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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES FACULDADE INTEGRADA - AVM CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A IMPORTÂNCIA DA NEUROCIÊNCIA NAS ATIVIDADES FÍSICAS VISANDO A SUPERAÇÃO DOS TRANSTORNOS SÓCIO-EDUCATIVOS RICARDO VICENTE DA COSTA PALAZZO ORIENTADORA PROFª. MARTA RELVAS RIO DE JANEIRO 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · aqueles comprometidos e envolvidos, direta ou indiretamente, com a educação infanto-juvenil e que têm como referência a prática

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

FACULDADE INTEGRADA - AVM

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A IMPORTÂNCIA DA NEUROCIÊNCIA NAS ATIVIDADES FÍSICAS

VISANDO A SUPERAÇÃO DOS TRANSTORNOS SÓCIO-EDUCATIVOS

RICARDO VICENTE DA COSTA PALAZZO

ORIENTADORA – PROFª. MARTA RELVAS

RIO DE JANEIRO

2013

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo ser mais uma contribuição da

neurociência ao trabalho realizado pelos educadores, mas, também, por todos

aqueles comprometidos e envolvidos, direta ou indiretamente, com a educação

infanto-juvenil e que têm como referência a prática constante de atividades

físicas, particularmente, jogos e brincadeiras infantis como forma de superação

para as dificuldades e/ou transtornos de aprendizagem e uma melhoria do

aproveitamento socioeducativo dos educandos.

Palavras chave: Neurociência, atividades físicas, transtornos

socioeducativos, infanto-juvenil.

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METODOLOGIA

Para realizar este trabalho escolheu-se uma pesquisa descritiva

participativa visando à participação direta do indivíduo e também levando em

consideração suas aspirações e potencialidades de conhecer e agir

incentivando-o em seu crescimento autônomo e de autoconfiança na reflexão

de novas ações a serem realizadas.

De acordo com o autor A. Gressler, a pesquisa descritiva “tem como

objetivo a descrição de fatos, fenômenos e características presentes em uma

determinada população ou área de interesse. Sua principal preocupação está

voltada para o presente e consiste em descobrir “o que é?” e não procurar

explicações para as relações interpessoais ou testar hipóteses provando

causa e efeito.”

Nesse sentido foi elaborado um questionário com 13 perguntas que

seria aplicado junto aos professores de educação física de cinco escolas da

rede privada do 2º distrito do município de Duque de Caxias, envolvendo

crianças pré adolescentes na faixa etária dos 05 aos 13 anos, isto é, da

educação infantil até o 8º ano do ensino fundamental.

Como não havia tempo hábil para entrevistar cada um dos

professores de educação física, porque todos os professores lecionam em 2, 3

escolas, no mesmo dia, optou-se em deixar o questionário na escola para que

eles o respondessem.

O objetivo da pesquisa era conhecer as atividades físicas e/ou

recreativas desenvolvidas pelos professores e se seguiam alguma orientação

socioeducativa voltada para a correção de possíveis dificuldades apresentadas

pelos alunos em sala de aula.

Infelizmente, das cinco escolas escolhidas em função de sua relativa

proximidade, uma da outra, só três devolveram o questionário totalmente

respondido. As outras duas escolas, após 30 dias, alegaram que o “professor

não teve tempo para respondê-lo”.

Em função dessa realidade, optou-se em apurar os dados obtidos

dos três professores que indicavam as atividades físicas por eles

desenvolvidas junto as turmas, principalmente, do ensino fundamental, visavam

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“ensinar” os alunos a conviver em sociedade e a prática de esporte em busca

de novos talentos. Enquanto a educação infantil era voltada para pura

recreação. Ou seja, as três escolas não tinham atividades físicas que fossem

voltadas para os possíveis transtornos de aprendizagem e nem contavam com

profissionais especialistas nessa área que pudessem colaborar encaminhando

casos necessários a um atendimento mais específico. Essa ação é de inteira

responsabilidade dos pais quando percebem que seu filho não vai bem na

escola e está na iminência de ser reprovado.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 09

CAPÍTULO 1

UM POUCO DE HISTÓRIA ............................................................................. 11

CAPÍTULO 2

A ESCOLA ....................................................................................................... 23

CAPÍTULO 3

DIFICULDADES E PROBLEMAS NA COORDENAÇÃO MOTORA............... 31

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 44

NOTAS ............................................................................................................ 45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 47

ÍNDICE ............................................................................................................. 50

ÍNDICE DE TABELAS ..................................................................................... 52

ÍNDICE DE FIGURAS ...................................................................................... 53

ANEXOS .......................................................................................................... 54

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INTRODUÇÃO

Há alguns anos, tem-se notado o crescente número de crianças

portadoras de “transtornos” psico-sócio-educativos (dislexias, dislalia,

discalculia, déficit de atenção) nas escolas. Imediatamente, surgem as

seguintes questões: será que no passado esses transtornos existiam? As

crianças eram mais saudáveis? Como eram tratadas as que apresentavam tais

“transtornos”? Ou será que tais “transtornos” são frutos da atual sociedade,

mais competitiva, mais agitada, mais populosa e globalizada?

Certamente, com o enorme avanço da tecnologia da informática, a

sociedade internacionalmente apresenta uma enorme “rede” de conexões

jamais vistas na face da terra. Qualquer acontecimento, por menor que seja é

postado nas redes sociais da internet e em questões de segundos é visto no

mundo todo ao vivo e a cores. Milhões de pessoas passam a ter acesso a um

acontecimento que a segundos atrás era privado. As barreiras da privacidade

deixam de existir em função da divulgação da noticia a qualquer preço. A

privacidade é coisa do passado. Todo mundo quer viver o aqui e agora e no

palco da felicidade.

A educação, enquanto instrumento de poder e dominação não

poderia ficar de fora dessa realidade da globalização. Na qual todos estão

“interligados” e “ligados” a milhões de conexões sociais ao mesmo tempo e a

quilômetros de distância um do outro.

Com todo esse aparato tecnológico e o avanço ininterrupto do

consumo da sociedade contemporânea, cresce a necessidade da mulher estar

recorrendo a novas alternativas de trabalho porque o trabalho do lar já se torna

insuficiente para aplacar seus desejos. Gradativamente, o sexo feminino, que

ao longo dos séculos foi taxado de sexo frágil, vai galgando e conquistando o

seu lugar de destaque na sociedade e no mercado de trabalho. Atualmente, ela

disputa “lado a lado” com os homens as poucas vagas disponíveis no mercado

atualmente competitivo onde não há espaço para os mais fracos. A qualificação

profissional é cada vez mais exigente e todos querem dela participar.

Consequentemente, no interior das famílias começam a surgir

“problemas” que até então estavam guardados a sete chaves e não eram de

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conhecimento de todos - crianças com vários transtornos socioeducativos tais

como: dislexia, discalculia, falta de atenção, desinteresse pelos estudos,

agressividade etc...

Apesar do desenvolvimento da sociedade e a enorme expansão da

economia permitindo às famílias de menor poder aquisitivo ter acesso aos bens

de consumo que até então só conheciam por intermédio dos programas de

televisão, a educação continua apresentando um quadro desalentador: o nível

educacional é cada vez pior e o número de crianças com transtornos

socioeducativos é maior.

Nesse sentido, este trabalho procura, a partir de um referencial da

neuropedagogia, contribuir com a educação resgatando a importância das

atividades físicas nas escolas, principalmente nas séries iniciais do ensino

fundamental, como forma de ampliar as conexões cerebrais dos educandos e

com isso proporcionar-lhes um melhor processo de aprendizagem.

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CAPÍTULO 1

UM POUCO DE HISTÓRIA

1.1. As civilizações primitivas de ontem e de hoje

O período que vai do aparecimento do ser humano sobre a face da

terra até a introdução da escrita, está estimado em cerca de sete milhões de

anos, é o que se denomina de pré-história. Para estuda-lo formulou-se várias

hipóteses e procura-se interpretar os vestígios deixados pelo homem primitivo,

através de pedras trabalhadas ou não, ossadas de animais, crânios humanos,

pinturas rupestres, monumentos de pedras e, mais tarde, utensílios de bronze

e ferro, câmaras mortuárias, estradas e aquedutos.

Convém ressaltar, que nem todos os povos atravessaram os

mesmos estágios simultaneamente.

Enquanto o Egito dos Faraós já vivia em plena época histórica em franco desenvolvimento, próximo a ele, não longe do mediterrâneo, numerosas populações, viviam no maior primitivismo. (RAMOS, 1982, p.51)

Ainda hoje, em pleno século XXI, muitos aglomerados humanos

vivem em estágio selvagem, como algumas tribos isoladas na Floresta

Amazônica; no interior da África ou nos desertos australianos, continuam

paradas no tempo e no espaço. Em tais regiões centenas de indígenas, sem

contato efetivo com as populações civilizadas, mantém-se quando não em

situação pior, em plena fase neolítica ou pedra polida: toscas cabanas como

moradia, meio errantes e preocupados com a sobrevivência; andam nus ou

seminus alimentando-se da caça, da pesca e de coleta de produtos silvestres;

realizando, nem sempre, uma agricultura bastante rudimentar. Como seus

ancestrais, continuam sendo mais músculos do que cérebro.

Pelo visto, tanto ontem como hoje, o homem no estado primitivo

realizava toda sorte de exercícios naturais, praticando uma verdadeira

“educação física” espontânea e ocasional. Nômade como era, andava

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distâncias consideráveis em terrenos mais ou menos acidentados; rastejavam

escondido na vegetação ou entre às árvores para aproximar-se de sua presa;

trepava em árvores para observar, pegar frutos ou para fugir dos seus inimigos

e animais ferozes. Saltava grandes alturas e transpunha abismos, fossos e

obstáculos; levantava e transportava pedras e troncos e outros objetos. Corria

em velocidade ou por longo tempo atrás de caça ou para fugir das

tempestades. Arremessava paus e pedras em alvos quase sempre móveis.

Usava seus punhos e machados para golpear ou executar certos trabalhos.

Lutava em terrível corpo a corpo empregando sua experiência e conhecimentos

adquiridos pela vida para vencer homens e animais. As caminhadas constantes

e as corridas em particular, constituíam para o homem primitivo questão de

vida ou morte. Pelo visto era uma vida cruel, difícil e perigosa, imposta pela

dureza dos tempos e pelas necessidades de conservar a existência.

Consequentemente, a postura e a marcha bípedes, além de

libertarem as mãos de funções de locomoção, abriram o caminho para a

exploração e a colonização locomotora total do planeta desde o berço africano

até o médio oriente, a Europa, a Ásia, a Austrália e ate Américas.

Com a faculdade de caminhar e correr certo (disposição vertical da coluna vertebral) e com passos largos e firmes, equilibrados e pendulares sem balançar o tronco e a cabeça, a conquista de outros continentes em distâncias cada vez maiores foi possível, exatamente, porque a locomoção humana se tornou mais perfeita, eficaz e menos energética. A partir dessa agilidade motora, novos estilos de vida mais nômade, baseados em migrações, novas modificações esqueléticas e novos desenhos anatômicos culminaram com a expansão evolucionária do cérebro. (FONSECA, 2010, p.75)

Nesse longo processo de hominização, o homem foi-se equipando

melhor com instrumentos de pedra lascada e organização material cada vez

mais avançada. Durante este período, surgiram vários objetos e utensílios:

pedras polidas servindo de raspador; arpões pontiagudos de madeira; agulhas

e facas de ossos. A caça e a pesca constituíam, sem dúvida, a tarefa principal,

ou quase a única da vida do antepassado paleolítico. Nas paredes de suas

habitações, as cavernas, deixou gravado ou desenhado rusticamente os

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animais que lhe eram familiares, demonstrando assim, a importância da pesca

e da caça nos seus afazeres.

Desde os Australopitecos Robustus e o Homo Habilis até o Homo Erectus, surgidos, respectivamente, há cerca de quatro milhões, dois milhões e meio e um milhão e meio de anos, para chegar ao aparecimento do Homo Sapiens, surgido há cerca de 150 a 200.000 anos, a bipedia e a bimania sofreram aperfeiçoamento neuromotores extraordinários. Os principais deram origem às magnificas histórias da civilização, só possíveis em virtude do aumento do volume do cérebro que se operou na HOMINIZAÇÃO. (FONSECA, 2010, p. 78)

A passagem do primata ao homem, no sentido neuropsicomotor,

além das conquistas corporais e motoras, está intimamente associada ao

surgimento do EU enquanto sujeito da ação mas, também, à emergência da

linguagem e do pensamento, proporcionando assim, novas organizações

cerebrais próprias e únicas da espécie humana. Os efeitos produzidos pela

motricidade no ser humano são, também psíquicos, pois revelam ao sujeito

tanto à sua própria subjetividade e identidade, como revelam as propriedades

dos objetos e do meio ambiente, que o rodeia. Este desenvolvimento da

motricidade nos animais não ocorre, pois os seus níveis de explicação são

genéticos e dependentes dos instintos, enquanto os da motricidade humana

são biopsicossociais e dependentes do processo histórico social. O que é

próprio do homem é sua consciência e percepção do outro, a sua postura,

apraxia, linguagem, cognição social e a sua extraordinária capacidade para

aprender a aprender.

Toda esta história da psicomotricidade, que retrata a infinita superioridade da espécie humana sobre todas as outras, está reunida no cérebro, órgão do corpo libertado por ele ao longo da hominização, e que permite captar, analisar e recuperar as informações provenientes do mundo envolvente e, paralelamente, elaborar e executar respostas adaptativas em contínuo auto-organização e eco organização. (FONSECA, 2010, p.83)

O desenvolvimento neuropsicomotor da criança e a sua significação

evolucionista revelam como se deu a hominização da espécie humana e

podem ser sintetizada no seguinte quadro:

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Podem roubar nosso carro, bicicleta, casa, celular ou qualquer outra coisa. Porém, ninguém consegue roubar aquilo que aprendemos. Mesmo que abram nossa cabeça ao meio, jamais vão conseguir retirar qualquer tipo de conhecimento que adquirimos ao longo da vida. Por isso, ele é a maior riqueza que um ser humano pode obter. Ele é tão especial que fica guardado em um lugar, que nem mesmo o próprio dono pode retirar. *Foco/Faetec (Boletim informativo/2013)

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1.2. O sistema nervoso e o desenvolvimento do cérebro

O estudo do sistema nervoso demonstra como se verificou a

evolução do ser humano. O homem para sobreviver enquanto individuo e como

espécie foi obrigado a se adaptar continuamente ao meio ambiente que

constantemente estava sofrendo transformações, caso contrário ele deixaria de

existir como aconteceu com milhões de espécies.

Para que houvesse essa continua adaptação do ser humano ao

meio ambiente hostil foi preciso que ocorresse três aspectos determinantes:

irritabilidade, condutibilidade e contratilidade (movimento-motricidade), ou seja:

Através da irritabilidade, a célula detecta as modificações do meio ambiente. Essa sensibilidade celular causada por um estimulo é conduzida à outra parte da célula através da condutibilidade, possibilitando uma resposta a este estimulo. Essa resposta pode ser o encurtamento da célula pela propriedade chamada contrabilidade. Essa reação normalmente ocorre no sentido de fugir a um estímulo nocivo ou para se aproximar de um estímulo agradável. (RELVAS, 2009, p.12)

O desenvolvimento filogenético permitiu que essas células

especializadas em conduzir sinais se agrupassem e formassem o sistema

nervoso central, o qual é formado pelo encéfalo (cérebro, tronco encefálico e

cerebelo), e pela medula espinhal, finalizando na coluna vertebral.

O sistema nervoso central conta com neurônios aferentes, também

chamados de sensitivos que são responsáveis pelas informações originais do

meio ambiente e que são reenviadas ao sistema nervoso central para serem

processadas e retornarem sob a forma de resposta ou de uma ação. Isto só é

possível porque as informações retornam por outros neurônios, chamados de

eferentes ou motores. As respostas podem ser processadas em qualquer ponto

do sistema nervoso central, como encéfalo, medula oblonga, tronco encefálico

etc...

Além desses dois tipos de neurônios1 (aferentes e eferentes)

existem também os responsáveis pela ligação entre as diferentes regiões do

sistema nervoso central, os quais são responsáveis pela organização dos

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diversos tipos de informações e pela elaboração das respostas a serem

devolvidas aos estímulos: neurônios de associação.

O crescimento do número de neurônios da associação aconteceu de

forma agrupada e em uma das extremidades dos seres vivos dando origem

mais tarde a sua cabeça. Durante os deslocamentos, os animais notavam

mais rapidamente as mudanças ocorridas no meio ambiente através dos

neurônios associativos concentrados nessa região e assim poderiam elaborar

respostas mais rápidas de forma a livrá-los dos perigos, para conseguir

alimentos, sobreviver e perpetuar a espécie.

Essa extremidade por se concentrar em explorar meios ambientes, acabou sendo dotados de boca, ouvidos, olhos, pele, nariz, enfim todos os órgãos dos sentidos. Em virtude da sua importância, esse agrupamento de neurônios foi protegido por um crânio e deu ao homem a capacidade de elaborar tarefas mais finas, como um simples movimento de pegar o garfo e leva-lo à boca ou segurar um lápis e realizar um registro no papel. (Relvas, 2009, p14)

Foi no ser humano onde ocorreu o maior e mais perfeito

desenvolvimento do encéfalo2 na escala filogenética. Os neurônios de

associação concentrados no encéfalo, foram os responsáveis pelo surgimento

das funções psíquicas superiores, chegando ao máximo da evolução do

sistema nervoso. Com isso, o ser humano foi capaz de sentir, pensar,

relacionar-se afetiva e emocionalmente utilizando-se da motricidade corporal

como canal de expressão dos sentidos como nenhum outro ser vivo da face da

terra.

1.3. Estrutura e funcionamento dos neurônios

Os neurônios são células especializadas, feitos para receber certas

conexões específicas, realizar funções apropriadas e repassar suas decisões a

outros neurônios ligados àquelas decisões. São formados por três partes: o

corpo celular, os axônios3 e os dendritos4.

A parte central do corpo celular contém o núcleo celular. O corpo

celular é formado por diversos prolongamentos que na sua extremidade

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formarão pequenos “arbustos”, chamados de dendritos, e que realizarão a

função de receber as informações provenientes dos outros neurônios aos quais

está associado. Quanto maior for o número de neurônios melhor será para a

célula nervosa porque permitirá uma maior área disponível para receber

informações aferentes. À medida que se afasta do núcleo, há um filamento

longo e fino, os axônios, que servem como “fios” condutores para estímulos

criados no corpo celular, como resposta aos estímulos recebidos de outras

células de um círculo neural, constituindo assim, as respostas aos estímulos

recebidos pelos sentidos.

A região de contato entre um terminal de fibra nervosa e um dendrito

ou o corpo de uma segunda célula chama-se sinapse5, região especializada na

transformação dos estímulos elétricos gerados no corpo celular em estímulos

químicos mediados pelos neurotransmissores6 como: adrenalina,

noradrenalina, acetilcolina, dopamina e serotonina como ação excitatória ou

inibitória.

Com isso, pode-se concluir que os neurônios são responsáveis pela

recepção, interpretação, produção e condução de impulsos nervosos de um

sistema biológico para outro.

Assim, de forma a perceber mais claramente a influência dos

neurotransmissores na cognição é importante desenvolver jogos de memória

ou dinâmicas de grupo nos quais a resolução de problemas seja o mais

importante e cuja argumentação seja criada e elaborada pelos próprios alunos

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cabendo ao professor ou educador uma posição de mediador das posições, um

incentivador e orientador das ideias abordadas estimulando sempre a

curiosidade dos alunos de forma a manter viva e incandescente a chama do

conhecimento pelo novo, por aquilo que ainda não conhece. Nesse sentido, o

cérebro estará sempre aberto para os desafios provocando a liberação de

substâncias naturais (neurotransmissores) tais como: serotonina, dopamina

relacionadas à satisfação, ao prazer e ao humor favorecendo a aprendizagem.

Aprender é criar associações eficazes de neurônios e desconectar

aquelas células que se organizaram para sugerir uma “má decisão”. Aprender

não é um processo localizado, mas envolve alterações das relações mantidas

por neurônios distribuídos por várias áreas do cérebro.

Uma boa rede neural não se forma, necessariamente, pelo acúmulo

de conteúdos, mas sim pela capacidade crítica da pessoa em descobrir se a

solução encontrada foi válida e se causou dor ou satisfação.

Portanto, os professores deveriam estar mais atentos a essas

situações para desenvolver um estilo de aula mais reflexivo e crítico, mesmo

que fosse um trabalho com um conteúdo programático maior: “ensinar é levar o

aluno a estabelecer relações com o mundo, com os outros e com ele mesmo.”

(Relvas, 2012).

De nada adianta uma grande quantidade de conteúdo sem o menor

sentido para os alunos, pois as sinapses se fortalecem na medida em que a

informação seja significativa para a rede neural. As alterações sinápticas e

novas formações na rede, também causam alterações no próprio cérebro e a

aprendizagem, quando consolidada, produz alterações sinápticas. Portanto,

quanto maior for a capacidade do cérebro de desenvolver essas mudanças,

maior será a capacidade de aprendizagem do organismo.

Aprender, contudo, é muito mais do que acumular dados na

memória, os quais serão trocados na primeira oportunidade por outros de maior

relevância através do afrouxamento e do reposicionamento sináptico.

Outra questão importante, é o sistema límbico, gerador das

emoções, que fica no centro do cérebro, tudo que vai ao córtex para ser

decodificado, processado e armazenado é influenciado por ele. Não se pode

desconsiderar, então, que as emoções podem ser um ótimo sistema regulador

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do organismo em relação ao que vai chegar ao córtex. As relações de prazer e

desprazer são controladas pelo mesmo sistema límbico. Portanto, quanto mais

prazerosa for a atividade, mais haverá facilidade de internalização do conteúdo

nas áreas do cérebro correspondentes.

As neurociências, procuram mostrar que quando um conteúdo

intelectual chega ao córtex carregado de energia emocional, mais facilmente é

registrado no sistema de memórias (Hipocampo).

A memória é obra de todo o cérebro, quanto mais estímulos

acionarem as várias áreas cerebrais e por diversas vias sensoriais, mais

rapidamente o conteúdo programático será memorizado.

O lúdico ainda é a melhor maneira de acessar o cérebro por várias

áreas sensoriais, pois, desde muito cedo o cérebro “gosta de brincar”. Isto é

válido tanto para as crianças quanto para s adolescentes e adultos. Na

brincadeira, o sistema límbico permite maiores impressões de prazer do que de

desprazer.

Ao lúdico pode ser associado conteúdos importantes para a vida

toda do aluno. Atualmente, os profissionais da educação ainda demonstram

muita dificuldade para justificar a introdução do “brincar” no currículo escolar.

A neurociência pode contribuir, em muito, para a formação destes

profissionais na elaboração de suas propostas curriculares. No entanto, é

necessário para entender o tipo de aprendizagem que provém do uso bem

empregado das brincadeiras e das oportunidades para “brincar” que os

professores sejam capacitados nessa formação bem como gostem de “brincar”.

O conteúdo a ser apresentado não pode ignorar que todos os alunos

têm suas tendências e interesses e que precisam ser polidos caso contrário

ficarão desinteressados e causarão cansaço mental provocando um baixo nível

de concentração, atenção e consequentemente, falta de retenção.

De acordo com Roberto Lent: “Quando a cognição é bem

estimulada, provoca tanto a repaginação do movimento cerebral de aprender,

quanto na recuperação de sujeitos aparentemente desestimulados. Os

exercícios orientados têm por finalidade estimular as sinapses nervosas para

que ocorra um (re) arranjo dessas informações neurais, sensitivas e/ou

motoras.

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cérebro se remodela para aprender a sentir-se melhor ou o induz a um

autorretrato que no fundo potencializa o pensar, permitindo a construção de um

novo conhecimento.

O cérebro reage como os músculos: aumenta de volume com o uso e se atrofia com a inatividade. Os neurônios se conectam uns aos outros por meio de ramificações em suas extremidades, que podem ser comparadas a galhos cobertos com folhas. O exercício faz esses ramos crescerem e florescerem. Assim as células neurais tornam-se mais aptas para se ligar umas às outras, o que aumenta a função cerebral de forma significativa. (RATEY e HAGERMAM, 2012)

Uma característica marcante do sistema nervoso é então a sua

permanente plasticidade, ou seja, a sua capacidade de fazer e desfazer

ligações entre os neurônios como consequência das interações constantes

com o ambiente externo e interno do corpo.

Aprendizagem perceptiva = aprender a reconhecer os estímulos

sensoriais;

Aprendizagem estímulo-resposta = aprender a executar

automaticamente uma resposta específica na presença de um estímulo

específico;

Aprendizagem motora = aprender a executar uma nova resposta;

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Aprendizagem relacional = mudanças baseadas na relação entre muitos

estímulos.

O cérebro humano aprende através das vivências e

experimentações que se arquivam em memórias para serem associadas de

acordo com as necessidades. Os seres humanos nascem com 88 bilhões de

neurônios prontos para realizarem sinapses eletroquímicas que são

desencadeadas através dos estímulos sensoriais (som-visão-gustação e

olfação), advindos do meio ambiente.

Desde os primórdios da existência, seja como individuo ou como

espécie, a sobrevivência está profundamente associada à capacidade de se

reinventar. Faz-se isso por meio de processos que se realizam de maneira

“natural” na medida em que ocorrem de várias formas a todo momento, com

tanta sutileza ao ponto de ser imperceptível – bem como de maneira

“complexa”, já que para se configurarem, os aprendizados dependem de

fatores bioquímicos, cognitivos, sociais, culturais, afetivos entre tantos outros.

O fato é que em um mundo no qual as informações se tornam cada

vez mais acessíveis, isso não significa que serão incorporadas de maneira útil

ao bem estar social. A sabedoria ainda continua a ser um artigo de luxo, pois

eleger aprendizados que verdadeiramente signifiquem acréscimo, parece ser

fundamental.

Não é só aprender, mas sim a qualidade desse aprender.

A escola bem como a família têm hoje uma função muito importante

que é fazer o indivíduo pensar sobre questões fundamentais para o

desenvolvimento e o aprimoramento da inteligência humana.

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CAPÍTULO 2

A ESCOLA

2.1. Refletindo sobre o comportamento de professores e alunos

em sala de aula

Os professores de aprendizagem se manifestam de diferentes

formas dentro da escola, e sintomas divergentes se apresentam para revelar

que algo não vai bem. Cada criança é única na sua forma de ser, de aprender,

bem como de não aprender. Por que alguns conseguem aprender e outros não,

se a forma de ensinar é a mesma?

Certamente, não são os mesmos os vínculos entre professor e todos

os alunos, porque cada criança tem um temperamento, comportamento,

família, culturas diferentes. Alunos que conversam muito se desconcentram e

não participam são chamados à atenção, quase sempre carregadas de broncas

e ameaças, destruindo a autoestima da criança e um vínculo que é

fundamental para a aprendizagem.

Mas não é somente o aluno que sai prejudicado nessa relação

conturbada, o professor também apresenta sintomas que interferem no seu

equilíbrio.

De acordo com pesquisas do Instituto Academia de Inteligência, no Brasil, 92% dos professores estão com três ou mais sintomas de estresse e 41% com dez ou mais. É um número altíssimo, indicando que quase a metade dos professores não deveria estar em sala de aula, mas internada em uma clínica antiestresse. (CURY, 2003, p.62)

Refletir sobre sintomas apresentados pelo professor e pelo aluno é

uma grande oportunidade para repensar a prática pedagógica. Situações de

desgaste experimentadas pelo professor, chamando a atenção do aluno a todo

o momento, podem evidenciar um conjunto de fatores inadequados, que

poderão ser consequência de erros na prática pedagógica, tais como: má

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organização do espaço em sala de aula, má distribuição do tempo para a

realização das atividades e das avaliações incoerentes. Não deixando de

considerar, que muitas vezes, o estresse docente advém de longas jornadas de

trabalho, desgaste com a coordenação e com os alunos, condições

inapropriadas de trabalho (precariedade das condições de trabalho falta de

material didático pedagógico, agravamento das cordas vocais).

Não é só o comportamento agitado da criança que influência nesta

escalada negativa. O aluno quieto demais, calado, pode estar entre aqueles

que não aprendem bem. Por serem extremamente tímidos, quase nunca se

manifestam, permanecendo com suas dúvidas acumuladas, tendo como

consequência um baixo rendimento.

Quando notamos, normalmente por suas notas baixas, alguns

chegam a ser encaminhados para um atendimento especializado (psicólogo,

psicopedagogo), e acabam apresentando um outro comportamento: gostam de

ler, interagem, participam, apresentando um perfil bem diferente da queixa

apresentada inicialmente, porém não rendem na escola o quanto poderiam. Em

muitos casos, não há nada de errado com o seu cognitivo, mas sim com um

sistema de ensino fechado, ultrapassado.

Observa-se que, muitas vezes, a escola não abre espaço para estes

alunos se manifestarem, e a timidez os impede, de se posicionarem. Ao invés

de serem estimulados, com recursos diversificados, a mostrarem o que fazem

de melhor, são-lhes oferecidos o papel de coadjuvantes enquanto o papel

principal fica para os alunos mais extrovertidos e desinibidos.

Todos os alunos são capazes, é claro que de forma diferente, e um

olhar diferenciado poderá descobrir o que cada um tem de especial, ajudando-

os no desenvolvimento de novas competências.

O sonho de consumo de vários professores, muitos deles

despreparados ou cansados, seria ter uma classe com alunos que só

participassem ativamente, fizessem todas as tarefas com autonomia, ficassem

atentos à aula, diminuindo assim o desgaste de ficar chamando-lhes a atenção,

o que, em contrapartida, daria a entender que estão dando uma boa aula.

Esperar ter em sua classe alunos que se enquadram neste perfil

“ideal” é iniciar um processo de exclusão daquelas crianças que têm

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dificuldades reais de aprendizagem. Muitas deixam de aprender porque não

podem. Aprendem menos ainda quando não encontram na figura do professor

um verdadeiro mediador.

... Ser professor é despertar futuros; é criar gente que pensa, aprende, faz, avalia e refaz tudo de novo, se for preciso. Ser professor traz ainda a garantia de que todos os alunos tenham sucesso na sua trajetória escolar. (ALVES, 2009, P.59)

Tal reflexão se faz necessária sempre, embora haja professores que

façam esta reflexão, sabem o que precisam mudar, mas não conseguem ou

não podem, porque alegam que trabalham em dois ou três turnos e não

dispõem de tempo para preparar uma boa aula, ganham pouco e não dão

apoio pedagógico ao professor. Quem sofre com tudo isso é o aluno, que fica

impossibilitado de assistir a uma boa aula programada mesmo em algumas

escolas que possuem certa estrutura, como laboratórios, informática, aulas de

música, teatro e artes, não trabalham com a interdisciplinaridade, para que o

aluno possa desenvolver-se de forma global e ter uma ampla possibilidade de

interação de conhecimentos. Sua aprendizagem, desta forma, fica

comprometida e limitada, dependendo do esforço do próprio aluno, como

sustenta WEISS:

Professores em escolas desestruturadas, sem apoio material e pedagógico, desqualificados pela sociedade, pelas famílias, pelos alunos não podem ocupar bem o lugar de quem ensina tornando o conhecimento desejável pelo aluno. É preciso que o professor competente e valorizado encontre o prazer de ensinar para que possibilite o nascimento do prazer de aprender. A má qualidade do ensino provoca um desestimulo na busca do conhecimento. (2003,p.18)

Muitos professores do ensino fundamental, que ocupam este lugar

de impotência, sendo em sua maioria de escola pública, manifestam o desejo

de uma prática renovada, porém, ainda acreditam na aprendizagem pela pura

repetição, pela transmissão de informações técnicas e, consequentemente,

creem no modelo tradicional.

Encontra-se em sala de aula professores que acreditam estar

trabalhando com o construtivismo; contudo, sua atuação é de que a criança

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possa reproduzir “corretamente” o que lhe foi transmitido. Nesse sentido, a

cada resposta correta (na visão do professor), vão sendo apresentadas novas

informações, cujas respostas dadas pelos alunos, vão sendo substituídas por

outras mais bem elaboradas. O papel da criança é de receptor e, na visão

destes professores, é necessária a utilização de cartazes, recursos

audiovisuais, materiais em grande quantidade e variedade, além de algumas

técnicas como condicionamento e reforço, tendo como resultado a modelagem

de um comportamento que se julga desejável. As informações são oferecidas

aos poucos (“doses homeopáticas”), para que cada aluno possa ser treinado,

com informações soltas dissociadas de sua realidade.

O condicionamento funciona, quando a criança ao ouvir o “está

certo”, procura repetir a mesma resposta em outra situação e, se ouvir o “está

errado”, ela irá procurar não repeti-la. Para estes professores, o aluno deverá

ficar quieto, atento e em silêncio. Cabe ao professor repetir quantas vezes

forem necessárias para que ele possa “aprender”. Isto gera a passividade

intelectual, a uma uniformidade conceitual, na qual a criança acaba se

transformando num ser passivo não tendo que refletir sobre nada, porque o

professor já fez isto por ela e, consequentemente, há uma padronização ou

uniformidade de pensamento. Como todos acabam tendo uma única forma de

pensamento, as reflexões em conjunto são reduzidas, o que acaba estimulando

o individualismo.

Para que a criança possa se desenvolver e aprender, é preciso que

ela tenha construído condições internas de raciocínio, a fim de que possa

interpretar o conteúdo, do contrário, sem essas condições internas, ela irá

apenas reproduzir mecanicamente a resposta, esquecendo-a logo depois; fato

este que presenciamos diariamente em diversas escolas.

As condições internas de raciocínio serão conquistadas à medida

que as crianças possam ter oportunidades de agir sobre os objetos, manipulá-

los, deformá-los, dividi-los em partes, reunir as partes em um todo e desloca-

los. Diante disso, poderão perceber que os objetos possuem diferentes

critérios, como formas, tamanhos e cores (crianças com defasagem cognitiva

não conseguem perceber todas as mudanças de critérios nas provas

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operatórias de Piaget). Adquiridas estas condições, serão capazes de seriar,

classificar, incluir, etc.

Como diz Piaget (Saraiva, P.70), não se pode aprender a nadar

simplesmente olhando os banhistas, sentado comodamente no banco do cais.

Os professores por desconhecerem o modo de pensar da criança, já

que não se dispõem a questioná-las, não se preocupam se o tema está

vinculado a coisas que despertem sua curiosidade. Os temas, em geral, são

escolhas baseadas na visão do adulto, não despertando o interesse da criança.

São exemplos disso cartazes bem confeccionados, distribuídos nas paredes

para serem vistos e revistos por todos. Acreditam que a criança vai assimilando

aos pouquinhos.

Os conteúdos escolares são necessários, mas para que possam promover a aprendizagem, o professor precisa saber distinguir por quais meios esses conteúdos são acessíveis às crianças. Tudo depende da etapa de desenvolvimento. Sem conhecer as características que definem tais etapas, torna-se mais difícil ensinar a criança de modo que ela aprenda. (SEBER, 1995,p.231)

2.2. A importância do reconhecimento das etapas do

desenvolvimento cognitivo em sala de aula

De acordo com Jean Piaget, as etapas do desenvolvimento cognitivo

estão classificadas da seguinte forma:

1º período sensório-motor (do nascimento até os 02 anos,

aproximadamente).

2º período pré-operatório ou simbólico (de 2 aos 7-8 anos).

3º período operatório-concreto (de 7-8 a 11-12 anos).

4º período operatório formal (a partir dos 12 anos).

2.3. Período sensório-motor

Este período corresponde ao primeiro estágio do desenvolvimento

lógico, indo desde o nascimento até o aparecimento da linguagem por volta dos

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18 meses a 2 anos. É assim chamado porque existe uma coordenação

sensório-motora da ação, com base na evolução da percepção e da

motricidade. A criança não tem consciência da diferenciação do eu e do outro.

A efetividade está centrada no próprio corpo e na sua ação. A criança alterna

momentos de tensão e relaxação em busca de momentos agradáveis e fugindo

dos desagradáveis.

2.4. Período pré-operatório

Até os dois anos, o desenvolvimento é centrado na própria criança,

mas a partir dos dois anos, a criança se volta para a realidade exterior,

tentando descobri-la, é também chamado de período simbólico, pois instala-se

a representação mental e aquisição da linguagem.

Neste período, a criança ainda não se coloca segundo o ponto de

vista do outro, existindo o egocentrismo infantil, que é caracterizado pelo

animismo (quando a criança atribui vida a todos os seres vivos e inclusive os

inanimados).

A criança na fase pré-operatória é incapaz de descentrar o

pensamento, ou seja, centra a atenção em apenas um traço. Não é capaz de

acompanhar as transformações, sendo seu pensamento dita estático.

Na prova operatória de conservação de matéria, quando inicialmente

a criança tem duas bolas e verifica que possui a mesma quantidade de massa

e, quando uma delas é transformada em salsicha, ela não é capaz de

responder que ambas tem a mesma quantidade e que uma apenas mudou a

forma (compensação), ou que não tirou nem colocou nada (identidade), ou que

tem a mesma quantidade porque antes era bola (reversibilidade), ou seja, a

criança fixa no produto final (forma da salsicha) como se não tivesse

acompanhado o processo de transformação.

Entre cinco anos e meio e sete, a criança já começa a dar respostas

intermediárias, algumas conservativas outras não. Se tudo correr bem, aos

sete, ela já estará no período operatório concreto.

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2.5. Período concreto

Neste período, o pensamento já se torna reversível e conservador. A

criança é capaz de realizar a reversibilidade de pensamento diante da

transformação do objeto de um formato a outro, concluído que não houve

modificação em relação à quantidade, apenas no formato. Quando aplicada a

prova de conservação de líquido, a criança é capaz de afirmar que,

independente do formato do copo, a quantidade de líquido continua a mesma,

não se altera. Consequentemente, esta criança terá conservado a quantidade

de líquido.

2.6. Período operatório formal

Neste período, o da inteligência hipotético-dedutivo ou formal, o

pensamento da criança se torna independente do concreto, partindo de

premissas cuja verdade é admitida a título hipotético, podendo operar de

acordo com a lógica que implica todas as combinações possíveis, ou seja,

capacidade de abstrair fatos por meio do raciocínio hipotético-dedutivo. A

dedução lógica, agora, não se efetua mais sobre o real percebido, mas sobre

hipóteses.

Estes quatro estágios obedecem, de certa forma, uma ordem de sucessão, ou seja, uma característica não aparecerá antes de outra em um conjunto de sujeitos e depois em outro conjunto. Estes estágios possuem, também, caráter integrativo, o que quer dizer que as estruturas construídas em um período são integradas nas estruturas do período seguinte, isto significa que as estruturas sensório-motoras são parte integrante das estruturas operatório-concretas e estas das formais. (DOLLE, 2002, p.52)

É importante ressaltar que esta etapa de desenvolvimento da

criança é de fundamental conhecimento por parte do professor. Pois, se a

criança ainda não estiver com uma estrutura cognitiva condizente com o que

está sendo ensinado, e se este fato não for observado pelo professor, poderá

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acarretar desestímulo, falta de interesse e, consequentemente, rejeição do

aluno.

Identificar estes períodos é de grande relevância para o trabalho pedagógico, pois é baseado neles que o professor saberá quais atividades mais adequadas para cada idade. Ei este um dos grandes problemas enfrentados pelos alunos e que aparentemente ainda não foram solucionados. Professores aplicam problemas matemáticos correspondentes ao nível de inteligência operatória formal (a partir dos 12 anos) para que estas crianças, que ainda atuam no operatório concreto, tentem solucionar. Levantar hipóteses fazer suposições ainda não correspondem a esta faixa etária, isto só irá acontecer mais tarde. (ARAÚJO, 2004)

As hipóteses da criança deverão ser formuladas e reformuladas à

medida que possam atuar concretamente sobre diferentes objetos. Observando

estas ações é que o professor irá estimular a curiosidade, por meio de

questionamentos desafiadores que agucem seu raciocínio. Deverá também,

em alguns momentos, devolver seus questionamentos de forma que induza o

aluno a pensar sobre suas próprias ideias.

Nesse sentido, a aula deverá ser sempre reflexiva, dinâmica e

atuante. O aluno ao estar na sala de aula necessita estar constantemente

sendo “provocado” pelos desafios apresentados pelo professor, tornando-se o

ritmo das aulas mais dinâmico e criativo à aprendizagem.

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CAPÍTULO 3

DIFICULDADES E PROBLEMAS NA COORDENAÇÃO

MOTORA

3.1. Dificuldades na coordenação motora e a falta de noção de

espaço

Existe atualmente uma verdadeira avalanche de diagnósticos com

situações relacionadas ao aprendizado, principalmente no que diz respeito à

faixa etária infantil. Diante disso pergunta-se se, realmente, as crianças de hoje

têm mais dificuldades para aprender que as do passado ou se os adultos de

hoje é que são mais exigentes e têm maior facilidade em atribuir diagnósticos

de doenças a qualquer alteração ou dificuldades que surjam durante o

processo da aprendizagem?

Entretanto, não são raras as queixas escolares sobre dificuldades

para aprender a ler, escrever, realizar operações matemáticas e compreender

o significado e o uso da pontuação.

Apesar do forte investimento na educação, cursos paralelos de

esportes, idiomas, artes, assessoria de profissionais como fonoaudiólogos,

psicólogos, pedagogos, psicopedagogos, consultas médicas, o número de

crianças “com problemas” não tem diminuído, muito pelo contrário, tem

aumentado e são rotuladas como portadoras de transtornos de aprendizagem.

Aí surge uma avalanche de nomes “bonitos” e “pomposos” para

nomear a situação que nem a criança e nem a família conseguem entender

bem, mas que precisam cuidar a todo custo: dislexia, discalculia, dislalia, déficit

de atenção, disgrafia, transtorno de déficit de atenção com hiperatividade

(TDA/H)

Observando com mais cuidado, verifica-se que não se trata de um

problema individual, mas de queixas frequentes em todos os segmentos

socioeconômicos: crianças agitadas, desatentas, desajeitadas, com

dificuldades para compreender os símbolos gráficos e usá-los corretamente na

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escrita. Apresentam enormes dificuldades na coordenação motora e muitas

vezes não conseguem ordenar as palavras para organizar as frases.

Algumas destas crianças não conseguem perceber os lados direito e

esquerdo do corpo, bem como as várias dimensões do espaço. Não

conseguem perceber o espaço posterior ao seu corpo e quando colocam uma

mochila nas costas, saem por aí batendo em tudo e em todos sem sequer

perceber isto. Essa falta de noção de espaço pode ser verificada na própria

escrita, quando há inversão de letras (espelhamento) e dificuldade para grafar

nos limites do papel, bem como traçados irregulares e ilegíveis.

3.2. Desordem física e cognitiva

Em relação à ordenação de sequencias de letras e palavras verifica-

se que sua falha está relacionada a uma dificuldade para perceber ritmos com

o próprio corpo, isto é, não há a correta percepção do tempo em relação às

ações que se sucedem.

Hoje em dia é comum encontrar crianças dormindo após a meia-

noite e acordando ao meio dia, tomando um rápido café da manhã substituindo

o almoço e indo direto para a escola., Isso, em última instancia, altera todo o

ritmo biológico do sono-vigília, sem falar na grave alteração do ritmo e da

qualidade alimentar.

Embora possa parecer um problema menor, essa alteração do ritmo

de sono é um dos fatores que mais alteram a quantidade e a qualidade da

atenção, inclusive em indivíduos que não apresentam qualquer doença

orgânica ou psíquica.

Somando-se a esse caos de sono e alimentação está o

sedentarismo, tão presente na sociedade contemporânea e em qualquer faixa

etária. Em função dos pequenos espaços para brincar, dos perigos da rua que

impedem as crianças de ficarem soltas como antigamente e, também pela

sedução dos brinquedos e jogos eletrônicos, cada vez mais há a troca da

atividade física por um “lazer virtual”, fazendo com que a criança deixe de

experimentar seu próprio corpo, seus movimentos, suas possibilidades, o

espaço que ocupa e as sensações provocadas e percebidas pelo seu corpo.

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Nesse sentido, nota-se um certo distanciamento do corpo e de suas

experiências reais, principalmente entre faixas etárias menores, o que significa

um sintoma de algumas alterações dos costumes e comportamentos dos

tempos atuais.

Qualquer individuo criado e um espaço confinado onde a ele tudo é

negado, é proibido quando chega à escola e encontra uma quadra ao ar livre,

salas amplas e arejadas, espaços abertos e muitas outras crianças alegres e

cheias de vitalidades, sentirá o maior impulso para sair correndo, explorar

todos os espaços, pular, gritar. Nesse sentido, o excesso de energia e agitação

não deveriam estar sendo associados À doença, mas sim como reação natural

a uma situação de privação cotidiana de atividades corporais sadias e

necessárias.

A partir dessas observações vários trabalhos estão sendo realizados

(Gallahue, 2005; Fonseca, 2012; Damasio, 2012; Sampaio, 2010),

considerando o trabalho corporal como meio para identificar e ajudar a corrigir

alguns problemas relacionados ao aprendizado, principalmente aqueles

relacionados às dificuldades para ordenar letras, sílabas e palavras, os quais

significam indícios de alguma falha na percepção corporal de ritmos e também

dos problemas de grafia, que denotam falha na percepção do espaço.

O trabalho corporal consiste na realização de exercícios simples,

porém baseados em princípios neurofisiológicos de equilíbrio, andar,

deslocamento em todas as direções do espaço (inclusive para cima e para

baixo), percepção de lados (lateralidade), realização de movimentos rítmicos

com várias partes do corpo, coordenação motora manual ampla e refinada.

Há alguns anos, o pesquisador em educação Mathew T. Mahar, da universidade da Carolina do Norte, relatou ter concedido a 243 alunos de 3ª e 4ª séries uma pausa de 10 a 20 minutos durante o período de aulas. Os professores pediram às crianças que se levantassem e praticassem atividades agitadas como bater palmas, saltar, bater os pés e fazer outros movimentos. A prática foi mantida por um período médio de 6 semanas. Avaliadores treinados observaram os pequenos ante, durante e depois medindo seu comportamento durante as atividades escolares como concentrar-se nas instruções do professor e participar de discussões em classe. Os pesquisadores descobriram que a participação no programa tornou os estudantes em média 8% mais atentos às tarefas

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durante as explicações. Alunos mais distraídos melhoraram os períodos de atenção em 20%. Assim, não só mudanças permanentes na aptidão física favoreceram o desempenho, mas também o fato de dar às crianças a oportunidade de se movimentar durante o período de aulas melhorou sua capacidade de aprendizagem. (AYAN, 2012, p.44)

3.3. Convivendo com o problema: dificuldades e transtornos da

aprendizagem

É importante que os educadores tenham um maior conhecimento do

processo de aprendizagem considerando o aumento significativo de casos de

alunos com transtornos e/ou dificuldades de aprendizagem.

A relativa importância dada a esses aspectos relacionados ao

processo de aprendizagem tem crescido, ultimamente, em função da

necessidade do indivíduo alcançar o “estrelato” em um curto espaço de tempo

tendo como referência o seu bom desempenho escolar.

Um número cada vez maior de crianças e adolescentes estão sendo

encaminhados aos diversos consultórios terapêuticos: psiquiátricos, psicólogos,

psicopedagogos e fonoaudiólogos com os mais diferentes problemas para

serem tratados e superar as “dificuldades” que tanto os transtornam na

aprendizagem bem como no seu desenvolvimento educacional.

Os termos utilizados como distúrbios, dificuldades, transtornos, são

encontrados fartamente na literatura especializada enquanto palavras com o

mesmo significado, porém designando problemáticas diferentes. Na tentativa

de colaborar para uma maior integração entre os profissionais que atuam na

mesma área da aprendizagem, é de extrema importância que todos passem a

adotar uma mesma terminologia de forma a garantir uma prática mais coesa e

consistente.

A existência de uma dificuldade de aprendizagem não significa,

necessariamente, que haja um transtorno. O transtorno de aprendizagem

ocorre em função de um conjunto de sintomas biológicos, que provocam

diversas perturbações no ato de aprender da criança, afetando,

significativamente, o processo de aquisição e manutenção das informações.

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Ele pode ser identificado em crianças aparentemente normais de bom nível

cultural e socioeconômico e sem comprometimento motores e sensoriais.

De acordo com os manuais internacionais de diagnósticos de

doenças CIO-10 e DSM-IV* são considerados transtornos de aprendizagem:

transtorno da leitura (dislexia); transtorno da matemática (discalculia) e

transtorno da escrita (disgrafia).

Contudo, as dificuldades de aprendizagem não estão relacionadas

apenas aos sintomas biológicos. Podem ser causados por problemas

passageiros relacionados ao conteúdo escolar, que nem sempre oferecem à

criança condições adequadas para o seu desenvolvimento. Mas também,

podem estar vinculados à situação psico-sócio familiar, ocasionando diversos

problemas de ordem psicológica, comportamental e gerando um desinteresse

pelos estudos além de uma enorme baixa autoestima no educando.

_________________________

CID-10 – Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde organizado

pela organização mundial de saúde (OMS).

DSM-IV – Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais.

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3.4. Marcador somático

A ideia de relacionar os pensamentos e a linguagem aos

movimentos corporais foi desenvolvida pelo neurologista português, Antônio

Damásio, autor do livro “O erro de descartes”, no qual expõe a hipótese do

marcador somático, que é o estado corporal apresentado no momento em que

há um pensamento, ou seja, os pensamentos não são meras abstrações, mas

estão ligados a todo um estado corporal onde inclui o cérebro, as emoções, o

prazer, o desprazer, o interesse. A cada pensamento sobre as ações a serem

tomadas estão associadas as melhores alternativas possíveis.

O autor entende a linguagem como um relato dos pensamentos que

já ocorreram e precisam ser exteriorizados de alguma forma, ou seja, a

situação tem por base o estado corporal determinado e selecionado pelos

pensamentos que serão, posteriormente, refletidos na linguagem. Portanto a

origem do processo de linguagem está nas ações corporais, motivo pelo qual

se houver um inadequado marcador somático de tempo, os pensamentos

serão desordenados em relação à sequencia e se não houver organização

corporal de espaço, a expressão gráfica da linguagem poderá apresentar

desordem na falta de percepção de lados direito e esquerdo (lateralidade); na

inversão de letras ou números e em outras tantas dificuldades relacionadas à

percepção da forma do símbolo gráfico.

A partir desses conhecimentos, compreende-se porque a escrita

apresenta mais dificuldade que a fala. As letras e os fonemas são

representações dos sons, portanto, são relatos de uma linguagem falada. Se

as ações corporais forem desordenadas em termos de tempo e espaço os

pensamentos também refletirão essa desordem que será relatada por uma

linguagem verbal sem ritmo e sequência adequados e isso refletirá numa

escrita sem ordenação de tempo e espaço.

Na prática os exercícios físicos contribuem para que o individuo

perceba melhor as diversas partes do seu corpo e como estão seus

movimentos em relação ao espaço; ao seu deslocamento e à sua própria

lateralidade. A maioria dos exercícios trabalha, também, com os ritmos, ou

seja, sequências de movimentos possibilitando uma nova organização dos

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marcadores sociais de tempo e de espaço, auxiliando o praticante a entender

melhor suas ações corporais e, assim, auxiliá-lo na reorganização de suas

sequências de pensamento e de linguagem. Uma outra vantagem da prática de

atividades físicas com ritmos ordenados e harmônicos é a melhor qualidade da

atenção ao contrário da agitação sem finalidade e sem o menor objetivo que

provoca a desatenção e aumenta a ansiedade que poderia ser controlada por

uma atividade corporal sadia, prazerosa e lúdica.

3.5. Brincadeiras de crianças

A “velha” brincadeira de pular corda exige a percepção de ritmos

com o corpo, pois precisa-se calcular o tempo certo para pular a corda com

todo o corpo. Ao realizar o exercício, todo o corpo vive a experiência de tempo,

ou seja, ações que se sucedem. Ao pular corda, essas ações se repetem a

intervalos regulares, gerando a experiência corporal de ritmos.

Há uma série de jogos infantis que são exemplos para estarem

sendo utilizados enquanto exercícios em atividades físicas, tais como: pular

elástico; corrida de estafetas; andar de pedestais feitos com latas de cereais;

pular amarelinha; corrida sinuosa, corrida no túnel, e outros tantos jogos

populares, nos quais é fundamental obedecer aos princípios de estar usando

sempre os dois lados do corpo e realizar movimentos que incluam ritmo e

orientação espacial, possibilitando assim identificar e ajudar a corrigir alguns

problemas relacionados ao aprendizado.

Não é novidade que a maioria das crianças apresenta mais

dificuldades para realizar os exercícios com os pés e as mãos ao mesmo

tempo. Um dos mais difíceis tem sido pular corda individualmente, em função

do sedentarismo e à falta de prática em realizar deslocamento no espaço, ao

mesmo tempo em que é realizado um movimento sincronizado com os braços

e pernas. Este é um dos principais exercícios para que a criança incorpore

ritmos melhorando assim o ritmo da coordenação motora e ordenação verbal.

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3.6. Sugestões de atividades práticas a serem utilizadas em

aulas de educação física infantil(*)

Atividade 1

Nome: cabra cega curiosa

Faixa etária: 4 à 6 anos

Objetivos: desenvolver memórias auditiva e táctil; percepção corporal e

aumentar a identificação entre os componentes do grupo.

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Material necessário: 1 lenço de pano (escuro)

Resumo da atividade:

Divisão da turma em dois grupos.

Apresentação de todos os componentes entre si.

Cada um dos grupos deve escolher um representante, devendo um

deles ser o “cabra-cega”, e do outro grupo o “manequim”.

Escolhidos os representantes de cada grupo, o primeiro dos “cabra-

cega” terá um tempo determinado para descobrir quem é o primeiro

representante dos “manequins” através, exclusivamente, do toque.

Caso consiga dizer o nome do seu colega, o seu grupo marca ponto,

caso contrario, o ponto vai para o adversário.

O jogo deve continuar até que todos os componentes tenham

participado tanto de um lado como de outro.

Atividade 2

Nome: bola no túnel

Faixa etária: 4 à 6 anos

Objetivos: desenvolver a velocidade de deslocamento, integração dos

componentes do grupo, agilidade e proporcionar a capacidade de organização

em grupos.

Material necessário: 2 bolas de tamanho médio e peso regular.

Resumo da atividade:

Divisão da turma em 2 grupos com o mesmo número (ou aproximado)

de crianças.

Disposição das mesmas em duas colunas.

Orientá-los para que assumam a posição de pé, com as pernas

afastadas lateralmente.

As bolas deverão estar nas mãos dos primeiros de cada coluna.

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Ao ser dado o sinal, a primeira criança deverá lançar a bola por entre as

suas pernas, e as de seus colegas, tentando fazê-la chegar até as mãos

do último da sua coluna.

Este, ao receber a bola, deverá correr até a primeira posição da sua

equipe, fazendo o mesmo que seu colega anterior fez.

Esta operação deverá repetir-se até que o aluno que iniciou a

brincadeira retorne a ser o primeiro da sua coluna, vencendo o jogo a

equipe que completar primeiro o circuito.

Atividade 3

Nome: corrida sinuosa

Faixa etária: 4 à 6 anos

Objetivos: desenvolver agilidade em deslocamentos frontais e laterais, além da

coordenação motora e percepção espacial e temporal.

Material necessário: qualquer material que possa ser utilizado como obstáculo

(baldes, bolas, cadeiras, cones de plásticos, etc...)

Resumo da atividade:

Divisão da turma em 2 equipes com o mesmo número de crianças.

Colocação de duas colunas de obstáculos em fileiras alternadas.

Estando as crianças sentadas ou em pé, a uma certa distância dos

obstáculos, e tendo nas mãos um bastão de giz, ao ser dado o sinal de

largada deverão partir (os primeiros de cada equipe) em direção ao

quadro, cumprindo as passagens pelos obstáculos (todos). Ao chegar ao

quadro, deverão fazer uma marcação previamente combinada e retornar

ao seu grupo quando entregarão o bastão ao seu colega de equipe, que

deverá partir em direção ao mesmo alvo, cumprindo as mesmas tarefas

do seu colega anterior.

Será declarada vencedora a equipe que conseguir (com todos os seus

componentes) completar todos os percursos.

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Atividade 4

Nome: telefone sem fio

Faixa etária: 4 à 6 anos

Objetivos: desenvolver a sensibilidade pelo toque, a velocidade de reagir aos

estímulos e a capacidade de verbalizar suas ideias.

Resumo da atividade:

Divisão da turma em dois corpos com o mesmo número de crianças

Solicitar que todos fiquem sentados e que deem as mãos, umas às

outras

Ao ser dado o sinal para o início da atividade, a criança de uma das

extremidades de cada equipe, deverá apertar a mão do seu colega ao

lado, ao mesmo tempo em que dirá no ouvido dele a palavra-chave de

sua equipe.

Este, por sua vez, deverá proceder de modo idêntico com o seu colega

adiante.Quando a palavra-chave chegar à outra extremidade da equipe,

o último componente deverá sair correndo até a professora, localizada a

uma certa distância dos alunos, e dizer, em voz alta, a palavra-chave do

seu grupo.

Será declarada vencedora a equipe que conseguir completar primeiro

esta tarefa.

Sugestão:

Pode ser usado o recurso da passagem de objetivo de objetos variados

pelos alunos, ao invés de palavras.

Atividade 5

Nome: colmeia

Faixa etária: 4 à 6 anos

Objetivos: desenvolver a agilidade nos deslocamentos, capacidade de

percepção e capacidade de organização mental.

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Material necessário: uma corda elástica ou barbante, bolas de tamanho médio,

cones de plástico, etc.

Resumo da atividade:

Divisão da turma em dois grupos com um número semelhante de

componentes.

Entrega de um bastão a um dos componentes de cada grupo.

Colocação de dois outros objetos (bolas, por exemplo), diferentes dos

anteriores, a uma certa distância de ambos os grupos, e afastados entre

si.

Ao ser dado sinal de início da atividade, o primeiro componente de cada

grupo que possui o bastão nas mãos, deverá correr até o local das

bolas, devendo para isto, saltar sobre a corda.

Ao chegar ao local onde está a bola, deverá fazer a troca do bastão pela

mesma, retornando rapidamente para sua equipe, saltando novamente

sobre a corda, e entregar ao seu colega de equipe a bola que tem nas

mãos.

Em seguida, os próximos competidores deverão agir da mesma forma

devendo sempre fazer a troca da bola pelo bastão, sucessivamente.

Será considerada vencedora a equipe que conseguir completar, com

todos os seus componentes, os percursos descritos acima.

Sugestões:

Aumentar o número de obstáculos a serem vencidos pelas crianças, até

chegar ao local da troca de objetos.

Modificar a posição dos competidores (sentados, agachados, em pé)

Atividade 6

Nome: jogo das diferenças

Faixa etária: a partir do 4 anos

Objetivos: desenvolver a atenção concentrada e a capacidade de percepção,

além da memória visual.

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Material necessário: um lenço de tamanho médio

Resumo da atividade:

Dividindo a turma em dois subgrupos, pedir que cada grupo escolha

entre seus componentes aquele que deverá fazer as modificações de

posição (é importante que o outro grupo não perceba quem foi

escolhido).

Após estar decidido, estabelecer o tempo de cada tarefa

(aproximadamente 15 segundos)

Um dos grupos deverá assumir um conjunto de posições, que depois de

ser mostrado ao outro grupo, deverá sofrer mudanças enquanto o

adversário deverá estar com o rosto escondido.

O grupo “adivinhador” deverá tentar dizer, dentro do tempo estabelecido,

quais foram as modificações feitas, descrevendo ainda a mudança.

Caso o grupo adivinhador acerte, marcará pontos, caso contrário o

grupo que representou as mudanças é que marcará os pontos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A relação que o ser humano desenvolveu com o meio ambiente não

só permitiu que ele o transformasse adaptando-o às suas necessidades

básicas, mas também garantiu a sua constante evolução ao longo dos séculos.

Evolução essa tão presente e marcante na espécie humana.

A enorme plasticidade cerebral7 responsável pela permanente e

contínua evolução do homem tem sido responsável, também, por um dos

maiores “desastres” que se abateu sobre a raça humana. O desenvolvimento

social, político, cultural e econômico da sociedade com sua enorme

industrialização e robotização tem oferecido ao homem contemporâneo um

consumismo desenfreado e inigualável. Consequentemente, tem provocado um

sedentarismo doentio, o qual tem sido responsável por uma verdadeira

epidemia de doenças relacionadas à falta de atividades físicas, tais como:

estresse, obesidade, hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, varizes

e neurodegenerativas.

O aumento de incidência dessas doenças, certamente está

relacionado às mudanças socioculturais que poupam o esforço físico,

transformando-as num verdadeiro mau do século abatendo-se sobre todas as

faixas etárias de crianças e adolescentes até aos mais idosos.

A neurociência aplicada à educação ressurge nesse momento com

mais uma ferramenta de apoio a todos aqueles envolvidos e comprometidos

com uma abordagem mais crítica e científica da aprendizagem, assim como

contribuir para estreitar os laços do conhecimento nas diversas áreas do saber:

biológica, psicológica, afetiva, emocional e social, promovendo o

reconhecimento de que ensinar a um sujeito cerebral uma habilidade nova

implica promover ao máximo o potencial de funcionamento de seu cérebro.

Aprender exige, necessariamente, planejar novas maneiras de solucionar desafios e de atividades que estimulem as diferentes áreas cerebrais, afim de desvendar com eficiência o desenvolvimento das potencialidades humanas e a capacidade de pensar.(RELVAS,2012,p.145)

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NOTAS

1 – Neurônios – constitui a unidade básica e funcional de receber, integrar,

processar e transmitir informações.

2 – Encéfalo – é formado pelo cérebro, tronco encefálico e cerebelo.

3 – Axônio – é um prolongamento fino, geralmente mais longo que os

dendritos, cuja função é transmitir para outras células os impulsos nervosos

provenientes do corpo celular.

4 – Dendritos – são fibras do neurônio que se ramificam como galhos de uma

árvore e servem como o principal aparato para receber sinais de outras células

nervosas. Funcionam como “antenas” no neurônio e são cobertos por milhares

de sinapses.

5 – Sinapses – a junção de axônios e dendritos de dois neurônios adjacentes.

Nos axônios, os impulsos elétricos são traduzidos em mensageiros químicos

(neurotransmissores), para levarem instruções através da fenda sináptica. Nos

dendritos, o sinal do neurotransmissor é convertido novamente em impulso

elétrico, levando o neurônio receptor a cumprir uma tarefa.

6 – Neurotransmissores - são substâncias liberadas por um neurônio,

considerado como neurônio pré-sináptico em resposta a um estímulo. Esses

neurotransmissores são jogados no espaço sináptico e se unem a um

neuroreceptor específico no neurônio seguinte, chamado então neurônio pós-

sináptico.

Dopamina – neurotransmissor essencial ao movimento, à atenção, à cognição,

à motivação, ao prazer e ao vício. Às vezes assume um papel contraditório em

diferentes partes do cérebro. O metilfenidato (ritalina), alivia o transtorno de

déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), aumentando a dopamina e com

isso acalmando a mente.

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Cortisol – um hormônio glicocorticoide liberado por humanos quando estão em

situações de estresse, influencia o cérebro por meio de receptores moleculares

especializados em neurônios.

Epinefrina – também chamada de adrenalina, é ao mesmo tempo um

neurotransmissor no cérebro e um hormônio liberado pelas glândulas

suprarrenais. É liberada, imediatamente, durante a reação de estresse,

preparando o sistema nervoso para reagir aos desafios à sobrevivência.

Glutamato – principal neurotransmissor excitatório do cérebro. É essencial à

aderência celular e, portanto, a neuroplasticidade.

Norepinefrina – neurotransmissor que afeta o estado de alerta, vigilância,

atenção e o humor. Os sinais de norepinefrina ativam o sistema nervoso

simpático e aguçam os sentidos. Influência também a ansiedade e a

depressão.

Serotonina – neurotransmissor vital para o humor, a ansiedade, a

impulsividade, o aprendizado e a autoestima. A serotonina ajuda a abrandar

uma reação hiperativa ou descontrolada em uma ampla gama de sistemas

cerebrais.

7 – Plasticidade cerebral – é a capacidade do sistema nervoso alterar o

funcionamento do sistema motor e perceptivo baseado em mudanças no

ambiente, por meio da conexão e da (re)conexão das sinapses nervosas,

organizando e (re)organizando as informações dos estímulos motores e

sensitivos.

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psiconeurológica dos fatores psicomotores. Wakeditora. 2012 (2ª edição).

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GALVÃO, Izabel, Henry Wallon. Uma concepção dialética do

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RELVAS, Marta. Neurociência na prática pedagógica. Wakeditora. 2012.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO ......................................................................................... 02

AGRADECIMENTOS ...................................................................................... 03

DEDICATÓRIA ................................................................................................ 04

RESUMO ......................................................................................................... 05

METODOLOGIA .............................................................................................. 06

SUMÁRIO ........................................................................................................ 08

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 09

CAPÍTULO 1

UM POUCO DE HISTÓRIA ............................................................................. 11

1.1 As civilizações primitivas de ontem e de hoje .......................................... 11

1.2. O sistema nervoso e o desenvolvimento do cérebro ................................ 15

1.3. Estrutura e funcionamento dos neurônios ................................................ 16

1.4. Plasticidade cerebral.................................................................................. 20

CAPÍTULO 2

A ESCOLA ....................................................................................................... 23

2.1 Refletindo sobre o comportamento de professores e alunos em sala de aula

.......................................................................................................................... 23

2.2. A importância do reconhecimento das etapas do desenvolvimento cognitivo

em sala de aula ................................................................................................ 27

2.3. Período sensório-motor ........................... ................................................ 27

2.4. Período pré-operatório .............................................................................. 28

2.5. Período operatório-concreto ..................................................................... 29

2.6. Período operatório-formal ......................................................................... 29

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CAPÍTULO 3

DIFICULDADES E PROBLEMAS DA COORDENAÇÃO MOTORA ............... 31

3.1. Dificuldades na coordenação motora e a falta de noção de espaço ........ 31

3.2. Desordem física e cognitiva ...................................................................... 32

3.3. Convivendo com o problema: dificuldades e transtornos da aprendizagem

.......................................................................................................................... 34

3.4. Marcador somático ................................................................................... 36

3.5. Brincadeiras de crianças ........................................................................... 37

3.6. Sugestões de atividades práticas a serem utilizadas em aulas de educação

física infantil ..................................................................................................... 38

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 44

NOTAS ............................................................................................................ 45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 47

ÍNDICE ............................................................................................................. 50

ÍNDICE DE TABELAS ..................................................................................... 52

ÍNDICE DE FIGURAS ...................................................................................... 53

ANEXOS .......................................................................................................... 54

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Hominização da espécie humana .................................................. 14

Tabela 2 – Como as crianças aprendem ......................................................... 20

Tabela 3 – Reforço para as crianças ............................................................... 20

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Estrutura de um neurônio ............................................................... 17

Figura 2 – Processos neurocientíficos de aprendizagem ................................ 21

Figura 3 – Criança com baixa autoestima ....................................................... 35

Figura 4 – Criança pulando corda .................................................................... 38

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ANEXOS

Índice de anexos Anexo 1 – Perfil do aluno(a) ............................................................................ 55

Anexo 2 – Questionário do professor .............................................................. 56

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ANEXO 1

PERFIL DO ALUNO(A)

NOME: ___________________________________ IDADE:_________ ESCOLARIDADE: _______________________ NOME DA ESCOLA: _____________________________________________________________________ HÁ QUANTO TEMPO NA ESCOLA: _________________ DATA: _________________________

PARA CADA ITEM, MARQUE COM UM (X) A COLUNA QUE MELHOR DESCREVA ESTA CRIANÇA.

NEM UM POUCO

UM POUCO BASTANTE DEMAIS

1 に Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete erros por descuido nos trabalhos da escola ou tarefas.

2 に Tem dificuldade de fazer a leitura e não consegue compreender o texto lido.

3 に Tem dificuldade nas atividades em conjunto com outros colegas.

4 に Não segue as instruções até o fim e não consegue terminar os deveres da escola, tarefas ou atividades.

5 に Evita ou não gosta de se envolver em tarefas que exigem esforço mental prolongado.

6 に Se distrai com muita facilidade com estímulos externos.

7 に Sai do lugar em sala de aula ou em outras situações em que se espera que fique sentado.

8 に Tem medo e insegurança e forte dependência do adulto.

9 に Tem dificuldades em brincar ou envolver-se em atividade de lazer com os outros alunos de forma calma.

10 に Não para ラ┌ aヴWケ┌WミデWマWミデW Wゲデ= さ; マキノ ヮラヴ エラヴ;ざ

11 に Fala em excesso

12 に Tem dificuldade de aguardar a sua vez

13 に Responde as perguntas de forma precipitada. Não espera terminar.

14 に Não é controlado emocionalmente

15 に Desafia atividade e se recusa atender pedidos ou regras dos adultos

16 に Culpa os outros pelos seus erros ou mau comportamento

17 に Faz coisas de propósito para incomodar os outros

18 に Não tem cuidado com seu material e com os pertences da escola.

19 に É indisciplinado e desinteressado

20 に É questionador e participativo

OBS.: ______________________________________________________________________ Preenchido por: _______________________________________________________________

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ANEXO 2

QUESTIONÁRIO DO PROFESSOR

1 に Tem curso superior? ( ) SIM ( ) NÃO Há quanto tempo: __________

2 に Tem pós に graduação? ( ) SIM ( ) NÃO Qual: _____________________

3 に Há quanto tempo trabalha com Educação Física? ___________________________

4 に Em quantas turmas leciona?____________________________________________

5 に Quantas vezes por semana? ____________________________________________

6 に Quais às séries? ______________________________________________________

7 に Qual a faixa etária de seus alunos por série? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________

8 に Quantos alunos tem por turma? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

9 に Quais atividades físicas você desenvolve com seus alunos? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

10 に Quais os objetivos você deseja alcançar com tais atividades físicas? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

11 に Há alguma interação entre as atividades físicas desenvolvidas por você e algum outro professor? ( ) SIM ( ) NÃO Porque? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

12 に Em que nível se verifica essa interação? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________

13 に Você deseja acrescentar alguma informação? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________