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TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULO

Registro: 2016.0000010746

ACRDO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelao / ReexameNecessrio n 1011965-70.2015.8.26.0506, da Comarca de Ribeiro Preto, em queso apelantes SASSOM SERVIO DE ASSISTNCIA SADE DOSMUNICIPIRIOS DE RIBEIRO PRETO e JUIZO EX OFFICIO, apeladaALINE PATRICIA CAMPOS TOLENTINO DE LIMA.

ACORDAM, em 10 Cmara de Direito Pblico do Tribunal de Justia

de So Paulo, proferir a seguinte deciso: "Negaram provimento aos recursos. V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acrdo.

O julgamento teve a participao dos Exmos. Desembargadores PAULOGALIZIA (Presidente), ANTONIO CARLOS VILLEN E ANTONIO CELSOAGUILAR CORTEZ.

So Paulo, 20 de janeiro de 2016.

Paulo GaliziaRELATOR

Assinatura Eletrnica

Paraconferirooriginal,

acesseositehttps://esaj.tjsp.jus.br/esaj,informeoprocesso1011965-70.2

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Estedocumentofoiliberadonosautosem2

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Apelao / Reexame Necessrio n 1011965-70.2015.8.26.0506-Ribeiro Preto - Voto n 11956 5

VOTO N 11956

10 CMARA DE DIREITO PBLICOAPELAO COM REVISO N1011965-70.2015.8.26.0506COMARCA: RIBEIRO PRETO - 1 VARA DA FAZENDA PBLICAAPELANTE: SASSOM SERVIO DE ASSITNCIA SADE DOSMUNICIPIRIOS DE RIBEIRO PRETOAPELADOS: ALINE PATRICIA CAMPOS TOLENTINO DE LIMAJUZO EX-OFFICIOJUZA: REGINALDO SIQUEIRA

SERVIDORES PBLICOS MUNICIPAIS. RibeiroPreto. Servio de Assistncia Sade dos Municipiriosde Ribeiro Preto SASSOM. Instituio pelo Municpiode contribuio para custeio de assistncia mdica. Art.25 Lei Complementar Municipal n 441/95. Contribuioque no pode ter carter obrigatrio, mas facultativo.Desconto em folha, correspondente a 5% dosvencimentos- Inconstitucionalidade - Matria decompetncia exclusiva da Unio. Sentena que julgaao procedente.Recurso da autarquia e reexame necessrio, no

providos.

Cuida-se de apelao interposta contra a r. sentena de

fls. 59/62 que, em ao de obrigao de no fazer, julgou procedente o pedido

inicial, para declarar a ilegalidade dos descontos efetuados nos vencimentos da

autora, relativos ao SASSOM, determinando, ainda, que o ru se abstenha de

promover os referidos descontos. Condenou, ainda, a r ao pagamento das

custas e honorrios advocatcios, fixados em R$800,00, na forma do art. 20, 4

do CPC.

Em suas razes recursais, o Servio de Assistncia

Sade dos Municipirios de Ribeiro Preto SASSOM afirma que no pode ser

considerado apenas um plano de sade, pois exerce diversas outras atividades

de cunho social.

Assevera realizar inmeros programas preventivos e



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atividades na rea social e que o art. 133, VII da Lei Orgnica do Municpio de

Ribeiro Preto estabelece que compete ao Municpio instituir a contribuio par

ao custeio de sistema de previdncia e assistncia social.

Alega que o servidor municipal segurado obrigatrio do

SASSOM que garantem o carter contributivo do sistema.

Defende ser inaplicvel o disposto no art. 149, 1 da CF

e que todos aqueles que se submetem ao concurso ara ingresso na carreira

pblica municipal esto cientes da obrigatoriedade de contribuio para o

SASSOM e para o IPM.

Prequestiona o disposto nos arts. 5, 18, 24, XII, 30, II

pargrafo primeiro do art. 149, art. 194, 195, 4 e 197 da CF.

Pleiteia, pois, seja dado provimento ao recurso, para

julgar improcedente o pedido inicial (fls. 64/104).

Recurso tempestivo e respondido (fls. 108/114).

O RELATRIO.

O desconto em folha da contribuio destinada ao

custeio de assistncia mdico-hospitalar no pode ter carter compulsrio e ser

institudo pelo Municpio. Essa concluso pode ser extrada da interpretao

sistemtica dos artigos constitucionais, conforme passaremos a analisar:

A Constituio Federal deu aos Estados, ao Distrito

Federal e aos Municpios competncia para instituio de contribuio para o

custeio da previdncia social (art. 149, 1o), mas no sobre a sade e a

assistncia social, j que esta ltima encontra-se disposta na EC no. 41/03.

Observa-se que a previdncia social (art. 201) e a assistncia social (art. 203)

previstas na Constituio Federal no podem ser confundidas com a assistncia

a sade, dispositivo previsto no artigo 196 da CF.

O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADIN

1.920, tendo como relator o Ministro Nelson Jobim, assentou a impossibilidade



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de se exigir do servidor o pagamento compulsrio de contribuio conforme a

discutida nos presentes autos, conforme segue:

"Constitucional. Lei 7.249/98 do estado da Bahia. Cria sistemaprprio de seguridade social que compreende previdncia,assistncia social e assistncia sade. Institui contribuiocompulsria dos servidores do estado para a sade. Impossibilidade.Inteligncia do art. 149, pargrafo nico da CF. Regra de exceoque se interpreta restritivamente. Inatacvel o art. 5, pois apenasrelaciona os segurados obrigatrios, no qualifica a contribuio.Liminar deferida em parte." (ADIN n. 1.920/BA, Rei. Min. Nelson

Jobim, julgamento realizado em 23.06.1999. Informativo do STF n.282).

No mesmo sentido, j decidiu esta Cmara:

SERVIDOR PUBLICO - Instituio pelo Municpio de contribuiopara custeio de assistncia mdica - Inconstitucionalidade - Matriade competncia exclusiva da Unio -Arts. 22, XXIII, 195, 4" c151,1, da CF - Ao procedente - Recurso noprovido.(AP.0321928-85.2010.8.26.0000 10 Cmara de Direito

Pblico , Urbano Ruiz , Data do julgamento: 13/09/2010 )

"o regime constitucional atual no permite ao Estado instituircontribuio social de seus servidores visando o custeio de sistemade sade." (AC n 144.829-5/8 - v.u. j . de 20.05.02 - Rei. Des.TORRES DE CARVALHO).

O Colendo rgo Especial deste Tribunal tambm j se

pronunciou a respeito:

ARGIO DE INCONSTITUCIONALIDADE - ART. 9o, DA LEICOMPLEMENTAR 441/95 E ART. Io DA LEI COMPLEMENTAR463/95, AMBAS DO MUNICPIO DE RIBEIRO PRETO -ESTABELECEM A CONTRIBUIO COMPULSRIA PARACUSTEIO DOS SERVIOS DE ASSISTNCIA SADE DOSSERVIDORES MUNICIPAIS -PRECEDENTES DO RGOESPECIAL - ART. 481, PARGRAFO NICO, CPC 1. O Colendorgo Especial j apreciou o tema, tendo julgado indevido odesconto compulsrio a ttulo de contribuio para assistncia sade em inmeros precedentes. 2. Os rgos fracionrios dostribunais no submetero ao plenrio, ou ao rgo especial, a

argio de inconstitucionalidade, quando j houver pronunciamentodestes ou do plenrio do Supremo Tribunal Federal sobre a questo.



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3. Argio de inconstitucionalidade no conhecida. (Processo n

0018999-21.2011.8.26.0000, Relator(a): Artur Marques, Data dojulgamento: 20/04/2011 ).

No caso em tela, houve a usurpao de competncia por

parte do Municpio de Ribeiro Preto ao instituir a cobrana da contribuio

compulsria dos servidores para custeio da Sade, desrespeitando frontalmente

o artigo 149 pargrafo 1 da CF, seja em razo de ausncia de autorizao para

instituio de contribuio para o custeio dos servios de sade, seja pela

determinao da competncia privativa da Unio para instituir contribuies.

Pelo meu voto, nego provimento ao reexame necessrio

e ao recurso de apelao.

PAULO GALIZIA

RELATOR



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