49
DIXON GOMES AFONSO BAMBU NATIVO (Guadua spp.): Alternativa de desenvolvimento econômico e sustentável para o Estado do Acre CURITIBA 2011

DIXON GOMES AFONSO BAMBU NATIVO (Guadua spp

Embed Size (px)

Citation preview

DIXON GOMES AFONSO

BAMBU NATIVO (Guadua spp.): Alternativa de desenvolvimento econômico e

sustentável para o Estado do Acre

CURITIBA

2011

DIXON GOMES AFONSO

BAMBU NATIVO (Guadua spp.): Alternativa de desenvolvimento econômico e

sustentável para o Estado do Acre

Trabalho apresentado para obtenção parcial do título de Especialista em Agronegócio no Curso de Pós-Graduação em Gestão da Indústria Madeireira do Departamento de Economia Rural e Extensão, Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Zenobio A. G. P da Gama e Silva

CURITIBA

2011

À minha família, esposa e filhos, que

souberam suportar a minha ausência

espiritual, no desenvolvimento das fases

críticas do trabalho

Dedico

AGRADECIMENTOS

Ao Professor e amigo Zenóbio Silva pelo incansável e acurado olhar tornando uma

visão de trabalho em um produto factível;

À Diretoria da FUNTAC, na pessoa do Eng. Civil João Cesar Dotto, em apoiar a

realização desta aprendizagem;

Aos meus amigos colaboradores da Divisão de Tecnologia da Madeira da FUNTAC,

que colaboraram nas discussões técnicas sobre o encaminhamento do projeto;

À minha amiga Eng. Florestal Suelem Pontes, pelo apoio, amizade e fundamental

colaboração;

A todos aqueles que direta ou indiretamente colaboraram com a realização deste

trabalho.

“A corrida não é sempre para o mais

rápido ... mas para aquele que continua

correndo.” (Anônimo)

SUMÁRIO

RESUMO

ABSTRACT

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9

2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 11

3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 13

3.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 13

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................ 13

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 13

4.1 CARACTERÍSTICAS DA MATÉRIA-PRIMA ................................................ 13

4.2 USOS E APLICAÇÕES DO BAMBU ............................................................ 15

4.3 CADEIA PRODUTIVA DO BAMBU .............................................................. 18

5 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 20

5.1 MATERIAL ................................................................................................... 20

5.1.1 Área de Estudo ......................................................................................... 20

5.1.1 Características das Áreas de Estudo ........................................................ 22

5.2 MÉTODO ..................................................................................................... 24

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 25

6.1 MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE OCORRÊNCIA DO BAMBU NATIVO ..... 25

6.2 USOS E APLICAÇÕES ................................................................................ 26

6.3 ANÁLISE DA ESTRUTURA DA CADEIA PRODUTIVA ............................... 40

7 OPORTUNIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COM BASE

NO BAMBU ............................................................................................................... 44

8 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 45

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 45

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DO BAMBU NATIVO ............ 28

TABELA 2: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO DAS FLORESTAS DO ACRE, POR

REGIME DE PROPRIEDADE, POR REGIONAIS. .................................................... 30

TABELA 3: TABELA DE PREÇOS DE PRODUTOS NÃO MADEIREIROS

PRATICADOS NO MERCADO LOCAL, 2003. .......................................................... 31

TABELA 4 - PREÇO DE VARAS DE BAMBU, NA REGIÃO SUL/SUDESTE, EM

2008 .......................................................................................................................... 33

TABELA 5 - PREÇO DE MUDAS DE BAMBU NO BRASIL, EM 2011 ...................... 34

TABELA 6 - VALOR CALORÍFICO DO CARVÃO DE ALGUNS BAMBUS E

EUCALIPTO .............................................................................................................. 38

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - ARTESANATOS PRODUZIDOS E COMERCIALIZADOS NO ESTADO

DO PARANÁ, EM 2006 ............................................................................................. 35

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - CONSUMO DE CARVÃO VEGETAL DE ACORDO COM SUA

ORIGEM, NO BRASIL ............................................................................................... 37

GRÁFICO 2 - PROPOSTA DE CADEIA PRODUTIVA PARA O BAMBU NATIVO ... 43

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo identificar a viabilidade da utilização do

bambu como alternativa de desenvolvimento para o Estado do Acre, sistematizando

informações referentes a duas áreas com ocorrência de bambu nativo do gênero

Guadua, particularmente na Reserva Extrativista Chico Mendes e na Floresta

Estadual do Antimary. A metodologia utilizada pautou-se nos pressupostos

qualitativos, envolvendo o levantamento bibliográfico de documentos, estudos e

artigos científicos disponíveis. Os resultados obtidos demonstram que há uma

convergência de ações institucionais que possibilitam a inclusão do bambu como

uma nova fonte de economia alternativa, tornando-se necessários investimentos em

pesquisas sobre seu manejo e cultivo, conhecimentos estes, estratégicos para sua

domesticação e atendimento a demanda existente, inclusive de outras regiões do

Brasil, garantindo competitividade para a cadeia produtiva.

Palavras-chave: bambu nativo, produto não madeireiro, cadeia produtiva, Acre.

ABSTRACT

This study aimed to identify the feasibility of using bamboo as an alternative

development for the State of Acre, systematising information regarding two areas

with the occurrence of native bamboo Guadua genus, particularly in the Chico

Mendes Extractive Reserve and State Forest Antimary. The methodology used was

based on qualitative assumptions involving the bibliographic documents, scientific

studies and articles available. The results show that there is a convergence of

institutional actions that allow the inclusion of bamboo as a new source of alternative

economy, making it necessary investments in research on its management and

cultivation, these knowledge, strategic for its domestication and service existing

demand inclusive of other regions of Brazil, ensuring competitiveness for the

production chain.

Keywords: bamboo native, non-timber products, supply chain, Acre.

9

1 INTRODUÇÃO

A implementação de projetos de desenvolvimento sustentáveis são cada

vez mais questionadas em diferentes instâncias nacionais. É premente a

necessidade do estabelecimento de agendas locais e nacionais na promoção de

arranjos produtivos que oportunizem uma melhor distribuição de renda, sempre com

respeito ao meio ambiente.

Nesse processo é imprescindível identificar as vocações locais e

promover ações de fortalecimento de iniciativas produtivas, de forma a garantir um

processo de desenvolvimento baseado na geração de emprego e renda, por meio do

uso sustentável dos recursos naturais disponíveis.

Neste contexto, a introdução de novas matérias primas alternativas na

cadeia produtiva de produtos de base florestal tem sua importância para a

sustentabilidade da economia regional.

Soares et al. (2008) afirmam que o setor florestal tem grande importância

na geração de produtos, impostos, divisas, emprego e renda na economia brasileira.

De acordo com ABIMCI (2009) a participação desse segmento produtivo, em 2007

foi responsável por 3,4% do PIB nacional, correspondendo a US$ 44,6 bilhões.

Entretanto, para Santos et al. (2003), o desenvolvimento do setor florestal

tem se limitado, em sua maior parte, a exploração de um único recurso, ou seja, a

madeira. Essa forma de apropriação dos recursos madeireiros, intensivo quanto à

madeira, desconsidera os demais recursos alternativos do ecossistema florestal.

Essa valorização da produção madeireira vem sendo gradualmente

modificada, tornando-se cada vez mais claro que as florestas proporcionam uma

gama enorme de outros produtos e benefícios, muitos dos quais longamente

conhecidos e utilizados pelos habitantes locais (SANTOS et al., 2003).

Os PFNMs constituem recursos diversos oriundos da floresta que não

sejam a madeira e são muito importantes em muitos países tropicais, suprindo as

populações com frutos, fibras, condimentos, óleos, resinas, seivas, ceras, gomas,

folhas, sementes, fármacos, forragens, combustível, dentre outros (SANTOS et al.,

2003).

Muitos PFNMs de ecossistemas brasileiros são de interesse do mercado,

sendo comercializados e consumidos em muitas partes do Brasil e no exterior

(GONÇALO et al., 1999). Dentre eles cabe citar os oriundos da região da Floresta

10

Amazônica, como o Açaí (Euterpe edulis), Andiroba (Carapa guianensis), Cupuaçu

(Theobroma grandiflorum), Cacau (Theobroma cacao), Castanha-do-Pará

(Bertholletia excelsa), a Borracha (Hevea brasiliensis), entre outros.

Outra matéria prima florestal disponível na Floresta Amazônica é o

bambu, que é conhecido desde a Antiguidade, principalmente na China, e que tem

sido utilizado para os mais diversos fins. Sua resistência, flexibilidade, durabilidade,

versatilidade, facilidade de reprodução, rápido crescimento e adaptabilidade a climas

e solos diferentes, permitem que ele atenda àqueles que buscam materiais regionais

renováveis (PEREIRA e BERALDO, 2007).

Pereira (2001), por sua vez, afirma que o bambu é uma planta tropical,

perene, renovável e que produz colmos anualmente sem a necessidade de replantio,

apresentando assim, um grande potencial agrícola. Além disso, essa planta possui

excelentes características físicas, químicas e mecânicas, sendo um eficiente

sequestrador de carbono, podendo ser utilizado em reflorestamentos, na

recomposição de matas ciliares, e também como um protetor e regenerador

ambiental, bem como pode ser empregado em diversas aplicações ao natural ou

após sofrer um adequado processamento.

Pereira (2001) acrescenta que, embora o bambu denote excelentes

qualidades, no Brasil o uso ainda é muito incipiente, onde, excetuando-se a

produção do papel, está restrito a algumas aplicações tradicionais, como artesanato,

vara-de-pescar, fabricação de móveis, e na produção de brotos comestíveis.

Pimentel, citado por Manhães (2008) afirma que os usos mais comuns

são no meio rural, empregando o bambu para cercas e pequenas construções, e

devido a sua enorme disponibilidade, o homem do campo não o valoriza,

considerando-o como mato.

De acordo com Judziewicz et al. (apud MANHÃES, 2008), e Silveira

(2005), as florestas abertas com bambus, do gênero Guadua, cobrem cerca de

180.000 km², incluindo o oeste do Estado do Amazonas, o Estado do Acre, o

nordeste do Peru e o norte da Bolívia, constituindo-se na maior floresta nativa

contínua de bambus no mundo (Figura 1).

11

Essa pesquisa contribui, por meio da análise das condicionantes

envolvidas na implementação de uma política de desenvolvimento com base no uso

do bambu nativo, oportunizando a discussão sobre a sua viabilidade técnica e

econômica no âmbito das áreas de ocorrência dessa planta.

2 JUSTIFICATIVA

A importância do uso do bambu, no sentido de contribuir para o

desenvolvimento da sociedade, pode ser constatada nos relatos de Lobovikov et al.

(2007). Nesse estudo é informado que aproximadamente 1.200 espécies e 90

gêneros de bambu tem sua distribuição nas áreas tropicais e não tropicais sobre a

terra, caracterizando-se como o principal produto florestal não-madeireiro. Contudo,

em função do frequentemente longo ciclo de floração dessa planta, a sua taxonomia

gera certas dificuldades para a ciência e assim debates sobre o número real total de

das espécies e gêneros de bambu. Salienta-se, também, que a relevância do bambu

se deve que o mesmo é parte tanto de florestas em si, como também de áreas

urbanas, matas ciliares e aquelas ao longo de rodovias.

FIGURA 1 - Ocorrência de floresta aberta com bambus do gênero guadua, no sudoeste da Amazônia. FONTE: BIANCHINI, apud SILVEIRA (2006)

12

Aliado a essa realidade, o aproveitamento do bambu colabora na

erradicação da pobreza e conservação ambiental, tem um papel importante quanto

aos aspectos culturais e econômicos em várias regiões mundiais. Contudo, o rápido

crescimento no uso do bambu está trazendo preocupações sobre a sustentabilidade

dos seus recursos. Mais especificamente, apesar do sucesso no comércio do

bambu, pouco é conhecido sobre a situação real e dinâmica no que diz respeito ao

seu estoque como matéria-prima Além disso, suas estatísticas são incipientes,

fragmentadas e baseadas em diferentes pressupostos e metodologias existentes em

diferentes países (LOBOVIKOV et al., 2007).

Em termos de Brasil, cabe aqui mencionar, que as discussões sobre a

utilização do bambu como uma espécie alternativa a ser inserida no mercado

produtivo local tem-se avolumado. A criação da Rede Brasileira do Bambu – RBB

fortaleceu as ações de incentivo a parcerias entre centros laboratoriais nacionais na

realização de pesquisas científicas e tecnológicas. A realização de fóruns de

discussões com especialistas, também tem contribuído para a geração e difusão de

conhecimentos sobre essa matéria-prima.

No Acre, os debates sobre sua importância econômica ainda são muito

incipientes, o trabalho realizado por instituições como a EMBRAPA, UFAC e

FUNTAC estão restritas a estudos sobre a morfologia, manejo, cultivo e

características tecnológicas do bambu nativo.

Dentre a grande diversidade, possibilidades e potenciais demandas a

serem verificadas para tornar efetivo o uso do bambu nativo, o presente estudo

busca resposta para os seguintes problemas: O bambu nativo é efetivamente uma

alternativa natural e potencial para a economia local? Quais as condicionantes para

a instalação ou implantação de uma cadeia produtiva do bambu nativo?

Do exposto, a realização desse estudo vem preencher as lacunas de

conhecimentos sobre o bambu, tendo como cenário o Estado do Acre, onde a

existência desse recurso florestal é significativa. Com isso, os resultados dessa

pesquisa apresentam um potencial para contribuir no desenvolvimento,

fundamentado nos conceitos de sustentabilidade, social e econômico dessa região.

13

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Reunir informações técnico-econômicas sobre uso do bambu, de forma a

contribuir na geração de políticas públicas voltadas ao uso sustentável do bambu

nativo como alternativa econômica para o Estado do Acre.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Mapear as áreas de influência direta na aplicação econômica do bambu nativo;

- Identificar e analisar usos econômicos para os tipos de bambus ocorrentes nas

áreas em estudo;

- Sugerir uma estrutura de funcionamento da cadeia produtiva/sugestão.

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 CARACTERÍSTICAS DA MATÉRIA-PRIMA

Os bambus nativos são plantas que ocorrem naturalmente em todos os

continentes, exceto no Europeu, com aproximadamente 50 gêneros e 1.300

espécies. É uma planta predominantemente tropical e que cresce mais rapidamente

do que qualquer outra planta no planeta, necessitando, em média, de 3 a 6 meses

para que atinja uma altura de até 30m, dependendo da espécie (BERALDO e

PEREIRA, 2007).

Beraldo e Pereira (2007) afirmam que no Brasil, há ocorrência de 34

gêneros e 232 espécies de bambu nativo, sendo 16 gêneros do tipo herbáceo

(ornamental) e 18 gêneros do tipo lenhoso. E acrescentam que os bambus

pertencem à família Graminae e subfamília Bambusoidae, algumas vezes tratados

separadamente como pertencentes à família Bambusaceae.

Para Beraldo et al. (2003), entre as matérias-primas lignocelulósicas, o

bambu possui grandes possibilidades agronômicas e tecnológicas, devido a

perenidade das touceiras, rápido desenvolvimento vegetativo, ciclos de colheita

curtos e elevados níveis de produção.

Algumas fontes indicam que o tempo de estabelecimento de uma

plantação varia de 5 a 7 anos, mas já a partir do terceiro ou quarto ano é possível

coletar colmos e brotos.

14

Pereira (2001) afirma que os bambus, devido às características do seu

colmo, são considerados como plantas lenhosas, monocotiledôneas, pertencentes

às angiospermas.

Dentre os bambus lenhosos destacam-se os gêneros: Merostachys,

Chusquea e Guadua. Espécies de bambu pertencentes ao gênero Guadua ocorrem

na Amazônia (Acre e Pará), sendo denominadas localmente por taquarucú. Estudos

realizados no Projeto Radam, por meio de imagens de satélites, determinaram a

existência de aproximadamente 7 milhões de hectares de bambus nativos no estado

do Acre, com destaque para a espécie Guadua weberbaueri (BERALDO e

PEREIRA, 2007).

O bambu é uma matéria-prima muito utilizada em diversas partes do

mundo para os mais variados fins. Sua grande utilização ainda é maior em culturas

orientais que utilizam o bambu há milênios, porém no ocidente suas potencialidades

são desconhecidas e por isso é subutilizado como matéria-prima (PRESZNHUK,

2004).

Segundo Casagrande Jr. (2004) o bambu possui resistência, flexibilidade,

durabilidade, versatilidade, facilidade de reprodução, rápido crescimento e

adaptabilidade a climas e solos diferentes. E acrescenta que, devido a essas

características, o uso do bambu gera emprego e renda para milhares de pessoas em

países asiáticos na área de alimentação, artesanato, mobiliário, decoração interior,

paisagismo, construção civil, laminado para forro e piso; carvão para tratamento da

água e esgoto e, também como anti-mofo, uso do ácido pirolenhoso como insumo

para a agricultura.

Ostapiv e Fagundes (2007) acrescentam que na China, o bambu é tido

como um importante componente florestal, que combina, em seu plantio, manejo e

aplicações de ecologia, economia e benefícios sociais. Isso proporciona uma rara

oportunidade de desenvolvimento sustentado às mais diversas e distantes

populações de um país de dimensões continentais, muito semelhante, neste sentido,

ao Brasil

Segundo dados levantados pelo Ministério de Comércio Chinês

(MOFCOM), citados por Ostapiv et al (2008), na China, principal produtora de bambu

no mundo, foi movimentada em 2006, numa cadeia produtiva similar, seis bilhões de

dólares.

15

A Índia produziu, a partir do bambu, em 2005, cinco milhões de toneladas

de celulose para papel, evidenciando a importância deste recurso florestal para

aquele país (OSTAPIV et al., 2008).

Estudos na Índia demonstram que se utilizar o bambu em substituição à

madeira, 1/4 das suas necessidades podem ser supridas, 11.000 hectares de

floresta podem ser poupados a cada ano, e eventualmente, gerar 1.200 novos

empregos para a população extremamente pobre (CASAGRANDE JR., 2005).

O Brasil, como maior país tropical do mundo, tem potencial para, a

exemplo da China, estabelecer com sucesso uma cadeia virtuosa de

desenvolvimento econômico, social e ambiental, tendo como base o bambu. É

importante ressaltar neste ponto que, para a difusão dos resultados benéficos e

sustentáveis da cadeia produtiva do bambu no Brasil, não só a matéria-prima é

fundamental, mas também a pesquisa, a inovação, a educação e capacitação e a

difusão tecnológica, a exemplo do que fazem muitos países, tais como a Alemanha,

o Chile, o Japão, a China e a Índia (OSTAPIV e FAGUNDES, 2007).

4.2 USOS E APLICAÇÕES DO BAMBU

As florestas abertas com bambu do gênero Guadua, “Pacales” no Peru e

“Tabocais” no Acre, são incomuns na Amazônia, mas no sudoeste da bacia, cobrem

áreas extensas, sendo uma das poucas formações florestais amazônicas

reconhecidas facilmente a partir de imagens do sensor orbital Landsat Thematic

Mapper (Bandas 3, 4 e 5) (SILVEIRA, 2001).

O bambu do gênero Guadua se destaca pela importância econômica que

pode representar em razão de vários fatores: o curto tempo que precisa para

alcançar o estado de amadurecimento que permite aproveitá-la, seu alto rendimento

em volume por hectare e a diversidade de usos a que se pode destinar (CASTAÑO

e MORENO, 2004).

A partir do processamento do bambu, pode-se gerar os seguintes

produtos:

Telhados (estrutura e cobertura)

Estruturas de concreto armado (substituição ao aço)

Pisos e revestimentos

16

Paredes (substituição à alvenaria)

Estruturas rurais

Sistemas de irrigação

Artesanato com base em madeira

Móveis

Palmilhas de sapatos

Carvão

Álcool

Cachaça

Alimento

Fertilizante

Produtos farmacêuticos

Papel e celulose

Plantas ornamentais

Painéis / chapas (Bambu Laminado Colado - BLC)

Pereira (2006) elaborou um organograma demonstrando as formas de

utilização do bambu (Figura 2), em diversas áreas do setor produtivo, tanto em sua

forma natural quanto na forma processada e industrializada.

ALIMENTO

HABITAÇÃO

CONSTRUÇÃO RURAL

ARTESANATO

PAISAGISMO

MEIO AMBIENTE

BAMBU

PROCESSADO

LAMINADOS

CARBONO

ATIVADO

CARVÃO

PALITOS

CHAPAS

ESTEIRA

COMPÓSITOS

CELULOSE

PAPEL

OSB

COMPONENTES

DE HABITAÇÃO

MOBILIÁRIO

LAMBRIS

PAINÉIS

PISOS

CABOS PARA

FERRAMENTAS

Figura 2 - Organograma de possibilidades de utilização do bambu. Fonte: PEREIRA (2006).

17

Analisando essa diversidade de aplicações aos diversos tipos de bambus,

pode-se relacionar os seguintes usos:

Uso do bambu em sua forma natural – podem ser empregados como

material condutor de água fria em unidades habitacionais ou irrigações de

plantios. Outro uso é como componente para elementos construtivos, por

exemplo, painéis de vedação;

Uso estrutural – pode ser utilizado como pilar e viga em edificações;

Bambucreto – uso do bambu em composição com o concreto;

Placas cerâmicas armadas com bambu – sistema construtivo constituído

por placas cerâmicas (blocos vazados) com colmos de bambu em

substituição a barras de aço;

Biokreto – compósito a base de cimento e bambu particulado;

Bambu laminado colado (BLC) – produto que oferece maior diversificação

de sub-produtos na cadeia produtiva, possibilitando a confecção de pisos,

painéis, lambris e componentes para móveis;

Chapas de bambu – chapas de partículas de bambu prensadas a base de

resinas orgânicas ou de origem vegetal (óleo de mamona); podem ser

produzidas também com resinas poliuretanas. Outra diversificação do

produto (chapa) é o bambu com fibra de vidro e resina, bambu e

poliestireno, e compósito de bambu e resíduos de borracha.

Artesanato – fabricação de artefatos decorativos e utilitários;

Alimento – aproveitamento do broto;

Papel e celulose – no Brasil a Empresa Itapajé, do Grupo João Santos,

fabrica papel para embalagem;

18

A B

C C

D

D

E

F G

FIGURA 3 - A – PAINEL DE VEDAÇÃO; B – ESTRUTURA DE CONSTRUÇÃO (VIGAS E PILARES); C – BAMBUCRETO; D – BIOKRETO; E – BAMBU LAMINADO COLADO; F – ARTEFATO EM BAMBU; G – PAPEL PARA EMBALAGEM. Fonte: BERALDO e PEREIRA (2007)

4.3 CADEIA PRODUTIVA DO BAMBU

Segundo Soares et al. (2010), uma cadeia produtiva apresenta-se como

uma sucessão mais ou menos linear de operações técnicas de produção. Na

literatura econômica usual, cadeia produtiva é o conjunto de atividades econômicas

que se articulam progressivamente desde o início da elaboração de um produto. Isso

19

inclui desde as matérias-primas, insumos básicos, máquinas e equipamentos,

componentes e produtos intermediários, até o produto acabado, a distribuição, a

comercialização e a colocação do produto final junto ao consumidor, constituindo

elos de uma corrente. Os elos podem ser classificados em fornecedores de insumos

produtivos, produtores, distribuidores, prestadores de serviços, varejistas e

consumidores.

Uma importante dimensão do grau de eficiência de uma cadeia produtiva

é a sua capacidade de satisfazer as necessidades dos indivíduos. Nos últimos anos,

a procura por produtos ecológicos apresentou um crescimento notável,

principalmente em locais onde a população possui maior poder de compra

(BARELLI, 2009).

Segundo Simioni (2007), a abordagem sistêmica de cadeias produtivas se

constitui em uma vantagem nos estudos, podendo contribuir para melhorar a

capacidade analítica aplicável a processos produtivos de qualquer natureza.

Já Dantas et al., citado por Manhães (2008), afirmam que no Brasil não

há cadeias produtivas do bambu sistematizadas e suas potencialidades, não sendo

possível caracterizá-las como processos sistemáticos e contínuos.

Tendo por base o esquema padrão do que seria uma cadeia produtiva tal

como definido por Lopes (2005), buscou-se caracterizar, em linhas gerais, os

principais elementos da cadeia produtiva do bambu. A partir deste é possível adotar

como ponto inicial na estruturação de um processo produtivo consistente, com base

nas inter-relações entre os stakeholders.

Para o delineamento da cadeia produtiva do bambu no Brasil utilizou-se o

modelo de análise proposto por Castro et al. (1998); Castro (2002); e Manhaes

(2008) utilizado pela Embrapa na prospecção de demandas tecnológicas de cadeias

produtivas, obtido em Simioni (2007) e adaptado para o presente trabalho (Figura 4).

20

FIGURA 4 - Modelo esquemático adotado e adaptado para o bambu. Fonte: MANHÃES (2008)

Assim, é importante a escolha de uma cadeia produtiva ou linha de

mercado que teria uma menor resistência de mercado para serem adensadas

inicialmente, potencializando os recursos naturais com as estrutura organizacional.

5 MATERIAL E MÉTODOS

5.1 MATERIAL

5.1.1 Área de Estudo

A área de abrangência desse estudo foi definida a partir dos estudos

realizados por Silveira (2006) e Murad (2007), em duas áreas com ocorrência de

bambu nativo do gênero Guadua, que apresentam características morfológicas

diferenciadas com potencial comercial, a saber:

a) Floresta Estadual do Antimary – FEA, localizada no município de Sena

Madureira (coordenadas: L19 – 574494 UTM 8968167); e,

b) Reserva Extrativista Chico Mendes, km 85 da BR 317 sentido Brasiléia

- Assis Brasil - Ramal Santa Luzia, Seringal Etelve (localização georreferenciado:

L19 – 0624139 UTM - 8900344).

21

Na Figura 5 está identificada a localização dessas áreas, que se

encontram no eixo das duas principais rodovias do Estado; o ponto 1 representa a

Floresta Estadual do Antimary, e no ponto 2 a Resex Chico Mendes.

De acordo com o mapeamento o bambu ocorre de forma isolada e com

outros tipos de vegetação: a) Floresta aberta com bambu predominante (cor cinza

claro); b) Floresta aberta com ocorrência de bambu (cor cinza médio); e, c) Floresta

aberta com Palmeira e floresta densa, com pouca ocorrência de bambu (cor cinza

escura).

As duas áreas em destaque são as que possuem uma maior ocorrência

de bambu nativo, conforme Figura 2, que corresponde a aproximadamente 18% do

total da área florestal do Estado.

1

2

Figura 5 - Mapa de vegetação do Estado do Acre. Fonte: Elaborado pelo Autor (2011).

1 – Floresta Estadual do Antimary – FEA 2 – Reserva Extrativista Chico Mendes – Resex Chico Mendes

22

5.1.1 Características das Áreas de Estudo

Área 1 – Floresta Estadual do Antimary – FEA

A Floresta Estadual do Antimary está localizada na Bacia do Baixo rio

Acre, com acesso pela rodovia BR-364 durante todo o ano. A região é marcada pela

presença de grande número de fazendas e Projetos de Assentamentos com altas

taxas de conversão florestal, consolidando uma fronteira agropecuária nas

proximidades da capital do Estado. As cidades que constituem esta Subzona são

Bujari, Porto Acre, Acrelândia, Plácido de Castro e Senador Guiomard.

A Floresta Estadual do Antimary – FEA foi criada em 1988 para a

realização do Projeto de Desenvolvimento Integrado da Amazônia Ocidental

baseado nos recursos florestais. Está situada no município do Bujarí, com uma área

total de 76.832 ha. A área é remanescente de antigos seringais do Estado do Acre, e

a base da sua economia formal ainda é o extrativismo de borracha, associado ao

extrativismo de castanha (FUNTAC, 2004).

Área 2 – Reserva Extrativista Chico Mendes

A Resex Chico Mendes está localizada na Bacia do Alto rio Acre, região

caracterizada por cidades que em sua maioria estabelecem fronteira com a Bolívia

e/ou Peru. Apresentam características muito diferentes entre si como taxas de

urbanização, taxas de desmatamento, composição populacional diversificada.

Estabelecem relação com o entorno composto de um mosaico de usos diferenciados

como Terras Indígenas, Reservas Extrativistas, Projetos de Assentamentos,

pequenas a grandes propriedades rurais – características que influenciam

diretamente o perfil de cada uma destas cidades. São interligadas pela rodovia BR

317 constituindo o eixo de integração com a costa marítima peruana (Estrada do

Pacífico). As cidades que constituem esta Subzona são Assis Brasil, Brasiléia,

Epitaciolândia, Xapuri e Capixaba (ACRE, 2006).

A Resex Chico Mendes possui uma área aproximada de 970.570 ha, e

abrange os municípios de Assis Brasil, Brasiléia, Capixaba, Xapuri, Sena Madureira

e Rio Branco (CARNEIRO, 2002).

Ainda, de acordo com CARNEIRO (2002), o acesso à Reserva pode ser

feito por via rodoviária pela BR-317. Essa rodovia, praticamente, contorna a área da

23

Reserva em seu lado leste-sul com regular trafegabilidade durante todos os meses

do ano.

Localizada a 81 km da cidade de Brasiléia, sentido Assis Brasil, na área

em estudo há predominância de seringueiros que trabalham basicamente com o

extrativismo de Borracha (Hevea brasiliensis) e Castanha (Bertholletia excelsa)

(TORRICO, 2001).

A área estudada foi identificada pela equipe da Divisão de Tecnologia da

Madeira da FUNTAC, em 2010, que fez o mapeamento considerando a área de

ocorrência de bambu do gênero Guadua, com características morfológicas

diferenciadas das espécies existentes na região. Foi realizado também um inventário

numa parcela de 100 x 100 metros, selecionada aleatoriamente, como forma de se

obter um dado inicial sobre a densidade populacional, dimensões, volumetria, entre

outros. Esta mata possui uma área aproximada de 17 hectares (Figura 3), com

diversidade de espécies arbóreas, e predominância de bambu.

Figura 6 - Mancha contínua de bambu do gênero Guadua na Resex Chico Mendes.

Fonte: Elaborado pelo Autor (2010).

24

5.2 MÉTODO

O método de pesquisa utilizado é exploratório, por meio do levantamento

bibliográfico e documental, dado o pouco conhecimento acerca do tema proposto.

De acordo com Gil (1995), para analisar os fatos do ponto de vista

empírico, buscando confrontar a visão teórica com os dados da realidade, torna-se

necessário delinear um modelo conceitual e operativo da pesquisa. Neste trabalho, a

principal característica é a pesquisa bibliográfica.

A pesquisa foi desenvolvida com base em material já elaborado,

principalmente livros e artigos científicos disponíveis e acessíveis. Outras fontes

foram os estudos realizados pela Fundação de Tecnologia do Estado do Acre -

FUNTAC (2004). Estas fontes de consulta contribuíram efetivamente para a

elaboração de um modelo apropriado de desenvolvimento sustentável com uso do

bambu nativo.

Para atender os objetivos estipulados neste trabalho, os dados foram

organizados da seguinte forma:

1. O mapeamento foi feito com base nos mapas cartográficos produzidos

pela Fundação de Tecnologia do Estado do Acre, onde estão

representadas as áreas de estudo que apresentam a ocorrência de

bambus nativos. Neste caso identificando também a área de influência

ou abrangência das referidas áreas;

2. A caracterização das espécies existentes na área de abrangência do

estudo teve como fonte de consulta os estudos realizados por Silveira

(2006) e Murad (2007); e, a partir destes estudos foi possível avaliar,

por analogia, os tipos de usos e aplicações para o bambu nativo;

3. E, no tocante a cadeia produtiva, foi avaliada como se desenvolve

atualmente a cadeia produtiva de produtos madeireiros e não

madeireiros, por meio de estudos realizados pelo Governo do Estado

do Acre (2006), publicado em 2010.

Na análise dos dados foram levantadas as informações existentes quanto

ao bambu do gênero Guadua, existentes nas duas áreas de estudo, abordando os

aspectos morfológicos, identificando usos e aplicações. Para a análise da cadeia

produtiva foi proposto uma linha prioritária de utilização do bambu nativo,

considerando o baixo nível de conhecimento tecnológico e a infra-estrutura local.

25

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE OCORRÊNCIA DO BAMBU NATIVO

Atualmente, a principal malha viária de escoamento da produção,

assistida com rodovias asfaltadas1, concentra-se na faixa sudoeste do estado do

Acre, compreendendo a ligação do Acre com os países andinos, principalmente o

Peru e a Bolívia, tendo a Capital Rio Branco como cidade pólo.

Na figura 7 é demonstrada as principais cidades que se encontram no

eixo das rodovias federais, facilitando o escoamento da matéria prima das áreas de

extração para as unidades de processamento.

Figura 7 - Mapa de situação das áreas de bambu, em relação às rodovias e cidades de influência. Fonte: Elaborado pelo Autor (2011).

Conforme se pode observar (Figura 7), a área de abrangência da Resex

Chico Mendes (Ponto 1) engloba a área territorial de 06 (seis) municípios: Assis

Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia, Xapuri, Capixaba e Rio Branco.

Mais acima, fica a Floresta Estadual do Antimary (Ponto 2), abrangendo

02 (dois) municípios: Bujarí e Sena Madureira.

1 Por um lado a BR-364, que liga o estado do Acre com o estado de Rondônia, e ao mesmo tempo

serve de ligação com o resto do Brasil, além de ser acesso para os municípios do interior do Estado na região do Juruá; e a BR-317, que corta transversalmente a área que compreende a região do Alto Acre, servindo de rota de acesso ao mercado andino, pelo município de Epitaciolândia-Brasiléia e por Assis Brasil, acessando à Bolívia e Peru, respectivamente.

1

2

26

Segundo Silveira (2006), o mapeamento da ocorrência de florestas

abertas com bambus arborescentes do gênero indica que a leste do Acre tem quase

2 milhões de hectares com esse tipo de vegetação, sendo que pouco mais de 50%

está concentrado nos municípios de Manoel Urbano, Xapuri e Assis Brasil. Em

função da ocupação populacional, as manchas de floresta com bambu nos

municípios de Rio Branco, Bujari e Porto Acre, estão restritas a fragmentos

florestais, enquanto que em Assis Brasil, Manoel Urbano, Sena Madureira e Xapuri,

as manchas ocorrem em grandes polígonos onde predominam florestas contínuas.

6.2 USOS E APLICAÇÕES

Neste ítem serão apresentados dados quanto a caracterização da

matéria-prima existente no estado do Acre, e considerando o estado da arte quanto

a infra-estrutura e conhecimento tecnológico sobre o bambu, os tipos de usos

abordados referem-se à estruturação básica de uma cadeia produtiva.

6.2.1 Caracterização

Os bambus ocorrentes nas áreas em estudo são: Guadua sacocarpa e

Guadua weberbaueri; sendo que a espécie Guadua weberbaueri ocorre com maior

frequência na Floresta Estadual do Antimary, e a espécie Guadua sacocarpa cobre

grandes extensões, especialmente na região de Assis Brasil (SILVEIRA, 2006).

Embora não seja comum, foi identificada a ocorrência de simpatria2 na região de

Assis Brasil.

Segundo Silveira (2006), dentre as seis espécies de bambu

arborescentes do gênero Guadua registradas no banco de dados da Flora do Acre3,

até o momento foram identificadas – por meio de comparação com amostras do

Herbário da UFAC, do exame da literatura sobre a taxonomia e da análise

morfométrica de folhas, bainhas e colmos – quatro espécies (Guadua weberbaueri,

G. sarcocarpa, G. angustifolia e G. aff. angustifolia) e três morfotipos4 (Guadua sp.1,

Guadua sp.2 e Guadua sp.3) (Figura 8).

2 Duas espécies do mesmo gênero ocorrendo juntas em uma região geográfica

3 Publicado em 2010.

4 Guia de identificação de espécie, ou seja, as espécies foram comparadas com base em registros de

alta qualidade gráfica

27

a) Guadua weberbaueri

É um bambu lenhoso, arborescente e espinhoso. A espécie apresenta

uma estrutura vegetativa modular composta de rizomas, brotos aéreos sem ramos e

folhas, e colmos com ramos e folhas. Possui um sistema subterrâneo rizomático

extensivo, persistente e ramificado, que cresce horizontalmente próximo à superfície

do solo (SILVEIRA, 2001).

b) Guadua angustifolia

Figura 8 - Aspecto geral dos colmos, folhas caulinares, ramos com folhagem de: A-Guadua aff. angustifolia, B-Guadua sarcocarpa, C-Guadua sp.2, D-Guadua angustifolia, E-Guadua weberbaueri, amostradas na região leste do Acre. Fonte: SILVEIRA (2006).

28

Espécie de bambu gigante entouceirante, com espinhos nas gemas, de

elevado porte, com elevadas propriedades mecânicas e grande durabilidade natural

dos colmos (BERALDO e PEREIRA, 2007).

Na Tabela 1 verificam-se as características morfológicas dos bambus

identificados por Silveira (2006), referente à espécie Guadua weberbaueri na região

de Sena Madureira; e da espécie Guadua spp.5 registrada em levantamento

realizado pela FUNTAC (2010), na região da Reserva Extrativista Chico Mendes, em

Assis Brasil, numa parcela de 100 x 100 m.

TABELA 1 - CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DO BAMBU NATIVO

Espécie Características

Guadua weberbaueri* Altura de 20-25 metros; Diâmetro de 6-8 cm; Lâminas foliares com

formato elíptico-lanceoladas, de 13-17 cm de comprimento por 2,0-3,5

cm de largura; ocorrência de 1947-2884 colmos p/hectare.

Guadua spp** Altura de 14,5-35 metros; Diâmetro médio de 6,2 cm; ocorrência de

1594 colmos p/hectare.

Fonte: SILVEIRA* (2006) e FUNTAC** (2010)6. Adaptado pelo autor.

Isso demonstra a imensa gama de possibilidades e a versatilidade do

bambu do gênero Guadua, que por suas características próprias se oferece como

um substituto natural ou complementar de um vasto número de bens de consumo,

além de ser renovável, e com um baixo custo social e ambiental.

No estado do Acre, o emprego mais relevante que se tem conhecimento

do bambu Guadua, na região, foram duas construções: a) a execução do stand do

SEBRAE/AC (Figura 9), na Feira do Empreendedor - EXPOACRE 2005; e, b) a

construção do Parque Ambiental de Sena Madureira (Figura 10). Em ambas as

ocasiões foram utilizadas colmos de bambu coletados às margens do rio Purus, no

município de Sena Madureira, fronteira com o estado do Amazonas.

5 A espécie ainda não foi identificada taxonomicamente.

6 Não publicado.

29

Embora apresentem características diferenciadas, onde o bambu

encontrado na região da Reserva Extrativista Chico Mendes apresenta uma

estrutura mais apropriada para fins da construção civil, devido a sua esbeltez7,

podendo ser utilizado em sua condição natural. O bambu existente na Floresta

Estadual do Antimary ocorre em maior volume, permitindo assim variações no seu

emprego, e ao mesmo tempo facilitando o processo de extração.

7 Proporcionalidade entre a altura e a secção de uma coluna ou pilar.

Figura 9 - Construções em bambu na Feira do Empreendedor - EXPOACRE 2005. Fonte: SEBRAE/AC (2005)

Figura 10 - Construção em bambu e madeira - Parque Ambiental em Sena Madureira. Fonte: Fotografado pelo autor (2011)

30

6.2.2 Produtos Madeireiros e Não Madeireiros

Segundo Acre (2010), 88% do Estado encontra-se sob a condição de

floresta. De forma geral o Estado possui reserva florestal capaz de sustentar o

crescimento da atividade madeireira. Por outro lado, observa-se que as regionais do

Alto Acre e Baixo Acre, juntas, representam 69% da área de desmatamento do

Estado, e ao mesmo tempo, é responsável por 87% de todo o volume autorizado

para extração através de planos de manejo florestal, produzindo cerca de 66% de

toda produção madeireira do Estado.

Em termos de tendências e cenários, a atividade florestal obteve

crescimento médio de 13% nos últimos 5 anos, transformando-se na atividade

econômica mais importante do Estado do Acre, responsável por 12,8% do Valor

Bruto da Produção (VPB do Estado), e, mantendo-se o atual quadro espacial de

distribuição das atividades produtivas, haveria um grave déficit de áreas de florestas

na Regional do Baixo Acre e na Regional do Alto Acre (ACRE, 2010).

Na Tabela 2 demonstra-se como estão distribuídas as florestas em cada

regional por regime de propriedade.

TABELA 2: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO DAS FLORESTAS DO ACRE, POR REGIME DE PROPRIEDADE, POR REGIONAIS.

Regional Área Florestal (ha)

UCs Prot. Integral

Terra Indígena

Total Comunitárias

Florestas Públicas

Florestas Privadas/não discriminada

s

Alto Acre 1.291.422,71 80.076,00 392.159,00 500.788,50 0 318.399,21

Baixo Acre 1.299.331,53 0 0 823.224,30 66.168,00 409.939,23

Purus 3.922.480,02 695.303,00 263.159,00 1.158.284,20 425.332,00 1.380.401,82

Tar./Env. 5.166.282,65 0 2.098.591,00 390.344,65 486.319,00 2.191.028,00

Juruá 3.046.757,96 846.633,00 224.823,00 994.766,10 0 980.525,86

Total 14.726.274,87 1.622.012,00 2.978.732,00 3.867.417,75 977.819,00 5.280.294,12

Fonte: ACRE (2006).

No tocante aos produtos não madeireiros, Acre (2010) destaca a borracha

(Bertholletia excelsa) e a castanha (Hevea brasiliensis) como os dois principais

produtos da cadeia extrativista. Em menor escala estão os óleos, polpa e sementes,

mas que tem sua importância na geração de renda para as comunidades locais.

Na Tabela 3 são apresentados alguns dados econômicos de produtos não

madeireiros comercializados no Estado do Acre.

31

TABELA 3: TABELA DE PREÇOS DE PRODUTOS NÃO MADEIREIROS PRATICADOS NO MERCADO LOCAL, 2003.

Matéria prima Unidade Preço (R$)

8

Renda líquida anual (família)

Açai Kg 0,50 NI(*)

Borracha / látex Kg 0,70 4.200,00

Castanha Kg 3,50 5.292,009

Murmuru (fruto) Kg 0,50 NI

Óleo de Murmuru L 10,00 NI

Óleo de Andiroba L 15,00 NI

Sementes de Amarelão e Bálsamo Kg 40,00 NI

Sementes de Cedro e Mogno Kg 90,00 NI

Sementes de Cerejeira e Samaúma Kg 80,00 NI

Sementes de Cumarú-ferro Kg 15,00 NI

Sementes de Jarina Kg 2,50 NI

Sementes de Jatobá e Maçaranduba Kg 15,00 NI

Sementes de Pau D’Arco Amarelo Kg 120,00 NI

Sementes de Tauari Kg 30,00 NI

Fonte: Acre, 2006. Adaptado pelo autor. (*) NI – Não Identificado

A comercialização de óleo de copaíba, sementes de andiroba, sementes

de murmuru, frutos de açaí, in natura no Baixo Acre rende, em média, ao seringueiro

R$ 209,90/ha; e, no Alto Acre, para o murmuru, açaí e copaíba, chega a

R$188,90/ha (ACRE,2010).

De acordo com Acre (2010) o VBP10 Florestal obteve um crescimento com

uma taxa média de 8,5% ao ano, enquanto o total do VBP do Estado obteve uma

taxa média de 4,6%, considerando o período de 1998-2003.

Conforme se pode observar a escala de comercialização de produtos não

madeireiros ainda é muito baixa, sendo necessário ter um maior incremento na

produção extrativa regional, ao mesmo tempo, é possível inserir outras matérias-

primas nesta cadeia produtiva, que ainda são desconhecidas quanto ao seu

potencial comercial, como é o caso do bambu.

8 Dados coletados em 2003

9 Dado coletado em 2005

10 Valor Bruto de Produção - VBP

32

6.2.3 Mercado

O valor atual do comércio de bambu está na faixa de US$ 1,5 a 3 bilhões.

Neste mercado a China gera uma parte significativa das exportações mundiais. A

União Europeia (UE) e os Estados Unidos (EUA) consomem mais de 80% do total

das importações de bambu (DFRS, 2010)11.

Ainda segundo o DFRS (2010), em 2007, do atual mercado de bambu no

mundo, estimado em US$ 7 bilhões, a China tem uma participação de US$ 5,5

bilhões. Os maiores mercados são de artesanato (US$ 3 bilhões), brotos de bambu

(US$ 1,5 bilhão) e mobiliário (US$ 1,1 bilhão). Estima-se que o mercado mundial de

bambu deva crescer para US$ 15–20 bilhões em 2017.

No Brasil, o valor total da produção do setor de base florestal em 2007, foi

de R$ 44,6 bilhões, ou seja, 3,4% do PIB nacional. Neste valor estão incluídos

celulose, papel, madeira industrializada sob todos os processos, móveis, siderurgia

a carvão vegetal e produtos florestais não madeireiros (ABIMCI, 2009). Do total da

produção R$ 8,8 bilhões foram para exportação, representando cerca de 5,5% do

montante total da exportação no ano de 2007. Porém, não estão inclusos dados

neste relatório para o bambu no Brasil, sua comercialização ou mercado.

Segundo Manhaes (2008), a comercialização no Brasil em relação ao

bambu ainda é dispersa e informal, mas podem-se perceber regiões com potencial

de desenvolvimento em determinado setor, de acordo com as características locais.

As regiões Sul e Sudeste do Brasil são os maiores fornecedores de bambu.

Na Tabela 4 demonstram-se os valores praticados na comercialização de

mudas e varas no Brasil, particularmente nas regiões sul/sudeste.

Das espécies indicadas (Tabela 4), com exceção da espécie

Phylostachys áurea, as demais possuem as características morfológicas dos

bambus encontrados na Floresta Estadual do Antimary e na Reserva Extrativista

Chico Mendes.

O que se pode perceber é que não há um padrão ou informação

qualificada para determinação dos preços dos produtos, por apresentar uma grande

variação a depender da dimensão e tratamento aplicado.

11

Department of Forest Research and Survey

33

No Acre não se tem informações oficiais quanto a comercialização de

bambu, uma vez que os maiores demandadores são os artesãos locais, e estes

buscam sua matéria-prima nas áreas urbanas ou rurais próximas, sem nenhum

custo.

TABELA 4 - PREÇO DE VARAS DE BAMBU, NA REGIÃO SUL/SUDESTE, EM 2008

Espécie Diâmetro (cm) Comprim.(m) Tratamento Estado Preço/dúzia (R$)

Phylostachys

pubescens

(mossô)

7 a 9 3,40 Cozido SP 80,00

+ 10 3,40 Cozido SP 120,00

+ 10 7,00-8,00 Sem trat. SP 100,00

qualquer 8,00 Cozido a vapor

carborato

SP 432,00

Dendrocalamus

giganteus

(bambu gigante)

12 a 20 3,40 Cozido SP 200,00

12 a 20 7,00-8,00 Sem trat. SP 200,00

qualquer 8,00 Cozido a vapor

carborato

SP 720,00

qualquer 10,00-12,00 Autoclave RJ 720,00

qualquer 7,00-8,00 Sem trat. RS 840,00

Phylostachys

áurea (cana da

índia)

2,00 a 5,00 3,40 Cozido SP 15,00

qualquer 8,00 Cozido a vapor

octoborato

SP 30,00

qualquer 7,00-8,00 Sem trat. RS 25,00

Guadua

angustifolia

qualquer 10,00-12,00 Autoclave RJ 720,00

P. edullis qualquer 7,00-8,00 Sem trat. RS 120,00

Fonte: MANHAES (2008)

Na Reserva Extrativista Chico Mendes foi comercializado em 2011, varas

de bambu ao preço de R$ 10,0012, para viveirista de São Paulo, mesmo preço

praticado em 2005, para pagamento pelos colmos coletados às margens do rio

Purus, utilizado na construção das edificações na Feira do Empreendedor,

organizado pelo SEBRAE/AC.

12

Os custos com frete, seguro e desembaraço fiscal foram de responsabilidade do comprador. Ao fornecedor coube a retirada (corte), armazenagem e embarque das varas em transportadora indicada pelo comprador.

34

Os preços apurados sugerem uma estagnação de mercado, porém, a

falta de conhecimento do valor de mercado de bambus, por parte dos produtores

locais, é o principal fator da manutenção ou nivelamento dos preços praticados.

6.2.4 Mudas

Outro produto que pode gerar pequenos negócios com o bambu é o

mercado de produção e venda de mudas. Segundo Manhaes (2008), normalmente

muitos viveiros e hortos florestais ainda não produzem mudas de bambu e, quando o

tem, são de bambus ornamentais (gracilis ou mossô), sendo que seu preço varia de

R$ 15,00 à R$ 20,00.

Para exemplificar a afirmação acima, foi feito um levantamento dos preços

praticados no Brasil na comercialização de mudas de bambu (Tabela 5).

TABELA 5 - PREÇO DE MUDAS DE BAMBU NO BRASIL, EM 2011

Espécie Preço (R$)

Dendrocalamus giganteus 12,00/un

Dendrocalamus minor 25,00/un

Dendrocalamus calostachyus 25,00/un

Dendrocalamus barbatus 22,50/un

Dendrocalamus asper 25,00/un

Weavers bamboo 25,00/un

Buddha belly ventricosa 25,00/un

Orquídea bambu 9,00/un

Nandina 15,00/un

Candy cane damarapa 25,00/un

Phyllostachys nigra 25,00/un

Gigantochloa atroviolacea 25,00/un

Membranaceus 22,50/un

Chocolate 25,00/un

Fonte: site www.mfrural.com.br (2011)

Conforme se pode observar na tabela acima (Tabela 5), a maioria das

espécies é exótica e para fins paisagísticos.

No Acre não se tem registro de atividades de viveirista que trabalhem com

espécies de bambu nativo. De uma forma muito incipiente é verificado a utilização

de bambu do tipo Orquídea bambu, com emprego em paisagismo de jardins.

35

Estudos em desenvolvimento pela EMBRAPA/AC, com parceria do

Laboratório de Sementes Florestais Nativas da Fundação de Tecnologia do Estado

do Acre, buscam identificar protocolos para a reprodução vegetativa ou da cultura de

tecidos. Há particularmente o interesse na reprodução in vitro, que possibilitará o

fornecimento de material de alta qualidade e padrão industrial ao mercado, tanto

consumidor final, quanto produtivo intermediário.

6.2.5 Artesanato

O Brasil tem hoje, segundo o Ministério do Desenvolvimento Econômico,

Indústria e Comércio (MDIC)13, cerca de 8,5 milhões de artesãos, responsáveis por

um movimento financeiro anual de R$ 28 bilhões, próximo ao das indústrias

automobilísticas e da moda. No entanto, não existem estimativas dos artesãos que

trabalham com bambu, mas sabe-se que são em grande quantidade.

O bambu por ser um material considerado ecologicamente correto, tem se

apresentado cada vez mais forte o seu uso no setor de artesanato, com produção de

diversos artefatos decorativos e utilitários. Já é possível encontrar sites

especializados que atendem por encomenda, embora em escala reduzida.

Levantamento realizado por Schwarzbach (2008), no estado do Paraná,

indica a utilização de bambus para os mais diversos fins de artesanatos. No Quadro

1 podem ser verificados alguns destes produtos.

QUADRO 1 - ARTESANATOS PRODUZIDOS E COMERCIALIZADOS NO ESTADO DO PARANÁ, EM 2006

Espécie Parte utilizada

Forma de utilização Preço de venda

Phyllostachis spp. Colmo Trabalho trançado para cestaria

Min. R$ 5,00 Máx. R$ 30,00

Phyllostachis spp. Colmo Móveis A partir de R$ 80,00

Phyllostachis spp. Colmo Talheres Min. R$ 2,50 Máx. R$ 3,00

Dendrocalamus spp. Colmo Móveis e molduras ND

Bambu Rei e Taquarinha (Olyra spp.)

Colmo Artesanatos diversos (talheres, bengala, castiçal, porta-vinho, port-retrato, porta-jóia, fontes, luminárias, revisteiro, porta canetas)

Min. R$ 20,00 Máx. R$ 800,00

Merostachys spp. e Olyra spp.

Colmo Acabamento para artesanato feitos com fibra de bananeira

ND

13

Site: www.mdic.gov.br. Acesso em 02 de novembro de 2011.

36

Merostachys spp. e Dendrocalamus spp.

Colmo Artesanato sob encomenda (treliças, tochas, porta facas, trem, luminárias)

Min. R$ 5,00 Máx. R$ 50,00

Merostachys spp. Colmo Incensário A partir de R$ 25,00

Merostachys spp. Colmo Móveis Depende do acabamento

Fonte: MANHAES (2008).

Analisando os bambus utilizados na fabricação dos produtos de

artesanatos pode-se constatar que ambos possuem características morfológicas do

bambu Guadua, existente no estado do Acre. Portanto, é possível prospectar o uso

do bambu nativo na ampliação de produtos com aplicação de design e marketing na

elaboração de itens de alto valor agregado.

6.2.6 Papel e Celulose

No Brasil, a espécie Bambusa vulgaris14 tem sido utilizada para fabricação

de celulose por duas empresas de grande porte, localizadas nos estados de

Pernambuco e do Maranhão, ambas pertencentes ao Grupo Industrial João Santos

(MANHAES, 2008).

Dantas et al. (2003) afirmam que a experiência adquirida pelo Grupo João

Santos mostram que as características de resistência física são superiores às

obtidas pelas matérias-primas tradicionalmente utilizadas. Além de ser o mais

indicado para embalagens de alimentos, medicamentos, frigorificados, detergentes,

entre outros, por sua fibra virgem evitar a contaminação dos produtos.

Segundo Manhaes (2008), o bambu apresenta celulose de fibras longas e

estreitas, o que faz com que se entrelace mais, conferindo aos produtos

características físicas diferenciadas às tradicionais matérias-primas utilizadas.

O consumo mundial de pastas de celulose atingiu 193 milhões de

toneladas em 2008, decréscimo de 1,2% em relação a 2007. Na evolução do

consumo mundial de pastas de celulose ressaltam-se o baixo crescimento médio de

1,1% a.a. entre 1997 e 2008. Já a capacidade instalada mundial para a celulose de

mercado somou em 2009, 57,1 milhões de t/ano, dos quais o Brasil tem uma

participação de 9,2 milhões de t/ano, com fibras curtas (BIAZUS et al, 2010).

14

A Bambusa vulgaris é uma espécie exótica, com ocorrência no estado do Acre, principalmente na área urbana. De fácil propagação e resistente.

37

A produção brasileira de celulose atingiu 12,8 milhões de toneladas em

2008. Em média, a produção aumentou em 6,2% a.a. entre 1997 e 2008, sendo

7,9% para as pastas de celulose de fibra curta e apenas 1,6% a.a. para os demais

tipos, dos quais se destaca o percentual negativo de 9,6% da celulose de fibra

longa, no período (BIAZUS et al, 2010).

Citando ainda o BIAZUS et al (2010), em 2009, o Brasil importou de pasta

de celulose de fibra longa branqueada, cerca de 350 ton., perfazendo US$ 208

milhões.

Assim, se verifica uma demanda no consumo interno do Brasil, em pastas

de celulose de fibras longas, que podem ser contempladas com o processamento do

bambu, inclusive atendendo às indústrias que já atuam com este tipo de matéria-

prima no mercado, como é o caso do Grupo João Santos.

6.2.7 Carvão

Na última década, o consumo de carvão atingiu seu ponto máximo em

2005, quanto foram produzidos e consumidos mais de 38 milhões de mdc15. São

bem conhecidos os altos rendimentos alcançados pela silvicultura brasileira, no

entanto, as plantações florestais homogêneas não são capazes de suprir toda a

demanda das empresas, havendo um déficit anual médio de quase 50% (no mínimo

100 mil ha) que é suprido com resíduos e manejo de florestas naturais (CALAIS,

2009).

GRÁFICO 1 - CONSUMO DE CARVÃO VEGETAL DE ACORDO COM SUA ORIGEM, NO BRASIL

Fonte: CALAIS (2009).

15

mdc – volume de carvão que cabe num cubo de um metro de aresta.

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

20

07

20

08

ResíduosNaturaisPlant.Florestais

38

Conforme se observa no gráfico acima, o consumo de matéria-prima

nativa para combustão é bastante elevado.

O bambu também serve de matéria-prima para a produção de carvão

vegetal, sendo considerado de excelente qualidade (DANTAS, 2003).

De acordo com Dantas (2003), o carvão vegetal de bambu possui

diversas aplicações, entre as quais pode-se citar:

Purificação do ar

Desodorante, desumidificador e prevenção na formação de fungos

Absorção de ondas eletromagnéticas produzidas por televisores,

fornos micro-ondas e monitores de computador

Eliminação de impurezas e produtos químicos de águas cloradas

Conservação de alimentos

Em atividades pecuárias na redução de odores em estábulos e

umidade do solo

Na agricultura, com a mistura de carvão e esterco para melhorar a

condição do solo

Uso em cosméticos

Aplicações terapêuticas

Indução do sono, com almofadas de carvão de bambu

Filtros anti-nicotínicos, para a indústria do tabaco

Descolorantes na indústria de alimentos

O poder calorífico do carvão de bambu não difere muito do eucalipto que

é a matéria prima de referência para este fim (Tabela 6).

TABELA 6 - VALOR CALORÍFICO DO CARVÃO DE ALGUNS BAMBUS E EUCALIPTO

Material Poder Calorífico Superior – PCS

(Kcal/kg)

E. urophylla (Hibrid) 4.531

B. vulgaris var. vittata 4.750

B. tuldoides 4.473

B. vulgaris 4.219

D. giganteus 4.462

G. angustifolia 3.879

Fonte: RIBEIRO (2005) citado por MANHAES (2008).

39

Conforme demonstrado na tabela acima (Tabela 6), o bambu Guadua

angustifólia é o que possui o menor PCS, mas na média, os bambus ficam muito

próximos do PCS do Eucalipto, com índice de 4.356,6 kcal/kg.

A produção de carvão vegetal a base de bambu é um setor com alto

potencial para o estado do Acre, atendendo inicialmente a demanda interna de

energia nas indústrias de base, e no qual se deve investir mais em pesquisas

aplicadas para incorporar o seu uso em nossa cultura.

6.2.8 Painéis / Chapas

O setor de painéis de madeira brasileiro apresenta grande dinamismo,

reflexo da inequívoca competitividade do setor florestal brasileiro e da qualidade e

da ampla aceitação do produto nacional no mercado doméstico (BIAZUS et al.,

2010).

Biazus et al. (2010) afirmam que em 2008 a indústria mundial de painéis

de madeira faturou cerca de US$ 98 bilhões, sendo US$ 57, 9 bilhões de painéis de

madeira reconstituída16 e US$ 40,3 bilhões de painéis de madeira processada

mecanicamente17. Estes valores correspondem a uma produção mundial de painéis

na ordem de 246,9 milhões de m³, sendo 69% referentes aos painéis de madeira

reconstituída (169,5 milhões de m³) e 31% referentes aos painéis de madeira

processada mecanicamente.

Na evolução da produção mundial de painéis de madeira, destacam-se o

crescimento médio de 5,1% a.a. entre os anos de 1997 e 2008, e o aumento da

participação do MDF no total produzido (crescimento médio de 16,4% a.a. no

mesmo período), passando de 8%, em 1997, para 23%, em 2008 (Biazus et al.,

2010).

Neste mesmo estudo (Biazus et al., 2010) foi constatado que a produção

brasileira de painéis de madeira atingiu 7,8 milhões de m³ em 2008, sendo 34% de

compensados, 33% de MDP, 26% de MDF e 7%de chapas de fibra. Em média, a

16

São fabricados com base no processamento químico da madeira, que passa por diferentes processos de desagregação. Os principais tipos de painéis de madeira reconstituída são o medium density particleboard (MDP), o medium density fiberboard (MDF) e correlatos como o high density fiberboard (HDF) e o super density fiberboard (SDF) e as chapas de fibra. 17

São formados por camadas de lâminas ou sarrafos de madeira maciça e representados principalmente pelos compensados.

40

produção brasileira de painéis de madeira aumentou em 7,6% a.a., sendo 10,3%

a.a. para os painéis de madeira reconstituída e 3,9% a.a. para os compensados.

O crescimento desse mercado é uma oportunidade de inclusão do bambu

como matéria-prima neste setor, como componente na fabricação de painéis

reconstituídos ou mecanicamente processados. Ambas alternativas necessitam de

investimentos em tecnologia de processamento.

Um produto alternativo recém-introduzido no mercado asiático é o BLC

(Bambu Laminado Colado). Segundo Barelli (2009) o BLC vem conquistando o

mercado ocidental por apresentar uma ampla possibilidade de aplicações e possuir

qualidade, além de serem tendência por respeitar vários dos quesitos da

sustentabilidade.

6.3 ANÁLISE DA ESTRUTURA DA CADEIA PRODUTIVA

Neste ítem será realizada uma abordagem sobre diferentes modelos de

cadeias produtivas de base florestal, demonstrando sua organização, e a partir da

análise dessas estruturas buscar uma proposta de modelo apropriado às

características econômicas e produtivas regionais.

O caráter multidisciplinar e sistêmico são características fundamentais na

análise de uma cadeia produtiva, pois as questões que dizem respeito à cadeia

encontram-se tanto no âmbito tecnológico, quanto no econômico, gerencial,

institucional e sociológico, requerendo uma visão global da cadeia e de todos seus

segmentos (BASSANI et al., 2001).

De acordo com Lopes (2008), as vantagens produtivas e sociais do

bambu são bem destacadas, onde os aspectos produtivos estão diretamente

relacionados com os aspectos sociais de uma determinada região (Figura 11).

Com base na ilustração (Figura 11) é possível afirmar que o bambu oferta

elevadas vantagens sociais, por meio do envolvimento da comunidade, fator gerador

de emprego e renda; pelas vantagens ambientais, por meio do sequestro de

carbono, maior que o da madeira; e, as vantagens econômicas, pelo volume de

matéria-prima disponível de forma cíclica e regular.

41

Figura 11 - Aspectos produtivos X aspectos sociais do bambu e da madeira. Fonte: LOPES (2008)

Na Figura 12 é demonstrada uma cadeia produtiva implantada no

município de Fazenda Rio Grande-PR, que envolve cerca de 130 famílias, onde se

desenvolvem produtos da cadeia produtiva do bambu, gerando emprego e renda e

regenerando o meio ambiente. Um dos objetivos é ser um pólo-piloto que possa ser

replicado em várias regiões do Paraná.

Carbonização Processamento

Tratamento

BAMBU Brotos

In natura

Conserva

Produtos

alimentícios a

base de bambu

Brotos

desidratados e

defumados

Líquido

pirolenhoso

Bambu

tratado

Roliço

Estruturas

C. civil

Artesanato

Laminados

Móveis

paisagismo

Habitação

social

Construções

temáticas

Piche

Cola

natural

Preservação

colmos

Uso

medicinal

Defensivo

Agrícola

orgânico

CarvãoUso

medicinal

Correção

de solo

Saneamento

Agropecuária

orgânica

Carvão

churrasco Floresta

Plantada

de

bambu

Combate

à erosão

Turismo

rural

Sistemas

agroflorestais

Fornecimento

matéria-prima

Figura 12 - Conglomerado agroindustrial em torno do bambu na Colônia Parque Verde, Curitiba/PR. Fonte: CASAGRANDE Jr. (2005).

42

Neste caso (Figura 12) está representada uma cadeia produtiva com a

utilização das diversas possibilidades produtivas do bambu, desde ao tratamento

silvicultural, com estabelecimento de florestas plantadas, e as fases de

processamento tecnológico, na área alimentícia, energia e indústria.

Na Figura 13 é possível visualizar um diagrama padrão das Cadeias

Produtivas do Bambu. Segundo Lopes (2005) “[...] o esquema proposto possui um

caráter multidisciplinar e multi-institucional ao evidenciar o esforço de sistematização

de dados oriundos de diversas fontes de conhecimento [...]”.

Figura 10 - Diagrama padrão das cadeias produtivas que envolvem o bambu. Fonte: Lopes (2005).

De acordo com a figura acima, deve-se considerar que todas as etapas

são dependentes do uso final destinado ao bambu. Esta definição está

intrinsecamente ligada, também, ao tipo de bambu utilizado, e ao mercado.

Analisando as duas figuras pode-se observar que a cadeia produtiva do

bambu tem semelhanças com a estrutura da cadeia produtiva da madeira, porém o

que a diferencia é diversificação de sua produção.

Avaliando o atual estágio organizacional do mercado de produtos

madeireiros e não madeireiros no estado do Acre, e confrontando com as

experiências mencionadas neste trabalho, sugere-se que a estrutura básica inicial

43

para uso do bambu nativo tenha como base a capacidade produtiva instalada

(Gráfico 2).

GRÁFICO 2 - PROPOSTA DE CADEIA PRODUTIVA PARA O BAMBU NATIVO

Na proposta apresentada (Gráfico 2), a floresta nativa deverá suprir o

mercado com a matéria-prima, sendo que o viveiro florestal terá uma função

importante na reposição, manutenção e conservação do ambiente natural das

espécies. E, conforme mencionado anteriormente, por ser uma primeira ação de

organização da cadeia produtiva, os produtos que tendem a gerar neste momento

não visam o processamento de modo industrial, mas demandas focais, restritas ao

mercado local, com exceção do fornecimento de mudas e esterillas, que possuem

mercado em outros centros.

Também sugere-se que algumas ações de cunho normativo, como a

definição de legislação própria para o manejo e cultivo do bambu, e o incentivo e

fomento do desenvolvimento de tecnologias adequadas às condições locais.

44

7 OPORTUNIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COM BASE

NO BAMBU

Em 2006 foi criada a Rede Brasileira do Bambu – RBB, com objetivo de

estabelecer um padrão sistemático para o desenvolvimento das pesquisas em nível

nacional, congregando especialistas, empreendedores e instituições de pesquisa. Ao

mesmo tempo, aconteceu a formalização do Grupo de Trabalho do Bambu/AC, por

meio de Portaria Institucional, com a participação de diversos órgãos públicos,

instituições de pesquisa e instituição de ensino, como forma de fomentar as ações

locais em prol do desenvolvimento do bambu.

Após a realização do segundo seminário nacional, realizado em Rio

Branco/AC, em 2010, com a participação de mais de 300 pessoas, inclusive com

pesquisadores de várias regiões do Brasil, foram definidas algumas questões

prioritárias a serem atendidas pela RBB, entre as quais cita-se: a) a dificuldade da

produção de mudas em escala comercial para o plantio; b) a normatização pela

ABNT de normas para a construção civil com o uso do bambu; c) a introdução de

disciplinas conexas à temática do bambu nos currículos acadêmicos; e d) a

necessidade urgente da capacitação de pessoal especializado, além do treinamento

técnico de pessoas carentes visando sua profissionalização e valorização social

(MAGALHÃES e ALMEIDA, 2011).

No bojo dessas articulações nacionais, conforme o Site Ambiente Brasil

(2011), foi publicada no Diário Oficial da União – DOU, no dia 09 de setembro de

2011, a Lei do Bambu (Lei nº 12.484/2011), a qual institui a Política Nacional de

Incentivo ao Manejo Sustentado e ao Cultivo do Bambu (PNMCB). Essa Lei busca

incentivar o manejo sustentável e o cultivo somente das espécies nativas e entre os

agricultores familiares nas áreas de terras produtivas.

De acordo com essa nova Lei, o governo irá incentivar: a produção de

colmos, extração de brotos, obtenção de serviços ambientais, valorização desse

ativo ambiental como promoção de desenvolvimento, bem como um produto agro-

silvo-cultural e beneficiamento, privilegiando as regiões de maior ocorrência natural

da planta, além disso, está previsto o incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento

tecnológico (BORBA, 2011).

45

Esse fato vem a corroborar com a política internacional de cooperação

técnico-científico formalizado com o Governo Chinês, onde se prevê investimentos

conjuntos para a realização de intercâmbio de pesquisadores, com foco em

pesquisas sobre o bambu.

8 CONCLUSÃO

- O bambu se apresenta como uma matéria-prima com grande potencial

econômico, pela sua ocorrência em grande escala e pela sua diversificada linha de

aplicações. A sua localização também é um diferencial, por estar próximo às

principais rodovias estaduais e federais, facilitando o escoamento da produção;

- As características do bambu nativo, podem fazer desse material, um

material substituto para as mais diversas cadeias produtivas existentes. Sendo

necessário, num estágio inicial, fortalecer a cultura do uso do bambu com ações

básica, como o manejo e cultivo da espécie, e posteriormente, incluir no mercado a

produção de mudas, a comercialização de varas e/ou esterillas, produção de carvão

in natura, além de aplicações no artesanato.

- O ambiente institucional, com a convergência de ações institucionais

coordenadas pela Rede Brasileira do Bambu, favorece a discussão de um modelo

de cadeia produtiva do bambu, sendo necessário o investimento em pesquisas

sobre formas de manejo e cultivo das espécies regionais, e a capacitação de

produtores rurais no aproveitamento do bambu nativo.

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABIMCI. Estudo Setorial 2009 ano base 2008. Indústria de Madeira Processada

Mecanicamente. Disponível em

<http://www.abimci.com.br/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=28&

Itemid=37> Acesso em 02 de novembro de 2011.

ACRE. Governo do Estado do Acre. Programa Estadual de Zoneamento Ecológico-

Econômico do Estado do Acre. Zoneamento Ecológico-Econômico do Acre Fase

II: Documento Síntese – Escala 1:250.000. Rio Branco: SEMA, 2006. 354 p.

46

BALZON, D. R.; SILVA, J. C. G. L. da; SANTOS, A. J. dos. Aspectos

mercadológicos de produtos florestais não-madeireiros – análise

restrospectiva. FLORESTA 34(3), SET/DEZ 2004, 363-371, Curitiba/PR.

BARELLI, B. G. P. Design para a sustentabilidade: modelo de cadeia produtiva do bambu laminado colado (BLC) e seus produtos. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Design da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, campus de Bauru, como exigência para obtenção do título de Mestre em Design. Bauru/SP, 2009. 152 p. BASSANI, C. A. B.; ARAÚJO, J. A.; LAGARES, L. M.; SOARES, M. M.; BARRADAS, M. Metodologia do Programa SEBRAE: Aqüicultura. Brasília: Sebrae/NA, 2001. BERALDO, A. L.; AZZINI, A.; GHAVAMI, R.; PEREIRA, A. R. Bambu: características e aplicações. In: FREIRE, W. J.; BERALDO, A. L. Editor: Tecnologias e materiais alternativos de construção. Campinas, UNICAMP, 2003. BIAZUS, A.; da HORA, A. B.; LEITE, B. G. P. Panorama de mercado: celulose. BNDES Setorial 32, P. 311-370. 2010 BIAZUS, A.; da HORA, A. B.; LEITE, B. G. P. Panorama de mercado: painéis de madeira. BNDES Setorial 32, P. 49-90. 2010 BORBA, M. Governo federal aprova política nacional do bambu para erradicar pobreza. Site AMBIENTE BRASIL. Disponível em: <http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2011/09/10/74399-governo-federal-aprova-politica-nacional-do-bambu-para-erradicar-pobreza.html> Acesso em 10/09/2011.

BORGES, A. C. V. Coordenação Interinstitucional para o desenvolvimento

local: um estudo em Araçuaí, Minas Gerais. Dissertação apresentada à Escola

Brasileira de Administração Pública e de Empresas para a obtenção do grau de

Mestre em Administração Pública. Rio de Janeiro, 2008. 199 p.

CALAIS, D. Florestas energéticas no Brasil: demanda e disponibilidade.

Associação Mineira de Silvicultura – AMS. 2009.

CASAGRANDE JR., E. F. (coord.). O bambu como matéria-prima sustentável

para a geração de renda e inclusão social no munícipio de Fazenda Rio Grande

–Paraná. CEFET- PR, Curitiba, 2004. 12 p.

CASAGRANDE JR., E F. BAMBU – Matéria prima do século 21. In: Anais do 7º

SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE COLHEITA E TRANSPORTE FLORESTAL – SIF.

Vitória-ES. 2005. 14 p.

47

CASTAÑO, F. e MORENO, R. D. Guadua para todos – cultivo y

aprovechamento. Proyecto manejo sostenible de bosques de Colombia.

Bogotá, Colombia. 2004.

CARNEIRO, M. C. Enciclopédia da floresta, o alto Juruá: práticas e conhecimentos das populações. Companhia das letras. MMA. Brasília, 2002. 550p.

CASTRO, A. M. G. de. Cadeia produtiva e prospecção tecnológica como ferramenta para a gestão da competitividade. In: SINPÓSIO DE GESTÃO DE TECNOLOGIA, 22. Salvador, nov. 2002. Anais... São Paulo, FEA/USP, 2002.

CASTRO, A. M. G. de; LIMA, S. M. V.; GOEDERT, W. J. Cadeias produtivas e sistemas naturais – prospecção tecnológica. Brasília, Embrapa, 1998. 564 p.

DANTAS, A. B.; MILITO, C. M.; LUSTOSA, M. C. J.; TONHOLO, J. O uso do bambu na construção do desenvolvimento sustentável. Maceió: Instituto do Bambu, 2005. 84 p.

DFRS. Review of Developed Western Markets for Bamboo and Rattan Commodities

of Nepal. Market Development of Bamboo and Rattan Products with Potential

(MDBRPP) Project. Department of Forest Research and Survey, Kathmandu, Nepal.

2010.

Fundação de Tecnologia do Estado do Acre – FUNTAC. Manejo Florestal

Sustentável na Amazônia Brasileira: Floresta Estadual do Antimary – Acre –

Brasil/Projeto PD 94/90 – ITTO. FUNTAC, Rio Branco. 2004. 201 p.

GIL, A. C. Técnicas de pesquisa em economia. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1990.

195p.

GONÇALO, J. E; DE NEGRI, J. A.; PIRES, M. O.; MAGALHÃES, R. S.

Comercialização de produtos do uso sustentável da biodiversidade do Brasil.

Brasília: PNUD. 1999.

LOBOVIKOV, M.; PAUDEL, S.; PIAZZA, M.; REN, H.; WU, J.. World bamboo

resources: A thematic study prepared in the framework of Global Fores

Resources Assessment 2005. Roma: FAO, 2007. 73 P. (Non-wood Forest

Products 18).

LOPES, W. J. A CULTURA DO BAMBU: A formação de uma cadeia produtiva

alternativa para o desenvolvimento sustentável. Monografia submetida ao

Departamento de Ciências Econômicas para obtenção de carga horária na disciplina

CNM 5420 – Monografia. Florianópolis, 2008. 92 p.

MAGALHÃES, A. C. V. de; ALMEIDA, J. G. de (Org.). Anais do II Seminário Nacional do Bambu. Brasília: CPAB, Universidade de Brasília, 2011. 314 p.

48

MANHÃES, A. P. Caracterização da cadeia produtiva do bambu no Brasil: abordagem preliminar. Monografia apresentada ao Curso de Engenharia Florestal, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Florestal, Instituto de Florestas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Seropédica, 2008. 39 p.

MOIZÉS, F. A. Painéis de Bambu, uso e aplicações: uma experiência didática nos cursos de Design em Bauru, São Paulo. Bauru, SP. 2007. 116 p.

MURAD, J. R. de L. As propriedades físicas, mecânicas e meso-estrutural do bambu Guadua weberbaueri do Acre. Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil do Centro Técnico Científico da PUC-Rio. Rio de Janeiro, 2007. 120 p.

OSTAPIV, F. & FAGUNDES, E. D. Perspectivas para o desenvolvimento da cultura e da cadeia produtiva do bambu no Paraná, tendo como referência a inovação, a educação tecnológica e o modelo produtivo chinês. ATHENA • Revista Científica de Educação, v. 9, n. 9, jul./dez. 2007.

OSTAPIV, F.; SALAMON, C.; GONÇALVES, M. T. T. Cursos Tecnológicos de

bambu Guadua no Acre – Perspectivas Sustentáveis e Inovadoras. ATHENA •

Revista Científica de Educação, v. 10, n. 10, jan./jun. 2008.

PEREIRA, M. A. dos R. Bambu: espécies, características e aplicações. Departamento de Engenharia Mecânica/UNESP. Apostila. Bauru. 2001. 56 p.

PEREIRA, M. A. dos R. Projeto Bambu: manejo e produção do bambu gigante (Dendrocalamus giganteus) cultivado na Unesp/Campus de Bauru e determinação de suas características físicas e de resistência mecânica. Relatório Fapesp (2003/04323-7). 2006.

PEREIRA, M. A. dos R. & BERALDO, A. L. Bambu de corpo e alma. Bauru, SP: Canal6, 2007. 240 p.

PRESZNHUK, R.A.O. Estudo da viabilidade do filtro de carvão de bambu como pós-tratamento em estação de tratamento de esgoto por zona de raízes: tecnologia ambiental e socialmente adequada. 2004. 110p. Dissertação (Mestrado em Tecnologia) - Pós-Graduação em Tecnologia, Centro Federal de Educação e Tecnologia do Paraná.

SANTOS, A. J.; HILDEBRAND, E.; PACHECO, C. H. P.; PIRES, P. T. L.; ROCHADELLI, R. Produtos não madeireiros: conceituação, classificação, valoração e mercados. Revista Floresta 33(2) 215-224. 2003.

SILVA, L. M. S. da. Relações intersetoriais da economia acreana e sua inserção na economia brasileira: uma análise insumo-produto. Dissertação apresentada à Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, para obtenção ao título de Mestre em Ciências. Piracicaba, 2004. 184 p.

SILVEIRA, M.. A floresta aberta com bambu no sudoeste da amazônia: padrões e processos em múltiplas escalas. Tese de Doutorado, UNB, Brasília – DF, 2001.

49

SILVEIRA, M. Oferta de bambu (guadua spp.) nos vales dos rios Acre-Purus e estudos populacionais como base para a elaboração de um plano de manejo piloto do recurso. Relatório apresentado ao SEBRAE/AC. Rio Branco, 2006. 17 p. (não publicado)

SIMIONI, F. J. Análise diagnostica e prospectiva da cadeia produtiva de energia

de biomassa de origem florestal. Curitiba, 2007. 46p.

SIMIONI, F. J.; HOEFLICH, V. A.; SIQUEIRA, E. S.; BINOTTO, E. Análise

diagnóstica e prospectiva de cadeias produtivas: uma abordagem estratégica para o

desenvolvimento. In: Anais do XLV Congresso da Sociedade Brasileira de

Economia, Administração e Sociologia Rural, no período de 22 a 25 de julho de

2007. UEL – Londrina – PR.

SOARES, N. S.; OLIVEIRA, R. J. de; CARVALHO, K. H. A. de; SILVA, M. L. da;

JACOVINE, L. A. G.; VALVERDE, S. R. A cadeia produtiva da celulose e do papel

no Brasil. FLORESTA, Curitiba, PR, v. 40, n. 1, p. 1-22, jan./mar. 2010.

SOARES, N. S.; SOUSA, E. P. de; SILVA, M. L. da. Importância do setor florestal para a economia brasileira. In: Anais do XLVI Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural. Rio Branco, 2008. 16 p.

TORRICO, R. Plano de Negócios. ONG Associação Andiroba. Rio Branco – Acre,

2001. 97p.