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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO DE
DESENVOLVIMENTO DO ALUNO NA AULA DE EDUCAÇÃO
FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Por: Carlos Cezar Ribeiro
Orientadora
Profa. Me. Fátima Alves
Rio de Janeiro
2014
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO DE
DESENVOLVIMENTO DO ALUNO NA AULA DE EDUCAÇÃO
FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Psicomotricidade.
Por: . Carlos Cezar Ribeiro
Rio de Janeiro
2014
AGRADECIMENTOS
Á Deus pela diversidade da sua
criação, aos professores por me
ensinarem a apreciar o belo das
nossas diferenças e como lidar com
elas e à minha família e amigos que
tem apoiado e incentivado os meus
estudos.
DEDICATÓRIA
...dedico a todos com quem já exerço e
ainda exercerei a psicomotriciade, com
quem crescerei junto na compreensão do
ser humano como um todo.
RESUMO
A Educação Física vem sofrendo várias alterações quanto a sua função
no meio escolar, vemos que o campo de atuação da mesma torna-se cada vez
mais abrangente visando também desenvolvimento emocional e social do
aluno. Várias ferramentas que envolvem o movimento do corpo vêm sendo
usadas, dentre elas a Psicomotricidade que trabalha, avaliando e
desenvolvendo as habilidades que existem em cada pessoa, valorizando as
diferenças existentes em cada um. Conciliando a Psicomotricidade com a
Educação Física o professor desenvolve atividades que contribuem com a
percepção do aluno em relação ao eu e o mundo exterior, como também a
melhora da imagem corporal do mesmo. e trabalho foi realizado através de
pesquisa de Campo qualitativa, avaliando o uso da psicomotricidade nas aulas
de Educação Física, do ensino fundamental, na escola Seiva Pura e pesquisa
bibliográfica, analisando a obra de vários autores destacando-se: Suraya
Darido, Vitor Marinho Oliveira e Fátima Alves.
METODOLOGIA
Trabalho realizado através de referências bibliográficas, webgráficas
qualitativa e pesquisa de campo qualitativa na Escola Seiva Pura, analisando o
uso da Psicomotricidade nas aulas de Educação Física como ferramenta de
auxílio na aprendizagem integral do aluno do ensino fundamental. Iniciando
com a compreensão sobre a Educação física e em seguida sobre a
psicomotricidade, buscando a ligação entre ambas para posteriormente
verificar a contribuição da psicomotricidade nas aulas de Educação Física.
Tendo como principais autores Suraya Darido, Vitor Marinho Oliveira e Fátima
Alves.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I - A Educação Física na Atualidade 09
CAPÍTULO II - A Psicomotricidade 16
CAPÍTULO III – A Psicomotricidade nas Aulas de Educação Física 22
CONCLUSÃO 29
BIBLIOGRAFIA 30
ÍNDICE 31
7
INTRODUÇÃO
Diversos alunos têm dificuldade de lidar com suas diferenças e
limitações, e da mesma forma não conseguem valorizar suas próprias
aptidões, ficando presos em comparações que muitas vezes os impedem de
participar de atividades físicas ou intelectuais por medo de não alcançarem
seus objetivos. Outros são individualistas, não conseguem trabalhar em
equipe, cobram demais de seus colegas e não assumem seus próprios
erros, comportamentos que se não forem tratados podem levar problemas
para o indivíduo na fase adulta. Quantos alunos precisam de esclarecimento
a respeito de si e do contexto que os cerca para se libertarem de cobranças
muitas vezes criadas dentro deles mesmos?
“Ainda lembro-me das inúmeras atividades que deixei de praticar devido
à falta de orientação com relação ao contexto que me cercava e com relação
a mim mesma, muitas vezes achava que era a causadora da derrota do time
por uma única atitude errada em campo. Vários conflitos! Seria bom se
alguém tivesse me mostrado que meus colegas eram tão ruins quanto eu,
que estávamos todos aprendendo. Como resultado: “deixei de gostar” de
várias atividades físicas, na verdade só não queria admitir que tinha
dificuldade para executar determinados movimentos, então; sempre foi mais
fácil acreditar que não gostava daquilo, comportamento que também
comprometeu meus estudos, visto que eu nunca me esforçava quando as
coisas ficavam mais difíceis ” (depoimento de uma amiga)
Sendo professor de Educação Física, convivo com as frustrações,
tensões, conflitos e alegrias geradas pelas atividades motoras do dia a dia,
durante as aulas encontro a oportunidade de usar o movimento do corpo
para alcançar as emoções e trabalhar problemas de relacionamento e
bloqueios que podem ter surgido por motivos sociais, fisiológicos ou
emocionais. O intuito deste trabalho é verificar a colaboração dos exercícios
de psicomotricidade nas aulas de Educação Física em relação a
8
determinados comportamentos com relação integração do aluno consigo
mesmo e com os outros.
Este trabalho está dividido em três partes no primeiro capítulo
identificamos as atuais propostas pedagógicas da Educação Física
escolar no ensino fundamental, a segunda parte destina-se a compreender
a Psicomotricidade e a maneira como ela pode contribuir com o
desenvolvimento do aluno, por fim observamos o uso prático dos exercícios
psicomotores e seus benefícios nas aulas de Educação Física.
9
CAPÍTULO I
A EDUCAÇÃO FÍSICA NOS DIAS ATUAIS
Entender a finalidade da Educação Física não é tarefa fácil, até porque
muitos não têm uma visão formada do que ela seria. Seria apenas ginástica?
Ou Esporte? Antes de chegarmos ao estudo da sua prática nos dias atuais, se
faz necessário voltarmos no tempo com a intenção de compreender a história
do movimento, ampliando assim a visão sobre a Educação física nos dias
atuais e a finalidade da mesma.
Avaliando a cultura do período pré-histórico imaginamos que todas as
atividades humanas dependiam do movimento físico, sendo nômade o homem
dependia de sua força para sobreviver, pois se encontrava em constante
migração em busca de moradia. Em seguida, por causa da agricultura e
domesticação de animais houve o início do processo de sedentarização devido
à fixação ao solo. Podemos pensar que a partir desta época iniciou-se a luta
pela posse de terras, devido ao fato de ainda haverem grupos nômades, que a
princípio eram vitoriosos devido à constante atividade física, com o tempo, os
que plantavam e criavam começaram a aproveitar o tempo disponível treinando
para lutar contra os invasores. Até o momento o homem se movimentava
apenas por razões de necessidades utilitárias, guerreiras e ritualísticas, onde a
dança e os jogos assumiam um papel educativo, pois estavam presentes em
todos os ritos que preparavam o jovem para a vida social
A partir da Antiguidade Oriental temos mais informações sobre as
atividades físicas devido aos registros feitos através da escrita. Vemos nas
batalhas travadas entre egípcios, babilônicos, caldeus, sumérios e assírios que
a formação guerreira era fundamental na formação dos cidadãos, fazendo uso
de adestramento no uso do arco e flecha, na equitação, natação, remo e
atletismo formando um sistema de Educação Física em que os objetivos
giravam em torno do êxito nas batalhas.
No Extremo Oriente, com registros do século lll A.C. percebemos que os
chineses foram caçadores, lutadores, nadadores, praticantes de esgrima e de
um esporte que lembra o futebol chamado tsu-chu, onde em sua prática
10
observamos um conteúdo ético-pedagógico no sentido de ser estimulado o
respeito às regras e a ausência de partidarismos.
A Grécia começa um novo ciclo na História no mudo ocidental como
civilização. A educação grega tem o grande mérito de não separar a Educação
Física da intelectual e da espiritual, considerando que o homem é somente
humano enquanto completo. Podemos considerar que as atividades físicas
foram o elemento característicos na cultura dos helênicos, ainda que possuindo
diferentes momentos de peso em sua história. O primeiro momento descrito
pelos poemas de Homero indicavam que a educação desta fase unia o ideal da
sabedoria e da ação, foi neste período que ocorreu a origem dos jogos gregos.
Em seguida temos o momento chamado histórico com a formação das cidades-
estado, dentre elas Atenas e Esparta. Em Atenas a prática esportiva subsistira
como meio de formação total do homem, seus lugares destinados a atividades
esportivas serviam também para a educação intelectual do povo, o pedótriba,
uma espécie de professor de Educação Física estava equiparado em cultura e
prestígio ao médico, e era também responsável pela formação de caráter dos
jovens, já a educação espartana denotava desprezo pelo aspecto cultural e
valorizava uma formação militar na qual o vigor físico era o principal objetivo a
ser alcançado. No último momento, no final do século V A.C., existe um grande
desinteresse em relação ao físico e estético e a valorização do intelectual desta
forma a prática das atividades físicas vai perdendo seu conteúdo educativo.
Os romanos, embora tenham recebido alguma herança artística e
esportiva da civilização grega, tinham como principal objetivo o treinamento
físico para o serviço à pátria, além disso, os imperadores promoviam
espetáculos deprimentes com gladiadores lutando entre si ou contra animais,
com o intuito de conseguir a simpatia do povo.
No período medieval houve uma separação absoluta entre o físico e o
intelectual uma vez que a saúde da alma era o único objetivo a ser alcançado.
A Educação Física recebeu atenção cuidadosa apenas na preparação da
Cavalaria, instituição militar que protegia os proprietários de terra, os cavaleiros
eram muito hábeis na equitação, caça, esgrima, lança e arco. Nos tempos de
paz havia os torneios que serviam como preparação para a guerra. Ainda que
11
as autoridades não estimulassem as práticas esportivas, estas, mesmo que em
pequena escala, atingiram também as classes pobres, onde os esportes com
bola exerceram maior atração, nesta época a Inglaterra já se destacava tendo
uma mentalidade verdadeiramente esportiva. É desta época também os
esportes que mais tarde originaram o hockey e o tênis, identificamos também
uma centena de jogos infantis praticados nos feudos, demonstrando a vocação
lúdica do ser humano.
Na época do Renascimento, temos um grande número de pensadores,
que escreveram sobre a importância da Educação Física, dentre eles Da Vince
que escreveu um Estudo dos movimentos dos músculos e articulações, esta e
outras obras se tornaram nos fundamentos da Educação Física escolar do
período posterior. Nesta época o aprimoramento físico constitui-se como ideal
da educação cortesã.
Na idade Moderna em 1774, é criada a primeira escola, desde a Grécia
antiga, onde a ginástica e as disciplinas intelectuais tinham o mesmo peso.
Neste período vários países criaram instituições destinadas à prática da
ginástica, alguns usando idéias pedagógicas helênicas, outros trabalhando a
saúde da população e ainda aqueles com caráter militar onde as aulas eram
ministradas por suboficiais do Exército. Além da ginástica temos a Inglaterra
usando os esportes nas escolas de forma educativa, prática que acabou
atingindo outros países na época.
As Olimpíadas, que haviam sido abolidas na idade média, voltam
através dos esforços de Coubertin cujos ideais retratam a doutrina do
olimpismo contemporâneo: “O importante nos Jogos Olímpicos não é vencer,
mas tomar parte; o importante na vida não é triunfar, mas esforçar-se, o
essencial não é haver conquistado, mas haver lutado”.
No século XX vemos várias tendências: dos defensores dos exercícios
feitos ao ar livre, a tendência médica, pedagógica, esportiva, militar, musical e
na década de 60 a tendência psicomotora.
No Brasil, no período imperial, começam a chegar os primeiros livros
falando sobre a Educação Física, contendo assuntos relacionados com a
medicina. Em 1837 é criado o Ginásio Nacional como instituição modelo, este,
12
incluiu a ginástica nos seus currículos. Em 1851, a legislação obriga a prática
da ginástica nas escolas primárias do município, no final do Império, a ginástica
adotada pelos militares foi recomendada para as escolas, o que gerou
controvérsias por parte daqueles que viam na Educação física muito mais do
que uma ferramenta de adestração física. Somente por volta de 1950, a
educação física no Brasil começou a passar por uma reformulação
desobrigando a prática da ginástica militar e adquirindo novas propostas
trazidas por professores estrangeiros.
Neste momento chegamos mais próximo dos nossos dias e vemos que
alguns pensamentos presentes na mais remota antiguidade estão de acordo
com algumas concepções atuais, percebemos que em alguns momentos as
atividades físicas foram usadas para atender as circunstâncias de cada
período, em outros a Educação Física entrou por caminhos de filosofias
impostas pelas autoridades da época, mas, ainda assim, percebemos que de
tempos em tempos a linha de raciocínio que enxergava a Educação Física
como elemento de desenvolvimento integral do homem surgia através de um
ou outro filósofo ou líder. A partir deste momento vamos identificar quais têm
sido as tendências de nossos dias no intuito de verificar qual a relação da
psicomotricidade com a Educação Física.
A partir da década de 70 surgiram várias concepções pedagógicas que
são a Desenvolvimentista, a Construtivista, Crítico-Superadora, Sistêmica,
Crítico-Emancipatória, Cultural, a relacionada aos Parâmetros Curriculares
Nacionais e a pisicomotora. É Importante que venhamos a entender um pouco
de cada corrente pedagógica para haja maior compreensão dos objetivos
relacionados às aulas de Educação Física, e a maneira como a
psicomotricidade pode colaborar com o desenvolvimento do aluno.
Vamos começar com a perspectiva desenvolvimentista, nesta
abordagem, os movimentos são a principal finalidade das aulas de Educação
Física, onde a aprendizagem através do movimento não é a finalidade em si,
mas conseqüência das atividades realizadas nas aulas. Nela procura-se o
desenvolvimento motor correspondente à idade a ele relacionada, os
conteúdos desenvolvidos seguem uma ordem de habilidades básicas para as
13
mais complexas, as específicas, onde entram os esportes, o jogo e a dança.
Uma das questões que limitam esta abordagem refere-se a pouca discussão
sobre a interferência do contexto sócio-cultural por trás do desenvolvimento
motor, ou seja, o fato de que o ambiente em que o indivíduo está inserido, ou o
gênero do mesmo afeta diretamente no aprendizado de determinados
movimentos, outra questão seria com relação à zona de desenvolvimento
proximal que seria a distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível
de desenvolvimento potencial, segundo Vygotsky, o bom ensino é aquele que
adianta o desenvolvimento. Na abordagem desenvolvimentista não há menção
à zona de desenvolvimento proximal, levando a entender que só depois de
adquirido o comportamento é que se devem oferecer os conteúdos
relacionados às suas respectivas fases.
A próxima abordagem a ser examinada é a Construtivista-Interacionista,
baseada nos trabalhos de Jean Piaget: “No Construtivismo, a intenção é
construção do conhecimento a partir da interação do sujeito com o mundo,
numa relação que extrapola o simples exercício de aprender...” a grande
vantagem desta abordagem é que ela permite uma maior integração com uma
proposta pedagógica ampla e integrada nos primeiros anos de educação
formal, o problema é que pode haver freqüentemente a perda da especificidade
da Educação Física na busca por objetivos que não consideram finalidade do
objeto que gira em torno do eixo corpo/movimento. Desta forma é necessário
que o professor esteja consciente quanto às finalidades da Educação física
para que a interdisciplinaridade não afete as características específicas da
mesma. No construtivismo o jogo tem papel privilegiado, pois é considerada a
principal maneira de educar uma vez que enquanto joga ou brinca a criança
aprende.
A terceira abordagem é a cri tico, o conteúdo de suas aulas consistem
na consideração dos aspectos sociais e sua adequação às características
sócio-cognitivas dos alunos. Segundo os autores, a Educação Física é
entendida como uma disciplina que trata do conhecimento chamado de cultura
corporal. Uma característica desta é que se deve evitar o ensino por etapas e
trabalhar os conteúdos de forma aprofundada ao longo das séries, sem a visão
14
de pré-requisitos, as avaliações são criticadas, pois, segundo eles, estas
estimulam a prática discriminatória aos interesses da classe trabalhadora.
Vejamos agora a abordagem sistêmica, nela existe a preocupação de
garantir a especificidade, pois o binômio corpo/movimento é considerado como
meio e fim da Educação Física escolar, segundo Betti (1992) a finalidade da
mesma compreende em “integrar e introduzir o aluno de 1.º e 2.º graus no
mundo da cultura física, formando o cidadão que vai usufruir partilhar, produzir,
reproduzir e transformar as formas culturais da atividade física (o jogo, o
esporte, a dança a ginástica...)” (p.285). De acordo com esta abordagem a
função da Educação Física, além da aprendizagem das habilidades motoras,
também consiste em adquirir consciência do porque e de que forma realizamos
alguma atividade, aprender a respeitar o adversário a trabalhar em equipe, a
não trapacear, enfim, tirar o melhor proveito possível de cada atividade.
Também é proposto o princípio da não-exclusão e o princípio da diversidade
em que é proposto o uso de atividades diferenciadas com o objetivo de garantir
diferentes vivências nas atividades esportivas.
A outra abordagem que vamos identificar é a Cultural, que considera que
todo movimento corporal é um gesto técnico e que toda técnica provém da
cultura, sendo assim a aprendizagem do indivíduo ocorre de acordo com uma
determinada sociedade, num determinado momento histórico. Sendo assim o
meio em que o indivíduo vive influencia diretamente na facilidade do mesmo
desenvolver determinadas habilidades motoras, também são valorizadas as
diferenças, no que diz respeito à capacidade humana de expressar-se
diferentemente.
A abordagem dos Jogos Cooperativos, como o próprio nome diz, está
diretamente ligada ao incentivo da cooperação em detrimento da competição,
sugerindo que o uso dos jogos cooperativos é divertido para todos, enquanto
os jogos competitivos são divertidos apenas para alguns.
A abordagem dos Parâmetros curriculares Nacionais tem a cidadania
como uma das principais finalidades da Educação física escolar. Entre os
aspectos relevantes destacamos: o objetivo de mostrar ao aluno o que e
porque está fazendo alguma atividade e seus benefícios; e relacionar as
15
atividades físicas com os grandes problemas da sociedade brasileira; e o
princípio da inclusão. Percebemos que algumas concepções das abordagens
vistas até o momento podem ser usadas para atingir os objetivos propostos
pelas PCNs
Neste momento passaremos a estudar a abordagem psicomotora, a qual
temos na questão da sua importância nas aulas de Educação física, o motivo
central desta pesquisa, no capítulo seguinte vamos verificar a psicomotricidade
em si, o que é, seus objetivos sua maneira de trabalhar, com a intenção de
posteriomente avaliar todas as informações até aqui adquiridas com relação a
nossa questão principal.
16
CAPÍTULO ll
PSICOMOTRICIDADE
Segundo Costa, o fundamento da psicomotricidade consiste em
enxergar o homem como um todo, sem fazer separação entre o corpo, a mente
e as emoções usando o corpo para atingir objetivos que interferem na
afetividade, nas emoções e no aprendizado do indivíduo levando em
consideração o contexto psicossocial que cerca o mesmo. É uma ciência
formada por conhecimentos das áreas de psicologia, fisiologia, antropologia e
relacionais que colaboram na compreensão do ser humano em seus vários
aspectos.
“A Psicomotricidade baseia-se em uma concepção unificada da pessoa, que inclui as interações cognitivas, sensoriomotoras e psíquicas na compreensão das capacidades de ser e de expressar-se, a partir do movimento, em um contexto psicossocial. Ela se constitui por um conjunto de conhecimentos psicológicos, fisiológicos, antropológicos e relacionais que permitem, utilizando o corpo como mediador, abordar o ato motor humano com o intento de favorecer a integração deste sujeito consigo e com o mundo dos objetos e outros sujeitos.” (Costa, 2002)
Segundo Fonseca, na Psicomotricidade o afetivo e o cognitivo interagem
no motor produzindo a totalidade do ser onde a relação do indivíduo com o
meio que o cerca interfere diretamente no desenvolvimento do mesmo.
"A identidade da Psicomotricidade e a validade dos conceitos que emprega para se legitimar revelam uma síntese inquestionável entre o afetivo e o cognitivo, que se encontram no motor, é a lógica do funcionamento do sistema nervoso, em cuja integração maturativa emerge uma mente que transporta imagens e representações e que resulta duma aprendizagem mediatizada dentro dum contexto sócio-cultural e sócio-histórico" (Fonseca, 1989, p.65). “Segundo Vitor da Fonseca (1988, p. 42) a psicomotricidade é concebida como a integração superior da motricidade, produto da relação entre o individuo e o meio, na qual a consciência se materializa. (Disponível em: <http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/posdistancia/47247.pdf > Acesso em 19 de Janeiro de 2015)
A psicomotricidade pode intervir de maneira terapêutica e educativa,
tendo um caráter facilitador do desenvolvimento humano. Valendo-se de
estudos feitos anteriormente, a psicomotricidade segue os esquemas onde se
descreve o desenvolvimento normal para compreender o diferente. Sendo
17
assim a psicomotricidade usa os movimentos para identificar e diagnosticar
questões relacionadas ao indivíduo levando em consideração questões sociais,
fisiológicas e emocionais que possam estar ligadas ao desenvolvimento do
mesmo. O movimento é usado no processo de assimilação e desenvolvimento
de saberes em todos os aspectos da pessoa.
Segundo Coste (1981, p. 54) A psicomotricidade não foge a esta regra quando define os padrões considerados normais para o desenvolvimento psicomotor (considerando descrições feitas pela neurologia, fisioterapia, fonoaudiologia e áreas afins), desenvolvendo pontos de referência escalonados a partir dos quais se poderão construir todos os testes infantis e as escalas de quociente dedesenvolvimento; e, por conseguinte, avaliar e diagnosticar o atraso atual, assim como o desenvolvimento futuro.
Sendo a psicomotricidade uma ciência que envolve as áreas motoras,
cognitivas e afetivas pode tratar de assuntos de ordem funcional e relacional
visto que colaboram entre si no desenvolvimento completo do indivíduo.
Os assuntos de ordem funcional estão ligados a interação da motricidade
do indivíduo num determinado espaço e tempo, onde a qualidade destes
momentos é avaliada através das estruturas psicomotoras básicas que são a
Manipulação, a Locomoção e Tônus que interagem juntamente no corpo.
A psicomotricidade relacional ajuda o indivíduo a expressar suas
dificuldades relacionais para que venha a superá-las, tendo influência sobre as
dificuldades de adaptação que estão ligados a fatos psicoafetivos relacionais.
Segundo Alves, “a compreensão do que seja esquema corporal é de
fundamental importância para o trabalho na área de Psicomotricidade” (Alves,
2012 p, 53), pois através de um esquema corporal organizado é possível ao
individuo sentir-se bem com seu próprio corpo, pois tem domínio sobre ele;
este esquema se organiza de acordo com as experiências que a criança vive
em relação ao seu próprio corpo. Um bom desenvolvimento do esquema
corporal está ligado à evolução positiva da motricidade, da percepção espacial
e temporal e da afetividade.
“O esquema corporal pode ser considerado como uma intuição de conjunto ou um conhecimento imediato que temos do nosso próprio corpo seja em posição estática ou em movimento, em relação às diversas partes entre si e, sobretudo, nas relações com o espaço e os objetos que o circundam” (J. Le Boulch, 1982, p.48) O esquema corporal, por outro lado, nem é uma compreensão perceptiva, nem cognitiva, nem emocional, ele se distingue da imagem do corpo, pois ele é uma
18
performance inconsciente sem uma intencionalidade. Nessa performance, o corpo adquire uma organização ou estilo em relação ao ambiente podendo incorporar objetos externos a ele. O esquema corporal é a forma como o corpo experiência o ambiente em que se encontra. Ele envolve um conjunto de capacidades motoras, habilidades e hábitos que capacita os movimentos e a postura do corpo no eixo gravitacional, e como tal é um sistema de funções motora e postural que opera em um nível inferior da intencionalidade auto-referente, muito embora essas funções possam ter uma atividade intencional. (Disponível em: <http://sergiogsilva.blogspot.com.br/2011/07/imagem-e-esquema-corporal.html
em 13/02/2015> Acesso em 15/01/2015)
A partir do momento em que o indivíduo descobre, utiliza e controla o seu corpo, o esquema corporal é estruturado e passa a ter consciência dele e suas possibilidades na relação com o meio ambiente em que vive. (Alves, 2012 p; 54)
Um esquema corporal organizado, portanto, permite a uma criança se sentir bem, na medida em que seu corpo lhe obedece, em que tem domínio sobre ele, em que o conhece bem, em que pode utilizá-lo para alcançar um maior poder cognitivo. Ela deve ter o domínio do gesto e do instrumento que implica em equilíbrio entre as forças musculares, domínio de coordenação global, boa coordenação oculomanual. [...] O esquema corporal não é um conceito aprendido, que se possa ensinar, pois não depende de treinamento. Ele se organiza pela experienciação do corpo da criança. [...] é uma construção mental que a criança realiza gradualmente, de acordo com o uso que faz de seu corpo. É um resumo e uma síntese de sua experiência corporal. (OLIVEIRA 2008, p. 51 - 52 Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/Artigo/Imprimir/37488> Acesso em 15/01/2015)
O conhecimento sobre o esquema corporal permite ao psicomotricista
avaliar o indivíduo observando se o desenvolvimento do mesmo está ocorrendo
naturalmente podendo intervir e colaborar de maneira eficaz, sendo necessário,
em alguns casos, fazer uma avaliação mais profunda quando observada
alguma dificuldade excessiva. Através da avaliação, fica mais fácil trabalhar na
ajuda ao desenvolvimento das habilidades, pois passamos a conhecer melhor
as dificuldades daquele com quem estamos lidando, além do mais podemos
ajudar ao indivíduo a se conhecer melhor.
Le Boulch (1983) distingue quatro etapas na estruturação do esquema
corporal, com o intuito de conhecer melhor sua evolução:
1ª Etapa – Corpo submisso (de zero a dois anos). Nessa etapa os
movimentos são automáticos, dependendo dos reflexos e automatismos de
alimentação, de defesa e de equilíbrio.
2ª Etapa - Corpo vivido (de dois até três anos). Nesse período a criança
tem a necessidade de investigar tudo àquilo que a cerca levando-a a
19
movimentar-se constantemente, fazendo distinção entre o seu corpo e o mundo
dos objetos estabelecendo uma primeira noção da imagem corporal. A criança
começa a descobrir o mundo interior. É através dessas vivências é desenvolvia
a função de ajustamento e sua bagagem motora é enriquecida, servindo de
suporte para as etapas seguintes.
3ª Etapa-Corpo descoberto (de três a sete anos). O surgimento da
função de interiorização representa o fenômeno dominante nesta fase, Le
Boulch define a função de interiorização como a “possibilidade de deslocar sua
atenção do meio ambiente para seu corpo próprio a fim levar à tomada de
consciência” é onde a criança passa a ter uma percepção centrada no próprio
corpo, aperfeiçoando e refinando seus movimentos adquirindo uma maior
coordenação dentro de um espaço e tempo determinado.
4ª Etapa - Corpo representado (de sete a doze anos). Nesse momento
devido às experiências anteriores, a criança já dispõe de uma imagem mental
do corpo em movimento efetuando e programando mentalmente suas ações.
Chegando a estruturação completa do esquema corporal.
O conhecimento adequado do corpo engloba a imagem corporal e o
conhecimento da estrutura corporal.
O Conhecimento da estrutura corporal é o conhecimento intelectual que
temos do nosso corpo, que é noção da nomenclatura e localização das partes
do corpo.
A imagem corporal é a figuração do próprio corpo formada e estruturada
na mente do mesmo indivíduo. É o conjunto de sensações simultâneas
construídas através dos sentidos, originados de experiências vivenciadas pelo
indivíduo, onde o mesmo cria um referencial do seu corpo, para o seu corpo e
para o outro.
Os termos imagem e esquema corporal são termos de difícil definição,
principalmente por serem usados de maneira diferente em alguns meios
científicos, alguns usam estes termos como sendo os dois a mesma coisa. É
importante que seja feita a distinção correspondente a abordagem científica
usada.
O termo Imagem Corporal vem sendo usado freqüentemente de maneira permutável com a terminologia Esquema do Corpo, em estudos neurológicos e
20
psicológicos, onde ocorrem também resistências a determinadas definições e muitas confusões metodológicas e conceituais (PAILLARD, 2001 Disponível em: < http://www.efdeportes.com/efd71/imagem.htm> Acesso em 16/02/2015) Segundo Cash & Pruzinsky (s/d) a imagem corporal pode ser definida como a visão do nosso corpo que produzimos em nossa mente (SHILDER, 1935 Disposnível em: <http://www.efdeportes.com/efd71/imagem.htm> Acesso em 07/01/2015). O sujeito constrói sua identidade corporal baseado na vivencia de suas sensações. Como a imagem corporal é a representação mental dessa identidade corporal, se ampliarmos nossa sobre a dimensão de cada percepção no contexto existencial do homem, poderemos olhar sob novas perspectivas o desenvolvimento da identidade corporal e de sua imagem. (TAVARES 2003, p. 81. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd167/imagem-corporal-e-educacao-fisica.htm> Acesso em: 16/02/2015.) Adami e Cols (2005) citam o complexo fenômeno que é a imagem corporal. Envolve aspectos cognitivos, afetivos, sociais, culturais, motores. É baseado em vários dados sensoriais proprioceptivos e exteroceptivos e está integrada a uma organização cerebral e influenciada por fatores sensoriais, processos de desenvolvimento e aspectos psicodinâmicos (Alves, 2005; Tavares, 2003). Nesse processo de construção da Imagem do corpo, afirma Adami e cols (2005), os sentidos humanos (principalmente visão, tato e propriocepção) dão informações importantes sobre o desenho, a silhueta corporal. (Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd131/imagem-corporalemindividuosamputados.htm> Acesso em 16/02/2015)
A Imagem corporal se desenvolve durante a vida toda do indivíduo,
sofrendo modificações resultantes do processamento de estímulos.
“O elefante, um animal enorme fica preso a uma corda frágil, amarrado a
um pequeno toco de madeira, que, com poucos esforços ele arrebentaria. Isso
ocorre porque o homem usa um meio eficaz de submetê-lo. Quando o
elefante é ainda um bebê e desconhece a força que tem. Preso a uma corda, o
bebê elefante tenta escapar. Faz esforços, se debate, se machuca, mas não
consegue desamarrar as amarras. A cena se repete por alguns anos. As
tentativas de libertar-se são inúteis. O elefante desiste. Vencido pelas amarras
ele acredita que todos os seus esforços serão inúteis, para sempre. Assim é
que, depois de adulto o gigante fica preso a essa fina corda que ele
poderia romper com esforços insignificantes..” (autor desconhecido)
Muitas pessoas, como o elefante acima mencionado, têm uma imagem
corporal distorcida, não tendo noção das suas capacidades, por causa da
21
seqüência de fracassos ao tentar executar alguma atividade ou devido à falta
de estímulos.
Segundo Schilder(1999) para desenvolvermos a imagem corporal é necessário referências sobre o próprio corpo: vivenciar as sensações corporais e torná-las concretas. Essa integração pode permitir ampliar o contato interno e facilitar a adaptação ao mundo externo. As sensações corporais asseguram a construção da imagem corporal. (Disponível em: < http://www.efdeportes.com/efd131/imagem-corporal-em-individuos-amputados.htm> Acesso em: 16/02/2014
Valendo-se das informações observadas, partimos para a nossa questão
central: A importância da psicomotricidade nas aulas de Educação Física,
assunto que será abordado no capítulo seguinte.
22
CAPÍTULO III
A PSICOMOTRICIDADE NAS AULAS DE
EDUCAÇÃO FÍSICA
Conforme o pesquisado, concluímos que a psicomotricidade está
presente desde a antiguidade, na história do movimento, sendo assim os
assuntos que giram em torno do desenvolvimento global do homem já eram
abordados por alguns filósofos ou educadores antigos.
Chegando aos dias atuais vemos que as propostas relacionadas à
Educação física dizem respeito ao alcance de finalidades que vão além do
aprendizado do movimento mecânico, de maneira que venha a existir também
o estímulo ao desenvolvimento social e intelectual do aluno. Isso tomando
cuidado para que as aulas não fujam ao eixo corpo/movimento.
Vimos no capítulo anterior que a psicomotricidade é uma ciência que
utiliza os movimentos para alcançar objetivos que giram em torno da
motricidade cognição e da emoção. Sendo assim, percebemos que a
psicomotridade tem grande afinidade com a Educação Física levando-se em
consideração os objetivos que se almeja conquistar.
Neste momento vamos tratar do assunto: Educação Psicomotora. O que
seria? Como ela age? De que forma pode ser usada nas aulas de Educação
Física? De que forma pode influenciar no esquema e na imagem corporal do
aluno?
Educação Psicomotora:
A Educação psicomotora vem exercendo grande influência na área de
Educação Física, atualmente pode observar a psicomotricidade como disciplina
em alguns cursos superiores; alguns professores participando de associações
que agregam especialistas em psicomotricidade e alguns livros usando a
psicomotricidade como referência para a prática escolar (DARIDO pg. 13)
“A Educação Psicomotora, se coloca no sentido de uma educação que não se
restringe apenas ao saber escolar ou então, ao aperfeiçoamento específico da
motricidade, porém, dirige-se à formação da personalidade, à sua expressão e
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organização através das atividades humanas de relação, realização e criação.
Esta compreende a educação do ser humano nos seus aspectos corporais,
motores, emocionais, intelectuais e sociais (Carvalho 1996)”.
A Educação psicomotora visa alcançar objetivos que vão além do
desenvolvimento intelectual ou motor, seu objetivo é trabalhar as áreas
motoras, cognitivas e afetivas simultaneamente, procurando o desenvolvimento
completo do aluno e, verificando se existe algum problema em alguma destas
áreas.
Segundo Le Bouch “A Educação Psicomotora dever ser considerada como uma educação de base na escola primária. Ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares e escolares; leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o tempo, a adquirir, habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. A Educação Psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade; Conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir quando já estruturadas... O antigo horário refletia uma concepção intelectualista que dava prioridade a matéria ensinada...” (1986 p.25) “Deve-se ressaltar, no trabalho da Psicomotricidade, o papel do professor, que, se ao invés de ensinar, de transmitir conhecimentos já estabelecidos, assumir o papel de facilitador do desenvolvimento da capacidade de aprender” (Alves 2012 pg153)
Na Educação Psicomotora, o professor é aquele que trabalha no sentido
de ajudar o aluno a descobrir o conhecimento através de atividades que lhe
proporcionem vivências que venham a interferir no desenvolvimento do
mesmo. Estas vivências se dão através de atividades lúdicas que abrem o seu
entendimento. Nas salas de aula, é usada principalmente no período que
antecede a alfabetização, procurando trabalhar o esquema corporal a
lateralidade, coordenação motora global, coordenação motora fina, orientação
temporal e orientação espacial.
A Educação Psicomotora e a Educação Física
“A educação psicomotora para Lapierre é uma ação psicopedagógica
que utiliza os meios da educação física com a finalidade de normalizar ou
melhorar o comportamento do indivíduo” (Alves 2012 p. 131)
Percebemos, a partir da posição de La Pierre, a grande ligação da
Educação psicomotora com a Educação Física, concordamos que ambas usam
as atividades corporais para atingir objetivos que colaboram com o
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desenvolvimento do aluno. Através das atividades psicomotoras o professor
pode conduzir o aluno à descoberta do conhecimento. Desta forma o professor
não é apenas aquele que ensina um conceito ou movimento definido. Os
exercícios psicomotores realizados de maneira lúdica colaboram com a
estruturação do esquema corporal e com a imagem corporal trabalhando
diversas áreas, sem fugir ao eixo corpo em movimento. Vejamos algumas
áreas que podem ser trabalhadas durante as aulas de Educação Física durante
a primeira infância:
Coordenação Motora ampla - correr, estátua
Coordenação visório motora – pegar objetos de determinada cor,
procurar um objeto escondido...
Coordenação Audiomotora – dança da cadeira, galinha choca,
brincadeira de comando de voz
Coordenação Facial – Mímica
Equlíbrio – andar sobre uma linha desenhada no chão, brincadeiras de
abaixar-se e levantar, amarelinha
Lateralidade – passar a bola, atravessar uma linha feita no chão de um
lado para o outro
O bom desenvolvimento destas habilidades são de importância
fundamental para adquirir concentração e destreza necessárias à
aprendizagem escolar.
No ensino fundamental a faixa etária dos alunos varia entre 7 e 14 anos,
sendo que até os 12 anos a criança, segundo (Le Bolth), encontra-se na faze
do corpo representado, período, (como visto no capítulo anterior) em que a
criança já dispõe de uma imagem mental do corpo em movimento efetuando e
programando mentalmente suas ações. Chegando a estruturação completa do
esquema corporal.
Este é o período do aperfeiçoamento do que foi adquirido na primeira
infância. Neste período é trabalhado, o equilíbrio postural, a lateralidade bem
definida, controle e percepção do próprio corpo, independência dos diferentes
segmentos entre eles e em relação ao tronco.
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Com relação ao tônus muscular são trabalhadas a percepção e o
controle do próprio corpo. A coordenação e o controle são exercitados através
de deslocamentos com movimentos cada vez mais complexos trabalhando o
equilíbrio e a coordenação dinâmica geral. As atividades psicomotoras
permitem que a criança tenha cada vez mais consciência de seu corpo e suas
possibilidades, podendo interferir de maneira positiva na imagem que a criança
tem de si mesma. Cada vez que lhe damos a oportunidade de experimentar um
movimento novo, também lhe oferecemos conhecimento sobre ela mesma.
Também é muito importante deixar a criança consciente das diversas
diferenças de habilidades que podem haver no grupo, levando a mesma
perceber que as diferenças existem, e que a criança deve participar de
atividades que para ela própria pareçam ser difíceis (se comparado ao
desempenho de algum colega), pois estas atividades irão contribuir com o seu
desenvolvimento global.
Através da psicomotricidade é possível o professor de Educação Física
pode identificar problemas que podem ser de origem fisiologia, psíquica ou
social que possam interferir no desenvolvimento do aluno e assim encaminhá-
lo de maneira que venha a ser conduzido conforma suas necessidades.
Segundo Alves, “O ideal seria que todos os educadores tivessem como respaldo para as suas atividades a psiocomotricidade, pois fariam com que nossas crianças realizassem experiência com o corpo, sendo indispensável no desenvolvimento das funções mentais e sociais” (Alves 2012, p. 151).
Vejamos algumas atividades que foram usadas nas aulas do Centro
Educacionais Seiva Pura, a maneira como foram aplicadas e os resultados
obtidos:
Jogos com Sacolas Plásticas: Consiste em várias atividades feitas
com sacolas de mercado: uma delas seria para o aluno manter a sacola no ar
através do sopro, outra atividade é equilibrar a sacola na palma da mão, a
terceira consiste em dar vários nós da sacola transformando-a numa peteca.
Esta tarefa foi realizada com alunos do 2º ao 9º ano, onde os alunos do
Ensino Fundamental um participaram com mais empenho, visto que já se
divertiam enquanto foram elaborando os seus “brinquedos” com as sacolas,
quanto a manter a sacola no ar, tiveram bastante dificuldade, mas ainda assim
continuaram brincando, já os alunos do Ensino Fundamental 2, participaram,
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mas não se identificaram com o exercício. Percebemos que as novidades a
princípio geram dificuldades para todos, ponto que podemos trabalhar no intuito
de promover a motivação em meio às adversidades.
Objetivos: respiração, socialização, equilíbrio, orientação espacial
Mímica – A turma é dividida em dois grupos, cada grupo recebe uma
folha onde vai escrever cinco filmes, desenhos ou objetos, um aluno faz a
encenação para que o outro grupo descubra o que a mímica significa.
Esta atividade foi feita com os alunos do ensino fundamental dois, que
se identificaram muito com a mesma, visto que a oportunidade de abordar
assuntos do interesse deles torna a atividade mais agradável. Percebe-se que
através de atividades que não são vistas freqüentemente nas aulas de
educação Física, temos a oportunidade de trabalhar diversas aptidões
presentes nos alunos.
Objetivos: Expressão corporal, socialização, esquema corporal
As atividades a seguir foram tiradas do livro 100 Jogos Psicomotores de
José Ricardo e Marcus Vinícius:
Roda do Cumprimento: A turma fica disposta numa grande roda e um
aluno é escolhido para ir para o centro da roda vendado. Ao som de uma
música o circulo da roda gira de mãos dadas para um lado específico e o aluno
que está no centro vendado aguarda a música parar, neste momento ele dirige-
se até algum aluno da roda estende-lhe a mão, e por meio de contato tenta
conhecer o amigo, não conseguindo, ele faz perguntas para descobrir quem é
o colega.
Esta atividade foi praticada com alunos do 2º ao 9º ano, observa-se que
a maioria dos alunos do 6º ano em diante tentou descobrir quem era o colega
tocando apenas na mão, já nas turmas de 2º ao 5º ano as crianças procuraram
tocar em outras partes do corpo sendo raros os casos em que foi necessário o
outro aluno falar para que fosse descoberto. Percebeu-se também que mesmo
errando quem era o colega o clima era de satisfação.
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Objetivos: afetividade, comunicação, percepção tátil e percepção auditiva e
socialização.
Casa, hóspede, construção e terremoto: A turma é dividida em trios,
dois alunos de mãos dadas formando a casa e um aluno entre eles será o
hóspede. Os alunos estarão concentrados na história contada pelo professor,
durante a narra terá algumas tarefas serão executadas: Quando o professor
falar casa, os dois alunos deverão sair juntos e procurar outro hóspede, quando
falar hóspede , somente este sai parar procurar outra casa, quando falar
construção os alunos largam as mãos e procurará outras duplas parar formar
outras casas, ao falar terremoto, todos os alunos devem se misturar e formar
novas casas e novos hóspedes.
A atividade foi desenvolvida com alunos do 2º ao 6º ano, todos se
portaram de maneira descontraída e alegre mesmo se enrolando no começo,
conforme foram se acostumando com a atividade passaram a fazê-la com
praticidade. Foi feito um breve comentário sobre como atividades
desconhecidas podem a princípio se complicadas, mas que é bom não desistir,
para poder aproveitar melhor a brincadeira. Trabalhando assim, a parte
motivacional no aluno.
Objetivos: afetividade, corporeidade, limites, controle da agressividade,
socialização, orientação espaço-temporal e agilidade
Banco Ordenado – O professor solicitará a toda turma que fique de pé
sobre um banco sueco em uma ordem aleatória. Quando todos estiverem na
posição solicitada, o professor dirá que a tarefa deles será de ordenar os
alunos no banco de acordo com o número da chamada, do primeiro ao último
número, sendo que não será permitido descer do banco. Outros desafios
poderão ser solicitados aumentando a dificuldade.
A princípio os alunos sentiram dificuldade por ser uma atividade nova,
que exige equilíbrio, conforme foram participando da mesma, começaram a
atingir mais agilidade no processo.
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Objetivos: Comunicação, afetividade, socialização equilíbrio, criatividade,
corporeidade, limites e orientação espacial.
A Imagem Corporal e o Desenvolvimento do Aluno
Percebemos que as atividades realizadas trabalham várias áreas de
desenvolvimento do aluno inclusive as que dizem respeito à perseverança.
Sabemos que a imagem corporal interfere diretamente no ser do indivíduo,
muitas pessoas têm a sua imagem corporal distorcida devido a dificuldades
que tiveram em realizar algum tipo de atividade, muitos se tornam passivos no
sentido de tentar melhorar o desempenho, para eles; simplesmente não
conseguem e pronto. Isto acontece também com adultos, que por algum motivo
podem ter adquirido um bloqueio no decorrer da sua existência. As crianças
que não tiveram a oportunidade de serem estimuladas antes do período de
alfabetização encontram muitas dificuldades em adaptar-se à sala de aula da
mesma forma que na Educação Física, os alunos que não convivem
naturalmente com atividades em que a habilidades motoras são
constantemente trabalhadas sentem-se inferiores aos demais, a
Psicomoticidade através de suas atividades lúdicas pode interferir em conceitos
formados nos alunos no sentido de motivá-los a participar de atividades que
venham a produzir no aluno o sentimento de superação, motivação e empatia,
mostrando para o aluno os vários fatores que podem ter interferido no seu
desempenho, deixando-o interado com relação ao meio que o cerca. Um dos
papéis da psicomotricidade é ajudar o aluno a conhecer a si próprio procurando
valorizar suas aptidões naturais, motivando o mesmo a participar também de
atividades que não lhe são tão familiares valorizando desta forma as
diferenças. O professor deve aproveitar ao máximo as oportunidades de
interferir no conceito que o aluno tem de si mesmo e do ambiente que o cerca.
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CONCLUSÃO
Quando eu olho uma pessoa como um todo, ao invés de enxergá-la em
partes distintas, passo a considerar, o processo de desenvolvimento, levando
em conta a interação dos elementos emocionais, cognitivos e motores. Estes
elementos operam juntos. Desta forma, o ser humano é resultado da junção de
todos estes elementos. A expressão corporal, seja falando, gesticulando,
correndo, pulando, rindo, chorando..., é o acesso que temos ao universo que
são as pessoas ao nosso redor, percebemos suas retrações, alegrias,
dificuldades, habilidades, frustrações e outros fatores a partir destes
movimentos: são a junção da cognição, da emoção e da motricidade. Quando
penso que o movimento é a porta de entrada para um mundo que está em
constante transformação percebo que através do corpo, tenho acesso ao todo,
esta porta de acesso me permite contribuir com a construção do
desenvolvimento.
A Educação Física na atualidade procura trabalhar objetivos que vão
além do desenvolvimento motor, a Psicomotricidade por sua vez, enxerga o
indivíduo como um todo procurando desenvolver as áreas cognitivas, afetivas e
motoras usando o corpo para alcançar os objetivos propostos. No ensino
fundamental, o professor, através da psicomotricidade, pode levar o aluno a
desenvolver as habilidades adquiridas até o momento ajudando-o a ter um
conhecimento cada vez mais eficaz do seu corpo, levando o mesmo a
participar de atividades que interferem diretamente na imagem corporal do
aluno. Percebemos que o professor de Educação Física, através da
psicomotricidade, pode alcançar objetivos que dizem respeito ao
desenvolvimento global do aluno, cuidando para que as aulas não percam a
especificidade da Educação Física quanto ao eixo corpo/movimento.
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BIBLIOGRAFIA
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Wak Editora, 2012
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