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RELATÓRIO FINAL Data: 26 a 28 de setembro de 2012 Brasília – DF Realização: Parceiros: Apoio:

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RELATÓRIO FINAL

Data: 26 a 28 de setembro de 2012

Brasília – DF

Realização:

Parceiros:

Apoio:

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Oficina Normas Sanitárias para alimentos de produçã o artesanal, familiar e comunitária.

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FICHA TÉCNICA DO DOCUMENTO:

Instituição organizadora: Instituto Sociedade, População e Natureza - ISPN

Coordenação Geral: Fabio Vaz Ribeiro de Almeida

Equipe Administrativa: Cristiane Azevedo, Fabiana de Castro e Carolina Gomes

Assessoria Técnica: Bruno Filizola e Rodrigo Noleto

Assessoria de Comunicação: Ilka Fagundes

Facilitação: Marcelo Nunes

Relatoria de apoio: Alline Gonçalves Monteiro, Diana Lima dos Reis, Lorena D'Alcântara Peres da Silva

Moderação e relatoria dos grupos de trabalho : Fabio Vaz, Isabel Figueiredo, Rodrigo Noleto, Renato Araújo, Bruno Filizola e Lara Montenegro

Apoio: União Européia (UE) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)

Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) SCLN 202 - Bloco B - Salas 101/104

CEP 70832-525 - Brasília - DF Telefax: (61) 3327.8085

[email protected] www.ispn.org.br

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Lista de Instituições Participantes

Organizações e respectivos locais de origem 1:

Sul Chapecó/SC UNICAFES/COOPERTEC Chapecó/SC FETRAF-SUL/BRASIL Chapecó/SC APACO Blumenau/SC FBES São Miguel do Oeste/SC CONSAD Torres/RS REDE ECOVIDA Santa Maria/RS UFSM Francisco Beltrão/PR UNICAFES Curitiba/PR REDE ECOVIDA

Sudeste Rio de Janeiro/RJ BNDES Rio de Janeiro/RJ UNICAFES Belo Horizonte/MG SerTãoBras Belo Horizonte/MG Subsecretaria de Agricultura Familiar Belo Horizonte/MG Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais São Paulo/SP SerTãoBras Rio de Janeiro/RJ REDE ECOLOGICA São Paulo/SP BLOG COME-SE Rio de Janeiro/RJ SLOW FOOD Rio de Janeiro/RJ FASE

Nordeste Paulo Afonso/BA AGENDHA Bahia/BA FASE Natal/RN MODERADOR Fortaleza/CE Memorial da Cultura Cearense

Norte Belém/PA SLOW FOOD

Centro-Oeste Brasília/DF ANVISA Brasília/DF Banco do Nordeste do Brasil S/A Brasília/DF Central do Cerrado Brasília/DF CONAB Brasília/DF CONTAG

1 Lista de participantes em anexo.

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Brasília/DF Departamento de Extrativismo SEDR/MMA Brasília/DF DIPOA/MAPA Brasília/DF DIPOVA/SEAGRI-DF Brasília/DF FNDE Brasília/DF Fundação Banco do Brasil Brasília/DF Fundação Nacional do Índio - FUNAI Brasília/DF IMS Brasília/DF Instituto Socioambiental - ISA Brasília/DF IPHAN Brasília/DF MAPA Brasília/DF MDA Brasília/DF MDS Brasília/DF MMA Brasília/DF OXFAM Brasília/DF SEAGRI Brasília/DF SEBRAE - UPP - Unidade de Políticas Públicas Brasília/DF SESAN/MDS Brasília/DF SLOW FOOD Brasília/DF UNB Brasília/DF União Européia Brasília/DF UNICAFES Cáceres/MT FASE Goiânia /GO Assembléia Legislativa - Goiás Goiânia /GO SLOW FOOD Goiânia/GO UFG Goiânia/GO UNICAFES Mineiros/GO Prefeitura Municipal de Mineiros Montes Claros/MG Cooperativa da Agricultura Familiar Grande Sertão Serra do Salitre/MG COOPALPA

Europa Lisboa/Portugal ADPM

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Sumário

Apresentação ..............................................................................................................8

1. Introdução ...............................................................................................................9

A Produção de alimentos e os povos e comunidades tradicionais ..........................9

Padrão de qualidade dos alimentos artesanais, familiar e comunitários................11

2. Programação.........................................................................................................16

3. Temas abordados na Oficina ................................................................................21

O marco sanitário como barreira comercial para a agricultura familiar ..................21

Sistema de inspeção e vigilância sanitária adaptados para Povos e Comunidades Tradicionais e Agricultores Familiares - PCTAFs...................................................22

Elementos para a concepção de um sistema integrado de controle de qualidade de alimentos para produtos artesanais, familiares e comunitários..............................23

4. Resultados e produtos da oficina ..........................................................................24

5. Encaminhamentos.................................................................................................40

Anexos ......................................................................................................................41

Carta aberta sobre o debate e resultados da oficina de normas sanitárias para alimentos de produção artesanal, familiar e comunitária ..........................................42

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Quadros

Quadro 1 - Planilha com a problematização frente a legislação vigente, considerando a Qualidade dos Alimentos.........................................................................................24

Quadro 2 - Planilha com a problematização frente a legislação vigente, considerando o Modo de vida e Desenvolvimento dos Povos e Comunidades Tradicionais e Agricultores Familiares – PCTAFs.............................................................................29

Quadro 3 - Planilha com a problematização frente a legislação vigente, considerando a Interação e o Ambiente Institucional.......................................................................34

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Apresentação

A produção artesanal de alimentos da agricultura familiar, dos povos

indígenas e comunidades tradicionais e locais é uma das expressões da nossa

cultura mais reconhecida no mundo, que se destaca pela diversidade de sabores,

cores e modos de fazer. Apesar da grande importância para a segurança alimentar e

nutricional dos brasileiros, os alimentos processados de produção artesanal, familiar

e comunitária ainda encontram grandes dificuldades para a entrada em mercados

formais e no mercado institucional, principalmente pela dificuldade de adequação às

normas sanitárias vigentes. Dessa forma, muitos produtores familiares operam na

clandestinidade ou desistem de agregar valor a sua produção.

Com o objetivo de discutir o problema com os diversos setores interessados,

o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), o Movimento Slow Food, o

Instituto Marista de Solidariedade (IMS) e a União Nacional das Cooperativas da

Agricultura Familiar e Economia Solidária (UNICAFES) promoveram oficina sobre a

questão sanitária para alimentos de produção artesanal, familiar e comunitária e um

debate aberto com a presença de organizações da sociedade civil organizada,

produtores artesanais e autoridades dos poderes executivo e legislativo.

Entre os dias 26 e 28 de setembro de 2012, especialistas no assunto dos

diferentes setores do governo e sociedade civil realizaram um debate propositivo

sobre a problemática das normas sanitárias vigentes, visando pensar soluções para

a melhoria do cenário excludente em que estão inseridas as agroindústrias de base

familiar, artesanal e comunitária, cujas constatações são apresentadas neste

documento.

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1. Introdução

A Produção de alimentos e os povos e comunidades tr adicionais

Os alimentos da produção artesanal, familiar e comunitária representam um

importante componente da expressão cultural brasileira de uma maneira geral e da

especificidade de muitas culturas regionais e locais. Esses produtos também

representam grandes oportunidades de integrar a inclusão social de comunidades

rurais e povos e comunidades tradicionais, com o crescimento e diversificação da

economia do país e a segurança alimentar e nutricional da sociedade,

especialmente no contexto das mudanças climáticas e crises energéticas e de

alimentos.

Apesar desse cenário, atualmente, existem enormes empecilhos para o

desenvolvimento do setor de produção, processamento e beneficiamento de

alimentos da sociobiodiversidade, agroecologia e agricultura familiar. Essas

dificuldades vão além de questões relacionadas à gestão dos empreendimentos,

sendo que estão mais relacionadas aos marcos regulatórios (sanitários, fiscais e

ambientais). Nesse sentido, a adequação aos padrões sanitários vigentes e o

diálogo (ou ausência do mesmo) com os agentes responsáveis, vem sendo

apontado como um dos pontos críticos.

Embora este problema exista em outros países, ele é mais crítico no Brasil,

caracterizado pelo seu gigantismo geográfico, megabiodiversidade e amplitude dos

modos de fazer locais, onde são gerados os maiores impactos, não apenas sociais e

culturais, mas também ambientais, econômicos e éticos. Por se destacar na

produção diferenciada, beneficiamento e comercialização de alimentos de base

familiar, artesanal e comunitária e apresentar grande potencial para a liderança em

mercados de economia verde, o Brasil deveria assumir posição de pioneirismo

nessa temática.

Entendemos que o direito da população brasileira em conhecer e vivenciar os

diferentes sabores, cores e aromas dos alimentos locais tradicionais e da

sociobiodiversidade não estão sendo garantidos, tendo em vista a atual visão de

saúde de alimentos (hiper-sanitarismo), normas sanitárias, orientadas para produção

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em grande escala, e o estado atual de sua implementação, além do poder

discricionário pelos agentes fiscais responsáveis. Uma prova disto é que apenas

uma pequena parcela da população brasileira conhece ou tem possibilidade de

comprar produtos da agricultura familiar, tampouco da sociobiodiversidade e

agroecologia em mercados formais. Além disso, um restrito número de

empreendimentos está em conformidade com os padrões legais (sanitários e

ambientais). De uma maneira geral, estes produtores familiares operam na

clandestinidade, tem sua produção subvalorizada ou desistem de agregar valor a

determinados produtos, especialmente àqueles mais elaborados.

Dessa forma, pode-se afirmar que a atual organização dos sistemas de

inspeção e vigilância sanitária vigentes são uma barreira para o crescimento do

setor de produção artesanal, familiar e comunitária do país e um risco a soberania e

segurança alimentar e nutricional. Cabe ser destacado ainda que os padrões e

normativas para esta produção de pequena escala, muitas vezes associadas a

modos de fazer tradicionais (geracionais), são os mesmos que aqueles da produção

industrial. Como já citado anteriormente, estes sistemas incluem modos de produção

bastante distintos, de forma que os mesmos precisam ser redesenhados em um

sistema específico para a realidade da agricultura familiar, com garantias para a

saúde da população, demais anseios da sociedade brasileira e respeito aos direitos

de escolha dos consumidores.

Tendo em vista que o conjunto de normas e procedimentos vigentes não vem

possibilitando a inclusão social destes grupos nos mercados almejados pelos

mesmos. Entende-se que avaliações e substituição do arcabouço legal vigente são

fundamentais para os interesses da sociedade brasileira, além de outras medidas

como a implementação das estruturas previstas nas normas; a sensibilização das

equipes de fiscalização, para a realidade deste tipo de produção; e a qualificação

continuada dos produtores.

Além disso, este segmento populacional, composto por agricultores familiares,

povos e comunidades tradicionais é foco das diversas políticas de inclusão social e

produtiva do atual governo federal. Em especial, o Plano Brasil Sem Miséria, que

visa incluir milhões de famílias no sistema produtivo.

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Apesar de haver uma necessária priorização aos grupos sociais

mencionados, produtos oriundos de suas propriedades e agroindústrias estão

sujeitos a marcos regulatórios que acabam por ser mais restritivos. Mais do que a

competição entre estes setores da economia, a visão do governo deve ser no

sentido da equidade social e da distribuição justa dos benefícios ao longo dos

diferentes operadores das cadeias produtivas.

Nesse sentido, verifica-se uma enorme contradição entre a prática dos órgãos

normativos responsáveis pelos marcos regulatórios incidentes nas cadeias de

produtos ecossociais (da sociobiodiversidade, agroecologia e produção familiar

comunitária) e os interesses da sociedade brasileira, tanto na consolidação de

práticas econômicas mais justas e ecológicas, quanto na promoção da diversidade

cultural e dos modos de fazer tradicionais.

Padrão de qualidade dos alimentos artesanais, famil iar e comunitários

Vem sendo um consenso entre os diferentes atores dos setores público e

privado envolvidos nesta temática, a necessidade de readequação dos marcos

regulatórios incidentes nas cadeias produtivas da agricultura familiar e produção

artesanal, em face dos motivos supracitados.

Os produtos alimentícios representam o maior volume e potencial de

agregação de valor dentre os produtos da agricultura familiar e do extrativismo.

Atualmente, o maior empecilho para o desenvolvimento do setor de produção e

beneficiamento de alimentos da sociobiodiversidade é inerente ao ambiente

institucional da cadeia, ou seja, está relacionado à adequação as exigências

sanitárias vigentes e ao diálogo, ou ausência do mesmo, com os agentes

responsáveis.

Ainda que outras normas regulatórias incidentes nas cadeias produtivas, a

exemplo do ambiental e fiscal, gerem dificuldades em razão de sua complexidade,

são os padrões sanitários exigidos pelos órgãos reguladores (MAPA e ANVISA),

aqueles que mais limitam o setor da agricultura familiar. Entretanto, deve-se

destacar a necessidade de avaliar também as dificuldades observadas com as

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normas ambientais, fiscais e tributárias, dentre outras, assim como verificar a

relação entre estas e a questão sanitária.

Embora este tipo de problema exista em outros países, existem iniciativas e

visões sobre a questão sanitária e o controle de qualidade de alimentos, mais

inclusivas que aquelas observadas por aqui. Além disso, países com as

características do Brasil devem buscar padrões de produção sob a perspectiva do

multiculturalismo, valorização da identidade local, explorando nuances de sabores,

cores, sons, aromas e propriedades nutricionais, condimentares e medicinais.

Entende-se que o Brasil, por ser o país que mais se destaca na produção,

beneficiamento e comercialização de alimentos da sociobiodiversidade, agroecologia

e agricultura familiar, e por apresentar grande potencial para liderar mercados

solidários e verdes, deveria assumir posição de pioneirismo no cenário mundial.

Neste sentido, observa-se uma tendência de consenso entre organizações

produtivas e reguladoras de que o cumprimento dos padrões sanitários atuais não é

compatível com a realidade dos PCTAFs. Este segmento social, pouco reconhece a

linguagem e a visão de saúde de alimentos vigente, tampouco os padrões,

princípios, critérios, e a própria organização das estruturas de controle e suas

interpretações destas normas.

Assim, muitos empreendimentos da agricultura familiar, povos e comunidades

tradicionais sofrem pressões diversas, algumas listadas abaixo:

1) Pressão por mudança de atividade, ou restrição à atividade de produção primária, sem a possibilidade de beneficiamento ou agregação de valor.

2) Pressão por especialização da produção já que as exigências sanitárias são cumulativas por ramo de produção (produtos de origem animal, vegetal, processados ou não).

3) Pressão por concentração das atividades produtivas em locais mais distantes das propriedades, o que pode gerar enormes impactos socioculturais nas famílias e comunidades envolvidas.

Considerando, portanto, os sistemas de produção de alimentos artesanais

com relação à visão sobre cuidados de higiene, às normas vigentes, à

implementação das mesmas e à postura dos agentes públicos (fiscais), pode-se

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afirmar que o sistema de controle de qualidade de alimentos não é apropriado para

viabilizar a articulação de interesses da sociedade brasileira e as políticas de

inclusão social e produtiva.

Constata-se ainda que os marcos regulatórios incidentes nas cadeias de

produção artesanal e familiar não são adequados, tanto para as questões

relacionadas à saúde de alimentos, quanto aos padrões técnicos, normas e

procedimentos gerais, e até os critérios e indicadores de verificação de

conformidade. Por exemplo, a entrega de um fruto orgânico, sem defensivos que os

ajude a se conservar, pode estar aparentemente “fora da conformidade”, e, contudo

ser muito mais saudável, em comparação com um fruto da agricultura

“convencional”.

Com isso, além de ser necessário adequar as normas sanitárias à produção

de baixa escala, também se faz necessário implementar estruturas previstas nos

regulamentos, qualificar pessoal, produtores e, ainda, gerar confiança aos

consumidores.

Atualmente, o consumidor brasileiro desconhece os padrões de qualidade

exigidos pelo governo brasileiro, dentre outros motivos, em razão da dificuldade de

compreender os diferentes subsistemas dos diferentes órgãos do governo federal,

estaduais e municipais, quando ocorre a descentralização.

O sistema sanitário brasileiro é composto por diferentes subsistemas de

inspeção e vigilância e diferentes órgãos responsáveis nos três níveis da federação,

dependendo da origem dos produtos e da realidade do estado ou município. Na

prática, representa um labirinto de possibilidades e dúvidas não apenas para os

consumidores e produtores, mas para todos os agentes das cadeias produtivas e,

surpreendentemente, até para as próprias equipes dos diferentes órgãos de

diferentes esferas do poder público, que normalmente não atuam de forma conjunta

e coordenada.

Porém, é importante mencionar avanços no campo normativo, tanto no nível

federal quanto nos estados, entretanto estes avanços ainda são pequenos em

relação aos desafios postos para a conjuntura atual, frente a outros grupos de

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interesse que atuam no mercado de alimentos e as dificuldades inerentes aos

processos burocráticos envolvidos.

Com relação ao fomento às atividades produtivas para PCTAFs, o país

desenvolve inúmeras políticas de apoio ao setor da agricultura familiar e outras

tantas ao segmento agroextrativista e à agroecologia. Nesse sentido, destacam-se a

Política Nacional de Agricultura Familiar, a Política de Desenvolvimento Sustentável

de Povos e Comunidades Tradicionais, o Programa de Aquisição de Alimentos, o

Programa Comunidades Tradicionais, o Programa Nacional de Alimentação Escolar,

Economia Solidária, Manejo Florestal Familiar e Comunitário, o Programa Nacional

de Florestas, o Plano Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos da

Sociobiodiversidade, o Plano Nacional de Agroecologia, e principalmente o Plano

Brasil sem Miséria, que incorpora ações de vários ministérios.

São inúmeras as iniciativas dos estados em avançar no fomento e

regularização de agroindústrias familiares, artesanais e comunitárias. Muitas destas

ações caminham no sentido de incentivos e suporte aos empreendimentos para

adequação das estruturas e sistemas produtivos via fomento, assessoria e

adequação de normas. Neste sentido, destacam-se os estados do Rio Grande do

Sul, Minas Gerais e Distrito Federal, que conseguiram avançar com um conjunto de

normas direcionadas à agricultura familiar. Outros estados como Santa Catarina,

Goiás, Amazonas e Rio Grande do Norte, com iniciativas de fomento e/ou

adequação normativa, tem buscado, dentro de suas possibilidades, estabelecer

condições para o avanço na questão da adequação aos padrões sanitários.

Com a mesma intensidade, iniciativas da sociedade civil, do setor empresarial

e da cooperação internacional, têm visado dar suporte ao setor e promover

melhorias nas relações de produção e consumo, com a valorização dos ativos

socioculturais e ambientais, em mercados que valorizem cada vez mais a origem da

produção. Especificamente em relação à questão da qualidade e sanidade de

alimentos, destacam-se as iniciativas do ISPN, do Movimento Slow Food, do

Instituto Sertão Brás, dentre outras ONGs com atuação direta à problemática dos

queijos, especialmente aqueles de leite cru, e a articulação de iniciativas promovidas

por chefs de cozinha e pessoas ligadas à gastronomia.

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Concluindo, vários investimentos em pesquisa, desenvolvimento, fomento,

assessoramento técnico, mercados institucionais, e tantos outros serviços de apoio,

caminham em um sentido de promoção de muitas das atividades que em outro

momento sofrem com as barreiras e, eventualmente, penalidades aplicadas pelos

órgãos responsáveis.

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2. Programação

A Oficina Normas Sanitárias para Alimentos de Produção Artesanal, Familiar

e Comunitária, desenvolvida de 26 a 28 de setembro de 2012 teve como

Programação base:

Primeiro dia

26/09 Manhã

8h30 - Abertura: boas vindas, contextualização e objetivos – Sr. Jorg Zimmermann .

8h45 - Apresentação da metodologia – Moderador Marcelo Nunes

9h - Mesa 1 - Padrões de qualidade na produção de alimentos pela agricultura

familiar: gargalos, limitações e oportunidades da l egislação sanitária

Coordenação: Donald Sawyer – Professor CDS/UnB/Pesquisador associado

Universidade de Harvard

Apresentação inicial - Leomar Luis Prezotto - Consultor MDA

Temas :

• Uma visão da cadeia produtiva dos alimentos da agricultura familiar e

agroindústria de pequeno porte.

• Características dos mercados institucional, diferenciado e

convencional.

• Tipos de alimentos e competências institucionais na inspeção e

vigilância sanitária.

9h30 - Debatedores :

Judi Maria da Nóbrega - Coordenadora geral de inspeção – Departamento de

inspeção de Produtos de Origem Animal - DIPOA / MAPA;

Márcia Costa - Gestora SISBI/MAPA;

Ângela Karinne Fagundes de Castro - Gerente de Inspeção e Controle de Riscos

de Alimentos – Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA;

Marlos Schuck Vicenzi - Chefe do Serviço de Aguardente e Cachaça do

Departamento de Inspeção de produtos de origem vegetal – DIPOV/MAPA;

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Diva Vani Deitos – Associação dos Pequenos Agricultores do Oeste Catarinense -

APACO

10h30 - intervalo

10h45 - Debate aberto (dois blocos de perguntas)

11h45 - Plenária: Sistematização dos pontos de consenso do debate – Coordenador

da mesa e equipe de moderação

12h30 Almoço

TARDE

14h - PAINÉIS

TEMA GERAL: A construção de uma legislação sanitária apropriad a à produção

de pequena escala, artesanal, familiar e comunitári a no Brasil.

Obs. Os participantes serão divididos em dois grupos para participação em 02

painéis, onde ocorrerão 2 mesas de apresentação e debate, sendo problematizando

o tema central da oficina, as sugestões e propostas serão sistematizadas ao final

pelo moderador.

Painel 1 (1º momento): Pluriculturalismo, segurança nutricional e

biodiversidade: os direitos dos Povos Indígenas, Po vos e Comunidades

Tradicionais e Agricultores Familiares.

Temas:

• Direitos dos agricultores e povos e comunidades tra dicionais e uso

sustentável da biodiversidade nos marcos legais nac ionais e

internacionais.

• Características da agroindústria familiar e comunit ária e dos modos de

fazer (produtos artesanais, da agrobiodiversidade e da agroecologia).

• Padrão convencional de higiene e a qualidade integr al dos alimentos.

• A visão hipersanitarista.

Coordenação da mesa e apresentação: Vanessa S. Rodrigues (Fórum de

Segurança Nutricional e Soberania Alimentar).

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Apresentações:

Juliana Santilli – Pesquisadora UnB

Bibi Cintrão - Slow Food

Painel 2 (1º momento): Políticas públicas de apoio, fomento e controle pa ra

alimentos artesanais, familiares e comunitários

Temas:

• Regularização sanitária: o passo a passo da agroind ústria familiar.

• Mercados institucionais: desafios para inclusão dos produtos da

agricultura familiar, povos e comunidades tradicion ais

• Construção da legislação sanitária no Brasil: abord agem histórica

• Padrões de qualidade vigentes e o contexto da agroi ndústria familiar

Coordenação da mesa e apresentação: Veruska Prado – Professora -

CECANE/UFG

Apresentações:

Fábio Lúcio de Almeida Cardoso – Pesquisador UnB

Paulo Roberto Silveira - Doutor UFSM

16h – Café do Cerrado

Painel 1 (2º momento): Experiências locais e estudos de caso

Temas:

• A experiência dos queijos artesanais no Brasil e no mundo: conflitos e

soluções.

Apresentação: Lian – Equipe SerTãoBrás e João José de Melo – Produtor da

Cooperativa dos Produtores de Derivados do Leite do Alto Paranaíba – COOALPA.

• Experiências de países da União Européia com a regu larização sanitária

de produtos artesanais.

Apresentação: Marta Cortegano Valente - Associação de Defesa do Patrimônio de

Mértola - ADPM – Portugal

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Painel 2 (2º momento): Políticas estaduais e municipais de promoção comer cial

e controle sanitário – avanços e limitações

Temas:

• A experiência dos estados e municípios com política s de promoção

comercial e controle sanitário.

Apresentações:

Ana Helena Machado Cunha - Subsecretaria de Agricultura Familiar do estado de

Minas Gerais;

Cristyannne Barbosa Taques - Diretora DIPOVA/SEAGRI-DF;

Gina Moraes - Coordenação Sistema de Inspeção Municipal (SIM) do município de

Mineiros-GO;

• Mercados locais e regionais como oportunidade para agricultura familiar

e as barreiras da legislação sanitária nacional.

Apresentação:

Silvio Antônio Diehl - Presidente CONSAD - SC

18h – Encerramento do primeiro dia

Segundo dia

27/09 - Manhã

8h30 - Mesa 2 – Prospecção de cenários para mudanças

Coordenador da mesa faz uma breve síntese dos trabalhos anteriores e solicita que

os representantes das instituições apresentem sua estratégia de ação para

superação dos gargalos identificados

Debatedores:

Judi Maria da Nóbrega - DIPOA / MAPA;

Ângela Karinne Fagundes de Castro – GGALI/ANVISA;

Marlos Schuck Vicenzi - DIPOV / MAPA;

Luiz Roberto Carraza - Secretário executivo da Rede de Comercialização Central

do Cerrado

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Edvalda Pereira Torres Lins Aroucha – Coordenadora da ONG AGENDHA e

representante da Rede de comercialização Bodega da Caatinga

10h10 - Debate aberto (dois blocos de perguntas)

11h30 - Plenária: Sistematização dos pontos chave: potencialidades e limitações

12h30 Almoço

Tarde

14h30 - Grupos de Trabalho: organizados por temas – Busca de soluções para

problemas identificados – rodízio de temas que gerarão documento do evento.

16h - Café do Cerrado

17h - Plenária: Sistematização dos pontos de consenso do debate

18h - Encerramento do dia

Terceiro dia

Para este último dia do evento, um dia de debate aberto, outras organizações da

sociedade civil e órgãos de governo foram convidados a participar.

8h30 - Mesa 3 - Apresentação dos Resultados do evento e definição de agenda

positiva. Coordenação: Fábio Vaz Ribeiro de Almeida

Leitura da Carta do evento com apresentação do documento propositivo (problemas

identificados e possíveis soluções)

9h – Debatedores:

Enio Antonio Marques Pereira – Secretário de Defesa Agropecuária (MAPA)

Denise de Oliveira Resende – Gerente Geral de Alimentos (ANVISA)

Leomar Prezotto – Consultor MDA

Mauro Rubem – Deputado Estadual - GO

Diva Vani Deitos – APACO

Valons de Jesus Mota – UNICAFES

Teresa Paiva - IPHAN

10h15 - Debate aberto

11h – Brunch do Cerrado

12h – Encerramento oficina

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3. Temas abordados na Oficina

O marco sanitário como barreira comercial para a ag ricultura familiar

Os agricultores familiares têm o direito a ter acesso a condições adequadas para a produção e comercialização segundo as políticas vigentes e os dispositivos ratificados em acordos internacionais. No contexto das crises: climáticas, energética e de alimentos, esta questão nos parece um grande empecilho a ser resolvido.

Três fatos são impeditivos para o sucesso dos sistemas de inspeção e vigilância sanitários vigentes:

a) A inadequação do arcabouço normativo à realidade da produção de pequena escala, já que os regulamentos deveriam ser construídos de acordo com as características específicas destes sistemas produtivos, que envolvem normalmente boas práticas de manejo para a obtenção de produção com qualidade e bem estar socioambiental, saberes estes que em muitos casos são transmitidos de maneira geracional.

b) A insuficiência das equipes técnicas nos órgãos sanitários (nos níveis federal, estadual e municipal) podem ser considerados como impeditivos da implementação dos marcos regulatórios vigentes já que estes preveem atividades permanentes de inspeção e vigilância sanitária. No caso dos agricultores familiares, especialmente dos povos Indígenas e Povos e Comunidades Tradicionais, as equipes destes órgãos deveriam prestar um serviço de assessoramento técnico e capacitação continuada.

c) As organizações produtivas destes grupos sociais normalmente têm grande dificuldade de gestão e administração e o atendimento de complexos padrões é inviável para a grande maioria.

Somam-se a estes aspectos, outros pontos estruturantes relacionados:

i. A visão predominante no segmento regulador, expresso por alguns lemas utilizados pelos fiscais como “nossa obrigação é garantir a saúde acima de tudo”, “os alimentos fabricados em condições inadequadas poderão causar sérios danos à saúde humana, e levar até a morte do usuário” e “caso haja acidentes, nós, servidores da inspeção seremos punidos” 2.

ii. A visão estreita e preconceituosa vigente em muitas localidades do país que não distinguem as especificidades socioculturais dos sistemas produtivos familiar-comunitários como aspectos positivos, mas limitantes.

2 Informações adaptadas de relatos de representantes da agricultura familiar consultados, organizações de apoio e interpretação livre dos dados da literatura.

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iii. Os protocolos sofrem o lobby das grandes corporações que se beneficiam com a situação, excluindo produtores comunitários, as empresas de pequeno porte, e em alguns casos de médio porte, do mercado formal.

iv. Sob a alegação de que os produtos precisam ser harmonizados ao MERCOSUL e outros protocolos internacionais, especialmente o Codex, as legislações são mantidas com um rigor excessivo e com algumas exigências inadequadas. Em um território muito heterogêneo e com uma diversidade socioambiental incomparável, as estruturas de inspeção e vigilância precisariam ter enorme poder de alcance e ao mesmo tempo, uma grande capacidade de adequação, para que os empreendimentos da Agricultura Familiar pudessem atender a legislação vigente.

Considerando estas limitações, pode-se afirmar que os direitos dos PCTAFs em preservar e comercializar a produção agroextrativista com a manutenção de seus modos de vida não estão sendo garantidos na prática, já que por algum dos motivos acima, ou pelo conjunto deles, os empreendimentos não conseguem adesão aos padrões sanitários exigidos pela legislação vigente ou a regularização formal, na maioria dos casos.

O padrão sanitário exigido pelo governo brasileiro, sobretudo no caso dos produtos alimentícios, e os procedimentos administrativos para o licenciamento, representam uma barreira para a regularização de agroindústrias e a comercialização de produtos da Agricultura Familiar em alguns tipos de mercado.

Algumas das consequências mais graves são:

i. A ameaça à segurança alimentar e nutricional dos PCTAFs e da sociedade de uma maneira geral, pela dificuldade de acesso a alguns alimentos por grande parte dos consumidores.

ii. A exclusão destes atores de mercados mais exigentes, onde poderiam ter os seus ativos socioculturais e ambientais reconhecidos, de forma a terem que seguir na clandestinidade, a margem de mercados mais respeitados, com poucas chances de agregar valor.

Sistema de inspeção e vigilância sanitária adaptado s para Povos e

Comunidades Tradicionais e Agricultores Familiares - PCTAFs

Existe um entendimento pelos diferentes atores envolvidos na discussão de que as normas sanitárias vigentes para alimentos não são adequadas às características dos sistemas de produção artesanais. Entretanto não se tem uma posição de consenso sobre como deveria ser o processo de controle de qualidade, nem entre os atores do segmento da Agricultura Familiar e organização de apoio, e muito menos entre as diferentes visões dos demais atores envolvidos. Tampouco,

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existem propostas objetivas sobre os procedimentos e dispositivos legais a serem ajustados dentro da complexa legislação sanitária brasileira.

Ainda assim, existem muitos acúmulos nos estados e municípios, que apontam para caminhos de integração e verticalização na produção e também na própria gestão pública. Além disso, muitos estudos foram produzidos por pesquisadores em diferentes regiões do país, que devem ser insumos para avançar no trabalho. O próprio Governo Federal, responsável pelo imbróglio jurídico, fez um bom exercício de avaliação e análise do problema (ver o Relatório do Grupo de Trabalho Interministerial sobre a problemática sanitária em relação a agroindústrias de pequeno porte, de 2005). Infelizmente, as importantes conclusões assinadas pelos representantes dos órgãos reguladores (MAPA e ANVISA), fomento (MDA) e coordenação política (Casa Civil) não foram implementadas.

Visando modificar o quadro atual, pelo menos duas iniciativas de Projetos de Lei foram apresentadas, a primeira delas de autoria do então deputado federal, Jacques Wagner, de 1997, e outra de autoria do Senador Walter Pinheiro. Ambos dispõem sobre um sistema específico com normas diferenciadas para a produção e beneficiamento artesanal de alimentos.

Elementos para a concepção de um sistema integrado de controle de

qualidade de alimentos para produtos artesanais, fa miliares e comunitários.

Como apresentado anteriormente neste documento, diversas organizações comprometem consideráveis recursos humanos e financeiros em ações e projetos voltados a produção de alimentos e agregação de valor. Mas, na prática, verifica-se que muitos dos grupos ou projetos apoiados realizam suas atividades em situação informal sob o ponto de vista da regularização sanitária.

No caso dos produtos alimentícios, diversos cuidados devem ser tomados visando evitar doenças e outros inconvenientes e ter a garantia da produção e da distribuição de alimentos seguros para a população. Porém, pesquisas têm revelado que os sistemas de inspeção e de vigilância sanitária não vêm utilizando estratégias e padrões de conformidade adequados, e para o caso da agricultura familiar, em muitos casos, poderiam ser utilizados outros modelos.

O cuidado com a questão higiênico-sanitária é uma grande preocupação em todas as ações e projetos em curso, e uma meta fundamental para a melhoria da qualidade de vida da população brasileira. Ainda assim, entende-se que os meios para o alcance destes objetivos não estão calibrados com as finalidades postas, os interesses e os direitos da sociedade brasileira.

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Dessa forma, espera-se que esta oficina aponte orientações e elementos para um sistema de controle de qualidade de alimentos adequado à produção artesanal, familiar e comunitária.

4. Resultados e produtos da oficina

A elaboração de propostas para avançar nas questões relacionadas às limitações da legislação sanitária para produção de alimentos da agricultura familiar era um dos principais resultados esperados desta oficina. Além disso, algumas oportunidades pontuais também foram observadas e discutidas com os órgãos reguladores.

A Oficina buscou construir propostas de ajustes no marco regulatório referente à regularização sanitária das atividades das agroindústrias de pequeno porte/artesanais, com os seguintes objetivos:

1. Construção de um documento propositivo com os pontos de consenso da

Oficina;

2. Elaboração da Carta aberta sobre o debate e resultados da oficina de normas

sanitárias para alimentos de produção artesanal, familiar e comunitária;

3. Construção de uma agenda de ações conjuntas em articulação com as

iniciativas e fóruns existentes.

Neste sentido, a oficina selecionou três temas que refletem a problematização da situação atual das agroindústrias familiares e artesanais frente à legislação vigente. No segundo dia de debate os participantes foram divididos em três grupos de trabalho, que discutiram todos os três temas:

1 - Qualidade dos alimentos;

2 - Modos de vida e desenvolvimento dos Povos e Comunidades Tradicionais e

Agricultores Familiares – PCTAFs e;

3 - Interação e o ambiente institucional.

Os temas foram problematizados e estão sistematizados em uma planilha com os resultados da discussão que considerou: Problema/Gargalo; Solução/ajuste/consideração e Ação imediata.

Com o objetivo de acompanhar a resolução dos problemas apontados abaixo, foi consenso entre os grupos de trabalho, que é necessário:

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• Ampliar a discussão do tema nos movimentos sociais;

• Implantar rede da sociedade civil para articulação e monitoramento de ações

ligadas a regularização sanitária dos empreendimentos de PCTAFs. O grupo

deve ter habilidades técnica e política;

• Acompanhamento, pela rede constituída, das ações previstas no Plano de

ação da CAISAN, incorporando as ações propostas neste documento da

Oficina.

Nas tabelas abaixo são descritos os problemas / gargalos e possíveis soluções.

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Quadro 1: Planilha com a problematização frente à l egislação vigente considerando a Qualidade dos Alim entos

Problematização da situação atual das agroindústria s frente à legislação vigente considerando a Qualidade dos Alimentos

Problema / Gargalo Solução / ajuste / consideração Ação imediata 1) Domínio do mercado de alimentos por

grandes empresas associado a longas cadeias.

Aumentar e qualificar representatividade da agricultura familiar; Fortalecer os espaços de cadeias curtas com politicas publica. Participação na câmara setorial de alimentos da ANVISA e na comissão nacional do Códex Alimentarius (CCAB); Lançamento de editais de pesquisa que foquem nas cadeias curtas e no tema sanidade; Valorizar os circuitos curtos; modificar a legislação.

2) Desrespeito ao direito do consumidor de escolha dos produtos com os quais deseja se alimentar e desrespeito ao direito do agricultor/ produtor de garantir sua sobrevivência com a venda de seu produto

Criação de legislação especifica com modelo simplificado artesanal (tributário, sanitário, ambiental e seguridade social) com definições dos critérios para o termo artesanal e comunitários na qualidade neste modelo simplificado em consonância ao sistema SNDC (sistema nacional de defesa do consumidor), com BPF e BPA( boas praticas agropecuárias)(*); adequação, em momento pertinente, da norma para agricultura familiar aos preceitos de direitos ao consumidor; estratégias de apoio para melhorias das condições higienico-sanitarias (estruturação, BPF) e regularização das feiras locais; politicas de apoio á produção de alimentos sem ou com menos aditivos (pois não é uma orientação politica e sim uma tendência de mercado); apoio ao processos participativos para a criação da legislação; Buscar "inspiração" nos sistemas participativos de garantia ( regulado pelo MAPA) para revisar /modificar legislação para as normas sanitárias para alimentos de produção artesanal/familiar comunitária.

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3) Padrões de produção do agronegócio (agrotóxicos, químicos, hormônios, stress).

Exigência de analises para os preceitos industrializados, com relação a outros "aditivos" e agrotóxicos, além das analises microbiológicas. Informar ao consumidor que todos esses itens (agrotóxicos, hormônios, microrganismos) são risco à saúde; Com uma legislação sanitária simplificada reduzida, o uso de aditivos aliado à pesquisa de universidades a partir de saberes que podem ser valorados.

4) Doenças causadas pelo modelo alimentar vigente, que promove o consumo do que não é alimento (ex. salgadinhos, conservantes, hormônios, etc).

Exigência de analises para os preceitos industrializados, com relação a outros "aditivos" e agrotóxicos, além das analises microbiológicas. Informar ao consumidor que todos esses itens (agrotóxicos, hormônios, microrganismos) são risco à saúde.

5) Hiper-higienismo ameaça o sistema imunológico.

6) Exigências de “grandes estruturas” para beneficiamento da produção, uso excessivo de embalagens plásticas e padrões tecnológicos que não contemplam a realidade da agricultura familiar e da produção artesanal.

(*); lançamento de editais de pesquisa e extensão para o apoio ao levantamento, divulgação e desenvolvimento de equipamentos e tecnologias para a produção de pequena escala.

7) Cultura institucional do "quanto mais industrializado, mais seguro" (do ponto de vista da saúde).

Campanha de esclarecimento e valorização sobre produtos artesanais X industrializados e seus atributos culturais, históricos, etc; revisão de padrões de segurança á luz de pesquisas recentes, padrões internacionais e as especificidades nacionais; estimulo ás universidades para estudos de casos comparativos internacionais; incluir nos currículos escolares os temas de educação alimentar e nutricional, agricultura familiar e valorização dos produtos artesanais;

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8) Termo "agroindústria" não se adequada à produção artesanal

Criação de encontros regionais com atores dos órgãos federal, estadual e municipal, e sociedade civil e representações setoriais para a discussão de tema (governo como proponente).

9) Empreendimentos da agricultura familiar com problemas sanitários

10) Foco em protocolo/estrutura x qualidade do alimento

Foco na qualidade da produção, e não nas instalações; lançamento de editais de pesquisa para o desenvolvimento de padrões adequados á produção artesanal.

11) Dificuldade de tomada de decisões por parte dos órgãos de governo em função do pouco conhecimento da realidade da AF

Que o MDA ou ANVISA sejam responsáveis na gestão/operacionalização da legislação especifica em questão (criação de um grupo de trabalho multisetorial com a participação da sociedade, MAPA, IPHAN, casa civil, etc) ( ANVISA e MAPA e outros atores defendem a inclusão do MAPA); reativação do grupo de trabalho (para gesticular sobre o SUASA e inserção da agricultura familiar e artesanal) que foi anunciado (e descontinuado) pelo governo federal na ocasião da Marcha das Margaridas de 2011; participação de representantes dos PCTAFs no GT criado pela ANVISA para inclusão produtiva com segurança sanitária.

12) Inadequação do modelo de controle de qualidade dos produtos dos PCTAFs

Propor um controle de qualidade normativo baseado nos processos de produção específicos de cada região - formar grupo de trabalho com participação; validação social da qualidade do produto e do processo; Estabelecer padrões de controle diferenciados para avaliar o controle de qualidade de produtos da agricultura familiar.

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13) Forma equivocada de mensuração de riscos e danos à saúde

Implementação de metodologias de analises de risco adequadas ao publico/produtos em questão; Estudos frente às universidades de forma a embasar os órgãos competentes: ANVISA, MAPA E MDA.

14) Referências do Códex 15) Pouca presença do debate sobre

saúde holística nos Grupos Técnicos da ANVISA

Pautar junto às gerências gerais participação nas Câmaras Setoriais, Cosméticos, Saneantes, Alimentos.

16) Contexto do uso maior de agrotóxico/medicamentos na produção de alimentos e na agricultura familiar

17) Não tem critérios para uso do termo "artesanal"

Os critérios para produto artesanal tem que ser discutidos e estudados (presença da universidade), pois não existe clareza do que é artesanal, havendo uma diversidade de assunto.

18) Apesar de todo o rigor, o sistema vigente não garante saúde.

19) Órgãos do governo trabalham de forma isolada e competitiva

Ação articulada através do CAISAN e CONSEA para a construção de uma legislação a partir de uma experiência piloto em uma cadeia de produtos de origem vegetal (sugestão da cadeia produtiva das polpas de frutas, sem consenso, estudar para fazer a escolha); cobrança e destinação de recursos para os estados e municípios para estruturação dos serviços de inspeção.

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20) Alimentos apreendidos são incinerados sem verificação de qualidade

Produtos inspecionados apreendidos, após analise laboratorial, são doados. Produtos sem procedência são incinerados por causa da impossibilidade de analisar todos (não há rastreabilidade e nem controle de lote).

* sem nenhuma solução Modelo simplificado artesanal: tributário, sanitário,

ambiental, seguridade social com definições dos critérios para o termo artesanal e qualidade neste modelo simplificado.

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Quadro 2: Planilha com a problematização frente a l egislação vigente, considerando o Modo de vida e De senvolvimento dos Povos e Comunidades Tradicionais e Agricultores Familiares - PCTAFs

Problematização da situação atual das agroindústria s frente à legislação vigente considerando o Modo de Vida e Desenvolvimento dos Povos e Comunida des Tradicionais e Agricultores Familiares - PCTAFs .

Problema / Gargalo Solução / ajuste / consideração Ação imediata 1) Incompatibilidade das

normas sanitárias com direitos e modos de vida dos PCTAFs

a) Gerar condições para o direito de escolha dos consumidores; b) selo de risco nos moldes do que é feito com o cigarro - o consumidor escolhe se vai consumir ou não (o consumidor pode não ter maturidade para compreender isso); c) não podemos esperar mais - tirar uma comissão de agricultores e técnicos para que possam trazer uma solução; d) devem ser feitos grupos para debater cada caso separadamente, pois são produtos diferentes - tem que haver cobrança da sociedade civil; e) determinação governamental (condicionante) estabelecendo que cada município tenha um sistema de inspeção; f) criar normas específicas - criar grupo multidisciplinar para discussão; g) informar o consumidor a respeito do produto artesanal por meio da mídia; h) elaborar critérios para indicar o produto artesanal; i) estabelecer critérios para a regularização de produtos da AF por meio da articulação com parceiros locais; j) facilitar a participação da AF nas consultas públicas; f) incluir representantes da AF com conhecimento técnico para participar dos debates do Códex; acompanhar a implementação da iniciativa da adequação da legislação sanitária para atendimento das especificidades da PCTAF... CAISAN no Plano Nacional de SAN; escrever um grupo de normas, identificar qual ator municipal que deve divulgar as informações.

Rede de organizações (contemplando a enorme diversidade regional) para pressionar o governo e elaborar conjunto de propostas de normas, incluindo conhecimentos tradicionais para validação de aspectos técnicos e para levar a informação aos municípios - buscando criar um política nacional de AF; que seja participativo, com consultas e audiências públicas, cuidado para não entrar grandes produtores interessados no nicho do mercado.

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2) Normas atuais podem gerar perda de identidade cultural

Garantir o direito à informação sobre o modo de produção dos alimentos comercializados; gerar conhecimento sobre os modos de produção, buscando apoio da universidade (pesquisa) e outros parceiros para gerar dados para legitimar os porquês da produção tradicional. Nem sempre normas novas e IGs têm gerado benefícios aos produtores. Organização dos produtores para buscar denominação de origem ou IP. Condicionar o repasse de recursos aos municípios à elaboração de projeto de inspeção para que eles possam para dar condição para que esse produto circule.

Incluir NA CARTA o fato de a produção artesanal ser parte dos meios de vida tradicionais brasileiros

3) Ameaça aos modos de vida dos povos e comunidades tradicionais e agricultores familiares (PCTAFs)

Modelos participativos de garantia, Mais fóruns para que os PCTAF possam se manifestar e não termos que falar por eles. Auto reconhecimento (caracterização dos produtos da AF) da produção e do beneficiamento pelos PCTAF, e da comercialização tb.

Fortalecer e estimular os mercados solidários

4) Baixa inserção e participação das mulheres nos processos de formação/capacitações e nos mercados institucionais (mulheres são invisíveis na cadeia de produção)

Reconhecer a importância das mulheres no processo produtivo, incentivos para a inserção da mulher na produção, realizar capacitação para o aprimoramento da produção, garantir a autonomia da mulher no acesso ao credito.

5) Agricultura familiar não consegue vender, gerando queda na renda.

Instituir um modelo de controle pós mercado enquanto não se resolvem os entraves regulatórios. Para isso seria necessário realizar um pacto interministerial e envolver o ministério publico para que seja uma ação legal.

6) Falta de orientação e apoio ao produtor

Aumentar a pressão para a reestruturação do sistema brasileiro de extensão rural

7) Risco de extinção de feiras e mercados populares

Ampliar e fortalecer feiras livres e mercados como espaços de circulação, vendas de produtos e socialização dos AF. Elas são patrimônios culturais. Cada vez que a feira for fiscalizadas, fiscalizar também quanto o governo arrecadou com ela. Programas de feiras, de responsabilidade dos governos estaduais e municipais. Reconhecimento do direito do consumidor de consumir nas feiras.

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8) Baixo investimento nos órgãos e equipes de controle sanitário

Provocar decisões políticas que priorizem a questão da AF. Criar equipe interministerial para que o governo se comprometa com o tema.

9) Perda da seguridade social devido à classificação como "microempresa"

Criar a possibilidade de registro do empreendimento via CPF conforme lei do DF 4096/2008 para produção artesanal urbano. Exemplo notificação eletrônica da ANVISA.

No sul isso não tem ocorrido, as pessoas tem perdido o direito de seguridade, principalmente no caso de cooperado no meio rural. Mas há valor máximo de comercialização.

10) Dificuldades em regularizar os produtos e de adequação às normas sanitárias (ex: agroindústrias não conseguem manter um responsável técnico, como exige a legislação).

Capacitação dos produtores para que eles mesmos possam ser os "Responsáveis Técnicos" (é necessário retirar o termo na legislação, como foi feito em Minas, para que isso possa ser viável - o produtor é responsável pela qualidade da sua produção); Ação junto aos órgãos de classe (conselhos profissionais), no sentido de gerar a dispensa de Responsável Técnico no caso de produção familiar. ; Criação de Simples Artesanal - tributária, sanitária, ambiental, seguridade, Criação do CODEX regional, adequando a cultura de alimentos locais.

11) Baixa agregação de valor, informalidade e restrição de comercialização estão reduzindo o número de famílias produtoras.

Ampliar o alcance da PGPM para produtos processados a partir das matérias primas abarcadas pela política.

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12) Dificuldade de acesso ao crédito para adequação da produção

Em Mineiros há uma relação próxima com a Sec MA. Em MG o IMA dá um prazo para adequação (até 2 anos) ao invés de lacrar. Consórcios barateiam as obrigações: é uma ferramenta institucional que precisa ser mais utilizada. Há políticas públicas de crédito em maior ou menor nível nos estados: precisam ser fortalecidas. O acesso ao crédito precisa vir com boa assessoria para evitar o endividamento do produtor. Incentivar outras formas de crédito, como rotativo, para evitar o endividamento. Acessar o Fundo Social do BNDES que só tem sido acessado pelas grandes empresas. Criação de um fundo onde 80% são não reembolsável nos moldes do que existe no RS - definindo critérios de gestão, governança, etc. Promover a sensibilização dos agentes de crédito sobre fornecer crédito para além do agronegócio, etc. (solicitar que o MDA paute isso). Alterar a classificação do risco das operações de modo a incluir a AF nas linhas existentes e de difícil acesso. Criar linhas de crédito de capital de giro com juros acessíveis.

13) Dificuldades dos PCTAFs de compreensão do ambiente fiscal e tributário

Previsão na legislação do beneficio fiscal e tributário a exemplo da lei do DF lei do DF 4096/2008

14 Produtos da AF de vitrine, com problemas de rotulagem (falta informação).

Aumentar a pressão para a reestruturação do sistema brasileiro de extensão rural

15 Falta de representação/interlocução da agricultura familiar (MAPA e ANVISA)

Convocar o MDA para estar mais presente fazendo o meio de campo entre o AF e o MAPA. Ocupar assento da AF (agroindústria da AF) na Câmara Setorial de Alimentos na ANVISA. Cobrar a participação do MDA na mesma Câmara cujo assento não ocupa há quatro anos - fazer ofício deste evento repudiando esta atitude do MDA. Chamar o Ministério Público para participar destes fóruns.

16 Não tem critérios para uso do termo "artesanal"

Criação de selo de identidade artesanal. Estabelecimento de critérios para definição de artesanal (como por exemplo, produção própria) na lei em questão. A2

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17 Produtor familiar só consegue adequação com organização de assessoria

A Universidade deve ocupar o seu papel com extensão. Incentivar projetos para os Institutos tecnológicos e Universidade para atividades de extensão (e EMBRAPA). Promover ATEER pública governamental e não governamental regionalizada e de qualidade, respeitando as especificidades regionais, assegurando a sustentabilidade institucional das organizações que prestam esse serviço. Abrir editais específicos. Pautar as universidades para a geração de conhecimento aplicado. Criação de um programa permanente de financiamento de pesquisas e extensão voltadas para a viabilização da AF e produção artesanal de alimentos (como os CECANES). Criar políticas públicas voltadas para os produtores informais, para que eles possam também ser assistidos.

18 Preconceito de ambos os lados

Prever workshops para que os lados se conheçam, estimular mais pessoas dos órgãos a participar dos debates e conheçam as realidades dos dois lados.

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Quadro 3: Planilha com a problematização frente a l egislação vigente, considerando a Interação e o Amb iente Institucional

Problematização da situação atual das agroindústria s frente à legislação vigente considerando a Interação e o Ambiente Institucional

Problema / Gargalo Solução / ajuste / consideração Ação imediata

Normas não consideram a diversidade da agricultura familiar

Repensar o conceito de qualidade dos alimentos Elaborar estratégia de ação com prazos; Realizar análise de risco para produtos artesanais da agricultura familiar; Legislação para uma cadeia da agricultura familiar como estudo piloto (ANVISA).

1)

Caracterizar a identidade dos produtos dos PCTAFs Fixar um cronograma para caracterização de todos os produtos

1.1)

Existência de sistemas distintos de inspeção e vigilância (ANVISA, MAPA), ambos com exigências de documentação excessiva. Há Sobreposição de competências (MAPA - ANVISA)

Legislação específica unificada sobre regularização sanitária, tributária e fiscal para PCTAFs que considere como princípios a qualidade ampla, a validação social da qualidade dos produtos e com foco no mercado local e institucional.

Criação de grupo de trabalho (MAPA, MDA, MS, MMA, MDS, MF, FNDE e outros) com participação social e representação regional, com subgrupos nos estados e regiões, para discussão da proposta de legislação unificada, até consolidar um documento para apresentar à Casa Civil.

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Legislação deve contemplar condições mínimas para funcionamento do estabelecimento. Os ajustes necessários serão realizados em prazos viáveis para os produtores (programas de transição) e ações de fomento para estas adequações.

Levar o resultado desta Oficina para apresentação no CONSEA e CONDRAF, e encaminhar documento assinado à Casa Civil e à Presidência da República.

A gestão do Sistema de inspeção a ser construído deverá ser interministerial (MAPA, MDA, MS, MMA e outros), coordenada pelo MDA.

Legislação para garantir o direito do consumidor de escolher o tipo e as condições de produção do alimento que irá consumir

Portaria da ANVISA 993, de 15 de junho de 2012 - articular com MAPA e MDS.

2)

Priorização dos interesses de grandes grupos econômicos pelo Governo Federal / Lobby das grandes indústrias junto ao Governo Federal

Contemplado nas propostas do item 4

3)

Diferença de visões e entendimento da legislação entre fiscais nos diversos níveis (federal estadual e municipal)

Criação de referenciais adequados para a orientação técnica. OBS - No DF, foi criado uma espécie de POP para os procedimentos da inspeção, para padronizar.

4)

Organização da sociedade não tem participado dos debates sobre a legislação (PL bebidas, RISPOA, Res ANVISA) que tratam de agroindústrias familiares.

No caso da ANVISA/MAPA, ampliar e fortalecer a representação da sociedade civil junto a Câmaras Setoriais.

Sociedade civil deve solicitar espaço nos colegiados. Se necessário, rever os critérios de representação e a composição das Câmaras Setoriais e demais colegiados.

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Viabilizar a participação da sociedade civil nos colegiados de discussão de políticas públicas relativas à regularização sanitária

5)

Interesses da agricultura familiar não foram contemplados na revisão do RISPOA (regulamento é de inspeção industrial, com foco no meio urbano).

Elaborar legislação que contemple a realidade das agroindústrias no meio rural (legislação unificada citada acima)

Criação de programa de apoio e fomento do Governo Federal para estruturação dos órgãos estaduais e municipais de inspeção, a exemplo do SUS.

6)

Baixa adesão ao SUASA

Adequar regras para adesão pelos municípios ao SUASA

7)

Dificuldades para a descentralização das ações do MAPA/POA (adequar texto)

8)

Plantas e padrões adequados apenas para grandes estruturas

Contemplado na proposta de legislação unificada citada acima

9)

Impossibilidade de venda de produtos sem regularização sanitária para PAA e PNAE

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Fortalecimento e qualificação da ATER com foco na questão sanitária

Articular chamada específica de ATER para acompanhar regularização sanitária de empreendimentos comunitários / artesanais

Articular capacitação com Sistema S, universidades (atividades de extensão) e outros órgãos para apoiar rede de ATER nos estados e municípios.

Envolvimento maior dos municípios na ATER Articular com a Frente Nacional de Prefeitos

10)

Carência de técnicos capacitados nos órgãos competentes para orientar a adequação das agroindústrias e despreparo dos poderes públicos municipais e estaduais.

Recursos do Sistema S podem ser transferidos para ATER para produtos artesanais (público: produtores)

11) Inadequação e rigidez da legislação impossibilita a produção dos pequenos

Integração de ministérios para o destravamento da questão sanitárias. Criação de câmaras.

Buscar parceria com os órgãos ambientais para otimização do processo de licenciamento.

12)

Dificuldade e morosidade para concessão de licença ambiental

Estados devem assumir a responsabilidade pela concessão de licença ambiental para empreendimentos da AF (a exemplo do que aconteceu no RS).

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5. Encaminhamentos

Como encaminhamentos da Oficina normas sanitárias para alimentos de produção artesanal, familiar e comunitária definimos:

1) Criação de um grupo interministerial e intersetorial (considerar o GT já existente e organização na instância da CAISAN). Assegurar a participação da sociedade civil incluindo PCTAFs;

2) Escolher uma cadeia produtiva para experiência piloto em normalização sanitária para agroindústrias de base familiar, artesanal e comunitária;

3) Criação de um grupo que represente as agroindústrias familiares;

4) Constituição, imediata, de uma rede de articulação entre os setores envolvidos para dar continuidade à iniciativa, com vistas para um próximo evento (ISPN vai assumir a coordenação por um período inicial – 6 meses). Todos devem ajudar a captar recursos (sondar MDA e MDS).

Membros do Grupo de Trabalho instituído na assemblé ia final da oficina

Marcelo Passos – Curitiba/PR - Rede Ecovida

Tarcilei Mariniello de Brito – Brasília/DF – Unicafes

Sílvio Antônio Diehl – São Miguel do Oeste – Consad

Grupo de Trabalho de Queijos Artesanais do Slow Food

Diva Vani Deitos- Chapecó/SC – APACO

Alexandre Bergamin- Chapecó/SC – FETRAF/SUL

Ana Helena Machado Junqueira Cunha – Belo Horizonte/MG - Subsecretaria de

Agricultura Familiar do estado de Minas Gerais

Paulo Roberto C. da Silveira – Santa Maria/RS – UFSM

Vanessa Schottz Rodrigues – Rio de Janeiro – Fórum de Segurança Alimentar

Márcia Batista da Costa – Brasília/DF – MAPA/DIPOA

João José de Melo – Serra do Salitre/MG – COOALPA

Equipe SerTãoBras – São Paulo/SP

Fábio Lúcio de Almeida Cardoso – Brasília/DF – Pesquisador

José Fábio Soares – Montes Claros/MG – Coop Grande Sertão

Veruska Prado – Goiânia/GO – CECANE/UFG

Coordenação inicial: ISPN

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Anexos

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Carta aberta sobre o debate e resultados da oficina de normas

sanitárias para alimentos de produção artesanal, fa miliar e

comunitária

Brasília, 28 de setembro de 2012

Prezados (as),

As Organizações Sociais, Produtivas e Órgãos de Governo (municipal, estadual e federal), que participaram da oficina Normas Sanitárias para Alimentos de Produção Artesanal, Familiar e Comunitária, realizada em Brasília/DF de 26 a 27 de setembro de 2012, elaboraram e apresentam este documento a ser encaminhado às autoridades governamentais e demais organizações, para que possam tomar conhecimento da situação e propor as medidas necessárias para superação dos problemas discutidos nesta oficina.

O principal ponto relevante identificado foi que os processos produtivos, de circulação e consumo associados à Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais, necessitam de uma legislação específica. Tais processos são frutos de saberes e fazeres oralmente transmitidos de geração a geração, de conhecimentos tradicionais construídos, transformados e reiterados ao longo dos tempos e manifestam a enorme diversidade cultural brasileira.

Os atores envolvidos neste debate reconhecem que a legislação atual não é adequada à produção artesanal, comunitária e familiar. Promove a exclusão social e produtiva e impede que a sociedade tenha direito de consumir alimentos artesanais, o que contribui para o empobrecimento da base alimentar e prioriza apenas os alimentos industrializados.

Entre os diversos pontos levantados (ver documento anexo) ressaltamos que, para que a referida legislação possa promover a inclusão social desses atores, é imprescindível a participação da sociedade e o envolvimento dos diversos órgãos públicos que tratam do tema, tais como o MAPA, MDA, MS/Anvisa, MDS e MinC/Iphan entre outros. Ressalta-se ainda que o principal programa do governo brasileiro pretende incluir social e produtivamente milhões de excluídos, o que só será alcançado por meio de políticas sensíveis às diferenças, que superem alguns dos entraves regulatórios à produção familiar, não apenas sanitários mas também fiscais, tributários e ambientais.

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É fundamental, ainda, para a construção de um novo marco regulatório sanitário para alimentos de produção artesanal, familiar e comunitária, o envolvimento do poder legislativo (federal, estaduais e municipais). Os resultados dessa oficina, apresentados a seguir, devem ser debatidos e tomados em conta.

Buscando uma articulação institucional que viabilize a implementação das ações apresentadas neste documento, foi constituído um grupo de trabalho, no primeiro momento coordenado pelo ISPN, que procurará pautar as ações discutidas nos diversos espaços públicos como no CONSEA, CAISAN, Grupos de Trabalho e Câmaras Setoriais da Anvisa e do Mapa, entre outros importantes espaços de diálogo da sociedade com o poder público.

Certos de que poderemos contar com o apoio dos parceiros presentes para a superação dos problemas aqui apontados, aproveitamos para ressaltar a importância do fortalecimento e capacitação desses órgãos para tratar das questões de regularização dos empreendimentos da agricultura familiar, povos e comunidades tradicionais, o que só será possível com a garantia de recursos compatíveis com a tarefa.

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Participantes na oficina Normas Sanitárias para Ali mentos de Produção Artesanal, Familiar e Comunitária: limitaç ões e

oportunidades

Período do evento: 26 a 28 de setembro de 2012

N. Participantes Município/Estado Entidade

1 Affonso Augusto Bulcão Flach Chapecó/SC UNICAFES/COOPERTEC

2 Alexandre Bergamin Chapecó/SC FETRAF-SUL/BRASIL

3 Alline G. Monteiro Brasília/DF UNB

4 Aluisio Eustáquio de Freitas Marques

Belo Horizonte/MG SerTãoBras

5 Ana Cláudia Lima e Alves Brasília/DF Slow Food

6 Ana Helena Machado Junqueira Cunha

Belo Horizonte/MG Subsecretaria de Agricultura Familiar

7 Ana Luiza C. B. Meirelles Torres/RS REDE ECOVIDA

8 Ângela Karinne Fagundes de Castro

Brasília/DF ANVISA

9 Athaualpa Nazareth Brasília/DF SEAGRI

10 Beatriz de Assis Junqueira Brasília/DF MAPA

11 Bruno Filizola Brasília/DF ISPN

12 Carolina Gomes Lobo Brasília/DF ISPN

13 Cícero João Mallamann Genro Santa Maria/RS UFSM

14 Cristiane de Azevedo Souza Brasília/DF ISPN

15 Cristina Carvalho Brasília/DF União Européia

16 Cristyane Barbosa Taques Brasília/DF DIPOVA/SEAGRI-DF

17 Daniela Arantes Rio de Janeiro/RJ BNDES

18 Daniela Beatriz de Castro Gomes

Brasília/DF ANVISA

19 Décio Lauri Sieb Brasília/DF CONTAG

20 Denise de Oliveira Resende Brasília/DF ANVISA

21 Diana Reis Brasília/DF UNB

22 Diva Vani Deitos Chapecó/SC APACO

23 Donald Sawyer Brasília/DF ISPN

24 Eduardo Lins Rio de Janeiro/RJ BNDES

25 Edvalda Pereira Torres Lins Aroucha

Paulo Afonso/BA AGENDHA

26 Elisângela Bellandi Loss Francisco Beltrão/PR UNICAFES

27 Fabiana Paula de Castro Alves Brasília/DF ISPN

28 Fabiano Coutinho Ruas Brasília/DF IMS

29 Fábio Lúcio de Almeida Cardoso

Brasília/DF Banco do Nordeste do Brasil S/A

30 Fábio Rezende Sicilia Belém/PA SLOW FOOD

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31 Fábio Vaz de Almeida Brasília/DF ISPN

32 Fernanda Elisa de Oliveira Venturini

Santa Maria/RS UFSM

33 Fernando Cleser Brasília/DF SEAGRI

34 Fernando Ferreira Oiticica Bahia/BA FASE

35 Generosa Oliveira Rio de Janeiro/RJ UNICAFES

36 Gil Borba Rio de Janeiro/RJ BNDES

37 Gina Morais Ferreira Oliveira Mineiros/GO Prefeitura Municipa de Mineiros

38 Guilherme B S Maia Rio de Janeiro/RJ BNDES

39 Gustavo Correa Brasília/DF MDS

40 Helena Maria Pojo do Rego Brasília/DF SEBRAE - UPP - Unidade de Políticas Públicas

41 Isabel Figueiredo Brasília/DF ISPN

42 Jane Simoni Brasília/DF UNB

43 João D´angelis Brasília/DF MMA

44 João José de Melo Serra do Salitre/MG COOPALPA

45 Jorg Zimmermann Brasília/DF ISPN

46 José Fábio Soares Montes Claros/MG Cooperativa da Agricultura Familiar Grande Sertão

47 Juana Andrade de Lucini Brasília/DF OXFAM

48 Judi Maria da Nóbrega Brasília/DF MAPA

49 Juliana Santilli Brasília/DF UNB

50 Kátia Karam Toralles Goiânia/GO Slow Food

51 Kristiany Mariely Bender Blumenau/SC FBES

52 Lara Montenegro Brasília/DF ISPN

53 Lecir Peixoto Brasília/DF IMS

54 Leiva Martins Pereira Brasília/DF Fundação Nacional do Índio - FUNAI

55 Leomar Prezotto Brasília/DF MDA

56 Lorena de Alcântara Brasília/DF UNB

57 Luis Antônio Valois Morais Brasília/DF Departamento de Extrativismo SEDR/MMA

58 Luis Carrazza Brasília/DF Central do Cerrado

59 Marcel Francisco Alvim de Oliveira

Brasília/DF FNDE

60 Marcelo Nunes Natal/RN MODERADOR

61 Marcelo Passos Curitiba/PR REDE ECOVIDA

62 Márcia Batista da Costa Brasília/DF MAPA

63 Maria Flávia Bracarense Brandão

Belo Horizonte/MG Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais

64 Maria Raquel Hidalgo Campos Goiânia/GO UFG

65 Mariana da Silva Oliveira Brasília/DF Fundação Banco do Brasil

66 Lian São Paulo/SP SerTãoBras

67 Marlos Schuck Vicenzi Brasília/DF MAPA

68 Marta Cortegano Valente Lisboa/Portugal ADPM

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69 Mauro Rubem Goiânia/GO Assembléia Legislativa - Goiás

70 Mayara Souza Pinto Brasília/DF DIPOA/MAPA

71 Mônica Chiffoleau Rio de Janeiro/RJ REDE ECOLOGIA

72 Neide Aparecida dos Santos Rigo

São Paulo/SP BLOG COME-SE

73 Patrícia de Lucena Mourão Brasília/DF SESAN/MDS

74 Paulo Roberto C. da Silveira Santa Maria/RS UFSM

75 Pedro Ferreira de Queiroz Junior Cáceres/MT FASE

76 Renato Araújo Brasília/DF ISPN

77 Roberta Marins de Sá Brasília/DF SESAN/MDS

78 Rodrigo G. Prates Junqueira Brasília/DF Instituto Socioambiental - ISA

79 Rodrigo Noleto Brasília/DF ISPN

80 Rosângela Pezza Cintrão (Bibi) Rio de Janeiro/RJ SLOW FOOD

81 Sara Regina Souto Lopes Brasília/DF FNDE

82 Sílvio Antônio Diehl São Miguel do Oeste/SC

CONSAD

83 Tarcilei Mariniello de Brito Brasília/DF UNICAFES

84 Tassila Kirsten Brasília/DF IMS

85 Teresa Paiva Brasília/DF IPHAN

86 Titta Maja Brasília/DF União Européia

87 Valons de Jesus Mota Goiânia/GO UNICAFES

88 Vanessa Ghisleni Zardin Brasília/DF ANVISA

89 Vanessa Schottz Rodrigues Rio de Janeiro/RJ FASE

90 Verônica Cortez Ginani Brasília/DF UNB

91 Veruska Prado Alexandre Goiânia/GO UFG

92 Vicente José Brasília/DF CONAB

93 Vladia Eufrasio Lima Fortaleza/CE Memorial da Cultura Cearense

94 Wagner Risso Brasília/DF

95 Yêda Barbosa Brasília/DF Iphan