

Classes de CBT (UFC/mL)

2012 2013 2014

Chuva Seca Chuva Seca Chuva Seca

n % n % n % n % n % n %

< 100.000† 825 52 1.016 61 902 53 1.051 65 789 50 739 50

100.001a 300.000‡ 408 26 360 22 422 25 352 22 398 25 403 27

300.001a 600.000¥ 163 10 139 8 177 10 121 7 165 11 158 11

600.001a 750.000 * 51 3 33 3 44 3 22 1 37 3 38 3

> 750.000 ** 137 9 106 6 156 9 77 5 179 11 137 9

Total 1.584 100 1.654 100 1.701 100 1.623 100 1.568 100 1.475 100

Legenda: † limite a partir de julho de 2016,

‡ limite entre julho de 2014 a junho 2016,

¥ limite entre janeiro 2012 a junho de

2014 conforme IN62. * limite que vigorou entre julho de 2008 a dezembro de 2011, ** limite anterior a junho de 2008, conforme IN51.

O número de rebanho avaliado em função de intervalos de classes para

contagem celular somática, distribuído por período chuvoso e seco ao longo dos

anos de 2012 a 2014,pode ser observado na Tabela 2. Considerando que o limite

legal de CCS foi <600.000 Cels/mL até meados de 2014, mais de 80% dos

rebanhos avaliados encontravam-seem acordo com a legislação vigente nos

períodos de chuva e seca no decorrer dos anos de 2012 a 2014.Além disso, no

ano de 2012 e 2013 os percentuais de rebanhos que atenderam ao limite legal

<500.000 Cels/mL foi de 75% e 75% no período chuvoso e 81% e 83% no período

seco, respectivamente.Assim, esses rebanhos já estavam em acordo com o limite

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legal de < 500.000 Cels/mL,estabelecido pela IN 62, que passou a vigorar em 01

de julho de 2014. No período seco de 2014 observou-se redução do número de

rebanhos que atendiam a IN 62, indicando, que nos anos de 2012 e 2013 o

estado sanitário da glândula mamaria do rebanho goiano estava em melhor

condição (Tabela 2).Contudo, o percentual de rebanhos que estavam em

desacordo como limite legal de 600.000 Cels/mL,nos dois períodos,foi de 17%

(chuva), 11% (seca), 17% (chuva), 11% (seca) e 15% (chuva) e, para o novo

limite de 500.000 Cels/mL, 21% (seca) no decorrer dos anos de 2012, 2013 e

2014, respectivamente (Tabela 2).

TABELA 2: Frequência dos rebanhos avaliados em função de intervalos de classes para contagem de célula somática no leite em 2012, 2013 e 2014, segundo os períodos de chuva e seca, Goiás.

Classe de CCS (Cels/mL)

2012 2013 2014

Chuva Seca Chuva Seca Chuva Seca

n % n % n % n % n % n %

< 400.000† 970 62 1160 70 1059 62 1183 73 1058 68 995 68

400.001 a 500.000‡ 211 13 179 11 218 13 164 10 137 9 167 11

500.001 a 600.000¥ 127 8 139 8 129 8 98 6 128 8 96 6

600.001 a 750.000 * 116 7 72 4 107 6 80 5 82 5 85 6

> 750.000 ** 149 10 103 7 186 11 97 6 155 10 131 9

Total 1.573 100 1.653 100 1.699 100 1.622 100 1.560 100 1.474 100

Legenda: † limite a partir de julho de 2016,

‡ limite entre julho de 2014 a junho 2016,

¥ limite entre janeiro 2012 a junho de

2014 conforme IN62. * limite que vigorou entre julho de 2008 a dezembro de 2011, ** limite anterior a junho de 2008, conforme IN51.

Os resultados da análise de variância de CBT e CCS, segundo

osperíodos chuvoso e seco, ao longo dos anos de 2012, 2013 e 2014,encontram-

se na Tabela 3.Verifica-se que nos anos de 2012 e 2013 o período chuvoso

apresentou as maiores médias para os indicadores de CBT e de CCS.Destaca-se

que houve diferençasignificativa(p<0,05) entre os períodos.No ano de 2014, para

os períodos de chuva e seca, no entanto, não houve diferença significativa

(p<0,05). Vale ressaltar que as médias de CBT e de CCS no período seco do ano

de 2014 foram maiores que no período chuvoso, o que não era esperado (Tabela

3). Além disso, pode-se notar que houve diferença estatística das médias

acumuladas de CBT entre os anos de 2012, 2013 e 2014. No período chuvoso

não foi observado a diferença significativa (p<0,05) entre os anos, por outro lado o

período seco foi verificado diferença significativa (p<0,05).

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Nota-se na Tabela 3 que a CCS apresentou, no período chuvoso,

diferença significativa (p<0,05)no ano de 2014 em relação aos anos de 2012 e

2013. No período seco o ano de 2013 que apresentou diferença significativa em

relação aos anos de 2012 e 2014. Por outro lado, a média acumulada dos

períodos chuvoso e seco o ano de 2012 que apresentou diferença significativa

(p<0,05)em relação aos anos de 2013 e 2014.

TABELA 3: Análise de variância de CBT e CCS dos rebanhos leiteiros no período de chuva e seca do estado de Goiás, 2012, 2013 e 2014.

Indicadores Períodos Médias distribuídas por ano

CV (%) 2012 2013 2014

CBT (x1000 UFC/mL)

Chuvosa 100 aA 95 aA 98 aA 32.46

Seca 69 aB 59 bB 105 cA 33.21

Média Geral 83 a 76 b 102 c 33.06

CCS (x1000 Cels/mL)

Chuvosa 331 aA 324 aA 295 bA 11.66

Seca 295 aB 275 bB 302 aA 11.56

Média Geral 309 a 295 b 295b 11.66 Nas linhas as médias seguidas de mesma letra minúsculas são estatisticamente iguais pelo teste de Scott Knott para 5% de significância.Nas colunas as médias seguidas de mesma letra maiúsculas são estatisticamente iguais pelo teste de Scott Knott para 5% de significância.

A distribuição das médias mensais do indicador higiênico, CBT, de

rebanhos do estado de Goiás pode ser visualizada na Figura 3. Verifica-se que ao

longo dos anos de 2012, 2013 e 2014, a CBT apresentou variação sazonal,sendo

as menores médias detectadas nos períodos de seca e as maiores no período de

chuva. Verifica-se também uma ligeira elevação das médias ao longo dos anos,

nos doisperíodos.

Na Figura 4 pode-se observar a variação sazonal das médias mensais de

CCS de rebanhos leiteiros do estado de Goiás, nos anos 2012, 2013 e 2014.

Nota-se claramente que o indicador sanitário apresenta médias menores nos

períodos de seca e maiores nos períodos de chuvas, comprovando a influência do

período sobre o indicador. As elevações da umidade e da temperatura, nos

períodos das chuvas favorecem a multiplicação dos agentes causadores de

mastite que é a causa principal da elevação da CCS no leite.

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FIGURA 3: Distribuição das médias mensais de CBT (UFC/mL) de rebanhos leiteiros do estado de Goiás, 2012 a 2014.

FIGURA 4: Distribuição das médias mensais de CCS (Cels/mL) de rebanhos leiteiros do estado de Goiás, 2012 a 2014.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180ja

nei

ro

feve

reir

o

mar

ço

abri

l

mai

o

jun

ho

julh

o

ago

sto

sete

mbr

o

ou

tub

ro

no

vem

bro

dez

emb

ro

jan

eiro

feve

reir

o

mar

ço

abri

l

mai

o

jun

ho

julh

o

ago

sto

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mbr

o

ou

tub

ro

no

vem

bro

dez

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ro

jan

eiro

feve

reir

o

mar

ço

abri

l

mai

o

jun

ho

julh

o

ago

sto

sete

mbr

o

ou

tub

ro

no

vem

bro

dez

emb

ro

2012 2012 2012 2012 2012 2012 2012 2012 2012 2012 2012 2012 2013 2013 2013 2013 2013 2013 2013 2013 2013 2013 2013 2013 2014 2014 2014 2014 2014 2014 2014 2014 2014 2014 2014 2014

CBT

Seca Seca Seca Chuva

Chuva

Chuva

200

250

300

350

400

jane

iro

feve

reir

o

març

o

ab

ril

maio

junh

o

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o

ag

osto

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vem

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bro

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iro

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o

març

o

ab

ril

maio

junh

o

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osto

se

tem

bro

ou

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ro

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bro

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zem

bro

jane

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o

ab

ril

maio

junh

o

julh

o

ag

osto

sete

mb

ro

ou

tub

ro

no

vem

bro

de

zem

bro

2012 2012 2012 2012 2012 2012 2012 2012 2012 2012 2012 2012 2013 2013 2013 2013 2013 2013 2013 2013 2013 2013 2013 2013 2014 2014 2014 2014 2014 2014 2014 2014 2014 2014 2014 2014

CCS

Chuva

Seca Seca

Chuva Seca

Ch

Chuva

Chuva

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30

DISCUSSÃO

Contagem Bacteriana Total

Embora o Brasil seja o 4º maior produtor de leite do mundo, ainda são

escassas as publicações sobre os indicadores de qualidade do leite, sendo que a

maioria dos dados são produzidos pela Rede Brasileira de Laboratórios de

Controle da Qualidade do Leite (RBQL),e, geralmente, apresentados nos eventos

do Conselho Brasileiro da Qualidade do Leite (CBQL).

As médias de CBT encontradas em Goiás, no decorrer de 2012 a 2014

(Figura 2) verifica-se que são muito inferiores aos dados históricos publicados por

pesquisadores da Rede Brasileira de Laboratórios de Controle da Qualidade do

Leite (RBQL). Mesquita et al.19 relataram que no Centro-Oeste a CBT média foi de

330.000 UFC/mL.Horst e Valloto20, no estado do Paraná, reportaramvalor de

270.000 UFC/mL. Na região Sudeste,Cassoli et al.21, encontraram média de

137.000 UFC/mL.Todavia, Minas Gerais,detentora da maior bacia leiteira do

Brasil, ao ser avaliada por Fonseca et al.22, apresentou média de 1.324.000

UFC/mL para CBT.

Por outro lado, no presente estudoamédia de CBT do leite foi superior aos

descritos por O’Connell et al.23, que relataram média de 30.343 UFC/mL nos

rebanhos avaliados na Irlanda.Além disso, revelaram que não houve redução de

CBT durante o estudo23.Em Goiás, ocorreu o oposto, ou seja, um acréscimo

médio de 22.500 UFC/mL entre os anos de 2012 e 2014.No caso da Irlanda, esse

fato pôde ser explicado em função da ausência de novas políticas na UE para

incentivar os produtores a reduzir as médias de CBT23.Depreende-se, portanto,

que para reduzir a CBT em Goiás deve-se implementarde forma a atingir todos

produtores, programas de incentivo ao produtor ruralcom ganhos econômicos

sobre a qualidade do leite atingida. Corroborando, Botaro et al24 relataram que a

remuneração do leite por qualidade pode funcionar como incentivo para reduzir a

CBT.

Dados de Wisconsin descritos por Pantoja et al.4revelaram média de

12.545 UFC/mL, mas com fornecimento diário de leite ao laticínio. Essa média é

inferior se comparada com a média de 102.000 UFC/mL,encontrada em 2014 no

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presente estudo. Contudo além das condições de produção, sanidade do úbere e

temperatura de armazenamento deve-se observar o tempo de estocagem do leite

nas propriedades rurais do estado de Goiás.A IN62/2011 preconiza que o leite

deve ser coletado nas propriedades no período máximo de 48 horas.No entanto,

são muitos os relatos de casos de período de estocagem superior, 72 a 96

horas,ao determinado em lei. Ao comparar as médias desse estudo com as de

Wisconsin, sugere-se que o sistema de captação de leite em Goiás permite uma

maior proliferação bacteriana, que afeta as médias de CBT, além de interferir

negativamente na qualidade do leite.

Segundo Hayes et al.25 o tempo prolongado de armazenamento do leite

favorece o crescimento de microrganismos psicrotróficos que pode acarretar o

aumento de CBT. Além do efeito de estocagem, a contagem inicial do leite

também pode determinar o grau de multiplicação bacteriana4. Dessa maneira,

torna-se importante que os produtores observem as boas práticas agropecuárias

na rotina de ordenhas das vacas com objetivos de reduzir a contaminação inicial.

Por outro lado, as empresas de laticínios devem melhorar a logística de captação

do leite a fim de reduzir o tempo de armazenamento nas propriedades rurais e,

consequentemente, a CBT.

Ao avaliar os indicadores de qualidade busca-se atender os preceitos da

inocuidade do leite cru26. Quando essa matéria prima encontra-se em acordo com

os limites legais para contagem bacteriana, a pasteurização demonstra ter grande

eficácia na destruição de microrganismos patogênicos, garantindo, assim, a sua

salubridade27. Nesse sentido, o leite goiano apresenta contagem bacteriana

média baixa que permiteum tratamento térmico eficaz, determinante para a

inocuidade do leite.Corroborando,Ruegg e Pantoja28 afirmaram que a produção

do leite cru com mínima contaminação bacteriana e baixa CCS permite a

sustentabilidade da produção de lácteos de alta qualidade.

O indicador de qualidade higiênica do leite representa a contagemde

bactérias presentes, sendo determinado pelas condições de produção tais como:

higiene de ordenha, ambiente e utensílios, temperatura de armazenamento,

transporte e saúde da glândula mamária. Leite produzido com alta contaminação

bacteriana pode representar perigoà saúde dos consumidores, pois pode conter

também a presença de microrganismos patogênicos4,5. Estudo realizado nos EUA

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reporta a presença de bactérias patogênicas no leite cru,dentre as 248 amostras

de propriedades distintas da Pensilvânia foram identificadas:Campylobacter jejuni

(2%), E.coli (2,4%), L. monocytogenes (2,8%), Salmonella (6%) e Yersinia

enterocolitica (1,2%). SegundoJayarao et al2913% do total das amostras

analisadas no estudo estavam contaminadas com uma ou mais espécies de

microrganismos patogênicos, revelando a importância de se obter leite com baixa

CBT.

A sazonalidade da produção combinada com o consumo exerce um papel

preponderante sobre a oferta de produtos lácteos e sobre o preço do leite pago ao

produtor, o que gera reflexo na qualidade. Um claro padrão sazonal foi observado

nos anos de 2012 e 2013 com elevação de CBT no período chuvoso e redução no

período seco. No ano de 2014, no período seco, esperava-se uma redução da

CBT em função dasmenores médias de temperatura e umidade, e,

consequentemente, uma redução da contaminação do leite favorecendo, assim, o

atendimento ao limite legal. Entretanto, os dados indicaramacréscimo de 2 % de

rebanhos que não atenderam ao limite legal de 300.000 UFC/mL, definido na IN

62, em comparação com o período seco dos anos de 2012 e 2013,

respectivamente. A elevação da umidade e da temperatura nos períodos de

chuvas favorece a multiplicação, tanto de bactérias ambientais, em geral

saprofíticas e psicrotróficas, como de mesofílicas patogênicas causadoras de

inflamação intramamária.Esse comportamento implica em risco de exclusão de

rebanhos leiteiro do sistema produtivo de Goiás em determinados períodos do

ano.Segundo O’Cornnell et al.23 as maiores médias de CBT são obtidas na

primavera e no verão, o que também foi observado neste estudo. Com a intensão

de reduzir a CBT O’Connell et al.23 recomendam a higienização dos

equipamentos e utensílios com água quente. Além disso, deve-se observar o uso

de soluções adequadas de higienização, a qualidade da água e procedimento de

limpeza.

Adequação ao novo limite legal de CBT

A IN62 estabeleceu um novo limite legal de CBT em julho de 2014,

reduzindo 600.000 UFC/mL para os atuais 300.000 UFC/mL. Logo, o número de

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rebanhos que atendiam a legislação nessa classe (300.000 UFC/mL) também foi

reduzido, revelando uma maior dificuldade dos produtores rurais adequaremo

sistema produtivo à nova realidade instituída no Brasil. Além disso, conforme

estabelecido na IN 62, a CBT da região Centro-Oeste, até meados de 2016, terá

uma nova redução, sendo o novo limite de 100.000 UFC/mL. Diante desse

contexto, sugere-se a implantação de programas de remuneração/penalização

pelas indústrias, políticas públicas e privadas de treinamento e capacitação de

produtores e colaboradores, para a aplicação de medidas de melhoria da

qualidade do leite. Estudo realizado na Holanda por Huijps et al.30revelou que os

produtores de leite respondem mais às sanções, em vez de bônus, sobre a

adoção de medidas destinadas à melhoria da qualidade do leite.

Mesquita et al.19relataram que na região Centro-Oeste, cerca de 28% dos

rebanhos avaliados apresentaram CBT >750.000 UFC/mL. Barbosa et al.31

observaram na região nordeste do Brasil, além dos estados do Pará e Tocantins,

que 46% do rebanhos não atendiam a legislação vigente de 1.000.000 UFC/mL

para o critério de CBT. No Estado do Paraná, em 2008, cerca de 45% dos

rebanhos não atendiam o limite legal de 750.000 UFC/mL, conforme Horst e

Valloto20. Dados da região Sudeste reportados por Cassoli et al.21, indicaram que

em torno de 21% dos rebanhos não atendiam o limite legal determinado na IN 51

de 750.000 UFC/mL. E, segundo Fonseca et al.22, em Minas Gerais, em torno de

30% das amostras estavam acima do limite de 1.000.000 UFC/mL estipulado na

IN 51.No semi-árido brasileiro Oliveira et al.32reportaram que em torno de 54%

dos rebanhos estariam em desacordo com o limite legal de 300.000 UFC/mL.

Esses dadosrepresentam um momento da qualidade do leite brasileiro e indicam

que essa qualidade bacteriológica pode variar de região para região.

Mas comopode ser observado na Tabela 1, Goiás apresenta os maiores

percentuais de atendimento à legislação vigente em todos os períodos avaliados

pela RBQL.No entanto, apresenta cerca de 23% de produtores em desacordo

com o limite legal. Ao extrapolar esse cenário para os 60.000 produtores de leite,

segundo dados do IBGE do ano de 2014, estima-seaproximadamente13.800

produtores goianos estariam excluídos do sistema produtivo.Portanto, a melhoria

desse indicador é um grande desafio para o setor, pois compreende um grande

número de produtores.

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Contagem Celular Somática

Os efeitos negativos do consumo de leite com alta contagem de células

somática sobre a saúde humana podem ser atribuídos ao perigo de contaminação

por resíduos de antibióticos e toxinas bacterianas33,34. Relativamente a esse

indicador, como pode ser visto na Figura 2, o leite goianoapresentou médias de

CCSmaioresdo que as médias da região Centro-Oeste do Brasil e o do estado do

Paraná.

Estudos publicados em 2008, pelos pesquisadores da RBQL,

apresentaram dados sobre CCS nas regiões atendida pelos laboratórios da rede.

Mesquita et al.19reportaram CCS de 273.000 Cels/mL. O Estado do Paraná o

valor de 267.000 Cels/mL apresentou média inferior a Goiás20. Entre as possíveis

razões para este resultado, pode-se citar que o Paraná possui um sistema de

produção que apresenta rebanhos especializados e sistemas intensivos, além

disso, o controle da qualidade do leite é corrente desde 1990. Ao

contrastarosvalores obtidos no presente estudo (Figura 2) verifica-se que as

médias dos resultados de CCS mantiveram-se estáveis nos anos de 2013 a 2014,

no entanto foram maiores que observados por Mesquita et al.19 em 2008.

Por outro lado, as médias de CCS de Goiás foram inferiores a de outras

regiões, como a região nordeste do Brasil, Pará e Tocantins, para o qual Barbosa

et al.31relataramCCS média de 423.000 Cels/mL. Na região Sudeste, estudada

por Cassoli et al.21, foi descrita a média de CCS de 349.000 Cels/mL e Fonseca et

al.22, em Minas Gerais,reportaramCCS de 507.000 Cels/mL. Vários fatores podem

ter contribuído para o incremento, tais como o universo amostral, a mudança

ocorrida no perfil dos produtores e a melhoria genética do rebanho.

Observa-se aindaqueos rebanhos goianospossuem CCS inferior aos

avaliados na Irlanda por O’Connell et al.23, que apresentaram média de 298.415

Cels/mL.Em Ontario no Canadá Shock et al.35verificaram uma variação de

228.000 Cels/mL a 245.000 Cels/mL.Pighetti et al.36encontraram uma CCS

médiade 388.000 Cels/mL para fazendas da Flórida em 2012.

USDA10relatarammédias CCS de 267.000 Cels/mL (2012) e 229.000 Cels/mL

(2013) nos rebanhos da Flórida. Vale ressaltar que o aumento da CCS está

associado à redução na produção de leite, podendo afetar a qualidade da

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composição e interferir na vida-de-prateleira dos produtos lácteos comprometendo

a cadeia produtiva37. Essas podem ser as consequências diretas da baixa

qualidade do leite produzido em alguns rebanhos do presente estudo.

A sazonalidade pode afetar a qualidade do leite em todo mundo, sendo

influenciada pela elevação da CCS e redução na produção, o que leva os

produtores a receber menos por excederem os limites estabelecidos24,37. Estudos

comprovam que no verão ocorre uma elevação da CCS, esse aumento está

relacionado ao calor e à umidade altas registradas nesta estação, que

proporcionam condições ideais para a multiplicação bacteriana, elevando o perigo

de infecção da glândula mamária e àocorrência de mastite nos rebanhos35. Da

análise dos dados obtidos no presente estudo nota-se que nos anos de 2012 e

2013 (Tabela 3), ocorreu uma situação similara outros estudos, ou seja, a

variação sazonal que afetou diretamente a CCS, provocando aumentos durante o

período chuvoso e diminuição no período seco8,9,10.

Os percentuais de rebanhos que atenderam o limite < 500.000 Cels/mL

estabelecidos pela IN 62 foi de 75% em 2012 e 75% em 2013 no período chuvoso

e 81% em 2012 e 83% em 2013 na seca (Tabela 2). As médias que permitiram o

alcance desses percentuais, 309 e 295 x 10³ Cels/mL, são similares às reportadas

por O’Connell et al.23 na Irlanda. Corroborando com os dados do presente estudo

Ferreira et al.38, relataram que, em 2012 e 2013, na Flórida EUA, cerca de 72% e

74% do leite apresentou média < 400.000 Cels/mL, respectivamente.Dados do

Dairy Herd Improvement Association revelaram que a CCS < 200.000 Cels/mL foi

de 42,41% em Agosto e 17,80% em novembro, mas a proporção de CCS entre

200.000 e 500.000 Cels/mL em agosto foi menor do que em novembro (36,30%vs

64,22%). Quist et al.39verificaram a CCS foi de 385.200 Cels/ mL em agosto, mas

diminuiu para 288.700 Cels/mL em janeiro, o que é consistente com padrão

sazonal de estudos anteriores. Yang et al.40 na China relataram correlação

positiva entre a alta CCS e a estação do verão. Essas variações podem ser

atribuídas ao estresse térmico que ocorre nos períodos de calor. Para reduzir os

efeitos das condições ambientais recomenda-se o uso de sistema de aspersão e

ventilação nos ambientes das vacas, consequentemente diminui a CCS e melhora

a qualidade do leite. De maneira geral os resultados do presente estudo indicaram

um padrão sazonal, com aumentos durante o período chuvoso (verão) e

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diminuição durante o período seco (inverno). Dessa maneira pode-seinferir que

em Goiás,no período chuvoso, os limites legais são frequentemente

ultrapassados. Nesse sentido torna-se essencial o desenvolvimento de trabalhos

junto aos produtores para melhorar a CCS neste período.

Adequação ao novo limite legal de CCS

Os ajustes dos limites legais entre os países podempermitir um livre

comércio sem o risco de embargos normativos, uma vez que a Organização

Mundial do Comércio - OMC (1998) proíbe normas mais rigorosas para

importação que as existentes para os produtos nacionais12.

Nos EUA foram discutidospor várias entidades, alguns modelos de

redução para limites de CCS, que sugeriram diminuição de 750.000 para 400.000

Cels/mL, igualando-se ao da União Europeia. No entanto, Norman et

al.12relataramque,dependendo do modelo proposto, os número de rebanhos que

estariam excluídos da cadeia produtiva subiriam de 1% para 8% a 24%. No Brasil

optou-se por instituir limites legais regressivos para os indicadores higiênico-

sanitários. Em Goiás, como pode ser visto na Tabela 2, ao se comparar os dados

obtidos em 2014 com o limite proposto para 2016, o percentual de rebanhos não

conforme subiria de 21% para 32% em relação a CCS, embora a média de

células somáticas dos rebanhos seja de apenas 295.000 Cels/mL (Figura

2).Portanto, a sanidade da glândula mamária dos rebanhos leiteiros de Goiás é

motivo de atenção, pois, apesar das médias gerais, no acumulado dos

anos,serem inferiores a 400.000 Cels/mL existe 21% dosrebanhos em condição

de não conformidade com o novo limite, <500.000 Cels/mL, conforme dados

apresentados na Tabela 2.

Ainda em Goiás, no ano de 2014, 10% e 9% dos rebanhos apresentaram

CCS acima de 750.000 Cels/mL, no período de chuva e seca, respectivamente

(Tabela 2). Norman et al.12 relataram que no EUA apenas 1% dos rebanhos

apresentam CCS superior a 750.000 Cels/mL, independente da estação do ano.

Mesquita et al19relataram que no Centro-Oeste brasileiro, no acumulado do ano,

cerca de 6% dos produtores avaliados apresentaram contagens acima de 750.000

Cels/mL para CCS. No Estado do Paraná em 2008, Horst e Valloto20 reportaram

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que o indicador sanitário CCS apresentou aproximadamente 25% dos rebanhos

não conformes com a legislação vigente de 750.000 Cels/mL. Dados da região

Sudeste publicados por Cassoli et al.21, revelaram que em torno de 16% dos

rebanhos da região sudeste não atendiam o limite determinado na IN 51 de

750.000 Cels/mL.Esses resultados corroboram a afirmação de que a sanidade da

glândula mamária dos rebanhos leiteiros de Goiás constitui motivo de atenção

devido as médias gerais obtidas. Mais uma vez, percebe-se uma grande variação

no atendimento do limite legal nos diferentes estudos, revelando a

heterogeneidade da qualidade do leite produzido no Brasil.

CONCLUSÕES

Diante dos resultados obtidos no estudo pode-se concluir:

Os resultados da qualidade do leite são bastante influenciados pelas

variações sazonais, ou seja, no período chuvosoa qualidade do leite em Goiás foi

inferior ao período seco.

O número de rebanhos avaliados no período de 2012 a 2014 que não

atendeu a legislação vigente, para CBT e CCS,aumentouà medidaque a

legislação se tornou mais rigorosa constituindo motivo de atenção.

As médias geométricas de CBT e CCS no período de 2012, 2013 e

2014atenderam o limite legal de 300.000 UFC/mL e 500.000 Cels/mL, mas

parcelas de 23% e 21% dos rebanhos, respectivamente, estão acima desse limite

legal.

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33. Spomer DR. Bridging the gap between public health and consumer demand for higth quality product. In: National Mastitis Council Annual Meeting, 37., St. Louis, 1998. Proceedings. Madison: National Mastitis Council; 1998. p.44-6.

34. Wenz JR, Jensen SM, Lombard JE, Wagner BA, Dinsmore RP. Herd management practices and their association with bulk tank somatic cell count on United States dairy operations. J. Dairy Sci. 2007; 90(8):3652-9.

35. Shock DA, LeBlanc SJ, Leslie KE, Hand K, Godkin MA, Coe JB, et al. Exploring the characteristics and dynamics of Ontario dairy herds experiencing increases in bulk milk somatic cell count during the summer. J Dairy Sci. 2015; 98(6):3741-53.

36. Pighetti GM, Oliver SP, Almeida RA, Krawczel PD, Fly JM, Schexnayder SM, et al. Southeast Quality Milk Initiative: Milk quality in the Southeast USA. In: Proc. National Mastitis Council Annual Meeting. Madison: National Mastitis Council; 2014.p.201-209.

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41

37. Hand KJ, Godkin A, Kelton DF. Milk production and somatic cell counts: a cow-level analysis. J Dairy Sci. 2012; 95(3): 1358-62.

38. Ferreira FC, De Vries A. Effects of season and herd milk volume on somatic cell counts of Florida dairy farms. J Dairy Sci. 2015; 98(6): 4182-97.

39. Quist MA, LeBlanc SJ, Hand KJ, Lazenby D, Miglior F, Kelton DF. Milking-to-milking variability for milk yield, fat and protein percentage, and somatic cell count. J Dairy Sci. 2008; 91(9):3412-23.

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42

CAPÍTULO 3 – IDENTIFICAÇÃO DECLUSTERS DE QUALIDADE

HIGIÊNICO SANITÁRIA EM REBANHOS LEITEIROSDO ESTADO

DE GOIÁS, BRASIL.

Resumo: A identificação de clusters de contagem bacteriana total (CBT) e

contagem celular somática (CCS) permite o desenvolvimento de políticas de

controle da qualidade do leite. O presente estudo foi realizado com o objetivo de

identificar clusters para o perfil higiênico-sanitário do leite, representado pela CBT

e pela CCS, em rebanhos bovinos localizados nas mesorregiões do Estado de

Goiás. Foram avaliados aproximadamente 1.600 rebanhos, que possuíam registro

regular de análise do leite no Laboratório de Qualidade do Leite e, por

consequência, dos indicadores, ao longo dos anos de 2012, 2013 e 2014. Para

análise estatística empregou-se o teste de Scott Knott ao nível de 5% de

significância. Para espacialização dos dados, foi utilizado o método Krigagem do

Sistema de Informações Geográficas (SIG) ArcGIS 10.1®. Para identificar os

clusters utilizou-se a ferramenta Cluster and Outlier Analysis. Foram identificados

clusters que apresentaram contagem alta-alta em todas as mesorregiões

avaliadas nos diferentes períodos (chuva e seca) dos anos de 2012, 2013 e 2014,

por outro lado, foi identificado clusters de alta qualidade com contagem baixa-

baixa. A mesorregião centro repetiu ao longo das estações e dos anos avaliados

uma baixa CCS nos municípios de Jaraguá e Goianésia. Em contrapartida, os

municípios de Piracanjuba e Bela Vista repetiram clusters de alta-alta CCS no

período avaliado. Apesar dos resultados encontrados, a análise espacial verificou

a existência declusters de qualidade que não atendem os padrões

legais.Verificou-seque a qualidade do leite cru refrigerado produzido em Goiás

encontra-se em conformidade com a legislação vigente, muito embora as

mesorregiões do Estado apresentem diferenças espaciais marcantes naqualidade

higiênico-sanitária do leite.

Palavras-chave:cluster, localização geográfica, sanidade animal, higiene de ordenha, distribuição espacial.

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43

Chapter 3 – IDENTIFICATION OF HYGIENIC-SANITARY QUALITY

CLUSTERS IN DAIRY HERDS IN GOIAS STATE

AbstractThe identification of clusters of total bacterial count (TBC) and somatic

cell count (SCC) allows the development of policies for milk quality control.The

current study aimed at identifying clusters for the hygienic-sanitary profile of milk,

represented by TBC and SCC, in bovine herds at the major regions of Goias

State.Approximately 1600 herds were evaluated. The herds had regular records of

milk analysis at the Milk Quality Laboratory and hence of the indicators along the

years 2012, 2013 and 2014.For statistical analysis, Scott Knott test at 5%

significance was employed.For data spatialization, Krigagem method of the

Geographic Information System (SIG) ArcGIS 10.1® was used.For clusters

identification, the Cluster and Outlier Analysis tool was used.Clusters presenting

high-high count were identified in all regions evaluated at the different periods

(rainy and dry season) of the years 2012, 2013 and 2014; however, high quality

cluster with low-low count was identified.The central region presented along the

seasons and years evaluated a low SCC in the municipalities of Jaraguá and

Goianésia.On the other hand, the municipalities of Piracanjuba and Bela Vista

presented clusters with high-high SCC in the periods evaluated. Spatial analysis

revealed quality clusters that do not meet the legal standards.Quality of raw milk

produced in Goias meets the current legislation, although the regions of the state

present marked spatial differences in milk hygienic-sanitary quality.

Keywords:cluster, geography, animal health, milking hygiene, spatial distribution.

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INTRODUÇÃO

O padrão de qualidade higiênico-sanitárioestabelecidopara o leite das

regiões Centro-oeste, Sul e Sudeste do Brasil, até meados de 2016, é de 300.000

UFC/mL e 500.000 Cels/mL para contagem bacteriana total (CBT) e contagem

celular somática (CCS), respectivamente¹. Tais valores foram estabelecidos pela

Instrução Normativa nº62 de 29 de dezembro de 2011 (IN 62) que substituiu a IN

51. Assim, a IN 62, de maneira geral, redefiniu os padrões de CBT e CCS, bem

como maiores prazos para que os produtores brasileiros pudessem adequar-se as

novas exigências da legislação¹.

A CBT constitui um indicador de qualidade higiênica do leite produzido e

armazenado nas propriedades leiteiras. Logo, contagem elevada torna-se

indesejável para os consumidores colocando em perigo a saúde humana devido a

probabilidade de veiculação de doenças, muitas vezes, de alta patogenicidade,

além de sérios prejuízos para indústrias ao restringir a vida-de-prateleiras dos

produtos2.

A CCS, outro importante indicador de qualidade do leite, permite verificar

a condição sanitária da glândula mamária, sendo a inflamação o principal fator

responsável pela elevação de células somáticas acima do nível fisiológico.

Segundo Barbanoet al.³, o aumento da CCS está associado à diminuição da

qualidade do leite, comprometendo o seu valor para o processamento nas

indústrias de laticínios. Em adição, a alta CCS associa-se à redução da vida-de-

prateleira dos derivados lácteos, assim como a perda de alimentos, além de baixo

rendimento na fabricação de queijos. No Brasil, os prejuízos relacionados com os

casos de mastite, se considerar uma prevalência de 15%, podem ser na ordem de

5,34 bilhões de litros por ano em relação á uma produção anual de 35,6 bilhões

de litros4.

Estudos epidemiológicos buscam investigar os fatores de risco e de

proteção que estão associados ao aumento de CBT e CCS no leite5. Barnouinet

al.6 relataram que os níveis de CBT e de CCS sofrem influência de diferentes

fatores, tais como: climáticos (sazonal), manejo da produção leiteira (ordenha,

higiene do úbere, estábulos e condição de parto) e características do animal (raça

e estágio de parto). Além disso, outros fatores como, os recursos naturais, a

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infraestrutura das fazendas leiteiras, tipos de raças e as condições de mercado

produzem diferenças regionais marcantes em um mesmo país5.

Tais fatores foram estabelecidos por meio da expansão do conhecimento

da Epidemiologia aplicada à medicina veterinária, que tem importante papel

devido à disponibilidade de bases de dados e modelos estatísticosque podem

trabalhar com componente espacial e/ou temporal. Esse cenário permite

quantificar e identificar relações entre sanidade do rebanho, produção,

reprodução e descarte de vacas leiteiras7,8,9.

Em complementação aos estudos de prevalência e de identificação de

fatores de risco podem ser desenvolvidos estudos para reconhecer clusters

(aglomerados) de doenças ou de outros indicadores, permitindo estabelecer

diferenças regionais que podem auxiliar no manejo higiênico-sanitário dos

rebanhos dessas regiões5,10,11.

Dessa forma, os atributos geográficos relacionados à localização dos

rebanhos e seus problemas higiênico-sanitários podem ser explorados em termos

geoestatísticos para análise e identificação de territórios com características

espaciais semelhantes. Essas características são expressas em mapas digitais

gerados a partir de tabelas relacionais construídas em sistemas de informações

geográficas (SIG). O SIG é dotado de sistema de gerenciamento de banco de

dados capaz de processar grande volume de dados vetoriais ou matriciais, que

permite a integração de dados georreferenciados para a produção de documentos

cartográficos informatizados9,12,13.

O presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de identificarclusters

de qualidade higiênico-sanitárianas mesorregiões do Estado deGoiás,além de,

avaliar a interação entre o espaço e as variáveis de qualidade.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de Estudo

O universo amostral foi avaliado segundo a divisão geopolítica do Estado

de Goiás, por mesorregião, conforme a Figura 1. As mesorregiões que

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compuseram o estudo foram: Centro Goiano, Sul Goiano, Norte Goiano e

Noroeste Goiano.

FIGURA 1: Divisão geopolítica do estado de Goiás, por mesorregiãoe municípios que compõe importantes bacias leiteiras. Fonte: Adaptado do SIEG(2015).

Caracterização do objeto de estudo

O objeto desse estudo foram os dados oriundos das análises de amostras

colhidas em tanque de refrigeração de leite de propriedades leiteiras localizadas

no estado de Goiás. Os rebanhos foram avaliados mensalmente para os

parâmetros de CBT e de CCS, gerando um banco de dados com informações

históricas de qualidade do leite produzida nos anos de 2012, 2013 e 2014.

Mineiros

.

Doverlândia

.

Orizona

.

Piranhas

.

Goianésia

.

Jaraguá

.

Itarumã

.

Caçu

.

Rio Verde

.

Palminópolis

.

Itumbiara

.

Palmeiras de Goiás .

Jussara

.

Morrinhos

.

Piracanjuba

.

Mara Rosa

.

Porangatu

.

Rubiataba

.

Quirinópolis

.

São Luís M. B.

.

Iporá

.

Itapirapuã

.

Silvânia

.

Corumbaíba

.

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47

O banco de dados foi estruturado para receber as seguintes informações:

nome completo do proprietário da fazenda, código de endereçamento postal(CEP)

do município de localização da propriedade amostrada, cadastro de pessoal física

(CPF) do proprietário da fazenda, código de identificação do proprietário da

fazenda na indústria, identificação da rota de coleta de leite, coordenadas

geográficas – latitude e longitude – volume de leite entre outros.

Realizou-se consulta aos clientes do Laboratório de Qualidade do Leite

(LQL) tais como: cooperativas, laticínios e associações de produtores sobre a

veracidade das informações prestadas nos cadastros iniciais dos produtores no

banco de dados do LQL. Sendo assim, trata-se de um estudo coorte retrospectivo

de rebanhos bovinos leiteiros.

Extração dos Dados

Os dados avaliados foram extraídos do banco de dados do Laboratório de

Qualidade do Leite (LQL) do Centro de Pesquisa em Alimentos da Escola de

Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás. O banco de dados

deriva do registro de resultados das análises do leite proveniente de propriedades

rurais que fornecem a matéria prima aos estabelecimentos de laticínios do estado

de Goiás, sob Inspeção Federal do Ministério de Agricultura Pecuária e

Abastecimento – MAPA. Esse banco possuía 22.000 rebanhos, no entanto devido

á necessidade da informação de localização geográfica dos rebanhos, para

posterior mapeamento, foram selecionados 8.000 rebanhos. Devido a frequência

analítica anual, com repetição de 10 no mínimo análises no ano, reduziu para

1.600 rebanhos que possuíam 10 resultados mensais ao longo dos anos de 2012

a 2014. O agrupamento temporal e as informações relativas aos anos de 2012,

2013 e 2014 estão apresentados no Quadro 1.

QUADRO 01. Total de rebanhos leiteiros do estado de Goiás, avaliados entre os anos de 2012 e 2014.

Estação Ano/número de rebanhos

2012 2013 2014

Chuvosa 1.588 1.701 1.568

Seca 1.654 1.623 1.475

Média acumulada 1.621 1.662 1.521

Fonte: Banco de dados, LQL, CPA.

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Os resultados dos indicadores higiênicos sanitários, de CBT e de CCS

foram relacionados aos períodos de chuva e de seca devido à disponibilidade de

alimento, condições climáticas da região que afetam a produção em termos de

quantidade, composição e qualidade sanitária do leite. Isso ocorreu em função

das condições de alta temperatura e índice de precipitação (Quadro 2),

observadas no período chuvoso compreendido entre novembro e março e, por

baixa temperatura e índice de precipitação, no período seco (Quadro 2), que

abrangeu os meses de maio a setembro.

QUADRO 02. Índice de temperatura e precipitação no estado de Goiás, nos anos de 2012, 2013 e 2014.

Índice/Mesorregião/Estação/Ano

Índice Mesorregião Chuva Seca

2012 2013 2014 2012 2013 2014

Temperatura (ºC) Centro

30,26 31,21 31,23 17,62 17,51 17,55

Precipitação (mm) 326,32 225,32 299,32 23.72 17,00 13,34

Temperatura (ºC) Sul

30,83 30,96 31,64 14,06 13,68 14,26

Precipitação (mm) 259,28 258,72 186,26 35,94 11,94 31,40

Temperatura (ºC) Norte

27,85 28,76 28,38 17,22 16,59 16,73

Precipitação (mm) 203,45 238,02 212,88 6,72 19,66 4.48

Temperatura (ºC) Noroeste

32,04 32,36 32,62 18,20 18,15 16,52

Precipitação (mm) 190,50 262,22 231,60 11,40 15,12 13,04

Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia – INMET14

.

Coletas das amostras

Amostras de leite dos rebanhos que compuseram o universo amostral

desse estudo foram obtidas em conformidade com as descrições de Embrapa15.

Após a coleta, as amostras foram acondicionadas em caixas isotérmicas

(temperatura entre 1 e 10ºC) e encaminhadas ao laboratório, conforme preconiza

a Instrução Normativa nº62 do MAPA1. No laboratório, as amostras passaram por

seleção, seguindo os critérios de aceitação ou rejeição (considerou-se:

temperatura adequada para transporte, presença de conservantes e estado

físico).

Análise das amostras

As análises para quantificação de células somáticas do leite (CCS) dos

rebanhos foram realizadas pelo método de citometria de fluxo em equipamentos

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automatizados (Fossomatic 5000 Basic – FOSS e Somascope - Delta) de acordo

com o ISO/IDF16. As análises de contagem de bactérias (CBT) foram realizadas

utilizando-se os equipamentos Bactoscan FC (FOSS) e Bactocount IBC (Bentley)

cujo princípio analítico baseia-se na citometria de fluxo, conforme descrito em

ISO/IDF17.

Análise Estatística

Os dados mensais relativos à CBT e CCS constituíram as variáveis

respostas para análise. Esses dados foram transformados em médias

geométricas por período do ano. O cálculo da média geométrica foi composto por

todos os resultados dos rebanhos de cada período (chuvoso e seco). Esses

dados foram transformados para escala log10, com o objetivo de normalizar a

distribuição. As variáveis explicativas foram relacionadas ao tempo (ano 2012 a

2014 e períodos chuvoso e seco).

Os resultados foram analisados para as variáveis de qualidade do leite de

acordo com o período do ano, períodos chuvoso e seco, e da série temporal,

2012 a 2014. Assim, foram comparadas quatro diferentes mesorregiões, duas

estações do ano e três anos. As repetições dentro de cada mesorregião foram

constituídas pelos rebanhos avaliados. As médias foram posteriormente

comparadas, pelo teste de Scott Knott a 5% de significância.

Para avaliar a similaridade entre mesorregiões, relativamente à qualidade

do leite, foi utilizada a distância euclidiana média padronizada, utilizando as

variáveis de qualidade em cada períododoano. Posteriormente, as mesorregiões

foram agrupadas utilizando o método de agrupamento UPGMA, dendograma,

calculado a distância euclidiana para avaliar os clusters.

As análises estatísticas foram realizadas com auxílio do software R18.

Análise Geoestatística

No desenvolvimento do presente estudo foi utilizado o Laboratório de

Geoinformação da Regional da UFG em Jataí-GO19.

Na espacialização dos dados, foi utilizado o método Krigagem, do inglês

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Kriging no Sistema de Informações Geográficas (SIG) ArcGIS 10.1®, por meio da

extensão Geostatistical Analyst. Foram elaborados mapas de distribuição espacial

de rebanhos utilizando recursos geoestatísticos cujo princípio seguiu o método de

interpolação de dados chamado de krigagem. Esse método usa a dependência

espacial entre amostras adjacentes para julgar valores em posições diversas

dentro de um espaço delimitado, sem tendência e com variância mínima. Sendo

assim, pôde-se verificar a correlação entre os pontos amostrados estabelecendo

relações espaciais entre eles.Assim todas as amostras retiradas no tempo/espaço

foram consideradas como parte da função contínua.Para a delimitação do

intervalo de classes de todas as variáveis nos mapas, seguiu-se o seguinte

padrão, intervalos regulares denominados de Quantis com 10 classes para

parâmetro de análise entre os outros anos de análise.

Para identificar os clusters, foi utilizado o SIG ArcGIS 10.1® com a

ferramenta Cluster and Outlier Analysis (Anselin Local Moran's I), contida na

ferramenta Spatial Statistic.O programa usa o método deestatística espacial, que

está pautada na autocorrelação espacial que apresenta o nível de similaridade,

proximidade,correlação e aleatoriedadedos valores quantitativos amostrais

representados. Essa técnica foi utilizada para a análise dos “Mapas de Cluster”

que representam as informações geográficas agrupadas em valores próximos.

Com esses mapas foi possível analisar os outliers, ou seja, os valores que não

foram possíveis de serem agrupados – casos atípicos –que apresentaram valores

distintos em suas proximidades.

Para elaborar os agrupamentos, ou seja, mapa de Cluster foi utilizado a

análise de estatística espacial segundo a dispersão de Moran I, que representa as

informações geográficas agrupadas em valores próximos. Na representação

espacial, essa função resultou na tipologia de padrões COType:HH: alta-alta

(agrupamento de valores altos e próximos); LL: baixa-baixa (agrupamento de

valores baixos e próximos); HL: alta-baixa (outlier de valores altos que não se

agrupam, pois se encontram em meio a valores baixos) e LH: baixa-alta (outlier

de valores baixos que não se agrupam, pois se encontram em meio a valores

altos). Valores não significativos foram aqueles que não se enquadraram nos

agrupamentos, pois apresentaram níveis variados assim como os valores dos

vizinhos.

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RESULTADOSE DISCUSSÃO

A distribuição espacial dos rebanhos que compuseram o universo

amostral do presente estudo foi realizada segundo a divisão geopolítica do estado

de Goiás, por mesorregião conforme a Figura 2.

FIGURA 2: Distribuição espacial dos rebanhos leiteiros avaliados no estado de Goiás durante os anos de 2012, 2013 e 2014.

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Nas Tabelas 1 e 2,são apresentados os valores médios dos indicadores

higiênicos sanitários da qualidade do leite, nosperíodos de chuva e seca,

distribuídos em quatro mesorregiões do estado de Goiás.

Analisando os dados da Tabela 1, pode-se observar que os valores

médios dos indicadores de qualidade do leite oriundos dos rebanhos leiteiros das

diferentes mesorregiões do estado de Goiás atendem o padrão legal vigente<

300.000 UFC/mL, com destaque para as regiões Centro e Noroeste que atendem

até mesmo o que entrarão em vigor a partir de julho de 2016< 100.000 UFC/mL.

No entanto, as médias geométricas gerais de CBT para as regiõesSul e Norte no

período chuvoso merecem ser observadas, em razão do padrão legal de 2016.

Nota-se que existe diferença significativa (p<0,05), para CBT, noperíodo chuvoso

no acumulado dos anos nas mesorregiões Sul, Centro e Norte. Nota-se também

uma similaridade entre as regiõesCentro e Noroeste nesseperíodo.Pode-se

observar na Tabela 1 que no período seco, nas quatro mesorregiões e nos dois

anos, de 2012 e 2013, as médias de CBT foram inferiores a 90.000 UFC/mL. O

ano de 2014 apresentou as maiores médias com destaque para as mesorregiões

Sul, Norte e Noroeste que ultrapassaram 100.000 UFC/mL. Além disso,no período

seco de 2012, percebeu-se na mesorregião Sul que houve uma diferença

significativa (p<0,05) em relação a outras mesorregiões avaliadas. No entanto, no

ano de 2013 e 2014 a diferença significativa (p<0,05)pode ser observada somente

em relação às mesorregiões Centro e Noroeste.

TABELA 1: Análise de variância do indicador higiênico da qualidade do leite, CBT, em função doperíodode chuva e seca em quatro mesorregiões do estado de Goiás, ao longo dos anos de 2012, 2013 e 2014.

Indicador Período Ano Valores médios distribuídos por mesorregiões

Sul Centro Norte Noroeste

CBT (x1000 UFC/mL)

Chuva

2012 112 aA 84 bA 115 aA 80 bA

2013 112 aA 74 bA 125 aA 75 bA

2014 104 aA 86 aA 181 bB 94 aA

Média Geral 109 a 81 b 137 c 83 b

Seca

2012 85 aA 54 bA 54 bA 53 bA

2013 69 aB 46 bA 59 aA 45 bA

2014 119 aC 83 bB 138 aB 102 cB

Média Geral 89 a 59 b 76 c 63 b Nas linhas as médias seguidas de mesma letra minúsculassão estatisticamente iguais pelo teste de Scott Knott para 5% de significância.Nas colunas as médias seguidas de mesma letra maiúsculas são estatisticamente iguais pelo teste de Scott Knott para 5% de significância.

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53

Na Tabela 2, estão distribuídos os valores médios de CCS. Observa-se

que estão abaixo de 400.000 Cels/mL, padrão que será exigido em julho de 2016.

Observa-se também que houve diferença significativa (p<0,05), entre as médias

das mesorregiões Sul, Centro e Noroeste nos período de chuva e de seca. Vale

destacar que as maiores médias foram observadas na mesorregião Sul que

abriga a maior bacia leiteira do estado de Goiás, representada pelos municípios

de Morrinhos, Piracanjuba e Bela Vista de Goiás.

Pode-se observar na Tabela 2 que as médias gerais do período seco dos

anos de 2012, 2013 e 2014 foram inferiores à média geral do período chuvoso,

para as quatro mesorregiões estudadas. Esse comportamento da CCS era

esperado uma vez que no período seco as baixas umidades aliadas às

temperaturas também baixas contriburam para a redução dos novos casos de

mastite.Além disso, nota-se que a mesorregião Noroeste exibiuas menores

médias entre o anos e os períodos avaliados. Observa-se que as médias

acumuladas de ambas apresentaram diferenças significativa (p<0,05)entre as

mesorregiões Sul, Centro-Norte, Noroeste.

TABELA 2: Análise de variância do indicador sanitário da qualidade do leite em função do período de chuva e seca em quatro mesorregiões do estado de Goiás, ao longo dos anos de 2012, 2013 e 2014.

Indicador Período Ano

Valores médios distribuídos por mesorregiões

Sul Centro Norte Noroeste

CCS (x1000 Cels/mL)

Chuva

2012 344 aA 325 aA 335 aA 260 bA

2013 344 aA 317 aA 315 aA 262 bA

2014 319 aA 284 bB 241 cB 207 dB

Média Geral 335 a 308 b 294 b 242 c

Seca

2012 302 aA 295 aA 302 aA 224 bA

2013 290 aA 263 bB 251 bB 211 cA

2014 323 aA 293 bA 280 bA 219 cA

Média Geral 305 a 283 b 277 b 218 c Nas linhas as médias seguidas de mesma letra minúsculas são estatisticamente iguais pelo teste de Scott Knott para 5%

de significância.Nas colunas as médias seguidas de mesma letra maiúsculas são estatisticamente iguais pelo teste de Scott Knott para 5% de significância.

Avaliando as Figurasde 3a a 8bobserva-se que a partir do mapa de

autocorrelação espacial que considerou a CBT como indicador higiênico dos

rebanhos leiteiros do estado de Goiás,pode-se observar a espacialização dos

diferentes níveis desse indicador. Segundo Oliveira20, esses mapas com

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54

resultados das distribuições espaciais, obtidos a partir da análise

espacial,contribuem na melhor compreensão dos dados observados na análise

estatística clássica.

Nas Figuras3a e 3b, podem ser vistas a distribuição espacial e os

clusters, respectivamente, por mesorregião, do indicador higiênico da qualidade

do leite produzido no estado de Goiás, CBT, na estação da chuva de 2012.

Da observação da Figura 3a, nota-se que existem no estado de Goiás,

especificamente nas mesorregiões, áreas onde o leite apresenta-se de elevada

qualidade – no mapa delimitado pelas variações de tonalidades de cor verde com

a CBT < 57.000 UFC/mL – notadamente nas bacias de produção tradicionais do

Estado representados pelos municípios (Meso-Sul: Morrinhos, Piracanjuba,

Caldas Novas e Orizona; Meso-Noroeste: Piranhas e Arenópolis; Meso-Centro:

Bela Vista de Goiás e Rubiataba; Meso-Norte: Mara Rosa). Por outro lado, nota-

se também que existem áreas nas quais a qualidade ainda merece atenção, no

mapa, pelas variações de tonalidade de cor vermelha que representa a variação

de 230.000 a 8.100.000 UFC/mL,especificamente nas bacias leiteiras localizadas

nos municípios de Itarumã, Caçu, Jandaia e Palminópolis da mesorregião Sul. Na

mesorregião Centro no município de Iporá e Jaraguá nota-se a tonalidade de cor

vermelha que representa a variação de 230.000 a 390.000 UFC/mL.

Na Figura 3anote-se na mesorregião Sul grande áreas com CBT <

160.000 UFC/mL, assim como uma determinada áreas com CBT > 390.00

UFC/mL. Sendo assim, deve-se estabelecer politicas públicas diferenciadas para

áreas distintas dentro de uma mesma mesorregião, com objetivo de melhorar a

CBT nos locais de pior qualidade e manter a qualidade em outras.Recentemente,

estudos conduzidos por Souza et al.21 identificaram em uma bacia leiteira de Ji-

paraná a ocorrência de uma dependência espacial para indicadores de qualidade

higiênico sanitária (CBT e CCS) em 217 rebanhos da região, comprovando assim

a eficiência da ferramenta de análise espacial na Medicina Veterinária. Esses

mesmos autores, em estudos conduzidos na região do Espírito Santo e em

regiões do Sudeste brasileiro obtiveram a mesma conclusão11,22.

Na Figura 3b pode-se observar o mapa com 54clustersAlta-Alta,círculo

rosa. Esses clusters apresentaram CBT elevada, ou seja, média de 2.313.611

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UFC/mL, em decorrência dos valores individuais apresentados pelos rebanhos

localizados dentro da mesma delimitação espacial. Nota-se ainda na Figura 3b,

que os clusters concentram-se na mesorregião Sul notadamente nos municípios

Doverlândia, Mineiros, Itarumã, Rio Verde, Paraúna, Palminópolis, Palmeiras de

Goiás, Buriti Alegre e Silvânia, na mesorregião norte no município de Campinorte,

na mesorregião Centro nos municípios de Trindade e Iporá, e, na mesorregião

Noroeste no município de Itapirapuã.

Além disso,o mapa de distribuição espacial apresenta seis clustersBaixa-

Alta, círculo azul, na Figura 3bcom CBT média de 28.000 UFC/mL. Esses clusters

concentram-se nas mesorregiõesCentro e Sul do estado de Goiás, nos municípios

de Iporá, Palmeiras de Goiás e Cromínia, respectivamente.

Na Figura 3b, a mesorregião Sul apresenta 16 clustersAlta-Baixa,círculo

vermelho,com CBT média de 2.558.187 UFC/mL, em 15 pontos diferentes. Por

outro lado o clusterBaixa-Baixa, círculo azul claro, não foi observado em nenhuma

das mesorregiões do estado.Os rebanhos considerados não significativos (círculo

cinza), não se enquadram nos agrupamentos, pois apresentamgrande variação

na contagem de CBT entre os rebanhos vizinhos, o que não permitiu a geração

de cluster. Esse cenário pode está relacionado a heterogeneidade dos dados de

qualidade influenciado pela falta de padronização dos diversos modelos de

sistema de produção praticado no estado de Goiás, que vão de propriedades com

baixa grau de tecnologia a propriedade com alto grau. Dessa maneira torna-se um

desafio para indústria obter leite com padrão de qualidade uniforme em diferentes

localidades durante todo ano.

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FIGURA 3(a) Distribuição espacial da qualidade higiênica do leite produzidos em rebanhos leiteiros avaliados por mesorregião no estado de Goiás

noperíodo de chuva de 2012. (b) Clusters de qualidade por rebanhos nas mesorregiões do estado de Goiás.

Fonte: NEVES, 2015.

b a

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Na Figura 4a e 4b,pode ser vista a distribuição espacial e de cluster por

mesorregião do indicador higiênico, CBT, da qualidade do leite produzido no

Estado de Goiás no período seco de 2012. Na Figura 4a, a mesorregião Sul pode-

se observar uma extensa área, situada no Sudoeste com CBT > 160.000

UFC/mL. Nessa Figura nota-se que as áreas da mesorregião Sul que

apresentavam CBT <36.000 UFC/mL reduziu em comparação com o verificado na

Figura 3a, sugerindo uma redução do numero de rebanhos nesse extrato no

período seco de 2012. Observando ainda a Figura 4a, nota-se áreas identificadas

com CBT intermediárias na faixa de 49.000 a 110.000 UFC/mL que encontram-se

dispersas e ocupam uma extensa superfície do mapa.

Na Figura 4b, verifica-sea ocorrência de clustersnas quatro mesorregiões

do estado de Goiás, Sul, Centro, Noroeste e Norte. Existem48 clustersAlta-Alta,

círculo rosa, que podem ser observados na Figura 4b. Esses clusters

apresentaram CBT média de1.485.645 UFC/mL, em decorrência dos valores

individuais apresentados pelos rebanhos localizados dentro da mesma

delimitação espacial. Na referida Figura pode-se observar uma maior

concentração de clusters no Norte e Sudoeste da mesorregião Sul, notadamente

entre os municípios de Palminópolis e Palmeiras de Goiás, além dos municípios

de Itarumã e Caçu, respectivamente.Na mesorregião Sul, observa-se ainda

12clustersAlta-Baixa, círculo vermelho, com CBT média de 2.244.312 UFC/mL,

além de outros doisclustersem cada mesorregiãoCentro, Noroeste e Norte.

O mapa de distribuição espacial apresenta doisclusters Baixa-Alta, círculo

azul, na Figura 4b com CBT média de 50.000 UFC/mL. Esses clustersestão

localizados nas mesorregiões Centro e Sul do estado, nos municípios de Ivolândia

e Palmeiras de Goiás, respectivamente. Conforme observado na Figura

3b,período chuvoso –de forma similar o período de seca – não se identificacluster

Baixa-Baixa, círculo azul claro.

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FIGURA 4 (a) Distribuição espacial da qualidade higiênica do leite produzidos em rebanhos leiteiros avaliados por mesorregião no estado de Goiás no período de seca de 2012. (b) Clusters de qualidade por rebanhos nas mesorregiões do estado de Goiás. Fonte: NEVES, 2015.

b a

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Na Figura 5a e 5b, pode ser vista a distribuição espacial e os clusters por

mesorregião do indicador higiênico, CBT, da qualidade do leite produzido no

estado de Goiás no período de chuva de 2013.

Na Figura 5a na mesorregião Sul pode-se observar a extensa área,

situada no Sudoeste com CBT > 150.000 UFC/mL, cenário semelhante que pode

ser observado no ano de 2012 nas Figuras 3a e 4a, períodos de chuva e seca.

Nessa Figura nota-se que as áreas da mesorregião Sul que apresentavam CBT

<36.000 UFC/mL continua a reduzir em comparação com o verificado na Figura

3a e 4a. Por outro lado, pode-se notar que no Sul da mesorregião Noroeste houve

o surgimento de área com intensa concentração de CBT < 18.000 UFC/mL. Além

disso, no norte da mesorregião Centro ocorreu uma expansão das áreas com

CBT < 36.000 UFC/mL, em comparação com os mapas das Figuras 3a e 4a.

Na Figura 5b, nota-se a ocorrência de clusters em apenas duas

mesorregiões do estado de Goiás, a Sul e a Centro. Existem 37ClustersAlta-Alta,

círculo rosa, que podem ser observados na Figura 4b. Esses clusters

apresentaram CBT média de 2.806.837 UFC/mL, em decorrência dos valores

individuais apresentados pelos rebanhos localizados dentro da mesma

delimitação espacial. Além disso, na referida Figura nota-se que uma maior

concentração de clusters no Oeste e Sudoeste da mesorregião Sul notadamente

entre os municípios deMineiros, Itarumã e Caçu, respectivamente.Observa-seno

mapa que existenove e trêsclusters Alta-Baixa, círculo vermelho, com CBT média

de 4.620.916 UFC/mL, nas mesorregiões Sul e Centro, respectivamente.

O mapa de distribuição espacial apresenta dois clusters Baixa-Alta,

círculo azul, Figura 5b, com CBT média de 47.000 UFC/mL. Esses clusters estão

localizados nas mesorregiões Sul, nos municípios de Paranaiguara e Palmeiras

de Goiás, respectivamente.

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FIGURA 5(a) Distribuição espacial da qualidade higiênica do leite produzidos em rebanhos leiteiros avaliados por mesorregião no estado de Goiás noperíodo de chuva de 2013. (b) Clusters de qualidade por rebanhos nas mesorregiões do estado de Goiás.

Fonte: NEVES,2015.

a b

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Na Figura 6a e 6b, pode ser vista a distribuição espacial e os clusterspor

mesorregião do indicador higiênico, CBT, da qualidade do leite produzido no

estado de Goiás noperíodo de seca de 2013.

Na Figura 6a, pode-se observar uma extensa área, com CBT entre 45.000

e 66.000 UFC/mL. Nota-se que o mapa apresenta uma distribuição espacial

diferenciada das observadas nas Figuras 3a, 4a e 5a para todas as mesorregiões.

Nessa Figura as áreas de CBT >95.000 UFC/mL continuam a reduzir em

comparação com o verificado na Figura 3a, 4a e 5a, no entanto, a áreas do

Sudoeste da mesorregião Sul continua apresentando a CBT mais alta da

mesorregião Sul.Essa representação pode evidenciar os efeitos do clima sobre o

indicador higiênico, devido as baixas precipitações e temperaturas registradas

neste período.

Na Figura 6b, nota-se a ocorrência de clusters em três mesorregiões do

estado de Goiás, Sul, Noroeste e Centro. Foram identificados 33clustersAlta-Alta,

círculo rosa, que podem ser observados na Figura 6b. Esses clusters

apresentaram CBT média de 2.321.848 UFC/mL. Além disso, na referida Figura

nota-se uma maior concentração de clusters no Sudoeste da mesorregião Sul

notadamente entre os municípios deRio Verde e Caçu, respectivamente.Nesse

mapa pode-se observar 4 e 5clusters Alta-Baixa, círculo vermelho, com CBT

média de 2.025.888 UFC/mL, nas mesorregiões Sul e Centro, respectivamente.

O mapa de distribuição espacial apresenta trêsclusters Baixa-Alta, círculo

azul, Figura 6b, com CBT média de 20.000 UFC/mL. Esses clusters estão

localizados nas mesorregiões Sul e Noroeste, nos municípios de Rio Verde e

Itapirapuã, respectivamente.

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FIGURA 6(a) Distribuição espacial da qualidade higiênica do leite produzidos em rebanhos leiteiros avaliados por mesorregião no estado de Goiás noperíodo da seca de 2013. (b) Clusters de qualidade por rebanhos nas mesorregiões do estado de Goiás.

Fonte: NEVES, 2015.

a b

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Na Figura 7a e 7b, pode ser vista a distribuição espacial e os clusters por

mesorregião do indicador higiênico, CBT, da qualidade do leite produzido no

estado de Goiás no período da chuva de 2014.

Pode-se observar na Figura 7aque área com CBT > 400.000 UFC/mL,

tonalidade vermelho intenso, concentrou-se na mesorregiãoCentro, nos

municípios de Goianésia e Jaraguá, apresentando uma piora da qualidade do leite

nessa região. Nesse mapa, nota-se uma área mais extensa de CBT <78.000

UFC/mL, sobretudo no Oeste, Centro e Sul da mesorregião Sul.

Na Figura 7b, nota-se a ocorrência de clusters em três mesorregiões do

estado de Goiás, Sul, Noroeste e Centro. Foram identificados 51clustersAlta-Alta,

círculo rosa, observados na Figura 7b. Esses clusters apresentaram CBT média

de 3.139.686 UFC/mL. Além disso, na referida Figura nota-se uma maior

concentração de clusters, totalizando 20, no Centro-Oeste da mesorregião

Centronos municípios deGoianésia e Jaraguá.

Ainda na Figura 7b, pode-se observar 16clustersAlta-Baixa, círculo

vermelho, com CBT média de 3.035.750 UFC/mL, nas mesorregiões Sul e Centro,

respectivamente.No Leste da mesorregião Sul, encontram-se 10 desses clusters,

sendo essa área considerada de maior tradição na pecuária leiteira do estado.

Por sua vez a Figura 7b apresenta doisclusters Baixa-Alta, círculo azul,

com CBT média de 47.000 UFC/mL. Esses clusters estão localizados nas

mesorregiões Centro e Noroeste, nos municípios de Jaraguá e Itapirapuã,

respectivamente.

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FIGURA 7(a) Distribuição espacial da qualidade higiênica do leite produzidos em rebanhos leiteiros avaliados por mesorregião no estado de Goiás no período da chuva de 2013. (b) Clusters de qualidade por rebanhos nas mesorregiões do estado de Goiás. Fonte: NEVES, 2015.

a b

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Na Figura 8a e 8b, pode ser vista a distribuição espacial e de cluster por

mesorregião do indicador higiênico, CBT, da qualidade do leite produzido no

estado de Goiás no período seco de 2014. Na Figura 8a a mesorregião Centro

pode-se observar um pequena área situada no Centro-Oeste com CBT > 400.000

UFC/mL. Nessa Figura nota-se que no Noroeste da mesorregião Centro existe

uma área que apresentava CBT < 60.000 UFC/mL.

Observando ainda a Figura 8a,notam-se áreas com valores deCBT na

faixa de 85.000 a 110.000 UFC/mL que encontram-se dispersas nas diferentes

mesorregiões avaliadas.

Na Figura 8b, verifica-se a ocorrência de clusters nas quatro

mesorregiões do estado de Goiás, Sul, Centro, Noroeste e Norte. Existem

30clustersAlta-Alta, círculo rosa, que podem ser observados na Figura 8b. Esses

clusters apresentaram CBT média de 3.165.733 UFC/mL, em decorrência dos

valores individuais apresentados pelos rebanhos localizados dentro da mesma

delimitação espacial. Na referida Figura pode-se observar uma maior

concentração de clusters, 16 no total, no Leste da mesorregião Sul notadamente

no município deOrizona.Na mesorregião Centro observam-se ainda

seteclustersAlta-Baixa, círculo vermelho, com CBT média de 6.170.636 UFC/mL,

além de trêsclustersna mesorregião Sul e um na mesorregiãoNoroeste.

Além disso, na Figura 8b, pode-se notartrêsclusters Baixa-Alta, círculo

azul, com CBT média de 48.000 UFC/mL. Esses clusters estão localizados na

mesorregião Sul do estado de Goiás, nos municípios de Orizona e Itarumã.

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FIGURA 8(a) Distribuição espacial da qualidade higiênica do leite produzidos em rebanhos leiteiros avaliados por mesorregião no estado de Goiás noperíodo de seca de 2014. (b) Clusters de qualidade por rebanhos nas mesorregiões do estado de Goiás. Fonte: NEVES, 2015.

a b

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Ao avaliar os mapas de distribuição espacial de CBT percebe-se um

comportamento difuso da qualidade do leite, ocupando extensas áreas com

qualidade distinta, revelando a falta de uniformidade das práticas de produção.

Devido aos elevados valores encontrados nos clusters de Alta-Alta e Alta-Baixa,

pode-se inferir que algumas mesorregiões abrigam rebanhos que não atendem o

limite legal, de 300.000 UFC/mL, instituído pelo MAPA, por meio da IN62/2011.

Evidenciando assim o manejo inadequado no processo de obtenção higiênica do

leite. Dessa forma, a adoção de boas práticas agropecuárias direcionadas aos

clusters identificados neste estudo, juntamente com medidas de educação podem

auxiliar na redução dessas médias de CBT e refletir na melhoria da qualidade do

leite.

Por outro lado, nas Figuras9a a 14b pode-se observar os mapas de

distribuição espacial e os clusters de CCS ao longo dos anos e entre os períodos

chuvoso e seco, revelando assim as características de produção dos rebanhos da

mesorregião do Estado.

Nas Figuras9ae 9b pode ser vista a distribuição espacial e os clusterspor

mesorregião do indicador sanitário, CCS, da qualidade do leite produzido no

estado de Goiás noperíodochuvoso de 2012.

Nota-se na Figura 9a que a mesorregião Sul apresenta algumas áreas

com CCS < 270.000 Cels/mL, assim como algumas pequenas áreas com CCS >

410.000 Cels/mL. Observa-se ainda nessa Figura uma pequena área com CCS >

580.000 Cels/mL, sugerindo problemas sanitários nos rebanhos dessa localidade.

Os estudos conduzidos por Gay et al.10 recomendam a utilização de análise de

agrupamento espacial que permite a observação das dependências espaciais

entre CCS e os fatores de risco como período do ano e tamanho de rebanho

visando a identificação dos aglomerados de CCS. Segundo Gay et al.23 esse

modelo é capaz de identificar diferença de CCS em regiões com rebanhos

heterogêneos e área de baixa densidade (pontos) em um período de

tempo.Corroborando com o estudo Oliveira20 concluiu que a metodologia para

análise espacial permite identificar dependência espacial para CCS de rebanhos e

encontrar relação com a prevalência de S. agalactiae.

Observa-se na Figura 9ba presença de 114clustersAlta-Alta, círculo rosa.

Esses clusters apresentaram CCS elevada, ou seja, 991.719 Cels/mL, em

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decorrência dos valores individuais apresentados pelos rebanhos localizados

dentro da mesma delimitação espacial. Na referida Figura pode-se observar que

eles concentram em três localidades da mesorregião Sul notadamente nos

municípios de Rio Verde, Santa Helena de Goiás, Piracanjuba, Hidrolândia,

Orizona e Silvânia. Na mesorregião Centro nos municípios de Itaberaí e Bela

Vista de Goiás, e, na mesorregião Noroesteque apresentou apenas um cluster no

município de Goiás. A mesorregião Norte não apresentou a formação de

clustersficandocaracterizada a heterogeneidade da qualidade do leite da região.

Na Figura 9b dos 16 clustersAlta-Baixa, círculo vermelho identificados a

mesorregião Sul, sete apresenta CCS média de 1.242.812 Cels/mL, mas sem

ocorrer concentração em um determinado município, fato que pode ser observado

para os outros nove,nas mesorregiões Centro e Noroeste.

O mapa da Figura 9b revela a presença de 32clusters Baixa-Alta, círculo

azul, com CCS média de 165.875Cels/mL. Esses clusters concentram-se na

mesorregiãoSul do estado, nos municípios de Rio Verde, Hidrolândia, Piracanjuba

e Silvânia. Além disso, nota-se a presença de 38clusters Baixa-Baixa, círculo azul

claro, presentes nas mesorregiões Centro e Noroeste, com concentração nos

municípios de Jaraguá e Rubiataba, além de Itapirapuã, respectivamente.

Por outro lado, os rebanhos considerados não significativos, círculos

cinza, não se enquadram nos agrupamentos estabelecidos no presente estudo,

pois apresentam grande variação na contagem de CCS entre os rebanhos

vizinhos, o que não permite a geração de clusters.

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FIGURA 9(a) Distribuição espacial da qualidade sanitária do leite produzidos em rebanhos leiteiros avaliados por mesorregião no estado de Goiás noperíodo da chuva de 2012. (b) Clusters de qualidade por rebanhos nas mesorregiões do estado de Goiás. Fonte: NEVES, 2015.

a b

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Nas Figuras 10a e 10b, pode ser vista a distribuição espacial e os clusters

por mesorregião do indicador sanitário, CCS, da qualidade do leite produzido no

estado de Goiás noperíodo seco de 2012.

Observa-se na Figura 10a que a mesorregião Centrodetém as maiores

áreas de Goiás com CCS <250.000 Cels/mL, Por outro lado, pode-se notar nas

mesorregiões Sul, Centro, Noroeste e Norte a presença de áreas com CCS

>330.000 Cels/mL. Observa-se ainda nessa Figura quenenhuma das

mesorregiões do Estadoapresentou área com CCS >610.000 Cels/mL, sugerindo

que no período secoa condição da saúde da glândula mamária dos rebanhos do

Estado está melhor que aquelas apresentadas no mapa de período chuvoso

desse ano de 2012.

Verifica-se na Figura 10b a presença de 105clustersAlta-Alta, círculo rosa.

Esses clusters apresentam CCS elevada, ou seja, 926.647 Cels/mL e concentram

em quatro localidades da mesorregião Sul, notadamente nos municípios de

Mineiros, Rio Verde, Piracanjuba, Hidrolândia e Orizona,na mesorregião Centro,

nos municípios de Itaberaí e Bela Vista de Goiás, além da mesorregião Norte que

apresenta apenas um cluster no município de Mara Rosa. Na Figura 10b, dos

15clustersAlta-Baixa, círculo vermelho, com CCS média de 1.148.466 Cels/mL,

nove estão identificados na mesorregião Sul, mas sem ocorrer concentração em

um determinado município.

A Figura 10b revela a presença de 27clusters Baixa-Alta, círculo azul,

com CCS média de 135.740 Cels/mL. Desses clusters, 15 concentram-se no Sul

da mesorregião Centro do Estado, no município de Bela Vista de Goiás. Além

disso, nota-se a presença de 30clusters Baixa-Baixa, círculo azul claro, com a

média de CCS 122.200 Cels/mL, presentes nas mesorregiões Sul, Centro e

Noroeste, com concentração nos municípios de Morrinhos e Corumbaíba,

Jaraguá, além de Itapirapuã e Piranhas, respectivamente.

Igualmente identificado na Figura 9b, a Figura 10b apresenta rebanhos

considerados não significativos, círculos cinza, que não se enquadram nos

agrupamentos do presente estudo, pois apresenta grande variação na contagem

de CCS entre os rebanhos vizinhos, não permitindo a geração de cluster.

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FIGURA 10(a) Distribuição espacial da qualidade sanitária do leite produzidos em rebanhos leiteiros avaliados por mesorregião no estado de Goiás noperíodo de seca de 2012. (b) Clusters de qualidade por rebanhos nas mesorregiões do estado de Goiás. Fonte: NEVES, 2015.

a b

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Nas Figuras 11a e 11b, pode ser vista a distribuição espacial e os clusters

por mesorregião do indicador sanitário, CCS, da qualidade do leite produzido no

estado de Goiás no período chuvoso de 2013.

Na Figura 11a,nota-se que de uma maneira geral todas as mesorregiões

apresentam áreas dispersas com CCS >380.000 Cels/mL, situação que sugere o

agravamento das condições de sanidade das glândulas mamárias dos rebanhos.

Por outro lado, pode-se notar ainda a boa qualidade apresentada pela

mesorregião Centro área de CCS < 230.000 Cels/mL, no município de Jaraguá.

Nessa Figura observa-se que na mesorregião Sul, no município de Rio Verde,

assim como na mesorregião Centro, no município de Itaberaí, a presença

deáreasque apresentam sempre a CCS > 330.000 Cels/mL.

Constata-se na Figura 11b a presença de 127clustersAlta-Alta, círculo

rosa. Esses clusters apresentam CCS elevada, ou seja, 1.027.952 Cels/mL. Além

disso, observa-se nesse mapa que estes concentram em quatro localidades da

mesorregião Sul, notadamente nos municípios de Mineiros, Rio Verde,

Piracanjuba, Hidrolândia e Orizona. A mesorregião Centro nos municípios de

Itaberaí, Goiânia e Bela Vista de Goiás, e, também a mesorregião Norte

apresenta apenas um cluster no município de Mara Rosa. Na Figura 11b nota-se

a presença de 24clustersAlta-Baixa, com CCS média de 1.243.041 Cels/mL,

círculo vermelho.

A Figura 11b revela a presença de 36clusters Baixa-Alta, círculo azul,

com CCS média de 141.277 Cels/mL. Desses clusters, 21 concentram-se no

Sudeste da mesorregião Centro do Estado, no município de Bela Vista de Goiás.

Além disso, nota-se a presença de 47clusters Baixa-Baixa, círculo azul claro, com

a média de CCS de 141.319 Cels/mL, estando presente nas mesorregiões Sul,

Centro e Noroeste, com concentração nos municípios de Morrinhos e

Corumbaíba, Jaraguá, além de Itapirapuã e Piranhas, respectivamente. Destaque

especial para o município de Jaraguá que concentra o maior número de clusters

de Baixa-Baixa.

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71

FIGURA 11(a) Distribuição espacial da qualidade sanitária do leite produzidos em rebanhos leiteiros avaliados por mesorregião no estado de Goiás no período de chuva de 2013. (b) Clusters de qualidade por rebanhos nas mesorregiões do estado de Goiás. Fonte: NEVES, 2015.

a b

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72

Nas Figuras 12a e 12b, pode ser vista a distribuição espacial e os clusters

por mesorregião do indicador sanitário, CCS, da qualidade do leite produzido no

estado de Goiás no período da seca de 2013.

Observa-se na Figura 12a, que houve uma redução em todas as

mesorregiões das áreas dispersas com CCS > 340.000 Cels/mL, quando

comparado com a Figura 11a do período chuvoso. Por outro lado, nota-se a

presença de poucas áreas de boa qualidade com CCS <190.000 Cels/mL.O

município de Jaraguá da mesorregião Centro apresenta a maior concentração de

rebanhos nessa faixa. Nessa Figura chama a atenção as áreas de elevada CCS,

ou seja, > 400.000 observadas nos municípios de Piracanjuba, Orizona e

Ipamerilocalizados na mesorregião Sul.

A Figura 12b revela a presença de 69clustersAlta-Alta, círculo rosa. Esses

clusters apresentaram CCS elevadas, ou seja, 1.112.811 Cels/mL. Além disso,

observa-se nesse mapa que houve o surgimento de duas novas concentrações

de clustersna mesorregião Sul, notadamente nos municípios de Morrinhos e

Ipameri, além dos já existentes, Mineiros, Rio Verde, Piracanjuba, Hidrolândia e

Orizona, revelados na Figura 11b. Na mesorregião Centro somente no município

de Bela Vista de Goiás foi observada a presença de cluster de Alta-Alta.

Na Figura 12b,podem ser identificadasseisclusters Alta-Baixa, círculo

vermelho,a maioria na mesorregião Noroeste, com CCS média de 1.243.041

Cels/mL, ocorrendo de maneira dispersa sem concentrarnos municípios.

A Figura 12b revela ainda a presença de 18clusters Baixa-Alta, círculo

azul, com CCS média de 116.500 Cels/mL. Desses clusters, seis concentram-se

no município de Bela Vista de Goiás no Sudeste da mesorregião Centro. Além

disso, nota-se a presença de 13clusters Baixa-Baixa, círculo azul claro, com CCS

média de 84.153 Cels/mL, permanecendo presente apenas no município de

Jaraguá da mesorregião Centro.

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73

FIGURA 12(a) Distribuição espacial da qualidade sanitária do leite produzidos em rebanhos leiteiros avaliados por mesorregião no estado de Goiás no período da seca de 2013. (b) Clusters de qualidade por rebanhos nas mesorregiões do estado de Goiás. Fonte: NEVES, 2015.

a b

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74

Nas Figuras 13a e 13b, pode ser vista a distribuição espacial e os clusters

por mesorregião do indicador sanitário, CCS, da qualidade do leite produzido no

estado de Goiás no período chuvoso de 2014. Pode-se observar na Figura 13a

que a área com CCS < 200.000 Cels/mL, concentrou de maneira intensa em

diversas áreas do mapa. Destaque novamente para mesorregião Centro, que

apresentou as maiores áreas nesse extrato de contagem. Nesse mapa, notam-se

duas áreas com CCS > 460.000 Cels/mL, nos municípios de Piracanjuba, Ipameri,

Orizona e Rio Verde da mesorregião Sul.

Na Figura 13b, pode ser verificado a ocorrência de clustersnas

mesorregiões Sul, Norte, Noroeste e Centro do estado de Goiás. Foram

identificados 120clustersAlta-Alta, círculo rosa. Esses clusters apresentaram CCS

média de 1.037.308 Cels/mL. Além disso, na referida Figura nota-se uma maior

concentração de clusters,em três áreasda mesorregião Sul nos municípios

dePiracanjuba, Ipameri e Orizona, e em menor concentração nos município de

Bela Vista de Goiás e Goiânia.

Ainda na Figura 13b pode-se observar 13clustersAlta-Baixa, círculo

vermelho, com CCS média de 1.267.000 Cels/mL, nas mesorregiões Sul, Centro,

Norte e Noroeste. Sendo que no Noroeste da mesorregião Centro, encontram-

sequatro desses clusters, no município de Rubiataba.A Figura 13b apresenta

também 32clusters Baixa-Alta, círculo azul, com CCS média de 148.906 Cels/mL.

Esses clusters estão localizados em áreasdamesorregiãoSul, nos municípios de

Piracanjuba, Pontalina, Silvânia, Orizona, Rio Verde e Ipameri, além de estar

presente em Bela Vista de Goiás da mesorregião Centro.54clusters Baixa-Baixa,

círculo azul claro, com a CCS média de 114.444 Cels/mL, são também

observados na Figura 13b. Essesclustersestão distribuídos aleatoriamente nas

mesorregiões do Estado. Merece destaque a mesorregião Centro, onde se

observa a presença de clusters nos municípios de Jaraguá, Rubiataba, São Luís

de Montes Belos e Aurilândia, além da mesorregião Noroeste nos municípios de

Piranhas e Itapirapuã. Finalmente na Figura 13b, os rebanhos considerados não

significativos e que estão representados por círculos brancos, não se enquadram

nos agrupamentos do presente estudo pois, apresentam grande variação na

contagem de CCS entre os rebanhos vizinhos, o que não permite a geração de

cluster.

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FIGURA 13(a) Distribuição espacial da qualidade sanitária do leite produzidos em rebanhos leiteiros avaliados por mesorregião no estado de Goiás no período da chuva de 2014. (b) Clusters de qualidade por rebanhos nas mesorregiões do estado de Goiás. Fonte: NEVES, 2015.

a b

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Nas Figuras 14a e 14b pode ser vista a distribuição espacial e os clusters

por mesorregião do indicador sanitário, CCS, da qualidade do leite produzido no

estado de Goiás noperíodo seco de 2014. Pode-se observar na Figura 14a

algumas áreas no mapa com CCS < 230.000 Cels/mL. Destaque para

mesorregião Sul, que continuou apresentando área com CCS >560.000 Cels/mL,

no município de Piracanjuba.

Na Figura 14b, nota-se a ocorrência de clusters nas mesorregiões Sul e

Centro do estado de Goiás. Foram identificados 93clustersAlta-Alta, círculo rosa,

que podem ser observados na Figura 14b. Esses clusters apresentaram CCS

média de 1.130.268 Cels/mL. Nessa Figura pode-se observar cincoclusters Alta-

Baixa, círculo vermelho, com CCS média de 1.730.200 Cels/mL, nas

mesorregiões Sul e Centro.

A Figura 14b apresenta 33clusters Baixa-Alta, círculo azul, com CCS

média de 175.393 Cels/mL. Além disso, nota-se na referida Figura que há a

grande concentração declustersde Alta-Alta e Baixa-Alta,nas mesorregiões Centro

e Sul, nos municípios de Bela Vista de Goiás e Piracanjuba.28clusters Baixa-

Baixa, círculo azul claro, com CCS média de 97.071 Cels/mL, podem ser

observados na Figura 14b,sendo 17 clustersencontrados nas mesorregiões

Centro e Noroeste e um na mesorregião Sul no município de Corumbaíba.

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FIGURA 14(a) Distribuição espacial da qualidade sanitária do leite produzidos em rebanhos leiteiros avaliados por mesorregião no estado de Goiás noperíodo da seca de 2014. (b) Clusters de qualidade por rebanhos nas mesorregiões do estado de Goiás. Fonte: NEVES, 2015.

a b

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78

Na Figura 15 estão dispostos os Dendogramas do período chuvoso, por

mesorregião do estado de Goiás, segundo a distribuição dos clusters do indicador

de qualidade do leite, CBT, ao longo dos anos de 2012 (a), 2013 (b) e 2014 (c).

Depreende-se, portanto, que embora existam características produtivas

bem distintas entre as mesorregiões, os períodos do ano de uma maneira geral

afetam a representação dos clusters de qualidade. Além disso, percebe-se nas

Figuras 15a e 15b que a formação dos clusters ocorreu de maneira similar,

indicando assim, o período chuvoso dos anos de 2012 e 2013, a CBT não

apresentou grandes variações dentro das mesorregiões avaliadas, conforme pode

ser observado na Tabela 1.O dendograma do período chuvoso apresentado na

Figura 15c revela que em 2014, a mesorregião Norte apresentou os indicadores

de qualidade bem distintos em relação às outras mesorregiões, ficando mais

próxima da qualidade da região Sul. Por outro lado, as mesorregiões Centro e

Noroeste apresentam as menores médias de CBT (Tabela 1).

Legenda: 1 = Centro / 2 = Noroeste / 3 = Norte / 4 = Sul

Legenda: 1 = Centro / 2 = Noroeste / 3 = Norte / 4 = Sul

01

23

45

6

upgma

3 4 1 2

01

23

45

6

upgma

1 2 3 4

a)

b)

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Legenda: 1 = Centro / 2 = Noroeste / 3 = Norte / 4 = Sul

FIGURA 15: Dendogramas dos clusters de qualidade do leite produzidos em rebanhos leiteiros, no período de chuva, para CBT, por mesorregião no estado de Goiás, ao longo dos anos de 2012 (a), 2013 (b) e 2014 (c).

Observa-se na Figura 16, osDendogramas do período seco, por

mesorregião do estado de Goiás, segundo a distribuição dos clusters do indicador

de qualidade do leite, CBT, ao longo dos anos de 2012 (a), 2013 (b) e 2014 (c).

Nota-se na Figura 16a o destaque da mesorregião Sul em comparação

com as outras mesorregiões, o que pode ser observado na distribuição espacial

do mapa da Figura 4a.Na Figura 16b e 16c, pode ser observado o comportamento

dos indicadores das mesorregiões no período seco, nota-se a formação de dois

clusters distinto sendo um entre a mesorregião Sul/Norte e outra Centro/Noroeste.

Nesse sentido, no ano de 2014, observa-se que as mesorregiões Sul e Norte

apresentaram as maiores médias de CBT, 119.069 e 138.242 UFC/mL,

respectivamente, enquanto as mesorregiões Centro e Noroeste as menores

médias, 82.978 e 101.729 UFC/mL, respectivamente, como pode ser conferido na

Tabela 1.

01

23

45

6

upgma

3 4 1 2

c)

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Legenda: 1 = Centro / 2 = Noroeste / 3 = Norte / 4 = Sul

Legenda: 1 = Centro / 2 = Noroeste / 3 = Norte / 4 = Sul

Legenda: 1 = Centro / 2 = Noroeste / 3 = Norte / 4 = Sul

FIGURA 16: Dendograma dos clusters de qualidade do leite produzido em rebanhos leiteiros, no período de seca, para CBT por mesorregião no estado de Goiás, ao longo dos anos de 2012 (a), 2013 (b) e 2014 (c).

A Figura 17 representa o Dendograma do período chuvoso, por

mesorregião do estado de Goiás, segundo a distribuição dos clusters do indicador

de qualidade do leite, CCS, ao longo dos anos de 2012 (a), 2013 (b) e 2014 (c).

01

23

45

6

upgma

4 2 1 3

01

23

45

6

upgma

1 2 3 4

01

23

45

6

upgma

3 4 1 2

a)

b)

c)

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81

Na Figura 17a, pode ser observado o comportamento dos indicadores das

mesorregiões no período chuvoso. Observa-se que as mesorregiões Centro,

Norte e Sul apresentam as maiores médias de CCS, 324.820, 334.676 e

344.297Cels/mL, respectivamente, enquanto a mesorregiãoNoroeste a menor

média, 260.027 UFC/mL, respectivamente. Esses dados podem ser conferidos na

Tabela 2. Dessa maneira, nota-se na Figura 17a o destaque da mesorregião

Noroeste em comparação com as outras mesorregiões, o que pode ser observado

na distribuição espacial do mapa da Figura 9a.Além disso, a mesorregião

Noroeste apresentou o menor valor no ano de 2013 conforme observado na

Figura 17b. Por outro lado, na Figura 17c verifica-se que os valores das médias

reduziram em todas as mesorregiões, quando comparado com os anos de 2012 e

2013, no entanto houve a formação de dois clusters distintos com a mesorregião

Centro e Sul, 283.980 e 318.973 Cels/mL, respectivamente, representando um

agrupamento e a Noroeste e Norte com, 207.501 e 240.837 Cels/mL,

respectivamente, o outro agrupamento.

Legenda: 1 = Centro / 2 = Noroeste / 3 = Norte / 4 = Sul

Legenda: 1 = Centro / 2 = Noroeste / 3 = Norte / 4 = Sul

01

23

45

6

upgma

2 1 3 4

01

23

45

6

upgma

2 4 1 3a)

b)

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Legenda: 1 = Centro / 2 = Noroeste / 3 = Norte / 4 = Sul

FIGURA 17: Dendograma dos clusters de qualidade do leite produzido em rebanhos leiteiros, no período de chuva, para CCS, por mesorregião no estado de Goiás, ao longo dos anos de 2012 (a), 2013 (b) e 2014 (c).

A Figura 18 representa o Dendograma do período de seca, por

mesorregião do estado de Goiás, segundo a distribuição dos clusters do indicador

de qualidade do leite, CCS, ao longo dos anos de 2012 (a), 2013 (b) e 2014 (c).

Nota-se nas Figuras 18 a, 18 b e 18 c, que a mesorregião Noroeste

apresentou as menores médias, 223.671, 210.722 e 219.441 Cels/mL,

destacando-se das outras mesorregiões. Esse fato pode ser explicado em partes

pela presença de clusters de baixa-baixa, observados na Figura 14b. Além disso,

pode-se notar que as médias de CCS do ano de 2013 foram menores em todas

as mesorregiões quando comparadas com o ano de 2012 (Tabela 2). Por outro

lado, as médias de CCS do ano de 2014, observadas na Tabela 2, foram

superiores as encontradas no ano de 2013, revelando que houve uma redução da

saúde das glândulas mamárias dos rebanhos das mesorregiões Sul, Centro e

Norte.

01

23

45

6

upgma

1 4 2 3

c)

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Legenda: 1 = Centro / 2 = Noroeste / 3 = Norte / 4 = Sul

Legenda: 1 = Centro / 2 = Noroeste / 3 = Norte / 4 = Sul

Legenda: 1 = Centro / 2 = Noroeste / 3 = Norte / 4 = Sul

FIGURA 18: Dendograma dos clusters de qualidade do leite produzido em rebanhos leiteiros, no período da seca, para CCS, por mesorregião no estado de Goiás, ao longo dos anos de 2012 (a), 2013 (b) e 2014 (c).

01

23

45

6

upgma

2 1 3 4

01

23

45

6

upgma

2 4 1 3

01

23

45

6

upgma

2 4 1 3

a)

b)

c)

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Dessa maneira, o desenvolvimento do presente estudo propiciou a

identificação de clusters capazes de demonstrar a evolução da qualidade do leite

por meio da interpolação de dados de qualidade. No entanto, o desenvolvimento

de mais estudos são necessários para explorar a capacidade da ferramenta

geoestatística na determinação de fatores de risco que podem comprometer a

qualidade do leite.

CONCLUSÕES

Diante dos resultados obtidos no estudo pode-se concluir:

A qualidade do leite cru refrigerado produzido em Goiás apresentou médias

que atendem o padrão legal vigente, muito embora as mesorregiões do Estado

apresentem diferenças marcantes no sistema produtivo e na qualidade.

Embora as médias dos indicadores higiênicos sanitários, CBT e CCS,

encontradas no presente estudo, estejam em acordo com os limites legais, ao

utilizar a ferramenta de análise espacial verificou-se que existem clusters de

qualidade, nas mesorregiões avaliadas, que não atenderam aos padrões legais,

assim como, clusters de alta qualidade que são bem inferiores aos limites legais.

O comportamento sazonal da qualidade do leite pode ser claramente

definido nos mapas digitais, sendo as médias dos indicadores maiores no período

chuvoso e menor no período seco.

As ferramentas de geoestatística aplicadas na avaliação dos indicadores

da qualidade do leite, CBT e CCS, permitem observar as interações entre esses

parâmetros e o espaço, identificando a distribuição espacial dos indicadores.

REFERÊNCIAS

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12. Assad ED, Sano EE. Sistema de Informações Geográficas: Aplicações na agricultura. 2ª ed. Brasília: Embrapa – SPI/Embrapa – CPAC; 1998.

13. Esri. Geoprocessing in ArcGIS. Redlands: Environmental Systems Research Institute; 2004. Acessado em: [acessado em: 07 mai. 2015]. Disponível em: http://www.esri.com/ software/arcgis

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15. EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Brasil). Coleta de amostras de leite para determinação da composição química e contagem de células somáticas. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2001. (Circular Técnica nº 62).

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16. ISO 13366-2 / INTERNATIONAL DAIRY FEDERATION (IDF) 148-2 -.Milk. Enumeration of somatic cells – Part 2: Guidance on the operation of fluoro-opto-electronic counters. Brussels, Belgium, 2006.15p.

17. ISO 16297 / INTERNATIONAL DAIRY FEDERATION (IDF) 161 -.Milk. - Bacterial count - Protocol for the evaluation of alternative method. Brussels, Belgium, 2013.13p.

18. R Development Core Team. R: A language and environment for statistical computing 2014. Vienna: R Foundation for Statistical Computing. Disponível em: http://www.R-project.org.

19. Environmental Systems Research Institute, software ArcGis Map 10.1, sob Licença de número: EFL913687012, do Laboratório de Geoinformação da Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí.

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22. Souza GN, Grego CR, De Hott MC, Silva MR, Bruno AF, Hylario SM, Amaral CM, et al. Avaliação espacial de indicadores de qualidade do leite no estado do Espirito Santo, 2011-2012. In: Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária; 2012, 39, Santos. Anais. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite 2012.

23. Gay E, Senoussi R, Barnouin J. A spatial hazard model for cluster detection on continuous indicators of disease: application to somatic cell score. Vet Res. 2007; 38(4): 585-96.

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CAPÍTULO 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados dos indicadores higiênico-sanitários apresentados no

período seco de 2014 foram maiores que em outros períodos avaliados, além dos

fatores relacionados que podem influenciar a qualidade do leite (as questões de

manejo, higienização e transporte) pode-se observar o preço do leite. Segundo

dados do CEPEA/ESALQ (2015) os preços médios recebidos em 2014 pelos

produtores de leite foi 10% menor quando comparados ao mesmo período de

2013, o que revela o quanto a qualidade do leite é sensível às oscilações de

preços do mercado.

O acompanhamento das tendências da qualidade do leite permite que

sejam avaliadas a eficiência dos programas de controle e identificar as questões

críticas de manejo. Além disso, o conhecimento das tendências regionais da

qualidade do leite pode fornecer informações de como os fatores externos (preços

do leite, sistema de produção e clima) e a qualidade podem influenciar sobre os

indicadores nas diferentes partes do mundo.

Dessa forma, o governo, as entidades representativas do setor,

pesquisadores e produtores devem unir esforços para instituir Programas para

melhorar a qualidade do leite de Goiás, focando as condições sazonais, pois a

CBT e CCS foram muito afetadas por essa questão. Além disso, devido a

importância da atividade para a economia do estado de Goiás, faz-se necessário

desenvolver políticas de incentivos aos produtores para melhorar a qualidade do

leite de seus rebanhos.

Neste estudo foi observada a necessidade de estruturar um banco de

dados com informações sobre o sistema produtivo (tipo de rebanho, tamanho de

rebanho, volume de produção, sistema de produção, tipo de alimentação entre

outros) para complementar as informações de qualidade do leite e permitir uma

visão mais completa da produção leiteira de Goiás.