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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA ARTETERAPIA NA EDUCAÇÃO PÚBLICA COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES DE COMUNIDADES CARENTES Por: Solange Rodrigues Barreto Orientadora Profa. Me. Fátima Alves Rio de Janeiro 2014 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO …aplicada no sentido de subsidiar, tanto crianças como adolescentes, a desenvolverem habilidades relacionadas a autonomia para desenvolver

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Page 1: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO …aplicada no sentido de subsidiar, tanto crianças como adolescentes, a desenvolverem habilidades relacionadas a autonomia para desenvolver

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ARTETERAPIA NA EDUCAÇÃO PÚBLICA COM CRIANÇAS E

ADOLESCENTES DE COMUNIDADES CARENTES

Por: Solange Rodrigues Barreto

Orientadora

Profa. Me. Fátima Alves

Rio de Janeiro

2014

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ARTETERAPIA NA EDUCAÇÃO PÚBLICA COM CRIANÇAS E

ADOLESCENTES DE COMUNIDADES CARENTES

Apresentação de monografia à AVM

Faculdade Integrada como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Arteterapia em

Educação e Saúde.

Por: Solange Rodrigues Barreto.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me ajudar

a vencer infinitas barreiras. As minhas

irmãs que estão sempre torcendo por

mim, aos meus alunos que serviram de

inspiração para minha pesquisa e aos

colegas e professores do curso, pela

colaboração e incentivo que

ofereceram.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha

mãe, exemplo meu por toda vida. Ao

meu marido e filha, pela paciência em

dias tão tubulosos pré- monográfico.

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RESUMO

Pretende-se, através deste trabalho de conclusão de curso, evidenciar a

importância de trabalhar Arteterapia no contexto da Educação pública junto a

crianças e adolescentes de comunidades carentes. O trabalho subdivide-se em

três capítulo, sendo o primeiro relacionado ás considerações iniciais referentes

a Arteterapia, bem como os principais precursores deste processo; o segundo

capítulo enfatiza sobre a Arteterapia na Educação a partir de uma visão

interdisciplinar e enquanto fator de inclusão social e educacional; o terceiro e

último capítulo refere-se as principais técnicas relacionadas a Arteterapia na

Educação Pública e os benefícios gerais da Arteterapia para crianças e

adolescentes inseridos nesta educação.

Palavras chave: Arteterapia, Educação Pública, Crianças e Adolescentes.

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METODOLOGIA

A presente pesquisa é de caráter bibliográfico, isto implica dizer que,

“Qualquer espécie de pesquisa, em qualquer área, supõe e exige uma pesquisa

bibliográfica prévia, ou como uma atividade exploratória”. (JOMARTG, 2008).

Assim, serve para estabelecer o nível de conhecimento sobre a temática

investigada, justificando os objetivos e contribuições da pesquisa desenvolvida.

Através de uma seleção bibliográfica será possível evidenciar as

considerações mais importantes acerca da Arteterapia na Educação Pública e

seus benefícios para crianças e adolescentes de comunidades carentes.

O levantamento da produção científica sobre o tema em questão

evidenciará os principais aspectos abordados pelos autores selecionados para

a elaboração deste trabalho de conclusão de curso. Neste sentido, será

realizada uma pesquisa bibliográfica em bibliotecas públicas e digitais e em

sites confiáveis de cunho acadêmico, os quais serão analisados através de

leitura exploratória, seletiva, analítica e interpretativa.

Proceder-se-á então, à análise do material, seguindo-se as etapas:

leitura exploratória, a fim de conhecer todo o material; leitura seletiva, através

da qual serão selecionados os artigos pertinentes aos propósitos da pesquisa;

leitura analítica dos textos, momento de apreciação e julgamento das

informações, evidenciando-se os principais aspectos abordados sobre o tema.

Neste sentido, optou-se pela análise de conteúdo, onde o ponto de partida é a

mensagem escrita pelos autores selecionados para a discussão do assunto em

questão.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - Arteterapia: considerações iniciais 10

CAPÍTULO II - Arteterapia na educação: uma visão interdisciplinar 18

CAPÍTULO III – Arteterapia na educação pública: principais técnicas 27

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 37

ÍNDICE 40

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INTRODUÇÃO

Sabe-se que, crianças e adolescentes inseridas em comunidades

carentes enfrentam sérios problemas, como os de ordem familiar, social,

cultural, dentre outros. Nesta perspectiva, a Arteterapia surge como uma

técnica terapêutica que pode beneficiar consideravelmente o processo de

aprendizagem destes segmentos no âmbito escolar.

Acerca desta questão, Valladares e Novato (2001) consideram que os

adolescentes podem se beneficiar com o processo arteterapêutico uma vez

que o mesmo possibilita o autoconhecimento no sentido de edificação,

integração e organização. Assim, ressalta-se que a Arteterapia pode ser

aplicada no sentido de subsidiar, tanto crianças como adolescentes, a

desenvolverem habilidades relacionadas a autonomia para desenvolver suas

capacidades cognitivas e de relações interpessoais, as quais podem refletir na

própria vivencia destes na sua comunidade.

Com base em Philippini (2000), pode-se destacar que o objetivo da

Arteterapia está relacionado ao apoio e geração de instrumentos apropriados

para ativar a comunicação entre o inconsciente e o consciente, oferecendo, ao

mesmo tempo, materiais para que o indivíduo sinta-se com liberdade de

escolha, quanto ao material que mais se adéque a sua realidade. O autor

supracitado ressalta que este processo é facilitado pelas modalidades e

materiais expressivos diversos, tais como tintas, papéis, colagens, modelagem,

construção, confecção de máscaras, criação de personagens e outras infinitas

possibilidades criativas. Materiais estes que propiciam a inserção de crianças e

adolescentes no “mundo da arte”.

Com base nestes argumentos, as modalidades expressivas devem ser

criativas e variadas para o alcance da compreensão simbólica, e também da

função organizadora específica de cada símbolo. Por isso, é muito importante

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que o setting terapêutico seja munido de instrumentos indispensáveis à

viabilização desse processo, vez que o símbolo contém por meio da linguagem

metafórica, o sentido de todos os enigmas psíquicos. (PHILIPPINI, 2000).

A divisão deste trabalho de conclusão de curso se dá da seguinte forma:

• Arteterapia: Considerações iniciais. Neste item, são abordados os

aspectos conceituais relacionados ao tema;

• Arteterapia na educação: uma visão interdisciplinar. Aborda-se sobre a

questão da interdisciplinaridade que envolve a Arteterapia no contexto

escolar;

• Benefícios gerais da Arteterapia para crianças e adolescentes na

educação pública. Destacam-se neste último item do trabalho, aspectos

gerais relacionados aos benefícios gerados a partir da Arteterapia na

educação pública, favorecendo o processo ensino-aprendizagem como

um todo.

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CAPÍTULO I

ARTETERAPIA: CONSIDERAÇÃOES INICIAIS

A Arteterapia ou Arte Terapia é uma técnica terapêutica que usa a

autoexpressão para se conectar com o mundo interior e exterior do indivíduo,

segundo Basso, Rocha e Esquerda (2008) origina-se da Antroposofia de

Rudolf Steiner, o mesmo considerava o homem um ser espiritual composto por

alma e corpo vivo. Neste sentido, ele considerava que através dos elementos

físicos do homem como: cor, forma, volume, disposição espacial, etc., eram

possíveis, através da terapia artística, vivenciar os arquétipos da criação,

conectando-se as leis inerentes a natureza humana. Vale salientar que:

“Arteterapia é um termo que designa a utilização de

recursos artísticos em contextos terapêuticos;

pressupõe que o processo do fazer artístico tem o

potencial de cura e crescimento quando o cliente é

acompanhado por arteterapeuta experiente, quem

com ele constrói uma relação que facilita a

ampliação da consciência e do autoconhecimento,

possibilitando mudanças. (GEHRINGER, 2005, p.

04).”

Gehringer (2005) argumenta que não se refere a simples junção da Arte

a Psicologia, mais a uma abordagem própria e metodológica que abrange a

história da arte em suas articulações entre fatores pioneiros e contemporâneos

que envolve a Arteterapia, bem como todos os processos de ordem psicológica

que foram gerados no da atividade artística, a exemplo da própria observação

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das obras artísticas, relações referentes aos processos criativos e terapêuticos

desenvolvidos em favor da cura.

A prática da Arteterapia, segundo Hand (2003) pode ser baseada em

diferentes referenciais teóricos, como a Psicanálise, a Psicologia Analítica, a

Gestalt-terapia, dentre outras abordagens advindas especialmente do campo

da Psicologia.

No tocante a prática arteterapêutica pautada na Psicologia Analítica,

aponta-se que, para Jung, a arte tem finalidade criativa, e a energia psíquica

consegue transformar-se em imagens e, através dos símbolos, colocarem seus

conteúdos mais internos e profundos. (HAND, 2003). No que diz respeito à

Arteterapia de Orientação Psicanalítica, o pediatra e psicanalista inglês Donald

Woods Winnicott trouxe importantes contribuições teóricas a partir do

desenvolvimento de uma teoria sobre o desenvolvimento emocional que dava

grande importância para a criatividade como um elemento atrelado à Saúde.

Ele criou o recurso do grafismo para aplicá-los aos seus pacientes,

comprovando grandes melhoras na saúde dos mesmos. (HAND, 2003).

O autor salienta que a Arteterapia baseia-se na crença de que o

processo criativo envolvido na atividade artística é terapêutico e enriquecedor

da qualidade de vida das pessoas. Por meio do criar em arte e do refletir sobre

os processos e os trabalhos artísticos resultantes, as pessoas podem ampliar o

conhecimento de si e dos outros, melhorarem sua auto-estima, stress,

depressão e experiências traumáticas, desenvolver recursos

físicos, cognitivos, emocionais e desfrutar do prazer vitalizador do fazer

artístico. Segundo ele, as ferramentas utilizadas nas atividades plásticas, como

por exemplo, pincéis, tintas, poesias, músicas, podem ser mais adequadas à

vida dos indivíduos do que a simples expressão ou comunicação verbal, visto

que, através da arte, é possível transmitir sentimentos como alegria,

desespero, angústia e felicidade, de maneira única e pessoal, relacionadas ao

estado espiritual em que se encontra o autor no momento da criação.

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A revista Terapia Holística1conceitua Arteterapia como um procedimento

livre que trabalha a linguagem de traços, cores e seus matizes a favor da

saúde. Ela lida com o processo criativo expressando nossa emoção mais

profunda e pode ser empregada para auxiliar crianças, jovens e também

idosos.

Graça Proença (2011) afirma que os seres humanos, desde a época

das cavernas já faziam suas representações sociais através de desenhos e da

arte. Os homens desta época já faziam suas representações de mundo através

de desenhos, pinturas, danças, cantos, tatuagens, etc., as artes eram

utilizadas para invocar o poder da natureza. Estas representações artísticas

podem ser observadas a partir da figura abaixo:

Figura 01: Representação Artística em Cavernas Fonte:http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=974&sid=9

No que diz respeito a esta imagem encontrada na Patagônia, Argentina,

em uma caverna com desenhos de centenas de mãos, tal caverna é conhecida

como “Caverna das mãos”, cujas pinturas foram feitas há 9.000 anos por

índios. Moraes (2011) diz que:

1Informações disponíveis em: <http://www.matizdemagia.com.br/arteterapia/>. Acesso em 18 de maio de 2014.

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Este tesouro da arte rupestre foi descoberto em

1941 por um padre chamado De Agostini. Além dos

desenhos de mãos, a caverna apresenta imagens

de seres humanos, felinos, emas e outros animais;

desenhos geométricos, linhas, pontos e o sol. As

figuras aparecem em diferentes cores: vermelho,

ocre, amarelo, verde, branco e preto. (MORAES,

2011, p. 02).

Chegado os períodos das duas grandes Guerras Mundiais,

“uma das principais mudanças foi a queda do mito de que a razão e a ciência

seriam a resposta para tudo”. (GEHRINGER, 2005, p. 05). Neste sentido, por

volta de 1950, períodos em que a indústria já havia sido consolidada, surge a

relação entre Arte e Educação, sendo que, “alimentada pelas mesmas

preocupações, surge a Arteterapia”.

1.1. Principais Precursores da Arteterapia

A revista Terapia Holística destaca que se podem citar alguns

precursores da Arte Terapia na França quando o tratamento em Charenton

incluía bailes, teatros, música, cujas ferramentas serviam para curar os

doentes. No século XIX alguns criminalistas recorriam da Arteterapia para

identificação e revelação dos crimes. E no início do século XX, Freud baseado

na obra de Leonardo da Vinci, percebeu traços da personalidade do artista

avaliando sua obra e desde então Jung, discípulo de Freud percebeu e adotou

a Arte Terapia como estudo do inconsciente pessoal.

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A revista supracitada evidencia ainda que grandes movimentos como

o Surrealismo e o Expressionismo utilizaram desta arte como fonte de

expressão. Outro precursor foi Marcel Réja, psiquiatra francês que publicou “A

arte dos Loucos”. No Brasil, Nise da Silveira e Osório César, consideravam que

uma obra de arte consegue, por si só, transmitir sentimentos como alegria e

tristeza, de maneira única e pessoal, relacionadas ao estado espiritual em que

se encontra o autor no momento da criação.

É importante citar o nome de uma grande artista que deu início a esta

área do conhecimento, que é a Margareth Naumburg, considerada a

precursora da Arteterapia. Trata-se de uma artista plástica, educadora

e psicóloga americana que passou a desenvolver trabalhos na escola,

utilizando o método Montessori, unindo o campo da Psiquiatria e da Psicologia

no âmbito escolar.

Vale ressaltar que o método Montessori dá ênfase a fatores como:

independência, liberdade com limites e respeito pelo desenvolvimento natural

das habilidades físicas, sociais e psicologias da criança. Neste sentido,

a Association Montessori Internationale (AMI) 2cita os seguintes elementos

como essenciais a uma escola montessoriana:

• Sala de aula com crianças de idade variadas entre 3 e 6 anos de idade

• Liberdade de escolha para o aluno escolher entre as atividades

propostas

• Blocos ininterruptos de trabalho, normalmente 3 horas

• Um modelo construtivista, onde as crianças aprendem trabalhando com

materiais ao invés de instruções diretas

• Materiais educacionais especializados, desenvolvidos por Maria

Montessori e seus colaboradores

• Liberdade para movimentar-se dentro da sala de aula

• Um professor treinado no Método Montessori A partir da imagem abaixo, é possível ter uma noção acerca da

aplicabilidade do método utilizado pela precursora da Arteterapia.

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Figura 02: Método Montessori.

Fonte:HTTP ://indicadopelamamae.blogspot.com.br/2012/12/eduque-seu-bebe-no-metodo-montessori.html

Verceze (2013) cita Margareth Naumburg e ressalta que, segundo ela,

“A arteterapia de orientação analítica lida com a liberação do inconsciente por

meio de imagens espontaneamente projetadas na expressão plástica e gráfica”

(APUD VERCEZE, 2013, p. 15).

Verceze (2013) destaca ainda que a Arteterapia:

“Funciona como uma comunicação simbólica

imediata que sobrepuja as dificuldades inerentes à

comunicação verbal, pois tais formas inconscientes

podem escapar com mais facilidade do recalque do

que as expressões verbais, mais familiares ao

paciente. Além disso, a arteterapia possui um valor

diagnóstico e terapêutico. Porém não se pode

2Informações disponíveis em: <https://www.montessori-ami.org/>. Acesso em 05 de maio de 2014.

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confundir este valor diagnóstico da arteterapia com o

dos testes projetivos, já que as expressões gráficas

da arteterapia não são interpretadas pelo terapeuta,

ao invés disso o terapeuta encoraja o paciente a

descobrir por si mesmo o significado de suas

produções. Outra vantagem é que o paciente se

defronta com um registro feito por ele mesmo.

(VERCEZE, 2011, p. 15).”

Em termos de Brasil, a Arteterapia foi trazida nos anos 80 por Selma

Cionai, que era “psicoterapeuta, gestáltica, com formação em Arteterapia em

Israel e nos Estados Unidos.

Em entrevista ao Jornal Estado de Minas, Selma Cionai salientou:

“Arteterapia é a utilização de linguagens artísticas,

predominantemente plásticas, de símbolos,

metáforas e, de forma geral, da criatividade, em

processos terapêuticos. A arte é uma expressão

humana desde a Idade da Pedra, e como tal é uma

necessidade tanto individual como social. Porém,

funciona como terapia quando utilizada em um

enquadre terapêutico. Por trabalhar com o criativo,

lida com o novo e processos de criação artísticos,

por envolverem os sentidos, o "fazer", são em geral

muito revitalizantes e, às vezes, também relaxantes.

Proporciona a possibilidade de ver "o velho" com

"um novo olhar" de reconstruir de formas novas

velhas percepções. Além disso, ao contrário dos

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sonhos, os trabalhos de arte são sempre

surpreendentes para a pessoa que cria, podendo

encontrar no trabalho que criou uma fonte de

reflexão e autoconhecimento. E neste sentido, a

arteterapia facilita o encontro da pessoa com seu eu

mais autêntico.

Difere da terapia ocupacional em princípio pelo

próprio nome, pois a arteterapia não tem por

intenção "ocupar", mas proporcionar experiências de

criação, autoconhecimento e crescimento pessoal.

Acho que não só as atividades propostas diferem

como também a própria atuação do terapeuta. No

entanto, ouço dizer que há correntes mais modernas

em terapia ocupacional que ampliam seus objetivos

nesta direção. (JORNAL ESTADO DE MINAS3).”

Pode-se ressaltar que estes precursores contribuíram muito para que

hoje tivéssemos acesso a esta área do conhecimento, a qual pode ser

associada à arte de ensinar. Neste sentido, a educação que prioriza um

trabalho baseado na interdisciplinaridade, como é o caso da arte enquanto

fator de mudanças na educação pública em localidades carentes promove o

crescimento integral dos alunos, uma vez que vai além do tecnicismo

educacional, superando os limites impostos pelas grades curriculares

estabelecidas pelos órgãos educacionais.

3 Informações disponíveis em:<http://www.arteterapia-ubatuba.com.br/arteterapia-entrevista.html> Acesso em 06 de maio de 2014.

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CAPÍTULO II

ARTETERAPIA NA EDUCAÇÃO: UMA VISÃO

INTERDISCIPLINAR

Nas últimas décadas, a interdisciplinaridade vem sendo cada vez mais

utilizada para se trabalhar na educação pelo fato de trazer um conhecimento

circular no âmbito de maneiras diversas de aprendizagem.

De acordo com análise feita no PCN, a Arte é obrigatória em todos os

níveis da educação básica. Esta decisão justifica-se, entre outros aspectos,

pelo fato de considerar que o aluno desenvolve sua sensibilidade e imaginação

criadora ao construir formas artísticas quanto ao contemplar e conhecer as

criações nas diversas culturas. Pondera-se, ainda, que “produzindo trabalhos

artísticos e conhecendo essa produção nas outras culturas, o aluno poderá

compreender a diversidade de valores que orientam tanto seus modos de

pensar e agir como os da sociedade” (BRASIL, 1998, p. 19).

A primeira parte do PCN supracitado tem por finalidade analisar e dar

sugestões para o ensino e a aprendizagem de Arte no ensino fundamental. Na

segunda parte, são apresentadas orientações didáticas sobre outras

linguagens artísticas. No documento há menção a “projetos interdisciplinares”,

embora com pouco detalhamento. Ainda não se chegou à identificação de

discussões sobre cultura popular, exceto ao se falar em cultura de um modo

geral, como já mencionado neste texto. Ressalte-se que o trabalho

investigativo está em seu início.

Pode-se evidenciar que a perspectiva pós-moderna do processo ensino-

aprendizagem é caracterizada por elementos como: interdisciplinaridade,

multiculturalismo, diversidade metodológica e didática, dentre outras questões.

Mediante esta demanda para o ensino da arte, deve-se reconhecer que a

compreensão sobre determinado conteúdo, requer, acima de tudo, a

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contextualização dos objetos de conhecimento e suas ligações com a prática

humana, como Libâneo ressalta, “O que se agrega aqui, em termos de pensar

crítico, é a capacidade de problematizar, ou seja, de aplicar conceitos como

forma de apropriação dos objetos de conhecimento a partir de um enfoque

totalizaste da realidade”. (2003, p. 37).

A expressão artística, de acordo com Read (2001), não engloba

somente elementos materiais que resultam num produto estético tangível. A

manifestação vai para além do aparato visual, de modo a trazer nele uma

carga de subjetividade que a torna única e diretamente ligada ao indivíduo que

a produziu. Esta subjetividade, objeto de estudo, consiste em fatores psíquicos

e emocionais que são automaticamente transferidos para a obra de arte, ou

produção artística, seja ela plástica, musical, de expressão corporal ou teatral.

Existe um vasto campo para a conexão entre o estado de espírito e a

personalidade com os gestos expressivos e os movimentos no exato momento

do “fazer artístico”. (READ, 2001, p. 05).

Através da arte no contexto da terapia escolar, o aluno poderá de algum

modo relacionar as informações abstratas ou concretas próprias da arte com o

seu mundo real, Zilberman (1994, p. 24) afirma que “através do conto de fadas,

da reapropriação de mitos, fábulas e lendas folclóricas ou do relatório de

aventuras, o leitor reconhece o contorno dentro do qual está inserido e com o

qual compartilha sucessos e dificuldades”.

Na escola, existe a necessidade de se promover o ambiente criador,

justamente para que o aluno se desprenda da rigidez estética, que muitas

vezes o impede de produzir com mais liberdade, e também para que amplie

sua capacidade de reflexão acerca da realidade, de seu contexto, de si

mesmo, do outro e da sociedade em que vive. Assim, se vê como agente

transformador, capaz de interagir em seu meio utilizando-se das linguagens

artísticas para tanto. A Arte Terapia apresenta métodos próprios de ação e de

reflexão acerca da expressão do indivíduo e se utiliza deles para que o

indivíduo adquira autoconhecimento e assim saiba como manifestar-se através

das linguagens da Arte e, posteriormente em suas atitudes perante a vida.

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Na arte, o artista tenta fazer com que a história se torne o mais

verossímil possível. Com o objetivo de fazer com que o leitor se aproxime de

uma realidade possível. “[...] Na arte, o homem passa a revelar experiência,

preocupando-se com o fato sucedido e o seu conteúdo real. Assim como o

mito representa o sobrenatural, a lenda, o fantástico, atribuída como

verdadeiros, o conto representa a verdade, que é fantasiada voluntariamente”.

(CARVALHO, s/d, p. 19). Nesse sentido, a arte pode contribui de forma

significativa para a aprendizagem crítica do aluno no tocante ao seu contexto

de vida.

Mediante estes enfoques, trabalhar a Arteterapia no contexto da

interdisciplinaridade escolar torna-se uma importante estratégia metodológica e

didática, no sentido de propiciar ao aluno a compreensão dos aspectos reais

da sua vida, a partir de um contexto fictício ou artístico.

No tocante a aplicabilidade da Arteterapia no ambiente escolar, Read

(2001) considera que,

“Há que se considerar o fato de que o professor não

é exatamente um psicólogo e pode também não ser

um especialista em arte, mas, no entanto ele

também volta suas ações para o desenvolvimento

da expressividade de seu aluno. Ele procura

desenvolver no aluno a sua capacidade de

comunicar-se, promove momentos em que este

possa expressar seus sentimentos e, em geral usa

dos meios da arte para isso. Um exemplo é quando

o professor pede para o aluno desenhar sobre o que

sente quando ouve determinada canção ou

melodia. (READ, 2001, p. 23).”

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O autor supracitado, em sua obra “A educação pela arte” aborda vários

aspectos da criatividade humana e do exercício dela, bem como os fatores que

influenciam na imaginação no momento da criação e das obras como sendo

frutos das individualidades e, desta forma conecta a análise proposta aqui com

a educação. Ele alerta para o fato de que existe uma linha tênue, mas divisória

entre os produtos resultantes do fazer artístico. Questiona, na verdade, se tudo

é arte e se os resultados de uma pura e simples expressão podem ser

considerados arte. Não é uma inocente afirmação e por isso, o professor

precisa ter clareza quanto aos métodos que utiliza enquanto ministra suas

aulas.

É preciso levar em consideração que o professore de Arte, ao utilizar

metodologias diferenciadas em suas práticas cotidianas, devem estabelecer

critérios e objetivos que possam ir ao encontro das necessidades de

aprendizagem dos alunos devendo, portanto, reconhecer previamente as

particularidades dos processos sócio-históricos e culturais do estudo regional

que se sobressaem nas obras artísticas.

A partir das concepções do autor supracitado, é possível entender que,

quando uma disciplina escolar é trabalhada de forma isolada ou

descontextualizada da realidade do aluno, não se pode esperar que a mesma

propicie um processo de ensino-aprendizagem de qualidade. É importante

destacar que a intenção maior dos professores de Arte deve ser a de

proporcionar aos alunos um ensino-aprendizagem onde os mesmos tenham a

oportunidade de pensar, expor estes pensamentos, analisar e sistematizar

sobre o meio em que está inserido. Desta forma estariam incluídos, não só no

sistema educacional, mas também no meio ao qual pertencem. Faz-se

necessário esclarecer que o presente capítulo tem o objetivo de apresentar a

Arteterapia como possibilidade de instrumentalização interdisciplinar, capaz de

superar os limites impostos pelo tradicionalismo que ainda persiste em muitos

segmentos da Educação.

Pontuschka (2007) evidencia a importância de se desenvolver trabalhos

para explorar o meio em que a criança está inserida. Nesta perspectiva, sabe-

se que cada comunidade possui sua identidade própria, sua cultura, realidade

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econômica, social, portanto, é imprescindível que o ensino da Arte abranja

estes elementos, fazendo que os alunos reconheçam as peculiaridades da sua

comunidade e da sua cultura.

Pode-se dizer que todo esse interesse de inovar as atitudes

pedagógicas no âmbito do ensino da Arte, deve centrar-se exclusivamente nos

educadores, sabendo-se que, para haver mudanças qualitativas, deve-se

permitir que a reflexão sobre a prática de ensino, em conjunto com novas

atitudes, venham ocupar o lugar central no processo de ensino-aprendizagem.

Observando as palavras de Pontuschka (2007), observa-se que o trabalho

interdisciplinar no contexto da Arte fornece muitos elementos que podem ser

explorados de forma considerável na sala de aula, pois a Disciplina de Artes

não pode ser apenas “conteudista”, deve ser encarada a partir de uma visão

crítica e reflexiva.

Diante destas ideias, acredita-se que o professor de Artes deve fazer a

diferença, sendo que para tanto, é necessário que ele renove suas práticas de

ensino, considerando que as mesmas devem ir além do manipular, controlar

ou sujeitar o educando, mas para desenvolver neles o desejo de aprender,

argumentar, criticar, expressar suas ideias, conhecer as diferentes culturas

regionais partindo-se, portanto de um princípio filosófico para, a partir da Arte,

pensar na beleza, na miséria e na complexidade da existência humana.

Em linhas gerais Kaerchier (2007) enfatiza que o conhecimento não

deve ser buscado apenas para cumprir uma ordem escolar, neste sentido, a

Arteterapia deve servir para um pensar renovador, aonde alunos e professores

venham a buscar o conhecimento como algo desejável, algo importante para a

vida em todos os sentidos. Enfim, todo educador, deve ir além dos conteúdos,

disciplina, currículo e adentrar com maior precisão nas questões subjetivas que

fazem parte da vida dos indivíduos e que muitas vezes deixam de ser

consideradas, já que nas práticas tradicionais, o ensino se volta mais para a

decodificação do que para a interpretação crítica dos assuntos.

O problema em diversificar os assuntos no âmbito do ensino da Arte

está no fato que, muitos educadores ainda acham que a referida disciplina

resume-se no uso de conteúdo dos livros didáticos, figuras, ou realização de

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atividades lúdicas, os mesmos, em sua maioria, não delineiam objetivos que

venham a propiciar o envolvimento dos alunos na arte, de forma que eles

venham a reconhecer a importância da mesma, inserindo-a em suas vidas a

partir de um pensar diferenciado e com autonomia. Neste sentido, a aula de

Artes no âmbito escolar deve ser motivadora, prazerosa e articulada aos

anseios reais dos alunos, principalmente os que vivem em comunidades

carentes e não têm muitas opções culturais.

Os próprios PCNs destacam que o estudo da Arte deve abordar

principalmente as dimensões, sociais, culturais e ambientais. Observar-se que

estas dimensões culturais podem ser trabalhadas a partir de obras e

documentários próprios de cada região. Mediante estas considerações, cabe

ao professor inovar as suas metodologias a partir de uma mediação

pedagógica baseada na flexibilidade e na criatividade.

Assim, pode-se dizer que a mediação pedagógica é fundamental no

processo de conscientização, quanto às novas formas de ensinar e aprender

Arte. Nesta perspectiva, observa-se que as crianças de hoje estão penetradas,

desde muito cedo, no mundo da informação e da cultura, o que favorece a

implantação de novos métodos de ensino que atendam as demandas das

novas gerações de forma eficiente e eficaz.

Belloni destaca a “Autodidaxia” como um novo modo de aprender. Na

verdade, a autora associa este termo aos novos métodos e estratégias de

ensino, considerando duas razoes necessárias para a compreensão do

processo de aquisição de conhecimentos na sociedade atual, que seriam:

“entender como funciona esta autodidaxia para adequar métodos e estratégias

de ensino; e assegurar que não se percam de vista as finalidades maiores da

educação”. (2001, p. 5).

Mediante estas considerações, pode-se pensar em uma “educação de

qualidade” a partir da inovação metodológica, independentemente da disciplina

que o professor ministre em sala de aula. Assim, compreende-se que a

qualidade da educação e, neste caso específico, do ensino da Arte, deve ir

além de uma forma simplificada e técnica de ensino, mas deve ir ao encontro

da realidade social e regional do educando, dando espaços para os mesmos

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desenvolverem suas habilidades pensantes e serem capazes de criticar o

mundo a sua volta.

Acredita-se que um ensino de qualidade deve assegurar a sólida

formação de base que propicie o desenvolvimento de habilidades cognitivas;

desenvolver processos de formação para a cidadania; assegurar a elevação do

nível escolar para todas as crianças e jovens sem exceção; promover a

integração entre a cultura escolar e outras culturas; cuidar da formação das

qualidades morais, traços de caráter, atitudes, convicções etc. (BELLONI,

2001).

2.1. Arteterapia enquanto fator de inclusão social e educacional

É cada vez mais forte a insistência nos diferentes meios de divulgação

(especializados e de comunicação de massa) sobre a necessidade de inclusão

social no contexto escolar. Essas concepções são orquestradas pelas políticas

públicas que têm instituído um discurso de solidariedade e de multiculturalismo

nos seus documentos oficinas, sem, no entanto, apontarem caminhos de

superação efetiva do mecanismo subliminares de exclusão que ainda assolam

o ensino público. Na verdade, as escolas não estão preparadas para

trabalharem a inclusão social em suas práticas pedagógicas, pelo fato de, na

maioria das vezes, agirem de forma desarticulada do contexto social dos

alunos, principalmente os que estão inseridos em comunidades carentes.

Tal realidade se reflete nos fracos resultados acadêmicos que são

maquiados e transformados em respeito às diferentes culturas. Importa é que,

estatisticamente, todos permaneçam na escola. Esse é um quadro

contraditório, porque, ao mesmo tempo em que se institui um discurso

coerente com alguns princípios de humanidade, destitui-se das pessoas o

direito de participação social em condições de igualdade. Embora entenda que

o discurso da inclusão social defenda a ideia de ajustamento dos diversos

âmbitos de atuação pedagógica, isto só acontece, segundo Blanco (1998), nas

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teorias das políticas de interação, considerando que pouco, ou quase nada,

tem mudado nas práticas cotidianas.

Tratar sobre inclusão sem considerar as possibilidades de

desenvolvimento dos indivíduos e de sua participação, como cidadãos, não

passa de retórica. Tratar sobre inclusão significa levar em conta os diferentes

modos de vida, que vão desde as condições materiais até as formas de

organização presentes em cada grupo.

Não se pode negar que, sem um aspecto imprescindível ao ser humano

– a linguagem torna-se difícil abordar aspectos gerais e particulares das

relações humanas. Para que haja a inclusão social dos alunos de escolas

localizadas em comunidades carentes, deve-se, sobretudo, investir em

estratégicas didáticas e metodológicas que superem os limites sociais desta

comunidade escolar.

A exclusão social manifesta – se das mais diversas e perversas

maneiras e, quase sempre, o que está em jogo é a ignorância do aluno diante

dos padrões de cientificidade do saber escolar. Em outras palavras,a escola

exclui os que ignoram o conhecimento que ela valoriza,entendendo a

democratização como massificação de ensino, não criando oportunidades para

um diálogo entre os novos saberes que invadem seu espaço.

De fato, apesar das resistências, a escola está convivendo com esses

novos sabores trazidos pelas diferenças, seja ela com deficiência especial,

culturais, sociais, étnicas, religiosas de gênero, enfim, pelas diferenças que

estão sendo, pouco a pouco, reconhecidas e valorizadas em suas turmas.

Diante dessas novidades, a escola não pode continuar ignorando o que

acontece ao seu redor, anulando e marginalizando as diferenças nos

processos pelos quais se ensina, e muito menos desconhecer que aprender

implica em produzir novos significados e saber expressar, dos mais variados

modos, o que sabemos, representando o mundo a partir de nossas origens,

valores e sentimentos.

Chegamos a um impasse, como nos afirma Morin (2001, p.99), pois

“não se pode reformar a instituição sem a prévia reforma das mentes, mas não

se podem reformar as mentes sem uma prévia reforma das instituições”.

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A escola tem resistido a mudanças que envolvem e estar com o outro,

porque as situações que promovem esse desafio e mobilizam os educadores a

mudar suas práticas e entender as novas possibilidades educativas trazidas

pela inclusão social, estão sendo constantemente neutralizadas por políticas

educacionais, diretrizes, currículos, programas compensatórios (reforço,

aceleração entre outros). Essas iniciativas fazem a escola escapar pela

tangente e linear do enfrentamento necessário com sua organização

pedagógica excludente e ultrapassada.

Temos de estar sempre atentos, porque, mesmo sob garantia do direito

á diferença, na igualdade de direitos, é possível se lançar o conceito de

diferença na vala dos preconceitos, de discriminação, da exclusão, como

acontece com a maioria das nossas propostas educacionais. As propostas

educacionais defendem e reconhecem a inclusão, mas continuam a diferenciar

os alunos pela deficiência, o que está previsto como desconsideração aos

preceitos da convenção da Guatemala, assimilada pela nossa Constituição de

diferenciação 1988, “Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais”

Admitam-se as diferenças com base na deficiência apenas com o

propósito de permitir o acesso ao direito e não para negar o exercício dele. A

inclusão significa responsabilidade governamental (secretários de educação,

diretores de escola, professores), bem como significa reestruturação da escola

que hoje existe de forma que ela se torne apta a dar respostas as

necessidades educacionais especiais de todos os seus alunos inclusive os que

têm qualquer tipo de deficiência.

A construção de uma educação inclusiva requer uma mudança de

paradigma na percepção do que é educação. A formação de novos valores

deve partir do respeito às diferenças e do aprender a conviver com o diferente.

Há necessidades de se ver a pessoa como um todo, respeitar as suas

diferenças e utilizá-las para a construção de uma sociedade na qual o

somatório das diferenças resulte na construção de um todo mais harmonioso e

feliz. Assim sendo todos tem a contribuir uns com os outros para construção

de um novo homem.

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CAPÍTULO IIl

ARTETERAPIA NA EDUCAÇÃO PÚBLICA: PRINCIPAIS

TÉCNICAS

Pode-se dizer o professor deve possuir habilidades e recursos de ensino

para possibilitar a aprendizagem do educando. Para ser educador é preciso

desejar ensinar, ter paixão na atividade, estar em sintonia afetiva com o que

faz, pois ensinar não simplesmente ir para uma sala entre quatro paredes e

despejar uma quantidade de conteúdos e não usar uma metodologia técnica

especifica para o conteúdo apresentado. Neste sentido, o educador precisa

deter recursos e técnicas que facilitem os procedimentos de ensino.

3.1 Trabalhando a diversidade cultural

A diversidade cultural refere-se as diferenças culturais que existem entre

o ser humano. Há vários tipos, tais como: a linguagem, danças, vestuário e

outras tradições como a organização da sociedade. A diversidade cultural é

algo associado à dinâmica do processo associativo. Pessoas que por algumas

razões decidem pautar suas vidas por normas pré-estabelecidas tendem a

esquecer suas próprias idiossincrasias. Em outras palavras, o todo vigente se

impõe às necessidades individuais.

O denominado "status quo" deflagra natural e espontaneamente, e

como diria Hegel, num processo dialético, a adequação significativa do ser ao

meio. O termo diversidade diz respeito à variedade e convivência de ideias,

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características ou elementos diferentes entre si, em determinado assunto,

situação ou ambiente. Cultura (do latim cultura, cultivar o solo, cuidar) é um

termo com várias acepções, em diferentes níveis de profundidade e diferente

especificidade. São práticas e ações sociais que seguem um padrão

determinado no espaço/tempo. (ALVES, 2010).

Mediante este contexto, a Arteterapia na escola pode ser trabalhada de

forma a evidenciar os fatores relacionados à diversidade cultural da

comunidade escolar. Tal técnica pode ser desenvolvida a partir de recursos

didáticos e artísticos, como por exemplo, um quadro feito pelos próprios alunos

em conjunto com o professor. Para tanto, cabe ao mesmo, escolher um tema

voltado para a questão cultural, para em seguida serem explorados os

elementos mais relevantes. Esta metodologia torna-se importante uma vez que

os próprios alunos participam da confecção do material, conforme pode ser

visto na imagem abaixo:

Figura 03: Modelo de colagem para trabalhar a diversidade através das Artes Visuais. Fonte: http://descobrindoaarte-paiva.blogspot.com.br/2012/06/as-obras-da-artista-

tarsila-do-amaral.html

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Neste sentido, podemos aproveitar toda a nossa riqueza cultural e

trabalhá-la a partir da Arteterapia no contexto escolar, isto pode despertar a

criatividade e também proporcionar uma reflexão maior em torno das

diferenças, costumes e valores de cada raça.

Vale ressaltar que a cultura brasileira é um grande conjunto de culturas,

que sintetizam as diversas etnias que formam o povo brasileiro. Por essa

razão, não existe uma cultura brasileira homogênea, e sim um mosaico de

diferentes vertentes culturais que formam juntas a cultura do Brasil. É notório

que, após mais de três séculos de colonização portuguesa, a cultura do Brasil

é, majoritariamente, de raiz lusitana. É justamente essa herança cultural lusa

que compõe a unidade do Brasil.

A sociedade e a cultura brasileiras são conformadas como variantes da

versão lusitana da tradição civilizatória europeia ocidental, diferenciadas por

coloridos herdados dos índios americanos e dos negros africanos. O Brasil

emerge, assim, como um renovo mutante, remarcado de características

próprias, mas atado à matriz portuguesa, cujas potencialidades insuspeitadas

de ser e de crescer só aqui se realizariam plenamente.

3.2. Arteterapia no contexto do aproveitamento das tecnologias

Os conhecimentos científicos disponíveis, hoje, são resultado de

estudos realizados por diversas civilizações ao longo do tempo. Gregos,

egípcios, babilônios, maias, portugueses.

Observamos, ao longo dos anos, quantos aparatos foram inventados

graças ao progresso científico-tecnológico. Basta observar nossas próprias

casas; nelas, encontramos a televisão, a geladeira, o computador e a máquina

de lavar roupa. Porém, nem tudo é fácil no campo científico. Em vários países,

a pesquisa enfrenta a barreira da escassez de recursos, o que gera

competição entre os cientistas para a obtenção de dinheiro necessário à

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realização de suas atividades. Deve-se falar, também, da forma como a verba

destinada a pesquisa é empregada. O progresso científico volta-se, às vezes,

para a direção da destruição: armas nucleares são criadas, a poluição

ambiental aumenta o aquecimento global não para e, assim, a humanidade se

vê ameaçada por seus próprios inventos. (BAZZO, 2004).

Neste contexto, a Arteterapia pode representar estas questões,

aproveitando a disponibilidade de novos recursos tecnológicos existentes nesta

sociedade pós-moderna para retratar questões importantes da vida em

sociedade. Através Arteterapia no contexto das tecnologias, pode-se criar

imagens que chamem a atenção do aluno acerca de questões como o

aquecimento global, evidenciada na imagem abaixo:

Figura 04: Aquecimento Global Fonte:http://www.istoe.com.br/reportagens/143560_O+SOL+PODE+AMENIZAR+O+AQUECIMENTO+GLOBAL+

A tecnologia é hoje parte inerente da vida do ser humano de modo que

não conseguimos nos ver separados dela. Muitas vezes concebemos a nós

mesmos como complexas máquinas físico-químicas com um cérebro, que

pode ser comparado a um potente e complicado computador. Porém devemos

estar alerta quanto a reduzirmo-nos a um simples objeto da técnica, ou vincular

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a realização de nossos sonhos e a resposta a nossas angústias aos avanços

tecnológicos.

As novas tecnologias apresentam diversos prós e contras com relação à

sociedade, sendo muitas delas benéficas. No entanto, em outra ótica, não

podemos deixar de observar um lado sombrio e perverso que se esconde por

trás deste maravilhoso avanço tecnológico.

Com o advento da Internet, passou-se a ter acesso a bancos,

supermercados, restaurantes, farmácias, entre muitas outras facilidades do

cotidiano, sem sair de casa. Todavia não se pode deixar de observar o lado

negativo destas novas tecnologias e facilidades. O lado que contribui com a

segregação do homem. Enquanto a tecnologia barateia os custos do

deslocamento da informação para o usuário doméstico, as grandes empresas

também se utilizam desta mesma benesse, o que pode acarretar em uma força

que age em detrimento da sociedade. (BAZZO, 2004).

Assim, na escola, o mais importante no ensino da arte é colocar o aluno

em contato com diferentes maneiras de expressar suas ideias, para que amplie

suas capacidades comunicativas e descubra suas próprias formas de utilizar

os recursos existentes. Será no diálogo entre as linguagens, que cada um irá

se aprofundar no funcionamento das dinâmicas de composição da imagem a

partir de suas próprias necessidades expressivas.

É muito importante colocar os alunos em constante estado de atenção e

reflexão sobre as formas de utilização da imagem na sociedade

contemporânea, tanto em relação àquelas produzidas com intenção artística,

como todas as que os meios de comunicação se apóiam para passar suas

mensagens.

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3.3. Benefícios gerais da arteterapia para crianças e

adolescentes

No processo ensino-aprendizagem, em qualquer contexto em que se

esteja inserido, é necessário que se conheça as categorias que integram este

processo como elementos fundamentais para um melhor aproveitamento da

aprendizagem. Educar é colaborar para que professores e alunos – nas

escolas e organizações – transformem suas vidas em processos permanentes

de aprendizagem. É ajudar os alunos na construção da sua identidade, do seu

caminho pessoal e profissional – do seu projeto de vida, no desenvolvimento

das habilidades de compreensão, emoção e comunicação que lhes permitam

encontrar seus espaços pessoais, sociais e profissionais e tornarem-se

cidadãos realizados e produtivos.

De acordo com Freire (2012, p. 01), no contexto atual de sociedade, as

crianças estão cada vez mais mergulhadas em altas tecnologias e diversões

eletrônicas, isto faz com que as mesmas tenham menos oportunidade de

refletir, de se arriscar e produzir. Assim, a criatividade vai sendo “anestesiada e

a arte, neste aspecto, pode ser transformadora, pois ao resgatar ou alimentar o

potencial criativo, promove-se saúde emocional, principalmente para as

crianças”.

A autora argumenta que a Arteterapia serve como um instrumento capaz

de redirecionar a mente de crianças e adolescentes no sentido de despertar

suas criatividades e autonomias. Cabe ao professor, portanto, servir como

mediador, subsidiando aos alunos quanto ao processo de aquisição de

habilidades interpretativas por meio da arte. Um exemplo que pode ser citado é

a modelagem com argila nas aulas de arte, técnica esta que funciona como

uma espécie de terapia escolar e, ao mesmo tempo, uma motivação para

despertar o imaginário e criatividade do aluno.

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Figura 05: Arte com argila Fonte: http://www.viuvale.com.br/projeto-arteterapia-na-escola.php

Vale salientar que as principais estratégias a serem utilizadas pelos

professores devem abranger objetivos voltados para o desenvolvimento

cognitivo dos alunos, ou seja, a Arteterapia deve ser vista como um recurso

aliado ao processo de ensino-aprendizagem, assegurando o beneficiamento

deste processo a partir das técnicas a serem utilizadas em sala de aula. Neste

sentido, Libâneo (1994, p. 80), afirma que “O ensino tem, portanto, como

função principal assegurar o processo de transmissão e assimilação dos

conteúdos do saber escolar e, através desse processo, o desenvolvimento das

capacidades cognoscitivas dos alunos.

Nesta perspectiva, o educador ajuda na formação de sujeitos ativos na

sociedade. Ao desenvolver estratégias artísticas na sala de aula, educador e

educando se relacionam e ambos participam do processo de aquisição de

conhecimentos, devendo-se considerar os conhecimentos e as experiências

que os alunos trazem consigo a escola, não os ignorando, pois a partir deles

que se podem ampliar novos horizontes em termos de conhecimento escolar.

Segundo Libâneo,

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“O que se afirma é que o professor medeia a

relação ativa do aluno com a matéria, inclusive

com os conteúdos próprios de sua disciplina,

mas considerando os conhecimentos, as

experiências e os significados que os alunos

trazem á sala de aula”.(2003, p. 28).

Os professores devem compreender o verdadeiro sentido da Arteterapia

na escola, muitos a utilizam como uma forma de “preencher lacunas”, em

outras palavras, deixar o tempo passar, porém, como afirma Libâneo (1994), o

ensino, de toda e qualquer disciplina, deve ter como meta, o desenvolvimento

intelectual dos alunos. Assim, “a Arteterapia na educação teria como objetivo

estimular o desenvolvimento integral da criança e do adolescente”. (FREIRE,

2012, p. 02).

Neste contexto, pode-se acrescentar que o professor não poderá ser

ingênuo em relação à realidade que vive e trabalha, ou seja, crianças e

adolescentes de comunidades carentes necessitam de motivação para

porventura não adentrarem em caminhos errados, visto que a própria

comunidade enfrenta situações relacionadas a falta de condições básicas de

vida, saúde precária, insegurança, drogas, dentre outros problemas. Assim, a

escola surge como um ponto de escape e o único segmento capaz de

conscientizar os cidadãos acerca da vida em todos os sentidos.

Uma vez que o educador deva ter essa compreensão da realidade e ter

um comportamento ético com a sociedade em que vive com a plena clareza de

sua ação, planejada, deverá trabalhar sempre na perspectiva da execução de

seus ideais porque educador sem ideal não é educador. Não existe educador

sem ideal e sem opções. O mesmo precisa conhecer bem o campo escolar no

qual atua, com a necessidade da competência para desempenhar, com efeito,

a atividade que trabalha. Uma vez que se ensina Arte ele tem que conhecer

bem esta ciência e diagnosticar quais os elementos necessários à promoção

da verdadeira aprendizagem a partir da Arteterapia.

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A aprendizagem implica esta relação dialética, muito ao contrário do que

se tem chamado de “relação pedagógica” reduzida à aula. Nesta, prevalece a

submissão, por conta do instrucionismo. Na relação autêntica busca-se a

autonomia do aluno, colocando-o no centro do processo de aprendizagem, não

se aprende na condição de objeto. (Demo, 2004, p. 18).

Torna-se necessário na pratica do professor de Artes, o uso de

estratégias que auxiliem na compreensão dos conteúdos próprios da disciplina,

na intenção de se dá uma maior relevância aos assuntos necessários para o

desenvolvimento pessoal de cada aluno. Na maioria das vezes, os conteúdos

utilizados através do currículo oficial da escola, abordam questões bastante

contraditórias com as condições de aprendizagem dos alunos e suas

realidades de vida. Nessa perspectiva, a intervenção do educador facilitará a

assimilação em torno da complexidade das informações teóricas envolvidas

nas disciplinas.

No caso da Arteterapia, o professor pode aproveitar as situações

próprias da comunidade e explorá-las de uma forma a promover a

conscientização dos alunos frente às demandas locais, por exemplo, o

professor pode promover um evento no final do semestre, pode ser uma

exposição, um teatro, uma dança que faça menção a identidade local,

despertando nos alunos a curiosidade pela cultura local, ajudando na

valorização desta cultura, fazendo crianças e adolescentes enxergarem as

coisas boas existentes no local em que estão inseridos, de forma que eles não

tenham que recorrer a outras “atratividades” que sejam nocivas as suas vidas e

da comunidade como um todo.

Diante dessas argumentações, pode-se destacar a prática da

Arteterapia como um processo de enriquecimento, tanto no que se refere a

ação docente, como na aprendizagem do aluno, já que, a mesma abrange a

integração entre diferentes saberes ou disciplinas e supera a tradicional prática

tradicionalista caracterizada pela falta de renovação nas metodologias de

ensino.

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CONCLUSÃO

Através deste trabalho de conclusão de curso, ficou compreendido que

educar no contexto da Arteterapia, com o auxilio de algumas técnicas em arte

e uma variedade incrível de materiais, podemos favorecer ao educando o

conhecimento de si próprio, aumentar a autoestima, estimular a criatividade,

desenvolvendo a capacidade criadora através de um processo constante de

construção de novos conhecimentos e de uma prática educativa baseada na

vida cotidiana das crianças e adolescentes.

Sabe-se que a criatividade é uma capacidade inata e que, por sua vez,

pode ser apreendida no contexto escolar, visto que as disciplinas que

compõem a grade curricular das escolas contemplam a arte como sendo uma

disciplina fundamental na educação de crianças e adolescentes. Em se

tratando de comunidades carentes, a Arteterapia funciona como um meio de

“suprir” as necessidades culturais destes segmentos e ampliar suas chances

de desenvolverem habilidades e capacidades para criar, inovar e compreender

a realidade, sabendo explorar os elementos que constituem seu espaço ou

comunidade.

Se as crianças e os adolescentes são motivados a estabelecerem um

vínculo com a arte em sua escola, a tendência é que eles encarem a vida de

uma forma mais prazerosa e sintam a necessidade de “recriar” seu espaço,

buscando melhorias para toda a comunidade, para tanto, cabem aos

profissionais do ensino, em especial os professores de Arte, desempenhar com

eficiência suas funções, inovando suas práticas de ensino para favorecer, tanto

a escola, como a própria comunidade. Assim, a Arteterapia deve ser encarada

como um instrumento valioso para o favorecimento escolar e comunitário.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 10

ARTETERAPIA: CONSIDERAÇÃOES INICIAIS

1.1 - Principais precursores da arteterapia 13

CAPITULO ll 18

ARTETERAPIA NA EDUCAÇÃO: UMA VISÃO INTERDISCIPLINAR

2.1 – Arteterapia enquanto fator de inclusão social 24

CAPITULO lll 27

ARTETERAPIA NA EDUCAÇÃO PÚBLICA: PRINCIPAIS TECNICAS

3.1 –Trabalhando a diversidade cultural 27

3.2- Arteterapia no contexto do aproveitamento das tecnologias 29

3.3- Benefícios gerais da arteterapia para crianças e adolescentes 32

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 37

ÍNDICE 40