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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E
DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL
CLÁUDIA MARIA FERREIRA HIPÓLITO
Orientador(a)
Prof. MARIA ESTHER DE ARAUJO OLIVEIRA
Rio de Janeiro
Agosto/2008
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2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E
DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL
CLÁUDIA MARIA FERREIRA HIPÓLITO
Trabalho monográfico apresentado como requisito
parcial para obtenção de grau de especialista em
Psicopedagogia.
Rio de Janeiro
Agosto/2008
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pois tudo que tenho,
que sou, e o que vier a ser é fruto de
seu amor por mim. Aos meus pais que
estiveram ao meu lado. A minha irmã
Kátia e as colegas Valda e Mara pela
colaboração e incentivo nas horas
difíceis. E a todos os professores que
me deram base para a realização
deste trabalho.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus filhos,
Ângelo, Daniela, Diogo e Tatiana, por
serem eles a razão de toda minha luta
em busca de um futuro melhor.
Ao meu marido Ivo que se revelou um
companheiro brilhante,me incentivando
e apoiando sempre.
E, em especial a minha filha Daniela,
pelo apoio, colaboração e incentivo
incondicional.
5
RESUMO
A música está presente na vida do ser humano desde muito cedo, ela
propicia ao aluno um aprendizado global, emotivo com o mundo, podendo
auxiliar de forma significativa o aprendizado na escola. O envolvimento com a
expressão corporal, os sentimentos, a efetividade com a sociabilidade
proporciona um desenvolvimento cognitivo, significativo aos educandos,
tornando uma proposta metodológica significativa para ser utilizada pela
psicopedagogia. O psicopedagogo deverá trabalhar os alunos especiais a fim
de facilitar os relacionamentos, contribuindo para ajudar crianças portadoras
de necessidades especiais a expressar em seus sentimentos e emoções.É
necessário que o psicopedagogo se reconheça como sujeito mediador de
cultura dentro do processo educativo e que leve em conta a importância do
aprendizado das artes no desenvolvimento e formação das crianças como
indivíduos produtores e reprodutores da cultura. Dessa forma, os profissionais
da área da psicopedagogia poderão procurar e reconhecer todos os meios que
têm em mãos para criar, à sua maneira, situações de aprendizagem que dêem
condições às crianças de construírem conhecimento sobre a música e
dança.Portanto, a música como um elemento facilitador do processo ensino-
aprendizagem, constitui importante instrumento para o trabalho
psicopedagógico contribuindo significativamente para o bom êxito das
intervenções propostas e desenvolvidas pelo psicopedagogo junto às crianças
com dificuldades de aprendizagem.
Palavras-chave: Educação Especial, Música, Aprendizagem
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada para desenvolver esta pesquisa foi através da
revisão bibliográfica explicativa com pesquisa de obras de diferentes autores
como: Ferreira, J. R; Garcia, R. M. C; Lopez, A. L. L, sobre o tema em estudo.
Com o uso da técnica de entrevista envolvendo seis sujeitos a saber,
quatro alunos apresentando problemas de aprendizagem, dois docentes que
atuam no ensino fundamental.
Foi aplicado um questionário, contendo as seguintes questões:
1º O que a música significa para você?
2º Quais os locais públicos onde se ouve música?
3º Qual o gênero de música, que você gosta? E qual não gosta?
4º Como você gosta de ouvir música?
5º Cite três cantores (as) brasileiros (as) que você gosta.
6º O que você gostaria de aprender nas aulas de música?
Após a análise do questionário fui assistir a uma aula de música na pré-
escola com crianças portadoras de necessidades especiais, percebi que a
música atuava como um bálsamo, as crianças mostravam-se calmas,
interessadas e participativas. O professor alcançou com êxito o objetivo
proposto ao trabalhar a música: Cabeça, Ombro, Joelho e Pé. As crianças
participaram cantando e mostrando as partes do corpo.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - A MÚSICA E O CONTEXTO SOCIAL 13
1.1- CONCEITOS 13
1.2- O CONTEXTO SOCIAL 14
1.3- EDUCAÇÃO MUSICAL 15
1.3.1- CONCEITOS 15
1.3.2- GÊNEROS MUSICAIS 16
CAPÍTULO II – EDUCAÇÃO ESPECIAL 19
2.1- DESCRIÇÃO 19
2.2- EDUCAÇÃO ESPECIAL – COMO LIDAR 20
COM ESSA REALIDADE
2.3- MÚSICA E DEFICIÊNCIA 23 CAPÍTULO 3 – MÚSICA E EDUCAÇÃO 24 3.1- PSICOPEDAGOGIA 24 3.2 – O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO 26 CONCLUSÃO 30 BIBLIOGRAFIA BÁSICA 31
8
INTRODUÇÃO
O objetivo principal geral desta pesquisa é descobrir como a
psicopedagogia pode utilizar a música para promover o aprendizado em
crianças portadoras de necessidades especiais contribuindo para ajuda-las na
forma de expressar seus sentimentos e emoções, despertando as faculdades
criadoras de cada um. Para isso os objetivos específicos consistem em :
• Observar o desenvolvimento da afetividade, socialização e gosto pela
música.
• Proporcionar a pessoa portadora de necessidades educativas especiais
oportunidades para expressar-se através da música.
A música eleva os sentimentos mais profundos do ser humano. As
atividades de música visam estimular a livre expressão e a criatividade do
aluno, utilizando a voz e o corpo como o mais importante instrumento musical.
Ela é uma visita a quem a alma sempre abre a porta. É impossível resistir ao
seu poder de penetrar o coração e o espírito humano, suscitando infinitas
sensações. Além do alimento da alma, a música é um instrumento pedagógico,
e como tal, possui dois papéis principais: promover a educação e o
conhecimento da música e culturas brasileiras.
Capaz de encantar e emocionar as pessoas, a música pode conduzi-las
á reflexão e desperta-las para si mesmas. A música visita-nos e convoca-nos a
experienciar, perceber e descobrir valores e sentimentos, oportunidades e
sermos melhores, pois a vida é para ser vivida, cultivada e exaurida em
plenitude.
Vários estudos tem se preocupado em demonstrar o quanto a musica
está impregnada no seu contexto social. Com isso, o fenômeno musical não
pode ser apenas entendido através de seus elementos musicais, sônicos, mas
também através das características e das condições de quem o produz e de
quem o ouve.
9
A educação musical passou por fases em que o ensino tinha preferência
em certos tipos de manifestações musicais, estando calcado num determinado
repertório sem haver qualquer conversa neste sentido entre professores,
alunos e a instituição escolar.
Estimular a expressão do aluno é de suma importância. Se ele tem
problema de comunicação e fala mal, o importante é que faça com que se
expresse através da música, corporalmente, sonoramente e pelas canções.
Além disso, usando o conteúdo da mesma música, ele também poderá motiva-
lo a criar outras músicas. Estas criações podem ter por tema a sua própria
família, num exercício de afetividade. O desenvolvimento dessas cognições é
muito benéfico para esses alunos.
A psicopedagogia se utiliza da música como forma de compreender as
emoções trabalha-lhas, resgatando no aluno o prazer pela vida e estimulando
as áreas do cérebro da criança.
A psicopedagogia poderá estimular e realizar um trabalho que ajuda a
melhorar a sensibilidade dos alunos, a capacidade de concentração e a
memória, trazendo benefícios ao processo de alfabetização e ao raciocínio
temático. A música estimula áreas do cérebro não desenvolvidas por outras
linguagens, como a escrita e a oral. É preciso pensar na música como
elemento fundamental e vital para o crescimento do aluno, ser social, fazendo
parte de um processo pedagógico voltado para a construção dos significados
musicais por meio de diferentes formas de participação na sala de aula. Alunos
desinteressados, com pouca concentração e baixo comprometimento,
apresentando superficialidade em suas relações com o ensino / aprendizagem,
precisam ser incitados a experimentar formas de apreensão da linguagem oral.
Joly (2003) descreveu suas experiências com música na educação com
crianças portadoras de necessidades especiais e crianças ditas normais. Ela
se questionava sobre diferenças, igualdades, possibilidades, facilidades e
dificuldades. O professor deve conhecer as possibilidades de desenvolvimento
de seus alunos, suas limitações e dificuldades. O que lhe parece mais
importante é o conhecimento gerado através da observação profunda dos
alunos e de uma ação recíproca de afeto e respeito. O professor deve manter
10
uma atitude positiva e animadora diante do aluno incentivando-o a exceder
seus limites e possibilidades. Todo trabalho deve ser conduzido com paciência
e carinho, valorizando a auto-estima de cada aprendiz, estimulando-o a
reconhecer sua contribuição frente ao grupo em que esta incluída. O ambiente
deve ser acolhedor, estável e motivador, mas sem desviar atenção do aluno,
pois a rotina favorece sua segurança. As atividades de relaxamento são de
fundamental importância para construir um ambiente bem sereno e sem
ansiedade, por isso devem-se planejar exercícios no início, final ou entre as
atividades musicais para diminuir as tensões do ambiente.
“As crianças que participam de um coral infantil
e nele recebem boa instrução musical tornam-se
adultos felizes e ajustados em uma proporção
maior que aquelas que não têm tal experiência.”
(Crane, 2002,p.39).
Segundo Birkenshw-Fleming (1993) existem formas, princípios e
observação diferentes que podem ajudar no ensino de crianças especiais. Que
quanto mais conhecimento o professor tem acerca do aluno, maiores é a
adequação de suas propostas e sua segurança para promover o
desenvolvimento dos alunos. Ele achou importante evitar conceitos pré-fixados
sobre crianças portadoras de necessidades especiais sobre o que elas podem
ou não fazer. O professor deve conhecer as possibilidades de
desenvolvimento de seus alunos, suas limitações e dificuldades. O que lhe
parece mais importante é o conhecimento gerado através da observação
profunda dos alunos e de uma ação recíproca de afeto.
Dessa forma, precisamos considerar que cada indivíduo é único e que ,
como tal, deve ser tratado com respeito à sua subjetividade; só assim
estaremos praticando um trabalho psicopedagógico que invoque o sujeito
como centro do trabalho. O que desperta, estimula e desenvolve o gosto pela
atividade musical, além de propiciar a vivência de elementos estruturais dessa
11
linguagem, a criança deve ouvir música, aprender uma canção, brincar de roda
e realizar brinquedos rítmicos.
A nova LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
nº9394/96 vem dar garantia que a escola como espaço de construção e
reconstrução do conhecimento, como lugar de vivências e trocas de
experiências, pode surgir como possibilidade de realizar um ensino de música
que esteja ao alcance de todos.
Para que o ensino de música chegue a ser um veículo de conhecimento
e contribua para uma visão intercultural, atenção especial deve ser dispensada
ao ensino de música ao nível da educação básica, pois é nessa etapa que o
indivíduo estabelece e pode ter assegurada sua relação com o conhecimento,
operando em nível cognitivo, de sensibilidade e de formação da personalidade.
Por meio da atividade musical, se desenvolvida num processo coerente
e dinâmico, as crianças aprendem a conhecer a si próprias, aos outros e à
vida, estabelecendo laços afetivos que lhes serão úteis durante seu processo
de crescimento e amadurecimento. A vivência musical constitui um momento
de prazer, de magia, de sentir, de perceber, de criar, de descobrir.
Na história da educação de pessoas com deficiência mental, pouco se
encontra registrado sobre as formas de participação desses sujeitos na
práticas escolares, nas relações que objetivam o contato com o conhecimento,
a sua apropriação e condição impeditiva dos processos psíquicos
responsáveis pela ação de conhecer tem caracterizado suas práticas pelo
trabalho com/nos limites e impedimentos impostos pela deficiência mental.
Vigora no contexto da educação dessas crianças, jovens e adultos, a idéia da
deficiência mental como condição definitiva de incapacidade do indivíduo
frente às exigências de ordem cognitiva, emocional e social demandados pelo
processo de desenvolvimento.
É na perspectiva histórico-cultural em psicologia, tendo como
fundamento as formulações de Vygotsky e seus seguidores quanto à gênese
social do desenvolvimento humano, que encontramos os elementos para
proceder essa discussão.
12
Ao enfatizar a importância das práticas sociais como constitutivas dos
processos psicológicos estes trabalhos têm como cerne a investigação dos
processos relacionais, das práticas discursivas nas quais os sujeitos com
deficiência mental estão inseridos. Nesse contexto questionamos e refutamos,
entre outras premissas, a impossibilidade de produção de sentidos como
resultante das dificuldades de fala/linguagem enfrentadas por essas pessoas
assim como também a impossibilidade de abstração como característica
intrínseca à pessoa com deficiência mental. A perspectiva histórica cultural nos
permite um deslocamento de deficiência mental, do campo de
desenvolvimento de suas capacidades individuais e internas para o campo das
relações sociais nas quais ele está envolvido.
Esse deslocamento implica e se pauta numa visão prospectiva do
processo de desenvolvimento, a qual, como diz Smolka “muda o foco da
análise psicológica: não é o que o indivíduo é, a priori, que explica seus modos
de se relacionar com os seus modos de ser, de agir, de pensar de relacionar-
se”(2000, p.30). Portanto, na perspectiva histórica cultural (Vygotsky, 1995) o
sujeito internaliza as formações discursivas, dá-lhes um sentido, a partir do
significado construído no âmbito das práticas sociais e culturais.
13
CAPÍTULO I
A MÚSICA E O CONTEXTO SOCIAL
Definir a música não é tarefa fácil, porque apesar de ser intuitivamente
conhecidas por qualquer pessoa, é difícil encontrar um conceito que abarque
todos os significados dessa prática, porém este capítulo tem como objetivo
definir o que a música representa no imaginário do sujeito.
1.1 - Conceitos
Segundo a Academia Brasileira de Música, a música constitui-se
basicamente de uma sucessão de sons e silêncio organizada ao longo do
tempo.
A definição de música é uma tarefa difícil, pois não se encontra um
conceito que englobe todos os significados dessa prática.
Uma vez que é difícil obter um conceito sobre o que é a música, alguns
tendem a defini-la pelo que não é:
• A música não é uma linguagem normal: A música não é capaz de
significar da mesma forma que as línguas comuns. Ela não é um
discurso verbal, nem uma língua, nem uma linguagem, mas sim uma
linguagem peculiar.
• A música não é ruído: O ruído pode ser um componente da música,
assim como também é um componente (essencial) do som. O termo
"ruído" também pode ser compreendido como desordem e a música é
uma organização, uma composição, uma construção.
• A música não é totalizante: Ela não tem o mesmo sentido para todos
que a ouvem. Cada indivíduo usa a sua própria emotividade, sua
imaginação, suas lembranças e suas raízes culturais para dar a ela um
sentido que lhe pareça apropriado. Podemos afirmar que certos
14
aspectos da música têm efeitos semelhantes em populações muito
diferentes (por exemplo, a aceleração do ritmo pode ser interpretada
frequentemente como manifestação de alegria), mas todos os detalhes,
todas as sutilezas de uma obra ou de uma improvisação não são
sempre interpretadas ou sentidas de maneira semelhante por pessoas
de classes sociais ou de culturas diferentes.
• A música não é sua representação gráfica: Uma partitura é um meio
eficiente de representar a maneira esperada da execução de uma
composição, mas ela só se torna música quando executada, ouvida ou
percebida. A partitura pode ter méritos gráficos ou estéticos
independentes da execução, mas não é, por si só, música.
Todavia, a música traduz uma linguagem universal capaz de unir vários
povos e cultura através de movimentos, revifica lembranças e sentimentos
adormecidos.
1. 2 - O Contexto Social
A música é considerada por diversos autores como uma prática cultural
e humana. Atualmente não se conhece nenhuma civilização ou agrupamento
que não possua manifestações musicais próprias. Embora nem sempre seja
feita com esse objetivo, a música pode ser considerada como uma forma de
arte, considerada por muitos como sua principal função. Também pode ter
diversas outras utilidades, tais como a militar, educacional ou terapêutica
(musicoterapia). Além disso, tem presença central em diversas atividades
coletivas, como os rituais religiosos, festas e funerais. (PINTO, 2001)
Há evidências de que a música é conhecida e praticada desde a pré-
história. Provavelmente a observação dos sons da natureza tenha despertado
no homem, através do sentido auditivo, a necessidade ou vontade de uma
atividade que se baseasse na organização de sons. Embora nenhum critério
científico permita estabelecer seu desenvolvimento de forma precisa, a história
15
da música confunde-se, com a própria história do desenvolvimento da
inteligência e da cultura humanas.
As práticas musicais não podem ser dissociadas do contexto cultural.
Cada cultura possui seus próprios tipos de música totalmente diferentes em
seus estilos, abordagens e concepções do que é a música e do papel que ela
deve exercer na sociedade. Entre as diferenças estão: a maior propensão ao
humano ou ao sagrado; a música funcional em oposição à música como arte; a
concepção teatral do Concerto contra a participação festiva da música
folclórica e muitas outras.
Falar da música de um ou outro grupo social, de uma região do globo ou
de uma época, faz referência a um tipo específico de música que pode agrupar
elementos totalmente diferentes (música tradicional, erudita, popular ou
experimental). Esta diversidade estabelece um compromisso entre o músico
(compositor ou intérprete) e o público que deve adaptar sua escuta a uma
cultura que ele descobre ao mesmo tempo em que percebe a obra musical.
Por trás da multiplicidade de definições, se encontra um verdadeiro fato
social, que coloca em jogo tanto os critérios históricos, quanto os geográficos.
A música passa tanto pelos símbolos de sua escritura (notação musical), como
pelos sentidos que são atribuídos a seu valor afetivo ou emocional.
O ouvinte desta música, bem como o da música folclórica ou popular
ocidental participa diretamente da expressão do que ouve, através da dança
ou do canto grupal, enquanto que um ouvinte de um concerto na tradição
erudita assume uma atitude contemplativa que quase impede sua participação
corporal, como se só a sua mente estivesse presente ao concerto.
16
1. 3 - Educação Musical
O fato de que a música faz parte da natureza humana e é produzida
pelo homem, traz em sua manifestação toda complexidade inerente a condição
humana.
1. 3. 1 - Conceitos
Para Grout (2000), educação musical é o conjunto de práticas
destinadas a transmitir à teoria e a prática da música de uma geração a outra.
Inclui:
• Musicalização - métodos destinados a iniciar o estudante na prática
vocal ou instrumental antes mesmo do ensino da teoria musical.
• Prática instrumental - ensino e treinamento de técnicas específicas de
cada instrumento.
• Prática vocal - ensino e treinamento de técnicas vocais. Inclui o canto
coral e o canto orfeônico.
• Teoria musical - ensino da teoria musical, escalas, rítmica, harmonia e
notação musical.
• História da música
• Percepção auditiva - treinamento da percepção melódica (alturas e
intervalos) e rítmica.
• Composição e regência - Curso superior destinado à formação de
compositores e regentes.
A educação musical acontece na escola junto às demais disciplinas, normalmente como parte da educação artística, no Conservatório de música,
escola especializada no ensino de música e artes cênicas e na Universidade.
17
1. 3. 2 – Gêneros Musicais
Assim como existem várias definições para música, existem
muitas divisões e agrupamentos da música em gêneros, estilos e formas.
Dividir a música em gêneros é uma tentativa de classificar cada composição
de acordo com critérios objetivos que não são sempre fáceis de definir.
(MORAES, 2000)
Uma das divisões mais freqüentes separa a música em grandes grupos:
• Música erudita - a música tradicionalmente dita como "culta" e no geral,
mais elaborada. Seus adeptos consideram que é feita para durar muito
tempo e resistir a modas e tendências. Em geral exige uma atitude
contemplativa e uma audição concentrada. Alguns consideram que seja
uma forma de música superior a todas as outras e que seja a real arte
musical. No entanto esse pensamento é tipicamente ocidental, elitista,
obsoleto e não leva em conta a imensa variedade de formas e funções
da música nos mais diversos grupos sociais. Os gêneros eruditos são
divididos, sobretudo de acordo com os períodos em que foram
compostas ou pelas características predominantes.
• Música popular - associada a movimentos culturais populares.
Conseguiu se consolidar apenas após a urbanização e industrialização
da sociedade e se tornou o tipo musical do século XX. Apresenta-se
atualmente como a música do dia-a-dia, tocada em shows e festas,
usadas para dança e socialização. Segue tendências e modismos e
muitas vezes são associadas a valores puramente comerciais, porém,
ao longo do tempo, incorporou diversas tendências vanguardistas e
inclui estilos de grande sofisticação. É um tipo musical frequentemente
associado a elementos extra-musicais, como textos (letra de canção),
padrões de comportamento e ideologias. É subdividida em incontáveis
gêneros distintos, de acordo com a instrumentação, características
musicais predominantes e o comportamento do grupo que a pratica ou
ouve.
18
• Música folclórica ou tradicional - associada a fortes elementos
culturais de cada grupo social. Tem caráter predominantemente rural ou
pré-urbano. Normalmente são associadas a festas folclóricas ou rituais
específicos. Pode ser funcional (como canções de plantio e colheita ou
a música das rendeiras e lavadeiras). Normalmente é transmitida por
imitação e costuma durar décadas ou séculos. Incluem-se neste gênero
as cantigas de roda e de ninar.
• Música religiosa - utilizada em liturgias, tais como missas e funerais.
Também pode ser usada para adoração e oração ou em diversas
festividades religiosas como o natal e a páscoa, entre outras. Cada
religião possui formas específicas de música religiosa, tais como a
música sacra católica, o gospel das igrejas evangélicas, a música
judaica, os tambores do candomblé ou outros cultos africanos, o canto
do muezim, no Islamismo entre outras.
Cada uma dessas divisões possui centenas de subdivisões. Gêneros,
subgêneros e estilos são usados numa tentativa de classificar cada música.
Em geral é possível estabelecer com certo grau de acerto o gênero de
cada peça musical, mas como a música não é um fenômeno estanque, cada
músico é constantemente influenciado por outros gêneros. Isso faz com que
subgêneros e fusões sejam criados a cada dia. Por isso devemos considerar a
classificação musical como um método útil para o estudo e comercialização,
mas sempre insuficiente para conter cada forma específica de produção.
(CLACLINI, 2004)
Os estilos musicais ao entrar em contato entre si produzem novos
estilos e as culturas se misturam para produzir gêneros transnacionais.
Outra forma de encarar os gêneros é considerá-los como parte de um
conjunto mais abrangente de manifestações culturais. Os gêneros são
comumente determinados pela tradição e por suas apresentações e não só
pela música de fato. Da mesma forma as músicas eruditas, folclóricas ou
religiosas possuem comportamentos e rituais associados.
19
CAPÍTULO 2
EDUCAÇÃO ESPECIAL
O presente capítulo trata da descrição de educação especial e do
respaldo que a mesma tem legalmente. E de como lidar na prática social com
essa realidade.
2.1- Descrição
A atual Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional, Lei nº
9.394, de 20/12/1996, trata, especificamente, no Capítulo V, da Educação
Especial. Define-a por modalidade de educação escolar, oferecida
preferencialmente na rede regular de ensino, para pessoas com necessidades
educacionais especiais. Assim, ela perpassa todos os níveis de ensino, desde
a Educação Infantil ao Ensino Superior. (CARNEIRO, 1998)
Educação especial denomina tanto uma área de conhecimento quanto
um campo de atuação profissional. De um modo geral, a educação especial
lida com aqueles fenômenos de ensino e aprendizagem que não são os
mesmos com que lida a educação regular. Tal modalidade lida com a
educação e aperfeiçoamento de indivíduos que não se beneficiaram dos
métodos e procedimentos usados pela educação regular. Dentro de tal
conceituação, inclui-se em Educação Especial desde o ensino de pessoas com
deficiências sensoriais, passando pelo ensino de jovens e adultos, até mesmo
ensino de competências profissionais.
Crianças com necessidades especiais são aquelas que, por alguma
espécie de limitação requerem certas modificações ou adaptações no
programa educacional, para que possam atingir todo seu potencial. Essas
limitações podem advir de problemas visuais, auditivos, mentais ou motores,
bem como de condições ambientais desfavoráveis.
20
Dentre os profissionais que trabalham ou atuam em educação especial
estão: educador físico, professor, psicólogo, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e
terapeuta ocupacional.
2.2 – EDUCAÇÃO ESPECIAL: COMO LIDAR COM ESSA
REALIDADE
Falar em Educação Especial é tocar em um assunto polêmico. Isso
porque a educação de pessoas com algum tipo de necessidade especial já
passou por diversas fases: exclusão, marginalização, integração e inclusão.
(GARCIA, 2006)
Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep) não deixam dúvidas de que o movimento de inclusão no
Brasil é irreversível, já que a cada ano o número de estudantes com
necessidades especiais cresce na rede regular de ensino.
Presume-se que esse crescimento não é por acaso. A Constituição
Brasileira de 1988 garante o acesso ao Ensino Fundamental regular a todas as
crianças e adolescentes, sem exceção. E também enfatiza que a criança com
necessidade educacional especial deve receber atendimento especializado
complementar, de preferência dentro da escola.
Tudo isso ganhou mais força com a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, de 1996, e com a Convenção da Guatemala, de 2001.
Esta convenção teve por objetivo prevenir e eliminar todas as formas de
discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência e propiciar a sua
plena integração a sociedade. E ainda deixa claro que qualquer tipo de
diferenciação, exclusão ou restrição é proibido. (FERREIRA, 1998)
No plano didático devem-se ajudar os alunos a desmistificar a
deficiência e respeitar as limitações do outro, propor que desenhem ou
21
escrevam com os pés, boca ou com a mão contrária, pular corda com um pé
só, ver um filme sem som e depois escrever o que entendeu e etc.
A metodologia aplicada na Educação Especial não é restrita, pelo
contrário, é bem ampla, já que se atendem crianças com múltiplas deficiências.
Nesse universo, as metodologias são diversificadas precisando atender as
necessidades de cada um.
Segundo a psicóloga Adriana Marcondes, ter receio de receber uma
criança com necessidades especiais é normal. “Isso ocorre porque não fomos
formados para conviver com as diferenças. Precisamos evitar que nossas
crianças passem por isso, tornando-as mais tolerantes”, afirma.
Para isso, seguir os conselhos abaixo ajuda na hora de lidar com essa
situação:
• Discuta as dúvidas com a coordenação e com os colegas quando
receber uma criança com necessidades especiais;
• Não reduza o aluno à sua deficiência. Apesar de ter características
peculiares, ele tem personalidade e carrega uma história e muitas
experiências que o tornam único;
• Converse constantemente com outros especialistas que tratam da
criança, pois eles podem ajudar a pensar em estratégias para lidar com
o aluno;
• Se posicione. E lembre-se de que quem sabe como ensinar a criança é
o professor;
• Trabalhe a diversidade – uma característica de todos, e não só da
criança com deficiência – ao planejar as atividades;
• Estimule comportamentos solidários entre os alunos. Eles podem, por
exemplo, dar idéias de como o colega que usa cadeira de rodas pode
ficar bem acomodado na sala de aula.
A inclusão só será um sucesso se o desafio garantir uma educação de
qualidade para todos. A finalidade é que os alunos aprendam a conviver com a
22
diferença e se tornem cidadãos solidários. E para isso acontecer, a
participação do professor é fundamental.
2.3 – MÚSICA E DEFICIÊNCIA
A música deve ser acessível a todos, procurando desfazer a crença de
que é necessário ter “dom” ou “talento” para estudar música.
A música não deve estar somente focada na performance instrumental, todas
as pessoas podem e devem ser incluídas em tal processo de aprendizagem.
Sendo assim, é importante estabelecer uma relação entre a música e a
deficiência.
A psicopedagogia contribui no processo de ensino aprendizagem com
crianças portadoras de necessidades especiais para ajudá-las na forma de se
expressar em seus sentimentos e emoções, estimulando a livre expressão e a
criatividade do aluno, reforçando sua auto-estima, interação social,
desenvolvimento da linguagem, coordenação psico-motora, desenvolvimento
físico e afetivo.
O atendimento à diversidade – em especial às pessoas com
necessidades especiais – tem sido amplamente debatido pelos diversos
setores da sociedade. No âmbito da educação, muitas são as práticas e as
pesquisas que versam sobre este assunto, enfocando a inclusão no contexto
da escola regular. Em relação ao ensino de música, no entanto, tal discussão
ainda deve ser ampliada, visto que pessoas com necessidades especiais que
têm interesse em estudar esta linguagem artística, encontram sérias
dificuldades de acesso e, geralmente, não encontram profissionais capacitados
para ensinar-lhes música de maneira adequada. (SOARES, 2006)
Louro (2006) relata experiências profissionais e acadêmicas da autora e
dos co-autores, contribuindo para este debate e apresentando aspectos
teóricos relevantes, além de sugerir diversas atividades práticas.
23
Em relação às pessoas com necessidades educacionais especiais, os
jogos musicais podem, também, favorecer tanto a participação em aula quanto
a melhora da auto-estima e do desempenho na família e na sociedade.
A música propicia um ambiente tranqüilizador, agradável, favorável à
concentração e ao prazer de estar na sala de aula. Proporciona domínio em
vez de fracasso e frustração; excitação e leveza em vez de desânimo ou
medo; segurança e alegria em vez de confusão. Por isso, ajuda a melhorar a
sensibilidade, a capacidade de concentração e a memória, trazendo grandes
benefícios para o desenvolvimento intelectual, emocional e social da criança,
principalmente da criança com deficiência. Quanto mais cedo a
psicopedagogia utilizar a música como suporte para desenvolver seu trabalho
com crianças portadoras de deficiências, melhores resultados poderá vir a
obter. O psicopedagogo não pode ignorar que a música constitui um poderoso
e divertido meio de aprendizagem para todas as pessoas, com ou sem
deficiência, e que, portanto, não pode ficar restrita a eventos escolares, mas
deve ser uma prática constante, uma vez que é uma linguagem que todos
poderão compreender e com a qual poderão se expressar.
24
CAPÍTULO 3
MÚSICA E EDUCAÇÃO
Este capítulo define a psicopedagogia, a função do psicopedagogo e a
sua importância na atuação docente com crianças portadoras de necessidades
especiais.
3.1- PSICOPEDAGOGIA
A psicopedagogia atuando no contexto escolar utiliza a música com
finalidade de ampliar e facilitar a aprendizagem do educando, pois ensina o
indivíduo a ouvir e a escutar de maneira ativa e refletida, além de despertar
sentimentos, aflorar emoções, atingindo a afetividade.
A psicopedagogia, em sua busca constante para adequar recursos e
procedimentos compatíveis com as necessidades e interesses das crianças
com dificuldades de aprendizagem utiliza-se de diversos instrumentos, sendo
um dos mais valiosos e eficazes a música. A música é, para psicopedagogia
uma forma mais prazerosa de mediar os conteúdos e a aprendizagem.
Compara-se ao brincar porque desperta o interesse e proporciona alegria,
confiança e interação.
A psicopedagogia garante ao profissional da educação, maior
competência e sensibilidade tanto para identificar as necessidades específicas
da criança quanto para atuar como mediador e agente de suporte psicossocial
entre essa criança e o conhecimento acadêmico, salienta Suzuki.
A psicopedagogia utiliza a música para captar as emoções dos alunos,
trabalhando atividades variadas como: leitura da letra e seu significado,
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solfejando a melodia, dramatizando, o que contribui para extravasar alegrias e
tristezas.
A música é a linguagem universal dos homens, pois através dela
expressa-se emoções e sentimentos mais profundos. Vários profissionais
concordam e expõem suas opiniões sobre os benefícios da música:
“Um médico disse: “O canto ajuda a desenvolver e
fortalecer os pulmões e órgãos respiratórios, e auxilia todo
o corpo a resistir às doenças”. (J. H.Moore.). Um psicólogo
disse: ”Às crianças que participam de um coral infantil e
nele recebem boa instrução musical tornam-se adultos
felizes e ajustados em uma proporção maior que aquelas
que não têm tal experiência”. (Dr. George Crane). Um
sociólogo disse: ”A música e o canto são extremamente
benéficos; não só cooperam para o bem-estar físico e
espiritual do indivíduo, mas têm valor para todas as
experiências humanas, sejam públicas ou particulares”.
(Dr. James J. Davis). Uma professora disse:” Estamos
começando a ver a música e o canto de boa qualidade
quando, ensinando às crianças desde a mais tenra idade,
elas tem o poder de mudar o curso e o destino de suas
vidas”. (Dorothy Brombley). Um policial disse:” A criança
que recebe instrução musical, que encontra prazer no
canto e exercita-se na música, não fará diabruras. A moça
que canta e toca piano não roubará o seu bolso. O rapaz
que canta e maneja o arco do violino não é que saca o
revolver”. (J. Edgar Hoover)” (RAHUAM, 2002, P.39).
26
3.2 - O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO
O psicopedagogo, além de mediar informações e conhecimentos, deve
principalmente mediar à aprendizagem, estruturando a operacionalidade
cognitiva necessária para que a aprendizagem aconteça e seja bem sucedida.
Cabe a esse profissional oferecer ao aluno com dificuldade de
aprendizagem suporte informativo, motivacional, emocional e instrumental. Ele
desenvolve, assim, um trabalho de apoio para o aluno superar a crise
situacional em que se encontra, desenvolver mecanismos de defesa e
expandir seus recursos pessoais de enfrentamento de problemas com
autonomia (Maturama, 1997).
O psicopedagogo, desempenhando seu papel de agente de suporte
psicossocial e de agente de mediação de desenvolvimento e aprendizagem,
favorece a motivação para aprender, o interesse pelo estudo, o controle de
ansiedade, a interação social, o senso de auto competência e de auto-eficaz.
(Linhares, 1998).
A música é uma poderosa aliada educacional e um estímulo para o
aprendizado. Os psicopedagogos brasileiros descobriram que têm condições
de criar materiais de alta qualidade para seus alunos e não apenas de
transmitir o que encontram nos livros, e a música é uma dessas descobertas.
Foi constatado também que a música não serve só para acalmar e
disciplinar aquela turma desatenta e desobediente, mas serve ainda para
diversas áreas do cérebro e facilita o aprendizado.
Os benefícios que as aulas de música proporcionam aos alunos com necessidades especiais:
• Reforça sua auto-estima;
• Estimula a interação social;
• Desenvolve o tônus muscular e coordenação psico-motora;
• Desenvolvimento da linguagem;
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• Desenvolve a capacidade auditiva, intelectual e da memória;
• Promove o desenvolvimento físico e afetivo.
Segundo Paulo Roberto Suzuki (2001) professor e educador na área de
computação e criatividade, músico, estudante e pesquisador na área de
musicoterapia, pesquisas da neurociência dos últimos 10 (dez) anos fizeram
constatações significativas no processo cerebral em relação à música.
A música é um dos estímulos mais potentes para os circuitos do
cérebro. Além de ajudar no raciocínio lógico-matemático, contribui para a
compreensão da linguagem e para o desenvolvimento da comunicação, para a
percepção de sons sutis e para o aprimoramento de outras habilidades.
Para Birkenshw (1993) o movimento é importante, faz parte natural do
processo de desenvolvimento de qualquer criança e pode ajudar a aliviar as
tensões, auxilia o corpo a compreender conceitos e leva a criança a efetuar
contatos sociais.
“A música e o canto são extremamente benéficos; não
só cooperam para o bem-estar físico e espiritual do
indivíduo, mas têm valor para todas as experiências
humanas, sejam públicas ou particulares”.
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3.3 – MÚSICA E EDUCAÇÃO: UM CASAMENTO QUE DÁ
CERTO
DÓ RÉ MI FÁ SOL LÁ SI. No embalo da musicalidade é que muitos
educadores estão conseguindo prender a atenção dos alunos, e é no mesmo
embalo que alunos estão conseguindo entender melhor as aulas.
O psicopedagogo deve proporcionar recursos para a utilização da
música em sala de aula, desenvolver a sensibilidade musical e estética para a
prática da música e da dança, estimular a socialização por meio destas
atividades e valorizar o silêncio e a quietude como elementos indispensáveis
para desenvolvimento da concentração.
Educadores observaram que a interação entre a musicalidade e a
educação é possível porque não é preciso utilizar, necessariamente,
instrumentos. Dá para abusar da voz, da dança simples e até mesmo de um
movimento individual criado na hora.
Infelizmente, o uso da música na escola não é uma realidade. “A música
como ensino nas escolas sumiu. Isso é muito ruim porque o aprendizado da
prática musical favorece a condição do estudante com relação à criatividade.
Com a música ele fica mais criativo, sabe improvisar, ter mais naturalidade, a
lidar com os conteúdos e isso acaba favorecendo, de forma genérica, o
aprendizado”, afirma Suzuki.
“A música atua nos dois hemisférios do cérebro. O lado esquerdo que é
mais lógico e seqüencial e o direito que é hostilício, intuitivo, criativo. No
processo musical os dois lados são trabalhados”, diz Suzuki. 2001. pag.222
Pesquisas realizadas com o intuito de provar essa característica de
estímulo cerebral da música mostram que, depois de meses de aula de piano
e canto, crianças mostraram melhores resultados na cópia de desenhos
geométricos, na percepção espacial e no jogo de quebra-cabeças do que as
que não tiveram aulas de música.
29
De acordo ainda com Suzuki, pior do que não trabalhar a
musicalidade nas escolas, é enxergár-la somente sob o ponto de vista estético.
“Musicalidade é muito mais que isso. O educador precisa acompanhar e fazer
intervenções para que haja um sentido. Tem de haver um objetivo como, por
exemplo, trabalhar a integração, as diferenças, etc.”, afirma.
Ao acompanhar essas atividades o educador vai balizar essa vivência
através de intervenções, por isso a musicalidade em sala de aula tem que ser
aplicada por pessoas habilitadas e qualificadas; a música sob esse ponto de
vista tem um poder inestimável.
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CONCLUSÃO
A música está presente na vida do ser humano desde muito cedo, sem
ela o mundo se tornaria vazio e sem espírito. Ela propicia ao aluno um
aprendizado global, emotivo com o mundo, podendo auxiliar de forma
significativa o aprendizado na escola.
O envolvimento com a expressão corporal, os sentimentos, a afetividade
e a sociabilidade proporciona um desenvolvimento cognitivos significativo aos
educandos, tornando uma proposta metodológica significativa para ser
utilizada em educação musical.
A música no âmbito escolar é, sobretudo, atividade de grupo. O
professor deverá trabalhar o grupo a fim de facilitar os relacionamentos,
contribuindo para ajudar crianças portadoras de necessidades especiais a
expressar seus sentimentos e emoções.
É necessário que os professores se reconheçam como sujeitos
mediadores de cultura dentro do processo educativo e que leve em conta a
importância do aprendizado das artes no desenvolvimento e formação das
crianças como indivíduos produtores e reprodutores de cultura. Só assim
poderão procurar e reconhecer todos os meios que têm em mãos para criar, à
sua maneira, situações de aprendizagem que dêem condições às crianças de
construir conhecimento sobre música e dança. A música é um elemento
facilitador do processo de ensino-aprendizagem, portanto deve ser
possibilitado e incentivado o seu uso em sala de aula.
A música pode ser um poderoso auxiliar quando o que se propõem é a
inclusão de alunos com necessidades especiais. Cantando as crianças
aprendem a lidar com suas frustrações e dificuldades; constroem regras,
desenvolvem a oralidade, ampliam a riqueza cultural, interagem com os
colegas, brincam e se movimentam. Através da música a educação especial
pode estar repassando conteúdos, conceitos e habilidades como o controle
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sobre o corpo, o desenvolvimento da linguagem oral e corporal, as habilidades
motoras, o desenvolvimento da imaginação e da criatividade, relações
espaciais e quantitativas, contagem orais, exercício da autonomia e do senso
crítico, ampliação do vocabulário, entre outros. É preciso que o psicopedagogo
compreenda a música enquanto linguagem e, ao mesmo tempo, enquanto
elemento de organização, socialização e integração com outras linguagens
para melhor utilizá-la como recurso para atuar com eficiência como mediação
no processo de ensino-aprendizagem das crianças com necessidades de um
atendimento educacional especializado. Música traduz-se por diversão com
inteligência.
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