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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
CONTRIBUIÇÕES DOS MÉTODOS DE MEDIAÇÃO NO ACONSELHAMENTO CRISTÃO
Por: Lívia Fontes Farias
Orientador
Prof. Francis Rajzman
Rio de Janeiro
2013
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2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
CONTRIBUIÇÕES DOS MÉTODOS DE MEDIAÇÃO NO ACONSELHAMENTO CRISTÃO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada
como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Mediação de Conflitos com Ênfase em
Família
Por: Lívia Fontes Farias
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, acima de tudo, pois Ele é a fonte de tudo que
tenho e de minhas conquistas. Agradeço também aos meus
familiares e ao meu noivo pela compreensão e atenção nesse
processo e, ainda, aos colegas de turma e corpo docente da
faculdade e a todos que permitiram que eu chegasse até aqui.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho à Deus, que me possibilitou chegar até aqui, por sua
graça e bondade. À minha família e noivo, pelo apoio e compreensão e a
todos que abriram meus olhos para algo novo e desafiador.
5
RESUMO
Este trabalho visa verificar e explicitar como os princípios de mediação
contribuem no aconselhamento cristão, assim como as contribuições que
ambas exercem sobre o outro. Conceituando aconselhamento, mediação, em
seu método transformativo e contextualizando-os para que haja maior
compreensão de suas relações e dessas na sociedade.
Serão evidenciados os métodos de mediação relacionando-os com o
aconselhamento cristão; demonstrando a progressão e aperfeiçoamento da
tomada de decisão das partes envolvidas no processo de aconselhamento a
partir da adoção dos métodos de mediação.
Será mostrado também, a adoção dos métodos utilizados na mediação e
como os mesmos contribuem no aconselhamento cristão, empoderando cada
vez mais as partes, possibilitando um compromisso maior com as decisões
tomadas no âmbito do aconselhamento.
6
METODOLOGIA
A pesquisa bibliográfica e documental foi realizada através da análise de
livros, aulas presenciais, buscas em sites referentes ao tema e vivência no
local de trabalho.
Foi utilizada também a observação da diferença nos aconselhamentos
feitos sem o uso dos métodos da mediação e posteriormente com o uso do
mesmo.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Conceituando 11
CAPÍTULO II - Contextualizando 15
CAPÍTULO III – Princípios da Mediação 18
CAPÍTULO IV - Métodos da mediação e suas contribuições no aconselhamento
23
CONCLUSÃO 26
ANEXOS 27
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 33
ÍNDICE 34
8
INTRODUÇÃO
“Responder produtivamente aos conflitos significa utilizar as oportunidades que
eles representam de mudar e transformar as partes como seres humanos. Significa alertar e ajudar os adversários a utilizar o conflito para compreender e potencializar suas qualidades intrínsecas, tanto pelo que se refere a força do eu como a relação
com os demais. Significa destacar a bondade intrínseca das pessoas que se enfrentam. Se proceder assim a resposta ao conflito contribui para a transformação
dos indivíduos, que passam a condição de seres temerosos, defensivos e egoístas, a de confiantes, sensíveis e considerados, com o qual se transforma também a sociedade em definitivo.” (R. A. Baruch Bush e J. P. Folger – Tradução livre)
O aumento dos problemas pessoais e desilusões com o estilo de vida
atual têm levado muitas pessoas a buscarem a solução de seus problemas de
formas alternativas e não mais o litígio imediato.
O aumento dos laços de relacionamento do mundo levam a mais
conflitos, pois onde existem pessoas existem conflitos, mas esses podem ser
mediados a partir de uma intervenção profissional e com o uso dos métodos
adequados.
Certo psiquiatra disse que seus “pacientes estão basicamente famintos
por amor e aceitação”. Isso nos leva a perceber a necessidade de muitas
pessoas em ter outras perto de si e muitas vezes isso se dá pelas formas de
litígio longas e desgastantes.
Os princípios da mediação corroboram os princípios do aconselhamento
cristão, assim como os princípios do aconselhamento bíblico corroboram os
princípios da mediação.
Existem diferentes tipos de aconselhamento assim como de mediação,
todos tem sua efetividade e relevância e são aplicados de acordo com o
conselheiro ou mediador.
A mediação teve início nos anos 70, nos E.U.A.(Estado Unidos da
América), difundindo-se para o Canadá, China e alguns países da Europa.
Seus contextos de atuação são diversos, como: familiar, comunitário,
educacional, comercial, trabalhista, meio ambiente e relações internacionais.
A mediação faz parte dos Métodos Extra-judiciais de Solução de
Conflitos (MESCs) e difere-se da negociação, da conciliação, da arbitragem e
9
da resolução judicial. Em uma negociação, as partes têm como objetivo realizar
um acordo, sendo que o fazem sem a participação de terceiros, como é feito no
caso da mediação.
“A conciliação, no Brasil, tem ficado relacionada à esfera jurídica, tais
como observado nos Tribunais de Pequenas Causas, na Defensoria Pública e
nas Comissões de Conciliação Prévia. O conciliador tem papel diretivo junto às
partes na busca e construção do acordo. Provê assessoria jurídica, orienta e
sugere soluções para o conflito em questão, com o objetivo primeiro de lograr
um acordo”.
Na arbitragem, existe um terceiro imparcial, mas este é definidor no
resultado do conflito, diferente da mediação, onde o mediador é um facilitador
do processo. Mesmo sendo escolhido pelas partes, na arbitragem, o terceiro
imparcial tem o controle do processo e do resultado.
Tomando por base a resolução judicial, um juiz, após as partes
procurarem a justiça, estabelece a solução definitiva e deve ser realizada de
forma legal e obrigatória para o litígio.
“Na mediação, uma terceira pessoa imparcial facilita a comunicação
entre as partes, para que estas discutam suas diferenças, identifiquem seus
interesses comuns e suas áreas de acordo, e pensem opções que levem a
uma solução mutuamente aceitável no que diz respeito a sua controvérsia.
Através de um processo desenvolvido em etapas, convida as partes à reflexão
e à colaboração, auxiliando as pessoas envolvidas no conflito, a serem autoras
da solução para sua questão”. Tendo como alguns pontos:
• Voluntariedade / Liberdade das partes
• Confidencialidade / Privacidade
• Participação de terceiro imparcial
• Economia financeira e de tempo
• Informalidade / Oralidade
• Reaproximação das partes
• Mudança da mente
• Autonomia das decisões / Autocomposição
10
• Participação voluntária
• Não competitividade
• Igualdade de poder
• Escuta ativa
• Não julgamento
• Estímulo a tomadas de decisão efetivas
Utilizaremos nesse trabalho o Modelo Transformativo de mediação, por
acreditar que esse traz mais similaridades com o aconselhamento cristão,
assim como seus métodos mais eficientes na aplicação do aconselhamento.
Acreditando também que a visão linear não abrange a profundidade da
transformação da mente, objetivada pelo aconselhamento. Na visão
transformativa busca-se levar as pessoas à consciência crítica, mesmo que
não haja acordo, modificando as relações, a visão do conflito, trabalhando
dentro da visão sistemática, ou seja, vendo o todo.
11
CAPÍTULO I – CONCEITUANDO
1.1 Conceituando Mediação
A mediação é boa para administrar conflitos, diminuir a
violência, criar uma cultura de paz, melhorar as relações
humanas, gerar possibilidades de crescimento individual e
comunitário, garantir direitos, enfim, tornar efetivo o acesso à
justiça, em seu mais amplo sentido.
(Juspopuli, Guia de mediação popular, p. 22)
Mediação vem do latim mediare, que significa mediar, dividir ao meio ou
intervir. Adolfo Braga Neto, explica:
“Mediação é uma técnica não-adversarial de resolução de
conflitos, por intermédio da qual duas ou mais pessoas
(físicas, jurídicas, públicas, etc) recorrem a um
especialista neutro, capacitado, que realiza reuniões
conjuntas e/ou separadas, com o intuito de estimulá-las a
obter uma solução consensual e satisfatória,
salvaguardando o bom relacionamento entre elas.”
O dicionário Michaelis online defini mediação como o ato ou efeito de
mediar; Intercessão; Contrato especial pelo qual uma pessoa, mediante
remuneração, se incumbe de empregar o seu trabalho ou diligência para obter
que duas ou mais pessoas, interessadas num determinado negócio, se
aproximem com o fim de o realizar; Interferência de uma ou mais potências,
junto de outras dissidentes, com o objetivo de dirimir pacificamente a questão
ocorrente, propondo, encaminhando, regularizando ou concluindo quaisquer
negociações nesse sentido.
De acordo com a psicóloga e mediadora Renata Fonkert “A mediação é
um dos principais recursos no campo dos Métodos Extra-judiciais de Solução
12
de Conflitos (MESCs). Trata-se de um processo que transcende o simples
conteúdo do conflito em questão, tendo como objetivo a resolução da
controvérsia associada a uma transformação positiva dos relacionamentos
envolvidos, e também a possibilidade de acordo”.
Segundo Christopher Moore:
“A mediação de conflitos é geralmente definida como
a interferência consentida de uma terceira parte em
uma negociação ou em um conflito instalado, com
poder de decisão limitado, cujo objetivo é conduzir o
processo em direção a um acordo satisfatório,
construído voluntariamente pelas partes, e, portanto
mutuamente aceitável com relação às questões em
disputa”.
Afirma ainda que “A mediação é definida como a interferência em uma
negociação ou em um conflito, de uma terceira pessoa aceitável, tendo o poder
de decisão limitado ou não autoritário, e que ajuda as partes envolvidas a
chegarem, voluntariamente, a um acordo, mutuamente aceitável, em relação às
questões em disputa”. (MOORE, Christopher W. 1998)
Um mediador pode ser qualquer pessoa que realize o curso de
capacitação, sendo assim instruído poderá realizar a mediação após finalizar
todo o processo de capacitação. Deve, ainda, seguir e obedecer o Código de
Ética do mediador, que pode ser encontrado no anexo 2 deste trabalho.
Conscientes do que é a mediação e sua efetividade para a diminuição de
ações judiciais, contribuindo para acordos mais eficazes e satisfatórios,
podemos pensar nas contribuições da mesma no aconselhamento cristão.
A autora Lília Maia de Morais Sales em seu livro Justiça e Mediação de
Conflitos traz como objetivos da mediação a solução de conflitos, a prevenção
de conflitos, a inclusão social (conscientização de direitos, acesso à justiça) e a
paz social.
13
1.2 Conceituando a Escola Transformativa de Mediação Modelo elaborado por Robert A. Barush Bush, teórico da Negociação, e
Joseph F. Folger, teórico na comunicação, a escola transformativa se difere
dos demais modelos de mediação. Este modelo tem sido aplicado e adaptado
em todo o mundo, tendo como principal objetivo a transformação das mentes e
consequentemente das relações e não o acordo, como a escola harvardiana.
A transformação das relações deve levar por consequência no
refazimento dos laços afetivos. Em palavras de Fernanda Maria Dias de Araújo
Lima e Maurício Vicente Silva Almeida,
“Nesse modelo o mediador tem como foco a mediação
passiva, ou seja, não existe a intervenção direta do
mediador, que utiliza de técnicas de negociação para
facilitar o diálogo entre as partes, para que juntas e de
forma autônoma, possam construir uma decisão através
do diálogo. O empowerment ou emponderamento das
partes é de suma importância para que as mesmas
solucionem por si só o conflito”.
Nesse modelo o conflito é trabalhado na sua integralidade, visando os
aspectos emocionais, financeiros, afetivos, legais e psicológicos. Dentro das
transformações sociais vigentes, com alterações nos modelos familiares e suas
relações, a necessidade de um modelo que vai além do acordo é cada vez
mais clara. Acredito que o modelo proposto por Bush e Folger é o mais
indicado para lidar com essas transformações de forma à solucionar conflitos,
preveni-los e culminar em uma sociedade mais pacífica.
Vale ressaltar as palavras do maior mediador de todos os tempos,
Jesus: “[...] E amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lucas 10.27). Dentro
dessa visão, o modelo transformativo é o mais adequado, ao meu entender, a
ser utilizado nos dias de hoje.
14
1.3 Conceituando Aconselhamento cristão
“Quando não há conselhos os planos se dispersam,
mas havendo muitos conselheiros eles se firmam”. Provérbios 15:22
Tendo por base Wayne Mack, o mesmo afirma que
“o aconselhamento, para ser chamado cristão, precisa
possuir quatro características: 1. Ser realizado por um
cristão; 2. Ser centrado em Cristo (Cristo não é um
adendo ao aconselhamento, mas é a alma e o coração do
aconselhamento, a solução para os problemas. Isto
contrata com o caráter antropocêntrico das psicologias
modernas); 3. Ser alicerçado na Igreja (a Igreja é meio
principal pelo qual Deus trás as pessoas ao seu convívio
e as conforma ao caráter de Cristo) ; 4. Ser centrado na
Escritura Sagrada (a Bíblia ajuda a compreender os
problemas das pessoas e prover solução para os
mesmos). De fato, estas características englobam
conceitos que, se retirados do aconselhamento cristão, o
transformará em mais uma psicoterapia puramente
antropocêntrica e humanista”.
O aconselhamento tem significado como “Ato de aconselhar”, segundo o
dicionário Michaellis, que quer dizer: Dar conselho; Recomendar; Consultar,
pedir parecer, tomar conselho.
Em características gerais o aconselhamento cristão pode ser realizado
por qualquer pessoa, desde que seja cristã, tendo a crença pela qual é
conduzido todo o processo de aconselhamento. Não obstante, é necessário
preparo e capacitação para um aconselhamento produtivo e efetivo.
15
CAPÍTULO II – Contextualizando
2.1 Breve histórico da Mediação
A mediação teve seu início na década de 1970, em Atlanta nos EUA,
pelo então advogado J. S. Coogler, posteriormente criado de um Centro de
Mediação Familiar, assim como da primeira associação de profissionais desse
gênero. Tal atividade expandiu-se pelos países de língua inglesa, sendo 1970 a
década onde iniciou-se também na Austrália, vindo a ser obrigatória em 1981.
Na Nova Zelândia, Inglaterra e Canadá também aconteceu a inserção da
mediação na década de 1980, expandindo-se para os países da Europa, como
Holanda, França Suíça e Alemanha. Posteriormente chegou ao Japão, China e
Argentina, na América Latina.
No Brasil, a mediação é mais recente e vem como uma alternativa na
dissolução de conflitos, assim como “desafogar” a justiça propondo formas
diferentes do litígio, trazendo uma economia de tempo e dinheiro. Atualmente,
tramita no Congresso a lei de regulamentação da mediação em nosso país.
Existem diversos meios de atuação da mediação, alguns deles são:
familiar, comercial, comunitário, trabalhista e de relações internacionais. Isso
tem feito com o a mesma se firme na sociedade como forma de resolução de
conflitos mais econômica e menos desgastante para as partes.
2.2 Breve histórico do Aconselhamento Cristão
No Novo Testamento, podemos encontrar o verbo grego parakaleo por
109 vezes, verbo que significa literalmente “chamar ao lado, chamar para ficar
ao lado, assumindo também o sentido de incentivar, encorajar, aconselhar”. Os
registros trazem também o mesmo verbo grego com o significado de exortar e
consolar. Segundo o dicionário Michaelis exortar significa “Procurar convencer
por meio de palavras, Aconselhar, persuadir, Animar, encorajar, incitar”. O
16
apóstolo Paulo, no Novo Testamento, empregou também o verbo noutheteo e o
substantivo nouthesia, que têm o sentido de advertência, conselho,
admoestação e instrução.
O aconselhamento cristão é realizado pela igreja há centenas de anos e
não pode ser encarado superficialmente, como algo sem importância. Ao
contrário tem auxiliado pessoas, ao longo desses anos, a se conhecerem,
superarem problemáticas e solucionarem conflitos internos e externos, ou seja,
com terceiros.
Percebemos marcos do aconselhamento cristão sendo praticado desde
os tempos bíblicos, com conselhos de idosos, conselheiros reais, pessoas
escolhidas a partir de características pré-determinadas para praticar o
aconselhamento.
Nos tempos atuais o aconselhamento segue as diretrizes encontradas
na Bíblia e passou a adotar também diretrizes conceituais e contemporâneas,
aperfeiçoando os conselheiros e movendo os seguidores de religiões cristãs à
prática de algo provado pela fé e pela razão.
O autor Gary Colins, em seu livro Ajudando uns aos outros pelo
aconselhamento, explica a transição do que era o aconselhamento como
cuidado pastoral e ensino dos valores cristãos para o aconselhamento
especializado, que passa a ter reflexo contemporâneos:
“Freud (que às vezes recebe mais culpa do que merece)
foi parcialmente responsável pela profissionalização do
aconselhamento. Freud acreditava que a psicoterapia era
uma tarefa que requeria tanta perícia quanto a cirurgia e,
portanto, não era algo que os não treinados devessem
tentar fazer. Diferentemente de alguns dos seus
seguidores, Freud acreditava que os leigos poderiam ser
conselheiros, mas que deviam ser leigos altamente
treinados. Os pastores eram elegíveis para receber esse
treinamento, mas, segundo Freud e a psicologia que
17
fundou, as pessoas religiosas invariavelmente tinham
complexos neuróticos que poderiam interferir na eficácia
de seu aconselhamento. Tomava por certo que o
conselheiro, para ser verdadeiramente eficaz, deve
primeiramente passar ele mesmo por centenas de horas
de aconselhamento, a fim de ter compreensão do seu
próprio comportamento e de suas neuroses. Os pastores,
naturalmente, continuavam a aconselhar a despeito
destas análises psiquiátricas, e os leigos também
continuavam. Mas o que não era profissional muitas
vezes se sentia inadequado como conselheiro, inseguro
quanto àquilo que deveria fazer, e sem convicção de que
realmente poderia ajudar as pessoas com seus
problemas.
Nas décadas de 1950 e 1960, as coisas começaram a se
transformar. Um relatório patrocinado pelo governo dos
Estados Unidos insistiu conosco que havia a necessidade
de treinar leigos para aconselharem, e o Congresso dos
Estados Unidos começou a votar verbas para esse
propósito. Naquela ocasião, eu estava na faculdade e
ainda me lembro do tom de descrença na voz de um dos
meus professores, que nos informou que, como
profissionais, teríamos de dar um pouco de espaço aos
conselheiros leigos, querendo ou não, e sem levar em
consideração se julgávamos aquilo uma boa coisa para o
povo emocionalmente perturbado da América”.
18
CAPÍTULO III - Princípios da Mediação
A mediação de conflitos possui alguns princípios fundamentais que o
regem, esses evidenciam as similaridades da mesma com o aconselhamento
cristão. Os princípios serão explicitados abaixo:
3.1 Voluntariedade / Liberdade das partes
A mediação é feita de forma voluntária, as pessoas envolvidas devem escolher
que esse é o melhor método/forma de lidar com o conflito que estão
enfrentando. No processo de mediação a voluntariedade é fundamental, ainda
que tenha sido encaminhado de forma obrigatória por um juiz, a continuidade e
as decisões durante o processo devem ser voluntárias.
3.2 Confidencialidade / Privacidade
A privacidade e confidencialidade na mediação são obrigatórios, pois
preservam as partes e tudo que envolve o conflito e é tratado no ambiente da
mediação. O acordo de confidencialidade deve ser fechado entre as partes e
entre o mediador e as partes, criando um clima de respeito e confiança,
possibilitando um diálogo mais franco e saudável. Tal pacto também deve ser
realizado no caso de algum advogado participar da mediação.
3.3 Participação de terceiro imparcial
Na mediação o papel do mediador deve ser imparcial, ou seja, o mesmo não
pode “tomar partido” de nenhuma das partes envolvidas. Não pode haver
preferência por nenhuma das partes, sendo, assim, facilitada a negociação e
restauração das relações pelo não julgamento de nenhumas das partes, por
parte do mediador. O fato de o mediador ser o terceiro imparcial gera maior
19
confiabilidade às pessoas e ao processo, levando em consideração que não há
preferência por nenhum deles.
3.4 Informalidade / Oralidade
A mediação possui um processo informal em um comparativo com o processo
judicial, no mesmo a oralidade é valorizada, pois o diálogo é constante e deve
ser mantido em todo o processo mediatório. Todo o processo mediatório se
baseia na oralidade, é impossível conduzir a mediação sem que haja conversa,
o diálogo entre as partes é fundamental para que as partes se ouçam e
possam legitimar as necessidades e sentimentos um do outro, resgatando a
relação anterior ou melhorando-a.
3.5 Reaproximação das partes
No processo de mediação, seguindo o modelo transformativo, a reaproximação
das partes faz com que o mesmo tenha real efetividade. Não é válido que as
partes façam um acordo sem que reatem os laços rompidos ou perdidos,
refazer as relações é mais importante do que conseguir um acordo. Levar as
partes à uma visão sistêmica é leva-las a perceber que uma influencia na outra
que influenciam no todo, vide gráfico abaixo.
20
3.6 Autonomia das decisões / Autocomposição
Na mediação o mediador não tem poder de decisão, mas sim as partes, essas
sim tem poder de decisão e serão responsáveis pelas escolhas que fizerem.
Assim como as partes decidem pelo início e continuidade da mediação,
possuem também o poder de decisão dentro dela, conduzida por um mediador,
que estimula o diálogo e a comunicação para a tomada de decisão das partes.
Isso também caracteriza o empoderamento das partes, onde as mesmas
sabem que elas possuem autonomia para continuidade do processo e dentro
dele.
3.7 Não-competitividade
A colaboração entre as partes é fundamental e deve ser estimulada pelo
mediador. Não deve existir o pensamento de que um será perdedor e outro
ganhador, mas ambos terão suas necessidades satisfeitas e, acima de tudo,
suas relações serão melhores ao término da mediação. Cabe ao mediador
colocar para as partes que não estão competindo entre si, mas a ação de uma
precisa colaborar com a da outra, em uma ação colaborativa e não competitiva.
3.8 Relação Ganha-Ganha
Na mediação é importante manter a relação Ganha-Ganha, onde ambas as
partes saem beneficiadas no acordo final. Nessa relação o acordo é
considerado pelas partes como algo satisfatório e, portanto a possibilidade de
perpetuação do acordo é mais possível.
Essa busca torna-se altamente relevante para a mediação, pois visa um acordo
satisfatório para ambas as partes.
O gráfico abaixo exemplifica essa relação:
21
Parte A
Par
te B
Relação Ganha - Ganha
3.9 Escuta ativa
Para o mediador manter a escuta ativa é parte fundamental do processo, pois
dessa forma ele poderá retransmitir às partes suas falas com foco nas
necessidades e interesses do mesmos. Ao exercer a escuta ativa a percepção
do mediador fica mais apurada e os mediandos sentem-se ouvidos e
participados de todas as etapas do processo, sabendo que há alguém que os
ouve atento ao que dizem. Para transmitir às partes a releitura de suas falas
com foco nas necessidades e interesses o mediador precisa exercer a escuta
ativa.
3.10 Mudança de mente
Como já relatado, o foco da escola transformativa é a mudança da mente, é
modificar aquilo que está posto como correto, a verdade é real à vista de cada
pessoa, pois para cada um a sua verdade é a real. Dentro do processo de
mudança de mente busca-se abrir ás partes para a verdade do outro, sabendo
que pode ser boa e benéfica. Mudando a mente muda-se os fatos, logo muda-
se também as relações.
22
Em suma, dentro do respeito ao outro, da escuta ativa, do considerar o
outro importante e parte do conflito leva à um acordo mais eficaz, já que ao
sentindo-se consideradas, as partes efetivam o acordo de forma mais eficaz. A
realização do acordo, a mudança de mente, é mais eficaz quando as partes
sentem suas necessidades satisfeitas por tal, ainda assim, é importante
lembrar que o acordo não é o principal dentro da escola transformativa, mas
sim a retomada das relações que foram perdidas.
Com o exercício dos métodos mediativos, alcança-se a resolução de
conflitos, assim como a prevenção de conflitos e a inclusão social, sendo que
tais proporcionam a concretização do quarto objetivo da mediação, que é a paz
social. A paz social, objetivo buscado por tantos na sociedade é
possível e tem como grandes colaboradores a mediação e o
aconselhamento cristão, pois focam em uma mudança efetiva e
duradoura, trazendo reflexos na sociedade.
23
CAPÍTULO IV - Métodos da mediação e suas contribuições no aconselhamento
A escola Transformativa de Mediação possui alguns focos que nos
possibilitam, ainda mais, a perceber suas similaridades com o aconselhamento.
O foco principal da escola transformativa é a transformação da mente
influenciando na resolução do conflito, o acordo final pode ocorrer ou não, mas
o objetivo principal é reestabelecer os laços outrora perdidos.
O processo de aconselhamento cristão possui muitas similaridades com
esse modelo de mediação, pois exige do conselheiro atitude imparcial, de não
julgamento, uma escuta ativa e o incentivo da parte, ou das partes envolvidas,
pela descoberta de uma solução para sua problemática. Os métodos da
mediação corroboram o aconselhamento cristão. Posso também dizer que
mediação e aconselhamento cristão tem contribuições mútuas.
Dentro da visão da mediação no Modelo Transformativo temos o foco na
mudança de mente, na modificação das relações, na mudança da visão do
conflito ainda que as posições não se alterem. Dentro dessa visão o
aconselhamento cristão vem corroborando tal visão, pois foca na mudança que
será perpetuada e não somente para o momento ou para o conflito atual.
Um olhar sistêmico é fundamental em ambas as situações, tanto na
mediação quanto no aconselhamento. Olhar o todo é parte imprescindível no
trato de conflitos, afinal todo conflito surte reflexo naqueles que estão à volta
dos participantes do conflito e nas situações em volta dos mesmos.
Quando tratamos da mudança de mente, devemos considerar que essa
leva a mudança dos sentimentos que, por consequência, levará a mudança de
comportamento, gerando assim, mudanças que se efetivarão na vida dos
envolvidos no conflito. Mudanças superficiais que não levam em conta a
mudança de consciência, geralmente não se perpetuam, pois a superficialidade
da mudança não se efetiva na vida do confluinte.
O aconselhamento cristão, dentro da visão de Crabb Jr., foca a mudança
de mente, a transformação das situações a partir da transformação interna das
partes envolvidas no aconselhamento. Tal similaridade é profundamente
encontrada no modelo transformativo, explicitado anteriormente.
24
Entender o conflito como um problema a ser resolvido é fundamental,
mas compreender sua responsabilidade para o estabelecimento do conflito é
ainda mais importante no trato do mesmo. As partes precisam ter a consciência
de que o conflito está implantado e que são parte dele, como parte do mesmo
precisam agir para que o mesmo se dilua, reatando também o relacionamento
outrora perdido.
Torna-se imprescindível na mediação, assim como no aconselhamento,
estimular as partes a não culparem o outro por seus problemas, mas
reconhece-los e buscar opções de resolução do mesmo. O resultado da
mediação e do aconselhamento depende da participação das partes em,
verdadeiramente, tomarem a responsabilidade na resolução como pessoal e
intransferível.
Dentro do aconselhamento e da mediação, não é suficiente a mudança
momentânea do conflito, mas a mudança perpétua da consciência e da visão
do conflito. Acredita-se que para o estabelecimento de uma “cultura de paz”, é
preciso construir efetivadores dessa paz, pessoas que irão tratar seus conflitos
de forma diferente e menos agressiva, surtindo efeito positivo e duradoura na
sociedade.
Ainda com base no modelo transformativo de mediação, é importante
valorizar o outro, ter o outro como alguém importante, dono de saberes e
necessidades, considerar que as necessidades do outro também precisam ser
satisfeitas e a verdade não está somente comigo, naquilo que acredito. A
compreensão de que para o outro a verdade está com ele e que pode existir
um meio termo, um equilíbrio entre os pensamentos, levará a dissolução do
conflito e possibilitará o refazer dos laços.
Dentro do aconselhamento cristão temos essa mesma visão, todos os
envolvidos precisam saber e considerar o outro dentro de suas necessidades.
A troca de papéis estimulada na mediação é um método eficaz para essa
conscientização, sendo um método muito eficiente quando aplicado no
aconselhamento cristão, levando as pessoas a se colocarem no lugar do outro,
o que gerou um avanço profundo no processo de aconselhamento.
Outra contribuição da mediação é a assinatura de um compromisso
como forma de efetivação do acordo realizado, creio que ao assinarem tal
25
compromisso as partes se sentem mais comprometidas a manter o acordo e
fazer com que esse se efetive, mantendo a resolução duradoura. Sendo
possível a implantação do mesmo no aconselhamento cristão, as pessoas tem
a oportunidade de ler o acordo e lembrar-se do compromisso assumido consigo
mesmas e com outros, levando a uma maior responsabilidade e manutenção
do acordo realizado, quando realizado.
O aconselhamento cristão também tem como primícias resgatar o valor
das pessoas, fazer aflorar o amor próprio, elevar a auto estima das pessoas
para que se considerem importantes e parte indispensável na situação.
Considerar-se uma pessoa verdadeira, com voz, com ação e atuação no
conflito e para resolução dele, é fundamental no aconselhamento, assim como
na mediação.
A adoção dos métodos utilizados na mediação contribuem no
aconselhamento cristão, empoderando cada vez mais as partes, possibilitando,
assim, um compromisso maior com as decisões tomadas no âmbito do
aconselhamento.
Perceber mediação e aconselhamento cristão como contribuintes
mútuos me fez perceber que tudo está relacionado. Ao realizar o
aconselhamento cristão visamos estimular a mudança pessoal e, por
conseguinte da sociedade. Ao perceber a mediação, essa busca em suma o
mesmo objetivo, a mudança da sociedade.
Ao buscarmos uma sociedade mais justa e igualitária, buscamos uma
nova cultura, uma cultura onde as pessoas são valorizadas e importantes, onde
se sentem parte integrante da sociedade, onde sua voz é considerada e suas
necessidades e interesses satisfeitos.
26
CONCLUSÃO
Tendo por base os princípios da mediação, baseados no modelo
transformativo e o aconselhamento cristão, percebemos que ambos buscam
objetivos semelhantes, se não dizer, iguais, uma sociedade mais justa e
pacífica.
O aconselhamento cristão como algo realizado há centenas de anos tem
contribuído para que muitas pessoas se reconheçam e resgatem laços
rompidos e/ou perdidos. Os exemplos de aconselhamento que produziram
resultados positivos são inúmeros, desde o início de sua aplicação percebemos
que há uma necessidade humana de ter um terceiro que o auxilie a esclarecer
determinados assuntos e ampliar a visão do todo constituído.
A possibilidade de ter alguém que auxilie na resolução de conflitos é
amplamente aceita na sociedade, já que por muitas vezes a justiça é acionada
quando não há consenso entre as partes. A busca pela dissolução de conflitos
através da justiça fez com que surgissem outras formas de se auxiliar e
minimizar essa busca, uma das respostas foi a mediação.
Apesar de o aconselhamento cristão ser mais antigo do que a mediação,
trazida como termo definido, esse é mais aceito dentro de instituições religiosas
e realizado por seus membros, por ter sua condução feita a partir dos princípios
bíblicos. A mediação como algo inovador, vem auxiliar nessa resolução de
conflitos e refazer laços na sociedade geral.
Sendo assim, concluímos que mediação e aconselhamento cristão tem
profundas contribuições entre si e devem continuar sendo exercidos a fim de
formar cidadãos que saibam solucionar seus conflitos mantendo laços de
relacionamento duradouros. Devemos sim, mediadores e conselheiros,
permanecer atuantes na busca pela “cultura de paz”, onde mais importante do
que ter seus desejos atendidos, seja ter suas necessidades atendidas,
considerando o outro como importante e fazedor de uma nova história, uma
história que mudará o mundo, tornando-o um lugar melhor.
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ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 >> Exemplo de Termo de entendimento em mediação;
Anexo 2 >> Código de Ética do Mediador
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ANEXO 1
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Centro Judiciário de Resolução de Conflito e Cidadania
PROCESSO nº: 00000000.2012.8.19.0000
PARTICIPANTES: A
S
TERMO DE ENTENDIMENTO TERMO DE ENTENDIMENTO TERMO DE ENTENDIMENTO TERMO DE ENTENDIMENTO EM EM EM EM MEDIAÇÃOMEDIAÇÃOMEDIAÇÃOMEDIAÇÃO
Em 30 de Julho de 2012 compareceram ao Centro Judiciário de Resolução de Conflitos e Cidadania, na presença dos mediadores, para iniciar procedimento de mediação: A, com 31 anos, residente na Rua E nº 000, V. T. – S, com 19 anos, residente na Av A, nº 00 – V, S.
O casal viveu em união estável por 10 meses e daí nasceu: B, hoje com um ano e dois meses.
O processo de Mediação teve como objetivo regularizar a situação de Regulamentação de convivência familiar com o pai e foi aproveitado para construir um acordo sobre Alimentos que também tramita junto à 2ª Vara de Família sob o nº 000000.2012.8.19. (oferta de alimentos) e outro sob o nº 0000000.2012.8.19. (fixação de alimentos) e um aprimoramento no diálogo.
1) A mãe exercerá a guarda de sua filha, sendo ambos responsáveis por sua criação e educação, bem como pelas decisões importantes relativas à sua vida, tais como escola, atividades extracurriculares, religião, cuidados com a saúde, atendimento médico e odontológico, lazer, viagens, etc.
2) A criança residirá na casa materna.
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3) O direito de convivência familiar entre a criança e o pai será exercido da seguinte forma:
a) Nos finais de Semana o pai conviverá com a filha em sábados alternados pegando às 14 horas e devolvendo no mesmo dia às 22:00 horas e aos domingos, do mesmo final de semana, o pai pegará a filha às 13:00 entregando à mãe às 22:00 horas;
b) No decorrer da semana, a convivência com o pai será exercida também às terças-feiras e quintas-feiras pegando-a às 16:00 horas e devolvendo à mãe às 22:00 horas, no mesmo local;
c) Metade do período de férias escolares, em semanas alternadas, sendo o primeiro período com a mãe, tanto nas férias de dezembro/janeiro, quanto naquelas do meio de ano. A troca das semanas será feita às segundas, às 10h, se diversamente não ajustarem os pais;
d) Dia dos Pais: de 10h às 20h; e) Dia do Aniversário da Criança: o pai fará a refeição do almoço com a
criança, sem prejuízo de suas atividades escolares, em horário a combinar; f) Natal: Nos anos pares no dia 25/12, de 10h às 20h com o pai (ajustar
com o exercício da convivência prevista nas férias escolares);véspera com a mãe, do dia 24/12, às 9 h até o dia 25/12, no mesmo horário; Fim-de-Ano: anos pares com a mãe e anos ímpares com o pai, em horário a combinar (ajustar com o exercício da convivência prevista nas férias escolares);
g) Feriados de Carnaval e Semana Santa: Nos anos ímpares, a mãe ficará com o feriado de Carnaval, de sábado, às 9h, até quarta-feira, às 20h; e o pai ficará com o feriado de Semana Santa, de quinta-feira, às 10h, até segunda, às 10h; Alternando-se nos anos pares.
h) Salvo disposição em contrário neste acordo, o pai pegará a criança na residência materna e a devolverá no mesmo local nos dias indicados, podendo ser aumentada a convivência a critério dos pais, se houver acordo;
i) Caso o dia do aniversário da mãe caia em alguma das datas acima previstas, não haverá convivência entre a criança e o pai no dia/fim de semana mencionado, bem como na data do aniversario do pai.
j) O autor trabalha sem vínculo empregatício e prestará alimentos à filha menor com a quantia equivalente a 30% (trinta por cento) de um salário mínimo, pagos até o dia 10 de cada mês, a ser depositada na conta da representante legal na Caixa Econômica Federal, agência 0000, conta poupança 0000000.
k) Se o alimentante passar a trabalhar com vínculo empregatício prestará alimentos à filha menor com a quantia equivalente a 30% (trinta por cento) sobre todos os seus ganhos líquidos, incidindo sobre férias, 13º, FGTS, gratificações e adicionais que porventura venham a existir, mais salário família e verbas rescisórias, excluída parcela de INSS e imposto de renda. O pagamento será feito mediante desconto em folha, mensalmente, sendo depositado na conta da representante legal do(s) alimentado(s), mencionada anteriormente. Em caso de rescisão do
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contrato de trabalho, ficará retido o valor correspondente do FGTS para garantir execução futura, somente sendo liberado através de ordem judicial. Se houver mudança de empregador, ou se o alimentante passar a receber benefício previdenciário, o alimentante terá o dever de informar, em Juízo, o nome do novo empregador ou o recebimento do benefício, obtendo ofício e providenciando o desconto em folha dos alimentos ora acordados.
l) A parte ré afirma ser pessoa juridicamente necessitada, pois não pode pagar as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do sustento próprio e de sua família, nos termos da Lei n. 1.060/50, razão pela qual requer lhes sejam deferidos os benefícios da gratuidade de justiça.
Requerem as partes a homologação, salientando que renunciam ao prazo. Assinam o presente termo de acordo, em três vias, por expressar a vontade livre dos interessados, assim como requerem o pronunciamento de seus advogados/defensores para que estes produzam os devidos efeitos legais. S, 20 de agosto de 2010. Participantes: ___________________________ ________________________________ A... S...
Mediador: Luiz Sergio Gonçalves Coordenadora da Mediação:
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ANEXO 2
RESOLUÇÃO 125/2010 – CNJ
CÓDIGO DE ÉTICA DE CONCILIADORES E MEDIADORES JUDICIAIS
INTRODUÇÃO O CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, a fim de assegurar o desenvolvimento da Política Pública de tratamento adequado dos conflitos e a qualidade dos serviços de conciliação e mediação enquanto instrumentos efetivos de pacificação social e de prevenção de litígios, institui o Código de Ética, norteado por princípios que formam a consciência dos terceiros facilitadores, como profissionais, e representam imperativos de sua conduta. Dos princípios e garantias da conciliação e mediação judiciais Artigo 1º - São princípios fundamentais que regem a atuação de conciliadores e mediadores judiciais: confidencialidade, competência, imparcialidade, neutralidade, independência e autonomia, respeito à ordem pública e às leis vigentes. §1º. Confidencialidade – Dever de manter sigilo sobre todas as informações obtidas na sessão, salvo autorização expressa das partes, violação à ordem pública ou às leis vigentes, não podendo ser testemunha do caso, nem atuar como advogado dos envolvidos, em qualquer hipótese; §2º. Competência – Dever de possuir qualificação que o habilite à atuação judicial, com capacitação na forma desta Resolução, observada a reciclagem periódica obrigatória para formação continuada; §3º. Imparcialidade – Dever de agir com ausência de favoritismo, preferência ou preconceito, assegurando que valores e conceitos pessoais não interfiram no resultado do trabalho, compreendendo a realidade dos envolvidos no conflito e jamais aceitando qualquer espécie de favor ou presente; §4º. Neutralidade – Dever de manter equidistância das partes, respeitando seus pontos de vista, com atribuição de igual valor a cada um deles; §5º. Independência e autonomia - Dever de atuar com liberdade, sem sofrer qualquer pressão interna ou externa, sendo permitido recusar, suspender ou interromper a sessão se ausentes as condições necessárias para seu bom desenvolvimento, tampouco havendo obrigação de redigir acordo ilegal ou inexequível; §6º. Respeito à ordem pública e às leis vigentes – Dever de velar para que eventual acordo entre os envolvidos não viole a ordem pública, nem contrarie as leis vigentes. Das regras que regem o procedimento de conciliação/mediação Art. 2º. As regras que regem o procedimento da conciliação/mediação são normas de conduta a serem observadas pelos conciliadores/mediadores para seu bom desenvolvimento, permitindo que haja o engajamento dos envolvidos, com vistas à sua pacificação e ao comprometimento com eventual acordo obtido, sendo elas:
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§1º. Informação - Dever de esclarecer os envolvidos sobre o método de trabalho a ser empregado, apresentando-o de forma completa, clara e precisa, informando sobre os princípios deontológicos referidos no capítulo I, as regras de conduta e as etapas do processo. §2º. Autonomia da vontade – Dever de respeitar os diferentes pontos de vista dos envolvidos, assegurando-lhes que cheguem a uma decisão voluntária e não coercitiva, com liberdade para tomar as próprias decisões durante ou ao final do processo, podendo inclusive interrompê-lo a qualquer momento. §3º. Ausência de obrigação de resultado – Dever de não forçar um acordo e de não tomar decisões pelos envolvidos, podendo, quando muito, no caso da conciliação, criar opções, que podem ou não ser acolhidas por eles. §4º. Desvinculação da profissão de origem – Dever de esclarecer aos envolvidos que atua desvinculado de sua profissão de origem, informando que, caso seja necessária orientação ou aconselhamento afetos a qualquer área do conhecimento poderá ser convocado para a sessão o profissional respectivo, desde que com o consentimento de todos. §4º. Teste de realidade – Dever de assegurar que os envolvidos, ao chegarem a um acordo, compreendam perfeitamente suas disposições, que devem ser exeqüíveis, gerando o comprometimento com seu cumprimento. Das responsabilidades e sanções do conciliador/mediador Art. 3º. Apenas poderão exercer suas funções perante o Poder Judiciário conciliadores e mediadores devidamente capacitados e cadastrados pelos tribunais, aos quais competirá regulamentar o processo de inclusão e exclusão no respectivo cadastro. Art. 4º. O conciliador/mediador deve exercer sua função com lisura, respeitando os princípios e regras deste Código, assinando, para tanto, no início do exercício, termo de compromisso e submetendo-se às orientações do juiz coordenador da unidade a que vinculado; Art. 5º. Aplicam-se aos conciliadores/mediadores os mesmos motivos de impedimento e suspeição dos juízes, devendo, quando constatados, serem informados aos envolvidos, com a interrupção da sessão e sua substituição. Art. 6º. No caso de impossibilidade temporária do exercício da função, o conciliador/mediador deverá informar com antecedência ao responsável para que seja providenciada sua substituição na condução das sessões. Art. 7º. O conciliador/mediador fica absolutamente impedido de prestar serviços profissionais, de qualquer natureza, pelo prazo de dois anos, aos envolvidos em processo de conciliação/mediação sob sua condução. Art. 8º. O descumprimento dos princípios e regras estabelecidos neste Código, bem como a condenação definitiva em processo criminal, resultará na exclusão do conciliador/mediador do respectivo cadastro e no impedimento para atuar nesta função em qualquer outro órgão do Poder Judiciário nacional. Parágrafo único – Qualquer pessoa que venha a ter conhecimento de conduta inadequada por parte do conciliador/mediador poderá representar ao Juiz Coordenador a fim de que sejam adotadas as providências cabíveis.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1. COREY, Gerald F. Técnicas de aconselhamento e psicoterapia. Riode
Janeiro: Editora Campus Ltda, 1983.
2. CRABB, Lawrence J. Aconselhamento bíblico efetivo. Brasília: Refúgio
Editora Ltda, 1985.
3. CRABB, Lawrence J. Princípios básicos de aconselhamento bíblico.
Brasília: Refúgio Editora Ltda, 1984.
4. FISHER, Roger, 1922 – Como chegar ao sim: negociação de acordos sem
concessões/Roger Fisher, Willian Ury & Bruce Patton; tradução Vera
Ribeiro & Ana Luiza Borges. – 2ª ed. Revisada e ampliada. – Rio de
Janeiro - RJ: Imago Ed. 2005.
5. MACARTHUR, John F., 1939 – Introdução ao aconselhamento bíblico: Um
guia básico dos princípios e prática do aconselhamento/ John F.
MacArthur, Jr; Wayne A.Mack e o corpo docente do Master’s College;
[tradução Enrico Pasquini, Lauro Pasquini, Eros Pasquini]. – São Paulo,
SP: Hagnos, 2004.
6. MOORE, Christopher W. O processo de mediação: estratégias práticas
para a resolução de conflitos. Porto Alegre: ArtMed, 1998.
7. MORAIS, Jose Luis Bolzan. Mediação e arbitragem: alternativas à
jurisdição! Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1999.
8. SALES, Lília Maia de Morais. Justiça e mediação de conflitos. Belo
Horizonte - MG: Del Rey, 2003.
9. http://portaldoeducadorcristao.com.br/Orientacao-
Pedagogica/Artigo/36/Breve-Historico-Do-Aconselhamento-Cristao em
23/01/2013 às 18h
10. http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=862
2 em 28/01/2013 às 11h
11. http://www.mediarconflitos.com/2006/07/caractersticas-e-princpios-da-
mediao.html Em 03/01/2013 às 16h12
12. http://drapulga.blogspot.com.br/2009/03/o-historico-da-mediacao-e-
arbitragem-no.html em 23/01/2013 às 17h50
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - Conceituando 11
1.1 – Conceituando Mediação 11
1.2 – conceituando a Escola transformativa de Mediação 13
1.3 – Conceituando Aconselhamento cristão 14
CAPÍTULO II - Contextualizando 15
2.1 – Breve histórico da Mediação 15
2.2 – Breve histórico do Aconselhamento cristão 15
CAPÍTULO III – Princípios da Mediação 18
3.1 - Voluntariedade / Liberdade das partes 18
3.2 - Confidencialidade / Privacidade 18
3.3 - Participação de terceiro imparcial 18
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3.4 - Informalidade / Oralidade 19
3.5 - Reaproximação das partes 19
3.6 - Autonomia das decisões / Autocomposição 20
3.7 - Não-competitividade 20
3.8 - Relação Ganha-Ganha 20
3.9 - Escuta ativa 21
3.10 - Mudança de mente 21
CAPÍTULO IV - Métodos da mediação e suas contribuições no aconselhamento
23
CONCLUSÃO 26
ANEXOS 27
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 33
ÍNDICE 34