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1 EDIÇÃO 2 | JUNHO/JULHO DE 2015 BENJAMIN MANUEL: • LEMBRANçAS QUE O TEMPO NÃO APAGOU SEU ANTÔNIO: ...Confesso que vivi! A Vermelhinha DO LUTO À LUTA: • JOVEM QUE PERDEU A FAMÍLIA PARA O CÂNCER CRIA ONG PIONEIRA RODOANEL: EM DEZ ANOS TEREMOS OUTRA ARUJÁ ACONDA TRAZ PLANO DE SEGURANçA MUDANÇA DE HÁBITO: VIVARUJá LEVA ESTUDANTES AO TEATRO ESPECIAL: B.B KING 89 ANOS DE MUITO BLUES II GUERRA MUNDIAL: TUDO O QUE VOCê NãO SABIA

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EDIÇÃO 2 | JUNHO/JULHO DE 2015

Benjamin manuel:

• lembrançasque o tempo

nÃO APAGOU

SEUANTÔNIO:...Confesso que vivi!

A Vermelhinha

Do lutoà luta:

• Jovem queperdeu a família

para o câncercria onG pioneira

rodoanel:em dez anos

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ii GuerramunDial:tudo o que você não sabia

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26. Seu Antônio:confesso que vivi!o ex-varredor de rua mais querido de Arujá curte sua merecida aposentadoria e relembra com amor da época em que trabalhou nas ruas da cidade.

Com 90 anos de idade, completados em abril, o Beijo é uma memória viva do passado da cidade e vai às lágrimas quando o assunto é Arujá.

O Brasil simpatizava com o nazismo. Getúlio Vargas enviou judeus para morrer nos campos de concentração da Alemanha. Os pracinhas brasileiros foram fundamentais na luta contra fascistas na Itália de Mussolini.

O jovem arujaense Paulo Maiolino deu início, com amigos e voluntários, a uma ONG dedicada a levar consolo aos enfermos da cidade e região.

O que acontecerá a partir de 2016?Abel Larini diz, sem medo de errar: “Eu vou ficar com a Flora e curtir os meus netos”.

Arujá embarcará em uma nova e significativa fase de crescimento comercial, industrial e demográfico.

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s e u a n t ô n i oj uNhO / j u L hO 2015

22. Família, comunidade e política: uma tradição entre os Larini

aniversário de arujá

11. Benjamin Manuel:lembranças que otempo não apagou

16. Do luto à luta:Jovem que perdeu familiares para o câncer cria ONGpioneira

52. Quando B.B. Kingme acordou

37. II Guerra Mundial:tudo que você não sabia

40. Aprendendo com os ventos da crise

44. “Em dez anosteremos outra Arujá”

56. Industrial do Ano receita otimismo e dá dicas para enfrentar a crise

58. Condomínios:Aconda apresentaplano de segurança

50. Mudança de hábito:Vivarujá leva estudantes ao teatro

Empresário contagiou a muitos com sua certeza de que o Brasil vai superar este momento de instabilidade.

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Uma lição de grandezaEDITORIAL

Redação - Administração e Publicidade - Rua Borba Gato, nº 112 - CentroDiretor Responsável: Nelson Cortês dos SantosEditora e jornalista Responsável: Sandra Regina dos Santos - MTB: 14683Repórter: Thiago CortêsDiretor de Marketing e Planejamento: Bruno CortêsDiretor de Arte: Bruno Oliveira 98763.0235 (whatsapp)Circulação: Arujá e Cidades da Grande São PauloAs matérias assinadas não refletem necessariamente a opinião da revista, sendo de total responsabilidade de quem as assina.

EmprEsA JornAlísticA E EditoriAl novA AliAnçA ltdA-mE. FonE/FAx: 4655.3335

Expe

dien

te

Todas as pessoas trazem em si o desejo de fazer a diferença. Parece que esta é uma necessidade que cada ser humano carrega desde o ventre materno. A maioria das pessoas, porém, associa a grandeza à fama ou riqueza. E para alcançar tais coisas, muitas vezes, se obstina por caminhos tortuosos. É interessante notar o contraste entre o conceito moderno de grandeza e o exemplo de grandeza deixado por pessoas como Zilda Arns e Martin Luther King, que preferiram servir e nos legaram exemplos atemporais de grandeza moral e espiritual. O contraste pode ser chocante. Porque “grande”, no sentido de “alguém importante”, hoje em dia significa alguém que é servido e não alguém que serve à sua comunidade ou ao País. Jesus ilustrou o que é grandeza quando, na última ceia, amarrou uma toalha sobre o manto, apanhou uma bacia com água e lavou os pés de seus discípulos. “Aquele que deseja ser o maior seja aquele que serve”. A revista GENTE S/A nasceu para trazer à luz aqueles que – com talento, trabalho e dedicação – se notabilizam por servir à comunidade de forma simples e sem buscar reconhecimento. É o caso de Seu Antônio, personagem da capa, um simples varredor de rua que conquistou a simpatia de centenas de arujaenses com seu visível amor pelo trabalho e por sua capacidade de servir à cidade sempre com uma alegria contagiante. Além da história de Seu Antônio, a GENTE/SA traz nesta edição comemorativa ao 163º aniversário de fundação e 56º de emancipação de Arujá, algumas das muitas pessoas que servem a esta cidade com seu trabalho, força de vontade, otimismo e talento. É o caso, também, dos jovens que participam da iniciativa SOS Arujá que promovem ações de coleta de sangue e visitam hospitais da região vestidos de palhaços para oferecer um pouco de consolo e alegria a crianças e adultos enfermos. Entendemos que a grandeza não está em ostentar, mas em servir. Porque o caminho da grandeza passa pela humildade, pelo aprender com os erros, e em buscar em Deus a capacidade para tornar melhor o ambiente ao seu redor.

Parabéns Arujá pela sua população, grande na capacidade de servir!

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Foto: GUstAvo dE pAUlA

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Com 90 anos de idade, completados em abril deste ano, Benjamim Manuel, o Beijo, é uma memória viva do passado da cidade e vai às lágrimas quando o assunto é Arujá. Restabelecendo-se de uma cirurgia para a co-locação de uma prótese do fêmur, ele ainda depende de uma cadeira de rodas para se locomover e aguarda ansioso o dia em que poderá andar novamente. Mas quando se trata de recordar, ele voa com desenvoltura pelas diversas fases que marcaram a transformação do município. Ao lado da esposa, dona Tereza, de 88 anos, das filhas Sandra, Cristina, Silvia e do neto Pedro Henrique, Beijo conversou com a reportagem de Gente S/A em sua casa, no Jardim Planalto, e se emocionou profunda-mente ao lembrar sua trajetória durante três mandatos como prefeito de Arujá. “Eu choro de alegria, porque deixamos um bom legado, e porque até hoje me sinto estimado e respeita-do pelo povo. Isso é o que eu tenho de valor”, afirma.Quase não havia contribuintes

PREfEiTO SEM quERER

Benjamin Manuel:lembranças que o tempo não apagou

Em 1963 Beijo foi vereador e presidente da recém instalada Câmara Municipal de Arujá e relembra o momento dramático em que precisou assumir a Prefeitura em substituição ao primei-ro prefeito, Julio Barbosa, que estava doente. “O vice não pôde assumir, porque tra-balhava longe, e eu tive que assumir. Confesso que fiquei apavorado, porque não havia din-heiro algum e a cidade, que até pouco tempo antes era uma subprefeitura de Santa isabel, precisava se estruturar”, recorda. “Era um tempo em que todo mun-do fazia política por amor à cidade. Eu não tinha salário, nem como vereador e nem como prefeito, mas tinha a responsabilidade de or-ganizar Arujá”.

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A Prefeitura na época não tinha quase

contribuintes, e Beijo de-cidiu que o primeiro passo

seria fazer um cadastramento fiscal.

“Pedi ajuda a um arquiteto, que morava em São Paulo, e contra-

tei 50 moleques para visitar cada casa e sítio de Arujá. Em três meses o cadas-

tramento fiscal que era de apenas 1 quilô-metro, passou para 48 km. Com isso, eu já

tinha condições de buscar a ajuda financeira do Estado”, diz.

beijo fez o primeiro plano Diretor De arujá

O segundo passo foi desenvolver um plano diretor. “As dificuldades eram muitas assim como as necessidades

que a população tinha naquela época e com o plano diretor, a gente se organizou para viabilizar algumas melhorias. Reuni-

mos o povo na igreja, nos bares, em todo lugar, para discutir o que a cidade precisava e fizemos o plano”, conta.

As prioridades eram a água encanada, eletricidade, telefone, asfalto e postos de saúde.

construiu a primeira escola

“A gente não tinha nada. E eu então corri para o governador de São Paulo, Carvalho Pinto (1959 - 1963). Ele simpatizou comigo, viu a sincerida-de do trabalho que a gente estava desenvolvendo e quis ajudar. Na época nós conseguimos recurso para fazer o posto de saúde da Avenida dos Expedicio-nários e a escola Washington Luiz, a primeira da cidade”, revela. Na eleição seguinte, Beijo foi candidato único e se elegeu com mil votos. E houve ainda um terceiro mandato não sequencial.

Ganhava 25 cruzeiros

“Na minha terceira vez como prefeito eu comecei a ser remunerado: ganhava 25 Cruzeiros, que eu mandava de oferta para a Associação dos Vi-centinos. Mas foi uma época muito boa, porque conheci o então governador Paulo Maluf e digo, com gratidão, que ele me ajudou muito”. Em 1971, com auxílio do novo governador, Beijo conseguiu dotar parte da cidade com água encanada, conseguiu trazer a Telesp e também do-tar os bairros de energia elétrica. “Tudo isso me granjeou credibilidade. Eu não pedi, mas o Maluf in-sistiu comigo para trazer uma ponte de ferro para o Rio Jaguari, que todo ano dava enchente, e eu trouxe. Parece que estava adivinhando, porque semanas depois, com a cheia, a ponte de madeira acabou caindo e eu ganhei crédito com o pessoal” conta.

a polêmica aveniDa

Uma obra que Beijo não esquece é a abertura da Avenida Antônio Afonso de Lima. “A cidade precisava de um acesso condizente, falei com Maluf e o recurso foi empenha-do, mas alguns imóveis tinham que perder alguns metros para que a estrada pudesse ser aberta e a Prefeitura não tinha dinheiro para desapropriar”, relembra. “Tive que conversar com os moradores um por um mos-trando a importância daquela obra. A minha própria casa, que atravessava da Monteiro Lobato para a Antônio Afonso de Lima, perdeu uma parte do quintal”, completa. As filhas Sandra e Cris-tina, ainda pequenas na época, lembram que o episódio suscitou polêmica. “Nossa casa perdeu parte do quintal, os vizinhos também reclamavam, mas todo mundo acreditava que a obra ia sair, por-que era o Beijo e ele sempre fazia o que prometia”, conta Cristina.

futebol

Outras lembranças que chegam com facilidade à mente deste personagem histórico da política de Arujá estão relacio-nadas ao futebol. Repassando, emocionado, seus antigos álbuns de fotografias, Beijo fala sobre o “Arujá Atlético Clube”, onde joga-vam muitos garotos que hoje são empresários ou políticos. Entre os “meninos” que ele aponta estão: Cabrinha, Ro-berto Chen, Antônio Clarete, Sa-turnino ferreira, entre outros. “O futebol era a alegria da cidade e eu cuidava do time. A gente arrebentava! Era um fute-bol muito bom” relata, apontando,

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com orgulho a presença de Vicente Matheus ex-presi-dente do corinthians em eventos esportivos de Arujá. “Ele era um amigo muito chegado e ajudou bastante Arujá”.

serenatas

Outra coisa que acabou ficando na memória de toda a família foram as serenatas. “Quase todo final de semana a se-renata era feita em algum bairro. Era uma coisa de família e nós, que éramos crianças, acompanhávamos o meu pai e os outros seresteiros. A serenata era muito bonita, e meu pai sempre cha-mava o Zé do Davi, que era um músico querido, e transformavam as noites num momento de muita festa e poesia”, recorda Cristina. As famílias arujaenses recebiam as serenatas com muita ale-gria e naturalidade.

uma ciDaDe, uma família

Para Beijo, a cidade está diferente, ganhou um ar metropolitano e muita gente nova. Mas ainda assim, se ele pudesse ilustrar, diria que é o jeito de grande família o que ela tem de melhor. Para ele, cada prefeito que passou fez algo de bom. “Não é possível fazer tudo, cada um deu o melhor e o Abel tem trabalhado muito bem”, avalia. “Crescer por crescer não basta. É preciso olhar para a cidade e nos perguntar o que podemos fazer para melhorar a vida de nossas famílias e de nossa comunidade. Porque aqui está a história dos pio-neiros, o sacrifício feito por muita gente de bem, que não pensava em tirar da cidade, mas em fazer o melhor por ela. É isso o que fez de Arujá uma cidade especial, pela qual tenho um profundo amor”, suspira.

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em: I

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A saúde de nosso povo depende também dos cuidados com

nosso meio ambiente, portanto, façamos desse

entendimento um compromisso para uma

cidade cada vez mais verde e cada vez melhor!

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DO lU

TO à

lUTA

: Uma sequência de tragédias na famí-lia Maiolino – cujo patriarca, Armando Maiolino, dá nome ao estádio municipal – im-primiu em um jovem a percepção de que a vida é extremamente frágil e que muitos estão lutan-do por ela em batalhas solitárias.

Paulo Henrique Maiolino, o Paulinho,

perdeu sete membros da família em menos de 15 anos, incluindo sua mãe, Raquel. A sequên-cia de perdas abalou profundamente o ra-paz, que não imaginava que teria que enterrar o avô, a mãe e tios em um período tão curto de tempo. “A minha mãe lutou durante anos contra um tumor ce-rebral maligno. Ela

foi uma guerreira: en-frentou duas cirurgias muito complicadas. A primeira durou 14 ho-ras e a segunda, anos depois, durou 18 horas. foi uma guerra, mas ela perdeu”, conta Pauli-nho.

A luta de Raquel Maiolino pela vida co-moveu a família. Ela perdeu o peso, teve sua fisionomia totalmente

Jovem que perdeu familiarespara o câncer cria ONG pioneira

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transformada e, é claro, ficou psicologicamente abalada pe-la doença. “Eu sempre digo que o câncer é uma doença brutal. Lutar é a única opção”, relem-bra Paulinho. A família não tinha con-vênio particular, o que foi uma batalha à parte. “Além da do-ença em si, outro calvário é quando você tem que depender do SuS. Só quem passa por isso sabe exatamente do que estou falando. É um grande drama”, afirma. Como se não bastasse a perda trágica da mãe, pre-cedida das dificuldades em conseguir atendimento ade-quado, Paulo Maiolino teve que enterrar os outros parentes na mesma época, sendo atingindo de forma bastante singular pe-lo drama do câncer na família. “foi uma fase bastan-te complicada e triste da minha vida. Anos depois, perdi alguns amigos também para o câncer. Eram jovens: um deles tinha apenas 24 anos. É algo que

traumatiza a gente de uma for-ma muito forte”, declara.

sos arujá

Mas o que poderia ge-rar uma atitude introspectiva e melancólica no jovem Paulo Maiolino, acabou lhe desper-tando para a missão nobre de ajudar pessoas que estão so-frendo com câncer e, muitas vezes, não contam com qual-quer suporte fora das suas famílias. “Depois de todas as pes-soas queridas que eu perdi, fiquei com o forte sentimento de fazer alguma coisa boa pelas famílias que estão enfrentando o mesmo drama. Daí surgiu a ideia de fazer algo inspirado no Doutores da Alegria”, afirma. Doutores da Alegria é uma organização da socieda-de civil sem fins lucrativos que há 23 anos promove as rela-ções humanas em hospitais por meio da visita contínua de palhaços profissionais es-

pecialmente treinados em São Paulo e no Recife. Paulo Maiolino criou, então, o SOS Arujá, grupo de palhaços com a missão de levar consolo e esperança aos enfer-mos da cidade e região. Além de visitar os hospitais, o gru-po nasceu já com a intenção de arrecadar doações e levar esse trabalho também para as casas. Dentro do SOS Aru-já – que organiza doações de sangue, plaqueta e até medu-la óssea – existe o SOS Alegria, especializado nas visitas hos-pitalares. São os palhaços que levam um pouco de alegria e amor às crianças, adultos e idosos em hospitais (e algumas residências). O trabalho do SOS Arujá teve início em novembro pas-sado e, neste ano, o SOS Alegria fez sua primeira visita ao hos-pital ipiranga (Antiga AMA). A iniciativa gerou enorme repercussão: o grupo conseguiu gerar um impacto positivo em diferentes alas do hospital (nas

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facebook.com/sosarujaContato: 9.7245-9527

quais os voluntários foram au-torizados a entrar). “foi surpreendente! A gente não pôde entrar em to-das as alas, é claro, porque alguns casos são bastante delicados. Mas por onde pas-samos deixamos as pessoas consoladas e mais alegres. Isso não tem preço. As en-fermeiras e funcionários do Hospital Ipiranga foram muito gentis com a gente e, inclusive, se interessaram em ajudar”, comemorou Pauli-nho. O grupo agora prepa-ra visitas para outras unidades hospitala-res da região. Eles já estiveram no Hospi-tal Luzia Pinheiro de Melo, em Mogi das Cruzes, e no Hospital Auxiliar de Suzano. O número de volun-tários também tem crescido significati-vamente. “Olha, preci-so agradecer ao povo arujaense. A gente

tem recebido um apoio que jamais poderíamos imaginar. Não só de voluntários. Os co-merciantes abraçaram a ideia e estão nos ajudando com doações e até mesmo com o transporte de arujaenses que, como a maioria, precisam de tratamento em hospitais da Capital”, detalha. O SOS Arujá também tem o apoio de igrejas evan-gélicas, da igreja católica e centros espíritas de Arujá. “As pessoas entenderam que is-so é algo importante para as famílias que têm alguém em

casa enfrentando o câncer. É algo que faltava no municí-pio”, completa Paulinho. “A gente tenta ajudar em tudo. Eu vou aos salões de be-leza que nos ajudam e recolho o cabelo das mulheres pra fa-zer perucas que servem para as mulheres que perderam o cabe-lo com quimioterapia, e não têm dinheiro para comprar perucas”, informa. Além disso, o SOS Aru-já organizou eventos de doação de sangue e já viabilizou, in-clusive, a doação de medula óssea. “isso foi algo bastan-

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te animador: conseguimos sete doadores de medula óssea, que é bem delicado”, comemorou Paulinho.

apoiopsicolóGico

Paulo Maiolino enfati-zou que a SOS Arujá também oferece apoio psicológico in-dividual aos arujenses que enfrentam câncer. “O André Novas, psicólogo, é meu bra-ço-direito, e está ajudando bastante. Através dele, vieram outros psicólogos nos aju-dar. Eles fazem visitas nas residências e hospitais, con-fortando os enfermos e seus familiares”. André Novaes integra também o SOS Alegria, mas se

apresenta como Dr. Pistache para levar alegria a crianças e adul-tos. “A atuação do palhaço dentro do ambiente hospitalar traz à to-na uma palavra: humanização. A humanização busca tornar o am-biente hospitalar diferenciado e favorecer o bem-estar do pa-ciente. Permite que um ambiente, muitas vezes aversivo à criança ou ao adulto, torne-se um pouco menos trágico e mais acolhedor”, diz André. André Novaes acres-centa que, do ponto de vista da psicologia, são muitos bene-fícios; o bem estar promovido com as intervenções dos pa-lhaços causam a sensação de bem-estar a curto prazo em que nota-se a mudança de es-tado dos pacientes, que antes passavam pelo estresse.

“O riso libera a endorfina pro-porcionando o bem estar e relaxamento, além de ajudar na tolerância a dor devido aos seus efeitos neurológicos. Estu-dos também mostram que o riso melhora o estado psíquico e também favorece a melhoria do sistema imunológico”, afirma.

Ele lembrou que o SOS Arujá também promove inter-venções em Casas de Repouso já que o riso é um fator de pre-venção de doenças mentais como depressão. “É um traba-lho que ocorre em diferentes níveis: biológico, psicológico e espiritual”, finaliza André.

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Cinco mandatos depois (in-cluindo o período em que foi vice de Toninho da Pamonha), o prefeito Abel Larini diz, sem medo de errar, o que espera fazer do futuro após en-cerrar a atual administração como o político que mais tempo ficou no poder em Arujá:

independente da legisla-ção eleitoral, que impede o ter-ceiro mandato sequencial (e a partir de agora até a reeleição), Abel diz que sua contribuição como prefeito do município se encerra em 2016 e que se sente imensamente grato a Deus pelo legado que deixa. “Agora a minha preocu-pação é estar com a Flora e, den-tro do possível, compensar os 20 anos que a política nos tomou. E

Família, comunidade e política:uma tradição entre os larini

eu digo que ‘tomou’ porque sou prefeito em tempo integral, são 24 horas por dia monitorando, atendendo, planejando a cidade e também respondendo às crises. quando terminar este mandato, eu quero ter uma vida caseira, porque adoro estar com a minha família”, disse. Ao seu lado, e ao contrá-rio do que se possa pensar, flora Regina Franco Larini não faz essa cobrança, mas sorri com natura-lidade ao pensar nos planos do marido para o futuro. Ela enten-de que a participação direta dele como prefeito termina, mas lem-bra que Abel integra um grupo político e sua participação na vida comunitária deve continuar. “Sim, nossos meninos es-tão na vida pública” - lembra o pai- “o Abelzinho, como vereador, o Leandro, despontando como um grande articulador político. Se fu-turamente quiserem seguir com a política, eu estarei nos bastidores

para apoiá-los e para ajudar as novas lideranças”. traDição familiar

Com a suavidade habitual, flora diz que nunca incentivou, mas também não colocou obstá-culos à entrada dos filhos na vida pública.

“Está na tradição da família, porque meu avô, o major Benjamin franco, tinha a política no sangue, assim como o meu pai, Benedito ferreira franco. Eu cresci vendo o meu pai envolvido com a comuni-dade de Santa isabel, onde ele foi vice-prefeito duas vezes e em Aru-já, onde foi vice do prefeito Júlio Barbosa. O meu sogro também foi vereador e presidiu a Câmara de Arujá. quando o Abel entrou, eu entendi como algo natural”, contou flora à GENTE S/A.

A primeira-dama afirma que sempre respeitou a vocação de seus fi-lhos. “Nada foi planeja-do, mas o Abelzinho e o Leandro acabaram se-guindo a tradição e eu, como mãe, tenho que respeitar”, observou. “No entanto, é cla-ro que me preocupo. Porque isso os expõe a certas situações que são desgastantes e pelas quais nós já passamos e não desejamos a eles. Mas acredito que fica-rá tudo bem. Eles têm o

Eu vou ficar coma Flora e curtiros meus netos

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seu propósito e a vida segue o seu curso: nós só podemos orientar e apoiar”, diz.

família e carreira

Professora, formada em Letras e Pedagogia, flora lembra que quando se casou com Abel, advogado e despachante, em fe-vereiro de 1974, o casal já tinha planos de ter uma família grande. “As pessoas se admiravam com nosso desejo, mas nós vie-mos de famílias grandes. quando nasceu o flavinho, nosso segundo filho, o Leandro tinha dois anos e comecei a trabalhar no colégio Jean Piaget, que era do meu irmão”.

Apaixonada pelo magis-tério, flora precisou contar com a ajuda de pessoas de fora para cuidar dos filhos. “Naquele tempo minha mãe e minha sogra tam-bém tinham suas famílias grandes para cuidar, e eu precisava de aju-da para poder seguir a profissão. isso só foi possível porque encon-trei pessoas de bem e confiáveis que me ajudaram a organizar a rotina doméstica”. Zorilda, Betina e Cida são alguns nomes lembrados com carinho pelo casal. “Elas se tor-naram parte da família, pois fi-caram conosco durante anos”, relembra flora, que mesmo tra-balhando fora não abdicou da maternidade. “quando engravidei do Abelzinho, o meu quarto filho, cheguei a fazer planos para uma laqueadura, mas depois de refle-tir acabei desistindo. Meus filhos eram todos tranquilos, com hábi-tos saudáveis, não davam muito trabalho”. Dois anos depois ela en-gravidou de Sâmara, a filha ca-çula. “Penso que tudo na vida tem o seu propósito. Nesta mi-nha luta contra o câncer a Sâma-

ra foi uma filha muito presente, assim como o Leandro, estando comigo no hospital e acompa-nhando todo o meu tratamento. Então, só tenho que ser grata a Deus, porque tudo segue o pro-pósito Dele”, diz.

a história Que fica

Para o casal, é algo natu-ral ter filhos que hoje seguem a carreira política, comercial, ou de educadora, como é o caso da filha Ana Cláudia, que trabalha com a mãe.

A jornada política, que para Abel começou sem preten-sões, como um desdobramento de amizade com a família Mendonça, termina com o sentimento de de-ver cumprido.

O importante é sabercomo atuamos, o legado

que estamos deixando. No meu caso eu só tenho uma

palavra para expressar o que sinto: gratidão. Sou

grato a Deus e a cidade de Arujá”, diz Abel.

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Abel lembra que perdeu duas eleições e ganhou três. “E hoje eu entendo que foi uma ben-ção ter perdido as duas disputas, porque aprendi muito com isso”,

avaliou o prefeito. “Atualmente eu olho para a cidade que assumi em 1997 e vejo quanta coisa mudou. Entre as marcas dos meus mandatos vejo o alicerce do crescimento da cidade, com as novas alças do trevo de acesso à cidade, que consegui junto ao governo fede-ral e a NovaDutra no meu pri-meiro mandato. foi o começo de uma nova fase de crescimento”, disse. Abel agradece a Deus ao ver a cidade ganhando empre-sas, grandes comércios, geran-do empregos e apresentando hoje o melhor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Alto Tietê. E também é um mo-tivo de felicidade para ele a re-gularização do Barreto, o maior loteamento já regularizado do Estado de São Paulo.

“É trabalho e trabalho. Claro que há muita coisa a fazer e sempre haverá críticas e proble-mas, mas o meu legado vai mostrar que eu me doei à cidade, enfrentei as dificuldades com a minha equi-pe, colocando 100% de água nos bairros, 100% de corredores de ônibus, e que fizemos obras estra-tégicas para o desenvolvimento, como a abertura e a duplicação da Avenida Mário Covas, nosso ve-tor de crescimento, e que realizei graças ao apoio de dois grandes governadores: Mário Covas e Ge-raldo Alckmin”.

Eu entrei para a política sem grandes planos. Fui convidado pelo Toninho da Pamonha, e não quis

dizer não, porque éramos vizinhos, nossas famílias

eram muito amigas e leais. Mas eu assumi minha função com

responsabilidade e dei o melhor”.

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Seu Antônio:confesso que vivi!

Fotografia: Ricardo Castro - (11) 98420-2308Produção: Bruno Cortês e André RoqueDireção de Arte: Bruno Oliveira

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o ex-varredor de rua mais querido de Arujá curte sua merecida aposentadoria e relembra com amor a época em que trabalhou nas ruas da cidade.

Aos83anos,

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Foto: ricardo castro

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Gente S/A teve o privilégio de acompanhar uma parte da visita de Seu Antônio à sua amada ci-dade. E ele continua muito popular. Para caminhar nas ruas do Centro com ele é preciso ter muita paci-ência: tem sempre alguém querendo puxar uma boa prosa com Seu Antônio.

Vestindo uma bombacha e calçando botas com espora, Seu Antônio até parece um gaúcho (ele garante que esta é a moda nos sítios de Pirapozinho), mas ainda assim é reconhecido por jovens, adultos e idosos que carregam boas lembranças do ex-varre-dor de rua.

“Pra mim, o dia só começava oficialmente quando saia na rua e recebia o sorriso e o ‘bom dia’ do Seu Antônio. Era assim que começava a semana”, diz Dona Ana, uma das moradoras do Center Ville que compartilhou suas lembranças com a Gente S/A.

Confira agora as revelações, os causos e as saudosas recordações do principal personagem des-ta edição especial da Gente/SA, o inesquecível Seu Antônio.

É assim que um dos personagens mais popu-lares e queridos de Arujá se refere às três décadas nas quais trabalhou varrendo as ruas da cidade, quando fez enorme sucesso entre os moradores e comercian-tes.

Antônio Moraes – ou “Seu Antônio” ou ainda “Sujeira Pura” – conquistou os arujaenses por cau-sa da sua inigualável simpatia e também pela notável felicidade com a qual executava o seu trabalho, espa-lhando bom humor e otimismo pelas ruas de Arujá.

Não havia chuva, frio ou qualquer dificulda-de do cotidiano que o fizesse recuar da sua habitual alegria. Todos os dias – por anos e anos – o Seu An-tônio presenteou a comunidade com sua humilde, mas contagiante presença nos bairros e no centro.

Mais do que apenas um varredor de rua, en-quanto trabalhou no setor municipal de limpeza, Seu Antônio foi um verdadeiro embaixador da boa von-tade entre os arujaenses, brindando-os diariamente com a cortesia que muitas vezes falta até aos mais es-colarizados.

Recém-aposentado e morando em Pirapozi-nho – cidade do interior paulista localizada a mais de 500 quilômetros da capital – agora este personagem querido da população arujaense só visita a cidade para rever suas filhas e resolver pendências finan-ceiras.

“Agora vivo num sossego que você não faz ideia! Só eu e minha esposa Noeli num terreninho lá no interior. A gente planta um pouquinho de tudo, sabe? E aquilo lá, pra mim, é uma beleza. A gente vive cercado de verde e com muita paz. Me-lhor impossível!”, conta Seu Antônio.

Com os dedos marcados pelos anos em que usou incontáveis vassouras para limpar as ruas do Center Ville, Parque Rodrigo Barreto e do Centro, es-te octogenário é pura energia e otimismo.

“Foi a melhor épocada minha vida !”

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SEU ANTÔNIO VESTE:

Traje Social: Bellas Noivas - (11) 4651-4120Fotografia: Ricardo Castro - (11) 98420-2308Produção: Bruno Cortês e André RoqueDireção de Arte: Bruno Oliveira

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Foto: ricardo castro

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“comecei na Gestão Do ze-zão da Pamonha, em 1993, ainda como braçal. fui vigia de escola e de creche. Ganhava muito bem. Só sofria porque era o único vigia de plantão. Fazia muita hora extra em feriados e pontos facultati-vos e completava a renda porque já tinha cinco filhas. Muitos anos depois, houve uma mudança de governo. Quem não era concursado tinha que sair da função e ir para o setor de limpeza. Muita gente não quis, era orgulhosa. Eu estava na idade avançada. Sabia que não ia mais conse-guir emprego. Pensei no sofrimento que seria pra minha família. E fui com mui-to orgulho e alegria trabalhar no setor de limpeza.

A melhor época da minha vida foi lá na Prefeitura. Porque eu tinha li-berdade. Não era, como o povo pode pensar, liberdade de fazer coisa er-rada. Mas liberdade de trabalhar mesmo.

Eu já passei por muitas fir-mas. E é assim: em firma você não pode trabalhar. Se você mostra muito trabalho, os seus colegas ficam brabos com você. Quan-do comecei na Prefeitura, já pedi ao encarregado pra me deixar so-zinho em um setor que assim eu trabalharia muito mais. E ele fez isso. Eu ficava largado no meu

setor e trabalhava muito. Ado-rava meu serviço porque eu gosto mesmo é de andar por aí. Nunca me atrapalharam. Pagavam tudo certo, em ordem. Tinha uma ces-ta básica que davam pra gente que, olha rapaz, era uma coisa muito boa!”

SEU ANTÔNIO VESTE:

Traje Social: Bellas Noivas - (11) 4651-4120Fotografia: Ricardo Castro - (11) 98420-2308Produção: Bruno Cortês e André RoqueDireção de Arte: Bruno Oliveira

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“barreto?ali pra mim era o céu”

“Eu trabalhei no São José, no Rincão, Center Ville, Centro e no Barreto. O pessoal sempre me tratou super bem. Não pos-so reclamar. O povo arujaense é educado, viu? A gente não vê ‘abismo’ [expressão antiga para coisas escandalosas] por aqui. Todo lugar foi muito bom pra mim. Mas o Barreto? foram oito anos lá fazendo a Avenida B e a Municipal.

Aquilo era o céu pra mim. O povo me dava lanche na hora do almoço. quando fazia muito Sol, me davam suco ou uma água geladinha. quando era frio, me davam café. Eu saía pra almoçar na minha casa, no Center Ville, só pra aproveitar o tempo mes-mo. Porque comia e bebia na rua, por causa daquele povo do Barre-to. E nem precisava caminhar pra chegar no Center Ville, porque os motoristas davam carona. Eu era liberado pra subir nos ônibus, uma beleza!”

“voltei pra escola quando já tava perto de me apo-sentar. Rapaz, vou te falar, eu

não sabia ler era nada. Nem as coisas mais simples. E quis re-solver isso aí. Porque gente que é analfabeto sofre demais. Eu não estudei e foi sempre muito, mas muito difícil de conseguir emprego.

foi por causa do EJA [Edu-cação Para Jovens e Adultos] que hoje eu sei me virar sozinho. E já consigo responder às pessoas mais instruídas. Mas foi bem difícil pra mim chegar ao fim do curso. Eu não conseguia pegar as palavras. Passei pelo EJA no Esli, no Dalila e no Washington. Teve um ano que falei pras professoras: ‘Olha, vocês me reprovem de vez e me mandem pra casa. Vou dar lugar pra outro’. Mas elas insistiram comigo. Pega-ram firme mesmo.

fiquei bastante tempo estudando. Dizia pra me manda-rem embora, mas as professoras diziam que só de ir pra aula já estava tendo meu aprendizado. Tinha uma professora que era ótima. Porque era muito pacien-te, carinhosa. Ela me disse um dia que eu tinha mais experiência de vida e força de vontade do que muita gente que sabe ler e escre-ver. Aquilo me ajudou. foi terrível

quando ela morreu, de bala perdi-da, lá em São Miguel Paulista. Foi triste. Eu me formei em 2009. foi por causa dela e das outras pro-fessoras do EJA.”

“Depois Que eu ter-minei o eja, perdi o medo dos doutores. Tinha medo de fa-lar com advogados, contadores e até com os policiais. Depois do EJA me senti mais confiante para buscar ajuda dos doutores quan-do tinha problemas. Antes eu era como um burro de carga, segura-va todo o peso sozinho. Agora eu busco ajuda das pessoas”.

viDa no interior

“Eu levanto às 5h da manhã, dou comida para o meu cavalo e começo a trabalhar. É uma terra boa que consegui comprar por causa de todos esses anos de economia. São três alqueires. A minha esposa, Noeli, só faz almoço. Trabalho sozinho e bem sossegado. A gente tem abóbora, quiabo, mandioca e milho. Já me deram nove cabeças de porco. Agora comecei a plantar feijão com sementes que um vizinho trouxe de Maringá. Tomara que dê certo.

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Gosto muito de Pirapozinho. Lá em casa tem um so-fá antigo bem grande. Às vezes, tiro uma soneca ali em plena tarde de dia de semana. E durmo pra valer, sem preocupação. É um sossego total. Minha mulher às vezes me perturba pra gente voltar. Mas dali eu não saio mais.”

carinho Do povo

“quando eu volto pra Arujá é uma festa. Se eu for conversar com todo mundo que me para na rua, gasto o meu tempo todo com isso. Todos me cumpri-mentam na rua. É um carinho muito bom. Eu tenho os meus (cinco) filhos aqui; só um está em Itaquá. As filhas moram na casa que eu construí no Center Vil-le, quando aquilo ainda era só um bambuzal. Só saí daqui pra ter meu próprio terreninho. Arujá é uma cidade muito boa, o povo é muito educado.”

leGaDo

“Tudo que estou fazendo agora é pra deixar pros meus filhos e netos. O que eu quero é que eles sejam felizes com tudo o que eu construí nessa Terra. quero que digam com orgulho que moram na casa que é herança que o avô deixou. quero que vivam em paz. Faz tempo que eu já não precisava mais tra-balhar em nada. Continuei pelos meus netinhos”.

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SEU ANTÔNIO VESTE:

Traje Social: Bellas Noivas - (11) 4651-4120Fotografia: Ricardo Castro - (11) 98420-2308Produção: Bruno Cortês e André RoqueDireção de Arte: Bruno Oliveira

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O Brasil simpatizava com o nazismo. Getúlio Vargas enviou judeus para morrer nos campos de concentração da Alemanha. Mes-mo despreparados, os pracinhas brasileiros foram fundamentais na luta contra fascistas na itália de Mussolini. São muitos os fatos des-conhecidos, principalmente para as novas gerações, que cercam a participação do Brasil na II Guer-ra Mundial, a mais mortífera de todas as guerras. O médico Zé Luís Mon-teiro é um leitor voraz de todo tipo de literatura sobre a ii Guer-ra Mundial. O neurologista tem uma invejável coleção de livros sobre o tema e lamenta o desinteresse dos brasileiros pela par-ticipação do País no conflito. Zé Luís acredita que não apenas a guer-ra, mas os eventos que a antecederam são li-ções fundamentais para os brasileiros de hoje, muitos dos quais estão desacreditados com a

II Guerra Mundial:tudo o que que você não sabia

democracia. Confira abaixo os principais trechos da entrevista.

Getúlio vargasadmirava hitler e mussolini

“O governo Vargas era cla-ramente simpático ao fascismo e ao nazismo. Para se ter uma ideia, Getúlio Vargas tinha como chefe da sua polícia política ninguém menos que filinto Müller, que era um líder do integralismo, uma versão abrasileirada do nazismo. Até mesmo a Consolida-ção das Leis do Trabalho (CLT) no Brasil, criada pelo governo

Vargas, foi copiada da Carta del Lavoro, do ditador italiano Mus-solini. A influência do fascismo no Brasil era fortíssima na época de Getúlio Vargas e abrangia pra-ticamente todas as áreas. Até mesmo a arquitetura, na época de Vargas, tem uma forte influência fascista. O Estádio do Pacaembu, por exemplo, reveren-cia o símbolo fascista que é um feixe de varas. um conceito que transmitia a ideia de força e união nacional.”

brasil entrou na guerra em troca de barganhas

“Desde 1939, início do conflito, o Brasil as-

sumiu uma posição neutra na Segunda Guerra Mundial. O presidente Vargas não

via nada de errado com os nazistas e os fascistas.

Getúlio Vargas chegou a enviar muitos judeus, princi-palmente de esquerda, para a Alemanha, o que significava, e ele sabia, a morte nos campos de con-

centração. Foi Vargas quem

ordenou que Ol-ga Benário, ainda grávida, fosse devolvida à Alemanha. A questão é que o Brasil tinha e tem um papel importantís-simo na geopolítica global. Além dos seus recursos naturais, o nos-so País se destaca pela posição geográfica estratégica. A cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, em todas as

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Américas é o ponto mais próximo dos continentes europeu e afri-cano. Os americanos teriam uma enorme vantagem se tivessem uma base aérea em Natal, de onde sairiam para atacar alvos na Áfri-ca e Europa. O governo americano entendeu que a participação do Brasil no conflito era fundamental e fez muita pressão diplomática, além de sinalizar com vários in-centivos econômicos. O presidente Rossevelt prometeu ajudar Vargas no desen-volvimento econômico e industrial do Brasil, em troca de apoio na guerra. foi o que aconteceu: os americanos foram autorizados a instalarem bases aeronavais em Natal e Recife. E o Brasil entrou em guerra contra o Eixo.”

pracinhas esquecidos

“Milhares e milhares de brasileiros deixaram suas casas e famílias nas regiões mais remo-tas do Brasil, especialmente do Nordeste, para enfrentar o totali-tarismo na Europa. independente dos motivos do governo Vargas, os pracinhas foram pra guerra na itália e na África. infelizmente, hoje em dia não se fala do sacrifício deles. Os brasileiros têm certo orgulho da sua passividade. Os pracinhas fo-ram fundamentais na luta contra os fascistas na itália, muitos deles jamais retornaram ao Brasil. Se não fosse o sacrifício dos nossos pracinhas e soldados de outros países, hoje o mundo seria um lu-gar muito pior.”

hitler queria que o brasil fosse colônia da argentina

“Há um livro muito interes-

sante de um militar brasileiro, do Alto Comando, que traz a revela-ção de que a Alemanha imaginava o mundo pós-guerra dividido em cinco grandes grupos. A Alemanha dominaria a Europa; o Japão dominaria a Ásia; a Itália ficaria com a África; os EuA controlariam a América do Norte. Mas a América Latina fica-ria sob a tutela da Argentina. Os nazistas queriam os argentinos dominando nosso continente no pós-guerra. Por isso o ditador ar-gentino Juan Peron era bastante simpático às ideias totalitárias do nazismo. O próprio Hitler imaginava que, no futuro, se ele vencesse, o mundo estaria domi-nado. O Brasil seria uma colônia da Argentina se essa ideia preva-lecesse.”

hitler era visto por todos como um salvador

“A Alemanha estava mergulhada na pobreza na década de 1930, em parte, principalmente, ao Tratado de Versalhes, assinado pelos vito-riosos da i Guerra Mundial, que impôs ao povo alemão uma série de restrições econômicas e terri-toriais. Nesse cenário, Hitler apa-receu como um salvador. Em 1933, poucos anos antes da guerra, a re-vista americana Time Life o elegeu personalidade do ano. Muita gente achava que ele salvaria os alemães da recessão e do desemprego. Os historiadores se per-guntaram por décadas como foi possível que a Alemanha, conside-rada o berço da civilização, caísse nas mãos de um ditador imperialis-ta. A grande pergunta é: como o País que produziu Beethoven,

Lutero, Goethe, entre outros, foi parar nas mãos de um pintor fracassado que virou cabo do exército? Eu acredito que isso ocorreu por causa da vitória bol-chevique na União Soviética. Todos temiam o avanço do comunismo que vinha do Leste. Os países capi-talistas imaginavam que Hitler faria da Alemanha um bastião do capita-lismo na Europa.”

lições da ii Guerra mundial

“A ii Guerra é importan-tíssima: ela determinou o fim dos grandes impérios, motivou os mo-vimentos de independência nas colônias, e levou o mundo ao ce-nário bipolar, onde duas grandes superpotências, EUA e União Sovi-ética, polarizaram o mundo por 50 anos. A maior lição é a de que precisamos sempre defender os valores da democracia. Retroceder nunca é boa ideia. Os exemplos da história estão aí. O nazismo só ganhou força na Alemanha porque havia um desprezo pela democra-cia. Os valores da democracia têm que ser cada vez mais consagrados no nosso dia-a-dia”, defende Zé Lu-ís Monteiro .

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Apaixonado pelo mar, o empresário Sérgio Luiz da Silva Guaglioni, o Serginho do Centro Industrial, não vê grande diferen-ça entre pilotar uma embarcação em águas agitadas e a missão de comandar, ao lado da esposa Zu-leide, três empresas com um time de 80 funcionários em meio à cri-se econômica que assola o Brasil. Mesmo com uma queda de quase 40% na produção da Vacso-fort, que produz peças de injeção termoplástica, ele observa o hori-zonte, tira proveito do vento e ad-ministra as dificuldades. “No mar a gente tem que estar atento ao vento e atento ao rumo: às vezes, é preciso dimi-nuir a velocidade, mas sem perder o foco. E no mercado industrial não é diferente: a gente se entris-tece com tanta instabilidade, mas não perde a esperança. A minha principal preocupação é manter a mão de obra qualificada, pois leva muito tempo para conquistar funcionários capacitados e esse é um bem que não se pode perder”, explica.

preservanDo empreGos

Para evitar demissões na Vacsofort, um empreendimento que nasceu há 24 anos, quan-do Serginho ainda era um jovem sonhador – e que está no Centro Industrial há 15 anos – o empre-sário oferece férias que podem ser futuramente descontadas em banco de horas. “A gente procura conver-sar, conscientizar sobre a situa-

ção, todos entendem e colaboram, porque valorizam o emprego que têm”, explica. É o que confirma Thomaz, 26 anos, há 4 no efetivo da empe-sa. “Eu fiquei de férias por uma semana. Não gostei muito; adoro trabalhar, mas se é um jeito de manter o emprego, eu nem pos-so reclamar. Assisti lançamentos do cinema e agora estou torcendo para que a produção na empresa volte ao que era antes”, relata.

foco na inovação

Outra preocupação do empresário é justamente ad-quirir equipamentos de ponta. “É preciso observar os ventos e, no nosso caso, o dó-lar no valor em que está e as próprias ações do governo em relação ao PIS e Cofins, aca-bam nos dando alguma vanta-gem. A oferta para compra de equipamentos é mais compe-titiva e você consegue preços melhores. É o que estamos fa-zendo. Porque, apesar do des-conforto, precisamos acreditar que a crise vai passar e quando passar teremos mais velocida-de e qualidade na produção”. Nas horas de maior preocupação, Serginho con-templa o pomar na área de fundos da empresa, onde cul-tiva cerca de 120 árvores fru-tíferas, entre lichias, laranjas, mangas e abacate. “A natureza ensina que há tempo para tudo na face da

Terra, precisamos ter paciência e perseverança”, filosofa. naveGanDo em áGuas Doces

Já a Ricozon, que produz purificadores de água e de ozo-nização do ar, apesar da instabili-dade econômica, vem mantendo a produção num nível satisfatório. “Neste caso, fomos ajuda-dos pela crise hídrica, pois com os reservatórios no limite e a utiliza-ção do volume morto, as pessoas têm consciência de que é preciso garantir a qualidade da água po-tável. Com isso, estamos vendendo um pouco mais”, informa Serginho.

Aprendendo com osventos da crise

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Há anos a empresa que compartilha com a Vacsofort uma área de 5.700 m2, vem criando e desenvolvendo novos produtos, com qualidade e preço que bus-cam atender à realidade do con-sumidor. “Todos os nossos produ-tos no segmento de filtros, purifi-cadores de água e ozonizador de ar e água, são fabricados dentro dos padrões de qualidade e aten-dem perfeitamente às normas téc-nicas da inmetro”, ressalta o em-presário.

áGuas calmas

Localizada no Jordanó-polis, a terceira empresa, a ideal Equipamentos Para Laboratórios, não sentiu os efeitos da crise. “É interessante observar que a crise talvez seja um fator para o au-mento no consumo de medica-mentos, o que nos leva a produzir em maior escala as embalagens e

equipamentos utilizados pelos la-boratórios”, avalia Serginho. Junto com os sócios Jairo e flávio, Sérgio investe cada vez mais em inovação, visando acom-panhar o próprio avanço do setor farmacêutico e laboratorial. “A ideal tem uma linha bastante ampla, com embalagens para pastilhas e balas de goma, blister para cápsulas duras, blis-ter para comprimidos sublingual e também para o segmento hos-pitalar odontológico”, destaca o empresário. Já a linha de equipamen-tos conta com a blistadeira inpa-ck, que proporciona a selagem de vários produtos, a blistadeira Compact Plus, adequada tanto para laboratório quanto para far-mácias, a encapsuladora Color Plus 120-240 e 360 capsulas, abridor de cápsula e alimentador, a encapsuladora semi-automá-tica, além de sachês que podem comportar comprimidos para

dose única, drágeas, supositórios, lenços umedecidos, dentre outros produtos. “Temos uma equipe bem treinada e estamos sempre inves-tindo em pesquisa para atender às expectativas desse mercado que não para de crescer”, conclui Ser-ginho.

Thomaz:Adoro trabalha.

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A frase acima é do arquiteto e urbanista Juvenal Penteado, o atual secretário de Obras do município. Leia bem: não se trata de esperança ou desejo, mas de uma previ-são racional baseada em dados e estudos técnicos sobre os impactos da che-gada do Rodoanel. Com a conclusão do Rodo-anel, Arujá embarcará em uma nova e significativa fase de crescimento comercial, industrial e demográ-fico. Em outras palavras, a cidade abrigará mais gente, mais carros, mais prédios, mais indústrias e mais empresas. Para muitos arujaenses, tudo isso soa como o anúncio de uma grande invasão alienígena. Mas é simplesmente o inevitável processo de crescimento urbano. O próprio Juvenal se con-sidera um “arujaense tradicional” e está criando uma força-tarefa com arquitetos, engenheiros e ou-tros especialistas com o objetivo de elaborar ferramentas técnicas que permitam preservar o espírito

comunitário que distingue Arujá. Aliás, essa preocupação do secretário com a preservação certa-mente contribuiu para a fama que Arujá adquiriu: a cidade mais rígida da região no que diz respeito à libe-ração de novos empreendimentos. Juvenal falou à GENTE S/A sobre o futuro da cidade onde nasceu e seus esforços para mantê-la com ar interiorano e tradicional.

arujá Do futuro

“Demorou uns 20 anos para a cidade sentir e receber os impactos da Dutra. O Rodoanel vai cortar esse tempo pela metade: em 10 anos teremos aqui um grande fluxo de investimentos e a cidade

vai crescer urbanistica-mente, com muito mais prédios. O Rodoanel fará ligação com as principais rodovias do Estado que, por sua vez, estarão co-nectadas com o resto do País. Com o Rodoanel, vamos estar ligados com rodovias como, por exemplo, a Dom Pedro e a Carvalho Pinto. Além do sistema viário, estare-mos ligados com o Porto de Santos, e ganharemos novas alternativas para o aeroporto de Guarulhos. Muitos empreendi-mentos de grande porte estão chegando. Posso dizer oficialmente que teremos um hotel da rede ibis aqui. isso ocorre por-

que já se prevê, com base em estu-dos técnicos, que Arujá vai mudar com o Rodoanel. A Dutra foi nosso primeiro momento de explosão de crescimento; o Rodoanel vai ser o segundo momento”.

aeroporto emobiliDaDe urbana

“A mobilidade urbana de Arujá vai mudar bastante. E quan-do eu falo em mobilidade, não es-tou falando em acessibilidade. São coisas distintas. A acessibilidade diz respeito às rampas, piso tátil e acessos para portadores de neces-sidades especiais. Mobilidade urba-na é transporte público, circulação de carros, ônibus e logística.

“Em dez anosteremos outra Arujá”

“Arujá levou 20 anos para sentir os impactos provo-cados pela chegada da Via Dutra. Com o Rodoanel, esse processo será bem mais rápi-do: em dez anos Arujá vai ex-perimentar um novo e grande impacto de desenvolvimento. A cidade vai mudar”.

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Para dar um exemplo, va-mos falar do aeroporto de Guaru-lhos. Além do acesso pela Dutra, te-remos pelo Rodoanel uma alça para dentro do aeroporto. fora isso, os arujaenses terão uma opção pela Avenida Mário Covas. Porque o projeto final prevê a ligação entre o nosso trecho viário até a divisa de Guarulhos. A nossa parte já está sendo feita. Nós estamos concluindo a Mário Covas, que está canalizada. Agora vamos terminar a segunda pista de pavimentação, ciclovia e iluminação. Tão logo Guarulhos faça sua parte, teremos essa opção direta que mudará o fluxo signifi-cativamente.”

novos polos inDustriais

“O Centro industrial hoje está consolidado. Ele até oferece terrenos, mas lá não tem mais es-paço disponível para construir. São terrenos de mais de 5 mil metros, porém, os proprietários desmem-braram para vender partes menores para indústrias menores. Por isso,

o Centro Industrial não comporta mais grandes empreendimentos. A unidade das Casas Bahia, por exemplo, tem 150 mil metros quadrados de área construída: ima-gine quantos terrenos do Centro industrial seriam necessários para receber só este empreendimento! No mínimo, precisaria de 30 terre-nos. O Rodoanel vai acelerar esse processo de criação de novos polos industriais”.

plano Diretore zoneamento

“A cidade está se prepa-rando para as mudanças. São três leis distintas: o Plano Diretor, a Lei de Zoneamento e o Código de Obras. O Plano Diretor não muda. O que estamos revisando é a Lei de Zoneamento, que é um braço do Plano Diretor. Temos um estu-do para a revisão do Zoneamento que vai passar por todos os con-selhos competentes. Na revisão da Lei de Zo-neamento poderão ser incluídos os novos polos industriais, zonas

de uso diversificado, e medidas para potencializar as já existentes. A nossa lei está muito atrasada e precisa mudar. Muitos empreen-dimentos travam nisso. queremos melhorar e fazer ajustes. O caminho agora é esse: teremos reuniões com o EPDA (Escritório do Plano Diretor), passaremos pelo conselho da ci-dade, em seguida pelo Condema. faremos reuniões temáticas com arquitetos, engenheiros, empre-sários, corretores e, finalmente, faremos audiências públicas. Em seguida, o documento vai para a Câmara. É um caminho longo, mas já começamos a percorrê-lo. Temos a intenção de apresentar a minuta ainda este ano”.

mais habitantes

“O Censo diz que temos 75 mil habitantes. O nosso cruzamen-to de dados, contudo, indica que a cidade já deve ter chegado aos 85 mil. Os dados são atuais e todos convergem para este número su-perior ao Censo. Além disso, hoje

Foto: Fábio Fernandes

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Foto: Fábio Fernandes

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temos ferramentas como as ima-gens do Google que mostram den-sidade demográfica aumentando em loteamentos nas margens da Dutra. É natural. As pessoas estão sempre à procura de mobilidade, do acesso mais rápido, da cidade mais bem localizada. Arujá é um município geograficamente pri-vilegiado. É cortada por uma das principais vias do País, a Dutra, e está recebendo o Rodoanel.”

crescimentovertical

“Muitos arujaenses tra-dicionais – e eu me incluo entre eles, pois nasci aqui – têm medo da verticalização, ou seja, da che-

gada dos prédios. É uma questão urbana: perde-se espaço físico, então, precisamos aumentar as alternativas verticais. Hoje tudo é mais caro e nós estamos na região metropolitana, então, os terrenos são cada vez mais valorizados. Arujá vai entrar na fase das verticalizações. Não é algo que eu ou muita gente queira, mas não temos muitas saídas. Agora, é preciso enfatizar: não vamos ter prédios em qualquer lugar, em bairros, sem critérios. isso só vai acontecer em regiões específicos da cidade. O Arujámérica, por exem-plo, é um loteamento já consolida-do. Ali tem poucos terrenos vazios, então, vai ter prédios no Arujamé-

rica? Não! Do ponto de vista urba-nístico, é um loteamento que está estabelecido. A verticalização só acontecerá em lugares que têm espaços urbanos vazios, glebas de terra que comportem novas rotas de veículos”.

restrições

“E mesmo onde acontecer a verticalização, teremos restrições e critérios. Nós temos um estudo feito em 2000 que estabeleceu que em Arujá o gabarito (altura) dos prédios não poderia ultrapas-sar o equivalente a 13 andares. Para não causar problema de in-solação nas construções vizinhas. isso pode mudar, é claro, mas a

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Foto: Bruno Cortês

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demanda por prédios com 13 an-dares em Arujá já é grande. Acho improvável que mude. Também estamos pen-sando em algumas obrigações para os construtores. Os prédios costumam oferecer uma vaga de estacionamento para cada apar-tamento. O problema é que, nor-malmente, cada membro da fa-mília tem um carro. Os prédios terão de oferecer mais vagas. Mas é algo que precisa ser ava-liado com os construtores”.

“existe um mito sobrea área De manancial”

“A chamada área de ma-nancial compreende 52% da cidade. Não nos prejudica em nada: é um excelente vetor de de-senvolvimento ambiental. Existe um mito de que não se pode fa-zer nada na área de manancial.

Não é verdade. Podemos instalar até indústrias lá. Tudo depende do tipo de indústria. Por exem-plo, pode ser uma indústria de montagem, que não precisa utili-zar produtos químicos. E tudo isso passa pela Cetesb, um órgão extre-mamente rigoroso. A gente tem que aprender atrabalhar com o desen-volvimento ambiental criativo”.

crescimentoorDenaDo

“Muitos arujaenses têm medo de um crescimento desor-denado. É um medo natural. Sou arquiteto, urbanista, trabalho há muito tempo na área e também tenho alguns receios e medos. Mas é preciso entender que a ci-dade vai ter seus critérios e res-trições. Por exemplo: chegou a história do shopping na cidade.

um shopping no centro de Arujá muda toda a estratégia viária da cidade. Traz empregos e receita, mas traz desafios. Foram cinco anos de discussão por causa do impacto que o shopping trará. Ele terá 800 vagas de estacionamen-to. Mas está no centro, perto do Pro Polos. imagine o trânsito ali no final da tarde de sexta-feira! Nós tivemos que buscar soluções: opções de entradas de carga e descarga, mais entradas e saídas de veículos, sinalização, etc. O shopping traz serviços, comér-cios, gera empregos, e dá receita ao município – da qual preci-samos pra fazer as coisas. Mas a cidade impõe suas restrições e cuida para que tudo seja feito de maneira ordenada sem pre-judicar os moradores. “Da nossa parte, hoje, está tudo certo com relação ao shopping”.

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Cinquenta estudantes de Arujá, residentes em bairros como Barreto, Retiro e Pilar, viveram no dia 26 de abril uma novidade: fo-ram pela primeira vez ao teatro, em São Paulo, onde assistiram à comédia musical “Mudança de Hábito”, baseada em filme de mes-mo nome e que fez um enorme su-cesso no Brasil. A aventura, que foi mar-cada pelo conforto de uma con-dução em alto estilo e um lanche reforçado, foi proporcionada pela Vivarujá, cujo objetivo é viabilizar a participação da juventude em eventos e atividades culturais de forma que possam adquirir infor-mações e conhecimentos. A peça, que mostra a mu-dança de hábito de uma artista que se refugia num convento após testemunhar um crime e cuja vivacidade leva as freiras a se envolverem com a comunida-de através de música, provocou entre os adolescentes de Arujá muito mais que risos, mas a cer-teza de que é possível fazer da música, da arte, ou de sua voca-ção natural, uma forma de ser-vir e transformar para melhor a

vida das pessoas. Além disso, a curiosidade durante o percurso e a felicidade de se verem num ambiente refina-do (o Teatro Renault) reforçaram o fato de que a cultura é constan-temente uma mudança de hábito. “A alegria deles foi contagiante e isso foi gratificante para todos os integrantes da Vivarujá. Tanto para eles, quanto para nós foi um momento inesquecível”, afirma o advogado Luís Camargo, idealiza-dor da Ong.

museu Do futebol

um outro passeio está programado pela Vivarujá, des-ta feita visando contemplar 44 crianças que praticam o futebol. A Ong pretende levá-las ao Museu do futebol, no Pacaembú, onde poderão ampliar suas informa-ções sobre esse esporte e seus astros. Após a ida ao museu as crianças farão um tour pelos pon-tos mais conhecidos da Capital, como Avenida Paulista, Mosteiro de São Bento, Praça da Sé, entre outros. Segundo Luiz Camargo,

um guia está sendo contratado para proporcionar aos estudan-tes, durante o passeio, todas as informações para que saibam um pouco mais sobre a capital do Es-tado de São Paulo.

vivarujá

idealizada por Luís Ca-margo, a Ong é uma instituição sem fins lucrativos, criada no final de 2014 com a finalidade de promover o acesso à cultura de jovens a partir de 12 anos. O nome, segundo ele, “representa a celebração da vida integralmente, a comemoração do fato de que vi-vemos em Arujá, que é uma cida-de já estruturada e que acolhe de forma tão carinhosa aqueles que, como eu, desejam aqui viver e tra-balhar”. Num primeiro momento, a Vivarujá patrocina através de amigos e empresas parceiras, a ida de crianças em atividades culturais (cinema, teatro, mu-seu), ficando por conta da ins-tituição todo o investimento em transporte, ingressos, lanches e todo apoio necessário.

Mudança de hábito:Vivarujá leva estudantes ao teatro

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Eu tinha entre 10 e 12 anos de idade quando ouvi o blues pela primeira vez, em meados dos anos 90. Era uma noite quente e eu liguei a TV na tentativa de me distrair. quando estava sonolento, fui desper-tado por uma guitarra e levado para a terra da melancolia. Nunca consegui me lembrar do nome do filme. O que ficou pra mim foi a lembrança de uma cena em que uma bela atriz dirige seu carro, sozinha, em uma noite fria, a caminho de um aeroporto. No to-ca-fitas, ela coloca um blues... Aquela música me fez ajoelhar, perple-xo, em frente a TV. foram dois ou três minutos de duração, mas jamais os esquece-rei. fui arrebatado pela intensa melancolia das notas daquela guitarra que parecia chorar pela partida de alguém. A voz do então desconhecido, carrega-da de sentimentos tão fortes e autênticos, me transportou para outro lugar, onde já havia esta-do, mas não lembrava o nome.

Quando B.B. Kingme acordou

O blues sempre me causou uma impres-são de Deja Vu. Eu o conheço desde sempre, mas não sabia o seu no-me até aquele momento. quando a músi-ca acabou, meu sono já tinha ido embora. Muitas sema-nas depois – a internet era recente – finalmen-te descobri o nome da música: “The Thrill is Gone”. A canção de-vastadora realmente falava de alguém que havia ido embora. Mas falava, principalmente, de um amor que havia morrido. Uma relação

rompida. Eu não sabia ab-solutamente nada sobre blues. Ou sobre o amor. Ou sobre relações rom-pidas. Só sei que, de al-guma forma, tudo aquilo fazia mais sentido pra mim do qualquer outra coisa que eu ouvia no rá-dio. O mundo finalmente se mostrava interessante pra mim. E o sujeito des-conhecido era ninguém menos que B.B. King.

thiago cortês

Riley B. King nasceu em 1925, em uma fazenda de algodão do estado do Mississippi. Aliás, o blues também nasceu nas fazendas de algodão. Os negros que viviam e morriam nas fa-zendas do Sul americano expressavam nostalgia por uma terra distante e uma época passada que

fazenDasDe alGoDão

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eles, na verdade, jamais conheceram. Riley aprendeu a tocar com o tio, Bukka White. quando tinha apenas 10 anos, deixou o Mississippi carregando somente sua guitarra e $ 2 dólares para tentar a vida em Memphis, onde os negros do Sul buscavam vencer a po-breza pelo talento musical. ficou conhecido como blues boy, o garoto do blues. Nas décadas de 60 e 70, B.B. King evitava cidades mais ao Sul porque ele e os integrantes de sua banda não tinham permissão para comer nos res-taurantes locais ou de se hospedar. Foram anos difíceis. Mas B.B. sabia o que queria. Era durão como seus tios. Persistiu, fez shows para bêbados, sobreviveu a incêndios, apostou tudo na música.

Décadas depois, foi considerado, ao lado de Eric Clap-ton e Jimi Hendrix, um dos melhores guitarristas do mundo. E deixou de ser o garoto para se tornar o rei do blues. B.B. King ganhou notoriedade e distinção. Com 15 prê-mios Grammy, chegou a fazer 300 shows por ano e se apresentou em 90 países diferentes.

blues na madrugada

Além de tudo isso, foi ele, B.B. King, quem me deixou acordado naquela noite quente e me ajudou a descobrir o nome daquela melancolia que me era tão fa-miliar. B.B. King me levou a Robert Johnson, Muddy Waters, Eric Clapton, Buddy Guy e, finalmente, ao notá-vel Howling Wolf, que considero o maior bluseiro que já pisou neste mundo. Eu era uma criança branca de classe média bai-xa, vivendo em Guainases, na extrema zona leste de São Paulo, mas sentia total identificação com aqueles sujei-tos durões que faziam suas guitarras chorarem por eles. Ao contrário das crianças da minha idade, eu preferia as madrugadas solitárias aos dias ensolarados. A noite sempre me pareceu o estado natural do mundo. Anos depois, vim morar em Arujá. B.B. King e sua corte vieram comigo. O meu quarto era o único fora da casa. Não tinha TV lá; apenas um aparelho de som. E muitas rari-dades. As madrugadas eram oportunidades incríveis de aproveitar a boa música. B.B. King foi uma espécie de companheiro das madrugadas da minha adolescência, ao lado de Eric Clapton, Willie Dixon, Aretha franklin, Blind Willie John-son, entre tantos outros. Descobri que o blues não é (só) um gênero mu-sical. É um tipo de sentimento ou alma. Você tem ou não. A descoberta fez todo o sentido pra mim. Eu sempre tive o blues.

Obrigado, B.B. King.

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“Esta é só mais uma crise e, assim como as outras pelas quais todos nós já passamos, pode ser vencida com criatividade e trabalho dobrado. Ela não me assusta, por-que eu sei que a solução está em olhar as oportunidades”. A declaração foi dada pelo empresário Laudirley ferreira Dourado, durante solenidade pro-movida pelo Ciesp (Centro das in-dústrias do Estado de São Paulo) e Câmara Municipal de Guarulhos, no final de maio, quando ele re-cebeu o título de “industrial do Ano”. idealizador da fesma, uma empresa que mantém uni-dades de produção em Guarulhos e Arujá, Laudirley foi aplaudido de pé neste evento que teve como foco o crescimento industrial. Ele contagiou a muitos com seu otimismo e sua crença de que o Brasil vai superar este momento de instabilidade econômica. “Estamos pesquisando e preparando novos produtos para atender agora o mercado de cons-trução civil, como baldes e caixotes para massa e as desempenadeiras. Eles não faziam parte de nossa li-

nha, mas partimos do princípio de que em tempos de crise não se pode parar; é preciso avançar com inovação e investimento. É preciso acreditar que a crise é também um tempo de oportunidade”, afirmou.

fé e coraGem

As pessoas que conhecem a história deste empresário sabem que sua filosofia de vida está atre-lada à experiência. “Muitos ainda hoje me perguntam sobre o signifi-cado de fesma, e eu digo que ele re-sume a aposta bem humorada que

eu e meu sócio fizemos em 1986, quando, no quintal de minha mãe, montamos uma ferramentaria que não tinha máquinas”, revelou. “Eu era um ferramenteiro formado pelo SENAi e queria ter uma ferramentaria, mas não tínha-mos nada! fomos a uma sucata e compramos duas furadeiras sem motor e sem mandril, e começamos a nossa empresa. Nós a batizamos de “Fesma”, que significa Ferra-mentaria Sem Máquinas. Tivemos de improvisar, fazer bicos em em-presas para utilizar as máquinas que não tínhamos e executar nossos primeiros produtos. Mas vencemos, pois ainda naquele

ano começamos a formar uma boa clientela”, contou.

Hoje a Fesma é uma empre-sa que conta com equipamentos de ponta e está sempre investindo em tecnologia. A empresa tem cerca de cem funcionários distribuídos entre as unidades de Arujá (fesma Tecnologia) e de Guarulhos (Fesma Indústria de Ferramentas). A empresa tem como carro-chefe a produção de esteiras por-ta-cabos e equipamentos de auto-mação bancária, que tornaram este

Industrial do Ano receita otimismo e dá dicas para enfrentar a crise

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nome uma referência nacional. Há alguns anos, num momento de cri-se, a empresa passou a desenvolver urnas eletrônicas e venceu a licita-ção promovida em alguns estados para o fornecimento das peças. “A cada ano eleitoral po-demos contar com este produto. E para nos ajudar nesta crise esta-mos investindo em equipamentos para a construção civil, porque percebemos algumas necessida-des que poderiam ser atendidas. Estamos pesquisando algumas empresas chinesas, para ver como elas estão dominando o mundo com sua capacidade de produzir o que os clientes precisam e temos expectativa de, em breve, iniciar uma parceria para a produção de produtos em outros segmentos”, afirmou o empresário. “Eu posso culpar o governo pelos fatores que trouxeram esta nova crise sobre nós, posso discor-dar do paternalismo que impera na

política desse País hoje, mas, quan-do estou na minha empresa acredi-to no potencial da minha equipe e eu sei que sou eu, e mais ninguém, quem tem que viabilizar as saídas”, disse. “E isso eu estou fazendo através de feiras tecnológicas, nas quais apresento os nossos produ-tos e procuro captar novos clientes, por meio de pesquisa e também de publicidade, pois não podemos nos esconder, temos que mostrar que somos capazes”, destacou.

a cerimônia

Em breve depoimento à GENTE/SA, Laudirley Dourado se disse muito feliz com o prêmio. “É algo muito significati-vo para mim e meus funcionários, porque não é o tipo de troféu que você paga para receber, e sim con-firmado por uma pesquisa feita por uma comissão bastante séria e assi-

nado pela Associação Comercial de Guarulhos, pela Ordem dos Advo-gados, a Câmara Municipal e Ciesp. É o reconhecimento ao papel que nossa empresa tem nesta que é a 8ª economia do Brasil e onde continu-amos a gerar empregos e receita”, finalizou. Laudirley foi prestigiado pelo prefeito Sebastião Almeida, de Guarulhos, Reynaldinho, presiden-te da Câmara Municipal de Arujá, pelos vereadores arujaenses Maria Lucia Ribeiro e Castelo Alemão e Márcio fernandes, assessor da Se-cretaria Municipal de Desenvolvi-mento Econômico de Arujá. “É um orgulho para o mu-nicípio de Arujá sediar uma uni-dade da fesma e tornar-se também uma referência positiva no merca-do através de seus produtos. O Lau-dirley Dourado é um exemplo para todos nós no sentido de acreditar na indústria e no Brasil”, disse Rey-naldinho.

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Conforme havia anunciado, a Associa-ção dos Condomínios Horizontais de Arujá (Aconda), apresentou na sua reunião de 27 de maio o plano de ações integradas visando ampliar a segurança nos condomínios que participam da entidade.

O presidente da Aconda, Márcio Oliveira, é o responsável pela proposta pioneira. Em resumo, a ideia é que a Aconda trabalhe em conjunto com os condomínios, as Polícias locais, e a Guarda Munici-pal em um sistema integrado de troca de informações e monitoramento.

Condomínios:Aconda apresenta plano de segurança

“A nossa proposta é esta: a Aconda vai trabalhar junto com os condomínios a questão da segurança por meio de um plano

sistêmico dotado de uma rede de informações e o monitoramento em tempo real de ações suspeitas”, detalhou.

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Márcio Olivei-

ra revelou que o plano de se-

gurança da Aconda tem sido

elaborado e discutido desde o

início do ano com todas as di-

retorias de segurança patrimo-

nial dos residenciais. É um pla-

no minucioso e que contempla

vários tópicos técnicos.

“Nós tivemos que estu-

dar os aspectos jurídico, fiscal,

tributário, logístico e tático

que este plano implica. E con-

seguimos fechar uma propos-

ta que permite aplicação em

todos os condomínios, respei-

tando-se as características de

cada um”, afirmou.

Agora que o plano foi

oficialmente apresentado na

reunião da Aconda caberá às

diretorias de cada condomínio

optar por participar ou não da

iniciativa. Existem questões

de ordem técnica e financeira

para serem avaliadas por cada

condomínio.

A proposta será discu-

tida nas assembleias dos resi-

denciais, provavelmente, nos

próximos dois meses. Apesar

de se tratar de uma iniciativa

pioneira e que propõe a intera-

ção entre vários atores, o presi-

dente da Aconda acredita que a

proposta terá apoio das direto-

rias.

“Caberá a cada condo-

mínio agora tomar sua decisão.

Nós estamos confiantes de que

haverá adesão, pois a gestão

compartilhada de segurança

é uma iniciativa que pode fa-

zer toda a diferença, mediante

a atuação integrada das for-

ças de segurança patrimonial,

Polícias, GCM, e Aconda. Esse

trabalho integrado e sistêmico

é fundamental”, finalizou Már-

cio.

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