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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO ALUNO NA AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL Por: Carlos Cezar Ribeiro Orientadora Profa. Me. Fátima Alves Rio de Janeiro 2014 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · de Educação Física, do ensino fundamental, na escola Seiva Pura e pesquisa bibliográfica, analisando a obra de vários autores

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO DE

DESENVOLVIMENTO DO ALUNO NA AULA DE EDUCAÇÃO

FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL

Por: Carlos Cezar Ribeiro

Orientadora

Profa. Me. Fátima Alves

Rio de Janeiro

2014

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO DE

DESENVOLVIMENTO DO ALUNO NA AULA DE EDUCAÇÃO

FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Psicomotricidade.

Por: . Carlos Cezar Ribeiro

Rio de Janeiro

2014

AGRADECIMENTOS

Á Deus pela diversidade da sua

criação, aos professores por me

ensinarem a apreciar o belo das

nossas diferenças e como lidar com

elas e à minha família e amigos que

tem apoiado e incentivado os meus

estudos.

DEDICATÓRIA

...dedico a todos com quem já exerço e

ainda exercerei a psicomotriciade, com

quem crescerei junto na compreensão do

ser humano como um todo.

RESUMO

A Educação Física vem sofrendo várias alterações quanto a sua função

no meio escolar, vemos que o campo de atuação da mesma torna-se cada vez

mais abrangente visando também desenvolvimento emocional e social do

aluno. Várias ferramentas que envolvem o movimento do corpo vêm sendo

usadas, dentre elas a Psicomotricidade que trabalha, avaliando e

desenvolvendo as habilidades que existem em cada pessoa, valorizando as

diferenças existentes em cada um. Conciliando a Psicomotricidade com a

Educação Física o professor desenvolve atividades que contribuem com a

percepção do aluno em relação ao eu e o mundo exterior, como também a

melhora da imagem corporal do mesmo. e trabalho foi realizado através de

pesquisa de Campo qualitativa, avaliando o uso da psicomotricidade nas aulas

de Educação Física, do ensino fundamental, na escola Seiva Pura e pesquisa

bibliográfica, analisando a obra de vários autores destacando-se: Suraya

Darido, Vitor Marinho Oliveira e Fátima Alves.

METODOLOGIA

Trabalho realizado através de referências bibliográficas, webgráficas

qualitativa e pesquisa de campo qualitativa na Escola Seiva Pura, analisando o

uso da Psicomotricidade nas aulas de Educação Física como ferramenta de

auxílio na aprendizagem integral do aluno do ensino fundamental. Iniciando

com a compreensão sobre a Educação física e em seguida sobre a

psicomotricidade, buscando a ligação entre ambas para posteriormente

verificar a contribuição da psicomotricidade nas aulas de Educação Física.

Tendo como principais autores Suraya Darido, Vitor Marinho Oliveira e Fátima

Alves.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 07

CAPÍTULO I - A Educação Física na Atualidade 09

CAPÍTULO II - A Psicomotricidade 16

CAPÍTULO III – A Psicomotricidade nas Aulas de Educação Física 22

CONCLUSÃO 29

BIBLIOGRAFIA 30

ÍNDICE 31

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INTRODUÇÃO

Diversos alunos têm dificuldade de lidar com suas diferenças e

limitações, e da mesma forma não conseguem valorizar suas próprias

aptidões, ficando presos em comparações que muitas vezes os impedem de

participar de atividades físicas ou intelectuais por medo de não alcançarem

seus objetivos. Outros são individualistas, não conseguem trabalhar em

equipe, cobram demais de seus colegas e não assumem seus próprios

erros, comportamentos que se não forem tratados podem levar problemas

para o indivíduo na fase adulta. Quantos alunos precisam de esclarecimento

a respeito de si e do contexto que os cerca para se libertarem de cobranças

muitas vezes criadas dentro deles mesmos?

“Ainda lembro-me das inúmeras atividades que deixei de praticar devido

à falta de orientação com relação ao contexto que me cercava e com relação

a mim mesma, muitas vezes achava que era a causadora da derrota do time

por uma única atitude errada em campo. Vários conflitos! Seria bom se

alguém tivesse me mostrado que meus colegas eram tão ruins quanto eu,

que estávamos todos aprendendo. Como resultado: “deixei de gostar” de

várias atividades físicas, na verdade só não queria admitir que tinha

dificuldade para executar determinados movimentos, então; sempre foi mais

fácil acreditar que não gostava daquilo, comportamento que também

comprometeu meus estudos, visto que eu nunca me esforçava quando as

coisas ficavam mais difíceis ” (depoimento de uma amiga)

Sendo professor de Educação Física, convivo com as frustrações,

tensões, conflitos e alegrias geradas pelas atividades motoras do dia a dia,

durante as aulas encontro a oportunidade de usar o movimento do corpo

para alcançar as emoções e trabalhar problemas de relacionamento e

bloqueios que podem ter surgido por motivos sociais, fisiológicos ou

emocionais. O intuito deste trabalho é verificar a colaboração dos exercícios

de psicomotricidade nas aulas de Educação Física em relação a

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determinados comportamentos com relação integração do aluno consigo

mesmo e com os outros.

Este trabalho está dividido em três partes no primeiro capítulo

identificamos as atuais propostas pedagógicas da Educação Física

escolar no ensino fundamental, a segunda parte destina-se a compreender

a Psicomotricidade e a maneira como ela pode contribuir com o

desenvolvimento do aluno, por fim observamos o uso prático dos exercícios

psicomotores e seus benefícios nas aulas de Educação Física.

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CAPÍTULO I

A EDUCAÇÃO FÍSICA NOS DIAS ATUAIS

Entender a finalidade da Educação Física não é tarefa fácil, até porque

muitos não têm uma visão formada do que ela seria. Seria apenas ginástica?

Ou Esporte? Antes de chegarmos ao estudo da sua prática nos dias atuais, se

faz necessário voltarmos no tempo com a intenção de compreender a história

do movimento, ampliando assim a visão sobre a Educação física nos dias

atuais e a finalidade da mesma.

Avaliando a cultura do período pré-histórico imaginamos que todas as

atividades humanas dependiam do movimento físico, sendo nômade o homem

dependia de sua força para sobreviver, pois se encontrava em constante

migração em busca de moradia. Em seguida, por causa da agricultura e

domesticação de animais houve o início do processo de sedentarização devido

à fixação ao solo. Podemos pensar que a partir desta época iniciou-se a luta

pela posse de terras, devido ao fato de ainda haverem grupos nômades, que a

princípio eram vitoriosos devido à constante atividade física, com o tempo, os

que plantavam e criavam começaram a aproveitar o tempo disponível treinando

para lutar contra os invasores. Até o momento o homem se movimentava

apenas por razões de necessidades utilitárias, guerreiras e ritualísticas, onde a

dança e os jogos assumiam um papel educativo, pois estavam presentes em

todos os ritos que preparavam o jovem para a vida social

A partir da Antiguidade Oriental temos mais informações sobre as

atividades físicas devido aos registros feitos através da escrita. Vemos nas

batalhas travadas entre egípcios, babilônicos, caldeus, sumérios e assírios que

a formação guerreira era fundamental na formação dos cidadãos, fazendo uso

de adestramento no uso do arco e flecha, na equitação, natação, remo e

atletismo formando um sistema de Educação Física em que os objetivos

giravam em torno do êxito nas batalhas.

No Extremo Oriente, com registros do século lll A.C. percebemos que os

chineses foram caçadores, lutadores, nadadores, praticantes de esgrima e de

um esporte que lembra o futebol chamado tsu-chu, onde em sua prática

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observamos um conteúdo ético-pedagógico no sentido de ser estimulado o

respeito às regras e a ausência de partidarismos.

A Grécia começa um novo ciclo na História no mudo ocidental como

civilização. A educação grega tem o grande mérito de não separar a Educação

Física da intelectual e da espiritual, considerando que o homem é somente

humano enquanto completo. Podemos considerar que as atividades físicas

foram o elemento característicos na cultura dos helênicos, ainda que possuindo

diferentes momentos de peso em sua história. O primeiro momento descrito

pelos poemas de Homero indicavam que a educação desta fase unia o ideal da

sabedoria e da ação, foi neste período que ocorreu a origem dos jogos gregos.

Em seguida temos o momento chamado histórico com a formação das cidades-

estado, dentre elas Atenas e Esparta. Em Atenas a prática esportiva subsistira

como meio de formação total do homem, seus lugares destinados a atividades

esportivas serviam também para a educação intelectual do povo, o pedótriba,

uma espécie de professor de Educação Física estava equiparado em cultura e

prestígio ao médico, e era também responsável pela formação de caráter dos

jovens, já a educação espartana denotava desprezo pelo aspecto cultural e

valorizava uma formação militar na qual o vigor físico era o principal objetivo a

ser alcançado. No último momento, no final do século V A.C., existe um grande

desinteresse em relação ao físico e estético e a valorização do intelectual desta

forma a prática das atividades físicas vai perdendo seu conteúdo educativo.

Os romanos, embora tenham recebido alguma herança artística e

esportiva da civilização grega, tinham como principal objetivo o treinamento

físico para o serviço à pátria, além disso, os imperadores promoviam

espetáculos deprimentes com gladiadores lutando entre si ou contra animais,

com o intuito de conseguir a simpatia do povo.

No período medieval houve uma separação absoluta entre o físico e o

intelectual uma vez que a saúde da alma era o único objetivo a ser alcançado.

A Educação Física recebeu atenção cuidadosa apenas na preparação da

Cavalaria, instituição militar que protegia os proprietários de terra, os cavaleiros

eram muito hábeis na equitação, caça, esgrima, lança e arco. Nos tempos de

paz havia os torneios que serviam como preparação para a guerra. Ainda que

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as autoridades não estimulassem as práticas esportivas, estas, mesmo que em

pequena escala, atingiram também as classes pobres, onde os esportes com

bola exerceram maior atração, nesta época a Inglaterra já se destacava tendo

uma mentalidade verdadeiramente esportiva. É desta época também os

esportes que mais tarde originaram o hockey e o tênis, identificamos também

uma centena de jogos infantis praticados nos feudos, demonstrando a vocação

lúdica do ser humano.

Na época do Renascimento, temos um grande número de pensadores,

que escreveram sobre a importância da Educação Física, dentre eles Da Vince

que escreveu um Estudo dos movimentos dos músculos e articulações, esta e

outras obras se tornaram nos fundamentos da Educação Física escolar do

período posterior. Nesta época o aprimoramento físico constitui-se como ideal

da educação cortesã.

Na idade Moderna em 1774, é criada a primeira escola, desde a Grécia

antiga, onde a ginástica e as disciplinas intelectuais tinham o mesmo peso.

Neste período vários países criaram instituições destinadas à prática da

ginástica, alguns usando idéias pedagógicas helênicas, outros trabalhando a

saúde da população e ainda aqueles com caráter militar onde as aulas eram

ministradas por suboficiais do Exército. Além da ginástica temos a Inglaterra

usando os esportes nas escolas de forma educativa, prática que acabou

atingindo outros países na época.

As Olimpíadas, que haviam sido abolidas na idade média, voltam

através dos esforços de Coubertin cujos ideais retratam a doutrina do

olimpismo contemporâneo: “O importante nos Jogos Olímpicos não é vencer,

mas tomar parte; o importante na vida não é triunfar, mas esforçar-se, o

essencial não é haver conquistado, mas haver lutado”.

No século XX vemos várias tendências: dos defensores dos exercícios

feitos ao ar livre, a tendência médica, pedagógica, esportiva, militar, musical e

na década de 60 a tendência psicomotora.

No Brasil, no período imperial, começam a chegar os primeiros livros

falando sobre a Educação Física, contendo assuntos relacionados com a

medicina. Em 1837 é criado o Ginásio Nacional como instituição modelo, este,

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incluiu a ginástica nos seus currículos. Em 1851, a legislação obriga a prática

da ginástica nas escolas primárias do município, no final do Império, a ginástica

adotada pelos militares foi recomendada para as escolas, o que gerou

controvérsias por parte daqueles que viam na Educação física muito mais do

que uma ferramenta de adestração física. Somente por volta de 1950, a

educação física no Brasil começou a passar por uma reformulação

desobrigando a prática da ginástica militar e adquirindo novas propostas

trazidas por professores estrangeiros.

Neste momento chegamos mais próximo dos nossos dias e vemos que

alguns pensamentos presentes na mais remota antiguidade estão de acordo

com algumas concepções atuais, percebemos que em alguns momentos as

atividades físicas foram usadas para atender as circunstâncias de cada

período, em outros a Educação Física entrou por caminhos de filosofias

impostas pelas autoridades da época, mas, ainda assim, percebemos que de

tempos em tempos a linha de raciocínio que enxergava a Educação Física

como elemento de desenvolvimento integral do homem surgia através de um

ou outro filósofo ou líder. A partir deste momento vamos identificar quais têm

sido as tendências de nossos dias no intuito de verificar qual a relação da

psicomotricidade com a Educação Física.

A partir da década de 70 surgiram várias concepções pedagógicas que

são a Desenvolvimentista, a Construtivista, Crítico-Superadora, Sistêmica,

Crítico-Emancipatória, Cultural, a relacionada aos Parâmetros Curriculares

Nacionais e a pisicomotora. É Importante que venhamos a entender um pouco

de cada corrente pedagógica para haja maior compreensão dos objetivos

relacionados às aulas de Educação Física, e a maneira como a

psicomotricidade pode colaborar com o desenvolvimento do aluno.

Vamos começar com a perspectiva desenvolvimentista, nesta

abordagem, os movimentos são a principal finalidade das aulas de Educação

Física, onde a aprendizagem através do movimento não é a finalidade em si,

mas conseqüência das atividades realizadas nas aulas. Nela procura-se o

desenvolvimento motor correspondente à idade a ele relacionada, os

conteúdos desenvolvidos seguem uma ordem de habilidades básicas para as

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mais complexas, as específicas, onde entram os esportes, o jogo e a dança.

Uma das questões que limitam esta abordagem refere-se a pouca discussão

sobre a interferência do contexto sócio-cultural por trás do desenvolvimento

motor, ou seja, o fato de que o ambiente em que o indivíduo está inserido, ou o

gênero do mesmo afeta diretamente no aprendizado de determinados

movimentos, outra questão seria com relação à zona de desenvolvimento

proximal que seria a distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível

de desenvolvimento potencial, segundo Vygotsky, o bom ensino é aquele que

adianta o desenvolvimento. Na abordagem desenvolvimentista não há menção

à zona de desenvolvimento proximal, levando a entender que só depois de

adquirido o comportamento é que se devem oferecer os conteúdos

relacionados às suas respectivas fases.

A próxima abordagem a ser examinada é a Construtivista-Interacionista,

baseada nos trabalhos de Jean Piaget: “No Construtivismo, a intenção é

construção do conhecimento a partir da interação do sujeito com o mundo,

numa relação que extrapola o simples exercício de aprender...” a grande

vantagem desta abordagem é que ela permite uma maior integração com uma

proposta pedagógica ampla e integrada nos primeiros anos de educação

formal, o problema é que pode haver freqüentemente a perda da especificidade

da Educação Física na busca por objetivos que não consideram finalidade do

objeto que gira em torno do eixo corpo/movimento. Desta forma é necessário

que o professor esteja consciente quanto às finalidades da Educação física

para que a interdisciplinaridade não afete as características específicas da

mesma. No construtivismo o jogo tem papel privilegiado, pois é considerada a

principal maneira de educar uma vez que enquanto joga ou brinca a criança

aprende.

A terceira abordagem é a cri tico, o conteúdo de suas aulas consistem

na consideração dos aspectos sociais e sua adequação às características

sócio-cognitivas dos alunos. Segundo os autores, a Educação Física é

entendida como uma disciplina que trata do conhecimento chamado de cultura

corporal. Uma característica desta é que se deve evitar o ensino por etapas e

trabalhar os conteúdos de forma aprofundada ao longo das séries, sem a visão

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de pré-requisitos, as avaliações são criticadas, pois, segundo eles, estas

estimulam a prática discriminatória aos interesses da classe trabalhadora.

Vejamos agora a abordagem sistêmica, nela existe a preocupação de

garantir a especificidade, pois o binômio corpo/movimento é considerado como

meio e fim da Educação Física escolar, segundo Betti (1992) a finalidade da

mesma compreende em “integrar e introduzir o aluno de 1.º e 2.º graus no

mundo da cultura física, formando o cidadão que vai usufruir partilhar, produzir,

reproduzir e transformar as formas culturais da atividade física (o jogo, o

esporte, a dança a ginástica...)” (p.285). De acordo com esta abordagem a

função da Educação Física, além da aprendizagem das habilidades motoras,

também consiste em adquirir consciência do porque e de que forma realizamos

alguma atividade, aprender a respeitar o adversário a trabalhar em equipe, a

não trapacear, enfim, tirar o melhor proveito possível de cada atividade.

Também é proposto o princípio da não-exclusão e o princípio da diversidade

em que é proposto o uso de atividades diferenciadas com o objetivo de garantir

diferentes vivências nas atividades esportivas.

A outra abordagem que vamos identificar é a Cultural, que considera que

todo movimento corporal é um gesto técnico e que toda técnica provém da

cultura, sendo assim a aprendizagem do indivíduo ocorre de acordo com uma

determinada sociedade, num determinado momento histórico. Sendo assim o

meio em que o indivíduo vive influencia diretamente na facilidade do mesmo

desenvolver determinadas habilidades motoras, também são valorizadas as

diferenças, no que diz respeito à capacidade humana de expressar-se

diferentemente.

A abordagem dos Jogos Cooperativos, como o próprio nome diz, está

diretamente ligada ao incentivo da cooperação em detrimento da competição,

sugerindo que o uso dos jogos cooperativos é divertido para todos, enquanto

os jogos competitivos são divertidos apenas para alguns.

A abordagem dos Parâmetros curriculares Nacionais tem a cidadania

como uma das principais finalidades da Educação física escolar. Entre os

aspectos relevantes destacamos: o objetivo de mostrar ao aluno o que e

porque está fazendo alguma atividade e seus benefícios; e relacionar as

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atividades físicas com os grandes problemas da sociedade brasileira; e o

princípio da inclusão. Percebemos que algumas concepções das abordagens

vistas até o momento podem ser usadas para atingir os objetivos propostos

pelas PCNs

Neste momento passaremos a estudar a abordagem psicomotora, a qual

temos na questão da sua importância nas aulas de Educação física, o motivo

central desta pesquisa, no capítulo seguinte vamos verificar a psicomotricidade

em si, o que é, seus objetivos sua maneira de trabalhar, com a intenção de

posteriomente avaliar todas as informações até aqui adquiridas com relação a

nossa questão principal.

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CAPÍTULO ll

PSICOMOTRICIDADE

Segundo Costa, o fundamento da psicomotricidade consiste em

enxergar o homem como um todo, sem fazer separação entre o corpo, a mente

e as emoções usando o corpo para atingir objetivos que interferem na

afetividade, nas emoções e no aprendizado do indivíduo levando em

consideração o contexto psicossocial que cerca o mesmo. É uma ciência

formada por conhecimentos das áreas de psicologia, fisiologia, antropologia e

relacionais que colaboram na compreensão do ser humano em seus vários

aspectos.

“A Psicomotricidade baseia-se em uma concepção unificada da pessoa, que inclui as interações cognitivas, sensoriomotoras e psíquicas na compreensão das capacidades de ser e de expressar-se, a partir do movimento, em um contexto psicossocial. Ela se constitui por um conjunto de conhecimentos psicológicos, fisiológicos, antropológicos e relacionais que permitem, utilizando o corpo como mediador, abordar o ato motor humano com o intento de favorecer a integração deste sujeito consigo e com o mundo dos objetos e outros sujeitos.” (Costa, 2002)

Segundo Fonseca, na Psicomotricidade o afetivo e o cognitivo interagem

no motor produzindo a totalidade do ser onde a relação do indivíduo com o

meio que o cerca interfere diretamente no desenvolvimento do mesmo.

"A identidade da Psicomotricidade e a validade dos conceitos que emprega para se legitimar revelam uma síntese inquestionável entre o afetivo e o cognitivo, que se encontram no motor, é a lógica do funcionamento do sistema nervoso, em cuja integração maturativa emerge uma mente que transporta imagens e representações e que resulta duma aprendizagem mediatizada dentro dum contexto sócio-cultural e sócio-histórico" (Fonseca, 1989, p.65). “Segundo Vitor da Fonseca (1988, p. 42) a psicomotricidade é concebida como a integração superior da motricidade, produto da relação entre o individuo e o meio, na qual a consciência se materializa. (Disponível em: <http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/posdistancia/47247.pdf > Acesso em 19 de Janeiro de 2015)

A psicomotricidade pode intervir de maneira terapêutica e educativa,

tendo um caráter facilitador do desenvolvimento humano. Valendo-se de

estudos feitos anteriormente, a psicomotricidade segue os esquemas onde se

descreve o desenvolvimento normal para compreender o diferente. Sendo

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assim a psicomotricidade usa os movimentos para identificar e diagnosticar

questões relacionadas ao indivíduo levando em consideração questões sociais,

fisiológicas e emocionais que possam estar ligadas ao desenvolvimento do

mesmo. O movimento é usado no processo de assimilação e desenvolvimento

de saberes em todos os aspectos da pessoa.

Segundo Coste (1981, p. 54) A psicomotricidade não foge a esta regra quando define os padrões considerados normais para o desenvolvimento psicomotor (considerando descrições feitas pela neurologia, fisioterapia, fonoaudiologia e áreas afins), desenvolvendo pontos de referência escalonados a partir dos quais se poderão construir todos os testes infantis e as escalas de quociente dedesenvolvimento; e, por conseguinte, avaliar e diagnosticar o atraso atual, assim como o desenvolvimento futuro.

Sendo a psicomotricidade uma ciência que envolve as áreas motoras,

cognitivas e afetivas pode tratar de assuntos de ordem funcional e relacional

visto que colaboram entre si no desenvolvimento completo do indivíduo.

Os assuntos de ordem funcional estão ligados a interação da motricidade

do indivíduo num determinado espaço e tempo, onde a qualidade destes

momentos é avaliada através das estruturas psicomotoras básicas que são a

Manipulação, a Locomoção e Tônus que interagem juntamente no corpo.

A psicomotricidade relacional ajuda o indivíduo a expressar suas

dificuldades relacionais para que venha a superá-las, tendo influência sobre as

dificuldades de adaptação que estão ligados a fatos psicoafetivos relacionais.

Segundo Alves, “a compreensão do que seja esquema corporal é de

fundamental importância para o trabalho na área de Psicomotricidade” (Alves,

2012 p, 53), pois através de um esquema corporal organizado é possível ao

individuo sentir-se bem com seu próprio corpo, pois tem domínio sobre ele;

este esquema se organiza de acordo com as experiências que a criança vive

em relação ao seu próprio corpo. Um bom desenvolvimento do esquema

corporal está ligado à evolução positiva da motricidade, da percepção espacial

e temporal e da afetividade.

“O esquema corporal pode ser considerado como uma intuição de conjunto ou um conhecimento imediato que temos do nosso próprio corpo seja em posição estática ou em movimento, em relação às diversas partes entre si e, sobretudo, nas relações com o espaço e os objetos que o circundam” (J. Le Boulch, 1982, p.48) O esquema corporal, por outro lado, nem é uma compreensão perceptiva, nem cognitiva, nem emocional, ele se distingue da imagem do corpo, pois ele é uma

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performance inconsciente sem uma intencionalidade. Nessa performance, o corpo adquire uma organização ou estilo em relação ao ambiente podendo incorporar objetos externos a ele. O esquema corporal é a forma como o corpo experiência o ambiente em que se encontra. Ele envolve um conjunto de capacidades motoras, habilidades e hábitos que capacita os movimentos e a postura do corpo no eixo gravitacional, e como tal é um sistema de funções motora e postural que opera em um nível inferior da intencionalidade auto-referente, muito embora essas funções possam ter uma atividade intencional. (Disponível em: <http://sergiogsilva.blogspot.com.br/2011/07/imagem-e-esquema-corporal.html

em 13/02/2015> Acesso em 15/01/2015)

A partir do momento em que o indivíduo descobre, utiliza e controla o seu corpo, o esquema corporal é estruturado e passa a ter consciência dele e suas possibilidades na relação com o meio ambiente em que vive. (Alves, 2012 p; 54)

Um esquema corporal organizado, portanto, permite a uma criança se sentir bem, na medida em que seu corpo lhe obedece, em que tem domínio sobre ele, em que o conhece bem, em que pode utilizá-lo para alcançar um maior poder cognitivo. Ela deve ter o domínio do gesto e do instrumento que implica em equilíbrio entre as forças musculares, domínio de coordenação global, boa coordenação oculomanual. [...] O esquema corporal não é um conceito aprendido, que se possa ensinar, pois não depende de treinamento. Ele se organiza pela experienciação do corpo da criança. [...] é uma construção mental que a criança realiza gradualmente, de acordo com o uso que faz de seu corpo. É um resumo e uma síntese de sua experiência corporal. (OLIVEIRA 2008, p. 51 - 52 Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/Artigo/Imprimir/37488> Acesso em 15/01/2015)

O conhecimento sobre o esquema corporal permite ao psicomotricista

avaliar o indivíduo observando se o desenvolvimento do mesmo está ocorrendo

naturalmente podendo intervir e colaborar de maneira eficaz, sendo necessário,

em alguns casos, fazer uma avaliação mais profunda quando observada

alguma dificuldade excessiva. Através da avaliação, fica mais fácil trabalhar na

ajuda ao desenvolvimento das habilidades, pois passamos a conhecer melhor

as dificuldades daquele com quem estamos lidando, além do mais podemos

ajudar ao indivíduo a se conhecer melhor.

Le Boulch (1983) distingue quatro etapas na estruturação do esquema

corporal, com o intuito de conhecer melhor sua evolução:

1ª Etapa – Corpo submisso (de zero a dois anos). Nessa etapa os

movimentos são automáticos, dependendo dos reflexos e automatismos de

alimentação, de defesa e de equilíbrio.

2ª Etapa - Corpo vivido (de dois até três anos). Nesse período a criança

tem a necessidade de investigar tudo àquilo que a cerca levando-a a

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movimentar-se constantemente, fazendo distinção entre o seu corpo e o mundo

dos objetos estabelecendo uma primeira noção da imagem corporal. A criança

começa a descobrir o mundo interior. É através dessas vivências é desenvolvia

a função de ajustamento e sua bagagem motora é enriquecida, servindo de

suporte para as etapas seguintes.

3ª Etapa-Corpo descoberto (de três a sete anos). O surgimento da

função de interiorização representa o fenômeno dominante nesta fase, Le

Boulch define a função de interiorização como a “possibilidade de deslocar sua

atenção do meio ambiente para seu corpo próprio a fim levar à tomada de

consciência” é onde a criança passa a ter uma percepção centrada no próprio

corpo, aperfeiçoando e refinando seus movimentos adquirindo uma maior

coordenação dentro de um espaço e tempo determinado.

4ª Etapa - Corpo representado (de sete a doze anos). Nesse momento

devido às experiências anteriores, a criança já dispõe de uma imagem mental

do corpo em movimento efetuando e programando mentalmente suas ações.

Chegando a estruturação completa do esquema corporal.

O conhecimento adequado do corpo engloba a imagem corporal e o

conhecimento da estrutura corporal.

O Conhecimento da estrutura corporal é o conhecimento intelectual que

temos do nosso corpo, que é noção da nomenclatura e localização das partes

do corpo.

A imagem corporal é a figuração do próprio corpo formada e estruturada

na mente do mesmo indivíduo. É o conjunto de sensações simultâneas

construídas através dos sentidos, originados de experiências vivenciadas pelo

indivíduo, onde o mesmo cria um referencial do seu corpo, para o seu corpo e

para o outro.

Os termos imagem e esquema corporal são termos de difícil definição,

principalmente por serem usados de maneira diferente em alguns meios

científicos, alguns usam estes termos como sendo os dois a mesma coisa. É

importante que seja feita a distinção correspondente a abordagem científica

usada.

O termo Imagem Corporal vem sendo usado freqüentemente de maneira permutável com a terminologia Esquema do Corpo, em estudos neurológicos e

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psicológicos, onde ocorrem também resistências a determinadas definições e muitas confusões metodológicas e conceituais (PAILLARD, 2001 Disponível em: < http://www.efdeportes.com/efd71/imagem.htm> Acesso em 16/02/2015) Segundo Cash & Pruzinsky (s/d) a imagem corporal pode ser definida como a visão do nosso corpo que produzimos em nossa mente (SHILDER, 1935 Disposnível em: <http://www.efdeportes.com/efd71/imagem.htm> Acesso em 07/01/2015). O sujeito constrói sua identidade corporal baseado na vivencia de suas sensações. Como a imagem corporal é a representação mental dessa identidade corporal, se ampliarmos nossa sobre a dimensão de cada percepção no contexto existencial do homem, poderemos olhar sob novas perspectivas o desenvolvimento da identidade corporal e de sua imagem. (TAVARES 2003, p. 81. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd167/imagem-corporal-e-educacao-fisica.htm> Acesso em: 16/02/2015.) Adami e Cols (2005) citam o complexo fenômeno que é a imagem corporal. Envolve aspectos cognitivos, afetivos, sociais, culturais, motores. É baseado em vários dados sensoriais proprioceptivos e exteroceptivos e está integrada a uma organização cerebral e influenciada por fatores sensoriais, processos de desenvolvimento e aspectos psicodinâmicos (Alves, 2005; Tavares, 2003). Nesse processo de construção da Imagem do corpo, afirma Adami e cols (2005), os sentidos humanos (principalmente visão, tato e propriocepção) dão informações importantes sobre o desenho, a silhueta corporal. (Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd131/imagem-corporalemindividuosamputados.htm> Acesso em 16/02/2015)

A Imagem corporal se desenvolve durante a vida toda do indivíduo,

sofrendo modificações resultantes do processamento de estímulos.

“O elefante, um animal enorme fica preso a uma corda frágil, amarrado a

um pequeno toco de madeira, que, com poucos esforços ele arrebentaria. Isso

ocorre porque o homem usa um meio eficaz de submetê-lo. Quando o

elefante é ainda um bebê e desconhece a força que tem. Preso a uma corda, o

bebê elefante tenta escapar. Faz esforços, se debate, se machuca, mas não

consegue desamarrar as amarras. A cena se repete por alguns anos. As

tentativas de libertar-se são inúteis. O elefante desiste. Vencido pelas amarras

ele acredita que todos os seus esforços serão inúteis, para sempre. Assim é

que, depois de adulto o gigante fica preso a essa fina corda que ele

poderia romper com esforços insignificantes..” (autor desconhecido)

Muitas pessoas, como o elefante acima mencionado, têm uma imagem

corporal distorcida, não tendo noção das suas capacidades, por causa da

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seqüência de fracassos ao tentar executar alguma atividade ou devido à falta

de estímulos.

Segundo Schilder(1999) para desenvolvermos a imagem corporal é necessário referências sobre o próprio corpo: vivenciar as sensações corporais e torná-las concretas. Essa integração pode permitir ampliar o contato interno e facilitar a adaptação ao mundo externo. As sensações corporais asseguram a construção da imagem corporal. (Disponível em: < http://www.efdeportes.com/efd131/imagem-corporal-em-individuos-amputados.htm> Acesso em: 16/02/2014

Valendo-se das informações observadas, partimos para a nossa questão

central: A importância da psicomotricidade nas aulas de Educação Física,

assunto que será abordado no capítulo seguinte.

22

CAPÍTULO III

A PSICOMOTRICIDADE NAS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA

Conforme o pesquisado, concluímos que a psicomotricidade está

presente desde a antiguidade, na história do movimento, sendo assim os

assuntos que giram em torno do desenvolvimento global do homem já eram

abordados por alguns filósofos ou educadores antigos.

Chegando aos dias atuais vemos que as propostas relacionadas à

Educação física dizem respeito ao alcance de finalidades que vão além do

aprendizado do movimento mecânico, de maneira que venha a existir também

o estímulo ao desenvolvimento social e intelectual do aluno. Isso tomando

cuidado para que as aulas não fujam ao eixo corpo/movimento.

Vimos no capítulo anterior que a psicomotricidade é uma ciência que

utiliza os movimentos para alcançar objetivos que giram em torno da

motricidade cognição e da emoção. Sendo assim, percebemos que a

psicomotridade tem grande afinidade com a Educação Física levando-se em

consideração os objetivos que se almeja conquistar.

Neste momento vamos tratar do assunto: Educação Psicomotora. O que

seria? Como ela age? De que forma pode ser usada nas aulas de Educação

Física? De que forma pode influenciar no esquema e na imagem corporal do

aluno?

Educação Psicomotora:

A Educação psicomotora vem exercendo grande influência na área de

Educação Física, atualmente pode observar a psicomotricidade como disciplina

em alguns cursos superiores; alguns professores participando de associações

que agregam especialistas em psicomotricidade e alguns livros usando a

psicomotricidade como referência para a prática escolar (DARIDO pg. 13)

“A Educação Psicomotora, se coloca no sentido de uma educação que não se

restringe apenas ao saber escolar ou então, ao aperfeiçoamento específico da

motricidade, porém, dirige-se à formação da personalidade, à sua expressão e

23

organização através das atividades humanas de relação, realização e criação.

Esta compreende a educação do ser humano nos seus aspectos corporais,

motores, emocionais, intelectuais e sociais (Carvalho 1996)”.

A Educação psicomotora visa alcançar objetivos que vão além do

desenvolvimento intelectual ou motor, seu objetivo é trabalhar as áreas

motoras, cognitivas e afetivas simultaneamente, procurando o desenvolvimento

completo do aluno e, verificando se existe algum problema em alguma destas

áreas.

Segundo Le Bouch “A Educação Psicomotora dever ser considerada como uma educação de base na escola primária. Ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares e escolares; leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o tempo, a adquirir, habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. A Educação Psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade; Conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir quando já estruturadas... O antigo horário refletia uma concepção intelectualista que dava prioridade a matéria ensinada...” (1986 p.25) “Deve-se ressaltar, no trabalho da Psicomotricidade, o papel do professor, que, se ao invés de ensinar, de transmitir conhecimentos já estabelecidos, assumir o papel de facilitador do desenvolvimento da capacidade de aprender” (Alves 2012 pg153)

Na Educação Psicomotora, o professor é aquele que trabalha no sentido

de ajudar o aluno a descobrir o conhecimento através de atividades que lhe

proporcionem vivências que venham a interferir no desenvolvimento do

mesmo. Estas vivências se dão através de atividades lúdicas que abrem o seu

entendimento. Nas salas de aula, é usada principalmente no período que

antecede a alfabetização, procurando trabalhar o esquema corporal a

lateralidade, coordenação motora global, coordenação motora fina, orientação

temporal e orientação espacial.

A Educação Psicomotora e a Educação Física

“A educação psicomotora para Lapierre é uma ação psicopedagógica

que utiliza os meios da educação física com a finalidade de normalizar ou

melhorar o comportamento do indivíduo” (Alves 2012 p. 131)

Percebemos, a partir da posição de La Pierre, a grande ligação da

Educação psicomotora com a Educação Física, concordamos que ambas usam

as atividades corporais para atingir objetivos que colaboram com o

24

desenvolvimento do aluno. Através das atividades psicomotoras o professor

pode conduzir o aluno à descoberta do conhecimento. Desta forma o professor

não é apenas aquele que ensina um conceito ou movimento definido. Os

exercícios psicomotores realizados de maneira lúdica colaboram com a

estruturação do esquema corporal e com a imagem corporal trabalhando

diversas áreas, sem fugir ao eixo corpo em movimento. Vejamos algumas

áreas que podem ser trabalhadas durante as aulas de Educação Física durante

a primeira infância:

Coordenação Motora ampla - correr, estátua

Coordenação visório motora – pegar objetos de determinada cor,

procurar um objeto escondido...

Coordenação Audiomotora – dança da cadeira, galinha choca,

brincadeira de comando de voz

Coordenação Facial – Mímica

Equlíbrio – andar sobre uma linha desenhada no chão, brincadeiras de

abaixar-se e levantar, amarelinha

Lateralidade – passar a bola, atravessar uma linha feita no chão de um

lado para o outro

O bom desenvolvimento destas habilidades são de importância

fundamental para adquirir concentração e destreza necessárias à

aprendizagem escolar.

No ensino fundamental a faixa etária dos alunos varia entre 7 e 14 anos,

sendo que até os 12 anos a criança, segundo (Le Bolth), encontra-se na faze

do corpo representado, período, (como visto no capítulo anterior) em que a

criança já dispõe de uma imagem mental do corpo em movimento efetuando e

programando mentalmente suas ações. Chegando a estruturação completa do

esquema corporal.

Este é o período do aperfeiçoamento do que foi adquirido na primeira

infância. Neste período é trabalhado, o equilíbrio postural, a lateralidade bem

definida, controle e percepção do próprio corpo, independência dos diferentes

segmentos entre eles e em relação ao tronco.

25

Com relação ao tônus muscular são trabalhadas a percepção e o

controle do próprio corpo. A coordenação e o controle são exercitados através

de deslocamentos com movimentos cada vez mais complexos trabalhando o

equilíbrio e a coordenação dinâmica geral. As atividades psicomotoras

permitem que a criança tenha cada vez mais consciência de seu corpo e suas

possibilidades, podendo interferir de maneira positiva na imagem que a criança

tem de si mesma. Cada vez que lhe damos a oportunidade de experimentar um

movimento novo, também lhe oferecemos conhecimento sobre ela mesma.

Também é muito importante deixar a criança consciente das diversas

diferenças de habilidades que podem haver no grupo, levando a mesma

perceber que as diferenças existem, e que a criança deve participar de

atividades que para ela própria pareçam ser difíceis (se comparado ao

desempenho de algum colega), pois estas atividades irão contribuir com o seu

desenvolvimento global.

Através da psicomotricidade é possível o professor de Educação Física

pode identificar problemas que podem ser de origem fisiologia, psíquica ou

social que possam interferir no desenvolvimento do aluno e assim encaminhá-

lo de maneira que venha a ser conduzido conforma suas necessidades.

Segundo Alves, “O ideal seria que todos os educadores tivessem como respaldo para as suas atividades a psiocomotricidade, pois fariam com que nossas crianças realizassem experiência com o corpo, sendo indispensável no desenvolvimento das funções mentais e sociais” (Alves 2012, p. 151).

Vejamos algumas atividades que foram usadas nas aulas do Centro

Educacionais Seiva Pura, a maneira como foram aplicadas e os resultados

obtidos:

Jogos com Sacolas Plásticas: Consiste em várias atividades feitas

com sacolas de mercado: uma delas seria para o aluno manter a sacola no ar

através do sopro, outra atividade é equilibrar a sacola na palma da mão, a

terceira consiste em dar vários nós da sacola transformando-a numa peteca.

Esta tarefa foi realizada com alunos do 2º ao 9º ano, onde os alunos do

Ensino Fundamental um participaram com mais empenho, visto que já se

divertiam enquanto foram elaborando os seus “brinquedos” com as sacolas,

quanto a manter a sacola no ar, tiveram bastante dificuldade, mas ainda assim

continuaram brincando, já os alunos do Ensino Fundamental 2, participaram,

26

mas não se identificaram com o exercício. Percebemos que as novidades a

princípio geram dificuldades para todos, ponto que podemos trabalhar no intuito

de promover a motivação em meio às adversidades.

Objetivos: respiração, socialização, equilíbrio, orientação espacial

Mímica – A turma é dividida em dois grupos, cada grupo recebe uma

folha onde vai escrever cinco filmes, desenhos ou objetos, um aluno faz a

encenação para que o outro grupo descubra o que a mímica significa.

Esta atividade foi feita com os alunos do ensino fundamental dois, que

se identificaram muito com a mesma, visto que a oportunidade de abordar

assuntos do interesse deles torna a atividade mais agradável. Percebe-se que

através de atividades que não são vistas freqüentemente nas aulas de

educação Física, temos a oportunidade de trabalhar diversas aptidões

presentes nos alunos.

Objetivos: Expressão corporal, socialização, esquema corporal

As atividades a seguir foram tiradas do livro 100 Jogos Psicomotores de

José Ricardo e Marcus Vinícius:

Roda do Cumprimento: A turma fica disposta numa grande roda e um

aluno é escolhido para ir para o centro da roda vendado. Ao som de uma

música o circulo da roda gira de mãos dadas para um lado específico e o aluno

que está no centro vendado aguarda a música parar, neste momento ele dirige-

se até algum aluno da roda estende-lhe a mão, e por meio de contato tenta

conhecer o amigo, não conseguindo, ele faz perguntas para descobrir quem é

o colega.

Esta atividade foi praticada com alunos do 2º ao 9º ano, observa-se que

a maioria dos alunos do 6º ano em diante tentou descobrir quem era o colega

tocando apenas na mão, já nas turmas de 2º ao 5º ano as crianças procuraram

tocar em outras partes do corpo sendo raros os casos em que foi necessário o

outro aluno falar para que fosse descoberto. Percebeu-se também que mesmo

errando quem era o colega o clima era de satisfação.

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Objetivos: afetividade, comunicação, percepção tátil e percepção auditiva e

socialização.

Casa, hóspede, construção e terremoto: A turma é dividida em trios,

dois alunos de mãos dadas formando a casa e um aluno entre eles será o

hóspede. Os alunos estarão concentrados na história contada pelo professor,

durante a narra terá algumas tarefas serão executadas: Quando o professor

falar casa, os dois alunos deverão sair juntos e procurar outro hóspede, quando

falar hóspede , somente este sai parar procurar outra casa, quando falar

construção os alunos largam as mãos e procurará outras duplas parar formar

outras casas, ao falar terremoto, todos os alunos devem se misturar e formar

novas casas e novos hóspedes.

A atividade foi desenvolvida com alunos do 2º ao 6º ano, todos se

portaram de maneira descontraída e alegre mesmo se enrolando no começo,

conforme foram se acostumando com a atividade passaram a fazê-la com

praticidade. Foi feito um breve comentário sobre como atividades

desconhecidas podem a princípio se complicadas, mas que é bom não desistir,

para poder aproveitar melhor a brincadeira. Trabalhando assim, a parte

motivacional no aluno.

Objetivos: afetividade, corporeidade, limites, controle da agressividade,

socialização, orientação espaço-temporal e agilidade

Banco Ordenado – O professor solicitará a toda turma que fique de pé

sobre um banco sueco em uma ordem aleatória. Quando todos estiverem na

posição solicitada, o professor dirá que a tarefa deles será de ordenar os

alunos no banco de acordo com o número da chamada, do primeiro ao último

número, sendo que não será permitido descer do banco. Outros desafios

poderão ser solicitados aumentando a dificuldade.

A princípio os alunos sentiram dificuldade por ser uma atividade nova,

que exige equilíbrio, conforme foram participando da mesma, começaram a

atingir mais agilidade no processo.

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Objetivos: Comunicação, afetividade, socialização equilíbrio, criatividade,

corporeidade, limites e orientação espacial.

A Imagem Corporal e o Desenvolvimento do Aluno

Percebemos que as atividades realizadas trabalham várias áreas de

desenvolvimento do aluno inclusive as que dizem respeito à perseverança.

Sabemos que a imagem corporal interfere diretamente no ser do indivíduo,

muitas pessoas têm a sua imagem corporal distorcida devido a dificuldades

que tiveram em realizar algum tipo de atividade, muitos se tornam passivos no

sentido de tentar melhorar o desempenho, para eles; simplesmente não

conseguem e pronto. Isto acontece também com adultos, que por algum motivo

podem ter adquirido um bloqueio no decorrer da sua existência. As crianças

que não tiveram a oportunidade de serem estimuladas antes do período de

alfabetização encontram muitas dificuldades em adaptar-se à sala de aula da

mesma forma que na Educação Física, os alunos que não convivem

naturalmente com atividades em que a habilidades motoras são

constantemente trabalhadas sentem-se inferiores aos demais, a

Psicomoticidade através de suas atividades lúdicas pode interferir em conceitos

formados nos alunos no sentido de motivá-los a participar de atividades que

venham a produzir no aluno o sentimento de superação, motivação e empatia,

mostrando para o aluno os vários fatores que podem ter interferido no seu

desempenho, deixando-o interado com relação ao meio que o cerca. Um dos

papéis da psicomotricidade é ajudar o aluno a conhecer a si próprio procurando

valorizar suas aptidões naturais, motivando o mesmo a participar também de

atividades que não lhe são tão familiares valorizando desta forma as

diferenças. O professor deve aproveitar ao máximo as oportunidades de

interferir no conceito que o aluno tem de si mesmo e do ambiente que o cerca.

29

CONCLUSÃO

Quando eu olho uma pessoa como um todo, ao invés de enxergá-la em

partes distintas, passo a considerar, o processo de desenvolvimento, levando

em conta a interação dos elementos emocionais, cognitivos e motores. Estes

elementos operam juntos. Desta forma, o ser humano é resultado da junção de

todos estes elementos. A expressão corporal, seja falando, gesticulando,

correndo, pulando, rindo, chorando..., é o acesso que temos ao universo que

são as pessoas ao nosso redor, percebemos suas retrações, alegrias,

dificuldades, habilidades, frustrações e outros fatores a partir destes

movimentos: são a junção da cognição, da emoção e da motricidade. Quando

penso que o movimento é a porta de entrada para um mundo que está em

constante transformação percebo que através do corpo, tenho acesso ao todo,

esta porta de acesso me permite contribuir com a construção do

desenvolvimento.

A Educação Física na atualidade procura trabalhar objetivos que vão

além do desenvolvimento motor, a Psicomotricidade por sua vez, enxerga o

indivíduo como um todo procurando desenvolver as áreas cognitivas, afetivas e

motoras usando o corpo para alcançar os objetivos propostos. No ensino

fundamental, o professor, através da psicomotricidade, pode levar o aluno a

desenvolver as habilidades adquiridas até o momento ajudando-o a ter um

conhecimento cada vez mais eficaz do seu corpo, levando o mesmo a

participar de atividades que interferem diretamente na imagem corporal do

aluno. Percebemos que o professor de Educação Física, através da

psicomotricidade, pode alcançar objetivos que dizem respeito ao

desenvolvimento global do aluno, cuidando para que as aulas não percam a

especificidade da Educação Física quanto ao eixo corpo/movimento.

30

BIBLIOGRAFIA

ALVES, Fátima. Psicomotricidade, corpo, ação e emoção – Rio de Janeiro:

Wak Editora, 2012

BETTI, Mauro (199 I). Educação física e sociedade. São Paulo, Movimento

CARVALHO, E. M. R. Contribuições da teoria Walloniana à educação

psicomotora. (Monografia de especialização em Psicomotricidade – UNIFOR),

1996.

DARIDO, Suraya Cristina. Educação física na escola: Questões e Reflexões.

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OLIVEIRA, Vitor Marinho. O Que é Educação Física – São Paulo: Brasiliense,

2004

PSICOMOTRICIDADE, Associação Brasileira, do “site”: (Em: <

http://psicomotricidade.com.br/sobre/o-que-e-psicomotricidade/. Acesso em: 25

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FONSECA, Vitor. Psicomotricidade. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1988.

GOMES, Leonires Barbosa, Psicomotricidade na Educação Física Escolar:

Importância e Aplicabilidade.

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LE BOULCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento aos 6 anos.

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31

MATARUNA, Leonardo – Imagem Corporal: noções e definições. Em:

< http://www.efdeportes.com/efd71/imagem.htm>. Acesso em 10 de janeiro

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MONTEIRO, Vanessa Ascenção, A Psicomotricidade nas aulas de Educação

Física escolar: uma ferramenta de auxílio na aprendizagem Em:

<http://www.efdeportes.com/efd114/a-psicomotricidade-nas-aulas-de-

educacao-fisica-escolar.htm > Acesso em 20 de janeiro de 2015

NUNES, Marcus Vinícius da Silva; MACHADO, José Ricardo Martins – 100

Jogos Psicomotores – Uma Prática Relacional na Escola

32

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 01

AGRADECIMENTO 02

DEDICATÓRIA 03

RESUMO 04

SUMÁRIO 05

METODOLOGIA 06

INTRODUÇÃO 07

CAPÍTULO I - A Educação Física na Atualidade 09

CAPÍTULO II - A Psicomotricidade 16

CAPÍTULO III – A Psicomotricidade nas Aulas de Educação Física 22

CONCLUSÃO 29

BIBLIOGRAFIA 30

ÍNDICE 32