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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
A EXPRESSÃO COMUNICATIVA DO PROFESSOR
UNIVERSITÁRIO
Mirna de Oliveira Ferretti
ORIENTADORA:
Prof. Maria Esther de Araujo
Rio de Janeiro 2016
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Docência do Ensino Superior Por: Mirna de Oliveira Ferretti
A EXPRESSÃO COMUNICATIVA DO PROFESSOR
UNIVERSITÁRIO
Rio de Janeiro 2016
3
AGRADECIMENTOS
A Deus que me ensina todos os dias a
importância de praticar o amor e o bem comum;
Aos meus filhos que me fazem sempre querer
seguir adiante;
Aos queridos mestres que contribuiram para
ampliar meus conhecimentos e minha visão do
mundo;
E aos queridos colegas de classe com os quais
tive o prazer de conviver.
4
DEDICATÓRIA
Aos meus amados filhos Beatriz e Rodrigo
5
RESUMO
Uma boa expressão verbal tem sido uma habilidade que se exige cada
vez mais da sociedade atual na qual a comunicação e a educação tem se
apresentado como necessidades em todas as áreas do conhecimento onde
prevaleçam as relações humanas ou técnicas, como acontece na atividade
docente para o ensino superior..
Sendo assim, identificar quais são os fatores que interferem
negativamente na expressão comunicativa do professor universitário, além de
compreender até que ponto tais fatores podem prejudicar o desempenho
docente, torna a presente pesquisa relevante, na medida em que, para exercer
a docência é necessário oralidade e produção textual para realizar tarefas de
aula, orientação de traballhos, entre outras.
Para tanto, a presente pesquisa se propõe a compreender
primeiramente, quem é o professor universitário, seu perfil identitário,
formação, competências, dificuldades e limitações inseridas nos contextos
histórico, profissional, institucional e social.. Em seguida, faz-se a definição
conceitual de docência e a descrição dos aspectos práticos que envolvem a
docência universitária. Por último, a compreensão do que é comunicação
verbal, destacando sempre, em uma abordagem qualitativa, o valor da palavra
escrita e falada para a docência do ensino superior onde a adoção de medidas
que aprimorem a eficiência comunicativa do professor universitário possa
promover a otimização dos processos de ensino e aprendizagem e,
consequentemente, do exercício profissional docente.
6
METODOLOGIA
A presente monografia trata-se de uma revisão bibliográfica baseada
em Luft que apresenta uma nova concepção sobre a língua materna, em
Masetto que aborda os aspectos em torno das competências para a docência
universitária, em Dias e Leitinho que tratam das perspectivas para a formação
de professores da educação superior. Foram utilizados também artigos sobre
a relação entre a educação e a comunicação, entrevista concedida em
periódico , livros de outros autores sobre educação e comunicação, além das
observações e dos relatos de professores e alunos durante as aulas do curso
de Docência do Ensino Superior, para melhor sedimentar as ideias iniciais
geradas sobre a temática da comunicação verbal na docência superior.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
O Professor do Ensino Superior 10
CAPÍTULO II
A Docência do Ensino Superior 19
CAPÍTULO III
A Comunicação Verbal na Docência do Ensino Superior 26
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 40
ÍNDICE 42
8
INTRODUÇÃO
A motivação para o tema aconteceu a partir da observação das
atividades de aula e de relatos informais de professores do curso de docência
do ensino superior em uma universidade particular do Rio de Janeiro que
descreveram alunos despreparados, que não gostam muito de ler, que se
expressam mal, fazem críticas pouco aprofundadas, não se esforçam muito e
não escrevem bem.
Diante desse cenário, como não questionar por que esses alunos que
já cursaram a graduação, que já são especialistas em suas áreas de formação
e que, pela lei, já podem atuar como professores no ensino superior, ainda
apresentam tamanha dificuldade em produzir textos ou em expor seus pontos
de vista?
Sobre as dificuldades com o uso da língua, Luft diz:
Nos bancos universitários temos diariamente o doloroso testemunho do fracasso do nosso ensino de Português: a maioria dos egressos do ensino médio, inibidos, inseguros na língua nativa, redigem mal, não sabem desenvolver raciocínios por escrito, têm vocabulário impreciso e sintaxe confusa. (Luft, 2011, p.95)
Saber expressar-se bem sempre foi, não só uma exigência, mas
também um facilitador para um bom desempenho escolar, profissional e
acadêmico dos indivíduos. Quanto ao professor do ensino superior, essa
exigência pode ser ainda maior por ser um profissional que leciona para
adultos e que, portanto, precisa ter um bom domínio verbal. Porém, o que se
espera nem sempre é correspondido, tendo em vista o grande número de
profissionais pouco qualificados para exercer plenamente a docência.
A partir daí, a pesquisa se deu pelo estudo bibliográfico sobre o tema,
para compreender melhor quem é o professor universitário, quais são as suas
práticas profissionais, suas competências, dificuldades e limitações inseridas
nos contextos histórico, político e social, e para destacar, em uma abordagem
qualitativa, o valor da palavra escrita e falada para a docência do ensino
superior.
9
Nesse sentido, sendo o professor sobretudo um sujeito comunicante,
isto é, como sua atividade profissional exige produção textual e oralidade que
viabilizam o desenvolvimento cognitivo e as práticas de ensino, a identificação
dos fatores que comprometam a expressão comunicativa docente da educação
superior torna o presente estudo relevante, na medida em que o professor
universitário participa dos processos formativos de futuros profissionais. Além
disso, segundo Franco (2013, p.149) “a grande questão que preocupa é
exetamente a transformação do papel social das universidades, de formadora
de uma elite intelectual”.
Há que se considerar, também. que cada docente tem objetivos
pessoais e experiências diversas para que se tenha uma compreensão mais
ampla do problema.
Sendo assim, o presente estudo buscou investigar por que ocorrem as
dificuldades comunicativas do professor universitário, quais são as implicações
e possíveis prejuízos para o exercício docente e para os atores envolvidos nos
processos de ensino e aprendizagem.
Por fim, a presente pesquisa termina com algumas propostas que
apontem para o compromentimento dos professores, das universidades e do
poder público com a qualidade do ensino, tendo a certeza de que existe ainda
um longo caminho a trilhar na busca pelo aprimoramento da prática docente do
professor universitário.
10
CAPÍTULO I
O PROFESSOR DO ENSINO SUPERIOR
Apesar dos desgastes que vem sofrendo a profissão docente, a
imagem que se tem quando nos referimos ao professor universitário, nos
remete a um profissional que se dedica aos estudos, com vasta experiência
profissional e saberes extraordinários. Sobre a identidade do professor
Leitinho (2010) destaca:
No desenvolvimento profissional docente, é fator importante a construção de uma identidade profissional, com a qual o professor busca uma identidade biográfica pessoal, que se constrói com o individual e o coletivo em interação, havendo uma relação com atributos culturais. Nesse processo, ocorre um jogo de valores criando uma identificação com pessoas ou grupos, com uma cultura profissional docente (...) (LEITINHO, 2010, p.31)
Para bem compreender o perfil profissional do professor universitário, é
preciso conhecer as batalhas enfrentadas pela recuperação do status social da
profissão.
1.1. O perfil do professor universitário
A baixa valorização profissional do professor, como produto do
descaso com que o poder público vem tratando a educação, tem sido
largamente noticiada pelos meios de comunicação de massa. Não é de hoje
que o prestígio do professor vem sendo abalado no âmbito dos contextos social
e político. A atividade docente, até boa parte do século passado, era
compreendida como um dom, uma missão a ser cumprida, acima dos
interesses materiais, quase como um sacerdócio.
De acordo com as palavras de Cunha (2007, p.11) à essa “nobre
atividade” atribuia-se uma “dimensão moral e disciplinadora”, para além da
“mera condição transmissiva dos conhecimentos”.
A construção da ciência moderna e uma mudança de paradigmas
começaram a interferir diretamente no trabalho do professor, exigindo deste um
11
comprometimento com os preceitos científicos e com o desenvolvimento
intelectual dos alunos.
O trabalho do professor que distinguia-se das demais classes de
trabalhadores pela natureza intelectual da atividade era, até então, reconhecida
e prestigiada socialmente. Porém, a partir da década de 90, com as políticas de
“educação para todos”, a profissão docente passou a sofrer um crescente
processo de desvalorização que se concretizou pela baixa remuneração e, por
práticas de controle da atividade profissional.
O profissionalismo, então passou a ser discutido como forma de reagir
a todo esse desprestígio. Atualmente, a profissionalização docente tem seu
foco no processo formativo e na recuperação do prestígio social. A formação,
neste caso, deve ser uma formação específica que privilegie o saber fazer da
profissão, voltada para os conhecimentos pedagógicos necessários ao
exercício pleno da docência.
1.2. Saberes e práticas do professor universitário
Até hoje, o que se privilegia para exercer a docência do ensino superior
é o saber cientifico. O professor universitário, além de dar aulas, precisa ser
também um pesquisador. As instituições de ensino superior, na medida da
necessidade, exigem dos professores mestrado ou doutorado.
Portanto, no espaço acadêmico onde a pesquisa é privilegiada, ações
de ensinar e aprender são consideradas secundárias, ou seja, as atividades de
qualificação e aprimoramento docente não conferem reconhecimento para
professores do ensino superior..
De acordo com Cunha (2007, p. 21) essa realidade é reforçada pelos
processos de avaliação externa como explica:: “O que dá prestígio ao docente,
do ponto de vista da cultura acadêmica são suas pesquisas e publicações, as
teses que examina, as conferências que profere, os financiamentos que
consegue para seus projetos.”
Apesar disso, a prática comum do professor, mesmo no ensino
superior, ainda é dar aulas, e o processo de ensino mais utilizado ainda é
aquele em que o professor é o sujeito que sabe e ensina aos alunos que não
12
sabem, para que estes sejam avaliados em exames onde é cobrada uma
reprodução fiel do que foi falado ou lido durante as aulas.
Sobre a prática comum do professor universitário Masetto (2015)
descreve que os processos de ensinar e de aprender têm conceitos distintos,
mas que se complementam, se integram e se transformam em um só.
O autor explica que as ideias associativas ao ato de ensinar estão
centradas no professor como agente principal do ensino, que são: “instruir,
comunicar conhecimentos ou habilidades, fazer saber, mostrar, guiar, orientar,
dirigir.”(MASETTO, 2015, p.44 )
Quanto a aprender, Masetto diz que todas as atividades estão
centradas no aluno como agente priincipal desse processo, e remete a
“(...)buscar informações, rever a própria experiência, adquirir habilidades,
adaptar-se às mudanças, descobrir significados nos seres, nos fatos, nos
fenômenos, nos acontecimentos, modificar atitudes e comportamentos.”
(MASETTO, 2015, p.44 ).
O professor do ensino superior deve dispor de métodos e estratégias,
oferecendo condições de aprendizado para os alunos, mantendo um olhar
atento para reconhecer as reais necessidades dos alunos, desenvolvendo suas
capacidades, habilidades, potencialidades e oportunidades, indispensáveis
para uma formação de qualidade.
O execrcícos pleno das atividades docentes para o ensino superior
exige que o professor universitários se ocupe com as tarefas associadas a dar
aulas, além de outras que se relacionam com orientação de trabalhos
acadêmicos dos alunos, atividades de pesquisa em cursos de mestrado ou
doutorados, elaboração de textos acadêmicos próprios, palestras,
conferências, defesas de teses, etc.
Mas o que faz do profissional docente um sujeito acima da média, de
quem se exige uma multiplicidade de ações?
Sobre a competência para dar aulas atribuida a um dom intrínseco, a
uma capacidade inata de transbordar conhecimentos, mesmo que alguém
possa reconhecer-se capaz e com facilidades para ensinar, não é um fator que
substitua a formação específica para a superação das dificuldades dos
docentes.
13
As dificuldades dos docentes do ensino superior vão além das tarefas
práticas de ensinar e aprender, e acontecem de forma abrangente nos
aspectos relacionados à carreira docente, às condições de trabalho, às
pressóes por produtividade acadêmica, aos baixos salários, entre outros.
1.3. Carreira e trabalho: motivações, desafios e condições
Pela compreensão da natureza subjetiva dos sujeitos e de suas
motivações, fazer uma escolha formativa que poderá definir ou alavancar uma
carreira profissional poderá depender de alguns fatores como, o interesse
pessoal pelo assunto, formação anterior (preparo), capacidade financeira,
disponibilidade de tempo para se manter no curso, mas, tomar conhecimento
das exigência para desempenhar a atividade, levando em conta a relevância
para o desenvolvimento profissional, pode ser de grande valia para qualquer
profissional.
Ao fazer uma escolha profissional, os indivíduos, muitas vezes, abrem
mão de suas vocações em função de outras carreiras cujas condições de
trabalho e remuneração sejam mais atrativas. Ao contrário disso, talvez para
desacelerar o ritmo de trabalho, para buscar novas oportunidades ou para
complementar renda, muitos profissionais buscam a docência, como relatado
entre os alunos do curso de Docência do Ensino Superior da AVM.
Com as políticas públicas que garantem acesso ao ensino superior
pelo sistema de cotas, houve um aumento de IES (Instituições de Ensino
Superior) e do número de vagas de trabalho para professores universitários.
Por outro lado, algumas demandas, pouco favoráveis trazidas por esse grupo
de alunos, também passaram a fazer parte do cotidiano do professor
universitário, o que será descrito mais detalhadamente ao longo deste trabalho.
Tendo o magistério como profissão, o professor universitário poderá
dar aulas particulares como autônomo e também em Instituições de Ensino
Superior públicas ou privadas que se diferenciam em vários aspectos, como
por exemplo, a forma de acesso às vagas, a remuneração, a estabilidade, a
qualidade do ensino, as condições de trabalho, etc.
O professor que busca a estabilidade de um emprego público, ao se
candidatar à uma vaga para docente nas universidades públicas, deve estar
14
ciente do que poderá encontrar, como atrasos nos pagamentos, falta de
manutenção predial das instituições, greves constantes, alunos despreparados
e com comportamento inadequado.
Nas IES particulares, a questão do despreparo e do comportamento
inadequado dos alunos também é percebida, o que difere é que nestas, os
alunos são tratados como clientela e os professores devem atuar pela
manutenção desses “clientes”, tendo que “afrouxar” nas avaliações ou fazer
ouvidos moucos para não desagradar.
Para dar conta de suas atividades, os professores em geral, realizam
atividades relacionadas a docência não só nas instituiçõs de ensino, cumprindo
horários determinados, mas também em suas residências que deveriam ser
locais de descanso. Além disso, muitos professores precisam trabalhar em
mais de uma instituição de ensino ou assumir várias turmas para .conseguir
uma renda razoável.
Diante das condições que envolvem a atividade docente, muitos
profissionais tornam-se desmotivados a melhorar a qualidade do seu trabalho,
mesmo que estejam com dificuldades para resolver questões práticas para
exercer a docência. Além do que, algumas dessas dificuldades podem ser
explicadas pelos processos formativos oferecidos para o ensino superior.
1.4. Percursos formativos do professor universitário
Atualmente, as instituições de ensino superior costumam exigir
minimamente do seu quadro docente, bacharelado, especialização em uma
área específica do conhecimento, e experiência profissional. A formação
pedagógica que teve sua importância reconhecida desde a década de 80, não
é obrigatória para a docência universitária,.
Nos programas de pós-graduação das universidades, os títulos de
mestrado e doutorado exigidos geram demandas de tempo e investimento, e
ao contrário da formação pedagógica, podem trazer ascensão e prestígio
profissional, o que talvez explique, em parte, por que a grande maioria dos
professores que lecionam no ensino superior nunca tenha recebido formação
específica para dar aulas.
15
As universidades priorizam as atividades de pesquisa e a produção dos
trabalhos acadêmicos, tendo em vista o valor inestimável da pesquisa para a
atualização dos professores. A realidade do saber fazer da profissão docente
não tem sido encarada como relevante, o que pode comprometer a qualidade
do ensino oferecido pelas Instituições, impactando no aprendizado e na
qualificação dos futuros profissionais que serão lançados no mercado de
trabalho.
Como já referido, anteriormente, algumas das dificuldades do professor
universitário configuraram-se, possivelmente, pelas deficiências trazidas de
seus percursos formativos anteriores, oferecidos por um sistema educacional
que precisa de reformas curriculares e qualitativas urgentes, não só no ensino
superior, mas em todos os níveis de ensino.
Sendo assim, a quem compete suprir as dificuldades dos docentes em
suas atividades? Será que o professor consegue sanar sozinho todas as
dificuldades enfrentadas? Seria ele o único responsável por seu bom ou mau
desempenho? Quais são as ofertas para a formação docente? Quem é
responsável por essa formação e pela qualidade dos serviços educacionais?
Onde começa e onde termina essa responsabilidade? Qual a consciência que
se tem da importância de uma formação específica? Qual o incentivo e o
reconhecimento atribuídos?.
Usando as palavras de Bauman (2015), vivenciamos uma sociedade
de desempenho individual “da cultura de afundar ou nadar sozinho”, e o
professor acaba por buscar caminhos para resolver suas dificuldades, pois
acredita que apenas ele é responsável pela qualidade do ensino. É
compreensível que o professor seja o gestor da aprendizagem, mas muitas
vezes, ele percebe que não consegue superar suas dificuldades sozinho.
Algumas pesquisas sobre formação específica para docência vêm
apontando propostas para que os gestores das instituições de ensino superior
possam repensar a relevância de oferecer uma formação pedagógica. É
necessário também, reconhecer que a responsabilidade formativa tem que ser
dividida entre o professor e a universidade, e não termina com a oferta, pois é
preciso sim acompanhar esses profissionais.
De acordo com Cunha (2007, p.18):
16
Qualquer proposta curricular que pretenda uma articulação em torno de um projeto de curso exige a condição do trabalho coletivo. Requer um professor que dialogue com seus pares, que planeje em conjunto, que exponha as suas condições de ensino, que discuta a aprendizagem dos alunos e a sua própria formação (...)
A título de exemplo, na pós-graduação em Docência do Ensino
Superior na AVM, a disciplina de Metodologia da Pequisa e Monografia só é
oferecida por orientação à distância, e o que privilegia-se é a forma, não o
conteúdo dos trabalhos. Organizar ideias, construir argumentação sobre os
temas, organizar e elaborar o texto podem ser tarefas bem difícies para muitos
alunos, principalmente para os bacharéis novatos no contexto educacional.
Pela natureza dinâmica da profissão docente e pela necessidade
constante de atualização, uma nova demanda de aprendizagem, a formação
continuada, é função do Ensino Superior e deve ser buscada, tendo em vista
às mudanças rápidas vivenciadas pela sociedade. Portanto, o professor
universitário precisa desenvolver novas capacitações tais como: a adaptação
ao novo, a iniciativa, a autonomia, a criatividade, a cooperação e a
comunicação.
Mais do que nunca, o que se percebe é que a educação é um processo
dinâmico. A exemplo disso, temos hoje, com a internet, um novo ambiente de
conhecimentos e aprendizado que vem exigindo mudanças e adaptações
constantes das instituições de ensino e dos agentes da educação.
1.5. Caminhos da comunicação: novos desafios para a
educação superior
O acesso à internet e as mídias digitais interativas trouxeram
mudanças no comportamento da sociedade, interferindo nas práticas
educacionais das instituições de ensino e por consequência, no trabalho
docente.
A internet permite que as pessoas possam comunicar-se por e-mails,
plataformas on-line, chats, redes sociais, aplicativos etc, de forma rápida e
17
direta, possibilitando a superação de obstáculos como o tempo, o espaço e a
distância, o que não só amplia as formas de comunicação e o acesso à
informação, como também viabiliza um novo formato de educação - os cursos
de Educação à Distância (EAD).
E sobre tais mudanças Kenski (2008) em seu artigo cita:
A sociedade em rede se organiza por meio de relações múltiplas que mudam as formas como as pessoas e as organizações se relacionam, comunicam, interagem e vivem uma nova realidade. As possibilidades de interação e comunicação em tempo real com parceiros de aprendizagens, independente do local em que se encontrem, nos remetem aos ideais aspirados para a “aldeia global” por McLuhan (KERCKHOVE, 1999, p. 209). Pesquisas feitas por Castells
O acesso globalizado pela rede é sem dúvida um grande avanço para
a sociedade. Pela internet qualquer pessoa pode acessar acervos completos
dos principais jornais, revistas científicas, bibliotecas e publicações de
universidades do mundo inteiro, Em contrapartida, o modelo tradicional de
ensino tem se mostrado pouco eficiente diante das demandas dessa sociedade
em transformação.
Em função dessa nova realidade em constante transformação,
professores e instituições de ensino começam a se adaptar e a sofrer pressóes
de uma sociedade que demonstra insatisfação com antigas práticas, ainda tão
recorrentes, como aulas transmissivas e memorísticas de conteúdos,
colocando em dúvida se a presença do professor e se o espaço físico das
escolas seriam indispensáveis para aquisição de novos conhecimentos.
Na prática, a desvalorização do conhecimento escolarizado, parece
significar que o professor precisa (re)construir sua identidade profissional para
que sua atuação se faça necessária e satisfatória. E, para tanto, não bastar
“saber” os conteúdos das disciplinas, mas “como fazer” com que os alunos
realmernte os aprendam.
De acordo com Kenski, :
O formato educacional emergente é um processo ainda em aberto e desafiador. Novas composições, flexíveis e capazes de atualizações constantes, são necessárias de acordo com os níveis de desenvolvimento, estruturas sociais e trajetórias culturais de cada grupo.(KENSKI, 2008)
18
O professor universitário, então se vê diante da necessidade de rever
suas práticas pedagógicas e de familiarizar-se com o uso de novas tecnologias
que podem ser utilizadas como ferramentas de comunicação facilitadoras nos
processos de ensino e aprendizagem..
Sobre as condições e desafios do professor Cunha (2007) diz:
As novas tecnologias da informação, a generalização dos meios de comunicação de massa, a instabilidade do mercado de trabalho e a indecisão sobre as necessidades do futuro vêm abalando o prestígio do conhecimento escolarizado e, por consequencia, o trabalho do professor. (CUNHA, 2007, p. 12 e 13)
Tornar suas práticas mais instrumentalizadas e participativas passa a
ser o caminho para desfazer a ideia equivocada que as pessoas têm de que a
informação se basta. É preciso fazer com que a sociedade compreenda que
esse comportamento de buscar informação para satisfazer uma necessidade
imediatista e utilitária não torna o magistério uma profissão ultrapassada, pelo
contrário, pois o professor é o profissional cujas práticas objetivam transformar
informações em conhecimentos significativos e neste sentido, a Docência
Universitária se faz necessária para a construção de uma sociedade do
conhecimento.
19
CAPÍTULO II
A DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR
A docência do latim doc(ere) + ência é ação de de ensinar, de exercer
o magistério, característica ou particularidade do professor (docente) cujo
objetivo está centrado nos processos de ensino e aprendizagem.
Para bem definir a docência Veiga (2010, p. 17):diz: “A docência é um
dos atos mais representativos da ação do professor e seu produto é a
aprendizagem do aluno.” Para garantir que a aprendizagem aconteça, o
conceito de profissionalismo é retomado no âmbito do desenvolvimento
profissional docente. Neste sentido, entende-se que o desenvolvimento de
competências pedagógicas são necessárias para que o exercício profissional
aconteça de forma mais eficiente e eficaz.
Na legislação brasileira, a Lei 9394/96 estabelece as diretrizes e bases
da educação nacional (LDB), na qual o artigo 66 trata da formação para a
docência como o “preparo para o magistério” superior nos níveis de pós-
graduação, mestrado e doutorado. Mas, embora existam esforços em
desenvolver projetos de pedagogia universitária, na prática, a formação
pedagógica do docente da educação superior ainda continua fora dos
currículos das instituições de ensino superior.
As funções da docência universitária abrangem o ensino, a pesquisa e
a extensão e exige saberes e habilidades específicas. A prática docente,
segundo preceitos da pedagogia atual, tem seu foco no educando e nos
processos de aprendizagem de abrangência mínima em quatro grandes áreas:
a do conhecimento, das habilidades, afetivo-emocional e das atitudes ou
valores.
A área do conhecimento, de acordo com Masetto (2015, p. 46)
corresponde aos aspectos mentais do homem, “sua capacidade de pensar,
refletir, analisar, comparar, criticar, justificar, argumentar, inferir conclusões,
generalizar, buscar e processar informações, produzir conhecimentos,
descobrir, pesquisar, criar, inventar, imaginar (...)” para assimilar e reproduzir
os conhecimentos obtidos.
20
A crítica imediata que surge sobre as dificuldades em promover o
desenvolvimento da área cognitiva do educando, se apresenta como um
desafio extra para o professor que se vê diante do baixo interesse de uma
sociedade na qual a reflexão e o pensamento, indispensáveis para a
construção de uma lógica argumentativa para expressar novas idéias e
concepções, não são estimulados. Para o professor, recorrer à área de
atitudes e valores pode ser um bom caminho para estimular a adoção de uma
nova postura mais consciente dos alunos, para que reconheçam o valor do
conhecimento e a responsabilidade de cada um com a aprendizagem,
O desenvolvimento da área de habilidades e competências para o
ensino superior privilegia atividades experienciais individuais e coletivas.
Segundo Masetto (2015, p. 47), a área das habilidades e competências
humanas e profissionais para o ensino superior abrange a relação entre os
conhecimentos adquiridos e suas aplicações práticas, mas não se limitam ao
saber fazer de cada profissão. Algumas dessas habilidades são:
Aprender a se expressar e a se comunicar com os colegas, professores e profissionais da área, clientes futuros:
Trabalhar em equipe; Fazer relatórios; Realizar pesquisas Usar o computador; Elaborar trabalhos individuais dos mais diferentes tipos; Aprender com situações comunitárias; Participar de grupos interdisciplinares ou de profissionais de áreas
diferentes; Redigir e apresentar trabalhos científicos.
Os ítens destacados acima indicam que, o desenvolvimento de
habilidades para o ensino superior demanda, entre outras coisas, a prática da
leitura, da pesquisa, trabalhar individualmente, mas também em equipe,
favorecendo as trocas dos conhecimentos adquiridos pela expressão oral nos
debates, apresentações, interações entre os pares ou entre outros
profissionais, etc, e pela expressão escrita, redigindo textos autorais, relatórios,
resenhas, mensagens, etc., vivenciado de todas as formas a expressão verbal
e o compartilhamento de saberes pela comunicação.
21
A área afetivo-emocional abrange a compreensão das
potencialidades dos alunos, buscando desenvolver a autoestima e a
autoconfiança, estimular o trabalho em grupo e a responsabilidade com o
processo de aprendizagem.
A área de atitudes e valores, ainda segundo o autor, é a área menos
trabalhada nas universidades, relacionada à conscientização dos educandos
para a necessidade de valorização do conhecimento, da atualização, da
pesquisa, de estudos de todos os aspectos possíveis que envolvem um
problema, da cooperação, da solidariedade, do senso crítico, da criatividade,
do respeito aos outros e a suas opiniões e do trabalho em equipe.“(...) sentir-se
comprometido com a coletividade pelo desenvolvimento de valores éticos,
sociais, históricos e culturais”.( MASETTO, 2015, p. 49)
Seja qual for a área do conhecimento trabalhada pela docência, os
processos de aprendizagem se desenvolvem pela mediação pedagógica do
professor, que para tornar mais dinâmica e eficiente a ação educativa, deve
colocar o aprendiz no centro das atenções. Segundo Masetto (2015)
São características da mediação pedagógica:
Auxiliar nas dificuldades técnicas e teóricas dos alunos; Trocar experiências, debater temas ou situações problemas; Propor desafios, incentivar a reflexão e o pensamento crítico; Colaborar para que o aluno aprenda a comunicar conhecimentos; Apresentar perguntas que orientem os alunos; Dialogar sobre atualidades; Trabalhar questões éticas, sociais e profissionais; Utilizar novas tecnologias para aprendizagem.(Masetto, 2015, p.47)
Sendo minimamente observador, é possivel perceber que os verbos
acima utilizados para caracterizar a mediação pedagógica sintetizam bem as
atribuições do professor universitário, que são: auxiliar, trocar, propor,
colaborar, apresentar, orientar, dialogar, trabalhar, utilizar.
Outro aspecto importante para o ensino superior, especialmente no
primeiro período letivo, é que, durante as aulas, o professor universitário possa
estabelecer, desde os primeiros contatos com os alunos, uma relação entre
adultos, com objetivo de estimular a conscientização e o comprometimento
22
para superar alguns comportamentos inapropriados e até irresponsáveis dos
alunos que imgressam no ensino superior. Aulas conduzidas em tom honesto,
que deixem claro a importância de cada um para desenvolver um bom trabalho
docente.
Neste sentido, de acordo com Masetto (2015, p.91), a aula no ensino
superior deve deixar de ser um momento em que o professor utiliza para
transmitir informações e experiências para ser um momento de trocas e
parcerias. Sobre as características que compõem os momentos das aulas o
autor diz:
A aula é o espaço e ambiente para planejar em conjunto o curso a ser realizado, negociar as atividades, discutir interesses; ponto de encontro para leituras, exposições, debates, momentos de sínteses, diálogos e descobertas; tempo para identificação das necessidades, expectativas, e interesses dos participantes para traçar objetivos a serem alcançados, definir e realizar um processo de acompanhamento e de feedback do processo de aprendizagem.(MASETTO, 2015, p.91)
Parece repetitivo, mas como pode, então, ser eficaz uma ação docente
exercida de forma intuitiva, onde cada professor se vira como pode, de forma
isolada, baseando-se em tentativas, erros ou acertos?
Compreende-se que para a docência universitária, o referencial da
prática seja fundamental para a consolidação dos conhecimentos teóricos.
Mas, a docência universitária, para que seja exercida de forma menos
amadorística, exige o conhecimento de técnicas e metodologia apropriadas ao
ensino superior e não apenas baseada nos saberes científicos e experienciais
dos docentes.
2.1. Metodologia para o ensino superior
Os termos utilizados em Didática podem: ser metodologia, estratégia,
técnica, método, recursos ou instrumentos, cujos significados podem ser
diferentes dependendo de cada autor.
Atribui-se a “estratégia” e “metodologia” a escolha de todos meios e
recursos utilizados para facilitar a aprendizagem, isto é, um conjunto de
disposições envolvidas para que o professor alcance os objetivos educacionais
23
pretendidos, que vão desde a organização do espaço físico da sala de aula, até
a preparação dos materiais que serão utilizados como os recursos
audiovisuais, dinâmicas de grupo, internet, etc.
Já “técnicas” ou “métodos” didáticos são as atividades que serão
realizadas obedecendo regras metodológicas para alcançar determinado
objetivo de aprendizagem, como por exemplo, aula expositiva, aula prática,
grupos de debates, estudo de casos, etc.
Os “recursos” são todos os instrumentos utilizados para realizar uma
técnica, como por exemplo, quadro branco, PowerPoint, cadeiras em círculos,
vídeos, cartazes, filmes, etc. Em Masetto (2015, p.99) o “essencial no conceito
de técnicas e estrategias é a característica de instrumentalidade.”
Como o processo de aprendizagem busca o desenvolvimento de áreas
diversas (conhecimento, habilidades e competências, afetivo-emocional e
atitudinal), o professor universitário deve ter conhecimento de várias técnicas
que se adaptem melhor a cada um dos objetivos. A utilização de uma única
técnica, além de ser monótono, não satisfaz os objetivos diversos pretendidos.
A variabilidade das técnicas se faz necessária na medida em que cada
turma reage de forma diferente, cada grupo tem características próprias, além
do que, a variação das técnicas quebra a rotina, traz dinamicidade, criatividade,
curiosidade, flexibilidade às aulas. podendo ser fator de motivação para que os
alunos compareçam às aulas
.Por sua natureza prática, não se pode tratar da docência sem
mencionar os aspectos metodológicos. Tais técnicas ou métodos didáticos
podem ser avaliativos ou não. Por ora, este capitulo vai abordar brevemente,
apenas os métodos avaliativos cujo impacto na qualidade do ensino e na
estrutura educacional merecem destaque, deixando para o capítulo terceiro,
outros métodos relacionados com a expressão comunicativa para a docência
universitária onde se encontra o tema principal do presente trabalho.
Os métodos avaliativos, em qualquer nível de ensino, devem ser
compreendidos como partes integrantes do processo de aprendizagem. Pelas
avaliações, o professor irá definir todo o processo pedagógico visando a
progressão da aprendizagem. Porém, para a educação superior, os métodos
avaliativos têm sido uma prática classificatória e até mesmo excludente.
24
Na educação superior, a avaliações podem ser internas (aplicadas
pelas IES) ou externas como ENEM e SINAES como política nacional para o
ingresso e para avaliação da qualidade do ensino, respectivamente.
O ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) é um exame de ingresso
ao ensino superior que tem características classificatória e inclusiva
promovendo a democratização do acesso ao ensino superior pelo sistema de
cotas raciais ou para alunos oriundos das escolas públicas onde o ensino é
deficiente. O SINAES (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior) é
considerado por muitos como uma prática avaliativa que perpetua as
desigualdades sociais, pois, muitas vezes, é rigoroso demais, nivelando os
padrões de ensino pelas universidades de excelência que não correspondem
aos padrões da grande maioria das IES.
Já as avaliações internas interferem diretamente na evasão dos alunos.
Nas IES particulares, as avaliações têm relação direta com a manutenção da
clientela que pode abandonar os cursos em caso de reprovação. Para o
professor universitário que leciona numa universidade particular “afrouxar” nas
avaliações tem representado um grande desafio, sobretudo para os mais
conscientes de seu papel social, pois essa prática compromete a qualidade do
ensino e mantém as dificuldades trazidas pelos alunos.
As avaliações no ensino superior devem ser encaradas como métodos
para a identificação das dificuldades dos alunos, para planejar novas
estratégias, servindo como elemento motivador para professores e alunos na
busca por melhores resultados e não para atribuir nota, aprovar ou reprovar. O
professor que promove a compreensão de que as avaliações são importantes
para medir a progressão da aprendizagem, certamente estabelecerá um clima
de confiança e respeito mútuo. Para que isso aconteça, é necessário
estabelecer um bom diálogo.
Dialogar, nesse caso, é fundamental para contornar estas e outras
dificuldades encontradas, para estabelecer parcerias entre professores e
alunos, para compreender suas necessidades, discutir propostas de trabalho,
relacionar os conteúdos das disciplinas com suas aplicações práticas e
também com outros temas pertinentes para desenvolver uma aprendizagem
integrada. A ação docente deve, portanto, sempre privilegiar a comunicação
25
entre os atores da ação educativa com objetivo de selar um compromisso, de
ambas as partes, com a aprendizagem e com o plano de trabalho de forma
cooperativa
Porém, comunicar-se de forma eficiente, pode não ser tão fácil como
se imagina, tanto para o professor como para a sociedade em geral pois, nem
sempre, aquilo que pretendemos comunicar é exatamente a mensagem
recebida por nossos interlocutores, principalmente quando existem falhas que
dão margem a equívocos ou incompreensão.
Na docência, se pela didática a ação educativa pode se tornar mais
eficiente, é pela palavra que o professor vai conduzir as questões práticas e
costurar uma trama de aprendizagem e conhecimentos significativos. Portanto,
ter domínio da língua para bem cumprir as tarefas docentes pode parecer
corriqueiro, mas merece atenção, principalmente no ensino superior.
Para Luft (2011)
Um dos objetivos do ensino/aprendizado da língua materna é de associar às atividades de leitura e produção textual, tendo em vista que as práticas sociais de uso da língua escrita recebe destaque na orientação de trabalhos de pesquisa, em razão do seu valor social e histórico oferecendo suas contribuições para nossa sociedade. (LUFT, 2011, p.79)
Portanto, uma boa comunicação verbal para docência superior é, sem
dúvida, uma condição indispensável para os docentes.. Desse modo, a
superação das dificuldades na expressão comunicativa do professor
universitário exige consciência, empenho pessoal e institucional, onde
percebemos que a estreita relação entre comunicação verbal e o ensino
superior se apresenta como relevante para a docência universitária.
26
CAPÍTULO III
A COMUNICAÇÃO VERBAL NA DOCÊNCIA DO ENSINO
SUPERIOR
Comunicação e educação são necessidades presentes em todas as
áreas onde as relações humanas ou técnicas aconteçam. Pretto (2008, p. 13)
ao concordar com Paulo Freire cita que "o ato de educar é um ato de
comunicação".
3.1. Dados Conceituais de comunicação verbal
A teoria da comunicação como vertente da engenharia, desenvolveu
certos conceitos que são aproveitados em linguística, como mensagem,
código, emissor, receptor, meio, resposta (feed-back) e o ambiente onde o
processo comunicativo acontece.
Em relação à forma, a comunicação pode ser verbal (utiliza código
linguístico), não-verbal (utiliza símbolos, placas, imagens, etc.) e gestual (utiliza
a linguagem corporal). Pode ser direta – pelo contato direto entre os
interloctores ou indireta (mediada) – pela utilização de algum aparato técnico
que intermedia a interlocução.
Por definição, a comunicação verbal, ou seja, aquela que utiliza um
código linguístico, é o intercambio mental entre os indivíduos, feito por meio da
fala (a linguagem) ou por representações gráficas duráveis e visíveis(a escrita).
Segundo Luft (2011, p.47 ) “a linguagem é a prática de uma língua e as línguas
existem para com elas praticarmos a comunicação e interpretarmos o mundo”.
A prática de uma língua inclui atos de fala e de escrita. Os atos de fala
são mais flexíveis, se desenvolvem pelo meio social, pelo contato entre os
falantes, permitem infinitas variações, gírias, entonações, regionalismos,
estrangeirismos e pronúncias diversas. Já a escrita é mais formal e pressupõe
o uso de regras estabelecidas pela gramática.
Para a docêncía universitária, a importância da comunicação verbal
acontece pela oralidade, ao conduzir atividades de aula, e pela escrita, na
elaboração de trabalhos acadêmicos, de materiais expositivos, de mensagens
27
enviadas, etc. Nesse contexto, um bom texto falado ou escrito não é aquele
que respeita o rigor extremo das regras gramaticais, pois, ao citar Veríssimo
em Gigolo das palavras Luft (2011, p. 18) diz “o importante é comunicar”.
Porém, um bom discurso falado ou escrito confere respeito e confiabilidade
para quem escreve ou fala. Ao negligenciar a qualidade verbal em suas
atividades, o professor universitário que vem construindo uma imagem de
profissional do saber, pode ver sua imagem sendo abalada pelo olhar crítico de
quem lê ou ouve suas produções verbais.
Professores universitários sempre reclamam que seus alunos recortam
e colam textos retirados da internet em seus trabalhos acadêmicos. Porém, não
é raro encontrar profissionais, tanto de exatas como de humanas, que
apresentam dificuldades com a língua, especialmente com a escrita Nos
últimos anos, a quantidade de alunos com nota zero em redação no ENEM
(Exame Nacional do Ensino Medio) ilustra o fracasso do ensino do Português
nas escolas brasileiras.
Mas afinal, o que vem acontecendo com o ensino da Língua
Portuguesa nas instituições de ensino para que tantas pessoas ainda
apresentem tão pouca familiaridade com o uso da sua própria língua?
3.2. A comunicação e o aprendizado da língua materna
A língua é o vínculo mais forte com a nossa identidade, fortalece os laços com quem convivemos, é um poderoso instrumento de comunicação para compreensão do mundo, das nossas emoções e de nossas mémorias associadas também ao conceito de cultura.
No contexto educacional, a língua é considerada como uma base autêntica e eficiente para a construção do pensamento crítico dos indivíduos.
Segundo Luft (2011 p. 79), a prática de uma língua requer:
“(...)observância não só de regras gramaticais – de sintaxe, léxico, morfologia, etc, - mas também de regras de comportamento socioverbal e eficiência comunicativa, de adequação (ao ouvinte, ao assunto, ao ambiente, à situação, etc.), todas as regras necessárias para uma comunicação eficiente – regras de uma gramática da comunicação.
28
Erroneamente, o ensino de Português praticado em nossas escolas tem massacrado os alunos com a memorização de nomenclaturas, regras e exceções, demonstrando uma visão distorcida de que ensinar língua é ensinar gramática. Um ensino opressor, alienante onde os professores parecem pretender formar gramáticos ou escritores, mas. fazer falar e escrever com clareza e eficiência é o que menos se pratica.
Sobre o ensino da língua, Luft ( 2011) diz:
Não se trata de ensinar a língua materna, que o aluno já tem ao entrar na escola;(...) O que cabe é ir aumentando a capacidade comunicativa dos alunos, trabalhar com a língua, melhorando sempre mais e tornando mais produtivo o manejo desse instrumento. E para os possuidores/praticantes de uma gramática mais baixa, propiciar a internalização da gramática mais alta com a multiplicada exposição a bons textos.”LUFT (2011, p. 30)
Segundo Luft (2011, p.19) um ensino extremamente gramaticalista
“abafa justamente os talentos naturais, incute insegurança na linguagem, gera
aversão ao estudo do idioma, medo à expressão livre e autêntica de si
mesmo”. Ou seja, o talento de bem falar e escrever tem a ver com o que ele
chama de “gramática natural”, isto é, com o sistema de regras que os falantes
internalizam ouvindo e falando pelo contato direto entre os falantes ou pela
leitura de bons textos.. Pois, “é no manejo pessoal dessas regras que se
revelam o talento maior ou menor de cada um.”
As regras de sintaxe, por exemplo, que se aplicam na fala e na escrita,
são uma questão de uso. Tudo na língua é considerado uma questão de uso
“Não só a sintaxe. A língua toda: semântica, léxico, morfologia, fonética e
fonologia” Quanto à escrita que se submete mais intimamente a essas regras,
“escrever bem é escrever claro” e não de forma extremamente correta. Saber
as regras desse meio de comunicação não é indispensável. Indispensável é
saber a língua, Ainda segundo Luft (2011)
“importante é se habituar a falar claro, escrever claro, de modo eficiente, utilizar com desembaraço e prazer o seu bem pessoal mais íntimo: a língua. Isso é o que importa, estudasr, praticar, desenvolver.” LUFT (2011. P. 18)
29
Ao contrário disso, o ensino de Língua Portuguesa segue caminhos
equivocados, exigindo a memorização exaustiva de regras, tomando o lugar
da leitura, da análise e interpretação de bons textos e das tentativas individuais
de produzir textos autorais de boa qualidade, essenciais para um bom
desenvolvimento da comunicação verbal promovido pela vivência prática e
criativa com a língua.
Não somente a qualidade do ensino do português é questionável, mas
a oferta também. Nas IES são poucos os cursos que oferecem a disciplina de
língua portuguesa como parte do currículo. Algumas instituições disponibilizam,
por conta própria, as disciplinas não obrigatórias de português e matemática
como forma de suprir as possíveis deficiências dos alunos dos cursos de
graduação. .
Na verdade, o português deveria fazer parte da grade curricular de
todos os cursos, da alfabetização à pós-graduação devido à sua imensurável
contribuição pessoal e profissional para o desenvolvimento de uma capacidade
comunicativa mais eficiente, principalmente na educação superior quando se
intensificam as demandas de uso da língua.
3.3. Aspectos da comunicação verbal na educação superior
Sempre buscamos nos cercar de boas práticas verbais para obter uma
comunicação eficiente em todos os ambientes de nossas vidas. Nos processos
educacionais, a eficiência da comunicação acontece quando há aprendizado. O
que significa que, em educação, aprender é o principal objetivo da ação
comunicativa, e no execício docente, a palavra é o que vai permitir o
compartilhamento do saber.
A comunicação na docência transita não só pelo ato de comunicar em
si, mas de envolver, de fazer participar. Um bom orador é aquele que
conquista, que mantém o interesse do aluno. Quando os conteúdos das aulas
são bem conduzidos e bem planejados, produzem o mínimo de erros e evita
que o professor experimente a sensação de estar falando para ninguém.
30
Portanto, a aprendizagem dos alunos é o que vai determinar a eficiência da
comunicação.
Pela teoria da aprendizagem significativa proposta por Ausubel (1982),
para que a aprendizagem aconteça, “o aluno deve ter ideias prévias relevantes
em sua estrutura cognitiva”, para que com elas possa relacionar os materiais
de aprendizagem (livros, aulas, artigos, conteúdos em geral, etc) para fazer
esse relacionamento de forma “não-arbitrária” e “não-literal”.
Então, se quem propõe o aprendizado é o professor e quem atribui
significados aos materiais e conteúdos utilizados são os alunos, “como fazer”
deve ser uma preocupação constante do profissional docente. O modelo de
aulas meramente transmitidas a partir da leitura dos livros apenas para cumprir
programas deve ser abandonado.
As aulas transmissivas são um exemplo clássico de comunicação
ineficiente na educação, simplesmente porque não considera a participação
dos alunos e não garantem que a aprendizagem de fato aconteça. Tal como na
observância dos aspectos de uma boa comunicação, “para quem dizer”, “o que
dizer”, “por que dizer” e “como dizer” são essenciais para os processos
educativos. Além disso, as falhas ou ruídos de comunicação nos processos
educativos certamente comprometerão a aprendizagem dos alunos
As falhas (interferências ou ruídos) na comunicação, a interpretação e
a compreensão das mensagens ficam também subordinadas a certos aspectos
ou às crenças, modo de ser de cada um e comportamentos do receptor das
mensagens. De qualquer forma, é sempre bom ter atenção com as falhas ou
ruídos de comunicação nos processos educacionais para evitar a incopreensão
ou interpretações equivocadas dos conteúdos abordados.
Logo, do ponto de vista do ambiente das mensagens “os ruídos” a serem evitados podem ocorrer:
Na linguagem: As variáveis linguísticas não compreendidas pelos
interlocutores e os registros linguístivos muito técnico, formais ou
rebuscados;
No vocabulário::Pelo desconhecimento vocabular ou do próprio idioma;
31
No conteúdo das mensagens: pela falta de clareza das mensagens
que sejam confusas ou que permitam várias interpretações; por
informações insuficientes, por conter conteúdos apenas em texto ou
textos muito extensos;
Na emissão das mensagens: pelo baixo volume da voz ou
equipamentos, por barulho ou interrupções nas mensagens;
Na divergências técnicas ou culturais: Divergências entre os
comunicantes (referências, vivências e conhecimentos trazidos ou não
pelos alunos sobre os temas abordados);
Comportamentais: ruídos de cunho psicológico como timidez, gagueira,
medo, insegurança, aparente desmotivação, descaso, postura pedante,
etc.
Seja qual for o contexto, uma boa comunicação é aquela que possibilita
cumprir os objetivos da ação comunicativa. No contexto educacional, o domínio
dos conhecimentos teóricos e práticos e as habilidades didáticas podem ser
considerados uma fórmula quase infalível para que a comunicação aconteça.
Do ponto de vista prático, algumas dicas elementares de apresentação em
público são sempre bem vindas para auxiliar os docentes em suas tarefas
diárias de aula.
São elas:
Procurar descomplicar, falar de forma simples e direta;
Elaborar textos curtos de leitura breve;
Sempre que possível, inserir imagens ou pequenos vídeos relacionados
ao assunto para chamar a atenção;
Não deixar de reler o material a ser apresentado para ver se está claro;
“Quebrar o gelo” conhecendo melhor o público, as pessoas, suas
características, interesses, etc;
Envolver a plateia, falar “com” o público e não apenas “para” o público.
Teoria 10, 20, 30 para apresentação em Power-Point: 10 slides, em 20
minutos, com letras tamanho 30.
32
Dicas só representam uma pequena contribuição para a docência
universitária. É importante que o professor universitário tenha conhecimento de
métodos didáticos específicos para o ensino superior que permitam o
desenvolvimento de várias aprendizagens, incluindo as comunicativas.
É possível perceber que quando o professor decide inovar, rompendo
com o modelo tradicional de dar aulas, quando propõe atividades edificantes
no que diz respeito a prática comunicativa, todos inclusive ele, podem se
beneficiar. A busca por material a ser utilizado em aula leva professores e
alunos a hábitos saudáveis de pesquisa, de leitura e de debate de ideias.
Como não se pode tratar da docência sem mencionar a parte prática,
faz-se necessária a apresentação de atividades de aprendizagem voltadas
para o desenvolvimento das habilidades comunicativas que são tema deste
estudo, algumas delas serão destacadas a seguir.
3.3.1 A comunicação verbal na Docência Superior e os
métodos de aprendizagem
Para viabilizar o desenvolvimento de habilidades comunicativas para o
ensino superior, alguns métodos de ensino e aprendizagem permitem que
professores e alunos possam juntos praticar a língua.
Nesse repertório metodológico temos a aula expositiva como a prática
mais rotineira da docência universitária. Mas além da aula em si, existem
outros métodos para desenvolver habilidades comunicativas que são: leituras,
relatórios de aula, resenhas, provas discursivas, entrevistas, grupos de
debates, seminários, elaboração de textos para apresentações com recursos
audiovisuais como cartazes, slides, transparências e Power-Point, além de
trabalhos monográficos de final de curso.
Dentre as técnicas de aprendizagem para o ensino superior
mencionadas acima, apenas os trabalhos monográficos, as aulas
expositivas e a leitura serão comentados, não porque umas sejam menos
importantes do que outras, mas sob pena de tornar o presente capitulo muito
extenso..
33
- Os trabalhos monográficos são utilizados como técnica avaliativa
dos conhecimentos adquiridos com as pesquisas dos alunos, e a
aprendizagem que se espera é o desenvolvimento do pensamento crítico e
argumentativo para expor as conclusões sobres os temas abordados.
Sobre a importância dos trabalhos monográficos para as
aprendizagens dos alunos, Masetto (2015, p. 184) diz :
(...) redigir uma monografia exige que o aluno aprenda a buscar informações relevantes que se complementem, organizá-las, analisar, criticar, formular teorias e conceitos aplicando as informações que por vezes se contradizem, gerando reflexão, posicionamento, e estudo aprofundados do tema abordado vão permear a aprendizagem e todo o percurso formativo do aluno
É comum que professores de ensino superior apenas peçam que os
alunos façam e entreguem os trabalhos para nota. Na prática isso não funciona
quando se trata de monografias. O acompanhamento da elaboração dos
trabalhos monográficos é fundamental para os alunos, não apenas para que a
redação final tenha correção de linguagem, boas características formais e
estéticas, mas para que possa ter lógica, clareza e coerência argumentativas e
dessa forma desenvolver habilidades comunicativas.
- As aulas expositivas, ainda que negligenciadas por muitos, são as
estrelas da atividade docente, momento no qual o talento maior ou menor do
professor em comunicar, transmitir, persuadir, motivar, manter o interesse do
aluno parece ser determinante no processo educativo. Nesse aspecto, as
aulas expositivas permitem que o professor exerça seu protagonismo verbal
norteado pela qualidade didática e pelo envolvimento dos alunos no processo
educativo. Nesses momentos, a boa expressão verbal do professor e o
entusiasmo imprimidos no discurso podem fazer com que alunos que
inicialmente detestavam determinada disciplina, passem a gostar, ao perceber
quão gratificante pode ser compreender e acompanhar os conteúdos
progressivamente trabalhados. Sobre isso, Kenski diz:
O ato formal de ensinar reflete a mesma lógica das ações em massa presentes nos processos midiáticos apresentados para grandes audiências. Ainda que existam manifestações do
34
"público", o foco e o desempenho dependem do virtuosismo do protagonista-professor – pessoa ou narrativa –, do fascínio que consegue despertar na assistência, dos procedimentos que utiliza para realizar o programa. (KENSKI, 2008).
O talento em bem falar representa uma habilidade curinga para os
comunicadores. Além disso, uma das característica do discurso falado é a sua
teatralidade em que o falante, ao se comunicar, pode acrescentar ênfases e
entonações variadas, utilizando a ajuda de todo o corpo para transmitir as
mensagens. Acrescentar a linguagem corporal para enfatizar o discurso,
servindo-se da capacidade da mente humana em fazer leituras que a princípio
não têm nenhum sentido, mas que, pelo contrário, podem ter profundos
significados na ação comunicativa.
Contudo, é comum ouvir que muitos professores dominam a matéria,
mas não compartilham bem os conteúdos propostos, pois estes, muitas vezes,
têm dificuldades durante as atividades de aulas para elencar, ordenar,
sintetizar e expor ideias em uma sequência lógica e coerente, para construir
boas argumentações e links com a realidade dos alunos, permitindo uma boa
compreensão do que se pretende abordar. Essas dificuldades que nos
parecem primárias, possivelmente têm relação direta com o bom manejo do
idioma e com a elaboração de textos, cuja origem remonta às deficiências no
aprendizado da língua materna trazidas dos anos anteriores à formação
superior.
Diante disso, uma pergunta imediata surge: Como cobrar um bom
desempenho dos alunos se o próprio professor percebe que lhe faltam
habilidades comunicativas para as atividades docentes?
Segundo Dias (2010, p.97) “A função do educador deve ser também. de
olhar para si mesmo e a si próprio educar. Não se pode exigir do aluno aquilo
que não é capaz de efetuar na primeira pessoa (...)” O professor que sente
dificuldades verbais, precisa buscar meios para superá-las, não só para
conduzir melhor suas aulas, utilizando-se de uma linguagem que seja
adequada, capaz de desafiar e levar o aluno à reflexão e à aquisição de novos
conhecimentos, mas porque uma boa expressão verbal poderá conferir mais
respeito e confiabilidade.
35
Será, então, que a eloquência e a capacidade de elaborar bons textos
se adquire ou apenas se tem como um dom?
Se as línguas são uma capacidade inata, uma predisposição para que
sejam aprendidas pelo contato com as mesmas, um bom discurso também
poderá ser adquirido, praticando e aprendendo: pelo contato com boas leituras
ou pelo contato social em debates de bom nível intelectual, falando e
produzindo textos numa vivência prática, criativa e continuada.
Praticar a língua pelo contato com os falantes que apresentam
características heterogêneas de discursos ou pelo hábito da leitura, porque a
leitura é capaz de trazer novos arranjos verbais, novas colocações sobre
variados assuntos e de auxiliar na aquisição de vocabulário baseado na norma
culta da língua, - leituras variadas de livros, revistas, trabalhos científicos, etc.,
e não apenas de textos de sua área de atuação.
- A leitura como técnica de aprendizagem proposta no ensino superior
permite que o aluno possa ter um embasamento teórico mínimo para participar
da aula, para que ele possa se posicionar, emitir suas considerações sobre os
temas abordados, fazer perguntas, tirar dúvidas, fazer resumos, resenhas, etc.
Ana Maria Dias (2010), em sua pesquisa sobre leitura e (auto)
formação para docentes na educação superior, utilizando questionários e
entrevistas, procurou entender qual a contribuição para a constituição da
docência pelos professores universitários pela via da leitura (acadêmica e
profissional).
Muitos relatos desses profissionais reforçam alguns dados já
mencionados no presente estudo, em que alguns professores reconhecem a
importância dos conhecimentos do eixo didático-pedagógico-educacional, mas
não os buscam na leitura. Outros entrevistados não têm interesse em ler sobre
o assunto ou os acham até mesmo desnecessários por não serem obrigatórios.
Tem também aqueles que só leem livros sobre suas especialidades e outros
ainda que recebem instruções para a docência de familiares ou improvisam
imitando profissionais que considerem um modelo de atuação docente.
36
O resultado da pesquisa da autora revela, portanto, que as leituras
sejam elas específicas ou não, têm sido uma prática de baixo interesse dos
alunos, mas também de professores universitários.
Dias (2010) ao defender a importância da leitura, destaca a seguinte
afirmação:
“Concebo a leitura como fundamental para a construção de conhecimentos e de subjetividades, para a abertura de possibilidades de provocar questionamentos, dúvidas, mas também de vislumbrar caminhos e soluções(...) amplia horizontes do conhecimento cultural, desperta a imaginação, a criatividade e promove transformação – além de nos aproximar de conhecimentos produzidos pela ciência.” DIAS (2010, p.93)
Pontanto, a presente pesquisa reafirma as considerações da autora,
pois reconhece na leitura um inestimável instrumento de crescimento pessoal e
profissional capaz de elevar o vocabulário, de manter os leitores atualizados,
colocando-os diante de um ambiente fértil para desenvolver uma boa
comunicação verbal tão importante para o exercício docente.
Para finalizar, a presente pesquisa propõe, de forma resumida, alguns
possíveis encaminhamentos, por acreditar que sejam capazes de interferir
positivamente na expressão comunicativa dos professores universitários.
São eles:
MAIS INVESTIMENTOS EM EDUCAÇÃO;
MAIS OFERTAS DE ESCOLAS;
MAIS QUALIDADE DE ENSINO;
MAIS PROFESSORES PARA EDUCAÇÃO BÁSICA;
REFORMA DOS CURRÍCULOS;
DOCÊNCIA COMO PROFISSÃO;
QUALIFICAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO – FORMAÇÂO
CONTINUADA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA COMO DIREITO E DEVER
TANTO PARA PROFESSORES COMO PARA INSTITUIÇÕES;
VALORIZAÇÃO DO PROFESSOR PELO PODER PÚBLICO, MELHORES
SALÁRIOS, PLANO CARREIRA E MELHORES CONDIÇOES DE TRABALHO
GERANDO MAIS MOTIVAÇÃO PARA O MAGISTÉRIO;
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SISTEMA DE AVALIAÇÃO PARA O ENSINO SUPERIOR MAIS ADEQUADO;
MAIS AUTONOMIA PARA O PROFESSOR DESENVOLVER SEU
TRABALHO;
CONSCIENTIZAÇÃO DO PROFESSOR DE SEU PAPEL SOCIAL;
VALORIZAÇÃO DA ATIVIDADE DE AULA;
RUPTURA COM O MODELO TRADICIONAL DE ENSINO;
PROMOVER, INCENTIVAR E CULTIVAR O HÁBITO DA LEITURA.
38
CONCLUSÃO
A presente pesquisa mostrou que as dificuldades comunicativas dos
docentes têm relação com diversos aspectos que envolvem a atividade
docente como a falta de motivação dos professores para exercer o magistério
diante das péssimas condições de trabalho, de remuneração e de investimento
em educação, que acabam por produzir um desinteresse com o
desenvolvimento pessoal e profissional dos docentes.
Revelou também que a atividade docente exige uma série de saberes,
métodos, conhecimentos teórico-práticos, sejam eles específicos ou
pedagógicos, que precisam ser disponibilizados de forma articulada com a
proposta curricular das diversas áreas profissionais onde deve estar inserida
também a atividade docente. E que a formação continuada é função do ensino
superior e portanto, deve ser estimulada, oferecida e acompanhada pelas IES.
Porém, a atividade docente, geralmente, acaba sendo exercída de
forma intuitiva e solitária, sem o apoio institucional necessário. A adotação de
práticas colaborativas por parte das instituições seria uma forma de zelar pela
manutenção do qualidade do ensino, aumentando a eficiência dos professores
e dos procesos de ensino, potencializando a identidade docente e institucional,
evitando prejuízos para todos os envolvidos no sistema educacional.
A identificação de todos os fatores que foram abordados convergem
para a compreensão de que, as dificuldades na expressão comunicativa do
professor universitário são um retrato fiel do descaso com a educação, do
fracasso do ensino da Língua Portuguesa nas escolas brasileiras, da falta de
consciência do professor do seu papel social, da negligência pessoal e
institucinal com as atidivades de aula, da resistência em romper com o modelo
tradicional de ensino, da banalização da qualidade do ensino, dos valores e
da ética como dimensões essenciais para a docência universitária.
Diante de tudo que foi exposto ao longo desse trabalho, tornam-se
necessários empenho e ação conjunta de professores e instituições, mas
também do poder público em desenvolver políticas públicas que gerem mais
investimentos, prioridades e melhores estratégias em educação
39
Mas, acima de tudo, o professor que sente dificuldades verbais
precisa buscar meios para superá-las, não só para conduzir melhor suas
atividades, mas porque uma boa expressão verbal poderá conferir mais
credibilidade e respeito para além do contexto institucional.
.
40
BIBLIOGRAFIA
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Paulo: Moraes, 1982.
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(Orgs). Docentes para a educação superior: processos formativos. Campinas.
Papirus, 2015.
42
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 01 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I O Professor de Ensino Superior 10 1.1. O perfil do professor universitário 10 1.2. Saberes e práticas do professor universitário 11 1.3. Carreira e trabalho: motivações, desafios e condições 13 1.4. Percursos formativos do professor universitário 14 1.5. Caminhos da comunicação: novos desafios para a
educação superior 16 CAPÍTULO II A Docência do Ensino Superior 19 2.1. Metodologia para o ensino superior 22 CAPÍTULO III A comunicação Verbal na Docência do Ensino Superior 26 3.1. Dados conceituais da Comunicação Verbal 26 3.2. A comunicação e o aprendizado da língua materna 27 3.3 Aspectos da comunicação verbal na educação superior 29 3.3.1 A comunicação verbal na docência superior e os métodos de Aprendizagem 32 CONCLUSÃO 38 BIBLIOGRAFIA 40 ÍNDICE 42