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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Centro de Ciências Sociais Aplicadas -CCSA
DIVULGAÇÃO DOS CUSTOS DE ADAPTAÇÃO À LEI SARBANES OXLEY PELAS EMPRESAS BRASILEIRAS REGISTRADAS NA
BOLSA DE VALORES DE NOVA IORQUE E NA BOLSA DE VALOR ES DE SÃO PAULO ATRAVÉS DA PRÁTICA DE GOVERNANÇA
CORPORATIVA
Mauricio Antônio Renan Santos Silva
Roberto Jacob
São Paulo 2007
2
Mauricio Antônio Renan Santos Silva
Roberto Jacob
DIVULGAÇÃO DOS CUSTOS DE ADAPTAÇÃO À LEI SARBANES OXLEY PELAS EMPRESAS BRASILEIRAS REGISTRADAS NA
BOLSA DE VALORES DE NOVA IORQUE E NA BOLSA DE VALOR ES DE SÃO PAULO ATRAVÉS DA PRÁTICA DE GOVERNANÇA
CORPORATIVA
Trabalho de Graduação Interdisciplinar apresentado ao Centro de Ciências Sociais e Aplicadas, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis.
Orientador: Professor: Edmir Lopes de Carvalho
São Paulo 2007
4
Dedicamos este trabalho a todos nossos familiares e amigos que nos incentivaram a realizá-lo, e compreenderam nossa ausência nos transmitindo força e compreensão, levando-nos a mais uma conquista.
5
Agradecemos aos nossos professores, que nos enriqueceram de conhecimentos e nos auxiliaram nos momentos de dúvida, especialmente nosso orientador, Professor e Mestre Edmir Lopes de Carvalho pelo auxílio ao TGI II, e Luiz Panhoca que nos auxiliou na elaboração do TGI I.
7
Aos nossos pais, mães e irmãos, sempre próximos e incentivadores, compreendendo que a distância era uma conseqüência dos esforços dedicados a este trabalho, os nossos mais sinceros agradecimentos.
8
“Uma pessoa feliz é aquela que tem sempre em mente seu objetivo. Não vê problemas em seu caminho, mas sim desafios. Tem seus pensamentos no futuro e suas ações no presente. Segue em frente, levando do passado apenas a experiência vivida. Uma pessoa feliz é aquela que tem personalidade, não se deixa levar pelos fracos, não deixa que o medo tome conta de seu destino, mas também não é inflexível. Uma pessoa feliz é aquela que realiza seus sonhos”.
Daisaku Ikeda
9
RESUMO
O objetivo deste trabalho é apresentar a situação em que se encontram as
empresas brasileiras listadas na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), nos aspectos
relacionados às exigências da Lei Sarbanes Oxley (SOx). Demonstraremos o papel que
desempenha a informação contábil, através da divulgação da situação atual e
expectativas futuras da organização, enfocando no grau de confiabilidade em que as
demonstrações financeiras publicadas transmitem para o mercado de capitais. Para isso
entenderemos o motivo da criação da Lei Sarbanes Oxley. A amostra utilizada neste
estudo são as empresas brasileiras que captam recursos através da emissão de ADR’s no
mercado norte americano, e que segundo determina a SEC, devem necessariamente
obedecer às exigências impostas pela SOx e adquirir certificação para prosseguir
atuando na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE). Partindo dessa premissa o presente
trabalho analisou as DFP´s exigidos pela Comissão de Valores Mobiliários, e filtrou as
informações relativas aos custos de implementação da SOx, para então ser ter uma idéia
do atual nível de transparência com que as informações financeiras das empresas são
repassadas aos investidores. Com base nessa avaliação e considerando que os custos com
planejamento e adequação da Sox representam um valor considerável nas despesas da
empresa, concluímos que quase a totalidade das empresas com bons níveis de
Governança Corporativa na Bovespa não divulgam com detalhamento as suas
informações financeiras referente a Lei Sarbanes Oxley.
Palavras-chaves: Informação Contábil, Lei Sarbanes Oxley (Sox), Governança Corporativa, Transparência.
10
ABSTRACT
The objective of this work is to present the situation where if they find the listed
Brazilian companies in the Stock Exchange of New York (NYSE), in the aspects related
to the requirements of the Law Sarbanes Oxley (SOx). We will demonstrate the paper
that plays the countable information, through the spreading of the current situation and
future expectations of the organization, focusing in the trustworthiness degree where the
published financial demonstrations transmit for the stock market. For this we will
understand the reason of the creation of the Law Sarbanes Oxley. The sample used in
this study is the Brazilian companies who catch resources through the emission of
ADR's in the market American north, and that as she determines the SEC, they must
necessarily obey the requirements imposed for the SOx and acquire certification to
continue acting in the Stock Exchange of New York (NYSE). Breaking of this premise
the present work it analyzed the DFP's demanded by the Commission of Movable
Values, and filtered the relative information to the costs of implementation of the SOx,
for then being to have an idea of the current level of transparency with that the financial
information of the companies are repassed the investors. With base in this evaluation
and considering that the costs with planning and adequacy of the Sox represent a
considerable value in the expenditures of the company, we conclude that almost the
totality of the companies with good levels of Corporative Governança in the São Paulo
Stock Exchange does not divulge with detailing its financial information referring the
Law Sarbanes Oxley.
Word-keys: Countable Information, Law Sarbanes Oxley (Sox), Corporative
Governança, Transparency.
11
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................................14
1. REFERENCIAL TEÓRICO...............................................................................................16
1.1. Informação Contábil.........................................................................................................16
1.1.1.Usuários da Informação Contábil...................................................................................18
1.1.2. Conseqüência da Informação Contábil.........................................................................20
1.1.3 Enfoque a Ética..............................................................................................................21
1.2. Teoria de Agência............................................................................................................22
1.3. Bolsa de Valores nos Estados Unidos..............................................................................23
1.3.1. NYSE............................................................................................................................24
1.3.2. NASDAQ......................................................................................................................24
1.3.3. Divulgação das informações ao mercado de capitais dos Estados Unidos...................25
1.3.4. American Depositary Receipt – ADR...........................................................................26
1.4. A Lei Sarbanes Oxley......................................................................................................27
1.4.1. Contabilidade Criativa..................................................................................................28
1.4.1.1. Casos relevantes do uso da Contabilidade Criativa...................................................29
1.4.2. O Caso Enron................................................................................................................32
1.4.3. Reforma da Lei Sarbanes Oxley..……………………………..……………...............33
1.4.4. A Lei Sarbanes Oxley e a Legislação Brasileira...........................................................34
1.5. Bolsa de valores no Brasil................................................................................................35
1.5.1. Bolsa de Valores de São Paulo .....................................................................................35
1.5.2. Funções da Bovespa .....................................................................................................36
1.6. Governança Corporativa..................................................................................................37
12
1.6.1. Histórico........................................................................................................................37
1.6.2. Conceito Governança Corporativa................................................................................38
1.6.3. As Práticas de Governança Corporativa no Brasil........................................................40
1.6.4.Principais barreiras que afetam a implementação das boas práticas de Governança
Corporativa nas Empresas.........................................................................................................40
1.6.5. Níveis de Governança Corporativa...............................................................................41
1.6.5.1. Nível 1........................................................................................................................42
1.6.5.2. Nível 2........................................................................................................................43
1.6.5.3. Novo Mercado............................................................................................................44
1.7. Sarbanes Oxley x Governança Corporativa.....................................................................47
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .........................................................................50
2.1. Problema de Pesquisa.......................................................................................................50
2.2.Objetivo Geral...................................................................................................................50
2.3.Objetivo Específico...........................................................................................................51
2.4. Tipo e Método de Pesquisa..............................................................................................51
2.5. Hípotese...........................................................................................................................52
2.6. População Alvo................................................................................................................53
2.7. Amostra............................................................................................................................53
2.8. Variáveis..........................................................................................................................53
2.9. Instrumento de Coleta......................................................................................................54
2.10. Procedimentos de Coleta................................................................................................55
3. RESULTADO E ANALISE DOS DADOS........................................................................56
3.1. Análise dos Dados............................................................................................................57
13
3.2. Análise da Menção da Lei Sarbanes Oxley......................................................................58
3.3.Análise da Menção dos Custos da Lei Sarbanes Oxley....................................................59
3.4. Análise da Contabilização dos custos a Lei Sarbanes Oxley...........................................60
CONCLUSÃO..........................................................................................................................61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS........................................................................................63
ANEXO.....................................................................................................................................66
14
INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho é apresentar a situação em que encontram-se as empresas
brasileiras listadas na Bolsa de Valores dos Estados Unidos (NYSE) nos aspectos
relacionados às exigências da Lei Sarbanes Oxley (SOx), principalmente no que diz respeito a
transparência das informações contábeis que são divulgadas ao mercado de capitais
fundamentados nos conceitos de boas práticas de Governança Corporativa.
Demonstraremos o papel que desempenha a informação contábil como ferramenta que
norteia as diretrizes traçadas e a serem alcançadas pela empresa através da divulgação da
situação atual e expectativas futuras da organização, enfocando no grau de confiabilidade em
que as demonstrações financeiras publicadas transmitem para o mercado de capitais. Para isso
entenderemos o motivo da criação da Lei Sarbanes Oxley que após alguns casos de
escândalos corporativos que sacudiram o mercado investidor mundial e geraram a
desconfiança com a veracidade das informações contábeis. A Lei estabelece critérios rígidos
apoiados especialmente em conceitos de transparência, consistência e ética na divulgação das
informações.
A amostra utilizada neste estudo são as empresas brasileiras que captam recursos
através da emissão de American Depositary Receipts (ADR’s) no mercado norte americano, e
que segundo determina a Security & ExchangeCommission (SEC), devem necessariamente
obedecer às exigências impostas pela SOx e adquirir certificação para prosseguir atuando na
Bolsa dos Estados Unidos. Partindo do pressuposto que também para atuar no mercado
interno, ou seja, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) as empresas são classificadas,
com base em rigorosos critérios de Governança Corporativa alicerçados em pilares como
transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa,
consequentemente a organização já se antecipa, em vários aspectos, às exigências do mercado
15
norte americano. Partindo dessa premissa o presente trabalho analisou os demonstrativos
financeiros padronizados (DFP) exigidos pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM),
órgão regulamentador do mercado de capitais brasileiro, e filtrou as informações relativas aos
custos de adaptação da SOx, para então ser ter uma idéia do atual nível de transparência com
que as informações financeiras das empresas são repassadas aos investidores.
16
1. REFERENCIAL TEÓRICO
1.1. Informação Contábil
Segundo Franco (1983) o intuito da contabilidade é registrar, controlar, demonstrar os
fatos ocorridos no patrimônio, objetivando fornecer informações sobre sua composição e
variações, bem como sobre o resultado econômico do patrimônio.
De acordo com as teorias dos sistemas de informações contábeis fica claramente
definido que todo produto que não gera benefício deixa de ser informativo, passando a ser
apenas um dado (Fiel, 1997).
Ainda de acordo com Fiel (1997, p.10) “o sistema contábil de informações é orientado
por um conjunto de regras que obedecem a um processo próprio das técnicas contábeis para
atingir sua finalidade, sendo elas: escrituração, demonstrações financeiras, auditoria e a
análise de balanço”.
Segundo Nash e Roberts (1998, p.52) “O sistema contábil de informações busca sua
eficácia do adequado balanceamento entre as relações dinâmicas que mantém com seu
ambiente externo regulado por normas e procedimentos rigidamente estruturados e o
equilíbrio estacionário requerido por seus subsistemas operacionais”.
Porém, a contabilidade de uma forma leiga caracteriza-se somente como um conjunto
de regras e procedimentos para a apuração de impostos e a coleta e registro de fatos passados,
visando unicamente atender os interesses das autoridades fiscalizadoras.
17
Segundo Fiel (1997, p.11), “a contabilidade é um instrumento de alto potencial na
colaboração de tomadas de decisões dos administradores ou de quem quer que seja a pessoa
encarregada de decidir e gerir os negócios da empresa. Pode-se dizer que o departamento de
contabilidade é um departamento de inteligência dentro da organização, pois ela está
relacionada essencialmente aos fatos”.
Gitman (2004), menciona que a contabilidade financeira está intimamente ligada aos
fatos administrativos, sendo responsável pela obtenção e a utilização dos recursos financeiros
necessários para gerir a empresa.
A contabilidade foi e continuará sendo o melhor e mais completo sistema de
informações para o embasamento das decisões gerenciais. Tais decisões visam essencialmente
prever o futuro, com o propósito de ater-se aos resultados alcançados no caso da adoção de
uma nova política de investimentos, prevendo desta forma uma possível maximização dos
lucros, ou ainda a necessidade de rever e melhorar a estratégia realizada.
Além do exposto, uma forma muito disseminada no mercado contemporâneo como
estratégia de crescimento das empresas é a utilização do mercado de capitais para o
financiamento de suas operações e alongamento de suas dívidas.
Porém, para adentrar no mercado de capitais é necessário obedecer algumas regras que
substancialmente consiste na transparência das informações econômicas e financeiras ao
mercado, para que os investidores façam um diagnóstico e realizem também projeções, para
assim, descobrir se a saúde da empresa é boa e será longa, ou se está na iminência de
sucumbir.
Portanto, a informação contábil quebrou barreiras e se tornou um conjunto de dados de
suma importância não só para as empresas, representadas pelos seus gestores, mas também
18
para aqueles não diretamente vinculados a empresa, que assumem o papel de investidores
potenciais, ou simplesmente especuladores de mercado.
Desta forma, a correta elaboração e divulgação das informações contábeis, baseadas
nos princípios contábeis geralmente aceitos, se tornam não somente uma obrigação para
atender as necessidades do Fisco, mas uma exigência do mercado.
1.1.1 Usuários da Informação Contábil
Segundo Brookson (2001) existem dois grupos que utilizam a contabilidade
essencialmente: os que se interessam pelo desempenho financeiro da empresa (investidores,
acionistas, fornecedores) e os que têm uma visão mais genérica (para fins fiscais, normativos
ou legais). Estes lidam mais com questões gerais, como a conformidade com a lei, do que com
uma análise financeira mais detalhada.
Tabela 1: Os usuários da informação contábil
QUEM SÃO O QUE PROCURAM
PROPRIETÁRIOS:
Têm interesse no futuro e no sucesso da
empresa, tendem a ser cautelosos nas
finanças.
1. Ver como a empresa está, em
comparação com os anos anteriores e a
concorrência.
INVESTIDORES/ ACIONISTAS
Investem dinheiro ou têm ações da
empresa; sua análise costuma ser detalhada
1. Informações sobre a empresa que
permitam comparação com outras, de
modo que dê para escolher entre elas.
19
e implacável. 2. Indicações de que os lucros serão
maximizados.
QUEM EMPRESTA DINHEIRO
Fazem empréstimos; precisam saber que os
juros estão disponíveis e que os débitos
serão saldados.
1. Indícios de que a empresa será capaz
de pagar os juros das dívidas.
2. Os bens da empresa, caso a dívida não
seja paga e o negócio sofra um abalo.
CONCORRENTES
Estão interessados na atuação financeira e
nas estatísticas empresariais dos rivais.
1. Aumento de vendas, da parcela de
mercado, de lucros líquidos e da
eficiência total da empresa.
GERENTES/FUNCIONÁRIOS
Trabalham para a empresa e são pagos por
ela, em tempo integral ou com
regularidade.
1. Garantir que a empresa continue a
operar com competitividade.
CLIENTES/FORNECEDORES
Precisam saber se estão lidando com
empresas financeiramente sólidas e
respeitadas.
1. Continuidade de fornecimento e
negócios sem rupturas para o fluxo de
bens e serviços.
2. Capacidade de a empresa pagar pelas
mercadorias e entregá-las no prazo.
FUNCIONÁRIOS DO FISCO
Examinam os relatórios financeiros para
ver se são aceitáveis e precisos; verificam
1. Contabilidade bem preparada e
adequada às legislações vigentes.
2. Solidez nas contas, quando comparadas
20
o montante de impostos devidos. com empresas similares.
Fonte: BROOKSON, 2001, p. 9 .
1.1.2 Conseqüência da Informação Contábil
De acordo com Hendriksen e Breda (2001) a informação contábil é de suma
importância para a tomada de decisões. Os contadores dedicam a maior parte de sua atenção à
coleta e à apresentação de dados financeiros, que servirão para a análise, interpretação e
estruturação de projeções futuras na maioria das vezes realizadas pelos administradores
financeiros.
Segundo Gitman (2004) um dos objetivos do administrador financeiro é manter um
controle permanentemente equilibrado na empresa. Para que esta meta seja alcançada, ele se
reporta às técnicas adotadas pela contabilidade financeira, que lhe fornece as informações
necessárias. A expressão contabilidade financeira evidencia a aplicação da contabilidade a
contas do sistema financeiro da organização, ou seja, remete à prática da contabilidade em
itens monetários.
Todavia, em virtude destes administradores utilizarem as informações contábeis para
realizarem as projeções que irão nortear as diretrizes a serem traçadas pela empresa no futuro
e até mesmo no presente, poderá haver conflitos de interesse entre o administrador que poderá
ser o próprio profissional contábil, e o (s) proprietário (s) da empresa.
Este conflito é descrito na administração financeira como “teoria de agência” que de
acordo com Gitman (2004) “é a possibilidade de os administradores colocarem seus objetivos
pessoais à frente dos objetivos da empresa”.
21
Gitman (2004), a informação contábil é a base que sustenta a tomada de decisões
corporativas, poderá haver manipulação de resultados que certamente influenciará na não
fidedignidade dos relatórios contábeis, logo o mercado externo terá uma visão limitada e
talvez omissa da real situação econômica e financeira da empresa.
1.1.3 Enfoque a Ética
Segundo o dicionário Magno (1994, p.53), ética é um ramo da filosofia que tem por objeto a moral. Conjunto de princípios pelos quais o individuo deve pautar seu proceder no desempenho de sua profissão. Série de normas que devem levar à aquisição de hábitos e a formação do caráter dos indivíduos para que possam cumprir seus deveres e viver honradamente.
A ética se faz absolutamente necessária na relação de duas pessoas, na estrutura
familiar, no relacionamento dentro de uma comunidade empresarial, cultural, esportiva, ou
qualquer outra.
Conforme Martins (2001), a contabilidade está sempre inserida no meio de agentes
com interesses conflitantes, ora, está no meio de uma disputa entre o fisco e o contribuinte,
ora entre os sócios, ora entre a empresa e seus empregados, entre o chefe e seus subordinados,
entre os proprietários e os administradores, entre os concorrentes. Seu produto, a informação
para o controle, para a avaliação de desempenho e para a decisão, é cada vez mais relevante e,
por causa disso, maiores tendem a ser as pressões sobre o contabilista por parte de seus tão
diferentes e, comumente, conflitantes usuários.
Por causa da sua relevância, a contabilidade necessita refletir a real situação
econômica e financeira, porque como já discorrido, ela serve de premissa para vários
usuários. Uma postura omissa ou fraudulenta tende a causar impactos em diversos segmentos,
gerando uma visão negativa perante o mercado externo.
22
1.2 Teoria de agência
Segundo Garcia (2005), a pesquisa sobre o problema de agência teve início com o
trabalho pioneiro de Jensen e Meckling (1976) e procura analisar a chamada “relação de
agência” que surge quando um ou mais indivíduos, denominados “principais”, contratam
outros indivíduos ou grupo de indivíduos, denominados “agentes”, para realização de um
serviço que prescinde da outorga de autoridade para tomada de decisão aos “agentes” pelos
“principais” em seu nome e interesses.
Ainda de acordo com Garcia (2005), o problema de agência passa a existir no
momento em que o agente, que deve sempre atuar no melhor interesse do principal, passa a
atuar, ao contrário, em seu próprio interesse pessoal.
O investidor é incapaz de observar todas as ações dos administradores, ou seja, as informações fornecidas pelo agente não permitem um controle do tipo e da sua profundidade, onde o agente e o principal possuem níveis diferentes de informação. Esse tipo de problema é conhecido como “risco moral”, no qual o agente faz uso de informações em beneficio próprio, eventualmente impondo prejuízos ao principal. (ARROW apud SOBRAL, 2006, p.9)
Existem dois tipos de risco moral um deles é a informação oculta que é representada pelo fato do agente fazer observações que o principal não pode, pois não tem instrumentos para conferir se o agente utilizou realmente essas informações da melhor maneira possível em relação aos seus interesses. O outro tipo de risco moral é a ação oculta, onde esse é relacionado ao esforço do agente, pois, nas ações tomadas pelo agente, o principal não consegue identificar o nível real de esforço aplicado no sentido do alcance total de seus interesses. (ARROW apud SOBRAL, 2006, p.9)
Jensen e Meckling (1976), apud Garcia (2005), A tarefa de alinhar seus interesses
aos interesses dos gestores implica em custos para os acionistas, que são chamados custos de
agência. Os custos de agência são a soma dos:
• custos de criação e estruturação de contratos entre o principal e o agente;
• gastos de monitoramento das atividades dos gestores pelo principal;
23
• gastos promovidos pelo próprio agente para mostrar ao principal que seus atos não
serão prejudiciais ao mesmo;
• perdas residuais, decorrentes da diminuição da riqueza do principal por eventuais
divergências entre as decisões do agente e as decisões que iriam maximizar a riqueza
do principal.
1.3 Bolsa de Valores nos Estados Unidos
Segundo Fortuna, apud Silva, Valquiria (2005, p.19), “a bolsa de valores, em síntese, é
o local especialmente criado e mantido para negociação de valores mobiliários em mercado
livre e aberto, organizado pelas corretoras e autoridades”. São sociedades Civis, sem fins
lucrativos ou Sociedade Anônimas que fornecem infra-estrutura ao mercado de ações.
Conforme Silva, Valquiria (2005 p.20), os principais títulos negociados nas bolsas de
valores são aqueles que representam o capital da empresa, ou seja, as ações. Além das ações,
a legislação no art. 2° da lei 010.03 de outubro de 2001, autoriza a negociação de outros
títulos como:
• Debêntures (simples ou conversíveis);
• Comercial Papers
• Opções de compra e venda sobre companhias abertas;
• Quotas de fundos;
• Bônus de subscrição;
• Títulos públicos;
• Certificados de depósitos de ações (BDR).
24
1.3.1 NYSE
No dia 17 de Maio de 1792, "nascia" a New York Stock Exchange, a mais tradicional e
importante bolsa de valores do mundo, negocia mais de 1 bilhão de ações e gira mais de US$
40 bilhões. No total são mais de 3.000 empresas listadas e 300 bilhões de ações com valor
superior a US$ 16 bilhões de dólares. (CAVALCANTE & MISUMI, 2002).
Estão representados na NYSE cerca de 52 países que possuíam, em 31 de maio de
2001, 438 empresas listadas. Ou seja, do total de aproximadamente 3.000 empresas cerca de
438 não são americanas e totalizam valor de mercado superior a US$ 5 trilhões.
(CAVALCANTE & MISUMI, 2002).
O índice NYSE inclui todas as ações registradas e, portanto, não possui um critério de
seleção de ações para entrada de no índice e nem está sujeito à decisão de um comitê. As
ações que compõem o índice são ponderados de acordo com os respectivos valores de
mercado das empresas emissoras. (CAVALCANTE & MISUMI, 2002).
A NYSE também é responsável pela divulgação de quatro índices setoriais que são:
industrias, serviços de utilidade pública, transportes e finanças. (CAVALCANTE &
MISUMI, 2002).
1.3.2 NASDAQ
A Nasdaq (Sistema automatizado de cotações da associação nacional das corretoras de
valores) é uma bolsa eletrônica Americana e foi fundada em 1971 pela National Association
of Securities Dealers (NASD). (CAVALCANTE & MISUMI, 2002).
25
Ao contrário das bolsas de valores tradicionais que operam através de sistemas de
negociação por leilões realizados pelas corretoras, na Nasdaq os negócios são realizados no
mercado de balcão por ‘‘dealers’’(comerciantes) que comprovam, vendem e estocam títulos e
os distribuem para os investidores. (CAVALCANTE & MISUMI, 2002).
Atualmente a Nasdaq possui mais de 4.000 empresas registradas e a capitalização de
mercado das empresas listadas ultrapassa US$ 3 trilhões. A Nasdaq também organiza vários
sub-índice que são extraídos da carteira principal como: seguros, bancos, telecomunicações
etc. (CAVALCANTE & MISUMI, 2002).
1.3.3 Divulgação das informações ao mercado de capitais dos Estados Unidos
O acesso aos mercados de capitais dos Estados Unidos demanda uma documentação
complexa para permitir a oferta de valores, além disso, o processo e registro na SEC –
Security & ExchangeCommission, e a possibilidade de responsabilidade legal são mais
rigorosos. (CAVALCANTE & MISUMI, 2002).
O mercado americano é mais líquido, por isso as empresas de todo mundo optam por
buscar financiamento para suas atividades e seu crescimento neste mercado. Algumas
emissões (títulos comerciais, programas de letras e etc) são mais fáceis porque não exigem
registros junto à SEC (CAVALCANTE & MISUMI, 2002).
Para ingressar no mercado americano as principais informações que deverão ser
informadas são:
• Descrição dos títulos ADRs registrados, caso disponível.
• Demonstrações financeiras elaboradas de acordo com, ou ajustadas, USGAAP.
26
1.3.4 American Depositary Receipt – ADR
Os ADR são recibos que representam a propriedade de ações emitidas por empresas
não-americanas.O ADR outorga ao acionista o direito sobre todos os dividendos, as
subscrições e as bonificações, além de ganhos de capital. (CAVALCANTE & MISUMI,
2002).
O ADR foi criado para proporcionar aos investidores americanos o acesso aos
mercados de ações de outros países, ou seja, os americanos compram ações de empresas não
americanas sob a forma de ADR. (CAVALCANTE & MISUMI, 2002).
Para o investidor externo uma das vantagens é a não incidência do risco cambial, pois,
as ADR são negociadas nos Estados Unidos e seu preço é definida em moeda americana, o
mesmo não é afetado pela taxa de câmbio Real/Dólar. (CAVALCANTE & MISUMI, 2002).
Segundo Cavalcante & Misumi, Os programas de ADR consideram três níveis:
• Nível 1 - Negociados no mercado de balcão, emitidas com base em ações do emitente
negociados em seu mercado doméstico, e que foram depositados no banco custodiante.
Não paga taxas de Underwriting nem provoca alterações no balanço da companhia.
Não há oferta paralela dos títulos depositados nos Estados Unidos. A companhia não
capta recursos.
• Nível 2 - Negociados no mercado dos Estado Unidos ou na Nasdaq, emitidos com
base em ações do emitente negociados em seu mercado doméstico, e que foram
depositados no banco custodiante. Na há oferta paralela dos títulos depositados nos
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Estados Unidos. A companhia não capta recursos. As demonstrações financeiras
devem estar de acordo com os USGAAP.
• Nível 3 – Negociados numa bolsa dos Estados Unidos ou na Nasdaq, vinculados a
uma oferta pública nos Estados Unidos das ações depositadas. Emitidos com base em
novas ações emitidas pelo emitente, depositadas no banco custodiante. Permite
captação de recursos.
1.4. A Lei Sarbanes Oxley (SOx)
A Lei Sarbanes Oxley (SOx) foi criada em 30 de julho de 2002, pelos senadores Paul
Sarbanes e Michael Oxley, como forma de reação aos escândalos financeiros corporativos nos
Estados Unidos (TAFARA & STRAHOTA, 2005).
A lei Sarbanes Oxley é a mais abrangente e importante medida legislativa sobre
valores mobiliários dos Estados Unidos que afeta empresas de capital aberto e contadores
independentes. A Lei reforça as regras para a governança corporativa relacionadas à
divulgação e à emissão de relatórios financeiros (TAFARA & STRAHOTA, 2005)
Um dos aspectos mais importantes é que tal lei não isenta empresas não americanas de
seu alcance, hoje, as mais de 1200 companhias estrangeiras registradas na SEC (Securities
and Exchange Comission) representam quase 10% de todas as empresas que prestam contas a
esse órgão. (TAFARA & STRAHOTA, 2005)
O objetivo da criação da Lei Sarbanes Oxley é restabelecer e aumentar a confiança do
investidor e a sustentabilidade das organizações.
Esta medida do Congresso americano de intervenção do governo para corrigir as distorções de atuação das corporações na economia vai, se não totalmente, pelo menos, substancialmente, corrigir as distorções, reduzindo o poder e os abusos dos executivos dentro das grandes corporações, devolvendo o controle da propriedade aos seus reais donos, os acionistas ou aos seus representantes. (EUSTAQUIO, 2003, p.3)
28
1.4.1 Contabilidade Criativa
De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade, “a Contabilidade é uma ciência social, cujo objeto é o Patrimônio das entidades. A contabilidade busca, por meio da apreensão, da quantificação, da classificação, do registro, da demonstração, da análise e relato das mutações ocorridas nos patrimônios, gerar informações qualitativas e quantitativas” (CFC, 2000, p.101).
Segundo Carvalho (2003), as informações contábeis são extremamente importantes
para que os usuários e gestores responsáveis tenham o conhecimento da posição passada, da
situação atual e principalmente das expectativas futuras de uma empresa, ou seja, o grau de
confiabilidade nas informações de natureza contábil e financeira permite uma visão da
estratégia dos planos da empresa, portanto, a confiabilidade nas informações contábeis torna-
se imprescindível para todos que pretendam relacionar-se com a organização, entre eles
acionistas, fornecedores, gestores, empregados e outras entidades.
Carvalho (2003), verifica-se que a responsabilidade dos contadores é imensa, pois esta
em “jogo” a credibilidade de tal profissional, pois as informações publicadas estão
diretamente ligadas à pessoa do preparador. Nem sempre a ética profissional é levada em
consideração, ocorrendo um confronto entre o que é legal do que é moral.
A flexibilidade das normas contábeis permite a realização de procedimentos contábeis que, na prática, geram informações que não refletem a verdadeira posição econômica e financeira da empresa. Em conseqüência, os usuários das informações contábeis são direcionados a ter uma visão irreal ou distorcida que pode representar um risco imperceptível. O profissional contador detém, privativamente, a condição de preparador das Demonstrações Contábeis, constituindo-se na única pessoa capaz de perceber esse risco e demonstrar independência e autoridade legal e moral no sentido de evitar a prática da contabilidade criativa e outros vieses antiéticos que possam servir de suporte para as fraudes. (CARVALHO, 2003).
E é nesse cenário que surge a “contabilidade criativa”, que se refere a “maquiagem”
da realidade patrimonial de uma entidade, decorrente da manipulação dos dados contábeis de
29
forma intencional, para se apresentar à imagem desejada pelos gestores da informação
contábil.
A contabilidade criativa é o resultado da transformação das cifras contábeis de aquilo
que realmente são para aquilo que aqueles que a elaboram desejam que sejam, aproveitando-
se das facilidades que as normas existentes proporcionam, ou mesmo ignorando-as”.
(CONSENZA & GRATERON, apud NASER, 2003).
É o processo mediante o qual os contadores utilizam seus conhecimentos sobre as
normas e procedimentos contábeis para manipular valores refletidos nas contas e
demonstrações contábeis de uma empresa (JAMESON, 1988, apud CONSENZA &
GRATERON).
A contabilidade criativa é um tema atual na prática contábil internacional, mas ganhou
notoriedade com as seqüências de escândalos corporativos nos Estados Unidos.
1.4.1.1 Casos Relevantes do uso da Contabilidade Criativa
Os casos mais evidentes e atuais revelados na imprensa especializada, e investigados
pela SEC – Securities and Exchange Commission, agência governamental que fiscaliza o
mercado de valores – nos moldes da CVM – Comissão de Valores Mobiliários no Brasil e
controla a atuação dos profissionais de contabilidade em suas relações com o mercado na
aplicação dos princípios contábeis nos EUA, de acordo com FUNDAP (2002, p.07-09), estão
dispostos no Quadro 1, a seguir:
30
Quadro 1. Corporações Norte Americanas que estão sob suspeita da SEC.
Adelphia
Alvo de uma investigação da Securities and Exchange Commission (SEC),
sobre empréstimos de US$ 3,1 bilhões que não constaram de seu balanço e que
foram cobertos, em parte, por John Rigas, fundador da companhia, e sua família.
Computer
Associates
A SEC está investigando práticas de contabilização de receitas, depois que
Charles Wang, fundador e executivo-chefe da CA, e dois outros executivos
receberam US$ 1 bilhão em ações apenas alguns dias antes da divulgação de um
alerta de queda nos lucros.
Duke Energy
Admitiu ter realizado negócios fictícios, do tipo em que dois ou mais traders
compram e vendem energia, simultaneamente, entre si, e pelo mesmo preço.
Isso aumentou as receitas da Duke em US$ 1 bilhão no curso de três anos.
Dynegy
A SEC está investigando um acordo, denominado Projeto Alfa, assumido pela
Dynegy para comprar gás em negócios que inflaram o fluxo de caixa da
companhia. A empresa negociou compra da Enron antes de sua falência.
Enron
Admitiu ter inflado artificialmente seus lucros e ocultado seu endividamento
mediante a manipulação de uma complexa teia de parcerias não explícitas em
seu balanço.
Enterasys Políticas contábeis sob suspeita.
ImClone
Systems
Ex-executivo-chefe foi preso, acusado de ter usado informação privilegiada para
negociar ações em Bolsa.
Global
Crossing
Sofre uma investigação da SEC em sua contabilidade, envolvendo contratos de
venda de energia no mercado atacadista de longo prazo (IRU). A empresa
construiu uma das maiores redes de fibra óptica do mundo.
Kmart Um reexame interno de sua contabilidade resultou em revisões nos números,
especialmente relativos ao momento em que a companhia contabilizou
31
pagamentos de fornecedores na forma de descontos por compra em grandes
volumes. Com esse reexame, foram consideráveis as revisões nos lucros
referentes aos primeiros três trimestres do ano passado. Também sob
investigação da SEC. A empresa já pediu concordata.
Lucent
Technologies
Ajustou suas receitas, no ano fiscal de 2000, no montante de US$ 679 milhões,
o que provocou uma investigação da SEC.
Network
Associates
Sofre uma investigação sobre ambigüidades na contabilização de suas receitas
sobre a venda de software.
Peregrine
Systems
A companhia está fazendo uma revisão de sua contabilidade, cobrindo um
período de quase três anos, em virtude de erros de aproximadamente US$ 100
milhões em receitas, o que levou a SEC a iniciar uma investigação.
Qwest
A SEC está investigando a contabilidade da companhia, referente à venda de
infra-estrutura transmissão por fibra óptica e à venda de equipamentos para
clientes de serviços oferecidos via internet.
Rite Ald
Recalculou, com uma diferença de US$ 2,3 bilhões, seu lucro antes dos
impostos. Ex-executivos da companhia foram acusados pela SEC de cometer
enormes fraudes contábeis para inflar os lucros da companhia e de fraudar os
investidores.
Tyco
Internacional
Depois do indiciamento de Dennis Kozlowski, executivo-chefe da companhia,
por evasão tributária, a SEC está examinando a transparência financeira da
Tyco, inclusive a possível utilização indevida de fundos da companhia para
comprar apartamentos e casas para executivos.
Xerox
Multada em US$ 10 milhões por ter inflado suas receitas e lucros nos balanços
de 1997 a 2000, ao incluir pagamentos futuros previstos em contratos correntes.
A empresa incluía como receita de um determinado período contratos de leasing
32
de longo prazo, lançando no balanço receitas que só começariam a entrar no
caixa de fato a partir de 2002.
WordCom Retificou os balanços em US$ 4,2 bilhões. O truque contábil utilizado pela
empresa era registrar custos fixos como investimentos.
Fonte: FUNDAP (2002, p.07-09),
1.4.2 O Caso Enron
A Enron era a sétima maior empresa dos Estados Unidos e uma das maiores empresas de energia do mundo, então considerada uma potência empresarial, divulgou, em 2 de dezembro de 2001, seu pedido de concordata e, dez dias após, o Congresso Americano começou a analisar a falência do grupo, o qual possuía uma dívida aproximada de 22 bilhões de dólares. Em diversos artigos, foi considerada a falência mais importante da história empresarial americana.(EUSTAQUIO, 2003, p. 1) .
Com participação em pequenas empresas que não constavam no balanço, a Enron
escondeu bilhões em dívidas. No último balanço publicado, a empresa superestimou os lucros
em quase 600 milhões de dólares e fez desaparecer dívidas de quase 650 milhões de dólares.
Além de esconder os passivos, a Enron também vendeu bens a essas empresas por preços
supervalorizados, a fim de criar falsas receitas. (CORDEIRO, 2003).
Um dos problemas que podem ser apontados ao analisar o caso Enron são as
conhecidas “Stock Options”. Nesse sistema, os administradores ou funcionários passam a ser
proprietários de ações da empresa e podem ou não obter lucros, o que dependerá do
desempenho da corporação. Nesse contexto, os administradores teriam total interesse em que
suas ações se valorizassem cada vez mais para obterem grandes resultados na sua
comercialização. (EUSTAQUIO, 2003)
Foi o que aconteceu com um dos fundadores e CEO da Enron, Kenneth Lay, que
reuniu mais de 200 milhões de dólares em ações nos últimos quatro anos vendidas antes que o
33
escândalo estourasse e transformasse em pó o fundo de pensão de mais de 20 mil funcionários
da empresa. (EUSTAQUIO, 2003)
Um segundo problema seria o conflito de interesses da auditoria, executada pela
Arthur Andersen, uma vez que a mesma recebia por consultorias realizadas para a empresa.
(EUSTAQUIO, 2003).
As conseqüências da utilização de práticas desta natureza afetam diretamente todas as
partes interessadas nas informações geradas pela contabilidade, podendo vir a trazer
distorções significativas na interpretação dos dados pelos usuários. (CARVALHO, 2003).
1.4.3. Reformas da Lei Sarbanes Oxley
As reformas contidas na Sarbanes Oxley podem ser divididas em três categorias:
Primeiro, a lei visa a melhoria operacional e a recuperação da credibilidade na
profissão contábil. Criação do Conselho de Fiscalização de Auditoria de Companhias Abertas
(PCAOB), sob supervisão da SEC. (TAFARA & STRAHOTA, 2005).
Segundo, ela fornece novas ferramentas para fazer cumprir as leis de valores
mobiliários. A comissão deu entrada a mais de 1300 ações de fiscalização, das quais mais de
370 envolviam relatórios financeiros e fraudes contábeis. Além disso, impediu que executivos
voltassem a exercer a função de diretores ou conselheiros de empresas de capital aberto.
(TAFARA & STRAHOTA, 2005).
Terceira, as exigências destinadas a aperfeiçoar as práticas de divulgação e de
relatórios financeiros. As cláusulas referentes às certificações de relatórios do diretor
executivo e do diretor financeiro que contenham demonstrações financeiras. Também se
encontram nessa categoria as cláusulas que recebem atualmente mais atenção de empresas e
auditores, a exigência de relatório anual da administração sobre os relatórios financeiros e
34
auditoria de controle interno das empresas sobre referidos relatórios. (TAFARA &
STRAHOTA, 2005).
1.4.4. A Lei Sarbanes-Oxley e a Legislação Brasileira
Quadro 2 – Comparação da Lei Sarbanes-Oxley com a Legislação Brasileira
Lei Sarbanes – Oxley Legislação Brasileira
Certificação pelo CEO / CFO dos
relatórios anuais.
Administradores e contadores têm que
assinar os balanços, sendo responsáveis pela
correção das declarações (certificação formal
e material).
Criação de Comitê de Auditoria formado
por membros independentes.
Não há a figura do Comitê de Auditoria,
muito embora o Conselho Fiscal tenha
atribuições semelhantes.
Proibição quanto à concessão de
empréstimos a conselheiros e diretores.
Não há vedação quanto à concessão de
empréstimos a executivos, desde que em
condições de mercado e autorizado por
Assembléia ou pelo Conselho de
Administração.
Controles internos devem ser divulgados
em relatórios específicos.
Não há regra que obrigue a elaboração de um
código de ética.
Divulgação de informações não
contabilizadas.
Informações não contabilizadas devem ser
divulgadas nas notas explicativas.
Proibição de prestação de determinados
serviços (consultoria), à auditada, pelas
Auditores não podem oferecer outros
serviços que prejudiquem a independência da
35
empresas de auditoria. atividade de auditoria.
Revezamento do sócio-auditor a cada
cinco anos.
Revezamento das empresas de auditoria
cinco em cinco anos.
O CEO e o CFO têm que devolver o
bônus e/ou a participação nos lucros no
caso de prejuízo decorrentes de erros nas
demonstrações contábeis que motivaram
nova publicação desses atos.
Não há regra nesse sentido na legislação
brasileira.
Dever dos advogados de relatar eventual
violação legal constatada ao diretor
jurídico e ao CEO, bem como ao Comitê
de Auditoria e outros conselheiros.
Não há regra equivalente na legislação
brasileira.
Proibição de insider trading em
determinados períodos de suspensão de
negociações.
Há regra semelhante no Brasil, que impede o
insider trading em blackout periods
(Instrução CVM 358/02).
Fonte: ERNEST & YOUNG - Treinamento Ericsson MU Brasil apresentação SOx, 2006.
1.5. Bolsa de valores no Brasil
1.5.1. Bolsa de Valores de São Paulo
Fundada em 23 de agosto de 1890, a Bolsa de Valores de São Paulo - BOVESPA tem
uma longa história de serviços prestados ao mercado de capitais e à economia brasileira. Até
meados da década de 60, a BOVESPA e as demais bolsas brasileiras eram entidades oficiais
36
corporativas, vinculadas às secretarias de finanças dos governos estaduais e compostas por
corretores nomeados pelo poder público (BOVESPA, 2007).
Com as reformas do sistema financeiro nacional e do mercado de capitais
implementadas em 1965/66, as bolsas assumiram a característica institucional que mantêm até
hoje, transformando-se em associações civis sem fins lucrativos, com autonomia
administrativa, financeira e patrimonial. A antiga figura individual do corretor de fundos
públicos foi substituída pela da sociedade corretora, empresa constituída sob a forma de
sociedade por ações nominativas ou por cotas de responsabilidade limitada. A Bolsa de
Valores de São Paulo é uma entidade auto-reguladora, que opera sob a supervisão da
Comissão de Valores Mobiliários (CVM).(BOVESPA, 2007).
1.5.2 Funções da Bovespa
Segundo a BOVESPA (2007), as funções são:
Meio de ligação: permite que pessoas interessadas apliquem suas economias em ações
invistam nas empresas que precisam de recursos para crescer.
Centro de liquidez: proporciona as condições necessárias para que as Corretoras de
Valores possam intermediar as negociações para seus clientes de forma segura, rápida e
transparente.
Formação de preços: oferece um ambiente onde os preços são formados pela livre
interação da oferta e da procura, atuando para garantir que os negócios sejam realizados
seguindo as regras e normas estabelecidas pela CVM. Para isso, utiliza os chamados
mecanismos de liquidez e formação de preços.
Ambiente seguro e transparente: a partir do seu poder de auto-regulação, propicia
aos investidores, Corretoras de Valores e empresas um ambiente no qual as operações podem
ser efetuadas de forma transparente e segura, oferecendo sistemas operacionais adequados
37
com emprego de alta tecnologia e uma equipe técnica que monitora as negociações para
garantir a credibilidade e a transparência do mercado.
Missão educativa: transmite os conceitos sobre o mercado acionário para que os
investidores conheçam a importância de formar um patrimônio investindo em ações e mostra
os seus reflexos para o desenvolvimento econômico do país.
1.6 Governança Corporativa
1.6.1 Histórico
Ultimamente tem sido intensificada a preocupação das empresas em relação às práticas
de Governança Corporativa, devido ao reconhecimento do mercado de capitais que considera
de extrema importância à utilização de tal prática.
O termo Governança Corporativa foi criado no início da década de 1990 nos países desenvolvidos, mais especificamente nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, para definir as regras que regem o relacionamento dentro de uma companhia dos interesses de acionistas controladores, acionistas minoritários e administradores. (GARCIA, 2005, p.6).
Segundo Lodi (2000), o movimento da Governança Corporativa se originou nos
Estados Unidos, no início dos anos 90, em decorrência de necessidades específicas de
administradores de fundo de pensão, que precisavam de maior segurança nos investimentos
realizados com dinheiro dos mutuários, os quais se caracterizavam, na grande maioria, como
acionistas minoritários que sofriam com a falta de informações objetivas e transparentes para
orientar suas decisões de investimentos. Aos poucos, o movimento foi se expandindo para os
países europeus e hoje representa uma tendência em nível de mercado internacional.
Segundo Garcia (2005), a discussão sobre Governança Corporativa surgiu para superar
o chamado conflito de agência dos gestores, que é resultado da separação entre a propriedade
38
e a gestão nas companhias. Esse conflito de interesses pode assumir características distintas
em função da estrutura de propriedade das empresas.
1.6.2 Conceito Governança Corporativa
Segundo IBGC - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (2007, p.6), Governança Corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre Acionistas/Cotistas, Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade.
Os princípios básicos que o inspiram o código de ética do IBGC são:
• Transparência: a administração deve ter uma boa comunicação interna e externa
que resulte em um clima de confiança. A comunicação não deve restringir-se ao
desempenho econômico financeiro, mas deve contemplar também os demais
fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação empresarial e que conduzem à
criação de valor.
• Equidade: Caracteriza-se pelo tratamento justo e igualitário de todos os grupos
minoritários, sejam do capital ou das demais "partes interessadas" (stakeholders),
como colaboradores, clientes, fornecedores ou credores. Atitudes ou políticas
discriminatórias, sob qualquer pretexto, são totalmente inaceitáveis.
• Prestação de contas (accountability): Os agentes da governança corporativa
devem prestar contas de sua atuação a quem os elegeu e respondem
integralmente por todos os atos que praticarem no exercício de seus mandatos.
• Responsabilidade Corporativa: Conselheiros e executivos devem zelar pela
perenidade das organizações (visão de longo prazo, sustentabilidade) e, portanto,
devem incorporar considerações de ordem social e ambiental na definição dos
negócios e operações. Responsabilidade Corporativa é uma visão mais ampla da
39
estratégia empresarial, contemplando todos os relacionamentos com a
comunidade em que a sociedade atua. A "função social" da empresa deve incluir
a criação de riquezas e de oportunidades de emprego, qualificação e diversidade
da força de trabalho, estímulo ao desenvolvimento científico por intermédio de
tecnologia, e melhoria da qualidade de vida por meio de ações educativas,
culturais, assistenciais e de defesa do meio ambiente. Inclui-se neste princípio a
contratação preferencial de recursos (trabalho e insumos) oferecidos pela própria
comunidade.
Segundo Shleifer e Vishny (1997), apud Garcia (2005, p.5), “governança corporativa
lida com as maneiras pelas quais os fornecedores de recursos garantem que obterão para si o
retorno sobre seu investimento”.
Segundo Carvalho, apud Silva, Valquiria (2005), Governança Corporativa é conjunto
de mecanismos instituídos, para fazer com que o controle atue de fato em benefício das partes
com direitos legais sobre a empresa, minimizando o oportunismo.
Jensen (2001), apud Garcia (2005), "governança é a estrutura de controle de alto nível,
consistindo dos direitos de decisão do Conselho de Administração e do diretor executivo, dos
procedimentos para alterá-los, do tamanho e composição do Conselho de Administração e da
compensação e posse de ações dos gestores e conselheiros”.
Macmillian e Tampoe (2000), apud Silva, Valquiria (2005), conceituam a Governança
Corporativa como as forças que equilibram o poder que se estabelece entre os proprietários
(Shareholders), representados por acionistas e controladores e minoritários, e os stakeholders,
representados por gerentes, empregados, governo e comunidade.
40
1.6.3 As práticas de Governança Corporativa no Brasil.
Segundo Garcia (2005), ao listar suas ações nas bolsas americanas, as companhias
abertas brasileiras foram obrigadas a seguir diversas regras impostas pela SEC – Securities
and Exchange Commission, órgão regulador do mercado de capitais norte americano,
relacionadas a aspectos contábeis, de transparência e divulgação de informações, que mais do
que princípios de Governança Corporativa.
Algumas iniciativas institucionais e governamentais foram implementadas nos últimos
anos com o objetivo de assegurar as melhorias das práticas de Governança Corporativa das
empresas brasileiras, das quais destacamos:
• a aprovação da Lei nº 10.303/01;
• a criação do Novo Mercado e dos Níveis 1 e 2 de governança corporativa pela
Bolsa de Valores de São Paulo – Bovespa; e
• as novas regras de definição dos limites de aplicação dos recursos dos Fundos
de Pensão.
1.6.4 Principais barreiras que afetam a implementação das boas práticas de Governança
Corporativa nas Empresas.
A KPMG realizou no segundo semestre de 2003, a 3 º Pesquisa sobre Gerenciamento
de Riscos e Governança Corporativa, foram selecionadas 2000 empresas de vários ramos de
atuação.
41
Segundo tal pesquisa, as barreiras mais significativas foram à resistência cultural as
medidas que visam maior transparência (62%), embora seja reconhecida como inadequada
quando questionada a transparência da própria empresa, o custo de adaptação e comunicação
(38%) e restrições tecnológicas (30%). Destaque também para a percepção de um adequado
entendimento do negócio por parte do Conselho de Administração (66%), ainda com fortes
características de formação familiar no Brasil.
1.6.5 Níveis de Governança Corporativa
Implantados em dezembro de 2000 pela Bolsa de Valores de São Paulo – BOVESPA,
os Níveis Diferenciados de Governança Corporativa são segmentos especiais de listagem que
foram desenvolvidos com o objetivo de proporcionar um ambiente de negociação que
estimulasse, simultaneamente, o interesse dos investidores e a valorização das
companhias.(BOVESPA, 2007).
Empresas listadas nesses segmentos oferecem aos seus acionistas investidores
melhorias nas práticas de governança corporativa que ampliam os direitos societários dos
acionistas minoritários e aumentam a transparência das companhias, com divulgação de maior
volume de informações e de melhor qualidade, facilitando o acompanhamento de sua
performace.(BOVESPA, 2007).
A premissa básica é que a adoção de boas práticas de governança corporativa pelas
companhias confere maior credibilidade ao mercado acionário e, como conseqüência,
aumenta a confiança e a disposição dos investidores em adquirirem as suas ações, pagarem
um preço melhor por elas, reduzindo seu custo de captação.(BOVESPA, 2007).
42
1.6.5.1 Nivel 1
Segundo a BOVESPA (2007), as Companhias Nível 1 se comprometem,
principalmente, com melhorias na prestação de informações ao mercado e com a dispersão
acionária. Por exemplo, a companhia aberta listada no Nível 1 tem como obrigações
adicionais à legislação:
• Melhoria nas informações prestadas, adicionando às Informações Trimestrais
(ITRs) – documento que é enviado pelas companhias listadas à CVM e à
BOVESPA, disponibilizado ao público e que contém demonstrações financeiras
trimestrais – entre outras: demonstrações financeiras consolidadas e a
demonstração dos fluxos de caixa.
• Melhoria nas informações relativas a cada exercício social, adicionando às
Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFPs) – documento que é enviado
pelas companhias listadas à CVM e à BOVESPA, disponibilizado ao público e
que contém demonstrações financeiras anuais – entre outras, a demonstração dos
fluxos de caixa.
• Melhoria nas informações prestadas, adicionando às Informações Anuais (IANs)
– documento que é enviado pelas companhias listadas à CVM e à BOVESPA,
disponibilizado ao público e que contém informações corporativas – entre outras:
a quantidade e características dos valores mobiliários de emissão da companhia
detidos pelos grupos de acionistas controladores, membros do Conselho de
43
Administração, diretores e membros do Conselho Fiscal, bem como a evolução
dessas posições.
• Realização de reuniões públicas com analistas e investidores, ao menos uma vez
por ano.
• Apresentação de um calendário anual, do qual conste a programação dos eventos
corporativos, tais como assembléias, divulgação de resultados etc.
• Divulgação dos termos dos contratos firmados entre a companhia e partes
relacionadas.
• Divulgação, em bases mensais, das negociações de valores mobiliários e
derivativos de emissão da companhia por parte dos acionistas controladores.
• Manutenção em circulação de uma parcela mínima de ações, representando 25%
(vinte e cinco por cento) do capital social da companhia.
• Quando da realização de distribuições públicas de ações, adoção de mecanismos
que favoreçam a dispersão do capital.
1.6.5.2 Nível 2
Segundo a BOVESPA (2007), as Companhias Nível 2 se comprometem a cumprir as
regras aplicáveis ao Nível 1 e, adicionalmente, um conjunto mais amplo de práticas de
governança relativas aos direitos societários dos acionistas minoritários. Por exemplo, a
companhia aberta listada no Nível 2 tem como obrigações adicionais à legislação:
• Divulgação de demonstrações financeiras de acordo com padrões internacionais
IFRS ou US GAAP.
44
• Conselho de Administração com mínimo de 5 (cinco) membros e mandato
unificado de até 2 (dois) anos, permitida a reeleição. No mínimo, 20% (vinte por
cento) dos membros deverão ser conselheiros independentes.
• Direito de voto às ações preferenciais em algumas matérias, tais como,
transformação, incorporação, fusão ou cisão da companhia e aprovação de
contratos entre a companhia e empresas do mesmo grupo sempre que, por força
de disposição legal ou estatutária, sejam deliberados em assembléia geral.
• Extensão para todos os acionistas detentores de ações ordinárias das mesmas
condições obtidas pelos controladores quando da venda do controle da
companhia e de, no mínimo, 80% (oitenta por cento) deste valor para os
detentores de ações preferenciais (tag along).
• Realização de uma oferta pública de aquisição de todas as ações em circulação,
no mínimo, pelo valor econômico, nas hipóteses de fechamento do capital ou
cancelamento do registro de negociação neste Nível;
• Adesão à Câmara de Arbitragem do Mercado para resolução de conflitos
societários.
Além de presentes no Regulamento de Listagem, alguns desses compromissos deverão ser
aprovados em Assembléias Gerais e incluídos no Estatuto Social da companhia.
1.6.5.3 Novo Mercado
Segundo a BOVESPA (2007), o Novo Mercado é um segmento de listagem destinado
à negociação de ações emitidas por companhias que se comprometam, voluntariamente, com
a adoção de práticas de governança corporativa adicionais em relação ao que é exigido pela
legislação.
45
A valorização e a liquidez das ações são influenciadas positivamente pelo grau de
segurança oferecido pelos direitos concedidos aos acionistas e pela qualidade das informações
prestadas pelas companhias. Essa é a premissa básica do Novo Mercado.
A entrada de uma companhia no Novo Mercado ocorre por meio da assinatura de um
contrato e implica a adesão a um conjunto de regras societárias, genericamente chamadas de
"boas práticas de governança corporativa", mais exigentes do que as presentes na legislação
brasileira. Essas regras, consolidadas no Regulamento de Listagem do Novo Mercado,
ampliam os direitos dos acionistas, melhoram a qualidade das informações usualmente
prestadas pelas companhias, bem como a dispersão acionária e, ao determinar a resolução dos
conflitos societários por meio de uma Câmara de Arbitragem, oferecem aos investidores a
segurança de uma alternativa mais ágil e especializada.
A principal inovação do Novo Mercado, em relação à legislação, é a exigência de que
o capital social da companhia seja composto somente por ações ordinárias. Porém, esta não é
a única. Por exemplo, a companhia aberta participante do Novo Mercado tem como
obrigações adicionais:
• Extensão para todos os acionistas das mesmas condições obtidas pelos
controladores quando da venda do controle da companhia (tag along).
• Realização de uma oferta pública de aquisição de todas as ações em circulação,
no mínimo, pelo valor econômico, nas hipóteses de fechamento do capital ou
cancelamento do registro de negociação no Novo Mercado.
• Conselho de Administração com mínimo de 5 (cinco) membros e mandato
unificado de até 2 (dois) anos, permitida a reeleição. No mínimo, 20% (vinte por
cento) dos membros deverão ser conselheiros independentes.
• Melhoria nas informações prestadas, adicionando às Informações Trimestrais
(ITRs) – documento que é enviado pelas companhias listadas à CVM e à
46
BOVESPA, disponibilizado ao público e que contém demonstrações financeiras
trimestrais – entre outras: demonstrações financeiras consolidadas e a
demonstração dos fluxos de caixa.
• Melhoria nas informações relativas a cada exercício social, adicionando às
Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFPs) – documento que é enviado
pelas companhias listadas à CVM e à BOVESPA, disponibilizado ao público e
que contém demonstrações financeiras anuais – entre outras, a demonstração dos
fluxos de caixa.
• Divulgação de demonstrações financeiras de acordo com padrões internacionais
IFRS ou US GAAP.
• Melhoria nas informações prestadas, adicionando às Informações Anuais (IANs)
– documento que é enviado pelas companhias listadas à CVM e à BOVESPA,
disponibilizado ao público e que contém informações corporativas – entre outras:
a quantidade e características dos valores mobiliários de emissão da companhia
detidos pelos grupos de acionistas controladores, membros do Conselho de
Administração, diretores e membros do Conselho Fiscal, bem como a evolução
dessas posições.
• Realização de reuniões públicas com analistas e investidores, ao menos uma vez
por ano.
• Apresentação de um calendário anual, do qual conste a programação dos eventos
corporativos, tais como assembléias, divulgação de resultados etc.
• Divulgação dos termos dos contratos firmados entre a companhia e partes
relacionadas.
• Divulgação, em bases mensais, das negociações de valores mobiliários e
derivativos de emissão da companhia por parte dos acionistas controladores.
47
• Manutenção em circulação de uma parcela mínima de ações, representando 25%
(vinte e cinco por cento) do capital social da companhia.
• Quando da realização de distribuições públicas de ações, adoção de mecanismos
que favoreçam a dispersão do capital.
• Adesão à Câmara de Arbitragem do Mercado para resolução de conflitos
societários.
Além de presentes no Regulamento de Listagem, alguns desses compromissos deverão ser
aprovados em Assembléias Gerais e incluídos no Estatuto Social da companhia.
1.7. Sarbanes Oxley x Governança Corporativa
De acordo com Salomão (2003), apud Silva, Valquiria (2005), as empresas que
almejam a internacionalização, os princípios de boa Governança Corporativa e o mercado de
capitais nos Estados Unidos, terão que se adaptar à lei SOx. Para o autor, a SOx é a mais
profunda e abrangente legislação para o mercado de capitais nos Estados Unidos desde a
reforma realizada após a quebra da bolda em 1929.
A seção 302 da lei SOx (2002), trata da responsabilidade corporativa pelos relatórios
financeiros, o que corrobora com o que acredita Rodrigues (2003), que para ter eficiência em
um programa de Governança Corporativa depende da atuação de quatro agentes principais:
conselho de administração, diretoria – Chief Executive Officer (CEO), auditoria independente
e conselho fiscal, pela relevância das funções que desempenham, principalmente para o
processo de prestação de contas (accountability), equidade (fairness) e transparência
(disclousure), considerados como os três elementos formadores do tripé da Governança
Corporativa.
48
De acordo com o IBGC (2003), a prestação de contas estende-se ao conselho de
administração, ao executivo principal (CEO), à auditoria independente e ao conselho fiscal.
Lodi (2000), apud Silva, Valquiria (2005), considera atribuições do Conselho de
Administração aprovar a estratégia da empresa e assegurar o comportamento ético e legal.
Com os olhos voltados para as melhores práticas, é dever do Conselho monitorar o
desempenho da empresa e do CEO, orientar os gestores e atuar como agente de mudança.
Considera o autor, como atividade anual mínima, a avaliação do executivo principal e as
revisões da estratégia e da saúde da empresa. Complementa Harvard (2001) que Os conselhos
de administração são como o corpo de bombeiros: não são necessários todos os dias, mas
precisam ser eficazes quando chamados a prestar serviços.
Para Lodi (2000), apud Silva, Valquiria (2005) a missão do conselho é proteger o
patrimônio e maximizar o retorno do investimento dos acionistas agregando valor ao
empreendimento, deve zelar pela observância dos valores, crenças e propósitos dos acionistas,
nas atividades da empresa. O autor estimula o Conselho à criação de um Código de Ética da
empresa, abstraindo os temas operacionais – da alçada da Diretoria Executiva. Sugere, ainda,
que as atividades de competência do conselho sejam normatizadas, minimizando, assim, os
possíveis conflitos entre ele, o CEO e a Diretoria Executiva. Embora haja comissões que
auxiliam o conselho, somente este toma decisões.
Segundo Setúbal Jr. (2002), apud Silva, Valquiria (2005), na América do Norte existe
a crença de que o exercício das funções de Presidente do Conselho de Administração e de
CEO por pessoas diferentes fortalece a Governança Corporativa. Para o autor na Europa, mais
especificamente na Inglaterra, esse entendimento ganhou força ao ser ratificado pelo Cadbury
Code os Conduct. Harvad (2001), acrescenta que não basta haver duas pessoas qualificadas; é
preciso haver um entrosamento, uma química entre ambas, porque haverá um estreito
relacionamento de trabalho, onde somente o CEO detém as funções executivas. A avaliação
49
da gestão, do CEO e da Diretoria Executiva, no Brasil, é um fato novo, fruto da instituição do
novo paradigma de relações entre empresas e investidores. Historicamente o CEO era o
controlador, cercado de amigos por ele nomeados no Conselho de Administração.
O IBGC (2003), define no seu Código de Melhores Práticas, como competência do
CEO: a execução das diretrizes fixadas pelo Conselho de Administração; a indicação dos
membros da diretoria, com posterior aprovação do conselho; a prestação de contas pelo
desempenho e atuação da empresa; e o fornecimento das informações necessárias,
obrigatórias e espontâneas a todos os interessados no processo.
50
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
2.1. Problema de Pequisa
Para Kerlinger (1980), um problema é uma questão que apresenta uma situação a ser
discutida, investigada, decidida ou solucionada. Esclarece ainda que, para fins científicos,
uma definição mais satisfatória seria “um problema é uma questão que pergunta como as
variáveis estão relacionadas”.
Os autores Cervo e Bervian (2002) problema é uma questão que envolve
intrinsecamente uma dificuldade teórica ou prática, para qual se deve encontrar uma solução.
Neste trabalho apresenta-se o seguinte problema:
Tem as empresas brasileiras, listadas na Bolsa de valores de Nova York e na Bolsa de
Valores de São Paulo, através de práticas de Governança Corporativa, divulgado de forma
transparente o custo com a adaptação com a Lei Sarbanes Oxley?
2.2 Objetivo Geral
O objetivo geral, segundo Santos (1999), deve expressar claramente aquilo que o
pesquisador pretende conseguir com a investigação. Deve delimitar e dirigir os raciocínios a
serem desenvolvidos. É construído a partir do problema de pesquisa.
51
Assim, o objetivo geral ligado ao problema de pesquisa foi analisar se os custo de
adaptação das empresas brasileiras à Lei Sarbanes Oxley são divulgados através das
informações contábeis de acordo com as práticas de Governança Corporativas.
2.3 Objetivo Específico
Segundo Richardson (1999), correspondem a aspectos específicos dos fenômenos que
se pretende estudar e que contribuem para alcançar o objetivo geral. Eles definem as etapas
que devem ser cumpridas para a conquista do objetivo geral.
Neste trabalho, adotaremos os seguintes objetivos específicos:
• Demonstrar a importância da divulgação contábil de forma transparente.
• Proceder uma revisão da literatura da Lei Sarbanes Oxley.
• Abordar os conceitos relativos às boas práticas de Governança Corporativa.
• Analisar se as empresas brasileiras estão mencionando em seus demonstrativos
financeiros os custos de adaptação da Lei Sarbanes Oxley.
Tipo e Método de Pesquisa
Segundo Selltiz et al. (1974) a pesquisa científica pode ser caracterizada quanto a sua
natureza como exploratória, experimental e descritiva.
Para a consecução do presente trabalho, adotamos a pesquisa descritiva para a
elaboração da pesquisa, que é o método de pesquisa utilizado para descrever um fato ou
52
fenômeno, através do levantamento de suas características conhecidas (SANTOS, 2001), sem
a manipulação a priori das variáveis envolvidas. (KOCHE, 1997).
Com relação ao método de pesquisa podem ser qualitativos e quantitativos.
O método qualitativo são interpretações que descrevem, traduzem e chegam a um
acordo com o significado de certos fenômenos que ocorrem de forma mais ou menos natural
no mundo social (EASTERBY-SMITH, THORPE e LOWE, 1999).
O método quantitativo, para Santos (2001, p. 30), é a pesquisa onde o que importa é a
coleta e análise quantificada de dados, de cuja análise se obtém os resultados buscados.
O método de pesquisa adotado é o quantitativo. Para Richardson (1999), os métodos
quantitativos são aplicáveis aos estudos descritivos. Caracterizavam-se pelo uso de
quantificação tanto na coleta de dados como no tratamento desses dados por meio de uso de
técnicas estatísticas. O uso desse método representa a intenção de garantia a precisão dos
resultados, evitar distorções de análise e interpretação e garantir uma margem de segurança
em relação às inferências.
Hipóteses
Segundo Richardson (1999), uma hipótese é uma resposta possível de ser testada e
fundamentada para uma pergunta feita relativa ao fenômeno escolhido. O pesquisador
examina a literatura sobre o fenômeno, obtém a maior quantidade de conhecimento possível,
para responder ao problema formulado ao problema formulado. Essa tentativa de resposta é a
hipótese.
De acordo com Richardson (1999), na definição de hipóteses, pode-se observar a
estreita relação entre essas e a formulação do problema.
53
Sem embargo, deve-se salientar que nem todos os tipos de pesquisa requerem
hipóteses. Nos planos explicativos, em que o pesquisador deseja conhecer ou levantar
aspectos gerais de um tema e nos planos descritivos, que pretendem aprofundar aspectos de
um fenômeno, não se precisa de hipóteses (RICHARDSON, 1999, p.104).
Este estudo enquadrou-se nos planos descritivos, portanto, não houve a necessidade de
definição de hipóteses.
População Alvo
A população alvo dos estudos está constituída de 104 empresas brasileiras listadas na
Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE) que captam recursos no mercado norte americano
por meio de emissão de ADRs e conseqüentemente estão enquadradas nas exigências da Lei
Sarbanes Oxley.
2.7 Amostra
Da população de 104 empresas brasileiras que emitem ADRs, selecionamos as que
emitem ADRs de nível 2 e 3, que representam 32 empresas, que foi base para nossa amostra.
2.8 Variáveis
Kerlinger (1980) pontua que, o termo variável é fundamental nas Ciências Sociais e
muito importante no estudo científico e que são vários conceitos e tipos de variáveis
existentes.
54
Segundo Kerlinger (1980), variável independente é aquela que se supõe influenciar
outra variável, chamada variável dependente.
O presente estudo considera o conjunto de práticas de Governança Corporativa como
sendo a variável independente. Já a variável dependente se relaciona à divulgação do custo de
adaptação à Lei Sarbanes Oxley de forma transparente.
Em contrapartida, a variável dependente estaria relacionada com a divulgação as
informações contábeis publicadas pelas 32 empresas brasileiras, pois, se partimos do
pressuposto que todas empresas listadas na bolsa de valores dos Estados Unidos deveriam
estar enquadradas nas práticas de Governança Corporativa, logo as mesmas deveriam
informar em seus demonstrativos financeiros os custos de adaptação à lei Sarbanes Oxley.
2.9 Instrumento de Coleta
Segundo Aaker (2001) pode-se utilizar em uma pesquisa na área social um roteiro, um
questionário ou um formulário. Para o autor, o instrumento de coleta é adequado a pesquisas
qualitativas e os demais instrumentos são adequados a pesquisas qualitativas.
A coleta de dados e informações foi basicamente efetuada mediante a análise dos
Demonstrativos Financeiros Padronizados (DFP-2006), conforme site da Bovespa consultado,
legislações e livros didáticos inerentes ao objeto de estudo deste trabalho.
55
2.10.Procedimentos de Coleta
• Análise dos Demonstrativos Financeiros Padronizados (DFP-2006) das 32 empresas
brasileiras listadas na bolsa de valores de Nova Iorque (NYSE), referentes ao período
de 31/12/2006.
• Consulta ao site oficiais da Bovespa, NYSE e IBGC.
• Organização dos dados em uma planilha de Excel.
56
3. RESULTADO E ANÁLISE DOS DADOS
O presente trabalho teve uma população de 32 empresa brasileiras listadas na Bolsa de
Valores de Nova Iorque (NYSE), entretanto, das 35 empresas 3 delas estão repetidas
mudando apenas o símbolo de negociação no pregão na NYSE, que captam recursos no
mercado norte americano por meio de ADRs e por conseqüência disso estão enquadradas à
Lei Sarbanes Oxley.
Foi utilizada ferramenta descritiva para organizar, sumarizar e descrever conjunto de
dados obtidos na pesquisa, por meio da construção de dados e tabelas.
A seguir serão apresentados os resultados obtidos com base na análise dos
demonstrativos financeiros padronizados (DFP).
57
3.1 Analise dos dados
A tabela 2 consiste na análise dos Demonstrativos Financeiros Padronizados (DFP), os
respectivos demonstrativos são disponibilizados no site da BOVESPA,
• Na primeira coluna - Empresas: são apresentadas as 32 empresas brasileiras listadas na
NYSE.
• Segunda coluna - SOx: consiste na análise das empresas que mencionam ou não
mencionam a lei Sarbanes Oxley .
58
• Terceira coluna - Custo de adaptação com SOx: consiste na análise das empresas que
mencionam ou não mencionam os gastos referentes ao processo de adaptação da lei
Sarbanes Oxley .
• Quarta coluna - Contabilização: consiste na análise das empresas que mencionam ou
não mencionam onde estão sendo contabilizados os gastos referentes ao processo de
adaptação da Lei Sarbanes Oxley.
3.2 Análise da menção da Lei Sarbanes Oxley
Figura 1 – Empresas que mencionam ou não mencionam a Lei Sarbanes Oxley.
Das 32 empresas brasileiras listadas na NYSE, 91% delas mencionaram sobre o
processo de adaptação a Lei Sarbanes Oxley, e apenas 9% não mencionaram nenhuma
informação sobre a adaptação dessa lei.
59
3.3 Análise de menção de custos da Lei Sarbanes Oxley.
Figura 2 – Empresas que mencionam ou não mencionam os custos com a Lei Sarbanes Oxley.
Das 32 empresas brasileiras listadas na NYSE, apenas 6% delas mencionaram sobre o
custo de adaptação da Lei Sarbanes Oxley e 94% das empresas não mencionaram o respectivo
custo de adaptação.
60
3.4 Análise da contabilização dos custos com a Lei Sarbane Oxley.
Figura 3 – Empresas que mencionaram ou não mencionaram a contabilização do custo de
adaptação com a Lei Sarbanes Oxley.
Das 32 empresas brasileiras listadas na NYSE, apenas uma empresa a TIM
Participações S.A, que representa 3% das empresas, foi a única que mencionou a
contabilização dos custos, os gastos foram alocados na conta de despesas administrativas, já
os outros 97% das empresas não informaram onde foram alocados os seus gastos com a
adaptação à Lei Sarbanes Oxley.
61
CONCLUSÃO
Nosso estudo partiu do pressuposto que todas as empresas brasileiras, que emitem ADR
de nível 2 e 3, listadas na Bolsa de valores de Nova Iorque (NYSE) deveriam estar
enquadradas a Lei Sarbanes Oxley (SOx) e, portanto, deveriam apresentar aos seus acionistas
os gastos com a adaptação da referida lei. Outro motivo que nos levou a compartilhar desse
pensamento seria as práticas de Governança Corporativa.
Conforme mencionado em tópicos anteriores, a ‘‘Governança Corporativa é o sistema
pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre
Acionistas/Cotistas, Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria Independente e
Conselho Fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o
valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade.’’(IBGC,
2007).
Além disso, o IBGC apresenta em seu site o código de práticas de Governança
Corporativa, e um dos princípios básicos que inspiram tal código é a transparência. Tal
princípio menciona que a administração deve ter uma boa comunicação interna e externa que
resulte em um clima de confiança. A comunicação não deve restringir-se ao desempenho
econômico financeiro, mas deve contemplar também os demais fatores (inclusive intangíveis)
que norteiam a ação empresarial e que conduzem à criação de valor.
Ou seja, se todas as empresa brasileiras que encontram-se listadas na bolsa de valores de
Nova Iorque tiveram custos com a adaptação da Lei Sarbanes Oxley, e que um dos requisitos
para se enquadrar as práticas de Governança Corporativa, segundo o IBGC, seria a
transparência, logo, as empresas brasileiras deveriam apresentar aos seus acionistas os custos
com tal lei.
62
Entretanto, conforme demonstrado no tópico 3, resultado e análise dos dados, das 32
empresas brasileiras listadas na bolsa de valores de Nova Iorque (NYSE), apenas a Tim
Participações S.A mencionou todos os requisitos de nosso estudo, conforme análise das
Demonstrações Financeiras Padronizadas, que se baseou nos seguintes tópicos:
• menção a Lei Sarbanes Oxley;
• divulgação dos custos de adaptação com a Lei Sarbanes Oxley ;
• em qual grupo de contas foi contabilizado os respectivos gastos.
Com base nessa avaliação e considerando que os custos com planejamento e adequação
da Lei Sarbanes Oxley representam um valor considerável no resultado das empresas,
concluímos que as respectivas empresas não tem divulgado, de forma transparente, o custo de
adaptação à SOx em seus Demonstrativos Financeiros.
63
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66
ANEXO
Estrutura da Lei Sarbanes Oxley
A lei Sarbanes Oxley é composta em sua estrutura por 11 títulos subdivididos em 65
seções, com o objetivo de proteger os investidores por meio da melhoria da precisão e
confiabilidade das divulgações corporativas.
Segue abaixo demonstração da estrutura da Lei Sarbanes Oxley:
Quadro 3. A Lei Sarbanes Oxley de 2002 .
Secção 1. Título resumido: Conteúdo A Lei de Sarbanes Oxley de 2002 Secção 2. Definições Algumas das definições utilizadas na Lei. Secção 3. Regulamentos do Comitê e Aplicabilidade TÍTULO I-CONSELHO SUPERVISOR DAS EMPRESAS DE AUDITORIA Sec.101. Estatuto; regras administrativas. Sec.102. Inscrição no Conselho Sec.103. Auditoria, controle de qualidade, e normas e regras relativas à independência. Sec.104. Inspeções das empresas de auditoria registadas Sec.105. Investigações e procedimentos disciplinares Sec.106. Empresas de auditoria estrangeira Sec.107. Poderes de supervisão do Conselho Sec.108. Normas de Contabilidade Sec.109. Financiamento TÍTULO II – INDEPENDÊNCIA DO AUDITOR Sec.201. Serviços fora do âmbito da prática dos auditores Sec.202. Aprovação prévia Sec.203. Rotação do Auditor Sócio responsável. Sec.204. Relatórios do auditor ao Comitê de Auditoria. Sec.205. Modificações Acordadas. Sec.206. Conflitos de Interesse. Sec.207. Estudo da rotação obrigatória das empresas de auditoria registadas Sec.208. Competências da Comissão Sec.209. Considerações sobre as competências regulamentadoras Estatais TÍTULO III – RESPONSABILIDADE DAS SOCIEDADES Sec.301. Os Comitês das Empresas Públicas
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Sec.302. Responsabilidade da sociedade pelas demonstrações financeiras Sec.303. Influência imprópria na condução das auditorias Sec.304. Privação de determinados bônus e lucros Sec.305. Penas e impedimentos aos gestores e administradores Sec.306. Transações internas relativas a fundos de pensões Sec.307. Normas de responsabilidade profissional relativas aos advogados Sec.308. Fundos eqüitativos para os investidores TÍTULO IV – DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS APERFEIÇOADAS Sec.401 – Revelações nos relatórios periódicos Sec.402 – Provisões aperfeiçoadas relativas a conflitos de interesse Sec.403 – Divulgação de transações envolvendo a gestão e os principais acionistas Sec.404 – Avaliação dos controlos internos feita pela gestão Sec.405 – Isenção Sec.406 – Código de Ética para os gestores financeiros Sec.407 – Divulgação do perito financeiro do comitê de auditoria Sec.408 – Avaliações melhoradas das divulgações periódicas feitas pelas emissoras Sec.409 – Divulgações das Emissoras em tempo real TÍTULO V – CONFLITOS DE INTERESSE DOS ANALISTAS Sec.501 – Tratamento dos analistas de títulos pelas associações de títulos registadas e bolsas de valores nacionais TÍTULO VI – RECURSOS E AUTORIDADE DA COMISSÃO Sec.601 – Autorização de Financiamento e Recursos Sec.602 – Apresentação e práticas perante a Comissão Sec.603 – Autoridade dos tribunais federais para salvaguardar a defesa dos pequenos acionistas Sec.604 – Qualificações dos intermediários e corretores TÍTULO VII – ESTUDOS E RELATÓRIOS SEC.701 – Estudo do GAO (General Accounting Office) e relatório referente à consolidação das empresas de auditoria. Sec.702 – Estudo da Comissão e relatório relativo às agências de avaliação de crédito Sec.703 – Estudo e relatório sobre prevaricadores e violações. Sec.704 – Estudo de ações para a execução Sec.705 – Estudo dos bancos de investimento TÍTULO VIII – RESPONSABILIDADE PELO CRIME DE FRAUDE DAS EMPRESAS Sec.801 – Título abreviado Sec.802 – Penas criminais por alteração dos documentos Sec.803 – Dívidas não perdoadas se incorridas em violação das leis sobre fraudes em títulos Sec.804 – Estatuto das limitações por fraudes em títulos Sec.805 - Revisão das Orientações sobre Sentenças Federais por obstrução da justiça e fraudes criminais alargadas Sec.806 – Proteção concedida aos empregados das empresas cotadas que apresentem evidência de fraude Sec.807 – Penas criminais por defraudação dos acionistas das empresas cotadas
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TÍTULO IX – PENAS POR CRIMES DE COLARINHO BRANCO Sec.901 - Título abreviado. Sec.902. Tentativas e conspirações relativas a fraudes criminais. Sec. 903 – Penas criminais por fraudes de correio e telefônicos. Sec. 904 – Penas criminais por violações do Employee Retirement Income Security Act de 1974. Sec. 905 – Emendas às orientações de sentenciamento relativas a certas ofensas de colarinho branco Sec.906 – Responsabilidade das empresas pelos relatórios financeiros TÍTULO X – REEMBOLSO DE IMPOSTOS Sec.1001 – Opinião do Senado relativa à assinatura do reembolso de impostos feita por responsáveis. TÍTULO XI – FRAUDE DAS EMPRESAS E RESPONSABILIDADE Sec.1101 - Título abreviado Sec.1102 – Falsificação de registos ou impedimento de uma execução oficial Sec.1103 – Autoridade de congelamento temporário da SEC Sec.1104 – Emenda às orientações de sentenciamento federal Sec. 1105 - Autoridade da Comissão para proibir pessoas de exercer cargos de gestores ou administradores. Sec.1106 – Penas criminais reforçadas ao abrigo da Securities Exchange Act de 1934 Sec. 1107 – Retaliações contra informadores Fonte: IPAI-Instituto Português de Auditores Internos (2002).