5
4397 N. o 162 — 14-7-1999 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 3 — O disposto no presente artigo entra em vigor no dia 1 de Janeiro de 2000. Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 9 de Junho de 1999. — António Manuel de Oliveira Guter- res — Guilherme d’Oliveira Martins. Promulgado em 29 de Junho de 1999. Publique-se. O Presidente da República, JORGE SAMPAIO. Referendado em 1 de Julho de 1999. O Primeiro-Ministro, António Manuel de Oliveira Guterres. MINISTÉRIO DO TRABALHO E DA SOLIDARIEDADE Decreto-Lei n. o 265/99 de 14 de Julho O presente diploma tem por objectivo definir e regu- lar a protecção social a conceder a pensionistas em situa- ção de dependência, medida que se integra nas prio- ridades do Governo a favor das pessoas com mais graves carências sociais, porquanto se consubstancia na criação de uma prestação pecuniária cujo montante varia de acordo com os graus de dependência verificados. O seu âmbito pessoal é extensivo a pensionistas de invalidez, velhice e sobrevivência do regime geral de segurança social, do regime não contributivo e regimes equiparados, que satisfaçam as condições de dependên- cia fixadas na lei, mesmo que se encontrem a beneficiar de assistência em estabelecimento de apoio social, oficial ou particular sem fins lucrativos cujo funcionamento seja financiado pelo Estado ou por outras pessoas colec- tivas de direito público ou de direito privado e utilidade pública, o que antes não acontecia relativamente ao sub- sídio por assistência de terceira pessoa. A dificuldade de prever com absoluta precisão o uni- verso a abranger e o facto de se tratar de uma medida inovadora na nossa ordem jurídica aconselham que se fixem, para já, apenas dois graus de dependência, sem prejuízo de se prever que, após o 1. o ano de aplicação e com base na experiência obtida e em aprofundada análise do Conselho Médico Nacional do Sistema de Verificação de Incapacidade, se venha a proceder à revi- são dos graus de dependência, por forma a configurá-los com as situações de facto verificadas e com o seu impacte na população alvo da medida. Em correlação com a graduação da dependência, são fixados os montantes da prestação, com indexação ao valor legalmente fixado para a pensão social de invalidez e velhice do regime não contributivo de segurança social, montantes esses que, nesta fase, mantêm a diferenciação entre o regime geral, por um lado, e o regime especial das actividades agrícolas, regime não contributivo e regi- mes equiparados, por outro. A atribuição da prestação depende de requerimento e da certificação da situação de dependência e respec- tivos graus, realizada no âmbito do Sistema de Veri- ficação de Incapacidade. A apresentação do requerimento pode ser efectuada pelo interessado, pelos respectivos familiares ou outras pessoas ou instituições que lhes prestem ou se dispo- nham a prestar-lhes assistência. Aos pensionistas que sejam, à data da entrada em vigor deste diploma, titulares do subsídio por assistência de terceira pessoa, atribuído ao abrigo da legislação substituída pelo presente diploma, é garantido, oficio- samente, o direito ao 1. o escalão da prestação agora criada, de acordo com o regime aplicável, sem prejuízo de poderem requerer a alteração daquele escalão. No desenvolvimento do regime jurídico estabelecido pela Lei n. o 28/84, de 14 de Agosto, e nos termos da alínea c) do n. o 1 do artigo 198. o da Constituição, o Governo decreta, para valer como lei geral da República, o seguinte: CAPÍTULO I Objectivo, âmbito pessoal, natureza e caracterização da prestação Artigo 1. o Objectivo 1 — O presente diploma tem por objectivo definir e regular a protecção social das situações de depen- dência. 2 — A protecção referida no número anterior rea- liza-se pela atribuição de uma prestação pecuniária, de concessão continuada, designada por complemento por dependência. Artigo 2. o Âmbito pessoal São abrangidos pela protecção regulada no presente diploma os titulares do direito a pensões de invalidez, velhice e sobrevivência do regime geral de segurança social e das pensões do regime não contributivo e equi- parados que se encontrem em situação de dependência. Artigo 3. o Caracterização da dependência 1 — Para efeitos do presente diploma, consideram-se em situação de dependência os indivíduos que não pos- sam praticar com autonomia os actos indispensáveis à satisfação das necessidades básicas da vida quotidiana, carecendo da assistência de outrem. 2 — Consideram-se actos indispensáveis à satisfação das necessidades básicas da vida quotidiana, nomeada- mente, os relativos à realização dos serviços domésticos, à locomoção e cuidados de higiene. Artigo 4. o Graus de dependência Para efeitos da atribuição da prestação e da deter- minação do respectivo montante, consideram-se os seguintes graus de dependência: 1. o grau — indivíduos que não possam praticar, com autonomia, os actos indispensáveis à satis- fação de necessidades básicas da vida quotidiana,

DL_265_99

Embed Size (px)

DESCRIPTION

proteção social

Citation preview

  • 4397N.o 162 14-7-1999 DIRIO DA REPBLICA I SRIE-A

    3 O disposto no presente artigo entra em vigorno dia 1 de Janeiro de 2000.

    Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 9de Junho de 1999. Antnio Manuel de Oliveira Guter-res Guilherme dOliveira Martins.

    Promulgado em 29 de Junho de 1999.

    Publique-se.

    O Presidente da Repblica, JORGE SAMPAIO.

    Referendado em 1 de Julho de 1999.

    O Primeiro-Ministro, Antnio Manuel de OliveiraGuterres.

    MINISTRIO DO TRABALHO E DA SOLIDARIEDADE

    Decreto-Lei n.o 265/99

    de 14 de Julho

    O presente diploma tem por objectivo definir e regu-lar a proteco social a conceder a pensionistas em situa-o de dependncia, medida que se integra nas prio-ridades do Governo a favor das pessoas com mais gravescarncias sociais, porquanto se consubstancia na criaode uma prestao pecuniria cujo montante varia deacordo com os graus de dependncia verificados.

    O seu mbito pessoal extensivo a pensionistas deinvalidez, velhice e sobrevivncia do regime geral desegurana social, do regime no contributivo e regimesequiparados, que satisfaam as condies de dependn-cia fixadas na lei, mesmo que se encontrem a beneficiarde assistncia em estabelecimento de apoio social, oficialou particular sem fins lucrativos cujo funcionamentoseja financiado pelo Estado ou por outras pessoas colec-tivas de direito pblico ou de direito privado e utilidadepblica, o que antes no acontecia relativamente ao sub-sdio por assistncia de terceira pessoa.

    A dificuldade de prever com absoluta preciso o uni-verso a abranger e o facto de se tratar de uma medidainovadora na nossa ordem jurdica aconselham que sefixem, para j, apenas dois graus de dependncia, semprejuzo de se prever que, aps o 1.o ano de aplicaoe com base na experincia obtida e em aprofundadaanlise do Conselho Mdico Nacional do Sistema deVerificao de Incapacidade, se venha a proceder revi-so dos graus de dependncia, por forma a configur-loscom as situaes de facto verificadas e com o seu impactena populao alvo da medida.

    Em correlao com a graduao da dependncia, sofixados os montantes da prestao, com indexao aovalor legalmente fixado para a penso social de invalideze velhice do regime no contributivo de segurana social,montantes esses que, nesta fase, mantm a diferenciaoentre o regime geral, por um lado, e o regime especialdas actividades agrcolas, regime no contributivo e regi-mes equiparados, por outro.

    A atribuio da prestao depende de requerimentoe da certificao da situao de dependncia e respec-tivos graus, realizada no mbito do Sistema de Veri-ficao de Incapacidade.

    A apresentao do requerimento pode ser efectuadapelo interessado, pelos respectivos familiares ou outraspessoas ou instituies que lhes prestem ou se dispo-nham a prestar-lhes assistncia.

    Aos pensionistas que sejam, data da entrada emvigor deste diploma, titulares do subsdio por assistnciade terceira pessoa, atribudo ao abrigo da legislaosubstituda pelo presente diploma, garantido, oficio-samente, o direito ao 1.o escalo da prestao agoracriada, de acordo com o regime aplicvel, sem prejuzode poderem requerer a alterao daquele escalo.

    No desenvolvimento do regime jurdico estabelecidopela Lei n.o 28/84, de 14 de Agosto, e nos termos daalnea c) do n.o 1 do artigo 198.o da Constituio, oGoverno decreta, para valer como lei geral da Repblica,o seguinte:

    CAPTULO I

    Objectivo, mbito pessoal, naturezae caracterizao da prestao

    Artigo 1.o

    Objectivo

    1 O presente diploma tem por objectivo definire regular a proteco social das situaes de depen-dncia.

    2 A proteco referida no nmero anterior rea-liza-se pela atribuio de uma prestao pecuniria, deconcesso continuada, designada por complemento pordependncia.

    Artigo 2.o

    mbito pessoal

    So abrangidos pela proteco regulada no presentediploma os titulares do direito a penses de invalidez,velhice e sobrevivncia do regime geral de seguranasocial e das penses do regime no contributivo e equi-parados que se encontrem em situao de dependncia.

    Artigo 3.o

    Caracterizao da dependncia

    1 Para efeitos do presente diploma, consideram-seem situao de dependncia os indivduos que no pos-sam praticar com autonomia os actos indispensveis satisfao das necessidades bsicas da vida quotidiana,carecendo da assistncia de outrem.

    2 Consideram-se actos indispensveis satisfaodas necessidades bsicas da vida quotidiana, nomeada-mente, os relativos realizao dos servios domsticos, locomoo e cuidados de higiene.

    Artigo 4.o

    Graus de dependncia

    Para efeitos da atribuio da prestao e da deter-minao do respectivo montante, consideram-se osseguintes graus de dependncia:

    1.o grau indivduos que no possam praticar,com autonomia, os actos indispensveis satis-fao de necessidades bsicas da vida quotidiana,

  • 4398 DIRIO DA REPBLICA I SRIE-A N.o 162 14-7-1999

    designadamente actos relativos alimentao oulocomoo ou cuidados de higiene pessoal;

    2.o grau indivduos que acumulem as situaesde dependncia que caracterizam o 1.o grau ese encontrem acamados ou apresentem quadrosde demncia grave.

    2 No final do 1.o ano de vigncia do presentediploma ser avaliada a graduao das situaes dedependncia prevista no nmero anterior, podendo vira ser introduzidos graus intermdios, se tal se justificar.

    Artigo 5.o

    Modalidades de assistncia

    1 A assistncia aos pensionistas em situao dedependncia pode ser assegurada atravs da participa-o, sucessiva e conjugada, de vrias pessoas, incluindoa prestada no mbito de apoio domicilirio ou de outrosservios de ajuda a pessoas em situao de dependncia,tais como os servios de telealarme.

    2 Para efeito da atribuio do complemento pordependncia relevante a assistncia prestada por qual-quer pessoa que se no encontre carecida de autonomiapara a realizao dos actos bsicos da vida diria,incluindo os familiares do titular da prestao.

    3 , igualmente, relevante para a atribuio daprestao a assistncia prestada em estabelecimento deapoio social, oficial ou particular com ou sem finslucrativos.

    CAPTULO II

    Condies de atribuio e determinao de montantes

    Artigo 6.o

    Condies de atribuio

    Constituem condies para atribuio do comple-mento por dependncia a manifestao de vontade dointeressado, a verificao da situao de pensionista ea certificao da situao de dependncia e respectivograu.

    Artigo 7.o

    Montantes

    1 Os montantes da prestao so indexados aovalor legalmente fixado para a penso social de invalideze velhice do regime no contributivo e variam, esca-lonados de acordo com o grau de dependncia, da formaseguinte:

    a) Pensionistas do regime geral de seguranasocial:

    50 % do montante da penso social situa-o de dependncia do 1.o grau;

    80 % do mesmo valor situao de depen-dncia do 2.o grau;

    b) Pensionistas do regime especial das actividadesagrcolas, do regime no contributivo e regimesequiparados:

    45 % do montante da penso social situa-o de dependncia do 1 .o grau;

    75 % do mesmo valor situao de depen-dncia do 2.o grau.

    2 Nos casos em que o titular da prestao beneficiede assistncia prestada em estabelecimento de apoiosocial, oficial ou particular sem fins lucrativos, cujo fun-cionamento seja financiado pelo Estado ou por outraspessoas colectivas de direito pblico ou de direito pri-vado e utilidade pblica, o montante do complementopor dependncia o do 1.o escalo do regime que lhecorresponda.

    Artigo 8.o

    Montantes adicionais

    Nos meses de Julho e Dezembro de cada ano con-cedida uma prestao adicional de montante igual aodo complemento por dependncia a que o pensionistatenha direito.

    CAPTULO III

    Durao da prestao

    Artigo 9.o

    Incio da prestao

    O incio do complemento por dependncia verifica-sea partir do ms seguinte ao da apresentao do res-pectivo requerimento desde que se comprove que o inte-ressado rene j todas as condies de atribuio daprestao ou, caso contrrio, desde o ms seguintequele em que as mesmas se verifiquem.

    Artigo 10.o

    Suspenso da prestao

    A concesso do complemento por dependncias sus-pensa quando:

    a) Ocorra uma das causas determinantes da sus-penso da concesso das penses previstas noartigo 2.o, nos termos dos respectivos regimesjurdicos;

    b) Se verifique que no est a ser prestada ao titu-lar da prestao a assistncia nos termos decla-rados;

    c) O titular adopte procedimentos que impeamou retardem a avaliao da subsistncia da situa-o de dependncia, nomeadamente a ausnciainjustificada a exame mdico e a no actuaopara obteno de elementos clnicos.

    Artigo 11.o

    Cessao da prestao

    1 O direito prestao cessa no ltimo dia do msem que deixar de se verificar algum dos condicionalismosdeterminantes da sua atribuio que no d lugar sus-penso do direito.

    2 A cessao do direito prestao decorrente dareviso da situao de dependncia produz efeitos apartir do ms seguinte ao da comunicao do facto aoseu titular pela instituio de segurana social.

  • 4399N.o 162 14-7-1999 DIRIO DA REPBLICA I SRIE-A

    CAPTULO IV

    Acumulao do complemento por dependncia

    Artigo 12.o

    Acumulao com rendimentos de trabalho

    O complemento por dependncia no cumulvelcom rendimentos de trabalho.

    Artigo 13.o

    Acumulao de prestaes

    1 No permitida a acumulao de complementospor dependncia em relao ao mesmo titular.

    2 Os pensionistas que renam as condies de atri-buio do complemento por dependncia no mbito demais de um regime podem optar pela atribuio da pres-tao que lhes seja mais favorvel.

    3 Sem prejuzo do disposto no n.o 5, no per-mitida a acumulao em relao ao mesmo titular entreo complemento por dependncia e prestao anloga,atribuda no mbito de regimes diferentes, salvo se ovalor desta for inferior, caso em que o montante daprestao a atribuir ser igual respectiva diferena.

    4 Considera-se prestao anloga a que tenha porobjectivo a proteco na situao de dependncia.

    5 Os pensionistas que renam as condies de atri-buio do complemento por dependncia e do subsdiopor assistncia de terceira pessoa que integra a pro-teco por encargos familiares podem optar por umadaquelas prestaes.

    CAPTULO V

    Processamento e administrao

    SECO I

    Gesto das prestaes

    Artigo 14.o

    Instituies competentes

    A gesto do complemento por dependncia e a apli-cao da respectiva legislao competem s instituiesgestoras da penso de que o interessado seja titular.

    Artigo 15.o

    Requerimento

    A manifestao de vontade a que se refere o artigo 6.oconsubstancia-se na apresentao de requerimento.

    Artigo 16.o

    Legitimidade para requerer

    Tm legitimidade para requerer a prestao, paraalm dos interessados na sua atribuio, os respectivosfamiliares ou outras pessoas ou instituies que lhesprestem ou se disponham a prestar-lhes assistncia.

    Artigo 17.o

    Apresentao do requerimento

    1 O complemento por dependncia requerido nainstituio de segurana social da rea da residnciado interessado.

    2 O requerimento pode ser apresentado conjun-tamente com o da penso a que o interessado tenhadireito ou, a todo o tempo, se posteriormente.

    3 No caso de o interessado residir no estrangeiro,o requerimento entregue nas instituies previstas parao efeito nos instrumentos internacionais aplicveis e,na sua falta, na instituio gestora da penso a queo mesmo tenha direito.

    Artigo 18.o

    Elementos probatrios

    1 O requerimento deve ser acompanhado dosseguintes elementos probatrios:

    a) Declarao referente modalidade de assistn-cia que ou ir ser prestada ao interessado,da qual conste a identificao das pessoas ouentidades que por ela se responsabilizam e ascondies especficas da prestao daquelaassistncia;

    b) Informao mdica, devidamente fundamen-tada e instruda, relativa situao de depen-dncia do interessado;

    c) Declarao de inacumulabilidade, da qual constese foi requerida ou atribuda prestao idnticaou anloga em relao ao mesmo titular e, emcaso afirmativo, por que regime;

    d) Declarao de inexistncia de rendimentos detrabalho.

    2 Nos casos em que a situao de dependnciadecorra de acto de terceiro os interessados devem, ainda,declarar:

    a) Quais os eventuais responsveis;b) Se houve lugar a indemnizao e, em caso afir-

    mativo, o respectivo montante.

    Artigo 19.o

    Certificao da situao de dependncia

    A certificao da situao de dependncia para a atri-buio da prestao regulada no presente diploma realizada no mbito do Sistema de Verificao deIncapacidade.

    Artigo 20.o

    Avaliao da situao de dependncia

    A avaliao da situao de dependncia e a respectivagraduao devem ser efectuadas atendendo idade dosinteressados e s suas capacidades fsicas, orgnicas, an-tomo-funcionais, psquicas e psicolgicas, para a rea-lizao autnoma dos actos indispensveis satisfaodas necessidades bsicas da vida quotidiana, definidosnos termos dos artigos 3.o e 4.o

  • 4400 DIRIO DA REPBLICA I SRIE-A N.o 162 14-7-1999

    Artigo 21.o

    Reviso da situao de dependncia

    Os titulares do complemento por dependncia podemser sujeitos a exames de reviso, a seu pedido ou pordeciso das instituies competentes, ressalvadas, nestecaso, as situaes de atribuio oficiosa.

    Artigo 22.o

    Declarao de exerccio de actividade profissional

    Os titulares de complemento por dependncia devemcomunicar instituio que lhe concede a prestaoo incio de actividade profissional.

    Artigo 23.o

    Declarao de titularidade de prestao idntica ou anloga

    Os titulares de complemento por dependncia devemcomunicar se requereram ou lhes foi atribuda prestaoidntica ou anloga no mbito dos mesmos ou de dife-rentes regimes.

    Artigo 24.o

    Declarao das situaes determinantes da suspenso ou cessao

    Os titulares do complemento por dependncia devemdeclarar qualquer situao determinante da suspensoou da cessao da prestao no prazo de 30 dias apsa ocorrncia do respectivo evento, se outro prazo lhesno for fixado pela instituio competente.

    Artigo 25.o

    Contra-ordenaes

    As falsas declaraes ou omisses relativas s obri-gaes dos requerentes e titulares da prestao previstano presente diploma de que resulte a concesso indevidada mesma so punveis com coima de 20 000$ a 50 000$.

    SECO II

    Atribuio e pagamento da prestao

    Artigo 26.o

    Deciso expressa

    A atribuio do complemento por dependncia objecto de deciso expressa da instituio competente.

    Artigo 27.o

    Comunicao da atribuio da prestao

    As instituies competentes devem notificar os inte-ressados da atribuio e do montante da prestao, bemcomo da data de incio a que a mesma se reporta.

    Artigo 28.o

    Comunicao da no atribuio

    1 Se na apreciao do processo se verificar queno se encontram reunidas as condies para a atri-buio da prestao, devem as instituies competentesinformar o requerente:

    a) Da falta das mesmas condies;b) De que deve fazer prova da existncia das refe-

    ridas condies legais no prazo que lhe for esta-belecido para o efeito;

    c) De que o pedido se considera indeferido nodia seguinte ao termo do prazo estabelecido,desde que durante o mesmo no tenha proce-dido comprovao respectiva.

    2 Sempre que os elementos remetidos pelo reque-rente no permitam a verificao das condies de atri-buio da prestao, h lugar emisso de deciso, devi-damente fundamentada.

    Artigo 29.o

    Pagamento das prestaes

    1 As prestaes so pagas aos respectivos titulares,salvo o disposto no nmero seguinte.

    2 As prestaes so pagas s pessoas ou entidadesque prestem assistncia aos titulares do complementopor dependncia, desde que consideradas idneas pelainstituio competente para atribuio da prestao, nosseguintes casos:

    a) Quando os titulares da prestao sejam inca-pazes e se encontrem a aguardar a nomeaodo respectivo representante legal;

    b) Quando os titulares da prestao se encontremimpossibilitados, de modo permanente e dura-douro, de receber as mesmas ou se encontreminternados em estabelecimentos de apoio socialou equiparados.

    Artigo 30.o

    Prazo de prescrio

    1 Para efeito da prescrio do direito s prestaes,considera-se que a contagem do respectivo prazo se ini-cia no dia seguinte quele em que as mesmas forampostas a pagamento.

    2 So equiparadas a prestaes postas a pagamentoas que se encontrem legalmente suspensas por incum-primento de obrigaes imputvel ao seu titular.

    CAPTULO VI

    Disposies finais e transitrias

    Artigo 31.o

    Regulamentao

    1 A regulamentao das normas constantes do pre-sente diploma constar de decreto regulamentar.

    2 As normas relativas aos procedimentos a seguir,no mbito do presente diploma e dos seus regulamentos,sero aprovadas por portaria do Ministro do Trabalhoe da Solidariedade.

    Artigo 32.o

    Converso do subsdio por assistncia de terceira pessoa

    1 Consideram-se convertidos em complemento pordependncia, a partir da data do incio da vigncia dopresente diploma, os subsdios por assistncia de terceirapessoa atribudos a pensionistas, ao abrigo da anteriorlegislao.

  • 4401N.o 162 14-7-1999 DIRIO DA REPBLICA I SRIE-A

    2 A converso a que se refere o nmero anterior feita para o 1.o escalo do regime correspondente situao em causa, sem prejuzo de o interessado poderrequerer a sua incluso em diferente escalo.

    3 Nos casos previstos no nmero anterior, em queseja apresentado requerimento para alterao do esca-lo, os requerentes esto dispensados de apresentar ainformao referida na alnea b) do n.o 1 do artigo 18.ose a sua situao de dependncia no tiver sofrido alte-rao, podendo nesses casos a certificao ser efectuadacom base nos elementos constantes do anterior processode verificao.

    Artigo 33.o

    Remisso

    As referncias feitas na legislao em vigor s pres-taes convertidas nos termos do nmero anteriordevem entender-se como feitas para as correspondentesdisposies do presente diploma.

    Artigo 34.o

    Legislao revogada

    1 O presente diploma revoga os artigos 5.o, n.o 2,52.o, 84.o e 88.o do Decreto-Lei n.o 329/93, de 25 deSetembro, bem como a seco IV do captulo II, a sec-o II do captulo III e a seco III do captulo V domesmo diploma, e respectiva legislao complementar.

    2 So tambm revogados os artigos 4.o, n.o 3, e52.o do Decreto-Lei n.o 322/90, de 18 de Outubro, bemcomo a subseco III da seco II do captulo II, a seco IIdo captulo III e a seco II do captulo IV do mesmodiploma, e respectiva legislao complementar.

    3 revogado ainda o artigo 11.o do Decreto-Lein.o 160/80, de 27 de Maio, com a redaco dada peloDecreto-Lei n.o 133/97, de 30 de Maio, apenas na partereferente a pensionistas.

    Artigo 35.o

    Produo de efeitos

    O regime estabelecido no presente diploma aplica-se:

    a) s prestaes requeridas aps a sua entrada emvigor;

    b) s relaes jurdicas prestacionais constitudascom o mesmo objectivo ao abrigo de legislaoanterior e que se mantenham na vigncia dalei nova.

    Artigo 36.o

    Entrada em vigor

    O presente diploma entra em vigor no dia 1 de Agostode 1999.

    Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 2de Junho de 1999. Antnio Manuel de Oliveira Guter-res Eduardo Lus Barreto Ferro Rodrigues.

    Promulgado em 29 de Junho de 1999.

    Publique-se.

    O Presidente da Repblica, JORGE SAMPAIO.

    Referendado em 1 de Julho de 1999.

    O Primeiro-Ministro, Antnio Manuel de OliveiraGuterres.

    TRIBUNAL CONSTITUCIONAL

    Acrdo n.o 331/99 Processo n.o 57/99

    Acordam, em plenrio, no Tribunal Constitucional:

    I O pedido

    1 O Ministrio Pblico junto do Tribunal Cons-titucional requereu, ao abrigo dos artigos 281.o, n.o 3,da Constituio e 82.o da Lei do Tribunal Constitucional,a apreciao e declarao, com fora obrigatria geral,da inconstitucionalidade da norma constante doartigo 8.o, n.o 2, do Cdigo das Expropriaes, aprovadopelo Decreto-Lei n.o 438/91, de 9 de Novembro, nadimenso em que no permite que haja indemnizaopelas servides fixadas directamente na lei que incidamsobre a parte sobrante do prdio expropriado, no mbitode expropriao parcial, desde que a parcela sujeita aservido j tivesse, anteriormente ao processo expro-priativo, aptido edificativa.

    O requerente invocou como fundamento do seupedido os Acrdos n.os 193/98, de 19 de Fevereiro,614/98, de 21 de Outubro, e 740/98, de 16 de Dezembro,que julgaram a referida norma inconstitucional, por vio-lao dos artigos 13.o, n.o 1, e 62.o, n.o 2, da Constituio.No primeiro aresto, o Tribunal Constitucional aprecioua conformidade Constituio do artigo 8.o, n.o 2, doCdigo das Expropriaes de 1991, enquanto no per-mite que haja indemnizao pelas servides fixadasdirectamente na lei, desde que essa servido resulte paraa totalidade da parte sobrante de um prdio na sequn-cia de um processo expropriativo incidente sobre partede tal prdio, quando este, anteriormente quele pro-cesso, tivesse j aptido edificante. Nos Acrdosn.os 614/98 e 740/98, o Tribunal considerou inconsti-tucional a norma em questo enquanto no permiteque haja indemnizao pelas servides legais, desde queessa servido afecte a parte sobrante de um prdio nasequncia de um processo expropriativo incidente sobreparte de tal prdio.

    O Ministrio Pblico, antes da notificao da entidadeemitente da norma em apreciao, requereu, nos termosdo artigo 268.o do Cdigo de Processo Civil (que con-siderou analogicamente aplicvel), que o processoseguisse tendo como fundamento o decidido nos Acr-dos n.os 614/98, 740/98 e 41/99 (e j no o Acrdon.o 193/98), em virtude de no ltimo aresto citado (Acr-do n.o 41/99) o Tribunal Constitucional, semelhanado que aconteceu nos Acrdos n.os 614/98 e 740/98,no ter feito constar da deciso a referncia totalidadeda parte sobrante do prdio parcialmente expropriado.Deste modo, o Ministrio Pblico pretendeu que oalcance da declarao de inconstitucionalidade tivesseuma dimenso diversa, mais ampliada do que aquelaque resultaria da referncia totalidade da partesobrante.

    O Primeiro-Ministro foi notificado, nos termos e paraos efeitos dos artigos 54.o e 57.o, n.o 2, da Lei do TribunalConstitucional. Em resposta, pronunciou-se no sentidoda no inconstitucionalidade da norma contida no n.o 2