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Documento, 19 - IAPAR · CONCLUSÕES . 51 BIBLIOGRAFIA 52 ANEXO 1 54 ... O Estado do Paraná participou, em 1992, com aproximadamente 8% do total da produção brasileira de leite,

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Documento, 19

Laerte Francisco Filippsen¹Tiago Pellini²

1 Médico Veterinário, Doutor, pesquisador da Área de Sanidade Animal,IAPAR, Londrina-PR.

2 Engenheiro Agrônomo, MSc, pesquisador da Área de Socioeconomia,IAPAR, Londrina-PR.

INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁVINCULADO À SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO

Rodovia Celso Garcia Cid, km 375 - Fone: (043) 376-2000 - Fax: (043) 376-2101

Cx. Postal 481 - 86001-970 - LONDRINA-PARANÁ-BRASIL

DIRETORIA EXECUTIVA

Diretor-Presidente: Florindo Dalberto

PRODUÇÃO

Coordenação Gráfica: Gentaro Lauro FukahoriArte-final: Sílvio Cézar BoralliCapa: Tadeu Kiyoshi SakiyamaImpresso na Área de Reproduções GráficasTiragem: 1200 exemplaresTodos os direitos reservados ao Instituto Agronômico do Paraná.É permitida a reprodução parcial, desde que citada a fonte.É proibida a reprodução total desta obra.

Filippsen Laerte FranciscoF483 Cadeia produtiva do leite - prospecção de demandas

tecnológicas do agronegócio paranaense / por Laerte F.Filippsen e Tiago Pellini. Londrina : IAPAR, 1999.

56 p. ilust. (IAPAR. Documento, 19)

1. Leite-Aspectos sócio-econômicos. 2. Cadeiasprodutivas. I. Pellini, Tiago, colab. II. InstitutoAgronômico do Paraná, Londrina, PR. Ml. Título. IV.Série.

CDD 338.1771AGRIS E16 9410

SUMÁRIOPàg.

INTRODUÇÃO 6

METODOLOGIA 10

FLUXOGRAMA DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NO PARANÁ 11

CARACTERIZAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NO PARANÁ 14

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E ESTRUTURA FUNDIÁRIA DA

PRODUÇÃO DE LEITE 14

CUSTO DE PRODUÇÃO E EVOLUÇÃO DO PREÇO DO LEITE E DOS

PRINCIPAIS INSUMOS DA ATIVIDADE LEITEIRA 20

CUSTO DE PRODUÇÃO DE LEITE NO PARANÁ 20

EVOLUÇÃO DO PREÇO DO LEITE E DOS PRINCIPAIS INSUMOS DA

ATIVIDADE LEITEIRA 22

CARACTERIZAÇÃO DO SETOR AGROINDUSTRIAL DO LEITE NO

PARANÁ 24

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E PRODUÇÃO DAS

AGROINDÚSTRIAS 24

COMENTÁRIOS GERAIS SOBRE O AMBIENTE CONCORRENCIAL

DO SETOR LEITEIRO 32

CUSTOS INDUSTRIAIS DE PRODUÇÃO DE LÁCTEOS

NO PARANÁ 34

REGIME TRIBUTÁRIO VIA ICMS (IMPOSTO SQBRE CIRCULAÇÃO

DE MERCADORIAS E SERVIÇOS) DISPENSADO AO LEITE E

DERIVADOS NO PARANÁ 42

DISTRIBUIÇÃO DAS MARGENS DE COMERCIALIZAÇÃO NA CADEIA

PRODUTIVA DO LEITE NO PARANÁ 43

PONTOS CRÍTICOS DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE 45

CENÁRIO TENDENCIAL 47

CENÁRIO NORMATIVO 48

DEMANDAS DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE . 49

CONCLUSÕES . 51

BIBLIOGRAFIA 52

ANEXO 1 54

ANEXO 2 56

APRESENTAÇÃO

As mudanças que estão ocorrendo nos setores econômico etecnológico impõem crescente complexidade ao processo deplanejamento das organizações - públicas e privadas - que atuam nascadeias produtivas do agronegócio. Por essa razão, o Paraná, atravésda Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, empreendeu oEstudo das Cadeias Produtivas do Agronegócio do Paraná, iniciadoem 1995, sob coordenação do Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR.

O Projeto abrangeu o estudo das Cadeias Produtivas dosprincipais produtos agropecuários do Paraná, entre os quais a de leite,com o objetivo principal de gerar uma base de informações parareferenciar as políticas públicas e o planejamento das organizaçõespúblicas e privadas que atuam no agronegócio paranaense, entre elasas do Sistema de Agricultura.

O estabelecimento de estratégias para atender aos interessesdos consumidores requer dos agentes, além de eficiência e qualidade,uma boa coordenação do sistema como um todo, tendo em vista quemuitos aspectos da competitividade do leite são definidos "fora daporteira". O estudo do leite, procurou levantar os pontos críticos,atuais e potenciais, que impedem o atingimento desses objetivos.Também identificou oportunidades e nichos de mercado para osprodutos lácteos.

O estudo foi realizado por técnicos de várias disciplinas einstituições públicas e privadas do Estado do Paraná, utilizando-se demetodologia e estratégia específicas. Em especial participaram ostécnicos da Secretaria de Estado e do Abastecimento - SEAB e daEmpresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural -EMATER-PR e pesquisadores do Instituto Agronômico do Paraná -IAPAR. O estudo enfatizou mais os aspectos relacionados aos sistemasde produção agropecuários.

Ao estudar a cadeia produtiva do leite, foram identificadasdemandas de três níveis: a) demandas de caráter tecnológico, cujasolução já foi desenvolvida em algum centro de pesquisa, mas queainda não chegou ao usuário; b) demandas de caráter tecnológico,cuja solução ainda não foi desenvolvida pela pesquisa e c) demandasde caráter não tecnológico (leis, normas, tributos, crédito,infraestrutura, etc). O texto apresenta um conjunto de açõesarticuladas, que foram identificadas junto de grande parte dos atoresconsultados.

Embora o setor de leite apresente, historicamente, um nível deorganização dos atores acima daqueles verificados em outros produtos,as inovações tecnológicas e as mudanças recentes de mercadoevidenciam a necessidade de se construir uma instância decoordenação dos interesses da cadeia no Paraná. Aspecto para o qualeste estudo oferece uma contribuição significativa, em complemento aoutros trabalhos já efetuados.

ADELAR ANTÔNIO MOTTERCoordenador do Projeto Estudo de Cadeias

Produtivas do Agronegócio do Paraná5

INTRODUÇÃO

A produção mundial de leite, em 1993, segundo oDepartamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), foi de423,2 milhões de toneladas. No mesmo ano, segundo a Organizaçãodas Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Brasil erao sétimo maior produtor mundial e maior produtor de leite naAmérica Latina. Entretanto, a produtividade média brasileiracorrespondia a apenas um terço da produtividade média mundial,respectivamente, 784 litros/vaca/ano e 2.029 litros/vaca/ano(SEAB/DERAL, 1993).

O Estado do Paraná participou, em 1992, comaproximadamente 8% do total da produção brasileira de leite, sendo oquarto3 maior produtor do País, antecedido por Minas Gerais, SãoPaulo e Rio Grande do Sul (gráfico 1). A produtividade dabovinocultura de leite paranaense, em torno de 1.070litros/vaca/ano, embora superior à produtividade média nacional,também pode ser considerada baixa em relação aos padrõesmundiais.

3 O expressivo crescimento da produção de leite em Goiás alterou esta posição nos últimos anos.Segundo o Anuário MILKBIZZ (1997), em 1995/96, Goiás participou com 1 1 % da produçãonacional, aproximando-se muito do segundo maior produtor, São Paulo.

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Nas pequenas propriedades rurais a atividade leiteiradesempenha um importante papel econômico, possibilitando autilização de mão-de-obra familiar excedente e a entrada mensal dereceita. Permite, ainda, que o produtor rural tenha uma reserva devalor de elevada liquidez (rebanho). Essas características amenizamas dificuldades financeiras de pequenos produtores ou, até mesmo,viabilizam a sua permanência no meio rural. Além disso, a produçãode leite contribui na melhoria das condições de vida da própria famíliaservindo como fonte alimentar.

O leite e seus derivados também participam com uma fraçãosubstancial do faturamento do sistema cooperativista. No Paraná, aparticipação das cooperativas na produção comercializada de leitecresceu de 49% em 1980 para 70 % em 1991 (OCEPAR, 1992).

Os produtores, salvo em algumas bacias leiteiras bastantediferenciadas (como nas regiões coloniais holandesa e alemã noCentro-Sul do Paraná), não são especializados. Segundo KREUZ(1988), a exploração leiteira tem, em grande parte dosestabelecimentos, um caráter secundário ou complementar dentro dapropriedade, com baixa produtividade. Tal condição, associada alinhas de transporte extensas, implica em um alto custo unitário doleite produzido.

Os custos de recolhimento do leite da propriedade até aplataforma industrial também são elevados, devido à produçãoespacialmente dispersa e com pequeno volume por unidade deexploração, onerando produtores - que pagam pelo frete - eagroindústrias, que precisam investir em infra-estrutura, como postosde resfriamento, para garantir o fornecimento e a qualidade doproduto.

A importância da produção de leite pode ser expressa pelopeso relativo do produto no valor da produção agropecuária doParaná. Segundo o IAPAR/ASE, com base em dados do IBGE eSEAB/DERAL, em 1992, a produção de leite participou com 6,92% doVBP (Valor Bruto da Produção) agropecuária, em 1993 com 12,54% eem 1994 com 7,26% (exceto o valor da produção de lã, mel, casulosde seda e ovos). Em valores monetários, tal participação significou,respectivamente, R$ 339.560.239,00; R$ 298.805.306,00 e R$331.113.813,00 (segundo IAPAR/ASE, em reais de 1995, utilizandoíndice IGP-DI sobre os valores nominais).

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Quanto ao emprego gerado, pode-se fazer uma aproximação.Em 1993 foram ordenhadas, segundo a Pesquisa Pecuária Municipaldo IBGE, 1.181.849 vacas. Pela determinação de uso de mão-de-obrana atividade leiteira feita no Sistema de Acompanhamento de Custosde Produção de Leite no Paraná (EMATER, 1996), descrito no anexo 1,um equivalente-homem maneja um rebanho de 20 vacas em lactaçãoem sistemas de exploração com baixa e média tecnologia, e de 25 emsistemas mais tecnificados. Pela estratificação realizada no referidotrabalho, 95% dos produtores pertenciam aos sistemas 1 e 2 (baixaespecialização na atividade leiteira). Portanto, considerando que cadaequivalente-homem cuida de 20 animais e que o período médio delactação é de 280 dias, estimar-se-ia em 45.331 o número deequivalentes-homem ocupados na atividade leiteira no Paraná.

Quanto ao perfil do trabalhador na atividade, pode-se destacaros seguintes aspectos: 1) nas pequenas explorações, a atividadeutiliza a mão-de-obra familiar, em geral não remunerada, tendo papelsecundário ou complementar na renda da propriedade; 2) nasexplorações mais especializadas e de maior escala, a mão-de-obra écontratada, e recebe um salário médio superior ao dos trabalhadoresde outras atividades agropecuárias, sendo crescente a prática doempregado ter uma participação na produção (estímulo àprodutividade); 3) a utilização da mão-de-obra na atividade leiteira érelativamente mais estável dentro do ano quando comparada àsatividades agrícolas e mesmo em relação a outras criações.

Segundo relação de estabelecimentos obtida junto à Federaçãodas Indústrias do Estado do Paraná - FIEP, em agosto de 1997, havia198 empresas com atividade no setor lácteo, empregando 4.466trabalhadores. Destas empresas, 9 apresentavam mais de 100empregados. As empresas com menos de 100 funcionáriosempregavam em média 13 pessoas. Segundo NAJBERG & VIEIRA(1996), a Indústria de Laticínios é um dos maiores geradores deemprego, na qual cada emprego direto criado determina 34 empregosindiretos.

A tabela 1 mostra o destino da produção de leite no Paraná.Observa-se que a comercialização com outros países é irrelevantefrente a produção total. No entanto, não houve disponibilidade deinformações dos fluxos interestaduais de leite e lácteos, os quaisacredita-se serem importantes.

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Na tabela 2 é apresentado o consumo aparente de leite percapita anual no Estado do Paraná. Embora superior à médiabrasileira, este consumo ainda está abaixo dos 216 litrosrecomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em resumo, a produção de leite no Paraná é social eeconomicamente importante. Como é típico dos setores que envolvematividades primárias, convivem, na cadeia do leite, segmentostradicionais e modernos. Alguns sistemas de produção são, de formaintensa, influenciados pelos fatores naturais e as tecnologias capazesde alterar esta condição exigem grandes mudanças na base produtiva;

O projeto de prospecção das demandas tecnológicas da cadeiaprodutiva do leite no Paraná tem por objetivos: a) complementar a

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identificação dos problemas relacionados com a atividade leiteiraparanaense, subsidiando os diversos segmentos envolvidos nareferida cadeia produtiva quanto a tomada de decisões; b) avaliar acadeia produtiva sob os aspectos da sua eficiência, sustentabilidade,qualidade e eqüidade; c) construir os possíveis cenários futuros paraa cadeia da atividade leiteira paranaense; d) identificar as principaisdemandas para o setor.

METODOLOGIA

O presente estudo fez parte do projeto "Estudo de CadeiasProdutivas para Prospecção de Demandas Tecnológicas doAgronegócio Paranaense", tendo como base metodológica o manual"Prospecção de Demandas Tecnológicas" (EMBRAPA, 1995). Otrabalho enfatiza a caracterização dos sistemas de produção de leite eagroindústrias que atuam na produção de lácteos no Paraná.

A localização espacial da produção de leite no Paraná e dorebanho leiteiro disponível (número de vacas ordenhadas) foi descrita,segundo as microrregiões homogêneas (MRHs), com base nos dadosda Pesquisa Pecuária Municipal (IBGE, 1993). A produtividade médiaanual por vaca ordenhada, dada pela razão entre a produção total deleite e o número de vacas ordenhadas, foi tomada como indicador deespecialização ou não das MRHs na atividade leiteira.

Para a caracterização dos produtores de leite e determinaçãode tendências na atividade são analisadas, segundo os estratos deárea total, com base nos dados dos Censos Agropecuários de 1970,1980 e 1985, as seguintes variáveis: ocorrência da atividade,produção total, produção comercializada e produtividade por vacaordenhada.

Para análise dos custos dos sistemas de produção de leiteadotou-se a planilha estadual (EMATER, 1996). As tendênciasrecentes dos preços dos principais insumos utilizados para produçãodo leite in natura foram obtidos de PELLINI (1995), assim como asmargens de comercialização de produtos lácteos selecionados. Oscustos industriais dos principais derivados do leite foram levantadospela Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (OCEPAR) apartir de informações das agroindústrias cooperativas.

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Os dados de custo industrial de lácteos foram obtidos atravésda OCEPAR, em consulta a seus associados, tendo alcançado granderepresentatividade em relação ao leite comercializado sob inspeção(cerca de 45% do volume estadual). O levantamento compreendeu operíodo de agosto a outubro de 1997.

A identificação dos pontos críticos e as tendências para aatividade leiteira paranaense, apresentadas neste trabalho, foramobtidas, principalmente, a partir de informações secundárias, taiscomo os planos de ação dos Núcleos Regionais da SEAB de 1995.

As demandas observadas foram classificadas em demandastecnológicas e não tecnológicas, segundo critérios propostos pelo SEP- Sistema EMBRAPA de Planejamento (GOEDERT et al., 1994). Asdemandas tecnológicas podem ser do tipo 1 e 2; a demandatecnológica tipo 1 (D1) é aquela cuja solução já se encontra disponívelnas instituições de pesquisa, exigindo atividades complementares de.adaptação, desenvolvimento e extensão, enquanto a demandatecnológica tipo 2 (D2), cuja solução não se encontra disponível, exigeatividades de geração propriamente dita. As demandas nãotecnológicas, ou de tipo 3 (D3), são aquelas cuja solução é dificultadapor problemas de conjuntura e/ou estrutura do setor produtivo(preços defasados, deficiências na infra-estrutura, políticas públicasetc).

As características do estudo, a utilização de dados secundários(quantitativos e qualitativos) e a constituição interinstitucional daequipe, para caracterizar e descrever o fluxo da cadeia produtiva doleite no Paraná, determinaram a formatação final do presentetrabalho.

FLUXOGRAMA DA CADEIA PRPDUTIVA DO LEITENO PARANÁ

Uma representação dos principais fluxos de bens e serviços dacadeia produtiva do leite entre os agentes diretamente envolvidos(segmentos da cadeia), bem como o ambiente institucional eorganizacional, é apresentada na figura 1.

As relações entre os segmentos Sistemas de Produção eAgroindústrias são pormenorizadas na figura 2, expressando ligaçõespredominantes dos produtores especializados com cooperativas,grandes laticínios ou miniusinas, e dos produtores não-especializadosna venda direta, pequenos laticínios e cooperativas.

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CARACTERIZAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA DOLEITE NO PARANÁ

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E ESTRUTURA FUNDIÁRIADA PRODUÇÃO DE LEITE

A produção de leite, o número de vacas ordenhadas e aprodutividade por vaca ordenhada das 40 microrregiões homogêneasdo Paraná, em 1993, são apresentadas na tabela 3.

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Destacavam-se na atividade leiteira as MRHs de Toledo,Francisco Beltrão, Pato Branco e Cascavel (localizadas no Oeste doEstado), Ponta Grossa (Centro-Sul), e Paranavaí, Umuarama, Astorgae Ivaiporã (Norte do Estado), participando juntas comaproximadamente 59% do volume estadual e 54% do total de vacasordenhadas.

As mais altas produtividades foram verificadas em MRHs doCentro-Sul e Sudoeste do Paraná, ou seja, nas microrregiõeshomogêneas de Ponta Grossa, Jaguariaíva e Pato Branco.

A tabela 4 apresenta os principais municípios produtores deleite in natura no Paraná, em 1993, com destaque para o município deCastro.

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A produção paranaense ocorre, predominantemente, naspequenas propriedades: em 1985, 55% do leite produzido no Paranáteve origem em estabelecimentos com menos de 50 hectares; seconsiderados os menores de 200 hectares tal valor subia a 84%(IBGE, 1985). Entretanto, os estabelecimentos pertencentes aosestratos de área de 20 a menos de 50 hectares têm a maiorparticipação na produção de leite, com aproximadamente um quarto(25%) do volume total (tabela 5). Em volume comercializado (vendade leite), no entanto, são aqueles com área de 100 a menos de 500hectares que respondem pela maior parcela.

Embora exista um grande número de produtores de leite amaioria não está integrada a uma cadeia (produtores não-comerciais),como observado pela diferença entre os números de informantes daatividade leite e informantes de venda de leite. Apesar da atividadeleiteira destes produtores não ter relevância econômica sob a ópticada cadeia, apresenta uma importância sob o aspecto social e dequalidade de vida da família. Por outro lado, são produtores que têmpotencialidade de integrar-se ao mercado, se estimulados, com poucoinvestimento.

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Os coeficientes de concentração para estabelecimentosmenores do que 10 hectares são menores do que a unidade e os demenor freqüência na atividade leiteira, mostrando que a atividadeleiteira não é preferencialmente praticada por estabelecimentos muitopequenos (KONZEN, 1993).

Os estabelecimentos de área de 50 a menos de 500 hectares(estratos de 50 a menos de 100 e de 100 a menos de 500 ha) são osque possuem coeficientes de concentração mais altos.

KONZEN (1993) refere-se ao fato de menos da metade dosestabelecimentos que se dedicavam à produção de leite (42%,

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A concentração dos produtores de leite em unidades commenos de 50 hectares decorre não da preferência pela atividadeleiteira nas pequenas unidades, mas da concentrada estruturafundiária (KONZEN, 1993). O autor calculou coeficientes deconcentração4 para mensurar a importância da atividade nos estratosde área, que são reportados na tabela 6. Quando o coeficiente é maiordo que a unidade indica que há concentração na atividade.

conforme a tabela 5) venderem o produto, o que indica o carátersecundário da atividade leiteira na maioria dos estabelecimentos. Oautor infere então que tais produtores não adotam técnicas queimplicam em custos monetários, mantendo a exploração leiteira combaixa produtividade e pequena escala. Essas condiçõesdeterminariam que os custos diretos imputados ao produto fossempequenos, mantendo os produtores na atividade.

Conforme a tabela 7, pode-se constatar ainda que a proporçãode estabelecimentos que comercializam leite e a escala dos mesmosaumentam com o tamanho dos estabelecimentos. Ou seja, nosestratos de maior área também é maior a proporção deestabelecimentos que vendem leite, bem como o volume de produçãopor estabelecimento.

A participação do volume comercializado de leite no volumetotal produzido, segundo os Censos Agropecuários, passou de poucomais da metade da produção (52%) em 1975, para 62% em 1980.Entretanto, esta modificação no destino da produção de leite emdireção ao mercado foi ainda mais expressiva no qüinqüênio seguinte,

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alcançando mais de três quartos (77%) da produção total em 1985(IBGE, 1975; IBGE, 1980; IBGE, 1985).

A tendência de aumento da participação do leitecomercializado no volume total produzido está relacionada, pelosdados apresentados anteriormente, ao aumento na escala dasexplorações leiteiras. Como a produção total de leite aumentou,infere-se que a maior participação da fração comercializada refletiunum incremento do volume de leite disponível às indústrias e,portanto, de produtos lácteos aos consumidores.

CUSTO DE PRODUÇÃO E EVOLUÇÃO DO PREÇO DO LEITEE DOS PRINCIPAIS INSUMOS DA ATIVIDADE LEITEIRA

CUSTO DE PRODUÇÃO DE LEITE NO PARANÁ

Os custos de produção de leite no Paraná, com base emEMATER (1996), são apresentados na tabela 8. A descrição dossistemas de produção consta no anexo 1.

Observa-se que os sistemas mais intensivos e de maior escalaapresentam os menores custos totais de produção. Comparando-seestes custos com o preço médio recebido pelos produtores (R$ 0,23por litro) verifica-se que apenas o sistema de produção altamentetecnificado (vacas em confinamento) apresenta custo total deprodução inferior ao preço médio recebido. Os demais sistemasapresentam margens líquidas negativas. Deve ser ressaltado queexistem substanciais diferenças regionais de preço do leite no Paraná,variando de R$ 0,14 a R$ 0,30 por litro no período de 1995 a 1997.Considerando apenas os custos variáveis, os quatro sistemasapresentaram margens brutas positivas, apresentando aumentosignificativo quando deduzidas deste custo as receitas com a venda deanimais. O menor custo total unitário de produção dos sistemas maistecnificados é explicado pela redução do custo fixo unitário do leite.

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EVOLUÇÃO DO PREÇO DO LEITE E DOS PRINCIPAIS INSUMOSDA ATIVIDADE LEITEIRA

As taxas geométricas mensais de crescimento dos preços reaisdo leite e dos insumos no Paraná5 de 1987 a 1992 são apresentadasna tabela 9. Os preços pagos pelos agricultores no Paraná pelosinsumos relacionados à atividade leiteira tiveram uma tendência geralde queda no período, pois predominaram taxas geométricas decrescimento negativas. Somente os itens relacionados à sanidade{medicamentos, vacinas e carrapaticida), trator e semente de milhotiveram taxas geométricas de crescimento positivas (ou seja, seuspreços tenderam a subir).

Os preços dos principais insumos, isto é, aqueles relacionadosa itens de custo com elevada participação no custo total de produçãodo leite, tiveram tendência de queda. Neste contexto estão os itens dealimentação, mão-de-obra, pastagens e silagem (exceto semente demilho híbrido), transporte do produto, máquinas e equipamentos(exceto trator).

Mais importante, por terem participação significativa no custo,total, conforme as planilhas estudadas, foram as reduções nos preçosdas sementes para pastagens (azevém, aveia e brachiária), adubos ecorretivos, farelo de trigo, ração balanceada, sais minerais etransporte do produto.

No entanto, o preço médio recebido pelos produtores por litrode leite também teve uma tendência de redução, expressa pela taxageométrica de crescimento mensal de -0,8413, ou seja, apresentandomaior queda no preço do que grande parte dos insumos.

5 Os preços médios mensais pagos e recebidos pelos produtores do Paraná, utilizados para cálculodessas taxas, foram fornecidos pelo Departamento de Economia Rural da Secretaria Estadual deAgricultura e Abastecimento (SEAB/DERAL), compreendendo o período de janeiro de 1987 adezembro de 1992.

CARACTERIZAÇÃO DO SETOR AGROINDUSTRIAL DO LEITENO PARANÁ

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E PRODUÇÃO DASAGROINDÚSTRIAS

A distribuição espacial das agroindústrias no Paraná em 1992é apresentada na tabela 10. Dentre as 94 unidades industriais delácteos no Estado6, 68 encontravam-se na região Norte (anexo 2), comcapacidade instalada de 2,4 milhões de litros de leite/dia; 13 estavamna região Sul, com capacidade de processamento de 1,1 milhão delitros de leite/dia e 13 estabelecimentos encontravam-se na regiãoOeste, tendo capacidade de 630 mil litros/dia (SEAB/DERAL, 1993).

O setor agroindustrial paranaense de lácteos caracteriza-se: 1)pela predominância de indústrias de laticínios na região norte, 60%delas particulares e principais processadoras do leite emsubprodutos7 (71% dos laticínios); no entanto, são as usinas debeneficiamento das cooperativas, nesta região e no Estado, querecebem o maior volume de leite cru; 2) concentração de grandesplantas industriais de lácteos no Sul, pertencentes às cooperativas.

6 Estabelecimento com inspeção federal (SIF) ou estadual (SIP);7 Segundo o SERPA/MA, as indústrias de laticínios são de duas categorias: usinas de bene-

ficiamento, que processam simultaneamente o leite recebido em leite fluido para consumo(pasteurteado, esterilizado), e fábricas de laticínios, que transformam todo o leite em derivados.

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Ainda observa-se, com base nas informações da tabela 10, queexiste elevada capacidade ociosa das unidades industriais de leiteparanaenses o ano todo, mas a mesma é mais pronunciada no períodode entressafra (de abril a agosto). Tal ociosidade nas agroindústriaspode ser considerada aceitável, segundo SEAB/DERAL (1993), tendoem vista a sazonalidade da produção e a elevada perecibilidade doleite.

A destinação agroindustrial do leite in natura no Estado doParaná, no ano de 1992, é apresentada na tabela 11. Cerca de 60% doleite recebido pelas agroindústrias foi destinado à pasteurização paraconsumo na forma fluida, 10% para a produção de leite em pó, 20%para fabricação de queijo, 1,6% para manteiga e 8,4% para outrosderivados. As agroindústrias cooperativas processam a maior parte(88%) do leite pasteurizado.

Segundo SEAB/DERAL (1993), os queijos mais fabricadosforam os tipos prato, mussarela e petit suisse, com mais de 80% dovolume industrializado. O queijo tipo prato é o mais consumido, comcerca de 80% do mercado. A mesma fonte considerava ainda que osqueijos coloniais ou caseiros detinham uma participação de 15% domercado estadual.

A tabela 12 apresenta o recebimento de leite in natura e acomercialização de produtos lácteos pelas agroindústrias cooperativasparanaenses. A participação das cooperativas no recebimento do leitecomercializado sob inspeção foi, no período de l990 a 1994, deaproximadamente dois terços do total. A maior parte do leite recebidopor estas agroindústrias cooperativas foi destinado para a produção

de leite pasteurizado (tipos B e C) e de queijos, sendo observadoexpressivo crescimento na fabricação do leite UHT (longa vida).

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As tabelas 13 a 15 apresentam os fluxos externos decomercialização dos lácteos no Paraná. Como não há informaçãosobre os fluxos interestaduais de leite e produtos derivados, o Paranáaparece como um importador líquido de lácteos, segundo os dados databela 13. No entanto, se computados os volumes enviados paraoutras Unidades da Federação, especialmente São Paulo, supõe-seque as exportações superariam as importações.

A tabela 14 apresenta as exportações paranaenses de produtoslácteos. O principal lácteo exportado para outros países, no períodode 1992 a 1996, foi o doce de leite.

Na tabela 15 observa-se a predominância do produto soro deleite nas importações paranaenses.

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COMENTÁRIOS GERAIS SOBRE O AMBIENTE CONCORRENCIALDO SETOR LEITEIRO

A agroindústria leiteira no Brasil vem passando por umarápida reestruturação, com concentração econômica (CIESU, 1994).Um exemplo é a entrada, pela primeira vez, de uma empresamultinacional no mercado de leite fluido, através da tecnologia dolonga vida (UHT), modificando as regras de convivência entre asgrandes empresas. Houve ainda um crescimento extraordinário dovolume diário produzido de leite longa vida, que passou de uma média

e 250 mil litros em 1992 para mais de 1,5 milhão de litros em 1993,com expectativa de chegar a 2,5 milhões de litros de leite longa vidaem 1994. A competição das empresas laticinistas se dá sobretudo nosnichos de mercado relativos a produtos de alto valor agregado; noentanto, é perceptível uma mudança no comportamento dasempresas, que promovem a competição no mercado de leitepasteurizado, anteriormente bastante regionalizado, com a entrada deleite longa vida. Segundo a Associação Brasileira de Produtores deLeite Longa Vida (PRODUÇÃO, 1996), a participação do longa vida nomercado de leite fluido passou de 25% em 1995 para 38% em 1996,com a expectativa de aumentar para 48% em 1997.

Além da competição das grandes empresas entre si, o intensoaumento do número de miniusinas (que pasteurizam pequenosvolumes de leite), no início da década de 90, também indicamudanças no lado da oferta de leite. As miniusinas são instaladas porum produtor ou associações de produtores, que procuram, através davenda do produto diretamente ao varejo ou ao consumidor, obter asmargens de comercialização dos agentes tradicionais.

A operação dessas pequenas unidades processadoras passou aser possível com a alteração das normas higiênico-sanitárias. A LeiFederal nº 7889/89, de 23 de novembro de 1989 transferiu aosestados e municípios a inspeção e fiscalização sanitária e industrialde produtos de origem animal8 . A proposta de venda direta do leitetem como pressuposto, além das expectativas dos produtoresaumentarem sua apropriação sobre o preço final do leite, segundoGORENSTEIN (1992), a não dependência em relação aos laticínios.

8 Sendo de jurisdição municipal quando o comércio se realiza no âmbito do próprio município ou

jurisdição estadual se for comércio entre municípios do Estado.

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Mas o autor ressalta que, para a viabilização das miniusinas, requer-se equipamentos de pasteurização para processar pequenos volumesde produção que satisfaçam as exigências sanitárias e deeconomicidade e, também, a implantação ou melhoria do serviço deinspeção local e regional. Com esta alteração institucional, á escaladeixou de ser uma restrição aos iniciantes na agroindustrialização doleite.

No caso do Paraná foi estruturado, pela Secretaria de Estadode Agricultura e Abastecimento (SEAB), um serviço estadual deinspeção de produtos vegetais e animais em 1991, o Serviço deInspeção do Paraná (SIP). Em aproximadamente três anos de atuação(até agosto de 1994), o SIP registrou a instalação de 33 pequenos emédios estabelecimentos (miniusinas) que pasteurizam leite(CONTRA, 1994). Segundo a visão das cooperativas de leite e grandesempresas de laticínios, esses pequenos empreendimentos não seriammotivo de preocupação quanto à disputa do mercado, por não secaracterizarem efetivamente como concorrentes. No entanto,concordam que haverá uma evasão de fornecedores com o aumentodas miniusinas. Para as cooperativas, esses estabelecimentos podemtrazer vantagens ao produtor de leite apenas em termos de preços,mas não oferecem os benefícios do cooperativismo; e, ainda, talempreendimento só é viável enquanto opera com capacidade limitada,pois à medida que começa a crescer passa a enfrentar as mesmasdificuldades com as quais se defrontam os grandes laticínios.

A preocupação das cooperativas de leite com o mercado, aliás,tem resultado em ações para melhorar a eficiência do sistema. Apesarde ocorrer a integração de cooperativas leiteiras em centrais ainda nadécada de 70, não se efetivou uma prática integrada de trabalho entreas mesmas. Recentemente, cooperativas de leite do Norte do Paranáiniciaram a integração da etapa de comercialização dos seus produtos,visando reduzir os custos operacionais internos de cada empresa;segundo as análises técnicas precedentes, a comercialização conjuntareduziria em torno de 20% os referidos custos. A primeira fase deveráser a integração na distribuição do leite. Posteriormente, passaria aocorrer a reorganização do processamento, determinando aespecialização das empresas na fabricação de um número restrito deprodutos (COMERCIALIZAÇÃO, 1994).

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CUSTOS INDUSTRIAIS DE PRODUÇÃO DE LÁCTEOS NO PARANÁ

Os custos de produção dos principais produtos lácteos sãoanalisados a seguir com o objetivo de comparar o desempenho dediferentes agroindústrias e determinar a importância relativa dositens que os compõem. As agroindústrias que forneceram os seusdados não foram nominadas, resguardando a fonte e permitindomaior desprendimento para os comentários. A tabela 16 apresentaum resumo dos custos fornecidos.

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Observa-se, na tabela 16, importantes variações nos custos deprodução. Estas devem ser consideradas com reserva, pois parte dasvariações podem ser atribuídas à metodologia não padronizada paralevantamento dos custos, sendo estes relacionados ao sistemacontábil que cada empresa utiliza. Por exemplo, no caso da manteigaa grande dispersão dos dados pode ser explicada por diferentesformas de apropriação do custo, relacionadas com a remuneração damatéria-prima (gordura). No entanto, supõe-se que uma substancialparte advém de diferenças de tecnologia, gerenciamento e escala dasempresas. Portanto, num contexto competitivo, analogamente àsituação dos produtores de leite, haveria uma parte dasagroindústrias mais sensível à concorrência de outras regiões oupaíses.

A composição dos custos industriais, segundo itens principais,pode ser analisada com maiores detalhes nas tabelas 17 a 21.

Na tabela 17 observa-se que a matéria-prima (leite in natura) éo item de maior participação (mais de 80%) no custo do leitepasteurizado, sendo pequena a participação de outros itens (menosde 10%).

No caso do leite longa vida (tabela 18) a importância damatéria-prima cai na composição dos custos, com incremento doscustos de embalagem, que passam a ter uma participação maior doque 30% .

Para os queijos de maior produção, tipos mussarela e prato(tabela 19), a participação da matéria-prima é bastante elevada nocusto total. Tal participação cai, no entanto, na fabricação de queijosmais elaborados, como parmesão e provolone (tabela 20).

Na fabricação de iogurte a embalagem e os materiaissecundários totalizam participação maior do que a do leite comomatéria-prima (tabela 21). O leite em pó integral, assim como outrosprodutos não diferenciados, tem no leite in natura o item de maiorparticipação no custo total.

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REGIME TRIBUTÁRIO VIA ICMS (IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃODE MERCADORIAS E SERVIÇOS) DISPENSADO AO LEITE EDERIVADOS NO PARANÁ

As informações sobre o regime tributário vigente, relativo aoICMS sobre o leite e seus derivados, são apresentadas a seguir,segundo o produto ou grupos de produtos, a partir de informaçõesfornecidas pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná - FIEP.

a) Leite in natura: as operações internas (entre municípios doParaná) são realizadas com diferimento9 do pagamento de ICMS,não havendo recolhimento deste imposto nestas operações. Já asoperações interestaduais têm tributação normal, que varia entre7% e 12% (quando o destinatário localizar-se nas regiões Norte,Nordeste e Centro-Oeste, ou no Estado do Espírito Santo é de 7% epara as regiões Sul e Sudeste, exceto Espírito Santo, é de 12%).

b) Leite pasteurizado: as operações internas são realizadas comdiferimento do pagamento de ICMS até a ponta do varejo (padarias,mercearias, supermercados etc). Na prática, o diferimento dopagamento na comercialização de varejo e a dispensa depagamento do ICMS sobre o diferimento outorgado às operaçõesanteriores tornam-se uma isenção de recolhimento de ICMS sobreeste produto.

c) Leite longa vida: as operações internas enquadram-se na alíquotade produto da cesta básica10, que é de 7%. Nas operaçõesinterestaduais a tributação varia entre 7% e 12%, dependendo doEstado ou região de destino (vide leite in natura).

d) Manteiga, queijo prato, queijo mussarela e leite pasteurizadoenriquecido: igualmente são enquadrados como produtos da cestabásica no Paraná tendo alíquota de 7%.

e) Outros derivados do leite: as operações internas estão submetidasà alíquota de 17%.

9 O diferimento consiste na não-obrigatoriedade do recolhimento do imposto pelo produtor rural nãoequiparado a pessoa jurídica nas operações internas ao Estado, sendo este recolhimento deslocadopara as fases Qpsteriores do processo de produção e circulação.

1 0 Em 1991, os Estados de São Paulo e Paraná, antecipando-se à decisão tomada pelo ConselhoNacional de Política Fazendária (CONFAZ) no ano seguinte, reduziram a base de cálculo dosprodutos da cesta básica e insumos agrícolas para 7%, a mesma cobrada nas operaçõesinterestaduais com as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste (PETTI, 1997).

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DISTRIBUIÇÃO DAS MARGENS DE COMERCIALIZAÇÃO NACADEIA PRODUTIVA DO LEITE NO PARANÁ

A tabela 22 apresenta, para os anos de 1994 e 1995, os preçospraticados em três níveis de mercado (produtor, atacado e varejo),para alguns derivados de leite e as respectivas margens decomercialização calculadas. A margem de comercialização do produtorfoi maior para o leite C, quando comparada com a dos queijos. Novarejo esta margem é mais elevada para os produtos mais elaborados(queijos). Todavia, deve ser observado que tais produtos têmincidência de ICMS, com taxa de 7%, enquanto o leite pasteurizado éisento.

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PONTOS CRÍTICOS DA CADEIA PRODUTIVA DOLEITE

Os principais pontos críticos relacionados com os baixosíndices técnicos e econômicos da cadeia produtiva do leite,evidenciados neste estudo, são descritos a seguir.

Sazonalidade da produção: refere-se à queda da produção deleite no período de outono/inverno, devido à escassez de alimentopara o rebanho. Tal fato ocasiona redução na renda do produtor ediminuição do volume de matéria-prima entregue às agroindústrias,aumentando a sua capacidade ociosa.

Aptidão zootécnica do rebanho: o rebanho bovino, por ser,em grande parte, não especializado na produção de leite e nãoadaptado ao meio, apresenta uma baixa produtividade.

Melhoramento genético: o baixo mérito genético do rebanhorestringe a produtividade.

Manejo reprodutivo: a concentração de nascimentos noperíodo de safra, ou imediatamente anterior, aumenta a produção deleite nas épocas em que o preço do produto é mais baixo. Além disso,a idade tardia, das novilhas no 1º parto e intervalos muito longosentre os partos reduzem o desfrute.

Sanidade do rebanho: o manejo sanitário inadequado e aocorrência de doenças podem ocasionar redução na produção, riscosà saúde pública e restrição de comercialização.

Alimentação: a alimentação inadequada dos animais, tantoem quantidade quanto em qualidade, acarreta queda na produção,problemas reprodutivos e predisposição a enfermidades.

Pastagens e forrageiras: as pastagens são manejadasinadequadamente, comprometendo o seu aproveitamento ideal, alémde promover a sua degradação. As pastagens nativas caracterizam-sepor apresentar um baixo valor forrageiro.

Qualidade do leite: a baixa qualidade do leite pode implicar naredução do preço pago pela matéria-prima. Adulteração, acidez oupresença de resíduos no leite determinam a sua rejeição oucondenação pela agroindústria. Além disto, a presença demicroorganismos patogênicos ou de substancias químicas no leitepodem causar problemas ao processamento industrial e à saúde dapopulação.

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Rentabilidade da atividade leiteira: os custos de produção doleite não são cobertos, de modo geral, pelo preço recebido peloprodutor. Isto tem determinado uma baixa rentabilidade, ou mesmoprejuízo, desestimulando os investimentos na atividade. Aquelaspropriedades com maior dependência de insumos externos são maisvulneráveis às elevações dos custos de produção.

Transporte do leite: a grande dispersão da produçãodetermina linhas de recolhimento extensas e, portanto, elevadoscustos no frete. Estas linhas extensas, bem como a má conservaçãodas estradas, interferem negativamente na qualidade da matéria-prima.

Qualificação da mão-de-obra: a falta de treinamento ouconhecimento técnico da mão-de-obra implica em baixa qualidade nomanejo da ordenha e do rebanho, influenciando também naprodutividade do trabalho.

Organização dos produtores: muitos produtoresdesorganizados relacionam-se com poucas empresas de grande porte,caracterizando um desequilíbrio nas relações de mercado. Apesar dealgumas ações reivindicatórias há necessidade, ainda, de umaarticulação mais ampla dos produtores para influenciar nas políticassetoriais.

Assistência técnica: o reduzido número de técnicos das redespública e associativa não consegue atender a demanda dosprodutores. Além disto, há dificuldades de atualização e reciclagemdestes profissionais.

Comercialização: em algumas regiões constata-se a falta delinhas de recolhimento por parte das cooperativas. A produção dossafristas interfere no mercado do leite deslocando a curva de oferta ereduzindo o preço médio pago, prejudicando os produtoresespecializados. Da mesma forma concorrem as importaçõessubsidiadas de leite em pó. Os pequenos laticínios enfrentam maioresdificuldades para comercializar seus produtos quando comparados àsgrandes empresas. O processamento de leite em um grande númerode pequenos estabelecimentos dificulta o acompanhamento pelosórgãos de inspeção. A venda ao consumidor deleite cru ou produtosartesanais sem pasteurização determina riscos à saúde pública.

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Administração e gerenciamento: o produtor de leitepermanece utilizando instrumentos gerenciais e administrativosprecários, vistos sob a óptica da competitividade atual do mercado.

Crédito: a falta de linhas de crédito diferenciadas, a juros maisbaixos ou equivalência-produto, não estimula o produtor a investirna especialização da atividade.

Consumidor: o aumento do consumo de lácteos é restringidopelo baixo poder aquisitivo da população, ou seja, um aumento realde renda determinaria um incremento nas vendas de derivados doleite (produtos de alta elasticidade-renda). O consumidor tem se

ado ainda pouco exigente quanto à qualidade dos produtoscomercializados, embora mudanças comportamentais em relação aeste fato estejam ocorrendo de forma intensa.

Agroindústrias: predominam as plantas industriaisultrapassadas e com elevada capacidade ociosa de produção. Verifica-se a sobreposição da área de abrangência das empresas, concorrendopor matéria-prima e mercado consumidor restritos. A matéria-prima(leite in natura) tem elevada participação no custo final dos produtos.

CENÁRIO TENDENCIAL

As principais tendências observadas no estudo da cadeiaprodutiva do leite no Paraná foram as seguintes:

a) decréscimo dos preços recebidos pelo leite;b) aumento da escala de produção por estabelecimento, tanto pelo

aumento do número de vacas ordenhadas, como pelo incrementoda produção anual por vaca;

c) aumento do número de miniusinas e pequenos laticínios, os quaisdeverão ter maior diversificação e profissionalização da produção,inserindo-se em nichos específicos de mercado;

d) concentração de agroindústrias, com intensificação da concorrênciade grandes empresas de capital aberto, inclusive multinacionais,com as cooperativas de leite, tanto pela compra de matéria-primaquanto pelo mercado de lácteos;

e) aumento da concorrência no mercado doméstico, com o Mercosul ea globalização da economia;

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f) concentração das vendas de produtos lácteos, no varejo, emgrandes redes (supermercados);

g) aumento da exigência, por parte do consumidor, quanto aosaspectos de qualidade dos produtos, conveniência e saúde , apreços competitivos.

CENÁRIO NORMATIVO

Com base n a s tendências observadas na cadeia produtiva doleite no Paraná, o cenário normativo, pa ra minimizar os impactosnegativos ou potencializar o setor, deveria:

a) est imular ações que visem a profissionalização do produtor, nosaspectos técnicos e gerenciais da atividade leiteira;

b) promover o aumento da qualidade dos produtos em toda a cadeiaprodutiva;

c) incentivar, permanentemente , a pesquisa e a difusão de novastecnologias;

d) fomentar investimentos conjuntos dos produtores na aquisição deequipamentos, tais como resfriadores, ensiladeiras, enfardadeiras,etc.

e) racionalizar a coleta da matéria-prima e a distribuição de produtos;f) promover a interação entre os serviços de inspeção e fiscalização de

produtos (federal, es tadual e municipal), padronizando normashigiênico-sanitárias e adequando as mesmas às exigências demercado.

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DEMANDAS DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE

A partir dos pontos críticos e cenários relacionados nesteestudo foram definidas as principais demandas para a solução dosproblemas relacionados à cadeia produtiva do leite no Paraná. Asdemandas definidas neste estudo foram as seguintes:

Demandas não tecnológicas (D3)

- Estimular a produção de leite através do pagamento diferenciado porqualidade, volume e produção na entressafra.

- Incentivar a utilização de resfriadores para a melhoria da qualidadeda matéria-prima e permitir o transporte a granel.

- Incentivar a organização dos produtores e as propostas associativasque busquem a viabilização da pequena produção, tais comocondomínios para recolhimento de leite com resfriadorescomunitários.

- Ampliar a manutenção e melhoria das estradas utilizadas nas linhasde recolhimento de leite.

- Oferecer linhas de crédito diferenciadas para produtores.- Incentivar a integração entre empresas agroindustriais para reduzir

custos de recolhimento da matéria-prima e comercialização dosprodutos lácteos.

- Diversificar a produção, buscando nichos de mercado.- Fomentar linhas de crédito diferenciadas para agroindústrias, para

capital de giro e investimentos.- Conscientizar a população para os riscos do consumo de produtos

não fiscalizados e modernizar o sistema de inspeção e fiscalização.Ampliar os programas sociais do governo que distribuem leite àpopulação.

- Promover campanhas de marketing dos produtos lácteos.- Impedir as práticas desleais de comércio de lácteos oriundos de

outros países.- Incentivar a aquisição de matrizes, reprodutores e os programas de

inseminação artificial para elevação do mérito genético do rebanho.

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Demandas tecnológicas tipo 1 (D1)

- Implantar melhorias no manejo reprodutivo, principalmente noplanejamento da distribuição dos nascimentos de bezerros dentrodo ano.

- Orientar e incentivar os produtores, para substituição ou cruza-mentos, a utilizar raças especializadas na produção de leite emelhor adaptadas às condições regionais.

- Incentivar a adoção de práticas de manejo adequadas para o com-trole das principais doenças infecciosas e parasitárias.

- Treinar e capacitar produtores e técnicos quanto ao manejo sani-tário adequado e higiene da ordenha.

- Incentivar o cultivo de forrageiras de inverno, produção de silageme feno no verão, e uso de concentrado.

- Incentivar e orientar os produtores para a reforma e rotação depastagens e para a diversificação de espécies forrageiras perenes.

- Incentivar uma maior eficiência através da redução dos custos e doaumento da escala de produção.

- Capacitar e reciclar técnicos e produtores na administração e geren-ciamento da atividade leiteira.

Demandas tecnológicas do tipo 2 (D2)

- Avaliar a utilização de alimentos alternativos.- Avaliar técnicas de manejo alimentar.- Buscar alternativas de redução dos custos de produção.- Estudar e avaliar técnicas de manejo e controle das principais do-

enças infecciosas e parasitárias.- Estudar e avaliar técnicas de manejo sanitário e higiene da ordenha.- Avaliar técnicas de manejo reprodutivo.- Avaliar raças e cruzamentos, em relação à sua adaptação e aptidão

para a produção de leite.- Avaliar o cultivo de espécies forrageiras de inverno e perenes.- Estudar e avaliar técnicas de reforma de pastagens.- Desenvolver instrumentos auxiliares à administração e- gerenciamento da atividade leiteira.- Desenvolver processos/produtos que visem a redução dos custos de

embalagem.

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- Buscar técnicas que visem melhorias do rendimento agroindustrial(fermentações, reações enzimáticas, equipamentos etc.)Avaliar técnicas e equipamentos para utilização em pequenasunidades processadoras de leite, considerando aspectos econô-micos e técnicos (principalmente sanitário).

CONCLUSÕES

A partir da caracterização da cadeia do leite, observou-segrande heterogeneidade na base produtiva, com coexistência depecuária de leite tradicional e moderna. Tal condição torna difícilquaisquer análises genéricas para a atividade, apontando para anecessidade de estudos regionalizados no Estado.

Devem ser mencionados aspectos positivos notados naestrutura da cadeia do leite no Paraná. O setor de fornecimento deinsumos e de recepção do produto são bastante consolidados, emespecial sob a coordenação de cooperativas. Além disso, há baciasleiteiras especializadas no leite, com índices produtivos muitoelevados se comparados com as médias do Estado e nacional,potencializando agroindústrias destas regiões.

As demandas tecnológicas relacionadas com os produtores deleite definidas neste estudo, de modo geral, apresentam soluçõesdisponíveis, isto é, podem ser classificadas como Demandas tipo 1.Requer-se então um substancial esforço para as ações de adaptação,desenvolvimento e extensão do "estado da arte" da tecnologia leiteirapara os produtores paranaenses.

Não obstante esta predominância de demandas com soluçõesdisponíveis, detectou-se no estudo que, devido às mudanças que vêmocorrendo na atividade leiteira, relacionadas sobretudo ao aumentoda escala de produção e de especialização das explorações, écrescente o surgimento de demandas que exigem a geração de novosconhecimentos e técnicas, denominadas de Demandas tipo 2.

Os temas que apareceram de forma mais freqüente, e queforam corroborados pela análise, relacionaram-se à alimentação dosanimais, pastagens e aspectos reprodutivos e sanitários.

Quanto às agroindústrias, foi possível observar um enfoquedas demandas em aspectos não tecnológicos, onde destacou-se áreorganização estrutural do segmento. No entanto, identificou-se a

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grande importância da matéria-prima no custo dos produtos em geral,bem como das embalagens em produtos específicos, determinando anecessidade de avanços tecnológicos para alcançar competitividade.

As reivindicações setoriais da cadeia mostraram-se fortalecidasdentro de entidades representativas de seus segmentos e em novosfóruns de representação, conforme indicam as recentes conquistasem relação à política comercial exterior, que defendem a produçãodoméstica contra práticas concorrenciais desleais (aumento dasalíquotas de importação de lácteos do Mercosul).

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ANEXO 1

CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS DEFINIDOS PARA OCÁLCULO DO CUSTO DE PRODUÇÃO DE LEITE NOPARANÁ

Sistema 1 (menos de 2000 l/vaca/ano)

O Sistema 1 é representado por um produtor que entrega emtorno de 36 litros de leite por dia, possuindo 10 vacas em lactação. Orebanho leiteiro é mestiço ou não especializado, com produtividademédia inferior a 1.310 litros/vaca/ano (ou 4,3 litros diários por vaca).A propriedade tem área média de 32 ha (hectares), utilizando 40%com a atividade leiteira (13 ha). O manejo é extensivo, comalimentação baseada em pastagens perenes de verão. As matrizes sãocobertas por monta natural. A ordenha é feita manualmente, emcurral, sem resfriamento de leite e com transporte até a usina emlatões (distância de 40 a 50 km). A atividade utiliza mão-de-obrafamiliar.

Sistema 2 (de 2000 1 a menos de 4000 l/vaca/ano)

O Sistema 2 é representado por um produtor que entregacerca de 176 litros de leite por dia, com 20 vacas em lactação. Orebanho é formado por 50% de animais especializados, comprodutividade de 3.217 l/vaca/ano (10,6 litros diários por vaca). Apropriedade tem área média de 47 ha, utilizando 70% na atividadeleiteira (33 ha). Ò manejo é extensivo, mas além da pastagem pereneé plantada pastagem anual de inverno e tem-se capineira de canae de capim-elefante; é fornecida ração às vacas e, durante 4 mesesno ano, silagem. Para a cobertura utiliza-se a monta (entoure) ouinseminação artificial (50%). A ordenha é feita manual oumecanicamente em estábulo ou curral coberto com piso, sendo oleite resfríado na propriedade e transportado em latões até a usina(distância média de 40 km). A mão-de-obra é familiar, mas tambémcontratada, ou uma combinação de ambas.

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Sistema 3 (de 4000 1 a menos de 6000 l/vaca/ano)

O Sistema 3 é representado por um produtor que entregacerca de 592 litros de leite por dia, com 40 vacas em lactação. Orebanho leiteiro é de animais especializados, com produtividade nafaixa de 5.407 litros/vaca/ano (17.7 litros diários por vaca). Apropriedade tem área de 43 ha, utilizando 80% para atividade leiteira(34 ha). O manejo é semi-intensivo, com pastagem perene,pastagens anual de inverno e verão, ração e silagem o ano inteiro, Acobertura é feita predominantemente por inseminação artificial(70%). A ordenha é mecânica, em estábulo ou sala de ordenha, comresfriamento do leite na propriedade e o transporte até a usina é feitoa granel (distância de 40 km). A mão-de-obra é predominantementecontratada.

Sistema 4 (acima de 6000 1/vaca/ano)

O sistema 4 é representado por um produtor que entrega cerca de1.387 litros de leite por dia, possuindo 70 vacas em lactação. Orebanho é de animais especializados, com produtividade média de7.233 litros de leite/vaca/ano (23,7 litros diários por vaca). Da áreatotal da propriedade de 80 ha, 75% são utilizados para a atividadeleiteira (60 ha). O manejo é intensivo (inclui-se aqui o confinamentoou free stall), cultivando-se pastagens perenes (incluindo alfaia) epastagens anuais de inverno e verão (todas cortadas e recolhidaspara fornecimento no cocho); ração e silagem,são fornecidas o anointeiro. A inseminação artificial é utilizada em 100% dos animais.A ordenha é mecânica, feita em sala de ordenha, com resfriamento deleite na propriedade e transporte a granel até a usina (distância emtorno de 40 km). A mão-de-obra utilizada na atividade é contratada.

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Agradecimentos: os autores agradecem acolaboração dos técnicos Luiz Augusto Pfau, Guilherme OscarRichter, Lorival Uhlig, Flávio Enir Turra, Sérgio Wirbiski e Jorgede Arruda Proença, bem como aos revisores e Áreas Técnicas doIAPAR pela leitura e sugestões ao trabalho.

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