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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
MONITORAMENTO ELETRÔNICO E A POLÍTICA CRIMINAL EM
BUSCA DA MODERNIDADE
Por: Rodrigo Miranda da Cruz
Orientador
Prof. Jean Alves
Rio de Janeiro
2013
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
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2
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
MONITORAMENTO ELETRÔNICO E A POLÍTICA CRIMINAL EM
BUSCA DA MODERNIDADE
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Direito e Processo Penal.
Por: . Rodrigo Miranda da Cruz
3
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me concedido saúde e
força de vontade para concluir esse
objetivo, aos meus Pais pela criação,
bons exemplos e carinho por todos
esses anos, a minha esposa pelo apoio
e compreensão e aos amigos que
contribuíram com a realização desse
projeto.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a todos os amigos
que conquistei no serviço público estadual
de todas as corporações.
5
RESUMO
A presente monografia irá abordar acerca da política criminal e
penitenciária de âmbito nacional, discorrendo em base das novas perspectivas
de mudanças positivas com o fito de otimizar o sistema penitenciário, dando
ênfase a modalidade de Monitoramento eletrônico, corroborando com a Seção
VI da Lei 7.210/94, visando preliminarmente relatar todo o procedimento posto
em prática pelos Inspetores de Segurança e Administração Penitenciária, no
que concerne a modalidade de monitoramento empreendido, instalação,
orientação ao interno, cumprimento imediato de decisão judicial, setores
responsáveis e de supervisão, dentre outros mais.
O objetivo principal é citar a importância da modernização do sistema
penitenciário, com base na política criminal e a luz da Lei de execuções penais.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I - A Implementação do Monitoramento Eletrônico 08
CAPÍTULO II - Política Criminal 16
CAPÍTULO III - Avanços do Sistema Penitenciário Fluminense 24
ANEXOS - GRÁFICOS 30 CONCLUSÃO 34
BIBLIOGRAFIA 37
7
INTRODUÇÃO
O monitoramento eletrônico atualmente é um dos temas mais
conflitantes na sociedade em geral. A modalidade de vigilância de um indivíduo
no meio social é imprescindível para auxiliar o ente estatal a fiscalizar de forma
eficaz o cumprimento de determinada decisão judicial, ainda que gere ônus
financeiro para o Estado, acaba por se tornar necessária diante de todo
avanço tecnológico, logístico e estrutural que afeta não só ao mundo, mas
interfere na modernização do sistema penitenciário em si.
Deste modo, nota-se que o subterfúgio encontrado na utilização desta
nova modalidade, objetivamente respalda a modernização da política criminal e
penitenciária, no que tange a ótica desta substituir a medida de prisão em
estabelecimento prisional para advir a prisão eletrônica com o advento da Lei
12.403/2011.
Assim, entende-se que todo o avanço tecnológico que vem ocorrendo
nestes últimos anos, serem de suma importância para a mantença do poder do
estado, criando com isso o advento da liberdade vigiada por meio de decisão
judicial acolhida pelos servidores do sistema penitenciário e posta em prática
de forma devida, na expectativa de ser uma das soluções mais contundentes
em desonerar a dinâmica penitenciária.
CAPÍTULO I
8
A IMPLEMENTAÇÃO DO MONITORAMENTO
ELETRÔNICO
Em tese, em contrariedade do que se poderia imaginar, a
implementação de monitoramento eletrônico como alternativa à prisão não é
recente, aliás, é bastante antiga. Relatam que desde o ano de 1946, no
Canadá, haviam sido realizadas diversas experiências de controle de presos
em seu domicílio de forma bastante positiva.
No entanto, a sua prática judicial é algo muito mais recente.
Conforme enuncia CÉRE, a idéia partiu de uma história em quadrinhos "Spider
Man", vindo em agosto de 1979, o Juiz americano Jack Love, leu em um jornal
local um trecho da referida história onde era mencionada a possibilidade de
usar uma pulseira como transmissor; sendo que neste episódio, o bandido
conseguiu localizar o herói graças a um dispositivo preso em seu punho.
Este fato, acabou por despertar o interesse do magistrado que,
imediatamente, veio a contratar um engenheiro eletrônico para que assim
desenvolvesse o sistema de monitoramento eletrônico. Diante disto. a medida
se espalhou rapidamente em todos os estados norte-americanos, sendo que
em 04 (quatro) anos após, mais da metade de todos os estados dos Estados
Unidos já haviam implementado essa forma moderna de monitoramento de
presos em seu território.
A priori, são 03 (três) os fundamentos para a intervenção
tecnológica, sendo estes a superpopulação carcerária, redução da reincidência
e os custos do encarceramento.
9
Destarte, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária
deu início a prática do monitoramento eletrônico a partir da assinatura de um
convênio com o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro e com a Vara
de Execuções Penais em janeiro de 2011, adotando assim o procedimento em
14 de Fevereiro de 2011, respaldados pela Lei 12.258/2010 que alterou a
redação da LEP.
Vale ressaltar, que tal procedimento foi suspenso em menos de
02 (dois) meses depois de sua implementação, haja vista, 58 (cinquenta e oito)
internos terem violado o equipamento e fugirem, pois os mesmos possuíam
penas muito elevadas, bem como, o fato de terem que utilizar o equipamento
sem mesmo ter uma perspectiva de um dia remove-lo por determinação
judicial, ficando assim estabelecido pelo Tribunal de Justiça que somente os
presos do regime aberto usufruiriam deste método.
O equipamento custa ao Governo do Estado a quantia de R$
680,00 (seiscentos e oitenta reais) ao mês, por unidade, possuindo GPS com
um chip integrado, modem e uma bateria de alta durabilidade de até 36 (trinta
e seis) meses, e uma tornozeleira que possui três sensores, sendo um para
avisar se o monitorado está a mais de 21(vinte e um) minutos sem se mover,
um sensor de massa para alertar se efetivamente esta fixado no corpo humano
e um de violação da correia, elementos estes que enviam todos os dados de
informações acerca de localização do sentenciado, conforme exemplifica o
(Gráfico I e II).
Contudo, toda essa tecnologia implementada fica sob a incumbência
da SISPEN (Superintendência de Inteligência do Sistema Penitenciário), setor
10
este em que compete toda a dinâmica logística de implementação de todos os
itens condizentes ao monitoramento de presos, bem como, em sua vigilância
diária. Cabe destacar que o setor supramencionado possui a competência de
dirigir, executar e planejar atividades de inteligência no âmbito da Secretaria de
Estado de Administração Penitenciária, contribuindo de forma objetiva em
planejar, decidir e executar a política penitenciária, mantendo-se ainda
interligado com todos os órgãos de inteligência do Estado do Rio de Janeiro.
No que tange ao "modus operandi" do sistema de monitoramento
eletrônico, o utilizado se baseia no sistema de segunda geração, possibilitando
um rastreamento ininterrupto com uma razoável margem de erro determinada
de 10 (dez) metros em três dimensões de altitude, longitude e latitude,
possibilitando uma excelente eficácia no procedimento de monitoração.
Com isso, verifica-se que a amplitude de margem de erro é
mínima e que a capacidade de rastreamento ser contínua, facilitando assim a
localização imediata do preso, vindo a otimizar assim os serviços de busca e
captura caso haja efetiva necessidade.
Vale destacar que a monitoração eletrônica é uma medida
cautelar diversa da prisão, estando prevista na Lei 12.403/2011, no Artigo 319,
inciso IX, podendo tão somente ser implementada por determinação judicial,
desde que o interno preencha todos os requisitos legal para tal.
No país, de uma forma geral, existem vários tipos de resistências
em contrariedade a aplicabilidade do monitoramento eletrônico, principalmente
na utilização de tornozeleiras, pois muitos entendem ser inconstitucional sua
implementação pois estigmatiza o cidadão, criando assim um grande
11
constrangimento à liberdade da pessoa, sem mesmo apreciar o preceito legal
da dignidade da pessoa humana e a presunção de inocência.
Destarte, não há de se prosperar que a aplicabilidade do
procedimento supramencionado age em detrimento dos princípios
constitucionais alocados no Art. 5º e seus incisos, haja vista que a vontade da
sociedade em modernizar e garantir o cumprimento da lei em si, ter
supremacia em razão de outros direitos.
Por outro lado, uma parcela da sociedade, entende de forma
expressiva que o emprego do monitoramento eletrônico não pressupõe uma
exposição negativa para o preso, mesmo porque a estigmatização é subjetiva,
pois os detentos de uma forma geral possuem diversas possibilidades de se
ressocializarem com o auxilio de diversos órgãos, ONG's, secretarias de
governo, possibilitando a reinserção laborativa, mesmo porque o interno não é
excluído da sociedade e de seu meio social, apenas é afastado de forma
temporária de suas origens, em virtude da aplicabilidade dos dispositivos
penais, em razão de delitos cometidos pelos mesmos.
A possibilidade legal de aplicação do procedimento de
monitoramento eletrônico de presos foi inserido em nosso ordenamento
jurídico, pela Lei 12.258/2010, vindo a alterar a redação da Lei 7.210/1984 - Lei
de Execuções Penais, introduzindo expressamente no Título V (Da Execução
das Penas em Espécie), Capítulo I (Das Penas Privativas de Liberdade),
Seção VI, da aludida Lei de Execução Penal (artigos 146-A ao 146-D).
Portanto, a grande maioria dos juristas, entendem que a
implementação desta modalidade de monitoramento objetiva proporcionar um
maior controle e segurança, quando ocorrer a saída do interno do sistema
penitenciário. Com isso, entende-se que a monitoração nada mais é que um
suporte de extrema eficiência na vigilância do preso e não uma alternativa à
12
prisão, mesmo porque só pode ser concedida em 02 (duas) hipóteses, sendo a
regressão no regime aberto e prisão domiciliar, nota-se então que só se aplica
no cumprimento da prisão processual.
Com isso, o legislador prevê nos termos expressos no Artigo 146-
C, que o condenado, ou seja, o interno deverá adotar cuidados com os
aparelhos de monitoramento eletrônico, conforme as orientações geralmente
dadas pelos Inspetores Penitenciários da SISPEN, do setor de Monitoramento
Eletrônico de presos, no momento da instalação, podendo vir a receber visitas
do servidor responsável, devendo responder aos contatos realizados caso haja
necessidade, efetuados pelo setor mencionado. O beneficiário deve também
abster-se de remover, violar, modificar, danificar os dispositivos, ou permitir
que outrem os faça, sob pena de ser responsabilizado pela conduta, podendo
acarretar a regressão do regime, advertência por escrito, revogação da saída
temporária ou da prisão domiciliar.
Convém destacar que o disposto no artigo 146-D, determina que
tal vigilância “poderá ser revogada se a medida se tornar desnecessária ou
inadequada, ou se o acusado ou condenado violar os deveres a que estiver
sujeito durante a sua vigência ou cometer falta grave. Percebe-se que os
artigos art.146-C e 146-D da Lei de Execução Penal fixam deveres e diversas
conseqüências caso não sejam cumpridos, podendo variar gradualmente em
diversas sanções.
Entendo por reconhecer que tais medidas expressas
anteriormente serem necessárias, para que se mantenha uma disciplina e
seriedade do apenado em cumprir o que lhe fora disposto, contribuindo assim
com a finalidade ressocializadora que a medida corrobora, em seu período de
usufruir da condição de ter sua liberdade vigiada.
13
Com isso, propaga-se a sociedade uma sensação de disciplina e
cumprimento das determinações previstas em lei, mesmo que em tese
possuímos uma lei de execução penal desatualizada em virtude da nova
realidade em que vivemos, bem como, nos regulamentos penais que são
instituídos por cada estado federativo.
Em tese,os direitos de personalidade são inerentes ao preso, bem
como, erga omnes a toda a sociedade, conforme corrobora o doutrinador
Edson Ferreira da Silva: "Sob o aspecto do direito público, os chamados
direitos humanos não reclamam simples abstenção do Estado quanto a
respeitar e não praticar arbitrariedades contra os direitos fundamentais do
homem. Mais do que isso, deve o Estado assegurar a todos, pelos
mecanismos específicos do Direito Constitucional e do Direito Penal, o livre
gozo das liberdades fundamentais de segurança e tranqüilidade, dando a
todos condições para o cumprimento da natural vocação ao progresso e ao
desenvolvimento. A tutela pública é conferida em atenção ao corpo social
como um todo e não a cada indivíduo em particular. Nisto reside a diferença
entre tutela pública e tutela privada, entre direitos humanos e direitos privados
de personalidade. Mas não é só. Quando ganham a Constituição, como
acontece modernamente, os direitos fundamentais do homem constituem
restrição ao poder legislativo do Estado, porquanto as leis infraconstitucionais
não poderão restringir, suprimir ou se colocar em conflito com o texto maior,
sob pena de invalidade" (SILVA, Edson Ferreira da. 2003. Pg. 51).
Busca-se diante de toda essa realidade implementada, o
aperfeiçoamento da legislação de um modo geral, com o fito de condicionar a
utilização deste método modernizador a diminuir de forma positiva o grande
número de ingressos no sistema prisional.
14
Entretanto, todo este ritual modernizador deve avançar cada vez
mais, ampliando-se assim, a sua gama de utilização em todo o âmbito
penitenciário. Desta forma, a legislação brasileira com o objetivo de se
aprofundar no entendimento e utilização deste dispositivo eletrônico,
recentemente foi criada a Lei 12.403/2011, que altera o Código de Processo
Penal (Decreto-Lei 3.68/1941), no que tange a prisão processual, fiança,
liberdade provisória e outras diversas medidas cautelares, aumentando-se,
assim, o universo de implementação da monitoração eletrônica.
A Lei 12.403/2011 acabou por introduzir inúmeras inovações
processuais no sistema penal pátrio, sendo a principal delas, com previsão
legal no artigo 319, inciso IX do CPP, destacando o monitoramento eletrônico
como uma medida cautelar que pode ser utilizada no curso do procedimento
criminal. Com isso, inovou prevendo a aplicabilidade aos indiciados ou
acusados, pois anteriormente só podia ser aplicável aos condenados
criminalmente.
Desta forma, o referido artigo consubstancia e da ênfase a
natureza cautelar do monitoramento, que poderá ser implantada antes da
condenação, até mesmo na fase do procedimento inquisitório do inquérito
policial e da ação penal provida pelo Ministério Público, quando assim
atendidos todos os pressupostos legais para que justifiquem a sua utilização,
15
diferentemente de antes da criação da Lei 12.403/2011, que o monitoramento
eletrônico nada mais era que uma medida de vigilância indireta.
Vigilância esta que contribui de forma objetiva, na prática de coibir
exaustivamente a consumação de outros delitos, haja vista, que em suma
maioria, os beneficiários desta nova e moderna prática possam a reincidir
cometendo crimes, usando de diversos subterfúgios para dificultar a apuração
dos comportamentos assim definidos como negativos.
Gradativamente, a sociedade de um modo geral estará a par das
inovações da legislação, sendo de suma importância para avançarmos em
possibilidades que não só fiquem na mantença do preso custodiado, mas sim
no mesmo dispondo de sua liberdade de forma vigiada, assegurados seus
direitos, em razão do cumprimento de seus deveres, razão pela qual justificam
os anseios de justiça social e do cumprimento devido da legislação em regra,
objetivando resultados excelentes para o sistema penitenciário.
CAPÍTULO II
POLÍTICA CRIMINAL
As políticas públicas de certa forma demandam uma liderança
governamental em todas as suas instâncias, porém no que tange a política
16
criminal e penitenciária, nota-se uma certa omissão dos governos, que não se
sentem confiantes na possibilidade de impulsionar significativas mudanças e
gerir com resultados positivos e inovadores.
Essa descrença, aliada ao grandioso oportunismo legislativo e à
lucratividade da mídia, engrandece um pernicioso fatalismo e um sentimento
de vingança em nossa sociedade. A descrença na implementação da
reinserção social se torna uma fantasia movida pela desconfiança da
sociedade nas instituições penitenciárias e na própria política criminal, vindo a
tornar fortalecida a violência institucional e a “justiça” extrajudicial, instituem-se
os estereótipos e ampliam-se as instituições e os custos do controle.
Torna-se evidente que exista uma grandiosa falta de credibilidade
da sociedade acerca da política criminal instituída, mesmo porque não cria
resultados imediatos e observados notoriamente por todas as classes sociais
que compõe o meio social, nutrindo cada vez mais a descrença nas
autoridades e alimentando conclusões extremamente preconceituosas e
precipitadas.
Em outro contexto, no entendimento de Zaffaroni, este entende
que os meios de comunicação acabam por moldar, ou seja, fabricar
estereótipos criminosos exercendo de forma indireta o poder do sistema penal,
em sua obra afirma:
"Nossos sistemas penais reproduzem sua clientela por um
processo de seleção e condicionamento criminalizante, que se orienta por
esteriótipos proporcionados pelos meios de comunicação em massa. (...) Os
17
órgãos do sistema penal selecionam de acordo com esses esteriótipos,
atribuindo-lhes e exigindo-lhes esses comportamentos, tratando-os como se
comportassem dessa maneira, olhando-os e instigando todos a olhá-los do
memo modo, até que se obtém finalmente, a resposta adequada ao papel
assinalado. Os estigmas produzidos pelo sistema penal são sentidos de forma
mais intensa pelas pessoas carentes, não porque elas têm mais propensão de
cometer crimes, mas em virtude de que já foram selecionadas e têm o
estereótipo de criminalizáveis. A carga de estigmatização é ainda maior, uma
vez que o contato com o sistema penal faz com que as pessoas se distanciem
dos “contaminados” (estigmatizados com o contato com a prisão, por exemplo)
formando um círculo vicioso, aumentando a manutenção do sistema"
(ZAFFARONI apud GRAZIANO SOBRINHO, 2007, p.57).
Assim, surge uma questão complexa e soluções simples não
darão conta de as resolver. Em tese, é no sistema penal que eclodem todas as
manifestações em contrariedade ao Estado, bem como, é nesse sistema que
reluz o conceito de segurança pública, haja vista a complexidade de se manter
presos de alta periculosidade e grande poder de persuasão diante de seus
meios sociais, tendo assim uma incumbência funcional de extrema
responsabilidade dos servidores que laboram neste sistema em fazer a
segurança pública nestes complexos penitenciários.
É preciso que se assuma o controle do sistema penal dando
outra direção para a violência e a criminalidade neste País, originando uma
política criminal una, para todos os entes federativos.
Com isso, atualmente verifica-se uma grande mudança realizada
em todo o contexto da segurança pública no que se diz respeito à política
criminal e penitenciária, visando a busca da cidadania e da responsabilização
atuando em reduzir as taxas de encarceramento, instituindo modelos distintos
de prisões para cada segmento, combater a seletividade penal e criminal,
18
conceder menos justiça criminal e mais justiça social, investir na justiça
restaurativa, motivar a população para busca de solução dos conflitos, priorizar
as penas alternativas à prisão quando assim a autoridade judicial entender
pertinente, fortalecer o Estado na gestão do sistema penal, combater todos os
níveis de corrupção, enfrentar a questão das drogas nas suas múltiplas
dimensões sendo estas: criminal, econômica, social e saúde pública, fortalecer
o controle social sobre o sistema penal originando assim a política, gestão
específica e métodos operacionais para o sistema prisional, fazendo que o
Estado encare o sistema penitenciário como um problema central, em que se
haver uma modernização positiva, conseqüentemente haverá impactos
positivos na segurança pública.
Destarte, conforme pode-se verificar no extrato simplificado do
índice penitenciário referente ao ano de 2009 (Gráfico III), único disponível
pelo Ministério da Justiça, verifica-se que o Estado do Rio de Janeiro possui
uma população carcerária absoluta de 25.625 (vinte e cinco mil, seiscentos e
vinte e cinco) presos.
Já o efetivo de servidores do sistema penal são apenas 3.286
(três mil duzentos e oitenta e seis) Inspetores de Segurança e Administração
Penitenciária para manter a ordem nos presídios, bem como, possuindo um
empenho de apenas R$ 957.224,94 (novecentos e cinqüenta e sete mil,
duzentos e vinte e quatro reais e noventa e quatro centavos) de distribuição de
recursos por parte da União Federal por expectativa da cota-parte para cada
unidade federativa deste país.
Hoje em dia, a sociedade de um modo geral é adepta ao Direito
Penal Máximo, pois vêem na pena de prisão a solução para o crime. De outra
forma, uma pequena parte da sociedade é a favor do Direito Penal Mínimo,
19
aos quais entendem que a Unidade Prisional só deve servir para pessoas que
comentam crimes de extrema gravidade, sendo a liberdade a regra, sendo
admitido o cerceamento do direito de liberdade do preso.
Em tese, dentro de um universo, existem diversas opiniões
extremadas para ambas as teses, bem como, os que gostariam de ter a pena
de morte, prisão perpétua e até mesmo os que gostariam de ver a sociedade
sem a intervenção do Direito Penal, fato este impossível de ser realizado, pois
a lei penal é imprescindível para ditar regras a sociedade, não podemos ter por
base opiniões extremadas.
Todavia, entendo que apesar de existirem dois sistemas bastante
distintos, pelos mesmos terem suas imperfeições e peculiaridades, o Direito
Penal Mínimo é o melhor sistema para ser implementado em nossa dinâmica
atual penitenciária, pois o direito penal necessita se restringir, justificando ao
máximo a sua intervenção no que tange as práticas criminais.
Assim, diferenciando-se as condutas e a forma que punirá,
verificando-se e levando em conta a gravidade do fato, conforme corrobora a
linha de raciocínio do Ilmo. Dr. Juarez Cirino dos Santos (2010), a favor do
Direito Penal Mínimo, onde afirma que " O SISTEMA PENAL PRECISA SER
REDUZIDO, [...] os objetivos do sistema prisional de ressocialização e
correção estão fracassando há 200 anos, e muito pouco está sendo feito para
mudar a situação. Prisão nenhuma cumpre estes objetivos, no mundo todo. O
problema se soma ao fato de que não há políticas efetivas de tratamento dos
presos e dos egressos. Fora da prisão, o preso perde o emprego e os laços
afetivos. Dentro da prisão, há a prisionalização, quando o sujeito, tratado como
criminoso, aprende a agir como um. Ele desaprende as normas do convívio
social para aprender as regras da sobrevivência na prisão, ou seja, a violência
20
e a malandragem. Sendo assim, quando retorna para a sociedade e encontra
as mesmas condições anteriores, vem à reincidência. A prisão garante a
desigualdade social em uma sociedade desigual, até porque pune apenas os
miseráveis. Por isso defendo o desenvolvimento de políticas que valorizem o
emprego, a moradia, a saúde, a educação dos egressos. A criminologia mostra
que não existe resposta para o crime sem políticas sociais capazes de
construir uma democracia real, que oportunizem aos egressos condições de
vida [...]. (fonte: <http://infodireito.blogspot.com/2010/02/sistema-penal-precisa-
ser-reduzido-diz.html>).
O referido criminólogo possui a proposição de três segmentos
básicos, que necessitam ser trabalhados, com o fito de resolver a problemática
do sistema penitenciário, surgindo-se assim soluções para desafogar as
unidades prisionais.
A definir-se sendo estes a Descriminação, sendo necessário
reduzir as condenações criminais em crimes classificados como insignificantes,
estes vindo a "entupir" as unidades prisionais de uma forma geral,
Desinstitucionalização que acaba por consistir os atos discricionários de
Diretores de unidades prisionais em dar parecer contrários ao livramento
condicional de internos e a Despenalização, sendo esta uma forma de atitude
democrática do magistrado. vindo a incluir políticas sociais, penas alternativas
de forma efetivas, avaliação de crime de caráter insignificante e reintegração
de egressos.
21
Com isso, torna-se plausível uma pequena avaliação
criminológica, sob uma ótica totalmente valorativa e fática, em relação a
diversos critérios interpretativos do âmbito criminal como os estudos da
tipicidade criminal, da culpabilidade, da antijuridicidade e da punibilidade, no
intuito de convalidar as exigências do Ministério da Justiça, na tentativa de
influenciar ao sistema penal vir a ser uma solução positiva de todos os
problemas que os são destinados.
Diante dos ensinamentos do Dr. Paulo Queiroz (2005), em sua
obra, entende-se: "O caráter subsidiário do direito penal em face de outras de
controle social decorre, portanto, de imperativo político-criminal proibitivo d
excesso: não se justifica o emprego de um instrumento especialmente lesivo
da liberdade se dispõe de meios menos gravosos e mais adequados de
intervenção, sob pena de violação do principio da proporcionalidade. A
natureza secundária as normas penais é, assim, como diz Maurach, uma
exigência político-jurídica dirigida ao legislador. O direito penal há de ser
sempre a ultima ratio da política social" (QUEIROZ, Paulo. 2005. Pg. 17).
No Estado do Rio de Janeiro, a aplicabilidade da política criminal
penitenciária é realizada de forma coercitiva e judiciosa pelas autoridades
judiciárias, de segurança pública e de administração penitenciária, pois
verifica-se um grande grau de organização da segurança penitenciária, diante
das solicitações implementadas pelo Ministério da Justiça.
Vale enfatizar, que a segurança pública de um modo geral eclode
de nossas unidades prisionais, pois se não houver coerção por parte do
Estado, sem haver disciplina penitenciária, a cidade estaria fadada ao
"holocausto" de uma forma geral, mesmo porque são mantidos presos de alto
grau de periculosidade que de certa forma, quando oportunamente utilizando
de algumas formas de se conseguir comunicação com o "mundo exterior",
podem vir a solicitar que seus subordinados em suas respectivas facções
22
criminosas, realizem ataques em detrimento do nosso Estado, ou até mesmo
ações ousadas que possam por em xeque a nossa segurança social.
Num contexto geral, os indicadores mostram que as causas de
superlotação das unidades prisionais de nosso Estado, se resumem pelo fim
das Carceragens da Polícia Civil, bem como, no grande número de mandados
de prisão cumpridos, diante da nova política de concessão de gratificações
elevadas para a baixa de índices de criminalidade e nas prisões por motivos
insignificantes aos quais resultam no ingresso desnecessário no sistema
prisional, fazendo com que haja a total impossibilidade de manter a grande
massa carcerária, ainda que estejam sendo construídos novos presídios, com
o fito de desafogar toda essa demanda de vagas existentes.
Nota-se, também que com a criação das Unidades de Polícia
Pacificadoras (UPP's), houve uma grande incidência de prisões efetuadas em
operações conjuntas em diversas comunidades que possuem essa nova forma
de policiamento, haja vista o grande número de pessoas que participavam ou
de certa forma colaboravam com as práticas criminais que ocorriam
descaradamente nessas comunidades, havendo mesmo assim uma grande
parcela desses indivíduos que ainda não foram presos, devido a dificuldade
encontrada para integralizar os serviços de inteligência das polícias nestes
locais, devido também às resistências em contrariedade a este novo projeto.
23
Cabe destacar ainda que este quantitativo de prisões devem
aumentar cada vez mais, haja vista, a nova política do governo estadual de
criar Delegacias de Polícia nas comunidades que possuem Unidades de
Polícia Pacificadora, visando assim, uma melhora no que tange ao trabalho
investigativo e persecutório desempenhado pela Polícia Civil, na elucidação de
crimes.
De forma geral, o sistema prisional é a parte integrante da
dimensão da segurança pública, e deve sempre alcançar um patamar de
importância política mais relevante. A promoção da segurança social refletirá
na melhoria qualitativa e na diminuição quantitativa da sua estrutura, mas para
isso deverá ser visto e verificado com a mesma intensidade que os demais
setores da justiça criminal neste país.
CAPÍTULO III
AVANÇOS DO SISTEMA PENITENCIÁRIO FLUMINENSE A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária vem se
profissionalizando e modernizando de forma exaustiva com o fito de
implementar um serviço de excelência de modo a ser o pioneiro do país em
medidas de avanço tecnológico e organização.
24
O Estado do Rio de Janeiro possui atualmente 52 (cinqüenta e
duas) unidades prisionais para abrigar uma população carcerária de cerca de
33.826 (trinta e três mil, oitocentos e vinte e seis) internos. Objetivamente, a
porta de entrada no sistema prisional se localiza no bairro Jardim Catarina, em
São Gonçalo, denominada Cadeia Pública Juíza de Direito Patrícia Acioli,
possuindo a capacidade para 616 (seiscentos e dezesseis) internos, unidade
esta inaugurada no dia 15 de agosto do corrente ano, visando otimizar e
melhorar a dinâmica de triagem de presos, estes que após serem devidamente
separados diante de diversos fatores, são transferidos para uma das diversas
unidades no Estado.
Existe ainda o Instituto de Pesquisas Heitor Carrilho, que fica
localizado no centro da cidade, que possui o objetivo em emitir laudos de
avaliação dos ingressos no sistema penal, realizando especificamente laudos
periciais de insanidade mental e de dependência de drogas em processos
criminais em que se haja a necessidade de fazer a pericia, com o fito de avaliar
a situação do custodiado, conforme determina a Lei de Execuções Penais, já
que está em processo de projeto de implantação do Centro de Observação
Criminológica, que verificará todas as peculiaridades do individuo que ingressa
no sistema carcerário, atendendo todos os requisitos previstos em lei.
25
O Complexo Penitenciário de Gericinó (gráfico IV), localizado no
bairro de Bangu, se destaca por ser o maior complexo penitenciário de
segurança máxima do Brasil, possuindo 26 (vinte e seis) unidades prisionais,
onde se localizam quase 23.000 (vinte e três mil) detentos de diversas classes
sociais e facções. Aproximadamente, o complexo recebe a visita de 3.000 (três
mil) pessoas por dia, tendo que empreender um grande aparato de segurança
para não ocorrer alterações prejudiciais no andamento de todo o serviço.
Atualmente, a Secretaria criou o Grupamento de Serviço
Segurança Externa (GSSE), que possui a incumbência de fazer toda a
segurança do perímetro do Complexo, bem como, guarnecer as guaritas e
muralhas fazendo o policiamento ostensivo das unidades prisionais com o
objetivo de impedir fugas e outras demais transgressões.
Atua em conjunto o Grupamento Tático Móvel, este subordinado
a Coordenação de Segurança, que visa fazer rondas periódicas no complexo
penitenciário e em seu entorno, conforme as devidas solicitações dos orgãos
competentes, atuando de forma vigilante e operacional.
O Grupamento de Serviço Segurança Externa (GSSE) também
opera o Scanner Corporal (gráfico V), localizado na portaria central do
complexo, tendo por objetivo verificar a possibilidade do(as) visitantes trazerem
consigo entorpecentes, armamento, materiais ilícitos de uma forma geral
(gráfico VI e VII), procedendo também revistas nos pertences.
Há também, de forma essencial, a segunda fase de revista, estas
realizadas no interior das portarias das unidades prisionais, visando diminuir a
margem de erro, ou possíveis falhas que por ventura aconteçam na primeira
fase ao adentrar no complexo prisional. As revistas seguem os padrões
determinados pelos tratados internacionais, possibilitando uma revista
humanizada, sem causar constrangimentos ou transtornos. Também é
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realizada a revista dos alimentos que adentram a unidade, com o fito de
autorizar a entrada dos alimentos permitidos, visando coibir a entrada de
materiais ilícitos possivelmente encontrados nas refeições, sendo assim
atividades laborativas necessárias e primordiais para a segurança de diversas
unidades prisionais.
Geralmente, esse tipo de trabalho segue os ditames da lei de
execuções penais, não havendo qualquer tipo de diferenciação de tratamento
aos presos, no que tange a benefícios, seguindo-se assim, os ditames do
princípio da igualdade e da isonomia.
No que tange a localidade do Complexo Penitenciário, existe um
projeto instituído pelo governo do estado, com o fito de desapropriar áreas
próximas ao local, haja vista a complexidade do serviço e da segurança que é
desempenhada nessas áreas, para que assim não hajam vulnerabilidades que
possam resultar em prováveis tentativas de resgates de presos, ou até mesmo
um confronto direto entre marginais e inspetores como já ocorreram em
algumas décadas atrás.
A Coordenação do Complexo Penitenciário de Gericinó, no intuito
de padronizar os procedimentos nas unidades prisionais, aumentar a
segurança provendo treinamento operacional e logístico, utilizando dos
recursos necessários de controle de crises, caso ocorressem, criou o
Grupamento de Portarias Unificadas (GPU), que desempenham os serviços
em diversas unidades do complexo, onde os inspetores nunca ficam
vinculados nas unidades prisionais, sempre no decorrer dos plantões são
designados para outras penitenciárias, para que não haja vínculo com a
respectiva unidade, aumentando assim a sensação de transparência no
serviço.
27
Este setor trabalha em consonância com a SISPEN, Corregedoria
e demais órgãos, para que com a aplicabilidade do serviço de inteligência,
atuem de forma prevenida a solucionar situações que possam gerar flagrantes,
apreensões, prisões, elucidando assim problemas, atuando em conformidade
do que é previsto em lei.
A Secretaria possui ainda o Grupamento de Operações com
Cães (GOC), que efetua operações nas unidades prisionais utilizando cães
devidamente adestrados, com faro para encontrar entorpecentes, armas,
celulares e até mesmo chips.
Existe também o Serviço de Operações Especiais (SOE) que
realiza o serviço de transporte de internos para as apresentações em juízo,
apresentações hospitalares, transferências e demais serviços no que se refere
a mobilidade de transporte.
Já o Grupamento de Intervenção Tática (GIT), este que atua para
solucionar conflitos nas unidades, desde que a própria unidade não consiga
solucionar as alterações que decorram de motim, rebeliões, ou qualquer tipo
de manifestação contrária a ordem e a disciplina, atuando respeitando o
escalonamento da força, utilizando armamento de impacto controlado, e caso
necessário diante da complexidade do fato, é utilizado armamento letal.
Atualmente, diante de diversos casos de tentativa de resgate de
internos, tanto durante o trajeto de transporte de presos ao fórum, como em
serviços de emergência médica, fora criado pelo Governo do Estado do Rio de
Janeiro a UPA (unidade de pronto atendimento) operando em 24 (vinte e
28
quatro) horas dentro do complexo de gericinó, sendo que ainda se torna
necessário o transporte externo a alguns hospitais específicos no estado, sob
a escolta do GIT (grupamento de intervenção tática).
Houve também um convênio entre a Secretaria de Estado de
Administração Penitenciária e o Tribunal de Justiça, com o fito de disponibilizar
em até seis meses cinco salas de videoconferência, cabendo ao Poder
Judiciário do Estado equipá-las A medida vai evitar que presos saiam das
cadeias para ir até os fóruns.
Em média, 400 (quatrocentos) detentos são movimentados em
todas as unidades prisionais, seja para serem apresentados ao Fórum, até
mesmos em apresentações hospitalares, sem mesmo levar em conta as
transferências, recambiamentos e ingressos de internos em todas as unidades
prisionais do estado.
Até mesmo no âmbito da assistência social, no que tange ao
tratamento penitenciário, a SEAP/RJ, implementou um serviço de acesso de
visitantes informatizado, dispondo de um site este o
"www.visitanteseap.rj.gov.br", este que fornece diversas instruções aos
29
visitantes dos internos, visando assim uma relação positiva com os familiares e
com os zeladores dos cárceres.
Com isso, fica evidente que a Secretaria de Estado de
Administração Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro, está se
modernizando ano após ano, possibilitando que ao se prover a segurança de
forma excepcional, atuando dentro dos ditames da lei, provendo o que é de
direito e dever do preso, utilizando da política criminal penitenciária
estabelecida pela União Federal, a possibilidade de ter um Sistema Prisional
judicioso e justo, tanto para os servidores que ali desempenham suas funções
diante de uma gama de serviços desempenhados nas unidades prisionais,
sem levar em questão do risco iminente de graves distúrbios, para os
custodiados e para a sociedade de um modo geral, que necessita de justiça
social, para que assim provenha a credibilidade da sociedade.
ANEXOS GRÁFICOS GRÁFICO I
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GRÁFICO II
GRÁFICO III
31
GRÁFICO IV
32
GRÁFICO V
GRÁFICO VI
33
GRÁFICO VII
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CONCLUSÃO
Diante de toda a expositura deste trabalho monográfico, fica
notório que a modernidade é um fator necessário para qualquer momento,
qualquer situação em que estejamos expostos. No que concerne ao
monitoramento eletrônico, este de grande importância para nós de uma forma
geral, pois fica cada vez mais evidente que a solução para as superlotações
das unidades prisionais, ser esta modalidade de privação de liberdade vigiada
de quem contraria as normas penais.
Ainda que resulte gastos consideravelmente altos ao erário
público, se torna necessário esse avanço, pois de certa forma passa a ser a
solução atual e futura para a modernização do encarceramento e modificações
na política criminal penitenciária.
É certo de que a vigilância eletrônica passa a conceder uma nova
realidade de cárcere vigiado, resultando em um entendimento que demonstra a
defasagem dos sistemas prisionais, por entender ser decadente e obsoleto,
fato este que não prospera, haja vista que o sistema vem se modernizando,
com o fito de adaptar-se ao tempo, sem mesmo possuir uma legislação penal
que lhe possibilite esse avanço.
Presumo que para se modernizar, os nosso legisladores devem
editar medidas para que o sistema em si evolua juntamente com as
tecnologias criadas para o cárcere propriamente dito. A lei deve ser atualizada
obedecendo o sentido da nossa nova sociedade, mesmo que se possua uma
visão deturpada do que é uma prisão.
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As políticas criminais em si, buscam regulamentar o cotidiano do
sistema penal, vindo a empenhar-se em melhorias consideráveis para a massa
carcerária desse país, entendendo que a ressocialização é o segmento chave
para a solução de todos os problemas, mas não existe a possibilidade de
ressocializar quem já é socializado em seu ambiente. O fato permite uma
interpretação adversa do que se pensa e se almeja.
Assim, reluz que a meta essencial para o andamento da política
criminal, ser também assistencialista, agindo com ética igualitariamente a todos
os cidadãos, buscando a justiça social para que assim resulte em bons
exemplos dentro da legalidade para a sociedade.
Contudo, o avanço tecnológico é impactante, consolidando uma
eficiência a modernidade que é disposta no sistema penal nacional, que graças
as Leis 12.258/2010 e 12.403/2011, acabou-se por dar um passo expressivo a
proclamar um novo despenalizador em nosso território nacional.
Desta forma, é necessário que sejam criados novos planos
diretores, ou seja, projetos que visem modernizar cada vez mais as legislações
penais, fazendo com que venham a surgir diversas possibilidades de
cumprimento de pena, para quem não observar as normas impostas pelo
Estado Democrático de Direito, corroborando assim para o aprimoramento
eficaz da lei penal moderna.
Vale ressaltar ainda, a necessidade urgente de demonstrar as
autoridades políticas da complexidade que é gerir e manter um sistema
prisional desvinculado e inerte as questões sociais que refutam e se alimentam
na realidade prisional, esta que se torna abandonada pelas políticas em si, que
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só visam as possibilidades de modernizar e criar novas formas de cumprimento
de pena, abdicando assim da necessidade urgente de alertar a sociedade de
um modo geral, criando assim uma nova ótica do que é vivenciar o âmbito
penitenciário.
Portanto, é cada vez mais necessário a junção da tecnologia com
o arcaico, no intuito incondicional de modificar o que já está ultrapassado,
assim valendo para as novas leis criadas, as políticas criminais que são
adaptadas a massa carcerária e aos anseios mais profundos da sociedade em
buscar o novo, desde que seja usual para todos, fazendo com que sempre se
busque a modernidade.
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