DIVALDO PEREIRA FRANCO - IGNOTUS - ESPELHO DA ALMA

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  • 8/14/2019 DIVALDO PEREIRA FRANCO - IGNOTUS - ESPELHO DA ALMA

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    DIVALDO PEREIRA FRANCO

    ESPELHO DALMADitado pelo Esprito Ignotus

    Caro amigo,

    Se gostas de uma boa leitura, apresento-lhe uma, e se voc temcondies de adquirir o livro, faa-o, pois seus direitos autorais sodoados a instituies de caridade.

    Muita Paz.

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    SUMRIO

    ESPELHO DALMA................................................................................................................3JESUS E O OBSERVADOR..................................................................................................4REPARTIR PARA SER FELIZ...............................................................................................5VINTE ANOS DEPOIS... ....................... ......................... ......................... ......................... .....8LIO ESPRITA..................................................................................................................9

    PROBLEMATICIDADE OBSESSIVA ........................ ......................... ......................... .........10QUESTO DE PROVA ......................... ......................... ......................... .......................... ..12INSUCESSO APARENTE...................................................................................................13A COISA MAIS IMPORTANTE............................................................................................15CONSRCIO MATRIMONIAL.............................................................................................17ENSINOS E AES....................... ......................... ......................... ......................... .........18DIREO ESPRITA...........................................................................................................19VOC EST SORRINDO....................................................................................................20INVESTIMENTO DE VIDA ..................... ......................... ......................... ......................... ..21ATITUDE ESPRITA ....................... ......................... ......................... ......................... .........22DISPARATE ....................... ......................... ......................... ......................... ................... ..23VALORES DA LOUCURA..................... ......................... ......................... ......................... ...24TROPEOS DA TAREFA ..................... ......................... ......................... ......................... ...25VITRIA DO BEM...............................................................................................................27DRAMA HUMANO .................... ................... ......................... ......................... .................. ...30EXIGNCIA INDITOSA.......................................................................................................34VOLTE, PARA EU CHORAR...............................................................................................35IRREVERNCIA E SINTONIA.............................................................................................37IDEALISMO E AO...................... ......................... ......................... ......................... .........38SOLUO FELIZ................................................................................................................39CONVIDADO......................................................................................................................40A VERDADE PARA CADA UM............................................................................................41ESTUDO ESPRITA............................................................................................................42SEGURANA DE F..........................................................................................................43CARIDADE EFICAZ............................................................................................................44CONFORTO E LIBERDADE................................................................................................45CONDUTA NTIMA E PBLICA ................... ......................... ......................... .................. ...47CIME................................................................................................................................48ESCRITO NOS CUS.........................................................................................................49PARBOLA MODERNA......................................................................................................51A CONSULTA.....................................................................................................................52COMODIDADE E DISFARCE..............................................................................................53JOVENS E ADULTOS.........................................................................................................54GRANDEZA DALMA...........................................................................................................55PALAVRAS E FIDELIDADE ......................... ........................ .......................... ................... ..56FRUTOS DA RESIGNAO ........................ ......................... ......................... .................. ...57MEDIUNIDADE E PALPITE ......................... ........................ .......................... ................... ..59

    REDENO ....................... ......................... ......................... ......................... ................... ..60UMA PGINA EVANGLICA...............................................................................................62A MISSO..........................................................................................................................64SENTENA CORRETA ......................... ........................ ......................... ......................... ...65PERIGO DESNECESSRIO...............................................................................................67PELO ELEVADOR DE SERVIO........................................................................................69ESTRATAGEMA TENEBROSO ................... ......................... ......................... .................. ...70CONHECER-SE ....................... ................... ......................... ......................... .................. ...72INUSITADA ORAO.........................................................................................................73

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    ESPELHO DALMA

    A mitologia grega tem, em Narciso, um dos exemplos fascinantes da Humanidade.

    Vaidoso da prpria beleza e indiferente s paixes que inspirava recebeu, de Nmesis, ocastigo de enamorar-se de si mesmo, ao contemplar a prpria imagem refletida nas guastranqilas de um lago-espelho, vindo a definhar e morrer, posteriormente...Oscar Wilde, na sua genial pea, o retrato de Dorian Gray, deu-nos a perfeita viso dasconseqncias da insnia moral que a personagem imprime na tela pintada,exteriorizando as feridas do sentimento, enquanto a juventude da forma, que permanecia,fazia-o invejado, todavia, infeliz...

    Stevenson, no seu trgico Estranho caso do Dr. Jekyll e de Mr. Hyde, terminou pordeixar a mensagem pessimista em que o mal vitalizado vence o bem descuidado...

    A vida o espelho que reflete, hoje ou amanh, os dramas e as glrias da alma humana.

    Todas as expresses do intelecto como do sentimento nele surgem e se patenteiam comorealidade feliz ou desditosa.

    O cristo, no entanto, tem, no Evangelho, o espelho cristalino da alma, que lhe reflete osatos de paz e a sementeira de amor.

    Cada um, por isso mesmo, o construtor da sua prpria vida, na viagem carnal.

    Espelho dalma!

    Reunimos, neste livro, inmeras histrias reais que retiramos do cotidiano de diversostrabalhadores espritas encarnados e desencarnados, de ontem e de hoje, nos quaisfocalizamos lies proveitosas para todos ns, representando os resultados doscomportamentos que mantiveram, conforme as situaes defrontadas.

    No aditamos novidades, nem pretendemos oferecer contributo novo ou especial aomaterial doutrinrio j existente.

    Estas pginas constituem a modesta colaborao com que esperamos despertar algumaconscincia entorpecida pela indiferena, de certo modo, auxiliando na obra de edificaode um mundo melhor para o futuro.

    Damo-nos por compensado, se lograrmos a meta a que nos propomos: conseguir que

    algum participe do laborrenovao da Terra, aps a leitura deste modesto trabalho.

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    JESUS E O OBSERVADOR

    Quem o visse cercado pela multido, em cuja fase estavam as marcas iniludveis dodesconforto, das aflies e das ansiedades, talvez ficasse distncia, sem ter a menoridia do que ele pudesse fazer quelas gentes.

    Quem o visse exprobrando a conduta reprochvel dos maus sacerdotes infelizesgovernantes, certamente recearia, afastando-se do crculo em que Ele estava.

    Quem o acompanhasse pelas longas viagens, sempre cercado pelas dores do povo, semagasalhos nem alforjes, sob a cancula ou as chuvas, suporia estar ao lado de umvisionrio, um sonhador.

    Quem se detivesse no exame das Suas palavras renovadoras, em dias de rapina ecrueldade, entoando Salmos de amor e esperana, evitaria a participao no grupo queEle compunha, receando conseqncias.

    Quem penetrasse no crculo mais ntimo dos que O seguiriam, dominados pelomagnetismo dEle, suporia estar entre fanticos que pretendesse lutar contra tudo,afervorados pela implantao de um Reino impossvel.

    Quem, todavia resolvesse mergulhar na Sua Aura, reflexionando demoradamente osconceitos que Ele emitia, sentindo as angstias das multides que Ele saciava com overbo divino, seguindo-O pelas trilhas da compaixo e da misericrdia, vivendo asesperanas que Ele acenava em relao aos dias do futuro e se facultasse senti-Lo noimo do corao, am-Lo-ia por certo, entregasse totalmente ao mistrio da fraternidadeat a imolao, como parte essencial da Era Nova que Ele iniciava, mas que somente seconcretizaria nos confins dos tempos futuros.

    Jesus no uma mensagem de uma poca, um tempo uma Civilizao. o po desustento do sculo, a gua refrescante das eras e a esperana modelar de todos ospovos. Segurana do mundo moderno, o Luzeiro em cuja claridade solar todas as trevasse dissipam, a aquecer por todo o sempre sofrido corao do esprito humano desejosode felicidade, de plenitude da paz.

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    REPARTIR PARA SER FELIZ

    Concluda a conferncia que versara sobre a felicidade, o cavalheiro distinto acercou-sedo palestrante e sem mais delongas, interrogou:

    - O senhor cr, realmente, no que acaba de dizer?

    - Sim. Integralmente.

    - Concebe, possvel, a felicidade?

    - claro que sim.

    -Pois eu no acredito nela. Imagine que eu possuo haveres de alta monta, depsitos ettulos bancrios expressivos, fbricas e bens, no entanto, o cncer, que me devora pordentro, apagou-me a luz da felicidade que eu supunha possuir. Fez uma pausa eprosseguiu:Sempre fui patro justo e bom, esposo cumpridor dos deveres, amigo leal, todavia...Cofiou os bigodes bem cuidados e arrematou:- Hoje duvido de Deus, da divina justia, da alma... Por que sou to infeliz?

    - A questo, meu amigo, est colocada em termos errados. Felicidade no posseexterna, porm um estado interior perante a vida. Malgrado suas posses, a sua aparentebondade, o senhor procede de um pretrito espiritual que lhe cobra, no corpo, os errosmorais contrados contra ele. No obstante, rico. Pior seria se o cncer que o vitima nopudesse, por falta de recursos de sua parte, receber o conveniente tratamento.Extra o estmago, e apesar de possuir tudo o que o dinheiro pode comprar, perdi asade, marchando inexoravelmente para a morte.

    Morrer retrucou o pregador esprita ocorrncia natural de todos que estamos nocorpo avanamo-nos para desencarnao, que nos alcanar, sem execuo.Imprescindvel encarar a morte como fenmeno da vida, tendo em mente, porm, que avida, comea, realmente aps a morte... O elegante cidado sorriu, depois gargalhou.

    O senhor acredita nisso? Inquiriu, zombeteiro.E evidente.

    Vejamos: Em minhas indstrias ergui uma cooperativa para servir aos meus empregados,uma creche para os filhos dos meus empregados, um restaurante para os meusempregados, uma escola para os filhos dos meus empregados... Sendo um homem

    generoso, por que sofro?O senhor deseja uma resposta sincera ou prefere que eu concorde conforme estacostumado?

    - claro que desejo a verdade!

    - Sem dvida, o senhor um excelente investidor, ambicioso, porquanto a suacooperativa, no obstante servindo aos seus operrios, dar-lhe lucro, mnimo que seja; acreche, que atende aos filhos dos seus trabalhadores, um investimento, desde que o

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    servidor, que tem filhos menores resguardados, produz mais e o senhor ganha mais; ooperrio que se alimenta bem realiza mais e o senhor tem maior soma de lucro; o pai,cujos filhos esto em educandrio, em calma atua mais e os resultados so a suaprosperidade...Como, ento, eu poderia ser bom?

    Para ser-lhe franco, bom, no sentido integral, no lhe ser possvel lograr, conforme

    Jesus acentuou num dilogo mantido com o jovem rico, que o chamar bom. A ningumchameis bom, seno ao Pai Celestial. Disse-lhe o Senhor.

    A fim de conseguir ser generoso e justo, parece-me que a melhor maneira seria repartir afortuna que tem, com os operrios e trabalhadores, tornando-os scios de seupatrimnio...

    - Est louco?! Isso seria...- Seria generosidade. Temos o que dividimos e possumos o bem que realizamos. Dequalquer forma o senhor ter que deixar tudo, hoje ou amanh, para este ou aquele,porquanto os bens materiais transitam, mudam de mo...

    - E a minha sade?- Qui no retorne, mas a felicidade enriquec-lo- com certeza.

    O cavalheiro resmungou, cismou, sorriu, pediu licena e saiu meneando a cabea,decepcionado. Dois anos depois, no mesmo recinto, aps a conferncia, no momento dassaudaes fraternas, o homem rico aproximou-se do orador e o interrogou:

    - Recorda-se de mim? Aps alguma reflexo, repostou o opositor:

    - Sim, recordo-me. Conversamos aqui mesmo, h algum tempo...Gostaria de convid-lo a visitar uma das minhas fbricas.

    - Rogo-lhe escusas, todavia, no posso. Compromissos doutrinrios...

    - Eu insisto...

    - No posso!

    - Por favor!

    - Examinaremos uma possibilidade. Posteriormente, um dia e hora determinadas, emautomvel de luxo foram visitar a fbrica. Ao porto de entrada uma comisso desenhoras obsequiou o convidado com um ramalhete de rosas. Na sala da gerncia, apsabrir a persiana de ampla janela, referiu-se o milionrio: ali esto minha creche, meurestaurante, minha cooperativa, minha escola, o novo hospital que acabo de edificar...Depois de breve pausa: Atendi seu conselho. No fim do ano atrasado reparti expressivasoma das minhas aes e os lucros eu reverti em interesse dos meus empregados. Agoratodos so meus scios. Na sala referta pelos chefes de departamentos, funcionrios,alguns operrios, os sorrisos eram gerais.

    - Fiz bem?- Claro que sim. Apenas uma retificao: O conselho no me pertence e sim ao Cristo.

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    - Est bem. Diga-me l: sou um homem generoso?

    - Deseja que eu lhe responda com a verdade ou que concorde?? Sorrindo, redargiu:com a verdade.

    - Bem, o senhor continua excelente investidor, desde que, aps o triunfo na Terra, agorainveste no futuro espiritual, alis, realizando a sua melhor proeza. Havia alegria

    espontnea em todos. Saram. Anoitecia. Uma criana aproximou-se e entregou aosenhor da indstria modesta flor do campo. Ele se comoveu. Sou hoje um homem feliz.No meu egosmo de antes nunca permitira que qualquer criana se acercasse de mim.No tenho filhos; no fru essa honra... Aps a deciso de repartir as aes com meusoperrios, certo dia sa da fbrica, quando uma criana como esta se acercou de mim edisse-me:

    - Deixe-me abra-lo titio. Quis recusar. Era filha de algum dos meus serventes. Algofazia-me fugir, ento, de todas as crianas. Sem o saber ela prosseguiu:

    - L em casa antigamente mame falava muito de voc, agora no... Ela disse que hoje o dia do seu aniversrio e todos, pela manh oramos pelo senhor. Fiquei petrificado. Acriana atirou-se s minhas pernas e abraou-as. Abaixei-me. Beijou-me. Renasci. Choreicomo ha muito no me ocorria. Encontrei a felicidade desde ento. Comecei a estudar oespiritismo. Melhorei intimamente, a sade est quase equilibrada. Tenho paz. Nopoderia deixar, portanto, de dizer-lhe: muito obrigado! No zimbrio da noite coruscavamestrelas.

    - Oremos a Jesus meu amigo, a ele agradecendo a felicidade de O conhecer e O amar.

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    VINTE ANOS DEPOIS...

    O local no era dos mais apropriados. Salo de bailes acolhia habitualmente homens emulheres sedentos de fruir sensaes mais fortes. Aquela, porm, era uma noite especial.A freqncia denotava outro tipo de necessidade. Era uma festa, todavia, espiritual. Ela opercebera entrada. O movimento diversificava do habitual. Em tribuna improvisada, junto a ampla mesa, na qual se encontravam personalidades do lugar, assomou ummoo, que explanou, por mais de uma hora, conceitos e lies que no estavaacostumada. Sentiu-se atnita. Buscava o prazer abrasador e sentia-se atendida poraragens refazentes. No compreendera tudo, e, todavia, percebia-se invadida pordesconhecida alegria... Seguir a fila de pessoas que se congratulavam com o jovem.Entregou-se automaticamente. No curto momento, no dilogo ligeiro, desnudou-se,emocionada.

    - Sou vendedora de iluses falou sem retoques, - Ouvindo a histria da companheirade equvocos, tema central desta noite, sinto uma revelao diferente... Gostaria deconversar com o senhor, rogo-lhe ajuda, orientao...

    - Conte com os nossos parcos recursos.- Quando poderemos faz-lo?- Hoje... Logo mais, porquanto amanh j no me encontrarei aqui.- A esta hora?- Por que no?- Onde?- Na residncia em que me hospedo.- No serei recebida ali... Todos sabem quem sou...- Se ali no houver lugar para voc, positivamente, tambm, no haver pra mim.- Mas, eu sou...- ... Uma irmo em busca da paz...A conversa alongou-se, passando aquele momento, at a Alva, no lar fraterno que osrecebeu. Concluda a entrevista, o evangelizador, orando, rogou ajuda para ela. Vinteanos depois, em outro Salo, agora, num Educandrio na mesma cidade, o expositoresprita encerrava outra conferncia.- O senhor no se recordar de mim!- Realmente.- Eu sou a vendedora de iluses, que h vinte anos atrs o escutou nesta cidade...

    Encontrei Jesus naquela noite... E aps reflexionar:- No dia imediato abandonei o local em que me hospedava e transferi residncia para

    uma rua modesta, dando novo rumo existncia.- Louvado seja Deus!- No tudo. Antigo Companheiro informado da minha renovao buscou-me.

    Asseverou-se amar-me. Visitou-me com nobreza reiteradas vezes. Props-mematrimnio...

    -No lhe exijo amor exps -, rogo-lhe respeito e considerao. Amar-me- depois.Enxugou a face lavada pelo pranto.

    - Consorciamo-nos prosseguiu. Face a impossibilidade de tornar-se me,resolvemos adotar uma criana cada dois anos, qual fosse nosso prprio filho. Jtemos oito criaturas admirveis em nosso lar... Venho agradecer-lhe a luz queacendeu no velador da minha alma.

    - Agradeamos ambos a Deus. Apresentou o esposo e os dois filhos mais velhos entresorrisos e partiu. Orando em lgrimas, naquela noite o expositor, reconheceu ao Pai, oprimeiro encontro h vinte anos atrs...

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    LIO ESPRITA

    Internara a filhinha num Lar de crianas sem pais. Vendendo iluses, fora antes vendida aum bordel, quando ludibriada nos sentimentos de menina moa. Comprometera-se novisitar a filha, a fim de faz-la ignorar a origem. Desejava-a feliz, fosse educada, que lhedesse uma profisso digna e despediu-se emocionada, de alma amarfanhada.

    *Quatro anos depois, sucumbindo ao peso de cruel enfermidade, buscou rever a filha.Apresentou-se como lhe fora tia. A pequena, porm, chamou-a mame. Sem ocultar aslgrimas, reiterou-se a condio de tia, cuja irm desencarnara em situao dolorosa...Sentia-se desencarnar e informara ao diligente benfeitor da filha que eram poucos osseus dias na Terra. Suplicou desvelado carinho para a menina. Recusou-se receberqualquer assistncia e partiu... Um ano aps, volveu, renovada.- Gostaria que o senhor me ouvisse solicitou. E narrou que a enfermidade psquica de

    uma amiga de infortnio levara as a um Centro Esprita, que funcionava no bairro deangstias, onde viviam. Encontrara ali amparo, assistncia moral, orientao. Apesado sacrifcio, comeou a freqentar a casa. medida que recobrava a sade,oportunamente, deparou-se naquele recinto com o homem que a infelicitara.Dominada pelo dio, que lhe irrompeu intempestivo, acusou-o diante de todos,apontando como o destroador de sua vida...

    - verdade! Retrucava o acusado naquele tempo, eu era igualmente um enfermo...do esprito. E rogou-lhe perdo. Ela se comoveu. Afinal, sob o dio havia o amormagoado. Tornaram-se amigos. H pouco tempo ele lhe prometera matrimnio.Dissera que a amava. Aceitara-o. ???ele retirou-se do comrcio carnal em que viviae alugara um apartamento onde a hospedou com dignidade. Respeitavam-se.Casaram-se logo depois.

    - Seria possvel, agora, conduzir a filha para o lar?- Indagou, ansiosa.- Sem dvida concordou o amigo. prometeu, ento, retornar depois, em companhia do

    esposo.

    *Ao fim da semana, Jovial, fazia-se acompanhar do cnjuge. Comprovaram a situaonova: Moral e legal. Quando a filhinha foi abra-la e o dirigente do Lar, que se tratava dasua genitora, respondeu a menina:- ??Eu sabia! Orava a Jesus para que Ele me trouxesse minha me de volta.

    *Reabilitados, agora abrem as mos da caridade aos que padecem, laborando nosanturio onde receberam a meditao esprita para a paz.

    *A lio esprita promove o homem e reabilita-o. S legtima a crena que soergue eenobrece o crente. O Espiritualismo, por tal razo, o consolador, pois que, enxugandoas lgrimas, liberta o que chora, levantando-o e dignificando-o, a fim de que no volte furna do desespero onde se evadiu.

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    PROBLEMATICIDADE OBSESSIVA

    A pugna se arrastava por mais de um decnio.

    A portadora da alienao espiritual transitara por diversas Casas Espritas.

    Submetera-se teraputica do passe, da gua fluidificada; asseverava orar, estudar aDoutrina, participava dos labores medinicos... O problema, no obstante, continuava.

    Esclarecia viver assaltada por estranhas afeies, suportando com estoicismo astenia,desequilbrio nervoso, palpitaes. No raro se encontrava em crises, quais osextrasstoles que atestavam graves distrbios circulatrios.

    Era um sofrimento de longo porte.

    Numa das reunies especializadas, diante do verdugo desencarnado, responsvel pelaparasitose psquica, aps dilogo comovedor, como sucedera reiteradas vezes antes, odiretor dos trabalhos arrematou com humildade:- Reconheo a minha ineficcia com voc. Tentei os melhores argumentos de que me

    senti capaz; meditei com profundidade procurando encontrar em voc um pontovulnervel, sem qualquer xito... Impossibilitado de lograr resultados, entrego-o aJesus, a Ele suplicando tomar conta de voc...

    pena que voc deseje deter nas mos a justia que lhe no cabe executar. Nocompreendo porque o irmo a perturba, h tanto e se compraz nesse cime...

    - H um engano em tudo isto redargiu o desencarnado pois hoje, graas suahonestidade para comigo e para consigo prpria, desejo esclarecer em definitivo.

    A princpio odiei-a, sim. H razes que no convm aqui reexaminar... Lentamente,porm, ouvindo as narraes que se fazem nesta Sociedade, as respostas que colhi nosviolentos dilogos que travei, mudei de opinio. Percebi que, perseguindo, no medesforava, por sofrer, tambm...

    Mudei intimamente, procurei reformar-me, comprometi-me deix-la por conta da vida...No logrei objetivo. Ela no me libertou. Detestando-me, evoca-me, prende-me nas teiasdo seu pensamento revoltado, culpa-me, injuria-me. Ela, sim, que hoje no me libera...Pea-lhe, por Deus, para deixar-me em paz. No mais sou seu obsessor. Agora sou porela obsidiado...

    Calando-se, o esprito comunicante desprendeu-se do mdium, cessando o transe.

    Havia no ar, nos assistentes, expectativa e estupor.

    hora reservada aos comentrios crticos dos labores da noite, o diretor narrou enferma a ocorrncia e interrogou-a, quanto veracidade ou no das informaesrecebidas.

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    Para surpresa geral, a paciente, submissa e humilde, desvelou-se, passando a agredirverbalmente o opositor desencarnado, revelando a animosidade que mantinha em relaoao sofrimento e como desejava, a seu turno, desfocar-se do que afirmava serem os malesque ele lhe infringira nos demorados anos de luta...

    Guardando a calma e a bondade, porm, o intrprete do Evangelho passou doutrinaoda encarnada, mais convicto de que, na problemtica das obsesses, o incurso mais

    gravemente na dvida sempre a aparente vtima que transita pelo corpo fsico, emreajuste.

    Nenhuma tcnica de desobsesso surte efeito naquele paciente que no se renova nemse aprimora internamente.

    Dor sempre bno que ningum deve desconsiderar.

    Obsessores e obsidiados so membros da mesma injuno dolorosa, recuperando-seperante a vida.

    Ajudar uns e outros compromisso de todos ns,igualmente necessitados de ajuda eesclarecimento.

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    QUESTO DE PROVA

    - Senhor disse o ftuo negador -, d-me uma prova da imortalidade da alma.

    O conferencista, paciente, fez um levantamento histrico do processo antropolgico dohomem, dos fatos e das experincias probantes da indestrutibilidade do Esprito.

    A palavra erudita apresentava larga documentao cientfica de ontem como de hoje,quando o apressado descrente o interrompeu, informando, irnico:

    - No creio em nada disso.

    - um direito que lhe assiste aludiu o outro desculpe-me, porm, indagar-lhe: Osenhor cr na imortalidade da alma?

    - No!

    - Ento, por favor, d-me uma prova de que a alma no imortal.

    - No posso!

    - Se no o senhor no me pode provar que o esprito NO imortal, deduzo que nofaz, porque ele o . Verdade? Ento no lhe necessito provar a imortalidade, j que osenhor no me pode documentar o contrrio.

    E calaram-se.

    *

    muito cmodo arremeter com duas simples palavras, contra um fato, dizendo, apenas:No creio.

    Difcil documentar a negao.

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    INSUCESSO APARENTE

    A viagem area transcorria tranqila.

    Os dois passageiros iniciaram a conversao sem maior profundidade.

    - As viagens areas fazem-me mal -. Elucidou um -. Sinto-me nervoso, muito tenso.- No lhe d maior importncia. Isto ocorre, certamente, porque voc vive inquieto.

    - Sem dvida. Agora mesmo estou vivendo momentos cruciais...

    - No s agora. Sua vida tem sido spera. Suas conquistas se do aps imenso esforoe voc vem atingindo as metas apenates de sacrifcio...

    - Como sabe? Em verdade penso insistentemente em suicidar-me. Sou um engenheiroqumico fracassado. Perdi o meu primeiro emprego e no consigo outro. Retorno casa com mais um insucesso... A idia de autodestruio me atormenta e -me anica sada. Tenho esposa e um filhinho...

    - E cr que solucionar o seu caso? No ser uma crueldade deix-los merc de simesmos, eles que contam com voc? Alm disso, no se engane: A morte abre asportas da vida e voc continuar a viver, certo que em condio pior...

    O estranho falou-lhe, infundiu-lhe nimo.

    - Como o senhor pode ter tanta paz e conhecimento da pessoa humana?

    - Sou esprita militante e compreendo que a felicidade depende de como cada criaturase comporta em relao vida.

    Detalhou-lhe as bases da crena, as experincias, os estudos espiritistas.

    - Que deverei fazer, a fim de livrar-me destes problemas?

    - Primeiro, recorde-se de que os insucessos externos so sempre aparentes e gravesaqueles de natureza interior, as atitudes que mantemos contra o prximo e nsmesmos: vcios, erros, compromissos morais negativos. Depois, tome contato com aDoutrina Esprita. Formule um programa de renovao interior e viva-o.

    - Por exemplo?

    - Estabelea: eu sou forte em Jesus e nEle tudo posso.

    Hoje faz sol eu sempre tenho sol em mim.

    Quem aceita o desnimo j se encontra a caminho do fracasso.

    O otimismo deve ser-me uma atitude interior.

    Confio no bem, porque o bem sempre bom.

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    Por enquanto estou colhendo. No cessarei de semear. Assim fazendo recolhereibnos mais tarde.

    No temerei nada. O receio em coisa alguma ajuda.

    Sou um homem de valor. Assim lograrei minhas metas.

    O insucesso experincia, lio que ensina o que no deverei fazer.

    Em qualquer circunstncia distribuirei alegria e esperana.

    Como v so pequenas regras, cheias de simplicidade e estmulo. Aplique-as na vidadiria. No espere o xito agora ou amanh, porm mais tarde.

    - Como agradecer-lhe? Estamos chegando. O senhor colocou vida e sol em minhaexistncia. Bendigo a Deus esta viagem.

    - Certamente. Ante este xito voc constata que o seu aparente insucesso enseja-lheexperincia nova. Felicidades!

    *

    Voc possui algo com que pode ajudar.

    No se escuse faz-lo.

    Ao seu lado, desconhecido, h algum necessitando de sua cooperao. Tente do-la.

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    A COISA MAIS IMPORTANTE

    A priso feminina recebia o orador esprita por primeira vez.

    As mulheres condenadas a perodos diversos e nunca inferiores a seis anosencontravam-se desagradadas, face ao impositivo compulsrio de estarem presentes apalestras.Rostos contrados, lbios em rctus, enfado ...

    O orador foi apresentado pela Diretora em consideraes breves.

    Concedida a palavra, ele props uma pequena estria com interferncia, a fim demotivar as assistentes.

    Logrou o intento.

    Modificou-se o ambiente.

    O tema era a felicidade.

    Argumentos leves e significativos, assuntos do dia-a-dia chamados para dar melhornfase ao tema, quando, perguntou:

    - Qual a coisa mais importante na vida?

    A indagao tomou as espectadoras de surpresa. Silncio geral.

    Uma voz acanhada respondeu do fundo da sala:

    - O amor.

    Outra disse: - A liberdade.

    Algum afirmou: - O dinheiro.

    Outrem postulou: - A sade.

    as opinies multiplicarem e ele as ouviu sem comentar.

    Quando se fez novo silncio, ele considerou:

    - Para mim a coisa mais importante na vida a paz de esprito.

    O amor vem e vai, quando no se tem paz.

    Se a liberdade fosse importante, ningum estaria aqui, pois que tudo faria a fim de no aperder. ?Alis, a verdadeira liberdade interior. Pode-se estar no crcere, sendoinocente, permanecendo-se livre e estar-se na rua preso aos vcios e paixes...

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    O dinheiro compra muita coisa menos a paz. A sade pode ser perdida pela nossanegligncia e a esto os exemplos dos que derrapam nos excessos, nas dissipaes e amalbaratam...

    Uma grande expectativa pairava no ar.

    Depois de um momento de reflexo, ele prosseguiu:

    - a verdadeira paz da felicidade, porque decorre de uma conduta reta sem erros aressarcir -, de um corao pacfico sem mgoas nem paixes -, de uma conscinciatranqila que o resultado das outras aquisies.

    Jesus nos ensinou a usar as coisas, as posses, sem depender delas; a viver o amor semo corromper; a resguardar a sade, a fim de preserv-la... A paz, porm, Ele nos deu,afirmando ser uma paz que o mundo no podia dar essa que amolenta e degrada ohomem -, mas s Ele poderia conceder a que resultar do sacrifcio da abnegao e dadedicao ao bem do prximo ento, enobrecedora, permanente - . Essa pazproporciona a felicidade.

    Alongou os argumentos, props consideraes, enquanto uma paz de felicidade espiritualimpregnava o ambiente de os coraes, face msica sublime dos comentrios espritas.

    *

    No se afadigue pela posse das coisas. Quase sempre quem possui fica possudo pelascoisas que o atormentam.

    Seja libre de amarras terrenas inundando-se da paz que o Cristo oferece aos que Oservem e voc desfrutar do mais importante bem da vida.

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    CONSRCIO MATRIMONIAL

    Eurpedes Barsanulfo, o abenoado Missionrio sacramentando, nas inesquecveis aulasque ministrava no Colgio Allan Kardec, tinha por hbito conclamar os jovens discpulosa que levassem em alta considerao o compromisso matrimonial e se fizessem pais demuitos filhos.Sempre que se fazia propcio o ensejo, o iluminado Apstolo tornava valiosaconclamao.

    Certo dia, um aluno mais arrojado, aps escutar o conselho formoso, solicitandodesculpas, inquiriu o mestre:

    - Seu Eurpedes, o senhor que tanto nos aconselha ao matrimnio, por que no secasou?

    Ouve um grande silncio na classe.

    Eurpedes fitou o adolescente, demoradamente. Com os olhos nublados e a vozembargada, respondeu de maneira inesquecvel:

    - Eu j sou casado, meu filho. Renunciei s satisfaes pessoais, a fim de associar-mecom a Humanidade sofredora de todo lugar...

    Se amas, encontrars em toda parte os filhos do Calvrio esperando por ti. Tom-los-s,ento, como irmos, amigos, nubentes e filhos carentes do teu carinho e do teu auxlio.

    No titubeies, na deciso, ante eles e doa-te sem qualquer receio.

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    ENSINOS E AES

    Era pedagogo afamado.

    Mtodos educativos, tcnicas de comunicao e processos de fixao da aprendizagemeram por ele conhecidos e divulgados com ardor.Recepcionado em elegante residncia, onde deveria apresentar as modernas tcnicas dadinmica do ensino, a cada instante se fazia interromper pela irrequieta garota da famlia,buliosa menina de 7 anos.

    Repreendida pelos pais, logo retornava carga.

    Inoportuna, tanto perturbou que o gentil educador no sopitanto o azedume, falou-lhe semfingimento:

    - V pra l, meu bem!

    A menina parou e retrucou para surpresa geral:

    - Puxa! Todo mundo me manda embora!... E so professores!...

    *

    Mtodos tericos, opinies relevantes valem a aplicao que merecem, dando os frutosdo seu valor intrnseco. Sem isso podem ser brilhantes, teorias brilhantes, nada mais.

    Na conduta religiosa, tambm assim. A f transparece nos atos dos que a apregoam.

    Examina-te.

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    DIREO ESPRITA

    A dama era esprita praticante. Enviuvara havia pouco. Ainda se encontrava sob o traumada desencarnao do esposo e refletia sobre muitos sofrimentos experimentados nos diasda vida conjugal...

    Visitando os filhos reunidos na residncia do primognito, todos eles casados, foisurpreendida, com inusitada proposta. Os filhos resolveram oferecer uma penso senhora que residira nos ltimos anos com seu extinto marido e que fora razo dos seuspadecimentos, ainda vivos, na memria...

    Colhida pela surpresa, no se conteve e externou toda a amargura, afianando:

    Vocs somente possuam pai, que, alis, a todos nos abandonou em situao dolorosa...E como se no bastassem as minhas aflies pretendem premiar aquela que meproporcionou tanta infelicidade! No contem, porm, comigo, doravante...

    E saiu atordoada.

    O primognito desejou acompanh-la sem lograr xito.

    Duas horas depois a dama retornou. Estava calma, o semblante harmonizado.

    - Fui ao Centro Esprita e ouvi excelente lio de O Evangelho Segundo o Espiritismo,intitulada Orgulho e humildade. Mudei de idia. Venho dizer-lhes que tambm eucontribuirei mensalmente para ajudar aquela que o meu marido preferiu nos ltimosdias da sua jornada terrena...

    A nora mais velha, ante tal atitude, disse ao esposo:

    - Leve-me, por favor, a esse lugar, onde possvel modificar algum de tal forma eedificar a paz num ser, oferecendo-lhe direo com essa expressiva segurana.

    *

    Narrava-se esse fato, num Ch beneficente, quando um moo se ergueu, solicitandolicena. A dona da casa inquiriu-lhe surpresa:

    - Voc no ficara de levar-me ao Hospital com os doces reservados quela Casa?

    - Sim, sim, - disse - . Eu logo voltarei.

    To pronto saiu, a esposa, que o acompanhara porta, narrou s demais senhoras:

    Ao ouvir esse fato comovente, - falou-me ele foi fazer as pazes com a me, de quemestava inimizado h dois anos, por questes de herana.

    *A direo esprita tranquilizadora e nobre. Segue-a a favor daprpria felicidade.

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    VOC EST SORRINDO

    A feira livre estava movimentada, na praa pblica. Agitao, burburinho.

    Repentinamente, uma senhora em trajes modestos exclama, lvida pelo susto:

    - Deus, meu! Fui roubada. A carteira de dinheiro, a carteira com o dinheiro da feira?!...Algumas pessoas se acercaram, escutam-na em narrativa sucinta, meneiam a cabea,fingem auxili-la olhando em redor, e saem murmurando:

    - Essa molecada, essa molecada! Ningum toma providncia!...

    Acerca-se um petiz de pouco menos de dez anos. um moleque de rua. Olha aqui,examina ali, avana, recua...

    A senhora, muito atormentada, chorosa, desconfiada, fita o menino com enfado,desagradada e supe-no ladro.

    O garoto curvas-se sobre o solo e grita:

    - Achei! Achei! Aqui est, senhora!...

    - Graas a Deus, filho! O dinheiro da patroa. Queria gratific-lo.

    - No, no precisa. A senhora j me gratificou: est sorrindo!...

    *

    Aps o tormento sorria, agradecendo ao Senhor. Permita-se inundar pelo sol da alegria,mesmo quando as coisas no lhe paream melhores. H sempre algum, ao nosso lado,ajudando-nos, esperando por ns.

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    INVESTIMENTO DE VIDA

    A viuvez surpreendeu-a com a canga da soledade e o fardo da desesperao.

    Dominada pela angstia e o vazio da vida, foi convidada a ouvir dedicado conferencistaespirita que pregava a Doutrina da Esperana na cidade onde vivia.

    Aps registrar os confeitos ponderveis e conseguir descortinar as paisagens da VidaImortal, atravs do verbo ardente e formoso do expositor, solicitou e conseguiu, aindaemocionada, uma entrevista com o Mensageiro do Evangelho.

    No necessitou dizer nada. O arauto da Boa Nova descreveu-lhe o esposo desencarnadoe transmitiu-lhe confortadora mensagem de renovao e vida.

    Um ano depois, superando as dores, convidou o trabalhador do Cristo a participar dedelicada homenagem ao companheiro amado, no dia evocativo do seu natalcio naTerra...

    Oferecera recursos para a construo de um lar para pequeninos sem pais, embenemrita Organizao de fraternal amparo, em expressiva Aldeia Infantil.

    - Foi o melhor investimento que jamais fizemos veio dizer-lhe o esposo redivivo pelomdium abnegado.

    E ante a comoo dos circunstantes, concluiu, reconhecido:

    - No logramos viajar juntos Europa, como desejramos e reunramos recursos.Embora a desencarnao me haja convidado ao retorno inesperado, aguardo a tuavolta para novas bodas nesta Esfera Nova de paz onde ora vivo. Fizeste bem, poisaplicaste com sabedoria o que a iluso poderia perder e te sou imensamente grato!

    *

    Embora sofrendo, reflete como investia na jornada carnal. Transaes h que levam aodesespero e outras que do vida.

    Na encruzilhada do sofrimento com amargura, pensa em termos de Vida Imortal e operanos bancos da ao vitalcia para o teu prprio bem incorruptvel.

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    ATITUDE ESPRITA

    Amavam-se com ternura e anelavam consorciar-se. Debatiam as linhas gerais domatrimnio quando a questo religiosa mais uma vez veio baila.

    - Gostaria de casar-me com solenidade na Igreja Catlica informou a noiva.

    - No concordo esclareceu o rapaz.- Voc sabe que sou esprita convicto e que militona tribuna doutrinria.

    Travaram discusso em que no faltaram argumentos de parte a parte.

    -A minha definio esprita argumentou o moo fruto de apurados estudos emeditaes. Impregna a minha vida e eu no teria a covardia de tra-la num momento toexpressivo, quanto o do matrimnio.

    E ante o silncio comovido da moa, concluiu:

    - Respeito seu ideal, sua f. Lastimo que no se trate deuma convico legtima...

    - Mas uma satisfao que eu desejo dar sociedade revidou a jovem.

    - Melhor razo elucidou o noivo para que eu no concorde. No pretendo iniciar a vidado meu lar, atravs de atitudes dbias, esprias: pensar de uma forma e agir de outra...

    Aps alguma reflexo, concluiu:

    - Amo-a muito. Amo, tambm o Espiritismo. Moas, h muitas, e espiritismo s um. Se euconseguir conciliar os dois num s amor, como pretendo, terei logrado a mximaaspirao da atual existncia.

    Estava comovido.

    Meses depois consorciaram-se civilmente, conforme o Estatuto Legal.

    Anos depois, a esposa, que era mdium desde a juventude, disciplinou os prpriosrecursos medianmicos, passando a excelente cooperadora do marido no ministrio dadivulgao e no labor santificante da caridade aos sofredores.

    *

    Mantm a tua definio esprita nos momentos culminantes da existncia como qualquercircunstncia.

    Ceder, nem sempre tolerncia ou ato de amor. Muitas vezes gesto de conivncia como em que no se cr ou indiferena em relao quilo em que se diz acreditar.

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    DISPARATE

    Tratava-se de uma Semana Esprita local.

    Diversos oradores convidados levaram a valiosa contribuio do seu esforo, dissertandosobre os abenoados temas espritas, dentro das possibilidades pertinentes a cada um.

    O ltimo dia coube a jovem mdico da Capital, que se destacava pela beleza dosconceitos que emitia e pela vivncia dos postulados que abraava.

    A conferncia transcorreu feliz, comovedora. Tese delicada fora abordada com rarafelicidade, oferecendo expressiva contribuio espiritual ao auditrio enlevado.

    Terminada a tarefa, devotado esprita, trabalhador aclimatado a experinciaspersonalistas, algo invigilante, acercou-se do diretor do programa e estardalhou:

    - Gostei muito do moo. Falou com harmonia e propriedade. Gostei tanto e senti-me tobem, que passei a dormir desde os primeiros minutos, despertando s no final... Creioque fui arrebatado, em algum desdobramento...

    *

    Disparates no faltam, quando se ignoram os postulados das Doutrinas que se abraam.

    O Espiritismo no recomenda, no campo da mediunidade, desdobramentos, no instanteda instruo doutrinria. O mais eficiente fenmeno no Espiritismo , ainda, o datransformao ntima do homem.

    Mantm-te vigilante, quando convidado a ouvir, e mais, ainda, quando concitado a falar.

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    VALORES DA LOUCURA

    Amavam-me, embora residindo em modesto barraco, acreditando-se, todavia, infelizes,por serem escassos os valores amoedados que possuam.

    Jogavam, na expectativa de conseguir amealhar recursos para a felicidade.

    Aps inmeras tentativas infrutferas, conseguiram a sorte mediante um prmio de vintemil cruzeiros.

    O jbilo inexcedvel levou-os, insensatamente, a incendiar o casebre em que viviam, comtudo dentro.

    Nenhuma lembrana da misria antiga. Recordao alguma da pobreza.

    No comeo da semana entrante, ouviam da televiso em casa de vizinhos, foramdominados por incomparvel surpresa.

    Conseguiram ser um dos 13 ganhadores da Loteria Esportiva, com o valor de um milho etrezentos mil cruzeiros. No se podiam conter de felicidade.

    Foram procurar a cautela.

    Deram busca.

    Papis remexidos, roupa examinada.

    Nada! S, ento, recordaram que haviam guardado na gaveta de humilde mvel, que foraincinerado ao primeiro momento da conquista do prmio anterior...

    *

    Vencidos em pouco tempo pelo desespero, sucumbiram em nefando suicdio duplo.

    *

    Acautela-te ante os valores da mentira e da loucura.

    S os valores espirituais conseguem manter o clima de felicidade real. No te equivoques.

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    TROPEOS DA TAREFA

    Os ulicos da Treva ameaavam-nos sempre, utilizando-se de todo cabedal da maldadeque podiam dispor. O seareiro de Jesus, no entanto, prosseguia fiel na tarefa.Inspiravam-no ao desencanto, ao receio; agrediam-no com gestos e malquerenas;providenciavam antipatias gratuitas e suspeitas infundadas; atiravam-lhe pessoasinescrupulosas; facultavam tentaes, mas, o trabalhador orava, renovava-se, insistia eprosseguia.

    Havemos de silenciar o teu verbo. estrugiam, raivosos, uns.

    Amputaremos suas mos. Bradavam, colricos, outros.

    Criaremos situao embaraosa da qual no escapars. Urgiam, venenosos, diversos. Ooperrio do Cristo orava, vigiava e prosseguia. Convidando a deslocar-se com freqnciade um para outro lugar, no eram poucos os escolhos a vencer, nem as dificuldades atranspor. Inveja de alguns, censuras de muitos, maledicncias e azedumes dos frvolos, eele, sem embargo, orava, sorria, disfarava a dor da incompreenso e prosseguia. No sequeixava, no maldizia. Viajou, certa vez, para atender a um largo programa que oaguardava. Chegando cidade prxima ao local da primeira conferncia, no encontrou oamigo que prometera esper-lo. No comenos, acercavam-se uns cavalheiros bem postos,saudaram-no e explicaram que seriam seus acompanhantes at a cidade onde o anfitrio,que se desculpava por ali no estar, anelava abra-lo e elucidaria melhor sobre oempeo. Tratava-se de pessoas de aparncia simptica, joviais, de homens do mundo...

    *

    Tomaram o veculo e partiram. A distncia a vencer era de cento e setenta quilmetros,mais ou menos. O discpulo do Evangelho, a fim de tornar amena a viagem ps-se emconversao edificante. Transcorridos alguns minutos, um dos ocupantes do veculopermitiu-se uma anedota vulgar e infeliz, sendo seguido por outro compar que seorgulhava de conhecer os desvos da sordidez humana. Gargalhadas e deboches,promiscuidade verbal e degradao humana tomaram conta dos minutosDesagradavelmente surpreendido, o expositor esprita acautelou-se no silncio da orao.Ao entusiasmo da leviandade sucedeu-se a irresponsabilidade e o condutor acelerou, emdemasia o veculo. A psicosfera ambiental fazia-se txica, penumbrosa. Prevendo umatragdia, o trabalhador da verdade aprofundou-se na concentrao.

    Ser hoje miservel! - Gritou-lhe, exultante, um dos inimigos desencarnados do bem -.Encontramos o material humano de que necessitvamos. Iremos mat-los, a fim dematar-te. E esturgiu ruidosas obcenidades, em gargalhadas de alucinao. Retemperando

    o nimo na confiana divina, o obreiro solicitou ao condutor:- Pode parar o carro por um momento? Sbita indisposio perturba-me. O pedido, feito

    com bondade, denunciava urgncia com energia. Parada a carreira do desvario, oscompanheiros desavisados deram-se conta da palidez que desfigurava o convidado.Perceberam a lamentvel descortesia, tentando ser teis.

    - No se preocupe justificou-se o pregador com gentileza -, isto me sucede de quandoem vez e logo passa. Permitam-me aspirar um pouco de ar, andar alguns passos etudo retornar normalidade. Saiu do veculo, caminhou um pouco enquanto uma

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    nuvem de malfeitores desencarnados tentava perturb-lo, agressivamente. A fim defugir a viso dos acompanhantes, disps-se a descer ligeira encosta da estrada,quando sentiu um vigoroso empurro e grosseira sentena cheia de dio:

    - Cai, miservel, morre! Sem saber explicar-se, rolou pela ribanceira e encharcou-se nopntano, em baixo, recoberto de canios. Tremiam-lhe as carnes, a respiraoofegava. Apesar disso, reuniu as foras e orou sem revides, nem desespero. borda

    do asfalto, a chusma de irmos perseguidores e doentes do esprito chiscanava,zombando, em infrutfera tentativa de aparvalhamento.

    - Levanta-te para outra. Retorna ao carro. Esperamos-te para o duelo. Covarde! Semmelindres justificveis, aps a prece restauradora da paz, ele levantou-se, corrigiu otraje enlameado, procurou assear-se e retornou. Ante ao assombro dos outros,acercou-se.

    - Cai. Disse com esforo para imprimir-se naturalidade voz permita-me retirar amala, a fim de trocar de camisa. Atendido pelos irresponsveis voltou-se para eles edisse com destemor:

    - Agora, podem ir-se. Eu ficarei aqui.

    - Que passa?! inquiriram.

    - Nada. Respondeu, - com os senhores eu no seguirei. Desculpem-me e expliquem pessoa que os mandou buscar-me. Ficarei a esper-lo. A atitude decidida no davamargem s dvidas. Caindo em si, os homens do mundo insistiram inutilmente epartiram.

    *Sem saber exatamente o que fazer, ali deixou-se ficar, em atitude de preces. Tinhacerteza do auxlio providencial do Alto, que nunca falta. No transcorreram muitosminutos. Um caminho, que passava na mesma direo, parou e o condutor chamou-o.- Necessita ajuda? Perguntou, bondoso.

    - Sim, rumo cidade de...

    - Venha! Traga a mala. Acomodou-se ao alto, na bolia, no se continha decontentamento.

    - Algum problema? inquiriu o outro.

    - Sim. Tudo, porm, est regularizado.- Estou indo a uma conferncia esprita a convite do meu compadre Jos Leal, nesta

    cidade. E o senhor est de passagem? O discpulo de Jesus nublou os olhos delgrimas, a voz se lhe embargou a garganta. Com alguma dificuldade, elucidou:

    - Eu sou o conferencista. Irei hospedar-me com seu compadre... Louvado seja Deus! Aservio do Cristo jamais te atemorizes. No aguardes facilidades, nem receiesproblemas. Os tropeos da tarefa so desafios fidelidade do servio. Entrega-te aotrabalho do Esprito de Verdade e ele cuidar de ti.

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    VITRIA DO BEM

    - Aqui estive h alguns anos narrou a Entidade em psicofonia aflitiva e escuteipalavras de conforto.

    Vencido pelo dio, planejava matar aquela que me prejudicara tempos atrs.As palavras que me foram dirigidas redundaram inteis, no me acalmaram nem medissuadiram, porm no as esqueci...

    Chorei, e no saberia dizer se eram minhas as lgrimas que fluam por estes olhos ou seeram as lgrimas deles que se derramavam pelos meus...

    Ouvi e expus, sem poder saber se procediam de mim ou se eu dessas sensaes eemoes me tornara um simples instrumento.

    Hoje venho rogar e agradecer.

    Rogar amparo porque deverei retornar Terra e agradecer o po de luz que me foiofertado daquela vez.

    *

    - Na sanha da minha perseguio prosseguiu, calmo eu a induzia ao suicdio.

    Sugeria-lhe tristeza, solido, desdita.

    A pouco e pouco passou a ouvir-me, e obedecer-me.

    O esposo, saturado, abandonou-a.

    A conjuntura ajudava-me nos propsitos infelizes.

    Desejava-a s, a fim de colimar o objetivo do suicdio, numa compulso, em hora dedesespero.

    *

    - Chovia na noite em que ela foi ali deixada porta. Reportou-se em voz pausada.

    Ela a viu na manh seguinte.

    Tratava-se de uma menina esqulida, enferma, ao abandono, relegada pela indiferenada genitora inditosa.

    Segurou a criana. Estava febril.

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    Reflexionou, triste: Pobrezinha! Tambm eu sou, assim, infeliz. Em que porta tedeixaram! Como somos desditosas, uniremos nossas agonias... Deus far o resto.

    Mudaram-se os painis mentais.

    Pensava na menina, despertava noite a socorr-la, asse-la, aliment-la... No

    pensava outra coisa.Deslindou-se mentalmente de mim.

    Libertou-se.

    No lhe encontrando receptividade psquica, voltei-me pela responsvel pelo insucessodos meus planos.

    Passei tentativa de perturbar a pequenina, de venc-la.

    *

    - Instando num plano inditoso relacionou, comovido - vi, oportunamente, no ato dosono fsico desdobrar-se-lhe a personalidade...

    No obstante fosse uma criana, nela reencarnada estava minha me!...

    Recuei aterrado.

    No havia dvida.

    S ento fui informado de que a mulher a quem desejava destruir, agasalhava minhaamada genitora.

    Persegu-la, agora, seria destruir o ser que me to querido, assim como a mimmesmo...

    *

    - O seu amor criana concluiu com ternura granjeavaamor.

    Acalmou-se.

    Renovou-se no corpo, na mente, no esprito.

    O esposo retornou ao lar.

    Vivem bem.

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    Agora deverei renascer, por ela, a fim de nos reajustarmos e eu poder fruir a ventura dacompanhia fraternal de quem, na Terra, havia sido minha progenitora.

    Agradeo o que recebi de Deus e rogo ajuda.

    Adeus!

    A Entidade, emocionada, desligou-se em jbilos...

    *

    O amor produz amor.

    O dio enfloresce a loucura.

    Ama e ajuda, embora estejas necessitando de auxlio e amizade.

    Abre-te luz do bem e ela te far desabrochar a esperana que te agasalhar,amparando os sofredores do teu caminho.

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    DRAMA HUMANO

    - Acabo de ouvir a conferncia com alma e corao contritos.Jamais as palavras de qualquer procedncia penetraram-me to profundamente o sercomo agora. Encontro-me extasiada e perplexa, ante a minha situao. Revelou a jovem bem posta, elegantemente trajada, com lgrimas de sincera uno. Necessito dealgum que me ajude.- Estou s suas ordens. Respondeu o intrprete da Mensagem.

    - uma longa histria e h tantos na fila, desejando falar-lhe, que no me encorajo!...

    - Aguarde, ento, um pouco, por favor!

    Terminados os abraos e a ligeira assistncia fraterna a uns e outros, o discpulo deJesus chamou-a.

    - Tentarei ser breve. Explicou a jovem -. Sou uma bailarina de profisso, a fim de podergozar, na velhice, de algum benefcio social, no entanto sou realmente uma vendedora deiluso. O meu padrasto seduziu-me no prprio lar, quando eu contava 14 anos. Ameaou-me, caso eu revelasse minha me ou a qualquer pessoa. Vivi aterrada, traindo a minhagenitora que tudo ignorava, explorada por um monstro que me perseguia. No podendomagoar minha me com a verdade, fugi de casa, por amor a ela e para ver-me livre...

    Fez uma pausa, a fim de ordenar as lembranas e prosseguiu:

    - De ludbrio em ludbrio terminei num lupanar, onde hoje resido. H dois anos conheci umcavalheiro que me retirou dali e ofereceu-me segurana, amor e paz. Mais idoso do queeu 30 anos, eu o respeitava e tinha-lhe profunda amizade. Um dia, quandoconversvamos, informou-me ser casado, pai de dois filhos, um rapaz e uma jovem daminha idade. Amava a esposa e no tinha coragem de abandonar a famlia, embora meamasse muito, tambm. Sem saber-me explicar o que aconteceu, passei a sofrer de umtremendo complexo de culpa. Sabia-me destruindo-lhe o lar. medida que passava otempo, defini-me por abandon-lo. Escrevi-lhe uma longa missiva, relatando meu dilema epartindo para outro pas...

    Enxugou as lgrimas copiosas, continuando a narrao.

    - No o olvidei nunca. Um ano depois, arrasada pelas saudades, retornei. Procurei-o.Soube que na minha ausncia, ele ia ao lupanar, sentava-se em silncio na cadeira ondenos conhecemos, na recepo, e saa. Noite, aps noite, sem uma palavra, sucumbindo...Depois, no mais voltou... Certamente morrera...

    Como lhe soubesse a residncia fui at l. Recebeu-me a viva. Expliquei-lhe que seuesposo fora-me um benfeitor e eu desejava, ao retornar do estrangeiro onde me

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    encontrava a estudar, e sabendo do seu desenlace, apresentar condolncias,agradecer...

    A respeitvel e bela senhora recebeu-me compungida. Frente a frente eu repassava todaexperincia, mentalmente, fazendo-me uma cruel interrogao: Fora melhor assim, ou sehouvesse ficado, t-lo-amos ambas? Ele havia perecido de angstia, de saudade. Semdiagnstico, afirmou-me a dama...

    Comeou, ento, minha decadncia. Passei a usar drogas... Fui presa duas vezes...Hoje, ao sair do crcere, resolvi matar-me. Vesti-me bem, dirigi-me ao bar, preparava-mepara tomar um refrigerante com veneno, quando ouvi dois cavalheiros que falavam sobreo suicdio, a conferncia... Interpelei-os. Pacientes, explicaram-me que no h morte,trouxeram-me aqui. Que fao, agora?

    - Necessitaramos de tempo, minha irm. Neste momento outro compromisso meaguardava e amanh deverei viajar a outra Cidade...

    Enquanto dialogavam, acercou-se a anfitrioa do orador, sorrindo, e lembrou-lhe ocompromisso.Ante a difcil conjuntura ele olhou para uma e outra personagem, sem saber o que fazer.

    A senhora, acostumada aos dramas humanos, compreendeu o problema e sugeriu:

    - Por que no convidamos a jovem a vir nossa casa, a fim de continuar o assunto.

    - Eu?! Perdo, senhora, no posso l ir. Eu sou uma pecadora...

    - No lhe estou a perguntar quem voc . Isto no importa. O essencial o que pretendeser a partir deste momento. Vamos!

    A deciso no permitia qualquer outra alternativa.

    Terminado o compromisso a jovem e o mensageiro da Verdade conversaramdemoradamente, at a alvorada do dia imediato. Foram examinados os diversos ngulosda difcil questo em face da sua complexidade, a senhora props:

    - Fique, aqui, minha filha, a fim de bem refletir, at o nosso amigo retornar, dando cursoao seu programa de reabilitao.

    Ela esquivou-se a aceitar.

    Havia, porm, to sincero desejo de ajudar, por parte da senhora, que terminou poraquiescer, ali permanecendo, transitoriamente, e meditando em tudo quanto ouvira.

    *

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    Trs dias aps, retornou o orador a continuar as conferncias na Capital.

    A jovem acompanhou-as todas. Recebeu conselhos e diretrizes.

    - Diga-me, por favor, ele morreu por minha culpa? Inquiriu, magoada, oportunamente.

    - No, pela prpria responsabilidade. Voc fez o que deveria fazer.

    - Graas a Deus! H quase dois anos, porm, sofro terrivelmente.

    - O Senhor resolver tudo. Entregue-se a ele. Tentou entrar em contato com sua mame,neste nterim?

    - Sim, vrias vezes. Estava envenenada pelo meu padrasto. Amaldioou-me, pedindo-meque nunca mais tentasse falar-lhe. No lhe pude dizer a verdade. F-la-ia mais inditosa.

    - Agiu corretamente.

    Os dias se passaram animosos. A jovem, hospedada no lar em que se encontrava oconferencista, renascia.

    despedida, antes de retornar aos seus penates, o trabalhador rogou-lhe foras ecoragem para prosseguir no bem.

    O casal, que no tinha filho, guisa de gratido ao amigo consolador, ofereceu o lar moa atormentada, insistindo com veemente deciso.

    Ela terminou por ceder.

    *

    Dois meses depois, a ex-decada parecia renovada. Fizera tratamentos mdicos,submetera-se s disciplinas morais e exultava.

    Escreveu ao amigo distante, narrando suas novas disposies ntimas, sua felicidade.Passara a freqentar a Instituio Esprita dirigida pelos seus atuais benfeitores.

    Quatro meses aps informava que encontrara um confrade que lhe propusera afetividade.No sabia o que fazer. Tinha receio de enganar-se outra vez.

    Seis meses passados narrava que usara de toda franqueza com o enamorado,minudenciando-lhe o pretrito prximo. Ele no lhe perguntava pelo j ocorrido. Oferecia-lhe o futuro...

    Casou-se um ano aps a entrevista e estava ditosa.

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    No segundo aniversrio na sua renovao, tornara-se me de um varo.

    Retornava aos seus braos e sentimentos o antigo apaixonado que se frustrara, nacondio de filho dileto, a fim de sublimar o amor, graas bno da reencarnao.

    O drama humano fora solucionado pela sabedoria do Pai que tudo prev e prov com

    perfeio.

    *

    Nada, nenhum drama justificar a fuga pelo suicdio.

    A manh nova trar, com certeza, resposta ao problema sombrio da noite em que ohomem se debate. Conveniente esperar.

    H sempre solues felizes para as questes mais complexas, se as colocamos nasmos do Senhor.Ter pacincia confiar.

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    EXIGNCIA INDITOSA

    Realizara o servio com dedicao e aguardava o pagamento.

    Aqueles eram dias difceis para todos.

    Circunstncias imprevistas agravaram os problemas do cliente, que se viu constrangido aconfessar a impossibilidade de resgatar o dbito.

    Explicou, pediu prazo, prometeu recuperar-se da situao difcil...

    O credor, no entanto, deixando-se intoxicar pela revolta e supondo-se injustamenteludibriado, fez-se enrgico, lamentou no poder adiar a regularizao do dbito.

    Exigiu a remunerao pelo trabalho, imps-se, ameaou apresentar queixa polcia...

    No ardor da discusso, que surgiu, inevitvel, o paciente asseverou que, de valor,possua, apenas, um revlver de alto preo, que colocava como veculo de pagamento.

    O indignado facultativo aceitou a arma como penhor, at que a dvida fosse liberada.

    Levou-a para casa e guardou-a carregada, sem, ao menos, hav-la examinado.

    Menos de um ms depois, seu filhinho de 7 anjos encontrou-a e, fascinado pelo estranhoobjeto, ps-se a brincar, inocente.

    Como fosse surpreendido pela genitora, assustou-se, a arma caiu-lhe das mos,disparou, acertando-lhe o jovem corao e roubando-lhe a vida...

    *

    Com a severidade com que se exige, padece-se da severidade das circunstncias.

    A tragdia tem incio quando algum se transforma em verdugo do prximo, atraindo parasi as malvolas conjunturas que cria.

    No te permitas os arranjos que podem conduzir s dores irreparveis.

    Cultiva a tolerncia e esta te dar paz.

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    VOLTE, PARA EU CHORAR...

    A sala gradeada e ampla da Penitenciria Estadual encontrava-se repleta.

    Eram jovens delinqentes menores de trinta anos, que se encontravam recolhidos, porhaverem destrudo vidas humanas.

    A jovem dama esprita fora convidada a proferir uma conferncia, a fim de colaborar natarefa de reeducao empreendida pela Casa Correcional.

    A palavra lhe escorria pelos lbios, nascida na alma gentil, entretecendo consideraessobre os vergos agir e reagir.

    O animal ferido reage afirmava com doura e sabedoria -. O homem, quando agredido,age.

    Reagir do instinto, significa revidar. Agir atitude decorrente da razo, dodiscernimento.

    A reao agressiva ato de covardia moral, enquanto que ao pacfica uma atitudede valor moral.

    O auditrio atento bebia-lhes os enfoques sbios.

    Se muitos, seno todos aqui, se tivessem recordado de agir, no momento do problema,atuar com discernimento, certamente o resultado seria outro...

    Nenhuma censura no conceito, condenao alguma na mensagem.

    Ela relanceou o olhar, numa pausa que se fez natural, e se deteve fulminada pelaexpresso fria, quase zombeteira, de crtica cida sem palavras, na face lvida de um jovem reeducando.

    Por pouco no se desconcertou.

    Prosseguiu, porm, asseverando:

    Quando, no Pretrio, o soldado esbofeteou a face do Mestre, a fim de ser simptico aPilatos, Jesus no entremostrou qualquer reao...Sereno, fitou o jovem militaratormentado e o inquiriu: - Por que me bateste? Se falei errado, mostra-me o meu erro,se, porm, falei corretamente, por que me bateste? A interrogao ficou sem resposta. A

    mente aturdida no agressor, porm, jamais olvidaria aquele homem, aquele momento...O silncio fazia-se sepulcral. Alguns detentos, comovidos, choravam, e no seenvergonhavam disso.

    Depois de novas consideraes, a nobre oradora falou da reencarnao bno doamor de Deus para todos os homens suas esperanas e consolaes, encerrando aconferncia.

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    IRREVERNCIA E SINTONIA

    A mordacidade constitua-lhe caracterstica marcante da personalidade.

    Irreverente para com tudo, utilizava-se da arte de imitar a fim de sorrir e provocarsorrisos.

    Tornou-se esprita, ou, simplesmente, aderiu ao movimento esprita.

    Mas no se modificou.

    As instrues srias dos Espritos sensibilizaram-no sem o corrigir.

    S por galhofa, imitando comicamente outro companheiro de f, improvisou umaincorporao para agrado dos circunstantes.

    Muitos sorrisos.

    - Basta! Basta! No suportamos mais! Exclamaram os amigos.

    Ele prosseguia.

    Semi-hebetado continuou, sem parar...

    *

    Sintonizando com o ridculo e os Espritos mistificadores, entrou na faixa da treva edemorou em lamentvel estado de perturbao.

    *

    A cada coisa, circunstncia ou dever um cuidado prprio.

    Horas h para tudo.

    Reserva-te equilbrio, discernimento, dignidade.

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    IDEALISMO E AO

    Entusiasta, no controlava devidamente a prpria emotividade.

    Descobria missionrios em qualquer verbo inflamado.

    Dirigia um Centro Esprita, de que se ufanava.Ouviu falar das novas idias que sacudiam a mentalidade juvenil. Uma nova era quecomeava, como se o Espiritismo j no o fosse.

    Convidou um moo que se dizia abrasado pela verdade e pretendia contribuir de modo atransformar de uma para outro instante o status social.

    No obstante honesto e de propsitos salutares, encontrava-se arrebatado, esquecendoas sadias lies da vida e da Divina Sabedoria.

    O jovem falou incendiado por irrefrevel idealismo.

    Mas no foi entendido.

    O auditrio se esvaziou rapidamente.

    Os semblantes se fizeram carrancudos.

    O anfitrio compreendeu que o entusiasmo no o essencial...

    Levantou-se aps a conferncia e disse em tom de lamento, diante do convidadosurpreso:

    - Peo desculpa ao pblico por hav-lo convidado. Isto no se repetir. Prometo!

    E fez-se amargo.

    *

    Identifica-te primeiro com aqueles que iro divulgar a Mensagem do Senhor.

    Procura-lhe as credenciais-atos, indispensveis e recorda o velho brocardo: Nem tudoque reluz ouro.

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    SOLUO FELIZ

    A reunio transcorria em clima de ordem.

    Pobre senhora obsidiada, na assistncia, tomou de delicada corneta plstica e comeou asopr-la, perturbando o ambiente.

    Constrangida e inquieta, dedicada freqentador da Casa, aps orar, falou discretamente:

    - Meu bem, voc quer vender-me a linda cornetinha para minha menina?

    - Oh!, sim, obrigada!

    E sorrindo, entregou-a.

    Ante a cdula expressiva, ofertou, ainda, duas laranjas que trazia como se fora ocompetente troco.

    *

    No reajas ante os perturbados. Age com discernimento, cristmente.

    Ora, e, inspirado, ajuda sem constranger, resolvendo o problema, sem criar outro.

    Ajuda melhor aquele que compreende.

    Quando nada possas fazer, ora e deixa que algum mais capaz se encarregue docometimento.

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    CONVIDADO

    Muito jovem apareceu no cenrio da f arrastando multides.

    O verbo quente e dlcido, sob a superior inspirao, lenia feridas morais, consolava.

    Aqui e ali era disputada a sua presena.Dama distinta e refinada, atravs de amigos comuns, logrou convid-lo a um almoontimo, no seu luxuoso apartamento.

    A hora aprazada, discretamente vestido e visivelmente constrangido o mdium-pregadorcompareceu.

    A senhora exultou.

    Imprevisto grave reteve no escritrio o esposo, igualmente interessado em recepcionar omoo.

    O almoo seria informal, em intimidade.

    Convidados refeio pelo mordomo, sentaram em cadeiras colocadas e nasextremidades da mesa.

    Embora o ar refrigerado, estranha sede dominava o conviva.

    A mesa nobremente arrumada exibia taas e copos vazios. Havia, apenas, pequeno vasocom gua fresca, convidativa

    Como a refeio demorasse a ser servida, o moo, acabrunhado, sorveu o contedo dodelicado recipiente.

    A dama no sopitou a surpresa.

    A refeio, a partir de ento, transcorreu em clima de constrangimento.

    sobremesa, a anfitrioa tomou uma uva e com delicado gesto bem significativo levou-a taa e imergiu-a.

    - Desculpe! falou o visitante Em minha terra as frutas j vm lavadas.

    - Aqui tambm retrucou a senhora.

    E demonstrou enfado, decepo...*

    Os mdiuns e pregadores so instrumentos do Senhor a servio da Vida Abundante e nomodelos sociais, requintados, para devaneios, frivolidades.

    Ajuda-os no ministrio abraados, ama-os evitando constrang-los pelo exibicionismo,pela disputa em estrelismos cruis e perigosos.

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    A VERDADE PARA CADA UM

    - Diga-me toda a verdade. Por favor, uma splica que eu fao.

    - Meu amigo, quem se pode considerar portador da verdade? tudo so relatividades...

    - Mas no meu caso, os exames no so concludentes? A bipsia no esclareceu odiagnstico?

    - Sim... Sim... Mas ocorre...

    - Diga-me: cncer? No receie informar-me. Sou budista! Creio na imortalidade, nareencarnao. No temo a morte. Desejo, porm, ter certeza, a fim de organizar papis,compromissos, tomar resolues... Tenho famlia...

    - Ora, todos devemos estar preparados, pois que esse fatalismo biolgico a todos nosalcanar, inevitavelmente...

    - Eu, todavia... Esclarea-me, homem, por Deus. cncer?- Sim. trata-se de uma NEOPLASIA MALIGNA... Cncer!

    - Com metstase?

    - Sim, generalizada. No h, porm, razo para desespero. A cincia, a cada dia...

    - Quantos meses, doutor?

    - ?

    - Quantos meses eu tenho de vida?

    - Quem o sabe? Somos mdicos apenas.

    - Quanto tempo provvel?

    - De dois a quatro meses, no mais, conforme concluo...

    - Obrigado, doutor...

    ... E dali saindo cometeu suicdio venal e cobarde.

    *

    Aquieta-te na esperana.

    Confia na vida.

    Cuidado com o que supes ser verdade.

    Lembra-te da verdade que convm a cada um, ante a Verdade.

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    ESTUDO ESPRITA

    Vangloriava-se de possuir o dom da palavra. Estudo era renovao afirmava. Ainspirao significava-lhe tudo insistia. Bastava abrir a boca e jorrava a torrente asseverava. Estudar a Doutrina erro acrescentava com falsa austeridade. Os espritosajudam no momento prprio. E pregava aqui, ali, onde era convidado a faz-lo.Lamentavelmente convidavam-no outros cegos.

    *

    Salo cunha, referto.

    Aniversrio do Centro.

    Flores, sorrisos, declamaes.Convidado, assomou tribuna.

    Irmos e irms! Hoje falarei em detrimento da Doutrina. Comeou, eufrico.

    ... E falou. Ensina o Evangelho que o Esprito Santo fala pelos trabalhadores do bem, eque basta abrir a boca.Ningum duvida. Resta, porm, saber se a boca est em condies de traduzir a palavrado Esprito Santo. Menos petulncia e mais estudo doutrinrio do Espiritismo. Menosfanatismo e mais discernimento. Vigilncia e orao constituem ingredientes de paz. Nemelite intelectual, nem to pouco ignorncia presunosa. Resguardemos a boacomunicao esprita, examinando quem, como quando algum est em condio deservir com maior acerto e ensinar com segurana e lucidez.

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    SEGURANA DE F

    Fora acometido de enfarte.

    Em repouso absoluto no Prontocor, recebeu a visita de amigos espritas.

    Surpreso, o cardiologista interferiu:

    - Que isto? O senhor no pode receber toda essa gente. Que fazem aqui?

    - Somos espritas, doutor, esclareceu o paciente. Os amigos vieram orar e aplicar-me opasse.

    A expresso do facultativo denunciou o espanto e logo depois o ceptismo.

    Com a seringa pronta para aplicar-lhe o medicamento oportuno e salvador, interrogou,sarcstico:

    - Que prefere primeiro, j que o seu caso grave?

    - A prece e o passe, doutor. Favor retirar-se. Depois o senhor poder voltar.

    *Convico e segurana ntima se testam no instante das grandes decises.

    Por mais longa se faa a vida fsica, a hora chega e a vida cessa. Alm dela, seguiro asconvices e atos como companheiros e sinais de perfeita identidade.

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    CARIDADE EFICAZ

    Salustiano Maciel, o excelente esprita corumbaense, que exerceu com lisura e dignidadea funo de prefeito da cidade, despertou certa noite ouvindo inusitados rudos quevinham da cozinha da residncia.

    Homem probo e gentil, corajoso e de f rutilante, dirigiu-se ao compartimento a acendeu aluz. Surpreso, deparou com atnito ladro que se apropriava indevidamente de alimentose utenslios ali guardados.

    Sem perder a calma, o devotado discpulo de Allan Kardec interrogou:

    - Que se passa, meu filho?

    - Tenho fome, senhor! Respondeu o jovem larpio.

    - Ento no h problema. Sente-se um pouco, que iremos dar um jeito nisso.

    Ato contnuo, despertou a esposa, solicitando-lhe preparar adequada alimentao para oestranho que, dominado por crescente constrangimento, acompanhou os lancesinesperados daquela noite inesquecvel.

    - Agora, filho, comamos sugeriu, sorridente.

    Terminada a saborosa refeio, o estranho perguntou:

    - Posso ir-me?

    - claro, que sim.

    O moo recuou a porta por onde se adentrara e j estava pronto a retirar-se, quandoSalustiano lhe esclareceu:

    - Por a, no. Pela porta da frente, para que no pensem mau de voc, a esta hora danoite, caso algum o surpreenda.

    E depois de uma pausa, concluiu:

    - Quando tiver necessidade, procura-me...

    At hoje o quase malfeitor, que logo se regenerou ante aquele gesto, bendiz o nobre

    semeador das verdades evanglicas.*Nonagenrio, caminhando a p pelas ruas de Corumb, era visto, at h alguns anosatrs, o venerando lder esprita dirigiu-se ao Templo Kardecista para aplicar passes.Quando algum lhe oferecia conduo, respondia jovial:

    - Sou-lhe grato. Prefiro ir a p pois assim o meu trabalho mais completo.

    Medita! A caridade eficaz aquela que no apenas ajuda face ao problema, mas a queliberta o homem do problema que o aflige.

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    CONFORTO E LIBERDADE

    O casal dirigia-se naquele domingo pela manh ao servio esprita, em subrbio distante,no Rio de Janeiro.

    Conversavam animadamente sobre os planos que acalentavam em torno do futuroridente, na f abrasadora, sob a gide da caridade.

    Em chegando Estao da Central do Brasil a fim de tomarem a conduo, notaram,entre caixas vazias, um petiz que dormia tranqilamente, embora o rudo da cidadedespertando.

    Pararam automaticamente e entreolharam-se.

    - Falvamos de caridade disse a senhora. E no entanto... Aguardemos quedesperte. Talvez possamos fazer alguma coisa alvitrou o companheiro.

    Um trocador de moedas de nibus, no local, acercou-se e esclareceu:

    - pena! Esse um excelente menino. Aqui vive, ajuda-nos e ns o ajudamos. No temningum.

    Afastou-se para atender a seu mister.

    Passando algum tempo, o garoto despertou, risonho, e surpreendeu-se com o casal que ofitava.

    - servido a um caf conosco? Sugeriu o cavalheiro.- Claro, claro. Agradeceu o garoto.Ficaram, ento, amigos.Passados alguns dias, o senhor convidou-o a morar com ele, a que o pequeno aceitou debom grado.

    A vida mudou completamente: Roupas, sapatos, agasalhos, alimentao, comodidade,deveres tambm...

    Um ms depois, enquanto os pais adotivos o olhavam na cama aquecida, ele expsfrancamente:

    - , aqui, h de tudo, mas no h conforto!

    - Conforto?! Inquiriram os benfeitores.

    - Sim, conforto!...

    Referia-se liberdade. E fugiu, dias depois.

    Posteriormente foi recolhido por uma batida policial e encaminhado a uma Casa deMenores. Fez-se adulto, tornou-se cidado.

    - Nunca me esqueci dos senhores disse dez anos depois ao casal, numa visitainesperada. Os senhores me salvaram a vida. Eu no tinha juzo quela poca. Mas ocarinho que aqui recebi, a ternura, a bondade mudaram a minha existncia. No voltei,

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    por acanhamento. Jurei, porm, que um dia voltaria, a fim de agradecer-lhes e dizer-lhes que a semente do bem que plantaram no meu corao nunca morreu...

    *Aquele menino, ao fugir, motivou o casal a ampliar as possibilidades de amor, atendendooutros.

    Seu gesto, com o tempo, se transformou numa sementeira de luz e hoje alberga no seuseio centenas, milhares de crianas espalhadas por todo o Brasil, em nome de Jesus e doamor.

    *

    Quando amares pensa em dar conforto, mas no suprimas a liberdade.

    Sobretudo, em qualquer situao ama e mesmo decepcionado, continua amando, porquea gota de luz, colocada na noite de um esprito, se transforma hoje ou mais tarde emrutilante estrela de esperana, clareando na direo do futuro.

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    CONDUTA NTIMA E PBLICA

    Antnio Pombo, o excelente trabalhador esprita das Alagoas, cuja vida foi um exemplo dehumildade e abnegao, a todos cultivava conseguindo convencer pela palavra, graasaos atos de enobrecimento da sua existncia crist.

    Como sempre ocorre, havia aqueles que, incorretos, no podiam compreender a corretaconduta do confrade fiel.

    Resolveram, ento, testar o amigo.

    Para tanto, contrataram atormentada mulher que vendia iluses sexuais e promoveram,em casa discreta, um encontro entre a infeliz e o trabalhador do Cristo, pensandosurpreend-lo em atitude comprometedora...

    Informado de que uma paciente sofredora o aguardava, Pombo se dirigiu ao endereoonde era solicitado e constatou, surpreso, que a mulher enferma era portadora de graveproblema do esprito.

    Sem titubear, apesar de convidado e tentado ao compromisso da venalidade, o discpulofiel ps-se a falar com tal magnitude e pureza de sentimento que, aps a entrevista,conseguira converter a pecadora f esprita, libertando-a da obsesso que o lupanar lhedesenvolvia e fixava.

    S ento, os amigos levianos tiveram a medida, deficiente claro, da nobre estaturaespiritual do amigo, que, no entanto, nunca referiu o fato a ningum.

    *

    Atitudes espritas devem ser sempre as mesmas: em pblico ou reservadamente.

    Assim, como no te cabe testar ningum, age na vida ntima de tal forma que poderias empaz repeti-lo em qualquer lugar e em circunstncia qualquer, honrando os postuladosesposados.

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    CIME

    A dama deixara por momentos o esposo na agncia bancria, enquanto se afastara afazer compras.

    Retornando, inesperadamente, defrontou a cena.

    Uma jovem atendente, de muito boa aparncia, agradecia, sorrindo, as gentilezas docavalheiro. Ele, a seu turno, estava comunicativo, entusiasmado.

    O cime petrificou-a.

    No podendo dominar-se, sentou-se, e, rispidamente, desabafou:

    - Estou vendo, hein! Estou aqui!...

    As lgrimas chegaram-lhe abundantes, nervosamente.

    Nesse comenos escutou nos refolhos da alma: acalme-se, no h nada de mais. Elaagradecia a mensagem que lhe fora ofertada.

    Estranha, preciosa paz acudiu-a.

    Sem haver quase percebido o drama da esposa, ele se acercou e disse:

    - Entreguei algumas mensagens quela moa, pedindo-lhe que as passasse adiante,entre colegas e clientes do Banco.

    *

    ... Ele divulgava a Doutrina Esprita, distribuindo mensagens lindamente impressas.

    Estava tudo esclarecido.

    *

    No te deixes conduzir pelo cime, que somente apresenta as coisas pela face negativa.Conserva a calma e espera, confiando em Deus.

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    ESCRITO NOS CUS

    Caracterizava-se pela bondade, dotado de excepcional pacincia.

    Esprita consciente uniu os dotes da pregao aos dons da caridade.

    Dia-a-dia, porm, aumentava o nmero de necessitados.Grande parte deles em chegando, asseverava:

    - Aqui venho por indicao de uma freqentadora desta Casa abenoada, que tevepiedade de mim. Afirmou-me que o senhor caridoso e resolveria o meu caso.

    O trabalhador, no entanto, sobrecarregado de responsabilidades, ficava constrangido, emface do aumento constante dos necessitados, recomendados por pessoas de bomcorao, conforme eram ditas.

    Certo dia, no entanto, o servidor da caridade, ante uma senhora impertinente, cansativa,retrucou:- Sugiro que a senhora retorne a quem a mandou e pea-lhe para que, desta vez, elaprpria lhe faa a caridade.

    A solicitante redargiu:

    - Mas ela afirmou-me que o senhor quem me faria a caridade, por ser pessoa evoluda,dedicada.

    - Sim, sim, compreendo. Agora, sucede que eu, tambm, gostaria que ela evolusse...Para tanto mister que comece j pelo exerccio da caridade, da bondade...

    E encerrou a entrevista.

    Mas ficou incomodado.

    Orando, mais tarde, revisava mentalmente os atos do dia quando lhe voltou mente osucesso desagradvel. Reconhecia que no estivera bem, que agira com azedume.

    Aparecendo-lhe o Mentor Espiritual, confiou-lhe:

    - No posso entender a maneira dessas pessoas. Gostam de parecer bondosas,encaminhando para os ombros sobrecarregados do prximo o que no gostam epreferem no fazer.

    E narrou a amargura de que estava possudo.

    O Instrutor gentil escutou-o tranqilo, e esclareceu, generoso:

    - No se agaste. O agastamento mau conselheiro. Lembre-se de que o seu nome estescrito nos Cus e alegre-se. Isto no lhe basta? L voc conhecido.

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    Ele exultou.

    Continuando, sereno, o Benfeitor concluiu, quase com um sorriso:

    - Ora, quando o Senhor ouve alguma rogativa de aflitos da Terra, examina com quempode contar, a fim de os atender com presteza. Recorre, Ento, aos assentamentos

    celestes, e, confiante, os encaminha queles que l esto registrados. Como o solicitantenem sempre ouve a resposta, sobre quem deve procurar, utiliza-se o Divino Amigodessas almas generosas, que, no obstante de boa formao, tornam-se corretores doencaminhamento, embora permaneam sem o lucro da ao. Compreende?

    - Sim, sim!...

    Desde ento, o companheiro da fraternidade desdobra esforos no bem, e, com o sorrisode humana compreenso em torno dos problemas alheios, bem-humorado, escuta osrecm-chegados dizerem:

    - Uma pessoa de bom corao desta Casa mandou-me aqui...

    *

    Ante o trabalho a fazer, no sindiques, no compliques, no te aflijas nem te irrites.

    Faze o que possas, como possas, at quando possas. A verdade que, desejando,sempre poders fazer mais, alm do que supes poder fazer.

  • 8/14/2019 DIVALDO PEREIRA FRANCO - IGNOTUS - ESPELHO DA ALMA

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    PARBOLA MODERNA

    Enfermara fazia muito tempo e transitara de guich a guich de informaes, munido coma competente guia para o internamento hospitalar.

    Difcil, ali, a vaga de que necessitava.Adicionando enfermidade a fome perseguidora, desmaiou porta da Repartio, quaseao trmino do expediente.

    Passado o primeiro choque de alguns transeuntes, ali ficou semi-hebetado.

    - Certamente bebida, afirmaram alguns, ou epilepsia, completaram outros.

    - Convm que nos metamos, acentuaram terceiros, e ele ficou girando no mundo dovgado demorado.

    A noite caiu e ele, sem foras, continuou tombado.

    A precipitao de todos no tempo para examin-lo; a velocidade dos veculos nopermitia que o vissem desfalecido.

    Ele permaneceu derreado.

    Quando o silncio se abatera sobre o centro comercial, um petiz desafortunado vendo-otombado se acercou e perguntou-lhe o que havia.

    Ele balbuciou algumas palavras e o menino de rua, acostumado ao sofrimento humano,respondeu: Isto se resolve com uma xcara de caf.

    Saiu a correr e a correr retornou, trazendo nas mos o estimulante que lhe faltava aocorpo combalido.

    Depois, ofereceu-lhe ombro gentil e ajudou-o a tomar a conduo em local prximo a fimde retornar ao lar.

    A criana no lhe pediu nome. Nem ele agradeceu ao benfeitor annimo. tudo sob omanto da noite e o olhar da Caridade.

    *

    Cuidado com a indiferena! Porque tudo esteja mal, no agraves com o cepticismo amaldade que grassa.

    S o Samaritano, mesmo que no tenhas nada com isto, que ele no seja dos teus eque a pressa te esteja impulsionando para dele fugir. Talvez, um dia, - pois que ningumest isento desta ocorrncia sejas tu o tombado, na calada da rua, ou no leito dohospital, em qualquer lugar, sob o manto da noite e o olhar da Caridade.

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    A CONSULTA

    - De quantas sesses necessito para minha cura? Interrogava a dama bem vestida aomodesto dirigente da Agremiao Esprita.

    - Poderia dizer-me qual o problema que a aflige? Inquiriu o paciente evangelizador.

    E o dilogo prosseguiu:

    - Sempre sofri. Desde que me consigo encontrar pela memria sou uma sofredora. A dor comensal da minha vida: enfermidades, dificuldades financeiras, perseguies,incompreenses de toda ordem... No suporto mais. A vida -me desagradvel, um fardoinsuportvel.

    - O sofrimento, sem dvida, companheiro de todos ns. A Terra abenoada escolaevolutiva, em cujos cursos realizamos valiosas aprendizagens. Nesse sentido, a dorsempre participante das nossas lies purificadoras.

    - Sim, mas no me conformo. Todos dizem que sou mdium e que isso decorre damediunidade, que eu deveria desenvolver, a fim de ficar boa, libertar-me dos problemas.Por essa razo, indago: em quantas sesses isso se dar?

    - Necessrio prestar-lhe alguns esclarecimentos, minha irm. Inicialmente, merece queconsideremos a mediunidade no como doena ou castigo, antes como bno, porta deservio, rota iluminativa. Os sofrimentos, que todos experimentamos, decorrem do nossopassado culposo, das nossas faltas e dbitos cometidos perante as Soberanas Leis doUniverso. Pelas possibilidades medinicas, devidamente educadas, trabalhadas comcarinho e sacrifcio, granjeamos bens para a paz e renovamo-nos para a vida,compreendendo melhor os deveres que nos cabem desdobrar. Desenvolver amediunidade, seria trabalh-la, incorporando aos nossos hbitos e do auxliodesinteressado e sacrificial em relao aos que sofrem de um plano como do outro davida... Para tal cometimento no h prazo fixo. s vezes precisa toda a existncia fsicade devotamento, continuando, mesmo, at alm do tmulo...

    - Toda a vida?! E quando irei viver, gozar, aproveitar os meus dias?

    - Gozar os dias no significa o exaurir das foras, o desdobrar das sensaes, odesgovernar sentimentos, o fruir sem dar...

    - Ento no me interessa mediunidade, nem Espiritismo. Veja l, dar a minha vida! Quecoragem! esse o homem que aconselha e resolve problemas? Para mim, basta!

    E saiu resmungando, deselegantemente.*

    Ainda hoje, muitos buscam solues fceis e no resolues permanentes, salvadoras,em consultas rpidas...

    Para tais, Jesus e F so ingredientes para problemas e no rotas para evitaremproblemas.

    Apiada-te deles, mas no te