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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
Psicopedagogia
AVM FACULDADE INTEGRADA
A interdisciplinaridade como facilitadora da aprendizagem do
aluno com TDAH
Por: Leila Brand Silva
Orientador
Professora Simone Monteiro
Rio de Janeiro
2015
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
Psicopedagogia
AVM FACULDADE INTEGRADA
A interdisciplinaridade como facilitadora da aprendizagem do
aluno com TDAH
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Psicopedagogia.
Por: Leila Brand Silva
3
AGRADECIMENTOS
A Deus e a minha família
4
DEDICATÓRIA
Dedicado a Deus
4
5
RESUMO
Esta pesquisa tem por objetivo esclarecer aos professores a importância
do aluno aprender para vida e pela vida, através de um currículo voltado para
contextualização do seu dia a dia. A interdisciplinaridade deveria fazer parte do
currículo de toda a escola, mas infelizmente, o que vemos, na maioria das
escolas, são disciplinas soltas que não mostram ligação umas com as outras e
nem tão pouco para resolução de problemas por parte dos alunos. Transferir a
teoria para prática e dar sentido no que foi aprendido. O aluno com TDAH
precisa de incentivos para que ele possa se envolver e se sentir coprodutor do
seu conhecimento e dar lógica em suas atividades. Este trabalho de pesquisa
confirmou como a interdisciplinaridade ajuda na aprendizagem do aluno,
principalmente os com TDAH que necessitam de algo estimulante para prender
sua atenção.
6
METODOLOGIA
Para este trabalho utilizei da leitura de livros, pesquisa bibliográfica,
pesquisa de campo para observação do objeto de estudo e internet.
Primeiro me apropriei de um embasamento teórico dos grandes
estudiosos. Depois observei uma turma de 5º ano do ensino fundamental 1 de
uma escola da Prefeitura Municipal da Cidade do Rio de Janeiro, onde
estudava um aluno incluído com TDAH.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL, E
SUAS MUDANÇAS NO CURRÍCULO PARA ATENDER AS DEMANDAS DOS
ALUNOS COM TDAH 09
CAPÍTULO II - AS LEIS DE ENSINO 20
CAPÍTULO III – O ALUNO COM TDAH E A INTERDISCIPLINARIEDADE
22
CONCLUSÃO 47
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52
BIBLIOGRAFIA CITADA (opcional) 55
ANEXOS 58
ÍNDICE 59
FOLHA DE AVALIAÇÃO 63
8
INTRODUÇÃO
A presente pesquisa monográfica busca repensar a metodologia
tradicional utilizada na maioria das escolas em todos os seus níveis de ensino:
pré- escola, fundamental 1, fundamental 2, ensino médio e ensino superior.
A metodologia tradicional, muitas das vezes, acarreta no fracasso
escolar de forma crescente e persistente originando repetência sucessiva,
evasão escolar e dificuldade de aprendizagem.
O professor é o transmissor do conhecimento e o aluno recebe todo o
conteúdo sem entender sua interligação de uma disciplina com a outra e sua
utilização na vida prática. São conteúdos soltos e o principal objetivo são as
provas e testes que atribuem notas para ao final do ano, aprovar ou reprovar
para o ano seguinte.
Os alunos ditos “normais” conseguem transpor barreiras e dificuldades
que o levam ao sucesso no final do ano. Enquanto os alunos com
necessidades de ensino especial não conseguem ver fundamentação naquilo
que lhe foi transmitido e consequentemente são levados ao fracasso escolar.
A partir deste trabalho foi possível ajudar a alunos de escolas
municipais da cidade do Rio de Janeiro, do ensino fundamental 1
diagnosticados com TDAH na sua aprendizagem em sala de aula para tornar
sua atividade acadêmica mais significativa e proveitosa dando movimento na
forma de ensinar e instigando o aluno a construir seu conhecimento numa
dinâmica de contextos interligados e aplicável em sua rotina diária.
9
Esta pesquisa está dividida em três capítulos e tratará no primeiro
capítulo da retrospectiva histórica da educação no Brasil e suas mudanças no
currículo para atender as demandas dos alunos com TDAH. Um breve histórico
da educação no Brasil, começando da educação tradicional, tecnicista e por fim
a sociointeracionista. Essas divisões de educação não acabam para outra
começar, mas existem até hoje nas nossas escolas.
O segundo capítulo verifica-se um apanhado da lei de inclusão desde
seus primórdios até o momento.
O terceiro capítulo é mostrado as características, sintomas e cuidados
que devemos ter frente às pessoas com transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade. A apresentação da metodologia interdisciplinar e suas nuances
e adequação deste currículo para facilitar a aprendizagem dos alunos em sala
de aula e em especial ao aluno com TDAH.
Finalizando, algumas considerações foram feitas, acerca do motivo da
presente pesquisa de como a interdisciplinaridade facilita a aprendizagem do
aluno não só com transtorno de déficit de atenção, mas de toda a classe
escolar.
10
CAPÍTULO I –
RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO NO
BRASIL, E SUAS MUDANÇAS NO CURRÍCULO PARA
ATENDER AS DEMANDAS DOS ALUNOS COM TDAH
Interdisciplinaridade acaba com a divisão entre as disciplinas, mas
anuncia a complementação de uma com a outra. Cada disciplina não perde
sua autonomia, porém uma se integra com a outra. A interdisciplinaridade é um
elo entre o entendimento das disciplinas nas suas mais variadas áreas. O
exercício interdisciplinar vem sendo considerado uma integração de conteúdos
entre disciplinas do currículo escolar.
Segundo Brasil:
A interdisciplinaridade não dilui as disciplinas, ao
contrário, mantém sua individualidade. Mas integra as
disciplinas a partir da compreensão das múltiplas causas ou
fatores que intervêm sobre a realidade e trabalha todas as
linguagens necessárias para a constituição de conhecimentos,
comunicação e negociação de significados e registro
sistemático dos resultados. (BRASIL 1999, p 89)
1.1 - Educação tradicional
A educação tradicional de ensino trata o conhecimento como um
conjunto de informações transmitidas pelos professores aos alunos. O adulto é
considerado como homem acabado, "pronto" e o aluno um "adulto em
11
miniatura", que precisa ser atualizado. O homem faz parte da sociedade em
que através da escola, ele vai edificando seus conhecimentos.
A reprovação do aluno passa a ser necessária quando o mínimo dos
conteúdos dados na escola não foi aprendido.
A escola é o lugar onde se realiza a educação. É um ensino que se
preocupa com a quantidade de conteúdos dados.
O professor é o autor do poder, da metodologia, do conteúdo, da
avaliação e da forma como interage na aula. Ele traz o conteúdo pronto e o
aluno se limita apenas em aprender, copiá-lo e a reproduzi-lo. O ponto
fundamental desse processo será o produto da aprendizagem. A reprodução
dos conteúdos feita pelo aluno, de forma automática, na maioria das vezes, é
considerada como um poderoso e suficiente indicador de que houve
aprendizagem e de que, portanto, o conteúdo está assegurado.
De acordo com Saviani: (1991),
...o método tradicional é o mais utilizado pelos sistemas de
ensino, seja ele público ou particular. As escolas mais
conceituadas do mundo são bem tradicionais. É o modelo de
ensino mais utilizado e até mesmo mais desejado pela
sociedade. (SAVIANI, 1991, p. 46)
Conforme Mizukami:
Esta forma de ensino pode ser caracterizada pelo método
maiêutico, cujo aspecto básico é o professor dirigir a classe a
um resultado desejado, através de uma série de perguntas que
representam, por sua vez, passos para se chegar ao objetivo
proposto. (MIZUKAMI, 1986. p.17).
12
Hoje em dia, a qualidade do ensino da escola tradicional está
empobrecida se comparadas às instituições existentes nas décadas passadas.
Os conhecimentos não estão sendo transmitidos com o mesmo rigor daquela
antiga escola tradicional que instruiu nossos pais e avôs.
Na educação tradicional não há adequação de conteúdos para
alunos com necessidades de ensino especial, nem tão pouco adaptação na
avaliação. Os alunos com necessidades de ensino especial são ignorados e
muitos rotulados de “incapaz”, que nunca conseguirá aprender e não terão
direito de trabalhar.
1.2 - A educação tecnicista
Segundo Demerval Saviani:
A partir do pressuposto da neutralidade científica e nos
princípios de racionalidade, eficiência e produtividade, a
pedagogia tecnicista advogou a reordenação do processo
educativo de maneira a torná-lo objetivo e
operacional.(SAVIANI. 1991, p. 34)
De modo semelhante ao que ocorreu no trabalho fabril, pretendeu-
se a objetivação do trabalho pedagógico. Buscou-se, então, com base em
justificativas teóricas derivadas da corrente filosófico-psicológica do
behaviorismo, planejar a educação de modo a dotá-la de uma organização
racional capaz de minimizar as interferências subjetivas que pudessem pôr em
risco sua eficiência. Se na pedagogia tradicional a iniciativa cabia ao professor
e se na pedagogia nova a iniciativa deslocou-se para o aluno, na pedagogia
tecnicista o elemento principal passou a ser a organização racional dos meios,
ocupando o professor e o aluno posição secundária. A organização do
13
processo converteu-se na garantia da eficiência, compensando e corrigindo as
deficiências do professor e maximizando os efeitos de sua intervenção.
A pedagogia tecnicista surge nos Estados Unidos na segunda
metade do século XX e chega ao Brasil entre as décadas de 60 e 70,
inspiradas nas teorias behavioristas da aprendizagem, onde se deve moldar a
sociedade à demanda industrial e tecnológica da época.
Esta Pedagogia encontrava-se de acordo com o modelo capitalista,
fazendo parte de sua engrenagem e com o objetivo de, dentro deste sistema,
formar indivíduos “competentes” para o mercado de trabalho.
O professor não era valorizado, assim como o aluno também não
era, mas sim a tecnologia, a indústria, o capital. O professor torna-se o
especialista, responsável por "passar" ao aluno verdades científicas
incontestáveis. Ou seja, a escola não trabalhava a reflexão nos alunos.
Esta proposta foi utilizada no período do regime militar do país, onde
era necessário formar mão-de-obra para o mercado de trabalho. O conteúdo foi
dado na tentativa de acerto e erro. Era ensinado apenas o necessário para
que os indivíduos pudessem atuar de maneira prática em seus
trabalhos.
Os conteúdos estavam embasados na objetividade do conhecimento
e com uso de livros didáticos.
O diálogo entre professor e alunos era apenas técnica, com o intuito
de transmitir o conhecimento de maneira eficaz.
A avaliação se dava na verificação formal, analisando a realização
dos objetivos propostos através de testes e provas.
14
Este tipo de pedagogia ainda é vista nos dias de hoje em muitos
cursos, onde nota-se forte utilização de manuais didáticos, permanecendo o
caráter instrumental e técnico.
Segundo José Carlos Libâneo:
...deduz-se que as tendências pedagógicas liberais, ou seja, a
tradicional, as renovadas e a tecnicista, por se declararem
neutras, nunca assumiram compromisso com as
transformações da sociedade, embora, na prática,
procurassem legitimar a ordem econômica e social do sistema
capitalista. (LIBÂNEO, 1994, p. 30)
Foi feito filme sobre a automatização do ser humano no seu
trabalho. Este não pensa no que está fazendo, mas sim, na produtividade, no
que está pronto nas máquinas.
O aluno com necessidades de ensino especial não era levado em
conta. O currículo está pronto e cabe ao aluno seguir o modelo pré-
estabelecido. A avaliação era feita naquilo que o aluno produziu de forma
correta visando seu trabalho. A mão de obra tem que ser especializada e
eficaz.
1.3– A educação sociointeracionista
Como nos mostra Vygotsky:
Ela é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se
costuma determinar através da solução independente de
problemas, e o nível de desenvolvimento potencial,
determinado através da solução de problemas sob a orientação
15
de um adulto ou em colaboração com companheiros mais
capazes. (VYGOTSKY, 1934 , p. 112).
Segundo Fosnot:
As Teorias Interacionistas do desenvolvimento apoiam-se na
ideia de interação entre o organismo e o meio. A aquisição do
conhecimento é entendida como um processo de construção
contínua do ser humano em sua relação com o meio.
Organismo e meio exercem ação recíproca. (FOSNOT, 1998,
p. 72)).
Segundo Coll:
O ser humano, na teoria interacionista, interage com o meio
ambiente respondendo aos estímulos externos, analisando,
organizando e construindo seu conhecimento a partir do “erro”,
através de um processo contínuo de fazer e refazer (COLL,
1992, p. 164).
Essas construções dependem das relações que estabelecem com o
ambiente numa dada situação. Podemos empregar o termo construtivismo
como sinônimo de interacionismo, uma vez que existe a “construção” do
conhecimento considerada a verdadeira aprendizagem. Dentre as teorias
interacionistas destacam-se: a Teoria Interacionista Piagetiana e a Teoria Sócio
interacionista de Vygotsky.
Piaget utilizou-se do método clínico, para suas observações, por ter
semelhança com procedimentos usados em Psiquiatria e Psicoterapia:
entrevistas, aplicações de testes, observação. Utilizando este método, ele
chegou a formulações de uma teoria de como se processa o desenvolvimento
cognitivo, a Psicologia Genética. A psicologia genética propiciou um
aprofundamento sobre a compreensão do processo de desenvolvimento
16
humano na construção do conhecimento. Piaget buscou compreender os
mecanismos pelos quais as crianças constroem representações internas de
conhecimentos construídos socialmente, em uma perspectiva psicogenética,
traz uma contribuição para além das descrições dos grandes estágios de
desenvolvimento.
Segundo Santos:
...a psicogênese era objeto de estudo do construtivismo como
ciência e, agora, como psicogênese das diversas ciências ou
conhecimentos, é conteúdo do construtivismo aplicado ao
ensino. Nesta teoria, todas as crianças se desenvolvem
intelectualmente passando por estágios. Os diferentes estágios
por que passam os indivíduos, são descritos no processo de
aquisição dos conhecimentos, de como se desenvolve a
inteligência humana e de como o indivíduo se torna autônomo
(SANTOS, 2005, p. 169).
Pioneiro na teoria interacionista, Piaget (1920) apresenta uma
tendência “hiper construtivista” em sua teoria, com ênfase no papel estruturante
do sujeito, Vygotsky(1921), teórico igualmente importante nessa abordagem,
apresenta ênfase no aspecto interacionista, pois considera que é no plano
intersubjetivo, isto é, na troca entre as pessoas, que as funções mentais
superiores têm origem.
A teoria de Piaget(1920) também apresenta uma dimensão
interacionista, mas sua ênfase é colocada na interação do sujeito com o objeto
físico. E a teoria de Vygotsky(1921) apresenta um aspecto construtivista na
medida em que busca explicar o aparecimento de inovações e mudanças no
desenvolvimento a partir do mecanismo de internalização.
17
A partir de suas pesquisas, Vygotsky constata que no cotidiano das
crianças, elas observam o que ou outros dizem, porque dizem o que falam,
porque falam, internalizando tudo o que é observado e se apropriando do que
viu e ouviu. Recriam e conservam o que se passa ao seu redor. Em função
desta constatação, Vygotsky afirma que a aprendizagem da criança se dá
pelas interações com outras crianças de seu ambiente, que determina o que
porelaéinternalizado.
18
CAPÍTULO I I
A LEI DE INCLUSÃO
Em tempos passados não existia uma lei que garantisse ao aluno
com necessidades de educação especial de estudar numa escola de ensino
regular.
As famílias escondiam em suas casas, ou em casas de um parente
afastado, ou nos manicômios seus filhos com vergonha de eles terem nascido
“retardados” (era essa a denominação para os alunos com necessidades de
educação especial), e, portanto sem condições de estudar, desprovidos de
qualquer inteligência. Muitas crianças eram abandonadas pela família por
serem “incapazes” e “burros”.
Em 1988 com a Constituição da República Federativa do Brasil já
começou-se a pensar na inclusão. Promove o bem de todos sem distinção de
religião, raça, cor, sexo, origem, idade ou quaisquer outras formas de
discriminação. (art. 3º, inciso IV). Já em seu artigo 205, define a educação
como direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o
exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. No artigo 206, inciso 1,
estabelece a igualdade de condições de acesso e permanência na escola
como um dos princípios para o ensino e no seu artigo 208, garante como dever
do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado,
preferencialmente na rede regular de ensino.
A Lei 7.853/89, já vai mais longe um pouco, apoia às pessoas
portadoras de deficiências e sua integração social. Define como crime recusar,
suspender, adiar, cancelar ou extinguir a matrícula de um estudante por causa
de sua deficiência, em qualquer curso ou nível de ensino, seja ele público ou
19
privado. A pena para o infrator pode variar de um a quatro anos de prisão mais
multa.
No Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8069/90, em seu
artigo 55, determina que os pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular
seus filhos na rede regular de ensino.
Declaração Mundial de Educação para Todos de 1990 através de
seus documentos internacionais passam a influencia a formulação das políticas
públicas da educação inclusiva.
Declaração de Salamanca em 1994 dispõe sobre princípios, políticas
e práticas na área das necessidades especiais.
Política Nacional de Educação Especial, também de 1994, faz um
movimento contrário de inclusão, demarca retrocesso das políticas públicas ao
orientar o processo de integração instrucional que condiciona o acesso às
classes comuns do ensino regular àqueles que possuem condições de
acompanhar e desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino
comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos “normais”.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9394/96, no
seu artigo 59, diz que o sistema de ensino deve assegurara aos alunos
currículo, métodos e recursos e organização específica para atender às suas
necessidades, assegura a terminalidade específica àqueles que não atingiram
o nível exigido para conclusão do ensino fundamental em virtude de suas
deficiências. Em seu artigo 58, a lei diz que o atendimento educacional
especializado será feito em classes, escolas ou serviços especializados,
sempre que, em função das condições específicas do aluno, não for possível a
sua integração nas classes comuns do ensino regular.
20
O MEC/GM em sua circular 277/1996 fala que a política educacional
dirigida aos portadores de necessidade especial possibilita que venham a
alcançar níveis mais elevados do seu desenvolvimento acadêmico. As
Instituições de Ensino Superior – IES, deve adequar estruturalmente para criar
condições próprias de forma a possibilitar o acesso desses alunos ao 3º grau.
Salas especiais para avaliação do vestibulando EE. Avaliação diferenciada no
vestibular e durante o curso e extensão do prazo para finalização do curso.
Em 1999 no decreto 3298 que regulamente a lei 7853/89 fala sobre
uma política Nacional para integração para a pessoa portadora de deficiência e
define a educação especial como uma modalidade transversal a todos os
níveis e modalidades de ensino enfatizando a atuação complementar da
educação especial ao ensino regular.
Diretrizes Nacional para a Educação Especial na Educação Básica
(Resolução CNE/CEB número 2/2001, determina que os sistemas de ensino
devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizarem-se ao
atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais que
proporciona o atendimento educacional especializado complementar ou
suplementar à escolarização.
Plano Nacional de Educação – PNE, Lei 10.172/2001 determina
que o avanço que a educação poderá ter seria a construção de uma escola
inclusiva que garanta o atendimento à diversidade humana.
Convenção da Guatemala – 1999 que chegou ao Brasil pelo
Decreto 3956/2001, afirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos
direitos humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas. E fala
como discriminação com base na deficiência toda diferenciação ou exclusão
que possa impedir ou anular o exercício dos direitos humanos e de suas
liberdades fundamentais.
21
A Resolução CNE/CP número 1/2002, estabelece as diretrizes
curriculares nacionais para formação de professores da educação básica, e
define que as instituições de ensino superior devem prever em sua organização
curricular formação docente voltada para atenção à diversidade e que
contemplem conhecimentos sobre as especifidades dos alunos com
necessidades educacionais especiais.
Lei 10.436/2002 reconhece a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS
como meio legal de comunicação e expressão, determinando que sejam
garantidas formas institucionalizadas de apoiar seu uso e difusão, bem como a
inclusão da disciplina LIBRAS como parte integrante do currículo nos cursos de
formação de professores e fonoaudiologia.
Portaria 2678/2003 aprova diretriz e normas para o uso, o ensino, a
produção e a difusão do ensino do sistema Braille em todas as modalidades de
ensino, compreendendo a grafia Braille para a Língua Portuguesa e a
recomendação de seu uso em todo território nacional.
O Ministério Público federal, em 2004, elabora uma cartilha – O
acesso de alunos com deficiência às escolas e classes comuns da rede regular
de ensino com o objetivo de disseminar os conceitos e diretrizes mundiais para
inclusão.
Em 2004 em Decreto 5296/04 estabelece normas e critérios para
promoção da acessibilidade às pessoas com deficiência ou modalidade
reduzida, implementação do Programa Brasil Acessível.
Decreto 5626/2005, visa a inclusão de alunos surdos, dispõe a
inclusão de LIBRAS como disciplina curricular, a formação e a certificação de
professor, instrutor/intérprete de LIBRAS, o ensino da Língua Portuguesa como
segunda língua para alunos surdos e a organização da educação bilíngue no
ensino regular.
22
Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, 2006, lançada
pela secretaria especial de direitos humanos, pelo Ministério da Justiça e pela
UNESCO, quer que entre as ações, colocar no currículo da educação básica,
as temáticas relativas às pessoas com deficiência e desenvolver ações
positivas que possibilitem inclusão, acesso e permanência na educação
superior.
Plano de Desenvolvimento de Educação – PDE de 2007 traz como
eixo a acessibilidade dos prédios escolares, a implantação da sala de recursos
multifuncionais e a formação docente para o atendimento educacional
especializado.
Decreto 6094/2007, estabelece compromissos todos pela educação
a garantia do acesso e permanência do ensino regular e o atendimento às
necessidades educacionais especiais dos alunos, fortalecendo a inclusão
educacional nas escolas públicas.
Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva, 2008, fundamenta uma política pública voltada à inclusão escolar.
Decreto 6571/2008, estabelece o atendimento especializado no
sistema regular de ensino nas escolas públicas e privado.
Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência/ 2009,
aprovada pela ONU, assegura um sistema de educação inclusiva de em todos
os níveis de ensino. Determina que as pessoas com deficiência não sejam
excluídas do ensino fundamental, e que elas tenham acesso o ensino
fundamental de ensino gratuito, em igualdade de condições como as demais
pessoas na comunidade em que vivem.
23
Decreto 6949/2009, promulga a convenção internacional sobre nos
direitos das pessoas com deficiência e seu protocolo facultativo, assinado em
Nova York. Este decreto dá ao texto da convenção caráter de norma
constitucional brasileira. Os princípios desta convenção são: o respeito,
liberdade, autonomia e independência das pessoas; não descriminalização;
efetiva participação e inclusão na sociedade; igualdade de oportunidades;
acessibilidade; respeito pelo desenvolvimento pelas capacidades das crianças
com deficiência e preservar sua identidade.
Resolução 4 CNE/CEB/2009, dá diretriz operacional para o
atendimento educacional especializado na educação básica, que deve ser
oferecido no turno inverso da escolarização, prioritariamente, nas salas de
recursos multifuncionais da própria escola ou de outra escola de ensino
regular.
Plano Nacional da Educação – PNE/2011 pretende universalizar os
alunos entre 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes com
deficiência, transtornos globais de inteligência e altas habilidades na rede
regular de ensino. Dentre as estratégias está garantir o repasse do Fundo de
Manutenção e desenvolvimento da educação básica e de valorização dos
profissionais da educação – FUNDEB, garantir a inclusão dos alunos; implantar
mais salas de recursos multifuncionais; implementar a formação de
professores; ampliar a oferta de vagas para esses alunos; acessibilidade;
interagir com ensino regular e as salas de recursos.
Lei 12764 de 2012 institui a política educacional de proteção dos
direitos das pessoas com espectro autista e dá ações educacionais e de saúde
e oferta de ensino profissionalizante.
2015 – O Projeto de Lei do Senado 45 de 2015, de autoria do
senador Romário (PSB-RJ), proíbe a cobrança de taxa adicional para alunos
com deficiência física ou intelectual em escolas particulares. A proposta
24
também estabelece que os pagamentos feitos acima do valor da mensalidade,
que não sejam cobrados para todos os alunos, deverão ser ressarcidos. O
reembolso deverá ser o dobro do que foi pago em excesso, acrescido de
correção monetária e juros legais.
O projeto determina que as instituições devam elaborar uma planilha
com os custos da manutenção e desenvolvimento do ensino, para assegurar
que nenhuma taxa extra seja cobrada. Como também garantir no projeto
político e pedagógico a educação inclusiva, com o intuito de atender as
necessidades específicas dos alunos e promover adaptações necessárias.
Sobre a lei de inclusão muitos projetos foram feitos, vistos, falados e
complementados, porém a realidade é outra. Estas realidades constataram não
só em instituições privadas, mas também as públicas. E também não só em
instituições de ensino, mas nas ruas, meios de transporte, saúde, em geral em
todos os lugares.
Muitas escolas e prédios tombados pelo patrimônio público que não
podem ser reestruturados para os deficientes. Ruas esburacadas e sem
calçada para locomoção, escadas sem aparelhos que conduzam as pessoas.
Mercados, bares e lojas em geral sem rampas e com passagem mínima para
cadeirantes. Sinais de trânsito sem adaptações para cegos. Cartazes e
informações importantes sem a leitura de Braille.
Escolas sem nenhum tipo de acessibilidade como, por exemplo:
banheiros sem adaptações, salas de aula com excesso de alunos e apertadas
que impedem a locomoção, pátios e refeitórios de formatos irregulares que
impedem ao aluno com deficiência de se locomoverem. Salas de aula sem
mediadoras que possam atender esses alunos. Sem profissional que use as
linguagens de LIBRAS e/ou Braille. Docentes sem especialização em educação
especial e inclusiva. Não há salas de recursos multifuncionais que ofereçam
apoio a esta clientela. Ou quando existentes algumas salas de recurso
25
multifuncional atuam afastados da escola de origem e por isto impossibilita os
alunos com seus responsáveis de se dirigirem até lá.
Enfim, muitas propostas vão surgindo ao longo dos anos, porém o
que vemos não é realmente inclusão e sim pequenas adaptações para tentar
amenizar a situação das pessoas com deficiência.
Nos grandes centros ainda é possível vermos essas políticas se
concretizarem, profissionais adequados e preparados, mas infelizmente, nos
bairros mais pobres toda essa postura é inexistente.
Os cursos para docentes especializados em educação especial são
caros e distantes, geralmente localizados nos grandes centros sem acesso aos
profissionais que moram na periferia e interessados nessa especialização.
Poucas instituições públicas oferecem esses cursos e as vagas são bem
restritas.
Muito ainda se há de fazer para que a lei de inclusão seja
efetivamente colocada em prática para todos enquanto uma política pública e
democrática.
26
CAPÍTULO I I I
O ALUNO COM TDAH E A INTERDISCIPLINARIEDADE
3.1 – Conhecendo sintomas do TDAH
A sigla TDAH quer dizer Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade. É um transtorno psiquiátrico muito estudado no mundo inteiro,
porém não há uma palavra final sobre sua origem, não há um consenso
científico sobre as suas reais causas, ou seja, quanto a ele ser inato (genético)
ou adquirido (ambiental).
Os fatores genéticos parecem ter um papel bastante relevante na
origem do TDAH. As pesquisas mostram que a prevalência de TDAH é bem
maior em filhos e familiares de pessoas com TDAH em relação a pessoas sem
o problema.
Exames de imagem feitos no cérebro mostraram evidências de
disfunção em pessoas com TDAH (no córtex pré-frontal, núcleos da base,
cerebelo e outras).
Os fatores ambientais que podemos perceber é o baixo peso ao
nascer (menos de 1.500 g) confere um risco 2 a 3 vezes maior para TDAH.
Embora o TDAH esteja correlacionado com tabagismo na gestação,
parte dessa associação reflete um risco genético comum.
Uma minoria de casos pode estar relacionada a reações a aspectos
da dieta.
Pode haver história de abuso infantil, negligência, múltiplos lares
adotivos, exposição a neurotoxinas (chumbo), infecções (por exemplo:
27
encefalite) ou exposição ao álcool durante a gestação. Exposição a toxinas
ambientais.
O DSM-5 tem alguns critérios que definem o diagnóstico de uma
criança ou adulto com TDAH.
Em primeiro lugar, é necessário que a pessoa apresente um padrão
persistente de desatenção e/ou hiperatividade que interfira no funcionamento e
no desenvolvimento. Para tanto, ela precisa apresentar os seguintes sintomas:
Sintomas comuns de desatenção:
• Parar de prestar atenção a detalhes ou ter erros por distração em atividades
escolares;
• Não conseguir manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas;
• Não escutar quando lhe dirigem a palavra;
• Não fazer o que está se pedindo e não terminar deveres de casa;
• Ter dificuldade para organizar tarefas e atividades;
• Fugir de tarefas que exijam esforço mental prolongado (tarefas escolares,
deveres de casa, redações);
• Perder objetos necessários.
• Distrair-se por estímulos externos.
• Ser esquecido em relação a atividades cotidianas.
Sintomas comuns de hiperatividade:
• Movimentar mãos e pés ou se contorcer na cadeira
• Levantar da cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se
espera que permaneça sentado;
• Escalar nas coisas, em situações onde isso é inapropriado ou, de ficar
inquieto;
• Não se envolve em atividades de lazer calmo;
• Não consegue ficar parado por muito tempo, em restaurantes, sala de aula;
• Falar demais;
28
• Não espera sua vez de falar, respondendo uma pergunta antes que seja
terminada ou completando a frase dos outros;
• Ter dificuldade de esperar a sua vez em brincadeiras;
• Interrompe ou se intromete em conversas e atividades, tentando assumir o
controle do que os outros estão fazendo ou usar coisas dos outros sem
pedir.
Em geral, é preciso que a criança apresente seis ou mais desses
sintomas por mais de seis meses antes de ser feito o diagnóstico.
Os profissionais de saúde capacitados são os (neuro) psiquiatras,
(neuro)pediatras e neurologistas. Entretanto, em virtude da maioria das
comorbidades do TDAH ser de cunho psiquiátrico, o mais comum é que
indivíduos com o transtorno procurem um psiquiatra.
O TDAH costuma ser observado com mais facilidade durante o
ensino fundamental pela desatenção, que fica mais saliente e prejudicial.
O mais importante, logo que diagnosticado, é o tratamento do TDAH
para que a vida das pessoas que têm o transtorno seja mais saudável e com
mais qualidade. É de suma importância que os sintomas sejam logo
identificados e tratados corretamente.
O tratamento de crianças com TDAH é multidisciplinar, se baseia na
intervenção de profissionais de várias áreas, como os da área médica, de
saúde mental e pedagógica. Avaliações com psicólogo, fonoaudiólogo,
psicopedagoga, otorrinolaringologista, oftalmologista, e outros, podem ser
necessárias, conforme a demanda de cada caso.
Os profissionais envolvidos no tratamento da criança devem falar
com a família sobre a suspensão das repreensões e dos castigos. É importante
que crianças com TDAH sejam elogiadas, reconhecidas e valorizadas pelo que
elas têm de bom, sempre que fizerem algo corretamente. Este reforço positivo
29
aumenta a autoestima da criança e evita sérios problemas futuros. É muito
prejudicial ficar repreendendo ou castigando a criança todo o tempo.
Intervenções no âmbito escolar são importantes e muitas vezes é
preciso um acompanhamento psicopedagógico e reforço escolar. A intervenção
escolar facilita o convívio dessas crianças com os colegas e tenta impedir que
elas se desinteressem pela escola, o que é muito comum no TDAH.
É primordial que a família e os profissionais saibam como lidar com
as pessoas com TDAH. Podemos destacar algumas tarefas que podem facilitar
a convivência, tanto por parte da criança quanto por parte da família:
• Estabelecer limites e regras;
• Ser paciente e demonstrar afeição e amor;
• Procure maneiras de aumentar a autoestima da criança e coloque
disciplina em sua rotina;
• Organizar as atividades como rotina diária;
• Usar criatividade e técnicas de motivação e recompensa;
O TDAH não tratado pode trazer diversas consequências no dia a
dia da criança. Alunos não diagnosticados não receberão tratamento adequado
e continuarão sendo rotuladas de preguiçosas e malcriadas, quando na
verdade o que elas apresentam é um comportamento biologicamente
determinado, com um amadurecimento em regiões do cérebro que é diferente
daquele apresentado por indivíduos sem o transtorno.
Os estudos feitos nesse campo mostram que pessoas não tratadas
precocemente terão mais “prejuízos” ao longo dos anos e maior
comprometimento da qualidade de vida. Como por exemplo:
• Sentimento precoce de fracasso;
• Menores índices de desempenho escolar e menos sucesso acadêmico
• Autoestima, autoconfiança e autoimagem baixos.
• Rejeição social e bullying
30
• Chances significativamente maiores para desenvolverem Transtorno de
conduta na adolescência.
O TDAH em adultos se associa a:
• Pior desempenho, sucesso, assiduidade e pontualidade no campo
profissional, gerando desemprego;
• Conflito interpessoal;
• Problemas de assédio moral no trabalho;
• Chance significativamente maior para desenvolver Transtorno de
Personalidade Antissocial e de conduta;
• Obesidade e/ ou outras compulsões;
3.2 – Interdisciplinaridade:
Interdisciplinaridade é o processo de ligação entre as disciplinas.
A palavra interdisciplinar é formada pela união do prefixo "inter", que
exprime a ideia de "dentro", "entre", "em meio"; com a palavra "disciplinar", que
tem um sentido pedagógico de instruir nas regras e preceitos de alguma arte.
O planejamento de interdisciplinaridade, é quando duas ou mais
disciplinas relacionam seus conteúdos. A relação entre os conteúdos
disciplinares é a base para um ensino mais interessante, onde uma matéria
auxilia a outra.
O conteúdo interdisciplinar é um projeto, entre dois ou mais
professores de disciplinas distintas ou até mesmo com um único professor.
Segundo Libâneo:
...o processo de ensino se caracteriza pela combinação de
atividades do professor e dos alunos, ou seja, o professor
dirige o estudo das matérias e assim, os alunos atingem
31
progressivamente o desenvolvimento de suas capacidades
mentais. (LIBÂNEO, 1994, p. 121)
É importante ressaltar que o direcionamento do processo de ensino
necessita do conhecimento dos princípios e diretrizes, métodos, procedimentos
e outras formas organizativas.
A interdisciplinaridade é adotada como uma maneira de terminar
com a fragmentação entre as disciplinas. Proporcionando um diálogo entre
estas, relacionando-as entre si. A interdisciplinaridade busca relacionar as
disciplinas no momento em que são dados os conteúdos em sala de aula para
transportar o aprendizado para vida diária.
Alguns tipos de composição curricular:
Multidisciplinar – modelo fragmentado em que há justaposição de
diversas disciplinas, sem relação aparente entre elas.
Pluridisciplinar – quando se justapõem disciplinas mais ou menos
vizinhas nos domínios do conhecimento, formando-se áreas de estudos com
conteúdos afins ou coordenação da área com menor fragmentação.
Interdisciplinar – com nova concepção de divisão do saber, frisando
a interdependência, a interação e a comunicação existentes entre as disciplinas
e buscando a integração do conhecimento num todo harmônico e significativo.
Transdisciplinar – quando há a coordenação de todas as disciplinas
num sistema lógico de conhecimentos, com livre trânsito de um campo de
saber para o outro.
O currículo multidisciplinar visto até nas escolas com ensino
tradicional desconsidera as característica e necessidades do desenvolvimento
humano.
32
No currículo interdisciplinar garantimos uma integração das
disciplinas e sua significação para os alunos. Com isso cresce o interesse dos
alunos pela escola, que cada dia mais, perde espaço para os atrativos
tecnológicos e eletrônicos dos meios de comunicação, computação e diversão.
A escola com currículo interdisciplinar exige uma nova visão, mais
criativa e ousada onde as informações e conceitos compõem uma totalidade de
significação que se completam. É um diálogo entre as disciplinas
estabelecendo relações para se entender o presente e o passado e projetar o
futuro.
3.3 – Interdisciplinaridade e o aluno com TDAH
Em se falando, em especial, do aluno com TDAH, a
interdisciplinaridade muito colabora para uma real aprendizagem deste aluno
na medida em que o aluno atua junto com o professor na realização dos
conhecimentos didáticos. As aulas não podem ser só de transmissão de
conhecimentos e informações em que o professor é o centro do processo em
que ministra suas aulas de forma pronta e acabada e cabe ao educando
“aprender” tudo aquilo que se foi planejado e demonstre esse “saber” nas
provas que será atribuída uma nota e refletirá, ao final do ano, a passagem
deste aluno para o ano escolar subsequente. Ao invés disto, cabe aos
professores elaborarem um projeto em que as disciplinas se inter-relacionem e
que o aluno atue no processo, como por exemplo, criação de materiais, textos
e livros com a participação de todas. O “saber” construído e inacabado onde há
aprendizagem da parte dos professores e alunos. O professor deve propiciar
esquemas para que o aluno seja sujeito e construtor do seu processo de
aprendizagem, capaz de manipular seu o conhecimento, ao invés de apenas
recebê-lo.
A partir do momento em que o aluno trabalha seu conhecimento, vai
criando sentido nas diversas áreas de conhecimento. As aulas se tornarão
mais dinâmicas e atraentes prendendo a atenção do aluno com TDAH. Este
33
não ficará passivo, ouvindo apenas as informações do professor e realizando
suas tarefas de aula e de casa, mas sim buscar seu conhecimento e ser capaz
de aplicar o aprendido em novas situações e contextos do seu dia a dia. Esse
movimento de interações desperta no aluno interesse para que ele busque
novas respostas para suas perguntas e dúvidas. Ele estará sempre motivado
nas aulas pelo seu aspecto de conteúdos dinâmicos e interacionais, com isso
ir para escola não será um sacrifício e sim uma atividade prazerosa e
proveitosa. O educando tem motivos para não faltar às aulas e participar delas
ativamente. Para isso a escola deve elaborar seu currículo de modo que os
alunos se identifiquem e participe com que está sendo trabalhado. O currículo
interdisciplinar é capaz de envolver seus alunos numa dinâmica construtiva e
eficaz. A escola precisa preparar seu projeto pedagógico de acordo com seu
alunado é o primeiro passo para garantir o sucesso na aprendizagem é a
motivação em que o aluno está para aprender.
O projeto pedagógico feito pela equipe de professores na escola
deve ser elaborado e articulado de acordo com interesses dos alunos para que
haja atuação e construção de todos.
Um aluno trabalha como empacotador num supermercado e traz
semanalmente os encartes com promoções deste mercado, podemos, por
exemplo, acrescentar encartes de mais dois ou três supermercados, entregar
um para cada aluno, e pedir para cortarem e colarem num papel os itens com
preços de suas compras que gostariam de adquirir. Feito esse apanhado, cada
criança vai dizer e mostrar o que comprou. A professora de matemática poderá
pedir que fizessem soma dos itens adquiridos, depois compará-los com os
colegas. Ver a diferença entre as despesas. Quem comprou mais ou menos.
Percentagem do quanto gastou com o salário mínimo, etc. A professora de
língua portuguesa poderia pedir que cada aluno escrevesse os itens
comprados, fizessem frases com itens que mais gostam construir textos
explicando o que pode fazer para economizarem, etc. O professor de história
poderia mostrar como era o comércio no tempo feudal, troca das especiarias
pelos índios com os portugueses até o tempo atual. O professor de ciências
34
mostraria como funcionam as indústrias, matéria prima dos produtos, o que se
origina do campo. Produtos de origem vegetal e de origem animal. O de
geografia o cultivo de matéria prima, a extração de produtos sem o devido
cuidado com a natureza.
Como um segundo exemplo, dentro dos milhares, a professora de
língua portuguesa poderia pedir aos alunos que descrevessem seu caminho da
casa para escola. Contasse um acontecimento em que ocorreu neste trajeto.
Trabalhar flexões verbais, concordância gramatical e sintaxe. Utilização de
pontos: final, interrogação e exclamação. O professor de matemática, o tempo
e a quilometragem utilizado neste trajeto de casa para a escola. Provocar
situação problema de quem anda mais, efetuar cálculos. O professor de
história a evolução dos meios de transportes da idade média até os tempos
atuais. O professor de geografia o relevo avistado no percurso, morro, planície,
nível do mar. Explorar a flora e fauna da região. Falar sobre população da
cidade e do campo. Densidade demográfica nas áreas urbanas. Construção de
moradias em local de risco, prevenindo possíveis catástrofes como
desabamentos e deslizamentos de terra. O professor de ciências o estado
físico da matéria, evaporação da água, formação de nuvens e chuva. A
importância do cultivo de árvores, o reuso da água da chuva e como
economizar água para o planeta. Língua estrangeira seria o vocabulário das
palavras retiradas para descrever o trajeto de casa para escola. Educação
física brincadeiras de rua como futebol, queimado e pique esconde, pique alto.
Ficaria descrevendo vários exemplos de conteúdos interdisciplinares
e exemplificando diversas atividades que poderíamos aplicar nas aulas para
torná-las mais dinâmica e contextualizada, porém deve a equipe de
professores formularem projetos que atendam as necessidades de seus
alunos e as diferenças individuais e regionais, a medida que o educando se
apropria de seu conhecimento , ele se mobiliza para a busca do saber.
É importante que o educador tenha cuidados para permitir a
autonomia do educando e não exigir mais que o aluno possa dar. O professor
35
deve assegurar a todos a prática e a vivência , a possibilidade de observar e
construir conhecimento.
A metodologia interdisciplinar integra o universo do aluno com as
informações e os conceitos desenvolvidos nas diferentes áreas que enfatiza a
construção do conhecimento, a valorização da sensibilização e da ampliação
da percepção, a importância da dinâmica inter-relacional na aprendizagem em
grupo e o valor da simbolização. Porque é nesta base que se valoriza o aluno
como ser ativo que usa as operações do pensamento e a criatividade no
contato com as informações. O conhecimento é esta construção ativa do
pensar, e não a assimilação passiva dos conteúdos. A problematização é
importante no aprendizado porque gera novas interpretações e busca novas
formas de conflitos.
A metodologia interdisciplinar mostra o procedimento para a
aplicação do projeto e requer a realização de vivências. Aprender em grupo
numa vivência interdisciplinar, integrar as artes às ciências, vivenciar e refletir
sobre como trabalhar a partir de um tema gerador. Aplicar as operações
mentais, as formas de raciocínio no diálogo com os conteúdos acadêmicos. E
assim temos de um modo geral algumas considerações específicas por
disciplina. Ciências: o significado da ciência e sua integração com a vida.
Geografia: ampliar o conceito de espaço geográfico. História: mostrar o
significado da história a partir do que vivenciamos no cotidiano. Matemática:
trazer o significado da matemática na vida rotineira. Língua Portuguesa:
conceituar e relacionar as necessidades com a vida, trabalhando as
interpretações e construções de textos para a integração num todo.
Segundo Drouet:
Para que a aprendizagem provoque uma efetiva mudança de
comportamento e amplie cada vez mais o potencial do
educando, é necessário que ele perceba a relação entre o que
está aprendendo e a sua vida. (DROUET, 1995, p 11).
36
CONCLUSÃO
Ao final desta monografia chego às considerações de que
dificuldades na aprendizagem podem surgir, mas se utilizarmos uma
metodologia capaz de incentivar o aluno e este se motivar em aprender,
interagir em sala de aula, querer estar presente todos os dias na escola e que o
aprendizado tenha sentido e aplicação na sua vida diária, isto é, através de
uma metodologia que proporciona tal situação de prazer em aprender, este
aluno terá mais sucesso na sua efetiva aprendizagem. Este método de inter
relacionamento entre as disciplinas, no esgarçamento entre os conteúdos é o
que chamamos de metodologia interdisciplinar. Tal metodologia não é só eficaz
para toda a turma, mas como muito ajuda a prender a atenção ao aluno com
TDAH.
Assim, é fundamental um trabalho com os que dirigem e atuam no
sistema de ensino, bem como com os pais que têm crianças atendidas nas
escolas.
Geralmente, crianças com TDAH apresentam baixo desempenho na
escola, não porque não tenham competência intelectual, mas porque sentem
desamparo, têm baixa expectativa e negam a importância do esforço. Esse
baixo desempenho as conduz a acreditarem cada vez menos nas suas
capacidades e cada vez mais no poder da sorte. O que as ajudam é o impacto
das percepções no contexto em que elas interagem. Como os professores são
indispensáveis nesse processo, à forma como as crianças são percebidas por
eles afetam, sem dúvida, o sucesso da aprendizagem.
A inteligência de pessoas hiperativas não é comprometida com a
doença, mas o principal empecilho para elas é a impulsividade e a falta de
atenção.
Ao se tratar o paciente hiperativo, o método interdisciplinar, mostra
marcante melhoria no rendimento escolar de seus alunos.
37
O educador que trabalha com aluno com TDAH, junto com a
interdisciplinaridade tem a oportunidade de resgatar na criança com transtorno
do déficit de atenção e hiperatividade a criatividade. Prender a sua atenção nas
tarefas aplicadas, pois o quanto mais inovador e desafiador, a criança
hiperativa se adapta com mais facilidade, portanto, a interdisciplinaridade é
fundamental para um melhor desenvolvimento do educando sendo ele
hiperativo ou não.
O trabalho interdisciplinar tem como principal objetivo à integração e
o desenvolvimento global do aluno, assim como o desenvolvimento de sua
capacidade, tendências e comportamentos.
A interdisciplinaridade é definida como o processo pelo quais dois ou
mais professores de áreas distintas analisam o conteúdo, fixam objetivos e
partem para proposta de atividade, sendo que um poderá adentrar na área do
outro, sem fugirem da essência de suas disciplinas. Acontecerá quando houver
trocas constantes de informações entre os professores, que visam os mesmos
objetivos educacionais propostos pela escola.
Estimular o comportamento atencioso (não-hiperativo) é a chave de
preparação para o bom desempenho deste aluno. O aumento do período de
atenção e a manutenção de tarefas podem ser ensinados em casa. O
educando precisa de um período de atenção e de tempo para poder se
adequar à escola.
A educação precisa ter cuidado na identificação dos alunos com
dificuldades, de forma a evitar preconceito e discriminação. Muitos deles são
rotulados como crianças problemáticas.
Como professora, venho atuando com crianças buscando sempre a
melhor forma de desempenhar satisfatoriamente meu papel em sala de aula.
38
Neste percurso de leitura e pesquisa para esta monografia me
fizeram entender melhor como deve ser a postura do professor frente aos seus
alunos e como é importante planejar em equipe com outros professores o
conteúdo a ser dado e como a metodologia interdisciplinar colabora para esse
processo ser eficaz para aprendizagem de sua turma.
Ir para escola deve ser um momento de alegria e prazer para criança
e o educador, como mediador, deve ter um “olhar diferenciado” na etapa
escolar e principalmente no aluno com TDAH.
É da minha vontade que minha pesquisa venha contribuir para que
outros professionais da área de ensino façam uso de uma metodologia que
garanta sua aplicabilidade em sala de aula.
Minha monografia não se esgota aqui, mas procurei deixar nela uma
forma dos professores refletirem no seu dia a dia como tornar seu dia letivo
prazeroso com seus alunos, utilizando um planejamento que traga movimento,
construção e interação contextualizada com os acontecimentos da vida
cotidiana que levamos, através de um planejamento interdisciplinar.
39
BIBLIOGRAFIA
SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia. São Paulo: Autores Associados,
1987.
DROUET, Ruth Caribé da Rocha. Distúrbio da Aprendizagem, São Paulo.
Ática, 1995.
Revista Nova escola. São Paulo, Fundação Victor Civita, Setembro 2012.
LATAILLE, YVES et ali. Piaget e Vygotsky. Teorias Psicogenéticas em
Discussão. São Paulo: Summus, 1992.
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 1996.
SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. São
Paulo, Cortez/Autores Associados,1991.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo, Cortez, 1994.
MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo, Epu,
2010.
http://inclusaoja.com.br/legislacao
http://portal.mec.gov.br/index.php
http://ihainforma.wordpress.com/legislacao.
40
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL, E SUAS
MUDANÇAS NO CURRÍCULO PARA ATENDER AS DEMANDAS DOS
ALUNOS COM TDAH. 10 1.1 - Educação tradicional 10
1.2 – A educação tecnicista 12
1.3 - A educação sociointeracionista 14
CAPÍTULO II
A LEI DE INCLUSÃO 18
CAPÍTULO III
O ALUNO COM TDAH E A INTERDISCIPLINARIEDADE 26
3.1 – Conhecendo os sintomas do TDAH 26
3.2 – Interdisciplinaridade 30
3.3 – Interdisciplinaridade e o aluno com TDAH 32
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA 39
ÍNDICE 40