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DO CAIS DA SAGRAÇÃO AO PORTO DO ITAQUI: a decadência da Praia Grande e a ascensão do “Maranhão Novo” Ed Wilson Ferreira ARAUJO 1 Marizélia Rodrigues Costa RIBEIRO 2 Resumo [comunicação oral] O artigo aborda o reordenamento espacial de São Luís, tomando como referência o romance “Cais da Sagração” (1971), do escritor Josué Montello, cujo centenário de nascimento é comemorado em 2017. A personagem principal, Mestre Severino, rememora o contraste entre a decadência e o período de pujança comercial da Praia Grande e portuária do Cais da Sagração, face à construção do Porto do Itaqui. Tomando como referência as memórias de Mestre Severino, o artigo interpreta sua narrativa no âmbito do “Maranhão Novo” e do processo de modernização conservadora implantada a partir da segunda metade da década de 1960, com a eleição do governador José Sarney. Palavras-chave: Cais da Sagração; decadência; Maranhão Novo; Praia Grande; Porto do Itaqui. Abstract The article deals with the spatial reorganization of São Luís, taking as a reference the novel "Cais da Sagração" (1971) by the writer Josué Montello, whose centenary of birth is celebrated in 2017. The main character, Mestre Severino, recalls the contrast between Decay and the period of commercial strength of Praia Grande and port of Cais da Sagração, in view of the construction of the Port of Itaqui. Taking as a reference the memories of Mestre Severino, the article interprets his narrative in the scope of the "New Maranhão" and the process of conservative modernization implanted from the second half of the 1960s, with the election of the governor José Sarney. Keywords: Quay of the Sacrament; decadence; New Maranhão; Big beach; Port of Itaqui. 1 Jornalista. Doutor em Comunicação (PUCRS). Universidade Federal do Maranhão UFMA. E-mail: [email protected] 2 Médica. Doutora em Políticas Públicas (UFMA). Universidade Federal do Maranhão UFMA. E-mail: [email protected]

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DO CAIS DA SAGRAÇÃO AO PORTO DO ITAQUI: a decadência da Praia Grande e a

ascensão do “Maranhão Novo”

Ed Wilson Ferreira ARAUJO1

Marizélia Rodrigues Costa RIBEIRO2

Resumo [comunicação oral] O artigo aborda o reordenamento espacial de São Luís, tomando como referência o romance “Cais da Sagração” (1971), do escritor Josué Montello, cujo centenário de nascimento é comemorado em 2017. A personagem principal, Mestre Severino, rememora o contraste entre a decadência e o período de pujança comercial da Praia Grande e portuária do Cais da Sagração, face à construção do Porto do Itaqui. Tomando como referência as memórias de Mestre Severino, o artigo interpreta sua narrativa no âmbito do “Maranhão Novo” e do processo de modernização conservadora implantada a partir da segunda metade da década de 1960, com a eleição do governador José Sarney. Palavras-chave: Cais da Sagração; decadência; Maranhão Novo; Praia Grande; Porto do Itaqui.

Abstract The article deals with the spatial reorganization of São Luís, taking as a reference the novel "Cais da Sagração" (1971) by the writer Josué Montello, whose centenary of birth is celebrated in 2017. The main character, Mestre Severino, recalls the contrast between Decay and the period of commercial strength of Praia Grande and port of Cais da Sagração, in view of the construction of the Port of Itaqui. Taking as a reference the memories of Mestre Severino, the article interprets his narrative in the scope of the "New Maranhão" and the process of conservative modernization implanted from the second half of the 1960s, with the election of the governor José Sarney.

Keywords: Quay of the Sacrament; decadence; New Maranhão; Big beach; Port of Itaqui.

1 Jornalista. Doutor em Comunicação (PUCRS). Universidade Federal do Maranhão – UFMA. E-mail:

[email protected] 2 Médica. Doutora em Políticas Públicas (UFMA). Universidade Federal do Maranhão – UFMA. E-mail:

[email protected]

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I. INTRODUÇÃO

Em 2017 é celebrado o centenário do escritor maranhense Josué

Montello3, nascido em 21 de agosto de 1917. Na sua vasta obra literária4, a cidade

de São Luís é palco das narrativas que recortam paisagens, cenários e personagens

marcantes no processo de transformação da capital do Maranhão.

Neste artigo, tomamos como referência o romance Cais da Sagração,

escrito em Paris e publicado em 1971. A obra apresenta como personagem central

Mestre Severino, barqueiro experiente e usuário constante do principal atracadouro

das embarcações na cidade de São Luís – o Cais da Sagração, que compreende na

atualidade toda a extensão da avenida Beira-Mar, entre a localidade Jenipapeiro e a

rampa Campos Melo.

As memórias de Mestre Severino são recorrentes ao tempo em que o

Cais da Sagração representava a pujança econômica de São Luís, por ser a

referência do comércio na chamada Praia Grande5, território de fluxo de pessoas e

mercadorias que abasteciam os armazéns. No século XVIII, a Praia Grande era

também o ponto de concentração dos órgãos de controle e fiscalização do comércio,

pois nesse ambiente estavam localizados a Alfândega e o Tesouro Estadual,

contíguos à praça Pedro II, em cujo entorno estão, ainda hoje, as representações

dos poderes oficiais no Maranhão: o Palácio dos Leões, sede do Governo do

Estado; o Palácio La Ravardière, sede da Prefeitura de São Luís; o Tribunal de

Justiça; e a Arquidiocese de São Luís.

Na metade do século XVIII, as cidades de São Luís e Alcântara eram

polos de prosperidades econômica, urbana e cultural (VIEIRA, 2008) do Maranhão,

3 Josué Montello foi jornalista, professor, romancista, cronista, ensaísta, historiador, orador, teatrólogo

e memorialista. Passou sua infância e juventude em São Luís. No começo de 1936, mudou-se para Belém, dali saindo com destino ao Rio de Janeiro, em dezembro do mesmo ano. Morou também no Peru de 1953 a 1955, como Catedrático Honorário da Universidade Maior de São Marcos, de Lima; em Portugal, em 1957, a convite do Itamaraty, regeu a Cátedra de Estudos de Lisboa, na Faculdade de Letras; em Madri, em 1957, como professor de Cátedra de Estudos Brasileiros pelo Itamaraty; em Paris como Conselheiro Cultural da Embaixada do Brasil de 1968 a 1970. De 1985 a 1989 exerceu o cargo de Embaixador do Brasil junto à Unesco, em Paris. Foi presidente da Academia Brasileira de Letras, de 1993 a 1995. Faleceu em 15 de março de 2006. 4 A obra literária de Josué Montello eleva-se a 160 títulos em vários gêneros, entre eles: romances,

ensaios, crônicas, história, história literária, discursos, antologias, educação, novelas, teatro, biblioteconomia, literatura infantil e juvenil, memórias, prefácios, edições para cegos e cinema. Foi colaborador do Jornal do Brasil e também da Revista Manchete. 5 Em 1987, o Governo do Maranhão implantou o “Projeto Reviver”, com o objetivo de recuperar e

revitalizar o conjunto arquitetônico do Centro Histórico de São Luís. Em 1998 a cidade recebeu da Unesco o título de Patrimônio da Humanidade.

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fruto do modelo agro-exportador. Esse cenário muda ao fim do século XIX e início do

XX, quando o Cais da Sagração já era uma página virada como a principal

referência portuária e comercial de São Luís. Assim, as memórias de Mestre

Severino davam conta de um passado de glórias da Praia Grande, que ele

recordava em reflexões solitárias ou em conversas com amigos pelas ruas e becos

da cidade velha.

As saudosas reflexões de Mestre Severino sempre atribuíam a decadência do

Cais da Sagração à construção do Porto do Itaqui, na mesma região onde atualmente estão

localizados o terminal de ferry-boat da Ponta da Madeira, o Consórcio de Alumínio do

Maranhão (Alumar) e o complexo ferroviário-portuário da mineradora Vale (antiga

Companhia Vale do Rio Doce – CVRD), um dos desdobramentos da promessa de um

“Maranhão Novo”, assunto recorrente no romance Cais da Sagração.

No centenário de nascimento de Josué Montello, este estudo analisa o

processo de reordenamento espacial em São Luís, sustentado nas reflexões da

personagem Mestre Severino sobre a decadência do Cais da Sagração e a

perspectiva do “Maranhão Novo”, que vem a ser o bordão publicitário do então

governador do Maranhão, José Sarney, na metade dos anos de 1960.

O artigo ampara-se em análise literária, histórica e econômico-política que

embalaram o redimensionamento territorial de São Luís. Para tal finalidade, os

autores utilizam o discurso de Mestre Severino na obra montelliana Cais da

Sagração, que se enquadra na perspectiva da decadência da Praia Grande e

ascensão do Porto do Itaqui.

2. O PORTO DO ITAQUI NO “MARANHÃO NOVO” DE JOSÉ SARNEY

Para circunstanciar este artigo, é preciso recorrer ao processo de

constituição político-eleitoral do Maranhão, no período de quase duas décadas sob o

domínio do senador Victorino Freire (1946-1965) até o mandato de José Sarney

(1966-1970) no Governo do Estado. Essa passagem é necessária para

compreender a conjuntura política que marca o lançamento do livro Cais da

Sagração, em São Luís, em 1971.

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Segundo Costa (1997), o jovem José Sarney inicialmente transitava na

vida cultural e política local por dentro do grupo do senador Victorino Freire,

reunindo forças para derrotá-lo e assumir a hegemonia no Maranhão. É necessário

observar também que o processo de ascensão da liderança de José Sarney dava-se

pela articulação local ao governo federal, a partir da deflagração do Golpe de 1964,

que instaurou a ditadura militar durante 21 anos no Brasil. Sustentado no esteio dos

ditadores, o governador do Maranhão empossado em 1966 combinava a

incorporação do campo político conservador herdado de Victorino Freire ao poder

dos generais no plano nacional.

De imediato, foi desencadeada uma forte onda repressiva que atingiu, no Maranhão, os setores nacionalistas e de esquerda, capitaneados por Neiva Moreira e Maria Aragão. Assim, José Sarney, com uma postura mais moderada, se consolidou como uma das principais lideranças da oposição, tornando-se o seu candidato a governador nas eleições de 1965, com a proposta de um “Maranhão Novo”. (COSTA, 1997, p. 5)

Assim, o “Maranhão Novo” é fruto da ascensão de uma liderança política

articulada ao momento anti-democrático da ditadura militar, essencial tanto na vitória

eleitoral quanto na consolidação do projeto oligárquico que se desdobraria durante

quase cinco décadas no Maranhão, embora o conjunto enunciativo de José Sarney,

marcadamente no seu ato de posse, tenha sido a superação do atraso, a

inauguração de um novo momento administrativo, a inserção em um patamar do

progresso.

Ao derrotar Vitorino Freire, embalado pelo slogan “Maranhão Novo”, José

Sarney assumiu o poder mediante a promessa de combater a corrupção e a

violência e tirar o Maranhão do atraso. Seu discurso de posse, registrado na

reportagem cinematográfica6 de Glauber Rocha, intitulada “Maranhão 66”, registrou

vários enunciados fazendo referência ao posicionamento do Maranhão no cenário

regional e nacional, com destaque para a industrialização do babaçu, a abertura de

estradas, construção de portos e linhas de energia. Liberdade e progresso, grandeza

e felicidade são palavras emblemáticas no desfecho do discurso da posse.

O Maranhão não quer a desonestidade no governo, a corrupção nas repartições e nos despachos. [...] o Maranhão não quer mais a Coletoria como uma caixa privada a angariar dízimos inexistentes para inexistentes arcas reais, que não são inexistentes porque se pode pronunciar os nomes dos beneficiários e identificá-los ao longo desses anos de corrupção. O Maranhão não quer a miséria, a fome, o analfabetismo, as mais altas taxas de mortalidade infantil, de tuberculose, de malária, de schistosoma como exercício do cotidiano. O Maranhão não quer e não

6 Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=hDRtFYjOtCY

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quis morrer sem gritar, não quis morrer estático de olhos parados e ficar caudatário, marginal do progresso, olhando o Brasil e o Nordeste progredir, enquanto nossa terra, mergulhada na podridão, não podia marchar nem caminhar. (SARNEY, 1966)

Embasada na Doutrina de Segurança Nacional, a ditadura militar

desencadeou um processo de expansão da malha viária federal, construção de

portos, ferrovias e aeroportos, visando integrar o território brasileiro e vigiar as

fronteiras. Em São Luís, a obra de referência era o Porto do Itaqui, cujo início da

construção fora antecedido pela Barragem do Bacanga. Pavimentava-se, portanto,

um grande eixo rodoviário denominado Avenida dos Portugueses, trecho urbano da

BR-135, conectando a cidade antiga ao Porto do Itaqui.

A ocupação do Pólo Itaqui-Bacanga começa a consolidar-se a partir da implantação do loteamento Anjo da Guarda, em 1968, para onde foram remanejadas as famílias desabrigadas no incêndio do Goiabal, no Centro, e do Sítio Santa Quinta, nas margens do Rio Bacanga, e da abertura da Avenida dos Portugueses, após a construção da Barragem do Bacanga em 1970. Com a implantação do Distrito Industrial, ocorre uma grande atração de migrantes da zona rural da ilha e do interior do Estado, que vão se alojando das áreas altas para os baixos, até as áreas molhadas e sujeitas a inundações. (SEMPE, 2016)

Segundo Araujo (1999) e Santos (2012) o incêndio das palafitas do

Goiabal provocou o deslocamento das famílias desabrigadas para o Polo Itaqui-

Bacanga, principalmente ao bairro Anjo da Guarda, onde ocorrera um relevante

adensamento populacional, mediante a promessa de que seria um assentamento

humano planejado, a “cidade industrial”, propícia ao recrutamento de mão-de-obra

para trabalhar na construção do Porto do Itaqui e no Distrito Industrial de São Luís.

Embora o Porto do Itaqui fosse uma referência na ocupação dos territórios de São

Luís, outras edificações concorriam no processo de redimensionamento espacial da

cidade. No governo José Sarney (1966-1970) um projeto de expansão da cidade foi

viabilizado através da Secretaria de Viação e Obras, sob a gestão do engenheiro

Haroldo Tavares.

Que sejam lembradas: o asfaltamento das ruas da cidade, a conclusão da ponte sobre o rio Anil, no Caratatiua, as construções da Barragem do Bacanga e do Porto do Itaqui, a edificação da vila do Anjo da Guarda e de novos conjuntos habitacionais, a reforma do Teatro Artur Azevedo, a pavimentação da rodovia São Luís-Teresina, e a construção da ponte do São Francisco, integrando as praias à cidade. Essas obras marcaram indelevelmente a sua extraordinária gestão na Secretaria de Viação, e o conjunto delas preparou a cidade para a expansão do promontório espremido entre o Bacanga e o Anil. Em outras palavras, evidenciou a importância ímpar do Porto do Itaqui como vetor de desenvolvimento. (BUZAR, 2012, p. 6)

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A convite do governador Pedro Neiva de Santana, Haroldo Tavares assumiu o

cargo de prefeito de São Luís7, exercendo o mandato de 1971 a 1975. Sua administração foi

marcada pela construção do Anel Viário 8 , considerada uma relevante intervenção

urbanística na cidade (Buzar, 2012). Por outro lado, tomada por dúvidas sobre a

intencionalidade do incêndio das palafitas do Goiabal, porque as casas de palha que

ocupavam as margens do Rio Bacanga impediam as obras de pavimentação da grande

avenida que passou a contornar o Centro da cidade.

Embora celebrado como redentor do desenvolvimento, o Porto do Itaqui é

também um ícone no processo de modernização conservadora do Maranhão (Barbosa,

2002), visto que a sua implantação atraiu grandes enclaves econômicos como a Alumar e a

Vale, mas não resultaram em distribuição de renda ou melhoria dos indicadores sociais. A

ocupação dos territórios na Zona Rural de São Luís provocou o deslocamento de

populações tradicionais e, simultaneamente, o adensamento por grandes levas de migrantes

motivados pela promessa de emprego na região portuária e industrial (Gedma, 2014). A

promessa de um bairro planejado no Anjo da Guarda não vingou e cerca de 60

comunidades que compõem o Pólo Itaqui-Bacanga são marcadas pela pobreza, infra-

estrutura precária, desemprego e sofrem consequências diretas da poluição ambiental. Na

tradução de Santos (2012), o cinturão de pobreza no entorno do porto deixa a população “a

ver navios”, sem que os lucros das exportações sejam compartilhados entre os

maranhenses.

O relato acima era necessário para recompor o panorama político do

Maranhão e conectá-lo à etapa de produção e, essencialmente, de apresentação da

obra Cais da Sagração ao público porque contextualiza as relações políticas e

culturais da época. No texto introdutório, Josué Montello expõe todo o processo de

construção da escrita do livro, inicialmente focada na descoberta da personagem

principal, Mestre Severino, apresentando os contornos do biotipo do barqueiro e da

carga dramática associada ao homem do mar que iria conduzir a narrativa do livro,

navegando no “Bonança”.

Josué Montello conta detalhes sobre a elaboração da obra, iniciada em

Paris e finalizada em Petrópolis, impressa no Brasil e lançada em São Luís, no Cais

da Sagração, a convite do prefeito Haroldo Tavares, endossado pelo governador

7 Nesse período não havia eleição para a Prefeitura de São Luís. Os prefeitos eram nomeados.

Houve eleição de Epitácio Cafeteira para o mandato de 1966-1969 e posteriormente novos prefeitos nomeados até a retomada de eleição direta a partir de 1985. 8 O Anel Viário, que existe até os dias de hoje, compreende a Avenida Beira-Mar (da cabeceira da

ponte que perpassa as fozes dos rios Anil e Bacanga), a Avenida Vitorino Freire (na região da Areinha) e a Avenida Camboa, que liga os bairros da Liberdade e Camboa ao Centro de São Luís.

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Pedro Neiva de Santana. Sobre o lançamento9, em 20 de outubro de 1971, o autor

faz o registro do local emblemático escolhido para apresentar o livro, em um

palanque montado especialmente para o evento, no qual estavam presentes figuras

proeminentes da literatura e da política.

E dizer-se que o Ministro da Educação e Cultura, Senador Jarbas Passarinho, viera a São Luís, a nosso convite, para assistir ao lançamento de nossos livros. E também Negrão de Lima, Luís Vianna Filho, Aurélio Buarque de Holanda, Pompeu de Sousa, José Sarney, Vianna Moog, José Honório Rodrigues, Peregrino Junior, Herberto Sales, Carlos Ribeiro, Humberto Braga... A essa altura, não era mais possível recuar. Saí dali esmagado. Seria o que Deus quisesse. À hora aprazada, tardei um pouco a descida da ladeira que leva ao cais, certo de que andaria por lá meia dúzia de pintos pelados. E lá do alto tive esta surpresa: mais de dez mil pessoas derramando-se em volta do palanque! Haroldo Tavares reunira aquele povaréu afetuoso, com seus estranhos poderes de aliciador de multidões. Até um bumba-meu-boi dançava na rua, ao som dos pandeiros, dos tambores, das zabumbas e das matracas. (MONTELLO, 1981, p. 14-15)

A presença de figuras emblemáticas do meio literário e político

dimensiona a relevância e a repercussão da obra, reconhecida dentro e fora do

Brasil. A edição impressa de 1971 é dedicada ao governador (1971-1974) Pedro

Neiva de Santana, sucessor de José Sarney (1966 a 1970)10.

O ato político-cultural que marca o lançamento do livro Cais da Sagração,

em 1971, disponibiliza ao público uma emblemática obra literária sobre o declínio da

Praia Grande como referência econômica e portuária de São Luís que vinha

ocorrendo desde o século XIX. Celebrado pela narrativa de modernização do

governo de José Sarney, o “Maranhão Novo” e o Porto do Itaqui eram sinal de

decadência da antiga cidade pujante, segundo as palavras de Mestre Severino.

Central na obra, esta personagem tenta fazer do neto, Pedro, seu aprendiz e

sucessor na arte da navegação. O destino de Pedro deveria ser governar o barco

“Bonança” e atracar no Cais da Sagração, cujas memórias eram constantemente

reativadas ao longo de toda a narrativa sobre a perseverança do avô Mestre

Severino para transformar Pedro em um barqueiro.

Outrora um polo mercantil de expressão nacional, referência de carga e

descarga de mercadorias e principal atracadouro para a entrada e saída da cidade,

o Cais da Sagração entrava em declínio juntamente com a Praia Grande. Essa

9 Na mesma data o escritor maranhense Odylo Costa, filho, também autografava o livro “Maranhão,

São Luís e Alcântara” 10

A escolha do sucessor, na época, foi marcada por uma disputa de interesses na órbita de José

Sarney, visto que José Reinaldo Tavares também pretendia o cargo, mas só seria governador em 2002, também por interesse de José Sarney.

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modificação era resultado de várias contingências, herdadas do fim da escravidão,

da concorrência internacional e da crise no modelo agro-exportador do Maranhão.

No final do século XIX essa situação sofrerá alterações, em decorrência de alguns fatos históricos marcantes: a abolição da escravatura e a proclamação da República. A produção algodoeira é, então, comprometida e isso leva a uma estagnação econômica que será interrompida, apenas, pelo breve período das décadas de 30 e 40 do século XX, quando ocorre um surto industrial têxtil que acaba não resistindo à concorrência das indústrias do sul. Esse período de decadência da produção algodoeira e de desenvolvimento industrial leva ao progressivo esvaziamento das áreas do Centro Histórico de São Luís, que deixa de ser o local de residência das classes abastadas da cidade. A cidade se desenvolve para o interior da ilha e vai progressivamente abandonando a área da Praia Grande, que sofre com a substituição de parte de sua função residencial pela ocupação de comércio e serviços. (VIEIRA, 2008, p. 228-229)

Assim, a mutação na conjuntura econômica leva a um reordenamento

espacial da cidade, provocando a migração das famílias abastadas do Centro e o

refluxo do comércio, outrora pujante. A ponte José Sarney11, sobre o rio Bacanga, é

um sinal da nova distribuição urbana, observada na descrição do autor e no diálogo

entre Mestre Severino e o neto Pedro.

De um lado e de outro, as águas mansas do rio Anil e do rio Bacanga; em redor, sobre o vôo lerdo das gaivotas e dos urubus, os barcos, as canoas, as barcaças, as lanchas, as alvarengas, os igarités. Imponente, arqueando-se por cima das águas, a ponte nova que liga à cidade à Ponta de São Francisco e por onde ônibus e automóveis se cruzavam enquanto, sobre um dos seus vãos, descia um barco de velame desfraldado. (MONTELLO, 1971, p. 208) Ficaram os dois em silêncio, como embaraçados, cada qual olhando a noite sobre São Luís. Depois, com esforço, Mestre Severino deixou o rolo de cordas, apoiou-se na borda do casco, foi andando para a proa, devagar, por fim voltou a sentar, agora no balaústre do convés, voltado para a cidade. Dali podia descortinar boa parte do Cais da Sagração, desde a rampa Campos Melo até a praia minúscula do Jenipapeiro. [...] – Quando eu tinha a tua idade, êste Cais da Sagração era bem diferente. Tinha outra vida, outro movimento. Do meu tempo, a bem dizer, o que sobrou foi esta muralha, o mar, aqueles sobradinhos, o muro do baluarte. Acabaram com o mercado e com as barracas de pescadores, ali adiante, na velha praia do Caju. Foi pena. Agora, a vida é aquela ponte, com os carros passando, sem a animação do antigamente. (MONTELLO, 1971, p. 211)

Nas suas incursões pela Praia Grande, revendo velhos amigos dos

tempos áureos do comércio, as lembranças da movimentação de carga e descarga

no porto, o constante ir e vir do transporte de mercadorias nas ruas apinhadas de

gente instigam Mestre Severino, como descrito nos trechos a seguir.

Estes velhos sobrados da Praia Grande, quase todos de pedra e cal, muitos deles revestidos de finos azulejos portugueses, com paredes de uma braça, janelas retangulares, beiral saliente, portais de cantaria lavrada, mirante aberto para a baía de São Marcos, estes velhos sobrados, Mestre Severino, estes velhos sobrados começaram a morrer. [...]

11

Mais conhecida como ponte do São Francisco.

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[...] Basta olhá-los de relance, no ermo das ruas refulgentes de sol, para reconhecer, com tristeza, que todos eles, a um só tempo, entrarem em agonia. Num relance, ao confrontar o passado com o presente, a memória recompõe ali os dias de outrora, não muito distantes, e uma sensação opressiva de decadência, como que se desprende dos casarões imponentes. Certo, as suas inumeráveis janelas ainda estão abertas sobre a rua, algumas guarnecidas de sacadas de ferro, e há vultos que dali se debruçam, espreitando a calçada, interrogando o declive da ladeira. Também a porta principal, à entrada do corredor espaçoso, está aberta de par em par, com a sua esquadria de pedra portuguesa, e nos convida a subir aos outros pavimentos pelos dois lances de sua escada rija, toda ela de madeira de lei. No entanto, malgrado essa aparência de animação cotidiana, os velhos sobrados têm vida breve, e todos eles, como as velhas árvores, vão morrer de pé. (MONTELLO, 1971, p. 221)

Antigo reduto habitacional e comercial das famílias abastadas, os

casarões da Praia Grande, no período de declínio, representam uma alteração na

ordem sócio-econômica de São Luís, quando as famílias abastadas deslocam-se

para outras regiões da cidade (Silva, 2013). Assim, a movimentação do comércio e a

ostentação dos casarões das famílias ricas eram boas lembranças do passado,

contrastando a pasmaceira da cidade no período da decadência.

– No tempo do caju, de manga e de melancia, este Cais da Sagração parecia uma feira, fosse de dia fosse de noite. As melancias eram arrumadas em pilhas, da altura de uma casa. O freguês chegava, escolhia a sua, comia aqui mesmo. Ainda não tinham construído essas casas de gente rica. Só se via sobradinhos de outros tempos com mirantes e sacadas de ferro. As lanternas vermelhas, penduradas nas portas dos sobrados, queriam dizer que ali se vendia peixe frito. Os roletos de cana e as pamonhas eram vendidos pelos moleques, que se esgoelavam na calçada do cais. De noite, a iluminação das ruas era a gás, bem diferente dessa luz forte de hoje, que até dói na vista. O tempo passa, as coisas vão mudando para pior. (MONTELLO, 1971, p. 212) Mestre Severino se detém na volta da rua. Estende o olhar evocativo para a pedra do calçamento, entre as duas alas de sobrados vetustos, lembrando que por ali passavam caminhões atochados de carga, retiniam nos paralepípedos do chão as rodas das carroças barulhentas, puxadas por um burro lerdo que o carroceiro fustigava. As calçadas estreitas quase não comportavam a multidão de caixeiros, catraieiros, vendedores ambulantes, armadores, gente do povo, barqueiros, doceiras, marinheiros, ciganos e carregadores que por elas transitavam, do começo ao fim de semana, desde que o dia reiava, até que a noite descia. Só nos domingos, com os sobradões fechados, um guarda bisonho à porta do casarão do Tesouro, outro mais no prédio da Alfândega, é que se via na Praia Grande a pasmaceira de agora. (MONTELLO, 1971, p. 222)

No armazém espaçoso de Andrade & Cunha, de prateleiras vazias, dois empregados de cabeça grisalha bocejam por trás do balcão, e ele olha em seu redor, ainda mais desapontado, depois comenta, apertando a mão magra do velho Cunha, que veio ao seu encontro: - a Praia Grande está acabando. (MONTELLO, 1971, p. 224)

A saudade de Mestre Severino dos tempos áureos da Praia Grande

confronta o novo ordenamento espacial da cidade. Bem antes do prefeito Haroldo

Tavares, na gestão de Ruy Mesquita, mentor do Plano Rodoviário de São Luís

(Pflueger; Nunes, 2015), ainda nos anos 1960, o planejamento das pontes sobre os

rios Anil e Bacanga vislumbrava a descentralização da cidade, abrindo novas

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avenidas como a Magalhães de Almeida e a Getúlio Vargas. À época, Ruy Mesquita

visava a pavimentação de uma ponte sobre o Rio Bacanga para a futura ocupação

da área do Itaqui, onde seria construído o porto com a promessa de progresso para

São Luís. Esse plano viria a ser concretizado na gestão do secretário de Viação e

Obras do governo José Sarney, Haroldo Tavares, que consolidou a Barragem do

Baganga, abrindo caminho para a construção do Porto do Itaqui. Nas palavras de

Mestre Severino, o novo porto e tudo aquilo que soava novidade significava a morte

do Cais da Sagração, o enterro de São Luís, na retórica de repulsa do Maranhão

Novo.

– Outra coisa eu lhe asseguro: a Praia Grande não vai morrer sozinha. Com ela irá também o Cais da Sagração. Os barcos vão se passar para o Itaqui. Sem barcos, de que serve o cais? Nem para tomar canoa, para ir à ponta de São Francisco, ou à Ponta da Areia, ele vai ser preciso: a ponte já está aí. Digo-lhe mais: se o Palácio do Governo não continuar a ser aí, em cima do Baluarte, morriam também a Avenida Maranhense e o Largo do Carmo. O Largo do Carmo, sim senhor. Sem Palácio, não há fuxico, e sem fuxico, não há Largo do Carmo. Ou estarei mentindo? Sei perfeitamente o que está dizendo. Quando eu falo, pode escrever. (MONTELLO, 1971, p. 226) Por volta das dez horas, Mestre Severino entrou com o Pedro no armazém do velho Cunha. Este, todo de branco, em mangas de camisa e colete, o lápis por trás da orelha, olhou-os de longe, por cima dos óculos, esperou que se aproximassem, fixou primeiro o Pedro, depois o velho. - Estão estragando mesmo a nossa cidade, Mestre Severino. Só se fala agora em casa nova, rua nova, porto novo, Maranhão novo. Ando cheio de tudo isso. Já estou pensando em deixar de ler jornal. Não se fala noutra coisa. Maranhão novo, por quê? Maranhão velho, Maranhão mesmo, o Maranhão do nosso tempo. Ontem veio aqui um amigo me oferecer um terreno no Itaqui. Destemperei com ele: dei-lhe um grito, corri ele daqui! Era só o que faltava! Quase uma hora depois, ao vir à porta deixar o avô e o neto, o Cunha ainda não havia mudado de assunto, sempre exaltado. Desceu à calçada, pôs a mão por cima dos olhos, esquadrinhou a rua nas duas direções: - Não parece a vocês que estamos num domingo? Tudo parado. Um horror! E estamos na sexta-feira, dia de movimento. Quando vejo esta pasmaceira, tenho vontade de gritar. Um dia destes, perco a paciência, subo as escadas do Palácio e digo poucas e boas ao nosso Governador. Se ele não estiver, falo com o secretário, falo com o ajudante-de-ordens, falo até com o soldado que estiver de sentinela. Eu preciso é de desabafar. A Praia Grande pode morrer, Mestre Severino, mas morre com o meu protesto! (MONTELLO, 1971, p. 292-293)

III. CONCLUSÃO

Além do Mestre Severino, o romance Cais da Sagração tem uma

personagem fundamental para entender o dinamismo sócio-econômico que

envolveu a decadência da Praia Grande. Trata-se da prostituta Vanju, amor de

Mestre Severino e fio condutor de toda a narrativa. A presença de uma prostituta no

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livro evidencia outro aspecto fundamental do reordenamento espacial de São Luís.

Quando a Praia Grande entrou em decadência, os casarões outrora habitados pelas

famílias abastadas passaram a ser ocupados pelas “pensões”, casas de mulheres

que recebiam homens à procura de sexo, diversão e música. Os sobrados eram

transformados em cortiços e os baixios alugados precariamente para moradias

improvisadas, destinadas às pessoas de baixa renda. Formava-se assim a região do

meretrício, incompatível com o lugar de moradia das famílias ricas.

A ocupação da cidade estava necessariamente vinculada ao poder

econômico dos seus habitantes, organizando os territórios de acordo com um

ordenamento de classe. Isso pode ser observado no polêmico incêndio nas palafitas

do Goiabal e, ato contínuo, a construção do Anel Viário; bem como na promessa não

cumprida de um assentamento humano planejado, a “cidade industrial” no Anjo da

Guarda.

Assim, a malha viária de São Luís tem a Barragem do Bacanga como

pavimento para guiar a cidade em direção do novo lugar de circulação de

mercadorias e dinheiro, em escala ampliada, devido às condições de ancoragem

dos navios internacionais de grande porte - o Porto do Itaqui. Nesse território

instalaram-se também o terminal da Vale e a Alumar, concentrando o Produto

Interno Bruto (PIB) do Maranhão. Para a construção desse polo econômico de São

Luís houve o deslocamento de populações tradicionais de antigos sítios históricos

para os bairros periféricos que passaram a constituir a Área Itaqui-Bacanga.

Nesse contexto, o “Maranhão Novo”, na perspectiva da modernização

conservadora, representava uma segregação espacial, econômica e política.

Portanto, a decadência do Cais da Sagração, para além de um deslocamento do

porto, significou um conjunto de mudanças econômicas e urbanísticas planejadas

para o reordenamento do poder, do dinheiro e das pessoas.

REFERÊNCIAS

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