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Instituto AVM Licenciatura em Pedagogia Dificuldades de aprendizagem Por: Lenita de Oliveira Moreira Corrêa Orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho Rio de Janeiro, 2010 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · de interesse deles a relação entre o tempo e a existência humana e procuram descrever e explicar sistematicamente ás mudanças

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Instituto AVM

Licenciatura em Pedagogia

Dificuldades de aprendizagem

Por: Lenita de Oliveira Moreira Corrêa

Orientador:

Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho

Rio de Janeiro,

2010

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Instituto AVM

Licenciatura em Pedagogia

Rio de Janeiro

2010

Dificuldades de aprendizagem

Por: Lenita de Oliveira Moreira Corrêa Monografia apresentada ao Instituto A Vez do Mestre como requisito

parcial para obtenção do título de especialista em Pedagogia.

Orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho

2

Agradecimentos

Agradeço a todos os que acreditaram nesta vitória e me auxiliaram durante o

percurso deste trabalho, em especial a Deus e minha família.

3

À meus filhos que tanto amo e me expiraram.

4

“A arte é a expressão mais pura que há para a demonstração do inconsciente de

cada um. É a liberdade de expressão, é sensibilidade, criatividade, é vida”. (Jung)

5

RESUMO

A presente monografia tem como objetivo principal analisar, como se dá as dificuldades de aprendizagem, e quais os fatores que a ocasionam. Com diversas pesquisas de vários profissionais que atuam na área, e avaliam os procedimentos adequados a estes. Observamos que a grande maioria das dificuldades de aprendizagem tem origem neurológica e psicologica, afetando assim o indivíduo no campo do desenvolvimento cognitivo, emocional e comportamental. Analisamos as áreas no campo científico como a Neuropsicologia, Psicopedagogia, Psiquiatria e correlatas, que nos orientam a solucionar essas dificuldades ou ameniza-las. Analisando todas essas pesquisas nos faz refletir, como os profissionais da saúde e educação devem atentar aos sintomas e como agir, visto termos vários recursos modernos que variam desde medicamentos em determinados casos e terapias voltadas ao processo de desenvolvimento cognitivo. Chegando-se a conclusão de que as dificuldades de aprendizagem não tem uma só causa ou fator desencadeante, em consequência, tem vários tipos e características, várias opções de tratamentos e possibilidades de controle e cura, cabe uma avaliação de um profissional qualificado.

6

METODOLOGIA

Diante desta pesquisa que realizei, procurei pesquisar sites e livros que abordam

esse tema afim de ampliar os conceitos que se tem atualmente. Mediante as

longas leituras desse assunto, observei a gama de informações e depoimentos

como de Black e Berhrmann, 1994, sobre diversos tipos de dislexias; o ano em

que começou a utilizar o eletroencefalografia 1930, para se fazer exames em

indivíduos com eplepcia, afim de decobrir tratamentos para indivíduos com

dificuldades de aprendizagem; Kimura, 1963; Muszkat,1989, sobre as alterações

envolvendo o lobo temporal esquerdo prejudicam as funçoes relacionadas às

habilidades verbais...

A pesquisa exploratória é toda pesquisa que busca constatar algo num organismo

ou num fenômeno... tratando as dificuldades de aprendizagem, esse tipo de

pesquisa visa buscar desde o nascimento e durante este, o desenvolvimento no

geral, respostas sobre tal dificuldades afim de delinaer as possíveis causas.

7

Sumário

Introdução 08

Capítulo I – O que é, e as áreas de estudo

1.1 – O que é dificuldades de aprendizagem? 11

1.2 – Quais as áreas de estudo neste processo? 19

Capítulo II – Os tipos e os tratamentos

2.1 – Os tipos de dificuldades de aprendizagem 22

2.2 – Os melhores tratamentos 45

Capítulo III – Avaliação e diagnósticos

3.1 – Como avaliar as dificuldades de aprendizagem 54

Conclusão 58

Bibliografia 59

Webgrafia 60

8

INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é demonstrar como as dificuldades de

aprendizagem afetam o desenvolvimento cognitivo, emocional e social de um

indivíduo, pois ainda é muito difícil convencer os conservadores de que já há

grandes oportunidades de cura em alguns casos, que variam desde terapias

diversas e até medicamentos ou ondas emitidas no cérebro por meio de

aparelhos sofisticados.

O fato que a falta ou diminuição de oxigenação no cérebro causa várias

lesões e, dependendo da gravidade, a morte do indivíduo, e as seqüelas mais

comuns são os distúrbios da aprendizagem. Você como profissional ou estudante

da área de saúde, terá a clareza de idéias e bases para de fato atender e

diagnosticar uma dificuldade de aprendizagem.

O mais importante é tiramos esse pensamento preconceituoso da

sociedade, de que quem tem dificuldades é “burro” e não é inteligente! Na

verdade, quando se dá tal dificuldade, ela é decorrente a vários fatores que

antecedem ao processo de ensino-aprendizagem, antes do nascimento, durante o

nascimento ou traumas na vida.

Este estudo foi dividido em três capítulos. No primeiro, pretende-se analisar

o que é o distúrbio de aprendizagem; as áreas que estudam o caso e muitos dos

pesquisadores antigos e atuais na área. No segundo capítulo, por sua vez

objetivou-se a analisar os sintomas dos distúrbios, e melhores tratamentos.

Algumas das dificuldades de aprendizagem como as Dislexias, hiperlexia, Dislalia,

Disgrafia, Disortografia e Discalculia.

No terceiro capítulo abordará como avaliar uma dificuldade de

aprendizagem, e como a família está inserida neste processo.

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O estudo neste campo torne-se um importante instrumento avaliativo nos

processos de aprendizagem, afim de articulá-los com os recursos conceituais

globais de nossa realidade. Sem deixar a família de lado, veremos como o apoio

familiar tem seu poder nos procedimentos de integração cognitiva, afetiva e social.

A aprendizagem é fundamental ao desenvolvimento dos internos na

interação com outras pessoas, por isso a família e sua visão para com a

sociedade implicam neste processo. Seu desenvolvimento é então produzido pelo

processo de internalização de integração social com materiais fornecidos pela

cultura, sendo que esse processo só pode ser construído de fora para dentro.

A finalidade desta pesquisa também, é eliminar das tendências pessoais do

observador, seus preconceitos e convicções, que poderiam distorcer ou

obscurecer o acontecimento ou objeto que estivesse sendo observado. Dentro

dessa perspectiva, trabalham os estudiosos do desenvolvimento cognitivo, pois é

de interesse deles a relação entre o tempo e a existência humana e procuram

descrever e explicar sistematicamente ás mudanças que ocorrem nos modos de

pensar, sentir, agir e falar nas diferentes fases da vida. Essas descobertas

possibilitam o emprego de conceitos tais como estágios, períodos, fases para

descrever o desenvolvimento humano, sendo assim, o desenvolvimento se dá por

estágios ou etapas que de diferenciam pela qualidade da cognição, do

comportamento, das relações afetivas, etc.

Sabemos que a aprendizagem é um processo de mudança de

comportamento obtido através da experiência construída por fatores emocionais,

neurológicos, relacionais e ambientais. A partir destes conceitos, as dificuldades

que as crianças possuem diante de algo novo, representa objeto de pesquisa,

afim de orientá-lo corretamente.

Os capítulos deste estudo abordará de forma geral, o que é normal, e o

que é problema, e como os novos recursos de tratamentos são eficazes em cada

situação, e qual deve ser a atitude do profissional diante do diagnóstico de

distúrbios de aprendizagem. Todo indivíduo nasce com o potencial de aprender,

mais cada um tem seu tempo e modo de aprender.

10

Nós como educadores temos que buscar meios mais propícios ao processo

de aprendizagem, formas de aproximação entre o conteúdo formal e a experiência

do dia-a-dia objetivando não só instruir, mas estimular, preparar, orientar, partilhar,

desenvolver e educar essas crianças e jovens de forma a fazê-lo desejar

aprender por toda a vida, promovendo tais possibilidades.

Se o meio, seja a escola ou a vida, promover experiências, vivências e

projetos que mantenham a chama da curiosidade de saber acesa, mesmos os

com as maiores dificuldades, não perderão a vontade de tentar, e se esforçar para

conseguir adquirir esse potencial. O processo de evolução da criança, ao mesmo

tempo que está determinado pela relação entre o corpo, o movimento e a

afetividade, também determina mudanças cognitivas, afetivas e motoras que são

construídas e aprendidas, cuja educação escolar tem esse papel essencial, por

isso o grande sucesso com os recursos de musicoterapia e muito outras terapias,

relacionadas ao processo de aprendizagem.

11

CAPÍTULO I

O QUE É, E AS ÁREAS DE ESTUDO

Durante este pesquisa, vamos analisar o que é as dificuldades de

aprendizagem e quais as áreas de estudo neste campo, de uma forma simples e

concisa, veremos algumas das novidades nas áreas de neuropsicologia,

psicopedagogia, psquiatria e correlatas.

1.1. O Que são Dificuldades de Aprendizagem?

Quando se fala de dificuldade de aprendizagem ou distúrbios de

aprendizagem, denomina-se a capacidade de aprender. O podemos avaliar o

comportamento de um bebê, desde de sua dificuldade de ingestão de alimentos,

como vômitos constantes ou diarréias. Quando tem dificuldades no sono, excesso

de sucção, choro e irritabilidade excessivos e sem motivo aparente, apático ou

indiferente, chora de forma monótona, grita sem motivos, não suga nem reage a

qualquer estímulo. (Marieta Lúcia Machado Nicolau, 2003)

Com avaliação de uma pediatra diante destes casos, ele irá encaminhá-lo se

necessário a outros profissionais. Mas o que se espera de um comportamento

normal infantil, é dos seis aos dois anos de idade, o desenvolvimento normal inclui

maior estabilidade fisiológica, mais paciência e tolerância e certo controle dos

instintos e da atividade motora, o que faz com que a criança consiga brincar

bastante, distraindo-se com os brinquedos por períodos longos sem tornar-se

irritadiça ou chorona. Nesta fase, demonstra forte ligação com a mãe,

distinguindo-a dos demais parentes e sabendo separar quem é conhecido e quem

não é conhecido, inicia sua fase de imitação e desenvolvimento da linguagem

que, aos dezoito meses, já tem um bom número de palavras utilizadas, ainda que

simples ou até monossílabas.

12

O problemático começa quando a criança demonstra irritação, raiva ou chora

em excesso e continuamente, tornando-se totalmente intolerante por qualquer

motivo, tem dificuldades no controle de evacuações, alimentação e sono, tem

tiques ou balança-se muito quando contrariada, chupa constantemente o dedo ou

objetos diversos. O distúrbio é considerado quando a criança apresenta crises

temperamentais freqüentes, perde o fôlego com facilidade, apresenta convulsões,

demonstra isolamento ou apatia, inclusive sem grandes ligações com a mãe,

nesta idade de seis á dois anos as crianças que apresentarem esses sintomas

pode ser levada a um psicopedagogo para alguns testes de aprendizagem, se o

teste demonstrar normalidade no desenvolvimento da aprendizagem, o

comportamento posterior poderá ser somente pelo pediatra, sendo criança com

alguma anormalidade, esta criança deve ser levada ao psicopedagogo e a um

psicólogo para que eles a atendam em conjunto, seria melhor a um for indicado

por outro para evitar divergências de métodos e linhas de tratamentos.

A aprendizagem ocorre basicamente em três estágios: subaprendizagem,

aprendizagem simples e superaprendizagem ou aprendizagem ideal. A

subaprendizagem a criança entra em contato com o assunto, mas prestou

atenção, não assimilou. A aprendizagem simples a criança entra em contato com

o assunto, prestou atenção, mas não memorizou. A superaprendizagem ou

aprendizagem ideal é aquela que a criança entra em contato com o assunto,

prestou atenção, assimilou e memorizou. Os dois primeiros casos necessitam de

acompanhamento psicopedagógico e análise para detectar onde há e qual é a

falha existente. Neste ponto, vêm as dificuldades, os problemas e os distúrbios,

que também podem ocorrer basicamente de três formas, as causas psicológicas,

como traumas, problemas familiares, problemas financeiros etc; causas

orgânicas, desnutrição, anemia ou distúrbios como a dislexia, disgrafia etc;

causas do sistema, inadequação dos métodos aplicados em aprendizagem,

despreparo dos professores etc. (Pablo Casso, 2008)

Analisando todos estes fatores, devem-se então avaliar os sintomas para

identificar os distúrbios. A educação como interatividade, contempla tempos e

espaços novos, como diálogos entre a problematização e a produção própria dos

13

educandos, o professor exerce a sua habilidade de mediador das construções de

aprendizagem e mediar é intervir para promover mudanças e reajustes, a

aprendizagem não depende somente do aluno, ela é uma interlocução entre

vários fatores.

A aprendizagem é um processo interno, ninguém pode fazer isso por nós,

mas aprendemos graças aos processos de interação social com outras pessoas

que atuam como mediadores dos conteúdos da cultura, estabelecidos no currículo

escolar, graça aos processos de interação e de comunicação com os docentes e

com seus pares. As dificuldades de aprendizagem geralmente são transtornos

que se manifestam por dificuldades significativas na aquisição e uso da recepção,

fala, leitura, raciocínio ou habilidades matemáticas, e são atribuídas as disfunções

do sistema nervoso central e podem ocorrer ao longo do ciclo vital. Alguns dos

aspectos importantes do diagnóstico de uma criança que tenha dificuldade de

aprender seria, com relação a linguagem oral, leitura, compreensão, escrita,

soletração, cálculo ou raciocínio matemático. As dificuldades de leitura podem ser

analisadas em dois níveis: decodificação e compreensão, as dificuldades refletem

a ineficiência dos componentes cognitivos existentes e envolvidos no

processamento dos estímulos. (Redator de Despertai no México, 2009).

As causas mais comuns para dificuldades de decodificação está na

correspondência entre letras e sons, já as dificuldades de compreensão são

algumas vezes decorrentes de habilidades inadequadas de decodificação, outras

vezes as dificuldades de compreensão são decorrentes de dificuldades no

sistema lingüístico e não especificamente na leitura. O desenvolvimento

intelectual de cada um depende da natureza de seus esquemas, segundo Piaget,

o desenvolvimento cognitivo tem seus estágios e subestágios, o estágio sensório-

motor que é desde o nascimento a dois anos de idade, que constitui com a

primeira estrutura intelectual; um estágio de inteligência representadora ou

conceitual, que vai dos dois até onze anos de idade aproximadamente e culmina

com a construção das estruturas operatórias concretas e um estágio de

operações formais que se dirige para construção das estruturas intelectuais

14

próprias do raciocínio hipotético-dedutivo aos quinze ou dezesseis anos. (Marieta

Lúcia Machado Nicolau, 2006)

Cada etapa de estágios em que o indivíduo passa, acontece o equilíbrio,

que é uma etapa de organizações das ações e das operações do sujeito. Para

passar de um estágio para outro, nos confrontamos com situações de

desequilíbrio, são elas que empurram nosso processo de desenvolvimento e

aprendizagem, nos tirando da inércia dos nossos esquemas adquiridos, investindo

em novas estruturas motoras e mentais. O desenvolvimento organizado em

estágios sucessivos, cujos níveis de desequilíbrio podem ser descritos mediante

estruturas lógicas, também determinam uma problemática no campo da

aprendizagem, a mediação das competências cognitivas de cada estágio, só que

de todas as aprendizagens, será necessário estudar as que se aplicam as

estruturas lógicas matemáticas; operacionais; lingüísticas; sociais; de ordem

prática.

Toda aprendizagem é uma relação mediada, existe a presença do objeto

mediador, assim como Piaget menciona, o processo de conhecimento é

fundamentalmente interativo, só é feito através de aproximações sucessivas que

dependem dos esquemas mentais dos sujeitos, mudando-se com o tempo, por

isso existe a necessidade de elaboração por parte do sujeito, assim como a

herança genética, a experiência, o meio e a maturação dão suporte ao

conhecimento que se desenvolve somente na interação, que é quando a ação da

pessoa desencadeia uma reação em outro ou não. A criança que consegue obter

o conhecimento, aprender, é fruto da interação entre o sujeito e o objeto, virando

uma construção, quando ela encontra objetos em seu ambiente social, não os

adota tal e qual, mas os transforma e os assimila a suas estruturas mentais

(Piaget 1986). As pesquisas de Piaget e seus colaboradores demonstram que se

pode facilitar a aquisição de noções ou operações diante de sessões de

aprendizagem, esses processos comprovam que a aprendizagem pode ser

adquirida e não depende de mecanismos internos e maturacionais para

acontecerem. (Marieta Lúcia Machado Nicolau, 2006)

15

As aprendizagens necessitam recorrer a coordenação de ações não-

aprendidas diretamente nas experiências ou sessões experimentais, aprendemos

algo novo, sempre fazendo referência ou tentando fazer com alguma coisa já

aprendida, por isso a nova aprendizagem fica mais fácil, pois partimos de algo

conhecido, construído um novo conceito, experimentando novos resultados, por

isso a cada nova aprendizagem, dependemos do nível cognitivo que precede

essa aprendizagem. Mas uma vez Piaget chama esse nível de Intermediário e

Vygotsky de Zona de desenvolvimento proximal, pois seria no meio do caminho

entre a ausência a noção e sua aquisição completa. Ao analisar a construção

teórica do processo de aprendizagem, percebemos o aparecimento de conflitos

do sujeito no seu caminhar, o estado de equilíbrio que o sujeito tem ou alcança a

cada aprendizagem, é posta em desequilíbrio a cada nova proposta, é como se

desarrumasse uma série de conhecimentos em outras áreas, para arrumá-las

com o novo conceito aprendido. O importante é que esse desequilíbrio seja

momentâneo e que desempenhe um papel positivo na aquisição de novos

conhecimentos, o erro, o conflito e sua resolução na aprendizagem mostram a

existência de um processo de equilibração que consiste em considerar uma série

de compensações em face de desequilíbrios momentâneos até conseguir um

novo equilíbrio graças a uma coordenação e a uma integração mais completa

entre esquemas.

As situações didáticas concretas nas quais a aprendizagem não depende

somente do sujeito, mas da maneira como ele utiliza sua competência de modo

efetivo e do papel desempenhado pelo professor, em todo o processo, que tenta

exercer uma influência educativa. Tratando dos níveis de desenvolvimento

cognitivo, existe a possibilidade de que um aluno consiga realizar uma

determinada aprendizagem, obviamente, limitada por seu nível de competência

cognitiva, assim como crianças de nível pré-operatório, não podem aprender as

operações aritméticas elementares, porque não possuem ainda os instrumentos

intelectuais que essa aprendizagem requer, ou crianças que se situam em níveis

de desenvolvimento concreto são incapazes de raciocinar sobre o possível e que,

em conseqüência disso, dificilmente conseguem realizar aprendizagens

específicas que implicam conceitos de probabilidades ou acaso.

16

Os conteúdos da aprendizagem escola devem ser analisados, com o

objetivo de determinar as competências cognitivas necessárias para poder

assimilá-los corretamente, quando se força um conteúdo que seja fora de suas

capacidades, muito provável ocorrerá a aprendizagem, o que poderá acontecer é

mera memorização mecânica ou compreensão incorreta. As escolas devem se

adaptar, com a complexidade conceitual dos conteúdos e sua ordem de

apresentação no âmbito de desenvolvimento médio dos alunos e, portanto a sua

capacidade de aprendizagem essas adaptações são recursos didáticos que

apresenta algumas limitações claras, sendo a sua ordem no fato de que as idades

médias, em que se alcançam os níveis sucessivos de competência cognitiva, tem

apenas um valor indicativo, embora seja em ordem constante, para qualquer

sujeito, existem variações com relação a idade média que varia de três a quatro

anos, dependendo do meio sociocultural e da história pessoal dos sujeitos. Uma

das dificuldades das escolas é avaliarem antes de se começar o ensino. (Marieta

Lúcia Machado Nicolau, 2006)

A avaliação é realizada fazendo com que os alunos resolvam um conjunto

de tarefas e provas operatórias, que não são senão uma versão padronizadas das

tarefas experimentais utilizadas para estudar as competências intelectuais das

crianças em sua pesquisa, esse tipo de avaliação apresenta alguns

inconvenientes teóricos, metodológicos e práticos que dificultam extremamente

sua utilização generalizada, assim como o elevado custo de tempo em elaborar,

devido a necessidade de avaliação individual, ausência de uma padronização das

provas e de uma tipificação das condutas, existência de defasagens entre provas

que teoricamente apresentam o mesmo nível de complexidade, domínio do

método clínico-crítico de perguntas como requisitos para sua aplicação;

necessidade de conhecimento profundo da teoria genético-cognitiva para a

interpretação dos resultados e, por último dificuldades de conciliar os conteúdos

pedagógicos as noções exploradas na avaliação.

Realmente não é fácil determinar com exatidão as competências cognitivas

que atuam como requisitos na aprendizagem dos conteúdos escolares, a

compreensão do aluno pode variar, é difícil determinar o momento em que se

17

deve introduzir os conteúdos curriculares necessários da programação

pedagógica, deve-se levar em conta outros aspectos como as atividades prévias

necessárias para compreensão do conteúdo trabalhando. De nada adianta planejar

conteúdos que sejam fora da realidade do aluno, alguns pesquisadores, formulam

maneiras inovadoras de adequar os conteúdos escolares e os níveis de

construção psicogenética, eles estudam como se constroem os conhecimentos

escolares relativos e conteúdos pedagógicos típicos. Piaget explica de como

passa de um estado de menos conhecimento para um estado de conhecimento

mais avançado, oferece múltiplas sugestões para o ensino, pois a aprendizagem

escolar não consiste em uma recepção passiva do conhecimento, mas de um

processo ativo de elaboração, os erros de compreensão, provocados pelas

assimilações incompletas ou incorretas do conteúdo, são degraus necessários e

muitas vezes úteis desse processo ativo de elaboração; o ensino deve favorecer

as interações múltiplas entre o aluno e os conteúdos que tem de aprender.

(Elizabete de Assunção José e Maria Teresa Coelho, 2003).

Na aprendizagem escolar, a questão reside em saber como o professor

pode exercer uma influência sobre o processo de aquisição do conhecimento dos

seus alunos, atuando como mediador entre o conteúdo e eles, a teoria cognitiva

voltada para aprendizagem oferece uma descrição e uma explicação dos

processos individuais de desenvolvimento do conhecimento do aluno. A educação

é uma atividade voltada essencialmente para o social, o relacional e o

comunicativo entre seus participantes, produzindo o contexto da cultura onde

estão inseridos, a arte do educador é costurar a prática e a teoria, utilizando todos

esses recursos em benefícios do presente.

Para se compreender as razoes que levam uma criança a se desempenhar

pior em determinada tarefa cognitiva que as crianças normais, devemos conhecer

de maneira clara o que está envolvido na realização satisfatória da tarefa em

questão e, então usar esta compreensão para analisar onde está o problema das

crianças com dificuldades de aprendizagem, devemos compreender que não se

trata de descrever os tipos de dificuldades que podemos encontrar, elas podem

ser infinitas, mais devemos avaliar e investigar em um aluno que não consegue

18

acompanhar o processo de aprendizagem escolar, isso quer dizer que devemos

valorizar a qualidade do seu processo e não a quantidade do seu rendimento, o

apoio familiar afeta significativamente o progresso da criança. As dificuldades de

aprendizagem afetam um número substancial de crianças em nossa sociedade,

podendo ser leves, moderadas e graves, assim a avaliação de alunos com

dificuldades de aprendizagem deve apresentar um perfil das potencialidades e

não um foco sobre suas dificuldades, as funções o meio e análise cognitiva do

aluno, nos fornece a fundamentação essencial para as estratégias a serem

empregadas nos alunos com dificuldades.

19

1.2. Quais as áreas de estudo neste processo

Neste campo, as áreas que se destinam ao estudo das dificuldades de

aprendizagem são diversas, temos a Neuropsicologia que pode ser denominada

como Neurociência cognitiva, a Psicologia e a Psicopedagogia. Vamos

primeiramente mencionar a área da Neuropsicologia que se fundamenta-se em

Psicologia, Psiquiatria, Neurologia, Fisiologia e Anatomia, entre outras áreas e

busca a relação entre as atividades do sistema nervoso central e o cognitivo,

estes analisam o normal e o patológico desta coligação, pode utilizar-se de testes

e equipamentos de mediação do cérebro em processo de desempenho de

funções, processando informações e executando tarefas etc, para alcançar

precisão no diagnóstico e nos tratamentos, segundo a resolução CFP 002/2004.

art, 3º.

A especialidade de Neuropsicologia fica instituída com a seguinte definição

atua no diagnóstico, o acompanhamento, no tratamento e na pesquisa da

cognição, das emoções, da personalidade e do comportamento sob o enfoque da

relação entre estes aspectos e o funcionamento cerebral, utiliza-se para isso de

conhecimentos teóricos angariados pelas neurociências e pela prática clínica, com

metodologia estabelecida experimental ou clinicamente, utilizada instrumentos

especificamente padronizado para a avaliação das funções neuropsicológicas

envolvendo principalmente habilidades de atenção, percepção, linguagem,

raciocínio, abstração, memória, aprendizagem, habilidades acadêmicas,

processamento da informação, visuoconstrução, afeto, funções motoras e

executivas. (Lou de Olivier, 2006)

A Psicologia é outra que ajuda nos processos de dificuldades de

aprendizagem, pois é uma ciência dos fenômenos psíquicos e comportamentais,

analisando as causas biológicas e socioculturais do comportamento, a Psicologia

é uma ciência voltada ao estudo do comportamento humano e dos processos

psíquicos, estudando as vias de sua evolução, os mecanismos que a servem de

base e descrevendo as mudanças que ocorrem nessa atividade nos estados

20

patológicos. Muitos pesquisadores como Edward Lee Trorndike (1874-1949), frisa

que o indivíduo aprende por meio de um processo de associação de idéias ,

desde a mais simples até a mais complexa, dando ênfase às sensações

agradáveis e desagradáveis como elemento de armazenagem de respostas, e

sendo muito criticado por isso, acabou servindo de base, por meio de sua lei dos

efeitos, para o Behaviorismo de Burrhus, Frederic Skinner (1904-1990). Não

podemos deixar de mencionar a Psicanálise, teoria elaborada pó Sigmund Freud

(1856-1939), colocou em evidência o estudo do inconsciente e a Psicologia

Analítica, criada por Carl Gustav Jung, estas e outras correntes de pensamento

possibilitando muitas linhas que hoje são defendidas dentro da Psicologia, sendo

as mais divulgadas: Psicologia Clínica, Psicologia do Desenvolvimento,

Psicologia Forense, Neuropsicologia, Psicologia da Aprendizagem ou

Psicopedagogia. (Moreira, 2003)

A Pedagogia é a ciência do ensino e da educação, estuda os métodos de

ensino, os objetivos de educação e os meios para atingi-los, fundamenta-se

basicamente na Psicologia Educacional, ou seja nas teorias sobre as formas e os

mecanismos de aprendizagem, tem muitas formas de ser aplicada, das quais

destacam-se: Behaviosrismo ou comportamento, caracterizado pela descrição

repetida dos fatores e dos fenômenos praticamente sem explicar suas causas e

origens; Cognitivismo que também ensina descrevendo os fatos e os fenômenos,

mas com a preocupação de explicar suas causas e origens, porém ainda,

propondo aos alunos uma aceitação passiva do que está sendo ensinado; O

Construtivismo advinda das teorias de Piaget, cuja características é que não é o

professor que ensina, mas sim o aluno que aprende, ou seja, em vez de ensinar,

o professor deve induzir o aluno a aprender a aprender, estimulando-se assim a

criatividade potencial do aluno. (Amélia Hanze, 11/07/10)

A Psicopedagogia usa conceitos de Psicologia e Pedagogia e aprofunda-se

também em Neurologia, Fonologia, Psicolinguística, Psicomotricidade, entre

outras áreas, é a área apta a detectar e tratar dos diversos distúrbios de

aprendizagem de forma isolada ou, na maioria dos casos, ligada a outros

profissionais em um tratamento intitulado multidisciplinar, estudando todas as

21

linhas descritas acima em Psicologia e Pedagogia, a Psicologia deveria caminhar

para o sucesso no diagnóstico e no tratamento, não só dos distúrbios de

aprendizagem mas também das falhas de memória, da concentração, entre

outros. Hoje, todas essas áreas de pesquisa, contribuem muito para se chegar a

métodos eficientes, avaliações precisas e diagnósticos corretos, para se lidar com

as dificuldades de aprendizagem. (Lou de Olivier, 2008)

Agora vamos analisar alguns dos pensadores que contribuíram muito sobre

as dificuldades de aprendizagem, Piaget e Bruner. Vez por outra menciono os

pensamentos de Piaget nas páginas anteriores, relacionadas ao processo do

desenvolvimento cognitivo, então, vamos falar sobre suas pesquisas. Ele formou-

se em Biologia, interessou-se pela Epistologia Genética, Psciologia da

Inteligência, visava a relação entre lógica e pensamento, criando uma idéia de

evolução na construção do conhecimento, destacou a importância dos jogos, do

lúdico como atividade motora no processo cognitivo da ação ao pensamento,

preocupando-se com a construção do conhecimento científico. Sua teoria

revolucionou a compreensão que se tinha a respeito do desenvolvimento

intelectual, ele explicou o desenvolvimento mental do ser humano no campo do

pensamento, da linguagem e da afetividade, relacionando o desenvolvimento em

estágios e com isso ele demonstrou que a natureza e as características da

inteligência mudam significativamente com o passar do tempo, relacionou o

desenvolvimento cognitivo a maturação e a experiência, ele acreditava que as

características biológicas da criança impõem alguns limites na ordem e rapidez

em que as competências cognitivas emergem, embora acreditasse que a

experiência ativa com o mundo era decisiva para o desenvolvimento cognitivo,

assim para Piaget o desenvolvimento da inteligência se organiza através de um

processo interno, a maturação, que em contato com os estímulos ambientais e

constituem as estruturas mentais.

22

CAPÍTULO II

OS TIPOS E OS TRATAMENTOS

Neste capítulo, iremos abordar os diversos tipos de aprendizagem, as mais

conhecidas e os melhores tratamentos e recursos que a área da educação possui,

assim como muitos outros profissionais que atuam interferindo neste processo.

2.1. Os tipos de dificuldades de aprendizagem

Vamos apresentar primeiramente de alguns tipos de dificuldades de

aprendizagem parecidos como a Dislexia. (Lou de Olivier, 2006)

A Disgrafia é a dificuldade ou ausência na aquisição da escrita, ou

desordem de integração visual-motora, ou seja, não há coordenação entre os

dois. O indivíduo fala, lê, mas não consegue transmitir informações visuais ao

sistema motor, ele lê, mas não consegue escrever, além de te vários problemas

motores e de equilíbrio. Suas características são:

O indivíduo não possui dificuldades visuais nem motoras, mas não

consegue transmitir as informações visuais ao sistema motor, tem deficiência de

transmissão.

• Fala e lê, mas não encontra padrões motores para a escrita de letras,

números e palavras.

• Não possui senso de direção, fala-lhe equilíbrio.

• Pode soletrar oralmente, mas não consegue expressar idéias, por meio

de símbolos visuais, pois não consegue escrever.

23

• Resumindo, lê mas não escreve.

Uma das formas de se ajudar uma criança com tal dificuldade, é ela passar

por uma avaliação multidisciplinar e acompanhamento psicopedagógico, além de

usar microespaços e macroespaços para a aprendizagem, entenda-se que

macro= espaço físico qualquer e micro= sulfite, caderno etc. O balé desenvolve o

equilíbrio e ajuda o desenvolvimento da letra cursiva. Na maioria dos casos, está

ligado a distúrbios, neurológicos e necessita de tratamento e de acompanhamento

neurológico e psicopedagógico, em conjunto.

A Distorgrafia é a dificuldade na expressão da linguagem escrita, revelada

por fraseologia incorretamente construída e/ou por palavras escritas de forma

errada, associada geralmente a atrasos na compreensão e/ou na expressão da

linguagem escrita. Tem sido definida erroneamente como letra feia ou letra de

médico. Na verdade trata-se de algo mais complexo do que apenas letra feia. O

balé clássico, além de desenvolver o equilíbrio e ser útil no tratamento de diversos

distúrbios, desenvolve a letra cursiva, o que poderá solucionar a letra feia. A

disotografia, como já disse, mais complexa, necessita de exames e testes

específicos para detectar a causa e os melhores tratamentos, e antes de qualquer

exame, é preciso analisar a classe social e a forma como o indivíduo foi ou está

sendo educado e alfabetizado. Em uma casa onde todos pronunciam e escrevem

incorretamente as palavras, é muito difícil a criança aprender de forma correta na

escola. Se não for esse o problema, então deve-se pensar em falhas no sistema

de ensino ou finalmente em distúrbios.

A desordem de déficit de atenção DDA, geralmente não tem ligação com

disfunções neurológicas e não deve ser confundida com transtorno do déficit de

atenção e hiperatividade, este deve ser tratado pela psiquiatria. A DDA

caracteriza-se por baixo desempenho escolar, deficiência ou ausência de

memória ou ainda, tendo um aprendizado satisfatório, o indivíduo pode ser

disperso, desatento, meio alienado ou alternando hiperatividade com alienação.

24

A limitrofia é anomalia do sistema nervoso causada por anoxia perinatal ou

síndromes não identificadas. É caracterizada por dificuldades de concentração,

falta de equilíbrio e/ou coordenação motora, problema de articulação para fala e

dificuldades na aquisição de leitura, há também uma certa alienação e, por vezes,

o indivíduo parece se bastar a si mesmo, não se relaciona com colegas, brinca

sozinho e tem dificuldades em expressar-se. É importante frisar que a

psicopedagogia parece ignorar totalmente este distúrbio, deixando-o sob

responsabilidade da neurologia e/ou psiquiatria, quando o correto seria unir os

conhecimentos destas e outras áreas para melhor tratar estes pacientes.

A dislalia é a má pronúncia das palavras, omitindo ou acrescentando

fonemas, trocando um fonema por outro ou distorcendo-os, ou ainda trocando

silabas, assim sendo, os sintomas da dislalia consistem em omissão, substituição,

acréscimo ou deformação dos fonemas. As causas podem ser desde

malformações ou de alterações na boca, na língua e no palato (malformações

congênitas ou como conseqüência de traumatismos dos órgãos fonadores). Por

outro lado, certas dislalias são causadas por enfermidades do sistema nervoso

central ou pode não haver nenhuma alteração orgânica, a que chamamos de

dislalia funcional. Pode ser causado por hereditariedade, imitação ou alterações

emocionais, até os quatro anos, o erro na linguagem são considerados normais,

depois desta fase, se a criança continuar falando errado, precisará passar por

exames específicos para detectar as causas e os possíveis tratamentos. A dislalia

pode afetar também a escrita, por isso deve-se procurar um psicopedagogo e

encaminhar a criança a um fonoaudiólogo. (Ballone GJ, Moura EC – Alterações

da linguagem 03.07.10)

O distúrbio de formação e sintaxe é a disposição incorreta das palavras na

frase e das frases no discurso, suas características são:

O indivíduo não tem organização do pensamento, não o controla, está tudo

gravado na mente, mas o filme ocorre fora de ordem, ou então só grava o visual e

não grava a palavra correspondente à imagem visual, portanto, não forma frases

completas. Ex. “O carro veio e zum, ai eu fui e uom, então todo mundo uau”. Uma

observação importante: Este tipo de comunicação é comum também em

25

indivíduos drogados, se o aluno ou filho já for um adolescente e começar a

expressar-se desta forma, deve-se constatar se não está usando drogas.

Por ter a fala construída no pensamento, mas este é tão rápido que o

indivíduo não consegue brecá-lo para passar para o papel, portanto omite ou

podemos dizer, (come) as palavras, ex. “Saí passeio mamãe compramos aí no

cinema a bela fera e sorvete...”. A solução de tratamento é multidisciplinar.

Crianças com perdas auditivas leves e moderadas também costumam

trocar e confundir fonemas, especialmente, “t” por “d”, “v” por “f”, “p” por “b”, “q”

por “g”, quando falam e até quando escrevem, principalmente na fase da

alfabetização, isso acaba sendo confundido com dislexia, quando, na verdade, é

apenas uma falha auditiva.

Agora veremos os tipos de dislexia. Uma definição neuropsicológica da

dislexia é de que se encontra alterados os processamentos periférico e central. As

dislexias periféricas são causadas por um comprometimento do sistema de visuo-

perceptiva. Enquanto que as centrais são causadas por comprometimento do

processamento lingüístico dos estímulos. Dentro das dislexias centrais, encontra-

se subdivisões que são:

• Dislexia de superfície: Caracteriza-se basicamente pela falha de leitura de

palavras irregulares, em um comprometimento da via lexical. Segundo estudos de

casos únicos e múltiplos e usando-se PET (tomografia por Emissão de Positrons)

em indivíduos normais “convergem para o acordo sobre o papel de estruturas

localizadas nas regiões temporal média e póstero-superior do hemisfério

esquerdo na leitura pela via lexical”. (Black e Behrmann, 1994)

• Dislexia fonológica é caracterizada pela incapacidade para leitura de “não

palavras” e habilidade para leitura de palavras reais, sugerindo danos ou lesões

na via de conversão de grafema para fonema. Os estudos realizados na intenção

de correlacionar esta dislexia com substratos neuroanatômicos ainda não são

conclusivos. (Black e Behrmann, 1994)

26

• Dislexia Profunda é semelhante a dislexia fonológica, com igual bloqueio

para leitura de não palavras, mas a diferença é que, nesta dislexia, há presença

de paralexias semânticas e maior facilidade em leitura de palavras concretas e

freqüentes. Alguns pesquisadores crêem que, nesta dislexia, existam lesões

múltiplas no hemisfério esquerdo. Outros crêem na possibilidade de habilidades

residuais do hemisfério direito no contexto de extensa lesão no hemisfério direito

no contexto de extensa lesão no hemisfério dominante. Esta afirmação está

fundamentada em dois estudos. (Black e Behrmann, 1994 e Ellis e Young, 1988)

Nas dislexias periféricas, encontramos também três subdivisões:

• Dislexia atencional: O indivíduo lê palavras isoladas, mas encontra

dificuldades ou barreiras para ler várias palavras simultaneamente. Este tipo de

dislexia foi encontrada em pacientes com lesões no lobo pariental esquerdo.

• Dislexia por negligência: É atribuída a lesão na região da artéria cerebral

média do hemisfério direito (lobos frontal, parietal e temporal) e caracteriza-se por

ausência ou dificuldades de leitura no campo visual contralateral à lesão cerebral.

• Dislexia literal ou pura: O indivíduo consegue ler letras individuais, mas

apresenta dificuldades em ler palavras (subentendido). Esta dislexia está

relacionada a lesões occipitais inferiores extensas à esquerda.

Em resumo, pela visão da Neuropsicologia, todas as dislexias, assim como

outros distúrbios de aprendizagem, partem de uma lesão, sendo cada tipo em um

ponto de cérebro, a partir daí, o tratamento deverá ser voltado ao controle desta

lesão.

A dislexia é a mais citada e divulgada entre outras dificuldades de

aprendizagem, analisando a origem do grego “dis” – dificuldade e “lexia” –

linguagem, entende-se que a dislexia seja uma dificuldade na aquisição de

linguagem. Levando-se em conta que léxico significa, entre outras definições,

conjunto das palavras usadas em uma língua/idioma, o termo disléxico deve

definir o indivíduo desprovido de capacidade na aquisição desse conjunto de

palavras. Esta seria a essência da definição de dislexia, mas evidentemente, o

27

distúrbios é bem mais complexo e necessita de muitas outras definições para que

seja considerado realmente definido. Antes de tudo, precisamos entender que a

dislexia, vem sendo taxada de uma maneira simplista, ao longo dos anos. Vários

artigos publicados a abordam como sendo uma condição hereditária com

alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão neurológico, é

preciso entender que a dislexia, assim como outros vários distúrbios de

aprendizagem, existem em diversos níveis, ou seja, não apresentam um único

tipo, como se insiste em publicar.

Vamos considerar mais três tipos de dislexia:

A dislexia congênita ou inata, é a dislexia que nasce com o indivíduo, pode

ter as mais variadas causas e tem características próprias, como por exemplo,

uma comprovada alteração hemisférica cerebral, onde os hemisférios encontram-

se investidos ou em igualdade ou até por uma alteração de alguns cromossomos.

Em conseqüência destas alterações, o indivíduo disléxico tem pouca ou nenhuma

habilidade para a aquisição de leitura e de escrita e, geralmente, não consegue ler

e escrever por muito tempo e, quando termina de ler e escrever, já não se lembra

de nada, é de certa forma irreversível, mas pode ser bem controlada e bem

direcionada se for tratada por uma junta multidisciplinar, envolvendo

psicopedagogo, neurologista ou psiquiatra, dependendo da gravidade do caso.

Em alguns casos, onde haja também distúrbios de fala ou audição,

necessita-se de um fonoaudiólogo ou de um otorrino, caso tenha dificuldades

motoras e/ou de lateralidade, de um psicomotricista e, neste caso, também é

aconselhável que um psicólogo acompanhe o tratamento e desenvolva

atendimento paralelo. O disléxico tem muitas habilidades artísticas que, se

estimuladas, poderão colocá-lo no mercado de trabalho como um competente

artista, pois nem só de leitura e escrita vive o ser humano. Assim como pode-se

habilitar-se no campo dos esportes.

A dislexia adquirida é a dislexia que vem por meio de um acidente qualquer,

como, por exemplo, temos a anoxia perinatal, anoxia por afogamento (obs.: Anoxia

é diminuição ou ausência de oxigenação no cérebro) acidente vascular cerebral o

28

popular derrame e outros acidentes e distúrbios que podem causar uma dislexia

adquirida. No caso da anoxia perinatal, a criança poderá apresentar dificuldades

significativas no aprendizado em vários níveis e, conseqüentemente, apresentar

dislexia ao ser alfabetizada. Provavelmente necessitará de tratamento

multidisciplinar, que deverá iniciar-se por um psicopedagogo, o qual avaliará o

caso e indicará outros profissionais para o sucesso do tratamento.

Em casos de anoxia por afogamento, o AVC e outros acidentes que possam

deixar seqüelas, o indivíduo que antes lia e escrevia normalmente passa a

apresentar dislexia, geralmente com falhas de memória e muita dificuldade em ler

e escrever. Pode acontecer também de o paciente acidentado passar por

períodos e fases de dislexia, nesses períodos, ele não consegue ler e escrever ou

o faz com muita dificuldade, tem falhas de memória e pode também apresentar

problemas de lateralidade. Neste caso, o indivíduo em que enfrentar os períodos

em que estiver dislexo e seguir o tratamento, poderá obter a cura ou melhora, já

que este tipo de dislexia não envolve alterações hemisféricas nem cromossomos.

A dislexia ocasional é a dislexia causada por fatores externos e que aparece

ocasionalmente. Pode ser causada por esgotamento do sistema

nervoso/estresse, excesso de atividade e, em alguns casos, considerados raros,

por TPM e/ou hipertensão. Se este tipo de dislexia for diagnosticada, não haverá

a necessidade de tratamento, apenas repouso, talvez uma nova rotina e tudo

voltará ao normal.

Existe também um tipo de dislexia que classifica-se quando o indivíduo tem

algumas características consideradas próprias da dislexia, mas que isoladas,

nada significam só podem ser causadas por distúrbios, às vezes, bem mais

simples de curar. É nestes casos que alguns profissionais despreparados acabam

confundindo-se, acabam diagnosticando como dislexia um distúrbio que

provavelmente se cure até sozinho.

Dentro destes tipos, existem variações que parecem tornar cada caso em

um caso e cada disléxico em único. Portanto, não dá mais para admitir

generalizações. E finalmente esta explanação, é preciso parar definitivamente de

29

imaginar que a dislexia faça trocar letras (p/b, t/d, etc). O que acontece com o

dislexico é que, na maioria dos casos, ele não identifica sinais gráficos, letras ou

qualquer código que caracterize um texto. Portanto, ele não troca letras, porque

seu cérebro sequer identifica o que seja uma letra. Se inverte letras e silabas, é

simplesmente porque nem sabe o que são letras e silabas e não porque troca

letras, como se insiste em divulgar. Existem muitos distúrbios que fazem

realmente a pessoa troca letras, um deles é a dislalia, mas definitivamente, a

dislexia não causa a troca de letras, é algo mais complexo que isso.

Ainda sobre essa visão, deve-se lembrar que a equipe de G. Reid Lyon, do

Instituto nacional de saúde infantil e desenvolvimento humano dos Estados

Unidos, em Bethesda (Maryland), avaliou exames de imagens do cérebro em

funcionamento de 144 pessoas, sendo 70 disléxicos e 74 não disléxicos, todas

com idade entre 7 e 18 anos. Enquanto realizavam várias tarefas de leitura e de

compreensão de sons, eles foram submetidos a um exame cerebral chamado

ressonância magnética funcional. Foi observado que as pessoas com leitura

normal. Ou seja, sem dislexia, ativaram a parte posterior do cérebro, enquanto as

dislexias ativaram as regiões frontal e lateral, tendo a parte posterior inibida.

Diante esses resultados, constataram-se evidências neurobiológicas de que existe

uma interrupção subjacente nos sistemas neuronais associados à leitura em

crianças desde muito cedo, concluíram os autores, em artigo publicado na revista

Biological Pychiatry. Vale lembrar que este procedimento citado nesta pesquisa é

próprio da neuropsicologia. (Lou de Olivier, 2006).

Analisando as causas mais divulgadas de dislexia, podemos considerar

alguns fatores que ocasional isso, podemos mencionar as alterações nos

cromossomos 6 e 15, a dislexia caracteriza-se como distúrbios, que também pode

ser causado por células fora do lugar, células com funções diferentes ou má-

formação no arranjo dos neurônios. Esta afirmação foi feita por Albert M.

Galaburda, neurologista norte americano e uma das maiores autoridades

internacionais no assunto, mas caiu no esquecimento, pois levantou-se a hipótese

da alteração hemisférica. Outro seria o distúrbio hereditário e incurável, sem

ligação com causas intelectuais, emocionais nem culturais. Apresenta alterações

30

no lobo temporal direito, que é maior do que o esquerdo, quando o normal é o

inverso.

Vários profissionais inclusive a ABD Associação Brasileira de Dislexia,

defendem esta causa como a mais provável. Neste ponto, é preciso analisar

alguns fatores, primeiro, esta definição, que já se tornou padrão, tem falhas. Da

forma como se define, a impressão que se tem é de que o tamanho do hemisfério

direito é maior que o esquerdo e daí surge a dislexia. Na verdade, esta inversão

está mais para a predominância onde o esquerdo está mais inibido e o direito

mais excitado do que, propriamente, o tamanho como se apregoa tanto. Isso se

aplica a pacientes com depressão, TOC, e porque não, aos disléxicos, já que a

inversão parece ser a mesma, mudam-se apenas os sintomas e a forma de como

o distúrbio manifesta-se.

Em pacientes destros, o hemisfério direito é predominante para o

processamento de informações não-verbais, faces, figuras geométricas/espaciais

e artes em geral, podendo ser considerado sintetizador, enquanto o hemisfério

esquerdo é o processamento de estímulos que tem uma conotação linguística

(letras, palavras. Fonemas e números). Também relacionado a seriação

proporcional dos movimentos (praxia), envolvendo uma coordenação sequencial e

analítica de estímulos, podendo ser considerado analizador. (Kimura, 1963;

Muszkat, 1989; Muszkat. Et al., 1992; Grieve, 1995). As alterações envolvendo o

lobo temporal esquerdo prejudicam as funções relacionadas às habilidades

verbais, enquanto lesões em hemisfério direito estão relacionados a déficits

perceptivos e não-verbais (Kimura, 1961; Kimura, 1963; Jones-Gotman, 1974;

Hermann et., 1987). Em um indivíduo destro, uma lesão no hemisfério esquerdo

pode causar disfasia e outros distúrbios, já que a lesão no hemisfério direito

raramente deixará algum distúrbio como sequela.

Em indivíduos canhotos, as áreas de linguagem encontram-se no hemisfério

esquerdo. Mas uma lesão no hemisfério esquerdo, mas uma lesão no hemisfério

direito poderá causar disfasia (Ivan T. Draper – Inglaterra). Estudos em pacientes

epiléticos mostraram que a epilepsia de lobo temporal esquerdo acarreta prejuízo

à Aprendizagem verbal em provas de memória imediata verbal e na organização

31

semântica da informação a ser armazenada. Por outro lado, pacientes com

epilepsia do lobo temporal direito têm resultados quase normais nas provas que

envolvem conotação lingüística e categorização semântica das informações

sensoriais (Hermann et al., 1997). Estudos indicaram que a especialização

funcional hemisférica pode sofrer importantes modificações, podendo até inverter-

se a preferência hemisférica esquerda para o processamento de estímulos

verbais, mesmo em indivíduos verbais destros (Rausch et. Al. 1989, Muszkat,

1989). Para isso realizam-se testes específicos para determinar a preferência

hemisférica para a linguagem.

Neste caso, há a falha de afirmação da alteração hemisférica em disléxicos:

Se, na epilepsia, há hipóteses de preferência, por que não se cogitar que possa

ocorrer com a possível alteração hemisférica que parece ser própria da dislexia

congênita? Por que simplesmente admitir que há uma alteração hemisférica e

que, por isso, deve-se taxar o indivíduo de disléxico e passar a adaptar o meio a

ele? Por que não seguir a linha de raciocínio de que é possível até, em alguns

casos, inverter-se a preferência hemisférica também na dislexia? Além disso,

todos os estudos voltam-se aos destros com alterações hemisféricas. Alguém já

cogitou que um indivíduo canhoto pode apresentar uma dislexia congênita apenas

com características diferentes, já que seus hemisférios podem ser usados de

forma diferente ou até invertida?

Talvez venha daí a facilidade que alguns canhotos têm para aprender e

tocar muito bem instrumentos musicais ou para manifestações artísticas. Outros

fatores relacionados a dislexia são os fatores orgânicos, como anoxia

(perinatal/afogamento etc.), que apresenta como seqüelas as dificuldades de

aprendizagem. Há quem defenda a tese que a dislexia é uma junção de todos

estes fatores e há também a linha de raciocínio que defende a dislexia como

apenas uma conseqüência de problemas emocionais. A junção de todos estes

fatores, seria, de fato, um grande estrago no cérebro de qualquer indivíduo,

portanto não tem muita lógica, e a causa psicológica seria, isoladamente, muito

simplista para definir um distúrbio tão significativo de aprendizagem. (Fran,

17.07.10).

32

Pode haver a causa psicológica, mas sempre adicionada a outros fatores e

nunca de forma isolada. A dislexia é um distúrbio que independe de causas

intelectuais, emocionais ou culturais. Apresenta dificuldade acentuada no

processo de leitura e de escrita. Pode apresentar também alterações (na

predominância) nos hemisférios cerebrais, fazendo sobressair o hemisfério direito

(da criatividade) em detrimento do esquerdo (do raciocínio lógico), mas isso não

pode ser visto como verdade única, pode ainda apresentar alterações em alguns

cromossomos.

Os sintomas da dislexia podem-se resumir de acordo com sua intensidade

para melhor definir e detectar cada tipo de dislexia.

Singular/Primária: Apresenta problemas nos processos de linguagem e/ou

no desenvolvimento visual. Dificuldade em aprender canções, versinhos,

pequenas estórias ou imediato esquecimento para ouvi-los. Problemas com

coordenação motora. Durante a alfabetização. Pode apresentar problemas e

dificuldades em leitura e soletração, não reconhecendo letras e números. Pode

caracterizar qualquer tipo de dislexia ou outros distúrbios já relacionados ou a

serem relatados posteriormente.

Comum/Correlata: Apresenta problemas nos processos de linguagem

(articulação, memória verbal a curto a longos prazos). Problemas com lateralidade

(confusão entre lado direito e esquerdo). Também pode caracterizar qualquer tipo

de dislexia ou outros distúrbios.

Especifica/Secundária: Caracteriza-se pelo baixo desempenho em

compreensão na leitura, dificuldade ou ausência de alfabetização, não

identificação de letras, diferenças no movimento dos olhos durante a leitura ou

tentativa de leitura. Geralmente caracteriza a Dislexia Congênita ou inata.

Relativa/Artificial: Problemas com a atenção e problemas com a atenção e

problemas visoespaciais. É mais comum na dislexia ocasional ou em outros

vários distúrbios.

33

A nossa reação ao identificar os sintomas prováveis de dislexia, antes de

qualquer atitude, deve-se analisar como o indivíduo reage diante do processo de

alfabetização. Se apresenta dificuldades para aprender nome das letras ou cores,

fala de memória para lembrar-se de coisas simples, como seu endereço, data de

nascimento, não concentra-se em aulas teóricas, preferindo aulas de criatividade,

como colagem, desenho, etc. E, ainda, se o aluno parece não identificar letras em

geral, confunde-se em ditados, faz inversões. Neste ponto, como já foi dito, não

se trata de trocar o “p” por “b”, deve-se identificar se o indivíduo não consegue

identificar qualquer letra de modo geral, se para ele todas parecem a mesma

coisa, ou seja, um sinal sem sentido algum. Detectadas estas características, a

primeira providência é não forçar o aluno com a alfabetização e encaminhá-lo a

um psicopedagogo para analisar um paciente dos pontos de vista físico e

orgânico, psicológico e mental e fatores ambientais e externos. Somente após

analisar todos estes fatores, é que se pode pensar em diagnosticar um distúrbio.

O psicopedagogo avaliará o indivíduo encaminhado, para detectar distúrbios

fonoauditivos, que exigirão encaminhamento a um fonoaudiólogo e a um otorrino.

Depois de se obter o resultado de todos os exames necessários, é que será

verificado se realmente há a dislexia. Havendo, será então estabelecido o melhor

tratamento, preferencialmente adaptado a cada paciente, para que se tenham

melhores resultados. Se houver necessidade, o paciente também será

encaminhado a um psicólogo, e só então, com o acompanhamento ao disléxico

será realmente iniciado, unindo esses profissionais em um processo de

tratamento e, em alguns casos, re-alfabetização deste indivíduo.

Vejamos os tratamentos e as atividades para o disléxico, é aconselhável que

o disléxico, seja de que tipo for, pratique esportes que também desenvolverão sua

coordenação motora, raciocínio, agilidade etc. um dos melhores é a natação e,

em segundo lugar, vêm os esportes com bola (futebol, vôlei, etc). Também todas

as atividades artísticas são benéficas ao disléxico, destacando-se o balé clássico

e o teatro. Os tratamentos dependerão dos sintomas apresentados, para cada

caso, há um tratamento especifico, que já pode até incluir medicamentos e outras

técnicas. Em geral, deverá haver um reforço na re-alfabetização ou, além disso,

34

uma verdadeira mudança no processo de alfabetização deste indivíduo. O papel

do professor também é fundamental na assessoria a este aluno disléxico, para

estimulá-lo em aulas de criatividade, não ridicularizá-lo nem permitir que seus

colegas o ridicularizem por não acompanhar a classe. Se, por um lado, os

disléxicos têm enormes dificuldades na aquisição da linguagem escrita e/ou

falada, por outro lado, podem ter grandes aptidões no campo das artes e da

política e em atividades que dependem de criatividade... no caso dos que

comprovadamente são destros com alterações hemisféricas e não é comum a

todos os disléxicos.

Portanto, ao relacionar-se com seu aluno disléxico, o professor deve tratá-lo

com a máxima dedicação e com muito incentivo à sua criatividade. Ideal seria

implantar classes específicas para estes alunos, em que a teoria fosse menos

importante e as aulas praticas tivessem mais força. Isso resolveria o problema no

ensino de praticamente todos os indivíduos com dificuldades de aprendizagem

(dislexia ou qualquer outro distúrbio). Porém isso, ao menos em curto prazo,

parece ser uma utopia. Dessa maneira, cabe ao professor contar com sua

criatividade e empenho para tornar suas aulas proveitosas a todos os alunos,

independentemente de apresentarem dificuldade de aprendizagem.

A discalculia ou dificuldade na aprendizagem de matemática, por ser

causada por anoxia perinatal ou por outros acidentes, que acabam afetando o

funcionamento normal do cérebro. Alguns profissionais desinformados negam-se

a aceitar que a discalculia atinja crianças em idade escolar, alegam que só é

possível adquirir por meio de um acidente vascular cerebral ou traumatismo

crânio-encefálico. Essa afirmação é no mínimo incompleta, na verdade, qualquer

acontecimento anormal que desencadeie uma descarga elétrica no cérebro pode

causar um distúrbio, seja ou não de aprendizagem. Outros especialistas chegam

a concluir os sintomas da discalculia na lista de sintomas característicos da

dislexia, o que é de fato um imenso equivoco. Podemos então dizer que a

discalculia é um distúrbio neurológico, com causas diversas da simples dificuldade

no aprendizado da matemática, que afeta a maioria dos estudantes e que,

geralmente é gerada pela deficiência do próprio sistema de ensino. As causas

35

biológicas e psiconeurológicas devem ser diagnosticadas e tratadas por meio de

exames específicos feitos por profissionais das respectivas áreas.

Após todos os testes e os exames, se ficar comprovado que a criança não

tem nenhuma disfunção neurológica, nenhuma deficiência causada por anemia oi

desnutrição, enfim, se a criança estiver bem física e mentalmente, restarão as

causas psicológicas e a deficiência do sistema de ensino também são muitas e

sua solução depende de uma nova visão de matemática. Gay & Cole, estudando

este assunto, concluíram que é necessário melhorar a matemática inerente às

atividades da vida diária das crianças e construir, a partir dessa matemática real,

pontes e/ou ligações efetivas para a matemática abstrata que uma criança, cujo

pai é vendedor ambulante ou feirante, por exemplo, um vendedor de pastéis,

geralmente sabe fazer as contas, somar, multiplicar, dar trocos, ajudando o pai.

Essa mesma maneira pode perder-se totalmente nas contas e nas equações

propostas em sala de aula. A explicação é muito simples: ao acompanhar o pai,

vendendo pastéis, a criança vê o pastel, o dinheiro do freguês, o troco, tudo isso é

real.

Na lousa, os números são apenas sinais que a criança vê, mas não

distingue. Exemplo: A adição 4+3=7, escrita na lousa, quer dizer o quê? Para a

criança, é apenas um conjunto de símbolos numéricos, totalmente abstratos. No

fundo, ela não entende o porquê desta conta, não entende o que é 4 ou 3 ou 7,

não sabe quantas unidades estão dentro dos números 4, 3 e 7. Uma forma de

fazer a criança assimilar as operações é tornar tudo o mais real possível.

Exemplo: usar palitos, figurinhas, bolinhas, enfim, qualquer material palpável e

separá-los em montinhos ou grupinhos, 4 palitinhos + 3 palitinhos é igual ... após

contar os palitinhos, a criança chegará ao resultado de 7, sabendo exatamente o

que é e, acima de tudo, quanto é 7. Os números, então, deixarão de ser apenas

sinais na lousa e terão um significado real. São muitas as técnicas que podem ser

usadas para solucionar as falhas no ensino da matemática abstrata das escolas.

Com um pouco de criatividade, o professor encontrará inúmeras formas de

ensinar e despertar na criança o interesse pelos números, facilitando assim o

aprendizado da matemática (Faoze Chibli, sala de matemática, 2008)

36

As principais dificuldades dos alunos em matemática, são: Dificuldade de

passar do texto para linguagem matemática, falta de vivências concretas e

inadequação dos temas com o desenvolvimento. Problemas de matemática vêm

sempre carregados de emoção negativa, pois sempre que os adultos referem-se

aos problemas, é com um significado de algo ruim, difícil de resolver e que precisa

ser eliminado. Para crianças que não aprendem matemática por problemas

psicológicos, basta mudar o nome do problema para vamos descobrir o resultado

ou algo assim. Apenas de simples, esta estratégia melhora sensivelmente o

aprendizado. Isto, aliado à matemática concreta descrita anteriormente, melhora

em muito o aprendizado da matemática. Para se detectar uma possível

discalculia, podemos analisar a criança na idade de 3 e aos 6 anos, com esses

sintomas: Parece não reconhecer números nem distingui-los, confunde-se,

achando que todos os números são iguais, não consegue dizer com exatidão

quantos anos tem, nem mesmo mostrando nos dedos, não sabe distinguir o

número de sua residência nem mesmo a data de seu aniversário, não consegue

contar em seqüência lógica, não consegue fazer contas básicas, nem mesmo

usando objetos concretos, não reconhece símbolos matemáticos, não consegue

escrever números, demonstra nervosismo, quando exposto às aulas de

matemática. Ao apresentar esses sintomas, pode-se pensar em discalculia, que

poderá ser comprovada por meio de exames e testes. Descobertas recentes

sobre a discalculia, mostram, que ela possa ser provocada por lesões no lobo

pariental inferior, região vinculada à visualização espacial mental, e no lobo

temporal.

O cientista Stanislas Dehaenem em estudos que utilizou FMRI (ressonância

magnética funcional), mostrou que áreas do lobo pariental nos dois hemisférios

cerebrais são ativadas durante a resolução de tarefas envolvendo calculo

aproximado (2+2 é mais próximo de 5 ou 7?). Essas regiões, porém, não são

ativadas durante as tarefas que envolvam cálculo exato (2+2 é igual a 4 ou 5?). A

conclusão foi que a capacidade de estimar magnitudes. Necessária ao cálculo,

envolve o recrutamento de neurônios no lobo pariental e independente da

linguagem, que está mais relacionada à execução de tarefas de cálculo exato.

37

Mas não pode dizer que o lobo pariental seja o centro do calculo. Trata-se

de um a zona de convergência de diversas funções cerebrais, incluindo

principalmente a memória de trabalho visual e espacial. O cérebro não vem pré-

moldado. Há também estudos mostrando que, apesar de haver lesão no lobo

temporal, a tomografia mostra que também não estavam funcionando

normalmente áreas do lobo pariental e occipital. Isso indica que, além da memória

de curto prazo, estaria também prejudicada sua habilidade para formar imagens

mentais dos problemas.

A hiperlexia é um dos mais complexos distúrbios, não só pela variação de

sintomas e características como também pela variação do diagnóstico, visto que a

pouca literatura existente tende a generalizar o distúrbio em alguns aspectos. Sua

definição mais usada é “desordem de linguagem com preciosa habilidade para

leitura”. Pode ser definida também como um espelho da dislexia ou como

específico do indivíduo com enorme capacidade para aprendizado, mas com

grandes dificuldades para linguagem escrita ou falada. Pode ainda ser

classificada como apenas distúrbio de linguagem. Alguns autores chegaram a

classificar a hiperlexia como integrante do quadro de transtornos invasivos do

desenvolvimento (TID) ou como subcategoria da desordem profunda do

desenvolvimento, o que acaba, de certa forma, igualando o indivíduo com

hiperlexia aos autistas e aos portadores de síndromes como Rett e Asperger.

Tudo isso tem sentido e deve, obviamente, ser aceito, mas o que não se

pode fazer é generalizar e deixar de lado outras características tão importantes

quanto estas e que também sinalizam a hiperlexia. São elas: Crianças com

aprendizado acelerado de leitura e de escrita podem até se auto-alfabetizar e

tornarem-se autodidatas, com excelentes memória e capacidade para cálculos

complicados. Há casos até de crianças, consideradas como gênios, aprendendo

vários idiomas sem sequer estuda-los, parecendo aprender sozinhas, ingressando

em cursos para adultos ou faculdades muito antes da idade prevista ou formando-

se em cursos considerados complicados demais ou ainda solucionando questões

matemáticas consideradas impossíveis de se resolver ou fazendo qualquer outra

coisa fora do comum, demonstrando uma capacidade extrema para aprendizado.

38

No entanto, quase sempre são hiperativas, têm dificuldades de

relacionamentos, abandonam a escola tradicional muito cedo e, por não se

adaptarem aos métodos usados, seguem por cursos de adultos, achando que já

aprenderam tudo, pulando etapas que lhes farão falta cedo ou tarde. Têm mais

facilidade no aprendizado cinestésico (experimentação) e apresentam

impaciência, impulsividade, agressividade, incapacidade para prestar atenção a

qualquer ensinamento. Assim como a dislexia, que ainda hoje é vista de forma

generalizada pela maioria dos profissionais, gerando inúmeros mal-entendidos e

até erros de diagnósticos, a hiperlexia também caminha assim. Por isso, os

profissionais que atendem a este distúrbio devem estar atentos aos sintomas e às

características principais e os sintomas da hiperlexia, basicamente são:

Considerar distúrbio a partir de duas ou mais características como indivíduo.

1 - Aprendizado precoce da leitura e da escrita (antes dos cinco

anos e sem nenhum estímulo aparente).

2 - Alterações em um ou mais processos básicos, tais como:

sociais, motores, cognitivos, afetivos ou linguagem.

3 - Dificuldades em associações (uso indevido de regras

pragmáticas, semânticas e sintáticas).

4 - Facilidade para receber e armazenar quantidades isoladas de

informações de maneira mecânica, mas com dificuldades em organizar a

informação de forma útil.

5 - Uso de muitas gírias ou jargões, não por vício de linguagem,

mas por não conseguir construir frases perfeitas ou até mesmo para substituir um

discurso.

6 - Ecolalia, que pode, com o passar do tempo, ser espaçada,

amenizada ou eliminada.

39

7 - Também se consideram característica da hiperlexia crianças

que aprendem a ler e a escrever precocemente, mas falam tardiamente. A partir do

momento em que se desenvolvem a linguagem falada, passam a ter fluência. Neste

caso, a linguagem segue as descrições atribuídas à síndrome de Asperger (A

característica básica desta síndrome, além da fala tardia, mas fluente, é o

monólogo e não um diálogo, como se espera do indivíduo que desenvolve uma

conversa).

8 - Grande habilidade e necessidade de ler tudo o que encontra,

desde outdoors, placas, até revistas e jornais. Mas, em muitas vezes, sem

entender o significado do que se lê e/ou se escreve, o que caracteriza um

distúrbio de aprendizagem.

9 - Uma característica bastante interessante e própria de muitos

hiperléxicos é que, se aprendem a ler em jornais, somente conseguem ler e

escrever em letras de forma, somente lêem e reproduzem letras maiúsculas e

assim por diante. Demoram muito para assimilar outros tipos de letras.

10 - Superioridade da linguagem escrita em relação à oral.

11 - Fascínio por televisão ou computador ou algum jogo solitário,

o que acaba colaborando para o isolamento e, conseqüentemente, dificuldade em

estabelecer amizades, até porque o indivíduo hiperléxico não sabe mesmo lidar

com as brincadeiras em grupo. Pode até tornar-se agressivo e machucar colegas

e amigos na intenção de apenas brincar, o que pode ser chamado de

comportamento autista.

12 - Pode apresentar boa memória auditiva para música, artes em

geral, alfabeto e números.

13 - Hipersensibilidade diante de sons e barulhos específicos ou

não, sendo notado por volta dos dois anos de idade.

14 - Aprendizado muito acelerado, passando pro várias etapas do

ensino de forma acelerada, chegando muito cedo à faculdade ou parando de

40

escutar logo no início do aprendizado, por julgar que já aprendeu tudo, ninguém

mais tem algo de útil a lhe ensinar.

15 - Pode apresentar excelente memória para idiomas, podendo

tornar-se facilmente um poliglota.

16 - Extrema capacidade para cálculos matemáticos, inclusive

resolvendo soluções complicadas de cabeça, sem recurso de escrita ou de

calculadoras. (Lou de Olivier, 2006)

Se o indivíduo apresentar dez ou mais sintomas acima relatos, é sério

candidato a portar a hiperlexia. Este número dez, é uma base para detectar-se

este distúrbio, pode haver um hiperléxico com sete ou oito desses sintomas ou

com cinco destes, e outros cinco sintomas não relatados aqui. Cada indivíduo

pode ter características próprias e deve ser analisado exaustivamente até que se

confirme um diagnostico. Apesar de todas estas e outras características atribuídas

à hiperlexia, vale lembrar que o aspecto neuromotor corresponde aos padrões

considerados normais de evolução. Não há ou não se afasta a possibilidade de

alguns pacientes apresentarem alterações nestes aspectos, visto que cada

indivíduo é único, desenvolveu o distúrbio por determinadas causas e pode,

evidentemente, apresentar variações de sintomas, causas e características.

Nem todos os hiperléxicos apresentam dificuldades de linguagem, esses

indivíduos podem expressar-se muito bem tanto na escrita quanto na leitura e fala

e, no entanto, apresentarem hiperatividade, agressividade no individuo com

outras crianças e com a família, desatenção e/ou dispersão em atividades

diversas, instabilidade de sentimentos e idéias. E, podem tornar-se extremamente

magros pelos excesso de atividades que lhes impedem de alimentarem-se

adequadamente ou, ao contrário, obesos, pois também é comum que

determinadas crianças com hiperlexia passem a alimentar-se em grande

quantidade e durante o dia todo, como um espécie de compensação para suas

frustrações. E nestes casos, devem ser encaminhados também a um psicólogo.

Se além destes sintomas, o indivíduo apresenta facilidade para as artes em geral,

será bom que também tenha o acompanhamento de um arteterapeuta. Se o

41

hiperléxico, desde cedo, lê tudo o que vê, mas não assimila e escreve apenas

copias, não tendo consciência do que escreve, então deve ser encaminhado a um

psicopedagogo. Quando o indivíduo hiperléxico apresenta distúrbios de fala

(aquisição lenta, tardia de linguagem, se lê, mas não fala corretamente, expressa-

se de forma incompreensível, caracterizando incapacidade de expressão, etc.)

então deve ser encaminhado a um fonoaudiólogo. Mas, se há tantas variantes

tantas características e tantas opções de tratamento, por que insistir em definir o

distúrbio como basicamente, desordem de linguagem? Ou como capacidade

extrema para leitura e escrita, mas sempre com a dificuldade de linguagem?

Porque, simplesmente, é difícil, senão impossível, unir áreas que trabalhem de

forma multidisciplinar e assumam suas limitações abrindo mão do paciente em

favor de outro profissional mais.

Habilitado para tratar o caso. Parece passar pela cabeça desses

profissionais que seria muito mais produtivo unir uma equipe para tratar um

distúrbio complexo do que cada um tentar impor sua área como a melhor, sendo

que, na prática, uma única área acaba sendo incompleta para tratar a maioria dos

distúrbios. Quando um indivíduo procura um profissional de saúde, seja em que

área for, ele quer ser tratado e, se não puder ser curado, quer ao menos encontrar

alívio e controle para seus distúrbios. Quem irá ganhar dinheiro com isso não vem

ao caso. Cabe cada profissional, conscientizarem-se disso e cuidarem dos casos

que realmente lhe dizem respeito abrindo mão do indivíduo em favor de outro

profissional, mais preparado e habilitado para tratá-lo, caso o primeiro já não

tenha condições de fazê-lo.

Irei mencionar, brevemente sobre o autismo, este distúrbio pode ser definido

como uma alteração cerebral, afetando a comunicação do indivíduo com o meio

externo. Isso atrapalha ou impede a capacidade de estabelecer relacionamentos,

reconhecer pessoas e/ou objetos, tornando o indivíduo alienado em relação ao

ambiente. Alguns autistas apresentam normalidade na inteligência e fala, mutismo

ou outros retardos no desenvolvimento da linguagem. Podem ainda ser fechados

e distantes, presos a comportamentos restritos e a rígidos padrões de

comportamento. As vezes, podem desenvolver rituais em outros distúrbios, como

42

balançar-se, agitar as mãos, e os braços, entre outros. Há também casos raros de

autistas com inteligência extrema, geralmente para cálculos matemáticos ou

rápida memorização de muitas informações, mas isso parece ocorrer de forma

mecânica, ou seja, apenas desenvolverem mecanicamente essas habilidades não

tendo uma real compreensão do que relatam. O autismo e entendido como um

distúrbio que pode variar de grau leve ao severo, sendo considerado como

Limitrofia, em casos leves. Alguns podem ser diagnosticados como indivíduos

com traços autisticos e, entre outros, também podem ser vistos como portadores

da síndrome de Asperger, que é considerada por muitos como um tipo de autismo

com inteligência normal. As características mais divulgadas do autismo são:

1 - Olhos inexpressivos. Parece não enxergar ou não conseguir

fazer nenhum contato com o meio exterior por meio dos olhos.

2 - Age como surdo, parece não ouvir nada e pode gritar

inesperadamente.

3 - Não aprende a falar, chega aos cinco anos ou seis sem

conseguir nunca expressar-se verbalmente ou, então pode começar a

desenvolver a linguagem falada, mas há uma interrupção desse processo sem

nenhum motivo aparente, e a linguagem adquirida parece apagada

irreversivelmente.

4 - Age de forma alienada ou desatenta, parece não ver nem

sentir nada e age sem demonstrar interesse pelo que acontece à sua volta, com

ele mesmo ou a outros.

5 - Pode tornar-se agressivo, inclusive atacando e/ou ferindo a si

mesmo ou a outras pessoas, sem nenhum motivo aparente.

6 - Não responde a nenhum estímulo e é inacessível diante de

tentativas de comunicação das outras pessoas, mesmo sendo seus pais ou

parentes muito próximos.

43

7 - Costuma passar longos períodos parado ou fixando o olhar em

um determinado ponto, ou no máximo, fixando-se em poucos pontos e não como,

normalmente, as crianças fazem, querendo tocar e conhecer tudo à sua volta.

8 - Como já disse, parece desenvolver alguns rituais que repete

constantemente, principalmente o mais característico que é o gesto de balançar

as mãos e os braços ou balançar-se.

9 - Ao invés de reconhecer e brincar com seus brinquedos,

geralmente os lambe, cheira, morde, ou os atira longe sem sequer ver o que são.

10 - Parece insensível à dor e pode até ferir-se de forma intencional

e até constante.

Vamos analisar outro tipo de dificuldade de aprendizagem, a síndrome de

asperger. Os principais sintomas em relação à linguagem é, fluência verbal antes

da idade de quatro anos, apresentado gramática e vocabulário muito bons, mas

por vezes, de maneira formal e repetitiva, a voz tende a ser monótona e sem

emoção e os diálogos giram em torno do ego. Esta semelhança com as

características do autismo, mas não é regra, visto que já foi citado que o autista

pode demonstrar sintomas desde os seus primeiros momentos de vida de bebe.

Esta fluência descrita na síndrome de asperger é, portanto, semelhante a um tipo

de autismo, mas não a todos os outros.

Em relação à aprendizagem e a cognição, mostra-se obcecado com tópicos

complexos, pode ser considerado um individuo excêntrico, o QI pode variar entre

muito abaixo do normal na habilidade verbal e acima da média em outras

habilidades como desempenho. Quanto a isso, pode-se assemelhar ao que se

refere ao autismo, mas na seqüência, descreve-se que no indivíduo portador de

síndrome de asperger, em muitos casos, pode apresentar dislexia e problemas de

escrita, discalculia, ou dificuldade com matemática, falta de bom senso,

preferência pelo pensamento concreto em detrimento do abstrato. Um bom

tratamento, deve-se considerar os aspectos bioquímicos (aceitação ou alergia a

tipos de alimentos, medicamentos etc.) Neurosensorial (integração sensorial,

44

desenvolvimento de padrões, estimulação e integração auditiva, facilitação da

comunicação em diversos níveis, terapias relacionadas com a vida diária, de

acordo com a rotina do indivíduo), psicodinâmico (terapia de abraços, psicoterapia

e psicanálise, arteterapia e musicoterapia). Estes são os principais a serem

considerados para um bom tratamento.

45

2.2. Os melhores tratamentos

Medicamentos, quando e o que usar?

O medicamento tem o lado positivo e o negativo. E os dois lados precisam

ser bem pesados para encontrar-se o melhor caminho para cada criança. O

primeiro fato a se pensar e a pesar é que todo medicamento trata o conjunto dos

sintomas dos distúrbios. A criança pode tornar-se apática, lenta e reclamar que

sentia-se melhor com os sintomas do distúrbio. Por isso deve-se avaliar cada

caso, conversar muito com a criança, com a família e chegar a uma conclusão

satisfatória para todos e, se for o caso, tratar a criança com medicamentos ou

terapias mais amenas. Mas se pode, simplesmente, deixar o distúrbio correr sem

direção, pois a tendência é piorar muito.

Existe exames que detectam distúrbios diversos com certas precisão, como

o PET (tomografia por emissão de pósitrons) e o SPECT (tomografia por emissão

de fóton único) são tecnologias de neuroimagem dinâmica que se valem de

marcadores radioativos. (Lou de Olivier, 2006)

Por meio destes instrumentos, podem-se obter indicadores do nível de

ativação funcional de determinadas regiões do encéfalo (quanto maior for o fluxo

sanguíneo de determinada região do encéfalo, maior será o seu nível de ativação

funcional). O grande problema dessas duas técnicas é a baixa resolução

temporal. Elas são incapazes de medir ocorrências em tempo menor do que um

minuto, e isso dificulta a medicação de ocorrências relacionadas ao

processamento de informações pelas redes neuronais que constituem o SNC e

ocorrem em milissegundos. A utilização de PET foi registrada pela primeira vez,

no final da década de 80, em estudo feito por um grupo de importantes

pesquisadores norte-americanos, como Michael Posner, Marcus Raichle e Steve

Petersen. Esses autores estudam as variações no nível de atividade encefálica,

em estudantes da Universidade de Washington, (todos normais) durante a

execução de uma tarefa de geração de verbos derivados de substantivos.

46

Assim, os pesquisadores observaram que indivíduos inexperientes na

execução da tarefa de geração de verbos derivados de substantivos apresentam

uma ativação encefálica extensa, envolvendo o córtex frontal esquerdo (incluindo

a área de Broca), o córtex temporal esquerdo (incluindo a área de Wernicke), a

porção anterior do giro cíngulo e o hemisfério cerebelar direito. A medida que

esses indivíduos familiarizam-se com a atividade de extensa ativação do encéfalo,

parecia dar lugar a uma ativação muito mais restrita e localizada, em uma

pequena região. O córtex insular, de ambos os hemisférios cerebrais (baseado

em matéria do Prof. Dr. Cláudio Guimarães). A ressonância magnética funcional é

um dos métodos não invasivos, é o mapeamento obtido, ela é capaz de detectar

regiões cerebrais que estão com o nível de funcionamento alterado durante a

realização de um processamento estatístico, detectar que áreas do cérebro são

responsáveis pelo estimulo em uma determinada área do corpo. Este

mapeamento pode ser útil para evitar-se uma cirurgia no cérebro.

Eletrocefalografia tenta localizar com exatidão os focos epilépticos ou os

tumores cerebrais. Os focos epilépticos são pequenas regiões no cérebro onde a

atividade elétrica se apresenta anormal. Pela observação dos traçados dos

canais, o neurologista que encontra a anormalidade. Entretanto, a interpretação

pessoal dos traçados é muito difícil quando o número de canais é grande ou a

natureza da anomalia é complexa. Vem aí a necessidade de se acoplar ao

processo os requintes da informática. Assim, é possível a elaboração de um

mapeamento colorido cerebral, eletricamente determinado. O mapeamento

cerebral colorido gerado pelos computadores e pelas impressoras coloridas avalia

a quantidade de atividade elétrica de uma determinada região pelas diversas

tonalidades de cor. Nesse método, as cores roxa e preta representam baixa

amplitude das ondas elétricas, enquanto o vermelho e o amarelo podem

representar amplitudes maiores. Este tipo de exame é chamado de EEG

Quantitativo, em contrapartida da avaliação qualitativa de eletroencefalografia

tradicional.

47

A arteterapia é uma ciência fundamentada em medicina e artes em geral,

que estuda e pratica os meios adequados para avaliar ou curar os indivíduos por

meio da expressão da arte, trazendo à tona uma idéia, trauma, fobia, etc., em uma

catarse psicanalítica. É a arte pela arte que analisa principalmente o processo

criativo e não a obra em si. Possui muitas manifestações, tais como: psicodrama,

teatro terapêutico, biodança, expressão corporal, desenho, pintura. Dentre essas

manifestações, é preciso diferenciar a arteterapia da arte como terapia e da arte-

educação. Não deveria ser, mas é muito comum, a confusão entre como terapia e

arteterapia e até arte-educação. É comum também alguns professores de artes

intitularem-se arteterapeutas e, ainda mais grave, pessoas totalmente leigas ou

que fazem algum tipo de arte ou artesanato colocarem-se como arteterapeutas.

Diante desse confusão, o público em geral, deve-se entender que, arteterapia é

uma ciência fundamentada em medicina, psicologia e artes em geral. (Vanessa

Coutinho, 2005). O que diferencia da arte como terapia é o fato de analisar o

processo criativo em si e não a criação. A análise está no processo que leva o

indivíduo a criar determinado desenho ou pintura ou desenvolver determinado

comportamento durante um processo psicodramático ou expressivo-corporal ou

vocal. A partir da análise do processo que conduz o paciente durante as sessões,

é possível detectar seus distúrbios, os melhores tratamentos e, certamente, cura-

lo ou, ao menos, controlar seus sintomas. Esse é um processo que costuma ser

demorado porque requer muita prática por parte do terapeuta e muita dedicação

por parte do paciente. Não basta entender regras e conceitos, é preciso ter muita

sensibilidade e experiência pra reconhecer um rabisco perdido em um desenho ou

um traço ou um borrão em uma pintura, porém mais sensibilidade e experiência

ainda é exigida do terapeuta que se dispõe a analisar processos psicodramáticos

ou expressivo-corporais e vocais, pois os sinais são muito sutis e rápidos. Se não

forem percebidos logo, perdem-se diante de outras reações que se sucederem.

Vamos nos aprofundar nestes recursos voltados a criatividade e emoção, pois

estamos focando as crianças.

48

Os estudos exigem também uma boa profundidade em artes, pois o

terapeuta que quer trabalhar o corpo ligado à mente do paciente, tem de ele

próprio entender das artes que coloca em consultório. Para uma boa sessão de

psicodrama, o terapeuta não precisa somente entender de psicodrama, mas de

teatro terapêutico, jogos dramáticos, psicomotricidade, consciência coroporal e

mental e outras bases indispensáveis a uma produtiva sessão de psicodrama.

Para uma boa sessão de arteterapia em tela ou desenho, não basta entender as

regras de análise, mas é preciso também entender de desenho técnico e artístico,

de psicologia, de estética (estudo das condições e dos efeitos da criação artística)

e de outros fatores que se fazem necessários a uma boa análise dentro da

arteterapia. Não é o paciente que tem de saber interpretar suas obras, e sim o

Terapeuta que deve ter a sensibilidade e a experiência para decifrar o que está na

produção, depois unir com o que o paciente quis passar, e só assim tirar suas

conclusões.

A arteterapia é uma ciência seria, voltada ao estudo da análise das

produções e das manifestações artísticas dos pacientes em consultório. Exigem-

se, além de sensibilidade, estudo e muita experiência. E essencial um local

adequado e bem equipado com espaço para ateliê e uma vaga para exercícios

físicos. Em caso de expressão vocal, deve-se manter também uma sala com

acústica adequada e isolada para se evitarem interferências em outras terapias.

Dependendo da gravidade dos casos tratados, há ainda a necessidade de uma

clinica bem equipada e com, ao menos, um psiquiatra e um psicólogo

assessorando constantemente o arteterapeuta, ou seja, em determinados casos,

dependendo do exercício estabelecido na sessão, seja individual ou em grupo,

pode-se necessitar de intervenção psiquiátrica ou psicológica. Portanto, é ideal

que as sessões para pacientes com graves desequilíbrios sejam coordenadas por

um arteterapeuta, mas assistidas por um psiquiatra e um psicólogo. (Lou de

Olivier, 2008)

Então, caso o terapeuta seja inexperiente ou não domine bem as técnicas

de arteterapia, é melhor não se arriscar em uma sessão. Na dúvida, é melhor usar

um método mais simples, como recortes, colagens, desenhos, etc. É mais

49

coerente assumir que não entende da área do que arriscar-se a ter de socorrer

um paciente em crise, muitas das vezes, em clinicas sem recursos para

emergências. Se a intenção é apenas tratar inibições, bloqueios, depressões,

distúrbios de aprendizagem e outros leves, é muito mais proveitoso usar a arte

como terapia, nesses casos, já em casos mais graves, é essencial uma equipe

para conduzir as sessões. Sempre precisara de uma equipe bem preparada e

pronta a agir em conjunto, mesmo que seus membros sejam extremamente

competentes e capazes de agirem sozinhos. A idéia de equipe acaba até dando

mais credibilidade às sessões e mais segurança a todos os participantes. Deve-se

também levar em conta que a arteterapia não trata qualquer desequilíbrio. Outros

desequilíbrios ou distúrbios mais graves podem obter bons resultados se

associados a outros tratamentos, inclusive, medicamentos, mas nunca somente

cm a arteterapia. Se não houver nenhuma limitação física, neurológica ou

qualquer impedimento para as sessões, aí então poderá ter inicio o tratamento.

A arte como terapia, está ai o termo correto para expressar o que a maioria

dos profissionais de saúde faz achando que esta fazendo arteterapia. A arte como

terapia não se importa com o processo percorrido nas produções do paciente,

mas sim com a própria produção. É nesta modalidade que se encaixam as

produções feitas em consultório ou ateliê. Reúnem-se diversas pessoas com os

problemas de estresse, ansiedade, depressão leve ou pessoas com distúrbios de

aprendizagem e, sob orientação do terapeuta, são conduzidos pelos trabalhos

artísticos. Isso também pode ocorrer em sessões individuais. Nestas sessões, é

possível desenvolver trabalhos em desenho, pintura, expressão corporal, vocal e

até jogos dramáticos, mas nunca psicodrama, pois este é exatamente a

encarnação de expressão, é justamente a crença do paciente na vivência cênica

que o faz exteriorizar o psicodrama, caso contrário, estaria apenas encenando

uma estória que poderia ser verdadeira ou falsa sem alterar o resultado.

Ainda sobre o psicodrama, é preciso frisar que considerar-se dentro da

terapia apenas as técnicas de Moreno e, quando muito, algumas técnicas isoladas

e, também, fundamentadas somente em psiquiatria e psicologia. Isso é um

50

grande equívoco que limita muito o trabalho da maioria dos terapeutas. (Paulo

Miguel Velasco, 2009)

A Arte-Educação é o ensino das técnicas básicas e das produções em se

tratando de artes, sendo assim, qualquer pessoa que ensina as técnicas de

produção de desenho, pintura, teatro, musica, dança, e outras formas de artes,

como o artesanato. A Arte-Educação está voltada apenas ao ensino das técnicas

e nunca atendimento de pacientes ou utilização das técnicas ensinadas como um

entretenimento, uma distração, mas nunca como terapia. Assim podemos concluir

que a Arte-Educação é o ensino das técnicas básicas e das produções em que

tratando de artes, sem nenhum envolvimento com terapia ou qualquer tratamento

terapêutico.

Geralmente, a consulta inicia-se com uma entrevista com o paciente, esta

entrevista é chamada de amamnese e, durante a mesma, são feitas muitas

perguntas pra que possa ser identificado o motivo que levou o paciente a

consultar-se (distúrbio, trauma, fobia etc.). Após identificar-se o ponto a ser

tratado, o arteterapeuta deverá estipular um prazo aproximado para que se

consiga algum resultado. Para que os resultados surjam dentro do prazo, deverá

haver empenho do paciente, comparecendo a todas as sessões, chegando no

horário estipulado, cumprindo os exercícios tanto em consultório como em casa.

Quando o paciente demonstra sintomas de distúrbios mais simples, como alguns

de aprendizagem ou estresse, o profissional tem a obrigação de fornecer, uma

previsão de resultados, com sessões mais intensas no início e mais escassas na

manutenção do tratamento, deixando claro que variações a mais ou a menos

podem ocorrer, mas sempre dentro do prazo esperado. Em casos mais graves,

um bom arteterapeuta indicara um neurologista ou psiquiatra para atendimento

conjunto.

A musicoterapia é a utilização da musica e/ou seus elementos (som, ritmo,

melodia e harmonia) por um musicoterapeuta qualificado, com um cliente ou

grupo, em um processo para facilitar e promover a comunicação, relação e outros

objetivos terapêuticos relevantes, no sentido de alcançar necessidades físicas,

emocionais, mentais, sociais e cognitivas. Espalha-se pela Internet, que a

51

musicoterapia surgiu oficialmente durante a segunda guerra mundial, quando a

música passou a ser utilizada cientificamente e com fins terapêuticos na

reabilitação e recuperação dos soldados feridos. Emenda-se que o primeiro plano

de estudos acerca dos efeitos terapêuticos da musica foi elaborado em 1944, em

Michigan EUA. Em 1950, foi fundada a associação nacional para terapia musical

nos Estados Unidos e, em 1968, na Argentina, houve a primeira jornada Latino-

Americana de Musicoperapia. No Brasil, os cursos realizados com este fim foram

fundados em 1970/1971, no Paraná e no Rio de Janeiro, e em 1980, a

Universidade Federal do Rio de Janeiro iniciou a prática clínica da Musicoterapia.

(Lou de Olivier, 2008)

Essas afirmações são comuns e podem ser encontradas em diversos sites,

a probabilidade de um profissional cometer uma falha qualquer em diagnosticar

um indivíduo, faz nos voltar ao ponto de partida, renegando fatos que deveriam

estar registradas para se haver uma comparação dos resultados. Não caso da

Musicoterapia, o grande equívoco é afirmar que ela teve seu inicio durante a

segunda guerra mundial, quando sabe-se muito bem que isso se deu muito antes,

por intermédio de Pitágoras. O fato de alguns historiadores negarem,

terminantemente, a exigência e a historia de Pitágoras, por não se terem às mãos

documentação precisa, não impede que o pitagorismo seja uma realidade

palpável na história da Filosofia, cuja influencia atravessa os séculos até os dias

de hoje. E ainda bem que atravessa, pois é muita pretensão e alienação achar

que tudo de bom surgiu há poucos séculos e, é claro sempre em países de

primeiro mundo. (Mayara Ferreira, Revista E. I. – Atividades Escolares – música

aprendizado em dó-ré-mi, 2009).

Nada pessoal, mas esta na hora de acordamos e olharmos muito longe não

só para o passado como também para o futuro e pararmos de agir como

bonequinhos conduzidos por qualquer informação que caia às mãos. Afinal, nada

surge de repente, tudo é resultado de transformações e aprimoramentos, e isso

leva muito tempo. Voltando ao pensamento de Pitágoras, ele chegou a conclusão

de que todas as coisas são números por meio inclusive de uma observação no

campo musical: verificou no monocórdio (do latim: monochordon e do grego:

52

monóchordon, que quer dizer instrumento musical de uma corda só) que o som

produzido varia de acordo com a extensão da corda sonora, ou seja, descobriu

que há uma dependência do som em relação à extensão, da música (tão

importante como propiciadora de vivências religiosas estáticas) em relação à

matemática. Daí deu-se inicio às experiências em Musicoterapia, seja qual for o

registro que se siga, da existência ou não de Pitágoras, algumas realidades têm

de ser citadas. Em resumo podemos dizer que a Musicoterapia foi usada pela

primeira vez no século V, antes de Cristo, por Pitágoras, e somente em 1950 foi

reconhecida como instrumento terapêutico.

Vale lembrar que, em alguns casos de epilepsia ou de enxaqueca com aura,

alguns tipos de música são agradáveis e esta pode desencadear uma crise no

paciente. Também é possível alterar humor e sentimentos por meio da música,

seja para melhor ou para pior. Mais um motivo para não se cair aplicando

tratamentos sem fundamentação nem preparo suficientes. Como a música age no

cérebro, são muitas as teorias e os estudos, sejam fundamentados ou não, que

pretendem explicar os efeitos dos sons, ritmos e música como um todo dentro do

cérebro humano. Até porque, ultimamente parece que tudo o que se pesquisa

pode estimular a liberação de sertonina, e isso é no mínimo, questionável.

Quando à adrenalina, até faz sentido, mas talvez a penetração da musica vá

muito além disso dentro do cérebro. De todas as explicações, a mais coerente e

completa é a defendida por Shullian e Schoen e citada na tese de doutorado em

artes musicais de: H. Ioyd Leno Música – seus efeitos sobre o homem

(Universidade do Arizona, Estados Unidos). Schullian e Shoen definem que a

música contorna completamente os centros que envolvem a razão e a

consciência, não depende do cérebro mestre para adentrar pelo corpo, ainda

pode exercitar por meio do tálomo, o posto de intercomunicação de todas as

emoções, sensações e sentimentos.

Assim como a Arteterapia submete-se em arte-terapia, Arte como terapia,

entendendo-se à Arte-Educação, também a musicoterapia tem subdivisões que

precisam ser respeitadas. Pode-se dizer que ela divide-se em: Musicoterapia,

Musica como terapia, e ensino de Música. Estas modalidades precisam ser bem

53

entendidas e aplicadas para que se tenham bons resultados, sendo

Musicoterapia: Pode ser usada de varias formas e tem sempre o objetivo

terapêutico, ou seja, é usada como uma das formas de curar ou controlar

distúrbios. Pode-se usar a Musicoterapia primitiva, que é a aplicação de sons,

ritmos e harmonia em sessões, onde o paciente pode ser atuante, ele próprio

poderá criar sons, ritmos e harmonia, usando diversos instrumentos musicais ou

não, sempre com o acompanhamento do terapeuta. Esse tipo de Musicoterapia

costuma dar bons resultados nos tratamentos de síndrome de Down, Autismo

leve, Limitrofia ou distúrbios de aprendizagem.

Casos de Autismo grave, Toc, Tourette e outros distúrbios mais complexos

devem ser tratados com a forma receptiva, pois geralmente o paciente torna-se

facilmente agressivo, descontrolado e isso torna difícil, senão impossível, o

tratamento atuante. Nesses casos, o ideal é fazer a sessão com sons e ritmos

conduzidos unicamente pelo terapeuta. Alguns distúrbios de aprendizagem,

estresse, ansiedade e depressão podem ser tratados com a forma mista,

mesclando o atuante e o receptor em uma mesma sessão ou em sessões

alternadas. A Musicoterapia tecnológica usa equipamento com funções

específicas para medir batimentos cardíacos, atividade muscular, ondas cerebrais

e até condutividade elétrica da pele do paciente, é bem mais rebuscada e exige

muito mais do terapeuta. As sessões ocorrem em local apropriado, com o

paciente geralmente deitado em maca, e é usado um programa que hoje trata

desde dores musculares e estresse até estimulação e recuperação de memória.

54

CAPÍTULO III

AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO

A avaliação no processo de aprendizagem de uma criança deve ser

embasada nas respostas dos esquemas esperados desta, assim como o

diagnóstico deve conter provas suficientes para encaminhamento de uma equipe

multidisciplinar, veremos neste capítulo final, a postura do professor e os

procedimentos tomados.

3.1. Como avaliar as dificuldades de aprendizagem

O professor deve buscar aperfeiçoar a sua ação educativa no processo de

avaliação, um valioso recurso não só para ele perceber melhor a si mesmo, como

também para avaliar que efeitos a sua forma de atuar vem exercendo sobre as

crianças. Considerando as possibilidades dos alunos e os objetos propostos, o

educador, mediante o diálogo e a troca que estabelece com os educandos e seus

familiares, vai modificando o seu planejamento e, conseqüentemente, a sua

prática, dessa forma a criança será a beneficiada.

A avaliação deve ser um instrumento para reformar a ação educativa que

exerce, de modo a contribuir decisivamente para o desenvolvimento integral do

potencial infantil. Podemos avaliar uma possível dificuldade de aprendizagem, a

partir das respostas que a criança dá mediante ao meio. Na pré-escola, antes de

nos preocuparmos em avaliar, temos de desfiar a criança a se desenvolver seu

potencial. (Judite Figueiras Rodrigues, Abordagens pedagógicas emergentes:

avaliação, meu artigo/pedagogia).

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Observar e avaliar a nossa própria forma de agir de atuar, estar atendo ao

comportamento da criança, à sua forma de pensar, auscultar os seus interesses e

atuar positivamente para que ela supere as próprias dificuldades, todos estes

aspectos, juntos, têm muito a ver com o processo de avaliação e com a educação

de boa qualidade. A melhor estratégia para é ajudar a criança superar as suas

possíveis dificuldades, nada melhor que ser desfiada a agir e, ao mesmo tempo,

ser informada acerca do seu desempenho, as sugestões apresentadas pelo

mediador irão oferecer pistas que ajudarão a criança a fazer, por si só, os ajustes

no seu comportamento. O melhor instrumento para orientar, acompanhar e avaliar

o desempenho infantil parece-nos ser a observação. Apesar de ainda não ler nem

escrever na pré-escola, a criança está constantemente atuando sobre a realidade.

Sendo assim, o essencial seria avaliar continuamente o desempenho infantil,

conversar com as crianças para adaptar o seu modo de pensar e fazer-lhes

perguntas que estimulem o pensamento. Explorar situações em que as crianças

trocam experiências acerca das maneiras diferentes de pensar e de resolver os

seus problemas constitui-se em indicadores sólidos para melhorar conhecimento

de cada criança. A melhor forma de avaliar uma criança parece-nos ser,

inicialmente, compará-la em relação a si mesma, em momentos diferentes, o

desempenho do grupo é, muitas vezes, um valioso auxiliar para que percebamos

as facilidades e as dificuldades das crianças. Uma vez mais cabe lembrar a

diferença existente entre déficit e maneiras diferentes de reagir a dada situação

ou diante das diferenças culturais entre as classes sociais. A saúde – os sinais e

sintomas apresentados freqüentemente pela criança devem merecer a nossa

atenção. Para que a criança seja sadia, temos de observar os problemas de

saúde que porventura ela apresenta, para podermos oferecer orientação à família,

mesmo que o defeito é irremediável, assim mesmo a observação serve para

conscientizar professor, que então solicitará da criança apenas aquilo que ela

poderá dar, também não se deve descartar a possibilidade de encaminhamento a

especialistas, quando estes estão disponíveis. Além do mais, as atividades

escolares propostas às crianças às vezes podem interferir negativamente sobre

elas mesmas. Vamos exemplificar, a criança que não enxerga ou que não ouve

bem normalmente deverá sentar-se num lugar adequado, na classe, para que a

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dificuldade seja minimizada, mesmo após o atendimento do especialista. A

criança com dificuldade de prestar atenção, por períodos maiores de tempo,

poderá ter a sua atenção mobilizada por menos tempo, intercalada por períodos

relaxantes, e vice-versa. Se a criança apresenta problemas na área motora, ela

participará destas atividades por período mais ou menos curto de tempo, a seguir

se defrontará com atividades em que se mostre mais proficiente. (Marieta Lúcia

Machão Nicolau, 2003)

Outros aspectos que merecem ser observados e trabalhados de modo geral,

consideremos o desenvolvimento, focalizando as suas varias dimensões, dessa

forma, percebemos quais as áreas que merecem maior atenção, além da saúde,

aspectos psicomotores, atenção, esquema corporal, percepção, lateralidade,

orientação espaço-temporal, coordenação motora, linguagem, operações do

pensamento e sociabilidade. A criança desatenta seria aquela cuja atenção é

dispersa, só fisicamente ela está presente ou evidencia sua presença em

determinados momentos. Ela poderá apresentar, de faro um problema de atenção

ou poderá estar vivendo alguma preocupação, provavelmente na área emocinal.

Ainda, a atividade que está sendo desenvolvida pode não interessá-la. A

percepção da criança poderá não estar ainda bem desenvolvida, as semelhanças

e as diferenças entre pessoas, objetos e situações devem ser detectadas pelas

crianças; se a criança ainda não as percebe, ela deverá ser estimulada a agir

sobre todos e tudo que a cercam.

Há crianças que sentem uma grande dificuldade para identificar o lado

esquerdo e o lado direito do seu próprio corpo, outras há que já conseguem

perceber o seu corpo, em termos de esquerda e direta, mas não conseguem

discriminar, ainda, o lado esquerdo e o direito de quem está de frente para elas.

As dificuldades maiores podem estar em outras funções especificas básicas da

aprendizagem. Por exemplo, orientação espacial e temporal. Seria o caso das

crianças que se perdem num dado espaço, que apresentam dificuldades em se

situar em relação ao antes e ao depois, ao lento e ao rápido e diante do sucessivo

e do simultâneo. (Marieta Lúcia Machado Nicolau, 2003)

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Em relação à coordenação motora, a criança pode apresentar dificuldade

relacionadas ao próprio corpo, nos seus movimentos amplos, assim como pode

mostrar-se menos hábil nos movimentos chamados finos, a dificuldade poderá ser

mais bem observada, por exemplo nos jogos levados a serem feitos no pátio, ou

naqueles desenvolvidos na sal de aula com a criança pinçado objetos com os

dedos, colocando peças num quebra-cabeça, usando tesoura ou dedos para

recortar ou utiliza crayon, lápis-cera ou lápis preto. Sendo assim o processo de

avaliação se tornara um valioso recurso para diagnosticar e acompanhar as

aquisições palpáveis das crianças, enquanto processo e produto.

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CONCLUSÃO

Os resultados desta pesquisa apontam os diversos distúrbios de

aprendizagem que são questões deveras complexas, que permeiam os

parâmetros de uma análise mais profunda, isso deve refletir até o ponto que

realmente se norteiam às pesquisas, visto que em determinados casos, lançando-

se um olhar psicopedagógico, tudo parece elucidar em uma luz esclarecedora.

Esta pesquisa nos trouxe uma luz e um olhar diferenciado das dificuldades

de aprendizagem, partindo de um conceito voltado aos distúrbios com causas

psicológicas e neurológicas. Assim essa pesquisa certamente contribuiu para o

educador e profissional da área da saúde, de como avaliar e diagnosticar as

dificuldades de aprendizagem, se procedimento junto a uma equipe

multidisciplinar e os recursos e tratamentos novos para ajudar o desenvolvimento

cognitivo de forma plena.

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