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Doce aventura de verão - Janet Dailey Título Original: That Carolina Summer Resumo Annette olhou para Marsha, sua irmã mais nova, e disse: — Acho que ser virgem é um problema, sabe? Não vou me guardar para o homem com quem irei me casar. O problema maior é que Josh, o homem que eu. amo, não quer se casar comigo. Por isso, vou agora para um motel com outro rapaz e me vingarei de quem me desprezou. — Louca vingança, que poderia destruir seu amor, sua vida! Assustada, Marsha ficou imaginando como ajudar Annette a escapar dessa horrível crise. Desesperada, então, lembrou-se de que só uma pessoa poderia salvar a irmã: Josh, o homem que Annette amava e que a tinha desprezado! Mesmo sem esperança, foi procurá-lo e teve a grande surpresa de sua vida!

doce aventura de verão sabrina no 212

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Doce aventura de verão - Janet Dailey

Título Original: That Carolina Summer

Resumo

Annette olhou para Marsha, sua irmã mais nova, e disse: — Acho que ser virgem é um problema, sabe? Não vou me guardar para o homem com quem irei me casar. O problema maior é que Josh, o homem que eu. amo, não quer

se casar comigo. Por isso, vou agora para um motel com outro rapaz e me vingarei de quem me desprezou. — Louca vingança, que poderia destruir seu amor, sua vida! Assustada, Marsha ficou imaginando como ajudar Annette a escapar dessa horrível crise. Desesperada, então, lembrou-se de que só uma

pessoa poderia salvar a irmã: Josh, o homem que Annette amava e que a tinha desprezado! Mesmo sem esperança, foi procurá-lo e teve a grande

surpresa de sua vida!

Digitalização: Erika SantanaRevisão:

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CAPÍTULO I

O calor do sol da Carolina do Norte era suavizado por uma leve brisa vinda do Oceano Atlântico. ''•;Annette Long passava óleo de bronzear em suas pernas bem-feitas, de tom dourado. Seus olhos vagavam curiosamente pela grande piscina, reparando nos outros hóspedes que aproveitavam as delícias do lugar.Um jovem casal, gritando e rindo, brincava na água. As outras pessoas vadiavam em espreguiçadeiras, lendo ou conversando..Ao terminar de passar o bronzeador, Annette se virou para a irmã. Um leve sorriso apareceu em seus lábios. Lá estava Marsha,

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de cabelos escuros e olhos azuis, com um livro na mão e usando um recatado maio azul. Aos dezoito anos, Marsha tinha tudo para ser uma mulher muito atraente, mas era tão calada, despretensiosa e sem vaidade que não usava seus dotes, resistindo a todos os esforços de Annette nesse sentido.Era até difícil acreditar que as duas eram irmãs, tal a diferença entre elas. Annette não tinha a personalidade retraída de Marsha. Era exatamente o oposto, audaciosamente confiante e agressiva, o bastante para ir atrás daquilo que queria. Fisicamente tinham pouco ou nada em comum. Os cabelos compridos de Annette eram loiros e caíam em cachos até os ombros, enquanto que os de Marsha, castanhas e curtos, não ajudavam a realçar-lhe a aparência. Os olhos de Marsha eram azul-celeste è, os de Annette, negros.As duas irmãs eram esbeltas e bastante altas, mas enquanto Marsha escondia seu corpo bem-feito em trajes conservadores, Annette exibia um provocante maio branco que certamente não poderia ser chamado de recatado. Ele não tinha os lados e o decote atrás ia bem abaixoda cintura.A madrasta delas, Kathleen, certa vez as descrevera como um demónio e um anjo. Marsha era inocente e Annette, sempre muito esperta, procurava fazer as coisas acontecerem do jeito que queria em lugar de esperar que acontecessem simplesmente.— Tome. — Annette ofereceu o óleo de bronzear à irmã. — É melhor você usar isto antes de se transformar numa lagosta. — Marsha tinha a pele amorenada, mas era Annette quem se bronzeava com maior facilidade.— Obrigada. — Marsha pôs o livro de lado, deixando-o com as páginas para baixo, aberto no lugar que estava lendo. Ao começar a passar o óleo nos braços, uma expressão sonhadora tomou conta de seu rosto. — Não acha isto aqui bonito, Annette? Eu não pensei que papai estivesse falando sério quando disse que íamos passar nossas férias em Wrightsville Beach.— Por que não? — Annette se recostou na espreguiçadeira e fechou os olhos.— Bem, quando está em casa, ele gosta de ficar em Delaware.

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Isso não é realmente de se estranhar, quando se pensa no quanto ele viaja.— É verdade. Mas papai também sabe' que Kathleen fica presa em casa durante todo o tempo que ele fica fora. É muito natura! que ela queira sair um pouco.. . especialmente agora que Robby está mais velho — acrescentou, referindo-se ao meio-irmão de cinco anos.—De fato. E além disso, como papai mesmo disse, é difícil saber quando teremos outra oportunidade de passarmos as férias juntos de novo. Principalmente agora, que estamos na Universidade.— Pretendo aproveitar ao máximo este descanso! Vou fazer tudo. que tenho direito!Ao ouvir um som de passos, Annette abriu um pouquinho as pálpebras e espiou através delas. O garçom que servia à beira da piscina parou perto da cadeira de Marsha, com uma bandeja equilibrada na palma da mão. Annette o avaliou rapidamente. Devia ter vinte e poucos anos, era loiro, bronzeado e muito bonito, e parecia plenamente consciente disso.— Posso trazer-lhes • alguma coisa para beber? — Com seu sorrisoradiante, ele procurava agradar, e Marsha enrubesceu ligeiramente.Levando a mão à testa, Annette protegeu os olhos do brilho do sol. O gesto atraiu imediatamente a atenção do garçom, o olhar admirado dele percorreu o corpo bronzeado e o maio provocante.— Eu vou tomar chá gelado — pediu Annette, com um sorriso sedutor. Talvez não fosse justo desviar a atenção do rapaz, mas tratava-se de proteger Marsha. Ela era incrivelmente inexperiente quando se tratava de homens, e se atrapalharia toda com esse.— Com limão? — perguntou o garçom, sem esconder o olhar de admiração que percorria Annette.— Sim, por favor. — E sorriu de modo sedutor, fingindo encorajá-lo, embora ele lhe fosse indiferente.Ele voltou a olhar para Marsha, que não estava conseguindo disfarçar muito bem o desapontamento.— Você também quer' chá gelado?—Quero. . . por favor — disse ela baixinho.

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— Volto em seguida, então. Se precisarem de mais alguma coisafl me chamem. Meu nome é Craig. I— Acho que basta, por enquanto. Obrigada, Craig — dissej Annette secamente.

IEle fez um arremedo de mesura e se afastou. HAnnette se curvou para a frente, passou os braços em volta dos joelhos e ficou olhando-o enquanto se afastava. Não estava interessada nele, más sabia que Marsha estava. Para o bem da irmã, ela queria analisá-lo bem.— Não acha que ele é maravilhoso, Annette? — perguntou Marsha,interessada.— Parece que ele também pensa assim — respondeu Annette, cínica. — Craig é convencido demais para o meu gosto.— Como consegue ser tão indiferente? Eu vi' como ele a olhou. Craig gostou de você.Não havia inveja no comentário de Marsha. Tá se acostumara ao fato de os homens acharem a irmã mais bonita.— À medida que for ficando mais velha, Marsha, você vai aprender que homens como Craig só se apaixonam por eles mesmos —explicou Annette pacientemente. — Eles se acham irresistíveis.E tomou a olhar para o garçom, que parara ao lado de outro grupo de hóspedes. Um dos homens do pequeno grupo chamou imediatamente a atenção de Annette. Tinha o corpo musculoso e forte bronzeado de sol e estava usando um maio branco; era alto, com cerca de um metro e oitenta e cinco, e os ombros largos iam se afilando em direção aos quadris estreitos.Quando ele se virou um pouquinho, Annette viu de relance o belo perfil, a testa inclinada, o nariz alto, o queixo forte. Os raios de sol incidiam em seus cabelos castanho-escuros, dando-lhes uma tonalidade cor de cobre. Annette calculou que ele tivesse uns trinta e cinco anos, um viril espécime masculino em toda sua plenitude. O olhar dela se desviou para a mão esquerda dele, mas não havia nenhuma aliança.— Eu realmente não compreendo como você pode ser tão fria em relação aos homens — disse Marsha, suspirando. — Nunca encontrou alguém que tenha virado sua cabeça?

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Dois minutos antes, Annette teria dado à irmã uma resposta negativa. Sempre fora inteligente demais para permitir que sua imaginação ficasse à solta. Aos dezenove anos, quase vinte, ela já tivera inúmeros namorados mas nunca levara qualquer um deies a sério. Sempre achara que saberia instintivamente quando encontrasse o homem certo. E todos os sinais indicavam isso naquele exato momento.— Sim — respondeu, sonhadora —, eu já encontrei alguém que me vire a cabeça. Para falar a verdade, estou olhando para ele agora mesmo.— O quê? — Marsha olhou para ela, surpresa, e em seguida acompanhou a direção do olhar de Annette. — Quem?

— O homem de maio branco. Marsha- olhou.— Quem é ele?— Eu não sei... ainda.Annette continuava a olhá-lo, certa de que iria fazer o possível para descobrir quem era aquele homem. Aliás, sua ousadia sempre deixava Marsha inquieta e não haveria de ser diferente naquele instante. A irmã a fitava, apreensiva:— Você não sabe nada a respeito dele, Annette! — Isso eraquase uma acusação.Ela dirigiu à irmã um olhar paciente.— Mas garanto que vou descobrir!Seu olhar retornou à marcante sensualidade do desconhecido. Ele estava dizendo algo a uma das mulheres do grupo. Annette não conseguiu ouvir as palavras, mas a brisa leve transportava o timbre forte daquela voz até seus ouvidos,'Ela gostou do som grave que parecia acariciar-lhe a pele como veludo.O garçom loiro voltava com as bebidas, e a mente ágil de Annettecomeçou a funcionar imediatamente. Ela o recebeu com um grandesorriso. .— Não demorou nada! — comentou.—Manter os hóspedes do hotel felizes faz parte do meu serviço. — O olhar dele demonstrava que estava disposto a ir além do dever ao caminhar em direção a Annette,

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— Obrigada. — Ela estendeu a mão para assinar a nota. — Quernl é aquele homem ali? — perguntou, sem demonstrar muito interesse. — Aquele de maio branco. Ele me parece vagamente familiar, mas não me lembro onde foi que o vi — mentiu.— Deve estar se referindo a loshua Dean.Annette teve o cuidado de manter o olhar pousado no garçom. Quanto mais atenção lhe desse, mais informações receberia dele.— Onde será que ouvi esse nome antes? — Franziu a testa, demonstrando curiosidade.— Entre outras coisas, ele é dono disto aqui. Os Dean são íima das famílias mais antigas e ricas da Carolina do Norte — explicou, ansioso por deixar Annette impressionada com o que sabia sobre gente milionária.— É mesmo? — murmurou ela, e lançou um olhar na direção de loshua Dean. Sua cabeça de cabelos escuros estava voltada atenciosamente na direção de uma ruiva de biquini. —*- E a esposa dele é uma mulher muito bonita, não acha?— Aquela não é esposa dele — informou Craig, sem reparar no leve sorriso de satisfação de Annette. — Josh não é casado. E, julgar pela variedade de hóspedes femininas que já jantaram na suite dele, vive ocupado demais para pensar em casamento.— Acho que tudo que ele tem que fazer para conseguir uma mulher é estalar os dedos. — Annette tomou um gole de chá e sorrii para o garçom. — Disse que ele mora aqui no hotel?— Sim, tem uma suite particular.—Muito conveniente, não?— É mesmo — concordou Craig, mas Annette estava pensando em como era conveniente para ela ter Joshua Dèan por perto. Um dos hóspedes chamou o garçom naquele instante e ele sorriu, pesaró-ro. — Com licença. Até logo.— Até logo — Annette dirigiu o olhar a Marsha. :— Eu não disse que descobriria tudo a respeito do bonitão?Marsha olhou-a com incerteza, revelando suas apreensões.— Eu não sei o que lucrou com isso. Sim, você sabe o nomedele, onde mora e que não é casado... Mas um homem como Joshua

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Dean tem a mulher que quiser. Você mesma disse isso, lembra-se? O que a faz achar que ele se sentirá atraído por você?— É que vou fazer com que ele me queira — declarou Annette, e riu suavemente da expressão apreensiva da irmã. — Não fique tão preocupada, Marsha! Vai ser fácil.— Você já disse isso antes. — Marsha não estava convencida.— Tudo sempre saiu da maneira que eu quis, não é mesmo?— Um dia desses pode sair errado, e você vai se meter numa grande encrenca.Annette apenas riu e fitou novamente o porte atlético de Joshua Dean. Uma variedade de pianos já começava a tomar forma em sua mente, e teriam que ser estudados. Ela precisava de mais informações antes de elaborar um plano de ação. Nesse meio tempo, teria que ser flexível.Encantada, olhou Joshua Dean separar-se do grupo e caminhar em direção à piscina. Tinha um andar gracioso e natural; seus músculos se salientavam nas coxas e nas pernas, sob a pele queimada de sol. Havia segurança em seu porte, um ar de certa indiferença pelo que se passava em volta.Não havia ninguém na piscina quando Josh Dean mergulhou. Um segundo depois ele vinha à superfície, e Annette não perdeu tempo: levantou-se e pegou a touca de borracha.— Aonde você vai? — perguntou Marsha, os olhos arregalados.— Nadar um pouco — respondeu Annette, com um brilho confiante nos olhos. — Lembra-se do que tia Helen sempre dizia? "Não espere até que o navio se aproxime, vá nadando até ele." <— Enfiou as mechas de cabelo debaixo da touca. — Pois eu vou nadar até o "meu" navio. Quer vir? ..— Não, obrigada. — Marsha apanhou o livro que estava lendo. — Não me meta em nenhum de seus planos.Um leve sorriso brincou nos cantos da boca de Annette quando ela se virou e caminhou para a borda da piscina. A recusa da irmã era esperada. Para começar, Marsha não tinha muita inclinação para os esportes, preferindo ser espectadora ao invés de participante. Quanto a Annette, nada a deixava mais louca que ficar parada, sem fazer nada. Adorava competir e, quanto maiores os riscos, mais

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gostava do jogo. A possibilidade de perigo só servia para aumentar seu interesse.Na beira da piscina, Annette parou para observar o nadador solitário que atravessava as águas azuis. Cronometrou mentalmente as poderosas braçadas e verificou que o ritmo dele era lento. Exatamente como ela queria. Esperou que ele se afastasse um pouquinho, arqueou o corpo e mergulhou. Nadou vários metros debaixo d'águu e emergiu ao lado dele.Os olhos castanhos de Josh pestanejaram, demonstrando surpresa, ao vê-la. Annette pôde ver de perto o charme dos traços fortes, a preguiçosa sensualidade das feições bem-delineadas.Ela procurou mostrar espanto e inocência.— Oi! — apressou-se em dizer. — Está se exercitando para manter a forma?— Sim. acertou.— Incomoda-se se eu nadar com você? Sabe, isso me ajuda a medir meu ritmo.—- À vontade. Eu não me incomodo.Havia um brilho irónico nos olhos castanhos. Josh estava acostumado ao fato de as mulheres darem em cima dele, e Annette pensou que teria que ser muito sutil para conquistá-lo.— Ótimo. — E partiu para a extremidade oposta da piscina,com braçadas fortes.Todas as horas que passara treinando na Universidade finalmente iam dar frutos. Annette nadava rápido e bem, mas ainda não era hora de mostrar isso. Portanto, limitou-se a seguir o ritmo lento e compassado de Josh. Sabia que não poderia superá-lo na água, mas devia haver uma outra forma de chamar a atenção daquele homem atraente.Em toda a extensão da piscina, Annette se manteve emparelhada com Josh, plenamente consciente de que tanto quanto ele também não estava dando tudo, só que ele não sabia disso. Em cada tomada de ar, ela olhava para o nadador de cabelos escuros que movia com presteza os braços musculosos.No final da primeira volta, ela tomou impulso e acabou ficando alguns metros à frente dele. A manobra o apanhou de surpresa.

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Annette diminuiu a velocidade e ele a alcançou rapidamente. Quando seus olhos se encontraram, ela viu que havia um brilho de respeito nos dele. Enfiou o rosto na água e ocultou um sorriso.Ela foi contando as voltas, concentrando-se nas braçadas. Sabia, por experiências anteriores, que perdia velocidade depois de mil e seiscentos metros. Por isso aumentou o ritmo antes dessa marca, dando tudo que podia. Estava a mais de uma volta à frente de Joshua Dean quando voltou à superfície e partiu em frente com tudo.Ele a alcançou antes que ela pudesse dar a virada final. Annette já esperava por isso e sorriu, satisfeita. Sabia que nada atraía mais a atenção de um homem do que ser desafiado por uma mulher.Na última volta, ela o deixou facilmente para trás. Annette usou todas as suas forças para se manter a uma distância respeitável c, no momento em que tocou a borda da piscina, parou, ofegante. Seus pulmões pareciam querer estourar.Saiu da piscina com algum esforço, sentou-se e tentou fazer a respiração voltar ao normal. Retirou a touca e inclinou-se para trás, apoiando-se nos cotovelos. Os cabelos loiros brilhavam ao sol.— Vai desistir?O tom de desafio fez Annette virar-se para um lado. Josh Dean estava batendo as pernas na água, olhando para ela com complacência e sorrindo ironicamente.Por um momento Annette ficou irritada: ele respirava de maneiraquase natural, como se o esforço não o tivesse afetado. Mas airritação deu lugar à alegria quando o olhar dele percorreu as curvasgraciosas do seu corpo, detendo-se por uma fração de segundo nosseios arredondados. •',■;— Sim. eu vou desistir — admitiu Annette, num tom de voz atraentemente ofegante. — Mil e seiscentos metros são meu limite. Obrigada pelo exercício.— Sempre às ordens, menina.Ele deu meia-volta na água e se afastou nadando vagarosamente, sem ver a expressão de espanto, e depois de raiva, que passou pelo rosto de Annette.Menina! Ele a chamara de menina! Furiosa, ela pôs-se em pé e

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caminhou até a espreguiçadeira. Sua paciência estava nos limites. Então ele achava que ela era uma menina, não? Pois iria provar que já estava bem crescidinha!— O que aconteceu? — perguntou Marsha, notando o brilho de desafio dos olhos da irmã. — O tiro saiu pela culatra?— Não foi bem isso. — Annette se estirou na espreguiçadeira, fechando os olhos. — Consegui aquilo que queria. Pelo menos o sr. Josh Dean já sabe que eu existo — respondeu, pensando que aquela história de "menina" precisava ser esclarecida.Através das pálpebras semicerradas, ela o observou enquanto saía da piscina, minutos depois. Os cabelos molhados davam-lhe um ar selvagemente sensual, e a água que escorria pelo corpo musculoso dava à pele bronzeada uma aparência brilhante. Aquela virilidade provocou desejos em Annette, e ela se pôs a imaginar como seria estar junto dele.íosh passou uma toalha em volta do pescoço e olhou na direção dela. Annette deu graças por seus olhos parecerem estar fechados. Não queria ser surpreendida olhando para ele. Um arzinho de satisfação eliminou todos os vestígios da irritação que tinha sentido. Apesar de considerá-la uma menina, Josh tinha tomado consciência da presença dela. Por enquanto, Annette ia se conformar apenas com isso.Quando Josh Dean saiu dali e desapareceu numa das alamedas, Marsha pôs o livro de lado.— Papai e Kathleen estão chegando. Robby já deve ter acordado.Annette sentou-se quando seu pai e sua madrasta se aproximaram.Um menininho de cabelos escuros puxava, impaciente, a mão de Kathleen. Annette sorriu, apreciando a cena. O braço do pai estava apoiado nos ombros da atraente mulher de cabelos castanho-averme-lhados. Era sempre tranquilizador ver o quanto os dois se amavam. Marsha acenou para eles e Kathleen soltou Robby, que saiu correndo, por entre as cadeiras, até alcançar Marsha e Annette.— ôôô! — Annette riu e segurou o irmãozinho pela cintura,para detê-lo. — Você não deve ficar correndo perto da piscina,mocinho. Às vezes fica escorregadio, e você pode cair.

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O maio dela ainda estava molhado, e Robby notou isso imediatamente.— Por que não esperou até eu acordar, antes de ir nadar? — acusou ele. — Eu teria esperado por você, '— Vá buscar sua bóia que eu vou nadar de novo. . . com você — prometeu Annette, soltando-o.Robby não deu a Kathleen nem tempo de pôr a bolsa de palha no chão: já foi se atirando a ela para pegar a bóia.— Vamos com calma — censurou Kathleen. — Veja a confusão que você aprontou. Dobre as toalhas que puxou para fora, menino!— Eu faço isso, Kathleen — ofèreceu-se Marsha.— Não, Robby pode fazer isso. — A recusa foi acompanhada por um sorriso. — Vocês já o mimam demais.— Eu pensei que as irmãs mais velhas servissem para isso mesmo

— disse Annette, rindo. — Marsha e eu vamos tomar conta dele para que você e papai possam ficar um pouco a sós. — Olhou para o pai, alto e bonito, e fitou um par de olhos cinzentos como os seus.— Além disso, não queremos que Robby dê mais cabelos brancos a papai! — brincou.

— Não culpe Robby por isso — respondeu Jordan Long. — Sé tem alguém nesta família que é capaz de me deixar com os cabelos brancos, esse alguém é você, Annette.— Ei, agora deu para se preocupar comigo?—Mas eu me preocupo desde o dia em que você nasceu! E por falar niiso.. . já resolveu o que quer para seu aniversário?— Sim. — E olhou de lado para Josh Dean.—O quê? — perguntou Kathleen enquanto ajustava a bóia de borracha nos braços de Robby. ..— Um carro esporte. Uma Ferrari! — mentiu Annette, porque não podia dizer ao pai o que realmente queria para seu aniversário.— Tente outra — sugeriu ele e ela riu, sabendo muito bem,que BCU pedido estava fora de cogitação.

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CAPÍTULO II

Annette virou-se na cama e sentiu o clarão da luz do sol da manhã nos olhos. Puxou as cobertas até a cabeça, mas não adiantou. Tinha perdido o sono.Com um suspiro, atirou os lençóis para os pés e se virou para olhar Marsha, que dormia profundamente na outra cama. Annette sentiu vontade de jogar um travesseiro nela, mas conteve-se. Afinal, não era por culpa da irmã que tinha acordado. Levantou-se da cama e foi até o banheiro.Poucos minutos depois voltou ao quarto, com os dentes escovados e o rosto lavado. Antes de resolver o que vestir, foi até a janela

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para ver como seria o dia. A não ser por umas poucas nuvens brancas e inofensivas, o céu estava claro e límpido.A janela do segundo andar proporcionava uma vista da baía e do campo de golfe contíguo ao hotel. Dali Annete ficou observando os madrugadores que faziam seu cooper. Um corredor solitário se destacava dos demais. Ela reconheceria aquelas pernas musculosas e aqueles passos graciosos em qualquer parte. Aquele corpo masculino, bem-feito, só podia ser de Josh Dean.Observou o roteiro que ele fazia e logo o gravou na memória. Afas-tando-se rapidamente da janela, ela foi até as gavetas onde estavam suas roupas. Remexeu nelas até encontrar um short azul-turquesa e ura agasalho da mesma cor. Em tempo recorde, tirou a camisola e vestiu a roupa de corrida.Quando estendeu a mão para pegar um par de meias grossas para usar com os ténis viu de relance seu reflexo no espelho em cima da cómoda e parou para olhar-se mais detidamente. Seu rosto estava sem nenhuma pintura, e isto, além de suas roupas, a fazia parecer mais jovem.— Menina, hein? — murmurou, olhando os cabelos loiros queiam até os ombros. Levantando as mãos, ela os segurou dos doislados, numa maria-chiquinha. Um brilho travesso reluziu em seusolhos. — Se ontem ele me achou uma menina, espere só até me veresta manhã!Deixando de lado as meias, correu até o banheiro para arrumar os cabelos, prendendo-os com elásticos. Isto decididamente a rejuvenesceu, e ela riu alto. Voltando ao quarto que dividia com a irmã, calçou as meias e os ténis.—O que está fazendo? — perguntou a voz sonolenta de Marsha. — Que horas são? • ■ ■— Seis e pouco.Marsha franziu a testa, esforçando-se para focalizar os olhos na irmã.— Você não vai correr a esta hora, vai?— Vou, sim — respondeu Annette alegremente, dirigindo à irmã um sorriso radiante.'—Nunca se sabe quem podemos encontrar "por acaso".

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— Posso muito bem adivinhar — disse Marsha secamente, e se enfiou de novo debaixo das cobertas.— Deseje-me boa sorte! — disse Annette ao se encaminhar para a porta.— Você vai precisar mesmo! -~- exclamou Marsha, enquanto a irmã ia saindo.Ao descer a escada que levava ao andar térreo, Annette admitiu que Marsha talvez tivesse razão. Precisaria de muita sorte para agarrar Josh Dean.Saiu do hall e passou depressa pelos arbustos de azaléias, com suas flores cor-de-rosa, rumando para a praia particular do hotel.Contornou a curva dos vestiários para banhistas e seu coração deu um pulinho engraçado quando ela reconheceu o homem que vinha correndo em sua direção, as mangas do agasalho amarradas em volta do pescoço, a pele bronzeada. brilhando. Annette notou que havia uma expicssão de reconhecimento nos olhos dele. Josh Dean nem mesmo pareceu espantado em vê-la ali tão cedo.— Linda manhã, não? — cumprimentou ela, mudando deliberadamente de direção para poder passar perto dela. Ate aí, tudo estava transcorrendo perfeitamente.— Linda mesmo! — concordou ele, sem diminuir o passo.Annette também não diminuiu o seu. E, quando se emparelhoucom Josh, pisou fora da calçada, na areia macia, perdendo o equilíbrio de propósito. Simulou um grito de susto e caiu ao solo. Tomando muito cuidado para não virar a cabeça, segurou o tornozelo e reteve a respiração.— Você se machucou? — A pergunta quase a fez pular de alegria, mas ela conseguiu se conter e não demonstrar nenhum sinal detriunfo.Olhou-o de relance e abaixou logo a cabeça. Não se sentia preparada para sustentar aquele olhar.— Estou bem — disse, e flexionou o tornozelo com fingida cautela. — Apenas torci o pé.— Tem certeza? — Ele ficou parado, como se percebesse que alguma coisa não estava certa naquela história.

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— Sim -— confirmou Annette com um gesto de cabeça, enquantoencolhia as pernas como se fosse se levantar.Uma sensação de satisfação a aqueceu quando ouviu o som dos passos dele se aproximando na areia.— Deixe-me ajudá-la a levantãr-se. — E estendeu-lhe a mão.Annette olhou de maneira hesitante para os olhos penetrantes quea fitavam antes de segurar timidamente aquela mão grande e forte.— É embaraçoso — queixou-se, enquanto ele a ajudava a se levantar. Não ia ser fácil enganá-lo.— O quê?— Cair. É embaraçoso cair... — explicou, com um sorriso. — Ninguém consegue fazer isso graciosamente, e a gente sempre se sente como uma idiota desajeitada.A pretensa sinceridade era uma artimanha para desorientá-lo > Ela soube que fora bem-sucedida quando viu uma expressão de divertida indulgência no rosto dele, que continuava a segurá-la.— Isso acontece com todos nós. Ouça, por que não experimentase apoiar nesse tornozelo?Ela deu um passo hesitante, procurando não forçá-lo.— Está um pouco dolorido, mas acho que dá para andar.Não queria fingir maior gravidade no caso e, além disso, assim perto dele, sentia que o calor daquele corpo estimulava ainda mais seu desejo de estar nos braços fortes que a amparavam. E isso era extremamente perigoso. Pelo menos por enquanto.— Seu tornozelo deve estar sensível. Se fosse você, eu não correria mais hoje — aconselhou ele.— Sim, tem razão. — Suspirou quando ele a soltou. — Obrigada por .me ajudar... Fez uma pausa .e olhou para ele, como que à espera de que dissesse seu nome.— Joshua — completou ele. — Ou melhor: Josh.— Annette — identificou-se ela, apertando-lhe a mão. Sentiu-se meio inibida com o olhar zombeteiro que ele lhe lançava mas por enquanto tinha que deixar as coisas como estavam. — Obrigada, Josh.— O prazer foi todo meu.Recolhendo a mão, ela respirou profundamente, o que distendeu o tecido do agasalho, destacando as curvas salientes de seus seios. Esse

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movimento atraiu a atenção dele, e um brilho de aborrecimento despontou nos olhos escuros. Annette sentiu vontade de rir, porque sabia que ele a considerava uma "simples criança" e devia estar se sentindo culpado por olhar aquela feminilidade "em flor".— Posso lhe oferecer um suco de laranja ou um café? — perguntou Annette, quase certa de que ele iria recusar.— Café me parece uma boa ideia. Eu ainda não tomei nada — disse ele, desamarrando as mangas do agasalho e vestindo-o.Ela ficou um tanto desapontada. Parecia pecado cobrir um tórax tão viril, e Annette não pôde evitar a expressão de aborrecimento que dominou-lhe o rosto. Ele percebeu e perguntou:— Há alguma coisa errada?Annette ia negar, mas deixou um sorriso brincar em seus lábios.— Eu estava pensando que esta é a primeira vez que o vejo usarcamisa.Ele pareceu ficar irritado por um instante, e então deu uma risadinha.— É mesmo, não? — E colocou as mãos nas costas dela, empur-rando-a para a frente. — Está hospedada no hotel?— Estou. —- Ela caminhou na direção dos vestiários, onde uma calçada contornava a cerca alta que separava a piscina da praia. — Também está hospedado aqui? — perguntou, como se já não soubesse.— Estou. — Josh Dean deixou de mencionar sua condição de proprietário do hotel. — Acho que eles nos servirão café no pátio, se você quiser se sentar lá.— Seria ótimo! — concordou Annette, consciente dos dedos que tocavam a pele nua de seus ombros.— De onde você é? — perguntou Tosh, enquanto a conduzia para uma das mesas com guarda-sóis, no lado de fora da sala de café.— Delaware, bem perto de Dover. — Sentiu-se aliviada quando ele tirou a mão de suas costas para puxar uma cadeira de ferro batido e a fez sentar-se nela.— É sua primeira viagem à Carolina do Norte?— É. Nós chegamos há dois dias. Não passeamos muito, masainda temos um mês inteiro.

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Annette não estava gostando das perguntas dele. Eram simples demais. . . educadas demais. Desse jeito ela não conseguiria nada.— Nós? Nós quem?—Minha família. . . Papai, minha madrasta Kathleen, minha irmã Marsha, meu irmãozinho Rob e eu mesma. — Annette sabia que o fato de passar as férias com a família a fazia parecer mais criança ainda. Fez uma, expressão travessa e perguntou: — E você? Onde mora?— Aqui. Sou daqui mesmo.Josh levantou os olhos quando Annette ouviu um som de passos se aproximando. Olhou por cima do ombro e reconheceu o garçom de cabelos loiros que vinha na direção da mesa. Era Craig, aquele que flertará com ela na piscina, na tarde do dia anterior. Ele pareceu espantado ao vê-la.— Olá, Craig! — eumprimentou-o com familiaridade, como sefossem íntimos. —- Você deve ter entrado em serviço mais cedo,hoje.—- Sim, entrei — confirmou ele, lançando um olhar curioso na direção de Josh. — Gostaria de tomar alguma coisa?— Sim, quero um café puro —- encomendou Annette, e olhou com olhos bem inocentes para Josh.— A mesma coisa disse ele.— Então são dois cafés pretos. — Craig fez um sinal com a cabeça e se afastou.Josh encarou Annette com seriedade e perguntou:— Você o conhece?— Refere-se a Craig? — indagou, dando de ombros. — Eu o conheci ontem, na piscina.Ele não pôde evitar um sorriso divertido.— Você estave bem ocupada na piscina, ontem, não?Ela lhe dirigiu um olhar surpreso.— O que quer dizer?— Então fez de conta que entendeu. — Oh, porque eu também o conheci lá! Acho que minha irmã Marsha é a tímida da família.— Não custa nada tomar cuidado. Se eu fosse você, não faria muita amizade com Craig.

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Annette não teve certeza se ele a estava aconselhando a evitar Craig ou a si próprio.— Por que não? — perguntou, inclinando a cabeça para um lado. Era muito difícil manter uma expressão franca.— Ele tem uma lista bem grandinha de casos. E você é nova demais para se envolver com rapazes como ele, que já estão quase na Universidade.— Oh. .. — Annette teve que abaixar a cabeça para esconder o riso. Era muito difícil não lhe contar que deveria ingressar na Universidade no outono seguinte. Mas simplesmente não conseguiu deixar de lhe perguntar: — Que idade você acha que tenho, Josh?Houve uma ligeira hesitação antes de ele responder:— Dezessete. Ou nem isso.— É mesmo? — Ela simulou uma expressão de desapontamento.— Sim. — Ele não teve muito sucesso em tentar esconder o riso diante da resposta dela. —Por quê?— Pensei que eu parecesse mais velha... — Annette encolheu os ombros. — Pelo menos uns vinte.— Não queria apressar as coisas — aconselhou Josh, com um sorriso. — Você logo chegará lá.— Sim, acho que sim. — Mais depressa que você pensa, acrescentou mentalmente.Craig retornou, trazendo duas canecas de café.— Ponha na minha conta — instruiu Josh, e o dispensou.— Mas era eu quem deveria pagar! — protestou Annette enquanto Craig se afastava. — Afinal, fui eu que o convidei!— Tinha me esquecido! — mentiu ele. — Da próxima vez você pode pagar.— Está bem. — Ela concordou prontamente com a sugestão, embora soubesse que seria improvável um próximo encontro. Tomou um gole de café fumegante e perguntou: — Você se incomoda se eu perguntar sua idade?— Não. Tenho trinta e três anos. — Ela riu, e ele arqueou uma sobrancelha. — Será que eu disse alguma coisa engraçada?— Não é isso! É que, quando me deu aquele conselho, você se pareceu um pouco com meu pai. E eu pensei que tivesse a idade dele.

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— Dirigiu-lhe um sorrisinho coquete. — Você não é muito mais velho do que eu.— Bem mais velho, Annette — replicou ele, mas seu olhar a examinou atentamente.Ela sabia que Josh não era totalmente indiferente à sua beleza, com ou sem diferença de idade.— Qual é o seu ramo de atividade? — Ela mudou discretamente de assunto e tomou um gole de café.— Bens imóveis — respondeu ele com certa indeferença. — E seu pai, o que faz?— É executivo de uma companhia de petróleo. Ele é mandado para onde quer que haja problemas.— Parece que viaja muito, então.— De fato. É por isso que todos tiramos férias quando ele está era casa. Nós não o vemos muito durante a maior parte do ano.Craig se aproximou da mesa deles com outro bule de café, mas Josh cobriu sua caneca com a mão. —* Para mim chega, obrigado.— Eu também não quero mais — recusou Annette. Ela percebeuque, Josh pretendia encerrar a conversa, e quis ser a primeira afazê-lo. — Preciso voltar ao quarto antes que papai comece a meprocurar.—- E eu tenho um encontro de negócios.— Espero que tenha um bom-dia — desejou-lhe ela, levantando-se para sair.— Você também. — Ele sorriu e se afastou,Annette ficou parada, pensativa. Estava satisfeita com aquela experiência.Não havia notado que Craig estava por perto até que ele se aproximou e olhou de relance na direção de Josh. Depois encarou Annette com curiosidade.— Você achou que o tinha reconhecido, ontem — comentou. — Parece que de fato o conhecia.— Não. Nós no"s encontramos por acaso esta manhã, enquanto corríamos, e resolvemos tomar café juntos.

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— Você trabalha bem depressa, hein? — disse ele, com uma pontinha de sarcasmo.Annette sorriu.— Ouvi dizer que você também trabalha.Craig se empertigou. Era convencido o bastante para acreditar que Annette ainda estava interessada nele. Procurou adotar uma atitude cativante.— Um amigo meu vai dar uma festa esta noite. Você está livre?— Infelizmente não. '— Talvez em outra ocasião? — sugeriu ele, esperançoso.— Talvez em outra ocasião — concordou Annette, sabendo que não haveria ocasião alguma. — Até logo, Craig .Ao começar a caminhar pela alameda que dividia os prédios do hotel, encontrou seu pai e Kathleen,— Bom dia — cumprimentou ele, olhando para onde estava Craig. — Vejo que já fez uma conquista, menina!— Se está se referindo a Craig, eu não estou interessada nele — respondeu Annette aliviada por seu pai não ter chegado antes e a visto com Josh. Tinha a impressão de que ele não aprovaria. Olhou para o pai e brincou: — Encontrou mais algum fio de cabelo branco esta manhã?— Não. Ficou surpresa?— Oh, não! — Annette riu e olhou para Kathleen. — Onde está Robby?—Marsha está cuidando dele. Estávamos indo tomar café. Você quer vir?— Obrigada. Acho que vou me vestir primeiro.— Nós vamos à fazenda Orton esta manhã. Por isso calce seus sapatos de passeio — avisou o pai.— Está bem — prometeu ela com um sorriso, e se encaminhou para o quarto que dividia com a irmã.A porta estava aberta. Robby, sentado pacientemente na cama desarrumada, esperava que Marsha, ajoelhada, atasse os cordões de seus sapatos.—• Oi, Annette!— Bom dia, meu amor! —- beijou o irmoãzinho rindo de alegria.

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Marsha olhou para ela e comentou:— Você está sorridente demais, não?— Isso é um elogio ou uma acusação?— Eu simplesmente não compreendo como você consegue se safar das encrencas em que se mete!— Em que encrencas Annette se mete? — quis saber Robby.—Não é da sua conta, mocinho — brincou Marsha, e dirigiu-se de novo para Annette: — Acho que sua missão foi bem-sucedida. Você o encontrou, certo?— Eu caí aos pés dele. . . literalmente! — Ela começou a mancar exageradamente pelo quarto, procurando proteger o tornozelo.— Você não fingiu que torceu o pé, fingiu?—Não, apenas menti que dei um mau jeito. Mas ele me pagou um café — declarou Annette, com um arzinho de triunfo.— Já pensou no que vai acontecer quando ele descobrir suas tramóias?— Marsha balançou a cabeça em sinal de desaprovação.—Quando quem descobrir? — Robby inclinou a cabeça para trás, e olhou para a irmã, — O papai?—Não, meu bem — assegurou Annette. — Marsha e eu estamos falando de outro homem. Pessoalmente, eu mal posso esperar até que ele descubra a verdade.Marsha franziu a testa. Conhecia bem demais a irmã para confiar em suas travessuras.— Por quê?— Porque ele está convencido de que eu tenho dezessete anos! — ' Annette sorriu maliciosamente.— Você lhe disse isso? — perguntou Marsha, olhando, perplexa, para as maria-chiquinhas. — É por isso que está usando o cabelo assim?— Calma lá! Eu não disse á ele que tinha dezessete anos, não! Ele que achou que essa era a minha idade,— Por que não lhe disse a verdade?— Porque ele não acreditaria em mim.— Então quem é que vai dizer a ele? — perguntou Marsha e meio receosa, completou: —' Eu não quero me meter nisso, hein?

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— Eu sei, eu sei. — Annette foi até o armário para escolher a roupa que iria usar durante o dia.— E é favor não se esquecer disso. — Era contra a natureza de Marsha ficar zangada durante muito tempo. Ela detestava discussões ou qualquer coisa que se assemelhasse ã uma troca mais dura de palavras. Seu tom de voz se tornou conciliador quando acrescentou: — Robby ainda não tomou o café da manhã. Quer que a gente espere enquanto você se veste?— Vou levar alguns minutos para me arrumar. Que tal nos encontrarmos no café? — sugeriu Annette, percebendo que o irmãozinho estava ficando impaciente.— Vamos fazer isso, Marsha — disse Robby, puxando a irmã.— Está certo. A gente se encontra lá.— Feche a porta ao sair — disse Annette, tirando uma calça comprida branca do cabide.

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CAPÍTULO III

A fechadura desafiava todas as tentativas de Annette. Com calor, cansada e suada, ela girava impacientemente a chave para um lado e para outro. Torcia a maçaneta e nada. Mechas de seus cabelos loiros haviam se soltado dos elásticos que seguravam as maria-chiquinhas. O suor as mantinha grudadas ao pescoço da moça e fazia com que o agasalho ficasse colado às costas.Quando a fechadura resistiu a mais uma tentativa, Annette esmurrou a porta do quarto, num acesso de raiva. E a teria chutado se seu pé direito não estivesse doendo tanto por causa de uma bolha no

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calcanhar. Mas sua irritação tinha pouco a ver com o calor e o cansaço. A frustração era a causa principal.Ao arrancar a chave do buraco da fechadura, para começar tudo de novo, a porta se abriu. Marsha apareceu, um ar de raiva no rostinho delicado.— Se esqueceu a chave, por que não bate simplesmente em vez de fazer essas barulheira toda? Pensei que alguém estivesse tentando arrombar a porta!— Eu não esqueci a chave! — vociferou Annette e entrou mancando, dirigindo-se para a cadeira mais próxima. — O diabo da coisa não deu certo!— O que aconteceu? Torceu o pé de verdade, desta vez?— Não, não torci! — Annette bufou diante da censura subentendida. — Estou com uma bolha no calcanhar, só isso!Ela desamarrou o ténis e o tirou do pé, sentindo um pouco*de alívio. Tirou a meia e cruzou a perna em cima do joelho, para examinar a bolha. Marsha também se curvou, e fez um trejeito, demonstrando simpatia.— Parece que está machucado, hein?— E como dói! — resmungou Annette.— Quer que eu lhe arranje uma atadura ou qualquer outra coisa?— Não. Vai passar depois que eu tomar banho. — Annette se recostou na cadeira e apoiou a cabeça no encosto. Seus lábios se afinaram numa linha mal-humorada. — Faz três dias que estou correndo todas as manhãs... e, como resultado, só tenho esta bolha para mostrar!— Você também não viu Josh esta manhã — concluiu Marsha.— Eu vi aquele boboca, sim! Mas a três quilómetros de distância! Eu não consegui alcançá-lo.. . não com esta bolha!Marsha sentou-se na cama e entrelaçou os dedos sobre o colo.— Já lhe ocorreu que este talvez seja um sinal de que você deve desistir?— Não, não me ocorreu. — Annette mordeu o polegar, pensativa. Sua mente trabalhava febrilmente. — Acho que vou ter que descobrir outro jeito de agarrá-lo!— Você tem corrido todas as manhãs e tem frequentado a piscina

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todas as tardes. Tem feito de tudo. Talvez vocês não tenham sido feitos um para o outro.. . — caçoou.— Eu não posso aceitar isso! É exatamente aí que nós duas somos diferentes, Marsha. Você se contenta em sentar e esperar que seu príncipe encantado apareça por acaso, certa de que ele olhará para você uma só vez e a levará correndo para o altar. Não é assim que a coisa funciona. Deus ajuda aqueles que se ajudam. Você precisa criar suas próprias oportunidades.—Mas não se pode fazer alguém amar a gente, Annette. A pessoa ama ou não ama.— Escute — Annette se inclinou para a frente, como se estivesse explicando os fatos da vida para uma criança —, }osh olhou para mim. Ele está interessado. .. Eu sei disso. A semente foi plantada, e. só precisa de um pouco d'água para crescer. — Fez uma pausa. — A diferença que existe entre nós é que você é capaz de esperar até chover. . . se chover. E eu vou cuidar para que ela seja regada!Marsha não tentou contestar a comparação da irmã.—Mas você está praticamente correndo atrás dele! Isso não me parece certo.—Marsha, seja realista! Esse é o jogo mais antigo do mundo. "Um homem persegue uma mulher até que ela o pega. ..", diz um velho ditado. Você e eu somos as únicas que sabemos que estou atrás de Josh Dean. Pode estar certa de que não vou deixar que ele descubra. Vai pensar que é tudo ideia dele.— Mas você o está levando a pensar isso, e não é direito.Annette suspirou e meneou a cabeça.— No amor e na guerra tudp é direito; também já não ouviu falar nisso?— Sim, já ouvi — retrucou Marsha, num raro momento de irritação. — Às vezes acho que você mantém um arquivo desses ditados só para usá-los quando precisa que eles justifiquem o que está fazendo, sabia?Por. um momento, Annette ficou apenas olhando para a irmã. um tanto atónita. Então disse: j — Às vezes é difícil acreditar que uma pessoa tão incrivelmente

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ingénua possa ser minha irmã! Marsha, às vezes você é mesmo muito engraçada!Marsha se pôs em pé e olhou para á irmã, confusa.— Por quê?— Porque está aí, sentada, fazendo sermões quanto a perseguir os homens... como se eu vivesse correndo atrás deles! Você já me viu fazer isso antes?_ Não —r reconheceu Marsha, encolhendo os ombros.Annette sempre fora popular entre os rapazes. Mr.rsha não conseguia se lembrar de uma vez sequer em que a irmã tivesse ficado em casa por falta de convites para sair... mas também não se lembrava de Annette perseguindo ativamente um rapaz.— Isso não a convence de que Josh é um caso especial? — argumentou Annette.— Acho que sim... — Marsha se surpreendeu concordando, maravilhada, com a habilidade da irmã em fazer as pessoas mudarem de ideia. Era incrivelmente persuasiva.— Então, em vez de ser tão negativa, por que não apresenta algumas boas sugestões? As garotas sempre surgem "acidentalmen-te-de-propósito" onde os rapazes estão. Eu ultimamente não tenho tido muita sorte na piscina ou na pista de corridas, por isso gostaria de ouvir algumas ideias novas.Marsha ficou pensando durante algum tempo; então sugeriu:— Que tal o lugar onde ele trabalha? Josh tem um escritório em alguma parte?— Ele não apenas tem um escritório como também tem todo um edifício de escritórios — respondeu Annette, com uma expressão frívola. — Eu andei investigando discretamente, e consegui o endereço através da telefonista. Ontem de manhã peguei um táxi e passei bem em frente. Foi por isso que cheguei atrasada para o almoço... — E?— E... o prédio é praticamente isolado — disse Annette, suspirando. — Não existe uma única loja num raio de três quarteirões!Eu não teria uma desculpa plausível para estar lá. Não é um lugaronde se "topa" com alguém.

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— É, não parece ser mesmo — assentiu Marsha. — Se eliminarmos o escritório, o que mais resta? Nós sabemos que ele corree nada. E quanto a outros passatempos e atividades esportivas?Annette ficou radiante com a pergunta.— Acho que você está na pista certa.— Talvez ele jogue golfe. Há um campo vizinho ao hotel.— Ê possível que ele jogue. O problema é que eu não jogo. E não vou me oferecer para carregar os tacos dele. — Ela estalou os dedos. — Já sei... as quadras de ténis daqui do hotel! Josh deve jogar! — Pulou da cadeira, sem ligar para o calcanhar dolorido, e foi abraçar a irmã. — Se não fosse por você, eu talvez nem tivesse pensado nisso. Obrigada!— E como isso pode ajudar? — Marsha não estava compreendendo,'e franziu a testa ao ver Annette se afastar. — Você não pode ficar perdendo tempo lá, nas quadras de ténis, esperando que ele apareça.A meio caminho do banheiro, Annette parou para explicar:— É aí que está o melhor da história. Eu não preciso ficar rondandoas quadras de ténis. Qualquer um que queira jogar precisa reservara quadra. Tudo que precisa fazer é olhar a lista de reserva, para saberexatamente em que dia e hora Josh estará lá.Parecia simples, mas Marsha tinha lá suas dúvidas.— E como é que você pretende ver a lista?— Se se vestir enquanto tomo banho, você poderá vir comigo que eu lhe mostrarei — declarou Annette, com um contagiante ar de confiança.

Marsha estava quase convencida de que sua irmã era mesmouma endiabrada. De algum modo Annette conseguia superar osobstáculos, como se eles não existissem. Durante os últimos dezminutos, ela havia conversado com o encarregado do departamentode ténis sobre as horas em que as quadras estariam disponíveis nospróximos dias... conversando e rindo com ele. como se fossemvelhos amigos. .Quando o telefone do departamento tocou, Annette virou de ma-

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neira casual o livro de reserva, para que pudesse lê-lo, e sorriu para o encarregado.— Pode ir atender. Eu vou dar uma olhada nas horas vagase ver qual vou reservar.Ele concordou sem qualquer hesitação. Annette dirigiu a Mar-sha um olhar de triunfo e começou a examinar a lista. O nome de Josh Dean ocupava a página toda, a partir das cinco horas da tarde seguinte.Quando Marsha notou que a quadra vizinha à qre Josh reservara estava vaga, cochichou:— Você tem uma sorte dos diabos, hein?— Tenho mesmo, não? — admitiu Annette, sorrindo.Ambas calaram-se quando o encarregado do . ténis desligou o telefone .e voltou.r—Marque uma hora para mim, para amanhã, às quatro e meia da tarde. — Ela lhe deu nome e número do quarto. — E nós vamos precisar alugar bolas e raquetes.— Pois não. Tem preferência por alguma marca?— Não. Qualquer uma serve. Marsha e eu não somos exigentes. —; Afastou-se para sair, enquanto Marsha olhava para ela com os olhos arregalados e a boca aberta de espanto. — Até amanhã.Já estavam lá fora, no passeio, quando Marsha conseguiu recuperar a fala.— Desde quando eu disse que queria jogar ténis?— Eu achei que você gostaria — disse Annette, dando de ombros. — É um pouco difícil jogar ténis sozinha, não acha?— Pensei que você fosse só procurar saber quando Josh estaria jogando, e então passaria por lá.— E daí, o que eu faria? Ficaria vendo-o jogar?' — ironizou Annette. — Isso seria um tanto óbvio, Marsha. Se estiver jogando ténis, então eu terei um motivo para estar na quadra... e ele não poderá ter certeza de que estarei lá só para vê-lo.—Mas eu já disse que não quero me meter em nenhum de seus planos malucos!— Tudo que tem que fazer é jogar ténis, bolas! — exclamou Annette, um tanto irritada.

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—Mas eu sei como você trabalha, mocinha. Tudo começa tão inocentemente. . . Você deixa as pessoas bem à margem dos seus planos e, quando elas menos esperam, estão metidas na história.— Você está exagerando, Marsha!— Não estou não. Então não conheço a maluca da minha irmã? Ouça, mesmo que Joshua Dean repare em você amanhã, não vejo que vantagem há nisso. Ele pensa que você tem apenas dezessete anos e não vai levá-la a sério até descobrir a verdade. Você deve contar a ele antes de ir adiante.Annette parou, esforçando-se por não perder a paciência.— E o que que você quer que eu faça? Que chegue até ele e lhe mostre a minha carta de motorista, minha certidão de nascimento, meu passaporte, e então diga: "Veja, Josh, vou completar vinte anos daqui a quatro dias"?— E como é que vai lhe dizer, então?— Eu ainda não sei muito bem. Mas, no momento, ter dezessete anos é até uma vantagem.Marsha franziu a testa.— Acho que não estou entendendo nada. Como é que isso pode ser uma vantagem?— Eu não gostaria nem de tentar adivinhar quantas mulheres de vinte anos ele já namorou na vida! Mas quantas vezes ele deve ter se sentido atraído por uma garota de dezessete anos? Neste exato momento, eu me destaco no meio de uma multidão. Não sou apenas mais uma loira na vida dele. É isso.— Eu não tinha pensado nisso.. .—Mas eu pensei, e é por isso que não me incomodo em ter dezessete anos durante mais algum;.tempo. — Fez uma pausa. —■ E então? Vai ou não vai jogar ténis comigo amanhã?Marsha olhou para ela e sorriu tristemente.— Eu não sei por que você se deu ao trabalho de perguntar.Sabe muito bem que sim.. . Oh, acho que preciso mandar examinar minha cabeça por concordar com essas maluquices!PAs horas que Annette passara na piscina, deixaram sua pele bronzeada e lhe clarearam ainda mais os cabelos. O resultado foi que

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estes formaram um contraste perfeito com o traje de ténis branco, orlado de preto.Tinha reservado a quadra vizinha à de Josh para meia hora mais cedo a fim de já estar jogando quando ele chegasse.Ao se aproximar da hora de Josh chegar, ela começou a ficar|| nervosa, imaginando se ele não teria cancelado ou mudado o horá-S rio. Quase deixou de rebater uma bola alta e fácil de Marsha, ejfl tentou se concentrar melhor no jogo. Estavam no meio de um sem quando Annette viu Josh se aproximando, acompanhado por umB dos profissionais de ténis do hotel. O coração dela bateu mais de*-™ pressa ao vê-lo com o calção de ténis e uma camisa de malha que seajustava ao corpo.Um leve sorriso de espanto brincou nos cantos da boca severa quando ele a reconheceu. Annette rebateu uma bola alta de Marsha, mandando-a para o canto oposto da quadra, marcando um pontofacilmente.— Com esse foi game! — exclamou, mentindo, e correu em volta da rede para descansar um pouco e mudar de lado.— Tem certeza? — perguntou Marsha, franzindo a testa. —Pensei que...— Ê game — repetiu Annette, e conteve o protesto da irmã comum olhar significativo.Marsha olhou em volta, notando a presença de Josh, e concordoucom a mentira:— Acho que você está certa.Annette caminhou até a cerca de malha verde e apanhou uma toalha. Fez de conta que enxugava uma transpiração inexistente enquanto, na quadra vizinha, Josh abria o zíper da capa de sua raquete. Ela ficou um pouco tensa quando ele a olhou.— Imagine só, encontrar você aqui! — Ela fingiu surpresa.:— Estou com uma estranha sensação de que você está me perseguindo — comentou Josh," com um olhar malicioso. — Por queserá?— Pois eu já ia acusá-lo de estar me seguindo — çontra-atacouela, sorrindo. — Eu estava aqui primeiro.— As aparências podem enganar. . .

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— Bem, não vou negar que você seja um homem muito atraente, mas acho que sou um pouco antiquada, sabe?— É mesmo? — A sobrancelha erguida pedia uma explicação melhor.— Sim. Eu prefiro que o homem dê o primeiro passo. — Os olhos escuros se voltaram para ele com absoluta inocência. Depois, ela caminhou de volta à quadra e 'gritou para Marsha: — Você está pronta? — Ao sinal afirmativo da irmã, jogou a-bola. — O saque é seu.Annette teve dificuldade para se concentrar no jogo. Estava mais interessada na partida disputada na quadra ao lado. Marsha, apesar de ser uma jogadora razoável, não era lá uma»grande adversária. E Josh a distraía muito.A partida terminou com Annette vencendo facilmente. Ela gostaria de ter ficado para ver Josh jogar, mas, como frisara a Marsha no dia anterior, não podia deixar que ele desconfiasse de nada. Além disso, sentia-se um pouco aborrecida porque sabia que o encontro não tinha sido muito bem-sucedido.Enquanto as duas irmãs reuniam suas coisas para irem embora, Annette tentou pensar numa maneira de ainda salvar alguma coisa desse encontro.Pousou o olhar na malha de Marsha, igualzinha a sua, exceto pelos enfeites: a da irmã era debruada de azul-marinho. Annette teve uma ideia.—Marsha, a chave do seu quarto está no bolso de seu suéter?— Está. Por quê? — Marsha ficou vagamente curiosa. — Você esqueceu a sua?— Não, eu estou com a minha — tranquilizou-a Annette. — Não é por isso. Ouça, ao sairmos daqui, quero que você deixe seu suéter cair "acidentalmente", certo?— E por que eu haveria de fazer isso?— Porque quero que você o deixe cair. . . com a chave rio bolso para que Josh possa encontrá-lo, e devolvê-lo.— Você não pode estar falando sério! — Marsha arregalou os olhos. — Vim aqui esta tarde apenas para jogar ténis! Você não falou nada a respeito de eu perder meu suéter!

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—Marsha, você não vai perdê-lo. Vai apenas esquecê-lo. È, se quiser discutir, quer pelo menos fazer o favor de sorrir? Não quero que Josh pense que estamos maquinando alguma coisa.— Tem razão — concordou Marsha, com um sorriso largo e levemente sarcástico —, não devemos deixar Josh saber que estamos tramando alguma coisa contra ele, não é? Então, ouça: se quiser deixar um suéter para que ele encontre, deixe o seu... e não me meta nessa história!—Marsha, eu não posso! Seria óbvio demais! Tem que ser o seu, para Josh não desconfiar de nada.— E o que vai acontecer se ele não o encontrar? Ou se outra pessoa encontrá-lo e roubá-lo? — replicou Marsha. — Aí eu fico sem suéter, não é? j— Eu compro outro! E agora, quer fazer o que eu pedi? \— Dê-me uma boa razão para isso! *.— Você é minha irmã e gosta de mim. E eu a ajudei a sair deencrencas muitas vezes.— Você também me meteu em encrencas muitas vezes, lembra-se? — replicou Marsha, e então suspirou. Não sabia muito bem por que estava se opondo. Sempre acabava cedendo aos planos malucos de Annette. — Está bem, vou fazer o que pediu. Mas, se eu não receber meu suéter de volta, você vai ter que me comprar um traje de ténis inteiro e novinho, está bem?— Negócio fechado! — exclamou Annette, radiante. — Vamos andando.Ao caminharem para o portão, ela olhou de relance para Josh. Ficou contente ao descobrir que ele a observava. Controlou-se para não rir. Ergueu a mão e acenou para ele. Josh retribuiu o cumprimento com um aceno de cabeça.Ao descerem pelo passeio, Annette sussurrou instruções para a irmã:— Deixe a malha escorregar enquanto finge que está conversando comigo.— Sobre o que devo falar? — perguntou Marsha, ansiosa.Nunca fora muito boa em mentiras.

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— Qualquer coisa, ora! — Annete tentou não deixar a exasperação vir à tona.— Acho que vou me arrepender por tudo isso! — Marsha suspirou ao tentar soltar nervosamente o suéter, para que este pudesse cair de maneira casual. — Para falar a verdade, tenho certeza de que vou me arrepender mesmo! Eu não sei como você sempre consegue me meter nesses rolos. Acho que eu deveria era mandar examinar minha cachola.A malha ficou caída no meio do passeio. Annette respirou fundo. A missão estava cumprida.—: Você não precisa se preocupar com nada, Marsha. Eu lhe prometo.— O que vai acontecer quando ele devolver o suéter? Isto é,"se" ele o devolver...;— Eu cuido disso — prometeu Annette. — Você vai estar no chuveiro quando Josh vier e eu agradeço por você. Não precisa nem falar com ele. — Ela sabia muito bem que, com apenas um olhar para o rosto de Marsha, Josh logo saberia que se tratava de coisa combinada. Era melhor que tratasse disso sozinha. Olhou por cima do ombro. Já tinham perdido as quadras de ténis de vista, v- Vamos nos apressar, Marsha — disse, acelerando o passo.— Por quê?— Porque quero sair do chuveiro antes que Josh chegue — respondeu Annette, e começou a correr.

As mãos de Annette estavam trémulas ao enrolar os cabelos num coque afetado no topo da cabeça. Tinha certeza de que não ficara tão nervosa assim em seu primeiro encontro. Sentia um aperto no estômago, e seus joelhos estavam tremendo. Prendeu os cabelos com um grampo e deu um passo para trás, para se ver toda no espelho.— Que tal estou? — perguntou a Marsha, umedecendo nervosamente os lábios secos.O traje de passeio era composto por Knickers e uma blusinha com decote em "V" cuja fileira de tufos acentuava a linha delgada do pescoço de Annette. Um cinto branco realçava o verde da roupa.

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Com os cabelos presos em cima da cabeça, em estilo "menininha", e com a limpidez de seus grandes olhos negros, ela parecia o retrato da inocência.— Parece um anjo — admitiu Marsha com toda sinceridade.Annette teve um sobressalto quando ouviu alguém bater à porta.Respirou fundo e olhou para a irmã.— Vá para o chuveiro! — ordenou, apressada. — E não saia até que eu a chame.— Não se preocupe, que eu não saio mesmo — prometeu Marsha, e saiu correndo para o banheiro.As pernas de Annette pareciam feitas de borracha, ao caminharaté a porta. A corrente de segurança estava presa, e ela a deixouassim, abrindo uma fresta para espiar lá fora. Josh estava com umbraço apoiado na parede, ainda com o traje de ténis. Nos olhos delehavia uma expressão zombeteira. -— Oh, olá! — Annette tentou parecer surpresa em vê-lo, mas teve que reconhecer que não foi muito convincente.— Olá. — Ele retribuiu a saudação com sua voz profunda e permaneceu parado, esperando em silêncio que ela abrisse a porta.— Um momentinho. — Annette fechou a porta para desengan-char a corrente de segurança, então a abriu de novo.Seu coração batia, descompassado. Ela observou os cabelos escuros atraentemente despenteados e o olhar preguiçoso de Josh, que reparava em cada detalhe de sua aparência.— Você precisava de um ramalhete de lírios-do-vale — disse ele secamente.— E por quê? — Annette gostaria de saber se aparentava estar tão perturbada quanto se sentia.— Para combinar com esses grandes olhos e esse nariz arrebitado — explicou ele. — Com os cabelos desse jeito, você parece uma garotinha a caminho do catecismo. — O tom de voz era zombeteiro.— É que eu acabei de sair do chuveiro e... — Annette levou as mãos aos cabelos, desejando, por um momento, parecer um pouco mais velha.

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— Bem, eu notei como você está limpa e cheirosa — brincou ele, olhando-a atentamente.— Você queria alguma coisa? — perguntou ela num tom de voz surpreendentemente seguro.O olhar de Josh pousou nos lábios dela e o coração de Annette parecia querer saltar do peito. Ele voltou a encará-la nos olhos.— Você deixou isso aqui lá nas quadras de ténis. — E ergueu a mão para lhe mostrar a malha e a chave do quarto.— É mesmo? — Ela pegou o suéter, seus dedos formigando ao tocarem nos dele.— Tenho que admitir que essa artimanha foi mais sutil do que aquela do lencinho caído — zombou Josh. — É uma nova versão de um velho truque.Annette. fez de conta que examinava o suéter.— Só que não fui eu que o deixei cair — respondeu ela. — Isto pertence à minha irmã Marsha. — Mostrou-lhe a etiqueta no lado de dentro da gola, com a letra "M" estampada. — Ela deve tê-lo esquecido. — Quando levantou o olhar, notou um brilho de incerteza nos olhos dele. O plano estava dando certo. Josh não poderia ter~ certeza de que o suéter havia sido deixado de propósito. — Ainda bem que você o encontrou. Marsha está no chuveiro — explicou Annette, chamando a atenção dele para o som de água corrente que vinha do banheiro —, senão ela mesma agradeceria.— Então... não é mesmo seu?— Ele se parece muito com o meu. Foi por isso que fiquei confusa quando você o entregou. Mas o meu tem uma orla preta enquanto a deste é azul-marinho. Por isso é fácil confundi-los.— Sim, de fato. — Josh continuava a observá-la atentamente.Annette precisou de toda sua habilidade para não se trair.— Se eu não estivesse com minha chave, nós talvez tivéssemos notado a falta do suéter de Marsha e teríamos voltado para procurá-lo. Foi pela chave que você soube onde devolvê-lo?— Sim, foi. Vi o número do quarto — assentiu Josh, ainda com um leve toque de suspeita.— Eu não sei como agradecer. Talvez deva lhe oferecer um presente... ou algo parecido.

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— Ou algo parecido — murmurou Josh, demonstrando escolhera segunda opção.Uma tensão inebriante e sensual tomou conta de Annette quando ele tocou-lhe o queixo. Um leve arrepio percorreu-lhe o corpo a esse contato. Josh se inclinou na direção dela, o olhar fixo nos olhos escuros. Annette sentiu-se incapaz de se mover.Suas pálpebras se fecharam quando os lábios dele tocaram os seus.Foi um beijo suave, sem exigências ou paixão, mas incrivelmentedelicioso. 'Josh afastou os lábios tão lentamente como os havia aproximado e ficou olhando para ela. Seus dedos continuaram acariciando as linhas do pescoço dela. Annette se sentiu à beira de um precipício, pronta para saltar se ele pedisse.Josh lançou-lhe um sorriso levemente divertido.— Era isso que você queria que eu fizesse, não era? — desafiou.Era, mas Annette não conseguiria responder nem que sua vidadependesse disso. Seus lábios continuavam formigando e uma sensação de aturdimento tomava conta dela. O mundo parecia ter parado naquele momento de felicidade.Então Josh a soltou e olhou para dentro do quarto.— Diga à sua irmã para cuidar melhor das coisas dela.— Está bem — prometeu Annette, mas Josh já tinha se viradopara ir embora. — Obrigada.Enquanto ele se afastava com passos largos e sem pressa, ela continuava do lado de fora do quarto, encostada à porta. Então olhou o suéter que tinha nas mãos e entrou correndo, um ar de triunfo no rosto. Um sorriso de alegria brincava em seus lábios enquanto ela valsava pelo quarto e abraçava a si mesma, com os olhos radiantes.— Deu certo, Marsha! — gritou, para que a irmã a ouvisse apesar do barulho do chuveiro.— O quê? — A resposta veio meio abafada.— Eu disse que deu certo! — repetiu Annette, berrando.— Eu não estou escutando nada!— Desligue o chuveiro!

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Vários segundos se passaram antes que o barulho parasse e Marsha pusesse a cabeça pela porta entreaberta do banheiro.— Ele já se foi?— Já. — Annette estava rindo abertamente. — Deu certo!— Ótimo. Mais um minuto lá dentro e eu teria me transformado num lindo peixinho, sabia?Annette olhou para a irmã enquanto ela se enrolava numa toalha.— Não me diga que você esteve embaixo do chuveiro durante, todo esse tempo!— Você não disse para eu ficar lá até que me chamasse?— Sua bobona! — disse Annette, rindo. — Eu queria apenas que você ficasse no banheiro!— Não foi isso que você disse, bolas!— Ora, você não precisa fazer literalmente tudo o que digo! — Era difícil não rir.— Ele trouxe o meu suéter?Annette entregou-o com uma pequena mesura.— Aqui está ele. — Então não conseguiu mais conter a excitação, — Ele me beijou, Marsha!— Mesmo? E que mais? Convidou-a para sair? Para jantar? — perguntava Marsha, certa de que o truque do suéter merecia mais que um simples beijo.— Não, não! Ele apenas me beijou! — admitiu Annette, cheia de entusiasmo. — Por enquanto basta.

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CAPÍTULO IV

O sol da manhã reluzia nas águas claras que separavam WrightsvilleBeach do continente. Uma gaivota fez um vôo rasante, próximo àpraia. Annette reduziu seu ritmo de corrida a um simples caminhar;esticando uma vez ou outra as pernas para evitar cãibras. Saiu dopasseio para a areia da praia. *Tinha sido outra manhã infrutífera, sem nenhum sinal de Josh. Ela teria desistido de correr todos os dias, não fosse o fato de não querer que Josh pensasse que só corria para vê-lo. Queria que ele acreditasse que correr fazia parte da rotina dela.Uma grande mecha de cabelos loiros havia se soltado, caindo sobre

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a testa. Ela retirou a fita de veludo que o prendia e, balançou a cabeça para que os cabelos caíssem, soltos, em cima dos ombros. Contemplou, sonhadora, a terra firme da Carolina do Norte, que se destacava nitidamente contra o horizonte, do outro lado das águas. Ouviu o som de pés correndo na areia, e se virou um pouco para dar uma olhada. Levou um segundo inteiro para perceber que o jovem de cabelos dourados que corria em sua direção era Cràig, o garçom. Sem o uniforme, ele se parecia muito com os tipos que geralmente frequentam as praias, com um calção azul-escuro e uma camiseta de malha.— Olá! — O sorriso dele era largo e cheio de charme. — Eu sabia que, se continuasse procurando, encontraria você aqui. Correu a manhã toda?— Você- está certo — concordou Annette, num tom de voz apenas bem-educado. Não era ele a pessoa que desejava encontrar naquela manhã. Craig começou a caminhar a seu lado. — Ao que parece, você está de folga este fim de semana, ou pelo menos hoje — comentou.— O hotel faz escalas de modo que todos tenham um fim de semana inteiro de folga durante o verão. E esta é minha vez ■— explicou ele.— Entendo... — murmurou ela, não muito interessada.Ele pôs o braço sobre os ombros dela, sem ligar para o olhar perplexo de Annette, que se encolheu bruscamente.— Um amigo vai me emprestar um veleiro nesse fim de semana. Vai ser ótimo velejar. Por que não vem comigo?— Sinto muito, mas não posso. — Ela sorriu ao recusar. — Minha família já fez planos.— E daí? Não vejo nenhum obstáculo nisso. Você é adulta. Não precisa ir com eles.Annette parou e o olhou com uma expressão dura e séria.— Não sou obrigada a ir com eles, mas vou porque quero.— Vamos lá, garota! Você sabe que vai se divertir muito mais comigo. — Vendo que ela não parecia impressionada, prosseguiu: — Eu a teria convidado ontem, mas não consegui encontrá-la em parte alguma.

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— Acho que não teria feito nenhuma diferença, Craig. Prefiro mesmo estar junto à minha família.— Certo, mas você pode sair com eles a qualquer hora — argumentou com um sorriso persuasivo. — Esta é a minha única folga, e eu gostaria que você a passasse comigo.— Sinto muito, Craig, mas não quero ir.Ele era convencido demais para acreditar que ela estivesse falando sério. Tinha certeza absoluta de que Annette só estava fazendo um pouco de charme. Então abraçou-a num movimento rlpido e ela não pôde fazer mais do que segurar o braço dele em sinal de protesto antes que seus lábios se encontrassem.Annette tentou se livrar daquele beijo violento e Craig a soltou dirigindo um olhar ansioso para o ancoradouro do hotel e dando um passo atrás.Esse comportamento estranho despertou a curiosidade de Annette, que também olhou para o ancoradouro. Uma moça, empregada do hotel, estava sentada no balcão de um abrigo de" madeira e olhava atentamente para eles.— Ê uma de suas namoradas? — zombou Annette.— Quem, Phyllis? Não.— Bem, Craig, acho que o hotel tem normas que proíbem os empregados de adotarem certas atitudes com relação aos hóspedes, não é verdade? — disse, afastando-se.— Sim, infelizmente é verdade. Mas eles não são muitp rigorosos quanto a isso...Annette deu de ombros, olhou para o ancoradouro, onde algumas canoas e dois barcos grandes estavam amarrados. Um deles era um iate de quinze metros de comprimento e outro era um pouco menor.— Aqueles barcos ali também são do hotel? — perguntou ela, curiosa.— São. O maior é o "brinquedinho" novo de Joshua Dean. — Craig parecia pouco à vontade. Annette tentou não demonstrar interesse e ele acrescentou, brincando: — Bem, é melhor eu não ficar por aqui durante muito tempo, senão eles são capazes de me pôr para trabalhar. — Olhou-a atentamente. — Tem certeza de que não quer vir comigo?

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— Tenho.— Você vai sair perdendo, hein? Poderíamos nos divertir muito! — Ele lhe lançou um sorriso divertido e começou a se afastar. — Vejo você por aí! — Com um aceno de despedida, Craig saiu correndo na direção de onde viera.Rindo sozinha por causa da incrível presunção dele, Annette começou a andar rumo ao embarcadouro. Caminhou pelo dique, para ver mais de «perto o impressionante "brinquedinho" de Josh. Ao passar pela moça de serviço, sorriu e cumprimentou-a em silêncio.Tinha acabado de passar pelas linhas de escarpa quando a empregada do hotel a chamou.— Ei, moça! Essa parte do embarcadouro é particular! Annette virou-se.— Eu estava apenas olhando.E foi interrompida pelo timbre familiar da voz de Josh.— Está tudo bem, Chris — disse ele à garota. — Ela pode passar.Dando meia-volta, Annette viu-o em pé no convés do barco. Eleestava usando uma calça de brim desbotada, e uma camisa estampada desabotoada. Havia uma sensualidade latente nele, e Annette se pôs a caminhar em sua direção.— Bòm-dia! — Ela parou ao lado da prancha de desembarque. •— Eu estava admirando seu barco.— Suba a bordo — convidou Josh, — Eu o mostrarei para você.— Seria ótimo! — subiu na, prancha, segurando a mão dele para se equilibrar.Josh ajudou-a e olhou firmemente para ela, com um meio sorriso nos lábios.— Imagino que seu amigo, o garçom, lhe contou quem sou eu.Esse comentário fez Annette olhar para a praia onde encontraraCraig. De repente ficou preocupada. Parecia evidente que Josh os tinha visto juntos.— Sim, Craig me contou quem você é — admitiu, voltando aolhar para Josh e notando que o olhar dele estava fixo,em sua boca.— Mas apenas de modo geral. Ele não entrou muito em detalhes. —Hesitou. — Havia algtim motivo especial para que eu não soubesseque você era dono deste hotel? Era segredo?

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— Oh, não! — o sorriso dele aumentou. — É que pensei que nosso relacionamento fosse durar pouco, por isso não lhe disse nada. Mas... — e havia um brilho de desafio e de zombaria nos othos dele — mas parece que estamos sempre nos encontrando!— É mesmo, não? — concordou Annette, ciente de que estava forçando demais as coisas para que parecessem coincidência. — Craig falou que o barco era seu novo brinquedo. É! Realmente uma beleza!— Venha, vamos até lá embaixo. Quero lhe mostrar oí aposentos.— E a ajudou a descer os degraus.Os alojamentos eram de um lux© discreto, com móveis cobertos com couro genuíno e um sólido bar de mogno. Annette olhou para a rica mobília, seus pés afundando num espesso tapete azul.— Os quartos da tripulação ficam na proa. — Dirigiu-se à popa.— Aqui é a cozinha. — Ela rebrilhava com todo tipo de utensíliosmodernos. Annette o seguiu pela escada do tombadilho, passou pelosalão, pelas cabinas de hóspedes e entrou no quarto de Josh. Osdedos dela deslizaram sobre a colcha de veludo marrom da enormecama. — Você gosta? — perguntou Josh.— Sim, estou muito impressionada!— Eu tinha planejado sair com o barco para ^ um pequeno teste, esta manhã. Vou demorar mais ou menos uma hora. Você quer vir junto?— Claro! — Annette aceitou sem nenhuma hesitação.— Ótimo.:— Ele sorriu de leve. — Você solta as amarras enquanto eu ligo os motores, certo?— Então foi por isso que você me convidou? — Annette sorriu e subiu os degraus que davam para o convés de popa. — Você precisava de um marinheiro, não é?— Acertou! — Ele riu. — Por isso ande logo com essas amarras!— Ê para já, comandante!Os motores começaram a funcionar quando Annette soltou a amarra da popa. Em seguida ela foi para o lado de Josh, na barra do leme.— Está tudo preparado — disse alegremente.

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Josh recebeu a informação com um aceno de cabeça e começou a manobrar o iate habilmente, afastando-o do embarcadouro.Havia poucos barcos na baía. Ainda era cedo para os marinheiros de fim de semana.— As ondas estarão um pouquinho encrespadas esta manhã, quando chegarmos a alto-mar. Você costuma enjoar? — perguntou ele.— Não, não costumo. Minha irmã é a única da família que enjoa no mar. . . e no ar. O que você faria se lhe dissesse que enjoo?— Eu a levaria de volta, ora. Tenho convidados que virão a bordo esta tarde, e por isso não quero saber de cheirinhos estranhos por aí.— Convidados, hein? — Ela sentiu uma pontinha de inveja. — Homens ou mulheres?— Os dois.— Então vai haver uma festa! Parece divertido...— Uma festa de adultos, menina.Ela franziu o nariz.— Que coisa mais chata! — a risadinha dele a animou, apesar da inveja que sentia dos convidados de Josh. — Vai ser uma festa de negócios ou simplesmente uma confraternização entre amigos?— Não importa como as festas comecem, sabe? Elas geralmente terminam com uma combinação das duas coisas.— respondeu Josh, afastando-se dos controles. — Vou subir para a ponte. Quer vir?Annette o seguiu. Uma brisa gostosa brincou com seus cabelos quando ela se sentou num banco almofadado. Já podia divisar as ondas bravias do mar alto.Por causa da vibração dos motores, dos sons inarticulados do rádio e do barulho das águas, a conversa foi reduzida a um mínimo. Aquela tinha sido a hora mais curta de que Annette se lembrava. O ancoradouro apareceu muito mais depressa do que ela queria. Quando Josh manobrou o barco para atracar, Annette começou a deixar a ponte.— Não precisa se incomodar, Annette— ele a chamou de volta.

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—- Fred cuidará das amarras — disse, referindo-se ao homem que estava em pé no embarcadouro.Ficou sentada enquanto o barco era amarrado. Quando os motores foram desligados, Annette levantou-se e olhou para Josh, desejando que houvesse um modo de prolongar aquele momento.— Gostaria que ainda fôssemos sair, ao invés de estarmos voltando — admitiu francamente. — Obrigada por me levar, Josh.— Foi um prazer. — Josh sorriu de maneira distante, observan-do-a disfarçadamente, as mãos pousadas nos quadris.Incapaz de encontrar uma desculpa adequada para ficar mais um pouco, Annette procurou sorrir.— Espero que se divirta com a festa desta tarde.— Obrigado. Espero que você se divirta no seu encontro.

— Encontro? Que encontro? Os olhos dele se estreitaram.— Você não vai se encontrar com Craig esta tarde?Annette hesitou e resolveu não negar isso ao notar que havia um leve toque de ciúme nas feições severas de Josh.— Oh, mas isso é contra os regulamentos do hotel, não é? — disse ela, provocante.— Foi Craig quem lhe disse isso?— Sim...— Antes ou depois de beijá-la?— Para falar a verdade, foi depois. Você viu, não? — perguntou ela, os olhos negros observando atentamente todas as nuanças da expressão dele.— Quando um casal se beija numa praia é muito provável que alguém veja, não acha?— Acho que Craig viu você — falou Annette. — Creio que foi por isso que ele foi embora logo.— Tenho a impressão de que mete em encrencas todos os homens que se aproximam de você... Não é mesmo, Annette?Um sorriso brincou nos lábios dela.— Inclusive você, Josh?— Sim, inclusive eu — admitiu ele secamente, com um leve brilho de malícia nos olhos escuros.

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Ela se mexeu sem querer, e esse movimento a fez "ficar um pouco mais perto dele. Inclinou a cabeça para trás e fitou-o com curiosidade. Sua pulsação aumentou um pouco sob o olhar fixo dele.— Você me parece^ um homem que nunca faz o que não quer. Na outra tarde... quando me beijou. . . — Fez uma pausa. — Era isso que queria fazer?— Você sabe muito bem que sim.— Eu não tinha certeza — respondeu ela, encolhendo os ombros levemente, uma onda de emoção percorrendo seu corpo.— Não tinha mesmo?E segurou-a pelo queixo, fitando-a intensamente. Depois, passou as mãos nos cabelos macios de Annette e a puxou em sua direção. Ela entregou-se com ardor àquele abraço inesperado.Os lábios dele se colaram aos dela com violência. Durante alguns momentos Annette deixou-se ficar assim, abandonada àquele beijo ardente. E, quando seus lábios se separaram, ele começou a beijar-lhe o pescoço. Entorpecida, ela inclinou a cabeça para o lado, os dedos agarrados à camisa dele, os joelhos fracos e trémulos.— Devo estar ficando louco — murmurou ele, os lábios coladosà pele macia. — Você é apenas uma criança!— Você se sentiria melhor se eu lhe dissesse que faço aniversário daqui a dois dias? — sussurrou Annette, com medo de que ele parasse com o que quer que estivesse fazendo com ela.— Não, não me sentiria. — Agarrou os ombros dela e a afastou. Havia um brilho de raiva em seus olhos. — Ninguém nunca lhe ensinou que é perigoso brincar com fogo?— Sim...— Então deve saber que não "se pode apagar as chamas facilmente, não é?— Eu sei! — admitiu ela, não gostando do modo como ele a estava tratando, como se fosse uma criança.— Sabe mesmo? — desafiou ele. — Para você, um beijo é só algo mais que andar de mãos dadas! Mas, para mim, é um passo antes de ir para a cama! E é para lá que este beijo vai nos levar, sabe? — Ele percebeu o calor que subia pelas faces dela. — Não, você não sabe, não é mesmo?

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— Josh, eu... — Annette quis mudar de assunto, de repente incapaz de faiar sobre sexo.— Você achou que seria excitante e um pouquinho perigoso flertar com um homem mais velho, não é? Fazia-a sentir-se bem, procurar me provocar e me tentar!— Isso não é verdade! -— protestou ela, zangada, mas Josh fez que não ouvia.— Eu já estou crescido demais para brincadeiras inocentes, menina. Se estiver com vontade de brincar, vá procurar o seu garçom loiro. — Enquanto falava foi empurrando-a em direção ao embarcadouro. — Ele provavelmente ainda está nesse estágio.Annette foi descendo, humilhada. Sentia a garganta seca e os olhos ardendo, com lágrimas quentes.— Eu não sou uma criança, sr. Joshua Dean!As feições dele se contraíram numa expressão severa.— Não mesmo? Tenho a impressão de que é o seu papai quemestá olhando, agora, na nossa direção —- comentou ele, de modosarcástico.Annette virou a cabeça para olhar o pai com Kathleen e Robby na praia. Não havia dúvida de que Jordan Long estava olhando para eles com interesse.— Se soubesse o que você andou aprontando, ele a poria em cima dos joelhos e lhe daria umas boas palmadas. Aliás, é exatamen-te disso que você precisa!— Talvez eu mereça mesmo umas palmadas. Mas por ter sido boba! — disse Annette rispidamente, notando que a expressão de Josh estava carregada de raiva.Sentiu um pouquinho de satisfação ao ver que ele estava furioso. Mas continuava magoada por ter sido chamada de criança, embora soubesse que teria uma doce vingança quando Josh descobrisse sua verdadeira idade.Mas Annette nem desconfiava que a idade não era o único problema. Havia ainda a questão de sua inexperiência sexual, e isso contava mais que seus vinte anos.Ao descer do embarcadouro para a praia, ela se esforçou para manter a compostura. Não queria que seu pai suspeitasse que algo

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fora do normal tivesse acontecido a bordo do barco. Como Josh, ele também não era um homem fácil de ser enganado. Annette teria que se valer de toda a sua habilidade para evitar que o pai suspeitasse de qualquer coisa.Annette respirou lenta e profundamente e procurou descontrair-se. Piscou para enxugar os olhos úmidos e procurou parecer calma e serena ao se aproximar de sua família.• — Ora, bom-dia! — saudou-a Kathleen. — Sentimos a sua falta no café da manhã!— Quer me ajudar a construir um castelo de areia, Annette? — Robby tinha cavado um buraco com sua pazinha, começando a fazer o fosso. — Mamãe não tem muito jeito para isso.— Oh, muito obrigada, rapazinho! — Kathleen riu da crítica.— Daqui a pouco eu o ajudo, está bem? — prometeu Annette, ciente dos perspicazes olhos de Jordan que a observavam atentamente.— Onde foi que você esteve, minha filha? — perguntou o pai calmamente . .. Calmamente demais para os nervos tensos de Annette.— Por aí. — Ela percebeu que ele não se satisfaria com essa resposta vaga e completou: — Fui dar um passeio de barco.Robby olhou para cima, uma expressão de desapontamento no rosto.— Eu também quero ir passear de barco. Posso? Você me leva?— Mais tarde nós alugaremos um pedalinho. Que tal?— Legal! Oba! — concordou ele, os olhos arregalados de entusiasmo.Mas Jordan Long não parecia compartilhar do mesmo entusiasmo e, severo, perguntou:— Quem era aquele homem que estava no barco? Você o conhece?— Claro que o conheço! — Annette riu, com um falso ar de vivacidade. — Você não acha que eu sairia por aí com um estranho, não? Ele é Josh Dean, o dono deste hotel. . . e também do barco.— Oh! — Os lábios do pai se curvaram num meio sorriso e seus olhos cinzentos brilharam de curiosidade. — Desde quando começou a frequentar círculos tão elevados, querida?

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:— Oh, papai, pelo amor de Deus! Ele é apenas um homem!— Ele é um pouvo velho demais para você, não acha?Ela não escondeu o riso zombeteiro que brotou em seus lábios.— Josh disse quase a mesma coisa, papai! Falou que eu era jovem demais. Por isso, acho que você não precisa se preocupar. — E encolheu os ombros. Jordan Long não fez mais nenhum comentário, e Annette torceu para que o assunto estivesse encerrado.— Ainda bem que esse homem tem juízo — falou Kathleen, séria, Annette fez cara de inocente e perguntou:— Onde está Marsha?— Acho que ainda está dormindo — respondeu Kathleen. —■ Nós batemos à porta quando vínhamos descendo, e ela não respondeu.— Ê, talvez ainda* esteja mesmo dormindo. Afinal, ficou acordada até depois das três da manhã.. . lendo um livro! — Deu um passo para trás, preparando-se para se afastar. — Eu vou acordá-la. A gente se encontra depois que tivermos tomado o café da manhã.Enquanto Annette ia se afastando, Kathleen reparava na maneira atenta como Jordan observava a filha mais velha. Havia nele uma seriedade que ela não estava acostumada a ver.— Há alguma coisa errada, Jordan?Ele olhou intensamente a esposa e respondeu, preocupado:— Sim, há.— Ê com Annette?— É. Não gostei daquela expressão nos olhos dela. .. Ela anda aprontando alguma. — Seu olhar se dirigiu para o barco que estava amarrado no embarcadouro. — Tenho a impressão de que isso tem a ver com Joshua Dean.Kathleen se lembrou do comentário que o marido fizera sobre o homem ser velho demais para Annette e adivinhou o motivo da preocupação de Jordan.— Eu não me preocuparia muito, sabe? Annette é inteligente demais para ser convencida a fazer qualquer coisa errada. É mais provável que ela esteja convencendo esse Joshua a fazer alguma coisa.— Qualquer dia desses essa menina vai se dar mal, Kathleen!

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—Machista! — disse ela, rindo. — Acho que você esta realmente torcendo para que isso aconteça. Fica nervoso sempre que uma mulher supera um homem em esperteza, não é mesmo?— Venha até aqui que eu lhe mostro o que é que me deixa nervoso! — murmurou ele, divertido.O leve beijo que trocaram foi interrompido por Robby.—Mamãe, você quer me ajudar? Não-consigo deixar as muralhas de meu castelo em pé!— É você quem tem diploma de engenheiro,. Jordan — disse Kathleen, sorrindo. — Ajude seu filho, vamos!Ele começou a se levantar para ir auxiliar Robby mas parou, olhando atentamente a esposa.— Nosso filho, Kathleen.. . Ou será que se esquece de que são necessárias duas pessoas para isso?— Talvez você tenha que me fazer lembrar essas coisas... — sugeriu Kathleen, com tom de voz sensual. — Mas mais tarde.— Com muito prazer! — Ele passou o polegar nos lábios dela e se afastou para ajudar Robby.

Naquela tarde, Annette levou Robby para passear de pedalinho. A baía estava cheia de barcos de todos os tipos e tamanhos.De repente, o iate de Josh começou.a se afastar do embarcadouro e, quando passou lentamente pela pequena enseada onde Annette estava, ela pôde ver os convidados da tal festa. Um deles, em particular, atraiu sua atenção: uma morena de biquini vermelho estava debruçada em cima de Josh. Annette podia imaginar muito bem que tipo de "negócios" aquela mulher tinha em mente.Annette ficou morta de ciúme. Se estivesse perto o suficiente, teria arrancado todos os fios do cabelo negro daquela mulher. . . um por um! Jamais pensou que sentiria tanta raiva — ou tanta dor — ao ver Josh com outra mulher.— Annette, é melhor você olhar para onde estamos indo! — gritouRobby. — Quase atropelou um pato!Ela olhou para a frente e viu a ave levantando vôo.— Sinto muito — desculpou-se com voz trémula.

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Robby a olhou, intrigado.— Você está chorando?— Não, claro que não! — negou, secando as lágrimas com as* mãos.

CAPITULO V

Annette rodava uma azeitona espetada num palito dentro de um copo de Martini. Seu vestido de chiffon prateado era bem decotado, realçando o bronzeado de seus ombros. O cabeleireiro do hotel havia afastado um lado de seus cabelos do rosto, adicionando um toque de sofisticação às feições delicadas. Uma hábil aplicação de maquilagem destacava o negro de seus olhos e realçava os cílios escuros.Mas Annette estava alheia àquela aparência mais madura, do mesmo modo como estava alheia aos membros de sua família, sentados em torno da mesa da sala de jantar do hotel. Havia conversas e risos, mas não prestava atenção a nada. Tinham se reunido para comemorar

I

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o aniversário dela, mas Annette não tinha muita vontade de comemorar coisa alguma.— Você mal tocou no "seu Martini, Annette. — A voz do pai a fez sobressaltar-se. — Está forte demais?— Não, está ótimo — assegurou ela, e soltou o palito para tomar um gole da bebida.— Quer provar o meu "Shirley Temple"? — ofereceu Robby. — Ele está gostoso!— Obrigada. — Sorriu para o menino. — Esse refresco é uma delícia, mas agora não quero.— Annette tem que esperar até depois do jantar para abrir os presentes ou podemos entregá-los agora? — perguntou Marsha, impaciente.— Ela é quem sabe — respondeu Kathleen.— Para mim, tanto faz. O que vocês decidirem está bom.— Então, vamos dar agora! — decidiu Marsha pegando uma caixa enfeitada que estava ao lado de sua cadeira.Jordan Long olhava para Annette em silêncio.— Acho que todos estão ansiosos para ver seus presentes, menos você. — Olhou para a esposa e brincou: — Tem certeza de que o aniversário é dela?— Eu sinto muito, papai. — Annette compreendeu que tinha que mostrar algum entusiasmo por sua festa.— Abra primeiro o meu! — insistiu Marsha.Annette sorriu e começou a desfazer o laço de fita. A expressão de Marsha era de pura animação, seus olhos azuis cintilando como safiras. Annette não pôde deixar de pensar em como a irmã ficava bonita quando deixava de lado o acanhamento.— Deve ser alguma roupa — tentava adivinhar Annette. — Aposto que comprou alguma coisa azul para mim. . . para que possa tomá-la emprestada!— Espere só para ver! — disse Marsha, rindo.Quando levantou a tampa da caixa, Annette viu um conjunto de calça comprida, feito em tecido leve, na cor lilás.— É lindo! — assegurou. E acrescentou, com uma risada: — Enão é azul!

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i— Agora é minha vez! — pediu Robby. —- Abra o meu!Sensível ao apelo da criança, Annette examinou o embrulho comolhos arregalados, fingindo tentar adivinhar o que havia dentro. Robby ria travessamente, e riu ainda mais quando explicou à irmã que o desenho que havia feito representava os dois no pedalinho, na baía de Wrightsville Beach.— Vou pendurá-lo na parede de meu quarto, quando voltarmos para casa — prometeu ela. — Nós faremos uma moldura para ele. — E Robby ficou certo de que tinha dado o melhor presente. Ele não poderia adivinhar que o desenho continha lembranças dolorosas.— Tome. — O pai colocou uma pequena caixa diante dela. —-Este é de Kathleen e meu..— Eu mal consigo esperar que você o abra — disse Marsha, impaciente.— Você já sabe o que é? — perguntou Annette.— Sim. Papai me mostrou.— Pequeno assim, só pode ser uma jóia. — Annette olhou para o pai, então para Kathleen. Ambos a observavam. — Não pode ser um relógio. Vocês me deram um na formatura.Abriu a pequena caixa, olhando surpresa e encantada, os brincos de brilhantes que havia dentro dela. Fitou o pai emocionada.— Oh, muito, mas muito obrigada! — Voltou-se para a madrasta: — Foi ideia sua, não foi, Kathleen? — perguntou Annette, sentindo o amor que emanava de cada membro da família. — Estou feliz por termos escolhido você como nossa mãe.— Espere um pouco, Annette. — O pai estendeu a mão e segurou possessivamente a de Kathleen. — Sei que vocês gostariam de ficar com a honra de terem descoberto Kathleen, mas fui eu quem fez a escolha final.— Papai, você é exatamerite como todos os homens — declarou Annette com brilho nos olhos. — Vocês precisam ser estimulados de vez em quando.— Ah é, é? — Ele olhou para a filha com uma expressão de divertida tolerância.— É sim, papai. Uma mulher precisa pôr ideias na cabeça de um

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homem. Talvez só nós quatro estivéssemos aqui esta noite se Marsha e eu não tivéssemos mencionado que queríamos um irmão.— Pelo que me lembro, eu já estava pensando em menininhos bemantes de vocês mencionarem isso!Annette riu e tirou os brincos da caixinha. Marsha colocou a jóia nas orelhas da irmã.— Que tal estou?— Fantástica! — assegurou Marsha, enquanto os outros também a elogiavam.Empurrando a cadeira para trás, Annette deu a volta na mesa e foi até onde estavam seus pais.— Obrigado, papai. — Ela se inclinou e beijou-o no rosto. Então sevirou e abraçou Kathleen. — Obrigada a vocês dois.Quando se virou para voltar ao seu lugar, ela se viu face a face com Josh Dean. Durante um segundo seu coração pareceu parar. Os enigmáticos olhos castanhos a fitavam intensamente. Havia tensão no ar, mas Annette controlou a emoção e o nervosismo para sorrir para ele.Seu olhar percorreu as feições másculas e bem-feitas e se deteve por um instante na boca que a beijara com tanto ardor e que a fizera sentir emoções até então nunca experimentadas.Notou que ele usava um terno escuro e gravata, e que a camisa branca contrastava com a pele queimada de sol. O traje formal lhe emprestava um ar de conhecedor do mundo, uma aura máscula que excitava e desafiava.Enquanto Annette o observava, Josh também reparou na aparência sofisticada daquela que considerava uma simples criança. Notou espe-| cialmente o penteado, o vestido e a maquilagem. Depois uma expressão de cinismo tomou conta de seu rosto, e Annette compreendeu que ele a considerava nada mais que uma adolescente "bem-vestida".Ela se lembrou da declaração que fizera, dois dias antes, de que nãoera uma criança. O destino estava lhe oferecendo uma oportunidadede prová-lo. •— Boa-noite, Annette.— Boa-noite. — Ela acenou afetadamente com a cabeça. O momento da doce vingança havia chegado, e ela não pretendia deixá-lo escapar .— Eu gostaria que conhecesse minha família, sr. Dean.

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Uma sobrancelha escura arqueou-se levemente diante da maneira formal de tratamento, e ura brilho frio de divertimento se acendeu nos olhos dele. Então, desviou o olhar e se virou, para falar com outra pessoa.— Vejo vocês daqui a pouco — disse ele, chamando a atenção deAnnette para dois homens de meia-idade que o acompanhavam, enquanto a recepcionista permanecia por perto para lhes indicar umamesa.Até esse momento, Annette não havia notado que havia alguém com ele. Ficou pasmada ao descobrir que podia ser tão desatenta, mas a presença de Josh tinha o poder de cegá-la para tudo mais. Houve um murmúrio entre os dois homens, que seguiram a recepcionista.Com uma virada graciosa, Annette começou á fazer as apresentações.— Papai, quero lhe apresentar Joshua Dean. Sr. Dean, este é meupai, Jordan Long.Os dois apertaram-se as mãos, trocando frases educadas. Jordan manteve-se reservado, os olhos cinzentos estudando atentamente o outro homem. Annette percebeu que o pai não se deixou impressionar por Josh, e isso a deixou um pouco inquieta.Ela continuou a fazer as apresentações, indo de Kathleen para Marsha e concluindo com Robby. E foi seu irmãozinho quem transmitiu, de maneira ingénua, a informação que ela queria que Josh soubesse.— Você veio para a festa de aniversário de Annette? — quis saberRobby. — Trouxe um presente para ela? — E não esperou por umaresposta, acrescentando: — Mostre a ele o que eu fiz, Annette!Josh sorriu quando pousou os olhos escuros nos dela. Então seu olhar desceu para a mesa e para 0$ papéis de embrulho.— Você de fato mencionou que iria fazer aniversário por estes dias — ele se lembrou. — Mas eu não sabia que era hoje. Quando se é criança, vale a pena comemorar. . .— Obrigada — disse, com raiva da insinuação que ele fizera quanto ao fato de ela ser criança. Mas controlou-se.—Mostre a ele o que eu lhe dei! — Robby repetiu o pedido, ansioso.— Robby fez um desenho para mim. — Annette estendeu a mão

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para pegar o papel, motivada por seu próprio interesse em manter aceso o assunto do aniversário.— Ficou muito bom! — elogiou Josh amavelmente.— Ela vai pendurá-lo na parede do quarto dela quando voltarmos para casa — disse Robby, orgulhoso.— Robby, você é capaz de dizer ao sr. Dean quantos anos eu faço hoje? — perguntou Annette, e dirigiu um olhar zombeterio para Josh.— Ela está fazendo vinte anos. Eu sei contar até vinte — declarou Robby. — Quer que eu conte para você?Annette sustentou o olhar frio de Josh.— Traída por uma criança — sussurrou para que só ele ouvisse.Enquanto Marsha tentava convencer Robby a não contar até vinte,as feições de Josh revelavam emoções conflitantes: cetismo, surpresa, irritação e uma espécie de divertimento que parecia prometer que ela iria pagar por isso.— Então, você tem vinte anos... — comentou ele, seco. —• É difícil acreditar, não? — disse ela com sarcasmo.— Parece que a filhinha do papai cresceu.

— Aos olhos de algumas pessoas, nós sempre permanecemos como menininhas, não acha, sr. Dean?— Com dez ou vinte anos, Annette será sempre a minha menininha—disse Jordan.— Como não sou o pai dela — disse Josh —, para mim há umadiferença.Os olhos de Jordan se estreitaram numa suspeita velada. Alguma mensagem silenciosa parecia ter sido transmitida.— Foi um prazer conhecê-lo, sr. Dean, mas não devemos detê-lo pormais tempo, uma vez que seus convidados estão esperando.Annette percebeu que as palavras educadas do pai na verdade convidavam Josh a retirar-se. Não se importou com isso, mas ficou com raiva do olhar irónico que Joshua Dean lhe lançava.— Feliz aniversário, Annette — disse Josh, e se afastou.— Aquele homem é seu namorado? — perguntou Robby.— Não, não é — respondeu Annette, ciente do olhar atento do pai.—Ele é um amigo.— Está ficando tarde. — Kathleen mudou habilmente de assunto,

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e lembrou ao marido que a hora de Robby ir para cama estava se aproximando. — Acho que é melhor pedirmos o jantar.— Sim, claro — assentiu Jordan de maneira ausente, e fez um sinalpara o garçom.Enquanto escolhiam os pratos, o garçom aproximou-se com um balde e uma garrafa de champanhe gelado. Colocou-a ao lado de Annette. Jordan mostrou-se irritado.— Nós não pedimos isso! •— Sei que não, senhor — respondeu o homem. — Ê um presente. Com os cumprimentos do sr. Dean. — Serviu uma taça para Annette,Ela olhou para a mesa de Josh, no outro lado da sala. Ele a estava observando, e seus olhares se encontraram. Annette segurou a taça perto dos lábios, e Josh ergueu seu copo num brinde silencioso. Um pouco -abalada* ela baixou o olhar e tomou um gole do champanhe, comentando:— Delicioso! Diga ao sr. Dean que fico muito agradecida.O garçom serviu os demais. Robby criou caso por que não lhe deram nem pinguinho, mas Kathleen o distraiu com o cardápio.— Você parece estar bastante satisfeita consigo mesma, Annette —comentou o pai com interesse.-^ É meu aniversário, lembra-se? — Ela sorriu. Mas ele não pareceu aceitar essa explicação.— Você não estava assim antes.— Antes de quê? De abrir os presentes?— Não. Antes de Joshua Dean parar na nossa mesa.— Papai, você está falando igualzinho a um pai!O garçom voltou para anotar os pedidos, e Annette ficou aliviada por poder mudar de assunto. Seu pai.permaneceu em silêncio durante todo o jantar e não mencionou Joshua Dean de novo. Entretanto, Annette não conseguia tirá-lo da cabeça. Nem de suas vistas. E Josh olhou em sua direção mais de uma vez, o que só fez aumentar o rubor que tomou conta do rosto dela.Quando chegou a hora de saírem, a grande garrafa de champanhe ainda estava pela metade.■— Madame gostaria de levar a garrafa de campanhe? — perguntou o garçom.

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— Sim, por favor — concordou Annette.— O que é que você vai fazer com isso? — perguntou o pai.— Vou levar para o quarto e comemorar meu aniversário, ora! Ainda é cedo, e quem sabe até que horas Marsha e eu vamos ficar acordadas?Jordan não pareceu satisfeito com aquela explicação, mas não insistiu mais no assunto. Quando a família deixou a mesa, Annette sorriu para Josh.Uma vez no quarto, Marsha pôs o presente que tinha dado a Annette em cima da penteadeira.— Pór que não experimenta, para ver se serve?— Vou deixar isso para amanhã — respondeu Annette de modo ausente.Parou diante do espelho e examinou sua imagem refletida, usando os dedos para retocar o penteado. Marsha a observava, curiosa.— Você vai mesmo tomar o champanhe esta noite?— Parte dele. — Annette abriu sua bolsa prateada e tirou de dentro dela um batom. Começou a pintar o contorno dos lábios.— O que está fazendo? — perguntou Marsha, franzindo a testa.— Passando batom, ora! Não está vendo, não?— Por quê?— O que é que você acha? — replicou Annette, pegando a garrafa de champanhe e um copo.— Você vai sair? — perguntou Marsha, com os olhos arregalados, já adivinhando que a resposta seria afirmativa. — Para onde?— Vou encontrar Josh, é claro. — Annette saiu andando em dire-ção à porta, a saia de chiffon balançando em torno das pernas bem-feitas.—Mas como... Quando... — A voz de Marsha falhou ao fazer as perguntas, e ela foi incapaz de completá-las.— Não combinamos nada quanto a nos encontrarmos, se é o que quer saber — explicou Annette. — Mas ele estará me esperando! — Com um grande sorriso, ela se virou e piscou para Marsha. — Não espere por mim.

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Passou rapidamente pela porta, antes mesmo que Marsha se recuperasse e lhe perguntasse como sabia que Josh a esperava. Desta vez Marsha ficou realmente oreocupada com a 'encrenca em que a irmã estava se metendo. Ela estava brincando corá fogo, e as consequências poderiam ser sérias.

Kathleen pôs Robby para dormir e dirigiu-se para seu próprio quarto. Jordan estava em pé perto da janela, pensativo, olhando para a noite. Kathleen aproximou-se por detrás dele e passou os braços em volta da cintura do marido. Encostou o rosto nas costas dele, apreciando o calor daquele corpo.— Um tostão por seus pensamentos — murmurou ela.Jordan se mexeu inquieto. Ela abaixou os braços que o envolviam e ele se virou para olhá-la de frente. Seus olhos cinzentos estavam pensativos.— Tenho a impressão de que Joshua Dean vale muito mais do que um tostão — respondeu secamente, e pôs o braço em volta dos ombros da esposa.— Ele vale pelo menos dois tostões! — brincou ela. — Ê um homem muito atraente!Jordan levantou o queixo dela e a olhou, meio espantado.— Você achou mesmo?— Sim... Está com ciúmes?— E deveria estar?—- Não..Kathleen não tinha nenhuma intenção de deixá-lo em dúvida. O tempo de que dispunham para ficarem juntos era precioso demais para ser desperdiçado com joguinhos tolos.Como que lendo os pensamentos da esposa, Jordan beijou-a de leve.— Annette ficou bastante animada depois que viu Josh — comentou ele, com aparente indiferença.— Pelo menos foi o que pareceu.— Ela já lhe faloii alguma coisa a respeito desse Dean?— Não, não falou.

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— O que você acha que está havendo entre eles?— Se é que está havendo alguma coisa entre eles — lembrou Ka-thleen. — Outro dia, Annette disse alguma coisa a respeito de Joshua Dean considerá-la nova demais.— Isso foi uma artimanha dela. A diferença de idade entre eles não é maior do que a nossa.— Acho que não, querido. Mas... então, o que é que está incomodando você? Não estou entendendo.— Você não viu o jeito como Dean a olhou? Ele a deseja! Vi isso nos olhos dele!Kathleen esforçou-se por conter o riso, mas não conseguiu. A risada veio solta, gostosa. Jordan afastou-se irritado.— Será que eu disse alguma coisa engraçada?— Eu sinto muito, mas você me pareceu tão moralista!,— O riso não cessava. — O que é que você acha que havia em seus olhos quando olhou para mim?— Isso é diferente, Kathleen!As covinhas das faces dela se aprofundaram, no esforço para conter o riso.— Naturalmente! Afinal, Annette é sua filha... o que faz uma diferença enorme!Por um instante ele pareceu zangado; então uma expressão de divertimento misturado com vergonha foi pouco a pouco tomando conta de seu rosto.— Eu sou um bobo, não?— Sim, é!— Mas não posso deixar de me preocupar com o fato de ele ser experiente demais para ela.— Eu não me preocuparia com isso, se fosse você. Talvez seja apenas um romance de férias. — Kathleen deu de ombros, procurando demonstrar despreocupação. — Há quanto tempo estamos aqui? Duas semanas. E ainda temos mais duas. O que pode acontecer em um mês?Jordan sorriu.

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— Se está tentando me tranquilizar, acabou de falhar. Ou será que já se esqueceu de que nós nos apaixonamos em menos de um mês?— Ajude-me a lembrar — convidou ela, e Jordan a tomou nos braços.

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CAPÍTULO VI

O luar refletia nas águas límpidas do mar enquanto as luzes de Wrightsville Beach se sobressaíam às estrelas no céu. O ar era fresco e suave, purificado pela brisa marinha do Atlântico. O suave calor do dia persistia.Na extremidade da praia, Annette parou e se equilibrou em um só| pé para tirar o sapato de salto alto, então mudou de posição e tirou o outro. Com a garrafa de champanhe em uma das mãos e os sapatos e o copo na outra, ela saiu vagando pela praia. Os finos grãos de areia acariciavam-lhe os pés. Parou perto do mar para contemplar as águas calmas.

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Um som de passos interrompeu a quietude da noite. Annette olhou para trás, na direção do hotel, e um calor de prazer percorreu todo seu corpo quando ela reconheceu o vulto masculino que se aproximava.Josh parou perto dela. Sua expressão estava serena, mas uma luz perturbadora ardia em seus olhos.— Eu sabia que você estaria aqui. — O tom de voz dele era calmo.— Eu também sabia que você viria — respondeu ela. — Quer um pouco de champanhe? — Annette mostrou a garrafa, levantando um pouco a mão. — Eu só trouxe um copo, por isso teremos que dividi-lo. Você se importa?— Não.Josh pegou a garrafa e retirou a rolha. Annette estendeu o copo para que ele o enchesse.— As damas primeiro.Annette levou o copo aos lábios, tomando um gole de bebida enquanto continuava a fitá-lo. Uma emoção inebriante percorreu suas veias.Ele a observava atentamente, o olhar sensual percorrendo os lábios delicados, o pescoço e o contorno dos seios. Ela estremeceu com a sensação de que Josh conseguia ver através do tecido de chiffon,— Tome. — Ela lhe passou o copo. — Está uma linda noite, não?— Perfeita!— Perfeita... — A voz dela estava um pouco ofegante. — Champanhe, o luar, e... um pouco de romance. Existe maneira melhor para uma mulher comemorar seus vinte anos?A pergunta, levemente insinuante, provocou nele um sorriso.— Por que não me disse que tinha vinte anos?— Você teria acreditado em mim? Estava convencido de que eu tinha dezessete anos — lembrou Annette, e baixou os olhos para o copo de champanhe. — Além disso, você poderia ser o tipo de homem que fica todo excitado quando vê dessas "coisinhas doces".— Prefiro os condimentos picantes — disse ele. — Como os que você tem.— Ah, então gosta de petiscos condimentados. . .— Não consigo imaginar nada mais chato do que uma dieta insossa.

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— Nem eu! Bem, espercf que você compreeenda como me era frustrante tentar fingir a idade que você achava que eu tinha.— Espero que compreenda como era frustrante tentar tratá-la como a garota que eu pensava que você era ao invés da mulher que eu queria que fosse — contra-atacou Josh. — Você sabia disso. E me provocoudeliberadamente.—Ora, sr. Dean, de que está falando? — Luzes travessas dançavam nos olhos negros, inocentemente arregalados.— Pode parar de representar — avisou ele com um sorriso zombe- ' teiro. — Conheço você muito bem, agora.

— Conhece mesmo? — murmurou ela, e levou o copo à boca para tomar outro gole de champanhe.— Sim. E você já bebeu o suficiente. — Josh tomou o copo das mãos dela e despejou o conteúdo na areia. Então jogou garrafa e copona praia.— Você não devia fazer isso... — censurou Annette. — Alguémpode pisar e se machucar nos cacos!— Nós os pegaremos... depois — disse ele, e estendeu a mão parapegar também os sapatos dela e jogá-los na areia. — Você apreciou oluar e bebeu champanhe. Agora é a vez de experimentar um poucodaquele romance que mencionou.Annette pareceu flutuar para os braços dele. Tudo acontecia exata-mente como ela havia planejado.— Eu estava achando que você não tinha dado importância ao queeu havia falado — murmurou ela, quando o rosto dele estava bempróximo.O hálito quente de Josh acariciou os lábios dela.— Mas eu dei importância, sim...Josh a beijou e Annette foi envolvida por uma força poderosa que ateou fogo a suas emoções e fundiu seu corpo ao dele. As batidas de seu coração ressoavam num ritmo selvagem que ecoava de maneira intensa e primitiva. As mãos dele faziam pressão em suas costas, apertando-a mais e mais. Os dedos de Annette acariciavam os cabelos dele, espessos e macios.Ele mordeu levemente a orelha dela e seus lábios foram descendo pelo pescoço fino, provocando calafrios de desejo em Annette.

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De repente, Annette se deu conta de que já não tinha nenhum controle sobre o que estava acontecendo. Suas ações e reações eram ditadas pelas emoções e sensações. Josh era o líder e ela o seguia. Nunca, em toda sua vida, Annette se sentira assim, tão abandonada a seus próprios sentimentos. Josh parecia conduzi-la ao pico inexplorado de uma montanha alta e maravilhosa.Fez força para se afastar, resistindo. Seu corpo tremia. Josh percebeu e soltou-a. Ela não conseguia olhar para ele. Estava se sentindo totalmente vulnerável.Annette ouvia o suave murmúrio do mar e sentia a areia fina sob os pés descalços. Nervosa, umedeceu os lábios.— Você não pratica aquilo que prega, Josh — disse, com voz ofegante e perturbada.— Por quê? -— As mãos dele lhe acariciavam levemente as costas.— Não gostou muito do beijo que Craig me deu em público, mas aí está você... comigo... fazendo a mesmíssima coisa!— Bem... eu preferiria muito mais tê-la em meus braços num lugar mais reservado.. . — O coração dela deu um pulo. Era ele quem estava guiando. . . quem estava tomando as decisões. — Meu apartamento fica bem pertinho daqui. *A respiração de Annette estava arfante quando ela soltou-se de vez dos braços dele, com uma risada irónica.— Eu disse que queria "um pouco de romance", Josh. Não me lembro de ter dado a entender que desejava ser seduzida.Houve um silêncio profundo enquanto ela se movia para apaiiihar os sapatos. Annette nunca se sentira tão insegura. A praia parecía feita de areia movediça. Desejava que Josh dissesse alguma coisa, porque ela mesma não conseguia pensar em nada. Seu pulso se acelerou quando ele se aproximou.— Eu me enganei quanto à sua idade, mas não quanto à sua inexperiência. Você ainda não deu aquele passo final que leva ao quartode dormir. Você nunca foi para cama com um homem, não?Annette sentiu o rosto ficar vermelho.— Eu... eu quero ir embora.Quando ele passou a mão debaixo de seu braço, ela ficou tensa e

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apreensiva. Mas a única intenção de Josh era a de conduzi-la para a calçada. Uma vez lá, ele continuou segurando-lhe o braço.— Calce os sapatos, Annette.O luar iluminava as feições dele, e ela viu uma certa tolerância naquela expressão severa. Apoiou-se nele enquanto prendia as tiras da sandália no calcanhar.— Existem duas maneiras de uma pessoa aprender a nadar — disseJosh, e Annette lhe dirigiu um olhar intrigado. O assunto parecia totalmente fora de hora. — A maneira mais rápida é atirar-se em águasprofundas e esperar que o instinto de sobrevivência obrigue a um salvamento doloroso. Mas isso raramente é uma experiência agradável...e pode ser até fatal! — Ele fez uma pausa breve e ela começou a. entender que Josh estava comparando o ato de nadar ao de fazer amor.—Por outro lado, uma pessoa pode aprender a nadar pouco a pouco.Isso significa começar pelas coisas mais simples, e ir progredindo.Então, nadar se torna algo realmente gostoso.— Sim, acho que é isso... — O sorriso dela era suave.Por causa da compreensão de Josh, Annette se apaixonou um pouco mais. Ele estava dizendo que a queria, mas que não iria apressá-la. Isso demonstrava respeito. Ela não era simplesmente um meio de satisfazer os apetites sexuais dele. Já que a respeitava, Josh poderia vir a amá-la. Sim, a amá-la!— Espere enquanto pego a garrafa de champanhe e o copo. Depoisvou acompanhá-la até seu quarto — disse ele.Ela o seguiu com o olhar enquanto ele atravessava a areia. Sentia-se leve e confiante. Soubera que Josh era especial desde o momento em que o vira pela primeira vez. E o tempo estava provando que elaestava certa.Josh voltou, passou o braço nos ombros dela e puxou-a para junto de si. Começaram a andar lentamente.Deixaram a praia e entraram no jardim do hotel, caminhando pelo passeio. O luar emprestava um brilho prateado às alamedas.— Sua irmã não se parece com você, não?— Não. Nós somos uma combinação confusa de nossos pais — respondeu ela, sorrindo. — Marsha tem os olhos e a pele clara de minha

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mãe, e os cabelos escuros de papai. Eu tenho os olhos dele e os cabelos de minha mãe. Robby é completamente diferente.«*<•.<■-— O que aconteceu com sua mãe?— Ela morreu quando eu era pequena. Tinha um problema congénito no coração. Nada sério, mas pegou uma gripe... e morreu — explicou Annette. — Durante muito tempo, ficamos apenas papai, Marsha e eu... até que nós encontramos Kathleen.— Vocês "encontraram" Kathleen?— É uma longa história... Para resumir, pode-se dizer que Kathleen foi contratada para tomar conta de nós. . . como uma espécie de governanta. Depois ela e papai passaram a se conhecer melhor e o resto, como eles dizem, ficou na história.— Vocês gostam muito dela, não?— Adoramos! Ela é mãe, irmã mais velha e amiga íntima, tudo isso ao mesmo tempo. Eu não poderia ter escolhido uma esposa melhor para meu pai, mesmo que tentasse.Quando chegaram à escada externa que dava para o terraço do segundo andar, onde ficava o quarto dela, ele deixou o braço deslizar até a cintura de Annette. Passaram pela suite ocupada pelos pais dela. As cortinas estavam cerradas e não se via nenhuma luz.Antes de chegarem à porta do quarto, Annette sobressaltou-se.— Eu esqueci a minha chave! Vou ter que acordar Marsha.— Ela ainda deve estar acordada, ou então deixou a luz acesa — disse Josh, chamando a atenção para a luz fraca"* atrás das cortinas da janela. * ' . .— Talvez esteja lendo.Os dois pararam diante da porta. Ela se virou e fitou-o. Havia um brilho aveludado nos olhos dele, quente e sensual. Isso afetou as emoções de Annette.Ela se deixou envolver pelos braços fortes e pelo beijo ardente de Josh. Uma onda de desejo a invadiu intensamente e ele a apertou com mais força, forçando o corpo contra o dela.Quando ele afastou os lábios dos dela, sua respiração estava um tanto tremula. Os olhos escuros fitaram-na com ardor, as pupilas dilatadas.

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— Chega de lições básicas — disse ele roucamente. — Você jáestá pronta para o curso adiantado.— Você acha? — perguntou ela, inconscientemente provocante.Um sorriso divertido brincou nos lábios de Josh quando ele tirou amão das costas dela e bateu à porta do quarto com os nós dos dedos. Ela abaixou os braços que rodeavam a cintura dele.—Quem é? — A voz de Marsha veio abafada.— Sou eu.. . Annette. Esqueci minha chave.— Já vou. — Eles escutaram o ruído da corrente de segurança e oestalido da fechadura. 'Antes que a porta se abrisse, Josh fez uma carícia nas faces delicadas e tocou levemente os lábios dela com o polegar. Então abaixou a mão.— Boa-noite, Annette.— Boa-noite, Josh.Ele estava se afastando quando a porta se abriu para que Annette entrasse. Marsha tinha o olhar cheio de curiosidade.— Você está muito alegre, Annette!Arregalou os olhos quando a irmã começou a valsar pelo quarto.— Eu estou amando, Marsha! E, se ainda tinha dúvidas, esta noiteelas desapareceram!— Pelo que vejo, o felizardo é Josh. O que aconteceu?—Nada! Tudo!Com uma volta graciosa, ela caiu na cama e se deitou de costassobre os travesseiros.— Bem, aonde você foi? — Marsha não sabia se a irmã seria capazde dar uma resposta que fizesse sentido. — O que foi que vocêsfizeram?Annette virou-se e se apoiou num cotovelo. Marsha não gostou do brilho travesso que dançava nos olhos dela.'— Josh me convidou para ir ao apartamento dele!— Annette! Você não foi, não?Marsha estava preparada para acreditar em qualquer coisa. Às vezes era capaz de jurar que a irmã adorava escandalizá-la com declarações chocantes.

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— Não, não fui. — Annette se deitou de costas de novo, com umsorriso sonhador no rosto. — Não desta vez, pelo menos.Marsha procurou ignorar o comentário, certa de que não passava de provocação.— Ele ama você?-— Eu não sei ao certo... — Suspirou profundamente e ficou olhando fixamente para o teto. — É tão difícil ser objetiva! Às vezes não consigo nem pensar direito. . . Principalmente quando ele está perto de mim. Mas, se Josh não me ama agora, vai me amar.. . logo!Marsha não tinha lá muita certeza disso, mas resolveu que seria melhor guardar as dúvidas para si mesma. Annette tinha o dom de fazer as coisas acontecerem do jeito que queria, mesmo quando Marsha achava que seria impossível. Pelo bem da irmã, ela esperava que isso ocorresse também desta vez.Quando Annette começou a falar sobre Josh, Marsha foi até sua cama e sentou-se, as pernas cruzadas. Ficou ouvindo enquanto Annette confidenciava suas emoções, seus receios e suas alegrias. Não tinha ideia de quantos bocejos havia reprimido até a animação de Annette começar a diminuir. Já era bem tarde quando as duas se enfiaram debaixo das cobertas para dormir.Parecia que Annette nem hayia recostado a cabeça no travesseiro quando o telefone começou a tocar. Marsha gemeu na cama ao lado.Tirando o braço de debaixo dos cobertores, Annette começou a tatear a mesinha de cabeceira, à procura do aparelho. Levantou o fone do gancho e levou-o ao ouvido.— Alô — resmungou, amuada.— Acorde, dorminhoca! — ralhou a voz de Josh. Os olhos dela se arregalaram. ...— Josh?— Quantos homens lhe telefonam pela manhã? — perguntou ele,em tom de mofa.Ela se sentou na cama, derrubando o travesseiro no chão.— Esta é a primeira vez que você me telefona!— É, de fato. Você quer correr comigo esta manhã?-— Eu... Que horas são? — Entre o sono e a confusão, nada lhe parecia claro.

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— Seis e meia.— Eu ainda preciso me vestir.— É uma pena! Bem, dou-lhe quinze minutos, e depois vou-me embora sem você.— Eu estarei pronta! — Ela já estava jogando as cobertas para os pés e pulava para fora da cama. — Tchau!— Não vai me perguntar onde me encontrar?— Onde posso encontrá-lo? .—• Espero por você na praia.-— Dentro de quinze minutos, então.— Ótimo. Até lá.Sorrindo, ela desligou. Quando ia entrando no banheiro, Marsha ergueu a cabeça, meio grogue, e a olhou com olhos sonolentos.— Aonde você vai? Quem foi que telefonou?— Josh. Ele quer que eu vá correr com ele — explicou Annette apressadamente, e saiu correndo para o banheiro.— Que horas são?Annette parou na porta do banheiro.— Seis e meia.Com um suspiro, Marsha deixou a cabeça cair no travesseiro.— Você deve estar louca! — resmungou, mas a torneira da piado banheiro estava aberta e Annette não escutava nada. Mesmo assim,Marsha acrescentou: — Louca ou apaixonada!

Nos dias que se seguiram eles pareciam querer recuperar o tempo perdido. Corriam juntos pela manhã, antes de }osh ir para o escritório, e se encontravam de novo à noite. Annette ignorava os-olhares reprovadores do pai. Limitava-se a sorrir e a encontrar-se com Josh... no hotel, na praia ou no iate.Uma vez Josh a levou a Wilmington, no continente. Era um entardecer sonolento, e as sombras alongadas do pôr-do-sol se espalhavam sobre a cidade.■— Está com fome? — perguntou ele.— Sim, estou. Você havia sugerido comer por aqui.— O restaurante fica um pouco adiante. — Josh apontou para um prédio em frente. — Gosta de comida mexicana?

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— Gosto de tacos — respondeu Annette com um brilho provocador no olhar.— Isso é tão ruim quanto dizer que você gosta de chop suey, quando alguém a convida para apreciar a comida chinesa — censurou ele, mas seu olhar era cordial e tinha um brilho divertido.— Você quer dizer que existem, na cozinha mexicana, outros pratos além de tacos, enchiladas e feijão requentado? — Ela fingiu surpresa.— Que tal nós irmos até lá para descobrir?— Ótimo! Eu estou morrendo de fome!Uma música mariachi soava, baixinho, quando uma garçonete os conduziu à mesa. O ar estava impregnado de um forte aroma de comidas e temperos, o que aumentou ainda mais o apetite de Annette. Sentando-se numa das cadeiras coloridas, ela abriu o cardápio e olhou a lista.— Acho melhor você fazer algumas sugestões, Josh.— Por que não me deixa escolher por você?Annette hesitou, mas acabou concordando, com uma condição:— Está bem, mas você vai me dizer o que é.Os olhos dele brilharam, irónicos. Pediu uma salada de guacamole, uma travessa de entradas variadas, para que Annette pudesse escolher. ..— ... inclusive o indispensável taco — finalizou.— Pelo menos não vou passar fome! — Ela sorriu, feliz.O pedido que Josh fez ao garçom incluía uma garrafa de vinho espa- * nhol. Os copos que acompanhavam o vinho gelado continham uma fatia de laranja e uma cereja, o que realçava o sabor da bebida.Esfomeada, Annette pegou a laranja embebida em vinho e começou a mordê-la. Procurou os olhos de Josh e sentiu que eles pareciam querer devorá-la. A sensação era decididamente enervante. Parecia atravessar-lhe todo o corpo, despertando desejos dormentes. Ela deixou o pedaço de laranja de lado, sentindo-se excitada e inquieta.— Eu gostaria que você não me olhasse assim — murmurou.— Assim como? — perguntou ele com as pálpebras semicerradas.— Como se estivesse me comendo com os olhos!— Eu gostaria de arrancar urri pedaço de você com uma mordida.

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— As mordidinhas são melhores — respondeu ela sensualmente.—O que vai fazer com essa cereja? — perguntou ele ao vê-la girar a pequena fruta dentro do vinho.— Você a quer?—O que você acha?— Pode ficar com ela. — Segurando a cereja pela haste, Annette a entregou a ele.Mas, em vez de pegá-la, os dedos de Josh enla'çaram o pulso da moça e levaram a pequena mão até os lábios. Mil sensações passaram pelo corpo de Annette.O garçom se, aproximou para servir o jantar. A conversa tomou rumos variados, mas apenas uma coisa martelava a cabeça de Annette: o olhar de Josh e as emoções que despertava nela.

Quando Josh parou o carro no hotel e demonstrou não querer sair do estacionamento escuro, o coração de Annette começou a bater irregularmente. Principalmente quando as mãos fortes e decididas a abraçaram e os lábios quentes se uniram aos dela num beijo apaixonado.Annette sentiu que a embriagante mistura de emoção e desejo se apossavam de novo de seu ser. Excitada, deixava que ele lhe explorasse cada centímetro do corpo e gemia de prazer a cada carícia mais íntima.— Isto também não basta para você, não? — perguntou Josh com voz abafada;—Não.Um leve estremecimento passou pelo corpo de "Josh quando, com a respiração ofegante, ele segurou o rostinho delicado entre as mãos. Um brilho de desejo ardia em seu olhar.— Vamos para meu apartamento.— Sim, vamos. — Annette ficou espantada com sua própria decisão.Josh enlaçou-a pela cintura e conduziu-a em direção aos prédiosdo hotel.Ela ainda estava trémula de desejo quando notou que ura outro casal vinha caminhando, de braços dados, pela mesma calçada. Annette os reconheceu e uma sensação incómoda apossou-se dela quando encontrou o olhar do pai.

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— Você voltou mais cedo do que esperávamos, Annette. — O sorriso de Jordan Long era forçado. — Parece que vocês dois resolveram dormir cedo.— Não é bem isso. Está uma noite tão gostosa que nós resolvemos dar um passeio a pé. — Ela não podia dizer ao pai que estava indo para b apartamento de Josh.— Kathleen e eu tivemos a mesma ideia. Que tal passearmos juntos?Com uma sensação de vazio, Annette olhou para Josh com uma interrogação nos olhos. O leve sorriso nos lábios dele mostrava pesar e resignação.— Ótima ideia! — disse ele.Os quatro saíram passeando juntos. Annette nunca vira o pai se oferecer para "segurar vela" antes. Parecia um pouco estranho que ele resolvesse fazer isso justamente naquela noite.

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CAPÍTULO VII

Annette sentia a areia quente sob o corpo ao observar o irmãozinho brincar com uma bola vermelha. Robby ria, encantado, ao ver Josh correr para ir buscá-la. A bola caiu na areia e Josh jogou-a na direção do menino.Ele tentou pegá-la mas não conseguiu. Perdeu o equilíbrio e caiu sentado. Josh correu até ele, ofegando um pouco, e se agachou aseu lado.— Você está bem? — Robby ficou em pé e ajudou-o a limpara areia.

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— Estou — resmungou Robby, um pouco chateado por cair quando estava tentando se exibir.Josh afagou a cabeça do menino.— Vamos descansar um pouco.— Eu não estou cansado — protestou Robby.— Mas eu estou — disse Josh, sorrindo. — Você pode brincar na areia enquanto eu descanso.— Está bem.Robby foi buscar o balde e a pá. Josh levantou-se e caminhou até Annette. Dando um suspiro de cansaço e sorrindo ao mesmo tempo, ele sentou-se ao lado dela e passou os braços em torno dos joelhos. Olhou para Robby, que se ocupava em encher o balde com areia.— Eu não sei onde seu irmão consegue tanta energia! — Josh dirigiu um olhar divertido a Annette. — Ele chega mesmo a se cansar?— Sim, lá pelas oito e meia da noite. E todos os dias! — respondeu ela, sorrindo. — Estou contente por você não ter feito objeções quanto a Robby passar a tarde conosco.— E por que faria?— Não sei. Mas poderia ter feito.Ela suspeitava que esse arranjo para pajear Robby tivesse sido planejado por seu pai. Depois do episódio da noite anterior, Annette tinha a nítida impressão de que ele não queria que ela ficasse sozinha com Josh.Annette virou e deitou-se de bruços. Desenroscou a tampa do frasco do bronzeador e entregou-o a Josh.— Quer passar um pouco nas minhas costas ?— Com todo prazer!Ela sentiu um arrepio quando Josh despejou um pouco de óleo fresco em sua pele. As mãos dele começaram a deslizar sedutoramente pelas costas macias.Annette fechou os olhos enquanto os dedos fortes dele massagea-vam seus ombros, sentindo os músculos se relaxarem.— Você poderia. fazer isso durante pelo menos mais uma hora■■— murmurou ela.

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— Poderia, é? — O tom de voz era meio desafiador. — Talvezeu me deixasse levar pelo que estaria fazendo.O aviso foi reforçado quando as mãos passaram a massagear-lhe a cintura. As pontas dos dedos dele fizeram discretas e torturantes investidas por debaixo das extremidades do maio branco de Annette, acariciando-lhe os seios.A massagem terminou e Josh se afastou. Annette murmurou um protesto, mas ele lhe deu uma palmadinha.— Chega, está bem?— Esse seu tapinha me machucou, viu? — queixou-se ela.

— Quer que eu beije, para sarar? — provocou Josh. Robby escolheu esse momento para se juntar a eles.— Você já descansou, Josh?— Que tal me dar mais alguns minutos, mocinho?— Está bem... — Robby suspirou, conformado, e saiu correndo. Annette olhou-o enquanto ia se afastando; depois encarou Josh.— Robby gosta de você.— Robby gosta de qualquer um que jogue bola com ele.

— Não. Ele gosta mesmo de você. Robby é como eu... conhece as pessoas por instinto. Eu nunca o vi errar a respeito de ninguém. — Olhou curiosamente para Josh. — Você seria um bom pai, sabia?— É mesmo? — Ele se virou para ela, segurando-a pela cintura e puxando-a em sua direção. Parou quando os seios dela, cobertos pelo maio, roçaram seu peito. — Você estaria interessada em ter um filho meu? — A pergunta foi seguida por um beijo ardente.O amor pareceu criar uma explosão de luz dentro dela, espalhando a sua claridade por todos os cantos de seu corpo. Annette nem percebeu que Josh a deitava na areia e se inclinava sobre ela. Ficou mole e cheia de desejo...— Juro que você é uma feiticeira —- acusou Josh num tom de voz perturbado.— Então você deve ser um bruxo — murmurou ela porque sabia como o encantamento havia sido forte... excluindo tudo o que havia em volta... tudo!— Vamos jantar em meu apartamento esta noite. — Annetteacenou afirmativamente com a cabeça. — Acho melhor eu ir ver o

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que Robby está fazendo — sugeriu Josh, demonstrando que também sabia que a situação entre eles havia se tornado intensa demais.Mas havia outras testemunhas daquele beijo, além dos desinteressados banhistas da praia. Parado nos degraus que iam dar na areia, lá estava Jordan Long. Seu rosto estava rígido como ferro; seus olhos cinzentos sombrios e escuros como carvão. Kathleen e Marsha estavam a seu lado. Marsha olhava para ele com apreensão.— Venham — disse ele. — Vamos voltar para os nossos quartos.— Pensei que fôssemos avisar a Annette que já chegamos — lembrou Kathleen.— Não, agora não. Eu seria capaz de matá-lo com as minhas próprias mãos! — Jordan estava indignado. — Você viu o modo como ele se deitou sobre ela e a beijou? Bem ali, em público?!— Jordan... — Kathleen tentou argumentar, pacientemente, enquanto eles caminhavam de volta aos quartos. — Você já me beijou numa praia pública, lembra-se?— Sim, beijei! E você também sabe muito bem o que eu sugeri depois!— Você é um hipócrita, Jordan. — Kathleen não pôde deixar de rir da indignação dele, embora tentasse disfarçar. — Quer que suas filhas façam o que você "manda"... não o que você "faz".— Acho que você pensa que estou errado em não querer ver minha filha seduzida por um playboy qualquer!— Não se trata de uma questão de estar certo ou errado. Annette agora tem vinte anos. Existem algumas decisões que você não pode mais tomar por ela. Já é hora de começar a confiar em sua filha, Jordan.— Confiar em Annette? Essa garota vive se metendo em encrencas, e de propósito! Eu ficaria surpreso se ela não tivesse algum plano insensato em mente agora mesmo. Isso me preocupa mais do que Joshua Dean!— Você está apenas fazendo suposições.Jordan virou o rosto e olhou fixamente para Marsha, que vinha caminhando atrás deles, em silêncio.— O que é que você sabe a respeito de Josh e sua irmã?

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— Não é nada do que você está pensando — respondeu elanervosa.Os olhos dele se estreitaram.— E o que é que estou pensando?—Não sei. Eu apenas quis dizer que Annette e Josh não fizeram nada. — Jordan continuava a olhar para ela, os olhos semicerrados. Marsha procurou ser mais explícita: — Ele não fez amor com ela, se é isso que quer saber.— Pois espero que não mesmo! — explodiu ele. Então disse, num tom menos furioso: — Que foi que Annette contou a você a respeito de Joshua Dean?Marsha se mexeu, pouco à vontade.— Ela disse que o ama.— Pelo amor de Deus, não!— Jordan, você não acha que está fazendo uma tempestade num copo d'água? — Kathleen estava começando a ficar irritada. — Annette teria que se apaixonar algum dia. E eu acho que ela não escolheu mal.— Pois, até agora, Josh Dean não me provou isso!— Josh Dean não tem que provar nada a você, Jordan!— É aí que você se engana! — replica Jordan, áspero. — E pretendo colocar um fim nesse pequeno caso antes que ele vá mais adiante!No momento seguinte ele estava se afastando apressadamente, deixando a mulher e a filha em pé na calçada. Marsha parecia preocupada quando viu o olhar da madrasta, e Kathleen deixou escapar um suspiro de raiva.— Ele está mesmo chateado, não? — disse Marsha com uma careta. — Não precisava ter descontado era você.— Precisava, sim — respondeu Kathleen com um leve sorriso. — Isso também faz parte do amor, embora não seja muito divertido. Nós temos que discordar de vez em quando.Marsha sorriu.— É, você está certa.— Vamos voltar ao quarto? — sugeriu Kathleen.— Vamos. O que você acha que papai vai fazer?

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—■ Eu não tenho a menor ideia! Depois que se acalmar, vou conversar com ele de novo. Tenho certeza de que seu pai vai me dar ouvidos.Marsha não tinha essa certeza. Seu pai e Annette eram muito parecidos nesse aspecto: ambos eram extremamente teimosos.

No fim da tarde, Annette entrou correndo no quarto. Usava um cáftan com capuz, que realçava suas pernas longas.—Oi! — Ela saudou Marsha com um sorriso alegre. — Kathleen disse que vocês voltaram há mais de uma hora. Por que não me avisaram? — Não esperou pela resposta e foi logo perguntando: — O que você comprou?— Só um par de calças compridas. Elas estão penduradas no armário falou Marsha, e ficou olhando para Annette com expressão cautelosa. — Quando foi que você falou com Kathleen?— Há uns dois minutos. — Annette caminhou até o armário para ver a compra de Marsha. — Eu levei Robby ao quarto para lhe dar um banho e vesti-lo antes que vocês voltassem. Quando entrei, lá estavam papai e Kathleen. — Ela pegou o cabide com as calças novas. — Ei, são bonitas! Azuis, é claro. O seu guarda-roupa está ficando bitolado, Marsha.Marsha catou um fio solto na colcha da cama. —- Papai disse alguma coisa?— Não... — Annette olhou na direção da irmã, reparando na atitude estranha dela. —- Por quê?— Eu só queria saber. — Marsha deu de ombros com demasiada indiferença.Annette desconfiou que havia algo errado.—O que aconteceu, Marsha? O que papai devia ter me dito?— Bem, é que... nós fomos até a praia avisar você que tínhamos voltado cedo.Annette franziu a testa.—Mas eu não vi vocês!— Não, mas nós vimos você. — Marsha fez uma pausa e suspirou. — Ou melhor, nós vimos Josh beijá-la. — Annette ergueu a

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cabeça, pressentindo problemas. —- Papai ficou furioso. Foi por isso que pensei que ele tivesse falado alguma coisa!— Ele não falou nada. .. Por que será, hein?— Acho que Kathleen conversou com papai. Ela disse que iria fazer isso... depois que ele se acalmasse.— Será? Bem, de qualquer forma, eu não compreendo por que papai não gosta de Josh. Ele mal o conhece!— Acho que papai pensa que "você" mal o conhece, Annette.— Bem, papai está enganado. — Ela tirou o cáftan, pèndurou-o no armário e começou a escolher suas roupas. — Você deveria ter visto Josh e Robby. Eles se dão tão bem! Ei, o que devo usar esta noite?— Você vai sair?— Vou jantar com Josh. — Annette teve o cuidado de não mencionar onde. — Ele já me viu com quase todas as minhas roupas...- — Por que você não usa meu vestido de seda azul?Annette se virou, radiante.—• Tem certeza de que não se incomoda? É seu vestido preferido!— Ora, pode usar. Você vai ficar linda com ele.— Obrigada.Annette tirou o vestido azul-celeste do armário e o levou até o espelho da penteadeira. Pôs na frente do corpo e sorriu. Marsha tinha razão: ele lhe caía muito bem.— Oh, Marsha, é magnífico! — disse Annette, suspirando. —Obrigada por deixar-me usá-lo. Eu prometo fazer o mesmo por você,quando precisar. — Sua expressão se tornou afetuosa e pensativa.— Talvez não sejamos muito parecidas, mas você sempre me. ajudou...— E para que servem as irmãs? — disse Marsha, sorrindo.

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CAPÍTULO VI.II

Annette esperou até que sua família tivesse descido para jantar antes de sair do quarto para ir.até o apartamento de Josh. Seus passos eram leves e livres. Sentia como se estivesse caminhando no ar. Era uma noite perfeita de verão. Uma brisa suave soprava do mar, os pássaros noturnos cantavam nas árvores e um deslumbrante pôr-do-sol tingia o céu com tons vermelhos e alaranjados.Chegou em frente ao apartamento dele e bateu duas vezes. Ouviu som de passos e o estalido da fechadura. A porta se abriu e seus cintilantes olhos escuros contemplaram o belo homem à sua frente.A camisa de seda branca de Josh estava desabotoada perto do

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pescoço, contrastando com o bronzeado da pele. Os punhos das mangas estavam arregaçados. Uma calça comprida escura moldava os quadris estreitos.— Bem na hora — disse ele, e estendeu a mão para convidá-laa entrar.O apartamento era independente e completo, com sala de estar, área para jantar com vistas para a baía, cozinha, e, naturalmente, quarto de dormir.Grossas cortinas douradas estavam abertas para deixar as vibrantes cores do pôr-do-sol se espalharem pela suite. A toalha de linho branco refletia as tonalidades escarlates do sol que se punha. A mesa estava posta para dois, a prataria polida brilhava e as taças de cristal reluziam. No centro, um par de castiçais de prata sustentava duas velas azuis.— Pensei em comermos depois. . . depois que o sol se puser — disse |osh.— Concordo. Seria uma pena não usarmos as velas. É tão romântico. . .— Enquanto isso, podemos tomar um pouco de champanhe.)osh a levou até a sala de estar e tirou a garrafa de um baldede gelo que estava em cima da mesinha de café. Havia um par de taças numa bandeja. Annette apanhou-as enquanto Josh se ocupava em tirar a rolha da garrafa. A bebida começou a sair, espumante, e Annette estendeu rapidamente uma taça para aparar o champanhe.— Sorte sua eu estar preparada, não? — disse ela, rindo.— Eu sabia que você estaria — respondeu josh, e enfiou a garrafa de novo no balde. Encarou-a e tocou sua taça na dela, num brinde suave. — Ao resto da noite!— Ao resto da noite — murmurou Annette, e levou a taça aos lábios.— Venha — ele passou o braço na cintura dela —, vamos nos sentar no sofá. — Acomodaram-se, abraçados. -— Em que você está pensando, Annette?— Em como estou me sentindo à vontade — admitiu ela, e tomou outro gole de champanhe.— Sua'taça está quase vazia. Quer que eu a encha de novo?

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— Não. É melhor não beber mais, estou com o estômago vazio. Eu ficaria meio tonta.—Muito sensato — murmurou Josh e tomou um gole de sua bebida.Ela o fitava intensamente. Seus dedos se agitavam de desejo de tocá-lo, mas ela os manteve em volta da taça de cristal.— Se você quiser mais, Josh, não faça cerimónia por minha causa.— Você quer que eu fique bêbado? — brincou ele.— É uma ideia interessante — murmurou ela, de maneira provocadora.Josh sorriu.— Eu sempre pensei que era o homem quem devia embebedar a mulher!— De vez em quando é bom inverter as situações...— É mesmo? — Ele pousou a taça na mesa, pegou a dela e colocou ao lado da sua. •— Neste caso, você pode me beijar.Ela começou a rir, e então compreendeu que Josh estava falando sério. E a ideia de tomar a iniciativa a agradava. As mãos que tinham estado tão ansiosas para tocá-lo se dirigiram para o pescoço musculoso, fazendo pressão para que a cabeça dele se aproximasse da sua.Seus lábios encontraram o calor dos dele e o resto deixou de ter importância. Josh parecia estar inteirinho naquele beijo apaixonado que excitava Annette. A.camisa fina dele era como uma segunda pele; as mãos dela acariciavam os ombros e as costas musculosas.Annette estava embriagada com o gosto dele e isso afetava todos os sentidos. Fortes vibrações atravessaram-lhe o corpo quando Josh aninhou a cabeça em seus seios. As carícias dele estavam excitando-a até um clímax febril.As mãos morenas e fortes deslizaram para as coxas dela, percorrendo cada parte da carne macia e quente.Josh pegou-a no colo e os beijos e as carícias continuaram com mais avidez. As sombras alongadas lá fora escureceram a sala quando o crepúsculo se transformou em noite.— Está com fome, Annette?

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— Não. — E ficou pensando se ele não queria que ela dissesse sim.— Ótimo — respondeu Josh, uma chama ardendo nos olhos escuros. — Eu não estava mesmo gostando da ideia de fazer amor depois do jantar.Ela sentiu a respiração se acelerar. Os braços dele se apertaram para mantê-la aninhada enquanto se levantava, e as mãos dela se prenderam ao pescoço másculo.Josh carregou-a até o quarto. Lá dentro, colocou-a em pé e massa-geou levemente os ombros delicados.O coração de Annette batia com força quando Josh inclinou a cabeça e a beijou com um desejo cálido e suave. Annette cambaleou na direção dele, mas as mãos fortes mantiveram-na afastada. Ele a olhou fixamente.Annette fechou os olhos enquanto Josh lhe abria o zíper do vestido e o deixava cair ao chão. A penumbra do quarto dava uma gostosa sensação de intimidade a tudo.Josh carregou-a até a cama e puxou as cobertas, para que ela se deitasse na maciez dos lençóis. Beijando-a, ele se inclinou sobre ela, as mãos acariciando as curvas suaves e firmes.Annette explorava o peito viril enquanto ele' tirava a camisa. Um arrepio percorreu-a toda ao sentir o calor daquela pele bronzeada.Os lábios dele se colaram aos dela, percorrendo depois o pescoço e o colo. As mãos dela se moviam sem cessar nos ombros dele, òs dedos correndo pelos cabelos espessos. Uma onda de desejo tomou conta dela quando Josh começou a beijar-lhe os seios. Annette mordeu com força o lábio inferior para silenciar os murmúrios de prazer.— Você é tão linda, Annette. . .— Eu te amo, Josh. Oh, como eu te amo!Ele ficou imóvel por um momento, a boca encostada na pele dela. Depois afastou-se lentamente, olhando-a estranhamente.— Eu deveria ter adivinhado isso — disse ele, sentando-se. Annette ficou desnorteada.— O que você quer dizer?— Você tinha que escolher justamente esse momento para dizerisso?

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—Mas é isso que sinto! — Ela franziu a testa, perplexa. — Eu achei que deveria lhe dizer.—Mas por que agora?— Que diferença faz? — Ela não conseguia compreender que importância tinha isso. Um frio começou a se espalhar pela sua carne nua. — Eu não estou entendendo você. Por que está me fazendo esse interrogatório, assim, de repente?— Estou apenas perguntando por que essa declaração de amor agora, nesse exato momento — respondeu Josh severamente, e estendeu a mão para acender a luz,A claridade deixou Annette envergonhada. Estava nua diante de um homem! O instinto a fez estender a mão para puxar as cobertas.— Não houve motivo nenhum, Josh. Eu só queria que você soubesse que te amo.— Suponho que você não tenha pensado em declarar o seu amor justamente agora apenas para que eu me sentisse culpado por... por tirar-lhe a virgindade. — O tom calmo daquela voz parecia acusá-la. — E depois disso você esperava usar esse sentimento de culpa numa pequena chantagem emocional, para me persuadir a me casar com você?—: Não! Oh, Josh! Eu não planejei nada disso!— Então não está esperando que eu me case com você?Ela não conseguiu responder. Hesitou e olhou para ele, procurando em suas feições algum sinal de emoção.— Você não quer se casar comigo? — perguntou ela com o coração pesado.— Não.—Mas... — Ela sentiu um aperto na garganta, e teve que engolir em seco para falar. — Eu pensei... — Tentou de novo. — Esta tarde você perguntou se eu gostaria de ter um bebé seu!Um sorriso divertido brincou nos lábios dele.— Annette, essa foi a maneira de convidar você para vir paraa cama comigo — explicou ele com cómica paciência, — É assimque os bebés são feitos, mas eu não tenho absolutamente nenhumaintenção de deixá-la grávida.Annette sentiu-se envergonhada. Havia entendido tudo errado! Ela,

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que sempre se orgulhara de ser tão esperta, tinha acabado de cometer um engano incrivelmente estúpido. Sentiu-se enjoada. Ficou olhando fixamente para o lençol, os olhos ardendo com lágrimas quentes que se recusavam a cair.— Eu não entendi o que você quis dizer. . . desculpe-me.— Você sabe que já fiz amor com muitas outras mulheres, não? Suponho que já tenha imaginado quantas já se deitaram nesta cama comigo.Ela queria tampar os ouvidos para as coisas que ele estava dizendo, ao mesmo tempo que sentia vontade de saltar para fora da cama que ele partilhara com outras. Aquilo tudo a fazia se sentir suja.— Não, não imaginei, Josh. Pensei que eu fosse diferente...especial — respondeu ela, amargamente.—-Só porque você é virgem? — Josh respirou fundo e depois soltou o ar com um forte suspiro. — Annette, eu já estive com virgens antes. E não me casei com nenhuma delas.— Tudo.. . tudo o que você queria era ter um caso! — Ela quase engasgou com a palavra, ainda incapaz de olhar para ele.— Acertou. Uma aventura de verão...— Por que não me disse isso?— Porque, até esta tarde, eu pensei que você soubesse.— Bem, eu não sabia! Onde estão minhas roupas? Eu quero minhas roupas!Josh se levantou e caminhou até a pilha jogada no chão. Juntou as coisas de Annette, voltou à cama e estendeu a mão para que ela as pegasse. Annette se sentiu corar diante do olhar fixo dele.— Vire-se para que eu possa me vestir! — ordenou asperamente.Josh balançou a cabeça com um sorriso irónico.— É um pouco tarde para sentir pudor, Annette. O que mais eu poderia ver que já não tenha visto?— Apenas vire-se, certo?Ele ficou de costas. Annette saiu debaixo das cobertas e começou a se vestir apressadamente. Estava insuportavelmente consciente da presença dele, nu da cintura para cima. Sentia-se pouco à vontade.

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Alguma coisa a estava incomodando, alguma coisa que ele dissera e I que não fazia sentido.I Estava prestes a enfiar o vestido pela cabeça quando se lembrou | o que era. Parando, baixou o vestido e perguntou: I — Por que disse que pensou que eu sabia que você estava apenas I interessado em ter um caso "até esta tarde"?— Depois que a deixei, recebi uma visita.— Quem? — quis saber Annette. — E que diferença isso faria? Ele fez um gesto de impaciência.

— Isso é ridículo — resmungou. — Eu não vou falar com a parede. Quer queira, quer não, eu vou me virar. — Deu meia-volta para encará-la, o olhar examinando o corpo parcialmente vestido.— Quem foi que veio ver você? — Annette repetiu a pergunta, com uma .leve suspeita em mente. Mas queria estar enganada.— Seu pai.Ela sentiu como se um peso de mil toneladas tivesse caído em 1 sua cabeça. [ — Por quê?!' — Seu pai queria saber quais minhas intenções a seu respeito. Fiquei surpreso quando ele sugeriu que você estava pensando em casamento, uma vez que essa possibilidade nunca havia passado pela minha cabeça.Ela queria que Josh parasse de ficar repetindo isso.— Por que não me falou sobre a visita de meu pai quando chegueiaqui, esta noite?Uma expressão estranha tomou conta do rosto dele.— Por que eu a desejava. Por isso. .. — Ele deu de ombros — Eu tentei me convencer de que s*eu pai não sabia do que estava falando. Acho que os pais às vezes gostariam que suas filhas fossem freiras. Eu disse a mim mesmo que ele tinha inventado essa história de casamento, porque não conseguia aceitar a ideia de você ter um caso. — Josh fez uma pausa. — Não me ocorreu que você não soubesse disso.— Bem, aí eu disse que o amava e você achou que meu pai tinha razão, certo? -— Ela estava magoada.

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— Você disse isso no momento errado. Queria que eu também dissesse que a amava, não é mesmo?— Só se estivesse falando sério — replicou ela, e se vestiu.—Muitos homens mentiriam só para a levar para a cama. É provável que eu já tenha feito isso, quando era mais jovem, mas agora as coisas são diferentes. Resumindo a história: no momento em que você declarou seu amor, eu soube que seu pai estava certo. O casamento fazia parte de seus planos. — Ela tentou fechar o zíper, tremendo. Tosh percebeu a confusão dela e ofereceu-se: — Deixe que eu ajude.Ao contato daquelas mãos, Annette afastou-se.— Posso fazer isso sozinha! — Seus olhos negros fuzilaramde raiva, de mágoa, de humilhação. — Não preciso da sua ajuda!Ele segurou firmemente os ombros dela e a fez virar de costas.— Apenas cale a boca, Annette. Será muito mais fácil assim.Ela ficou parada, tensa, lutando contra a sensação que o contatodas mãos dele lhe causava. Em poucos segundos, o som fraco do zíper que se fechava ecoou pelo quarto.— Quer que eu prenda o ganchinho daqui de cima? — perguntou Josh.— Não. — Ela se afastou dele e olhou em volta, à procura dos sapatos.— Seja sincera, Annette. Você estava disposta a ir para a camacomigo porque pensou que eu ficaria tão louco por você.. . porser o primeiro. . . que me casaria com você. Não foi isso queplanejou?— Sim, foi isso mesmo! — admitiu ela amargamente. Detestava se sentir como uma tola... ingénua e detestavelmente jovem!— Você deve ter lido histórias românticas demais, não?■— É, devo sim — assentiu ela friamente, e se abaixou para pegar os sapatos.— Sinto muito que as coisas tenham resultado nisso, Annette.— Você deveria ter me falado que tinha medo do casamento! — disse ela, furiosa, desejando que ele se sentisse humilhado.— Eu não tenho medo do casamento. — Um sorriso levemente irónico brincou nos lábios dele. — Mas, quando chegar o dia, será

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por minha própria escolha. Não vou ser manobrado por nenhuma loirinha maquinadora.— Eu entendi muito bem! Mas saiba que não se pode manobrar ninguém que não esteja disposto a ser manobrado!— Pelo menos isso você sabe — disse ele, de maneira zombeteira.— Escute aqui! — Ela se enfureceu. — Você já deixou bem claro que não está interessado em mim! Não precisa ficar com essa lengalenga!— Acho que não me expressei direito. Eu estou interessado em você, e gostaria que ficasse aqui esta noite. Gostaria de fazer amor com você. Mas não estou interessado em acordar amanhã de manhã com batidas na porta e seu pai em pé, lá fora, com uma espingarda e um Juiz de Paz berrando que foi seduzida. Posso muito bem passar sem essa cena.— E eu também!— Útimo. Então nós dois podemos nos poupar disso, — O rosto dele se contraiu e seus olhos ficaram sombrios. — È da próxima vez que um homem a convidar para ir para a cama, certifique-se de que é isso mesmo que você quer.— Vou me lembrar disso! — Annette estava quase explodindo com a dor que sentia por dentro. — E pode estar certo de que você não será esse homem!Uma expressão de raiva contraiu os lábios dele.— Isso é outra artimanha? Está tentando me induzir a 'sentirciúmes? Ainda espera arrancar alguma declaração de amor de mim,não? ' 'Seria mesmo verdade? Annette não sabia. Não sabia de mais nadai A não ser, talvez, que queria que ele tivesse alguma sensação de perda, porque ela própria se sentia destruída. Não era justo que fosse a única a sofrer.— Ouça aqui, sr. Dean: eu não quero nada de você! Nem seus beijos, nem seu amor! Nada! —■ disse zangada, mesmo sabendo que era mentira, tudo mentira. E sofreu ainda mais.— Como eu disse antes, sinto muito que tudo tenha dado nisso. Talvez nos encontremos de novo, qualquer dia.

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— É, talvez. Talvez nos vejamos... depois que eu tiver tido alguns casos, para que possamos estar em igualdade de condições.— Annette... Eu a estou deixando ir. . .— Você não está me deixando ir coisa nenhuma! — Ela engasgou de raiva diante da insinuação de que ele estava "permitindo" que ela se fosse. — Eu estou saindo por conta própria!Annette deu meia-volta e marchou para fora do quarto. Uma pontada de dor transpassou seu coração quando ela chegou à porta da frente do apartamento dele.Sentia-se estraçalhada por dentro, picada em pedacinhos. Um ódio imenso a invadiu quando atravessou os jardins do hotel. Tinha vontade de gritar, de revidar, de atacar a pessoa responsável por seu sofrimento.Lembrou-se que seu pai precipitara as coisas com a visita que fizera a fosh. Era por culpa dele que tudo tinha. chegado àquele final repentino e amargo. Ela sequer tivera tempo de fazer Josh: amá-la. Poderia ter dado certo.Os dois homens que ela mais amava a haviam magoado, e Annette queria se desforrar. A dor a impelia para isso, para uma atitude cega: sem justificativas.Chegou à porta do apartamento do pai e bateu com força. Toda a dor reprimida parecia explodir naquelas batidas violentas e incessantes.— Um momento! — Era a voz abafada do pai.A porta foi aberta e os olhos cinzentos de lordan Lòng arregala-ram-se de. espanto ao darem com uma Annette transfigurada.— Annette! — A exclamação de preocupação logo se transformounuma fúria crescente. — O que aconteceu? O que foi que ele tentoufazer? — Estendeu as mãos para puxá-la para dentro do quarto. —Palavra que eu vou...Sacudindo violentamente os braços, Annette afastou as mãos dele.— Como é que se atreve? — explodiu. — Quem lhe deu o direitode ir falar com Josh a meu respeito?Ele levantou a cabeça, nervoso.— Sou seu pai. . . e isso me dá o direito de .

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— Não dá, não! Você não tinha nada que se meter na minha vida! Você não tem nada com isso! Nunca mais faça isso!— Você é minha filha — ele começou a dizer quando Kathleen se aproximou, ansiosa.— E não pense que eú não lamento isso! Gostaria de não ter nascido! Você é culpado por isso também! — Annette tentava atenuar sua dor dizendo todas as coisas cruéis que lhe vinham à mente. .Lágrimas quentes finalmente começaram a sair de seus olhos, escorrendo pelas faces coradas.— Falem baixo, vocês dois — ordenou Kathleen, — Vão acabar acordando Robby.— Eu não me importo! lá é hora de Robby saber que espécie de pai ele tem!—Mocinha, é melhor tomar cuidado com o que diz!A parede que separava o apartamento do quarto de Marsha e Annette não era suficientemente espessa para abafar as vozes alteradas, Marsha estava sentada em sua cama, apoiada nos travesseiros, e ouvia tudo, esquecendo-se do livro que tinha nas mãos.Ela não entendia por que toda-vez que sua irmã e seu pai discutiam a coisa terminava em gritaria. Assustava-se a cada grito e logo ouviu o choro de Robby, o que a deixou mais apreensiva.Um comentário alto de Annette foi entremeado pelo som de uma porta batendo com força. Um silêncio repentino se seguiu. A discussão estava encerrada, e Marsha suspirou de alívio. Passos pesados se aproximaram da porta; uma chave entrou na fechadura. Marsha começou a se levantar da cama para abrir a porta para a irmã.Annette entrou envolta numa onda de fúria. Não disse nem uma palavra. Nem mesmo olhou para Marsha, ao atravessar o quarto, e começou a se despir com movimentos trémulos e agitados.Esse silêncio soturno sempre se seguia às discussões acaloradas. Marsha tinha aprendido que era melhor deixar a irmã em paz. Silenciosamente, foi até a porta e a trancou de novo.Novamente debaixo das cobertas, Marsha pegou o livro e fingiu que lia. Annette sentou-se na cama ao lado e Marsha olhou de maneira hesitante em sua direção.

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—Quer que eu apague a luz?— Tanto faz.Suspirando, Marsha pôs o livro de lado e apagou a lâmpada ao lado da cama. Durante um longo tempo ficou tentando juntar os trechos da discussão que tinha ouvido. Tratava-se de alguma coisa a respeito de seu pai ter ido falar com ]osh.Às vezes ela invejava a coragem, a confiança e a sede de aventura de Annette. mas estava muito feliz por não estar na pele da irmã naquele momento. Virando-se de lado, Marsha fechou os olhos e adormeceu.

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CAPITULO IX

Na manhã seguinte, enquanto Marsha se vestia, Annette continuava deitada, com as mãos cruzadas debaixo da cabeça, olhando fixamente para o teto. Não havia nenhuma expressão em seu rosto, apenas dor nos olhos negros, além de um brilho de raiva. As ativas engrenagens da mente de Annette estavam funcionando, e Marsha sentia medo. Alguma coisa estava sendo planejada.Ela não conseguiu aguentar mais aquele silêncio.— Você não vai correr esta manhã?—Não.Marsha hesitou, mordendo o lábio inferior.

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— Você não está com vontade de conversar?—Não, eu não estou com vontade de conversar.Alguém bateu à porta e Marsha foi atender. Kathleen estava em pé, do lado de fora. Sorriu e olhou para Annette.—Nós já estamos indo para tomar café. Se estiverem prontas, podemos ir juntas.— Eu ainda não penteei os cabelos — respondeu Marsha. — Vou levar mais alguns minutos. — Olhou por cima do ombro, na direção de Annette.— Você não vem, Annette? — perguntou Kathleen.—Não.— Annette, eu sei como você se sente. . . — Kathleen começou a dizer, o calor da compreensão misturado com firmeza em síia voz.

— Não, você não sabe como me sinto — interrompeu-a Annette. Havia um traço de impaciência no olhar de Kathleen.— Ela vai ficar boa — garantiu Marsha. — Só precisa de umpouco de tempo.— Talvez todos precisemos — respondeu Kathleen num tom devoz controlado.— Vão tomar o café — pediu Marsha. — Eu irei encontrá-losassim que estiver pronta.Kathleen se afastou. Silenciosamente, Marsha fechou a porta.— Você deveria ir tomar café, Annette.—Marsha, por favor! — disse ela, exasperada. — Eu não preciso de seus sermões a respeito de dietas e exercícios! Apenas vá embora!— Eu só pensei que você talvez se sentisse melhor se comesse um pouco, ora!•— Eu comerei mais tarde, i,Os óculos escuros de Annette protegiam seus olhos da claridade do sol da tarde. Sentada numa espreguiçadeira ao lado da piscina, fingia uma pose indolente. Na verdade, continuava a ferver por dentro, um caldeirão fervente de dor, raiva e desejo de vingança.Pelo canto do olho, ela viu alguém se aproximando e se virou para ver Çraig caminhando em sua direção. Vestido com o uniforme

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de garçom, ele tinha uma expressão educada no rosto quando parou ao lado dela.— Jack disse que você queria me ver. — Jack era o outro garçomque servia a piscina.Annette sentou-se e levantou os óculos, dirigindo a ele seu sorriso mais encantador.— Sim, queria. Existe algum lugar onde possamos conversar emparticular?Uma expressão de interesse iluminou o rosto bonito dele.— Suponho que seja a respeito de alguma coisa que você queira saber sobre Josh Dean, não?— Josh é um chato! — exclamou ela, dando de ombros e franzindo o nariz. — Não quero falar sobre ele.As feições de Craig começaram a se descontrair, e o velho charme voltou a brilhar em seus olhos. Ficou um tanto envaidecido diante da ideia de que Annette talvez o preferisse a Joshua Dean. Ela ficou quase aborrecida ao constatar com que facilidade uma garota conseguia se valer da presunção de um homem.— Existe um lugar atrás da sala de recreação. Nós poderíamosconversar lá — sugeriu Craig.A sala de recreação ficava ao lado da piscina. Parecia um lugar ideal, e ela queria resolver logo esse assunto.— Vou apanhar as minhas coisas e depois o seguirei discretamente. — O tom de voz dela parecia prometer alguma coisa especial.— Está bem. — Craig agora sorria. — Eu a encontrarei lá.Ele saiu caminhando em direção à sala de jogos, e Annette se abaixou para apanhar sua saída-de-praia e sua bolsa. Levou algum tempo para arrumá-los no braço e então seguiu Craig. Ao virar o prédio da sala de jogos, viu-o esperando por ela.— O que aconteceu entre você e Joshua Dean? — perguntou ele.— As fofocas sobre vocês dois eram bastante quentes.— Havia certas coisas com as quais não concordávamos, e porisso. . . eu dei o fora. — Annette encolheu os ombros e se aproximoumais. — Ele não tinha nada que você não tenha. — Ela parou epassou o dedo ao longo da lapela do uniforme, olhando-o fixamente.— Além disso, acho que você e eu poderíamos nos divertir mais.

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Isto é.. . — fez uma pausa e sorriu, sedutora — se você ainda quiser sair comigo.— Claro que quero! Talvez seja divertido.— Você vai estar ocupado esta noite? — Annette deslizava o dedo por dentro da lapela, subindo e descendo lentamente.— Eu estava pensando em ir à casa de um amigo. Ele vai dar uma festinha. Você será bem-vinda, se quiser vir.— Para falar a verdade, pensei que pudéssemos ir a qualquer outro lugar mais. . . reservado. Algum lugar onde pudéssemos ficar sozinhos. . . só nós dois. Você sabe o que eu quero dizer?— Como. . . hã. . . onde? — Ele estendeu a mão para tocar a curva da cintura dela.— Talvez em sua casa... ou na casa de um amigo...— O sujeito com quem eu moro estará. . . com visita esta noite. E o único amigo que talvez me emprestasse sua casa vai dar a festa.— Deve haver algum lugar aonde possamos ir, não?— Um de meus amigos é porteiro de um motel. — Ele a estudou minuciosamente ao lhe transmitir essa informação. Um motel soava um tanto sórdido, mas Annette supunha que não tinha importância.

— Será que poderemos ir para lá?— Bem, esse amigo me deve um favor... A que horas podemos nos encontrar. . . e onde?— Nove horas é muito tarde? — Ela permitiu que ele a puxasse para junto dele, mas arqueou um pouco as costas para manter uma certa distância. u— Está ótimo. Que tal se eu for pegá-la na saída do estacionamento?— Eu estarei lá às nove em ponto — prometeu Annette, e o beijou de leve na boca. Então escapou de seus braços, deixando-o. Acenou para ele e virou a esquina da sala de jogos.

Curvando-se, Marsha deu em Robby um abraço e um beijo deboa-noite.— Vejo você amanhã de manhã — prometeu. ■— Durma bem,e não deixe os pernilongos morderem você — brincou e então selevantou. — Boa noite, papai, Kathleen.

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Acabaram de se despedir e ela seguiu para seu próprio quarto. Destrancou a porta e entrou. Havia uma bandeja com pratos sujos em cima de uma mesa redonda ao lado da janela. Marsha calculou que Annette tinha pedido o jantar no quarto, uma vez que se recusara a fazer a refeição da noite com a família.— Annette?— Estou no banheiro!A porta estava aberta. Marsha foi até lá. Annette estava diante do espelho iluminado, aplicando rímel marrom-escuro nos cílios longos. Marsha arregalou os olhos ao ver o vestido frente única cor-de-rosa e os sapatos brancos que a irmã estava usando.— Você vai sair?— Vou. Tenho um encontro. — Annette deu um passo para trás e se examinou no espelho.—Mas. . . pensei que você e fosh. .. — Marsha começou a dizer, desnorteada.— Não vou sair com Josh — afirmou a irmã no tom de voz agressivo que fora sua marca registrada nas últimas vinte e quatro, horas. — Isso já acabou. Nós não tínhamos os mesmos objetivos e não havia nenhuma maneira de chegarmos a um acordo.— Então com quem. . .— ... eu vou sair? — Annette concluiu a pergunta. — Craig.— Craig?! O garçom?! ■— Ele mesmo. — Annette passou por ela e entrou no quarto.Marsha a seguiu.— Mas eu pensei que você não gostasse dele! — Para falar a verdade, Annette havia afirmado categoricamente que não gostava. Por que, entãp, resolvera sair coiri.ele? — Você está tentando deixar Josh com ciúmes?— Não! — Annette riu dessa insinuação, mas havia pouco humor em seu riso, que saiu inseguro e forçado demais.— Então por que vai sair com Craig?Annette examinou a bolsa, para ver se não havia esquecido a chave do quarto.— Bem, eu acho que ser virgem é um problema, sabe? Por issodecidi deixar de ser. ' .

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— Você não está falando sério, está? Não espera que eu acredite que você pretenda, friamente, fazer. ..— Vá por mim — interrompeu Annette. — A sangue-frio causa menos sofrimentos do que com sangue quente. Pelo menos a gente não quer. . . ou espera. . . que o homem se case depois.Marsha não gostou desse tipo de lógica, mas estava começando a entender o que tinha acontecido entre Annette e josh. -— Mas você não quer se. ..— Ouça, não vou me guardar para o homem com quem irei me casar. O problema é que o homem que eu quero... não quer se casar comigo.— Mas. . . É claro que Craig não sabe o que você tem em mente!Marsha estava perplexa. Não conseguia acreditar que a irmã estivesse dizendo essas coisas... ou que realmente pretendesse fazer isso.— Ele seria muito estúpido se não soubesse — respondeu Annette, impaciente. — O que mais ele poderia achar depois que concordei em ir a um motel?— Um motel? — Marsha ficou assustada. Não poderia ser Annette quem estava falando. Era alguma outra pessoa. — Annette, você não vai lá, vai? É tão... tão. . .— O lugar não faz nenhuma diferença, Marsha. — Impaciência e irritação pareciam entremear cada palavra. — Você tem lido histórias românticas demais. — Usou as mesmas palavras de Josh. — Por que não amadurece, para variar?— Você fala que eu preciso amadurecer, mas é você quem vai a um motelzinho barato qualquer. . .— Não é um motel barato. E Craig tem um amigo que é porteiro, lá. — As feições dela ficaram carregadas de cinismo. — Ele talvez consiga um quarto de graça.— Você não pode levar isso adiante!— Posso e levarei -— replicou Annette, e começou a andar em direção à porta.Marsha correu e tentou impedi-la de sair.— Eu estou falando sério, Annette. Você não está raciocinandodireito. Está transtornada por causa de Josh. e deseja magoá-lo, mas

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vai terminar se magoando ainda mais. Se pensar nisso, vai ver que tenho razão.Por uma fração de segundo, houve um sinal de hesitação no rosto de Annette. Mas ele logo deu lugar à certeza, è determinação. Marsha compreendeu que a irmã iria levar aquilo tudo adiante, até as últimas consequências.— Quer fazer o favor de sair da minha frente? — pediu Annette,com afetada formalidade. — Não quero deixar Craig esperando.Não havia nenhuma maneira de detê-la. Relutante, Marsha se afastou e deixou Annette passar. Sentia-se inútil ao ver a irmã se encaminhar para a porta e parar.— Não fique acordada, esperando por mim — disse Annette com uma petulância deliberada, e Marsha sentiu vontade de gritar para que ela não saísse. Mas não o fez.— Você é uma louca — disse, baixinho.No. momento em que a porta se fechou, Marsha deu vazão ao desespero. Passou a mão pelos cabelos castanhos, tentando pensar em alguma maneira de deter a irmã, uma vez que todos os argumentos haviam falhado. Ela não podia simplesmente deixar isso acontecer.Lembrou-se de um comentário que Annette havia feito: "Você está sempre presente quando eu mais preciso". E pensou que, quer Annette soubesse ou não, ela precisava de Marsha agora. Mas o que fazer? Como ajudar?Ir falar com o pai estava fora de cogitação. Depois de tudo que acontecera, o fato de envolvê-lo podia acarretar consequências ainda mais sérias. Annette já estava furiosa com a interferência dele em seu relacionamento com Josh e era provável que simplesmente rompesse de vez com toda a família..Marsha também não podia ir até'Kathleen. Tinha certeza de que a madrasta insistiria para que o marido fosse informado do que estava acontecendo. O que a trazia de volta à estaca zero.Ela roía as unhas, desesperada para encontrar uma solução. Não havia absolutamente mais ninguém que pudesse ajudar. Annette não daria ouvidos a ela nem ao pai. E não havia ninguém mais,Josh! Sim, havia Josh! Toda a história tinha começado com ele, que era, no final das contas, a causa das ações de Annette. E talvez

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fosse a única pessoa a quem ela daria ouvidos. Mas será que ele ajudaria? Marsha ficou tensa. Jamais descobriria, a não ser que lhe perguntasse.Um telefonema cairia melhor; Marsha não gostava da ideia de enfrentá-lo em pessoa e dar-lhe as notícias da mais recente travessura de Annette. Seria desagradável, mas era preciso ir vê-lo. Talvez não conseguisse, por telefone, convencê-lo de que a situação era realmente crítica.Ficou indecisa durante mais alguns minutos, reuniu coragem para ir procurá-lo e, com a chave do quarto guardada na bolsa, Marsha apagou as luzes e saiu.Não sabia o que pensariam, na portaria do hotel, quando ela perguntasse onde ficava a suite de Joshua Dean.E um monte de dúvidas a preocupavam ao se aproximar do apartamento dele. As luzes estavam acesas, e ela torceu para que ninguém estivesse lá com ele. Então, bateu à porta.Em poucos segundos Josh Dean apareceu, em mangas de camisa. Uma pequena ruga se formou entre as sobrancelhas escuras quando ele a viu. Seu semblante estava sério.— Pois não? — perguntou ele secamente.— Eu. . . eu sou Marsha Long. — identificou-se, segurando a bolsa com dedos nervosos. Não sei se se lembra de mim, mas eu sou... a irmã de Annette.— Eu me lembro de você — disse ele, mas a sua expressão não mudou.A coisa ia ser mais difícil do que ela havia pensado. Sentindo-se em pânico, Marsha não sabia por onde começar. Ele não parecia nada disposto a ajudar em coisa alguma.— Eu preciso. . . lhe falar sobre minha irmã — conseguiu dizerfinalmente.A expressão dele endureceu ainda mais.— Não há nada que eu queira discutir sobre ela — respondeu ele, num tom de voz frio e decisivo. — Perdeu o seu tempo vindo até aqui. Boa noite.Quando ele ia fechar a porta, Marsha deu um passo à frente, desesperada.

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— Não, por favor! — protestou, e empurrou a porta para impedir que ele a fechasse. — Eu preciso de sua ajudaiO pedido o fez parar.—Minha ajuda? — repetiu Josh, e um brilho de interesse em seus olhos deu a ela um fio de esperança.— Sim. É que Annette acabou de sair para se encontrar com Craig. . . um dos garçons aqui do hotel.O interesse dele se desfez no mesmo instante.— Ela pode sair com quem bem entenda. Eu não tenho nada com isso.— Tem sim — insistiu Marsha, ansiosa. — Ela só vai sair com ele para se vingar de você e de papai.— Isso é problema dela. — Mais uma vez a porta começou a se fechar.

— Você não compreende! Ela vai a um mtoel! Josh ficou visivelmente tenso.—O que foi que disse?— Que ela vai a um motel com Craig. Tentei convencê-la a desistir, mas Annette não quis me escutar. Está com essa ideia maluca na cabeça, de que é melhor. . . fazer isso... com alguém a quem não ame. — Marsha enrubesceu e gaguejou.— Então ela chegou a essa conclusão... Hum... E diga-me, também faz parte do plano dela mandar você me contar isso?— Oh, não! — negou, compreendendo que Josh tinha percebido todas as artimanhas e manobras de Annette. Ela teria que convencê-lo que desta vez a situação era verdadeira. — Eu juro que Annette não sabe que eu estou aqui — falou em tom suplicante. — Sinceramente, ela não sabe!— Você me parece sincera. Mas é irmã de Annette, não é? Deve ter as mesmas manhas que ela tem.— Admito que às vezes. . . Annette... dá um jeito de fazer as coisas acontecerem e. . . às vezes me convence a tirá-la de suas enrascadas..— Como... no caso do suéter?— Sim. Mas agora é diferente. Estou tentando ajudá-la porque é minha irmã e não quero que ela cometa esse erro, se magoe. — Toda

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a apreensão que havia dentro dela refletiu-se em sua voz. — EW nem ao menos gosta de Craig. . . e está planejando ir para a cama com ele!— Você acredita que Annette vá levar isso adiante?Marsha suspirou e balançou a cabeça, desnorteada.— Eu não vejo como, mas. . em se tratando de Annette... eu não duvido de nada. — Olhou para ele, seus olhos azuis cheios de ansiedade. — Depois de ontem à noite... depois que brigou com você e teve aquela discussão terrível com papai. . . ela tem estado diferente. Eu não sei como explicar. Você é a única pessoa que pode impedi-la. Quer ajudar?— Sabe para que motel eles foram?— Não. Tudo que ela mencionou foi que Craig tinha um amigo que era porteiro nesse motel.— Já é um começo — murmurou ele e se afastou da porta, dei-xando-a aberta.Marsha ficou parada na soleira, sem saber se deveria entrar ou se Josh iria voltar. Ela o viu atravessar a sala de estar, parar para pegar o telefone e fazer-lhe um sinal para que entrasse.Ela entrou e fechou a porta. Josh conversava com um dos colegas de Craig, para saber em que motel o amigo deles trabalhava. Obteve a informação, desligou o telefone e saiu apressadamente em direção à porta,— Você vem? — perguntou à Marsha, e ela acenou afirmativamente. Com uma violência mal reprimida, Josh escancarou a porta.— Eu juro que, se esse for mais um dos truquezinhos dela, vou torcer aquele maldito pescoço!

Annette se apoiou na parede enquanto Craig destrancava a porta do quarto do motel e a abria. Sua pele estava fria, e ela atribuía isso ao condicionador de ar e ao vestido leve e sem mangas que estava usando. Craig passou o braço em sua cintura, ao conduzi-la para dentro do quarto.— Ei, até que não está mal! — declarou ele, satisfeito, ao olharem volta. — Tem até uma cama enorme!Ela já havia notado que a cama imensa dominava o quarto, co-

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berta por uma colcha escarlate. Os outros móveis pareciam insignificantes perto da imponência daquela cama. O embrulho que estava debaixo do braço de Craig estalou quando ele o pousou em cima da cómoda.Sorrindo, ele ligou o televisor em cores e tirou uma garrafa do saco de papel.— Uísque está bem?— Claro. — Annette olhou em volta, mas a cama era a única coisa que ela realmente via.. — Vou buscar um pouco de gelo. Há uma máquina de refrigerantes lá fora. O que é que você gostaria de misturar com o uísque?—> O que você for tomar eu tomo.Antes de deixar o quarto, ele parou para beijá-la.— Não desapareça enquanto eu estiver fora, hein?Quando a. porta se fechou, Annette esfregou inconscientemente a mão na boca, para limpar a umidade deixada pelos lábios dele. Caminhou até a cama e pôs a bolsa em cima da mesa de cabeceira. Havia um imenso vazio que a impedia de sentir ou pensar qualquer coisa.Poucos minutos depois, Craig voltou. Ela o estudou quando ele entrou, notando, distraída, aquela beleza máscula que lhe era totalmente indiferente.— Bebidas para dois, saindo!Annette não sabia por que motivo tinham que passar por tudo aquilo. Televisão e bebidas; não era para isso que estavam lá. E ela queria terminar logo com aquela história.— Por que você não deixa isso para depois, Craig? — Ela ficouem pé e levantou as mãos para desamarrar as ajças do vestido.Como se estivesse em transe, Craig se aproximou dela, desabotoando e puxando a própria camisa para fora da calça. Annette tirou o vestido e o colocou no encosto de uma cadeira. Tirou o sutiã e ia tirar também a calcinha de renda quando Craig tocou seu ombro e a fez parar.Ela se virou para olhá-lo e não ofereceu qualquer resistência quando ele a tomou nos braços e começou a beijar-lhe os lábios. Suas

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mãos deslizavam por todas as partes do corpo dela, tocando ™ sentindo.Um sentimento de repulsa foi crescendo dentro de Annette enquanto ela se submetia às carícias dele. Tinha achado que podia fazer de conta que era Josh quem estava a seu lado, mas de repente percebeu que isso não era possível. Craig não era Josh. Ela procurou evitar os lábios dele, e suas mãos tentavam afastá-lo. Precisava pensar.Craig interpretou aqueles movimentos, como um pedido para que ele fosse mais além. Então desabotoou a calça, o olhar fixo nos seios de Annette.— Você é linda, Annette.. .Não era isso que ele devia fazer. Essas eram as palavras que Josh tinha usado. Annette percebeu que não conseguiria levar aquilo avante. Tinha sido uma tola ao achar que conseguiria.— Não! — Ela deu um passo atrás, sentindo-se enojada.Craig parou e estendeu a mão para segurar a dela.— Ei, aonde é que você vai? — perguntou, rindo, e a puxou de volta. No mesmo instante Annette começou a se debater, e ele pr<É curou segurá-la, desnorteado. — O que aconteceu com você? I— Largue-me! ||— Mas que história é essa? — Ele tentou dominá-la rudemente. — A ideia foi sua, não se lembra?

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I

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CAPITULO X

Alguém bateu à porta do quarto do motel. Gs dois gelaram. A cor sumiu do rosto de Annette quando Josh entrou, depois de arrombar a fechadura e se aproximou deles com passos longos e determinados.— Como soube que eu estava aqui? — perguntou ela com um íio-zinho de voz.Pouco'depois soube a resposta: Marsha entrava de maneira hesitante no quarto. Annette sentiu-se humilhada quando se deu conta do que Josh devia estar pensando dela.— O que Dean está fazendo aqui? — Craig exigiu uma resposta.Annette não teve oportunidade de explicar que não esperava que

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Josh aparecesse. Seu pulso foi agarrado e ela foi puxada para longe de Craig. Os olhos de Josh brilhavam de raiva.— Vou levá-la de volta ao hotel. — O tom inflamado indicava que ele não toleraria discussões.— Espere um momento! — protestou Craig diante da maneira como Josh assumia o direito de decidir se Annette ficaria ou não — Ela veio até aqui comigo, e vai sair daqui também comigo!— Vai coisa nenhuma! — Josh soltou o pulso dela e se virou para Craig, furioso.— Sei o que está pensando — replicou Craig —, mas Annette veio até aqui por vontade própria. Eu não a forcei a nada.— Ela pode ter vindo por vontade própria, mas vai sair daqui por "minha" vontade — salientou Josh, irritado. — E abotoe sua calça antes que ela caia!Craig ficou vermelho e obedeceu. Marsha" correu para o lado de Annette.— Você está bem? — perguntou, ansiosa.— Como teve a coragem de contar a ele? —■ Annette se sentia sufocada com a traição da irmã.Um par de olhos azuis cheios de calor a fitou. —- Eu sinto muito, mas não sabia mais o que fazer — respondeu Marsha num sussurro.— Marsha, pegue a bolsa dela — ordenou Josh, agarrando o vestido que estava nas costas da cadeira. — Vista isso, Annette!E ficou em pé entre ela e Craig, uma muralha viva mantendo-os separados, como se isso fosse necessário. Annette conservou a cabeça baixa, para evitar o olhar de seu colérico salvador, ao colocar o vestido e amarrar as alças atrás do pescoço. Na hora de puxar o zíper, ele a virou e afastou os dedos dela.— Se o seu pai não lhe der uma surra por causa dessa proeza idiota,eu o farei! — ameaçou Josh ao puxar brutalmente o zíper.Ela se virou, assustada, o olhar procurando o dele.— Vai contar a papai?— Pode estar certa disso, queridinha — respondeu ele, inflexível.—Mas você não pode fazer isso!Aquela brincadeira já tinha lhe custado caro demais para que mais

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uma coisa acontecesse. Se o pai viesse a saber de tudo, ela morreria de humilhação. Como Josh podia ameaçá-la assim? Mas ele não ameaçava, ele afirmava!— Vou contar tudinho a seu pai, mocinha.—. E eu que pensei que você tivesse vindo me salvar de um "destino pior do que a morte"! — Annette sentiu a humilhação transformasse em raiva. — Mas não! Você veio apenas para me entregar a meu pai, para que ele me castigue! Você é desprezível, Joshua Dean!— Você também não é nenhuma maravilha, mas sabe muito bemque vai receber o que merece.Annette virou-se para a irmã, reunindo o resto do orgulho que lhe restava.— Venha, Marsha, Vamos tomar um táxi e voltar ao hotel.Josh aproximou-se, agarrou-a pelo braço e torceU-o atrás de suas costas. Essa Súbita aplicação da força bruta a enfureceu ainda mais.— Você e Marsha vão voltar para o hotel comigo, entendeu? — disse ele.— Você está me machucando!A sensação de impotência levou-a às lágrimas enquanto Josh dava algum dinheiro a Craig.— Tome. Diga a seu amigo da portaria que isto deve pagar a fechadura da porta.Annette foi empurrada para fora do quarto. Começou a se debater e a se contorcer, tentando se libertar de Josh, mas ele continuou em-purrando-a.— Solte-me, Josh Dean! —=- O tom de voz era baixo e trémulo,mas ele não se deu ao trabalho de responder.Atrás deles, Marsha vinha andando apressadamente. Acompanhou-os até o carro dele, que estava no estacionamento. Annette pensou em escapar quando Josh a soltasse. Nãò iria permitir que ele a levasse à presença de seu pai como uma delinquente qualquer. Mas Josh sabia como a mente dela funcionava. Fez sinal para que Maisha se sentasse no banco de trás e, sem soltar o braço de Annette, empurrou-a para dentro do carro, subindo logo atrás dela.No instante em que a soltou, ela procurou a maçaneta da porta.— Está trancada — informou Josh, e girou a chave para dar partida ao motor.

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Annette olhou para ele de maneira penetrante, com lágrimas ardentes nos olhos. Ela nunca suspeitara que aquele homem pudesse ser tão cruel, tão impiedoso.-— Eu não sei o que vi em você! — murmurou ela, com um terrível aperto na garganta.Desviando os olhos da rua e do tráfego, Josh lhe dirigiu um olhar gelado.— Eu não estou vendo nenhuma auréola acima de sua cabeça, menina!— Você não vai me levar até meu pai. Está apenas tentando me amedrontar. — Annette desejava desesperadamente que isso fosse verdade.— Você precisa de algo mais do que um bom susto.Ela virou o rosto para a frente, olhando cegamente através do pára-brisa.— Eu o odeio!— Pode odiar à vontade —-respondeu Josh, com frio desinteresse. — Isso não vai fazer nenhuma diferença.— Eu devo ter estado louca, aó pensar que o amava!— Por que você não cala a boca, Annette?O silêncio no carro tornou-se pesado e opressivo. Sentada no banco de trás, Marsha sentia como se algo fosse explodir.Quando chegaram ao hotel, Josh estacionou o carro e desceu, con-tornando-o para destrancar a outra porta. Assim que Annette saiu, ele a agarrou de novo. Mais uma vez Marsha saiu andando apressadamente atrás deles. Ela não sabia se Josh pretendia cumprir mesmo a ameaça de levar Annette até o pai, mas a dúvida se desfez quando ele se encaminhou para a suite ocupada por Jordan e Kathleen.Em frente à porta, Josh soltou o braço de Annette e enlaçou-a pela cintura, para se assegurar de que eia não ia fugir. Annette ficou em pé, muito tensa, a sua pele ardendo com o contato de Josh. Aquilo lhe lembrava coisas que preferia esquecer para sempre!— Você não tem o direito de fazer isso, Josh!Josh simplesmente a olhou, seus olhos escuros duros como aço. Ele bateu à porta com firmeza, Annette fez um movimento involuntário para evitar essa confrontação direta com o pai, mas a mão que lhe segurava a cintura a apertou.

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— Quem é? — A voz de Jordan ecoou no corredor.— Josh Dean. Estou com sua filha.A porta se abriu, Annette procurou evitar olhar diretamente para o pai. Não queria nem pensar na reação dele ao saber de toda a história.— O que é isso? O que está acontecendo aqui?— Podemos entrar? — pediu Josh, ignorando as perguntas. — Sua filha tem algo a lhe dizer.Concordando de má vontade, Jordan saiu do caminho. Annette resistiu um pouco, mas entrou na sala.— Havia algo que você queria me dizer, não é? — perguntou o pai.— Não! — Ela se sentou numa cadeira e cruzou os braços, dirigindo a Josh um olhar hostil. — Eu não disse isso.— Seu pai tem o direito de saber aonde você foi esta noite, Annette — falou Josh, os olhos semicerrados.— Você saiu? — Jordan arqueou as sobrancelhas, surpreso.Ela se recusava a responder. Como poderia incriminar a si própria? Josh andou até a cadeira dela e se curvou, obrigando-a a enfrentar * seu olhar.— Se você não contar a ele, eu conto.— Não é da conta dele... nem da sua!—- Está bem, já que você quer assim — Josh se levantou e se virou para encarar Jordan. — Annette esteve num motel esta noite, em companhia de um dos garçons daqui do hotel.— O quê? — Jordan precisou de todo controle para não explodir de raiva. — Como é que você sabe disso?— Porque Marsha foi me procurar e me contou aonde Annette tinha ido.Jordan Long se virou para a filha mais nova com um olhar furioso.— Você sabia de tudo, Marsha?Marsha olhou para o pai de maneira hesitante.— Sim, sabia — admitiu. — Annette me contou.— Por que não veio me dizer?— Porque. . . eu tinha medo de que você ficasse zangado e. . . que você e Annette brigassem de novo. Por isso fui até Josh para ver se ele conseguia impedi-la de fazer uma loucura./ Annette sehtiu-se humilhada quando seu pai voltou a encará-la. Não

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conseguia enfrentar a expressão de furioso desprezo que havia noaolhos dele. I— Você tem algumas explicações a dar, Annette. E pode começafl agora mesmo. Quem é esse homem com que você estava? I— O nome dele é Craig — respondeu e se levantou da cadeira, <<1 turbilhão que havia dentro dela assumindo proporções incontroláveis. — Eu não sei por que todo esse estardalhaço! Não aconteceu nada!— Você vai a um quarto de motel com um homem e acha que eu hão devo ficar transtornado? Ora, Annette!— Aquilo que eu faço não é de sua conta! — retrucou Annette e então dirigiu-se a todos. — Ninguém mandou nenhum de vocês se meter na minha vida!Kathleen deu um passo à frente, os olhos castanhos cheios de preocupação.— Por que você fez isso, Annette? Por que foi até lá com o garçom?A suavidade do tom de voz da madrasta fez com que ela se comovesse: era a primeira demonstração de simpatia que recebia.Ela abaixou a cabeça, sentindo remorso, e respondeu:— Pensei que fosse isso que eu queria fazer.— E depois descobriu que não era — adivinhou Kathleen.Annette começou a admitir, até que viu Josh fitando-a com seusolhos escuros inexpressivos. Baixou o olhar.— Josh chegou antes que acontecesse qualquer coisa — explicounervosa, e recusou-se a esclarecer o resto.O traço de teimosia que havia em Annette não permitiria que ela confessasse que tinha mudado de ideia antes de Josh ter chegado. Ele poderia interpretar isso como outra declaração de amor. Queria que ele se sentisse culpado por rejeitá-la .— Graças a Deus!, — murmurou Jordan, e foi interrompido poruma batida na porta. Atravessou a sala para atender.Annette praguejou baixinho. Queria que aquilo tudo terminasse logo. Suas pernas estavam trémulas e ela sentia-se enjoada. Tinha vontade de rastejar para algum canto e morrer. Voltou à cadeira e sentou-se, enquanto o pai abria a porta.—■ Sr. Long? — A voz masculina que ressoou dentro do apartamento fez com que ela levantasse a cabeça. Seu primeiro pensamento foi , de perplexidade. Craig!

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— Sim, sou eu.— Eu sou Craig Fulton. Estive com sua filha esta noite. Bati à porta do quarto dela para saber se tinha chegado bem, mas ninguém respondeu, e fiquei pensando se. . .— Era com você que Annette estava?— Sim, senhor. Ela está aqui? .— Está. — Foi a resposta concisa, carregada de raiva.— Posso entrar? Gostaria de explicar o que aconteceu.— Certamente! — O consentimento era um desafio. Jordan escancarou a porta para que o rapaz entrasse.Annette sentiu um peso por dentro. Não fazia ideia do que Craig tinha para explicar. Todos os fatos estavam contra ela. Compreendeu que ele obviamente desejava se defender, talvez para não perder o emprego. Olhou para Josh, que a observava, intensamente. Desviou o olhar rapidamente, consciente do péssimo conceito que ele tinha dela.— Você está bem, Annette? — perguntou Craig, preocupado como bem-estar dela.Annette encarou-o e percebeu o nervosismo por trás das belas feições. Quaisquer que fossem as falhas de Craig, a falta de coragem não era uma delas. Mas Annette não sabia se ele tinha sido corajoso ou estúpido ao aparecer ali daquele jeito.— Estou muito bem, Craig, obrigada. O que você está fazendo aqui? — Será que ele não compreendia que ela já tinha problemas demais?— Eu queria saber se você tinha chegado bem -— disse o rapaz, e olhou para Josh.— Ia me explicar sobre esta noite, Craig — lembrou Jordan em tom de desafio.— Sim, senhor — confirmou Craig e mudou de posição para ver todos. A atitude dele era muito respeitosa, sua postura era ereta. — Eu sei o que pode parecer. . . Annette e eu sozinho num quarto de motel. . . mas nós só queríamos um lugar sossegado para conversar sobre algumas coisas.— E vocês estavam "conversando" quando eu entrei? — escarneceu Josh. — Era por isso que Annette estava nua e você sem camisa? Acho que vocês estavam apenas procurando ficar à vontade!Annette não precisou olhar: podia sentir os olhos cinzentos do pai

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fixos nela. Sentia-se diminuída, humilhada. Olhou para Josh com raiva e gritou:— Por que você ainda está aqui? Ninguém lhe pediu para ficar, Joshua Dean! Por que não vai embora? Isto não tem nada a ver com você!— Não confunda seus problemas com falta de educação, Annette— ordenou Jordan, e dirigiu um olhar sério para Josh. — O senhor ébem-vindo se quiser ficar, sr. Dean. Para falar a verdade, prefiro quefique.— Obrigado — respondeu Josh.Jordan voltou-se para Craig.— Se não me engano, nós paramos quando vocês dois estavam semi-despidos para a tal "conversa" em particular.Em face de tal evidência, Craig não pôde continuar alegando que tudo tinha sido inocente, e Annette ficou em parte aliviada por isso.— Admito que pensei que poderia ter um caso com Annette —confessou ele. — O senhor tem minha palavra de que, quando o sr.Dean chegou ao motel, Annette já me havia recusado. Eu respeito suafilha, senhor, e gosto muito dela. Foi por isso que vim aqui esta noite.E espero que este fato prove que estou dizendo a verdade. Annetteachou que era errado o que íamos fazer...Houve uma diminuição da tensão no ar, como se Jordan estivesse conseguindo respirar com mais facilidade. Mas isso não durou muito. Annette logo ficou sob a mira do pai.— Isso é verdade?— Sim, é. O que Craig omitiu foi que eu realmente fui ao motel com intenções de ir para a cama com ele — declarou num tom de desafio.— Então, por que mudou de ideia? — perguntou Josh calmamente.—Mudei por mudar, isso é tudo.Craig começou a falar, voltando a ser o centro das atenções.— Quero que o senhor compreenda, sr. Long, que não estou interessado num relacionamento casual com sua filha. Eu gosto muito de Annette.— Quer parar de bancar o nobre, Craig? — Annette se enfureceu.— Daqui a pouco você vai se oferecer como voluntário para fazer ogesto "honrado" de se casar comigo!

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Craig abriu a boca para responder, mas Josh interveio:-*-' Isso não será possível, uma vez que Annette vai se casar comigo.Essa afirmação calma fez Annette pular da cadeira.— O quê? — Estava furiosa com o fato de ele supor que ela aceitaria. Depois de tudo que fizera, humilhando-a diante de sua família!—- Eu não me casaria com você nem que fosse o útimo homem sobrea Terra!Josh não ficou impressionado com aquela furiosa recusa. Seu olhar era de fria indeferença.— No que diz respeito, eu "sou" o último homem sobre a Terra —afirmou ele simplesmente.Durante algum tempo seus olhares se enfrentaram, até que ela desistiu.— Já estou cansada disso! — disse com voz trémula de raiva. —Vou embora daqui!Ta se virando para sair da sala quando Josh agarrou-a pelo braço e a puxou de volta. Contorcendo-se, ela tentou se soltar.— Você não vai a parte alguma, Annette! E não sei se você precisa de um marido ou de um carcereiro!— Eu não preciso é de você!— Já é hora de alguém tirá-la as mãos de seu pai, mocinha! Você já lhe causou tristeza demais. — Seu olhar duro se desviou para outro lado. — Com sua permissão, sr. Long, eu lhe peço a mão de Annette.Virando-se para o pai, Annette notou a transformação de seu rosto. Sua expressão mudou de severa e indignada para feliz e zombeteira. Ela não pôde acreditar. Ele não gostava de Josh!— Tem minha permissão. . . e minha simpatia.— Não! — disse Annette, ofegante. — Você não pode estar falando sério!Mas estava. Jordan sorria, satisfeito. Depois virou-se para Craig.— Creio que sua presença aqui se tornou desnecessária, Craig. —Ele o pegou pelo braço e o conduziu até a porta. — Obrigado porter vindo.Um pouco desnorteado, Craig saiu. A porta continou aberta, e Jordan olhou para a filha mais nova.— Acho que já é hora de dormir, não, Marsha?

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Ela saiu devagar e fechou a porta. lordan abraçou Kathleen, e levou-a para o dormitório.-— Aonde é que vocês vão? — quis saber Annette. — Não podem me deixar aqui com esse monstro!Os olhos cinzentos do pai cintilaram com um sorriso.— Acho que meu futuro genro pode cuidar da situação sem minha ajuda.— Genro?! Eu não vou me casar com ele, papai!— Vai sim — disse Josh, tranquilo. — Eu sei que vai!Essa certeza a enfureceu. Seus olhos negros o fuzilaram.— Não, não vou! — Tentou escapar das mãos de Josh, que já a seguravam com força. — Você está louco se pensa que vou me casar com você! Só porque pensei que o amava.. .— Você me ama. — Josh a interrompeu com uma certeza inabalável.

— Amo nada! Ele sorriu.— Quer que eu prove isso?— Não, eu. . .Os braços dele a envolveram e ele a beijou com ardor. Annette tentou resistir, mas viu que era impossível. Sentia seu corpo amolecer e suas emoções se acenderem. E de repente descobriu que era inútil resistir, e começou a retribuir os beijos dele.Josh insistia numa rendição total. Não se contentou até que ela o abraçou com força e o acariciou com mãos trémulas. Só então se afastou, enquanto ela estremecia.— Diga que me ama. Quero ouvi-la dizer isso de novo.— Eu te amo, Josh. . .— Diga que vai se casar comigo.

—Mas você não quer se casar comigo, Josh. Você nem ao menos me ama!— Oh, amo sim! Eu amo você loucamente!—Mas... — Sua respiração ficou presa na garganta. Ela não conseguia acreditar que ele estava falando sério. . . não depois das coisas que dissera na outra noite. — Você jurou que só queria ter um caso|| Não estou entendendo. . . ||— Bem, eu me enganei. Levei algum tempo para compreender quèj" ' 1

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o caso que eu queria ter com você era permanente, e incluía o casamento. Aliás, você deve agradecer à sua irmã por isso .—Marsha?— Sim, Marsha. Quando ela foi a meu apartamento, esta noite, e me contou que você tinha ido a um motel com Craig, eu percebi que estava apaixonado. A simples ideia de você estar nos braços de outro homem me deixou com um ciúme louco.—Mas. . . você disse que não se casaria com virgens!— Não, não foi isso que eu disse — negou ele com um sorriso. — O que eu disse é que não faço amor com virgens e depois me caso com elas. E isso é verdade, meu amor, porque vou me casar com você antes de qualquer coisa...