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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo
AVM FACULDADE INTEGRADA
SAUacuteDE NO BRASIL ACESSO A MEDICAMENTOS ATRAVEacuteS DA
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Por Luciene dos Santos Tavares Ferreira
Orientador
Prof Luiz Eduardo Chauvet
Rio de Janeiro
2014
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo
AVM FACULDADE INTEGRADA
SAUacuteDE NO BRASIL ACESSO A MEDICAMENTOS ATRAVEacuteS DA
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Apresentaccedilatildeo de monografia agrave AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenccedilatildeo do
grau de especialista em Gestatildeo Puacuteblica
Por Luciene dos Santos Tavares Ferreira
3
AGRADECIMENTOS
A todos que contribuiacuteram diretamente e
indiretamente a realizaccedilatildeo deste
trabalho E aos meus pais pela
dedicaccedilatildeo compreensatildeo e carinho
sempre
4
DEDICATOacuteRIA
Dedico aos meus pais minha irmatilde meus
sobrinhos a famiacutelia que eacute agrave base de tudo
5
RESUMO
A preocupaccedilatildeo com a Sauacutede jaacute iniciou poucos anos apoacutes a descoberta
do Brasil com a vinda dos Jesuiacutetas estes ensinaram noccedilotildees de higiene
medicina sendo tambeacutem responsaacuteveis pelas Boticas que nada mais eram que
farmaacutecias Varias foram agraves accedilotildees realizadas e politicas criadas durante o Brasil
Impeacuterio republica velha e republica nova para atender as necessidades no que
tange a Sauacutede Publica salienta-se a criaccedilatildeo do Ministeacuterio dos Negoacutecios da
Educaccedilatildeo e Sauacutede Puacuteblica que posteriormente passou a se chamar Ministeacuterio
da Sauacutede a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) tendo atuaccedilatildeo no
campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo padronizaccedilatildeo e
distribuiccedilatildeo de medicamentos Mas foi a partir das diretrizes da Constituiccedilatildeo
Federal do Brasil de 1998 que a sauacutede foi defendida como direito de todos e
dever do Estado e assim foi instituiacutedo o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) o qual
foi regulamentado pela lei orgacircnica 8080 e posteriormente atraveacutes da lei
orgacircnica 8142 dispondo da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS e
das transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da
sauacutede Posterior a isso e com a extinccedilatildeo da CEME houve a aprovaccedilatildeo de
uma politica relacionada somente a medicamentos a Politica Nacional de
Medicamentos com um dos propoacutesitos de garantir a qualidade e o acesso a
medicamentos e com uma das diretrizes a reorientaccedilatildeo da Assistecircncia
farmacecircutica Em 2004 foi aprovada a Politica Nacional de Assistecircncia
farmacecircutica com um dos eixos estrateacutegicos de garantir o acesso e equidade
agraves accedilotildees de sauacutede incluindo necessariamente a Assistecircncia Farmacecircutica
6
METODOLOGIA
A metodologia empregada para o desenvolvimento deste trabalho foi agrave
pesquisa bibliograacutefica O levantamento dos dados foi executado atraveacutes de
artigos livro do Ministeacuterio da Sauacutede e legislaccedilotildees referentes ao assunto em
estudo e ainda pesquisa em sites oficiais do governo
7
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 08
CAPIacuteTULO I 10
HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
CAPIacuteTULO II 26
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE
MEDICAMENTOS
CAPIacuteTULO III 35
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
8
INTRODUCcedilAtildeO
A presente monografia tem como objetivo abordar a evoluccedilatildeo das
Politicas Publicas de Sauacutede no Brasil no setor da Assistecircncia Farmacecircutica no
que tange ao acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos disponiacuteveis pelo
Ministeacuterio da Sauacutede
O histoacuterico da Politica de Sauacutede no Brasil eacute descrito desde os primeiros
seacuteculos onde a atenccedilatildeo agrave sauacutede se limitava a medicina dos Jesuiacutetas e aos
conhecidos curandeiros Com a vinda da corte para o Brasil a atenccedilatildeo agrave sauacutede
comeccedilou a ter importacircncia sendo criado em 1808 uma primeira organizaccedilatildeo
nacional de sauacutede publica e assim iniciou-se o processo de institucionalizaccedilatildeo
da medicina Ateacute a promulgaccedilatildeo em 1988 da nova Constituiccedilatildeo Brasileira
estabelecendo a sauacutede como direito de todos e dever do estado varias foram
as Politicas criadas para atender as demandas que foram surgindo
A criaccedilatildeo e definiccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) a partir da CF
de 1988 e dois anos depois regulamentado atraveacutes da Lei 8080 incluiacutea na sua
atuaccedilatildeo a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral inclusive
farmacecircutica Mas anterior a isso em 1964 o poder publico jaacute havia se
articulado na questatildeo de uma politica de medicamentos quando estabeleceu
uma primeira lista de medicamentos essecircncias para uso farmacecircutico logo a
seguir na deacutecada de 70 criou a Central de Medicamentos (CEME) com uma
das atribuiccedilotildees de fornecimento de medicamentos a populaccedilatildeo sem condiccedilotildees
econocircmicas para adquiri-los O Conselho diretor da CEME em 1976
homologou a primeira Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos(RMB) e em 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada de Relaccedilatildeo Nacional de
Medicamentos Essenciais (RENAME) e que periodicamente atualizada ateacute os
dias de hoje
9
Em 1997 com a extinccedilatildeo da CEME houve a necessidade do setor
Sauacutede dispor de uma politica devidamente expressa agrave questatildeo de
medicamentos sendo entatildeo aprovada pelo Ministeacuterio da Sauacutede a Politica
Nacional de Medicamentos em 1998 politica esta parte fundamental da
Politica Nacional e teve como um dos seus propoacutesitos o de garantir a
necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos a promoccedilatildeo do
uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles considerados essenciais
A instituiccedilatildeo CEME jaacute foi considerada como uma politica de Assistecircncia
Farmacecircutica naquela eacutepoca poreacutem somente em 2004 o Conselho Nacional
de Sauacutede aprovou a Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica tratando-
se de um conjunto de accedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da
sauacutede tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como
insumo essencial visando o acesso e seu uso racional por intermeacutedio de accedilotildees
que disciplinem a prescriccedilatildeo a dispensaccedilatildeo e o consumo
Foi em 2007 que o Ministeacuterio da Sauacutede regulamentou o financiamento e
a transferecircncia de recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede passando
a ser alocados em blocos e a Assistecircncia Farmacecircutica estaacute definida no quarto
bloco sendo constituiacuteda por trecircs componentes Baacutesico Estrateacutegico e
Especializado
10
CAPIacuteTULO I
HISTORIA DA POLITICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
A importacircncia agrave atenccedilatildeo a sauacutede no Brasil soacute comeccedilou a ser dada com
a vinda da famiacutelia real em 1808 ateacute esse momento natildeo havia nenhum modelo
de atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo pois Portugal natildeo tinha interesse seus
interesses estavam voltados para a exploraccedilatildeo dos recursos que as novas
terras poderiam trazer para seu enriquecimento
A populaccedilatildeo indiacutegena ateacute a chegada dos colonizadores era na sua
maioria saudaacuteveis Quando adoecidos eram assistidos pelos Pajeacutes que tinham
como recurso a terra dela extraiam plantas e ervas para a obtenccedilatildeo de
remeacutedios Com a chegada dos colonizadores portuguesa vieram as doenccedilas
que assolavam a Europa como a variacuteola e o sarampo
A situaccedilatildeo se agravou ainda mais com a vinda dos escravos a partir de
1559 estes vinham em calabouccedilos dos navios negreiros e traziam doenccedilas
como a filariose e a febre amarela
Em 1549 chegaram ao Brasil os primeiro jesuiacutetas que tinham como
missatildeo difundir a feacute cristatilde catequizar os iacutendios ensinar noccedilotildees de higiene
medicina musica e literatura mas aprenderam com eles sobre a fauna flora e
ateacute o idioma Os jesuiacutetas tiveram uma grande importacircncia na aacuterea da sauacutede
na colocircnia como relatado em vaacuterias documentaccedilotildees e tambeacutem atraveacutes de
obras e cartas falavam sobre a natureza colonial dedicando varias paginas a
descriccedilatildeo de ervas e plantas curativas e assim iniciando os primeiros escritos
sobre a farmacopeia brasileira Alguns Jesuiacutetas vieram de Portugal jaacute
formados nas artes medicas mas a maioria atuou informalmente como fiacutesicos
cirurgiotildees aprendendo na pratica o ofiacutecio (CALAINHO 2005)
11
A atenccedilatildeo agrave sauacutede nos primeiros seacuteculos se limitava aos conhecidos
curandeiros agrave medicina dos jesuiacutetas e tambeacutem aos boticaacuterios que viajavam
pelo Brasil Colocircnia (POLIGNANO 2001)
Como havia poucos profissionais meacutedicos no Brasil Colocircnia e Brasil
Impeacuterio no Rio de Janeiro soacute existiam quatro meacutedicos exercendo a profissatildeo
em 1789 houve a proliferaccedilatildeo pelo paiacutes dos boticaacuterios que seriam hoje os
farmacecircuticos estes tinham a responsabilidade da manipulaccedilatildeo das formulas
prescritas pelos meacutedicos mas os proacuteprios pela carecircncia de meacutedicos tomavam
a iniciativa de indicar ou seja prescrever (POLIGNANO 2001)
Natildeo dispondo de um aprendizado acadecircmico o processo de habilitaccedilatildeo
na funccedilatildeo de boticaacuterio consistia tatildeo somente em acompanhar um serviccedilo de
uma botica jaacute estabelecida durante certo periacuteodo de tempo ao fim do qual
prestavam exame perante a fisicatura que na eacutepoca seria a instituiccedilatildeo
reguladora dos profissionais da aacuterea da sauacutede do Reino e se aprovado o
candidato recebia a ldquocarta de habilitaccedilatildeordquo e estava apto a instalar sua proacutepria
botica (SALLES 1971 apud POLIGNANO 2001))
Nos trecircs primeiros seacuteculos de colonizaccedilatildeo as enfermarias jesuiacutetas e
posteriormente as Santas Casas de Misericoacuterdia eram as uacutenicas formas de
assistecircncia hospitalar de que dispunham a populaccedilatildeo brasileira
Em 1808 foi criada a primeira organizaccedilatildeo nacional de sauacutede publica no
Brasil Em 27 de fevereiro criou-se o cargo de Provedor-Mor de sauacutede que
tinha como uma das atribuiccedilotildees regular as quarentenas que deviam fazer os
navios provenientes de portos estrangeiros em especial os do trafico negreiro
O Alvara de 23 de novembro de 1808 conferiu o regulamento para as
atividades do cirurgiatildeo-mor e do Fiacutesico-mor tendo assim a fiscalizaccedilatildeo
enfatizada (FUNASA 2013)
12
Com a vinda da Corte para o Brasil em 1808 deu-se inicio ao processo
de institucionalizaccedilatildeo da medicina atraveacutes da autorizaccedilatildeo para funcionamento
dos primeiros cursos de formaccedilatildeo meacutedico-ciruacutergica na colocircnia na Bahia o
Coleacutegio Medico-Ciruacutergico no Real Hospital Militar e no Rio de Janeiro a Escola
de Cirurgia do Rio de Janeiro anexa ao Hospital Militar aleacutem da Botica Real
Militar
O decreto de 4 de abril de 1811 sob a inspeccedilatildeo do fiacutesico-mor criou a
Junta da Instituiccedilatildeo Vacinica da Corte que tinha como atribuiccedilatildeo a propagaccedilatildeo
da vacina antivarioacutelica
Apoacutes a independecircncia em 30 de agosto de 1828 foi promulgada a lei
de Municipalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de Sauacutede criando as Juntas Municipais com
as funccedilotildees exercidas anteriormente pelos fiacutesico-mor cirurgiatildeo-mor e seus
delegados Neste mesmo ano foi criado a Inspeccedilatildeo de Sauacutede Publica do Porto
do Rio de Janeiro subordinada ao Senado da Cacircmara (FUNASA 2013)
Em 1846 atraveacutes do decreto nordm 464 de 17 de agosto foi criado o
Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio resultante do regulamento que reformara a Junta
Vaciacutenica da Corte ampliando seu alcance para todo o Impeacuterio
Em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene Publica com a missatildeo
de coordenar as Juntas Municipais e principalmente atuar no combate a febre
amarela nesta foi incorporado o Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio e a Inspeccedilatildeo de
Sauacutede Publica do Porto A Junta Central de Higiene Publica era subordinada
ao Ministeacuterio do Impeacuterio
No ano de 1897 todos os serviccedilos relacionados com a sauacutede passaram
a jurisdiccedilatildeo do Ministeacuterio da Justiccedila e Negoacutecios Interiores compreendidos na
Diretoria Geral da Sauacutede Publica
13
Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com
o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como
diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo
geral do Instituto em 1902
Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve
no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum
modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola
malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a
populaccedilatildeo
Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu
plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo
presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz
meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira
Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e
corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim
conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo
obrigadas a morarem em morros ou periferias
Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo
em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a
febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata
mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades
de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou
revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas
queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum
esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como
Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)
Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de
Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este
14
modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de
intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)
Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo
campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que
a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo
ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas
endemias
Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31
de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o
territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais
entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila
A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da
populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A
resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar
tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e
crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes
dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro
transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo
contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina
Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio
fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado
lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas
dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o
povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de
vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo
Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)
15
ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a
temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura
expondo-se voluntariamente obstinadamente a me
envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um
viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados
receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo
(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)
Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o
que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da
Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou
bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com
pedras paus e pedaccedilos de ferro
O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas
mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute
acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460
deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido
a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento
militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis
Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os
orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na
eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na
reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de
bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de
Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de
isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o
conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a
fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa
16
Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1909
A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes
em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando
a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A
morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo
assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a
precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)
ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia
gerou um consenso sobre a necessidade urgente de
mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram
iguais perante algumas epidemias o que certamente
aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para
as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de
sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose
doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo
do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma
epidemia urbana que ao explicitar de forma
paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente
interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia
sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo
alcancerdquo( HOCHMAN 1993)
A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo
proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro
(CONASS 2007)
Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de
Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede
17
Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no
campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o
de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave
hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)
Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades
de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o
curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro
(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o
curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)
Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram
como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos
trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os
trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada
trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede
E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham
vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus
direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por
direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo
organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)
Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei
Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o
inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e
trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas
Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia
concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees
para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464
segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que
essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos
18
Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de
Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por
categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas
ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica
A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a
chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma
alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo
Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas
propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto
secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao
trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo
e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)
Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em
1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular
o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis
as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim
melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)
O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi
criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)
regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm
1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como
campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce
e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)
Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807
de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e
a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a
unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os
trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os
19
trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de
autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais
tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do
Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001
e JUNIOR 2006)
Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede
puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que
fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais
no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma
colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva
participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares
Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar
ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da
proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III
Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto
Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de
financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de
sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de
caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e
sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual
centrada no INPS
Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o
responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede
ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede
atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia
20
sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de
drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO
DA SAUacuteDE 2013)
De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o
governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos
fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que
era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios
serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e
consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico
previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo
militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de
ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de
convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do
paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de
equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema
medico-industrial
ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou
a ser concebido de modo ampliado contemplando as
diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as
redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e
a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de
instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto
histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute
um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo
dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas
tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees
papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio
sistemardquo (VIANNA 2001)
21
Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de
Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o
atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a
toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e
criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo
de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros
subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo
de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento
junto ao INPS
Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como
financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto
Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978
De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil
durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees
bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as
competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da
poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas
ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e
medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio
bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da
Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de
erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento
Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo
da malaacuteria
bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que
estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede
dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades
de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento
reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que
22
a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia
e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975
dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo
havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de
sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede
coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica
hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do
Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao
Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o
desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e
Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e
prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as
accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e
seguranccedila do trabalho
Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios
na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a
manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)
manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com
os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de
sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte
das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados
notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos
primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou
As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo
Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo
Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e
contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores
23
para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo
burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede
Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e
Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute
20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de
pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar
serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de
interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto
Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que
perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua
extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria
contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o
desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado
pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)
Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o
SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o
objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse
sistema
1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de
dinheiro
2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash
INAMPS - assistecircncia medica
3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social
4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do
menor
5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash
DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados
6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e
Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial
7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos
24
Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica
continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os
recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial
privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional
como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior
produtor de insumo
Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de
Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar
e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos
recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando
assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados
combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)
No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede
(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se
concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia
e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias
estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS
2007)
Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos
que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a
sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado
de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior
durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se
manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e
financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o
subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos
25
convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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BERTOTZZI M R GRECO R M As politicas de sauacutede no Brasil e
perspectivas atuais Rev Esc Enfermagem-USP Satildeo Paulo v3 p380-98
dez1996
BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de
dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais ndash RENAME
BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de
outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
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12(2)375-390 2002
57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo
AVM FACULDADE INTEGRADA
SAUacuteDE NO BRASIL ACESSO A MEDICAMENTOS ATRAVEacuteS DA
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Apresentaccedilatildeo de monografia agrave AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenccedilatildeo do
grau de especialista em Gestatildeo Puacuteblica
Por Luciene dos Santos Tavares Ferreira
3
AGRADECIMENTOS
A todos que contribuiacuteram diretamente e
indiretamente a realizaccedilatildeo deste
trabalho E aos meus pais pela
dedicaccedilatildeo compreensatildeo e carinho
sempre
4
DEDICATOacuteRIA
Dedico aos meus pais minha irmatilde meus
sobrinhos a famiacutelia que eacute agrave base de tudo
5
RESUMO
A preocupaccedilatildeo com a Sauacutede jaacute iniciou poucos anos apoacutes a descoberta
do Brasil com a vinda dos Jesuiacutetas estes ensinaram noccedilotildees de higiene
medicina sendo tambeacutem responsaacuteveis pelas Boticas que nada mais eram que
farmaacutecias Varias foram agraves accedilotildees realizadas e politicas criadas durante o Brasil
Impeacuterio republica velha e republica nova para atender as necessidades no que
tange a Sauacutede Publica salienta-se a criaccedilatildeo do Ministeacuterio dos Negoacutecios da
Educaccedilatildeo e Sauacutede Puacuteblica que posteriormente passou a se chamar Ministeacuterio
da Sauacutede a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) tendo atuaccedilatildeo no
campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo padronizaccedilatildeo e
distribuiccedilatildeo de medicamentos Mas foi a partir das diretrizes da Constituiccedilatildeo
Federal do Brasil de 1998 que a sauacutede foi defendida como direito de todos e
dever do Estado e assim foi instituiacutedo o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) o qual
foi regulamentado pela lei orgacircnica 8080 e posteriormente atraveacutes da lei
orgacircnica 8142 dispondo da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS e
das transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da
sauacutede Posterior a isso e com a extinccedilatildeo da CEME houve a aprovaccedilatildeo de
uma politica relacionada somente a medicamentos a Politica Nacional de
Medicamentos com um dos propoacutesitos de garantir a qualidade e o acesso a
medicamentos e com uma das diretrizes a reorientaccedilatildeo da Assistecircncia
farmacecircutica Em 2004 foi aprovada a Politica Nacional de Assistecircncia
farmacecircutica com um dos eixos estrateacutegicos de garantir o acesso e equidade
agraves accedilotildees de sauacutede incluindo necessariamente a Assistecircncia Farmacecircutica
6
METODOLOGIA
A metodologia empregada para o desenvolvimento deste trabalho foi agrave
pesquisa bibliograacutefica O levantamento dos dados foi executado atraveacutes de
artigos livro do Ministeacuterio da Sauacutede e legislaccedilotildees referentes ao assunto em
estudo e ainda pesquisa em sites oficiais do governo
7
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 08
CAPIacuteTULO I 10
HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
CAPIacuteTULO II 26
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE
MEDICAMENTOS
CAPIacuteTULO III 35
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
8
INTRODUCcedilAtildeO
A presente monografia tem como objetivo abordar a evoluccedilatildeo das
Politicas Publicas de Sauacutede no Brasil no setor da Assistecircncia Farmacecircutica no
que tange ao acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos disponiacuteveis pelo
Ministeacuterio da Sauacutede
O histoacuterico da Politica de Sauacutede no Brasil eacute descrito desde os primeiros
seacuteculos onde a atenccedilatildeo agrave sauacutede se limitava a medicina dos Jesuiacutetas e aos
conhecidos curandeiros Com a vinda da corte para o Brasil a atenccedilatildeo agrave sauacutede
comeccedilou a ter importacircncia sendo criado em 1808 uma primeira organizaccedilatildeo
nacional de sauacutede publica e assim iniciou-se o processo de institucionalizaccedilatildeo
da medicina Ateacute a promulgaccedilatildeo em 1988 da nova Constituiccedilatildeo Brasileira
estabelecendo a sauacutede como direito de todos e dever do estado varias foram
as Politicas criadas para atender as demandas que foram surgindo
A criaccedilatildeo e definiccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) a partir da CF
de 1988 e dois anos depois regulamentado atraveacutes da Lei 8080 incluiacutea na sua
atuaccedilatildeo a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral inclusive
farmacecircutica Mas anterior a isso em 1964 o poder publico jaacute havia se
articulado na questatildeo de uma politica de medicamentos quando estabeleceu
uma primeira lista de medicamentos essecircncias para uso farmacecircutico logo a
seguir na deacutecada de 70 criou a Central de Medicamentos (CEME) com uma
das atribuiccedilotildees de fornecimento de medicamentos a populaccedilatildeo sem condiccedilotildees
econocircmicas para adquiri-los O Conselho diretor da CEME em 1976
homologou a primeira Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos(RMB) e em 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada de Relaccedilatildeo Nacional de
Medicamentos Essenciais (RENAME) e que periodicamente atualizada ateacute os
dias de hoje
9
Em 1997 com a extinccedilatildeo da CEME houve a necessidade do setor
Sauacutede dispor de uma politica devidamente expressa agrave questatildeo de
medicamentos sendo entatildeo aprovada pelo Ministeacuterio da Sauacutede a Politica
Nacional de Medicamentos em 1998 politica esta parte fundamental da
Politica Nacional e teve como um dos seus propoacutesitos o de garantir a
necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos a promoccedilatildeo do
uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles considerados essenciais
A instituiccedilatildeo CEME jaacute foi considerada como uma politica de Assistecircncia
Farmacecircutica naquela eacutepoca poreacutem somente em 2004 o Conselho Nacional
de Sauacutede aprovou a Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica tratando-
se de um conjunto de accedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da
sauacutede tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como
insumo essencial visando o acesso e seu uso racional por intermeacutedio de accedilotildees
que disciplinem a prescriccedilatildeo a dispensaccedilatildeo e o consumo
Foi em 2007 que o Ministeacuterio da Sauacutede regulamentou o financiamento e
a transferecircncia de recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede passando
a ser alocados em blocos e a Assistecircncia Farmacecircutica estaacute definida no quarto
bloco sendo constituiacuteda por trecircs componentes Baacutesico Estrateacutegico e
Especializado
10
CAPIacuteTULO I
HISTORIA DA POLITICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
A importacircncia agrave atenccedilatildeo a sauacutede no Brasil soacute comeccedilou a ser dada com
a vinda da famiacutelia real em 1808 ateacute esse momento natildeo havia nenhum modelo
de atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo pois Portugal natildeo tinha interesse seus
interesses estavam voltados para a exploraccedilatildeo dos recursos que as novas
terras poderiam trazer para seu enriquecimento
A populaccedilatildeo indiacutegena ateacute a chegada dos colonizadores era na sua
maioria saudaacuteveis Quando adoecidos eram assistidos pelos Pajeacutes que tinham
como recurso a terra dela extraiam plantas e ervas para a obtenccedilatildeo de
remeacutedios Com a chegada dos colonizadores portuguesa vieram as doenccedilas
que assolavam a Europa como a variacuteola e o sarampo
A situaccedilatildeo se agravou ainda mais com a vinda dos escravos a partir de
1559 estes vinham em calabouccedilos dos navios negreiros e traziam doenccedilas
como a filariose e a febre amarela
Em 1549 chegaram ao Brasil os primeiro jesuiacutetas que tinham como
missatildeo difundir a feacute cristatilde catequizar os iacutendios ensinar noccedilotildees de higiene
medicina musica e literatura mas aprenderam com eles sobre a fauna flora e
ateacute o idioma Os jesuiacutetas tiveram uma grande importacircncia na aacuterea da sauacutede
na colocircnia como relatado em vaacuterias documentaccedilotildees e tambeacutem atraveacutes de
obras e cartas falavam sobre a natureza colonial dedicando varias paginas a
descriccedilatildeo de ervas e plantas curativas e assim iniciando os primeiros escritos
sobre a farmacopeia brasileira Alguns Jesuiacutetas vieram de Portugal jaacute
formados nas artes medicas mas a maioria atuou informalmente como fiacutesicos
cirurgiotildees aprendendo na pratica o ofiacutecio (CALAINHO 2005)
11
A atenccedilatildeo agrave sauacutede nos primeiros seacuteculos se limitava aos conhecidos
curandeiros agrave medicina dos jesuiacutetas e tambeacutem aos boticaacuterios que viajavam
pelo Brasil Colocircnia (POLIGNANO 2001)
Como havia poucos profissionais meacutedicos no Brasil Colocircnia e Brasil
Impeacuterio no Rio de Janeiro soacute existiam quatro meacutedicos exercendo a profissatildeo
em 1789 houve a proliferaccedilatildeo pelo paiacutes dos boticaacuterios que seriam hoje os
farmacecircuticos estes tinham a responsabilidade da manipulaccedilatildeo das formulas
prescritas pelos meacutedicos mas os proacuteprios pela carecircncia de meacutedicos tomavam
a iniciativa de indicar ou seja prescrever (POLIGNANO 2001)
Natildeo dispondo de um aprendizado acadecircmico o processo de habilitaccedilatildeo
na funccedilatildeo de boticaacuterio consistia tatildeo somente em acompanhar um serviccedilo de
uma botica jaacute estabelecida durante certo periacuteodo de tempo ao fim do qual
prestavam exame perante a fisicatura que na eacutepoca seria a instituiccedilatildeo
reguladora dos profissionais da aacuterea da sauacutede do Reino e se aprovado o
candidato recebia a ldquocarta de habilitaccedilatildeordquo e estava apto a instalar sua proacutepria
botica (SALLES 1971 apud POLIGNANO 2001))
Nos trecircs primeiros seacuteculos de colonizaccedilatildeo as enfermarias jesuiacutetas e
posteriormente as Santas Casas de Misericoacuterdia eram as uacutenicas formas de
assistecircncia hospitalar de que dispunham a populaccedilatildeo brasileira
Em 1808 foi criada a primeira organizaccedilatildeo nacional de sauacutede publica no
Brasil Em 27 de fevereiro criou-se o cargo de Provedor-Mor de sauacutede que
tinha como uma das atribuiccedilotildees regular as quarentenas que deviam fazer os
navios provenientes de portos estrangeiros em especial os do trafico negreiro
O Alvara de 23 de novembro de 1808 conferiu o regulamento para as
atividades do cirurgiatildeo-mor e do Fiacutesico-mor tendo assim a fiscalizaccedilatildeo
enfatizada (FUNASA 2013)
12
Com a vinda da Corte para o Brasil em 1808 deu-se inicio ao processo
de institucionalizaccedilatildeo da medicina atraveacutes da autorizaccedilatildeo para funcionamento
dos primeiros cursos de formaccedilatildeo meacutedico-ciruacutergica na colocircnia na Bahia o
Coleacutegio Medico-Ciruacutergico no Real Hospital Militar e no Rio de Janeiro a Escola
de Cirurgia do Rio de Janeiro anexa ao Hospital Militar aleacutem da Botica Real
Militar
O decreto de 4 de abril de 1811 sob a inspeccedilatildeo do fiacutesico-mor criou a
Junta da Instituiccedilatildeo Vacinica da Corte que tinha como atribuiccedilatildeo a propagaccedilatildeo
da vacina antivarioacutelica
Apoacutes a independecircncia em 30 de agosto de 1828 foi promulgada a lei
de Municipalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de Sauacutede criando as Juntas Municipais com
as funccedilotildees exercidas anteriormente pelos fiacutesico-mor cirurgiatildeo-mor e seus
delegados Neste mesmo ano foi criado a Inspeccedilatildeo de Sauacutede Publica do Porto
do Rio de Janeiro subordinada ao Senado da Cacircmara (FUNASA 2013)
Em 1846 atraveacutes do decreto nordm 464 de 17 de agosto foi criado o
Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio resultante do regulamento que reformara a Junta
Vaciacutenica da Corte ampliando seu alcance para todo o Impeacuterio
Em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene Publica com a missatildeo
de coordenar as Juntas Municipais e principalmente atuar no combate a febre
amarela nesta foi incorporado o Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio e a Inspeccedilatildeo de
Sauacutede Publica do Porto A Junta Central de Higiene Publica era subordinada
ao Ministeacuterio do Impeacuterio
No ano de 1897 todos os serviccedilos relacionados com a sauacutede passaram
a jurisdiccedilatildeo do Ministeacuterio da Justiccedila e Negoacutecios Interiores compreendidos na
Diretoria Geral da Sauacutede Publica
13
Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com
o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como
diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo
geral do Instituto em 1902
Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve
no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum
modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola
malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a
populaccedilatildeo
Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu
plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo
presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz
meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira
Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e
corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim
conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo
obrigadas a morarem em morros ou periferias
Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo
em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a
febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata
mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades
de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou
revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas
queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum
esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como
Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)
Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de
Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este
14
modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de
intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)
Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo
campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que
a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo
ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas
endemias
Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31
de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o
territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais
entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila
A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da
populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A
resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar
tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e
crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes
dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro
transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo
contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina
Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio
fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado
lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas
dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o
povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de
vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo
Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)
15
ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a
temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura
expondo-se voluntariamente obstinadamente a me
envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um
viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados
receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo
(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)
Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o
que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da
Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou
bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com
pedras paus e pedaccedilos de ferro
O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas
mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute
acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460
deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido
a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento
militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis
Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os
orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na
eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na
reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de
bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de
Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de
isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o
conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a
fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa
16
Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1909
A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes
em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando
a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A
morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo
assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a
precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)
ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia
gerou um consenso sobre a necessidade urgente de
mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram
iguais perante algumas epidemias o que certamente
aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para
as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de
sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose
doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo
do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma
epidemia urbana que ao explicitar de forma
paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente
interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia
sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo
alcancerdquo( HOCHMAN 1993)
A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo
proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro
(CONASS 2007)
Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de
Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede
17
Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no
campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o
de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave
hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)
Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades
de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o
curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro
(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o
curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)
Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram
como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos
trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os
trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada
trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede
E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham
vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus
direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por
direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo
organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)
Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei
Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o
inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e
trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas
Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia
concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees
para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464
segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que
essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos
18
Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de
Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por
categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas
ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica
A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a
chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma
alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo
Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas
propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto
secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao
trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo
e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)
Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em
1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular
o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis
as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim
melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)
O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi
criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)
regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm
1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como
campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce
e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)
Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807
de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e
a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a
unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os
trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os
19
trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de
autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais
tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do
Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001
e JUNIOR 2006)
Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede
puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que
fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais
no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma
colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva
participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares
Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar
ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da
proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III
Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto
Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de
financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de
sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de
caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e
sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual
centrada no INPS
Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o
responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede
ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede
atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia
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sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de
drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO
DA SAUacuteDE 2013)
De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o
governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos
fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que
era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios
serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e
consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico
previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo
militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de
ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de
convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do
paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de
equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema
medico-industrial
ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou
a ser concebido de modo ampliado contemplando as
diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as
redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e
a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de
instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto
histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute
um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo
dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas
tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees
papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio
sistemardquo (VIANNA 2001)
21
Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de
Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o
atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a
toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e
criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo
de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros
subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo
de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento
junto ao INPS
Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como
financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto
Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978
De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil
durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees
bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as
competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da
poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas
ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e
medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio
bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da
Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de
erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento
Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo
da malaacuteria
bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que
estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede
dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades
de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento
reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que
22
a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia
e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975
dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo
havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de
sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede
coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica
hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do
Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao
Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o
desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e
Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e
prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as
accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e
seguranccedila do trabalho
Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios
na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a
manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)
manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com
os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de
sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte
das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados
notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos
primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou
As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo
Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo
Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e
contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores
23
para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo
burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede
Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e
Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute
20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de
pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar
serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de
interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto
Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que
perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua
extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria
contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o
desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado
pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)
Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o
SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o
objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse
sistema
1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de
dinheiro
2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash
INAMPS - assistecircncia medica
3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social
4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do
menor
5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash
DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados
6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e
Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial
7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos
24
Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica
continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os
recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial
privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional
como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior
produtor de insumo
Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de
Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar
e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos
recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando
assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados
combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)
No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede
(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se
concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia
e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias
estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS
2007)
Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos
que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a
sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado
de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior
durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se
manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e
financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o
subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos
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convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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Essenciais ndash RENAME
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outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
3
AGRADECIMENTOS
A todos que contribuiacuteram diretamente e
indiretamente a realizaccedilatildeo deste
trabalho E aos meus pais pela
dedicaccedilatildeo compreensatildeo e carinho
sempre
4
DEDICATOacuteRIA
Dedico aos meus pais minha irmatilde meus
sobrinhos a famiacutelia que eacute agrave base de tudo
5
RESUMO
A preocupaccedilatildeo com a Sauacutede jaacute iniciou poucos anos apoacutes a descoberta
do Brasil com a vinda dos Jesuiacutetas estes ensinaram noccedilotildees de higiene
medicina sendo tambeacutem responsaacuteveis pelas Boticas que nada mais eram que
farmaacutecias Varias foram agraves accedilotildees realizadas e politicas criadas durante o Brasil
Impeacuterio republica velha e republica nova para atender as necessidades no que
tange a Sauacutede Publica salienta-se a criaccedilatildeo do Ministeacuterio dos Negoacutecios da
Educaccedilatildeo e Sauacutede Puacuteblica que posteriormente passou a se chamar Ministeacuterio
da Sauacutede a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) tendo atuaccedilatildeo no
campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo padronizaccedilatildeo e
distribuiccedilatildeo de medicamentos Mas foi a partir das diretrizes da Constituiccedilatildeo
Federal do Brasil de 1998 que a sauacutede foi defendida como direito de todos e
dever do Estado e assim foi instituiacutedo o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) o qual
foi regulamentado pela lei orgacircnica 8080 e posteriormente atraveacutes da lei
orgacircnica 8142 dispondo da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS e
das transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da
sauacutede Posterior a isso e com a extinccedilatildeo da CEME houve a aprovaccedilatildeo de
uma politica relacionada somente a medicamentos a Politica Nacional de
Medicamentos com um dos propoacutesitos de garantir a qualidade e o acesso a
medicamentos e com uma das diretrizes a reorientaccedilatildeo da Assistecircncia
farmacecircutica Em 2004 foi aprovada a Politica Nacional de Assistecircncia
farmacecircutica com um dos eixos estrateacutegicos de garantir o acesso e equidade
agraves accedilotildees de sauacutede incluindo necessariamente a Assistecircncia Farmacecircutica
6
METODOLOGIA
A metodologia empregada para o desenvolvimento deste trabalho foi agrave
pesquisa bibliograacutefica O levantamento dos dados foi executado atraveacutes de
artigos livro do Ministeacuterio da Sauacutede e legislaccedilotildees referentes ao assunto em
estudo e ainda pesquisa em sites oficiais do governo
7
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 08
CAPIacuteTULO I 10
HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
CAPIacuteTULO II 26
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE
MEDICAMENTOS
CAPIacuteTULO III 35
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
8
INTRODUCcedilAtildeO
A presente monografia tem como objetivo abordar a evoluccedilatildeo das
Politicas Publicas de Sauacutede no Brasil no setor da Assistecircncia Farmacecircutica no
que tange ao acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos disponiacuteveis pelo
Ministeacuterio da Sauacutede
O histoacuterico da Politica de Sauacutede no Brasil eacute descrito desde os primeiros
seacuteculos onde a atenccedilatildeo agrave sauacutede se limitava a medicina dos Jesuiacutetas e aos
conhecidos curandeiros Com a vinda da corte para o Brasil a atenccedilatildeo agrave sauacutede
comeccedilou a ter importacircncia sendo criado em 1808 uma primeira organizaccedilatildeo
nacional de sauacutede publica e assim iniciou-se o processo de institucionalizaccedilatildeo
da medicina Ateacute a promulgaccedilatildeo em 1988 da nova Constituiccedilatildeo Brasileira
estabelecendo a sauacutede como direito de todos e dever do estado varias foram
as Politicas criadas para atender as demandas que foram surgindo
A criaccedilatildeo e definiccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) a partir da CF
de 1988 e dois anos depois regulamentado atraveacutes da Lei 8080 incluiacutea na sua
atuaccedilatildeo a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral inclusive
farmacecircutica Mas anterior a isso em 1964 o poder publico jaacute havia se
articulado na questatildeo de uma politica de medicamentos quando estabeleceu
uma primeira lista de medicamentos essecircncias para uso farmacecircutico logo a
seguir na deacutecada de 70 criou a Central de Medicamentos (CEME) com uma
das atribuiccedilotildees de fornecimento de medicamentos a populaccedilatildeo sem condiccedilotildees
econocircmicas para adquiri-los O Conselho diretor da CEME em 1976
homologou a primeira Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos(RMB) e em 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada de Relaccedilatildeo Nacional de
Medicamentos Essenciais (RENAME) e que periodicamente atualizada ateacute os
dias de hoje
9
Em 1997 com a extinccedilatildeo da CEME houve a necessidade do setor
Sauacutede dispor de uma politica devidamente expressa agrave questatildeo de
medicamentos sendo entatildeo aprovada pelo Ministeacuterio da Sauacutede a Politica
Nacional de Medicamentos em 1998 politica esta parte fundamental da
Politica Nacional e teve como um dos seus propoacutesitos o de garantir a
necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos a promoccedilatildeo do
uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles considerados essenciais
A instituiccedilatildeo CEME jaacute foi considerada como uma politica de Assistecircncia
Farmacecircutica naquela eacutepoca poreacutem somente em 2004 o Conselho Nacional
de Sauacutede aprovou a Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica tratando-
se de um conjunto de accedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da
sauacutede tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como
insumo essencial visando o acesso e seu uso racional por intermeacutedio de accedilotildees
que disciplinem a prescriccedilatildeo a dispensaccedilatildeo e o consumo
Foi em 2007 que o Ministeacuterio da Sauacutede regulamentou o financiamento e
a transferecircncia de recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede passando
a ser alocados em blocos e a Assistecircncia Farmacecircutica estaacute definida no quarto
bloco sendo constituiacuteda por trecircs componentes Baacutesico Estrateacutegico e
Especializado
10
CAPIacuteTULO I
HISTORIA DA POLITICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
A importacircncia agrave atenccedilatildeo a sauacutede no Brasil soacute comeccedilou a ser dada com
a vinda da famiacutelia real em 1808 ateacute esse momento natildeo havia nenhum modelo
de atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo pois Portugal natildeo tinha interesse seus
interesses estavam voltados para a exploraccedilatildeo dos recursos que as novas
terras poderiam trazer para seu enriquecimento
A populaccedilatildeo indiacutegena ateacute a chegada dos colonizadores era na sua
maioria saudaacuteveis Quando adoecidos eram assistidos pelos Pajeacutes que tinham
como recurso a terra dela extraiam plantas e ervas para a obtenccedilatildeo de
remeacutedios Com a chegada dos colonizadores portuguesa vieram as doenccedilas
que assolavam a Europa como a variacuteola e o sarampo
A situaccedilatildeo se agravou ainda mais com a vinda dos escravos a partir de
1559 estes vinham em calabouccedilos dos navios negreiros e traziam doenccedilas
como a filariose e a febre amarela
Em 1549 chegaram ao Brasil os primeiro jesuiacutetas que tinham como
missatildeo difundir a feacute cristatilde catequizar os iacutendios ensinar noccedilotildees de higiene
medicina musica e literatura mas aprenderam com eles sobre a fauna flora e
ateacute o idioma Os jesuiacutetas tiveram uma grande importacircncia na aacuterea da sauacutede
na colocircnia como relatado em vaacuterias documentaccedilotildees e tambeacutem atraveacutes de
obras e cartas falavam sobre a natureza colonial dedicando varias paginas a
descriccedilatildeo de ervas e plantas curativas e assim iniciando os primeiros escritos
sobre a farmacopeia brasileira Alguns Jesuiacutetas vieram de Portugal jaacute
formados nas artes medicas mas a maioria atuou informalmente como fiacutesicos
cirurgiotildees aprendendo na pratica o ofiacutecio (CALAINHO 2005)
11
A atenccedilatildeo agrave sauacutede nos primeiros seacuteculos se limitava aos conhecidos
curandeiros agrave medicina dos jesuiacutetas e tambeacutem aos boticaacuterios que viajavam
pelo Brasil Colocircnia (POLIGNANO 2001)
Como havia poucos profissionais meacutedicos no Brasil Colocircnia e Brasil
Impeacuterio no Rio de Janeiro soacute existiam quatro meacutedicos exercendo a profissatildeo
em 1789 houve a proliferaccedilatildeo pelo paiacutes dos boticaacuterios que seriam hoje os
farmacecircuticos estes tinham a responsabilidade da manipulaccedilatildeo das formulas
prescritas pelos meacutedicos mas os proacuteprios pela carecircncia de meacutedicos tomavam
a iniciativa de indicar ou seja prescrever (POLIGNANO 2001)
Natildeo dispondo de um aprendizado acadecircmico o processo de habilitaccedilatildeo
na funccedilatildeo de boticaacuterio consistia tatildeo somente em acompanhar um serviccedilo de
uma botica jaacute estabelecida durante certo periacuteodo de tempo ao fim do qual
prestavam exame perante a fisicatura que na eacutepoca seria a instituiccedilatildeo
reguladora dos profissionais da aacuterea da sauacutede do Reino e se aprovado o
candidato recebia a ldquocarta de habilitaccedilatildeordquo e estava apto a instalar sua proacutepria
botica (SALLES 1971 apud POLIGNANO 2001))
Nos trecircs primeiros seacuteculos de colonizaccedilatildeo as enfermarias jesuiacutetas e
posteriormente as Santas Casas de Misericoacuterdia eram as uacutenicas formas de
assistecircncia hospitalar de que dispunham a populaccedilatildeo brasileira
Em 1808 foi criada a primeira organizaccedilatildeo nacional de sauacutede publica no
Brasil Em 27 de fevereiro criou-se o cargo de Provedor-Mor de sauacutede que
tinha como uma das atribuiccedilotildees regular as quarentenas que deviam fazer os
navios provenientes de portos estrangeiros em especial os do trafico negreiro
O Alvara de 23 de novembro de 1808 conferiu o regulamento para as
atividades do cirurgiatildeo-mor e do Fiacutesico-mor tendo assim a fiscalizaccedilatildeo
enfatizada (FUNASA 2013)
12
Com a vinda da Corte para o Brasil em 1808 deu-se inicio ao processo
de institucionalizaccedilatildeo da medicina atraveacutes da autorizaccedilatildeo para funcionamento
dos primeiros cursos de formaccedilatildeo meacutedico-ciruacutergica na colocircnia na Bahia o
Coleacutegio Medico-Ciruacutergico no Real Hospital Militar e no Rio de Janeiro a Escola
de Cirurgia do Rio de Janeiro anexa ao Hospital Militar aleacutem da Botica Real
Militar
O decreto de 4 de abril de 1811 sob a inspeccedilatildeo do fiacutesico-mor criou a
Junta da Instituiccedilatildeo Vacinica da Corte que tinha como atribuiccedilatildeo a propagaccedilatildeo
da vacina antivarioacutelica
Apoacutes a independecircncia em 30 de agosto de 1828 foi promulgada a lei
de Municipalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de Sauacutede criando as Juntas Municipais com
as funccedilotildees exercidas anteriormente pelos fiacutesico-mor cirurgiatildeo-mor e seus
delegados Neste mesmo ano foi criado a Inspeccedilatildeo de Sauacutede Publica do Porto
do Rio de Janeiro subordinada ao Senado da Cacircmara (FUNASA 2013)
Em 1846 atraveacutes do decreto nordm 464 de 17 de agosto foi criado o
Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio resultante do regulamento que reformara a Junta
Vaciacutenica da Corte ampliando seu alcance para todo o Impeacuterio
Em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene Publica com a missatildeo
de coordenar as Juntas Municipais e principalmente atuar no combate a febre
amarela nesta foi incorporado o Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio e a Inspeccedilatildeo de
Sauacutede Publica do Porto A Junta Central de Higiene Publica era subordinada
ao Ministeacuterio do Impeacuterio
No ano de 1897 todos os serviccedilos relacionados com a sauacutede passaram
a jurisdiccedilatildeo do Ministeacuterio da Justiccedila e Negoacutecios Interiores compreendidos na
Diretoria Geral da Sauacutede Publica
13
Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com
o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como
diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo
geral do Instituto em 1902
Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve
no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum
modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola
malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a
populaccedilatildeo
Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu
plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo
presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz
meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira
Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e
corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim
conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo
obrigadas a morarem em morros ou periferias
Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo
em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a
febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata
mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades
de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou
revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas
queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum
esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como
Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)
Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de
Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este
14
modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de
intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)
Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo
campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que
a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo
ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas
endemias
Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31
de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o
territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais
entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila
A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da
populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A
resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar
tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e
crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes
dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro
transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo
contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina
Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio
fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado
lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas
dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o
povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de
vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo
Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)
15
ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a
temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura
expondo-se voluntariamente obstinadamente a me
envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um
viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados
receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo
(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)
Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o
que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da
Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou
bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com
pedras paus e pedaccedilos de ferro
O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas
mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute
acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460
deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido
a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento
militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis
Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os
orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na
eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na
reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de
bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de
Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de
isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o
conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a
fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa
16
Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1909
A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes
em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando
a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A
morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo
assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a
precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)
ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia
gerou um consenso sobre a necessidade urgente de
mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram
iguais perante algumas epidemias o que certamente
aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para
as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de
sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose
doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo
do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma
epidemia urbana que ao explicitar de forma
paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente
interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia
sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo
alcancerdquo( HOCHMAN 1993)
A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo
proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro
(CONASS 2007)
Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de
Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede
17
Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no
campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o
de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave
hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)
Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades
de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o
curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro
(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o
curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)
Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram
como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos
trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os
trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada
trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede
E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham
vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus
direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por
direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo
organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)
Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei
Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o
inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e
trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas
Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia
concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees
para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464
segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que
essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos
18
Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de
Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por
categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas
ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica
A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a
chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma
alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo
Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas
propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto
secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao
trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo
e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)
Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em
1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular
o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis
as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim
melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)
O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi
criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)
regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm
1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como
campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce
e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)
Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807
de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e
a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a
unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os
trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os
19
trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de
autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais
tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do
Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001
e JUNIOR 2006)
Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede
puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que
fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais
no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma
colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva
participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares
Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar
ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da
proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III
Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto
Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de
financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de
sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de
caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e
sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual
centrada no INPS
Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o
responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede
ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede
atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia
20
sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de
drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO
DA SAUacuteDE 2013)
De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o
governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos
fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que
era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios
serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e
consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico
previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo
militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de
ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de
convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do
paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de
equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema
medico-industrial
ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou
a ser concebido de modo ampliado contemplando as
diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as
redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e
a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de
instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto
histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute
um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo
dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas
tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees
papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio
sistemardquo (VIANNA 2001)
21
Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de
Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o
atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a
toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e
criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo
de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros
subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo
de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento
junto ao INPS
Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como
financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto
Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978
De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil
durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees
bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as
competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da
poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas
ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e
medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio
bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da
Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de
erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento
Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo
da malaacuteria
bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que
estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede
dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades
de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento
reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que
22
a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia
e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975
dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo
havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de
sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede
coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica
hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do
Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao
Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o
desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e
Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e
prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as
accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e
seguranccedila do trabalho
Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios
na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a
manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)
manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com
os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de
sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte
das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados
notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos
primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou
As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo
Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo
Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e
contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores
23
para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo
burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede
Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e
Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute
20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de
pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar
serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de
interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto
Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que
perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua
extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria
contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o
desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado
pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)
Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o
SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o
objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse
sistema
1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de
dinheiro
2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash
INAMPS - assistecircncia medica
3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social
4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do
menor
5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash
DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados
6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e
Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial
7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos
24
Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica
continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os
recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial
privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional
como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior
produtor de insumo
Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de
Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar
e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos
recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando
assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados
combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)
No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede
(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se
concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia
e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias
estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS
2007)
Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos
que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a
sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado
de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior
durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se
manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e
financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o
subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos
25
convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
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52
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Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
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operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
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BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
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PORTELA A S LEAL A A F WERNER R P B SIMOtildeES M O S
MEDEIROS A C D Poliacuteticas Puacuteblicas de medicamentos trajetoacuteria e
desafios Rev Ciecircnc Farm Baacutesica Apl 2010 31(1)09-14 ISSN 1808-4532
RIO DE JANEIRO 2014 Assistecircncia em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica
Disponiacutevel lthttpwwwsauderjgovbrgt Acesso em 28 ago 2014
SEVCENKO N A Revolta da Vacina mentes insanas em corpos rebeldes
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SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o
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SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia
Min Da Sauacutede 2002
VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-
industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro
12(2)375-390 2002
57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
4
DEDICATOacuteRIA
Dedico aos meus pais minha irmatilde meus
sobrinhos a famiacutelia que eacute agrave base de tudo
5
RESUMO
A preocupaccedilatildeo com a Sauacutede jaacute iniciou poucos anos apoacutes a descoberta
do Brasil com a vinda dos Jesuiacutetas estes ensinaram noccedilotildees de higiene
medicina sendo tambeacutem responsaacuteveis pelas Boticas que nada mais eram que
farmaacutecias Varias foram agraves accedilotildees realizadas e politicas criadas durante o Brasil
Impeacuterio republica velha e republica nova para atender as necessidades no que
tange a Sauacutede Publica salienta-se a criaccedilatildeo do Ministeacuterio dos Negoacutecios da
Educaccedilatildeo e Sauacutede Puacuteblica que posteriormente passou a se chamar Ministeacuterio
da Sauacutede a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) tendo atuaccedilatildeo no
campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo padronizaccedilatildeo e
distribuiccedilatildeo de medicamentos Mas foi a partir das diretrizes da Constituiccedilatildeo
Federal do Brasil de 1998 que a sauacutede foi defendida como direito de todos e
dever do Estado e assim foi instituiacutedo o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) o qual
foi regulamentado pela lei orgacircnica 8080 e posteriormente atraveacutes da lei
orgacircnica 8142 dispondo da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS e
das transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da
sauacutede Posterior a isso e com a extinccedilatildeo da CEME houve a aprovaccedilatildeo de
uma politica relacionada somente a medicamentos a Politica Nacional de
Medicamentos com um dos propoacutesitos de garantir a qualidade e o acesso a
medicamentos e com uma das diretrizes a reorientaccedilatildeo da Assistecircncia
farmacecircutica Em 2004 foi aprovada a Politica Nacional de Assistecircncia
farmacecircutica com um dos eixos estrateacutegicos de garantir o acesso e equidade
agraves accedilotildees de sauacutede incluindo necessariamente a Assistecircncia Farmacecircutica
6
METODOLOGIA
A metodologia empregada para o desenvolvimento deste trabalho foi agrave
pesquisa bibliograacutefica O levantamento dos dados foi executado atraveacutes de
artigos livro do Ministeacuterio da Sauacutede e legislaccedilotildees referentes ao assunto em
estudo e ainda pesquisa em sites oficiais do governo
7
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 08
CAPIacuteTULO I 10
HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
CAPIacuteTULO II 26
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE
MEDICAMENTOS
CAPIacuteTULO III 35
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
8
INTRODUCcedilAtildeO
A presente monografia tem como objetivo abordar a evoluccedilatildeo das
Politicas Publicas de Sauacutede no Brasil no setor da Assistecircncia Farmacecircutica no
que tange ao acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos disponiacuteveis pelo
Ministeacuterio da Sauacutede
O histoacuterico da Politica de Sauacutede no Brasil eacute descrito desde os primeiros
seacuteculos onde a atenccedilatildeo agrave sauacutede se limitava a medicina dos Jesuiacutetas e aos
conhecidos curandeiros Com a vinda da corte para o Brasil a atenccedilatildeo agrave sauacutede
comeccedilou a ter importacircncia sendo criado em 1808 uma primeira organizaccedilatildeo
nacional de sauacutede publica e assim iniciou-se o processo de institucionalizaccedilatildeo
da medicina Ateacute a promulgaccedilatildeo em 1988 da nova Constituiccedilatildeo Brasileira
estabelecendo a sauacutede como direito de todos e dever do estado varias foram
as Politicas criadas para atender as demandas que foram surgindo
A criaccedilatildeo e definiccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) a partir da CF
de 1988 e dois anos depois regulamentado atraveacutes da Lei 8080 incluiacutea na sua
atuaccedilatildeo a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral inclusive
farmacecircutica Mas anterior a isso em 1964 o poder publico jaacute havia se
articulado na questatildeo de uma politica de medicamentos quando estabeleceu
uma primeira lista de medicamentos essecircncias para uso farmacecircutico logo a
seguir na deacutecada de 70 criou a Central de Medicamentos (CEME) com uma
das atribuiccedilotildees de fornecimento de medicamentos a populaccedilatildeo sem condiccedilotildees
econocircmicas para adquiri-los O Conselho diretor da CEME em 1976
homologou a primeira Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos(RMB) e em 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada de Relaccedilatildeo Nacional de
Medicamentos Essenciais (RENAME) e que periodicamente atualizada ateacute os
dias de hoje
9
Em 1997 com a extinccedilatildeo da CEME houve a necessidade do setor
Sauacutede dispor de uma politica devidamente expressa agrave questatildeo de
medicamentos sendo entatildeo aprovada pelo Ministeacuterio da Sauacutede a Politica
Nacional de Medicamentos em 1998 politica esta parte fundamental da
Politica Nacional e teve como um dos seus propoacutesitos o de garantir a
necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos a promoccedilatildeo do
uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles considerados essenciais
A instituiccedilatildeo CEME jaacute foi considerada como uma politica de Assistecircncia
Farmacecircutica naquela eacutepoca poreacutem somente em 2004 o Conselho Nacional
de Sauacutede aprovou a Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica tratando-
se de um conjunto de accedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da
sauacutede tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como
insumo essencial visando o acesso e seu uso racional por intermeacutedio de accedilotildees
que disciplinem a prescriccedilatildeo a dispensaccedilatildeo e o consumo
Foi em 2007 que o Ministeacuterio da Sauacutede regulamentou o financiamento e
a transferecircncia de recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede passando
a ser alocados em blocos e a Assistecircncia Farmacecircutica estaacute definida no quarto
bloco sendo constituiacuteda por trecircs componentes Baacutesico Estrateacutegico e
Especializado
10
CAPIacuteTULO I
HISTORIA DA POLITICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
A importacircncia agrave atenccedilatildeo a sauacutede no Brasil soacute comeccedilou a ser dada com
a vinda da famiacutelia real em 1808 ateacute esse momento natildeo havia nenhum modelo
de atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo pois Portugal natildeo tinha interesse seus
interesses estavam voltados para a exploraccedilatildeo dos recursos que as novas
terras poderiam trazer para seu enriquecimento
A populaccedilatildeo indiacutegena ateacute a chegada dos colonizadores era na sua
maioria saudaacuteveis Quando adoecidos eram assistidos pelos Pajeacutes que tinham
como recurso a terra dela extraiam plantas e ervas para a obtenccedilatildeo de
remeacutedios Com a chegada dos colonizadores portuguesa vieram as doenccedilas
que assolavam a Europa como a variacuteola e o sarampo
A situaccedilatildeo se agravou ainda mais com a vinda dos escravos a partir de
1559 estes vinham em calabouccedilos dos navios negreiros e traziam doenccedilas
como a filariose e a febre amarela
Em 1549 chegaram ao Brasil os primeiro jesuiacutetas que tinham como
missatildeo difundir a feacute cristatilde catequizar os iacutendios ensinar noccedilotildees de higiene
medicina musica e literatura mas aprenderam com eles sobre a fauna flora e
ateacute o idioma Os jesuiacutetas tiveram uma grande importacircncia na aacuterea da sauacutede
na colocircnia como relatado em vaacuterias documentaccedilotildees e tambeacutem atraveacutes de
obras e cartas falavam sobre a natureza colonial dedicando varias paginas a
descriccedilatildeo de ervas e plantas curativas e assim iniciando os primeiros escritos
sobre a farmacopeia brasileira Alguns Jesuiacutetas vieram de Portugal jaacute
formados nas artes medicas mas a maioria atuou informalmente como fiacutesicos
cirurgiotildees aprendendo na pratica o ofiacutecio (CALAINHO 2005)
11
A atenccedilatildeo agrave sauacutede nos primeiros seacuteculos se limitava aos conhecidos
curandeiros agrave medicina dos jesuiacutetas e tambeacutem aos boticaacuterios que viajavam
pelo Brasil Colocircnia (POLIGNANO 2001)
Como havia poucos profissionais meacutedicos no Brasil Colocircnia e Brasil
Impeacuterio no Rio de Janeiro soacute existiam quatro meacutedicos exercendo a profissatildeo
em 1789 houve a proliferaccedilatildeo pelo paiacutes dos boticaacuterios que seriam hoje os
farmacecircuticos estes tinham a responsabilidade da manipulaccedilatildeo das formulas
prescritas pelos meacutedicos mas os proacuteprios pela carecircncia de meacutedicos tomavam
a iniciativa de indicar ou seja prescrever (POLIGNANO 2001)
Natildeo dispondo de um aprendizado acadecircmico o processo de habilitaccedilatildeo
na funccedilatildeo de boticaacuterio consistia tatildeo somente em acompanhar um serviccedilo de
uma botica jaacute estabelecida durante certo periacuteodo de tempo ao fim do qual
prestavam exame perante a fisicatura que na eacutepoca seria a instituiccedilatildeo
reguladora dos profissionais da aacuterea da sauacutede do Reino e se aprovado o
candidato recebia a ldquocarta de habilitaccedilatildeordquo e estava apto a instalar sua proacutepria
botica (SALLES 1971 apud POLIGNANO 2001))
Nos trecircs primeiros seacuteculos de colonizaccedilatildeo as enfermarias jesuiacutetas e
posteriormente as Santas Casas de Misericoacuterdia eram as uacutenicas formas de
assistecircncia hospitalar de que dispunham a populaccedilatildeo brasileira
Em 1808 foi criada a primeira organizaccedilatildeo nacional de sauacutede publica no
Brasil Em 27 de fevereiro criou-se o cargo de Provedor-Mor de sauacutede que
tinha como uma das atribuiccedilotildees regular as quarentenas que deviam fazer os
navios provenientes de portos estrangeiros em especial os do trafico negreiro
O Alvara de 23 de novembro de 1808 conferiu o regulamento para as
atividades do cirurgiatildeo-mor e do Fiacutesico-mor tendo assim a fiscalizaccedilatildeo
enfatizada (FUNASA 2013)
12
Com a vinda da Corte para o Brasil em 1808 deu-se inicio ao processo
de institucionalizaccedilatildeo da medicina atraveacutes da autorizaccedilatildeo para funcionamento
dos primeiros cursos de formaccedilatildeo meacutedico-ciruacutergica na colocircnia na Bahia o
Coleacutegio Medico-Ciruacutergico no Real Hospital Militar e no Rio de Janeiro a Escola
de Cirurgia do Rio de Janeiro anexa ao Hospital Militar aleacutem da Botica Real
Militar
O decreto de 4 de abril de 1811 sob a inspeccedilatildeo do fiacutesico-mor criou a
Junta da Instituiccedilatildeo Vacinica da Corte que tinha como atribuiccedilatildeo a propagaccedilatildeo
da vacina antivarioacutelica
Apoacutes a independecircncia em 30 de agosto de 1828 foi promulgada a lei
de Municipalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de Sauacutede criando as Juntas Municipais com
as funccedilotildees exercidas anteriormente pelos fiacutesico-mor cirurgiatildeo-mor e seus
delegados Neste mesmo ano foi criado a Inspeccedilatildeo de Sauacutede Publica do Porto
do Rio de Janeiro subordinada ao Senado da Cacircmara (FUNASA 2013)
Em 1846 atraveacutes do decreto nordm 464 de 17 de agosto foi criado o
Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio resultante do regulamento que reformara a Junta
Vaciacutenica da Corte ampliando seu alcance para todo o Impeacuterio
Em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene Publica com a missatildeo
de coordenar as Juntas Municipais e principalmente atuar no combate a febre
amarela nesta foi incorporado o Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio e a Inspeccedilatildeo de
Sauacutede Publica do Porto A Junta Central de Higiene Publica era subordinada
ao Ministeacuterio do Impeacuterio
No ano de 1897 todos os serviccedilos relacionados com a sauacutede passaram
a jurisdiccedilatildeo do Ministeacuterio da Justiccedila e Negoacutecios Interiores compreendidos na
Diretoria Geral da Sauacutede Publica
13
Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com
o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como
diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo
geral do Instituto em 1902
Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve
no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum
modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola
malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a
populaccedilatildeo
Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu
plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo
presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz
meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira
Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e
corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim
conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo
obrigadas a morarem em morros ou periferias
Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo
em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a
febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata
mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades
de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou
revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas
queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum
esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como
Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)
Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de
Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este
14
modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de
intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)
Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo
campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que
a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo
ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas
endemias
Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31
de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o
territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais
entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila
A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da
populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A
resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar
tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e
crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes
dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro
transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo
contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina
Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio
fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado
lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas
dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o
povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de
vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo
Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)
15
ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a
temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura
expondo-se voluntariamente obstinadamente a me
envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um
viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados
receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo
(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)
Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o
que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da
Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou
bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com
pedras paus e pedaccedilos de ferro
O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas
mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute
acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460
deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido
a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento
militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis
Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os
orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na
eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na
reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de
bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de
Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de
isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o
conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a
fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa
16
Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1909
A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes
em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando
a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A
morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo
assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a
precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)
ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia
gerou um consenso sobre a necessidade urgente de
mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram
iguais perante algumas epidemias o que certamente
aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para
as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de
sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose
doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo
do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma
epidemia urbana que ao explicitar de forma
paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente
interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia
sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo
alcancerdquo( HOCHMAN 1993)
A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo
proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro
(CONASS 2007)
Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de
Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede
17
Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no
campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o
de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave
hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)
Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades
de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o
curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro
(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o
curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)
Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram
como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos
trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os
trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada
trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede
E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham
vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus
direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por
direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo
organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)
Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei
Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o
inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e
trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas
Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia
concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees
para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464
segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que
essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos
18
Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de
Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por
categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas
ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica
A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a
chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma
alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo
Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas
propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto
secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao
trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo
e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)
Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em
1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular
o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis
as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim
melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)
O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi
criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)
regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm
1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como
campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce
e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)
Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807
de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e
a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a
unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os
trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os
19
trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de
autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais
tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do
Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001
e JUNIOR 2006)
Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede
puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que
fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais
no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma
colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva
participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares
Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar
ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da
proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III
Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto
Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de
financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de
sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de
caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e
sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual
centrada no INPS
Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o
responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede
ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede
atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia
20
sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de
drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO
DA SAUacuteDE 2013)
De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o
governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos
fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que
era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios
serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e
consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico
previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo
militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de
ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de
convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do
paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de
equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema
medico-industrial
ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou
a ser concebido de modo ampliado contemplando as
diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as
redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e
a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de
instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto
histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute
um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo
dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas
tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees
papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio
sistemardquo (VIANNA 2001)
21
Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de
Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o
atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a
toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e
criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo
de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros
subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo
de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento
junto ao INPS
Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como
financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto
Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978
De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil
durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees
bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as
competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da
poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas
ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e
medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio
bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da
Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de
erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento
Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo
da malaacuteria
bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que
estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede
dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades
de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento
reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que
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a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia
e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975
dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo
havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de
sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede
coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica
hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do
Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao
Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o
desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e
Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e
prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as
accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e
seguranccedila do trabalho
Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios
na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a
manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)
manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com
os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de
sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte
das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados
notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos
primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou
As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo
Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo
Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e
contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores
23
para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo
burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede
Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e
Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute
20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de
pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar
serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de
interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto
Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que
perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua
extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria
contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o
desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado
pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)
Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o
SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o
objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse
sistema
1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de
dinheiro
2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash
INAMPS - assistecircncia medica
3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social
4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do
menor
5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash
DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados
6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e
Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial
7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos
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Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica
continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os
recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial
privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional
como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior
produtor de insumo
Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de
Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar
e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos
recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando
assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados
combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)
No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede
(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se
concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia
e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias
estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS
2007)
Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos
que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a
sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado
de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior
durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se
manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e
financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o
subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos
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convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
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Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
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de Medicamentos
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Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
5
RESUMO
A preocupaccedilatildeo com a Sauacutede jaacute iniciou poucos anos apoacutes a descoberta
do Brasil com a vinda dos Jesuiacutetas estes ensinaram noccedilotildees de higiene
medicina sendo tambeacutem responsaacuteveis pelas Boticas que nada mais eram que
farmaacutecias Varias foram agraves accedilotildees realizadas e politicas criadas durante o Brasil
Impeacuterio republica velha e republica nova para atender as necessidades no que
tange a Sauacutede Publica salienta-se a criaccedilatildeo do Ministeacuterio dos Negoacutecios da
Educaccedilatildeo e Sauacutede Puacuteblica que posteriormente passou a se chamar Ministeacuterio
da Sauacutede a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) tendo atuaccedilatildeo no
campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo padronizaccedilatildeo e
distribuiccedilatildeo de medicamentos Mas foi a partir das diretrizes da Constituiccedilatildeo
Federal do Brasil de 1998 que a sauacutede foi defendida como direito de todos e
dever do Estado e assim foi instituiacutedo o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) o qual
foi regulamentado pela lei orgacircnica 8080 e posteriormente atraveacutes da lei
orgacircnica 8142 dispondo da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS e
das transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da
sauacutede Posterior a isso e com a extinccedilatildeo da CEME houve a aprovaccedilatildeo de
uma politica relacionada somente a medicamentos a Politica Nacional de
Medicamentos com um dos propoacutesitos de garantir a qualidade e o acesso a
medicamentos e com uma das diretrizes a reorientaccedilatildeo da Assistecircncia
farmacecircutica Em 2004 foi aprovada a Politica Nacional de Assistecircncia
farmacecircutica com um dos eixos estrateacutegicos de garantir o acesso e equidade
agraves accedilotildees de sauacutede incluindo necessariamente a Assistecircncia Farmacecircutica
6
METODOLOGIA
A metodologia empregada para o desenvolvimento deste trabalho foi agrave
pesquisa bibliograacutefica O levantamento dos dados foi executado atraveacutes de
artigos livro do Ministeacuterio da Sauacutede e legislaccedilotildees referentes ao assunto em
estudo e ainda pesquisa em sites oficiais do governo
7
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 08
CAPIacuteTULO I 10
HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
CAPIacuteTULO II 26
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE
MEDICAMENTOS
CAPIacuteTULO III 35
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
8
INTRODUCcedilAtildeO
A presente monografia tem como objetivo abordar a evoluccedilatildeo das
Politicas Publicas de Sauacutede no Brasil no setor da Assistecircncia Farmacecircutica no
que tange ao acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos disponiacuteveis pelo
Ministeacuterio da Sauacutede
O histoacuterico da Politica de Sauacutede no Brasil eacute descrito desde os primeiros
seacuteculos onde a atenccedilatildeo agrave sauacutede se limitava a medicina dos Jesuiacutetas e aos
conhecidos curandeiros Com a vinda da corte para o Brasil a atenccedilatildeo agrave sauacutede
comeccedilou a ter importacircncia sendo criado em 1808 uma primeira organizaccedilatildeo
nacional de sauacutede publica e assim iniciou-se o processo de institucionalizaccedilatildeo
da medicina Ateacute a promulgaccedilatildeo em 1988 da nova Constituiccedilatildeo Brasileira
estabelecendo a sauacutede como direito de todos e dever do estado varias foram
as Politicas criadas para atender as demandas que foram surgindo
A criaccedilatildeo e definiccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) a partir da CF
de 1988 e dois anos depois regulamentado atraveacutes da Lei 8080 incluiacutea na sua
atuaccedilatildeo a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral inclusive
farmacecircutica Mas anterior a isso em 1964 o poder publico jaacute havia se
articulado na questatildeo de uma politica de medicamentos quando estabeleceu
uma primeira lista de medicamentos essecircncias para uso farmacecircutico logo a
seguir na deacutecada de 70 criou a Central de Medicamentos (CEME) com uma
das atribuiccedilotildees de fornecimento de medicamentos a populaccedilatildeo sem condiccedilotildees
econocircmicas para adquiri-los O Conselho diretor da CEME em 1976
homologou a primeira Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos(RMB) e em 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada de Relaccedilatildeo Nacional de
Medicamentos Essenciais (RENAME) e que periodicamente atualizada ateacute os
dias de hoje
9
Em 1997 com a extinccedilatildeo da CEME houve a necessidade do setor
Sauacutede dispor de uma politica devidamente expressa agrave questatildeo de
medicamentos sendo entatildeo aprovada pelo Ministeacuterio da Sauacutede a Politica
Nacional de Medicamentos em 1998 politica esta parte fundamental da
Politica Nacional e teve como um dos seus propoacutesitos o de garantir a
necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos a promoccedilatildeo do
uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles considerados essenciais
A instituiccedilatildeo CEME jaacute foi considerada como uma politica de Assistecircncia
Farmacecircutica naquela eacutepoca poreacutem somente em 2004 o Conselho Nacional
de Sauacutede aprovou a Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica tratando-
se de um conjunto de accedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da
sauacutede tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como
insumo essencial visando o acesso e seu uso racional por intermeacutedio de accedilotildees
que disciplinem a prescriccedilatildeo a dispensaccedilatildeo e o consumo
Foi em 2007 que o Ministeacuterio da Sauacutede regulamentou o financiamento e
a transferecircncia de recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede passando
a ser alocados em blocos e a Assistecircncia Farmacecircutica estaacute definida no quarto
bloco sendo constituiacuteda por trecircs componentes Baacutesico Estrateacutegico e
Especializado
10
CAPIacuteTULO I
HISTORIA DA POLITICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
A importacircncia agrave atenccedilatildeo a sauacutede no Brasil soacute comeccedilou a ser dada com
a vinda da famiacutelia real em 1808 ateacute esse momento natildeo havia nenhum modelo
de atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo pois Portugal natildeo tinha interesse seus
interesses estavam voltados para a exploraccedilatildeo dos recursos que as novas
terras poderiam trazer para seu enriquecimento
A populaccedilatildeo indiacutegena ateacute a chegada dos colonizadores era na sua
maioria saudaacuteveis Quando adoecidos eram assistidos pelos Pajeacutes que tinham
como recurso a terra dela extraiam plantas e ervas para a obtenccedilatildeo de
remeacutedios Com a chegada dos colonizadores portuguesa vieram as doenccedilas
que assolavam a Europa como a variacuteola e o sarampo
A situaccedilatildeo se agravou ainda mais com a vinda dos escravos a partir de
1559 estes vinham em calabouccedilos dos navios negreiros e traziam doenccedilas
como a filariose e a febre amarela
Em 1549 chegaram ao Brasil os primeiro jesuiacutetas que tinham como
missatildeo difundir a feacute cristatilde catequizar os iacutendios ensinar noccedilotildees de higiene
medicina musica e literatura mas aprenderam com eles sobre a fauna flora e
ateacute o idioma Os jesuiacutetas tiveram uma grande importacircncia na aacuterea da sauacutede
na colocircnia como relatado em vaacuterias documentaccedilotildees e tambeacutem atraveacutes de
obras e cartas falavam sobre a natureza colonial dedicando varias paginas a
descriccedilatildeo de ervas e plantas curativas e assim iniciando os primeiros escritos
sobre a farmacopeia brasileira Alguns Jesuiacutetas vieram de Portugal jaacute
formados nas artes medicas mas a maioria atuou informalmente como fiacutesicos
cirurgiotildees aprendendo na pratica o ofiacutecio (CALAINHO 2005)
11
A atenccedilatildeo agrave sauacutede nos primeiros seacuteculos se limitava aos conhecidos
curandeiros agrave medicina dos jesuiacutetas e tambeacutem aos boticaacuterios que viajavam
pelo Brasil Colocircnia (POLIGNANO 2001)
Como havia poucos profissionais meacutedicos no Brasil Colocircnia e Brasil
Impeacuterio no Rio de Janeiro soacute existiam quatro meacutedicos exercendo a profissatildeo
em 1789 houve a proliferaccedilatildeo pelo paiacutes dos boticaacuterios que seriam hoje os
farmacecircuticos estes tinham a responsabilidade da manipulaccedilatildeo das formulas
prescritas pelos meacutedicos mas os proacuteprios pela carecircncia de meacutedicos tomavam
a iniciativa de indicar ou seja prescrever (POLIGNANO 2001)
Natildeo dispondo de um aprendizado acadecircmico o processo de habilitaccedilatildeo
na funccedilatildeo de boticaacuterio consistia tatildeo somente em acompanhar um serviccedilo de
uma botica jaacute estabelecida durante certo periacuteodo de tempo ao fim do qual
prestavam exame perante a fisicatura que na eacutepoca seria a instituiccedilatildeo
reguladora dos profissionais da aacuterea da sauacutede do Reino e se aprovado o
candidato recebia a ldquocarta de habilitaccedilatildeordquo e estava apto a instalar sua proacutepria
botica (SALLES 1971 apud POLIGNANO 2001))
Nos trecircs primeiros seacuteculos de colonizaccedilatildeo as enfermarias jesuiacutetas e
posteriormente as Santas Casas de Misericoacuterdia eram as uacutenicas formas de
assistecircncia hospitalar de que dispunham a populaccedilatildeo brasileira
Em 1808 foi criada a primeira organizaccedilatildeo nacional de sauacutede publica no
Brasil Em 27 de fevereiro criou-se o cargo de Provedor-Mor de sauacutede que
tinha como uma das atribuiccedilotildees regular as quarentenas que deviam fazer os
navios provenientes de portos estrangeiros em especial os do trafico negreiro
O Alvara de 23 de novembro de 1808 conferiu o regulamento para as
atividades do cirurgiatildeo-mor e do Fiacutesico-mor tendo assim a fiscalizaccedilatildeo
enfatizada (FUNASA 2013)
12
Com a vinda da Corte para o Brasil em 1808 deu-se inicio ao processo
de institucionalizaccedilatildeo da medicina atraveacutes da autorizaccedilatildeo para funcionamento
dos primeiros cursos de formaccedilatildeo meacutedico-ciruacutergica na colocircnia na Bahia o
Coleacutegio Medico-Ciruacutergico no Real Hospital Militar e no Rio de Janeiro a Escola
de Cirurgia do Rio de Janeiro anexa ao Hospital Militar aleacutem da Botica Real
Militar
O decreto de 4 de abril de 1811 sob a inspeccedilatildeo do fiacutesico-mor criou a
Junta da Instituiccedilatildeo Vacinica da Corte que tinha como atribuiccedilatildeo a propagaccedilatildeo
da vacina antivarioacutelica
Apoacutes a independecircncia em 30 de agosto de 1828 foi promulgada a lei
de Municipalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de Sauacutede criando as Juntas Municipais com
as funccedilotildees exercidas anteriormente pelos fiacutesico-mor cirurgiatildeo-mor e seus
delegados Neste mesmo ano foi criado a Inspeccedilatildeo de Sauacutede Publica do Porto
do Rio de Janeiro subordinada ao Senado da Cacircmara (FUNASA 2013)
Em 1846 atraveacutes do decreto nordm 464 de 17 de agosto foi criado o
Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio resultante do regulamento que reformara a Junta
Vaciacutenica da Corte ampliando seu alcance para todo o Impeacuterio
Em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene Publica com a missatildeo
de coordenar as Juntas Municipais e principalmente atuar no combate a febre
amarela nesta foi incorporado o Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio e a Inspeccedilatildeo de
Sauacutede Publica do Porto A Junta Central de Higiene Publica era subordinada
ao Ministeacuterio do Impeacuterio
No ano de 1897 todos os serviccedilos relacionados com a sauacutede passaram
a jurisdiccedilatildeo do Ministeacuterio da Justiccedila e Negoacutecios Interiores compreendidos na
Diretoria Geral da Sauacutede Publica
13
Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com
o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como
diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo
geral do Instituto em 1902
Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve
no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum
modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola
malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a
populaccedilatildeo
Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu
plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo
presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz
meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira
Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e
corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim
conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo
obrigadas a morarem em morros ou periferias
Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo
em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a
febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata
mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades
de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou
revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas
queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum
esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como
Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)
Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de
Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este
14
modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de
intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)
Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo
campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que
a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo
ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas
endemias
Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31
de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o
territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais
entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila
A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da
populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A
resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar
tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e
crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes
dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro
transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo
contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina
Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio
fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado
lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas
dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o
povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de
vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo
Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)
15
ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a
temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura
expondo-se voluntariamente obstinadamente a me
envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um
viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados
receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo
(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)
Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o
que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da
Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou
bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com
pedras paus e pedaccedilos de ferro
O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas
mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute
acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460
deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido
a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento
militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis
Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os
orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na
eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na
reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de
bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de
Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de
isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o
conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a
fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa
16
Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1909
A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes
em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando
a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A
morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo
assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a
precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)
ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia
gerou um consenso sobre a necessidade urgente de
mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram
iguais perante algumas epidemias o que certamente
aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para
as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de
sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose
doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo
do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma
epidemia urbana que ao explicitar de forma
paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente
interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia
sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo
alcancerdquo( HOCHMAN 1993)
A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo
proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro
(CONASS 2007)
Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de
Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede
17
Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no
campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o
de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave
hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)
Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades
de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o
curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro
(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o
curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)
Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram
como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos
trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os
trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada
trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede
E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham
vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus
direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por
direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo
organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)
Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei
Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o
inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e
trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas
Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia
concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees
para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464
segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que
essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos
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Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de
Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por
categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas
ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica
A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a
chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma
alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo
Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas
propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto
secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao
trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo
e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)
Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em
1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular
o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis
as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim
melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)
O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi
criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)
regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm
1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como
campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce
e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)
Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807
de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e
a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a
unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os
trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os
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trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de
autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais
tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do
Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001
e JUNIOR 2006)
Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede
puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que
fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais
no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma
colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva
participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares
Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar
ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da
proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III
Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto
Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de
financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de
sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de
caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e
sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual
centrada no INPS
Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o
responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede
ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede
atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia
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sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de
drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO
DA SAUacuteDE 2013)
De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o
governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos
fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que
era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios
serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e
consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico
previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo
militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de
ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de
convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do
paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de
equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema
medico-industrial
ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou
a ser concebido de modo ampliado contemplando as
diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as
redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e
a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de
instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto
histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute
um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo
dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas
tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees
papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio
sistemardquo (VIANNA 2001)
21
Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de
Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o
atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a
toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e
criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo
de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros
subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo
de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento
junto ao INPS
Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como
financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto
Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978
De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil
durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees
bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as
competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da
poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas
ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e
medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio
bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da
Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de
erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento
Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo
da malaacuteria
bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que
estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede
dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades
de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento
reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que
22
a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia
e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975
dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo
havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de
sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede
coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica
hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do
Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao
Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o
desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e
Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e
prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as
accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e
seguranccedila do trabalho
Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios
na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a
manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)
manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com
os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de
sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte
das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados
notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos
primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou
As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo
Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo
Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e
contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores
23
para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo
burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede
Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e
Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute
20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de
pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar
serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de
interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto
Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que
perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua
extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria
contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o
desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado
pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)
Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o
SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o
objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse
sistema
1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de
dinheiro
2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash
INAMPS - assistecircncia medica
3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social
4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do
menor
5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash
DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados
6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e
Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial
7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos
24
Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica
continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os
recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial
privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional
como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior
produtor de insumo
Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de
Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar
e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos
recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando
assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados
combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)
No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede
(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se
concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia
e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias
estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS
2007)
Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos
que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a
sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado
de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior
durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se
manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e
financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o
subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos
25
convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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Essenciais ndash RENAME
BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de
outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
6
METODOLOGIA
A metodologia empregada para o desenvolvimento deste trabalho foi agrave
pesquisa bibliograacutefica O levantamento dos dados foi executado atraveacutes de
artigos livro do Ministeacuterio da Sauacutede e legislaccedilotildees referentes ao assunto em
estudo e ainda pesquisa em sites oficiais do governo
7
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 08
CAPIacuteTULO I 10
HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
CAPIacuteTULO II 26
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE
MEDICAMENTOS
CAPIacuteTULO III 35
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
8
INTRODUCcedilAtildeO
A presente monografia tem como objetivo abordar a evoluccedilatildeo das
Politicas Publicas de Sauacutede no Brasil no setor da Assistecircncia Farmacecircutica no
que tange ao acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos disponiacuteveis pelo
Ministeacuterio da Sauacutede
O histoacuterico da Politica de Sauacutede no Brasil eacute descrito desde os primeiros
seacuteculos onde a atenccedilatildeo agrave sauacutede se limitava a medicina dos Jesuiacutetas e aos
conhecidos curandeiros Com a vinda da corte para o Brasil a atenccedilatildeo agrave sauacutede
comeccedilou a ter importacircncia sendo criado em 1808 uma primeira organizaccedilatildeo
nacional de sauacutede publica e assim iniciou-se o processo de institucionalizaccedilatildeo
da medicina Ateacute a promulgaccedilatildeo em 1988 da nova Constituiccedilatildeo Brasileira
estabelecendo a sauacutede como direito de todos e dever do estado varias foram
as Politicas criadas para atender as demandas que foram surgindo
A criaccedilatildeo e definiccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) a partir da CF
de 1988 e dois anos depois regulamentado atraveacutes da Lei 8080 incluiacutea na sua
atuaccedilatildeo a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral inclusive
farmacecircutica Mas anterior a isso em 1964 o poder publico jaacute havia se
articulado na questatildeo de uma politica de medicamentos quando estabeleceu
uma primeira lista de medicamentos essecircncias para uso farmacecircutico logo a
seguir na deacutecada de 70 criou a Central de Medicamentos (CEME) com uma
das atribuiccedilotildees de fornecimento de medicamentos a populaccedilatildeo sem condiccedilotildees
econocircmicas para adquiri-los O Conselho diretor da CEME em 1976
homologou a primeira Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos(RMB) e em 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada de Relaccedilatildeo Nacional de
Medicamentos Essenciais (RENAME) e que periodicamente atualizada ateacute os
dias de hoje
9
Em 1997 com a extinccedilatildeo da CEME houve a necessidade do setor
Sauacutede dispor de uma politica devidamente expressa agrave questatildeo de
medicamentos sendo entatildeo aprovada pelo Ministeacuterio da Sauacutede a Politica
Nacional de Medicamentos em 1998 politica esta parte fundamental da
Politica Nacional e teve como um dos seus propoacutesitos o de garantir a
necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos a promoccedilatildeo do
uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles considerados essenciais
A instituiccedilatildeo CEME jaacute foi considerada como uma politica de Assistecircncia
Farmacecircutica naquela eacutepoca poreacutem somente em 2004 o Conselho Nacional
de Sauacutede aprovou a Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica tratando-
se de um conjunto de accedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da
sauacutede tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como
insumo essencial visando o acesso e seu uso racional por intermeacutedio de accedilotildees
que disciplinem a prescriccedilatildeo a dispensaccedilatildeo e o consumo
Foi em 2007 que o Ministeacuterio da Sauacutede regulamentou o financiamento e
a transferecircncia de recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede passando
a ser alocados em blocos e a Assistecircncia Farmacecircutica estaacute definida no quarto
bloco sendo constituiacuteda por trecircs componentes Baacutesico Estrateacutegico e
Especializado
10
CAPIacuteTULO I
HISTORIA DA POLITICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
A importacircncia agrave atenccedilatildeo a sauacutede no Brasil soacute comeccedilou a ser dada com
a vinda da famiacutelia real em 1808 ateacute esse momento natildeo havia nenhum modelo
de atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo pois Portugal natildeo tinha interesse seus
interesses estavam voltados para a exploraccedilatildeo dos recursos que as novas
terras poderiam trazer para seu enriquecimento
A populaccedilatildeo indiacutegena ateacute a chegada dos colonizadores era na sua
maioria saudaacuteveis Quando adoecidos eram assistidos pelos Pajeacutes que tinham
como recurso a terra dela extraiam plantas e ervas para a obtenccedilatildeo de
remeacutedios Com a chegada dos colonizadores portuguesa vieram as doenccedilas
que assolavam a Europa como a variacuteola e o sarampo
A situaccedilatildeo se agravou ainda mais com a vinda dos escravos a partir de
1559 estes vinham em calabouccedilos dos navios negreiros e traziam doenccedilas
como a filariose e a febre amarela
Em 1549 chegaram ao Brasil os primeiro jesuiacutetas que tinham como
missatildeo difundir a feacute cristatilde catequizar os iacutendios ensinar noccedilotildees de higiene
medicina musica e literatura mas aprenderam com eles sobre a fauna flora e
ateacute o idioma Os jesuiacutetas tiveram uma grande importacircncia na aacuterea da sauacutede
na colocircnia como relatado em vaacuterias documentaccedilotildees e tambeacutem atraveacutes de
obras e cartas falavam sobre a natureza colonial dedicando varias paginas a
descriccedilatildeo de ervas e plantas curativas e assim iniciando os primeiros escritos
sobre a farmacopeia brasileira Alguns Jesuiacutetas vieram de Portugal jaacute
formados nas artes medicas mas a maioria atuou informalmente como fiacutesicos
cirurgiotildees aprendendo na pratica o ofiacutecio (CALAINHO 2005)
11
A atenccedilatildeo agrave sauacutede nos primeiros seacuteculos se limitava aos conhecidos
curandeiros agrave medicina dos jesuiacutetas e tambeacutem aos boticaacuterios que viajavam
pelo Brasil Colocircnia (POLIGNANO 2001)
Como havia poucos profissionais meacutedicos no Brasil Colocircnia e Brasil
Impeacuterio no Rio de Janeiro soacute existiam quatro meacutedicos exercendo a profissatildeo
em 1789 houve a proliferaccedilatildeo pelo paiacutes dos boticaacuterios que seriam hoje os
farmacecircuticos estes tinham a responsabilidade da manipulaccedilatildeo das formulas
prescritas pelos meacutedicos mas os proacuteprios pela carecircncia de meacutedicos tomavam
a iniciativa de indicar ou seja prescrever (POLIGNANO 2001)
Natildeo dispondo de um aprendizado acadecircmico o processo de habilitaccedilatildeo
na funccedilatildeo de boticaacuterio consistia tatildeo somente em acompanhar um serviccedilo de
uma botica jaacute estabelecida durante certo periacuteodo de tempo ao fim do qual
prestavam exame perante a fisicatura que na eacutepoca seria a instituiccedilatildeo
reguladora dos profissionais da aacuterea da sauacutede do Reino e se aprovado o
candidato recebia a ldquocarta de habilitaccedilatildeordquo e estava apto a instalar sua proacutepria
botica (SALLES 1971 apud POLIGNANO 2001))
Nos trecircs primeiros seacuteculos de colonizaccedilatildeo as enfermarias jesuiacutetas e
posteriormente as Santas Casas de Misericoacuterdia eram as uacutenicas formas de
assistecircncia hospitalar de que dispunham a populaccedilatildeo brasileira
Em 1808 foi criada a primeira organizaccedilatildeo nacional de sauacutede publica no
Brasil Em 27 de fevereiro criou-se o cargo de Provedor-Mor de sauacutede que
tinha como uma das atribuiccedilotildees regular as quarentenas que deviam fazer os
navios provenientes de portos estrangeiros em especial os do trafico negreiro
O Alvara de 23 de novembro de 1808 conferiu o regulamento para as
atividades do cirurgiatildeo-mor e do Fiacutesico-mor tendo assim a fiscalizaccedilatildeo
enfatizada (FUNASA 2013)
12
Com a vinda da Corte para o Brasil em 1808 deu-se inicio ao processo
de institucionalizaccedilatildeo da medicina atraveacutes da autorizaccedilatildeo para funcionamento
dos primeiros cursos de formaccedilatildeo meacutedico-ciruacutergica na colocircnia na Bahia o
Coleacutegio Medico-Ciruacutergico no Real Hospital Militar e no Rio de Janeiro a Escola
de Cirurgia do Rio de Janeiro anexa ao Hospital Militar aleacutem da Botica Real
Militar
O decreto de 4 de abril de 1811 sob a inspeccedilatildeo do fiacutesico-mor criou a
Junta da Instituiccedilatildeo Vacinica da Corte que tinha como atribuiccedilatildeo a propagaccedilatildeo
da vacina antivarioacutelica
Apoacutes a independecircncia em 30 de agosto de 1828 foi promulgada a lei
de Municipalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de Sauacutede criando as Juntas Municipais com
as funccedilotildees exercidas anteriormente pelos fiacutesico-mor cirurgiatildeo-mor e seus
delegados Neste mesmo ano foi criado a Inspeccedilatildeo de Sauacutede Publica do Porto
do Rio de Janeiro subordinada ao Senado da Cacircmara (FUNASA 2013)
Em 1846 atraveacutes do decreto nordm 464 de 17 de agosto foi criado o
Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio resultante do regulamento que reformara a Junta
Vaciacutenica da Corte ampliando seu alcance para todo o Impeacuterio
Em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene Publica com a missatildeo
de coordenar as Juntas Municipais e principalmente atuar no combate a febre
amarela nesta foi incorporado o Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio e a Inspeccedilatildeo de
Sauacutede Publica do Porto A Junta Central de Higiene Publica era subordinada
ao Ministeacuterio do Impeacuterio
No ano de 1897 todos os serviccedilos relacionados com a sauacutede passaram
a jurisdiccedilatildeo do Ministeacuterio da Justiccedila e Negoacutecios Interiores compreendidos na
Diretoria Geral da Sauacutede Publica
13
Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com
o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como
diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo
geral do Instituto em 1902
Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve
no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum
modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola
malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a
populaccedilatildeo
Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu
plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo
presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz
meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira
Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e
corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim
conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo
obrigadas a morarem em morros ou periferias
Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo
em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a
febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata
mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades
de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou
revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas
queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum
esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como
Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)
Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de
Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este
14
modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de
intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)
Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo
campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que
a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo
ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas
endemias
Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31
de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o
territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais
entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila
A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da
populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A
resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar
tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e
crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes
dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro
transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo
contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina
Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio
fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado
lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas
dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o
povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de
vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo
Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)
15
ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a
temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura
expondo-se voluntariamente obstinadamente a me
envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um
viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados
receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo
(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)
Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o
que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da
Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou
bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com
pedras paus e pedaccedilos de ferro
O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas
mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute
acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460
deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido
a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento
militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis
Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os
orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na
eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na
reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de
bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de
Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de
isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o
conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a
fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa
16
Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1909
A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes
em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando
a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A
morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo
assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a
precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)
ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia
gerou um consenso sobre a necessidade urgente de
mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram
iguais perante algumas epidemias o que certamente
aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para
as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de
sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose
doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo
do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma
epidemia urbana que ao explicitar de forma
paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente
interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia
sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo
alcancerdquo( HOCHMAN 1993)
A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo
proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro
(CONASS 2007)
Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de
Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede
17
Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no
campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o
de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave
hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)
Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades
de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o
curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro
(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o
curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)
Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram
como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos
trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os
trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada
trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede
E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham
vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus
direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por
direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo
organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)
Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei
Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o
inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e
trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas
Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia
concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees
para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464
segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que
essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos
18
Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de
Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por
categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas
ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica
A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a
chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma
alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo
Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas
propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto
secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao
trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo
e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)
Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em
1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular
o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis
as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim
melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)
O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi
criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)
regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm
1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como
campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce
e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)
Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807
de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e
a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a
unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os
trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os
19
trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de
autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais
tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do
Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001
e JUNIOR 2006)
Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede
puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que
fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais
no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma
colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva
participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares
Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar
ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da
proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III
Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto
Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de
financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de
sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de
caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e
sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual
centrada no INPS
Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o
responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede
ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede
atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia
20
sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de
drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO
DA SAUacuteDE 2013)
De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o
governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos
fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que
era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios
serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e
consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico
previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo
militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de
ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de
convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do
paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de
equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema
medico-industrial
ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou
a ser concebido de modo ampliado contemplando as
diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as
redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e
a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de
instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto
histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute
um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo
dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas
tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees
papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio
sistemardquo (VIANNA 2001)
21
Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de
Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o
atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a
toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e
criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo
de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros
subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo
de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento
junto ao INPS
Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como
financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto
Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978
De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil
durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees
bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as
competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da
poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas
ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e
medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio
bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da
Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de
erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento
Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo
da malaacuteria
bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que
estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede
dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades
de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento
reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que
22
a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia
e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975
dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo
havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de
sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede
coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica
hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do
Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao
Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o
desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e
Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e
prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as
accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e
seguranccedila do trabalho
Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios
na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a
manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)
manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com
os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de
sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte
das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados
notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos
primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou
As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo
Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo
Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e
contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores
23
para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo
burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede
Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e
Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute
20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de
pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar
serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de
interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto
Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que
perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua
extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria
contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o
desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado
pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)
Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o
SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o
objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse
sistema
1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de
dinheiro
2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash
INAMPS - assistecircncia medica
3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social
4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do
menor
5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash
DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados
6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e
Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial
7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos
24
Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica
continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os
recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial
privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional
como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior
produtor de insumo
Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de
Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar
e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos
recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando
assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados
combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)
No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede
(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se
concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia
e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias
estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS
2007)
Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos
que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a
sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado
de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior
durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se
manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e
financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o
subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos
25
convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
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Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
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procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
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Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
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Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
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operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
7
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 08
CAPIacuteTULO I 10
HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
CAPIacuteTULO II 26
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE
MEDICAMENTOS
CAPIacuteTULO III 35
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
8
INTRODUCcedilAtildeO
A presente monografia tem como objetivo abordar a evoluccedilatildeo das
Politicas Publicas de Sauacutede no Brasil no setor da Assistecircncia Farmacecircutica no
que tange ao acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos disponiacuteveis pelo
Ministeacuterio da Sauacutede
O histoacuterico da Politica de Sauacutede no Brasil eacute descrito desde os primeiros
seacuteculos onde a atenccedilatildeo agrave sauacutede se limitava a medicina dos Jesuiacutetas e aos
conhecidos curandeiros Com a vinda da corte para o Brasil a atenccedilatildeo agrave sauacutede
comeccedilou a ter importacircncia sendo criado em 1808 uma primeira organizaccedilatildeo
nacional de sauacutede publica e assim iniciou-se o processo de institucionalizaccedilatildeo
da medicina Ateacute a promulgaccedilatildeo em 1988 da nova Constituiccedilatildeo Brasileira
estabelecendo a sauacutede como direito de todos e dever do estado varias foram
as Politicas criadas para atender as demandas que foram surgindo
A criaccedilatildeo e definiccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) a partir da CF
de 1988 e dois anos depois regulamentado atraveacutes da Lei 8080 incluiacutea na sua
atuaccedilatildeo a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral inclusive
farmacecircutica Mas anterior a isso em 1964 o poder publico jaacute havia se
articulado na questatildeo de uma politica de medicamentos quando estabeleceu
uma primeira lista de medicamentos essecircncias para uso farmacecircutico logo a
seguir na deacutecada de 70 criou a Central de Medicamentos (CEME) com uma
das atribuiccedilotildees de fornecimento de medicamentos a populaccedilatildeo sem condiccedilotildees
econocircmicas para adquiri-los O Conselho diretor da CEME em 1976
homologou a primeira Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos(RMB) e em 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada de Relaccedilatildeo Nacional de
Medicamentos Essenciais (RENAME) e que periodicamente atualizada ateacute os
dias de hoje
9
Em 1997 com a extinccedilatildeo da CEME houve a necessidade do setor
Sauacutede dispor de uma politica devidamente expressa agrave questatildeo de
medicamentos sendo entatildeo aprovada pelo Ministeacuterio da Sauacutede a Politica
Nacional de Medicamentos em 1998 politica esta parte fundamental da
Politica Nacional e teve como um dos seus propoacutesitos o de garantir a
necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos a promoccedilatildeo do
uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles considerados essenciais
A instituiccedilatildeo CEME jaacute foi considerada como uma politica de Assistecircncia
Farmacecircutica naquela eacutepoca poreacutem somente em 2004 o Conselho Nacional
de Sauacutede aprovou a Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica tratando-
se de um conjunto de accedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da
sauacutede tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como
insumo essencial visando o acesso e seu uso racional por intermeacutedio de accedilotildees
que disciplinem a prescriccedilatildeo a dispensaccedilatildeo e o consumo
Foi em 2007 que o Ministeacuterio da Sauacutede regulamentou o financiamento e
a transferecircncia de recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede passando
a ser alocados em blocos e a Assistecircncia Farmacecircutica estaacute definida no quarto
bloco sendo constituiacuteda por trecircs componentes Baacutesico Estrateacutegico e
Especializado
10
CAPIacuteTULO I
HISTORIA DA POLITICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
A importacircncia agrave atenccedilatildeo a sauacutede no Brasil soacute comeccedilou a ser dada com
a vinda da famiacutelia real em 1808 ateacute esse momento natildeo havia nenhum modelo
de atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo pois Portugal natildeo tinha interesse seus
interesses estavam voltados para a exploraccedilatildeo dos recursos que as novas
terras poderiam trazer para seu enriquecimento
A populaccedilatildeo indiacutegena ateacute a chegada dos colonizadores era na sua
maioria saudaacuteveis Quando adoecidos eram assistidos pelos Pajeacutes que tinham
como recurso a terra dela extraiam plantas e ervas para a obtenccedilatildeo de
remeacutedios Com a chegada dos colonizadores portuguesa vieram as doenccedilas
que assolavam a Europa como a variacuteola e o sarampo
A situaccedilatildeo se agravou ainda mais com a vinda dos escravos a partir de
1559 estes vinham em calabouccedilos dos navios negreiros e traziam doenccedilas
como a filariose e a febre amarela
Em 1549 chegaram ao Brasil os primeiro jesuiacutetas que tinham como
missatildeo difundir a feacute cristatilde catequizar os iacutendios ensinar noccedilotildees de higiene
medicina musica e literatura mas aprenderam com eles sobre a fauna flora e
ateacute o idioma Os jesuiacutetas tiveram uma grande importacircncia na aacuterea da sauacutede
na colocircnia como relatado em vaacuterias documentaccedilotildees e tambeacutem atraveacutes de
obras e cartas falavam sobre a natureza colonial dedicando varias paginas a
descriccedilatildeo de ervas e plantas curativas e assim iniciando os primeiros escritos
sobre a farmacopeia brasileira Alguns Jesuiacutetas vieram de Portugal jaacute
formados nas artes medicas mas a maioria atuou informalmente como fiacutesicos
cirurgiotildees aprendendo na pratica o ofiacutecio (CALAINHO 2005)
11
A atenccedilatildeo agrave sauacutede nos primeiros seacuteculos se limitava aos conhecidos
curandeiros agrave medicina dos jesuiacutetas e tambeacutem aos boticaacuterios que viajavam
pelo Brasil Colocircnia (POLIGNANO 2001)
Como havia poucos profissionais meacutedicos no Brasil Colocircnia e Brasil
Impeacuterio no Rio de Janeiro soacute existiam quatro meacutedicos exercendo a profissatildeo
em 1789 houve a proliferaccedilatildeo pelo paiacutes dos boticaacuterios que seriam hoje os
farmacecircuticos estes tinham a responsabilidade da manipulaccedilatildeo das formulas
prescritas pelos meacutedicos mas os proacuteprios pela carecircncia de meacutedicos tomavam
a iniciativa de indicar ou seja prescrever (POLIGNANO 2001)
Natildeo dispondo de um aprendizado acadecircmico o processo de habilitaccedilatildeo
na funccedilatildeo de boticaacuterio consistia tatildeo somente em acompanhar um serviccedilo de
uma botica jaacute estabelecida durante certo periacuteodo de tempo ao fim do qual
prestavam exame perante a fisicatura que na eacutepoca seria a instituiccedilatildeo
reguladora dos profissionais da aacuterea da sauacutede do Reino e se aprovado o
candidato recebia a ldquocarta de habilitaccedilatildeordquo e estava apto a instalar sua proacutepria
botica (SALLES 1971 apud POLIGNANO 2001))
Nos trecircs primeiros seacuteculos de colonizaccedilatildeo as enfermarias jesuiacutetas e
posteriormente as Santas Casas de Misericoacuterdia eram as uacutenicas formas de
assistecircncia hospitalar de que dispunham a populaccedilatildeo brasileira
Em 1808 foi criada a primeira organizaccedilatildeo nacional de sauacutede publica no
Brasil Em 27 de fevereiro criou-se o cargo de Provedor-Mor de sauacutede que
tinha como uma das atribuiccedilotildees regular as quarentenas que deviam fazer os
navios provenientes de portos estrangeiros em especial os do trafico negreiro
O Alvara de 23 de novembro de 1808 conferiu o regulamento para as
atividades do cirurgiatildeo-mor e do Fiacutesico-mor tendo assim a fiscalizaccedilatildeo
enfatizada (FUNASA 2013)
12
Com a vinda da Corte para o Brasil em 1808 deu-se inicio ao processo
de institucionalizaccedilatildeo da medicina atraveacutes da autorizaccedilatildeo para funcionamento
dos primeiros cursos de formaccedilatildeo meacutedico-ciruacutergica na colocircnia na Bahia o
Coleacutegio Medico-Ciruacutergico no Real Hospital Militar e no Rio de Janeiro a Escola
de Cirurgia do Rio de Janeiro anexa ao Hospital Militar aleacutem da Botica Real
Militar
O decreto de 4 de abril de 1811 sob a inspeccedilatildeo do fiacutesico-mor criou a
Junta da Instituiccedilatildeo Vacinica da Corte que tinha como atribuiccedilatildeo a propagaccedilatildeo
da vacina antivarioacutelica
Apoacutes a independecircncia em 30 de agosto de 1828 foi promulgada a lei
de Municipalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de Sauacutede criando as Juntas Municipais com
as funccedilotildees exercidas anteriormente pelos fiacutesico-mor cirurgiatildeo-mor e seus
delegados Neste mesmo ano foi criado a Inspeccedilatildeo de Sauacutede Publica do Porto
do Rio de Janeiro subordinada ao Senado da Cacircmara (FUNASA 2013)
Em 1846 atraveacutes do decreto nordm 464 de 17 de agosto foi criado o
Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio resultante do regulamento que reformara a Junta
Vaciacutenica da Corte ampliando seu alcance para todo o Impeacuterio
Em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene Publica com a missatildeo
de coordenar as Juntas Municipais e principalmente atuar no combate a febre
amarela nesta foi incorporado o Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio e a Inspeccedilatildeo de
Sauacutede Publica do Porto A Junta Central de Higiene Publica era subordinada
ao Ministeacuterio do Impeacuterio
No ano de 1897 todos os serviccedilos relacionados com a sauacutede passaram
a jurisdiccedilatildeo do Ministeacuterio da Justiccedila e Negoacutecios Interiores compreendidos na
Diretoria Geral da Sauacutede Publica
13
Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com
o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como
diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo
geral do Instituto em 1902
Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve
no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum
modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola
malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a
populaccedilatildeo
Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu
plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo
presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz
meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira
Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e
corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim
conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo
obrigadas a morarem em morros ou periferias
Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo
em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a
febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata
mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades
de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou
revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas
queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum
esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como
Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)
Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de
Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este
14
modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de
intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)
Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo
campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que
a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo
ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas
endemias
Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31
de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o
territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais
entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila
A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da
populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A
resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar
tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e
crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes
dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro
transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo
contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina
Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio
fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado
lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas
dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o
povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de
vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo
Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)
15
ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a
temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura
expondo-se voluntariamente obstinadamente a me
envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um
viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados
receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo
(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)
Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o
que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da
Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou
bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com
pedras paus e pedaccedilos de ferro
O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas
mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute
acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460
deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido
a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento
militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis
Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os
orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na
eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na
reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de
bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de
Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de
isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o
conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a
fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa
16
Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1909
A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes
em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando
a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A
morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo
assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a
precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)
ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia
gerou um consenso sobre a necessidade urgente de
mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram
iguais perante algumas epidemias o que certamente
aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para
as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de
sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose
doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo
do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma
epidemia urbana que ao explicitar de forma
paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente
interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia
sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo
alcancerdquo( HOCHMAN 1993)
A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo
proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro
(CONASS 2007)
Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de
Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede
17
Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no
campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o
de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave
hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)
Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades
de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o
curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro
(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o
curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)
Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram
como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos
trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os
trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada
trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede
E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham
vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus
direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por
direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo
organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)
Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei
Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o
inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e
trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas
Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia
concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees
para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464
segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que
essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos
18
Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de
Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por
categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas
ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica
A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a
chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma
alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo
Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas
propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto
secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao
trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo
e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)
Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em
1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular
o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis
as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim
melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)
O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi
criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)
regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm
1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como
campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce
e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)
Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807
de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e
a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a
unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os
trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os
19
trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de
autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais
tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do
Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001
e JUNIOR 2006)
Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede
puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que
fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais
no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma
colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva
participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares
Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar
ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da
proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III
Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto
Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de
financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de
sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de
caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e
sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual
centrada no INPS
Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o
responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede
ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede
atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia
20
sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de
drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO
DA SAUacuteDE 2013)
De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o
governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos
fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que
era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios
serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e
consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico
previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo
militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de
ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de
convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do
paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de
equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema
medico-industrial
ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou
a ser concebido de modo ampliado contemplando as
diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as
redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e
a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de
instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto
histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute
um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo
dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas
tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees
papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio
sistemardquo (VIANNA 2001)
21
Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de
Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o
atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a
toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e
criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo
de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros
subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo
de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento
junto ao INPS
Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como
financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto
Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978
De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil
durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees
bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as
competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da
poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas
ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e
medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio
bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da
Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de
erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento
Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo
da malaacuteria
bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que
estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede
dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades
de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento
reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que
22
a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia
e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975
dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo
havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de
sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede
coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica
hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do
Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao
Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o
desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e
Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e
prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as
accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e
seguranccedila do trabalho
Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios
na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a
manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)
manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com
os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de
sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte
das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados
notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos
primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou
As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo
Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo
Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e
contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores
23
para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo
burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede
Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e
Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute
20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de
pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar
serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de
interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto
Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que
perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua
extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria
contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o
desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado
pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)
Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o
SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o
objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse
sistema
1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de
dinheiro
2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash
INAMPS - assistecircncia medica
3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social
4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do
menor
5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash
DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados
6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e
Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial
7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos
24
Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica
continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os
recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial
privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional
como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior
produtor de insumo
Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de
Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar
e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos
recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando
assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados
combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)
No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede
(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se
concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia
e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias
estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS
2007)
Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos
que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a
sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado
de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior
durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se
manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e
financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o
subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos
25
convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
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52
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accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
8
INTRODUCcedilAtildeO
A presente monografia tem como objetivo abordar a evoluccedilatildeo das
Politicas Publicas de Sauacutede no Brasil no setor da Assistecircncia Farmacecircutica no
que tange ao acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos disponiacuteveis pelo
Ministeacuterio da Sauacutede
O histoacuterico da Politica de Sauacutede no Brasil eacute descrito desde os primeiros
seacuteculos onde a atenccedilatildeo agrave sauacutede se limitava a medicina dos Jesuiacutetas e aos
conhecidos curandeiros Com a vinda da corte para o Brasil a atenccedilatildeo agrave sauacutede
comeccedilou a ter importacircncia sendo criado em 1808 uma primeira organizaccedilatildeo
nacional de sauacutede publica e assim iniciou-se o processo de institucionalizaccedilatildeo
da medicina Ateacute a promulgaccedilatildeo em 1988 da nova Constituiccedilatildeo Brasileira
estabelecendo a sauacutede como direito de todos e dever do estado varias foram
as Politicas criadas para atender as demandas que foram surgindo
A criaccedilatildeo e definiccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) a partir da CF
de 1988 e dois anos depois regulamentado atraveacutes da Lei 8080 incluiacutea na sua
atuaccedilatildeo a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral inclusive
farmacecircutica Mas anterior a isso em 1964 o poder publico jaacute havia se
articulado na questatildeo de uma politica de medicamentos quando estabeleceu
uma primeira lista de medicamentos essecircncias para uso farmacecircutico logo a
seguir na deacutecada de 70 criou a Central de Medicamentos (CEME) com uma
das atribuiccedilotildees de fornecimento de medicamentos a populaccedilatildeo sem condiccedilotildees
econocircmicas para adquiri-los O Conselho diretor da CEME em 1976
homologou a primeira Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos(RMB) e em 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada de Relaccedilatildeo Nacional de
Medicamentos Essenciais (RENAME) e que periodicamente atualizada ateacute os
dias de hoje
9
Em 1997 com a extinccedilatildeo da CEME houve a necessidade do setor
Sauacutede dispor de uma politica devidamente expressa agrave questatildeo de
medicamentos sendo entatildeo aprovada pelo Ministeacuterio da Sauacutede a Politica
Nacional de Medicamentos em 1998 politica esta parte fundamental da
Politica Nacional e teve como um dos seus propoacutesitos o de garantir a
necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos a promoccedilatildeo do
uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles considerados essenciais
A instituiccedilatildeo CEME jaacute foi considerada como uma politica de Assistecircncia
Farmacecircutica naquela eacutepoca poreacutem somente em 2004 o Conselho Nacional
de Sauacutede aprovou a Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica tratando-
se de um conjunto de accedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da
sauacutede tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como
insumo essencial visando o acesso e seu uso racional por intermeacutedio de accedilotildees
que disciplinem a prescriccedilatildeo a dispensaccedilatildeo e o consumo
Foi em 2007 que o Ministeacuterio da Sauacutede regulamentou o financiamento e
a transferecircncia de recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede passando
a ser alocados em blocos e a Assistecircncia Farmacecircutica estaacute definida no quarto
bloco sendo constituiacuteda por trecircs componentes Baacutesico Estrateacutegico e
Especializado
10
CAPIacuteTULO I
HISTORIA DA POLITICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
A importacircncia agrave atenccedilatildeo a sauacutede no Brasil soacute comeccedilou a ser dada com
a vinda da famiacutelia real em 1808 ateacute esse momento natildeo havia nenhum modelo
de atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo pois Portugal natildeo tinha interesse seus
interesses estavam voltados para a exploraccedilatildeo dos recursos que as novas
terras poderiam trazer para seu enriquecimento
A populaccedilatildeo indiacutegena ateacute a chegada dos colonizadores era na sua
maioria saudaacuteveis Quando adoecidos eram assistidos pelos Pajeacutes que tinham
como recurso a terra dela extraiam plantas e ervas para a obtenccedilatildeo de
remeacutedios Com a chegada dos colonizadores portuguesa vieram as doenccedilas
que assolavam a Europa como a variacuteola e o sarampo
A situaccedilatildeo se agravou ainda mais com a vinda dos escravos a partir de
1559 estes vinham em calabouccedilos dos navios negreiros e traziam doenccedilas
como a filariose e a febre amarela
Em 1549 chegaram ao Brasil os primeiro jesuiacutetas que tinham como
missatildeo difundir a feacute cristatilde catequizar os iacutendios ensinar noccedilotildees de higiene
medicina musica e literatura mas aprenderam com eles sobre a fauna flora e
ateacute o idioma Os jesuiacutetas tiveram uma grande importacircncia na aacuterea da sauacutede
na colocircnia como relatado em vaacuterias documentaccedilotildees e tambeacutem atraveacutes de
obras e cartas falavam sobre a natureza colonial dedicando varias paginas a
descriccedilatildeo de ervas e plantas curativas e assim iniciando os primeiros escritos
sobre a farmacopeia brasileira Alguns Jesuiacutetas vieram de Portugal jaacute
formados nas artes medicas mas a maioria atuou informalmente como fiacutesicos
cirurgiotildees aprendendo na pratica o ofiacutecio (CALAINHO 2005)
11
A atenccedilatildeo agrave sauacutede nos primeiros seacuteculos se limitava aos conhecidos
curandeiros agrave medicina dos jesuiacutetas e tambeacutem aos boticaacuterios que viajavam
pelo Brasil Colocircnia (POLIGNANO 2001)
Como havia poucos profissionais meacutedicos no Brasil Colocircnia e Brasil
Impeacuterio no Rio de Janeiro soacute existiam quatro meacutedicos exercendo a profissatildeo
em 1789 houve a proliferaccedilatildeo pelo paiacutes dos boticaacuterios que seriam hoje os
farmacecircuticos estes tinham a responsabilidade da manipulaccedilatildeo das formulas
prescritas pelos meacutedicos mas os proacuteprios pela carecircncia de meacutedicos tomavam
a iniciativa de indicar ou seja prescrever (POLIGNANO 2001)
Natildeo dispondo de um aprendizado acadecircmico o processo de habilitaccedilatildeo
na funccedilatildeo de boticaacuterio consistia tatildeo somente em acompanhar um serviccedilo de
uma botica jaacute estabelecida durante certo periacuteodo de tempo ao fim do qual
prestavam exame perante a fisicatura que na eacutepoca seria a instituiccedilatildeo
reguladora dos profissionais da aacuterea da sauacutede do Reino e se aprovado o
candidato recebia a ldquocarta de habilitaccedilatildeordquo e estava apto a instalar sua proacutepria
botica (SALLES 1971 apud POLIGNANO 2001))
Nos trecircs primeiros seacuteculos de colonizaccedilatildeo as enfermarias jesuiacutetas e
posteriormente as Santas Casas de Misericoacuterdia eram as uacutenicas formas de
assistecircncia hospitalar de que dispunham a populaccedilatildeo brasileira
Em 1808 foi criada a primeira organizaccedilatildeo nacional de sauacutede publica no
Brasil Em 27 de fevereiro criou-se o cargo de Provedor-Mor de sauacutede que
tinha como uma das atribuiccedilotildees regular as quarentenas que deviam fazer os
navios provenientes de portos estrangeiros em especial os do trafico negreiro
O Alvara de 23 de novembro de 1808 conferiu o regulamento para as
atividades do cirurgiatildeo-mor e do Fiacutesico-mor tendo assim a fiscalizaccedilatildeo
enfatizada (FUNASA 2013)
12
Com a vinda da Corte para o Brasil em 1808 deu-se inicio ao processo
de institucionalizaccedilatildeo da medicina atraveacutes da autorizaccedilatildeo para funcionamento
dos primeiros cursos de formaccedilatildeo meacutedico-ciruacutergica na colocircnia na Bahia o
Coleacutegio Medico-Ciruacutergico no Real Hospital Militar e no Rio de Janeiro a Escola
de Cirurgia do Rio de Janeiro anexa ao Hospital Militar aleacutem da Botica Real
Militar
O decreto de 4 de abril de 1811 sob a inspeccedilatildeo do fiacutesico-mor criou a
Junta da Instituiccedilatildeo Vacinica da Corte que tinha como atribuiccedilatildeo a propagaccedilatildeo
da vacina antivarioacutelica
Apoacutes a independecircncia em 30 de agosto de 1828 foi promulgada a lei
de Municipalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de Sauacutede criando as Juntas Municipais com
as funccedilotildees exercidas anteriormente pelos fiacutesico-mor cirurgiatildeo-mor e seus
delegados Neste mesmo ano foi criado a Inspeccedilatildeo de Sauacutede Publica do Porto
do Rio de Janeiro subordinada ao Senado da Cacircmara (FUNASA 2013)
Em 1846 atraveacutes do decreto nordm 464 de 17 de agosto foi criado o
Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio resultante do regulamento que reformara a Junta
Vaciacutenica da Corte ampliando seu alcance para todo o Impeacuterio
Em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene Publica com a missatildeo
de coordenar as Juntas Municipais e principalmente atuar no combate a febre
amarela nesta foi incorporado o Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio e a Inspeccedilatildeo de
Sauacutede Publica do Porto A Junta Central de Higiene Publica era subordinada
ao Ministeacuterio do Impeacuterio
No ano de 1897 todos os serviccedilos relacionados com a sauacutede passaram
a jurisdiccedilatildeo do Ministeacuterio da Justiccedila e Negoacutecios Interiores compreendidos na
Diretoria Geral da Sauacutede Publica
13
Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com
o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como
diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo
geral do Instituto em 1902
Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve
no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum
modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola
malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a
populaccedilatildeo
Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu
plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo
presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz
meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira
Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e
corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim
conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo
obrigadas a morarem em morros ou periferias
Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo
em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a
febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata
mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades
de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou
revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas
queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum
esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como
Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)
Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de
Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este
14
modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de
intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)
Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo
campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que
a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo
ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas
endemias
Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31
de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o
territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais
entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila
A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da
populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A
resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar
tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e
crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes
dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro
transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo
contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina
Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio
fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado
lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas
dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o
povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de
vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo
Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)
15
ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a
temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura
expondo-se voluntariamente obstinadamente a me
envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um
viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados
receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo
(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)
Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o
que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da
Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou
bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com
pedras paus e pedaccedilos de ferro
O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas
mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute
acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460
deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido
a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento
militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis
Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os
orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na
eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na
reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de
bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de
Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de
isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o
conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a
fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa
16
Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1909
A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes
em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando
a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A
morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo
assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a
precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)
ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia
gerou um consenso sobre a necessidade urgente de
mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram
iguais perante algumas epidemias o que certamente
aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para
as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de
sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose
doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo
do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma
epidemia urbana que ao explicitar de forma
paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente
interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia
sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo
alcancerdquo( HOCHMAN 1993)
A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo
proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro
(CONASS 2007)
Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de
Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede
17
Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no
campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o
de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave
hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)
Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades
de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o
curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro
(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o
curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)
Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram
como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos
trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os
trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada
trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede
E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham
vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus
direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por
direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo
organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)
Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei
Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o
inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e
trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas
Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia
concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees
para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464
segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que
essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos
18
Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de
Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por
categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas
ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica
A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a
chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma
alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo
Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas
propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto
secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao
trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo
e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)
Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em
1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular
o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis
as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim
melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)
O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi
criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)
regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm
1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como
campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce
e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)
Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807
de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e
a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a
unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os
trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os
19
trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de
autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais
tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do
Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001
e JUNIOR 2006)
Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede
puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que
fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais
no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma
colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva
participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares
Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar
ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da
proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III
Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto
Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de
financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de
sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de
caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e
sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual
centrada no INPS
Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o
responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede
ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede
atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia
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sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de
drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO
DA SAUacuteDE 2013)
De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o
governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos
fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que
era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios
serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e
consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico
previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo
militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de
ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de
convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do
paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de
equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema
medico-industrial
ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou
a ser concebido de modo ampliado contemplando as
diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as
redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e
a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de
instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto
histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute
um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo
dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas
tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees
papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio
sistemardquo (VIANNA 2001)
21
Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de
Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o
atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a
toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e
criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo
de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros
subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo
de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento
junto ao INPS
Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como
financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto
Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978
De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil
durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees
bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as
competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da
poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas
ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e
medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio
bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da
Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de
erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento
Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo
da malaacuteria
bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que
estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede
dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades
de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento
reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que
22
a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia
e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975
dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo
havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de
sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede
coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica
hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do
Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao
Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o
desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e
Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e
prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as
accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e
seguranccedila do trabalho
Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios
na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a
manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)
manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com
os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de
sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte
das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados
notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos
primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou
As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo
Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo
Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e
contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores
23
para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo
burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede
Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e
Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute
20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de
pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar
serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de
interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto
Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que
perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua
extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria
contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o
desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado
pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)
Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o
SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o
objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse
sistema
1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de
dinheiro
2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash
INAMPS - assistecircncia medica
3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social
4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do
menor
5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash
DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados
6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e
Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial
7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos
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Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica
continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os
recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial
privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional
como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior
produtor de insumo
Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de
Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar
e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos
recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando
assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados
combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)
No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede
(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se
concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia
e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias
estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS
2007)
Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos
que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a
sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado
de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior
durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se
manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e
financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o
subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos
25
convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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Essenciais ndash RENAME
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outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
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Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
9
Em 1997 com a extinccedilatildeo da CEME houve a necessidade do setor
Sauacutede dispor de uma politica devidamente expressa agrave questatildeo de
medicamentos sendo entatildeo aprovada pelo Ministeacuterio da Sauacutede a Politica
Nacional de Medicamentos em 1998 politica esta parte fundamental da
Politica Nacional e teve como um dos seus propoacutesitos o de garantir a
necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos a promoccedilatildeo do
uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles considerados essenciais
A instituiccedilatildeo CEME jaacute foi considerada como uma politica de Assistecircncia
Farmacecircutica naquela eacutepoca poreacutem somente em 2004 o Conselho Nacional
de Sauacutede aprovou a Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica tratando-
se de um conjunto de accedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da
sauacutede tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como
insumo essencial visando o acesso e seu uso racional por intermeacutedio de accedilotildees
que disciplinem a prescriccedilatildeo a dispensaccedilatildeo e o consumo
Foi em 2007 que o Ministeacuterio da Sauacutede regulamentou o financiamento e
a transferecircncia de recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede passando
a ser alocados em blocos e a Assistecircncia Farmacecircutica estaacute definida no quarto
bloco sendo constituiacuteda por trecircs componentes Baacutesico Estrateacutegico e
Especializado
10
CAPIacuteTULO I
HISTORIA DA POLITICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
A importacircncia agrave atenccedilatildeo a sauacutede no Brasil soacute comeccedilou a ser dada com
a vinda da famiacutelia real em 1808 ateacute esse momento natildeo havia nenhum modelo
de atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo pois Portugal natildeo tinha interesse seus
interesses estavam voltados para a exploraccedilatildeo dos recursos que as novas
terras poderiam trazer para seu enriquecimento
A populaccedilatildeo indiacutegena ateacute a chegada dos colonizadores era na sua
maioria saudaacuteveis Quando adoecidos eram assistidos pelos Pajeacutes que tinham
como recurso a terra dela extraiam plantas e ervas para a obtenccedilatildeo de
remeacutedios Com a chegada dos colonizadores portuguesa vieram as doenccedilas
que assolavam a Europa como a variacuteola e o sarampo
A situaccedilatildeo se agravou ainda mais com a vinda dos escravos a partir de
1559 estes vinham em calabouccedilos dos navios negreiros e traziam doenccedilas
como a filariose e a febre amarela
Em 1549 chegaram ao Brasil os primeiro jesuiacutetas que tinham como
missatildeo difundir a feacute cristatilde catequizar os iacutendios ensinar noccedilotildees de higiene
medicina musica e literatura mas aprenderam com eles sobre a fauna flora e
ateacute o idioma Os jesuiacutetas tiveram uma grande importacircncia na aacuterea da sauacutede
na colocircnia como relatado em vaacuterias documentaccedilotildees e tambeacutem atraveacutes de
obras e cartas falavam sobre a natureza colonial dedicando varias paginas a
descriccedilatildeo de ervas e plantas curativas e assim iniciando os primeiros escritos
sobre a farmacopeia brasileira Alguns Jesuiacutetas vieram de Portugal jaacute
formados nas artes medicas mas a maioria atuou informalmente como fiacutesicos
cirurgiotildees aprendendo na pratica o ofiacutecio (CALAINHO 2005)
11
A atenccedilatildeo agrave sauacutede nos primeiros seacuteculos se limitava aos conhecidos
curandeiros agrave medicina dos jesuiacutetas e tambeacutem aos boticaacuterios que viajavam
pelo Brasil Colocircnia (POLIGNANO 2001)
Como havia poucos profissionais meacutedicos no Brasil Colocircnia e Brasil
Impeacuterio no Rio de Janeiro soacute existiam quatro meacutedicos exercendo a profissatildeo
em 1789 houve a proliferaccedilatildeo pelo paiacutes dos boticaacuterios que seriam hoje os
farmacecircuticos estes tinham a responsabilidade da manipulaccedilatildeo das formulas
prescritas pelos meacutedicos mas os proacuteprios pela carecircncia de meacutedicos tomavam
a iniciativa de indicar ou seja prescrever (POLIGNANO 2001)
Natildeo dispondo de um aprendizado acadecircmico o processo de habilitaccedilatildeo
na funccedilatildeo de boticaacuterio consistia tatildeo somente em acompanhar um serviccedilo de
uma botica jaacute estabelecida durante certo periacuteodo de tempo ao fim do qual
prestavam exame perante a fisicatura que na eacutepoca seria a instituiccedilatildeo
reguladora dos profissionais da aacuterea da sauacutede do Reino e se aprovado o
candidato recebia a ldquocarta de habilitaccedilatildeordquo e estava apto a instalar sua proacutepria
botica (SALLES 1971 apud POLIGNANO 2001))
Nos trecircs primeiros seacuteculos de colonizaccedilatildeo as enfermarias jesuiacutetas e
posteriormente as Santas Casas de Misericoacuterdia eram as uacutenicas formas de
assistecircncia hospitalar de que dispunham a populaccedilatildeo brasileira
Em 1808 foi criada a primeira organizaccedilatildeo nacional de sauacutede publica no
Brasil Em 27 de fevereiro criou-se o cargo de Provedor-Mor de sauacutede que
tinha como uma das atribuiccedilotildees regular as quarentenas que deviam fazer os
navios provenientes de portos estrangeiros em especial os do trafico negreiro
O Alvara de 23 de novembro de 1808 conferiu o regulamento para as
atividades do cirurgiatildeo-mor e do Fiacutesico-mor tendo assim a fiscalizaccedilatildeo
enfatizada (FUNASA 2013)
12
Com a vinda da Corte para o Brasil em 1808 deu-se inicio ao processo
de institucionalizaccedilatildeo da medicina atraveacutes da autorizaccedilatildeo para funcionamento
dos primeiros cursos de formaccedilatildeo meacutedico-ciruacutergica na colocircnia na Bahia o
Coleacutegio Medico-Ciruacutergico no Real Hospital Militar e no Rio de Janeiro a Escola
de Cirurgia do Rio de Janeiro anexa ao Hospital Militar aleacutem da Botica Real
Militar
O decreto de 4 de abril de 1811 sob a inspeccedilatildeo do fiacutesico-mor criou a
Junta da Instituiccedilatildeo Vacinica da Corte que tinha como atribuiccedilatildeo a propagaccedilatildeo
da vacina antivarioacutelica
Apoacutes a independecircncia em 30 de agosto de 1828 foi promulgada a lei
de Municipalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de Sauacutede criando as Juntas Municipais com
as funccedilotildees exercidas anteriormente pelos fiacutesico-mor cirurgiatildeo-mor e seus
delegados Neste mesmo ano foi criado a Inspeccedilatildeo de Sauacutede Publica do Porto
do Rio de Janeiro subordinada ao Senado da Cacircmara (FUNASA 2013)
Em 1846 atraveacutes do decreto nordm 464 de 17 de agosto foi criado o
Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio resultante do regulamento que reformara a Junta
Vaciacutenica da Corte ampliando seu alcance para todo o Impeacuterio
Em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene Publica com a missatildeo
de coordenar as Juntas Municipais e principalmente atuar no combate a febre
amarela nesta foi incorporado o Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio e a Inspeccedilatildeo de
Sauacutede Publica do Porto A Junta Central de Higiene Publica era subordinada
ao Ministeacuterio do Impeacuterio
No ano de 1897 todos os serviccedilos relacionados com a sauacutede passaram
a jurisdiccedilatildeo do Ministeacuterio da Justiccedila e Negoacutecios Interiores compreendidos na
Diretoria Geral da Sauacutede Publica
13
Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com
o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como
diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo
geral do Instituto em 1902
Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve
no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum
modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola
malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a
populaccedilatildeo
Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu
plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo
presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz
meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira
Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e
corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim
conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo
obrigadas a morarem em morros ou periferias
Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo
em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a
febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata
mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades
de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou
revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas
queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum
esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como
Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)
Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de
Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este
14
modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de
intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)
Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo
campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que
a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo
ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas
endemias
Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31
de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o
territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais
entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila
A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da
populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A
resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar
tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e
crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes
dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro
transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo
contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina
Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio
fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado
lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas
dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o
povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de
vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo
Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)
15
ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a
temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura
expondo-se voluntariamente obstinadamente a me
envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um
viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados
receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo
(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)
Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o
que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da
Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou
bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com
pedras paus e pedaccedilos de ferro
O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas
mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute
acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460
deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido
a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento
militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis
Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os
orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na
eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na
reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de
bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de
Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de
isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o
conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a
fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa
16
Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1909
A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes
em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando
a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A
morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo
assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a
precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)
ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia
gerou um consenso sobre a necessidade urgente de
mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram
iguais perante algumas epidemias o que certamente
aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para
as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de
sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose
doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo
do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma
epidemia urbana que ao explicitar de forma
paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente
interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia
sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo
alcancerdquo( HOCHMAN 1993)
A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo
proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro
(CONASS 2007)
Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de
Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede
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Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no
campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o
de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave
hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)
Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades
de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o
curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro
(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o
curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)
Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram
como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos
trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os
trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada
trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede
E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham
vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus
direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por
direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo
organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)
Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei
Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o
inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e
trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas
Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia
concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees
para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464
segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que
essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos
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Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de
Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por
categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas
ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica
A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a
chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma
alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo
Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas
propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto
secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao
trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo
e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)
Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em
1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular
o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis
as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim
melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)
O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi
criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)
regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm
1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como
campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce
e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)
Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807
de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e
a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a
unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os
trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os
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trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de
autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais
tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do
Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001
e JUNIOR 2006)
Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede
puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que
fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais
no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma
colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva
participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares
Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar
ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da
proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III
Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto
Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de
financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de
sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de
caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e
sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual
centrada no INPS
Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o
responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede
ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede
atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia
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sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de
drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO
DA SAUacuteDE 2013)
De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o
governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos
fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que
era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios
serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e
consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico
previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo
militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de
ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de
convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do
paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de
equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema
medico-industrial
ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou
a ser concebido de modo ampliado contemplando as
diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as
redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e
a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de
instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto
histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute
um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo
dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas
tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees
papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio
sistemardquo (VIANNA 2001)
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Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de
Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o
atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a
toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e
criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo
de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros
subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo
de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento
junto ao INPS
Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como
financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto
Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978
De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil
durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees
bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as
competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da
poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas
ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e
medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio
bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da
Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de
erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento
Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo
da malaacuteria
bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que
estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede
dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades
de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento
reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que
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a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia
e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975
dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo
havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de
sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede
coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica
hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do
Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao
Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o
desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e
Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e
prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as
accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e
seguranccedila do trabalho
Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios
na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a
manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)
manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com
os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de
sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte
das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados
notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos
primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou
As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo
Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo
Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e
contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores
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para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo
burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede
Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e
Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute
20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de
pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar
serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de
interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto
Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que
perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua
extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria
contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o
desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado
pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)
Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o
SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o
objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse
sistema
1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de
dinheiro
2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash
INAMPS - assistecircncia medica
3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social
4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do
menor
5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash
DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados
6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e
Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial
7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos
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Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica
continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os
recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial
privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional
como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior
produtor de insumo
Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de
Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar
e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos
recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando
assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados
combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)
No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede
(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se
concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia
e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias
estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS
2007)
Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos
que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a
sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado
de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior
durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se
manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e
financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o
subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos
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convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
10
CAPIacuteTULO I
HISTORIA DA POLITICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
A importacircncia agrave atenccedilatildeo a sauacutede no Brasil soacute comeccedilou a ser dada com
a vinda da famiacutelia real em 1808 ateacute esse momento natildeo havia nenhum modelo
de atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo pois Portugal natildeo tinha interesse seus
interesses estavam voltados para a exploraccedilatildeo dos recursos que as novas
terras poderiam trazer para seu enriquecimento
A populaccedilatildeo indiacutegena ateacute a chegada dos colonizadores era na sua
maioria saudaacuteveis Quando adoecidos eram assistidos pelos Pajeacutes que tinham
como recurso a terra dela extraiam plantas e ervas para a obtenccedilatildeo de
remeacutedios Com a chegada dos colonizadores portuguesa vieram as doenccedilas
que assolavam a Europa como a variacuteola e o sarampo
A situaccedilatildeo se agravou ainda mais com a vinda dos escravos a partir de
1559 estes vinham em calabouccedilos dos navios negreiros e traziam doenccedilas
como a filariose e a febre amarela
Em 1549 chegaram ao Brasil os primeiro jesuiacutetas que tinham como
missatildeo difundir a feacute cristatilde catequizar os iacutendios ensinar noccedilotildees de higiene
medicina musica e literatura mas aprenderam com eles sobre a fauna flora e
ateacute o idioma Os jesuiacutetas tiveram uma grande importacircncia na aacuterea da sauacutede
na colocircnia como relatado em vaacuterias documentaccedilotildees e tambeacutem atraveacutes de
obras e cartas falavam sobre a natureza colonial dedicando varias paginas a
descriccedilatildeo de ervas e plantas curativas e assim iniciando os primeiros escritos
sobre a farmacopeia brasileira Alguns Jesuiacutetas vieram de Portugal jaacute
formados nas artes medicas mas a maioria atuou informalmente como fiacutesicos
cirurgiotildees aprendendo na pratica o ofiacutecio (CALAINHO 2005)
11
A atenccedilatildeo agrave sauacutede nos primeiros seacuteculos se limitava aos conhecidos
curandeiros agrave medicina dos jesuiacutetas e tambeacutem aos boticaacuterios que viajavam
pelo Brasil Colocircnia (POLIGNANO 2001)
Como havia poucos profissionais meacutedicos no Brasil Colocircnia e Brasil
Impeacuterio no Rio de Janeiro soacute existiam quatro meacutedicos exercendo a profissatildeo
em 1789 houve a proliferaccedilatildeo pelo paiacutes dos boticaacuterios que seriam hoje os
farmacecircuticos estes tinham a responsabilidade da manipulaccedilatildeo das formulas
prescritas pelos meacutedicos mas os proacuteprios pela carecircncia de meacutedicos tomavam
a iniciativa de indicar ou seja prescrever (POLIGNANO 2001)
Natildeo dispondo de um aprendizado acadecircmico o processo de habilitaccedilatildeo
na funccedilatildeo de boticaacuterio consistia tatildeo somente em acompanhar um serviccedilo de
uma botica jaacute estabelecida durante certo periacuteodo de tempo ao fim do qual
prestavam exame perante a fisicatura que na eacutepoca seria a instituiccedilatildeo
reguladora dos profissionais da aacuterea da sauacutede do Reino e se aprovado o
candidato recebia a ldquocarta de habilitaccedilatildeordquo e estava apto a instalar sua proacutepria
botica (SALLES 1971 apud POLIGNANO 2001))
Nos trecircs primeiros seacuteculos de colonizaccedilatildeo as enfermarias jesuiacutetas e
posteriormente as Santas Casas de Misericoacuterdia eram as uacutenicas formas de
assistecircncia hospitalar de que dispunham a populaccedilatildeo brasileira
Em 1808 foi criada a primeira organizaccedilatildeo nacional de sauacutede publica no
Brasil Em 27 de fevereiro criou-se o cargo de Provedor-Mor de sauacutede que
tinha como uma das atribuiccedilotildees regular as quarentenas que deviam fazer os
navios provenientes de portos estrangeiros em especial os do trafico negreiro
O Alvara de 23 de novembro de 1808 conferiu o regulamento para as
atividades do cirurgiatildeo-mor e do Fiacutesico-mor tendo assim a fiscalizaccedilatildeo
enfatizada (FUNASA 2013)
12
Com a vinda da Corte para o Brasil em 1808 deu-se inicio ao processo
de institucionalizaccedilatildeo da medicina atraveacutes da autorizaccedilatildeo para funcionamento
dos primeiros cursos de formaccedilatildeo meacutedico-ciruacutergica na colocircnia na Bahia o
Coleacutegio Medico-Ciruacutergico no Real Hospital Militar e no Rio de Janeiro a Escola
de Cirurgia do Rio de Janeiro anexa ao Hospital Militar aleacutem da Botica Real
Militar
O decreto de 4 de abril de 1811 sob a inspeccedilatildeo do fiacutesico-mor criou a
Junta da Instituiccedilatildeo Vacinica da Corte que tinha como atribuiccedilatildeo a propagaccedilatildeo
da vacina antivarioacutelica
Apoacutes a independecircncia em 30 de agosto de 1828 foi promulgada a lei
de Municipalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de Sauacutede criando as Juntas Municipais com
as funccedilotildees exercidas anteriormente pelos fiacutesico-mor cirurgiatildeo-mor e seus
delegados Neste mesmo ano foi criado a Inspeccedilatildeo de Sauacutede Publica do Porto
do Rio de Janeiro subordinada ao Senado da Cacircmara (FUNASA 2013)
Em 1846 atraveacutes do decreto nordm 464 de 17 de agosto foi criado o
Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio resultante do regulamento que reformara a Junta
Vaciacutenica da Corte ampliando seu alcance para todo o Impeacuterio
Em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene Publica com a missatildeo
de coordenar as Juntas Municipais e principalmente atuar no combate a febre
amarela nesta foi incorporado o Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio e a Inspeccedilatildeo de
Sauacutede Publica do Porto A Junta Central de Higiene Publica era subordinada
ao Ministeacuterio do Impeacuterio
No ano de 1897 todos os serviccedilos relacionados com a sauacutede passaram
a jurisdiccedilatildeo do Ministeacuterio da Justiccedila e Negoacutecios Interiores compreendidos na
Diretoria Geral da Sauacutede Publica
13
Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com
o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como
diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo
geral do Instituto em 1902
Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve
no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum
modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola
malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a
populaccedilatildeo
Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu
plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo
presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz
meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira
Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e
corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim
conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo
obrigadas a morarem em morros ou periferias
Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo
em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a
febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata
mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades
de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou
revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas
queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum
esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como
Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)
Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de
Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este
14
modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de
intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)
Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo
campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que
a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo
ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas
endemias
Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31
de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o
territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais
entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila
A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da
populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A
resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar
tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e
crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes
dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro
transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo
contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina
Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio
fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado
lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas
dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o
povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de
vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo
Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)
15
ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a
temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura
expondo-se voluntariamente obstinadamente a me
envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um
viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados
receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo
(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)
Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o
que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da
Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou
bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com
pedras paus e pedaccedilos de ferro
O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas
mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute
acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460
deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido
a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento
militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis
Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os
orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na
eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na
reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de
bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de
Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de
isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o
conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a
fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa
16
Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1909
A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes
em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando
a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A
morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo
assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a
precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)
ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia
gerou um consenso sobre a necessidade urgente de
mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram
iguais perante algumas epidemias o que certamente
aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para
as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de
sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose
doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo
do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma
epidemia urbana que ao explicitar de forma
paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente
interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia
sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo
alcancerdquo( HOCHMAN 1993)
A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo
proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro
(CONASS 2007)
Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de
Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede
17
Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no
campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o
de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave
hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)
Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades
de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o
curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro
(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o
curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)
Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram
como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos
trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os
trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada
trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede
E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham
vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus
direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por
direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo
organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)
Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei
Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o
inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e
trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas
Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia
concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees
para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464
segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que
essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos
18
Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de
Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por
categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas
ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica
A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a
chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma
alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo
Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas
propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto
secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao
trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo
e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)
Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em
1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular
o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis
as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim
melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)
O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi
criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)
regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm
1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como
campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce
e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)
Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807
de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e
a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a
unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os
trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os
19
trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de
autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais
tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do
Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001
e JUNIOR 2006)
Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede
puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que
fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais
no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma
colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva
participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares
Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar
ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da
proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III
Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto
Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de
financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de
sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de
caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e
sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual
centrada no INPS
Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o
responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede
ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede
atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia
20
sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de
drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO
DA SAUacuteDE 2013)
De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o
governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos
fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que
era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios
serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e
consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico
previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo
militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de
ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de
convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do
paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de
equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema
medico-industrial
ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou
a ser concebido de modo ampliado contemplando as
diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as
redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e
a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de
instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto
histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute
um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo
dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas
tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees
papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio
sistemardquo (VIANNA 2001)
21
Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de
Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o
atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a
toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e
criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo
de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros
subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo
de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento
junto ao INPS
Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como
financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto
Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978
De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil
durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees
bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as
competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da
poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas
ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e
medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio
bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da
Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de
erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento
Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo
da malaacuteria
bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que
estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede
dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades
de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento
reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que
22
a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia
e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975
dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo
havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de
sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede
coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica
hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do
Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao
Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o
desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e
Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e
prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as
accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e
seguranccedila do trabalho
Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios
na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a
manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)
manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com
os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de
sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte
das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados
notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos
primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou
As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo
Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo
Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e
contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores
23
para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo
burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede
Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e
Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute
20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de
pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar
serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de
interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto
Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que
perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua
extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria
contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o
desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado
pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)
Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o
SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o
objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse
sistema
1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de
dinheiro
2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash
INAMPS - assistecircncia medica
3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social
4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do
menor
5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash
DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados
6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e
Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial
7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos
24
Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica
continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os
recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial
privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional
como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior
produtor de insumo
Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de
Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar
e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos
recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando
assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados
combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)
No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede
(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se
concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia
e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias
estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS
2007)
Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos
que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a
sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado
de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior
durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se
manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e
financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o
subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos
25
convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
11
A atenccedilatildeo agrave sauacutede nos primeiros seacuteculos se limitava aos conhecidos
curandeiros agrave medicina dos jesuiacutetas e tambeacutem aos boticaacuterios que viajavam
pelo Brasil Colocircnia (POLIGNANO 2001)
Como havia poucos profissionais meacutedicos no Brasil Colocircnia e Brasil
Impeacuterio no Rio de Janeiro soacute existiam quatro meacutedicos exercendo a profissatildeo
em 1789 houve a proliferaccedilatildeo pelo paiacutes dos boticaacuterios que seriam hoje os
farmacecircuticos estes tinham a responsabilidade da manipulaccedilatildeo das formulas
prescritas pelos meacutedicos mas os proacuteprios pela carecircncia de meacutedicos tomavam
a iniciativa de indicar ou seja prescrever (POLIGNANO 2001)
Natildeo dispondo de um aprendizado acadecircmico o processo de habilitaccedilatildeo
na funccedilatildeo de boticaacuterio consistia tatildeo somente em acompanhar um serviccedilo de
uma botica jaacute estabelecida durante certo periacuteodo de tempo ao fim do qual
prestavam exame perante a fisicatura que na eacutepoca seria a instituiccedilatildeo
reguladora dos profissionais da aacuterea da sauacutede do Reino e se aprovado o
candidato recebia a ldquocarta de habilitaccedilatildeordquo e estava apto a instalar sua proacutepria
botica (SALLES 1971 apud POLIGNANO 2001))
Nos trecircs primeiros seacuteculos de colonizaccedilatildeo as enfermarias jesuiacutetas e
posteriormente as Santas Casas de Misericoacuterdia eram as uacutenicas formas de
assistecircncia hospitalar de que dispunham a populaccedilatildeo brasileira
Em 1808 foi criada a primeira organizaccedilatildeo nacional de sauacutede publica no
Brasil Em 27 de fevereiro criou-se o cargo de Provedor-Mor de sauacutede que
tinha como uma das atribuiccedilotildees regular as quarentenas que deviam fazer os
navios provenientes de portos estrangeiros em especial os do trafico negreiro
O Alvara de 23 de novembro de 1808 conferiu o regulamento para as
atividades do cirurgiatildeo-mor e do Fiacutesico-mor tendo assim a fiscalizaccedilatildeo
enfatizada (FUNASA 2013)
12
Com a vinda da Corte para o Brasil em 1808 deu-se inicio ao processo
de institucionalizaccedilatildeo da medicina atraveacutes da autorizaccedilatildeo para funcionamento
dos primeiros cursos de formaccedilatildeo meacutedico-ciruacutergica na colocircnia na Bahia o
Coleacutegio Medico-Ciruacutergico no Real Hospital Militar e no Rio de Janeiro a Escola
de Cirurgia do Rio de Janeiro anexa ao Hospital Militar aleacutem da Botica Real
Militar
O decreto de 4 de abril de 1811 sob a inspeccedilatildeo do fiacutesico-mor criou a
Junta da Instituiccedilatildeo Vacinica da Corte que tinha como atribuiccedilatildeo a propagaccedilatildeo
da vacina antivarioacutelica
Apoacutes a independecircncia em 30 de agosto de 1828 foi promulgada a lei
de Municipalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de Sauacutede criando as Juntas Municipais com
as funccedilotildees exercidas anteriormente pelos fiacutesico-mor cirurgiatildeo-mor e seus
delegados Neste mesmo ano foi criado a Inspeccedilatildeo de Sauacutede Publica do Porto
do Rio de Janeiro subordinada ao Senado da Cacircmara (FUNASA 2013)
Em 1846 atraveacutes do decreto nordm 464 de 17 de agosto foi criado o
Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio resultante do regulamento que reformara a Junta
Vaciacutenica da Corte ampliando seu alcance para todo o Impeacuterio
Em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene Publica com a missatildeo
de coordenar as Juntas Municipais e principalmente atuar no combate a febre
amarela nesta foi incorporado o Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio e a Inspeccedilatildeo de
Sauacutede Publica do Porto A Junta Central de Higiene Publica era subordinada
ao Ministeacuterio do Impeacuterio
No ano de 1897 todos os serviccedilos relacionados com a sauacutede passaram
a jurisdiccedilatildeo do Ministeacuterio da Justiccedila e Negoacutecios Interiores compreendidos na
Diretoria Geral da Sauacutede Publica
13
Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com
o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como
diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo
geral do Instituto em 1902
Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve
no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum
modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola
malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a
populaccedilatildeo
Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu
plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo
presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz
meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira
Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e
corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim
conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo
obrigadas a morarem em morros ou periferias
Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo
em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a
febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata
mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades
de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou
revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas
queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum
esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como
Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)
Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de
Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este
14
modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de
intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)
Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo
campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que
a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo
ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas
endemias
Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31
de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o
territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais
entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila
A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da
populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A
resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar
tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e
crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes
dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro
transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo
contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina
Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio
fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado
lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas
dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o
povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de
vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo
Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)
15
ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a
temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura
expondo-se voluntariamente obstinadamente a me
envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um
viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados
receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo
(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)
Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o
que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da
Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou
bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com
pedras paus e pedaccedilos de ferro
O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas
mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute
acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460
deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido
a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento
militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis
Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os
orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na
eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na
reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de
bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de
Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de
isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o
conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a
fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa
16
Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1909
A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes
em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando
a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A
morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo
assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a
precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)
ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia
gerou um consenso sobre a necessidade urgente de
mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram
iguais perante algumas epidemias o que certamente
aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para
as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de
sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose
doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo
do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma
epidemia urbana que ao explicitar de forma
paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente
interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia
sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo
alcancerdquo( HOCHMAN 1993)
A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo
proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro
(CONASS 2007)
Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de
Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede
17
Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no
campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o
de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave
hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)
Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades
de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o
curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro
(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o
curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)
Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram
como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos
trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os
trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada
trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede
E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham
vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus
direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por
direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo
organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)
Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei
Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o
inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e
trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas
Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia
concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees
para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464
segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que
essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos
18
Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de
Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por
categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas
ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica
A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a
chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma
alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo
Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas
propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto
secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao
trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo
e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)
Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em
1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular
o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis
as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim
melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)
O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi
criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)
regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm
1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como
campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce
e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)
Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807
de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e
a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a
unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os
trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os
19
trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de
autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais
tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do
Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001
e JUNIOR 2006)
Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede
puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que
fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais
no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma
colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva
participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares
Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar
ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da
proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III
Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto
Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de
financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de
sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de
caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e
sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual
centrada no INPS
Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o
responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede
ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede
atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia
20
sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de
drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO
DA SAUacuteDE 2013)
De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o
governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos
fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que
era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios
serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e
consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico
previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo
militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de
ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de
convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do
paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de
equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema
medico-industrial
ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou
a ser concebido de modo ampliado contemplando as
diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as
redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e
a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de
instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto
histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute
um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo
dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas
tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees
papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio
sistemardquo (VIANNA 2001)
21
Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de
Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o
atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a
toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e
criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo
de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros
subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo
de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento
junto ao INPS
Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como
financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto
Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978
De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil
durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees
bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as
competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da
poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas
ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e
medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio
bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da
Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de
erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento
Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo
da malaacuteria
bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que
estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede
dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades
de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento
reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que
22
a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia
e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975
dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo
havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de
sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede
coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica
hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do
Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao
Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o
desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e
Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e
prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as
accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e
seguranccedila do trabalho
Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios
na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a
manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)
manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com
os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de
sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte
das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados
notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos
primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou
As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo
Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo
Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e
contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores
23
para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo
burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede
Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e
Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute
20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de
pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar
serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de
interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto
Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que
perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua
extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria
contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o
desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado
pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)
Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o
SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o
objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse
sistema
1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de
dinheiro
2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash
INAMPS - assistecircncia medica
3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social
4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do
menor
5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash
DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados
6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e
Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial
7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos
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Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica
continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os
recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial
privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional
como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior
produtor de insumo
Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de
Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar
e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos
recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando
assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados
combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)
No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede
(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se
concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia
e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias
estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS
2007)
Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos
que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a
sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado
de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior
durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se
manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e
financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o
subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos
25
convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
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Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
12
Com a vinda da Corte para o Brasil em 1808 deu-se inicio ao processo
de institucionalizaccedilatildeo da medicina atraveacutes da autorizaccedilatildeo para funcionamento
dos primeiros cursos de formaccedilatildeo meacutedico-ciruacutergica na colocircnia na Bahia o
Coleacutegio Medico-Ciruacutergico no Real Hospital Militar e no Rio de Janeiro a Escola
de Cirurgia do Rio de Janeiro anexa ao Hospital Militar aleacutem da Botica Real
Militar
O decreto de 4 de abril de 1811 sob a inspeccedilatildeo do fiacutesico-mor criou a
Junta da Instituiccedilatildeo Vacinica da Corte que tinha como atribuiccedilatildeo a propagaccedilatildeo
da vacina antivarioacutelica
Apoacutes a independecircncia em 30 de agosto de 1828 foi promulgada a lei
de Municipalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de Sauacutede criando as Juntas Municipais com
as funccedilotildees exercidas anteriormente pelos fiacutesico-mor cirurgiatildeo-mor e seus
delegados Neste mesmo ano foi criado a Inspeccedilatildeo de Sauacutede Publica do Porto
do Rio de Janeiro subordinada ao Senado da Cacircmara (FUNASA 2013)
Em 1846 atraveacutes do decreto nordm 464 de 17 de agosto foi criado o
Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio resultante do regulamento que reformara a Junta
Vaciacutenica da Corte ampliando seu alcance para todo o Impeacuterio
Em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene Publica com a missatildeo
de coordenar as Juntas Municipais e principalmente atuar no combate a febre
amarela nesta foi incorporado o Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio e a Inspeccedilatildeo de
Sauacutede Publica do Porto A Junta Central de Higiene Publica era subordinada
ao Ministeacuterio do Impeacuterio
No ano de 1897 todos os serviccedilos relacionados com a sauacutede passaram
a jurisdiccedilatildeo do Ministeacuterio da Justiccedila e Negoacutecios Interiores compreendidos na
Diretoria Geral da Sauacutede Publica
13
Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com
o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como
diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo
geral do Instituto em 1902
Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve
no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum
modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola
malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a
populaccedilatildeo
Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu
plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo
presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz
meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira
Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e
corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim
conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo
obrigadas a morarem em morros ou periferias
Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo
em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a
febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata
mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades
de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou
revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas
queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum
esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como
Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)
Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de
Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este
14
modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de
intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)
Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo
campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que
a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo
ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas
endemias
Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31
de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o
territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais
entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila
A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da
populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A
resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar
tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e
crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes
dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro
transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo
contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina
Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio
fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado
lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas
dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o
povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de
vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo
Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)
15
ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a
temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura
expondo-se voluntariamente obstinadamente a me
envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um
viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados
receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo
(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)
Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o
que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da
Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou
bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com
pedras paus e pedaccedilos de ferro
O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas
mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute
acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460
deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido
a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento
militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis
Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os
orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na
eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na
reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de
bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de
Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de
isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o
conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a
fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa
16
Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1909
A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes
em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando
a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A
morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo
assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a
precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)
ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia
gerou um consenso sobre a necessidade urgente de
mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram
iguais perante algumas epidemias o que certamente
aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para
as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de
sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose
doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo
do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma
epidemia urbana que ao explicitar de forma
paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente
interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia
sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo
alcancerdquo( HOCHMAN 1993)
A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo
proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro
(CONASS 2007)
Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de
Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede
17
Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no
campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o
de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave
hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)
Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades
de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o
curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro
(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o
curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)
Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram
como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos
trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os
trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada
trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede
E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham
vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus
direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por
direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo
organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)
Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei
Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o
inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e
trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas
Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia
concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees
para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464
segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que
essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos
18
Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de
Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por
categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas
ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica
A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a
chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma
alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo
Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas
propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto
secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao
trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo
e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)
Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em
1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular
o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis
as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim
melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)
O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi
criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)
regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm
1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como
campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce
e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)
Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807
de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e
a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a
unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os
trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os
19
trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de
autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais
tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do
Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001
e JUNIOR 2006)
Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede
puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que
fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais
no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma
colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva
participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares
Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar
ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da
proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III
Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto
Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de
financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de
sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de
caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e
sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual
centrada no INPS
Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o
responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede
ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede
atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia
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sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de
drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO
DA SAUacuteDE 2013)
De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o
governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos
fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que
era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios
serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e
consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico
previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo
militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de
ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de
convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do
paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de
equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema
medico-industrial
ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou
a ser concebido de modo ampliado contemplando as
diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as
redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e
a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de
instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto
histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute
um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo
dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas
tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees
papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio
sistemardquo (VIANNA 2001)
21
Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de
Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o
atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a
toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e
criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo
de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros
subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo
de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento
junto ao INPS
Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como
financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto
Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978
De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil
durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees
bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as
competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da
poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas
ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e
medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio
bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da
Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de
erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento
Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo
da malaacuteria
bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que
estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede
dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades
de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento
reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que
22
a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia
e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975
dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo
havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de
sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede
coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica
hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do
Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao
Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o
desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e
Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e
prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as
accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e
seguranccedila do trabalho
Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios
na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a
manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)
manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com
os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de
sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte
das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados
notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos
primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou
As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo
Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo
Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e
contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores
23
para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo
burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede
Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e
Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute
20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de
pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar
serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de
interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto
Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que
perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua
extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria
contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o
desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado
pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)
Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o
SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o
objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse
sistema
1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de
dinheiro
2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash
INAMPS - assistecircncia medica
3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social
4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do
menor
5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash
DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados
6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e
Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial
7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos
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Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica
continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os
recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial
privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional
como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior
produtor de insumo
Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de
Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar
e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos
recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando
assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados
combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)
No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede
(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se
concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia
e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias
estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS
2007)
Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos
que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a
sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado
de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior
durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se
manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e
financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o
subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos
25
convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
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procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
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Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
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Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
13
Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com
o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como
diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo
geral do Instituto em 1902
Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve
no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum
modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola
malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a
populaccedilatildeo
Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu
plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo
presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz
meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira
Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e
corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim
conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo
obrigadas a morarem em morros ou periferias
Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo
em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a
febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata
mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades
de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou
revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas
queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum
esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como
Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)
Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de
Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este
14
modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de
intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)
Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo
campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que
a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo
ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas
endemias
Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31
de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o
territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais
entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila
A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da
populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A
resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar
tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e
crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes
dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro
transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo
contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina
Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio
fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado
lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas
dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o
povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de
vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo
Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)
15
ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a
temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura
expondo-se voluntariamente obstinadamente a me
envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um
viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados
receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo
(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)
Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o
que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da
Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou
bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com
pedras paus e pedaccedilos de ferro
O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas
mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute
acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460
deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido
a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento
militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis
Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os
orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na
eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na
reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de
bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de
Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de
isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o
conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a
fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa
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Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1909
A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes
em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando
a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A
morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo
assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a
precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)
ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia
gerou um consenso sobre a necessidade urgente de
mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram
iguais perante algumas epidemias o que certamente
aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para
as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de
sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose
doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo
do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma
epidemia urbana que ao explicitar de forma
paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente
interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia
sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo
alcancerdquo( HOCHMAN 1993)
A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo
proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro
(CONASS 2007)
Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de
Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede
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Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no
campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o
de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave
hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)
Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades
de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o
curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro
(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o
curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)
Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram
como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos
trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os
trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada
trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede
E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham
vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus
direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por
direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo
organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)
Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei
Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o
inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e
trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas
Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia
concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees
para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464
segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que
essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos
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Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de
Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por
categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas
ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica
A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a
chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma
alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo
Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas
propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto
secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao
trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo
e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)
Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em
1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular
o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis
as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim
melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)
O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi
criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)
regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm
1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como
campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce
e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)
Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807
de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e
a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a
unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os
trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os
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trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de
autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais
tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do
Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001
e JUNIOR 2006)
Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede
puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que
fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais
no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma
colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva
participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares
Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar
ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da
proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III
Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto
Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de
financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de
sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de
caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e
sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual
centrada no INPS
Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o
responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede
ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede
atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia
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sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de
drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO
DA SAUacuteDE 2013)
De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o
governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos
fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que
era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios
serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e
consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico
previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo
militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de
ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de
convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do
paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de
equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema
medico-industrial
ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou
a ser concebido de modo ampliado contemplando as
diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as
redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e
a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de
instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto
histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute
um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo
dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas
tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees
papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio
sistemardquo (VIANNA 2001)
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Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de
Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o
atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a
toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e
criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo
de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros
subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo
de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento
junto ao INPS
Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como
financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto
Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978
De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil
durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees
bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as
competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da
poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas
ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e
medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio
bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da
Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de
erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento
Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo
da malaacuteria
bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que
estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede
dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades
de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento
reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que
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a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia
e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975
dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo
havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de
sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede
coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica
hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do
Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao
Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o
desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e
Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e
prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as
accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e
seguranccedila do trabalho
Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios
na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a
manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)
manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com
os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de
sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte
das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados
notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos
primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou
As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo
Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo
Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e
contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores
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para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo
burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede
Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e
Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute
20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de
pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar
serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de
interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto
Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que
perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua
extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria
contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o
desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado
pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)
Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o
SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o
objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse
sistema
1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de
dinheiro
2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash
INAMPS - assistecircncia medica
3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social
4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do
menor
5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash
DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados
6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e
Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial
7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos
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Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica
continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os
recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial
privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional
como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior
produtor de insumo
Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de
Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar
e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos
recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando
assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados
combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)
No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede
(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se
concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia
e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias
estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS
2007)
Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos
que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a
sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado
de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior
durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se
manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e
financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o
subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos
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convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
14
modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de
intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)
Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo
campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que
a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo
ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas
endemias
Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31
de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o
territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais
entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila
A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da
populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A
resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar
tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e
crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes
dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro
transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo
contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina
Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio
fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado
lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas
dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o
povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de
vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo
Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)
15
ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a
temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura
expondo-se voluntariamente obstinadamente a me
envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um
viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados
receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo
(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)
Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o
que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da
Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou
bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com
pedras paus e pedaccedilos de ferro
O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas
mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute
acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460
deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido
a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento
militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis
Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os
orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na
eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na
reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de
bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de
Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de
isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o
conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a
fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa
16
Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1909
A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes
em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando
a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A
morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo
assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a
precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)
ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia
gerou um consenso sobre a necessidade urgente de
mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram
iguais perante algumas epidemias o que certamente
aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para
as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de
sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose
doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo
do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma
epidemia urbana que ao explicitar de forma
paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente
interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia
sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo
alcancerdquo( HOCHMAN 1993)
A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo
proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro
(CONASS 2007)
Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de
Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede
17
Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no
campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o
de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave
hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)
Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades
de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o
curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro
(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o
curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)
Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram
como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos
trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os
trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada
trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede
E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham
vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus
direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por
direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo
organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)
Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei
Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o
inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e
trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas
Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia
concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees
para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464
segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que
essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos
18
Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de
Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por
categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas
ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica
A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a
chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma
alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo
Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas
propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto
secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao
trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo
e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)
Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em
1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular
o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis
as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim
melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)
O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi
criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)
regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm
1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como
campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce
e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)
Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807
de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e
a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a
unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os
trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os
19
trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de
autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais
tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do
Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001
e JUNIOR 2006)
Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede
puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que
fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais
no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma
colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva
participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares
Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar
ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da
proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III
Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto
Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de
financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de
sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de
caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e
sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual
centrada no INPS
Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o
responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede
ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede
atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia
20
sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de
drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO
DA SAUacuteDE 2013)
De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o
governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos
fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que
era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios
serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e
consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico
previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo
militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de
ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de
convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do
paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de
equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema
medico-industrial
ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou
a ser concebido de modo ampliado contemplando as
diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as
redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e
a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de
instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto
histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute
um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo
dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas
tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees
papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio
sistemardquo (VIANNA 2001)
21
Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de
Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o
atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a
toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e
criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo
de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros
subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo
de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento
junto ao INPS
Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como
financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto
Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978
De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil
durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees
bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as
competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da
poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas
ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e
medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio
bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da
Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de
erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento
Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo
da malaacuteria
bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que
estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede
dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades
de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento
reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que
22
a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia
e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975
dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo
havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de
sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede
coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica
hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do
Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao
Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o
desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e
Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e
prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as
accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e
seguranccedila do trabalho
Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios
na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a
manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)
manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com
os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de
sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte
das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados
notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos
primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou
As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo
Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo
Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e
contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores
23
para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo
burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede
Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e
Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute
20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de
pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar
serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de
interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto
Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que
perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua
extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria
contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o
desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado
pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)
Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o
SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o
objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse
sistema
1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de
dinheiro
2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash
INAMPS - assistecircncia medica
3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social
4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do
menor
5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash
DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados
6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e
Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial
7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos
24
Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica
continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os
recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial
privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional
como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior
produtor de insumo
Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de
Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar
e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos
recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando
assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados
combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)
No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede
(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se
concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia
e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias
estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS
2007)
Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos
que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a
sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado
de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior
durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se
manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e
financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o
subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos
25
convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
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procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
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Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
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Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
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Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
15
ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a
temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura
expondo-se voluntariamente obstinadamente a me
envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um
viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados
receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo
(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)
Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o
que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da
Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou
bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com
pedras paus e pedaccedilos de ferro
O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas
mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute
acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460
deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido
a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento
militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis
Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os
orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na
eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na
reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de
bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de
Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de
isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o
conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a
fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa
16
Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1909
A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes
em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando
a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A
morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo
assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a
precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)
ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia
gerou um consenso sobre a necessidade urgente de
mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram
iguais perante algumas epidemias o que certamente
aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para
as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de
sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose
doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo
do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma
epidemia urbana que ao explicitar de forma
paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente
interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia
sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo
alcancerdquo( HOCHMAN 1993)
A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo
proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro
(CONASS 2007)
Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de
Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede
17
Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no
campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o
de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave
hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)
Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades
de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o
curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro
(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o
curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)
Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram
como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos
trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os
trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada
trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede
E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham
vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus
direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por
direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo
organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)
Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei
Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o
inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e
trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas
Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia
concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees
para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464
segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que
essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos
18
Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de
Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por
categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas
ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica
A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a
chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma
alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo
Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas
propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto
secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao
trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo
e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)
Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em
1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular
o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis
as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim
melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)
O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi
criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)
regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm
1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como
campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce
e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)
Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807
de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e
a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a
unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os
trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os
19
trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de
autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais
tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do
Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001
e JUNIOR 2006)
Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede
puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que
fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais
no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma
colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva
participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares
Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar
ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da
proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III
Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto
Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de
financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de
sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de
caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e
sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual
centrada no INPS
Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o
responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede
ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede
atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia
20
sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de
drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO
DA SAUacuteDE 2013)
De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o
governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos
fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que
era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios
serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e
consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico
previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo
militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de
ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de
convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do
paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de
equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema
medico-industrial
ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou
a ser concebido de modo ampliado contemplando as
diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as
redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e
a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de
instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto
histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute
um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo
dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas
tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees
papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio
sistemardquo (VIANNA 2001)
21
Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de
Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o
atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a
toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e
criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo
de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros
subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo
de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento
junto ao INPS
Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como
financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto
Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978
De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil
durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees
bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as
competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da
poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas
ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e
medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio
bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da
Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de
erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento
Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo
da malaacuteria
bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que
estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede
dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades
de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento
reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que
22
a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia
e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975
dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo
havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de
sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede
coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica
hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do
Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao
Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o
desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e
Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e
prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as
accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e
seguranccedila do trabalho
Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios
na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a
manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)
manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com
os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de
sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte
das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados
notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos
primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou
As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo
Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo
Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e
contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores
23
para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo
burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede
Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e
Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute
20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de
pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar
serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de
interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto
Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que
perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua
extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria
contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o
desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado
pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)
Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o
SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o
objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse
sistema
1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de
dinheiro
2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash
INAMPS - assistecircncia medica
3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social
4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do
menor
5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash
DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados
6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e
Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial
7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos
24
Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica
continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os
recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial
privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional
como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior
produtor de insumo
Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de
Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar
e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos
recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando
assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados
combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)
No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede
(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se
concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia
e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias
estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS
2007)
Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos
que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a
sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado
de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior
durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se
manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e
financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o
subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos
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convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de
outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
16
Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1909
A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes
em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando
a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A
morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo
assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a
precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)
ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia
gerou um consenso sobre a necessidade urgente de
mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram
iguais perante algumas epidemias o que certamente
aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para
as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de
sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose
doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo
do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma
epidemia urbana que ao explicitar de forma
paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente
interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia
sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo
alcancerdquo( HOCHMAN 1993)
A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo
proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro
(CONASS 2007)
Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em
1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de
Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede
17
Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no
campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o
de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave
hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)
Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades
de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o
curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro
(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o
curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)
Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram
como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos
trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os
trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada
trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede
E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham
vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus
direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por
direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo
organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)
Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei
Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o
inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e
trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas
Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia
concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees
para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464
segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que
essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos
18
Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de
Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por
categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas
ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica
A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a
chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma
alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo
Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas
propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto
secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao
trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo
e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)
Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em
1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular
o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis
as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim
melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)
O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi
criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)
regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm
1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como
campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce
e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)
Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807
de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e
a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a
unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os
trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os
19
trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de
autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais
tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do
Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001
e JUNIOR 2006)
Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede
puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que
fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais
no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma
colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva
participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares
Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar
ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da
proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III
Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto
Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de
financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de
sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de
caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e
sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual
centrada no INPS
Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o
responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede
ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede
atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia
20
sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de
drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO
DA SAUacuteDE 2013)
De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o
governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos
fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que
era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios
serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e
consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico
previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo
militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de
ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de
convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do
paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de
equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema
medico-industrial
ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou
a ser concebido de modo ampliado contemplando as
diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as
redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e
a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de
instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto
histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute
um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo
dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas
tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees
papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio
sistemardquo (VIANNA 2001)
21
Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de
Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o
atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a
toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e
criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo
de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros
subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo
de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento
junto ao INPS
Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como
financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto
Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978
De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil
durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees
bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as
competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da
poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas
ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e
medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio
bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da
Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de
erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento
Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo
da malaacuteria
bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que
estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede
dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades
de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento
reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que
22
a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia
e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975
dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo
havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de
sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede
coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica
hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do
Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao
Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o
desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e
Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e
prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as
accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e
seguranccedila do trabalho
Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios
na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a
manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)
manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com
os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de
sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte
das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados
notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos
primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou
As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo
Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo
Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e
contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores
23
para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo
burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede
Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e
Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute
20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de
pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar
serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de
interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto
Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que
perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua
extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria
contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o
desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado
pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)
Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o
SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o
objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse
sistema
1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de
dinheiro
2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash
INAMPS - assistecircncia medica
3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social
4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do
menor
5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash
DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados
6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e
Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial
7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos
24
Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica
continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os
recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial
privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional
como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior
produtor de insumo
Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de
Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar
e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos
recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando
assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados
combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)
No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede
(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se
concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia
e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias
estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS
2007)
Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos
que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a
sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado
de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior
durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se
manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e
financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o
subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos
25
convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
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Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
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pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
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SEVCENKO N A Revolta da Vacina mentes insanas em corpos rebeldes
Satildeo Paulo Brasiliense 1984
SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o
processo de divisatildeo de responsabilidades entre as esferas de governo IMS
UERJ Disponiacutevel em
56
lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesmonografia_construindo_suspdfgt
Acesso em 20 abr 2014
SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia
Min Da Sauacutede 2002
VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-
industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro
12(2)375-390 2002
57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
17
Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no
campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o
de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave
hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)
Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades
de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o
curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro
(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o
curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)
Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram
como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos
trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os
trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada
trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede
E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham
vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus
direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por
direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo
organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)
Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei
Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o
inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e
trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas
Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia
concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees
para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464
segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que
essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos
18
Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de
Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por
categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas
ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica
A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a
chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma
alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo
Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas
propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto
secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao
trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo
e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)
Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em
1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular
o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis
as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim
melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)
O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi
criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)
regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm
1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como
campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce
e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)
Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807
de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e
a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a
unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os
trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os
19
trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de
autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais
tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do
Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001
e JUNIOR 2006)
Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede
puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que
fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais
no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma
colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva
participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares
Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar
ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da
proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III
Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto
Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de
financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de
sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de
caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e
sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual
centrada no INPS
Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o
responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede
ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede
atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia
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sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de
drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO
DA SAUacuteDE 2013)
De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o
governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos
fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que
era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios
serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e
consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico
previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo
militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de
ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de
convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do
paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de
equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema
medico-industrial
ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou
a ser concebido de modo ampliado contemplando as
diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as
redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e
a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de
instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto
histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute
um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo
dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas
tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees
papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio
sistemardquo (VIANNA 2001)
21
Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de
Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o
atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a
toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e
criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo
de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros
subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo
de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento
junto ao INPS
Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como
financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto
Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978
De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil
durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees
bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as
competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da
poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas
ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e
medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio
bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da
Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de
erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento
Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo
da malaacuteria
bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que
estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede
dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades
de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento
reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que
22
a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia
e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975
dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo
havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de
sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede
coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica
hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do
Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao
Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o
desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e
Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e
prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as
accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e
seguranccedila do trabalho
Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios
na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a
manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)
manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com
os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de
sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte
das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados
notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos
primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou
As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo
Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo
Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e
contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores
23
para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo
burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede
Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e
Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute
20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de
pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar
serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de
interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto
Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que
perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua
extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria
contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o
desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado
pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)
Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o
SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o
objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse
sistema
1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de
dinheiro
2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash
INAMPS - assistecircncia medica
3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social
4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do
menor
5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash
DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados
6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e
Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial
7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos
24
Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica
continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os
recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial
privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional
como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior
produtor de insumo
Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de
Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar
e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos
recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando
assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados
combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)
No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede
(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se
concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia
e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias
estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS
2007)
Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos
que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a
sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado
de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior
durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se
manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e
financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o
subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos
25
convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
18
Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de
Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por
categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas
ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica
A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a
chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma
alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo
Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas
propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto
secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao
trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo
e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)
Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em
1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular
o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis
as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim
melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)
O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi
criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)
regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm
1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como
campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce
e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)
Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807
de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e
a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a
unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os
trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os
19
trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de
autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais
tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do
Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001
e JUNIOR 2006)
Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede
puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que
fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais
no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma
colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva
participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares
Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar
ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da
proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III
Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto
Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de
financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de
sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de
caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e
sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual
centrada no INPS
Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o
responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede
ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede
atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia
20
sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de
drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO
DA SAUacuteDE 2013)
De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o
governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos
fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que
era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios
serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e
consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico
previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo
militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de
ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de
convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do
paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de
equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema
medico-industrial
ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou
a ser concebido de modo ampliado contemplando as
diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as
redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e
a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de
instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto
histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute
um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo
dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas
tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees
papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio
sistemardquo (VIANNA 2001)
21
Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de
Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o
atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a
toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e
criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo
de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros
subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo
de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento
junto ao INPS
Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como
financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto
Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978
De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil
durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees
bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as
competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da
poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas
ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e
medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio
bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da
Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de
erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento
Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo
da malaacuteria
bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que
estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede
dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades
de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento
reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que
22
a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia
e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975
dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo
havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de
sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede
coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica
hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do
Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao
Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o
desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e
Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e
prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as
accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e
seguranccedila do trabalho
Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios
na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a
manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)
manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com
os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de
sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte
das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados
notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos
primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou
As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo
Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo
Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e
contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores
23
para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo
burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede
Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e
Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute
20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de
pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar
serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de
interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto
Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que
perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua
extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria
contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o
desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado
pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)
Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o
SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o
objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse
sistema
1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de
dinheiro
2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash
INAMPS - assistecircncia medica
3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social
4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do
menor
5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash
DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados
6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e
Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial
7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos
24
Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica
continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os
recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial
privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional
como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior
produtor de insumo
Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de
Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar
e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos
recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando
assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados
combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)
No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede
(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se
concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia
e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias
estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS
2007)
Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos
que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a
sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado
de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior
durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se
manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e
financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o
subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos
25
convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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outubro de 1988
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condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
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participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
19
trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de
autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais
tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do
Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001
e JUNIOR 2006)
Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede
puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que
fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais
no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma
colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva
participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares
Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar
ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da
proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III
Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)
Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto
Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de
financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de
sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de
caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e
sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual
centrada no INPS
Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o
responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede
ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede
atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia
20
sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de
drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO
DA SAUacuteDE 2013)
De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o
governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos
fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que
era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios
serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e
consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico
previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo
militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de
ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de
convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do
paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de
equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema
medico-industrial
ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou
a ser concebido de modo ampliado contemplando as
diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as
redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e
a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de
instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto
histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute
um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo
dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas
tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees
papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio
sistemardquo (VIANNA 2001)
21
Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de
Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o
atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a
toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e
criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo
de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros
subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo
de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento
junto ao INPS
Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como
financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto
Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978
De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil
durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees
bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as
competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da
poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas
ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e
medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio
bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da
Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de
erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento
Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo
da malaacuteria
bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que
estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede
dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades
de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento
reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que
22
a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia
e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975
dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo
havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de
sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede
coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica
hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do
Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao
Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o
desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e
Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e
prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as
accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e
seguranccedila do trabalho
Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios
na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a
manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)
manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com
os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de
sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte
das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados
notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos
primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou
As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo
Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo
Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e
contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores
23
para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo
burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede
Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e
Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute
20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de
pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar
serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de
interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto
Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que
perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua
extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria
contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o
desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado
pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)
Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o
SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o
objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse
sistema
1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de
dinheiro
2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash
INAMPS - assistecircncia medica
3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social
4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do
menor
5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash
DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados
6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e
Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial
7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos
24
Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica
continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os
recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial
privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional
como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior
produtor de insumo
Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de
Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar
e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos
recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando
assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados
combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)
No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede
(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se
concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia
e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias
estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS
2007)
Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos
que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a
sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado
de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior
durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se
manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e
financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o
subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos
25
convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
20
sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de
drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO
DA SAUacuteDE 2013)
De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o
governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos
fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que
era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios
serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e
consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico
previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo
militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de
ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de
convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do
paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de
equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema
medico-industrial
ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou
a ser concebido de modo ampliado contemplando as
diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as
redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e
a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de
instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto
histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute
um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo
dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas
tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees
papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio
sistemardquo (VIANNA 2001)
21
Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de
Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o
atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a
toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e
criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo
de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros
subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo
de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento
junto ao INPS
Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como
financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto
Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978
De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil
durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees
bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as
competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da
poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas
ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e
medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio
bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da
Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de
erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento
Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo
da malaacuteria
bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que
estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede
dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades
de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento
reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que
22
a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia
e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975
dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo
havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de
sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede
coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica
hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do
Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao
Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o
desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e
Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e
prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as
accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e
seguranccedila do trabalho
Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios
na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a
manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)
manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com
os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de
sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte
das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados
notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos
primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou
As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo
Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo
Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e
contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores
23
para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo
burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede
Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e
Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute
20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de
pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar
serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de
interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto
Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que
perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua
extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria
contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o
desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado
pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)
Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o
SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o
objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse
sistema
1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de
dinheiro
2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash
INAMPS - assistecircncia medica
3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social
4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do
menor
5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash
DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados
6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e
Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial
7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos
24
Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica
continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os
recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial
privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional
como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior
produtor de insumo
Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de
Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar
e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos
recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando
assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados
combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)
No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede
(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se
concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia
e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias
estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS
2007)
Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos
que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a
sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado
de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior
durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se
manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e
financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o
subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos
25
convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
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52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
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accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
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BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
21
Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de
Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o
atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a
toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e
criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo
de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros
subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo
de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento
junto ao INPS
Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como
financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto
Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978
De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil
durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees
bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as
competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da
poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas
ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e
medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio
bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da
Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de
erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento
Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo
da malaacuteria
bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que
estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede
dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades
de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento
reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que
22
a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia
e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975
dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo
havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de
sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede
coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica
hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do
Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao
Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o
desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e
Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e
prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as
accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e
seguranccedila do trabalho
Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios
na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a
manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)
manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com
os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de
sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte
das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados
notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos
primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou
As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo
Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo
Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e
contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores
23
para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo
burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede
Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e
Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute
20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de
pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar
serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de
interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto
Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que
perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua
extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria
contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o
desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado
pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)
Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o
SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o
objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse
sistema
1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de
dinheiro
2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash
INAMPS - assistecircncia medica
3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social
4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do
menor
5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash
DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados
6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e
Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial
7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos
24
Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica
continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os
recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial
privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional
como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior
produtor de insumo
Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de
Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar
e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos
recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando
assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados
combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)
No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede
(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se
concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia
e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias
estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS
2007)
Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos
que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a
sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado
de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior
durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se
manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e
financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o
subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos
25
convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
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procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
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de Medicamentos
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Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
22
a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia
e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975
dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo
havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de
sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede
coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica
hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do
Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao
Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o
desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e
Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e
prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as
accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e
seguranccedila do trabalho
Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios
na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a
manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)
manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com
os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de
sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte
das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados
notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos
primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou
As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo
Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo
Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e
contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores
23
para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo
burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede
Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e
Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute
20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de
pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar
serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de
interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto
Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que
perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua
extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria
contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o
desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado
pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)
Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o
SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o
objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse
sistema
1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de
dinheiro
2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash
INAMPS - assistecircncia medica
3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social
4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do
menor
5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash
DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados
6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e
Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial
7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos
24
Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica
continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os
recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial
privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional
como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior
produtor de insumo
Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de
Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar
e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos
recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando
assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados
combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)
No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede
(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se
concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia
e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias
estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS
2007)
Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos
que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a
sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado
de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior
durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se
manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e
financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o
subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos
25
convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
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de Medicamentos
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Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
23
para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo
burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede
Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e
Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute
20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de
pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar
serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de
interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto
Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que
perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua
extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria
contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o
desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado
pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)
Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o
SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o
objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse
sistema
1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de
dinheiro
2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash
INAMPS - assistecircncia medica
3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social
4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do
menor
5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash
DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados
6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e
Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial
7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos
24
Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica
continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os
recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial
privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional
como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior
produtor de insumo
Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de
Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar
e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos
recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando
assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados
combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)
No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede
(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se
concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia
e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias
estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS
2007)
Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos
que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a
sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado
de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior
durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se
manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e
financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o
subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos
25
convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
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Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
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mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
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Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
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estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
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A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
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federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
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medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
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No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
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CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
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gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
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Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
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1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
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52
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Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
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BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
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Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica
continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os
recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial
privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional
como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior
produtor de insumo
Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de
Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar
e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos
recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando
assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados
combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)
No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede
(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se
concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia
e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias
estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS
2007)
Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos
que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos
Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a
sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado
de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior
durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se
manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e
financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o
subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos
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convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
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Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
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mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
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Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
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estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
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federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
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medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
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No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
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CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
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Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
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Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
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Referido Pacto
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Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
25
convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia
meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo
seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo
Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede
resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria
brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede
acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da
sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de
executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)
Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova
forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede
passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de
ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
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52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
26
CAPIacuteTULO II
POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E
POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de
sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia
passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no
Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de
todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas
que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeordquo
No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes
diretrizes
I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem
prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais
III - participaccedilatildeo da comunidade
Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art
195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados
do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo
Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave
iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees
privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as
diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
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accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
27
Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional
do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da
Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da
Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)
Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm
8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na
Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada
ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou
privado
Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito
fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees
indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo
de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de
outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e
igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e
recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define
A sauacutede tem como fatores determinantes e
condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o
saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda
a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e
serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo
expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes
(BRASIL1990a)
Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e
serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais
estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
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52
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Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
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Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
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BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
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pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
28
mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199
da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema
Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar
Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm
destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo
Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda
trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para
cada esfera do governo
Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm
8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as
seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede
em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos
financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios
como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para
Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)
De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a
representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e
propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel
sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o
Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do
governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em
cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL
1990b)
O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo
representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
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BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
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Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia
Min Da Sauacutede 2002
VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-
industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro
12(2)375-390 2002
57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
29
Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas
pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos
normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da
uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os
mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)
A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de
financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um
sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios
passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas
nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado
pela quantidade de procedimentos executados independentemente da
qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93
regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees
no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente
parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de
repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os
modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios
que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e
gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os
municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)
A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de
2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede
de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser
garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do
governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na
sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na
Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi
sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que
regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
30
estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito
politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica
Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma
Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do
continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o
aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na
Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo
(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo
de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a
responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos
medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)
Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado
cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave
populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas
sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus
princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos
devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento
No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral
inclusive farmacecircutica
Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por
meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo
agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede
vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em
1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e
por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
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Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
31
A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica
publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando
no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo
padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)
O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de
politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de
medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de
Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso
Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME
distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm
72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de
suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (OLIVEIRA 2006)
A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos
(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de
1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo
nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535
apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de
assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA
2000)
A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi
oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias
revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013
Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-
administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees
fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
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participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
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52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
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accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
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Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
32
federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo
dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na
responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um
planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento
e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)
Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave
questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio
da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica
Nacional de Medicamentos (PNM)
A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo
Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal
e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no
contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)
A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo
um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para
promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem
como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses
produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles
considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)
As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos
governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o
usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em
relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem
transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com
objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os
custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto
das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de
accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
33
medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das
necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os
objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o
Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da
populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada
ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de
Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas
seguintes diretrizes
Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)
Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos
Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica
Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos
Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico
Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento
Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos
Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos
Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999
atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia
sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no
Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio
nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo
a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia
sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das
tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e
de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo
responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos
medicamentos (ANVISA 2013)
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
34
No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de
Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de
Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm
4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para
institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com
estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia
Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e
metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave
implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees
propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para
executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e
acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo
aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do
SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
35
CAPIacuteTULO III
POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA
Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica
como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que
tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem
condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por
indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional
de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho
Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte
integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)
A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia
Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a
formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de
medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de
formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade
inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto
o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um
conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede
tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo
essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)
De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos
estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia
farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo
considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades
regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das
accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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52
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Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
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operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
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BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
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SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia
Min Da Sauacutede 2002
VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-
industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro
12(2)375-390 2002
57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
36
gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em
programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)
O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se
nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo
recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica
Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto
pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede
com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de
Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as
esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por
promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e
garantir em conjunto com as demais esferas de governo
o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja
dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade
promovendo seu uso racional observadas as normas
vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)
Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de
melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o
Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a
primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes
Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias
puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes
e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos
mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos
utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose
e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia
(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
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Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
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Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
37
Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a
transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo
regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de
financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)
No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no
quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes
1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica
2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em
sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de
cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do
governo (BRASIL 2006)
As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica
na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm
3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a
vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando
definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do
Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e
com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos
para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)
Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados
municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
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Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
38
Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana
Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da
Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e
municiacutepios (BRASIL 2013)
Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave
Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de
cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos
antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)
Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela
seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do
Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios
como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos
da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos
compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser
fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos
Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do
Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-
RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo
Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro
(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de
agosto de 2013
32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os
medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e
que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
39
O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em
financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas
Estrateacutegicos (BRASIL 2006)
Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do
Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos
diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela
aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo
repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo
de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios
enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das
Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)
Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos
estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de
Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados
Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da
Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23
agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de
Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose
Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash
Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses
Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente
Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR
(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)
A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos
estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
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BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
40
1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo
de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada
Distribuiccedilatildeo aos Estados
2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ
Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo
programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e
Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos
adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais
3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo
de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos
para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO
2014)
33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA
O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o
qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso
ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com
a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria
Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa
portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos
produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o
tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em
caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e
farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da
RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees
peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME
medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
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BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de
outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
41
De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente
justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo
homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo
prestadora do atendimento (BRASIL 1982)
Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos
os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam
ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do
serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro
foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em
que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi
permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um
conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos
anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a
ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55
apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um
importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois
ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela
Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais
medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo
tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e
Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede
(MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para
serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos
conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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dez1996
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dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais ndash RENAME
BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de
outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
42
ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto
custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos
Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do
tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela
populaccedilatildeo
Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo
Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por
meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como
parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de
Sauacutede
ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos
no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos
nos seguintes criteacuterios
11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com
indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou
que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um
tratamento de custo elevado e
12 doenccedila prevalente com uso de medicamento
de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou
prolongado seja um tratamento de custo elevado desde
que
121 haja tratamento previsto para o agravo no
niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou
necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo
para quadro cliacutenico de maior gravidade ou
122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta
terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo
especializadardquo (BRASIL 2006 b)
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
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lthttpportalanvisagovbrgt Acesso em 30 mar 2014
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perspectivas atuais Rev Esc Enfermagem-USP Satildeo Paulo v3 p380-98
dez1996
BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de
dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais ndash RENAME
BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de
outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
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54
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12(2)375-390 2002
57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
43
A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na
mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a
aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais
cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados
para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA
SAUDE 2010)
Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em
forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e
caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se
dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia
Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e
Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute
padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de
cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda
ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi
regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro
substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo
Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas
da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da
Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para
fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos
no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de
linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do
caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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dez1996
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dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais ndash RENAME
BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de
outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
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12(2)375-390 2002
57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
44
financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE
2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores
de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes
discussotildees
Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo
divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um
equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e
1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais
complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da
integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado
manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO
DA SAUDE 2010)
No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da
Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de
recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para
doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a
primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de
desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam
elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade
das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para
tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1
eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de
tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos
municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos
Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo
final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o
tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
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condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
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normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
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57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
45
Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo
Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)
Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar
ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no
tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos
medicamentos
Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para
as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees
referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o
tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser
disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe
ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos
entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo
de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que
natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos
O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria
GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm
3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela
Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013
Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no
Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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monitoramento e controle
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normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
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Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
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lthttpwwwmedinaufmgbrinternatoruralarquivosmimeo-23ppdfgt Acesso
em 02 mar 2014
PORTELA A S LEAL A A F WERNER R P B SIMOtildeES M O S
MEDEIROS A C D Poliacuteticas Puacuteblicas de medicamentos trajetoacuteria e
desafios Rev Ciecircnc Farm Baacutesica Apl 2010 31(1)09-14 ISSN 1808-4532
RIO DE JANEIRO 2014 Assistecircncia em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica
Disponiacutevel lthttpwwwsauderjgovbrgt Acesso em 28 ago 2014
SEVCENKO N A Revolta da Vacina mentes insanas em corpos rebeldes
Satildeo Paulo Brasiliense 1984
SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o
processo de divisatildeo de responsabilidades entre as esferas de governo IMS
UERJ Disponiacutevel em
56
lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesmonografia_construindo_suspdfgt
Acesso em 20 abr 2014
SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia
Min Da Sauacutede 2002
VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-
industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro
12(2)375-390 2002
57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
46
dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede
vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais
Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos
seguintes documentos do paciente
sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)
sect Copia de documento de identidade
sect Copia do comprovante de residecircncia
sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)
devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular
desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Sauacutede (CNES)
sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e
sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas
publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila
e o medicamento solicitado
Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo
autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do
medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses
Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do
tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME
prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila
Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do
Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da
Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz
a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANVISA 2013 Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria Disponiacutevel em
lthttpportalanvisagovbrgt Acesso em 30 mar 2014
BERTOTZZI M R GRECO R M As politicas de sauacutede no Brasil e
perspectivas atuais Rev Esc Enfermagem-USP Satildeo Paulo v3 p380-98
dez1996
BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de
dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais ndash RENAME
BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de
outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
CALAINHO DB Jesuiacutetas e medicina no Brasil colonial 2005 Disponiacutevel em
lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-
77042005000200005amplang=ptgt Acesso em 02 mar 2014
54
CONASS 2007- Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Disponiacutevel emlt
http18928128100dabdocspublicacoesconass_progestoresconass_252
0anospdfgt Acesso em 10 mar 2014
FUNASA ndash FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE ndash MINISTERIO DA SAUacuteDE
2013 Cronologia Histoacuterica da Sauacutede Puacuteblica Disponiacutevel em
lthttpwwwfunasagovbrsitemuseu-da-funasacronologia-historica-da-saude-
publicagt Acesso em 02 mar 2014
HOCHMAN G Regulando os efeitos da interdependecircncia sobre as relaccedilotildees
entre sauacutede puacuteblica e construccedilatildeo do Estado (Brasil 1910-1930) Revista
Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro v6 n11 1993
INDRIUNAS L Historia da Sauacutede Puacuteblica no Brasil Disponiacutevel em lt
httppessoashswuolcombrhistoria-da-saudehtmgtgt Acesso em 10 mar
2014
JUNIOR A P e JUNIOR L C Poliacuteticas publicas de sauacutede no Brasil 2006
Revista espaccedilo para sauacutede 2006 Disponiacutevel emlt
httpwwwccsuelbrespacoparasaudev8n1v8n1_artigo_3pdfgt Acesso em
10 mar 2014
KORNIS G E M BRAGA M H ZAIRE C E F 2008 Os marcos legais
das Poliacuteticas de Medicamentos no Brasil contemporacircneo (1990-2006) Ver
APS v11n 1 p 85-99 janmar 2008
LIMA A L G S PINTO M M S Fontes para a historia dos 50 anos do
Ministeacuterio da Sauacutede Hist cienc sauacutede-Manguinhos vol10 no3 Rio de Janeiro
SetDez 2003
55
MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2010 Da excepcionalidade agraves linhas de cuidado o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica Brasiacutelia-DF 2010
MINISTEacuteRIO DE SAUacuteDE 2014 Assistecircncia Farmacecircutica Disponiacutevel em
lthttpportalsaudesaudegovbr gt Acesso em 20 ago 2014
OLIVEIRA E A LABRA M E BERMUDEZ J A produccedilatildeo publica de
medicamentos no Brasil uma visatildeo geral Cad Sauacutede Puacuteblica vol22 no11 Rio
de Janeiro Nov 2006 Disponiacutevel em lt
httpwwwscielosporgscielophppid=S0102-
311X2006001100012ampscript=sci_arttext gt Acesso em 20 mar 2014
POLIGNANO MV Historia das politicas de sauacutede no Brasil uma pesquisa
revisatildeo Biblioteca Virtual Internato Rural Faculdade de Medicina da UFMG
2001 Disponiacutevel em
lthttpwwwmedinaufmgbrinternatoruralarquivosmimeo-23ppdfgt Acesso
em 02 mar 2014
PORTELA A S LEAL A A F WERNER R P B SIMOtildeES M O S
MEDEIROS A C D Poliacuteticas Puacuteblicas de medicamentos trajetoacuteria e
desafios Rev Ciecircnc Farm Baacutesica Apl 2010 31(1)09-14 ISSN 1808-4532
RIO DE JANEIRO 2014 Assistecircncia em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica
Disponiacutevel lthttpwwwsauderjgovbrgt Acesso em 28 ago 2014
SEVCENKO N A Revolta da Vacina mentes insanas em corpos rebeldes
Satildeo Paulo Brasiliense 1984
SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o
processo de divisatildeo de responsabilidades entre as esferas de governo IMS
UERJ Disponiacutevel em
56
lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesmonografia_construindo_suspdfgt
Acesso em 20 abr 2014
SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia
Min Da Sauacutede 2002
VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-
industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro
12(2)375-390 2002
57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
47
No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente
Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141
medicamentos
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANVISA 2013 Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria Disponiacutevel em
lthttpportalanvisagovbrgt Acesso em 30 mar 2014
BERTOTZZI M R GRECO R M As politicas de sauacutede no Brasil e
perspectivas atuais Rev Esc Enfermagem-USP Satildeo Paulo v3 p380-98
dez1996
BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de
dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais ndash RENAME
BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de
outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
CALAINHO DB Jesuiacutetas e medicina no Brasil colonial 2005 Disponiacutevel em
lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-
77042005000200005amplang=ptgt Acesso em 02 mar 2014
54
CONASS 2007- Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Disponiacutevel emlt
http18928128100dabdocspublicacoesconass_progestoresconass_252
0anospdfgt Acesso em 10 mar 2014
FUNASA ndash FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE ndash MINISTERIO DA SAUacuteDE
2013 Cronologia Histoacuterica da Sauacutede Puacuteblica Disponiacutevel em
lthttpwwwfunasagovbrsitemuseu-da-funasacronologia-historica-da-saude-
publicagt Acesso em 02 mar 2014
HOCHMAN G Regulando os efeitos da interdependecircncia sobre as relaccedilotildees
entre sauacutede puacuteblica e construccedilatildeo do Estado (Brasil 1910-1930) Revista
Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro v6 n11 1993
INDRIUNAS L Historia da Sauacutede Puacuteblica no Brasil Disponiacutevel em lt
httppessoashswuolcombrhistoria-da-saudehtmgtgt Acesso em 10 mar
2014
JUNIOR A P e JUNIOR L C Poliacuteticas publicas de sauacutede no Brasil 2006
Revista espaccedilo para sauacutede 2006 Disponiacutevel emlt
httpwwwccsuelbrespacoparasaudev8n1v8n1_artigo_3pdfgt Acesso em
10 mar 2014
KORNIS G E M BRAGA M H ZAIRE C E F 2008 Os marcos legais
das Poliacuteticas de Medicamentos no Brasil contemporacircneo (1990-2006) Ver
APS v11n 1 p 85-99 janmar 2008
LIMA A L G S PINTO M M S Fontes para a historia dos 50 anos do
Ministeacuterio da Sauacutede Hist cienc sauacutede-Manguinhos vol10 no3 Rio de Janeiro
SetDez 2003
55
MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2010 Da excepcionalidade agraves linhas de cuidado o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica Brasiacutelia-DF 2010
MINISTEacuteRIO DE SAUacuteDE 2014 Assistecircncia Farmacecircutica Disponiacutevel em
lthttpportalsaudesaudegovbr gt Acesso em 20 ago 2014
OLIVEIRA E A LABRA M E BERMUDEZ J A produccedilatildeo publica de
medicamentos no Brasil uma visatildeo geral Cad Sauacutede Puacuteblica vol22 no11 Rio
de Janeiro Nov 2006 Disponiacutevel em lt
httpwwwscielosporgscielophppid=S0102-
311X2006001100012ampscript=sci_arttext gt Acesso em 20 mar 2014
POLIGNANO MV Historia das politicas de sauacutede no Brasil uma pesquisa
revisatildeo Biblioteca Virtual Internato Rural Faculdade de Medicina da UFMG
2001 Disponiacutevel em
lthttpwwwmedinaufmgbrinternatoruralarquivosmimeo-23ppdfgt Acesso
em 02 mar 2014
PORTELA A S LEAL A A F WERNER R P B SIMOtildeES M O S
MEDEIROS A C D Poliacuteticas Puacuteblicas de medicamentos trajetoacuteria e
desafios Rev Ciecircnc Farm Baacutesica Apl 2010 31(1)09-14 ISSN 1808-4532
RIO DE JANEIRO 2014 Assistecircncia em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica
Disponiacutevel lthttpwwwsauderjgovbrgt Acesso em 28 ago 2014
SEVCENKO N A Revolta da Vacina mentes insanas em corpos rebeldes
Satildeo Paulo Brasiliense 1984
SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o
processo de divisatildeo de responsabilidades entre as esferas de governo IMS
UERJ Disponiacutevel em
56
lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesmonografia_construindo_suspdfgt
Acesso em 20 abr 2014
SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia
Min Da Sauacutede 2002
VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-
industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro
12(2)375-390 2002
57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
48
CONCLUSAtildeO
Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o
Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos
nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses
povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por
Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a
obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as
doenccedilas
Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas
sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a
supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras
farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa
aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas
Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a
atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a
Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as
doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida
Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro
esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das
atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que
em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos
essecircncias
Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava
resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas
principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos
serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANVISA 2013 Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria Disponiacutevel em
lthttpportalanvisagovbrgt Acesso em 30 mar 2014
BERTOTZZI M R GRECO R M As politicas de sauacutede no Brasil e
perspectivas atuais Rev Esc Enfermagem-USP Satildeo Paulo v3 p380-98
dez1996
BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de
dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais ndash RENAME
BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de
outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
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lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-
77042005000200005amplang=ptgt Acesso em 02 mar 2014
54
CONASS 2007- Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Disponiacutevel emlt
http18928128100dabdocspublicacoesconass_progestoresconass_252
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2013 Cronologia Histoacuterica da Sauacutede Puacuteblica Disponiacutevel em
lthttpwwwfunasagovbrsitemuseu-da-funasacronologia-historica-da-saude-
publicagt Acesso em 02 mar 2014
HOCHMAN G Regulando os efeitos da interdependecircncia sobre as relaccedilotildees
entre sauacutede puacuteblica e construccedilatildeo do Estado (Brasil 1910-1930) Revista
Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro v6 n11 1993
INDRIUNAS L Historia da Sauacutede Puacuteblica no Brasil Disponiacutevel em lt
httppessoashswuolcombrhistoria-da-saudehtmgtgt Acesso em 10 mar
2014
JUNIOR A P e JUNIOR L C Poliacuteticas publicas de sauacutede no Brasil 2006
Revista espaccedilo para sauacutede 2006 Disponiacutevel emlt
httpwwwccsuelbrespacoparasaudev8n1v8n1_artigo_3pdfgt Acesso em
10 mar 2014
KORNIS G E M BRAGA M H ZAIRE C E F 2008 Os marcos legais
das Poliacuteticas de Medicamentos no Brasil contemporacircneo (1990-2006) Ver
APS v11n 1 p 85-99 janmar 2008
LIMA A L G S PINTO M M S Fontes para a historia dos 50 anos do
Ministeacuterio da Sauacutede Hist cienc sauacutede-Manguinhos vol10 no3 Rio de Janeiro
SetDez 2003
55
MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2010 Da excepcionalidade agraves linhas de cuidado o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica Brasiacutelia-DF 2010
MINISTEacuteRIO DE SAUacuteDE 2014 Assistecircncia Farmacecircutica Disponiacutevel em
lthttpportalsaudesaudegovbr gt Acesso em 20 ago 2014
OLIVEIRA E A LABRA M E BERMUDEZ J A produccedilatildeo publica de
medicamentos no Brasil uma visatildeo geral Cad Sauacutede Puacuteblica vol22 no11 Rio
de Janeiro Nov 2006 Disponiacutevel em lt
httpwwwscielosporgscielophppid=S0102-
311X2006001100012ampscript=sci_arttext gt Acesso em 20 mar 2014
POLIGNANO MV Historia das politicas de sauacutede no Brasil uma pesquisa
revisatildeo Biblioteca Virtual Internato Rural Faculdade de Medicina da UFMG
2001 Disponiacutevel em
lthttpwwwmedinaufmgbrinternatoruralarquivosmimeo-23ppdfgt Acesso
em 02 mar 2014
PORTELA A S LEAL A A F WERNER R P B SIMOtildeES M O S
MEDEIROS A C D Poliacuteticas Puacuteblicas de medicamentos trajetoacuteria e
desafios Rev Ciecircnc Farm Baacutesica Apl 2010 31(1)09-14 ISSN 1808-4532
RIO DE JANEIRO 2014 Assistecircncia em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica
Disponiacutevel lthttpwwwsauderjgovbrgt Acesso em 28 ago 2014
SEVCENKO N A Revolta da Vacina mentes insanas em corpos rebeldes
Satildeo Paulo Brasiliense 1984
SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o
processo de divisatildeo de responsabilidades entre as esferas de governo IMS
UERJ Disponiacutevel em
56
lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesmonografia_construindo_suspdfgt
Acesso em 20 abr 2014
SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia
Min Da Sauacutede 2002
VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-
industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro
12(2)375-390 2002
57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
49
Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a
primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e
posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as
doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser
acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento
O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito
agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave
sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor
de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil
epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram
insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo
ficava excluiacuteda
Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de
Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998
foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs
priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave
populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e
promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica
Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas
ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a
criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da
Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes
uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees
como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANVISA 2013 Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria Disponiacutevel em
lthttpportalanvisagovbrgt Acesso em 30 mar 2014
BERTOTZZI M R GRECO R M As politicas de sauacutede no Brasil e
perspectivas atuais Rev Esc Enfermagem-USP Satildeo Paulo v3 p380-98
dez1996
BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de
dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais ndash RENAME
BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de
outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
CALAINHO DB Jesuiacutetas e medicina no Brasil colonial 2005 Disponiacutevel em
lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-
77042005000200005amplang=ptgt Acesso em 02 mar 2014
54
CONASS 2007- Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Disponiacutevel emlt
http18928128100dabdocspublicacoesconass_progestoresconass_252
0anospdfgt Acesso em 10 mar 2014
FUNASA ndash FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE ndash MINISTERIO DA SAUacuteDE
2013 Cronologia Histoacuterica da Sauacutede Puacuteblica Disponiacutevel em
lthttpwwwfunasagovbrsitemuseu-da-funasacronologia-historica-da-saude-
publicagt Acesso em 02 mar 2014
HOCHMAN G Regulando os efeitos da interdependecircncia sobre as relaccedilotildees
entre sauacutede puacuteblica e construccedilatildeo do Estado (Brasil 1910-1930) Revista
Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro v6 n11 1993
INDRIUNAS L Historia da Sauacutede Puacuteblica no Brasil Disponiacutevel em lt
httppessoashswuolcombrhistoria-da-saudehtmgtgt Acesso em 10 mar
2014
JUNIOR A P e JUNIOR L C Poliacuteticas publicas de sauacutede no Brasil 2006
Revista espaccedilo para sauacutede 2006 Disponiacutevel emlt
httpwwwccsuelbrespacoparasaudev8n1v8n1_artigo_3pdfgt Acesso em
10 mar 2014
KORNIS G E M BRAGA M H ZAIRE C E F 2008 Os marcos legais
das Poliacuteticas de Medicamentos no Brasil contemporacircneo (1990-2006) Ver
APS v11n 1 p 85-99 janmar 2008
LIMA A L G S PINTO M M S Fontes para a historia dos 50 anos do
Ministeacuterio da Sauacutede Hist cienc sauacutede-Manguinhos vol10 no3 Rio de Janeiro
SetDez 2003
55
MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2010 Da excepcionalidade agraves linhas de cuidado o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica Brasiacutelia-DF 2010
MINISTEacuteRIO DE SAUacuteDE 2014 Assistecircncia Farmacecircutica Disponiacutevel em
lthttpportalsaudesaudegovbr gt Acesso em 20 ago 2014
OLIVEIRA E A LABRA M E BERMUDEZ J A produccedilatildeo publica de
medicamentos no Brasil uma visatildeo geral Cad Sauacutede Puacuteblica vol22 no11 Rio
de Janeiro Nov 2006 Disponiacutevel em lt
httpwwwscielosporgscielophppid=S0102-
311X2006001100012ampscript=sci_arttext gt Acesso em 20 mar 2014
POLIGNANO MV Historia das politicas de sauacutede no Brasil uma pesquisa
revisatildeo Biblioteca Virtual Internato Rural Faculdade de Medicina da UFMG
2001 Disponiacutevel em
lthttpwwwmedinaufmgbrinternatoruralarquivosmimeo-23ppdfgt Acesso
em 02 mar 2014
PORTELA A S LEAL A A F WERNER R P B SIMOtildeES M O S
MEDEIROS A C D Poliacuteticas Puacuteblicas de medicamentos trajetoacuteria e
desafios Rev Ciecircnc Farm Baacutesica Apl 2010 31(1)09-14 ISSN 1808-4532
RIO DE JANEIRO 2014 Assistecircncia em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica
Disponiacutevel lthttpwwwsauderjgovbrgt Acesso em 28 ago 2014
SEVCENKO N A Revolta da Vacina mentes insanas em corpos rebeldes
Satildeo Paulo Brasiliense 1984
SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o
processo de divisatildeo de responsabilidades entre as esferas de governo IMS
UERJ Disponiacutevel em
56
lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesmonografia_construindo_suspdfgt
Acesso em 20 abr 2014
SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia
Min Da Sauacutede 2002
VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-
industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro
12(2)375-390 2002
57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
50
reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a
qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento
Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que
desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que
se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos
Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as
politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada
pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social
(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as
questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas
questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse
contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que
como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um
estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo
somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute
considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo
como um todo
51
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANVISA 2013 Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria Disponiacutevel em
lthttpportalanvisagovbrgt Acesso em 30 mar 2014
BERTOTZZI M R GRECO R M As politicas de sauacutede no Brasil e
perspectivas atuais Rev Esc Enfermagem-USP Satildeo Paulo v3 p380-98
dez1996
BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de
dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais ndash RENAME
BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de
outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
CALAINHO DB Jesuiacutetas e medicina no Brasil colonial 2005 Disponiacutevel em
lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-
77042005000200005amplang=ptgt Acesso em 02 mar 2014
54
CONASS 2007- Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Disponiacutevel emlt
http18928128100dabdocspublicacoesconass_progestoresconass_252
0anospdfgt Acesso em 10 mar 2014
FUNASA ndash FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE ndash MINISTERIO DA SAUacuteDE
2013 Cronologia Histoacuterica da Sauacutede Puacuteblica Disponiacutevel em
lthttpwwwfunasagovbrsitemuseu-da-funasacronologia-historica-da-saude-
publicagt Acesso em 02 mar 2014
HOCHMAN G Regulando os efeitos da interdependecircncia sobre as relaccedilotildees
entre sauacutede puacuteblica e construccedilatildeo do Estado (Brasil 1910-1930) Revista
Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro v6 n11 1993
INDRIUNAS L Historia da Sauacutede Puacuteblica no Brasil Disponiacutevel em lt
httppessoashswuolcombrhistoria-da-saudehtmgtgt Acesso em 10 mar
2014
JUNIOR A P e JUNIOR L C Poliacuteticas publicas de sauacutede no Brasil 2006
Revista espaccedilo para sauacutede 2006 Disponiacutevel emlt
httpwwwccsuelbrespacoparasaudev8n1v8n1_artigo_3pdfgt Acesso em
10 mar 2014
KORNIS G E M BRAGA M H ZAIRE C E F 2008 Os marcos legais
das Poliacuteticas de Medicamentos no Brasil contemporacircneo (1990-2006) Ver
APS v11n 1 p 85-99 janmar 2008
LIMA A L G S PINTO M M S Fontes para a historia dos 50 anos do
Ministeacuterio da Sauacutede Hist cienc sauacutede-Manguinhos vol10 no3 Rio de Janeiro
SetDez 2003
55
MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2010 Da excepcionalidade agraves linhas de cuidado o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica Brasiacutelia-DF 2010
MINISTEacuteRIO DE SAUacuteDE 2014 Assistecircncia Farmacecircutica Disponiacutevel em
lthttpportalsaudesaudegovbr gt Acesso em 20 ago 2014
OLIVEIRA E A LABRA M E BERMUDEZ J A produccedilatildeo publica de
medicamentos no Brasil uma visatildeo geral Cad Sauacutede Puacuteblica vol22 no11 Rio
de Janeiro Nov 2006 Disponiacutevel em lt
httpwwwscielosporgscielophppid=S0102-
311X2006001100012ampscript=sci_arttext gt Acesso em 20 mar 2014
POLIGNANO MV Historia das politicas de sauacutede no Brasil uma pesquisa
revisatildeo Biblioteca Virtual Internato Rural Faculdade de Medicina da UFMG
2001 Disponiacutevel em
lthttpwwwmedinaufmgbrinternatoruralarquivosmimeo-23ppdfgt Acesso
em 02 mar 2014
PORTELA A S LEAL A A F WERNER R P B SIMOtildeES M O S
MEDEIROS A C D Poliacuteticas Puacuteblicas de medicamentos trajetoacuteria e
desafios Rev Ciecircnc Farm Baacutesica Apl 2010 31(1)09-14 ISSN 1808-4532
RIO DE JANEIRO 2014 Assistecircncia em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica
Disponiacutevel lthttpwwwsauderjgovbrgt Acesso em 28 ago 2014
SEVCENKO N A Revolta da Vacina mentes insanas em corpos rebeldes
Satildeo Paulo Brasiliense 1984
SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o
processo de divisatildeo de responsabilidades entre as esferas de governo IMS
UERJ Disponiacutevel em
56
lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesmonografia_construindo_suspdfgt
Acesso em 20 abr 2014
SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia
Min Da Sauacutede 2002
VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-
industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro
12(2)375-390 2002
57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
51
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANVISA 2013 Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria Disponiacutevel em
lthttpportalanvisagovbrgt Acesso em 30 mar 2014
BERTOTZZI M R GRECO R M As politicas de sauacutede no Brasil e
perspectivas atuais Rev Esc Enfermagem-USP Satildeo Paulo v3 p380-98
dez1996
BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de
dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos
Essenciais ndash RENAME
BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de
outubro de 1988
BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as
condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo
e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias
BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a
participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e
sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea
da sauacutede e da outras providencias
BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
CALAINHO DB Jesuiacutetas e medicina no Brasil colonial 2005 Disponiacutevel em
lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-
77042005000200005amplang=ptgt Acesso em 02 mar 2014
54
CONASS 2007- Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Disponiacutevel emlt
http18928128100dabdocspublicacoesconass_progestoresconass_252
0anospdfgt Acesso em 10 mar 2014
FUNASA ndash FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE ndash MINISTERIO DA SAUacuteDE
2013 Cronologia Histoacuterica da Sauacutede Puacuteblica Disponiacutevel em
lthttpwwwfunasagovbrsitemuseu-da-funasacronologia-historica-da-saude-
publicagt Acesso em 02 mar 2014
HOCHMAN G Regulando os efeitos da interdependecircncia sobre as relaccedilotildees
entre sauacutede puacuteblica e construccedilatildeo do Estado (Brasil 1910-1930) Revista
Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro v6 n11 1993
INDRIUNAS L Historia da Sauacutede Puacuteblica no Brasil Disponiacutevel em lt
httppessoashswuolcombrhistoria-da-saudehtmgtgt Acesso em 10 mar
2014
JUNIOR A P e JUNIOR L C Poliacuteticas publicas de sauacutede no Brasil 2006
Revista espaccedilo para sauacutede 2006 Disponiacutevel emlt
httpwwwccsuelbrespacoparasaudev8n1v8n1_artigo_3pdfgt Acesso em
10 mar 2014
KORNIS G E M BRAGA M H ZAIRE C E F 2008 Os marcos legais
das Poliacuteticas de Medicamentos no Brasil contemporacircneo (1990-2006) Ver
APS v11n 1 p 85-99 janmar 2008
LIMA A L G S PINTO M M S Fontes para a historia dos 50 anos do
Ministeacuterio da Sauacutede Hist cienc sauacutede-Manguinhos vol10 no3 Rio de Janeiro
SetDez 2003
55
MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2010 Da excepcionalidade agraves linhas de cuidado o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica Brasiacutelia-DF 2010
MINISTEacuteRIO DE SAUacuteDE 2014 Assistecircncia Farmacecircutica Disponiacutevel em
lthttpportalsaudesaudegovbr gt Acesso em 20 ago 2014
OLIVEIRA E A LABRA M E BERMUDEZ J A produccedilatildeo publica de
medicamentos no Brasil uma visatildeo geral Cad Sauacutede Puacuteblica vol22 no11 Rio
de Janeiro Nov 2006 Disponiacutevel em lt
httpwwwscielosporgscielophppid=S0102-
311X2006001100012ampscript=sci_arttext gt Acesso em 20 mar 2014
POLIGNANO MV Historia das politicas de sauacutede no Brasil uma pesquisa
revisatildeo Biblioteca Virtual Internato Rural Faculdade de Medicina da UFMG
2001 Disponiacutevel em
lthttpwwwmedinaufmgbrinternatoruralarquivosmimeo-23ppdfgt Acesso
em 02 mar 2014
PORTELA A S LEAL A A F WERNER R P B SIMOtildeES M O S
MEDEIROS A C D Poliacuteticas Puacuteblicas de medicamentos trajetoacuteria e
desafios Rev Ciecircnc Farm Baacutesica Apl 2010 31(1)09-14 ISSN 1808-4532
RIO DE JANEIRO 2014 Assistecircncia em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica
Disponiacutevel lthttpwwwsauderjgovbrgt Acesso em 28 ago 2014
SEVCENKO N A Revolta da Vacina mentes insanas em corpos rebeldes
Satildeo Paulo Brasiliense 1984
SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o
processo de divisatildeo de responsabilidades entre as esferas de governo IMS
UERJ Disponiacutevel em
56
lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesmonografia_construindo_suspdfgt
Acesso em 20 abr 2014
SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia
Min Da Sauacutede 2002
VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-
industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro
12(2)375-390 2002
57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
52
BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e
procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das
accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193
BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma
Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196
BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional
de Medicamentos
BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000
Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para
assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos
puacuteblicos de sauacutede
BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes
operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000
BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma
Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102
BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica
Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto
pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do
Referido Pacto
BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o
Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
CALAINHO DB Jesuiacutetas e medicina no Brasil colonial 2005 Disponiacutevel em
lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-
77042005000200005amplang=ptgt Acesso em 02 mar 2014
54
CONASS 2007- Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Disponiacutevel emlt
http18928128100dabdocspublicacoesconass_progestoresconass_252
0anospdfgt Acesso em 10 mar 2014
FUNASA ndash FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE ndash MINISTERIO DA SAUacuteDE
2013 Cronologia Histoacuterica da Sauacutede Puacuteblica Disponiacutevel em
lthttpwwwfunasagovbrsitemuseu-da-funasacronologia-historica-da-saude-
publicagt Acesso em 02 mar 2014
HOCHMAN G Regulando os efeitos da interdependecircncia sobre as relaccedilotildees
entre sauacutede puacuteblica e construccedilatildeo do Estado (Brasil 1910-1930) Revista
Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro v6 n11 1993
INDRIUNAS L Historia da Sauacutede Puacuteblica no Brasil Disponiacutevel em lt
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2014
JUNIOR A P e JUNIOR L C Poliacuteticas publicas de sauacutede no Brasil 2006
Revista espaccedilo para sauacutede 2006 Disponiacutevel emlt
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10 mar 2014
KORNIS G E M BRAGA M H ZAIRE C E F 2008 Os marcos legais
das Poliacuteticas de Medicamentos no Brasil contemporacircneo (1990-2006) Ver
APS v11n 1 p 85-99 janmar 2008
LIMA A L G S PINTO M M S Fontes para a historia dos 50 anos do
Ministeacuterio da Sauacutede Hist cienc sauacutede-Manguinhos vol10 no3 Rio de Janeiro
SetDez 2003
55
MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2010 Da excepcionalidade agraves linhas de cuidado o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica Brasiacutelia-DF 2010
MINISTEacuteRIO DE SAUacuteDE 2014 Assistecircncia Farmacecircutica Disponiacutevel em
lthttpportalsaudesaudegovbr gt Acesso em 20 ago 2014
OLIVEIRA E A LABRA M E BERMUDEZ J A produccedilatildeo publica de
medicamentos no Brasil uma visatildeo geral Cad Sauacutede Puacuteblica vol22 no11 Rio
de Janeiro Nov 2006 Disponiacutevel em lt
httpwwwscielosporgscielophppid=S0102-
311X2006001100012ampscript=sci_arttext gt Acesso em 20 mar 2014
POLIGNANO MV Historia das politicas de sauacutede no Brasil uma pesquisa
revisatildeo Biblioteca Virtual Internato Rural Faculdade de Medicina da UFMG
2001 Disponiacutevel em
lthttpwwwmedinaufmgbrinternatoruralarquivosmimeo-23ppdfgt Acesso
em 02 mar 2014
PORTELA A S LEAL A A F WERNER R P B SIMOtildeES M O S
MEDEIROS A C D Poliacuteticas Puacuteblicas de medicamentos trajetoacuteria e
desafios Rev Ciecircnc Farm Baacutesica Apl 2010 31(1)09-14 ISSN 1808-4532
RIO DE JANEIRO 2014 Assistecircncia em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica
Disponiacutevel lthttpwwwsauderjgovbrgt Acesso em 28 ago 2014
SEVCENKO N A Revolta da Vacina mentes insanas em corpos rebeldes
Satildeo Paulo Brasiliense 1984
SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o
processo de divisatildeo de responsabilidades entre as esferas de governo IMS
UERJ Disponiacutevel em
56
lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesmonografia_construindo_suspdfgt
Acesso em 20 abr 2014
SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia
Min Da Sauacutede 2002
VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-
industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro
12(2)375-390 2002
57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
53
BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o
financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os
serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo
monitoramento e controle
BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as
normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na
atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede
BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica
BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012
Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os
valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito
Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os
criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de
fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas
de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de
1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias
BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as
normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da
Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
CALAINHO DB Jesuiacutetas e medicina no Brasil colonial 2005 Disponiacutevel em
lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-
77042005000200005amplang=ptgt Acesso em 02 mar 2014
54
CONASS 2007- Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Disponiacutevel emlt
http18928128100dabdocspublicacoesconass_progestoresconass_252
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FUNASA ndash FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE ndash MINISTERIO DA SAUacuteDE
2013 Cronologia Histoacuterica da Sauacutede Puacuteblica Disponiacutevel em
lthttpwwwfunasagovbrsitemuseu-da-funasacronologia-historica-da-saude-
publicagt Acesso em 02 mar 2014
HOCHMAN G Regulando os efeitos da interdependecircncia sobre as relaccedilotildees
entre sauacutede puacuteblica e construccedilatildeo do Estado (Brasil 1910-1930) Revista
Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro v6 n11 1993
INDRIUNAS L Historia da Sauacutede Puacuteblica no Brasil Disponiacutevel em lt
httppessoashswuolcombrhistoria-da-saudehtmgtgt Acesso em 10 mar
2014
JUNIOR A P e JUNIOR L C Poliacuteticas publicas de sauacutede no Brasil 2006
Revista espaccedilo para sauacutede 2006 Disponiacutevel emlt
httpwwwccsuelbrespacoparasaudev8n1v8n1_artigo_3pdfgt Acesso em
10 mar 2014
KORNIS G E M BRAGA M H ZAIRE C E F 2008 Os marcos legais
das Poliacuteticas de Medicamentos no Brasil contemporacircneo (1990-2006) Ver
APS v11n 1 p 85-99 janmar 2008
LIMA A L G S PINTO M M S Fontes para a historia dos 50 anos do
Ministeacuterio da Sauacutede Hist cienc sauacutede-Manguinhos vol10 no3 Rio de Janeiro
SetDez 2003
55
MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2010 Da excepcionalidade agraves linhas de cuidado o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica Brasiacutelia-DF 2010
MINISTEacuteRIO DE SAUacuteDE 2014 Assistecircncia Farmacecircutica Disponiacutevel em
lthttpportalsaudesaudegovbr gt Acesso em 20 ago 2014
OLIVEIRA E A LABRA M E BERMUDEZ J A produccedilatildeo publica de
medicamentos no Brasil uma visatildeo geral Cad Sauacutede Puacuteblica vol22 no11 Rio
de Janeiro Nov 2006 Disponiacutevel em lt
httpwwwscielosporgscielophppid=S0102-
311X2006001100012ampscript=sci_arttext gt Acesso em 20 mar 2014
POLIGNANO MV Historia das politicas de sauacutede no Brasil uma pesquisa
revisatildeo Biblioteca Virtual Internato Rural Faculdade de Medicina da UFMG
2001 Disponiacutevel em
lthttpwwwmedinaufmgbrinternatoruralarquivosmimeo-23ppdfgt Acesso
em 02 mar 2014
PORTELA A S LEAL A A F WERNER R P B SIMOtildeES M O S
MEDEIROS A C D Poliacuteticas Puacuteblicas de medicamentos trajetoacuteria e
desafios Rev Ciecircnc Farm Baacutesica Apl 2010 31(1)09-14 ISSN 1808-4532
RIO DE JANEIRO 2014 Assistecircncia em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica
Disponiacutevel lthttpwwwsauderjgovbrgt Acesso em 28 ago 2014
SEVCENKO N A Revolta da Vacina mentes insanas em corpos rebeldes
Satildeo Paulo Brasiliense 1984
SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o
processo de divisatildeo de responsabilidades entre as esferas de governo IMS
UERJ Disponiacutevel em
56
lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesmonografia_construindo_suspdfgt
Acesso em 20 abr 2014
SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia
Min Da Sauacutede 2002
VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-
industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro
12(2)375-390 2002
57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
54
CONASS 2007- Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Disponiacutevel emlt
http18928128100dabdocspublicacoesconass_progestoresconass_252
0anospdfgt Acesso em 10 mar 2014
FUNASA ndash FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE ndash MINISTERIO DA SAUacuteDE
2013 Cronologia Histoacuterica da Sauacutede Puacuteblica Disponiacutevel em
lthttpwwwfunasagovbrsitemuseu-da-funasacronologia-historica-da-saude-
publicagt Acesso em 02 mar 2014
HOCHMAN G Regulando os efeitos da interdependecircncia sobre as relaccedilotildees
entre sauacutede puacuteblica e construccedilatildeo do Estado (Brasil 1910-1930) Revista
Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro v6 n11 1993
INDRIUNAS L Historia da Sauacutede Puacuteblica no Brasil Disponiacutevel em lt
httppessoashswuolcombrhistoria-da-saudehtmgtgt Acesso em 10 mar
2014
JUNIOR A P e JUNIOR L C Poliacuteticas publicas de sauacutede no Brasil 2006
Revista espaccedilo para sauacutede 2006 Disponiacutevel emlt
httpwwwccsuelbrespacoparasaudev8n1v8n1_artigo_3pdfgt Acesso em
10 mar 2014
KORNIS G E M BRAGA M H ZAIRE C E F 2008 Os marcos legais
das Poliacuteticas de Medicamentos no Brasil contemporacircneo (1990-2006) Ver
APS v11n 1 p 85-99 janmar 2008
LIMA A L G S PINTO M M S Fontes para a historia dos 50 anos do
Ministeacuterio da Sauacutede Hist cienc sauacutede-Manguinhos vol10 no3 Rio de Janeiro
SetDez 2003
55
MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2010 Da excepcionalidade agraves linhas de cuidado o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica Brasiacutelia-DF 2010
MINISTEacuteRIO DE SAUacuteDE 2014 Assistecircncia Farmacecircutica Disponiacutevel em
lthttpportalsaudesaudegovbr gt Acesso em 20 ago 2014
OLIVEIRA E A LABRA M E BERMUDEZ J A produccedilatildeo publica de
medicamentos no Brasil uma visatildeo geral Cad Sauacutede Puacuteblica vol22 no11 Rio
de Janeiro Nov 2006 Disponiacutevel em lt
httpwwwscielosporgscielophppid=S0102-
311X2006001100012ampscript=sci_arttext gt Acesso em 20 mar 2014
POLIGNANO MV Historia das politicas de sauacutede no Brasil uma pesquisa
revisatildeo Biblioteca Virtual Internato Rural Faculdade de Medicina da UFMG
2001 Disponiacutevel em
lthttpwwwmedinaufmgbrinternatoruralarquivosmimeo-23ppdfgt Acesso
em 02 mar 2014
PORTELA A S LEAL A A F WERNER R P B SIMOtildeES M O S
MEDEIROS A C D Poliacuteticas Puacuteblicas de medicamentos trajetoacuteria e
desafios Rev Ciecircnc Farm Baacutesica Apl 2010 31(1)09-14 ISSN 1808-4532
RIO DE JANEIRO 2014 Assistecircncia em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica
Disponiacutevel lthttpwwwsauderjgovbrgt Acesso em 28 ago 2014
SEVCENKO N A Revolta da Vacina mentes insanas em corpos rebeldes
Satildeo Paulo Brasiliense 1984
SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o
processo de divisatildeo de responsabilidades entre as esferas de governo IMS
UERJ Disponiacutevel em
56
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Acesso em 20 abr 2014
SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia
Min Da Sauacutede 2002
VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-
industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro
12(2)375-390 2002
57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
55
MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2010 Da excepcionalidade agraves linhas de cuidado o
Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica Brasiacutelia-DF 2010
MINISTEacuteRIO DE SAUacuteDE 2014 Assistecircncia Farmacecircutica Disponiacutevel em
lthttpportalsaudesaudegovbr gt Acesso em 20 ago 2014
OLIVEIRA E A LABRA M E BERMUDEZ J A produccedilatildeo publica de
medicamentos no Brasil uma visatildeo geral Cad Sauacutede Puacuteblica vol22 no11 Rio
de Janeiro Nov 2006 Disponiacutevel em lt
httpwwwscielosporgscielophppid=S0102-
311X2006001100012ampscript=sci_arttext gt Acesso em 20 mar 2014
POLIGNANO MV Historia das politicas de sauacutede no Brasil uma pesquisa
revisatildeo Biblioteca Virtual Internato Rural Faculdade de Medicina da UFMG
2001 Disponiacutevel em
lthttpwwwmedinaufmgbrinternatoruralarquivosmimeo-23ppdfgt Acesso
em 02 mar 2014
PORTELA A S LEAL A A F WERNER R P B SIMOtildeES M O S
MEDEIROS A C D Poliacuteticas Puacuteblicas de medicamentos trajetoacuteria e
desafios Rev Ciecircnc Farm Baacutesica Apl 2010 31(1)09-14 ISSN 1808-4532
RIO DE JANEIRO 2014 Assistecircncia em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica
Disponiacutevel lthttpwwwsauderjgovbrgt Acesso em 28 ago 2014
SEVCENKO N A Revolta da Vacina mentes insanas em corpos rebeldes
Satildeo Paulo Brasiliense 1984
SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o
processo de divisatildeo de responsabilidades entre as esferas de governo IMS
UERJ Disponiacutevel em
56
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Acesso em 20 abr 2014
SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia
Min Da Sauacutede 2002
VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-
industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro
12(2)375-390 2002
57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
56
lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesmonografia_construindo_suspdfgt
Acesso em 20 abr 2014
SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos
Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia
Min Da Sauacutede 2002
VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-
industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro
12(2)375-390 2002
57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57
57
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATOacuteRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMAacuteRIO 7
INTRODUCcedilAtildeO 8
CAPIacuteTULO I
HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10
CAacutePITULO II
POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL
DE MEDICAMENTOS 26
CAPITULO III
POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA
FARMACEcircUTICA 35
CONCLUSAtildeO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
IacuteNDICE 57