4
Do Rosacrucianismo à Maçonaria Especulativa Jeff Alves Dentro do conjunto de problemáticas que configuram a transição da maçonaria operativa para a maçonaria dita “especulativa” destacaremos neste breve artigo algumas posições interpretativas. Robert Fludd e a Maçonaria Especulativa Chistopher McIntosh observa que um ponto importante sobre Robert Fludd é que ele pode ter sido maçom, sabe-se que havia um templo maçônico perto de sua casa londrina, em Coleman Street. A. E. Waite pergunta-se se Fludd não teria introduzido uma corrente rosa-cruz na maçonaria. Não há provas disso, pois é difícil saber quando a maçonaria e o rosacrucianismo entraram em contato pela primeira vez. Um ano depois da morte de Fludd em 1638, aparece em Muses Threnodie, de Henry Adamsom: “Pois o que pressagiamos não é geral, Pois somos irmãos da Rosa-Cruz: Nós temos a palavra de Maçom e segunda vista, Coisas para vir podemos predizer com exatidão.”. Comenius e a Maçonaria Especulativa Ainda sobre as relações entre o Rosacrucianismo e as origens da Maçonaria inglesa, Robert Vanloo diz-nos que a Rosa-Cruz do começo do século XVII teve uma influência considerável nas origens da maçonaria anglo-saxã, alguns historiadores alemães da Rosa-Cruz tal como Hans Schick, vê nos trabalhos de Comenius a origem dos ideais da fraternidade e da democracia dentro da maçonaria inglesa recém nascida. Comenius sendo apresentado como um tipo de mediador privilegiado entre o pensamento rosacruciano de J. Valentin Andreae e o círculo de Tübingen e os homens que patrocinaram o nascimento da maçonaria especulativa na Inglaterra antes da Fundação da Grande Loja de Londres em 1717 com Hartlib e Dury. Comenius permitiu que a herança espiritual de J. V. Andreae e as idéias de uma sociedade ideal fosse derramada na Inglaterra e encontrasse acolhida lá. Em 1641, Comenius estava em Londres para aí fundar um círculo pansófico.

Do Rosacrucianismo à Maçonaria Especulativa

Embed Size (px)

DESCRIPTION

misticismo ocultismo rosacucianismo

Citation preview

Do Rosacrucianismo Maonaria EspeculativaJeff Alves

Dentro do conjunto de problemticas que configuram a transio da maonaria operativa para a maonaria dita especulativa destacaremos neste breve artigo algumas posies interpretativas.Robert Fludd e a Maonaria EspeculativaChistopher McIntosh observa que um ponto importante sobre Robert Fludd que ele pode ter sido maom, sabe-se que havia um templo manico perto de sua casa londrina, em Coleman Street. A. E. Waite pergunta-se se Fludd no teria introduzido uma corrente rosa-cruz na maonaria. No h provas disso, pois difcil saber quando a maonaria e o rosacrucianismo entraram em contato pela primeira vez.Um ano depois da morte de Fludd em 1638, aparece em Muses Threnodie, de Henry Adamsom: Pois o que pressagiamos no geral, Pois somos irmos da Rosa-Cruz: Ns temos a palavra de Maom e segunda vista, Coisas para vir podemos predizer com exatido..Comenius e a Maonaria EspeculativaAinda sobre as relaes entre o Rosacrucianismo e as origens da Maonaria inglesa, Robert Vanloo diz-nos que a Rosa-Cruz do comeo do sculo XVII teve uma influncia considervel nas origens da maonaria anglo-sax, alguns historiadores alemes da Rosa-Cruz tal como Hans Schick, v nos trabalhos de Comenius a origem dos ideais da fraternidade e da democracia dentro da maonaria inglesa recm nascida. Comenius sendo apresentado como um tipo de mediador privilegiado entre o pensamento rosacruciano de J. Valentin Andreae e o crculo de Tbingen e os homens que patrocinaram o nascimento da maonaria especulativa na Inglaterra antes da Fundao da Grande Loja de Londres em 1717 com Hartlib e Dury. Comenius permitiu que a herana espiritual de J. V. Andreae e as idias de uma sociedade ideal fosse derramada na Inglaterra e encontrasse acolhida l. Em 1641, Comenius estava em Londres para a fundar um crculo pansfico. Mas na Inglaterra alastra-se a revoluo e o projeto abandonado. De um modo geral, para a perspectiva terica de Vanloo e de Hans Schick pode muito bem ter sido Comenius o elo de ligao entre o pensamento rosacruciano de J. V. Andreae, a ideologia rosacruz autntica e a maonaria inglesa.Elias Ashmole e a Maonaria EspeculativaApesar de muitas pesquisas realizadas por historiadores manicos, virtualmente nada de concreto se sabe sobre a mudana, a no ser que ocorreu entre fins do sculo XVI e comeos dos sculo XVII, da maonaria operativa para especulativa, nem por que isso aconteceu. Dois dos primeiros maons especulativos conhecidos, sir Robert Moray (1600-1675) e Elias Ashmole (1617 -1692), eram no entanto bastante interessados no rosacrucianismo. Devemos lembrar que, na Inglaterra, a mais antiga referncia a uma loja manica especulativa um registro no dirio de Elias Ashmole, quando este foi aceito como membro de uma loja manica em Warrington, Lacanshire, em 16 de outubro de 1646. H entretanto uma referncia confivel na Esccia que registra a admisso de sir Robert Moray a uma Loja em Edimburgo em 20 de maio de 1641.H uma tradio muito slida que quer que por intermdio de Elias Ashmole que a corrente rosacruciana se introduziu na Maonaria, o que justificaria a transmisso regular e, por isso mesmo, o valor inicitico do 18 grau da Franco-Maonaria atual.Outro elemento que constitui uma relao de intimidade entre as duas correntes deu-se no decorrer do sculo XVIII. Sabe-se que o Geheime Figuren ou os Smbolos Secretos dos Rosacruzes dos sculos XVI e XVII so uma coletnea de pranchas emitidas do crculo manico Gold und-Rosenkreuzer (Rosa+Cruz de Ouro) em duas partes, a primeira em 1785 e a segunda em 1788. As origens da Rosa+Cruz de Ouro manica so obscuras, mas um dos nomes ligados sua formao o de Hermann Fictuld. Fictuld fala de uma Sociedade de Rosacruzes de Ouro, herdeiros do Toso de Ouro. Hermann Fictuld operou reformas na Gold und-Rosenkreuz em 1777. Essa Ordem desenvolveu-se dentro das regras da Maonaria. A vertente russa da Rosa+Cruz de Ouro, instalada em Moscou, tiveram dois principais vultos, Nicolas Novikov (Maom, membro da Rosa+Cruz de Ouro e Martinista) e o conde I. V. Lopokhin. Segundo Robert Ambelain, Novikov foi um dos introdutores da Franco-Maonaria na Rssia e um dos principais divulgadores do Martinismo e das doutrinas do Filsofo Desconhecido na Rssia.De acordo com Jean Pierre Bayard, em fins do sculo XVIII, do Escocismo emergiram dois ritos (ou regimes) paralelos, mas no rivais, e de inspirao profundamente rosacrucianas. O Rito Escocs Retificado (RER) que veio a ser difundido sobretudo na Europa Central, onde a influncia dos Rosa+Cruz de Ouro era inegvel. E o Rito Escocs Antigo e Aceito (REAA) que comeou a ser praticado na Frana. Durante o sculo XVIII, ouve uma propagao de ritos hermticos e alqumicos que foram criados num contexto manico. Alguns destes graus ocorreram no seio da maonaria, ou do universo por ela influenciado e que tem raiz no hermetismo renascentista, nos Rosacruzes do sculo XVII.Dentre alguns desses rituais podemos destacar:a) Ritual Alqumico secreto do grau de verdadeiro maom acadmico (1770) de Dom Pernety e seus Iluminados de Avingnon (NT. Pernety provavelmente manteve contato com os Rosacruzes de Ouro em suas viagens);b) Os rituais alqumicos do Baro de Tschoudy (1724-1769) e os Estatutos dos Filsofos Desconhecidos;c) A Ordem dos Arquitetos Africanos e o Crata Crepoa (1770);d) Cagliostro e o ritual da Maonaria Egpcia;e) Os Arcana Arcanorum do Rito de Misram e de Memphis-Misram.Enfim, muito ainda h o que dizer sobre a proximidade que a Rosacruz manteve com a Maonaria. Obviamente muita coisa deixou de ser mencionada nestes comentrios devido extenso e da dificuldade que h em relacionar as duas correntes. A complexidade de relaes entre os dois movimentos to ntimo em certos perodos entre os sculos XVII e XVIII que escapar-nos-ia a possibilidade de tentar abarcar todas as relaes possveis, alm de constituir uma empreitada monumental.Referncias: Revista LInitiation , edio portuguesa no. 07; A Rosa e A Cruz, Chistopher McIntosh, ed. Record; Os Rosacruzes, J. P. Bayard, ed. 70; A Franco-Maonaria Simblica e Inicitica, Jean Palou, ed. Pensamento; Interview Robert Vanloo em France-Spiritualites; Introduo aos Ritos e Rituais Hermticos e Alqumicos do sculo XVIII, Jos Manuel Anes.