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FERNANDA LEVE PARTICIPAÇÃO DA GTPASE RHO NA DINÂMICA DO COMPLEXO JUNCIONAL APICAL E DO CITOESQUELETO DE ACTINA NA PROGRESSÃO DO CÂNCER COLORRETAL RIO DE JANEIRO 2011 Divisão de Biologia Celular Grupo de Biologia Estrutural Instituto Nacional de Câncer Pós-graduação em Oncologia

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FERNANDA LEVE

PARTICIPAÇÃO DA GTPASE RHO NA DINÂMICA DO COMPLEXO

JUNCIONAL APICAL E DO CITOESQUELETO DE ACTINA NA

PROGRESSÃO DO CÂNCER COLORRETAL

RIO DE JANEIRO 2011

Divisão de Biologia Celular Grupo de Biologia Estrutural

Instituto Nacional de Câncer Pós-graduação em Oncologia

ii

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER - INCA

Pós-Graduação em Oncologia

FERNANDA LEVE

PARTICIPAÇÃO DA GTPASE RHO NA DINÂMICA DO COMPLEXO

JUNCIONAL APICAL E DO CITOESQUELETO DE ACTINA NA

PROGRESSÃO DO CÂNCER COLORRETAL

Dissertação apresentada ao Instituto Nacional de Câncer para obtenção do título de

Doutora em Oncologia

Orientador: Prof. Dr. José Andrés Morgado Díaz

Examinadores:

Dra Eliana Saul Furquim Werneck Abdelhay (INCA)

Dra Raquel Ciuvalschi Maia (INCA)

Dr. Fernando Costa e Silva Filho (UFRJ)

Dra. Thereza Christina Barja Fidalgo (UERJ)

Dr. Luís Felipe Severiano Ribeiro Pinto (INCA)

Dr. João Paulo de Biaso Viola (INCA)

RIO DE JANEIRO 2011

iii

Esta tese de Doutorado foi desenvolvida no Laboratório de Biologia Estrutural da

Divisão de Biologia Celular no Centro de Pesquisas do Instituto Nacional de Câncer (INCA),

sobre a orientação do Dr. José Andrés Morgado Díaz.

iv

ÓRGÃOS FINANCIADORES:

Instituto Nacional de Câncer – Ministério da saúde

(INCA – MS)

Fundação do Câncer

(FAF)

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq)

Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ)

v

DEDICATÓRIA

Dedico esta Tese ao meu marido,

melhor amigo e maior incentivador,

Alex Morais Ponte.

vi

AGRADECIMENTOS

Ao orientador e amigo, José Morgado, pela dedicação, paciência, confiança, incentivo e

ensinamentos que permitiram o meu desenvolvimento profissional e pessoal;

A minha aluna de iniciação científica Taline Marcondes, sempre muito prestativa e centrada;

Aos integrantes antigos do laboratório, que contribuíram imensamente na minha carreira e

muitos continuam participando da minha vida como grandes amigos: Andréia Deiró, Patrícia

Redondo, Silvia Oliveira, Ana Cristina Xavier, Leandro Augusto, Livia Goto, Rodrigo

Madeiro, Paloma Souza;

Aos integrantes atuais do laboratório que, além do auxílio técnico e excelentes discussões

profissionais, tornaram a rotina de trabalho mais divertida: Simone Fernandes, Lílian Bastos,

Sarah Rabello, Waldemir Fernandes, Júlio César Freitas, Wallace Martins, Flávia Vidal,

Marcelo Tanaka, Pedro Shumman, Pedro Daniel, Natalia Fortunato, Priscila Marcondes e

Carlos Alberto;

Aos amigos da ciência que, embora de outros laboratórios, contribuíram de alguma forma

nesses quatro anos: Cláudia Maia, Gabriel Wajnberg, Giuliana Mognol;

Aos colaboradores: Marcelo Pelajo, Pedro Paulo de Abreu Manso e Bernardo Pascarelli, do

laboratório de Patologia do Instituto Oswaldo Cruz, pela ajuda na microscopia confocal; e

Tatiana Tilli, da divisão de Medicina Experimental do INCA, pelo auxílio com a PCR e

excelentes discussões;

Aos familiares e amigos que, mesmo sem entender o que eu faço, sempre me incentivaram!

vii

RESUMO

A desmontagem do complexo juncional apical (CJA), que compreende as junções

aderentes (JAs) e junções tight (JTs), e a reorganização do citoesqueleto de actina são etapas iniciais da progressão do câncer colorretal (CCR). Subsequentemente, as células adquirem um fenótipo migratório e invasivo, no entanto, os mecanismos moleculares que modulam esses eventos iniciais permanecem desconhecidos. O objetivo do presente estudo foi identificar as vias de sinalização envolvidas na regulação da dinâmica do CJA e do citoesqueleto de actina durante a progressão do CCR. Células de adenocarcinoma de cólon humano Caco-2, utilizadas como modelo de CCR, foram submetidas ao ensaio de retirada do cálcio do meio extracelular e ao tratamento com ácido lisofosfatídico (LPA), um ativador da GTPase Rho. Pré-tratamentos com inibidores específicos de vias de sinalização foram também utilizados nos diferentes ensaios. Na primeira etapa do estudo, verificamos que a retirada do cálcio extracelular ocasionou redistribuição das proteínas do CJA, conforme mostrado por imunofluorescência e immunoblotting usando frações solúveis e insolúveis em Triton X-100; perda da funcionalidade das JTs, como visto pelo decréscimo na resistência elétrica transepitelial (RET) e microscopia eletrônica de transmissão utilizando o traçador vermelho de rutênio; alterações no citoesqueleto de actina na região perijuncional e na distribuição das fibras de estresse, observados por microscopia confocal; e ativação localizada das GTPases Rho e Rac. Todos esses efeitos foram mediados por uma via de sinalização envolvendo a ativação de PKA e Rho-ROCK. Na segunda parte do estudo, observamos que o tratamento com LPA ocasionou redistribuição das proteínas do CJA e redução da expressão de E-caderina bem como reorganização do citoesqueleto de actina perijuncional, e aumento na formação de fibras de estresse. Além disso, o LPA causou: aumento da migração, mas não da invasão celular, como mostrado pelas técnicas do wound healing e de invasão em matrigel, respectivamente; formação de adesões focais, analisada pelo aumento da fosforilação da quinase de adesão focal (FAK) e imunofluorescência; ativação da GTPase Rho, mas não de Rac, conforme o ensaio de pull-down; e aumento do crescimento independente de ancoragem. Esses resultados mostram que o LPA modula as JAs, o citoesqueleto de actina e a migração celular através de uma via de sinalização que integra Rho-ROCK e Src-FAK. Em conclusão, juntos esses resultados mostram um papel central da via de sinalização Rho-ROCK na modulação do CJA e do citoesqueleto de actina durante a progressão do CCR, via que pode constituir um novo e alternativo alvo terapêutico no tratamento deste tipo de câncer.

viii

ABSTRACT

The disassembly of the apical junctional complex (AJC), which encompasses adherent junctions (AJs) and tight junctions (TJs), and the actin cytoskeleton reorganization are initial steps of colorectal cancer (CRC) progression. Subsequently, the cells acquire a migratory and invasive phenotype, but the molecular mechanisms that modulate these initial events remain unknown. The aim of the present study was to identify the signaling pathways that regulate the AJC and actin cytoskeleton dynamics during the CRC progression. Caco-2 cells, obtained from human adenocarcinoma, were used as a CRC model and submitted to the low calcium medium assay and treatment with lysophosphatidic acid (LPA), a Rho GTPase activator. Pre-treatments with specific signaling pathways inhibitors were also used in different assays. In the first part of this study, we verified that the low calcium medium caused redistribution of AJC proteins, as showed by immunofluorescence and immunoblotting using TritonX-100 soluble and insoluble fractions; loss of TJ function, as seen by the transepithelial electrical resistence (TER) decrease and ruthenium red marker permeation; actin cytoskeleton alteration at perijuncional region and stress fibers distribution, observed using confocal microscopy; and spatial Rho and Rac GTPases activation. We demonstrated that these effects were mediated by a signaling pathway involving PKA and Rho-ROCK activation. In the second part of the study, we observed that LPA treatment caused AJC proteins redistribution and E-cadherin downregulation as well as perijunctional actin cytoskeleton reorganization, and increased stress fibers formation. Moreover, LPA induced: increased cell migration, but not cell invasion, as showed by the wound healing technique and matrigel invasion assay, respectively; focal adhesion formation, as analyzed by the increased focal adhesion kinase (FAK) phosphorylation and immunofluorescence; activation of Rho GTPase, but not of Rac, showed by the pull-down assay; and increase in anchorage independent growth. These results show that LPA modulates AJs and actin cytoskeleton organization to induce a migratory phenotype through a cross-talk between Rho-ROCK and Src-FAK signaling pathways. Taken together, our results indicate that Rho-ROCK signaling plays a central role in AJC and actin cytoskeleton modulation during CRC progression, and indicate that it may constitute a new and alternate therapeutic target for the treatment of this cancer type.

ix

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Topologia do intestino grosso 1

Figura 2 Sequência adenoma-carcinoma 2

Figura 3 Tipos de câncer mais incidentes estimados para 2010, exceto

pele não melanoma, na população brasileira 4

Figura 4 Desenvolvimento da polaridade epitelial 5

Figura 5 Complexos envolvidos na polaridade epitelial 7

Figura 6 Organização e composição molecular do complexo juncional 8

Figura 7 Composição molecular das JTs 12

Figura 8 Composição molecular das JAs e participação da β-catenina na

via de sinalização Wnt 15

Figura 9 Proteínas adaptadoras do CJA que se ligam em actina 18

Figura 10 Configurações de Src inativa e ativa 20

Figura 11 Regulação da ativação de PKA 21

Figura 12 Via de sinalização do EGFR 22

Figura 13 Mecanismos de ativação da PI3K de classe I 23

Figura 14 Modelo mostrando o ciclo de ativação de GTPases da família Rho 25

Figura 15 Estrutura molecular e mecanismo de ativação de ROCK 28

Figura 16 Síntese do LPA 30

Figura 17 Progressão tumoral e processo metastático 33

Figura 18 Principais moduladores da TEM 34

Figura 19 mecanismo de sinalização da FAK na migração celular 41

Figura 20 Dinâmica do citoesqueleto de actina durante a formação de

projeções de membrana na migração celular 43

Figura 21 Inibição farmacológica de PKA previne a redistribuição de proteínas

do CJA 58

Figura 22 Associação da E-caderina e claudina-1 ao citoesqueleto de actina é

modulada por PKA 60

Figura 23 A funcionalidade do complexo juncional é regulada por PKA 62

Figura 24 PKA modula a organização do citoesqueleto de actina de forma

diferencial através do volume celular 64

Figura 25 A inibição farmacológica de ROCK não previne a desmontagem

das JTs mas impede a internalização de E-caderina 66

x

Figura 26 A inibição de ROCK não modula a funcionalidade das JTs em

células Caco-2 depletadas de cálcio 69

Figura 27 ROCK não regula a desorganização do citoesqueleto de actina

em células depletadas de cálcio 72

Figura 28 A depleção de cálcio induz translocação de Rho, Rac e RhoGDI

para a membrana em células Caco-2 74

Figura 29 O LPA restaura a formação de fibras de estresse rompidas pela

retirada do cálcio do meio extracelular 77-78

Figura 30 O LPA causa redistribuição das proteínas das JAs em células Caco-2 80-81

Figura 31 A redistribuição das proteínas das JAs induzida por LPA é acompanhada

da redução da expressão de E-caderina 82

Figura 32 O LPA causa redistibuição das proteínas das JTs de forma reversível 84-85

Figura 33 O LPA induz queda da RET em tempos iniciais de tratamento e este

efeito é reversível ao longo do tempo 86

Figura 34 O LPA modula F-actina perijuncional 88-89

Figura 35 O LPA induz formação de adesões focais 91

Figura 36 A ativação de Src, Rho e ROCK medeia a desmontagem das JAs

induzida por LPA 93

Figura 37 O LPA ativa Rho e induz a translocação de RhoA e ROCKII para os

contatos célula-célula 96

Figura 38 A desorganização de F-actina mediada por LPA ocorre através da

ativação Src e da via Rho-ROCK 98

Figura 39 A desorganização do citosesqueleto de actina mediada por

LPA é independente de PKA, PI3K e EGFR 100

Figura 40 O LPA ocasiona redistribuição das proteínas das JTs de forma

dependente de Rho 102

Figura 41 A migração celular induzida por LPA depende da ativação de Src e da

via de sinalização Rho-ROCK 104

Figura 42 A migração celular induzida por LPA é independente de PKA, PI3K

e EGFR 99

Figura 43 Src e ROCK regulam a formação de projeções de membrana induzidas

por LPA em células migratórias 105

Figura 44 O LPA aumenta o crescimento independente de ancoragem em

células Caco-2 107

xi

Figura 45 O LPA não aumenta o potencial invasivo de células Caco-2

em matrigel 110

Figura 46 Modelo para a regulação da desmontagem do CJA e organização

do citoesqueleto de actina em células depletadas de cálcio 116

Figura 47 Modelo para a indução do fenótipo migratório induzido por LPA 125

xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Expressão das GTPases Rho e suas proteínas regulatórias/efetoras em CCR 26

xiii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADAM: desintegrina-metaloprotease

ADF: fator despolimerizante de actina

AF: adesão focal

AKAP: proteína de ancoragem em quinase-A

AMPc: Adenosina monofosfato cíclica

AP-1: proteína ativadora 1

APC: Adenomatous poliposis coli

Arp : proteína relacionada à actina

ATX: autaxina

bJT: junção tight bicelular

BSA: Soro albumina bovina

CAR: cocksakie e adenovírus

CBD: domínio de ligação em catenina

CCR: câncer colorretal

Cdc42: proteína homóloga de controle de divisão celular 42

EC: domínio extracelular de caderina

CF: contato focal

Chk: homóloga de Src quinase C-terminal

CIA: crescimento independente de ancoragem

CJA: complexo juncional apical

CK1: caseína quinase 1

Cox-2: ciclooxigenase 2

CNF-1: Fator necrotizante citotóxico-1 de E. coli

CRB: crumb

CRD: domínio rico em cisteína

CREB: elemento responsivo de ligação em AMP cíclico (cAMP response element-binding)

Csk: Src quinase C-terminal

C-terminal: carboxi-terminal

DIL: domínio dilute

DLC-1:deletado em câncer de fígado-1

DLG: disc large

DRF: diaphanous homóloga a formina

Dsv: dishevelled

xiv

EDG: gene de diferenciação endotelial

EGF: fator de crescimento epidérmico

EGFR: receptor de fator de crescimento epidérmico

EGTA: Ácido tetracético etileno glicol

Ena/Vasp : fosfoproteína estimulada por vasodilatador

EPLIN: proteína epitelial perdida em neoplasias

ERK: quinase regulada por sinal extracelular

ERM: complexo ezrina-radixina-moesina

ESAM: molécula de adesão seletiva de célula endotelial

F-actina: actina filamentar

FAK: quinase de adesão focal

FAP: polipose adenomatosa familiar

FAT: alvo de adesão focal

FERM : 4.1 (four.one), ezrina, radixina, e moesina

FHA: domínio associado a forkhead

FI: filamento intermediário

FTase: farnesiltransferase

FU: fluorouracil

Fz: frizzled

G-actina: actina globular

GAP: proteína ativadora de GTPases

GDF: fator de desacoplamento de GDI

GDI: inibidores de dissociação de nucleotídeo de guanina

GEF: fator de troca de nucleotídeo de guanina

GGTase: geranilgeraniltransferase

GPCR: receptor acoplado em proteína G

GSK3β: glicogênio sintase quinase 3 β

GUK: guanilato quinase

HNPCC: câncer colorretal hereditário não polipóide

IQGAP: proteína ativada por GTPase com motivo IQ

ISM: Instabilidade em microssatélite

JAM: molécula de adesão juncional

JMD: domínio justamembranar

JNK: Jun N-terminal quinases

xv

JT: junção tight

LC: baixa concentração de calico (low calcium)

LGL: lethal giant larvae

LIMK: LIM quinase

LMW-PTP: proteína tirosina fosfatase de baixo peso molecular (low molecular weight)

LPA: ácido lisofosfatídico

LPC: lisofosfatidilcolina

LPD: lisofosfolipase D

LPE: lisofosfatidiletanolamina

LPS: lisofosfatidilserina

MAGI: proteína guanilato quinase invertido associada à membrana

MAGUK: guanilato quinases associadas à membrana

MAPK: proteína quinase ativada por mitógeno

MBS: subunidade ligadora de miosina da miosina fosfatase

MDCK: células de rim canino

mDia: formina diaphanous

MEC: matriz extracelular

MET: Microscopia Eletrônica de Transmissão

MLC: cadeia leve da miosina

MLH: homóloga de mutL

MMP: metaloprotease

MSH: homóloga de mutS

MT-MMPs: porções transmembranares de metaloprotease

MT: microtúbulo

MUPP: proteína multi-PDZ-1

NC: concentração normal de cálcio (normal calcium)

NFkB - fator nuclear Kappa b

N-terminal: amino-terminal

N-WASP: WASP neural

PA: ácido fosfatídico

PAK: quinase P21-ativada

PALS1: proteína associada com Lin sete

PAR: proteína de partição defeituosa

PATJ: proteína associada em junção tight com domínio PDZ

xvi

PBS: Solução salina tamponada com fosfato

PCP: polaridade celular planar

PDE: fosfodiesterases

PDGF: fator de crescimento derivado de plaquetas

PDK: quinase dependente de fosfoinositídeo

PDZ: PSD95 (densidade-95 pós-sináptica humana), DLGA (Drosophila disc large) e ZO-1

PGE2: prostaglandina E2

PH: região homóloga a plecstrina

PI: fosfatidil-inositol

PI3K: fosfatidil-inositol-3-quinase

PIP2: fosfatidil-inositol-4,5-bifosfato

PIP3: fosfatidil-inositol-3,4,5-trifosfato

PKA: proteína quinase A

PKC: proteína quinase C

PKCa: proteína quinase C atípica

PLA1: fosfolipase A1

PLA2: fosfosfolipase A2 solúvel

PPARγ: receptor gama de peroxissomo ativador de proliferação

PR: domínio rico em prolina

PTEN: fosfatase homóloga a tensina

PTP-PEST: proteína tirosina fosfatase que contém a sequência peptídica PEST, rica em

prolina (P), ácido glutâmico (E), serina (S) e treonina (T)

RA: domínio associado a Ras

RBD: região de ligação em Rho

RET: resistência elétrica transepitelial

Rho: homóloga a Ras

ROCK: Rho-quinase

SAF-B: scaffold attachment factor B

SDS-PAGE: eletroforese em gel de poliacrilamida usando sódio dodecil sulfato

SFB: soro fetal bovino

SH3: homólogo a Src

Src: proteína quinase derivada de sarcoma

SRF: fator de resposta ao soro

STAT: transdutor de sinal e ativador de transcrição

xvii

TCF: fator de célula T

TEM: transição epitélio-mesenquimal

TGF-β: fator de crescimento transformante beta

TGFβR: receptor de fator de crescimento transformante beta

TGI: trato gastrintestinal

Tiam: proteína de linfoma de célula T de invasão e metástase

TIMP: inibidores teciduais de metaloprotease

tJT: junção tight tricelular

TME: transição mesênquima-epitelial

TNF-α: fator alfa de necrose tumoral

Trio: proteína domínio triplo funcional

TX-100: triton X-100

VEGF: fator de crescimento vascular endotelial

VH1-3: domínio homólogo a vinculina1-3;

WASP: proteína da síndrome Wiskott Aldrich

WAVE: proteína homóloga a verprolina da família WASP

Wnt: Wingless

ZEB: Zinc finger E-box-binding

ZO: zonula ocludens

ZONAB: proteína ligadora de ácido nucleico associada a ZO

xviii

SUMÁRIO

RESUMO ..............................................................................................................................vii

ABSTRACT .........................................................................................................................viii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES..................................................................................................ix

LISTA DE TABELAS ..........................................................................................................xii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................................xiii

I INTRODUÇÃO 1

I.1 Intestino grosso, desenvolvimento e incidência do câncer colorretal .............................1

I.2 Polaridade Celular .............................................................................................................4

I.3 Complexo juncional Apical (CJA) ....................................................................................7

I.3.1 Junções tight (JTs) .......................................................................................................9

I.3.2 Junções aderentes (JAs) .............................................................................................12

I.4 Citoesqueleto de actina ...................................................................................................16

I.4.1 Inter-relação entre o CJA e o citoesqueleto de actina .................................................17

I.5 Componentes de vias de sinalização envolvidas na modulação do CJA e do

citoesqueleto de actina .......................................................................................................19

I.5.1 Proteínas quinases ......................................................................................................19

I.5.2 Pequenas GTPases Rho .............................................................................................23

I.5.2.1 Proteínas efetoras de Rho ...................................................................................26

I.6 Modulação do complexo juncional apical (CJA) pelas GTPases Rho ...........................28

I.7 Ácido lisofosfatídico (LPA) ............................................................................................29

I.8 Progressão tumoral e metástase .......................................................................................32

I.8.1 Transição epitélio-mesenquimal (TEM) e migração celular ....................................34

I.8.2 Projeções de membrana reguladas por GTPases Rho na migração celular ...............36

I.8.3 Matriz extracelular (MEC) e migração celular .........................................................38

I.8.4 Regulação da organização do citoesqueleto de actina na migração celular ..............41

I.9 Justificativa do estudo ......................................................................................................44

II OBJETIVOS 45

II.1 Geral ...............................................................................................................................45

II.2 Específicos ......................................................................................................................45

xix

III. MATERIAL E MÉTODOS 47

III.1 Anticorpos e Reagentes .................................................................................................47

III.2 Cultura de células ..........................................................................................................48

III.3 Modelo de depleção do cálcio extracelular ...................................................................48

III.4 Tratamento com LPA ....................................................................................................48

III.5 Tratamentos com inibidores de vias de sinalização ......................................................49

III.6 Ensaios de Imunofluorescência .....................................................................................49

III.7 Detecção dos filamentos de actina ................................................................................50

III.8 Obtenção de frações solúveis e insolúveis em Triton X-100 e de lisados

celulares totais ..................................................................................................................50

III.9 Distribuição subcelular de Rho, Rac e RhoGDI ...........................................................50

III.10 Eletroforese em gel de poliacrilamida usando sódio dodecil sulfato

(SDS-PAGE) e Immunoblotting........................................................................................51

III.11 Ensaio de pull-down ....................................................................................................51

III.12 Resistência Elétrica Transepitelial (RET)....................................................................52

III.13 Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET)..........................................................52

III.14 Ensaios de migração e invasividade celular ................................................................52

III.15 Proliferação celular .....................................................................................................53

III.16 Crescimento independente de ancoragem (CIA) ........................................................54

III.17 Análise da expressão e atividade de metaloproteases .................................................54

III.18 Análise estatística ........................................................................................................55

IV RESULTADOS 56

PARTE 1: Análise da inter-relação entre o CJA e o citoesqueleto de actina

durante a perda da adesão célula-célula ...........................................................................56

IV.1 PKA modula a desmontagem do CJA e a funcionalidade das JTs ...............................56

IV.2 PKA modula a organização do citoesqueleto de actina de forma diferencial através

do volume celular .......................................................................................................63

IV.3 A inibição farmacológica de ROCK não previne a desorganização das JTs mas

impede a internalização de E-caderina ...........................................................................65

IV.4 ROCK não regula a organização do citoesqueleto de actina em células crescidas

em meio com baixa concentração de cálcio ....................................................................71

IV.5 A depleção de cálcio ocasiona translocação de Rho, Rac e RhoGDI para a

membrana, de forma dependente de PKA .........................................................................73

xx

IV.6 A ativação de Rho restaura a formação de fibras de estresse, mas não a

organização da actina perijuncional ..................................................................................76

PARTE II: Papel do LPA na aquisição do fenótipo migratório ........................................79

IV. 7 O tratamento com LPA causa redistribuição das proteínas das JAs ............................79

IV. 8 O LPA ocasiona desorganização das JTs de forma reversível ...................................83

IV.9 O LPA modula a organização do citoesqueleto de actina perijuncional

concomitante à formação de fibras de estresse e adesões focais ..................................87

IV.10 O LPA induz desorganização das JAs através da ativação de Src, Rho e ROCK .....92

IV.11 O LPA induz desorganização do citoesqueleto de actina através da ativação de

Src, Rho e ROCK........................................................................................................97

IV.12 O LPA modula a desorganização das JTs através da ativação de Rho .....................101

IV.13 O LPA aumenta a migração celular de forma dependente de Src, Rho e ROCK .....103

IV.14 O fenótipo migratório induzido por LPA depende da ativação de Src e ROCK ......106

IV.15 O LPA aumenta o crescimento independente de ancoragem de células Caco-2 ......108

IV.16 O LPA não induz aumento de invasividade e atividade de MMP-9 e 2

das células Caco-2 .........................................................................................................109

V DISCUSSÃO 111

V.1 PARTE I: Análise da inter-relação entre o CJA e o citoesqueleto de actina

durante a perda da adesão célula-célula .......................................................................111

V.2 PARTE II: Papel do LPA na aquisição do fenótipo migratório ...................................117

V.3 Considerações finais: via Rho-ROCK, um possível alvo terapêutico em CCR? .........127

VI CONCLUSÕES 131

VI.1 PARTE I: Análise da inter-relação entre o CJA e o citoesqueleto de actina

durante a perda da adesão célula-célula ........................................................................131

VI.2 PARTE II: Papel do LPA na aquisição do fenótipo migratório .................................131

VII REFERÊNCIAS ............................................................................................................132

xxi

Essa Tese gerou os seguintes trabalhos:

1. Leve, F., de Souza, W. & Morgado-Díaz, J.A. (2008). A cross-link between protein kinase

A and Rho-family GTPases signaling mediates cell-cell adhesion and actin cytoskeleton

organization in epithelial cancer cells.Pharmacol Exp Ther. 327(3), 777-788.

2. Leve, F., Marcondes, T.G.C., Bastos, L.G.R., Rabello, S.V., Tanaka, M.N. & Morgado-Díaz,

J.A. (2011). Lysophosphatidic acid induces a migratory phenotype through a crosstalk

between RhoA-Rock and Src-FAK signalling in colon cancer cells.Submetido.

3. Leve, F., de Souza, W. & Morgado-Díaz, J.A. Rho GTPases and their role in colorectal

cancer. A ser submetido.

1

I INTRODUÇÃO

I.1 Intestino grosso, desenvolvimento e incidência do câncer colorretal

A função primária do trato intestinal é a digestão e absorção de nutrientes. O lúmen

intestinal dos mamíferos é revestido por uma camada simples e especializada de células

epiteliais colunares, e é dividido em intestino delgado e grosso. O intestino grosso é

subdividido em ceco, cólon, sigmoide, reto e ânus. O cólon é coberto pelo peritônio e

apresenta numerosas criptas, estruturas da camada mucosa com abertura para a superfície, não

apresentando vilosidades. As criptas apresentam um revestimento epitelial composto por

enterócitos, células que absorvem nutrientes e secretam enzimas; células caliciformes, que

secretam mucina; células enteroendócrinas, que secretam hormônios e outras substâncias; e

raras células de paneth no cólon ascendente, que secretam defensinas e lisosima. A formação

de um eixo cripta-vilosidade é um processo dinâmico no qual os enterócitos iniciam seu

desenvolvimento na base das criptas a partir de células-tronco e migram para a porção apical,

onde perdem a capacidade de se dividir e se diferenciam em enterócitos maduros (Figura 1).

Dessa forma, ocorre uma constante renovação do epitélio colônico a cada cinco dias, com

uma regulação ótima para manter um equilíbrio entre proliferação e morte celular (Flier &

Clevers, 2009).

Figura 1. Topologia do intestino grosso. A) Células-tronco localizadas na base das criptas originam células progenitoras proliferativas, que migram para o ápice das criptas e se diferenciam. B) Células progenitoras proliferativas se diferenciam em células absortivas, caliciformes e enteroendócrinas. As células de paneth não estão representadas. Adaptado de Reya & Clevers, 2005.

2

A exposição da mucosa intestinal aos agentes cancerígenos inicialmente se manifesta

por lesões inflamatórias que podem se desenvolver e ocasionar uma displasia, alterações

citológicas em um epitélio que predispõe um órgão ao desenvolvimento de câncer. As criptas

aberrantes são alterações histológicas precoces caracterizadas por aumento no tamanho dessas

estruturas, abertura luminal alterada e espessamento do epitélio (Tanaka, 2009). Acredita-se

que essas lesões displásicas podem predizer a formação de câncer colorretal (CCR), pois

podem progredir a pólipos epiteliais denominados adenomas. Um pólipo é uma massa bem

delimitada com divisão celular descontrolada nas criptas, que se projeta na luz do intestino.

Tem sido mostrado que a remoção de pólipos adenomatosos reduz o risco de desenvolvimento

de CCR embora possam levar anos para progredirem a adenocarcinomas (Tanaka, 2009).

O surgimento de um carcinoma a partir de lesões adenomatosas recebe a designação

de sequência adenoma-carcinoma (Figura 2). Nessa sequência, denominada via da

instabilidade cromossômica, as células tumorais passam por modificações gênicas sequenciais

em oncogenes e genes supressores de tumor, e perdas alélicas (Takayama et al., 2006). Os

principais oncogenes mutados em CCR são o K-Ras, em 50% dos casos (Wu et al., 2008), e o

da β-catenina de 10-50% (Akisik et al., 2010); e dentre os genes supressores de tumor, o APC

está mutado em 80% dos casos de CCR (Tanaka, 2009), e o TP53, em 20% (Oki et al., 2009).

A formação de carcinoma também pode ser desencadeada por instabilidade em

microssatélites (ISM) ocasionada por mutações em enzimas de reparo do DNA ou

hipermetilação dos seus promotores. O reparo inadequado do DNA implica na perda de

mecanismos de manutenção da fidelidade genômica durante a divisão celular, permitindo a

proliferação clonal de células mutantes e propagação da instabilidade genômica (Takayama et

al., 2006). Os principais genes de reparo mutados em CCR são o MSH2, MLH1, MSH6, o que

ocorre em 15-20% em pacientes com CCR esporádico (Poulogiannis et al., 2010).

Figura 2. Sequência adenoma-carcinoma. Modelo multipasso da carcinogênese colorretal onde mutações no gene APC ocorrem durante o desenvovimento de pólipos, seguidas por mutações em K-Ras durante o estágio adenomatoso, e mutações em TP53 na transição para a malignidade. Adaptado de Fodde et al., 2001.

3

O câncer representa uma das principais causas de morte no mundo. Aproximadamente

90% das malignidades são de origem epitelial, e o CCR apresenta-se como o terceiro mais

incidente em ambos os sexos na população brasileira (Figura 3), e o segundo em países

desenvolvidos. Além disso, o CCR representa o segundo tipo de câncer com maior índice de

mortalidade, embora a sobrevida média global dos pacientes com essa neoplasia em cinco

anos seja considerada boa, em torno de 40% para países em desenvolvimento (Instituto

Nacional de Câncer & Ministério da Saúde, 2009). Os principais fatores de risco para o CCR

são a história familiar; a predisposição genética ao desenvolvimento de doenças crônicas do

intestino, por exemplo, colite de Crohn; bem como a alta ingestão de gorduras animais e baixa

de frutas, vegetais e cereais, e o consumo excessivo de álcool e tabagismo; sedentarismo;

obesidade; e idade (Instituto Nacional de Câncer & Ministério da Saúde, 2009; Van den

Brandt & Goldbohm, 2006).

Estimativas recentes mostram que em torno de 75% dos casos de CCR são de origem

esporádica, resultantes da ação cumulativa de agentes carcinógenos ambientais ou

alimentares, sendo o restante de origem familiar. Acredita-se que a perda de heterozigosidade

do gene APC seguida por uma segunda mutação neste mesmo gene seja o evento inicial para a

formação de adenomas colônicos esporádicos (Tanaka, 2009). Dentre as desordens

hereditárias mais importantes na susceptibilidade ao CCR, destacam-se: a) a polipose

adenomatosa familial (FAP), uma síndrome autossômica dominante causada por mutação

germinativa no gene APC que ocasiona a formação de centenas de pólipos adenomatosos,

com incidência menor que 1% dos CCR; e b) o câncer de cólon hereditário não poliposo

(HNPCC), outra desordem autossômica dominante causada por mutações em genes de reparo

do DNA, gerando ISM, e com incidência de 2 a 5% dos CCR. Indivíduos acometidos por essa

síndrome desenvolvem poucos pólipos, mas altamente favoráveis à progressão maligna

(Rowley, 2005).

Em suma, a homeostase intestinal é mantida por um balanço entre auto-renovação e

diferenciação celular, e mutações genéticas de origem esporádica ou familiar podem ocasionar

a desregulação desse processo. Atualmente, duas teorias tentam justificar a perda de

diferenciação e polaridade celular na iniciação do câncer, incluindo o CCR: um modelo

estocástico, onde se postula que todas as células apresentam mesmo potencial de sofrer

mutações iniciais que levem à perda de diferenciação e polaridade celular para ocorrer a

formação do tumor; e um modelo de célula-tronco tumoral, onde subpopulações de células

indiferenciadas não polarizadas são capazes de se auto-renovar e originar células tumorais

(Flier & Clevers, 2009).

4

Figura 3. Tipos de câncer mais incidentes estimados para 2010, exceto pele não melanoma, na população brasileira. Instituto Nacional de Câncer & Ministério da Saúde, 2009.

I.2 Polaridade Celular

Entende-se por polaridade celular o padrão de organização assimétrica que permite a

compartimentalização especializada na célula, sendo fundamental para a morfogênese,

diferenciação e proliferação celular (Assémat et al., 2008). A polaridade de células epiteliais

resulta na diferenciação entre os domínios de membrana apical, em contato com o meio

externo, e basolateral, em contato com as células adjacentes e ao tecido conectivo. A

composição proteica e lipídica desses domínios difere, refletindo suas funções específicas na

célula. A porção apical intestinal mantém funções primárias, como absorção e secreção,

contendo canais iônicos e transportadores; a porção basolateral contém proteínas envolvidas

na adesão e comunicação célula-célula; e a porção basal contém sítios de ligação para

constituintes da lâmina basal, receptores de hormônios e outras moléculas de sinalização

(Nelson, 2003; Hartsock & Nelson, 2008). Portanto, a polaridade celular é essencial para as

funções de barreira e de transporte intracelular, e para manter a integridade dos epitélios.

Múltiplos processos são requeridos para o estabelecimento da polaridade em células

epiteliais, incluindo a entrega de vesículas contendo proteínas de diferentes domínios de

membrana (transcitose), a polarização do citoesqueleto, e a adesão celular (Figura 4). Em

células epiteliais polarizadas, o citoesqueleto de actina se localiza no córtex dos domínios de

membrana apical, lateral, basal, e nas microvilosidades, fornecendo principalmente um

suporte estrutural para as células; e os microtúbulos se organizam em feixes alinhados

formando um eixo apico-basal, com a terminação negativa orientada apicalmente e a positiva

basalmente, e participando da transcitose. Nesse contexto, a adesão intercelular é importante

5

A B

Membrana basal

Filamentos de actina

Feixe de actina

Microtúbulos

Microvilos

Adesão intercelular

Endossomo apical

Complexo de Golgi

Membrana lateral

Transcitose

Anel de actina

Endossomo basal

Fibras de estresse

porque previne a difusão de solutos pela via paracelular, restringindo a livre difusão de

lipídios e algumas proteínas associadas à membrana entre o eixo apico-basal (Nelson, 2003).

Figura 4. Desenvolvimento da polaridade epitelial. A polarização celular depende da organização do citoesqueleto nas regiões apical, medial e basal (A); da adesão intercelular; e da transcitose, que entrega vesículas em domínios específicos de membrana, com participação do Complexo Golgi (B). Adaptado de Nelson, 2003.

Em epitélios, o desenvolvimento da polaridade celular é regulado por quatro

complexos proteicos: o complexo Scribble, o complexo de polaridade celular planar (PCP), o

complexo das proteínas de partição defeituosa (PAR), e o complexo das proteínas Crumb

(CRB). O complexo Scribble é formado por três proteínas: Scrib, Discs large (DLG), e Lethal

giant larvae (LGL), que se localizam na região basolateral de células epiteliais do cólon, com

expressão aumentada no ápice das criptas. A redução da expressão de Scrib e DLG durante a

progressão de tumores de cólon indica o complexo Scribble como supressor tumoral. Além

disso, esse complexo pode interagir com o complexo PCP que, por sua vez, modula a

polaridade e a migração celular, e compreende um conjunto de produtos gênicos modulados

pelas proteínas Dishevelled (Dsv) e Frizzled (Fz). Ambas são componentes da denominada

via Wnt não canônica, e a desregulação dessas proteínas leva a um fenótipo mais maligno

(Katoh et al., 2005). Vale mencionar que o complexo Scribble, Dsv e Fz modulam APC,

importante no desenvolvimento de CCR (Humbert et al., 2006).

O complexo PAR foi descrito em Caenorhabditis elegans como modulador do

posicionamento assimétrico do fuso mitótico, resultando na divisão celular desigual.

Posteriormente, foi demonstrado em outras células animais, adotando padrões de localização

assimétrica no desenvolvimento de polaridade. São conhecidos seis membros da família PAR:

6

PAR-1 e -4 são serina treonina quinases; PAR-5 é uma proteína adaptadora; PAR-3 e -6

ancoram proteínas transmembranares ao citoesqueleto através do domínio PDZ, cujo nome foi

dado utilizando as iniciais das três proteínas onde foi descoberto (densidade-95 pós-sináptica

humana ou PSD95, drosophila disc large ou DLGA e zonula occludens 1 ou ZO-1); e PAR-2

modula processos de ubiquitinação (Goldstein & Macara, 2007). Dentre elas, a PAR-4 é

destacada por polarizar completamente células individuais. Essa proteína é transportada do

núcleo para o citosol pela proteína Strad, e a expressão de ambas ocasiona a formação de

citoesqueleto polarizado e de microvilosidades em células intestinais, mesmo na ausência de

contatos célula-célula (Baas et al., 2004). Um dos substratos de PAR-4 é a PAR-1, que se

localiza na membrana lateral e exclui PAR-3 desse domínio. PAR-3 forma um complexo com

PAR-6 e a proteína quinase C atípica (PKCa), que é mantida inativa no complexo PAR-3-

PKCa-PAR-6. Esse complexo é recrutado para a região de contato célula-célula, onde induz

sua formação através da interação com a molécula de adesão juncional (JAM) (Balda &

Matter, 2008; Miyoshi & Takai, 2008). Foi mostrado que as GTPases Cdc42 e Rac ativadas

podem se ligar em PAR-6 para organizar o citoesqueleto de actina (Georgeou et al., 2008), e

ainda, ativadores de Rac, denominados proteína de linfoma de célula T de invasão e metástase

(Tiam), podem se ligar em PAR-3 e organizar a formação de junções tight (JTs) (Chen &

Macara, 2005). Assim, o complexo PAR-3-PKCa-PAR-6 coordena a organização simétrica de

células epiteliais modulando os contatos célula-célula e o citoesqueleto polarizado (Georgeou

et al., 2008).

O complexo PAR pode atuar com o complexo CRB para regular a formação das

junções célula-célula. As proteínas CRB são exclusivas de membranas apicais e contatos

intercelulares, e são transmembranares com domínios de ligação em domínios PDZ e

domínios denominados FERM devido às iniciais das proteínas onde foram descobertos: 4.1

(four.one), ezrina, radixina, e moesina. Três isoformas de CRB foram descritas em

mamíferos, sendo CRB-3 a mais estudada em células epiteliais. CRB-3 estabiliza PAR-6 nas

junções nascentes modulando a formação de JTs (Iden & Collard, 2008). Posteriormente, foi

mostrado que a CRB-3 se associa com a proteína associada em JT com domínio PDZ (PATJ)

através da proteína associada com Lin sete (PALS1), formando o complexo CRB-

3/PALS1/PATJ, e interage com ZOs (Assémat et al., 2008). No entanto, o papel

desempenhado pelo complexo CRB e outros complexos proteicos na perda da polaridade

celular em CCR permanece por ser estabelecido, e cada vez mais estudos mostram a

importância da redistribuição das proteínas desses complexos durante a migração de células

epiteliais (Dow et al., 2007; Du et al., 2010). A Figura 5 ilustra de forma simplificada o

7

modelo proposto de exclusão mútua entre os complexos Scribble/PCP e PAR/CRB para a

manutenção da polaridade apico-basolateral.

Figura 5. Complexos envolvidos na polaridade epitelial. O complexo PAR é constituído pelas proteínas PAR3-PKCa-PAR6 e o Crumb compreende CRB, PALSJ e PATJ. Ambos se localizam nas JTs, e por isso são denominados complexos de polaridade apicais. No complexo Scribble, as proteínas LGL e DLG apresentam localização basolateral. A exclusão mútua entre os complexos Scribble e os complexos apicais controlam a polaridade apico-basal, e a fosforilação de LGL, PAR3 e CRB por PKCa mantém essa distribuição assimétrica. Adaptado de Iden & Collard, 2008.

A perda da polaridade celular e dos contatos célula-célula constitui um fenótipo

comumente observado em diferentes tipos de câncer. Estes eventos não representam somente

uma consequência da transformação celular, mas contribuem diretamente na tumorigênese,

visto que as proteínas que integram os contatos intercelulares atuam como supressoras

tumorais. Ainda, alterações na localização, fosforilação, glicosilação e expressão de proteínas

dos contatos célula-célula e dos complexos de polaridade medeiam a ativação de vias de

sinalização que regulam a proliferação e a migração celular.

I.3 Complexo juncional Apical (CJA)

O complexo juncional, representado na Figura 6, é a estrutura responsável pela

manutenção dos contatos entre células vizinhas epiteliais, sendo constituído por junções

comunicantes (GAP), desmossomos, JTs e JAs (Thiery & Sleman, 2006). Resumidamente, as

junções GAP são canais que intercomunicam o citoplasma de células adjacentes realizando a

troca direta de pequenos componentes citoplasmáticos. Em humanos, essas junções são

8

formadas por vinte e uma isoformas de conexinas, proteínas que se agregam em torno de um

poro central formando um hexâmero chamado hemicanal ou conexon (Maeda & Tsukihara,

2010). Os desmossomos são junções de adesão estáveis encontradas em tecidos expostos a

altos níveis de estresse mecânico, incluindo o trato gastrintestinal (TGI), relacionadas com a

integridade tecidual. São morfologicamente bem definidos como duas placas eletrondensas

idênticas entre células justapostas, associadas pela ancoragem aos filamentos intermediários

(FIs). Além de mediarem a adesão celular, tem-se postulado um papel para os desmossomos

na diferenciação celular e transdução de sinal (Thomanson et al., 2010).

Atualmente, tem sido utilizada a terminologia complexo juncional apical para designar

apenas as JTs e JAs (Ivanov et al., 2004a), que se ancoram ao citoesqueleto de actina. As JTs

são as principais estruturas responsáveis pelo controle da permeabilidade, bloqueando a livre

difusão de moléculas e íons através da via paracelular, assim como a difusão de moléculas

entre os domínios apical e basolateral, participando da manutenção da polaridade celular

(Miyoshi & Takai, 2008). Já as JAs são as principais responsáveis pela adesão física entre

células adjacentes, participando também na manutenção da polaridade celular e controle da

proliferação celular (Nelson, 2003; Niessen, 2007).

Figura 6. Organização e composição molecular do complexo juncional. O complexo juncional é formado por JTs, na região mais apical da célula, e JAs, logo abaixo, formando o CJA; desmossomos, que formam placas densas ancoradas em filamentos intermediários; e junções comunicantes, que formam canais de conexinas (não representadas). O esquema mostra ainda que as JTs são responsáveis pela manutenção da via paracelular (difusão de íons e solutos), indicada pela seta amarela. Adaptado de Steed et al., 2010.

9

I.3.1 Junções tight (JTs)

As JTs são essenciais para a funcionalidade da barreira semipermeável do epitélio e a

polaridade celular. Seus constituintes incluem proteínas integrais com um domínio

transmembranar, JAM; com quatro domínios transmembranares, ocludina, claudinas e

tricelulina; proteínas citoplasmáticas que associam as JTs ao citoesqueleto de actina, ZOs e

cingulina; e os complexos de polaridade celular PAR e CRB (Figura 7).

As JAMs apresentam duas imunoglobulinas no domínio extracelular, e medeiam

adesão célula-célula homotípica de forma independente de cálcio, sendo localizadas em JTs e

JAs. Compreendem os membros JAM-A, -B, -C, a proteína receptora associada a CAR

(cocksakie e adenovírus), molécula de adesão seletiva de célula endotelial (ESAM) e JAM4.

As JAMs interagem com as proteínas das JTs ocludina, cingulina, ZO-1, entre outras, sendo

importantes na correta localização das mesmas. Conforme já mencionado, as JAMs modulam

a polaridade celular através da interação com proteínas do complexo PAR (Balda & Matter,

2008), mas também são importantes na manutenção da permeabilidade paracelular e da

interação célula-matriz extracelular (MEC) (Mandell et al., 2005). Posteriormente, foi

mostrado que JAM-A inibe a migração de células de câncer de mama (Naik et al., 2008).

A ocludina, primeira proteína transmembranar da JT identificada, possui seus

domínios amino- e carboxi-terminais (N- e C-terminal, respectivamente) no citoplasma. Os C-

terminais são sítios de ligação para as proteínas ZOs, quinases, fosfatases e GTPases. Além

disso, a ocludina interage com o citoesqueleto de actina diretamente, ou através da cingulina e

as três isoformas de ZO (Paris et al., 2008); e com a E3 ubiquitina ligase denominada Itch

pelo domínio N-terminal, que ocasiona a degradação da ocludina por proteassomo (Traweger

et al., 2002). Em células epiteliais em repouso, a ocludina encontra-se predominantemente

hiperfosforilada em resíduos serina e treonina, e em complexo com ZO-1. Em células

epiteliais de cólon a ocludina pode ser fosforilada em resíduo serina e treonina por proteína

quinase C (PKC), modulando positivamente a função de barreira das JTs (Suzuki et al.,

2009). Já a fosforilação em resíduos de tirosina reduz sua interação com ZO e está relacionada

com o aumento da permeabilidade em células epiteliais (Kale et al., 2003). No entanto, um

estudo utilizando camundongos deficientes em ocludina, mostrou que a permeabilidade

paracelular intestinal nesses animais não era alterada, e foi sugerido o envolvimento dessa

proteína na diferenciação epitelial (Schulzke et al., 2005). Um estudo recente mostrou que a

localização de ocludina fosforilada em tirosina no fronte de monocamadas celulares é

necessária para o recrutamento das proteínas do complexo de polaridade PAR-3 e PATJ, e na

10

formação de estruturas necessárias para a migração celular polarizada (Du et al., 2010),

indicando um importante papel para ocludina em câncer.

A família das claudinas compreende aproximadamente vinte e quatro membros em

humanos, possuem seus domínios N- e C-terminal no citoplasma, e o C-terminal contém um

domínio PDZ para interação com proteínas que também contêm esse domínio, por exemplo,

as proteínas de polaridade PAR-3 e -6, PALS, multi-PDZ (MUPP-1) e ZO-1, -2 e -3. A

interação das claudinas é homotípica e permite a passagem seletiva de íons, indicando sua

principal função de regular a permeabilidade paracelular (Paris et al., 2008). Foi mostrado que

a claudina-1 possui um papel crucial na função de barreira da epiderme, já que os

camundongos deficientes para essa proteína exibem desidratação severa por consequência de

excessiva perda transepidérmica de água (Furuse et al., 2002). As diferenças entre as

propriedades de barreira das JTs podem ser justificadas por uma composição heterogênea de

claudinas em diferentes tecidos epiteliais. Por exemplo, nas criptas intestinais, que são

fracamente resistentes à permeabilidade paracelular, a claudina-2 reduz a resistência elétrica

transepitelial (RET); já em tecidos com alta resistência, como a porção distal dos néfrons, as

claudinas-7 e -8 aumentam a RET (Oliveira & Morgado-Díaz, 2007). É importante ressaltar

que as claudinas podem ser reguladas por fosforilação, por exemplo, a claudina-5 pode ser

fosforilada por proteína quinase dependente de AMP cíclico (PKA) (Soma et al., 2004);

transcrição, através do repressor transcricional Snail (Ikenouchi et al., 2003) e do fator de

transcrição sox-9 (Darido et al., 2008); por fatores de crescimento; e ainda podem interagir

com as metaloproteases de MEC (MMPs) -2 e -14 (Paris et al., 2008). Além disso, as

claudinas-1, -3 e -4 encontram-se aumentadas em CCR humano, embora não funcionais

(Oliveira et al., 2005) e o aumento de claudina-4 em linhagens de CCR humano induziu perda

da funcionalidade das JTs e aumento da migração celular e expressão de MMP-2 (Takehara et

al., 2009). A função e importância das claudinas em epitélios e em diversos carcinomas foram

revisadas por Oliveira & Morgado-Díaz, 2007.

As quatro isoformas de tricelulinas descritas em humanos apresentam seus domínios

C- e N-terminais citoplasmáticos (Ikenouchi et al., 2005) e localização predominante nos

pontos de contato entre três células, denominados tricelulares (tJTs), mas também em contatos

bicelulares (bJTs) (Figura 7B). Foi mostrado que a tricelulina modula a permeabilidade

paracelular de células epiteliais nesses dois tipos de JTs, mas as tJTs são de fundamental

importância na permeabilidade a macromoléculas (Krug et al., 2009). No entanto,

camundongos nocautes para tricelulina apresentaram apenas deficiências auditivas sem afetar

outros tecidos onde as JTs desempenham funções essenciais, indicando que outras proteínas

11

das JTs poderiam compensar a ausência de tricelulina, bem como de ocludina. Dessa forma,

foi identificada a proteína MarvelD3, que interage com tricelulina nas tJTs e com ocludina nas

bJTs (Raleigh et al., 2010).

As ZOs (-1, -2 e -3) são proteínas citoplasmáticas pertencentes à família de guanilato

quinases associadas à membrana (MAGUKs), e interagem com proteínas transmembranares

das JTs através do seu domínio PDZ na região N-terminal e com o citoesqueleto de actina

através do domínio C-terminal. As ZOs também podem interagir com proteínas das JAs em

células que não formam JTs e são importantes na formação correta do eixo apico-basal, pois a

ausência das suas três isoformas em células epiteliais resulta na perda da formação de JTs

(Umeda et al., 2006). Além disso, foi relatado que a perda da interação entre PALS1 e ZOs

causa defeitos na biogênese do CJA (Wang et al., 2007). Os domínios guanilato quinase

(GUK), pelo qual ocorre a interação com ocludina, e o homólogo a Src (SH3) de ZO-1, são

importantes na interação com a proteína ligadora de ácido nucleico associada a ZO (ZONAB),

proteínas quinase e proteínas G (Matter & Balda, 2007). Embora existam controvérsias sobre

a localização das ZOs no núcleo, essas proteínas regulam a localização de fatores de

transcrição, inclusive de ZONAB. A interação entre ZO-1 e ZONAB resulta na localização

citosólica desta última, inibindo genes do ciclo celular. É interessante notar que o alvo desse

fator de transcrição é o gene de E2F, comumente superexpresso em carcinomas (Balda et al.,

2003). A ZO-2 também regula o ciclo celular, através da repressão transcricional da ciclina

D1 (Huerta et al, 2007).

Outras proteínas recrutadas para as junções célula-célula podem apresentar localização

nuclear e regular a transcrição gênica, como simplequina, proteína ativadora 1 (AP-1) e SAF-

B, embora com funções ainda não esclarecidas (Matter & Balda, 2007). Recentemente foi

mostrado um aumento de simplequina nuclear em amostras de pacientes com CCR. Esse

estudo mostrou que a inibição dessa proteína foi suficiente para reduzir a proliferação celular

e a tumorigenicidade em camundongos, bem como de reduzir os níveis de ZONAB nuclear e

induzir a polarização celular. Esses eventos foram mediados através da redução da expressão

de claudina-2, e indicaram uma importante função para a simplequina na tumorigênese

(Buchert et al., 2010). Outras proteínas adaptadoras identificadas, mas com funções pouco

compreendidas, incluem cingulina, MUPP-1, proteína guanilato quinase invertido associada à

membrana (MAGI), entre outras (Balda & Matter, 2008).

12

Figura 7: Composição molecular das JTs. A) As JTs são compostas pelas proteínas JAM, ocludina e claudinas, que se ancoram ao citoesqueleto de actina através das ZOs e proteínas dos complexos de polaridade celular. B) Distribuição das proteínas das JTs nas tJTs e bJTs. Adaptado de Chiba et al, 2008 (A); Raleigh et al., 2010 (B).

I.3.2 Junções aderentes (JAs)

As JAs fornecem uma adesão celular flexível e dinâmica, e regulam a inibição por

contato do crescimento celular. Em nível molecular, as JAs podem ser subdivididas em dois

tipos de complexos de adesão, ilustrados na Figura 8A: o complexo nectina/afadina e o

complexo E-caderina/catenina (Niessen & Gottardi, 2008).

As caderinas são glicoproteínas transmembranares que medeiam a adesão celular

através de interação homofílica dependente de cálcio, e interagem com proteínas da família

das cateninas através do seu domínio citoplasmático (Niessen, 2007). São subdivididas em

seis subfamílias: caderinas clássicas do tipo I e do tipo II, caderinas desmossomais, caderinas

transmembranares de sete passagens, grandes caderinas e protocaderinas (Stemmler, 2008). A

E-caderina, integrante da subfamília de caderinas clássicas do tipo I, é a principal proteína

transmembranar de células epiteliais. Essa proteína possui cinco domínios extracelulares de

caderina repetitivos (EC), um domínio justamembranar (JMD), e um domínio de ligação em

catenina (CBD) (Hartsock & Nelson, 2008). As E-caderinas se associam lateralmente

formando homodímeros através dos domínios EC, de forma dependente de cálcio, atuando na

manutenção da adesão intercelular.

A perda dos contatos célula-célula e concomitante perda de E-caderina aumenta a

motilidade celular, invasividade e metástase (Onder et al., 2008). Por exemplo, foi relatado

que, a proteína tirosina fosfatase (PTP) que contém a sequência peptídica rica em prolina (P),

ácido glutâmico (E), serina (S) e treonina (T) (PEST), localizada nas JAs, suprime a migração

de células de câncer de cólon através da formação de contatos mediados por E-caderina

A B

13

(Espejo et al., 2010). A expressão da E-caderina é negativamente regulada pelos fatores

transcricionais Snail, Slug, Twist, E12 (E47, TCFE2A), SIP1 (ZEB2) e δEF1 (ZEB1). Esses

fatores se ligam na sequência E-box do promotor da E-caderina, reprimindo sua transcrição, o

que é comumente observado em tumores (Wheelock et al., 2007). Ainda, na progressão de

alguns carcinomas pode ser observada a clivagem do domínio extracelular da E-caderina

pelas MMP-2, -9 e -14, resultando na E-caderina solúvel (sE-cad) e na liberação do seu

domínio intracelular para o citoplasma. Subsequentemente, a sE-cad pode se associar ao

domínio extracelular da E-caderina de células adjacentes e desorganizar as JAs. Já o domínio

intracelular pode ser translocado para o núcleo onde ativa genes relacionados com o processo

tumorigênico, como ciclina D1, AP-1 e transdutor de sinal e ativador de trascrição (STAT)

(Symowicz et al., 2007). Eventos epigenéticos também estão envolvidos na redução da

expressão de E-caderina durante a progressão tumoral, como a hipermetilação de um sítio

próximo a sua região promotora em carcinomas de mama, próstata e colorretal, e a

deacetilação da histona H3 em CCR (Liu et al., 2008). Mais recentemente, foi descrito o fator

de transcrição específico de intestino Cdx2, que aumenta o tráfego de E-caderina para a

membrana, regula positivamente a adesão célula-célula e reduz a migração celular (Funakoshi

et al., 2010).

Conforme mencionado, a E-caderina interage com proteínas da família das cateninas

por seu domínio CBD. Essa interação, com β-catenina e γ-catenina, ocorre de forma

mutuamente exclusiva, e com a α-catenina de forma dinâmica através da β-catenina (Hartsock

& Nelson, 2008). A α-catenina se liga direta ou indiretamente ao citoesqueleto de actina

através de α-actinina, vinculina, ZO-1, afadina e formina (Drees et al., 2005). A α-catenina

também é importante para o recrutamento de uma proteína denominada EPLIN, impedindo

sua função de despolimerizar actina (Abe & Takeichi, 2008). Vale ressaltar que a perda de α-

catenina ocorre em linhagens celulares tumorais, incluindo de CCR. No entanto, mutações no

gene que codifica esta proteína não têm sido observadas em tumores humanos, indicando que

a redução da sua expressão ocorre por inativação epigenética ou modificações pós-

traducionais (Benjamim & Nelson, 2008). Ainda, células epiteliais onde foi induzida a perda

de α-catenina apresentaram-se hiperproliferativas, multinucleadas e com aumento na

migração celular, e com adesões intercelulares desorganizadas (Vasioukhin et al., 2001). O

acúmulo citosólico de α -catenina também tem sido associado ao potencial tumorigênico, o

que ocorre pela redução da interação entre α- e β-catenina por fosforilação mediada por fator

de crescimento epidérmico (EGFR) e proteína quinase derivada de sarcoma (Src), ou

14

competição para ligação em proteína ativada por GTPase com motivo IQ (IQGAP), uma

proteína recrutada pela GTPase Rac para os contatos célula-célula, que será descrita adiante

(Benjamim & Nelson, 2008). Ainda, na ausência de contatos célula-célula, a α -catenina foi

observada no núcleo de linhagens de câncer de cólon (El-Bahrawy et al., 2002). A vinculina,

por sua vez, se localiza nas JAs ligando-se em α-catenina e actina filamentar (F-actina) e nos

contatos de adesão com a MEC (Niessen & Gottardi, 2008).

É bem estabelecido que a ligação de β-catenina em E-caderina mantém uma adesão

completa, e ainda previne a degradação de E-caderina por proteólise (Maher et al., 2009). A

β-catenina interage com uma proteína tirosina fosfatase de baixo peso molecular (LMW-PTP,

low molecular weight) que impede a fosforilação de E-caderina, prevenindo assim o

recrutamento da E3 ubiquitina ligase Hakai, que promove sua ubiquitilação (Fujita et al.,

2002). Além disso, a β-catenina é regulada pelo gene APC, comumente mutado em CCR. A

mutação em APC ou em β-catenina regula a via de sinalização Wnt, na qual proteínas

solúveis Wingless (Wnt) secretadas por células do estroma se associam aos receptores Fz e

LRP5/6. Essa associação (Figura 7B) desencadeia uma cascata de sinalização que impede que

o complexo formado pelas proteínas APC/Axina/caseína quinase 1α (CK1α)/ glicogênio

sintase quinase 3β (GSK3β) direcione a β-catenina para degradação por proteossomo,

ocasionando seu acúmulo no citoplasma e posterior translocação para o núcleo. No núcleo, a

β-catenina atua como cofator de transcrição de genes que participam da proliferação celular e

da apoptose, como o fator de célula T (TCF) (Flier & Clevers, 2009).

Portanto, o complexo E-caderina-β-catenina estável modula a localização e função da

β-catenina, pois sua localização nuclear culminaria na ativação de fatores de transcrição

(Maher et al., 2009). No entanto, a regulação de β -catenina é complexa e essa proteína pode

ser fosforilada em vários resíduos: na tirosina 654 resulta em dissociação de E-caderina; na

tirosina 142 impede sua ligação em α -catenina e resulta no aumento da transcrição de genes

alvos da via Wnt; e na região N-terminal de β-catenina, a fosforilação nos resíduos serina

33/37/41 leva a sua degradação, e no resíduo serina 45 parece modular a sua localização

nuclear. Ainda, a fosforilação de β-catenina na região N-terminal é necessária para sua

localização no fronte invasivo de células migratórias de CCR (Faux et al., 2010). Além disso,

a β-catenina se liga diretamente em EGFR, indicando seu papel na sinalização intracelular, e

na inibição do crescimento por contato (Niessen, 2007). A p120-catenina é outro membro das

JAs e se associa ao domínio JMD da E-caderina, sendo responsável pela regulação local de F-

15

actina através da modulação da atividade de GTPases homólogas a Ras (Rho) e estabilidade

do complexo caderina-catenina (Anastasiadis, 2007).

As nectinas pertencem à superfamília das imunoglobulinas, que compreende as

nectinas-1,-2,-3 e -4. A maioria das suas isoformas contém um motivo na região C-terminal

que se liga ao domínio PDZ da afadina que, por sua vez, possui um domínio de ligação às

proteínas ligadoras de F-actina (α-catenina e ZO-1), e também pode se ligar em Ras. Nectinas

e afadinas participam da formação de JAs e JTs (Niessen & Gottardi, 2008). Embora tenha

sido mostrado que as nectinas podem interagir com α- e p120-catenina, não se conhece como

pode ocorrer a inter-relação entre o complexo E-caderina e nectina (Niessen, 2007). Estudos

têm mostrado que a redução da expressão de nectina-1α está associada ao aumento do

potencial maligno em queratinócitos (Matsushima et al., 2003) e que sua superexpressão está

associada com a formação da JAs em células de câncer gástrico (Peng et al., 2002). Outra

proteína pouco descrita que também pode ser encontrada nas JAs é a MAGI, que possui seis

domínios PDZ ancorando as JAs em F-actina, e ativa vias de sinalização importantes para a

biogênese do CJA (Niessen, 2007; Zhang et al., 2007a).

Figura 8: Composição molecular das JAs e participação da β -catenina na via de sinalização Wnt. A) E-caderina e nectina associam-se ao citoesqueleto de actina através de α-catenina ou afadina, respectivamente. A α-catenina mantém a polimerização de actina no contato célula-célula, mas não se liga nas JAs e actina simultaneamente. A ligação de β -catenina impede a proteólise da E-caderina, e a p120-catenina estabiliza as JAs. B) Na ausência de estimulação (i), baixos níveis de β -catenina são mantidos através da sua fosforilação pelo complexo APC/CKI/GSK3/axina que induz sua degradação via proteossomo. Com a ativação da via Wnt (ii), os ligantes dos receptores Fz/LRP induzem a inibição do complexo proteico, impedindo a degradação da β -catenina, que acumula no citosol e pode ser direcionada ao núcleo, onde atua como fator transcricional em complexo com TCF. Adaptado de Niessen & Gottardi, 2008 (A); Flier & Clevers, 2008 (B).

E-caderina nectina

i ii

Degradação via proteossomo

a f a d i n a

B A

16

I.4 Citoesqueleto de actina

O citoesqueleto organiza o conteúdo celular, conecta física e bioquimicamente a célula

com o ambiente externo e gera forças coordenadas capazes de mover a célula ou modificar

sua forma. Essa estrutura pode ser definida como uma rede dinâmica de proteínas, composta

por três tipos de filamentos proteicos: microtúbulos (MTs), filamentos intermediários (FIs), e

F-actina ou microfilamentos. Resumidamente, os MTs são polímeros compostos por

heterodímeros de tubulina α e β. Em células epiteliais, a maioria dos MTs não está ancorada

ao centrossomo como em outros tipos celulares, pois a formação dos contatos célula-célula e a

polarização celular envolvem a migração dos centríolos para a superfície apical, permitindo o

arranjo apico-basal (Harris & Tepass, 2010). Recentemente, tem sido mostrado que os MTs

regulam a biogênese das JAs e interagem diretamente com p120-catenina (Meng et al., 2008).

Os FIs constituem um sistema citoplasmático que conecta os desmossomos, proporcionando

resistência tensional às células e tecidos, e também formam a lâmina nuclear. Estruturalmente,

os FIs citoplasmáticos são tetrâmeros formados a partir de uma ligação anti-paralela entre dois

dímeros formados por uma haste central em α-hélice flanqueada pelos domínios N- e C-

terminais. Os FIs são agrupados pela homologia de suas sequências, e se expressam de acordo

com a diferenciação celular; por exemplo, células musculares diferenciadas expressam

predominantemente desmina, mas suas precursoras expressam vimentina (Herrmann et al.,

2007). Células epiteliais são constituídas por diferentes filamentos de queratina, mas células

com alto potencial invasivo e baixa expressão de E-caderina podem expressar vimentina,

conforme descrito adiante (Zhao et al., 2008b).

A actina determina a morfologia celular, fornecendo a base estrutural para a

motilidade, contratilidade, e transporte intracelular. Em mamíferos, há seis isoformas de

actina, sendo as quatro α musculares, e as β e γ ubiquitosamente expressas. Postula-se que as

isoformas β e γ executem funções celulares distintas em virtude das suas diferentes

especificidades com proteínas ligadoras de actina e diferente localização subcelular (Perrin &

Ervasti, 2010). Ainda, tem sido mostrada a localização nuclear de β -actina em resposta ao

estresse, assim como de proteínas ligadoras de actina, por exemplo, zixina, cofilina e

profilina. Acredita-se que a actina nuclear desempenhe funções estruturais e regulatórias na

remodelagem de cromatina e na transcrição (Bettinger et al., 2004). Em monocamadas de

células epiteliais polarizadas, a F-actina citoplasmática é distribuída na porção basal, como

fibras de estresse que mantêm a ancoragem da célula ao substrato; apical, como feixes de

actina nos sítios de adesão célula-célula conhecidos como anéis de actina e onde estão

ancoradas proteínas do CJA; e na porção central das vilosidades. Em adição, a F-actina forma

17

o córtex celular logo abaixo da membrana plasmática e controla os movimentos da superfície

celular através da interação com moléculas de miosina (Nelson, 2003).

Os microfilamentos formam-se a partir da actina globular (G-actina), que se liga em

ATP para ligar-se em outra G-actina e formar a F-actina, uma fita polarizada de dupla hélice

que apresenta uma região de crescimento rápido ou terminal+ e uma de crescimento lento ou

terminal-. A polimerização ocorre quando a G-actina-ATP se liga em F-actina, havendo a

hidrólise do ATP em ADP, e a liberação de um fosfato inorgânico. A adição de G-actina-ATP

ocorre preferencialmente no terminal+, e a dissociação de monômeros-ADP no terminal-. Pode

também ocorrer um evento denominado treadmilling, onde há um balanço entre o número de

moléculas que são adicionadas aos terminais+ e - (Disanza et al., 2005).

Mais de cento e cinquenta proteínas contêm domínio de ligação em actina, e aquelas

que alteram sua organização podem ser agrupadas de acordo com sua função: 1) proteínas que

se ligam em monômeros, sequestram G-actina e previnem sua polimerização, como a

profilina; 2) proteínas que despolimerizam filamentos no terminal- e induzem a conversão de

F-actina para G-actina, fornecendo monômeros para a montagem de filamentos no terminal+,

como a despolimerizante de actina (ADF)/cofilina; 3) proteínas que bloqueiam o terminal+

dos filamentos bloqueando sua elongação e permitindo que a polimerização ocorra de forma

tempo e espaço específicos, como a tropomodulina e a gelsolina; 4) proteínas que cortam a F-

actina em duas partes, como a gelsolina; 5) proteínas nucleadoras que se ligam em actina e

iniciam a formação de nova F-actina a partir de filamentos pré-existentes originando feixes

altamente ramificados, como o complexo de proteínas relacionadas à actina (Arp) 2/3 e

forminas; 6) proteínas estabilizadoras, que previnem a despolimerização da actina, como a

tropomiosina; e 7) proteínas motoras constituídas por dois pares de cadeias leves e duas

cadeias pesadas que se ligam em actina e hidrolizam ATP, como a miosina 2 em epitélios.

Vale ressaltar que essas proteínas não se restringem a apenas um desses grupos, podendo

executar mais de uma dessas funções, por exemplo, a profilina não só previne a polimerização

de F-actina, mas também facilita a troca de nucleotídios (de ADP para ATP) dos monômeros

de actina (Dos Remedios et al., 2003).

I.4.1 Inter-relação entre o CJA e o citoesqueleto de actina

Dentre as evidências que sugerem a participação da F-actina na biogênese e função do

CJA, além da interação direta com seus componentes (ZO-1, α-catenina e afadina), como

ilustrado na Figura 9, pode-se mencionar: a) a remodelagem do CJA é concomitante à

reorganização da actina perijuncional (Ivanov et al., 2004a); b) a desorganização da F-actina

18

por drogas previne a formação do CJA (Yamada et al., 2004); c) o rompimento do CJA pode

ser desencadeado por GTPases Rho, moduladores da F-actina (Hopkins et al., 2003; Ivanov,

2008); d) a proteína de JA p120-catenina modula a ativação de Rho e inibição de Rac, que

modulam F-actina (Anastasiadis, 2007); e) A mutação de E-caderina em seu domínio de

ligação nas proteínas adaptadoras, que ancoram as JAs em F-actina, inibe a adesão celular

(Miyoshi & Takai, 2008); e f) proteínas moduladoras de actina localizam-se nas JAs, por

exemplo α-actinina, cortactina, Arp2/3, fosfoproteína estimulada por vasodilatador

(Ena/Vasp), proteína homóloga a verprolina da família WASP (WAVE), proteína da

síndrome Wiskott Aldrich (WASP) (Niessen & Gottardi., 2008) e miosina2 (Smutny et al.,

2010). No entanto, ainda não está bem esclarecido como o CJA e F-actina se inter-relacionam

para regular a atividade migratória de células epiteliais tumorais e quais vias de sinalização

regulam este evento.

Figura 9. Proteínas adaptadoras do CJA que se ligam em actina. A Figura mostra a estrutura das proteínas ZO-1, α-catenina e afadina. Essas proteínas contêm domínios de ligação em actina na região C-terminal, podem interagir com diferentes proteínas (em azul) e também podem interagir entre si. Abreviações: SH3, domínio homólogo a Src3; GUK, domínio guanilato quinase; VH1-3, domínio homólogo a vinculina1-3; RA, domínio associado a Ras; FHA, domínio associado a forkhead (de sinalização nuclear e interação com proteínas fosforiladas); DIL, domínio dilute (de interação proteína-proteína); e PR, domínio rico em prolina. Adaptado de Miyoshi & Takai, 2008.

19

I.5 Componentes de vias de sinalização envolvidas na modulação do CJA e do

citoesqueleto de actina

Dentre as vias de sinalização celular relacionadas ao processo tumorigênico e

aquisição do fenótipo maligno, serão abordados os componentes relacionados à modulação do

CJA e do citoesqueleto de actina, particularmente as proteínas quinases, tais como Src,

proteína quinase ativada por mitógeno (MAPK), EGFR, fosfatidil-inositol-3-quinase (PI3K),

PKA e, finalmente as GTPases Rho.

I.5.1 Proteínas quinases

A Src pertence a uma família de proteínas tirosinas quinase dividida nas subfamílias

Src (Src, Yes, Fyn e Fgr) e Lyn (Lyn, Hck, Lck e Blk). A Src possui quatro domínios SH, um

N-terminal miristoilado que a ancora à membrana, e um C-terminal contendo o resíduo

tirosina 530, cuja fosforilação pela Src quinase C-terminal (Csk) ou sua homóloga (Chk)

resulta numa conformação fechada e inativa da proteína. A desfosforilação dessa tirosina

permite que Src adote uma conformação aberta e ativa, mas sua completa ativação requer a

autofosforilação no resíduo tirosina 416/419 no domínio catalítico (Figura 10). A perda do

domínio C-terminal implica no aumento da atividade de Src e do potencial de transformação

celular. Alternativamente, Src também pode ser ativada pela interação direta com proteínas

quinase como EGFR e quinase de adesão focal (FAK) através do seu domínio SH2,

impedindo as associações intramoleculares inibitórias de Src (Wozniak et al., 2004).

A Src é mantida no seu estado inativo por supressores, e pode ser ativada de forma

transiente na mitose, ou de forma constitutiva por mutação. No entanto, mutações que ativam

Src são raras e não justificam a frequente superexpressão e/ou ativação de Src em CCR. Src

fosforila FAK para regular os contatos célula-MEC, modula a formação de lamelipódios, a

proteólise da MEC e a expressão de fator de crescimento vascular endotelial (VEGF),

relacionados à migração, invasão e angiogênese (Mitra & Schlaepfer, 2006). Ainda, linhagens

tumorais com alta atividade de Src são mais móveis e invasivas in vitro (Frame, 2004), e a

superexpressão de Src induz fenótipos de transformação celular, incluindo crescimento

independente de ancoragem e tumorigenicidade in vivo (Oneyama et al., 2008).

Além disso, a proteína p120-catenina foi identificada como substrato de Src, indicando

que essa quinase pode regular o CJA. Foi então mostrado que a inibição de Src previne a

desorganização de JTs em células epiteliais (Basuroy et al., 2003) e a translocação de β-

catenina para o núcleo em células de câncer de cólon, reduzindo o crescimento e a migração

celular, e aumentando a adesão célula-célula (Coluccia et al., 2006). Também em células de

20

câncer de cólon, a ativação de Src restaurou a localização de E-caderina nas JAs de forma

dependente de integrina, apontando Src como mediadora entre os contatos célula-célula e

célula-MEC (Avizienyte et al., 2002). Portanto, Src desempenha um papel dual nas JAs,

podendo modular positiva ou negativamente os contatos mediados por E-caderina,

dependendo do estímulo celular (Shindo et al., 2008).

Figura 10: Configurações de Src inativa e ativa. Na ativação basal ou inativação de Src, o domínio SH2 interage com o resíduo tirosina 530 fosforilado na região C-terminal. Nessa condição, o domínio quinase SH1 e o SH3 também interagem, resultando numa estrutura molecular fechada. Já na sua ativação, mediada por integrinas ou por receptores de tirosina quinase, a interação intramolecular entre SH1 e SH3 é desfeita resultando na configuração molecular aberta, onde o resíduo tirosina 530 é desfosforilado e o 416/419 fosforilado. Adaptado de Aleshin & Finn, 2010.

A PKA é uma serina treonina quinase heterotrimérica ativada pela interação com o

AMP cíclico (AMPc), um segundo mensageiro gerado através de receptor acoplado em

proteína G (GPCR). PKA compreende dois domínios regulatórios (R) e dois catalíticos (C).

Os domínios R apresentam três funções: a) mantêm a enzima inativa; b) liberam o domínio C

quando duas moléculas de AMPc se ligam em cada R; e c) são responsáveis pela dimerização

e ligação em proteínas de ancoragem em quinase-A (AKAP), que integram múltiplos sinais de

fosforilação. É sugerido que a inibição de PKA seja requerida para aumentar a adesão célula-

célula e célula-MEC, e para reduzir a migração celular (Pidoux & Taskén, 2010). A ativação

de PKA regula as GTPases: inibe RhoA por fosforilação direta ou de uma proteína regulatória

de Rho (Qiao et al., 2008) e, apesar de Rac não ter sítio para ser fosforilada por essa quinase,

suas proteínas ativadoras Tiam-1 e a proteína domínio triplo funcional (Trio), podem ser

fosforiladas por PKA. PKA tem múltiplos substratos, mas sua ativação é compartimentalizada

através de gradientes de AMPc produzidos localmente e pelo recrutamento por AKAPs

21

específicas para cada função celular (Figura 11). Por exemplo, foi observado que células de

câncer de cólon migratórias sobre laminina apresentam gradientes de PKA ativa a partir do

fronte de migração, restrita à superfície basal das células (Paulucci-Holthauzen et al., 2009).

Figura 11: Regulação da ativação de PKA. GPCR ativa localmente a adenilato ciclase, que gera AMPc (círculos vermelhos), evento limitado pelas fosfodiesterases (PDEs). O GPCR é confinado em domínios específicos da membrana celular e, através de AKAPs, as estruturas subcelulares podem recrutar PKA. Adaptado de Pidoux & Taskén 2010.

A cascata das MAPKs é a transdução de sinal mediada pela ativação sequencial das

proteínas Raf-MEK-ERK. Essa via pode ser ativada por Ras ou EGFR (Figura 12). As Raf

quinases (ou MAPKKK) catalisam a fosforilação e ativação de MEK1 e 2 (MAPKK) que, por

sua vez, medeiam fosforilação em resíduo tirosina e treonina nos seus únicos substratos, as

quinases reguladas por sinal extracelular 1 ou 2 (ERKs ou MAPKs). As MAPKs são serina

treonina quinases inicialmente caracterizadas como transdutoras de sinais proliferativos, pois

sua ativação pela via EGFR-Ras-Raf-MEK induz a expressão de ciclina D. São divididas em

três subgrupos: as c-Jun N-terminal quinases (JNKs), as p38 e as ERKs (Roskoski Jr, 2010).

A perda da expressão de JNK1 diminuiu a proliferação e a migração em células de

hepatocarcinoma (Zhang et al., 2010); porém, trabalhos também relataram a participação de

JNK em processos pró-apoptóticos induzidos por quimioterápicos, mostrando que sua

ativação depende do contexto celular (Johnson & Nakamura, 2007). Em camundongos, a

perda de expressão de JNK1 aumentou a atividade trancricional de β-catenina, regulando a

formação de tumores intestinais (Hu et al., 2008). Foi também mostrado que JNK é ativada

pela GTPase Rho e sua efetora Rho-quinase (ROCK) na perda de adesão intercelular de

células de câncer de cólon (Naydenov et al., 2009). Nesse mesmo tipo celular, a inibição de

p38 suprimiu a proliferação celular e aumentou a apoptose (Tsuchiya et al., 2008) e em

carcinomas, foi mostrado que as ERKs aumentam a motilidade e invasão celular (Wu et al.,

2008), formação de CCR in vivo e metástase (Voisin et al., 2008). Vale destacar que a

22

redução da proliferação celular ocasionada pela inibição de ERK em células de câncer de

cólon com Ras ativa, pode ser compensada pela ativação de p38 (van Houdt et al., 2010),

indicando a interação entre os membros da família ERK.

Em humanos, a família de receptores ErbB ou EGFR é dividida nas subfamílias

EGFR, ErbB2, ErbB3 e ErbB4 . O EGFR é uma tirosina quinase transmembranar unipasso

ativada por ligação do fator de crescimento epidérmico (EGF) e do fator alfa de necrose

tumoral (TNF-α). Sob ativação, o EGFR homodimeriza ou forma heterodímeros com outros

membros da família ErbB. Isso estimula a fosforilação nos seus resíduos de tirosina no

domínio regulatório e subsequente ligação de moléculas, propagando a sinalização iniciada

por EGF extracelular até o núcleo, induzindo proliferação celular (Figura 12). Vários tipos de

carcinomas humanos apresentam aumento de expressão de EGFR, e a ativação de Src

potencializa seu efeito mitogênico (Tice et al., 1999). O EGFR também pode se associar com

E-caderina nas JAs, prevenindo a sua dimerização e subsequente aumento da migração,

proliferação e sobrevivência celular (Bremm et al., 2008), e com F-actina, o que reduz sua

autofosforilação (Tang & Gross, 2003).

Figura 12: Via de sinalização do EGFR. O EGF se liga no EGFR induzindo sua dimerização e autofosforilação em resíduos de tirosina. O receptor fosforilado recruta proteínas adaptadoras (Grb2/SOS) para ativar a via Ras-Raf-MEK-ERK e fatores de transcrição. Adaptado de Kolch et al., 2002.

As PI3Ks são tirosinas quinases lipídicas agrupadas em três classes, dependendo das

suas afinidades por substratos e homologia de sequência. As PI3Ks de classe I fosforilam

fosfatidil-inositol(PI)-4,5-bifosfato (PIP2) para gerar o segundo mensageiro PI-3,4,5-trifosfato

(PIP3). A PTEN reverte esse processo, sendo considerada uma supressora tumoral (Figura

13). A classe I é ainda subdividida de acordo com sua ativação por GPCRs ou receptores

tirosina quinases, como o EGFR. A geração de PIP3 causa o recrutamento da serina treonina

Transcrição gênica

Substrato no citosol e citoesqueleto

Substratos no núcleo

EGFR

Membrana celular

núcleo

Quinares

23

quinase Akt para a membrana, e sua subsequente ativação pela quinase dependente de

fosfoinositídeo-3 (PDK1), entre outras. A atividade de Akt está relacionada à migração,

invasão e proliferação celular, via ativação de vários substratos, por exemplo, inibindo

GSK3β (de Araújo et al., 2010). A PI3K pode atuar de forma independente de Akt, por

exemplo, fosforilando Rac para modular F-actina e a formação de lamelipódios. As classes II

e III de PI3K geram PIP3 a partir de PI, com funções relacionadas ao tráfego de membrana e

crescimento celular, e autofagia, respectivamente (Chalhoub & Baker, 2008).

Em CCR, 15% de tumores humanos apresentam mutações que levam a ativação de

PI3K e 9% a inibição de PTEN (Chalhoub & Baker, 2008). A superexpressão de PI3K de

classe I conferiu um fenótipo maligno em células epiteliais mamárias humanas (Zhao et al.,

2003), e a sua ativação aumentou a proliferação de células epiteliais intestinais (Sheng et al.,

2003). Além disso, é conhecido que a formação de JAs recruta PI3K e Akt para a membrana

plasmática, e nosso Grupo recentemente mostrou que a inibição farmacológica da via PI3K-

Akt induziu diferenciação celular, formação de contatos célula-célula funcionais e redução da

migração celular em linhagens invasivas de câncer de cólon (de Araújo et al., 2010).

Figura 13: Mecanismos de ativação da PI3K de classe I. A ativação dos receptores tirosina quinase ocasiona o recrutamento da subunidade regulatória p85 da PI3K e ativação da subunidade catalítica (p110 αβδ). Alternativamente, GPCRs podem se ligar na subunidade regulatória p101 de PI3K através da subunidade Gβγ, ativando a sua subunidade catalítica p110γ. Ambos os mecanismos levam a adição de fosfato ao PIP2 na posição 3 do anel inositol e geração de PIP3. PTEN defosforila PIP3 agindo como regulador negativo dessa via. Adaptado de Chalhoub & Baker, 2008.

I.5.2 Pequenas GTPases Rho

As pequenas GTPases pertencem à superfamília Ras, subdividida em 7 famílias: Ras,

que possui as isoformas H-, N-, e K-Ras; Ran; Rab, com aproximadamente 70 membros;

Rho, cujos membros mais descritos são RhoA, B e C, Rac 1 e 2 e Cdc42; Arf, dividida nos

24

grupos Arf, Sar e Arl; RAP1 e 2; e RAL1A e 1B (Vega & Ridley 2008). Estudos iniciais

mostraram que a inibição de Rho com a exoenzima C3 de Clostridium botulinum ocasionava

perda de fibras de estresse, arredondamento celular, e perda da adesão célula-MEC (Ridley &

Hall, 1992). Investigações subsequentes mostraram que as GTPases Rho são ativadas por

ligantes extracelulares, ocasionando modificações de membrana e do citoesqueleto em

fibroblastos: O tratamento com ácido lisosfatídico (LPA), que ativa Rho, induziu a montagem

de fibras de estresse e adesões focais (AFs), estruturas de contato célula-MEC. Já o tratamento

com o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF) e insulina, que ativam Rac e Cdc42,

induziu a formação de lamelipódios e filopódios, respectivamente (Hall, 1998). A partir daí, foi

mostrado o envolvimento dessas GTPases na regulação do crescimento, polaridade e adesão

celular, apoptose, sobrevivência e tráfego de vesículas (Benitah et al., 2004). Embora as

GTPases Rho regulem funções importantes na progressão do câncer e estejam superexpressas

em diferentes tipos de tumor, pouco se sabe sobre o papel delas em CCR.

As GTPases Rho são proteínas monoméricas com a capacidade intrínseca de clivar

guanosina trifosfato (GTP), e ciclam entre um estado ativo ligado em GTP, predominantemente

associado em membranas, e um inativo ligado em guanosina difosfato (GDP),

predominatemente no citoplasma (Figura 14). As proteínas que regulam esse ciclo são: a) o

fator de troca de nucleotídeo de guanina (GEF), com 82 membros, na qual apenas Tiam1 está

super-regulada em CCR. As GEFs catalisam a troca entre GDP por GTP para gerar a forma

ativada de Rho, capaz de reconhecer seus efetores downstream (Vega & Ridley, 2008; Malliri

et al., 2006), b) as proteínas ativadoras de GTPases (GAPs) compreendem 67 membros, cuja

função é acelerar a capacidade intrínseca de Rho para hidrolisar GTP, restaurando o estado

ligado em GDP, ocasionando então a inativação da GTPase. Apenas duas GAPs foram

relacionados ao CCR, a proteína denominada deletado em câncer de fígado-1 (DLC-1) e a

RhoGAP 8 (ARHGAP8) (Johnstone et al. 2004; Kim et al., 2009); e c) os inibidores de

dissociação de nucleotídeo guanina (GDIs), uma família com 3 membros (α, -β e -γ RhoGDI),

na qual RhoGDI α e β estão alterados em CCR (Polley et al., 2006; Saito et al., 2007; Zhao et

al., 2008a). Convencionalmente, RhoGDIs são inibidores de Rho porque mantêm as GTPases

no citosol. No entanto, estudos mostraram que RhoGDIs exibem afinidades similares por Rac e

Cdc42 ativas e inativas, indicando seu possível papel no transporte e compartimentalização das

GTPases ativas (Nomanbhoy & Cerione, 1996). A dissociação do complexo Rho-RhoGDI é

mediada pelos fatores de desacoplamento de GDI (GDFs), como o complexo ezrina-radixina-

moesina (ERM) e neutrotrofina R (Moissoglu et al., 2006). Além disso, as GTPases Rho ativas

adquirem uma mudança conformacional que as permitem interagir com aproximadamente 100

25

proteínas efetoras, que desempenham a função biológica de Rho propriamente dita (Vega &

Ridley, 2008). A Tabela 1 ilustra as GTPases Rho e suas proteínas regulatórias/efetoras com

expressão alterada em CCR. Além da expressão, a atividade de RhoA está aumentada em

linhagens de câncer de cólon invasivas (Rapier et al., 2010).

Algumas quinases podem regular tanto as GTPases Rho quanto suas proteínas

regulatórias. Por exemplo, PKA inibe RhoA por fosforilação do resíduo serina 188 (Qiao

Figura 14. Modelo mostrando o ciclo de ativação de GTPases da família Rho. As GTPases Rho ativas (RhoGTP) são estimuladas pela GAP a clivarem GTP, e são mantidas no seu estado inativo (RhoGDP) através da ligação em GDI até que a GEF seja estimulada e catalise a troca de GDP por GTP, permitindo a interação entre a Rho GTPase ativa e sua proteína efetora, e reiniciando o ciclo. Adaptado de Vega & Ridley, 2008.

et

al., 2008), e Src fosforila RhoGDI na tirosina 156, impedindo sua interação com Rho, Rac e

Cdc42 (DerMardirossian et al., 2006). As GTPases Rho podem ser reguladas por

ubiquitilação, por exemplo Smurf1 induz degradação de RhoA ativa por proteassomo, de

forma local específica. Em adição, foi mostrado que células tumorais podem apresentar

redução no mecanismo de ubiquitilação de RhoA, Rac 1 e Cdc42 ocasionando sua ativação

sustentada (Boyer et al., 2006). Ainda, as GTPases Rho podem modular fatores de transcrição

envolvidos na tumorigênese, tais como fator de resposta ao soro (SRF), fator nuclear κB

(NFκB), STAT e CREB (Benitah et al., 2004). Recentemente, foi identificado um complexo

proteico que regula a transcrição de RhoA, modulando a migração e invasão de células de

câncer de mama (Chan et al., 2010).

26

Tabela 1. Expressão das GTPases Rho e suas proteínas regulatórias/efetoras em CCR.

Gene/proteína Expressão Referências

GTPase

RhoA

aumentada

Joshi et al., 2008; Takami et al., 2008; Carothers et al., 2006

RhoB aumentada Saito et al., 2007

RhoC aumentada Bellovin et al., 2006; Saito et al., 2007

Rac1 aumentada Takami et al., 2008

Rac1b aumentada Matos et al., 2003

Cdc42 aumentada Gomes Del Pulgar, 2008

Efetora

IQGAP1 aumentada Nabeshima et al., 2002; Hayashi et al., 2010

N-WASP aumentada Yanagawa et al., 2001

WAVE2 aumentada Iwaya et al., 2007

PAK1 aumentada Carter et al., 2004

PAK4 aumentada Liu et al., 2008

PAK5 aumentada Gong et al., 2009

ROCKI * aumentada Croft et al., 2004

ROCKII * aumentada Croft et al., 2004

Regulatórias

GDI

RhoGDIα aumentada Zhao et al., 2008a

RhoGDIβ/Ly diminuída Saito et al. 2007; Polley et al., 2006

GAP

DLC1 diminuída Kim et al., 2009

ARHGAP8 aumentada Johnstone et al., 2004

GEF

Tiam1 aumentada Liu et al., 2005; Minard et al., 2005; Malliri et al., 2006

*Estudo realizado em células de carcinoma de cólon expressando ROCK ativa e não em amostras de tumores colorretais

humanos, no entanto, foi mostrado que ROCK promove a invasão de tumores sólidos em camundongos nude.

I.5.2.1 Proteínas efetoras de Rho

As primeiras efetoras de Rho identificadas foram a ROCK I (ROKβ ou p160ROCK) e

II (ROKα), que são ubiquitosamente expressas. Essas proteínas compreendem um domínio

serina/treonina quinase na região N-terminal, seguido pela região de ligação em Rho (RBD),

região homóloga a plecstrina (PH), e um domínio rico em cisteína (CRD) na região C-

terminal. Na forma inativa, os domínios PH e RBD interagem com o domínio quinase

formando uma alça auto-inibitória. Estímulos exógenos capazes de ocasionar a ligação entre

Rho ativa e a região RBD de ROCK ocasionam a liberação do domínio quinase, ativando

27

ROCK (Figura 15A). Além disso, a ativação de Rho ocasiona transolcação das ROCKs do

citosol para a membrana (Mueller et al., 2005). As ROCKs foram caracterizadas por

induzirem fibras de estresse e AFs através de proteínas que regulam o citoesqueleto de actina

e contratilidade celular tais como miosina (Figura 15B), LIM quinase (LIMK) e FAK

(Kimura et al., 1996), o que motivou pesquisas sobre a função de ROCK na migração celular.

Considerando que o citoesqueleto de actina se associa ao CJA, foi mostrado que a inibição

farmacológica de ROCK aumenta a permeabilidade paracelular em células intestinais (Walsh

et al., 2001) e reduz a marcação de E-caderina nas JAs (Anderson et al., 2002). Esse efeito

também foi observado utilizando a forma dominante negativa de ROCK em células MDCK

(Takaishi et al., 2000), e o silenciamento gênico dessa quinase mostrou que ROCK II, mas

não ROCK I, desorganiza os contatos célula-célula (Samarin et al., 2007).

Outras efetoras da família Rho que modulam o CJA incluem IQGAP, quinase P21-

ativada (PAK) e formina diaphanous (mDia). IQGAP é efetora de Rac e Cdc42 localizada

nos contatos célula-célula. Baixos níveis de ativação de Rac permitem a interação entre

IQGAP e β-catenina, induzindo a dissociação de α-catenina do complexo E-caderina-

catenina. A interação entre Rac ativa e IQGAP previne a desorganização das JAs (Noritake et

al., 2005). É interessante notar que o aumento de expressão de IQGAP em pacientes com

CCR sugere sua localização no fronte invasivo celular, uma vez que a sua inibição não

alterou a localização de α-catenina em linhagens de câncer de cólon mas impediu a invasão

celular induzida por fator de crescimento de hepatócito (Hayashi et al., 2010). Ao contrário, o

recrutamento de PAK1 por Rac promoveu a desmontagem das JAs. Vale destacar que PAK1

é necessária para a formação de lamelipódios, indicando seu papel na interface entre a perda

das JAs e aumento de motilidade (Lozano et al., 2008). Além disso, mDia1, outra efetora de

Rac, restaurou a localização de E-caderina e α-catenina nas JAs, desorganizadas pela

ativação de ROCK em CCR (Sahai & Marshall, 2002), sugerindo que Rho e Rac exercem

funções opostas em epitélios. Esses dados também justificam os achados conflitantes na

literatura de que Rac pode ser pró- ou anti-tumoral, dependendo da proteína efetora recrutada.

28

Contração Miosina

fosfatase

ativo

inativo

Rho quinase

B A

Figura 15: Estrutura molecular e mecanismo de ativação de ROCK. A) O domínio catalítico de ROCK está na região N-terminal, seguida pelas regiões RBD, PH e CRD na região C-terminal. Os domínios PH e RBD se dobram sobre o domínio quinase formando uma alça auto-inibitória, desfeita pela ativação de Rho, que se liga em RBD e ativa ROCK. B) ROCK ativa fosforila a cadeia leve da miosina (MLC), ou a subunidade ligadora de miosina da miosina fosfatase (MBS), inibindo-a e impedindo a desfosforilação da MLC. Isso ocasiona o deslizamento entre F-actina e miosina para a contração celular. Adaptado de Mueller et al., 2005 (A); Kimura et al., 1996 (B).

I.6 Modulação do complexo juncional apical (CJA) pelas GTPases Rho

As GTPases da família Rho foram inicialmente descritas como reguladoras da dinâmica

do citoesqueleto de actina, na formação de projeções de membrana relacionadas com a

migração celular. Posteriormente, o interesse na inter-relação entre o CJA e Rho se originou

através da observação da localização dessas GTPases nos contatos célula-célula (Akhtar &

Hotchin, 2001). Em células de carcinoma, a função dessas GTPases é contraditória pois elas

são requeridas tanto para a montagem quanto para a desmontagem da adesão célula-célula. Por

exemplo: a) ambos, inativação e ativação constitutiva de Rho ocasionaram desorganização das

JTs e aumento da permeabilidade paracelular (Hopkins et al., 2003; Bruewer et al., 2004); b) a

ativação constitutiva de Rac aumentou os níveis de E-caderina e β-catenina nas JAs, no

entanto, a ativação sustentada de Rac frequentemente desmonta JAs (Braga et al., 2000),

indicando que a ativação de Rac pode estabilizar ou desorganizar o CJA; c) a inibição de Rac

por manipulação genética e a inibição farmacológica de Rho impediram o acúmulo de E-

caderina nas JAs em queratinócitos (Braga et al., 1997), indicando que tanto Rho quanto Rac

regulam essas estruturas. Já o engajamento da E-caderina nos contatos célula-célula, reduz a

atividade de RhoA enquanto ativa Rac e Cdc42 (Noren et al., 2001). A p120 catenina também

modula a atividade das GTPases, pois a depleção dessa proteína em células epiteliais aumentou

a atividade de RhoA e diminuiu a atividade de Rac (Anastasiadis, 2007). Estudos posteriores

mostraram que as ativações de Rho e Rac ocorrem em tempo e espaço específicos, e de forma

29

dependente do estímulo celular (Wozniak et al., 2005; Pertz et al., 2006), justificando os dados

conflitantes da literatura.

Além da modulação do citoesqueleto de actina e adesão celular, as GTPases Rho

também são importantes no controle da polaridade celular. Foi mostrado que células

dominantes negativas para Rac perderam a orientação da superfície apical de forma dependente

da ativação da via Rho-ROCKI (Yu et al., 2008). As GTPases Rho também modulam proteínas

dos complexos de polaridade em vários tipos celulares, por exemplo, Rac1 e Cdc42 ativas se

ligam em PAR6 para ativar PKCa e induzir polaridade celular epitelial

Fisiologicamente, o LPA é uma mistura de ácidos graxos saturados e insaturados com

diferentes atividades biológicas e especificidades por receptores, atuando como precursores de

fosfolipídios complexos (Aoki et al., 2008). No entanto, o LPA está presente em altos níveis

no plasma e fluido de ascite de pacientes com câncer ovariano (Erickson et al., 2001) e

(Georgeou et al., 2008);

PAR3 interage com Tiam, GEF de Rac e Cdc42; e PATJ e PALS1 ativam Cdc42 para modular

a formação de JTs (Iden & Collard, 2008). Ainda, o fator de crescimento transformante beta

(TGF-β) induz perda de polaridade de células epiteliais mediando degradação da GTPase

RhoA através da ubiquitina ligase Smurf1 (Sahai et al., 2007; Xu et al., 2009).

I.7 Ácido lisofosfatídico (LPA)

O LPA é um agente comumente utilizado na ativação da GTPase Rho. Trata-se de um

componente do soro que está relacionado a diferentes respostas celulares, como proliferação,

resistência a apoptose, quimiotaxia, secreção de fatores angiogêncios, ativação de MMPs,

entre outras (Mills & Moolenaar, 2003). É um fosfolipídio produzido localmente em resposta

a injúrias, gerado e secretado por plaquetas, macrófagos, células epiteliais e tumorais, mas

principalmente gerado extracelularmente por ecto-enzimas num processo ainda não elucidado

(Mills & Moolenaar, 2003). A Figura 16 ilustra as duas vias de síntese do LPA. A primeira

ocorre pela remoção de uma cadeia de ácido graxo do ácido fosfatídico (PA, gerado a partir

de fosfolipídios e diacilglicerol) através da ação da fosfosfolipase A2 solúvel (PLA2) ou da

fosfolipase A1 (PLA1). A segunda ocorre a partir de lisofosfatidilserina (LPS),

lisofosfatidiletanolamina (LPE) e lisofosfatidilcolina (LPC), pela ação da lisofosfolipase D ou

autaxina, uma ecto-enzima inicialmente denominada fator de motilidade autócrino ao ser

descoberta no sobrenadante de cultutras de melanócitos (Mills & Moolenaar, 2003; Aoki et

al., 2008). Os níveis de LPA são regulados pelo balanço entre essas vias de síntese e pela

reversão do LPA a monoacilglicerol por lipídiofosfatases ou a PA através da adição de uma

cadeia de ácido graxo pela endofilina (Mills & Moolenaar, 2003).

30

modula o desenvolvimento de carcinomas, incluindo o CCR (Zhao et al., 2007; Sun et al.,

2009; Müller et al., 2010). Vale ressaltar que a isoforma de LPA gerada por PLA2 tem uma

habilidade limitada para hidrolisar lipídios de membranas celulares intactas e é responsável

por manter baixos níveis de LPA no plasma. Ainda, porque PLA2 hidrolisa membranas

danificadas e microvesículas produzidas por células tumorais e em fluido de ascite, acredita-

se que essa enzima contribua para a produção aberrante de LPA em pacientes com câncer.

Vale mencionar que os níveis de LPC, um dos precursores do LPA, estão reduzidos no plasma

de pacientes com CCR. Os autores desse trabalho relatam ainda um aumento dos níveis da

enzima autaxina no plasma desses pacientes, o que sugere a conversão de LPC em LPA no

plasma de indivíduos com esse tipo de neoplasia (Zhao et al., 2007).

Figura 16: Síntese do LPA. O LPA pode ser produzido por: A) hidrólise do ácido fosfatídico (PA) pela fosfolipase A1 (PLA1) ou A2 solúvel (PLA2), que clivam a cadeia do ácido graxo do glicerol; e B) hidrólise de lisofosfolipídios, ilustrados pela lisofosfatidilcolina (LPC), por autaxina (ATX) ou lisofosfolipase D (LPD), que libera a colina. Adaptado de Mills & Moolenaar, 2003.

Os efeitos celulares mediados por LPA ocorrem em resposta à ativação de seus

receptores (LPA1-6), que são GPCRs (Noguchi et al., 2009; Yanagida et al., 2009). Os três

membros de receptores do LPA da família do gene de diferenciação endotelial (EDG-1,-4 e -

7, ou LPA1, 2 e 3, respectivamente), têm sua expressão alterada em diversos tipos de tumores,

estando o LPA2 superexpresso em CCR (Shida et al., 2004; Rusovici et al., 2007; Müller et

al., 2010). Foi mostrado que o LPA1 medeia o espalhamento celular em carcinomas do TGI

(Shin et al., 2009) e aumenta o potencial metastático de células de câncer de cólon (Shida et

31

al., 2003). Além disso, a ausência do LPA2 atenuou a formação de tumor em camundongos

com APC mutado (Lin et al., 2009) e ambos, LPA2 e 3, participaram da proliferação celular

em células de câncer de cólon (Yang et al., 2005). Menos estudados, os receptores não

pertencentes à família EDG (LPA4-6), podem ativar Rho e Rac, assim como LPA1 e 2, e

induzem a formação de projeções de membrana (Yamada et al., 2005; Valentine et al., 2008;

Harper et al., 2010). Foi mostrado que o LPA4 medeia a formação de invadopódios

aumentando o potencial invasivo de células de fibrossarcoma através da ativação de Rac1

(Harper et al., 2010). O LPA ainda se liga ao receptor gama de peroxissomo ativador de

proliferação (PPARγ), um membro da superfamília de receptores de hormônios nucleares

relacionados ao metabolismo energético, diferenciação celular, apoptose e inflamação (Mills

& Moolenaar, 2003). E, recentemente, foi mostrado que o tratamento com LPA regula a

proliferação de células de câncer de cólon através desse receptor (Tsukahara et al., 2010).

Muitos estudos utilizam LPA como ativador de Rho, pois a função inicial atribuída ao

LPA foi a formação de fibras de estresse e AFs (Hall, 1998). No entanto, em decorrência do

grande número de receptores desse agente, e sabendo que suas expressões variam com o tipo

celular, a via de sinalização ativada por LPA é bastante complexa. Essa via inclui não só a

ativação de Rho, mas também de Ras, geração de segundos-mensageiros que ativam proteínas

quinases e transcrição gênica de fatores de crescimento, pró-angiogênicos e MMPs (Mills &

Moolenaar, 2003). Por exemplo, o LPA ativou EGFR e ERK em células de câncer de cólon

(Mori et al., 2006; Zhang et al., 2007a); Fyn quinase, um membro da família Src, em células

de câncer de ovário (Huang et al., 2008); e PKA em células endoteliais (Nguyen et al., 2004).

Alguns estudos mostraram que o LPA modula o CJA e outros eventos importantes em

câncer. Em células de câncer de ovário, o LPA causou dispersão celular e perda de contatos

célula-célula através da fosforilação de p120-catenina mediada por Src (Huang et al., 2008).

Em células invasivas de câncer de cólon, o LPA induziu dissociação de E-caderina e β-

catenina e aumentou a proliferação (Yang et al., 2005, Kam & Quaranta, 2009), migração

celular e a secreção dos fatores pró-angiogênicos VEGF e interleucina-8 (Shida et al., 2003).

Em células epiteliais colônicas, o LPA previniu apoptose induzida por quimioterápicos ou

irradiação (Deng et al., 2002; Rusovici et al., 2007). Mais recentemente, foi mostrado que a

proteína do CJA MAGI-3 regula negativamente a invasão celular induzida por LPA,

aumentando a interação entre o LPA2 e a subunidade α12 de proteína G (Lee et al., 2010b).

Embora esses estudos tenham começado a investigar o efeito de LPA em CCR, pouco se sabe

sobre as vias de sinalização que medeiam os efeitos desse agente na organização do CJA

concomitante às alterações do citoesqueleto de actina nesse tipo de câncer.

32

I.8 Progressão tumoral e metástase

Durante a progressão tumoral as células perdem seus contatos célula-célula e a

polaridade celular, proliferam de forma desordenada formando multicamadas, adquirem

motilidade e se destacam do seu local de origem para migrar em direção a vasos sanguíneos

e/ou linfáticos a fim de atingir e colonizar sítios secundários, caracterizando o processo

metastático, a principal causa de morte por câncer. No entanto, ainda é necessária uma

detalhada compreensão dos mecanismos celulares e moleculares das etapas compreendidas

entre a perda da adesão célula-célula até o estabelecimento de novos tumores.

A análise de células móveis in vivo utilizando microscopia multifóton permitiu a

divisão do processo metastático nas seguintes etapas (Figura 18): a) perda da adesão célula-

célula e aquisição de fenótipo móvel, b) intravasamento, caracterizado pela entrada das

células tumorais na vasculatura; c) parada das células tumorais nos vasos do órgão alvo, por

adesão à parede dos vasos ou obstrução de pequenos capilares; d) extravasamento, que é a

saída das células dos vasos; e e) crescimento nos órgãos alvo (Sahai, 2007). Em todas essas

etapas, a resistência à morte celular permite que as células ultrapassem diversos tipos de

estresse como fragmentação celular, perda de adesão com o substrato (que induz morte por

anoikis), desorganização do citoesqueleto (induz morte por amorfose), depleção de nutrientes

(induz morte por autofagia) e hipóxia (Mehlen & Puisieux, 2006).

Além disso, alterações morfológicas finamente reguladas permitem que as células

comportem a aquisição de motilidade e propriedades invasivas. Esta motilidade é dirigida por

ciclos de polimerização de actina e de adesão ao substrato e por contração actina-miosina, que

medeiam a formação de projeções de membrana necessárias ao direcionamento do movimento

em resposta a um estímulo, por exemplo, para a célula atravessar a MEC (Thiery & Sleeman,

2006).

33

Figura 17: Progressão tumoral e processo metastático. O tumor primário interage com células não tumorais, como fibroblastos e macrófagos, e com proteínas da MEC, por exemplo, fibras de colágeno. As células perdem os contatos célula-célula e a polaridade celular; adquirem capacidade migratória e invasiva; e intravasam para vasos sanguíneos ou linfáticos ativamente ou por mimetismo de células endoteliais. Dentro dos vasos, as células podem causar embolia ou aderir às paredes dos vasos e extravasar. As células devem resistir à apoptose, entrando em dormência ou proliferando dentro ou fora dos vasos. Células tumorais em azul, não tumorais em bege, e endoteliais em vermelho. Adaptado de Sahai, 2007.

Conforme já mencionado as GTPases Rho modulam o citoesqueleto de actina e a

formação de projeções de membrana, indicando que essas proteínas desempenham um

importante papel na migração celular. A esse respeito, um primeiro estudo foi realizado

utilizando o ensaio de wound healing em monocamadas confluentes de células intestinais. Os

resultados indicaram que a inibição de Rho com as toxinas A e B de Clostridium difficile,

microinjeção de RhoGDI, ou microinjeção da toxina C3, inibiam a migração celular (Santos

et al., 1997). Posteriormente, foi mostrado que a ativação de Rho aumenta a migração de

células de câncer de cólon em câmaras Transwell (Wilkinson et al., 2005). Em adição, a

ativação de Tiam1, uma GEF de Rac e Cdc42 superexpressa em CCR, foi necessária para o

aumento da migração celular induzido por ativação de Rac (Minard et al., 2006), e também

foi mostrado que a inibição de ROCKII reduziu a invasividade de células de câncer de cólon

(Vishnubhotla et al., 2007). Estudos in vivo mostraram que a inoculação de células de câncer

de cólon que superexpressam Rac1 em camundongos aumenta a formação de tumores e

metástases em vasos linfáticos e peritônio (Espina et al., 2008), e ainda, que o LPA ativa

RhoA e aumenta a incidência de metástase peritoneal em um modelo de indução de

adenocarcinomas intestinais em ratos utilizando azoximetano (Tatsuta et al., 2005). Embora

esses estudos de fato indiquem que as GTPases Rho modulam a migração celular e a

invasividade, as vias de sinalização que regulam esses eventos permanecem desconhecidas.

34

I.8.1 Transição epitélio-mesenquimal (TEM) e migração celular

A TEM vem sendo extensivamente estudada em câncer, e trabalhos recentes originaram

sua classificação conforme a seguir: Tipo 1, ocorre na embriogênese, independente de

inflamação; tipo 2, presente no reparo tecidual e fibrose, e cessam quando o estímulo

inflamatório é retirado; e tipo 3, em células tumorais, com alterações genéticas e epigenéticas

(Kalluri, 2009). Nos três tipos de TEM, as células epiteliais perdem a polaridade, desregulam

a adesão célula-célula com concomitante contração actina-miosina, perdem marcadores

epiteliais específicos, como E-caderina e cateninas, e moléculas mesenquimais como

vimentina e N-caderina são expressas (Figura 18).

Figura 18. Principais moduladores da TEM. A) As células epiteliais desenvolvem TEM, através da dissociação do CJA e desorganização do citoesqueleto de actina. De forma reversível, as células mesenquimais adquirem um fenótipo epitelial na transição mesênquima-epitelial (TME). Adaptado de Thiery & Sleman, 2006.

Em linhagens de câncer de cólon, foi realizado um estudo da assinatura genética da

TEM induzida pela ativação de Ras, e foi mostrada a redução da expressão de E-caderina,

indução da expressão de vimentina e alteração dos níveis de claudinas (Joyce et al., 2009). A

p120-catenina também é essencial na TEM, visto que níveis endógenos dessa proteína foram

requeridos para invasividade em células deficientes em E-caderina, através da ligação em

caderinas mesenquimais via ativação de Rac e inibição de Rho (Anastasiadis, 2007). E ainda,

alguns trabalhos têm indicado que a sinalização mediada por integrinas pode contribuir para a

desorganização das adesões célula-célula na TEM (Bates et al., 2005). Vale ressaltar que na

TEM ocorre o aumento da expressão de integrinas αvβ6, receptores para fibronectina e

Células mesenquimais

TME

Dissociação das JTs

Dissociação das JAs e desmossomos

Células epiteliais

Efetores TME Adesão

Actina cortical

Marcadores Epiteliais E-caderina

Claudina, ocludina Desmoplaquina

Citoqueratina -8, -9, -18 Mucina-1

Marcadores Mesenquimais Fibronectina Vitronectina Vimentina

Actina de músculo liso FGFR

Formação das JTs

Associação dos

desmossomos

Ativação de GTPases Rho Reorganização do citoesqueleto de actina

Montagem de JAs

TME

TEM

Início do contato aderente

por E-caderina

Efetores TEM Fatores de crescimento

Citocinas

TEM

TME

TEM

TME

Ativação de GTPases Rho

35

tenascina expressos na embriogênese (Bates et al., 2005), bem como a ativação da via de

sinalização Wnt e desorganização do complexo PAR (Iden & Collard, 2008). Esses dados

refletem a perda de diferenciação do epitélio para fenótipos mais embriogênicos, e

demonstram que alterações na adesão ao substrato facilitam o escape e a disseminação de

células de carcinoma, ocasionando a metástase. Além disso, essas integrinas ativam a via do

TGF-β (Yue & Mulder, 2001), sugerindo sua utilização como um novo indicador de

prognóstico para CCR invasivo (Bates et al., 2005).

O principal indutor da TEM é o TGF-β, cujos receptores são do tipo I (TGFβR-I) ou II

(TGFβR-II). A ativação de ambos desencadeia uma cascata de sinalização que pode ser a)

dependente das proteínas Smad-3 e -4, ativando fatores transcricionais como TCF/LEF-1, ou b)

independente de Smad, mimetizando o sinal de receptores tirosina quinase capazes de ativar

vias de sinalização como a Ras-MAPK, PI3K, Rho e Rac. Ainda, a ativação da via Ras-MAPK

por TGF-β acentuou a expressão de Snail, um repressor transcricional da E-caderina em

células de câncer de cólon (Medici et al, 2006; Wang et al., 2010), assim como a sinalização

Wnt/β-catenina, que potencializou a TEM induzindo a expressão de Slug, outro repressor

transcricional de E-caderina (Baum et al., 2008). Além disso, foi mostrado que o TGF-β pode

ativar a via Rho-ROCK para modular o citoesqueleto de actina e induzir formação de fibras de

estresse, enquanto induz a degradação de Rho nas JTs através da fosforilação de PAR6, que

recruta Smurf, uma E3 ubiquitina ligase de RhoA, causando perda dos contatos célula-célula.

Em células de câncer de cólon, a ativação de Rho em resposta ao tratamento com TGF-β

também foi responsável pela expressão de actina não muscular, um marcador de TEM, e pela

liberação das MMP-2 e -9, mediando a invasividade (Paduch et al., 2010). Assim, TGF-β pode

mediar a ativação local de Rho para aquisição de um fenótipo mesenquimal e capacidade

migratória aumentada, mas se outros ativadores de Rho podem induzir TEM permanece

desconhecido. A associação entre TEM e invasão celular foi recentemente confirmada num

estudo mostrando que a expressão de vimentina modula a elongação de invadopódios

(Schoumacher et al., 2010).

No entanto, a aquisição de um fenótipo mesenquimal durante a TEM não é o único

mecanismo de aumento na capacidade migratória. Nesse contexto, a migração celular pode ser

divida em três mecanismos: 1) a migração coletiva, onde os contatos célula-célula são

mantidos e as células do fronte migram de forma mesenquimal; 2) a migração mesenquimal,

onde a célula adquire uma morfologia alongada através da transição epitélio-mesenquimal, de

forma dependente da ação de MMPs; e 3) a migração ameboide, onde a célula adquire uma

36

morfologia arredondada de forma dependente da ativação da via Rho-ROCK (Sanz-Moreno et

al., 2008; Parri & Chiarugi, 2010). Essas formas de migração dependem do estímulo e tipo

celular e, embora a migração coletiva tenha sido relatada em alguns tipos de câncer como

mama, próstata e pulmão, células de câncer de cólon costumam migrar individualmente.

Inicialmente, estudos in vivo mostraram que células tumorais epiteliais migravam

preferencialmente de forma ameboide (Sahai, 2007). No entanto, tem sido mostrado que esses

fenótipos são interconversíveis, por exemplo, a migração coletiva de explantes de melanomas

foi revertida em ameboide pela inibição de integrina β1 (Hegerfeldt et al., 2002); e células de

fibrossarcoma e de câncer de cólon optaram pela migração mesenquimal na presença de

inibidores de ROCK e ameboide na presença de inibidores de MMPs (Torka et al., 2006). Por

outro lado, a ativação de Rac reprimiu o movimento ameboide através da inibição de MLC em

células epiteliais (Sanz-Moreno et al., 2008); e a expressão de efrina A em câncer de próstata,

e redução de p53 e p27 em melanoma levaram a transição mesênquima-ameboide (Parri &

Chiarugi, 2010). Esses dados indicam que o tipo de migração celular é um mecanismo

adaptativo da célula tumoral e justifica as dificuldades no desenvolvimento de terapias que se

baseiam em moléculas individuais.

I.8.2 Projeções de membrana reguladas por GTPases Rho na migração celular

O citoesqueleto celular pode ser modificado na aquisição de um fenótipo

morfologicamente transformado com habilidade para migrar e invadir. Nessa condição, o

citoesqueleto de actina se reorganiza em resposta à ativação das GTPases Rho, Rac e Cdc42,

formando fibras de estresse que mantêm sua ancoragem a MEC, e projeções de membrana

denominadas lamelipódios e filopódios, respectivamente.

Os lamelipódios são grandes projeções de membrana achatadas com formato de folha,

e que contêm F-actina altamente ramificada, formados pela polimerização de actina localizada

com a geração de terminais+ livres, conforme descrito adiante. Acredita-se que sua função

seja dirigir a migração celular através de adesão ao substrato e geração de força capaz de

puxar o corpo celular para frente. Já os filopódios são estruturas longas e finas com feixes

paralelos de actina que se interconectam, e que frequentemente se projetam além da borda do

lamelipódio. São abundantes em estágios iniciais do espalhamento celular e sua função está

correlacionada às respostas da célula com relação ao ambiente externo (Yamaguchi &

Condeelis, 2006). Tem sido sugerido que a principal proteína formadora dessas estruturas é a

fascina, cuja alta expressão em células tumorais induz a formação de filopódios e maior

invasividade (Machesky & Li, 2010). Os blebs são outro tipo de projeção de membrana, com

37

formato esférico e inicialmente descritos como marcadores de apoptose. Essas projeções

ocorrem quando a pressão hidrostática do córtex dirige uma expansão externa, isto é, ocorre a

dissociação da membrana do córtex ou a ruptura da actina cortical através da ativação da via

Rho-ROCK, seguida pelo fluxo de citosol para dentro dessa expansão. O processo termina

com a repolimerização de actina por um mecanismo ainda desconhecido causando a retração

do bleb. Embora sua função ainda não esteja completamente elucidada, sabe-se que essas

estruturas participam da citocinese e da migração ameboide (Charras & Paluch, 2008).

Mais recentemente foram descritas em sistemas tridimensionais estruturas

denominadas invadopódios, projeções de membrana ventrais formadas por células cancerosas

altamente invasivas em substratos fisiológicos e com atividade proteolítica da MEC. São

compostos por um centro de actina e uma variedade de proteínas que modulam o

citoesqueleto, moléculas de adesão, de sinalização e de degradação de MEC. Essas estruturas

são consideradas análogas às AFs em sistemas bidimensionais, que serão descritas a seguir, e

requerem ambas, as maquinarias responsáveis pela formação de filopódios e de lamelipódios

(Schoumacher et al., 2010). Os invadopódios são utilizados por células de carcinoma para

invadir o estroma e vasos sanguíneos no processo de metástase (Linder et al., 2007). Alguns

autores diferenciam invadopódios de podossomos: os invadopódios são menores, estão em

menor quantidade nas células, mas apresentam maior capacidade proteolítica de MEC.

Também foi relatado que células mais invasivas de carcinoma oral formam invadopódios,

enquanto menos invasivas formam podossomos (Takkunen et al., 2010). No entanto, ambas

as estruturas possuem função biológica, morfologia e composição moleculares semelhantes.

De maneira geral, o que as distingue são os tipos celulares onde são formadas: Podossomos

são formados por células de origem monocítica; estruturas denominadas similares a

podossomos formam-se em células endoteliais e de músculo liso; e invadopódios em células

epiteliais e células transormadas por ativação de Src (Linder et al., 2007). Embora os estudos

sobre invadopódios sejam recentes e a sua regulação pouco conhecida, foi mostrado que

ROCKII se localiza em invadopódios em células de câncer de cólon, modulando a invasão em

colágeno I e a atividade das MMPs -2 e -13 (Vishnubhotla et al., 2007). Ainda nesse tipo

celular, a atividade de Src foi requerida para a formação e maturação de invadopódios e para a

atividade de degradação da MEC (Kelley et al., 2010).

38

I.8.3 Matriz extracelular (MEC) e migração celular

Além da necessidade da formação de projeções de membrana durante a transformação

neoplásica, a interação da célula com a MEC também apresenta alterações. As moléculas da

MEC, como fibronectinas, lamininas, colágenos, proteoglicanos e vitronectinas não apenas

criam a arquitetura tecidual, mas também desempenham funções celulares através da ligação

em receptores de superfície, principalmente as integrinas. Em mamíferos, são conhecidas

dezoito subunidades α e oito β que se associam em diferentes combinações para formar pelo

menos vinte e quatro tipos de integrinas. As integrinas são receptores proteicos

transmembranares que possuem um domínio extracelular de ligação na MEC e outro

citoplasmático de ligação a uma placa submembranar constituída por múltiplas proteínas

adaptadoras, ligadoras do citoesqueleto, ou de vias de sinalização (Mitra et al., 2005). É

interessante notar que diferentes respostas celulares são desencadeadas dependendo do

substrato celular. Por exemplo, a ativação de Rac inibiu a migração de células epiteliais em

substratos revestidos com fibronectina e laminina-1 e, ao contrário, promoveu motilidade em

substratos de colágeno (Sander et al., 1998). Então, a composição da MEC controla o

recrutamento de integrinas específicas nas AFs.

Células móveis montam adesão ao substrato, fraca e dinâmica, através de contatos

focais (CFs). Essas estruturas se formam principalmente na periferia celular e funcionam

como âncoras capazes de exercer uma força contrátil que permite a locomoção da célula. Foi

mostrado que, durante a formação de lamelipódios, ocorre um acúmulo de proteínas de

maneira hierárquica até que se formem AFs estáveis ao redor de um heterodímero central de

integrina α-β. Por exemplo, os CFs contêm talina, vinculina, paxilina e FAK, enquanto zixina

e tensina são recrutadas após a maturação dessas estruturas em AFs (Zaidel-Bar et al., 2003).

Vale destacar que pequenos CFs na periferia de células migratórias são regulados por Rac e

Cdc42 (Hall, 1998), precedendo a formação de grandes AFs reguladas por Rho. As AFs são

localizadas tanto na periferia celular como centralmente, associadas às terminações das fibras

de estresse (Chrzanowska-Wodnicka & Burridge, 1996). As fibras de estresse são compostas

por ramos de aproximadamente 10-30 filamentos de actina, miosina2 e proteínas acessórias

do citoesqueleto de actina, como α-actinina, fascina, espina e filamina, formadas pela

ativação de Rho (Hall, 1998). A organização dessas estruturas sugere uma função contrátil, e

acredita-se que seu encurtamento é oposto ao estado de adesão forte mediado por AFs. Nesse

contexto, é importante mencionar que a ligação de integrina à MEC por si só é insuficiente

para induzir a formação de CFs, o que originou a hipótese de que eventos de sinalização

39

vindos de dentro da célula são requeridos para a formação de AFs, mais especificamente, a

ativação de Rho (Wozniak et al., 2004).

Além disso, as AFs são fosforiladas em resíduos de tirosina, o que cria um sítio de

recrutamento de proteínas que contêm o domínio SH2, regulando a subsequente ativação de

quinases e fosfatases (Wozniak et al., 2004). As duas principais quinases localizadas nas AFs

são a FAK e a Src, que se ligam em diferentes parceiros para regularem a dinâmica das AFs e

o comportamento celular. A FAK é uma tirosina quinase constituída por um domínio FAT (do

inglês, focal adhesion targeting) na região C-terminal, que a mantém nas AFs, um domínio

FERM na região N-terminal e dois motivos ricos em prolina, que a permite interagir com

diferentes alvos. O domínio FERM tem um papel autoinibitório, e é liberado quando a FAK

interage com a cauda citoplasmática de integrina β1. Foi mostrado que a inibição da

expressão de integrina β1 em linhagens de CCR inibiu a migração celular e a metástase

hepática em camundongos (Zhang et al., 2010), sugerindo um papel para FAK nesses eventos.

Vários resíduos de tirosina são fosforilados quando a FAK é ativada, o que ocorre por

autofosforilação na tirosina 397 iniciada por engajamento de integrina em seu ligante. Essa

fosforilação ocasiona ativação e recrutamento de Src para as AFs, que remove a interação

autoinibitória de FAK e causa o acúmulo de FAK nas AFs, aumentando sua autofosforilação.

Src também fosforila FAK nas tirosinas 576 e 577 permitindo sua ativação, e nas tirosinas

862 e 925, criando um sítio de ligação para outras proteínas, permitindo a ativação de Ras e

MAPK (Wozniak et al., 2004). A FAK também pode ativar as GTPases Rho ligando-se

diretamente e fosforilando suas GEFs, o que é importante já que Rho regula a formação de

AFs. FAK ativa Rho e Rac através da fosforilação de p190RhoGEF e Trio, respectivamente

(Zhai et al., 2003;

Em resumo, para a migração ocorrer, as células devem extender uma protrusão para

formar um contato inicial com a MEC. Alguns desses contatos mediados por Rac se

desenvolvem em AFs dependentes de Rho, que estabilizam as células durante a migração. No

entanto, para migrarem, as células devem ser capazes de remodelar continuamente os CFs em

AFs e vice-versa. Então, a formação de novos CFs é localizada no fronte migratório das

células conforme são emitidas as projeções de membrana, ao passo que a desmontagem

dessas estruturas deve ocorrer na região posterior da célula permitindo a sua retração. Ainda,

essa dinâmica é mantida por ciclos de polimerização de actina que permitem a contração das

fibras de estresse e da ativação de AFs através da fosforilação de FAK no resíduo tirosina

Medley et al., 2003). Além disso, foi mostrado que FAK medeia a

migração celular em resposta ao LPA de forma dependente da ativação de Rho e ROCK em

fibroblastos (Iwanicki et al., 2008).

40

397, seguindo o recrutamento e ativação de Src, ambos eventos importantes na ciclagem de

AFs. As vias de sinalização desencadeadas pela ativação de AFs durante a migração celular

estão ilustradas na Figura 19. Vale destacar que FAK foi encontrada em altos níveis em uma

variedade de tumores, incluindo o CCR (Ayaki et al., 2001); foi mostrado um aumento na

fosforilação do resíduo de tirosina 397 em um modelo de formação de adenomas em

camundongos (Weyant

As MMPs e as desintegrinas-metaloproteases (ADAMs) cumprem função importante

na remodelagem da MEC durante a invasão celular, e estão presentes em podossomos e

invadopódios. A família de MMPs humanas compreende vinte e quatro membros que

degradam diversas proteínas. Além disso, as MMPs também podem estar localizadas na

superfície celular através de porções transmembranares (MT-MMPs). As MMPs são

sintetizadas como pró-enzimas e são ativadas por clivagem proteolítica, e bloqueadas por

inibidores teciduais (TIMPs). As ADAMs interagem especialmente com as subunidades β das

integrinas e funcionam clivando proteínas da superfície celular, liberando seu ectodomínio.

Existem também outros moduladores da MEC, como serina proteases denominadas seprases,

e invadolisina, ainda com pouco conhecimento no processo de invasão celular (Linder, 2007).

As MMPs -2 e -9 degradam a membrana basal, estando frequentemente associadas à invasão

celular e metástase. No entanto, essas enzimas também participam de outras etapas do

desenvolvimento do tumor, inclusive da clivagem de outros substratos, como E-caderina

et al., 2001), e a inibição de FAK reduziu o tamanho do tumor e a

angiogênese em um um modelo murino de CCR (Lei et al., 2010).

Algumas evidências indicam que a desregulaçao da adesão célula-MEC contribui para

a desmontagem das adesões célula-célula. Por exemplo, foi mostrado que a inibição de

integrinas β1 em células de câncer de mama induz a montagem de JAs e a diferenciação

celular (Weaver et al., 1997), e a superexpressão dessas integrinas em células normais

desorganiza as JAs (Gimond et al., 1999). Em linhagens de CCR, foi mostrado que o

colágeno I reduz a expressão de E-caderina e β-catenina, levando a um fenótipo mais

indiferenciado dependente de integrina α2β1 (Kirklank, 2009). Nesse sentido, Src tem sido

apontada como a proteína que integra a sinalização entre esses dois tipos de adesão: Foi

mostrado que a ativação de Src em células de câncer de cólon ocasionou endocitose de E-

caderina de forma dependente de FAK (Avizyenite et al., 2002). É interessante notar que Src

é ativada por FAK e é capaz de fosforilar E-caderina, levando a sua degradação (Fujita et al.,

2002), conforme anteriormente mencionado. Além disso, a sinalização mediada por integrina

ativa Snail/Slug para suprimir a expressão de E-caderina (Tan et al., 2001).

41

(Symovicz et al., 2007). Deve-se destacar que MMP-2, -9 e -12 estão superexpressas em

pólipos intestinais de camundongos com APC mutado. Em contraste, MMP-19 é produzida

pelo epitélio intestinal normal, mas sua expressão é perdida durante a transformação celular

(Sinnamon et al., 2008).

Figura 19: mecanismo de sinalização da FAK na migração celular. FAK é ativada por receptores de fatores de crescimento e integrinas durante a migração. A sinalização de FAK modula os contatos célula-célula mediados por E-caderina e os contatos célula-MEC, recrutando proteínas dos CFs e permitindo a ciclagem (montagem e desmontagem) dessas estruturas. A atividade de FAK promove mudanças na F-actina e MTs, através de GTPases da família Rho. Adaptado de Mitra et al., 2005.

I.8.4 Regulação da organização do citoesqueleto de actina na migração celular

Foi mostrado que drogas despolimerizantes de actina reduziram a migração de células

de carcinoma (Hayot et al., 2006) e que o aumento da proporção entre F- e G-actina aumenta a

capacidade metastática de CCR (Rapier et al., 2010). Durante a migração, a polimerização de

F-actina ocorre através da exposição do terminal+ por três mecanismos: a) a nucleação, pela

qual nova F-actina é gerada; b) a entrega de monômeros de actina de filamentos pré-existentes

pela cofilina; e c) o descapeamento de filamentos pré-existentes (Figura 20).

A nucleação ocorre a partir da atividade de WASP, proteína relacionada a Diaphanous

homóloga a formina (DRF), e Ena/VASP. Em mamíferos, a família WASP compreende os

membros WASP, WASP neural (N-WASP), WAVE-1,-2 e -3, relacionados à formação de

MEC

Integrina Receptor tirosina quinase

Membrana plasmática

Montagem

Desmontagem

CFs E-caderina

Migração celular

Fibras de estresse

lamelipódio filopódio microtúbulos

42

lamelipódios e invadopódios em conjunto com Arp 2/3 (Miyoshi & Takai, 2008; Albiges-Rizo

et al., 2009). As WASPs são efetoras de Rac e Cdc42 que, quando ativas, interagem com o

complexo Arp 2/3. Esse complexo contém sete subunidades, onde duas são relacionadas à

actina (Arp 2 e Arp 3), e criam junções em forma de Y em filamentos existentes, resultando em

ramificações estabilizadas por cortactina (Weaver et al., 2002). Foram descritas quinze

isoformas de proteínas DRF em mamíferos, onde a mDia1, efetora de Rho, inicia a formação

de feixes de actina não ramificados, acelerando a incorporação de monômeros e impedindo o

capeamento de F-actina. Além disso, a geração de força contrátil entre actina e miosina

aumenta a polimerização de actina dirigida por forminas (Spiering & Hodgson, 2011). Já as

proteínas Ena/VASP atuam impedindo o bloqueio do terminal+ por proteínas como a gelsolina,

e podem ser fosforiladas por PKA, o que inibe a sua atividade de nucleação (Gertler, 1996).

Algumas dessas proteínas estão alteradas em CCR, por exemplo, a redução da

expressão e alteração da localização de gelsolina leva a um fenótipo invasivo (Litwin et al.,

2009). Já a co-localização de Arp2 e WAVE aumenta o risco de metástase hepática (Iwaka et

al., 2007) e de WASP com Vasp de metástase para os linfonodos (Zhang et al., 2007b). Além

disso, a profilina, que promove a polimerização regional de actina por altas concentrações

locais de complexos profilina-actina através da troca de ADP por ATP, exerce um papel

importante na aquisição de um fenótipo tumoral. Foi mostrado que uma mutação no seu sítio

de ligação em actina é altamente tumorigênica in vivo, indicando seu papel supressor de tumor

(Wittenmayer et al., 2004). Vale destacar que os níveis de profilina-2 estão aumentados em

pacientes com doença inflamatória associada a CCR (Knaan et al., 2010).

A migração celular necessita de acelerada renovação de actina, ocasionada pela

(ADF)/cofilina. Inicialmente, acreditava-se que a cofilina atuasse apenas aumentando a

dissociação de ADP-actina no terminal-, induzindo a conversão de actina-F em actina-G

(Miyoshi & Takai, 2008). No entanto, mostrou-se que sua atividade está relacionada à invasão

e metástase através de polimerização de actina e formação de projeções de membrana

(Yamaguchi & Condeelis, 2006). Portanto, a cofilina coordena eventos de polimerização e

despolimerização de actina na migração celular. Sua atividade é negativamente afetada por

fosforilação em resíduo serina pela LIMK, ativada pela via Rho-ROCK ou Rac-PAK1

(Spiering & Hodgson, 2011). Ainda, utilizando RNA de interferência ou uma forma

constitutivamente ativa de LIMK, foi mostrado que a inibição de cofilina inibiu a migração em

células de carcinoma (Wang et al., 2006).

43

Figura 20: Dinâmica do citoesqueleto de actina durante a formação de projeções de membrana na migração celular. Os terminais+ da actina são bloqueados por proteínas capeadoras (CP, quadrados azuis), como a gelsolina (retângulos rosa-claro), que também cliva F-actina. Os terminais- perdem monômeros de actina através das proteínas despolimerizantes ADF/cofilina (retângulos rosa-claro). Para haver polimerização, esses eventos são desfeitos e a cofilina fornece G-actina ao termial+ para a nucleação por Arp 2/3 e formina, que geram actina ramificada. A G-actina, antes sequestrada por profilina, é convertida na sua forma ligada em ATP e recrutada aos terminais+. Os lamelipódios contêm actina ramificada formada por Arp 2/3, cortactina e N-WASP e os filopódios contêm F-actina elongada disposta em paralelo, formada por forminas e Ena/Vasp. Adaptado de Miyoshi & Takai, 2008.

44

I.9 Justificativa do estudo

O CCR representa a terceira causa mais incidente de câncer no mundo e, apesar do

crescente conhecimento da base genética e molecular deste tipo de câncer, o desenvolvimento

de um tratamento efetivo tem sido limitado. Particularmente, doenças metastáticas são fatais

porque malignidades em estágio tardio respondem pobremente a regimes terapêuticos comuns,

e o prognóstico dos pacientes é frequentemente grave. Tratamentos utilizando como estratégia

alvos moleculares para o câncer têm sido relatados. No entanto, esses agentes estão baseados

nas propriedades de tumores primários e, considerando que a transformação do fenótipo

benigno para o maligno é crítica em CCR, é de fundamental importância elucidar a biologia

que medeia a evolução metastática dessa doença. A progressão para carcinomas invasivos e

metastáticos envolve profundas alterações na estrutura e função do epitélio, como perda da

polaridade e diferenciação celular, desorganização do sistema de adesão celular e do

citoesqueleto de actina. Apesar do aumento dos conhecimentos relacionados com esses

eventos, os mecanismos celulares e moleculares que os desencadeiam ainda não estão

completamente elucidados, particularmente em CCR. Dessa forma, um estudo detalhado dos

processos iniciais da aquisição do fenótipo maligno, como a perda da adesão célula-célula e

alterações na dinâmica do citoesqueleto de actina, bem como das vias de sinalização que os

governam, pode contribuir no entendimento da carcinogênese colorretal. Além disso, os

resultados obtidos podem contribuir também para propor novos candidatos terapêuticos para

esta doença.

45

II OBJETIVOS

II.1 Geral

Analisar eventos celulares e moleculares na dinâmica do citoesqueleto de actina e do

CJA na progressão tumoral em células de adenocarcinoma de cólon humano, Caco-2.

Para melhor compreensão, a apresentação desta tese foi dividida em duas partes:

Parte I – Análise da inter-relação entre o CJA e o citoesqueleto de actina durante a perda da

adesão célula-célula;

Parte II – Papel do LPA na adquisição do fenótipo migratório.

II.2 Específicos

Parte I: Análise da inter-relação entre o CJA e o citoesqueleto de actina durante a perda

da adesão célula-célula

- Avaliar a redistribuição de proteínas do CJA (E-caderina, ocludina, claudina-1 e ZO-

1), sua funcionalidade e ultraestrutura após a retirada do cálcio do meio extracelular;

- Verificar se a perda dos contatos célula-célula induzida pela retirada do cálcio do

meio extracelular ocasiona mudanças do citoesqueleto de actina e formação de projeções de

membrana;

- Analisar a inter-relação entre as vias de sinalização envolvidas nas mudanças do

citoesqueleto de actina e desorganização do CJA durante a formação do fenótipo maligno,

enfatizando a participação das proteínas quinases PKA, MAPK, PI3K e EGFR, e dos

membros da família Rho de GTPases Rho e Rac.

Parte II: Papel do LPA na aquisição do fenótipo migratório

- Avaliar a localização de proteínas do CJA (E-caderina, β-catenina, p120 catenina,

ocludina, claudina-1 e ZO-1), sua funcionalidade, e concomitantes mudanças do citoesqueleto

de actina em resposta ao tratamento com LPA;

- Investigar a participação do LPA nas mudanças do citoesqueleto de actina na

formação de adesões focais (verificando a ativação de Src e FAK), fibras de estresse e

projeções de membrana;

46

- Analisar a inter-relação entre as vias de sinalização ativadas pelo LPA envolvidas na

desorganização do CJA e do citoesqueleto de actina e na migração celular, enfatizando a

participação das proteínas quinases Src, PKA, PI3K e EGFR, e da família Rho de GTPases

Rho e Rac, e suas efetoras ROCK e IQGAP;

- Verificar se o LPA aumenta o potencial tumorigênico celular, avaliando o potencial

de invasividade, atividade das MMP-2 e -9, e crescimento independente de ancoragem.

47

III. MATERIAL E MÉTODOS

III.1 Anticorpos e Reagentes

O anticorpo monoclonal produzido em camundongo anti-E-caderina (clone 36) foi

obtido da BD Biosciences (San Diego, CA, EUA). Os anticorpos policlonais produzidos em

coelho anti-claudina-1 (clone JAY.8), ocludina, ZO-1 (clone Z-R1), Rho-GDI-α (clone NGA-

25), e os monoclonais produzidos em camundongo anti-p120-catenina (6H11), anti-IQGAP1

e anti-α-tubulina (Z022) foram obtidos da Invitrogen Corporation (Carlsbad, CA, EUA). Os

anticorpos produzidos em coelho anti-ROCK II, anti-fosfo-FAK (Tyr 397), anti-p125 FAK e

anti-β-catenina, os anticorpos monoclonais produzidos em camundongo anti-Rac (23A8) e

anti-vimentina (V9), e a faloidina conjugada à rodamina foram obtidos da Sigma-Aldrich

(Saint Louis, MO, EUA). O anti-fosfo-Src (Tyr 416) produzido em coelho (100F9) foi obtido

da Cell Signaling Technology, Inc (Danvers, MA, EUA). Os kits de ativação de Rho e Rac

EZ-Detect TM para os ensaios de pull-down, incluindo os anticorpos anti-Rho e anti-Rac,

foram obtidos da Pierce (Rockford, IL, EUA). O anticorpo secundário Alexa 488 e 546 foram

obtidos da Invitrogen Corporation (Carlsbad, CA, EUA). Os anticorpos secundários

conjugados à peroxidase anti-coelho e anti-camundongo foram obtidos da Sigma-Aldrich

(Saint Louis, MO, EUA).

Os inibidores foram diluídos em dimetilsulfóxido e mantidos nas respectivas

concentrações estoques: N-[2-((p- Bromocinamil) amino) etil]- S –isoquinolinesulfonamida_

(H-89), de PKA, 10 mM; 2’– amino – 3´- metoxiflavona (PD98059), de MAPK, 25 mM; e

LY294002 (2-(4-morpholinil)-8-phenil-4H-1-benzopiran-4-ona), de PI3K, 10 mM, foram

obtidos da Biomol Research Laboratories Inc. (Plymouth Meeting, PA, EUA). Os inibidores 4

- [(3-Bromofenil) amino] - 6, 7 – dimetoxiquimazolina (PD153035), de EGFR, 1 mM; [(R) –

(+) – trans – N– (4-piridil) – 4- (1- aminoetil) - ciclohexanecarboxamida] (Y-27632), de

ROCK, 10 mM e toxina A de Clostridium difficile, de GTPase Rho, 665 mM, e PP2 (4-

amino-5-(4-clorophenil)-7-(t-butil) pirazolo[3,4-d] pirimidina, de Src, 170 nM foram obtidos

da Calbiochem (EMD Biosciences, Inc, San Diego, CA, EUA); o L-α-ácido lisofosfatídico

(LPA), o ativador de PKA forskolina, na concentração estoque de 10 mM, e o coquetel de

inibidores de protease foram obtidos da Sigma Chemical Co. (St Louis, MO, EUA). A resina

epon foi obtida da Electron Microscopy Sciences (Washington, PA, EUA); o kit de

quimioluminescência da Amersham Biosciences (GE healthcare, UK); as câmaras de

48

policarbonato da Costar (Corning, NY, EUA); e o matrigel da BD Biosciences (San Diego,

CA, EUA).

III.2 Cultura de células

Foram utilizadas as linhagens celulares de adenocarcinoma de cólon humano Caco-2

(ATCC, # HTB-37) e HT-29 (ATCC, # HTB-38). As células Caco-2 se diferenciam quando

atingem confluência e desenvolvem complexo juncional funcional, enquanto células HT-29

apresentam fenótipo indiferenciado, crescem em multicamada, e possuem maior potencial

invasivo e metastático. Ambas foram cultivadas em meio DMEM suplementado com 10% de

soro fetal bovino (SFB), penicilina G (60 mg/L) e estreptomicina (100 mg/L) e mantidas a

37°C em 5% CO2. Para ensaios bioquímicos, as células foram cultivadas em garrafas de 25

cm2 ou placas de 8,8 cm2

Para avaliar o papel do LPA na indução do fenótipo migratório (Parte II da Tese),

soluções de LPA na concentração de 20 mM em etanol 20% foram preparadas e estocadas a -

80°C. Inicialmente, foram realizados testes nas concentrações finais de 1, 10 e 20 µM de LPA

em meio sem SFB e em meio LC. Foi estabelecida a concentração de 10 µM para os

experimentos subsequentes, considerando que esta concentração não afeta a viabilidade

, para técnicas de imunocitoquímica em lamínulas de vidro, e para

medida de RET e microscopia eletrônica de transmissão, em membranas de policarbonato

Transwell com 6,5 mm de diâmetro e poro de 0,4 µm. Foram também utilizadas as células

OVCAR-3, epiteliais de ovário, cultivadas em meio RPMI suplementado com 20% de SFB,

penicilina G (60 mg/L) e estreptomicina (100 mg/L) e mantidas a 37°C em 5% CO2. Essa

linhagem é conhecidamente responsiva ao LPA (Sawada et al., 2002) e foi gentilmente cedida

pela Dra. Etel Gimba.

III.3 Modelo de depleção do cálcio extracelular

Na Parte I deste trabalho, meio de cultura em baixa concentração de cálcio (LC) foi

preparado suplementando o meio DMEM sem SFB com uma solução estoque de EGTA na

concentração de 200 mM, atingido uma concentração final de 4 mM. As células em

confluência foram pré-incubadas por 1 h a 37°C em meio sem SFB, e então incubadas por 2,5

h em meio contendo baixa concentração de cálcio. O efeito da retirada do cálcio extracelular

sobre a monocamada celular foi monitorado por microscopia de contraste de fase.

III.4 Tratamento com LPA

49

celular e é suficiente para induzir a formação de fibras de estresse. As células foram

depletadas de SFB por 24 h e o tratamento com LPA nesta concentração foi feito nos tempos

de 5, 15, 30 min, 1, 6, 24 e 48 h.

III.5 Tratamentos com inibidores de vias de sinalização

Após atingirem confluência, e antes de serem depletadas de cálcio, as monocamadas

celulares foram incubadas por 1 h em meio DMEM sem SFB e por 2,5 h com os respectivos

inibidores em meio com baixa concentração de cálcio. Para os estudos utilizando LPA, as

monocamadas foram depletadas de SFB por 24 h, pré-tratadas por 1 h com os respectivos

inibidores em meio DMEM sem SFB e em seguida incubadas com meio depletado de SFB

contendo LPA e os inibidores. As concentrações finais dos inibidores utilizadas foram:

inibidor de PKA H-89, 20 μM; inibidor de MAPK PD98059, 50 µM; inibidor de Src PP2, 100

nM; inibidor de EGFR PD153035, 100 nM; inibidor de PI3K LY294002, 10 µM; inibidor de

ROCK Y-27632, 10µM; inibidor de GTPases da família Rho toxina A de Clostridium

difficile, 10 µM. Foi também utilizada a forskolina como ativadora de PKA, na concentração

final de 10 µM.

III.6 Ensaios de Imunofluorescência

Células crescidas sobre lamínulas de vidro, após atingirem confluência, foram

submetidas a diferentes tratamentos, lavadas com salina tamponada com fosfato (PBS), fixadas

com paraformaldeído 4% durante 30 min a 37°C, e incubadas com NH4Cl por 10 min. Logo

permeabilizadas com Triton X-100 (TX-100) 0,5% por 5 min e o bloqueio foi feito com BSA

3% em PBS por 2 h. Posteriormente foram incubadas com os anticorpos primários contra

proteínas de JA (E-caderina, na diluição de 1:100; β-catenina, 1:220; e p120-catenina 1:200),

GTPases e suas efetoras (RhoA, 1:200; Rac, 1:60; IQGAP, 1:50; e ROCKII, 1:500), e FAK

(1:1000). Alternativamente, a fixação foi realizada com metanol 100% por 20 min a -20°C para

utilização dos anticorpos primários contra proteínas das JTs (ocludina, 1:20; claudina-1, 1:25; e

ZO-1, 1:25). Nova lavagem foi realizada, e as células foram incubadas com os respectivos

anticorpos secundários conjugados a Alexa 488 ou 546 na diluição de 1:500. Para marcação do

núcleo, foi utilizado 4',6-diamidino-2-phenylindole (DAPI, 1:500) por 1 min. Posteriormente

as lâminas foram montadas com N-propil-galacto, e observadas em microscópio invertido

(AXIOVERT S 100) acoplado a um programa de processamento de imagens KS300 (Zeiss), e

alternativamente em microscópio confocal LSM Meta 510 (Zeiss).

50

III.7 Detecção dos filamentos de actina

Para marcação dos filamentos de actina, as células foram fixadas e permeabilizadas

com TX-100 0,5%, como acima indicado, e incubadas com faloidina conjugada a rodamina

(500 ng/mL) por 40 min no escuro. As lâminas foram rigorosamente lavadas, montadas com

N-propil-galacto e observadas em microscópio confocal LSM510 Meta, utilizando o laser de

excitação de 543 nm. Foram realizadas seções ópticas próximas ao plano apical, medial (5 µm)

e basal (9 µm) da monocamada (plano X-Y) e no plano perpendicular (plano X-Z).

III.8 Obtenção de frações solúveis e insolúveis em Triton X-100 e de lisados celulares

totais

A fim de avaliar a distribuição das proteínas do CJA após os respectivos tratamentos, as

monocamadas celulares foram lavadas em PBS e homogeneizadas em tampão CSK, pH 6,8

(NaCl 50 mM, Tris-HCl 10 mM, MgCl2 3 mM, TX-100 0,1%, sacarose 300 mM), contendo

inibidores de proteases (1:100, Sigma), fluoreto de sódio (NaF) 20mM e ortovanadato 1mM

por 10 min a 4°C. Após centrifugação a 10.000 g por 10 min a 4°C, o sobrenadante obtido

corresponde à fração solúvel em TX-100 (proteínas solúveis). O pellet foi homogeneizado em

tampão SDS pH 7,5 (Tris-HCl 20 mM, EDTA 5 mM, EGTA 2,5 mM e SDS 1%) e fervido por

10 min. Após centrifugação a 10.000 g por 10 min, o sobrenadante corresponde à fração

insolúvel em TX-100 (proteínas ligadas ao citoesqueleto). Ambas as frações foram estocadas

em –200

Para obtenção de lisados totais, as amostras foram lavadas e incubadas por 20 min a

4°C em tampão de extração (NaCl 150 mM, Hepes 10 mM, pH 7.3, SDS 0,2%, TX-100 1%,

deoxicolato 0.5%, e EDTA 2 mM) contendo ortovanadato 2 mM, NaF 20 mM, e coquetel de

inibidores de proteases (1:100). As células foram raspadas das places, homogeneizadas e

centrifugadas a 10.000 g por 10 min a 4°C. O sobrenadante foi coletado e estocado a -20°C.

até seu uso correspondente.

III.9 Distribuição subcelular de Rho, Rac e RhoGDI

Para determinar a localização das GTPases após os respectivos tratamentos, frações de

membrana e citosol foram obtidas como se segue: As células foram coletadas e

homogeneizadas usando um homogenizador tipo Potter em tampão Tris-HCl 10 mM, pH 7.5,

contendo sacarose 250 mM, MgCl2 1 mM, ortovanadato 1 mM, NaF 20 mM e inibidores de

protease (1:100) Os lisados celulares foram centrifugados a 3.000 g por 10 min a 4°C. O

sobrenadante foi coletado e centrifugado a 15.000 g por 1 h a 4°C. O sobrenadante resultante

51

foi coletado como fração citosólica e o pellet como fração de membrana. A fração de

membrana foi ressuspensa e homogeneizada em tampão Hepes 10 mM, pH 7.3, contendo

EDTA 2 mM, SDS 0.2%, deoxicolato de sódio 0.5%, TX-100 0.1%, NaCl 150 mM,

ortovanadato 2 mM, NaF 20 mM e inibidores de protease (1:100).

III.10 Eletroforese em gel de poliacrilamida usando sódio dodecil sulfato (SDS-PAGE) e

Immunoblotting

Para analisar o padrão de distribuição das proteínas por efeito dos respectivos

tratamentos, quantidades iguais de proteínas (30-60 μg) foram separadas por SDS-PAGE

usando géis de 7,5, 10 e 12%. As proteínas foram transferidas para membranas de nitrocelulose

utilizando-se o aparelho de transferência semi-seco (Bio Rad Lab. Hercules, CA, EUA) a 10 V

por 60 min. As membranas foram mantidas em tampão de bloqueio: TBS-T (Tris-HCl 20 mM,

pH 7,6, NaCl 137 mM e Tween 20 0,1%) contendo leite desnatado 5% ou BSA 1-3%, durante

60 min, e incubadas com os anticorpos primários contra proteínas de adesão célula-célula (E-

caderina, na diluição de 1:5000; β-catenina, 1:4000; p120-catenina 1:1000; ocludina, 1:250;

claudina-1, 1:200; e ZO-1, 1:250), GTPases e reguladoras (Rho na diluição de 1:2000; Rac,

1:500; RhoGDI, 1:250), FAK fosforilada no resíduo tirosina 397, na diluição 1:1000, Src

fosforilada no resíduo tirosina 416, na diluição 1:500, vimentina 1:500, e a proteína

constitutiva como controle (β-tubulina, na diluição de 1:500) por 4 h ou overnight. Após

sucessivas lavagens com TBS-T, as membranas foram incubadas com os anticorpos

secundários produzidos em coelho ou camundongo conjugados a peroxidase por 1 h na

diluição de 1: 50.000. As membranas foram lavadas e a reatividade para as proteínas em estudo

foi feita usando um kit de quimioluminescência (ECL). A intensidade das bandas foi

quantificada por densitometria utilizando o software LabWorks 4.6 (Bio Rad Lab. Hercules,

CA, EUA).

III.11 Ensaio de pull-down

A atividade das proteínas Rho e Rac foi determinada usando ensaios específicos de

pull-down, seguindo as instruções do fabricante. Resumidamente, Rotekina RBD e PAK-1

PBD ligadas a agarose-glutationa, foram usadas para precipitar Rho e Rac dos lisados

celulares, respectivamente. As formas ativas e totais de Rho e Rac foram separadas por SDS-

PAGE e visualizadas por immunoblotting.

52

III.12 Resistência Elétrica Transepitelial (RET)

Para avaliar a funcionalidade das JTs em relação à permeabilidade a íons, as células

foram crescidas em membranas Transwell até atingirem confluência. Após os respectivos

tratamentos, a RET foi mensurada, usando um voltímetro com eletrodo de prata/cloreto

(Ag/AgCl) Millicel-ERS (Millipore). Um eletrodo foi inserido na câmara superior, acessando a

monocamada celular, e o outro na câmara inferior. A passagem de íons através da via

paracelular é quantificada através da medição da diferença de potencial elétrico entre as duas

câmaras, utilizando uma corrente constante de 20 µA. A resistência das membranas sem

células foi subtraída dos valores encontrados nos tratamentos: (Ramostra – Rbranco = Rmonocamada ),

e posteriormente multiplicada pela área das membranas (0,33 cm2

A migração celular foi avaliada através da técnica de wound healing. Células Caco-2

foram plaqueadas na densidade de 4 X 10

).

III.13 Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET)

Para avaliar a funcionalidade das JTs em relação à permeabilidade paracelular a

moléculas, foi realizada a citoquímica utilizando o traçador vermelho de rutênio, seguida pela

análise por MET. As células crescidas em filtros de policarbonato Transwell com 6,5 mm de

diâmetro e poros de 0,4 µm foram fixadas numa solução contendo glutaraldeído 2,5%,

paraformaldeído 1%, sacarose 8% e CaCl2 2 mM preparado em tampão cacodilato de sódio 0,1

M, pH 7,2 por 1 h. Posteriormente foram lavadas em tampão cacodilato por 3 vezes durante 10

min e a pós-fixação realizada com tetróxido de ósmio 1%, ferrocianeto de potássio 0,8% e

CaCl2 2,5 mM em tampão cacodilato. Nas etapas de fixação, lavagem e pós-fixação, 6 µg/mL

de vermelho de rutênio foram aplicados na câmara superior do Transwell (região apical das

células). As amostras foram lavadas em tampão cacodilato por 3 vezes durante 10 min,

desidratadas nas concentrações crescentes de acetona (30%, 50%, 70%, 90%, 2 vezes em

100% e outras 2 vezes em 100% super seca) por 10 min cada, e infiltradas em resina Epóxi

(Electron microscopy Science, Washington, PA, EUA). Cortes ultrafinos de 60 nm foram

obtidos em ultramicrótomo Reichert Ultracute da Leica, e contrastados com citrato de chumbo

por 3 min para observação no microscópio eletrônico de transmissão Zeiss 900.

III.14 Ensaios de migração e invasividade celular

4 células/ cm2 e, após atingirem confluência,

depletadas de SFB por 24 h e pré-tratadas por 1 h com os inibidores. Em seguida, um risco foi

feito manualmente sobre a monocamada utilizando uma ponteira de micropipeta estéril. Para

53

cada tratamento, foram feitos três riscos e três campos de cada risco foram selecionados e

marcados. Após lavagem em PBS, meio de cultura contendo os inibidores e LPA foi

adicionado às células, que foram incubadas a 37°C. Células tratadas e não tratadas migraram

para as áreas riscadas e foram fotografadas imediatamente (0 h), após 6 h, e no final do

experimento (24 h), em microscópio invertido (AXIOVERT S 100) acoplado a um programa

de processamento de imagens KS300 (Zeiss). A distância entre as duas margens da

monocamada celular riscada foi quantificada utilizando o Programa Adobe Photoshop 6.0 em

três experimentos independentes. Os valores foram representados em porcentagens e plotados

em um gráfico.

A invasão celular foi avaliada utilizando membranas Transwell com poros de 8,0 µm

revestidos com matrigel (1:10), que contém os componentes de membrana basal (colágeno,

laminina, proteoglicanos, enzimas e fatores de crescimento). As células Caco-2 e OVCAR-3

(2,5 X 104 células) foram cultivadas na câmara superior sobre o matrigel em meio depletado

de SFB com ou sem tratamento com LPA. Na câmara inferior, foi utilizado meio contendo

20% de SFB como quimioatraente. Após 48 h em 37°C, as células que invadiram o matrigel

foram fixadas com paraformaldeído 3,7%, coradas com azul de toluidina 0,5% e fotogradas

em microscópio invertido (AXIOVERT S 100) acoplado a um programa de processamento de

imagens KS300 (Zeiss).

III.15 Proliferação celular

O número relativo de células viáveis foi determinado pelo ensaio do cristal violeta.

Resumidamente, a mesma densidade de células utilizada no ensaio de migração celular (1.5 x

104 células, ou 4 X 104 células/ cm2) foram plaqueadas por 4 h em placas de 96 poços,

incubadas com meio de cultura contendo ou não SFB e tratadas com LPA por 24 e 48 h. O

meio de cultura foi removido, as células foram lavadas com PBS, fixadas com etanol absoluto

por 10 min, e coradas com cristal violeta por 10 min na concentração de 0,05% em etanol

20% à temperatura ambiente. Após lavagem em água e secagem ao ar, o corante foi

solubilizado com metanol, e as densidades ópticas foram mensuradas em espectrofotômetro

em 595 nm (Spectra Max 190, Molecular Devices, Sunnyvale, CA, EUA) e avaliadas

utilizando o software Soft Max pro 4.3 LS.

54

III.16 Crescimento independente de ancoragem (CIA)

Placas de 12 poços foram revestidas com ágar 0,6% em meio DMEM contendo 10% de

SFB. Após a solidificação a 4°C por 30 min, 250 células por poço foram suspensas em ágar

0,3% em DMEM contendo 10% de SFB na presença ou ausência de 10 µM de LPA, e

plaqueadas sobre a camada de ágar inferior. Após solidificação, meio de cultura contendo 10%

de SFB na presença ou ausência de 10 µM de LPA foi adicionado. As células cresceram por

duas semanas, trocando o meio de cultura a cada três dias. As colônias foram observadas em

microscópio invertido (AXIOVERT S 100), contadas e plotadas num gráfico utilizando o

programa GraphPad Prisma 4.0.

III.17 Análise da expressão e atividade de metaloproteases

A expressão do RNAm das MMP-2 e -9 foi analisada por qRT-PCR. Para isso, o RNA

total de células Caco-2 sem tratamento e após os respectivos tratamentos foi extraído

utilizando o Kit RNeasy (Qiagen), seguindo o protocolo descrito pelo fabricante. Em seguida,

o RNA foi dosado no espectrofotômetro NanoDRop, e um micrograma de cada amostra de

RNA total foram reversamente transcritos para cDNA, segundo o protocolo do kit ImProm-II

Reverse Transcriptase for RT-PCR (Promega). Foi feito qRT-PCR utilizando o sistema de

detecção de SYBR Green (SYBR™ Green PCR Master Mix, Applied Biosystems). Os

oligonucleotídeos utilizados foram os seguintes: MMP-2 forward AAA ATG GAT CCT GGC

TTC CC, MMP-2 reverse TAG CCA GTC GGA TTT GAT GC, MMP-9 forward TGA CAG

CGA CAA GAA GTG, MMP-9 reverse CAG TGA AGC GGT ACA TAG G, actina forward

TGA CCC AGA TCA TGT TTG AGA, actina reverse ACT CCA TGC CCA GGA AGG A.

O volume final da PCR foi de 20 µL, contendo 10 µL de SYBR Green, 5 µL da solução 800

nM de mistura dos oligonucleotídeos senso e antisenso e 5 µL de cDNA (sintetizado a partir

de 1 µg de RNA total). O programa de ciclagem consiste de uma incubação inicial a 50°C por

2 min e 94°C por 5 minutos, seguido de 40 ciclos de 94°C por 30 s (desnaturação), 58°C

por 30 s (anelamento) e 72°C por 90 s (extensão). Essa etapa foi seguida de uma incubação

final a 72°C for 15 min. Ao término da ciclagem, foi realizada uma curva de dissociação com

o objetivo de confirmar a especificidade de amplificação. A curva de dissociação foi realizada

com um aumento de temperatura que se inicia em 60°C e estende-se até 90°C, com leituras de

fluorescência efetuadas a cada 0,2°C. Todas as amostras foram amplificadas em duplicatas,

inclusive os controles negativos. As reações de qRT-PCR foram realizadas e analisadas no

55

aparelho CFX 96 Real Time System (Bio Rad). O nível de expressão relativa das MMP-2 e -9

foram calculados pelo método de quantificação relativa, utilizando a fórmula 2-∆∆CT

A atividade das MMP-2 e -9 foi analisada por zimografia utilizando sobrenadantes de

meio de cultura de células Caco-2 confluentes correspondentes a diferentes condições

experimentais. Proteínas (30 µg) foram separadas por SDS-PAGE contendo gelatina 0,2%.

Após separação eletroforética, as proteínas foram renaturadas em tampão contendo TX-100

2,5% por 1 h, e incubadas em tampão contendo CaCl2 5mM por 20 h a fim de verificar a

capacidade enzimática de degradação da gelatina. Em seguida, os geis foram corados

utilizando Coomassie Brilliant Blue R-250 0,1% em solução com metanol 40% e ácido

acético 10% por 30 min e descorados em solução contendo metanol 50% com ácido acético

10%. Os géis foram mantidos em solução secante por 24 h e escaneados. Os sobrenadantes da

linhagem HT-1080, de fibrossarcoma, usados como controle da atividade metaloprotease,

foram gentilmente cedidos pela Dra. Silvya Stuchi Maria-Engler, da Universidade de São

Paulo.

.

III.18 Análise estatística

A análise estatística foi realizada usando o programa GraphPad Prism version 5.0

(GraphPad Software, San Diego, CA, EUA). Para cada experimento, os dados das triplicatas

foram calculados e foi feita a análise de significância utilizando os seguintes testes: one-way

ANOVA com pós-teste de Bonferroni para análise da RET; teste T-student para análise para

análise densitométrica das frações de membrana e citosólica e ensaio de crescimento

independente de ancoragem; e two-way ANOVA com pós-teste de Dunnett para análise

densitométrica das frações solúveis e insolúveis em TX-100 e ensaio de migração celular. As

diferenças foram consideradas significativas para p < 0,05.

56

IV. RESULTADOS

PARTE 1: Análise da inter-relação entre o CJA e o citoesqueleto de actina durante a

perda da adesão célula-célula

Um modelo frequentemente utilizado para estudar a dinâmica do CJA é a retirada do

cálcio do meio extracelular. Em condições fisiológicas, a concentração de cálcio no meio

extracelular (Cae) é próxima de 1,8 mM, e no meio intracelular (Cai) próxima de 0,1 mM. A

utilização de quelante ocasiona queda nas concentrações de Cae (entre 1-5 μM), e Cai (para

aproximadamente 15 nM) (Gonzalez-Mariscal et al., 1990). Estudos preliminares avaliaram a

biogênese do CJA após submeterem células epiteliais a baixas concentrações de Cae e

subsequente restauração da concentração fisiológica de Cae. Nessas condições, ocorre um

súbito aumento na concentração de Cai (300 nM), não requerido para a formação do CJA pois

a concentração de 100 nM foi suficiente para que 96% dos contatos célula-célula fossem

selados (Tobey et al., 1994). Além disso, a presença de drogas que impedem a penetração do

cálcio na célula não interferiu na formação das junções célula-célula, confirmando que o

aumento no Cai não é necessário para a formação do CJA. A redução ou o aumento do Cai

utilizando um quelante intracelular ou um ionóforo, respectivamente, não alteraram a

permeabilidade paracelular ao se utilizar o modelo de retirada do Cae, ou após restaurá-lo.

Esses resultados indicam que o aumento da permeabilidade paracelular ocorrido em resposta à

retirada do Cae ocorre via efeito extracelular (Tobey et al., 1994). Além disso, esse mesmo

estudo mostrou que, após submeter células a baixas concentrações de Cae, e ao se colocar um

anticorpo contra a porção extracelular (DECMA ou HECD) ou intracelular (4A2C7) da E-

caderina e restaurar os níveis de cálcio no meio de cultura, apenas a RET do segundo se

restabelece, mostrando que o cálcio atua através da porção extracelular da E-caderina. Foi

então sugerido que as caderinas ligam-se ao cálcio através da sua porção extracelular e

interagem com proteínas quinases através de sua cauda citoplasmática. A partir daí, o modelo

de retirada do cálcio extracelular passou a ser amplamente utilizado no estudo da dinâmica

dos contatos célula-célula.

IV.1 PKA modula a desmontagem do CJA e a funcionalidade das JTs

Para determinar as vias de sinalização envolvidas na desmontagem do CJA causadas pela

retirada do cálcio do meio extracelular, células Caco-2 foram cultivadas em meio normal

(NC) ou em baixa concentração de cálcio (LC), pré-tratadas com inibidores específicos de

quinases antes da incubação em meio LC, e a distribuição das proteínas juncionais foi

57

inicialmente analisada por imunofluorescência. A Figura 21A mostra que nas células

cultivadas em meio NC, E-caderina, ocludina, claudina-1 e ZO-1 localizam-se

predominantemente nos contatos célula-célula. No entanto, em meio LC, as células

apresentaram uma morfologia arredondada e perda dos contatos entre células vizinhas, com

internalização das proteínas do CJA, mas o contato com o substrato foi mantido. A

desmontagem do CJA e a internalizaçaõ das proteínas causadas pela retirada do cálcio do

meio extracelular foram prevenidas pelo pré-tratamento com o inibidor de PKA, H-89. Os

outros inibidores utilizados como PD153035, PD98059 e LY294002, que inibem

respectivamente EGFR, MAPK e PI3K foram incapazes de reverter o efeito do meio LC.

Além disso, as células foram tratadas com forskolina, um agente conhecido por aumentar os

níveis intracelulares de AMPc e ativar PKA. Este tratamento ocasionou significativa

internalização das proteínas do CJA, um efeito similar ao causado pelo meio LC, embora

menos intenso (Figura 21B).

É bem estabelecido que as proteínas juncionais são funcionais quando associadas ao

citoesqueleto. Então, em seguida nós avaliamos a distribuição de E-caderina e claudina-1,

uma proteína de JT que desempenha uma importante função na permeabilidade paracelular,

usando frações solúveis e insolúveis em TX-100 após a incubação em meio NC e LC, e pré-

tratamento com o inibidor de PKA, H-89. O padrão de distribuição e a análise densitométrica

de E-caderina e claudina-1 mostraram uma significativa translocação da fração insolúvel para

a solúvel em células incubadas em meio LC, e esse efeito foi prevenido por H-89 (Fig. 22).

Vale destacar que, embora o IC50 desse inibidor de PKA esteja entre 48 e 135 nM (Davies et

al., 2000), nós utilizamos a concetração de 20µM baseados em estudos prévios mostrando que

essa concentração também inibe PKA (Klingler et al., 2000).

Juntos, esses resultados mostram que a desmontagem do CJA causada pela retirada do

cálcio do meio extracelular é mediada por ativação de PKA.

58

E-caderina ocludina claudina-1 ZO-1

B

A

59

Figura 21: Inibição farmacológica de PKA previne a redistribuição de proteínas do CJA. A) Células Caco-2 foram incubadas em meio normal (NC) e em baixa concentração de cálcio (LC) por 2,5 h ou pré-tratadas com os inibidores: H-89 (PKA), PD98059 (MAPK), PD153035 (EGFR) e LY294002 (PI3K) antes da incubação com o meio LC. B) As células também foram incubadas em meio NC contendo forskolina, um ativador de PKA. As células foram fixadas e marcadas para E-caderina, ocludina, claudina-1 e ZO-1. Note que as proteínas do CJA foram redistribuídas em meio LC e esse efeito foi prevenido apenas pelo H-89. A forskolina causou internalização significativa das proteínas do CJA. Barra, 12 µm.

60

Figura 22. Associação da E-caderina e claudina-1 ao citoesqueleto de actina é modulada por PKA. Immunoblottings representativos e análise densitométrica de E-caderina e claudina-1 nas frações insolúveis (i) e solúveis (s) em TX-100 em células que foram incubadas em meio NC e LC e pré-tratadas com H-89. Observe que o H-89 preveniu a redistribuição das proteínas das frações insolúveis para as solúveis causada pelo meio LC. O valor densitométrico foi calculado usando a seguinte equação: valor arbitrário = (quantidade de proteína na fração insolúvel)/quantidade de proteína na fração solúvel). O valor obtido para células do grupo NC foi normalizado para 1 em cada caso. O desvio padrão de três experimentos independentes está representado. Foram considerados significativos valores para *, p < 0,05 em relação ao grupo NC, e #, p < 0,05 em relação ao grupo LC.

61

Após os diferentes tratamentos, nós verificamos a funcionalidade das JTs monitorando

a resistência elétrica transepitelial (RET) nas monocamadas celulares e nas junções celulares

individuais usando a técnica do vermelho de rutênio associado à análise por microscopia

eletrônica. Como mostrado na Figura 23A, a análise da permeabilidade a íons em

monocamadas confluentes de células Caco-2, acessadas por quantificação da RET, indica que

as células cultivadas em meio NC apresentaram valores próximos a 400 Ω.cm2 (100%). No

entanto, em meio LC, houve uma acentuada queda na RET após 1 h e foram observados

valores próximos a zero após 150 min. Esse efeito foi prevenido de forma significativa por H-

89, que restaurou em torno de 80% da RET, enquanto os inibidores de EGFR, MAPK e PI3K

não preveniram a queda na RET, mostrando que essas quinases não estão envolvidas na

desorganização dos contatos célula-célula causada pelo meio LC. Esse resultado foi

confirmado através da técnica do vermelho de rutênio. Foi observado que o traçador não

permeou as JTs das células em meio NC, permanecendo restrito à região apical das

monocamadas (Fig. 23B), mas permeou em células incubadas com meio LC (Fig. 23C). Dos

inibidores de quinase utilizados, apenas o H-89 preveniu a permeabilidade do corante

eletrondenso causada pelo meio LC (Fig. 23D). Os outros inibidores de quinase, como o

PD98059, LY294002 e PD15035 não reverteram o efeito do meio LC sobre a funcionalidade

das JTs.

Juntos, esses resultados indicam que a ativação de PKA é requerida para regular a

desmontagem de proteínas do CJA causada pelo meio LC e para regular a função de barreira

das JTs.

62

Figura 23. A funcionalidade do complexo juncional é regulada por PKA. As células Caco-2 foram cultivadas em filtros de policarbonato Transwell e a funcionalidade das JTs foi analisada por medição da RET (A) e microscopia eletrônica de transmissão utilizando o traçador vermelho de rutênio (B-D). A) A RET foi quantificada nas condições indicadas. Observe que, de todos os inibidores testados, apenas o H-89 reverteu a queda na RET induzida pelo meio LC (*, p<0,01 comparado ao meio LC). B) Imagens representativas de seções ultrafinas de células controle mostrando o vermelho de rutênio apenas na região apical. C) Células cultivadas em baixa concentração de cálcio por 2,5 h apresentaram espaços extensos na área do complexo juncional (*) e permeabilidade do traçador entre os contatos intercelulares. D) O pré-tratamento com H-89 de células no meio LC bloqueou esse efeito. N: Núcleo; JT: junção tight; JA: junção aderente; Barra, 4 µm. Seta: vermelho de rutênio.

JT JT

JA JA

JT

JT

B A

C D

RET (%)

tempo (min)

63

IV.2 PKA modula a organização do citoesqueleto de actina de forma diferencial

através do volume celular

Para explorar a relação entre a reorganização do citoesqueleto de actina e

desmontagem do CJA, nós marcamos o citoesqueleto de actina com faloidina conjugada a

rodamina e realizamos análise por microscopia confocal. A Figura 24 mostra a distribuição

dos filamentos de actina nas regiões apical, medial e basal no plano X-Y (Fig. 24A) e no

plano X-Z (Fig. 24B) das monocamadas celulares cultivadas em meio NC com ou sem

forskolina e meio LC na presença ou ausência de H-89. No meio NC, as células apresentaram

marcação pontual na região apical, caracterizando actina nas microvilosidades e nos contatos

célula-célula. Na região medial, a actina foi predominante nas junções intercelulares; e na

região basal, formando as fibras de estresse. O tratamento com forskolina em meio NC

desorganizou o citoesqueleto de actina principalmentre nas regiões apical e medial, sem

interferir nas fibras de estresse. Em meio LC, as células adquiriram morfologia arredondada

com microfilamentos corticais na periferia celular e desmontagem das fibras de estresse na

região basal. O H-89 preveniu o efeito nas regiões apical e medial, mas as fibras de estresse

não foram restabelecidas; ao contrário, foi possível observar estruturas semelhantes a

lamelipódios na região basal.

Esses resultados indicam que a atividade de PKA modula a desmontagem do CJA em

paralelo à desorganização do citoesqueleto de actina nas regiões apical e medial, mas não a

formação de fibras de estresse.

64

Figura 24. PKA modula a organização do citoesqueleto de actina de forma diferencial através do volume celular. As monocamadas celulares foram incubadas em meio NC, NC com forskolina, LC ou LC com H-89, e marcadas com faloidina conjugada a rodamina. (A) Imagens representativas no plano X-Y em seções próximas a região apical, medial (5 μm) ou basal (9 μm). (B) Imagens do plano X-Z. Note que o meio LC desorganizou o citoesqueleto de actina e esse efeito foi prevenido nas regiões apical e medial pelo H-89, mas não na região basal. Setas: fibras de estresse; cabeça de seta: lamelipódio. Barra: 20 µm.

Apical

Medial

Basal

X-Z

A NC NC+FK LC LC+H89

B

65

IV.3 A inibição farmacológica de ROCK não previne a desorganização das JTs mas

impede a internalização de E-caderina

Considerando que prévios estudos mostraram que PKA modula a função de RhoA

(Qiao et al., 2008), e que ROCK é uma proteína alvo dessa GTPase (Sahai & Marshall, 2002),

nós decidimos investigar se a sinalização Rho-ROCK poderia estar envolvida na

desmontagem do CJA de células Caco-2. Usamos toxina A, um inibidor de GTPases da

família Rho e Y-27632, um inibidor seletivo de ROCK I e II, e inicialmente analisamos a

distribuição das proteínas do CJA por imunofluorescência. A Fig. 25A mostra que, em meio

NC, a toxina A causou arredondamento celular e marcação difusa de E-caderina, ocludina,

claudina-1 e ZO-1 em relação à distribuição normal dessas proteínas nos contatos célula-

célula. Além disso, essa droga causou aumento no tamanho celular e intensa invaginação de

membrana, como visualizado na marcação para ZO-1. O inibidor Y-27632 parece preservar a

distribuição de E-caderina, ocludina e ZO-1, como observado em NC, mas causou aparente

desorganização da distribuição da claudina-1. Além disso, o inibidor de ROCK não preveniu a

internalização das proteínas de JTs ocludina, claudina-1 e ZO-1, mas reverteu a internalização

de E-caderina causada pelo meio LC.

Nós confirmamos esse resultado por immunoblotting usando frações solúveis e

insolúveis em TX-100 e observamos que o Y-27632 preveniu a translocação de E-caderina

das frações insolúveis para solúveis, mas não de claudina-1 (Fig. 25B). O inibidor de ROCK

não teve efeito sobre a solubilidade de ocludina e ZO-1 em TX-100.

66

67

Figura 25. A inibição farmacológica de ROCK não previne a desmontagem das JTs mas impede a internalização de E-caderina. A) As monocamadas celulares foram tratadas com toxina A ou Y-27632 em meio NC ou LC, fixadas e marcadas para E-caderina, ocludina, claudina-1 e ZO-1. Observe a redistribuição das proteínas do CJA e aumento do tamanho das células causado pela inibição de Rho com toxina A (TXA). O inibidor de ROCK (Y27) em meio LC preservou a localização de E-caderina nas JAs, mas não a internalização das proteínas das JTs. Barra, 12 µm. B) Immunoblottings representativos e análise densitométrica de E-caderina e claudina-1 das frações insolúveis (i) e solúveis (s) em TX-100 de células incubadas em meio NC e LC e pré-tratadas com Y-27632. Note que o inibidor de ROCK preveniu a redistribuição de E-caderina da fração insolúvel para a solúvel causada pelo meio LC, mas não de claudina-1. Em cada caso, os valores da densitometria foram calculados como na Fig. 22. O valor obtido para células do grupo NC foi normalizado para 1 em cada caso. O desvio padrão de três experimentos independentes está representado. Foram considerados significativos valores para *, p < 0,05 em relação ao grupo NC e #, p < 0,05 em relação ao grupo LC.

68

Em seguida, analisamos o efeito do inibidor de ROCK na funcionalidade das JTs

usando a quantificação da RET e a técnica do vermelho de rutênio (Fig. 26). A inibição de

ROCK não preveniu a queda da RET causada pelo meio LC e, em meio NC não ocasionou

redução significativa da RET (Fig. 26A). Por microscopia eletrônica, verificamos que o

traçador vermelho de rutênio adicionado à região apical não permeou nas JTs das células em

meio NC (Fig. 26B), mas permeou em células incubadas com meio LC (Fig. 26C). Nós

observamos que a presença do inibidor de ROCK em meio NC não causou permeabilidade do

traçador (Fig 26D), mostrando um padrão similar às células controle, e ocasionou alterações

morfológicas (microvilosidades elongadas) em algumas áreas apicais próximas às JTs. Além

disso, o inibidor de ROCK não impediu a permeabilidade do vermelho de rutênio causada

pelo meio LC (Fig. 26E). Esses dados sugerem fortemente que as proteínas ROCKs modulam

as JAs e as JTs de foma independente em células depletadas de cálcio.

69

Tempo (min)

RET %

JT

JA

A

B C

E D

70

Figura 26: A inibição de ROCK não modula a funcionalidade das JTs em células Caco-2 depletadas de cálcio. Monocamadas celulares cresceram em filtros de policarbonato Transwell e a funcionalidade das JTs foi analisada pela medição da RET (A) e pela técnica do vermelho de rutênio seguida por microscopia eletrônica de transmissão (B-E). A) A redução da RET ocasionada pelo inibidor de ROCK não foi significativa (*, p > 0,05 comparada ao meio NC), e a queda na RET em meio LC não foi prevenida pelo Y-27632. Os dados são representativos de três experimentos independentes. B) Células Caco-2 mantidas em meio NC; C) meio LC após 2,5 h; D) meio NC com o inibidor Y-27632; e E) meio LC com Y-27632. Observe grandes espaços na área do complexo juncional (*) em meio LC, mostrando a permeabilidade do traçador, não prevenida pelo inibidor de ROCK. N: Núcleo; JT: Junção tight; JA: Junção aderente; D: Desmossomos. Barra, A, C e D: 0,8 μm; B: 1,2 μm. Setas, vermelho de rutênio.

71

IV.4 ROCK não regula a organização do citoesqueleto de actina em células crescidas

em meio com baixa concentração de cálcio

Visto que ROCK é uma proteína efetora que interage com Rho ativa causando

contração actina-miosina, investigamos o efeito dos seus respectivos inibidores, Y-27632 e

toxina A, sobre a organização dos filamentos de actina por microscopia confocal. As seções

ópticas das monocamadas cultivadas em meio NC com toxina A mostraram aumento no

tamanho das células e alteraçãos na distribuição de F-actina nos contatos célula-célula nas

regiões apical e medial, e reorientação das fibras de estresse quando comparadas às células

controle. O inibidor de ROCK não preveniu o efeito do meio LC sobre a organização do

citoesqueleto de actina por todo o volume celular, mas ocasionou um intenso rompimento das

fibras de estresse e formação de lamelipódios na região basal (Fig. 27). Além disso, o

tratamento com toxina A ocasionou desorganização das fibras de estresse. É importante

ressaltar que linhagens celulares tumorais, como a Caco-2, apresentam alta atividade de Rho

em relação a linhagen não tumorais, justificando o fato do tratamento com toxina A não ter

causado rompimento das fibras de estresse. Coletivamente, esses dados se contrapõem ao

envolvimento de ROCK na desorganização do citoesqueleto de actina durante a depleção de

cálcio em células Caco-2.

72

Figura 27. ROCK não regula a desorganização do citoesqueleto de actina em células depletadas de cálcio. Células Caco-2 foram cultivadas em meio NC, NC contendo toxina A, ou LC com Y-27632, fixadas e marcadas para filamentos de actina com faloidina conjugada a rodamina. A) Imagens representativas de microscopia confocal mostrando a distribuição de F-actina em seções ópticas próximas à porção apical, medial (5 µm) ou basal (9 µm) no plano X-Y e no plano X-Z (B). Note que a toxina A causou redistribuição da actina nos planos apical e medial, e reorientação das fibras de estresse. O inibidor de ROCK Y-27632 não preveniu o efeito do meio LC por todo o volume celular, e ainda intensificou a formação de lamelipódios na região basal. Setas: fibras de estresse; cabeças de setas: lamelipódios. Barra, 20 µm.

A NC NC+TXA LC+Y27 Apical

Medial

Basal

X-Z

B

73

IV.5 A depleção de cálcio ocasiona translocação de Rho, Rac e RhoGDI para a

membrana, de forma dependente de PKA

Finalmente, nós decidimos avaliar os efeitos da depleção de cálcio e a participação de

PKA sobre a translocação de Rho para a membrana, que tem sido reportada como um reflexo

da ativação de RhoA e Rac (Hirakawa et al., 2007). Para isso, frações de membrana e citosol

foram obtidas e a localização de RhoA, Rac1 e RhoGDI foi avaliada por immunoblotting. A

Fig. 28A mostra que ambos, retirada do cálcio (LC) e tratamento com forskolina, aumentaram

significativamente os níveis de RhoA na fração de membrana, e esse efeito foi prevenido pela

inibição de PKA com H-89. O aumento de Rho na fração de membrana foi concomitante à

redução na fração citosólica. Esse resultado reforça a ideia de que a desorganização do CJA

causada pelo meio LC induz ativação de Rho através de um mecanismo que requer PKA.

Visto que o meio LC induziu perda das fibras de estresse e formação de lamelipódio (Fig. 24),

e esses efeitos estão relacionados à ativação de Rac (Hall, 1998), decidimos verificar em

paralelo se PKA também modula a atividade de Rac. Conforme visto na Fig. 28B, Rac foi

predominantemente localizada na fração de membrana em células mantidas em meio LC, mas

não forskolina. Surpreendentemente, esse efeito foi inibido pelo tratamento com H-89,

indicando que PKA também pode modular a atividade de Rac. Uma banda de menor peso

molecular e logo acima de Rac1 observada na fração de membrana possivelmente

corresponde à isoforma Rac1b, descrita em linhagens de câncer de cólon (Matos et al., 2003).

É conhecido que a toxina A de Clostridium difficile causa mono-glicosilação de Rho e

Rac, fazendo-as acumular nas membranas biológicas, mas prevenindo a interação entre essas

GTPases e suas efetoras e, portanto, inibindo-as (Genth et al., 1999). Então, utilizamos essa

abordagem como controle de translocação para a membrana de Rho e Rac e, conforme

mostrado nas Fig. 28A e B, ambas as GTPases localizaram-se nas membranas após o

tratamento com toxina A. Embora esses resultados pareçam conflitantes, foi reportado que a

fosforilação in vivo de RhoA aumenta sua interação com RhoGDI, previne sua ativação,

impede a interação de RhoA com suas proteínas efetoras, e a dissocia da membrana

plasmática (Dong et al., 1998; Forget et al., 2002; Dransart et al., 2005). É importante

mencionar que embora RhoGDIs sejam consideradas inibidoras de Rho porque mantêm as

GTPases no citosol, estudos mostraram que essas proteínas exibem afinidades similares por

Rac e Cdc42 ativas e inativas, sugerindo seu possível papel no transporte e

compartimentalização das GTPases ativas (Nomanbhoy & Cerione, 1996). Então, para

verificar se a ativação de Rho induzida pela ativação de PKA é mediada por RhoGDI, nós

analisamos a localização dessa proteína por immunoblotting em frações de membrana.

74

Conforme mostrado na Fig. 28C, em meio LC e em células tratadas com forskolina, Rho-GDI

foi predominantemente localizada na fração de membrana, acompanhando a localização de

Rho e Rac; e ainda, o pré-tratamento com H-89 preveniu esse efeito. Juntos, esses resultados

sugerem que a ativação de Rho e Rac mediadas por PKA ocorre através da associação dessas

GTPases com RhoGDI, que poderia translocá-las para a membrana. Vale ressaltar que

RhoGDI não é mono-glicosilada por toxina A e, portanto, permanece no citosol após esse

tratamento.

75

Figura 28. A depleção de cálcio induz translocação de Rho, Rac e RhoGDI para a membrana em células Caco-2. As células foram cultivadas em meio NC (controle) e em NC contendo forskolina ou toxina A, e em meio LC, na presença ou ausência de H-89. Após os respectivos tratamentos, os lisados totais e frações de membrana foram obtidos. A expressão de RhoA (A), Rac (B) e RhoGDI (C) foi verificada por immunoblotting e bandas representativas dos ensaios são mostrados à esquerda no topo dos painéis. A análise densitométrica das respetivas bandas está mostrada à direita da Figura. Cada barra representa valores significativos ± desvio padrão, obtidos de três experimentos independentes. A marcação com Ponceau S foi utilizada como controle da aplicação de proteínas das frações de membrana. *, p < 0,05, em relação ao grupo controle.

76

IV.6 A ativação de Rho restaura a formação de fibras de estresse, mas não a

organização da actina perijuncional

Nós mostramos que a perda dos contatos célula-célula induzida por meio LC

ocasionou ativação de Rho (Fig. 28) e ruptura das fibras de estresse (Fig. 24). Como esses

resultados são aparentemente contraditórios visto que a ativação de Rho ocasiona a formação

de fibras de estresse (Hall, 1998), levantamos a hipótese de que a perda dos contatos célula-

célula poderia ocasionar uma ativação local de Rho, isto é, o meio LC induziria ativação de

Rho na região apical, levando à desorganização do CJA, e inibição na região basal,

permitindo a ruptura das fibras de estresse. Então, sabendo que o LPA é um conhecido

ativador de Rho, decidimos verificar se a ativação de Rho com este agente é capaz de modular

o citoesqueleto de actina nas regiões apical, medial e basal de células Caco-2. Para isso, as

células foram tratadas com LPA e a organização do citoesqueleto de actina em seções ópticas

nos planos X-Y e X-Z da monocamada celular foi analisada por microscopia confocal

utilizando faloidina conjugada a rodamina.

Inicialmente, foram utilizadas as doses de 1, 10 e 20 µM de LPA em células mantidas

em meio LC por 2,5 h. A Fig. 29A mostra que as monocamadas de Caco-2 perderam os

contatos célula-célula e as fibras de estresse em meio LC, e os tratamentos das células

mantidas neste meio com 10 e 20 µM de LPA restauram as fibras de estresse na região basal

dessas células, no entanto, os contatos célula-célula permaneceram desorganizados. A Fig.

29B mostra que esse efeito também ocorreu em tempos menores de tratamento com 10 µM de

LPA. Esses resultados confirmaram nossa hipótese de que a perda dos contatos célula-célula

induzida pelo meio LC ocasiona ativação de Rho na região apical e inibição de Rho na região

basal, necessária para romper fibras de estresse.

77

Figura 29A. O LPA restaura a formação de fibras de estresse rompidas pela retirada do cálcio do meio extracelular. Células Caco-2 foram mantidas sem SFB por 1 h e em meio LC por 2,5 h. Em seguida, foram tratadas ou não com o ativador de Rho, LPA. As células foram fixadas e marcadas para filamentos de actina usando faloidina conjugada a rodamina. Foram obtidas imagens por microscopia confocal mostrando a distribuição de F-actina em seções ópticas no plano X-Y na porção apical, medial (5 µm) e basal (9 µm), e no plano X-Z. Células Caco-2 mantidas por 2,5 h em meio LC tratadas com 1,10 ou 20 µM de LPA. Observe que as concetrações de 10 e 20 µM de LPA restauraram a formação de fibras de estresse rompidas pela depleção de cálcio. Barra, 20 µm.

A

Apical

Medial

Basal

X-Z

LC LC + LPA 1 µM 10 µM 20 µM

78

Figura 29B. O LPA restaura a formação de fibras de estresse rompidas pela retirada do cálcio do meio extracelular. Células Caco-2 foram mantidas sem SFB por 1 h e em meio LC por 2,5 h. Em seguida, foram tratadas ou não com o ativador de Rho, LPA. As células foram fixadas e marcadas para filamentos de actina usando faloidina conjugada a rodamina. Foram obtidas imagens por microscopia confocal mostrando a distribuição de F-actina em seções ópticas no plano X-Y na porção apical, medial (5 µm) e basal (9 µm), e no plano X-Z. O tratamento com LPA por 20, 60 e 150 min não restaurou a desorganização de actina perijuncional (região medial), mas preveniu a ruptura das fibras de estresse (cabeças de seta). Barra, 20 µm.

79

PARTE II: Papel do LPA na aquisição do fenótipo migratório.

Na segunda etapa da Tese objetivamos analisar os efeitos do LPA na indução do fenótipo

migratório enfatizando as vias de sinalização envolvidas na desorganização do CJA em

paralelo às mudanças do citoesqueleto de actina.

IV. 7 O tratamento com LPA causa redistribuição das proteínas das JAs

Nossos resultados prévios mostraram que a perda de contatos célula-célula ocasiona

ativação de Rho (Fig. 28A), e o tratamento com LPA não restaurou a organização do

citoesqueleto de actina na região próxima aos contatos célula-célula (Fig. 29). Assim,

resolvemos verificar se o LPA ocasiona desorganização do CJA. Inicialmente, realizamos

uma imunofluorescência para analisar a localização subcelular das proteínas de JA E-

caderina, β-catenina e p120-catenina após o tratamento com LPA. A Fig. 30 mostra que essas

proteínas são localizadas preferencialmente nos contatos célula-célula em células não tratadas.

Após o tratamento com LPA por 15, 30 e 60 min, e 6, 24 e 48 h as células das monocamadas

se dissociaram umas das outras e exibiram um padrão de marcação descontínuo, com

internalização das proteínas das JAs, no entanto mantendo a adesão ao substrato.

Então, nós investigamos a funcionalidade das JAs através da sua ligação ao

citoesqueleto de actina avaliando a distribuição subcelular de E-caderina, β-catenina e p120-

catenina por immunoblotting usando frações celulares solúveis e insolúveis em TX-100, após

o tratamento com LPA. A análise densitométrica revelou uma translocação significativa das

proteínas das JAs da fração insolúvel para solúvel quando as células foram incubadas com

LPA (Fig. 31). Nós também verificamos a expressão das proteínas das JAs após 24 h de

tratamento com LPA e observamos que esse agente induziu redução da expressão de E-

caderina, mas não de β-catenina ou p120-catenina em células Caco-2. O agente não induziu a

expressão de vimentina, como visto nas células HT-29 utilizadas como controle de expressão

dessa proteína (Fig. 32). Esses resultados indicam que o LPA medeia a desorganização das

JAs concomitante à perda de expressão de E-caderina.

80

Figura 30A. O LPA causa redistribuição das proteínas das JAs em células Caco-2. Monocamdas celulares depletadas de SFB por 24 h (controle) foram incubadas em meio contendo 10 µM de LPA por 15, 30 e 60 min, fixadas, marcadas para E-caderina, β-catenina e p120-catenina e analisadas por imunofluorescência. A perda de marcação contínua das proteínas das JAs indica desmontagem dos contatos célula-célula (cabeças de setas). Barra, 10 µm.

LPA 15’

LPA 30’

LPA 1 h

Controle

E-caderina β-catenina p120-catenina A

81

Figura 30B. O LPA causa redistribuição das proteínas das JAs em células Caco-2. Monocamdas celulares depletadas de SFB por 24 h (controle) foram incubadas em meio contendo 10 µM de LPA por por 6, 24 e 48 h, fixadas, marcadas para E-caderina, β-catenina e p120-catenina e analisadas por imunofluorescência. O LPA causou reditribuição das proteínas das JAs indicando desmontagem dos contatos célula-célula (cabeças de setas). Barra, 10 µm.

LPA 6 h

LPA 24 h

LPA 48 h

Controle

E-caderina β-catenina p120-catenina B

82

Figura 31. A redistribuição das proteínas das JAs induzida por LPA é acompanhada da redução da expressão de E-caderina. A) Immunoblottings representativos e análise densitométrica da E-caderina, β-catenina e p120-catenina em frações insolúveis (Insol) e solúveis (Sol) em TX-100 de células que foram incubadas com LPA nos tempos indicados. Note que o LPA induziu redistribuição das proteínas analisadas das frações insolúveis para solúveis. Em cada caso, o valor calculado seguiu a equação: valor arbitrário = (D.O. de prteína na fração insolúvel)/( D.O. de proteína na fração solúvel). Membranas foram coradas com Ponceau S (Ponc) como controle de aplicação protéica. B) Immunoblottings representativos e análise densitométrica de células tratadas com 10 µM de LPA por 24 h. As células foram homogeneizadas em tampão de lise e a expressão de E-caderina, β-catenina, p120-catenina e vimentina foi analisada por immunoblotting. Em cada caso, o valor calculado seguiu a equação: valor arbitrário = (D.O. da proteína analisada)/(D.O. de α-tubulina). D.O., densidade óptica; E-cad, E-caderina; β-cat, β-catenina; p120, p120-catenina; vimen, vimentina. Os valores do grupo controle foram normalizados para 1. Diferenças significativas *, p < 0,05; **, p < 0,01.

p120

α-tub α-tub α-tub

E-cad β-cat

α-tub

vimen

B

E-caderina β-catenina p120-catenina LPA LPA

Cont 15’ 30’ 60’ Cont 15’ 30’ 60’ Cont 15’ 30’ 60’ Insol

Ponc

Ponc

Sol

LPA A

Cont LPA Cont LPA HT-29 Cont LPA Cont LPA

83

IV. 8 O LPA ocasiona desorganização das JTs de forma reversível

Para verificar se o LPA modula as JTs, realizamos uma análise por

imunofluorescência marcando as proteínas ocludina, claudina-1 and ZO-1 (Fig. 32). As

células Caco-2 foram depletadas de SFB por 24 h e tratadas com LPA nos tempos indicados.

As três proteínas analisadas localizaram-se preferencialmente nos contatos célula-célula no

grupo controle. Embora seja possível observar uma discreta maracação descontínua das

proteínas de JT após a incubação com LPA por 15 min, esse efeito foi revertido ao longo do

tempo. Surpreendentemente, foi observado um agregado perinuclear de ZO-1 no tempo de 48

h. Nós também verificamos a funcionalidade das JTs, mensurando a RET de células Caco-2

confluentes. A Fig. 33 mostra que as monocamadas apresentam valores de RET de

aproximadamente 500 Ω.cm2 após a depleção do SFB por 24 h (controle), e que o LPA

causou uma queda de aproximadamente 65% em 5 e 15 min de tratamento. Esta queda da

RET foi restaurada após 30 min de tratamento, confirmando os dados obtidos no ensaio de

imunofuorescência.

84

Figura 32A. O LPA causa redistibuição das proteínas das JTs de forma reversível. Células Caco-2 depletadas de SFB foram tratadas com 10 µM de LPA por 15, 30 e 60 min e processadas para imunofluorescência usando anticorpos contra ocludina, claudina-1 e ZO-1. O LPA causou uma discreta marcação descontínua dessas proteínas nos contatos célula-célula no tempo de 15 min (cabeça de seta), efeito revertido ao longo do tempo. Barra, 10 µm.

85

Figura 32B. O LPA causa redistibuição das proteínas das JTs de forma reversível. Células Caco-2 depletadas de SFB foram tratadas com 10 µM de LPA por 6, 24 e 48 h e processadas para imunofluorescência usando anticorpos contra ocludina, claudina-1 e ZO-1. Note que em 48 h de tratamento podem ser observados agreados perinucleares de ZO-1 (seta). Barra, 10 µm.

86

Figura 33. O LPA induz queda da RET em tempos iniciais de tratamento e este efeito é reversível ao longo do tempo. Monocamadas celulares foram crescidas em filtros de poloicarbonato Transwell e a resistência elétrica transepitelial (RET) foi quantificada em células tratadas ou não com 10 µM de LPA nos tempos indicados. O LPA ocasiounou redução significativa da RET em 5 e 15 min, revertida ao longo do tempo. (*, p < 0,05; **, p < 0,01; ***, p < 0,001).

87

IV.9 O LPA modula a organização do citoesqueleto de actina perijuncional

concomitante à formação de fibras de estresse e adesões focais

Para explorar a relação entre a desmontagem do CJA e a organização do citoesqueleto

de actina mediada pelo LPA, monocamdas de células Caco-2 foram depletadas de SFB por 24

h (controle) ou tratadas com a droga na concentração de 10 µM nos tempos indicados. Então,

a organização do citoesqueleto de actina foi analisada utilizando faloidina conjugada à

rodamina e microscopia confocal nos planos X-Y e X-Z. A Fig. 34 mostra que, no grupo

controle, as células apresentam marcação pontual na região apical, refletindo a presença de

actina nas microvilosidades, e nos contatos célula-célula. Na região medial, a actina é

predominante na região perijuncional, e poucas fibras de estresse podem ser observadas na

região basal. Já o tratamento com LPA alterou a morfologia celular nos tempos de 15, 30 min

e 1 h, aumentando o tamanho das células. Aparentemente, o LPA não alterou a distribuição de

F-actina na região apical, mas desorganizou a distribuição de F-actina na região medial e,

conforme esperado, induziu a formação de longas fibras de estresse na região basal (Fig.

34A). Nos tempos de 6, 24 e 48 h de tratamento com LPA observamos uma evidente

dispersão celular e redistribuição do citoesqueleto de actina na região medial, ainda com

numerosas fibras de estresse na região basal após 6 h de tratamento. No entanto, essas

estruturas são formadas em menor número e com localização periférica nos tempos de 24 e 48

h, além de ser possível observar a redução do tamanho das células em relação a períodos

curtos de tratamento (Fig. 34B).

88

Figura 34A. O LPA modula F-actina perijuncional. Imagens representativas obtidas por microscopia confocal de células Caco-2 depletadas de SFB (controle), incubadas com 10 µM de LPA por 15, 30 min e 1 h e marcadas com faloidina-rodamina. As imagens mostram seções ópticas do plano X-Y regiões celulares apical, medial (5 µm), ou basal (9 µm) e plano X-Z. Note que o LPA induziu desorganização de F-actina na região medial a partir de 15 min de tratamento. Cabeças de setas: fibras de estresse. Barra, 20 µm.

Controle

LPA 15’

LPA 30’

LPA 1 h

Apical Medial Basal X-Z

A

89

Figura 34B. O LPA modula F-actina perijuncional. Imagens representativas obtidas por microscopia confocal de células Caco-2 depletadas de SFB (controle), incubadas com 10 µM de LPA por 6,24 e 48 h e marcadas com faloidina-rodamina. As imagens mostram seções ópticas do plano X-Y regiões celulares apical, medial (5 µm), ou basal (9 µm) e plano X-Z. Note que o LPA induziu desorganização de F-actina na região medial a em todos os tempos de tratamento. Cabeças de setas: fibras de estresse. Barra, 20 µm.

90

A formação das fibras de estresse por vários fatores intra e extracelulares é

acompanhada pela formação, estimulação e montagem das AFs (Ridley & Hall, 1992), que são

essenciais para a migração celular. Uma vez que nossos resultados prévios mostraram que o

LPA aumentou a formação de fibras de estresse (Fig. 34), decidimos investigar se há formação

de AFs em resposta ao LPA. É bem estabelecido que a autofosforilação de FAK, uma proteína

constituinte de AFs, no resíduo de tirosina 397 induz o recrutamento de Src para essas

estruturas. Src, por sua vez, fosforila outros sítios de FAK, necessários para sua ativação

máxima (Schlaepfer et al., 2004). Esse complexo FAK-Src promove a ativação de cascatas de

sinalização intracelular envolvidas na desmontagem dos contatos célula-célula e migração

celular (Avizienyte et al., 2002; Jiang et al., 2006). Examinamos os níveis de fosforilação

dessas quinases, utilizando um anticorpo que detecta o resíduo de tirosina 397 fosforilado de

FAK e um que detecta o resíduo de tirosina 416 fosforilado de Src. Immunoblottings

representativos são mostrados nas Figs. 35A-B indicando que o LPA estimula a fosforilação de

FAK e Src, predominatemente nos tempos de 15 e 30 min de tratamento.

Para confirmar que nossos dados obtidos por análise bioquímica do complexo FAK-Src

se correlacionam com a análise da distribuição de FAK, utilizamos a microscopia confocal. As

monocamdas confluentes de células Caco-2 foram depletadas de SFB por 24 h e incubadas

com LPA por 15, 30 e 60 min. A Fig. 35C mostra que FAK localiza-se nas monocamadas

celulares nos complexos focais como marcações pontuais nas células controle. Após 15 min de

tratamento com LPA, além de um drástico aumento dos feixes de actina, a extensão da

marcação de FAK aumentou e se tornou elongada, e FAK foi localizada na terminação das

fibras de estresse, indicando formação de AFs. Esse mesmo efeito foi observado no tempo de

30 min e foi reduzido após 1 h de tratamento.

91

Figura 35. O LPA induz formação de adesões focais. (A-B) Análise da fosforilação de Src e FAK. As monocamadas celulares foram tratadas com 10 µM de LPA conforme indicado, e os lisados totais foram obtidos e preparados para o western blotting usando anticorpos específicos contra as formas fosforiladas de Src na tirosina 416 (p-Src) (A) e FAK na tirosina 397 (p-FAK) (B). As imagens das bandas foram quantificadas por densitometria óptica em três experimentos independentes. Os valores foram calculados usando a razão entre a proteína analisada e α-tubulina como controle. Os valores do grupo controle foram normalizados para 1 em cada caso, e foi realizada a análise estatística. *, p < 0,05 e ***, p < 0,001. D.O., densidade óptica. C) Monocamadas de células Caco-2 sem SFB (controle) foram incubadas com meio contendo LPA por 15, 30 e 60 min. As células foram fixadas, marcadas para F-actina (vermelho) e FAK (verde), e analisadas por microscopia confocal. Após o tratamento com LPA, a marcação de FAK tornou-se elongada e localizada nas terminaçãoes das fibras de estresse, indicando a formação de AFs (cabeças de setas). Insertos na parte superior à direita de cada painel das imagens sobrepostas indicam um maior aumento da área marcada com um asterisco. Barra, 20 µm.

92

IV.10 O LPA induz desorganização das JAs através da ativação de Src, Rho e ROCK

Baseados em estudos anteriores mostrando que o LPA ativa diferentes vias de

sinalização (Noguchi et al., 2009; Yanagida et al., 2009), nós decidimos investigar por qual

via o LPA medeia a desmontagem das JAs em células Caco-2. As monocamadas celulares

foram pré-incubadas por 1 h com os diferentes inibidores de sinalização celular, incluindo

H89 (inibidor de PKA), LY294002 (inibidor de PI3K), PD153035 (EGFR inhibitor), PP2 (Src

inhibitor), toxina A de Clostridium difficile (inibidor de Rho), e Y-27632 (inibidor de ROCK).

As células foram então tratadas por 1 h com meio sem SFB contendo 10 µM de LPA

suplementado com os respectivos inibidores químicos. Dentre os inibidores utilizados, o

inibidor de Src PP2 preveniu a redistribuição da p120-catenina, mas não impediu a

redistribuição de E-caderina e β-catenina. Além disso, os inibidores de Rho e ROCK

preveniram a desmonategm das JAs, conforme evidenciado pela localização de E-caderina, β-

catenina e p120-catenina nos contatos célula-célula (Fig. 36A e B).

Para confirmar esses resultados, após os respectivos tratamentos, foram obtidas

frações insolúveis e solúveis em TX-100 seguida por immunoblotting. A Fig. 36C mostra que

o tratamento com LPA por 1 h reduziu os níveis de p120-catenina na fração insolúvel em TX-

100, e esse efeito foi prevenido pela inibição de Src com PP2. Os inibidores de Rho e ROCK

também reduziram os níveis de p120-catenina na fração solúvel em TX-100, em relação ao

grupo tratado com LPA. Esses resultados, junto com o achado de que Src é requerida para a

formação de AFs, indicam que a ativação de Src mediada por LPA modula a adesão célula-

célula e célula-substrato.

A P I C A L

M É D I A

B A S A L

93

94

Figura 36. A ativação de Src, Rho e ROCK medeia a desmontagem das JAs induzida

por LPA. Células Caco-2 depletadas de SFB por 24 h (controle) foram tratadas com LPA

e/ou pré-tratadas com os inibidores conforme indicado, antes da incubação com LPA. A)

Imunofluorescência mostrando que a inibição de Src com PP2 preveniu a redistribuição de

p120-catenina, mas não de E-caderina ou β-catenina. A inibição de Rho com toxina A e

ROCK com Y27632, impediu a redistribuição das três proteínas analisadas. B) Imagens

mostrando que os inibidores de PKA (H-89), PI3K (LY294002) e EGFR (PD153035) não

participam da desmontagem das JAs induzida por LPA. As cabeças de setas em (A) indicam a

redistribuição das proteínas das JAs induzida por LPA. Barra, 10 µm. C) Immunoblotting de

um único experimento mostrando que o LPA causa translocação de p120-catenina para a

fração solúvel e que o tratamento com os inibidores de Src, Rho e ROCK restauram sua

localização na fração insolúvel em TX-100.

95

Considerando que a formação das fibras de estresse é uma resposta celular bem

conhecida da ativação de Rho (Ridley & Hall, 1992), e como nós observamos que a inibição

de Rho previniu a desmontagem das JAs induzida por LPA, decidimos investigar a ativação

das GTPases Rho e Rac após o tratamento com LPA usando o ensaio de pull-down. A Fig.

37A mostra que monocamadas confluentes de células Caco-2 apresentam níveis basais de

Rho ativa no grupo controle, que foram aumentados após 1 h de tratamento com LPA. No

entanto, o tratamento com LPA não aumentou os níveis de Rac ativa. Então nós avaliamos a

distribuição celular de ROCK II e IQGAP, proteínas efetoras de Rho e Rac, respectivamente

por ensaio de imunofluorescência. Foi possível observer que o tratamento com LPA aumentou

RhoA e ROCK II nos contatos célula-célula, mas nem Rac1 ou IQGAP foram redistribuídas

(Fig. 37B). Como GTPases Rho ligadas à membrana estão predominantemente no seu estado

ativo, a marcação de Rac1 nos contatos célula-célula visualizada no grupo controle

provavelmente corresponde ao nível de atividade basal visto no ensaio de pull-down.

Portanto, esses resultados mostram que o LPA modula o citoesqueleto de actina através da

ativação da via RhoA-ROCKII, e sugerem que a desmontagem do CJA seja regulada por

contração de F-actina.

96

Figura 37. O LPA ativa Rho e induz a translocação de RhoA e ROCKII para os contatos célula-célula. A) Atividade de Rho e Rac usando os ensaios de pull-down. Células Caco-2 foram depletadas de SFB (controle, C) e tratadas com LPA conforme indicado. Os lisados celulares foram utilizados para detectar as quantidades relativas de Rho-GTP e Rac-GTP. Os níveis totais de Rho e Rac foram detectados por Immunoblotting e utilizados como controle dos níveis protéicos. O controle de ativação foi feito adicionando GTPγS (GTP) nos lisados celulares. B) Imagens representativas de imunofluorescências da localização de RhoA, ROCKII, Rac1 e IQGAP em células tratadas com LPA por 1 h. O LPA aumentou os níveis de RhoA e ROCKII nos contatos célula-célula mas não Rac1 e IQGAP. Barra, 10 µm.

C 15’ 60’ GTP

C 15’ 60’ GTP Rho-GTP

Rho

Rac-GTP Rac

LPA

LPA

A

B

Controle

LPA 60’

RhoA ROCK II Rac IQGAP

97

IV.11 O LPA induz desorganização do citoesqueleto de actina através da ativação de

Src, Rho e ROCK

Em seguida, examinamos as vias de sinalização envolvidas na desorganização do

citoesqueleto de actina induzidas pelo tratamento com LPA. As monocamadas celulares

foram depletadas de SFB por 24 h, pré-tratadas com inibidores seletivos antes da incubação

com LPA, e as imagens de células marcadas com faloidina conjugada a rodamina foram

obtidas por microscopia confocal nas regiões apical, medial e basal nos planos X-Y e X-Z.

Conforme mostrado na Fig. 38A, o inibidor de Src PP2 e o inibidor de Rho toxina A

claramente restauraram a redistribuição dos filamentos de actina na região medial induzida

por LPA, e a formação de fibras de estresse na região basal. A inibição de ROCK com Y-

27632 parcialmente preveniu os efeitos na região perijuncional e, conforme esperado, impediu

a formação de fibras de estresse induzida por LPA. Nós também verificamos se Src é

requerida para ativação de Rho induzida or LPA. As monocamdas celulares foram depletadas

de SFB por 24 h, pré-tratadas com o inibidor de Src PP2 por 1 h e então tratadas com 10 µM

de LPA por 1 h, e os níveis de RhoA foram analisados pelo ensaio de pull-down. A Figura

38B mostra que a inibição de Src preveniu a ativação de RhoA induzida por LPA, indicando

que Src atua upstream à via Rho-ROCK em nosso modelo de estudo. Além disso, também

mostramos que os inibidores de PKA, PI3K e EGFR não preveniram os efeitos do LPA sobre

a desorganização do citosesqueleto de actina (Fig. 39).

98

LPA LPA GTP

Rho-GTP

Rho

B +PP2

Controle

LPA

LPA+PP2

LPA+TXA

Apical Medial Basal X-Z

LPA+Y27632

A

99

Figura 38. A desorganização de F-actina mediada por LPA ocorre através da ativação de Src e da via Rho-ROCK. A) Células Caco-2 sem SFB por 24 h (controle) e incubadas com 10 µM de LPA por 1 h ou pré-tratadas por 1 h com os inibidores como indicado, foram processadas para análise de F-actina por microscopia confocal. Observe que os inibidores de Src e Rho (PP2 e toxina A) restauraram a distribuição de F-actina na região perijuncional e a organização das fibras de estresse (cabeça de seta) induzida pelo LPA, e o inibidor de ROCK (Y-27632) reverteu parcialmente os efeitos do LPA na região medial. Barra, 10 µm. B) Ensaio de pull-down mostrando que o aumento da atividade de RhoA induzido por LPA foi prevenido pela inibição de Src com PP2.

100

Figura 39. A desorganização do citosesqueleto de actina mediada por LPA é independente de PKA, PI3K e EGFR. Monocamadas de células Caco-2 foram depletadas de SFB por 24 h e incubadas com 10 µM de LPA por 1 h ou pré-tratadas por 1 h com os inibidores químicos de PKA (H-89), PI3K (LY29) e EGFR (PD15). As células foram fixadas, marcadas com faloidina-rodamina e analisadas por microscopia confocal. As seções ópticas obtidas mostram que os três inibidores não preveniram a reorganização do citoesqueleto de actina induzida por LPA. As cabeças de setas indicam longas fibras de estresse. Barra, 10 µm.

LPA

LPA+H89

LPA+LY29

Apical Medial Basal X-Z

LPA+PD15

101

IV.12 O LPA modula a desorganização das JTs através da ativação de Rho

A fim de verificar se a mesma via de sinalização que modula ambos, JAs e

citoesqueleto de actina também modula as JTs em resposta ao LPA, avaliamos a distribuição

da proteína claudina-1 e a funcionalidade das JT por medição da RET. Células Caco-2 foram

depletadas de SFB por 24 h, pré-tratadas por 1 h com os inibidores de Src, Rho, ROCK, PKA,

PI3K e EGFR , incubadas com 10 µM de LPA contendo os respectivos inibidores por 15 min,

e processadas para imunofluorescência. A Figura 40A mostra que apenas os inibidores de Rho

e ROCK restauraram a morfologia celular, restaurando também a localização das proteínas

das JTs nos contatos célula-célula. Surpreendentemente, através da análise funcional das JTs

quantificada por medição da RET, observamos que o aumento da permeabilidade paracelular

de monocamadas celulares tratadas com LPA por 15 min foi prevenido apenas pelo inibidor

de Rho (Fig. 40B).

102

Figura 40. O LPA ocasiona redistribuição das proteínas das JTs de forma dependente de Rho. As células foram mantidas por 24 h sem SFB (Controle), pré-tratadas por 1 hora com os inibidores: de Src (PP2), Rho (toxina A), ROCK (Y27632), PKA (H89), PI3K (LY294992) e EGFR (PD153035), e tratadas com LPA contendo os respectivos inibidores por 15 min para análise da distribuição de claudina-1 por imunofluorescência (A) e análise da funcionalidade das JTs através da mensuração da permeabilidade a íons (B). Embora a inibição de Rho e ROCK tenham restaurado morfologia celular e a distribuição das proteínas analisadas, a funcionalidade das JTs foi restabelecida apenas com a inibição de Rho. Cada barra representa valores significativos obtidos de três experimentos independentes. * , p < 0,05, em relação ao tratamento com LPA. Barra, 10 µm.

Controle LPA LPA+PP2 LPA+TXA

LPA+Y27 LPA+H89 LPA+LY29 LPA+PD15

LPA LPA+PP2 LPA+TXA LPA+Y27 LPA+H89 LPA+LY29 LPA+PD15

Tempo (min) 0 15 0 15 0 15 0 15 0 15 0 15 0 15

A Claudina-1

B

103

IV.13 O LPA aumenta a migração celular de forma dependente de Src, Rho e ROCK

Estudos anteriores mostraram que o LPA aumenta a migração celular em diferentes

tipos celulares (Xu et al., 2007; Shida et al., 2008). Aqui, utilizando a técnica do wound

healing, nós mostramos que o LPA promove a migração em células Caco-2. Nas células

controle depletadas de SFB, observamos que os riscos permaneceram abertos no tempo de 6 h

e apenas começaram a fechar após 24 h em cultura. Contudo, células tratadas com LPA

migraram mais rapidamente que as células do grupo controle, e iniciaram o fechamento do

risco no tempo de 6 h de tratamento, encontrando-se quase inteiramente fechados em 24 h

(Fig. 41A e B).

Para investigar as vias de sinalização envolvidas na migração celular induzida por

LPA, as monocamadas celulares foram pré-tratadas com os inibidores de quinases específicos,

antes do ensaio de wound healing. Nós observamos que os inibidores que o PP2, toxina A e

Y-27632, que inibem Src, Rho e ROCK, respectivamente, preveniram a migração celular

induzida por LPA no tempo de 6 h de tratamento. Além disso, o inibidor de ROCK impediu

completamente a migração celular mesmo após 24 h em cultura. Os outros inibidores (H-89

de PKA, LY294002 de PI3K e PD153035 de EGFR) não preveniram o aumento da migração

celular induzido pelo LPA (Fig. 42). O número relativo de células, determinado pela técnica

do cristal violeta nos tempos da análise de migração celular, confirmou que o efeito observado

após o tratamento com LPA ocorreu em decorrência a um aumento de migração mas não de

proliferação celular (Fig. 41C). Esse resultado indica que a mesma via de sinalização que

modula a desmontagem dos contatos célula-célula é também responsável pelo controle da

migração celular.

104

Figura 41. A migração celular induzida por LPA depende da ativação de Src e da via de sinalização Rho-ROCK. A-B) A migração celular foi analisada usando a técnica de wound healing. Células Caco-2 foram depletadas de SFB (controle), incubadas com 10 µM de LPA por 1 h ou pré-tratadas por 1 h com os inibidores farmacológicos antes da incubação com LPA. As monocamdas celulares foram rompidas manualmente e a migração celular foi monitorada nos tempos de 6 e 24 h. A) Os inibidores de Src (PP2), Rho (toxina A) e ROCK (Y-27632), preveniram o aumento da migração celular induzida por LPA no tempo de 6 h, e a inibição de ROCK preveniu completamente o fechamento do risco, mesmo após 24 h. Barra, 100 µm. B) A quantificação do ensaio foi realizada medindo a distância entre as duas margens da monocamada celular em três experimentos independentes. C) O ensaio de proliferação foi realizado em 6, 24 e 48 h de tratamento com LPA, em paralelo ao ensaio de migração celular. A análise estatística foi feita utilizando ANOVA com pós-teste Dunnett. ***, p < 0,001 comparado ao grupo controle; ###, p < 0,001 e ##, p < 0,01 comparado às células tratadas com LPA.

0 6 24 48 0 6 24 48

Controle LPA LPA+PP2 LPA+TXA LPA+Y27632

LPA

+ SFB - SFB

Tempo (h)

Tempo (h)

0 6 24 0 6 24 0 6 24 0 6 24 0 6 24

B C

Controle LPA LPA+PP2 LPA+TXA LPA+Y27632

A 0 h

6 h

24 h

105

Figura 42. A migração celular induzida por LPA é independente de PKA, PI3K e EGFR. Células Caco-2 foram depletadas de SFB (controle), incubadas com 10 µM de LPA por 1 h ou tratadas por 1 h com os inibidores farmacológicos antes e durante a incubação com LPA. As monocamdas celulares foram rompidas manualmente e a migração celular foi monitorada pela técnica de wound healing nos tempos de 6 e 24 h. A) Os inibidores de PKA (H89), PI3K (LY294992) e EGFR (PD153035) não preveniram o aumento da migração celular induzido pelo tratamento com LPA. Barra, 100 µm. B) A quantificação do ensaio foi realizada medindo a distância entre as duas margens da monocamada celular em três experimentos independentes.

LPA LPA+H89 LPA+LY29 LPA+PD15

0 6 24 0 6 24 0 6 24 0 6 24

Tempo (h)

0 h

6 h

24 h

LPA LPA+H89 LPA+LY29 LPA+PD15

A

B

106

IV.14 O fenótipo migratório induzido por LPA depende da ativação de Src e ROCK

Uma vez que o LPA induziu a formação de fibras de estresse e AFs em monocamadas

de células confluentes (Figs. 34-35) e o aumento da migração celular (Figs. 41-42), decidimos

investigar se esse agente lipídico também induz a formação dessas estruturas no fronte de

células migratórias. Para isso, foram utilizadas monocamadas subconfluentes depletadas de

SFB por 24 h e incubadas com LPA em diferentes tempos, e a distribuição de FAK e F-actina

foi analisada por microscopia confocal. A Fig. 43 mostra que as células do grupo controle não

emitem projeções de membrana e apresentam marcação pontual de FAK por todo o volume

celular. O tratamento das células por 60 min com LPA ocasionou a formação de grandes

protrusões de membrana, longas fibras de estresse, e AFs elongadas. Observamos que estas

estruturas foram formadas também com 15 e 30 min.

Logo verificamos a participação de Src e da via Rho-ROCK na indução desse

fenótipo migratório por LPA. Monocamadas celulares subconfluentes foram pré-tratadas por

1 h com os respectivos inibidores, mantidos por mais 1 h em meio de cultura sem SFB

contendo LPA. Foi possível observar que a inibição de Src com PP2 e de ROCK com Y-

27632 preveniram a formação de projeções de membrana e o fenótipo migratório induzido

pelo LPA, corroborando nossos resultados obtidos pela análise da migração celular. No

entanto, somente a inibição de ROCK impediu a formação de AFs elongadas.

107

Figura 43. Src e ROCK regulam a formação de projeções de membrana induzidas por LPA em células migratórias. Monocamadas de células Caco-2 subconfluentes depletadas de SFB (controle) foram incubadas com LPA por 1 h ou pré-tratadas por 1 h com os inibidores químicos de Src (PP2) e ROCK (Y-27632) antes do tratamento com LPA. As células foram fixadas e marcadas para F-actina (vermelho) e FAK (verde) e analisadas por microscopia confocal. O tratamento com LPA induziu a formação de grandes projeções de membrana (cabeças de setas), prevenidas pela inibição de Src e ROCK, e elongadas adesões focais (setas), prevenidas pela inibição de ROCK. Os insertos mostrados na região superior à direita de cada painel indicam um maior aumento das regiões das imagens marcadas com um asterisco. Núcleos foram marcados com DAPI (azul). Barra, 20 µm.

108

IV.15 O LPA aumenta o crescimento independente de ancoragem de células Caco-2

É conhecido que a tumorigenicidade celular pode ser avaliada in vitro através do ensaio

de crescimento independente de ancoragem (CIA), e que a ativação de oncogenes, como Src,

aumenta essa característica (Dohn et al., 2009). Sabe-se também que a ativação do compelxo

FAK-Src é capaz de sustentar a sobrevivência celular na ausência de substrato (Bouchard et al.,

2007; Zouq et al., 2009). Então, resolvemos verificar se o LPA induz o CIA em células Caco-2, e

se a inibição da via Rho-ROCK participa desse processo. Os resultados da Fig. 45A mostram que

as células Caco-2 são capazes de crescer na ausência de adesão ao substrato formando colônias.

Embora o tratamento com 10 µM de LPA tenha ocasionado aumento do número de colônias, o

tamanho das mesmas não teve alteração. O tratamento das células com o inibidor Y-27632 de

ROCK não foi capaz de prevenir o aumento da formação de colônias induzido pelo tratamento

com LPA.

Figura 44. O LPA aumenta o crescimento independente de ancoragem em células Caco-2. Células plaqueadas em um substrato de agarose cresceram por 14 dias na presença ou ausência de LPA, com ou sem o inibidor químico de ROCK (Y-27632). O número de colônias formadas em cada condição experimental foi contado, os valores obtidos em dois experimentos independentes foram normalizados para 1 e plotados no gráfico. *, p < 0,05 em relação ao grupo controle.

109

IV.16 O LPA não induz aumento de invasividade e atividade de MMP-9 e 2 das células

Caco-2

Tem sido mostrado que o LPA aumenta a capacidade invasiva de diversos tipos

celulares, incluindo da linhagem de câncer de ovário OVCAR-3 (Sawada et al., 2002), bem

como a expressão e ativide de MMPs (Wu et al., 2005). Para verificar se o LPA aumenta o

potencial invasivo em nosso modelo de estudo, utilizamos insertos Transwell revestidos com

matrigel e avaliamos a capacidade de invasão celular das células Caco-2. Conforme

apresentado na Fig. 45A, o tratamento com LPA não aumentou a capacidade invasiva das

células Caco-2, embora esse agente tenha induzido invasão das células OVCAR-3 usadas

como controle de invasividade. Além disso, o ensaio de zimografia (Fig. 45B) mostrou que o

LPA ocasiona um discreto aumento na atividade de MMP-2 mas não de MMP-9, mesmo

ocasionando aumento de expressão do RNAm de MMP-2 e MMP-9. (Fig. 45C).

110

Figura 45. O LPA não aumenta o potencial invasivo de células Caco-2 em matrigel. A) As células OVCAR-3 e Caco-2 foram plaqueadas na câmara superior dos insertos Transwell revestidos com matrigel em meio sem SFB (controle) ou contendo LPA. Na câmara inferior foi adicionado meio com 20% de SFB como quimioatraente. Após 48 h, os insertos foram corados e as células que invadiram foram contadas. Imagens representativas de três experimentos independentes. B) O sobrenadante de monocamadas de células Caco-2 foi coletado e o ensaio de zimografia foi realizado. O sobrenadante de células de fibrossarcoma HT-1080 foi utilizado como controle, assim como o sobrenadante de monocamadas de Caco-2 mantidas em meio com SFB. Após depletar as células de SFB por 24 h, não são observadas bandas correspondentes à atividade das MMP-2 e -9, observadas nos controles com SFB. O tratamento por 24 h com LPA ocasionou um discreto aumento da atividade de MMP-2, mas não de MMP-9. Imagem representativa de dois experimentos independentes. C) qRT-PCR mostrando que a expressão das MMP-2 e -9 foram aumentadas pelo tratamento com LPA, em um único experimento.

tratamento

A

B

C

111

V. DISCUSSÃO

V.1 PARTE I: Análise da inter-relação entre o CJA e o citoesqueleto de actina durante

a perda da adesão célula-célula

De forma geral, a participação de GTPases e de PKA tem sido implicada na

desmontagem do CJA bem como na organização do citoesqueleto de actina em células

epiteliais. No entanto, esses mecanismos celulares têm sido estudados separadamente, e a

existência de uma interação entre essas duas moléculas de sinalização em células tumorais,

particularmente em CCR, permanece indefinida. Nessa primeira parte da Tese, usamos as

células Caco-2 como modelo de CCR, depleção do cálcio extracelular como agente de

desmontagem das junções celulares, e tratamento com inibidores de vias de sinalização para

identificar as vias que medeiam esse evento. Nós identificamos uma cascata de sinalização

que integra PKA, Rho-ROCK e Rac para regular a desmontagem dos contatos célula-célula e

a organização de F-actina. Essas conclusões são suportadas pelas seguintes observações: a) A

inibição de PKA preveniu a redistribuição de proteínas do CJA, a perda de funcionalidade das

JTs, e a desorganização de F-actina nas regiões apical e medial da monocamada celular; b) A

inibição de Rho causou desorganização do CJA e reorganização do citoesqueleto de actina por

todo o volume celular; c) A inibição de ROCK impediu a redistribuição de E-caderina, mas

não de proteínas das JTs e desorganização de F-actina; e d) o tratamento com forskolina e

meio LC, que ativa PKA, causaram a translocação de RhoA, Rac e RhoGDI do citosol para a

membrana plasmática, indicando a ativação dessas GTPases.

A participação de PKA na desmontagem do CJA tem sido relatada com relação às JTs.

Nossos resultados, mostrando que PKA está envolvida no aumento da permeabilidade

paracelular e redistribuição das proteínas do complexo juncional, estão em concordância com

observações prévias (Klingler et al., 2000). Adicionalmente, reportamos que outras vias de

sinalização celular como MAPK, EGFR e PI3K não estão envolvidas na perda de

funcionalidade das JTs. A queda da RET (Fig. 23A) observada nas células tratadas com a

baixa concentração de cálcio pode ser justificada pela alteração na distribuição de claudina-1,

visto que a família das claudinas é a principal responsável pela formação de JTs e função de

barreira em epitélios (Furuse et al., 2002). Em relação às JAs, estudos recentes vêm

mostrando que a ativação de PKA aumenta a atividade do repressor transcricional de E-

caderina, Snail (McPherson et al., 2010), e ativa a via Wnt através da inibição de

GSK3β, permitindo assim a translocação de β-catenina para o núcleo (Park et al., 2010). Nós

112

mostramos que ativação de PKA em resposta à depleção do cálcio extracelular causou a

internalização de E-caderina para o citosol, mas não avaliamos a distribuição de β-catenina.

Portanto, mais experimentos são necessários para determinar se a retirada do cálcio do meio

extracelular é capaz de ativar Snail e a via Wnt.

É importante mencionar que muitos estudos têm demonstrado que a internalização das

proteínas do CJA pode ocorrer pelos três mecanismos clássicos de endocitose, dependendo do

estímulo. Isso inclui endocitose mediada por clatrina das JTs e JAs utilizando estímulos não

fisiológicos, como o meio LC (Ivanov et al., 2004b); macropinocitose em resposta a citocinas

pró-inflamatórias como o interferon-γ (Bruewer et al., 2005), resultando na internalização de

proteínas das JTs mas não de JAs, e dessa forma aumentando a permeabilidade paracelular

sem alterar a adesão célula-célula; e endocitose mediada por caveolina em resposta à toxina

de E. coli CNF-1, que ativa RhoA (Hopkins et al., 2003), levando a internalização da ocludina

e concomitante redistribuição de outras proteínas das JTs ou JAs. Ainda, acredita-se que o

meio LC medeie a endocitose similar à fisiológica, necessária para manter o turnover das

proteínas do CJA, que são degradadas via endossomos tardios ou recicladas de volta à

membrana. No entanto, se células tumorais apresentam maiores níveis de endocitose das

proteínas do CJA e se esse processo é mediado por PKA permanece por ser investigado.

Adicionalmente, o principal mecanismo descrito por modular a perda de proteínas dos

contatos intercelulares em células tumorais é a repressão transcricional (Wheelock et al.,

2007; McPherson et al., 2010). Nesse contexto, um estudo mostrou que a redução dos níveis

de cálcio na dieta de camundongos com mutação no gene APC ocasiona redução da expressão

de E-caderina nos tumores de cólon desses animais (Carothers et al., 2006), mas se PKA e/ou

os repressores de E-caderina participam desse evento é completamente desconhecido.

Considerando que as proteínas do CJA são ligadas ao citoesqueleto de actina, também

verificamos se PKA participa da organização de citoesqueleto de actina, em paralelo à

modulação deste complexo. Mostramos que o meio LC causou reorganização de F-actina em

todos os níveis do volume celular, e a ativação de PKA por forskolina nos níveis apical e

medial, contudo, causou apenas reorientação e não dissolução das fibras de estresse (Fig. 24).

Vale menacionar que a forskolina induziu perda de fibras de estresse em células musculares

(Hirakawa et al., 2007) e também observamos esse efeito em células MDCK (não mostrado).

Então, essa menor susceptibilidade das fibras de estresse de células Caco-2 à ativação de PKA

pode ser justificada pelos maiores níveis de expressão ou atividade de GTPases Rho em

linhagens tumorais (Tabela 1). Ainda assim, a reorientação das fibras de estresse observada

em células Caco-2 aponta para a possibilidade de PKA mediar a aquisição de um fenótipo

113

móvel alterando a ancoragem das células ao substrato, conforme sugerido por Thiery &

Sleeman (2006) e mostrado por Hirakawa et al. (2007) e Lim et al. (2008). É válido

mencionar que PKA regula proteínas acessórias do citoesqueleto de actina. Por exemplo, foi

mostrado que PKA pode se ligar em WAVE-1 para ocasionar reorganização de F-actina

(Westphal et al., 2000) e que a proteína VASP é um substrato de PKA em resposta à

formação de contatos célula-célula (Lawrence et al., 2002). PKA também fosforila LIMK

diretamente, permitindo a fosforilação de cofilina e subsequente despolimerização de actina

(Nadella et al., 2009). Ainda, PKA regula a polaridade celular durante a migração, tendo sua

ativação compartimentalizada na região anterior das células (Lim et al., 2008).

No presente estudo, mostramos que o meio LC causou arredondamento celular e

formação de actina em forma de anel nas regiões apical e medial, características típicas de

aquisição de motilidade dependente de Rho (Sanz-Moreno et al., 2008). Aqui, exploramos

essa possibilidade utilizando toxina A, um inibidor de Rho conhecido por perturbar a função

de barreira epitelial (Nusrat et al., 2001). Verificamos que essa droga causou redistribuição

das proteínas do CJA (Fig. 25 e 26) de forma concomitante à desorganização de F-actina nas

regiões apical e medial e formação de fibras de estresse (Fig. 27). Posteriormente,

hipotetizamos que o envolvimento de RhoA na desmontagem do CJA induzida por depleção

de cálcio poderia ser dependente de ROCK, uma vez que essa proteína representa uma efetora

clássica de Rho (Sahai & Marshall, 2002). Nossos experimentos mostraram que o inibidor

dessa proteína, Y-27632, em meio depletado de cálcio, não impediu a translocação das

proteínas das JTs das áreas do contato célula-célula para o citosol e não preveniu a perda da

função de barreira paracelular, mas preveniu a internalização de E-caderina, e ainda, a

presença de Y-27632 em meio NC não afetou a RET de forma significativa (Figs. 25 e 26).

Esses dados sugerem que a ativação de ROCK desorganiza as JAs, mas não JTs em nosso

modelo de estudo. Esses resultados são condizentes com alguns estudos usando células de

CCR, por exemplo, foi mostrado que a utilização de Y-27632, que inibe as duas isoformas de

ROCK (ROCK I e II), aumentou os níveis de E-caderina na fração insolúvel em TX-100

(Sahai & Marshall, 2002), e preveniu a localização de proteínas das JAs e JTs nos contatos

intercelulares após depleção seguida de restauração de cálcio no meio de cultura (Walsh et al.,

2001). Ao contrário, outros estudos mostraram que a indução de adesão célula-célula mediada

por um metabólito de vitaminaD3, que inclusive regula os níveis de cálcio intracelular, é

dependente da ativação de Rho-ROCK, que aumenta os níveis de E-caderina e cateninas na

membrana (Ordóñez-Morán et al., 2008). Em células de cólon, foi reportado que a inibição de

ROCK com Y-27632 bloqueou completamente a reorganização de F-actina e a translocação

114

de proteínas do CJA em meio depletado de cálcio (Samarin et al., 2007). Esses autores

usaram o silenciamento gênico dos membros homólogos ROCKI e ROCKII e reportaram o

envolvimento apenas de ROCKII na desmontagem das JTs. Portanto, é possível sugerir que as

ROCKs participam da regulação de JAs e JTs de forma independente, isto é, ROCKI seria

responsáveis pela regulação das JAs e ROCKII pelas JTs e organização do citoesqueleto de

actina.

Considerando que a ativação de Rho ocorre quando ela é translocada para a membrana

celular (Hirakawa et al., 2007), analisamos esse evento usando frações de membrana após a

depleção de cálcio e pré-tratamentos com forskolina e H-89. Observamos que o meio LC e a

forskolina induziram translocação de Rho para a membrana, e esse efeito foi revertido pelo H-

89, indicando que PKA medeia ativação de RhoA induzida pela depleção do cálcio

extracelular. Alguns estudos mostraram que a ativação de Rho-ROCK ocorre como resposta à

perda de contatos célula-célula através de contração actina-miosina. Por exemplo, a depleção

de cálcio induziu a fosforilação da cadeia leve da miosina de forma dependente da via Rho-

ROCK em células de câncer de mama (Fan et al., 2007), e a ativação de Rho resultou em

contração actina-miosina na desmontagem do CJA em células de CCR (Samarin et al., 2007).

Então, sugerimos que a ativação de PKA cause desmontagem do complexo juncional e,

subsequentemente, esse evento ocasione ativação de Rho na região celular apical.

Aparentemente, existe uma contradição nesses resultados uma vez que o meio LC aumentou

os níveis de RhoA na membrana enquanto desorganiza as fibras de estresse, o que deveria

ocorrer na inibição de RhoA (Hall, 1998). Contudo, a ativação local de GTPases Rho durante

a migração celular e formação de projeções de membrana tem sido sugerida (Wozniak et al.,

2005; Pertz et al., 2006). Então, a partir desses resultados, hipotetizamos que a ativação de

PKA subsequente à depleção de cálcio é capaz de inibir RhoA na região basal das células,

possivelmente por fosforilação direta (Dong et al., 1998; Vega & Ridley, 2008), causando

perda das fibras de estresse, enquanto ativa Rho na região apical para recrutar ROCKI ou II e

regular a desmontagem da JAs e JTs, respectivamente. Isso poderia ser explicado como

consequência da formação de gradientes de atividade de PKA gerados através de uma

proteína AKAP específica em células com fenótipo migratório. Essa quinase apresentou alta

atividade restrita à região basal em células de CCR (Paulucci-holthauzen et al., 2009). Assim,

o resultado da Figura 29 confirma essa hipótese, uma vez que o tratamento com LPA, um

ativador de Rho, restaurou as fibras de estresse, mas não a organização da actina perijuncional

e a formação de contatos célula-célula.

115

Nós mostramos que o pré-tratamento com Y-27632 em células mantidas em meio LC

(Fig. 27) não reverteu a formação de lamelipódios, um indício de ativação de Rac na região

basal, e até acentuou a formação dessas estruturas. Esse resultado está de acordo com outros

mostrando que a ativação de Rho-ROCK no fronte de células migratórias de carcinoma de

mama inibe a formação de projeções de membrana induzidas por ativação de Rac (El Sibai et

al., 2008). Em se sabendo que: a) Rho e Rac atuam de forma oposta em células epiteliais, b)

ambas foram translocadas e, portanto, ativadas utilizando o meio LC, c) a depleção de cálcio

induziu a formação de lamelipódios, e d) A perda de contatos célula-célula pode ocorrer por

inibição de Rac (Nakagawa et al., 2001), é possível especular que Rac é ativada por PKA na

região basal para haver a formação de lamelipódios, e inibida na região apical, para ocasionar

desmontagem de JAs. No entanto, se essa ativação de Rac é dependente da inibição de Rho e

vice-versa, permanece por ser demonstrado. De qualquer maneira, o fato do H-89 prevenir a

reorganização de actina nas regiões apical e medial (Fig. 24), sugere que PKA induz uma

modulação diferencial da ativação de Rac. A existência de uma distribuição espacial de PKA

durante a migração celular quimiotática em fibroblastos e a ativação de Rac por PKA durante

a formação de pseudópodos (Howe et al., 2005) suportam essa possibilidade. Além disso,

embora Rac não apresente uma região diretamente fosforilada por PKA, sua ativação pode ser

ocasionada de forma indireta através de uma proteína GAP (O’Connor & Mercurio, 2001).

Prévios estudos mostraram que GTPases Rho ativas estão ligadas à membrana,

enquanto no estado inativo são localizadas predominantemente no citoplasma devido à

associação GTPase-GDI-GDP (Forget et al., 2002). Em adição, foi proposto que RhoGDI

poderia servir como uma proteína transportadora de GTPases ativas (DerMardirossian et al.,

2005) e um modelo sugere que RhoGDI pode se ligar em membranas por três mecanismos: a)

atração eletrostática, b) recrutamento do complexo Rho-RhoGDI por receptores, e c)

desestabilização do complexo Rho-RhoGDI por fatores de dissociação (GDFs) ou

fosforilação (Dransart et al., 2005). Aqui, observamos que o meio LC e a forskolina

induziram translocação de RhoGDI para a membrana de forma concomitante com RhoA e

Rac, indicando que a ativação de PKA poderia modular a associação de GTPases Rho com

RhoGDI para translocá-las para a membrana. Adicionalmente, vale ressaltar que os sítios de

ligação de RhoGDI e RhoGEF se sobrepõem, o que indica que o complexo Rho-RhoGDI na

membrana deve se dissociar antes de ocorrer ativação pela RhoGEF. Uma possível RhoGEF

candidata a mediar a ativação de RhoA após translocação do complexo Rho-RhoGDI para a

membrana é a GEF-H1, ativada por depleção de cálcio (Samarin et al., 2007). No entanto,

mais estudos são necessários para confirmar essa possibilidade.

116

Em resumo, esses resultados mostram a existência de uma inter-relação entre PKA e

GTPases da família Rho que medeiam a desmontagem do CJA e a desorganização do

citoesqueleto de actina em células Caco-2 depletadas de cálcio extracelular. Finalmente,

sugerimos um mecanismo novo envolvendo ativação espacial de uma cascata regulatória

consistindo de PKA, Rho/ROCKs, RhoGDI e Rac (Fig. 46) e nos leva a propor que um

mecanismo molecular similar pode regular passos iniciais da progressão tumoral em células

de câncer de cólon.

Figura 46: Modelo para a regulação da desmontagem do CJA e organização do citoesqueleto de actina em células depletadas de cálcio. A depleção do cálcio extracelular causa a desorganização de interações mediadas por E-caderina entre células vizinhas de forma direta, induzindo a perda da polaridade celular; e em paralelo PKA é ativada por um mecanismo upstream desconhecido, independente de E-caderina. A) PKA ativada poderia modular a desmontagem do CJA e causar ativação de Rho através de sua translocação para a membrana e subsequente recrutamento de proteínas efetoras. A desmontagem de JA poderia modular a sinalização Rho-ROCK (I ou II), e a desmontagem da JT o recrutamento de ROCKII. Na região basal, PKA inibe a sinalização RhoA-ROCK através do sequestro citoplasmático mediado por RhoGDI, para desorganizar as fibras de estresse. B) No domínio apical, a internalização da E-caderina poderia inibir Rac através do sequestro citoplasmático mediado por RhoGDI ou outro mecanismo desconhecido. No domínio basal, a ativação de PKA ou a inibição de Rho poderiam ativar Rac através da sua translocação para a membrana, induzindo a formação de lamelipódios.

117

V.2 PARTE II: Papel do LPA na aquisição do fenótipo migratório

Tem sido proposto que o LPA causa diferentes respostas celulares em vários modelos

de câncer, como aumento da proliferação celular, inibição da apoptose e indução da migração

celular (Mills & Moolenaar, 2003). No entanto, poucos estudos investigaram os efeitos do

LPA nos contatos célula-célula e na organização do citoesqueleto de actina, particularmente

na progressão do CCR. Então, decidimos verificar o papel desempenhado pelo LPA durante

as etapas de aquisição de características migratórias e invasivas em CCR. Nessa segunda parte

da Tese nosso objetivo foi explorar os mecanismos pelo qual o LPA promove perda dos

contatos célula-célula, desorganização de F-actina e, consequentemente, aumento da migração

celular. Nossos resultados mostram pela primeira vez que o LPA modula ambas as estruturas

para induzir um fenótipo migratório em células de CCR. Além disso, mostramos que uma

cascata regulatória envolvendo a inter-relação entre Rho-ROCK e Src-FAK pode

desempenhar uma importante função na regulação desses eventos.

Aqui, nós mostramos que o LPA provoca a redistribuição das proteínas das JAs E-

caderina, β-catenina e p120-catenina em células de CCR humanas Caco-2. Curiosamente, a E-

caderina também teve sua expressão reduzida após 24 h de tratamento com LPA. Um estudo

recente usando células de câncer de ovário tratadas com LPA mostrou que a ocorrência de

estruturas alongadas em contatos célula-célula, chamadas de hemi-junções (half-junctions),

podem representar uma fase de transição antes da perda de adesão célula-célula (Huang et al.,

2008). Nossos achados mostrando que o LPA induz o rompimento das JAs concordam com

esses resultados (Fig. 30 e 31), e a concomitante desorganização do citoesqueleto de actina na

região medial (Fig. 34) sugere que o LPA induz desmontagem das JAs por consequência da

contração de actina. Um estudo anterior, utilizando células de CCR HCT-116 analisou os

efeitos a longo prazo do LPA sobre proteínas juncionais e mostrou que este biolipídio

ocasiona acúmulo nuclear de β-catenina, o que promoveu a proliferação celular (Yang et al.,

2005). No presente estudo, utilizando células Caco-2, não observamos aumento da

proliferação celular (Fig. 41C), em concordância com resultados in vivo de Tatsuta et al.,

2005. De qualquer forma, estes resultados contraditórios podem ser explicados pelas

diferenças nas linhagens celulares utilizadas, uma vez que as células Caco-2 são bem

diferenciadas, exibem contatos célula-célula funcionais, e são menos invasivas que as células

HCT-116 (de Freitas Júnior et al., 2010). Na maioria dos carcinomas, a E-caderina se

comporta como supressora de migração, e a expressão ou função comprometida dessa

proteína em estágio tardio do câncer aumenta a transição para a metástase (Bellovin et al.,

2006). Além disso, a E-caderina é parcialmente regulada pelos seus parceiros citoplasmáticos

118

α-, β- e p120-catenina. α- e β-cateninas estão associados com o citoesqueleto de actina (Drees

et al., 2005), enquanto a p120-catenina modula a estabilidade de E-caderina na superfície da

célula (Davis et al., 2003). Assim, o fato do LPA induzir a redistribuição de β-catenina e

p120-catenina dos contatos célula-célula para o citosol poderia explicar a baixa expressão de

E-caderina (Fig. 31B) e o aumento da migração celular aqui observados (Fig. 41A e B). Nesse

contexto, foi mostrado que mutações no domínio extracelular de E-caderina aumentaram a

migração de células de ovário (Mateus et al., 2009), e que a redução da expressão de E-

caderina aumentou a proliferação, migração e invasão em células de câncer de próstata, de

forma dependente de β-catenina (Syed et al., 2008). Vale destacar que, embora muitos

estudos indiquem a inativação da via Wnt e subsequente desfosorilação na região N-terminal

e localização de β-catenina nuclear na promoção de um fenótipo tumoral, recentemente foi

mostrado que a β-catenina fosforilada também está localizada na borda principal de células

migratórias de CCR (Faux et al., 2010). Assim, seria interessante investigar se o LPA induz

fosforilação de β-catenina, e se esse evento estaria modulando a migração celular em nosso

modelo de estudo.

Poucos trabalhos avaliaram a modulação das JTs por LPA, no entanto, alguns estudos

que investigaram o papel de Rho na regulação das JTs utilizaram o LPA como ativador dessa

GTPase. Os resultados da literatura são muito controversos, pois tanto a ativação de Rho com

LPA ou sua forma constitutivamente ativa, assim como a inibição de Rho com toxina C3,

toxina A e sua forma dominante negativa aumentaram a permeabilidade paracelular (Nusrat et

al., 1995; Hopkins et al., 2003; Bruewer et al., 2004). Esses resultados indicam que a

regulação das JTs por Rho é complexa, e ainda que a resposta celular desencadeada em

resposta à ativação dessa GTPase deve depender da proteína efetora recrutada. Essa

controvérsia também reforça a ideia de que a ativação de Rho ocorre localmente, e que sua

desregulação por todo o volume celular gera resultados difíceis de interpretar. Nossos

resultados mostraram uma perda de funcionalidade das JTs em tempos iniciais de tratamento

com LPA (5-15 min) e de forma reversível (Fig. 32 e 33). Embora a ativação de Rho induzida

por LPA tenha ocorrido no tempo de 1 h, o inibidor de Rho toxina A preveniu esse efeito,

indicando que a ativação de Rho pode também ocorrer em tempos anteriores aos utilizados

por nós no ensaio de pull-down. Por exemplo, o LPA ocasionou ativação de Rho nos tempos

de 1 a 3 min de forma reversível ao longo do tempo em células de câncer pancreático (Stähle

et al., 2003). De acordo com o que observamos anteriormente utilizando o meio LC, a

119

inibição de ROCK não foi capaz de prevenir a redução da RET induzida por LPA (Fig. 40B),

reforçando a hipótese de que essa efetora modula preferencialmente as JAs.

Vale ressaltar que o efeito reversível do LPA sobre as JTs não parece ser uma

consequência da saturação dos receptores ou degradação desse biolipídio no meio de cultura

pois o efeitos do LPA sobre as JAs continuaram sendo observados nessas mesmas condições.

No entanto, é possível especular que ocorra um papel compensatório mediado por outra

proteína de JT não avaliada em nosso estudo. Em outras palavras, o aumento da

permeabilidade paracelular induzido por LPA seria revertido pelo aumento de função de outra

proteína. Uma possibilidade seria a tricelulina ou a MarvelD3, proteínas que têm sido

mostradas por exercerem papéis compensatórios na perda de função de JTs (Ikenouchi et al.,

2005; Raleigh et al., 2010). Além disso, foi mostrado que o LPA aumenta a expressão de

claudina-1 em células de câncer de ovário. Todavia, o aumento de expressão de claudina-1

nesse tipo de câncer aumenta seu potencial migratório (Murph et al., 2009). Se o LPA modula

a expressão das proteínas das JTs em CCR permanece desconhecido. Surpreendentemente,

encontramos a localização de ZO-1 na região perinuclear após tratarmos as células com LPA

por 48 h (Fig. 32). Esse é o primeiro relato da modulação de ZO-1 por LPA na literatura.

Conforme mencionado, outras proteínas podem translocar ao núcleo em reposta ao LPA para

modular a proliferação celular, como a β-catenina. Assim, seria interessante investigar se

tratamentos mais longos com LPA induziriam o acúmulo de ZO-1 no núcleo ou do fator de

transcrição que essa proteína regula, denominado ZONAB, de forma concomitante ao

aumento de proliferação, pois avaliamos esse evento apenas até 48 h. Nesse contexto, foi

mostrado que a superexpressão da Rho GEF-H1 ocasionou translocação de ZONAB para o

núcleo de células MDCK, de forma dependente da ativação de Rho mas não de ROCK (Nie et

al., 2009). Outro possível mecanismo pelo qual o LPA poderia modular o CJA seria através

da enzima Ciclooxigensase-2 (Cox-2). Foi mostrado que o LPA aumenta a expressão dessa

proteína em linhagens de epitélio ovariano e CCR (Symowicz et al., 2005; Shida et al., 2005),

e nosso grupo mostrou que o tratamento de células Caco-2 com prostaglandina E2 (PGE2),

um lipídio bioativo produzido por Cox-2, ocasiona desorganização do CJA (Tanaka et al.,

2008). Ainda, um estudo mostrou que a inibição ou o silenciamento de Cox-2 em diferentes

células epiteliais colônicas resultou em redução da atividade de RhoA, revertida pelo

tratamento com PGE2. Ainda, esse estudo também mostrou que a ativação de RhoA por Cox-

2 desorganizou as JAs e aumentou a motilidade celular (Chang et al., 2006).

Encontramos que a desmontagem das JAs induzida por LPA e a desorganização do

citoesqueleto de actina são dependentes de Src e Rho-ROCK (Figs. 36A e 38A). Além disso,

120

a proteína p120-catenina foi identificada como substrato para a quinase oncogênica Src. Um

estudo recente mostrou que o LPA aumenta a interação entre Src ativa e p120-catenina

levando a diminuição da interação entre α- e β-cateninas em células de câncer de ovário

(Huang et al., 2008). Nossos resultados mostraram que Src participa principalmente da

redistribuição de p120-catenina (Fig. 36A), mas se essa redistribuição de p120-catenina

mediada por Src em resposta o LPA também pode ocasionar a redução da expressão de E-

caderina observada na Fig. 31B permanece por ser determinado. É importante ressaltar que

um estudo recente mostrou que o LPA aumenta o crescimento de células de câncer de cólon e

a proteção de apoptose após três dias de tratamento, de forma dependente de MAPK e PI3K

(Sun et al., 2009). Considerando que PI3K e EGFR não foram capazes de reverter os efeitos

do LPA em nosso estudo, é possível que suas ativações sejam importantes em eventos tardios

que modulam o crescimento celular, enquanto a atividade Src atuaria como um sinal inicial

necessário para ocasionar desmontagem das JAs e desorganização do citoesqueleto de actina.

Em adição, observamos que, ao contrário do modelo de retirada do cálcio do meio

extracelular, a inibição de PKA não preveniu a desorganização do CJA em células tratadas

com LPA. De fato, PKA ativa é capaz de inibir Rho em diferentes modelos de estudo (Qiao et

al., 2008); no entanto e conforme descrito a seguir, a ativação de Rho pode ser ocasionada

diretamente por receptores de LPA, indicando a ativação sustentada dessa GTPase. Em

concordância, foi mostrado que o tratamento com forskolina, que ativa PKA, não reduziu os

níveis de Rho ativa em células de câncer de ovário tratadas com LPA (Nguyen et al., 2004).

Sabe-se que as GTPases Rho modulam a estrutura e função das JAs (Bruewer et al.,

2004; Samarin et al., 2007). No entanto, se por um lado a atividade de Rho é necessária para a

formação e manutenção de junções célula-célula, sua contínua atividade ou hiperativação

pode levar a desmontagem das JAs e a promoção da migração celular (Bruewer et al., 2004).

Aqui, nós mostramos que o LPA ativa RhoA (mas não Rac1) e Rho recruta ROCKII para os

contatos célula-célula (Fig. 34B), indicando que essa via poderia ocasionar a contração actina-

miosina que, por sua vez, levaria a desorganização das JAs (Ivanov, 2008). Sabe-se que os

GPCRs, tais como os de LPA, ativam diferentes vias de sinalização através de uma variedade

de subunidades α. Além disso, já foi demonstrado que a via de sinalização dependente de Rho

pode ser ativada através da família Gα12 e Gα13 (Bian et al., 2006). Curiosamente, tem sido

mostrado que, em células MDCK, a sinalização de Gα12 desorganiza o CJA via Src (Meyer

et al., 2003), e a sinalização de Gα13 desorganiza o CJA via Rho-ROCK (Donato et al.,

2009). Portanto, nossos resultados sugerem que o LPA pode ativar RhoA diretamente através

121

de GPCR ou através de Src para perturbar o CJA. Já foi mostrado que linhagens celulares

intestinais tumorais, incluindo a Caco-2, apresentam aumento de expressão de LPA2, e

redução de LPA1 e 3 (Shida et al., 2004). Além disso, sabe-se que os receptores LPA1 e

LPA2 interagem diretamente com uma GEF de Rho, levando a sua ativação (Yamada et al.,

2005). Ainda, MAGI-3, uma proteína de JAs, interage diretamente com LPA2 para ativar

RhoA em células de CCR (Zhang et al., 2007). Juntos, esses dados sugerem que o LPA2

poderia ativar Rho diretamente em nosso modelo de estudo. Assim, pode-se concluir que a via

de sinalização ativada em resposta ao LPA depende dos receptores expressos em cada tipo

celular bem como da subunidade α por eles recrutada. No entanto, não podemos descartar a

possibilidade da participação dos receptores de LPA não pertencentes à família EDG (LPA4-

6), que também podem ativar Rho (Valentine et al., 2008) e ainda não foram investigados em

células de CCR.

As principais etapas da migração celular são a perda de adesão célula-célula, a

montagem e desmontagem dinâmicas das AFs na região anterior da célula, e o concomitante

movimento e liberação da adesão na região posterior da célula (Mills & Moolenaar, 2003).

Uma vez que o ensaio de wound healing, aqui utilizado para analisar a migração celular

induzida por LPA, depende da remodelagem coordenada de adesões célula-célula e célula-

MEC, decidimos investigar se a mesma via de sinalização que modula a perda de contatos

célula-célula e a reorganização do citoesqueleto de actina também pode modular a formação

das AFs. Sabe-se que Src se localiza nas adesões periféricas com o substrato celular, onde

regula o turnover de AFs através da fosforilação da FAK (Webb et al., 2004; Schlaepfer et

al., 2004; Lee et al., 2010a). Nossos resultados mostram que Src participa dos efeitos do LPA

sobre a redistribuição de p120-catenina, formação das fibras de estresse e de AFs, ativação de

FAK e migração celular, e sugerem que a regulação recíproca entre os dois tipos de adesão

pode ocorrer durante a migração celular mediada por Src em células Caco-2. Além disso, o

fato de que: a) o aumento da atividade de Src em uma ampla variedade de tipos de tumor se

correlaciona com o estágio da doença (Summy & Gallick, 2003), b) linhagens celulares de

tumores com níveis elevados de Src são mais móveis e invasivos in vitro através de alterações

tanto nos contatos célula-célula e célula-substrato (Frame et al., 2004), e c) a superexpressão

de Src induz fenótipos de transformação característicos, incluindo o crescimento independente

de ancoragem e a malignidade in vivo (Oneyama et al., 2008), corroboram com o

envolvimento de Src na indução de migração induzida por LPA em nosso modelo.

Vale ressaltar que, o fato do LPA ter induzido a perda de JAs mas não de JTs e

aumento da migração celular não significa que a migração celular ocorra com JTs íntegras,

122

dadas as diferenças nas condições experimentais de cada ensaio. O ensaio de wound healing

por si só induz a migração celular já que a lesão da monocamada celular funciona como

quimioatraente. Para esclarecer a importância das proteínas das JTs e também das JAs no

processo de migração, seria necessário depletar as proteínas do CJA nessas células e verificar

se ainda assim ocorre aumento na migração induzido por LPA. Nesse sentido, foi relatado que

a redução da expressão de E-caderina, α−, β− ou p120-catenina aumentaram a migração de

células de câncer de próstata (Syed et al., 2008; Kümper & Ridely, 2010), e a redução da

expressão ou fosforilação de ocludina ocasionou defeitos na montagem de projeções de

membrana requeridas para a migração de células MDCK (Du et al., 2010).

FAK é uma tirosina quinase não-receptora localizada em sítios de adesão de contato

entre a célula e a MEC, sendo crucial para o movimento celular e retração da região posterior

de células migratórias. FAK é ativada em resposta ao engajamento de integrina, fatores de

crescimento e GPCRs, incluindo aqueles para LPA (Frame et al., 2004), e sua fosforilação

leva ao recrutamento e ativação de Src (Schlaepfer et al., 2004). Nossos resultados concordam

com estudos anteriores que mostraram que a estimulação com LPA induz a fosforilação e

ativação de FAK em diversos tipos celulares (Stähle et al., 2003; Bian et al., 2006; Jiang et

al., 2006). Tem sido sugerido que a FAK recruta proteínas que contribuem para a

remodelagem dinâmica de adesões através de uma cascata dependente de Src e Rho (Webb et

al., 2004). Nossos resultados mostrando que a) o LPA ativa Rho de forma dependente de Src

(Fig. 37B); b) o LPA induz a ativação de FAK através da fosforilação do resíduo de tirosina

específico para Src (Fig. 35B); e c) a atividade de Src, Rho e ROCK são necessárias para a

migração induzida por LPA (Fig. 41) suportam essa hipótese.

Além disso, mostramos que as longas projeções de membrana, cruciais para a

migração celular, não são formadas em monocamadas de células subconfluentes tratadas com

LPA contendo os inibidores de Src e ROCK (Figura 43). Curiosamente, AFs maduras foram

prevenidas pela inibição ROCK, mas não de Src. Isso é consistente com estudos anteriores

mostrando que células sem expressão de membros da família Src ainda são capazes de montar

AFs elongadas, mas com menor turnover (Webb et al., 2004; Lee et al., 2010a), e com um

estudo recente mostrando que as AFs maduras requerem a contração actina-miosina induzida

por ativação de ROCK (Pattla et al., 2010). Juntos, estes dados sugerem que a inibição de Src

e ROCK previnem a migração celular impedindo a dinâmica correta das AFs. No entanto, o

mecanismo pelo qual LPA ativa FAK in vivo permanece por ser elucidado. É importante

mencionar que altos níveis de FAK têm sido encontrados em uma variedade de tumores,

incluindo CCR (Ayaki et al., 2001) e a autofosforilação de FAK na tirosina 397 foi

123

encontrada aumentada nos adenomas intestinais em um modelo de camundongo (Weyant et

al., 2001). Também tem sido relatado que tumores de cólon com mutações na proteína p53

apresentam aumento na expressão de FAK (Golubovskaya et al., 2008), e que o LPA pode

suprimir a atividade de p53 permitindo a progressão do ciclo celular em fibroblastos, de forma

dependente da ativação de Rho via LPA2 (Kortlever et al., 2008). Devido a essas importantes

funções desempenhadas por FAK na progressão do câncer, essa quinase tem sido postulada

como um alvo terapêutico promissor nessa doença. Dentre os diferentes compostos químicos

testados contra FAK, o inibidor PF-562,271 foi o único que, além de ser eficiente em estudos

in vitro e modelos animais, se mostrou bem tolerado em testes clínicos, permanencedo ainda

em estudo (Hao et al., 2009).

Tem sido mostrado que a ativação de tirosinas quinases por GPCRs é necessária para a

estimulação eficiente da sinalização mediada por Rho (Sah et al., 2000). De fato, muitos

GPCRs são potentes ativadores de FAK, o que indica uma estreita relação entre ativação de

FAK e sinalização de Rho (Bian et al., 2006) e sugere que os receptores de LPA poderiam

ativar FAK. Em um estudo utilizando fibroblastos estimulados com LPA, a ativação de RhoA

levou a reorganização de F-actina acompanhada pela localização de Src em sítios de adesão

periféricos nas terminações das fibras de estresse (Timpson et al., 2001). Além disso, foi

mostrado que o recrutamento de actina para fibras de estresse não ocorre em células

deficientes em FAK ou que não são fosforiladas em tirosina 397 (Serrels et al., 2007). Da

mesma forma, mostramos que o LPA induz o recrutamento de FAK para as terminações das

fibras de estresse, mesmo na presença de adesões célula-célula (Fig. 35C), sugerindo que o

LPA recruta o complexo FAK-Src para as AFs permitindo que as células adquiram um

fenótipo migratório.

Alguns estudos sugerem que Src é uma molécula upstream a RhoA porque Src inibe

RhoA por uma via dependente de p190RhoGAP (Haskell et al., 2001). Src também fosforila

RhoGDI, diminuindo sua capacidade de ligar e inibir RhoA, Rac e Cdc42 (DerMardirossian et

al., 2006). Consistente com essa última possibilidade, e de acordo com resultados que

demonstram que RhoA está ativa na região anterior de células migratórias (Pertz et al., 2006),

nossos resultados indicam que Src ativa modula a ativação de RhoA, pois a inibição de Src

com PP2 diminuiu a ativação de Rho (Fig. 38B). Também é possível que Src fosforile ROCK

diretamente para reduzir a força de contração mediada pela via Rho-ROCK, o turnover de

AFs e a migração direcional, como mostrado recentemente (Lee et al., 2010a). No entanto, se

a ativação de Src ocorre diretamente por qualquer receptor específico de LPA, pela

internalização de E-caderina, ou diretamente por FAK permanece por ser determinado.

124

Alguns estudos têm mostrado que o LPA induz ativação de Rac e formação de

lamelipódios (Jung et al., 2004; Jourquin et al., 2006). Além disso, foi demonstrado que Src

fosforila Tiam, uma GEF que ativa Rac levando a sua degradação, desorganização das JAs e

migração de células epiteliais (Woodcock et al., 2009). Nós não observamos a formação de

lamelipódios em monocamadas confluentes de células Caco-2, mas observamos projeções de

membrana em células subconfluentes após tratamento com LPA por 1 h (Fig. 43), em

concordância com o aumento da migração de células tratadas com LPA. Também não

detectamos Rac ativa em monocamadas confluentes e subconluentes, indicando que a

atividade de Rac pode ser tipo celular específico. Além disso, embora não seja frequente, já

foi demonstrado que a formação de lamelipódio pode induzir a migração celular de maneira

independente de Rac (Spaargaren et al., 1999; Yip et al., 2007). Vale ressaltar que a inibição

de ROCK com Y-27632 pode induzir formação de lamelipódios via ativação de Rac, o que

ocorreu utilizando meio LC (Parte I, Fig. 27 e 28) e no fronte de células individuais

migratórias de carcinoma de mama (El Sibai et al., 2008), mas não em células tratadas com

LPA, indicando que esse agente modula a formação dessas estruturas por outro mecanismo.

Nesse contexto, foi mostrado que FAK interage diretamente com Arp2/3 em lamelipódios, e a

autofosforilação de FAK foi necessária para a formação dessas estruturas. Ainda, o tratamento

de fibroblastos com LPA aumentou os níveis de Arp2/3 nos lamelipódios de forma

dependente da ativação da via Rho-ROCK (Mingle et al., 2009). Nossos resultados mostrando

que o LPA ocasiona ativação de Rho e autofosforilação de FAK permitem sugerir a

possibilidade de o LPA ocasionar a formação de lamelipódios através da modulação de

Arp2/3. Ainda, esses dados também poderiam justificar a ausência de lamelipódios nas

células tratadas com LPA e o inibidor de ROCK. No entanto, seriam necessários mais

experimentos para esclarecer essa questão.

Juntos estes resultados mostram que o LPA modula a desmontagem de adesão célula-

célula, a remodelagem do citoesqueleto de actina e turnover de AFs, três eventos importantes

para a migração celular. Sugerimos um novo mecanismo envolvendo a ativação de Src no

compartimento celular apical (onde causa internalização de p120-catenina, diretamente ou

através da ativação da via Rho-ROCK para modular a desmontagem das JAs) e no

compartimento celular basal (onde a atividade de Src ocasiona a formação do complexo Src-

FAK para recrutar Rho-ROCK e induzir a formação fibras de estresse e AFs) (Fig. 47). Além

disso, propomos que um evento semelhante molecular pode regular os passos iniciais da

progressão do CCR.

125

Figura 47. Modelo para a indução do fenótipo migratório induzido por LPA. (A) O LPA, através dos receptors acoplados em protein G (GPCRs), induz desmontagem das JAs por um mecanismo dependente ou independente de Src. A ativação de Src pode induzir a redistribuição de p120-catenina e ativar a via Rho-ROCK. Alternativamente, o LPA pode ativar a via Rho-ROCK diretamente e induzir desmongtagem das JAs. (B) O LPA ativa GPCR para ativar o complex FAK-Src que, por sua vez, recruta Rho-ROCK para mediar a formação de fibras de estresse e adesões focais (FAs). PP2: inibidore de Src; toxina A: inibidor de Rho; Y27632: inibidor de ROCK. MEC, matriz extracelular; FAK, quinase de adesão focal.

Uma vez que: a) o LPA ocasionou ativação de FAK e Src (Fig 35A-B), e essas

quinases são ativadas em resposta à ativação de integrinas, o que tem sido relacionado ao

aumento da proliferação, sobrevivência celular e resitência à morte celular por anoikis

(Bouchard et al., 2007; Zouq et al., 2009), b) estudos prévios sugerem que proteínas das AFs,

na ausência de substrato, modulam o CIA (Bouchard et al., 2007), e c) nossos resultados

mostraram que o LPA ocasiona a formação de AFs em monocamadas confluentes (Fig. 35C)

e subconfluentes de forma dependente de ROCK (Fig. 43), decidimos verificar se esse

biolipídio também modula o crescimento de forma independente de ancoragem (CIA) de

células Caco-2.

Nós observamos que o LPA aumentou o número de colônias formadas (Fig. 44) e,

surprendentemente, a inibição de ROCK não preveniu esse efeito, indicando que o CIA

induzido por LPA é independente de ROCK. Vale destacar que, durante o crescimento

126

celular, o papel da via Rho-ROCK é controverso: Se por um lado a ativação de Rho é

associada com a sinalização pró-mitogênica, transformação celular e geração de tensão para

adesão celular ao substrato (Dohn et al., 2009), por outro, alguns estudos têm mostrado que a

tensão dependente de RhoA promove morte celular (Ma et al., 2007). Além disso, Dohn et al.

(2009) mostraram que a depleção de p120-catenina ocasiona ativação de RhoA e inibição de

CIA em células MDCK, efeito revertido pela inibição farmacológica de ROCK. Nesse estudo

foi mostrada uma complexa regulação do CIA por proteínas do CJA, onde a perda de

proteínas das JAs reduziu o CIA de forma estímulo dependente: a depleção de p120-catenina

suprimiu o CIA induzido pela ativação de Src e Rac mas não por Ras, e a depleção de E-

caderina suprimiu o CIA induzido pela ativação de Rac mas não por Src. Se por um lado

nossos resultados são contraditórios em relação à modulação do CIA por ROCK, por outro,

aparentemente concordam com essa última possibilidade, pois nós mostramos que a) o LPA

ocasionou ativação de Src, mas não Rac (Figs. 35A e 37A; b) o LPA aumentou o CIA (Fig.

44); e c) o LPA reduziu a expressão de E-caderina (Fig. 31B). Além disso, é possível que a

redistribuição das proteínas do CJA também poderia modular o CIA, já que a formação de

colônias requer adesão célula-célula. Assim, é possível especular que o inibidor de ROCK não

reduziu a formação de colônias porque aumentou os níveis das proteínas das JAs nos contatos

célula-célula, como observado nas Figuras 25 e 36A e como previamente relatado (Sahai &

Masrhall, 2002; Chang et al., 2006). Portanto, mais experimentos são necessários pra

esclarecer como a via Rho-ROCK modula as proteínas do CJA no CIA.

Embora o LPA tenha aumentado a migração celular, nossos resultados mostraram que

esse agente não aumentou a invasividade de células de Caco-2, ao contrário do ocorrido na

linhagem de câncer de ovário OVCAR-3. Permanece necessário esclarecer que outros fatores

seriam requeridos para que o LPA seja capaz de aumentar a invasividade de células Caco-2,

uma vez que ambas as linhagens são bem diferenciadas e apresentam contatos célula-célula

íntegros (Huang et al., 2008; de Freitas et al., 2010), características que podem atuar como

supressoras de invasão celular. Foi mostrado que o LPA ocasiona aumento de expressão e

atividade de MMP-2, levando ao aumento da invasão de células de ovário (Fishman et al.,

2001). Nossos resultados preliminares mostram que o LPA aumenta a expressão do RNAm

mas ocasiona somente um discreto aumento na atividade de MMP-2 em células Caco-2, o que

poderia justificar a falta de capacidade dessas células de invadirem o matrigel; no entanto,

seria necessário verificar se essas células são capazes de invadir colágeno IV, principal

componente de MEC de células epiteliais (Borghi et al., 2010). Nesse contexto, foi mostrado

que células de CCR invadiram colágeno I de forma dependente da ativação de ROCK em

127

resposta ao LPA (Sun et al., 2009). Ainda, é interessante notar que, embora o tratamento com

LPA tenha reduzido a expressão de E-caderina, não ocorreu transição epitélio-mesenquimal

uma vez que não foi observada a indução da expressão de vimentina (Fig. 31B). Isso sugere

que o LPA poderia induzir migração do tipo ameboide em nosso modelo de estudo, onde as

principais características são a ausência de atividade proteolítica de componentes da MEC,

ativação de Rho-ROCK e perda de contatos célula-célula (Parri & Chiarugi, 2010

Estudos recentes têm sugerido altos níveis de LPA (maiores que 1µM) no plasma ou

fluido de ascite como biomarcador para câncer de ovário (Erickson et al., 2001). Assim como

). Também é

possível especular que a ausência de atividade de MMP e de invasão celular em matrigel

poderiam ser consequências da ausência de vimentina em células Caco-2, uma vez que a

expressão dessa proteína modulou a invasão em células de câncer de próstata (Zhao et al.,

2008b) e a maturação de invadopódios em células invasivas de câncer de cólon HCT-116

(Schoumacher et al., 2010). De qualquer maneira, esses resultados sobre a invasividade

mediada pelo LPA em células de CCR ainda são preliminares e requerem mais experimentos

para obtermos conclusões mais contundentes.

V.3 Considerações finais: via Rho-ROCK, um possível alvo terapêutico em CCR?

Embora tenhamos utilizado somente dois estímulos que desencadeiam a perda de

contatos célula-célula, e existam muitos outros (por exemplo, éster de forbol, PGE2, radiação,

etc.), ambos os modelos apresentaram como evento comum a ativação da via Rho-ROCK. Na

primeira parte da Tese mostramos que a perda de contatos célula-célula induzida pela retirada

do cálcio do meio extracelular causa reorganização de F-actina e aumento da atividade das

GTPases Rho em células de adenocarcinoma de cólon humano. Usando essa mesma linhagem

celular, na segunda parte da Tese, observamos que o LPA induz a desorganização do CJA e

do citoesqueleto de actina, bem como aumento do potencial migratório de forma dependente

da ativação de Rho e ROCK. É interessante notar que vários estudos têm mostrado que a

perda de contato célula-célula induzida por diferentes estímulos requer reorganização de F-

actina (Bruewer et al., 2004, Samarin et al., 2007; Ivanov, 2008; Miyoshi & Takai, 2008).

Dessa forma, é cada vez mais aceita a hipótese de que a ativação de Rho-ROCK ocasione

contração actina-miosina para mediar a desmontagem do CJA (Ivanov et al., 2004a). No

entanto, não se pode descartar a possibilidade dessa GTPase regular o CJA diretamente,

conforme já mencionado. Ainda, a inibição de ROCK foi importante para a manutenção das

JAs nos dois modelos utilizados e também impediu a migração das células tratadas com LPA,

indicando um possível papel terapêutico para a via de sinalização Rho-ROCK.

128

em câncer de ovário, a presença de ascite reduz a sobrevivência de pacientes com CCR (Chu

et al., 1989). E ainda, foram relatados baixos níveis de lisofosfatidilcolina (LPC), um dos

precursores do LPA, com concomitante aumento dos níveis da enzima autaxina, que converte

LPC em LPA, no plasma de pacientes com CCR (Zhao et al., 2007), sugerindo elevados

níveis de LPA no plasma de indivíduos com esse tipo de neoplasia. No entanto, essas

pesquisas limitam-se a apontar o LPA como biomarcador e não como fator capaz de predizer

a terapia adequada a determinado paciente. Vale ressaltar que a administração de LPA ou a

utilização do modelo de retirada do cálcio do meio extracelular em camundongos com

mutação no gene APC ocasionaram ativação de Rho e redução da expressão de E-caderina

nos tumores de cólon desses animais (Carothers et al., 2006). Nesse mesmo modelo, foi

mostrado que o LPA aumentou a incidência de tumor via receptor LPA2 e ainda aumentou a

proliferação celular e os níveis de β-catenina nuclear (Lin et al., 2009). No entanto, esses

eventos ainda não foram avaliados em tumores de pacientes com CCR.

Embora estudos mostrem o aumento de expressão de Rho e suas proteínas reguladoras

em CCR (tabela 1), mutações no gene que codifica as GTPases Rho não foram encontradas, e

o mecanismo que modula o aumento de expressão dessas proteínas em câncer permanece

desconhecido. Esses estudos indicam um possível papel para LPA na modulação da expressão

e ativação de Rho que, por sua vez, poderia modular a expressão de proteínas do CJA e

desencadear perda de contatos célula-célula. Isso considerando que alterações na expressão e

localização de proteínas das JAs, por exemplo, a redução da expressão de E-caderina e a

localização de β-catenina no núcleo (Carothers et al., 2006; Lin et al., 2009), e das JTs, como

o aumento da expressão das claudinas-1, -3 e -4 (Oliveira et al., 2005), são comumente

observadas em CCR. ROCK é a principal proteína responsiva à ativação de Rho, nossos

resultados mostraram que sua inibição induziu efeitos antitumorais in vitro, como

reorganização dos contatos célula-célula e redução na migração celular, e experimentos in

vivo mostraram reduzida metástase em modelos animais de câncer hepático, de pulmão e

mama (Croft et al., 2004; Ying et al., 2006). Esses dados sugerem que a inibição

farmacológica de ROCK apresenta grande potencial como terapia de alguns tipos de câncer, o

que já vem sendo postulado (Olson, 2008), no entanto, a expressão dessa proteína em tumores

de pacientes com CCR ainda não foi investigada. Assim, seria relevante correlacionar os

níveis plasmáticos de LPA em pacientes com CCR com a expressão de seus receptores em

tumores e com a atividade das GTPases Rho e sua efetora ROCK e concomitante alterações

na expressão de proteínas do CJA. Se a inibição de ROCK poderia trazer benefícios a

129

pacientes com CCR com níveis aumentados de LPA no plasma ou fluido de ascite e/ou seus

receptores nos tumores, permanece por ser investigado.

O tratamento de CCR requer uma abordagem multidisciplinar cirúrgica, quimioterápica

e radioterápica. Até recentemente, o único tratamento quimiotarápico disponível para CCR era

a utilização de 5-fluorouracil (5-FU) sozinho ou combinado com oxaliplatina e irinotecan

(Waldner & Neurath, 2010). Embora novos alvos terapêuticos, como a inibição de VEGF e

EGFR utilizando bevacizumab e cetuximab respectivamente, tenham contribuído no

tratamento de CCR (Cohen & Hochster, 2008), apenas subgrupos de pacientes se beneficiam

dessa abordagem devido à resistência dos tumores a essas drogas (Waldner & Neurath, 2010).

Vale destacar que VEGF ativa Rac1 em células endoteliais e de câncer gástrico (Garret

Conforme mencionado, a via Rho-ROCK parece ser um alvo terapêutico promissor em

câncer. A inibição de ROCK com fasudil tem sido utilizada sem qualquer reação adversa grave

no tratamento de vasoespasmo no Japão, e muitos estudos clínicos de inibição de ROCK estão

et al.,

2007; Xue et al., 2004) e EGFR ativa Rac para promover migração em células de CCR (Dise et

al., 2008), indicando que a inibição de Rac também pode ser efetiva no tratamento de CCR.

Alguns estudos utilizando linhagens de CCR têm proposto o uso de inibidores de

enzimas farnesiltransferases (FTases) e geranilgeraniltransferases (GGTases) para bloquear a

adição de lipídio isoprenoide nas GTPases, inibindo assim sua ancoragem à membrana e

subsequente ativação. Contudo, inibidores de FTases individualmente não apresentaram

eficácia significativa em vários tipos de câncer, incluindo o CCR (Sebti & Adjei, 2004) e

inibidores de GGTases ocasionaram toxicidade (Lobell et al., 2001). Inibidores de ambas,

GGTases e FTases, foram desenvolvidos mas não apresentam eficácia satisfatória (Reid et al.,

2004). Outra estratégia é o uso de inibidores contra a enzima HMG-CoA redutase, também

conhecidos como estatinas, que reduzem os níveis de colesterol prevenindo a síntese de seus

precursores, farnesil pirofosfato e geranil geranil pirofosfato. Os inibidores dessa enzima

reduzem a isoprenilação de Ras e Rho, prevenindo a ancoragem delas na membrana necessária

para suas ativações. A inibição de HMG-CoA foi reportada por inibir o desenvolvimento de

CCR em camundongos (Cho et al., 2008), mas estudos clínicos ainda são necessários para

estabelecer sua eficácia como alvo terapêutico em CCR. Além disso, a inibição de RhoA em

células de CCR foi associada ao aumento da sensibilidade a doxorrubicina, uma droga

citotóxica intercalante de DNA, indicando que poderia ser utilizada para melhorar sua eficácia

nesse tipo de câncer (Doublier et al., 2008). E ainda, considerando que o LPA está envolvido

na ativação de Rho, a inibição de seus receptores também constitui uma interessante estratégia

terapêutica no controle da progressão do CCR (Lin et al., 2009).

130

em desenvolvimento, em sua maioria para doenças cardiovasculares (Olson, 2008). No

entanto, não estão sendo realizados estudos clínicos que avaliem se o fasudil pode ser utilizado

na terapia de CCR humano. Estudos in vitro mostraram que o fasudil reduziu a migração

celular e a formação de colônia em células de mama e fibrossarcoma, e in vivo, a disseminação

do tumor e metástase peritoneal, reduzindo a ascite em modelos animais de hepatoma (Ying et

al., 2006), indicando assim que essa droga poderia representar uma importante ferramenta no

tratamento de CCR. Embora mais estudos sejam necessários para entender as respostas

celulares mediadas por GTPases da família Rho, todos esses estudos apontam essas GTPases

como potenciais alvos terapêuticos em pacientes com CCR.

131

VI CONCLUSÕES

VI. 1 PARTE I: Análise da inter-relação entre o CJA e o citoesqueleto de actina durante

a perda da adesão célula-célula

- A retirada de cálcio do meio extracelular ocasionou desorganização e perda da

funcionalidade do CJA concomitante à desorganização do citoesqueleto de actina de forma

diferencial através da ativação de PKA;

- A perda de contatos célula-célula e concomitante reorganização de F-actina, induzidas pela

depleção do cálcio do meio de cultura, foram dependentes da via de sinalização Rho-ROCK;

- A retirada do cálcio do meio extracelular ocasionou ativação das proteínas RhoA e Rac1

como visto pela translocação dessas proteínas do citosol para a membrana, e esse evento

também foi modulado por PKA;

- A retirada de cálcio do meio extracelular ocasionou ativação local de Rho nos contatos

célula-célula, uma vez que a ativação dessa GTPase com LPA em meio depletado de cálcio

restaurou a formação das fibras de estresse na região basal mas não restabeleceu os contatos

intercelulares.

VI. 2 PARTE II: Papel do LPA na aquisição do fenótipo migratório

- O tratamento com LPA induziu a desmontagem das JAs, desorganização reversível das JTs e

reorganização do citoesqueleto de actina de forma dependente de Src e da via de sinalização

Rho-ROCK;

- O LPA induziu a formação de fibras de estresse e adesões focais, e causou aumento da

migração celular através da ativação de Src, e da via Rho-ROCK;

- O LPA não induziu transição epitélio-mesenquimal, visto que esse agente não ocasionou

morfologia celular alongada e pela ausência de expressão de vimentina;

- O LPA aumentou o crescimento independente de ancoragem de forma independente de

ROCK;

- O tratamento com LPA não induziu invasividade de células Caco-2, embora tenha

ocasionado aumento de expressão de MMP-2 e MMP-9.

132

VII REFERÊNCIAS

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