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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA BULLYING NO COTIDIANO ESCOLAR E AS ATUAÇÕES DO PSICOPEDAGOGO SOBRE ESSA REALIDADE Por: Michelle de Jesus Temporim Monteiro da Silva Orientador: Profª. Fabiane Muniz Vitória DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL€¦ · deve utilizar-se de atividades e ações para combatê-lo. É de extrema urgência e importância que as instituições se

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDADE INTEGRADA

BULLYING NO COTIDIANO ESCOLAR E AS ATUAÇÕES DO

PSICOPEDAGOGO SOBRE ESSA REALIDADE

Por: Michelle de Jesus Temporim Monteiro da Silva

Orientador: Profª. Fabiane Muniz

Vitória

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2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDADE INTEGRADA

BULLYING NO COTIDIANO ESCOLAR E AS ATUAÇÕES

DO PSICOPEDAGOGO SOBRE ESSA REALIDADE

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Psicopedagogia Institucional

Por: Michelle de Jesus Temporim Monteiro da Silva

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter-me dado

forças quando pensava que não seria

capaz; e à minha família, por todo

apoio.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha avó

Nelcy, por todo amor e pelo apoio

financeiro que ofereceu em prol de

minha educação, desde a pré-escola

até hoje, na pós-graduação.

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RESUMO

Observando a rotina das instituições escolares é possível visualizar

algumas dinâmicas no relacionamento interpessoal dos alunos.

Uma das situações que têm chamado a atenção de profissionais e de

estudiosos da educação nos últimos dez anos é o bullying.

Sendo caracterizado como violência física ou psicológica, regada a

palavras de deboche, insultos e\ ou agressão, o bullying pode levar suas

vítimas a sofrerem algumas consequências desastrosas tanto em curto, quanto

em médio e em longo prazo.

Por isso é imprescindível a atuação do psicopedagogo institucional.

Este profissional deve estar atualizado com as dinâmicas do bullying e

suas possíveis ramificações ou máscaras, além de estar atualizado com a

rotina escolar.

Ele precisa, para isso, conhecer e reconhecer a ascensão de novos

conceitos, sejam eles criados pela sociedade, ou pelos próprios alunos, e da

ascensão de novas tecnologias, incluindo a forma de uso que as crianças ou os

jovens fazem dela, instruindo-os como podem utilizá-las de uma forma segura

para si e para os outros.

Assim, é necessário que ele mantenha um diálogo coerente tanto com

os alunos quanto com suas famílias, o corpo docente e os funcionários da

escola, mantendo-os conscientes acerca do assunto.

Desta forma, em conjunto, o psicopedagogo pode criar atividades que

levem os alunos ao conhecimento do que pode ser caracterizado como uma

brincadeira e o que é violência, mostrando que a última, pode levar a sérias

consequências na vida das vítimas, dos agressores e dos espectadores.

Se o bullying já estiver ocorrendo no cotidiano escolar, o psicopedagogo

deve utilizar-se de atividades e ações para combatê-lo.

É de extrema urgência e importância que as instituições se valham do

trabalho do psicopedagogo para auxiliá-los a sanar problemas cotidianos, como

o bullying, de forma que não caiam no comodismo e se tornem normais e

aceitos.

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METODOLOGIA

Esta monografia teve como base livros que tratam do Bullying no âmbito

escolar, assim como também periódicos da área da educação e sites da

Internet.

Também foram utilizados livros que retratam a rotina do ambiente

escolar, além de pesquisa exposta em site da Internet.

Os principais autores utilizados na pesquisa foram Ana Beatriz Barbosa

Silva, autora de “Bullying: Mentes Perigosas nas Escolas”; Dr. Gustavo

Teixeira, autor de “Manual Antibullying para alunos, pais e professores”; Gabriel

Chalita, autor de “Bullying: O sofrimento das vítimas e dos agressores”; Jane

Middelton-Moz e Mary Lee Zawadski, autoras de “Bullying: Estratégias de

sobrevivência para crianças e adultos” e Cléo Fante e José Augusto pedra,

autores de “bullying Escolar: perguntas e respostas”.

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SUMÁRIO

Introdução..........................................................................................................08

Capítulo I - O Retrato do Bullying e do Ciberbullying .......................................10

1.1. Bullying ......................................................................................................11

1.2. Ciberbullying ..............................................................................................14

Capítulo II - Agentes Envolvidos no Bullying ....................................................17

2.1. O agressor .................................................................................................17

2.2. A vítima ......................................................................................................21

2.3. O espectador .............................................................................................23

2.4. Identificando a vítima de Bullying ..............................................................25

Capítulo III - Intervenções Psicopedagógicas sobre o Bullying ........................28

3.1. O psicopedagogo e a prevenção do Bullying ............................................31

3.2. Como o psicopedagogo pode tratar a ocorrência de bullying na escola ...36

Conclusão .........................................................................................................40

Anexos ..............................................................................................................42

Bibliografia ........................................................................................................45

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INTRODUÇÃO

Atualmente a sociedade tem se deparado com situações de intolerância

sobre indivíduos que de alguma forma estão à margem das normas de conduta

ditadas pela mesma. Esses indivíduos sejam eles negros, pobres,

homossexuais, mulheres, idosos e etc., são alvos constantes de violência física

e moral.

Na sociedade escolar não tem sido diferente. É crescente o fenômeno

de rejeição e agressão àqueles indivíduos que não correspondem ao padrão

exigido por alguns.

Xingamentos, desmoralização da imagem e violência física são algumas

das situações vividas por crianças e jovens marginalizadas nas escolas em

todo mundo.

A essa situação de violência escolar dá-se o nome de bullying.

Desta forma, o tema desta monografia é a ocorrência do bullying no

ambiente escolar; suas nuances, os indivíduos envolvidos, e possíveis

conseqüências causadas pelo mesmo.

Também serão retratadas neste trabalho possíveis medidas a serem

utilizadas pelo psicopedagogo e pela sociedade escolar na intenção de

desmistificar o tema, buscando alternativas para a inibição da ocorrência de

bullying, e quando possível, sua eliminação no ambiente educacional.

Este estudo é de grande relevância, visto que, apesar de ser um tema já

recorrente no ambiente escolar desde sua fundação como instituição, tem tido

grande visibilidade atualmente, uma vez que consequências do bullying têm

surgido nos noticiários do mundo ocidental, explicitando que alunos vítimas de

bullying têm se voltado contra colegas de escola de forma violenta, chegando a

matar, na intenção de se vingar de todo mal sofrido.

Deste modo são, portanto, objetivos desta monografia retratar o bullying,

os agentes envolvidos e possíveis consequências sofridas por cada um;

pesquisar algumas alternativas de intervenção no processo de bullying cabíveis

ao trabalho do psicopedagogo na instituição escolar e apresentar

possibilidades de prevenção e combate ao mesmo.

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Utilizando-se dessas premissas, este trabalho é dividido em três

capítulos.

No primeiro capítulo é tratado o bullying, uma possível causa para seu

surgimento e sua abrangência nas escolas brasileiras.

Também é dissertado quanto ao ciberbullying; suas abrangências e as

consequências sofridas pela vítima.

O segundo capítulo trata os envolvidos no fenômeno e o campo de

atuação de cada um.

E no terceiro capítulo trata-se as atitudes que um psicopedagogo deve

ter em relação à ocorrência de bullying nas escolas, bem como sugestões

viáveis para trabalhar a prevenção e a inibição de tal fenômeno no ambiente

escolar.

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CAPÍTULO I

O RETRATO DO BULLYING E DO CIBERBULLYING

Neste capítulo trataremos do bullying e do ciberbullying em um

panorama geral: o que são, como ocorrem, e sua incidência nas escolas

brasileiras.

O século XXI teve início com o advento de grandes tecnologias e

modernidades que transformaram toda a dinâmica de vida e de valores da

sociedade ocidental.

Os Computadores, a telefonia celular, a ascensão de negócios

globalizados e o fato de as informações serem produzidas, reproduzidas e

transmitidas a cada segundo por todo o mundo são algumas das condições às

quais os indivíduos tiveram que se adequar.

Abaixo há o relato de Aranha sobre o processo de modernidade, que

pode ser também um vislumbre da atualidade.

“Podemos dizer que essas mudanças provocam uma crise singular,

sendo as dificuldades enfrentadas pelos adolescentes diferentes dos conflitos

de gerações de outros tempos. Ou seja, poucas vezes na história os homens

se defrontaram com uma Crise de paradigma”.

“Um paradigma é um modelo, um conjunto de idéias e valores capaz de

situar os membros de uma comunidade em determinado contexto, de maneira

a possibilitar a compreensão da realidade e a atuação a partir de valores

comuns”.(Aranha, 1996, p.235)

A partir dessa crise de paradigma pode-se observar a ascensão do

bullying como consequência, uma vez que dela provém uma fragilidade no que

diz respeito aos conceitos e valores atualmente.

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1.1. Bullying

O registro de todo tipo de agressão e violência na escola entre alunos e

professores e entre alunos e alunos é comum de ser encontrado em relatos de

pessoas que estudaram desde 50 anos atrás, como em relatos de jovens e

crianças que estão em fase escolar atualmente.

Porém, atualmente, esse fato tem sido motivo de grande preocupação

por parte das instituições escolares e da família, visto que tem trazido grandes

prejuízos à vida das vítimas e dos agressores.

O fenômeno de violência narrado acima é chamado de bullying.

“A palavra bullying ainda é pouco conhecida do grande público. De

origem inglesa e sem tradução ainda no Brasil, é utilizada para qualificar

comportamentos violentos no âmbito escolar, tanto de meninos quanto de

meninas. Dentre esses comportamentos podemos destacar as agressões, os

assédios e as ações desrespeitosas, todos realizados de maneira recorrente e

intencional por parte dos agressores”. (Silva, 2010, p.21).

Mas, como identificar o bullying? É possível que um desentendimento

entre alunos seja apenas uma brincadeira de mau gosto, uma simples

implicância entre crianças e jovens, coisas da idade, e não bullying? Para

responder a essas perguntas, é necessário conhecer o conceito de bullying e

aplicá-lo à situação problema observada.

“Nas escolas, é um fenômeno complexo, muitas vezes banalizado e

confundido com agressão e indisciplina. Exige observação atenta e presença

constante, pois, normalmente, as vítimas são aterrorizadas em áreas da escola

com pouca ou nenhuma supervisão. Estratégia premeditada, que contribui para

que a vítima seja desacreditada. Ou que a ação desencoraje a vítima a falar da

dor a outrem, ou que se passe muito tempo até que alguém perceba”.( Chalita,

2008, p. 81)

O bullying pode ser caracterizado como um tipo de agressão verbal,

moral ou física, sofrida por aqueles que não se encaixam nos estereótipos

criados no meio social em que vivem ou convivem, particularmente, no caso

deste trabalho, a escola.

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“O bullying não é simplesmente, como muitos minimizam, um

comentário ácido ocasional feito por uma pessoa próxima na mesa do café da

manhã, um dia ruim com o chefe, crianças brigando com outras enquanto

brincam, aprender as duras lições da rivalidade entre irmãos ou a solução de

conflitos com colegas. É a crueldade freqüente e sistemática, voltada

deliberadamente a alguém, por parte de uma ou mais pessoas, com a intenção

de obter poder sobre o outro ou infligir regularmente sofrimento psicológico e/

ou físico.”( Middelton-Moz; Zawadski, 2007, p. 20).

As agressões verbais, que põe dúvidas quanto à integridade moral dos

indivíduos, ou as agressões físicas, sendo ambas infringidas por um curto

período de tempo, ou por um longo período, podem ser diagnosticadas por

bullying.

Conforme destacam os autores Fante e Pedra, são inúmeras ações que

caracterizam o bullying, entre elas: “apelidar, ofender, “zoar”,“sacanear”,

humilhar, intimidar, “encarnar”, constranger, discriminar, aterrorizar,

amedrontar, tiranizar, excluir, isolar, perseguir, chantagear, assediar, ameaçar,

difamar, insinuar, agredir, bater, chutar, empurrar, derrubar, ferir, esconder,

quebrar, furtar, roubar pertences.” (Fante; Pedra, 2008, p. 36)

E ainda, “trata-se de uma dinâmica psicossocial expansiva que envolve

um número cada vez maior de crianças e adolescentes, meninos e meninas, à

medida que muitas vítimas reproduzem a vitimização contra outros. É um

problema epidêmico, específico e destrutivo, motivo pelo qual deve ser

considerado questão de saúde pública. Portanto, requer esforços,

investimentos e ações estratégicas conjuntas, por parte de toda a comunidade

escolar e das autoridades competentes ligadas à educação, à saúde e à

segurança pública, por meio de programas preventivos e assistenciais”. (Fante;

Pedra, 2008, p.33).

Crianças e jovens são vítimas de bullying nas escolas por não estarem

de acordo com os padrões de beleza, instrução, razão social ou intelecto,

padrões esses ditados por um grupo distinto de alunos, que desmoralizam

qualquer tipo de comportamento que não os agrade. Portanto, é importante

deixar explícito que as atitudes de agressores contra alguns estudantes,

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geralmente não apresentam motivações específicas ou justificáveis, de acordo

com Silva (2010).

Em meio à dificuldade da escola em diagnosticar e trabalhar o tema, e

da urgente necessidade de novas políticas públicas a respeito, diversas

organizações não governamentais estão se mobilizando em pesquisas e

estudos sobre o bullying.

Uma delas é a ONG Plan. Uma organização não governamental inglesa

que atua no Brasil há 70 anos, em defesa dos direitos de crianças e

adolescentes. Ela realizou em 2009 a pesquisa “Bullying no Ambiente Escolar”,

por todo o Brasil a fim de diagnosticar a incidência de bullying nas cinco

regiões brasileiras.

5.168 alunos responderam ao questionário. Também foram envolvidos

na pesquisa pais e responsáveis, e profissionais da educação.

De acordo com os dados obtidos pela pesquisa, ficou claro que os

jovens com idade entre 11 e 15 anos e os alunos da 6ª série são as que mais

sofrem ou provocam agressões nas instituições escolares.

Entre as razões para as agressões citadas por eles, está a necessidade

de afirmação entre os colegas, assim como o ganho de popularidade.

Além disso, não estão claros para eles quais são os limites entre

brincadeiras, agressões verbais e maus-tratos.

A pesquisa também levantou o dado de que tanto no bullying quanto no

ciberbullying as vítimas têm tendência a não revidarem, e elas tendem à

evasão escolar.

Também ficou salientado pelo resultado da pesquisa que as escolas

brasileiras não estão preparadas para tratar ou sanar esse mal, necessitando

de novas políticas de prevenção e erradicação.

“A violência é um fenômeno relevante nas escolas brasileiras: cerca de

70% dos alunos pesquisados informam ter visto, pelo menos uma vez, um

colega ser maltratado no ambiente escolar no ano de 2009. Quase 9% dos

alunos afirmam ter visto colegas serem maltratados várias vezes por semana e

outros 10%, que vêem esse tipo de cena todos os dias. Ou seja, cerca de 20%

dos alunos presencia atos de violência dentro da escola com uma frequência

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muito alta, o que é um indício de que o bullying está presente

significativamente nas escolas investigadas.”

(WWW.campanhaeducacao.org.br 2009).

Há gráficos em anexo, que demonstram a ocorrência do bullying nas

regiões brasileiras e nas séries do ensino fundamental, do 6º ao 9º ano.

É importante perceber que o bullying não se faz presente apenas em

escolas da rede pública de ensino, em localidades pobres ou países

subdesenvolvidos ou estados pobres. O bullying pode estar em todo e em

qualquer lugar. Pode ser visto diagnosticado em turmas de ensino fundamental

a médio, e ainda universitário. Seus agressores podem ter famílias

desestruturadas ou não, como pode ser certificado a partir dos trechos a

seguir:

“O fenômeno bullying não escolhe classe social ou econômica, escola

pública, privada, ensino fundamental ou médio, área rural ou urbana. Está

presente em grupos de crianças e de jovens, em escolas de pises e culturas

diferentes”.(Chalita, 2008, p. 81).

1.2. Ciberbullying

Como foi tratado no início deste capítulo, atualmente as informações têm

sido geradas e transmitidas em uma velocidade extraordinária, de forma

globalizada, e a ainda vêm se tornando visíveis a todos por meio do uso da

informatização.

“A que se atribui o surgimento do ciberbullying? Ao desenvolvimento e

aprimoramento dos recursos tecnológicos de comunicação e informação,

especialmente da Internet e dos telefones móveis, aliados ao despreparo ético

dos usuários em relação ao uso responsável desses recursos, ancorado no

anonimato e na certeza de impunidade, o que converteu o fenômeno num

problema social”.(Fante; Pedra, 2008, p. 66).

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Daí surge o ciberbullying, uma ramificação do fenômeno de bullying, que

utiliza como ferramenta de coação e humilhação a tecnologia da internet e do

celular.

Com o ciberbullying a dinâmica de agressões toma maior visibilidade.

Sua abrangência não pode ser calculada, assim como suas

consequências.

“Na internet e no celular, mensagens com imagens e comentários

depreciativos se alastram rapidamente e tornam o bullying ainda mais

perverso. Como o espaço virtual é ilimitado, o poder de agressão se amplia e a

vítima se sente acuada mesmo fora da escola. E o que é pior: muitas vezes,

ela não sabe de quem se defender”.(Santomauro, 2010, p.67).

No espaço virtual as provocações, os xingamentos e as agressões

verbais ocorrem sem que haja um remetente identificado, o que implica que, no

ciberbullying, os agressores se escondem por trás do completo anonimato.

“E-mails ameaçadores, mensagens negativas em sites de

relacionamento e torpedos com fotos e textos constrangedores para a vítima

foram batizados de ciberbullying. Aqui, no Brasil, vem aumentando

rapidamente o número de casos de violência desse tipo”.(Santomauro, 2010,

p.68).

Ainda, segundo Teixeira (2011), ainda com a intenção de denegrir,

ofender, humilhar e difamar, o ciberbullying se dá com a criação de sites, por

meio de bate-papos, e-mails , fóruns de discussão, como blogs e sites de

relacionamento, postagens de vídeos e fotos, de modo que fiquem visíveis a

todo mundo e a impersonalização, quando o ciberbully, o autor das ofensas,

invade contas de e-mail ou de redes sociais de sua vítima, ou vítimas, e se

passando por elas, envia mensagens a terceiros, parecendo ter sido a própria

vítima quem os enviou, fazendo-a passar por situações constrangedoras.

Diante do grande aumento na ocorrência do ciberbullying é que a

instituição escolar deve estar atualizada com as novas tecnologias e suas

abrangências.

O professor, o pedagogo, o psicopedagogo e tantos outros funcionários

da escola devem conhecer as possibilidades assumidas pela tecnologia.

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Devem estar cientes de que seus alunos provavelmente fazem uso dela,

seja para momentos de lazer, seja em momentos em que queiram humilhar

alguém.

Estar em sintonia com os alunos e as particularidades da fase de vida

pela qual estão passando e conquistar um diálogo aberto são duas formas de

conhecê-los e aos seus interesses. Assim, será mais fácil entender a dinâmica

no uso da tecnologia, assim como as famílias.

O ciberbullying se tornou uma ferramenta poderosa para os agressores,

pois torna muito difícil identificar o autor ou os autores das agressões, que aqui

são verbais ou visuais, com fotos ou imagens que representem seu ponto de

vista sobre a vítima, que por sua vez agora já não sabe de quem se defender e

não encontra mais lugar seguro para si.

Sofrendo a violência de forma virtual, as agressões agora ultrapassam

os muros da escola e vão aonde quer que ele esteja e tenha acesso à internet.

Ou ainda mensagens e fotos podem chegar ao seu celular, ao de colega e até

de desconhecidos sem que tenha alguma forma de se defender ou se

esconder.

“No espaço virtual, os xingamentos e as provocações estão

permanentemente atormentando as vítimas. Antes, o constrangimento ficava

restrito aos momentos de convívio dentro da escola. Agora é o tempo

todo”.(Santomauro, 2010, p.68).

O agressor atua com o anonimato criando perfis falsos em sites de

relacionamentos, produzindo e reproduzindo informações preconceituosas e

mentirosas, e há a possibilidade de invadir a conta de e-mail de sua vítima para

atacá-la.

“Os praticantes de ciberbullying ou”bullying virtual” utilizam, na sua

prática, os mais atuais e modernos instrumentos da internet e de outros

avanços tecnológicos na área de informação e da comunicação (fixa ou móvel),

com o covarde intuito de constranger, humilhar e maltratar suas vítimas.” (Silva,

2010, p.126).

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CAPÍTULO II

AGENTES ENVOLVIDOS NO BULLYING

Este capítulo trará informações a respeito dos agentes envolvidos no

bullying. Será tratado quem são o agressor, a vítima e o espectador e suas

atuações.

É a partir da percepção de que há fragilidade nos conceitos que regem a

moralidade e dos valores da sociedade atual, demonstrada anteriormente, é

possível compreender que a juventude – incluem-se crianças, adolescentes e

jovens – passa por situações propícias a cometer e sofrer atos de violência

vindos de seus “iguais”.

A seguir estão desmascarados os envolvidos no processo de bullying:

2.1. O agressor

No que se refere ao bullying e ao ciberbullying, O sujeito valente (que

pode tanto ser do sexo feminino quanto do masculino) e destemido, que impõe

respeito em seu meio social a partir do medo e de agressões verbais, morais e/

ou físicas, é conhecido como bullie, ciberbullie (se os atos violentos envolverem

os meios tecnológicos de comunicação) ou apenas, agressor.

Assim, o agressor no bullying é caracterizado como quem causa algum

tipo de violência sobre outra pessoa. Ele é o indivíduo conhecido como o

valentão da turma ou da escola, cheio de autoconfiança e auto-suficiência e

usa-se de sua capacidade de persuasão para ofender, humilhar e/ ou ferir sua

vítima e angariar apoio de seus espectadores. Uma boa forma de definir essa

peça-chave do bullying foi feita por Teixeira:

“Os autores de bullying, também chamados de bullies ou agressores,

apresentam características peculiares de comportamento, como uma

agressividade e impulsividade mais exacerbada do que a maioria dos outros

estudantes e um desejo de dominar, humilhar e subjugar os demais. Eles são

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fisicamente mais fortes e suas posturas de confronto e desafio podem ser

também identificadas contra pais, professores e outros adultos.

Os bullies se julgam superiores e, diferentemente do que acredita o

senso comum, não possuem baixa autoestima, normalmente são muito

autoconfiantes e podem ser considerados populares por muitos estudantes.

São também mais habilidosos socialmente, isto é, mais comunicativos, mais

falantes e mais extrovertidos, principalmente quando o comportamento bullying

se desenvolve nos últimos anos do ensino fundamental e durante o ensino

médio. Dessa forma, possuem um poder maior de liderança e são mais aptos

para realizar a manipulação de alguns colegas contra outro, por exemplo.” (

Teixeira, 2011, p. 31).

Assim, o agressor é um sujeito que se vale de seu potencial de

superioridade, força ou poder sobre os demais, a fim de coagir, insultar e

agredir aqueles que não merecem seu respeito, por não se encaixarem em

padrões estabelecidos muitas vezes, por si mesmo.

A agressão que imprimi contra sua vítima não é justificável, sendo em

todos os casos atos covardes contra um oponente que visivelmente está em

desvantagem.

De acordo com Silva (2010, p. 43), [os agressores] “podem ser de

ambos os sexos. Possuem em sua personalidade traços de desrespeito e

maldade e, na maioria das vezes, essas características estão associadas a um

perigoso poder de liderança que, em geral, é obtido ou legitimado através da

força física ou de intenso assédio psicológico. O agressor pode agir sozinho ou

em grupo. Quando ele está acompanhado de seus “seguidores”, seu poder de

“destruição” ganha reforço exponencial o que amplia seu território de ação e

sua capacidade de produzir mais e novas vítimas.”

O agressor usa de atos de humilhação para sobressair no grupo,

causando medo naqueles que estão à sua volta, na expectativa, de que se

houver oposição às suas ações, o opositor pode se tornar sua próxima vítima.

Assim ele conquista seguidores e espectadores. Em resumo, o agressor busca

se auto-afirmar a partir da ofensa ao outro.

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“[O agressor] Atinge o colega com repetidas humilhações ou

depreciações porque quer ser mais popular, se sentir poderoso e obter uma

boa imagem de sis mesmo. É uma pessoa que não aprendeu a transformar sua

raiva em diálogo, e para quem o sofrimento do outro não é motivo para ele

deixar de agir. Pelo contrário, se sente satisfeito com a reação do agredido,

supondo ou antecipando quão dolorosa será aquela crueldade sofrida pela

vítima”.(Santomauro, 2010, p.71).

A sociedade é um ponto importante de atuação do agressor no

fenômeno bullying, uma vez que também pode ser uma grande incentivadora e

auxiliadora para que suas investidas tenham sucesso.

É importante salientar que atualmente, em nossa sociedade, pessoas

agressivas e seus atos são, muitas vezes considerados como atos de

heroísmo, fato que corrobora com a atuação do agressor, ou bullie.

“Em uma sociedade em que bullies e pessoas agressivas são

consideradas heróis, pode haver problemas sérios. Atualmente, pessoas que

estão na prisão e assassinaram, agrediram, mutilaram, roubaram e

traumatizaram suas vítimas recebem correspondência de admiradores, dão

entrevistas em cadeia nacional de televisão e nos olham através de capas de

revistas. Filmes violentos, como atração fatal, Dormindo com o inimigo, A

guerra dos Roses e Instinto Selvagem, rendem milhões de dólares.

Personalidades da televisão, rappers, estrelas do rock, lendas do esporte e

figuras políticas que apresentam comportamento controlador, abusivo e

marcado por bullying são defendidas e, muitas vezes, protegidas das

consequências. Isso pode fortalecer as crenças distorcidas dos bullies, de que

o abuso é aceitável. Os “heróis” da mídia, que recebem recompensas em lugar

de sofrer consequências por um comportamento inaceitável, também deixam

uma impressão nas crianças que assistem, escutam e encenam suas fantasias

em brincadeiras por todo país.” ( Middelton-Moz; Zawadski, 2007, p. 125).

Assim, cabe à sociedade, em todas as suas instâncias e instituições –

família, governo, escolas, etc...– criar uma educação de respeito e paz, que

vise a valorização do que é correto e honesto, desmistificando a superioridade

e o poder de criminosos e mentes violentas.

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Ainda é importante ressaltar que, enquanto autor de violência contra

crianças e jovens, o agressor pode se tornar um adulto com problemas e

transtornos, por falta de orientação durante sua juventude como bullie, ou por

orientação inadequada, ineficaz.

“Os autores muitas vezes se envolvem em situações anti-sociais de

risco, com drogas, álcool, tabaco e brigas. Apesar de não haver estudos

conclusivos, cogita-se a possibilidade de que esses valentões, quando não

orientados e supervisionados adequadamente, tornem-se adultos com

comportamentos violentos e até mesmo criminosos”.(Chalita, 2008, p. 86)

Assim, é de grande importância e urgência que os agressores no

bullying sejam devidamente punidos por seus atos, e recebam uma série de

orientações, para que encontrem meios de controlar seus impulsos, visando

um melhor estilo de vida no presente, enquanto ainda criança ou jovem, e na

fase adulta, como ressalta Silva:

“Tanto os adolescentes que se expressam de forma reativa (com

frenquentes atitudes agressivas) quanto os que agem passivamente (com

comportamentos submissos) apresentam problemas disfuncionais, que podem

gerar sofrimentos para si mesmos ou para os que fazem parte de seu círculo

de com vivência.

As “ferramentas” que os adultos devem utilizar para intervir, evitando as

consequências mais dramáticas nessa difícil fase de transição para a vida

adulta, são: o estímulo ao diálogo, a escuta atenta a empática, a construção de

vínculos afetivos fortes, o desenvolvimento de uma reflexão crítica, o incentivo

à participação familiar escolar, a orientação para a responsabilização por si

mesmos e pelos outros, a criação e a implementação de regras e o

estabelecimento precoce (desde os primeiros anos de vida) de limites muito

bem definidos “. ( Silva, 2010, p. 68)

Sendo assim, é importante que o agente agressor no bullying, sendo

este menino ou menina, seja desmascarado, descoberto. Uma vez

diagnosticados os seus atos e sua vítima, ou vítimas, bem como as

humilhações pelas quais ela passou, ou os atos violentos que sofreu, deve ele

arcar com as responsabilidades e consequências que seus atos produziram, de

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forma que entenda que suas ações não podem ser consideradas como simples

brincadeiras mal interpretadas por suas vítimas, já que tanto no bullying quanto

no ciberbullying, há realmente a intenção de ferir, humilhar, ofender ou denegrir

a imagem de sua vítima.

2.2. A vítima

Em um fenômeno tão destrutivo e degradante como é o bullying, é

extremamente importante que se [re]conheça o sujeito que sofre toda a

humilhação e violência, a vítima.

Aquele que sofre abusos e humilhações, seguidos ou não de violência

física , por parte do valentão, do agressor, é identificado como a vítima de

bullying.

A vítima de bullying é um indivíduo escolhido a partir de suas condições

aparentes de não estar de acordo com as exigências impostas por seus

agressores.

Essas condições podem variar entre físicas - altura, peso, etc.;

intelectuais – os conhecidos como cdf’s, por exemplo; e até sociais – os alunos

provenientes de classes sociais de baixa renda.

“As vítima típicas são aqueles que apresentam pouca habilidade de

socialização, são retraídos ou tímidos e não dispõem de recursos, status ou

habilidades para reagir ou fazer cessar as condutas agressivas contra si.

Geralmente apresentam aspecto físico mais frágil ou algum traço ou

características que as diferencia dos demais. Demonstram insegurança,

coordenação motora pouco desenvolvida, extrema sensibilidade, passividade,

submissão, baixa auto-estima, dificuldade de auto-afirmação e de auto-

expressão, ansiedade, irritação e aspectos depressivos.” ( Fante; Pedra, 2008,

p. 59).

Além disso, as vítimas em potencial são aquelas que possuem poucos

amigos ou colegas na escola. São solitários e evitam participar de trabalhos

escolares ou de atividades esportivas em grupo.

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“As vítimas típicas são alunos que apresentam pouca habilidade de

socialização. Em geral são tímidas ou reservadas, e não conseguem reagir aos

comportamentos provocadores e agressivos dirigidos contra elas. Normalmente

são mais frágeis fisicamente, ou apresentam alguma marca que as destaca da

maioria dos alunos...” (Silva, 2010, p. 37-38).

Há também outros tipos de vítimas, além das vítimas típicas,

caracterizadas acima; são elas a vítima provocadora e a vítima agressora.

A vítima provocadora é a criança ou o jovem que chama atenção para si

mesmo provocando o agressor, agindo com imaturidade, pois não tem forças

suficientes para vencê-lo.

Segundo Fante e Pedra, as vítimas provocadoras “São aqueles alunos

que agem impulsivamente, provocando os colegas e atraindo contra si reações

agressivas, contra as quais não conseguem lidar com eficiência. Por isso,

acabam vitimizados. Geralmente, são imaturos, apresentam comportamento

dispersivo e dificuldade de concentração. Alguns podem ser hiperativos,

possuem “gênio ruim”, agem de maneira provocadora aos colegas e

respondem de maneira ineficaz quando, em contrapartida, são atacados e

insultados.” ( Fante; Pedra, 2008, p. 60).

“As vítimas denominadas provocadoras são aquelas capazes de insuflar

em seus colegas reações agressivas contra si mesmas. No entanto, não

conseguem responder aos revides de forma satisfatória. Elas, em geral,

discutem, ou brigam quando são atacadas ou insultadas.” (Silva, 2010, p. 40).

Já as vítimas agressoras são aquelas que reproduzem os atos violentos

que sofre, fazendo então, tanto o papel de vítima como o de agressor,

transmitindo sofrimento agora a outras crianças ou jovens, sistematicamente

mais “fracos” que eles.

“Quem são as vítimas agressoras? São aqueles que são ou foram

vitimizados e que acabaram reproduzindo os maus tratos sofridos.” (Fante;

Pedra, 2008, p. 60).

“A vítima agressora faz valer os velhos ditos populares “Bateu, Levou”

ou “Tudo que vem tem volta”. Ela produz os maus tratos sofridos como forma

de compensação, ou seja, ela procura outra vítima, ainda mais frágil e

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vulnerável, e comete contra esta todas as agressões sofridas. Isso aciona o

efeito “cascata” ou de círculo vicioso, que transforma o bullying em um

problema de difícil controle e que ganha proporções infelizes de epidemia

mundial de ameaça á saúde pública.” ( Silva, 2010, p.42).

As crianças e os jovens que sofrem bullying têm tendência a adquirirem

transtornos e doenças psicológicas e/ ou físicas, como fobias, podem até

adoecer fisicamente.

De acordo com Silva (2010), as vítimas podem sofrer com transtorno do

pânico, fobia escolar, fobia social, depressão, anorexia e bulimia, entre outros.

Muitas vezes sua vida toma uma conotação de extremo sofrimento e

depressão, precisando receber acompanhamento especializado.

É extremamente importante que o indivíduo vítima de bullying seja

acompanhado pela família e por um psicopedagogo na escola, recebendo

também apoio dos professores, na tentativa de diagnosticar e trabalhar sobre

todo o processo de sofrimento e depressão pelo qual esteja passando.

2.3. O espectador

Para que o agressor seja bem sucedido em seu intento de humilhação e

violência, regados à covardia, é necessário não só uma vítima, mas também

pessoas que estejam por perto, assistindo ou recebendo e-mails e mensagens

de celular para que saibam do que ele - o agressor - é capaz. Essa peça

importante no fenômeno de bullying é o espectador.

Espectador é o indivíduo que assiste, sem interferir positivamente em

favor da vítima de bullying ou de ciberbullying.

Normalmente se esquiva de defender a vítima, e até usa palavras de

ordem ou risadas para incentivar os agressores. Esse apoio acontece por

terem medo de se tornarem as próximas vítimas.

“Os espectadores representam a maioria dos alunos de uma escola.

Eles não sofrem nem praticam bullying, mas sofrem as suas consequências,

por presenciarem constantemente as situações de constrangimento

vivenciadas pelas vítimas. Muitos espectadores repudiam as ações dos

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agressores, mas nada fazem para intervir. Outros as apóiam e incentivam

dando risadas, consentindo com as agressões. Outros fingem se divertir com o

sofrimento das vítimas, como estratégia de defesa. Esse comportamento é

adotado como forma de proteção, pois temem tornar-se a próxima vítima.”

(Fante; Pedra, 2008, p. 61).

Teixeira (2011) descreve os indivíduos que estão à margem do bullying,

observando, como testemunhas. Sobre esse personagem, ele descreve:

“As testemunhas são alunos que não se enquadram nem entre os

autores, nem entre os alvos do bullying, entretanto, convivem diariamente com

o medo de se tornarem as próximas vítimas das agressões. Uma vez que os

índices estimados de agressores e vítimas de bullying giram em torno de trinta

por cento dos estudantes, podemos concluir que as testemunhas representam

a grande maioria de alunos que convivem como espectadores de toda essa

violência na escola.” (Teixeira, 2011, p.37).

Há, ainda, de acordo com Silva (2010), três tipos de espectadores: os

passivos, os ativos e os neutros.

“Em geral, os telespectadores passivos assumem essa postura por

medo absoluto de se tornarem a próxima vítima. Recebem ameaças explícitas

ou veladas do tipo: “fique na sua, caso contrário a gente vai atrás de você.””

(Silva, 2010, P.45).

Quanto aos espectadores ativos, ela discorre que: “Estão inclusos nesse

grupo os alunos que, apesar de não participarem ativamente dos ataques

contra as vítimas, manifestam “apoio moral” aos agressores, com risadas e

palavras de incentivo.” (Silva, 2010, p.46).

Já os espectadores neutros são aqueles que por alguma razão cultural

ou social, decorrente da situação familiar em que vive, ou da visão de mundo

que lhe é dada, não se incomoda com as situações de bullying que presencia

ou tem conhecimento. (Silva, 2010).

Fica claro que independente da postura que toma, sendo ativo, passivo

ou neutro, o espectador tem sua parcela de responsabilidade sobre o bullying

ou o ciberbullying e precisa ser identificado e posteriormente orientado frente

sua submissão diante violências e insultos. O fato dele não tomar partido da

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vítima, tentando defendê-la, o leva a estar ao lado do agressor, e de certa

forma “tomando partido dele”. Não há possibilidade de enxergar os

espectadores, ou testemunhas, como não tendo uma parcela de culpa, uma

vez que suas risadas ou gritos de incentivo fortalecem o poder do agressor.

Assim como seu possível silêncio diante de atos violentos, legitima as

agressões e os agressores.

“Seja lá como for, os espectadores, em sua grande maioria, se omitem

em face aos ataques de bullying. Vale a pena ressaltar que a omissão, nesses

casos, também se configura em uma ação imoral e/ ou criminosa, tal qual a

omissão de socorro diante de uma vítima de acidente de trânsito. A omissão só

faz alimentar a impunidade e contribuir para o aumento da violência por parte

de quem a pratica, ajudando a fechar a ciranda perversa de atos de bullying.”

(Silva, 2010, p.46).

2.4. Identificando a vítima de bullying

A urgência em identificar a ocorrência de bullying, seus autores, vítimas

e espectadores, se dá diante das consequências catastróficas que esse ato

violento pode trazer a seus participantes, especialmente às vítimas.

Os agressores e os espectadores devem receber uma punição cabível

por sua participação no bullying, além de receber acompanhamento da família

e de profissionais especializados, como psicólogos e psicopedagogos, no que

se refere a seus momentos na escola.

Já as vítimas de bullying, como visto anteriormente, são o agente que

passa por mais transtornos e situações de sofrimento decorrentes das

humilhações públicas e violências sofridas em todo o fenômeno. Elas correm o

risco de sofrer uma série de transtornos e problemas de saúde, que podem

levar até ao suicídio. Portanto, encontrá-las é essencial para que sejam

garantidos seus direitos, saúde e paz.

“O bullying afeta seriamente suas vítimas, causando-lhes prejuízos

físicos, mentais, emocionais, sociais e espirituais, e costuma desencadear

suicídios e atos de violência.” ( Middelton-Moz; Zawadski, 2007, p. 125).

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“Estudos científicos evidenciam que, devido à grande série de violência

sofrida repetidamente por esses alunos, os prejuízos a longo prazo podem ser

irreparáveis.” (Teixeira, 2011, p. 55).

Sendo assim, é extremamente importante que haja harmonia na

dinâmica família-escola, para que com um trabalho em conjunto, consigam

identificar características de vítimas de bullying em seus filhos e alunos.

“Crianças e adolescentes vítimas de bullying podem apresentar insônia,

baixa autoestima, depressão e fobia escolar, um medo exagerado de

frenquentar a escola, que pode prejudicar os estudos.” (Teixeira, 2011, p. 56).

Segundo Silva (2010), uma boa alternativa para detectar a vítima é ter

um diálogo aberto e freqüente com as crianças e os jovens.

A família deve despertar em seus filhos a sensação de que são amados

e protegidos por ela. As crianças e jovens devem ter a certeza de que são

aceitos em seu círculo familiar, de forma que tenham abertura para dialogar

sobre seus sentimentos, frustrações, medos, angústias e alegrias. Deve o

ambiente familiar proporcionar momentos de conversa franca.

A partir dessa abertura será mais significativo para as vítimas de bullying

“colocarem para fora” tudo pelo que têm passado, ao invés de sofrerem

sozinhas, caladas, sufocando em suas próprias dores.

Ainda, a família deve estar atenta às mudanças de comportamento, de

apetite, isolamento, insônia, hematomas...

Já à escola, cabe a identificação da ocorrência de bullying e suas

vítimas, a partir da observação comportamental de seus alunos e seus

relacionamentos interpessoais. Fica claro que as vítimas de bullying tendem ao

isolamento, depressão, evitam trabalhos e atividades físicas em grupo, além de

desinteresse pelos estudos.

Segundo Fante e Pedra (2008), há fatores que são desencadeados nas

vítimas de bullying. Entre eles está o alto nível de estresse, baixa resistência

imunológica, anorexia, bulimia, obesidade, gastrite, úlcera, dores de cabeça,

tonturas, entre outros.

Assim, é muito importante que a dinâmica família-escola funcione. Desta

forma, perceberão aos sinais mais discretos que a criança ou o jovem pode

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transmitir, demonstrando que tem passado ou está passando por situações de

violência.

Mudanças repentinas de humor, isolamento dos demais alunos em

momentos em que deveria estar entrosado, como o recreio e em atividades

físicas ou trabalhos em grupo, é responsabilidade da escola.

A vítima também pode ser diagnosticada pelas faltas freqüentes e

perdas constantes de seu material.

Há também a possibilidade de serem encontrados ferimentos e

hematomas por seu corpo. Mudança acentuada de apetite também pode ser

causada pelo bullying e podem ser diagnosticadas em casa. Ainda em casa, as

vítimas sofrem fisicamente com enjôos e dores de cabeça quando se aproxima

a hora da entrada na escola. Tornam-se crianças ansiosa, tristes e

depressivas.

Geralmente as vítimas de bullying sofrem em silêncio, não explicitando

claramente aos olhos da família e dos agentes da escola que têm sofrido

qualquer tipo de violência.

Por isso, é importante que a escola e a família estejam em sintonia

quanto às particularidades de cada jovem e criança, para que seja possível

encontrar as vítimas de bullying, seus agressores e espectadores, no intuito de

exterminar qualquer ato violento e sanar o sofrimento das vítimas.

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CAPÍTULO III

INTERVENÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS SOBRE O

BULLYING

Neste capítulo trataremos sobre a interação necessária entre

psicopedagogo atuando na escola e com ela, família e alunos contra o bullying,

e como o primeiro pode intervir como facilitador de todo o processo antibullying

na escola, contribuindo para o bem estar das vítimas e a apuração das

responsabilidades dos agressores.

O fazer psicopedagógico é um conhecimento que vem somar no

cotidiano da escola, uma vez que o psicopedagogo atua a partir da intercessão

evidente que seu conhecimento faz entre a pedagogia e a psicopedagogia.

Assim, o psicopedagogo está não apenas interessado na dinâmica de ensino-

aprendizagem em si, mas também e especialmente, em todo o processo de

ensino-aprendizagem, em todas as questões que interferem na vida acadêmica

da criança e do jovem, não estando apenas focado no produto final, que seria o

sucesso ou o fracasso acadêmico do aluno.

“Cabe ao psicopedagogo inicialmente diferenciar as situações

facilitadoras/ dificultadoras pelas quais as pessoas passaram resgatando seu

processo (incluindo na história de vida a aprendizagem) Exemplo: Como

andou? Como falou? Como se adaptou à escola? Como reagiu frente às

tarefas escolares... Posteriormente identificar o quando e o porquê.” (Noffs,

2011).

Ele, o psicopedagogo, está na escola para auxiliar professores e demais

profissionais da educação a pensar novas práticas de aprendizagem e executá-

las, não apenas objetivando o presente, mas já promovendo situações que

colaborem com o trabalho futuro. Ele assessora situações em que outros

profissionais, como os professores, talvez não tenha condição de se envolver,

resolver ou trabalhar adequadamente, seja por falta de preparo, por falta de

tempo, ou excesso de conteúdo e atividades pedagógicas.

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Além disso, ele pode dar um suporte clínico dentro da escola, como é de

grande necessidade, em casos de bullying.

“O psicopedagogo pode atuar em diversas áreas, de forma preventiva e

terapêutica, para compreender os processos de desenvolvimento e das

aprendizagens humanas, recorrendo a várias estratégias objetivando se ocupar

dos problemas que podem surgir.

Numa linha preventiva, o psicopedagogo pode desempenhar uma prática

docente, envolvendo a preparação de profissionais da educação, ou atuar

dentro da própria escola. Na sua função preventiva, cabe ao psicopedagogo

detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem; participar da

dinâmica das relações da comunidade educativa a fim de favorecer o processo

de integração e troca; promover orientações metodológicas de acordo com as

características dos indivíduos e grupos; realizar processo de orientação

educacional, vocacional e ocupacional, tanto na forma individual quanto em

grupo.” (Feldmann, 2006).

Assim, diante das situações de violência e humilhação, unidas a uma

possível queda no desempenho acadêmico dos alunos envolvidos no bullying e

aos possíveis transtornos que podem sofrer em todos os aspectos de suas

vidas, é de extrema importância o apoio do psicopedagogo institucional. Seu

trabalho, unido a todo o material humano da instituição, será um trunfo

importante para o combate a esse mal.

“Cabe aos docentes observar os alunos e tentar identificar alguma

mudança, seja no comportamento ou no interesse pelas aulas.” ( Martins,

2010).

Um grande desafio que as instituições escolares precisam vencer é o de

diagnosticar a ocorrência de bullying.

Distinguir o que são brincadeiras e o que são atos de violência. O que,

muitas vezes, pode ser usados como argumentos pelos alunos envolvidos,

como sendo apenas casos em que as brincadeiras foram mal interpretadas ou

que foram apenas brincadeiras de mau gosto, deboches e não violência verbal

e moral.

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Não se deve menosprezar a força de destruição que o bullying pode

causar a uma vida.

Palavras e gestos que denigrem a imagem ou a auto-imagem de um

indivíduo, sejam elas quais forem e em que frequência ocorram, não podem ser

tratados como mera brincadeira de crianças ou entre jovens, pois

invariavelmente trará consequências maléficas às suas vítimas.

São feridas físicas ou psicológicas que demoram muito tempo para

cicatrizar, ou em alguns casos, nunca cicatrizam.

Além disso, o sentimento de impunidade dos agressores e dos

espectadores intensifica a dor e o desconforto das vítimas, podendo levá-las à

evasão escolar.

“No Brasil, o atraso em identificar e enfrentar o problema foi enorme.

Por aqui, o tema só começou a ser abordado junto á sociedade a partir de

2000[...]”

“A ação das escolas perante o assunto ainda está em fase embrionária.

A maioria absoluta não está preparada para identificar e enfrentar a violência

entre seus alunos ou entre os alunos e o corpo acadêmico. Essa situação se

deve a muito desconhecimento, muita omissão, muito comodismo e uma dose

considerável de negação da existência do fenômeno”. (Silva, 2010, p. 161-162)

Da mesma forma que a criação de novas políticas públicas, a atuação

do psicopedagogo é de extrema importância e urgência. Ele deve intervir em

todo o processo, seja ele ainda embrionário, ou já devastador. Fica a cargo

dele promover momentos e espaços de interação entre os alunos e o tema,

confrontando ideias e comportamentos, para que auxilie, em sua prática, na

formação de uma consciência cidadã de respeito e cuidado com uns com os

outros.

“O termo intervir significa vir entre, de forma a impedir ou alterar um

curso de eventos. Confrontar uma questão é apresentar um problema de forma

que seja difícil não assumir a responsabilidade pela situação. As intervenções

devem ser planejadas com cuidado, e as confrontações, firmes, sensíveis e

específicas.” ( Middelton-Moz; Zawadski, 2007).

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O psicopedagogo institucional deve atuar na prevenção e na erradicação

de tantos problemas que assombram o universo escolar, assim como no caso

do bullying, proporcionando um tratamento adequado aos agressores e

espectadores e favorecendo a recuperação das vítimas, minimizando seu

sofrimento.

3.1. O psicopedagogo e a prevenção do bullying

“Para começar a virar esse jogo, as escolas devem, inicialmente,

reconhecer a existência do bullying (em suas diversas formas) e tomar

consciência dos prejuízos que ele pode trazer para o desenvolvimento

socioeducacional e para a estruturação da personalidade de seus estudantes.

Bullying é um fato e não dá mais pra botar panos quentes nas evidências”.

(Silva, 2010, p. 162).

“A supervalorização da cognição tornou as relações interpessoais,

esteriotipadas e padronizadas sem espaço para incluir aquilo que não consta

do conteúdo programático ou aquele que seja fora do padrão determinado pelo

grupo”.(Chalita, 2008, p. 190).

A partir do texto acima é possível compreender a necessidade da

atuação de um psicopedagogo na instituição escolar.

Sendo o psicopedagogo um facilitador entre o fazer pedagógico e as

questões psicossociais que habitam a escola, cabe ao psicopedagogo

apresentar a todo corpo acadêmico, demais funcionários, família e comunidade

ao redor a existência do bullying, suas peculiaridades e dimensões

destruidoras.

“O primeiro passo para se obter sucesso na implantação de um

programa antibullying na escola é um trabalho psicoeducacional. Esse trabalho

consiste em oferecer informação sobre o comportamento bullying aos pais,

professores e demais profissionais da escola, incluindo todos os funcionários,

como o pessoal da limpeza, da segurança, da cozinha, dentre outros.”

(Teixeira, 2011, p. 71).

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“A comunidade educativa precisa ser tocada, seduzida por um projeto

que deve focar o fortalecimento das relações e não o fim da violência. A

violência não tem espaço próprio. Ela só ocupa os ambientes que a amizade

não ocupou. Logo, o cultivo das relações faz que ela deixe de existir.” (Chalita,

2008, p. 197).

Isso pode ocorrer com a promoção de palestras com especialistas ou

estudos em formações continuadas. Entrega de materiais informativos também

podem ser usados.

A promoção da comunicação e do diálogo entre professores e alunos e

alunos e pais é também de extrema importância, pois daí surge o sentimento

de amizade, companheirismo, sinceridade e proximidade entre.

“A comunicação é o elemento humanizador que aproxima as pessoas,

cria identificação e cumplicidade, clarifica as semelhanças e esclarece as

diferenças. Por meio do diálogo as pessoas aprendem sobre as outras.

Aprendem a compreender e a ser compreendida, a confiar e se tornar

confiáveis. A escola precisa de professores e alunos confiáveis.” (Chalita, 2008,

p. 191).

Após a implantação um trabalho que envolva diálogo e comunicação

entre os alunos sua família e a escola, é possível dar início a um projeto

antibullying que envolva os alunos e a comunidade a que fazem parte. Esse

projeto não precisa ter data de encerramento, apenas data de início. Sua

duração pode ser o ano inteiro.

De acordo com Teixeira (2011), esse trabalho deve abranger palestras

com os pais, com os alunos, reuniões periódicas entre o corpo docente e a

coordenação pedagógica, para momentos de discussão sobre a evolução do

projeto, e ainda a confecção de uma “Constituição Antibullying”, entre outras

alternativas.

É necessário que seja realizado um trabalho específico com os alunos,

de todas as faixas etárias. O primeiro passo deve tratar a auto-aceitação e a

auto-imagem.

Os alunos devem ser levados a acreditar em seu potencial e suas

qualidades, tendo em vista que há e sempre haverá diferenças entre um

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indivíduo e outro. Os ambientes escolares, envolvendo suas atividades

curriculares e extracurriculares e seus profissionais, devem atuar de acordo

com seu discurso. Eles devem demonstrar com seus respeito e amor que cada

aluno tem seu valor.

“Assim como os adultos, as crianças e os jovens também reagem de

acordo com os estímulos, as oportunidades e atenção recebida. Quando

recebem tratamento digno, reagem com dignidade. Quando ocorre o contrário,

é provável que por despeito, tenham vontade de desobedecer, de burlar as

ordens, de transgredir as regras, de agredir, de sumir ou de fazer sumir alguém

que os desumaniza, que os desvaloriza e que os faz sentir-se uma pessoa

inadequada.” ( Chalita, 2008, p. 192).

É importante também, que no ambiente escolar haja um trabalho de

tolerância diante das diferenças apresentadas por cada indivíduo. Ao se darem

conta que têm um valor especial, os alunos devem ser levados à percepção de

que é necessário respeitar aos outros, respeitando-se assim as características

de cada um, além das suas próprias. O respeito com a imagem dos colegas e

com a própria imagem é muito importante no trabalho antibullying.

É necessário que o psicopedagogo auxilie os alunos a chegarem à

compreensão de que as diferenças não devem servir para segregá-los, ao

contrário, devem ser motivo para uni-los. Unir os diferentes na intenção de que

haja um complemento, e que no convívio diário com seus diferentes, eles

podem ganhar, aprendendo novas culturas, ou lidando com outras formas de

pensar, crescendo psicossocialmente e se complementando.

Também é necessário levá-los à compreensão de que cada indivíduo é

um ser único e que tem direito a possuir características e escolhas próprias.

Esse ponto é fundamental para que não sejam formados os bullies, uma vez

que para eles, não existe respeito nem tolerância para quem é diferente.

“[Na educação] É preciso cuidar dos princípios, das pessoas e dos

sentimentos das pessoas”.(Chalita, 2008, p. 194).

Todo o trabalho do psicopedagogo na instituição escolar deve ser

realizado com espaço para diálogo. É importante que os alunos falem, sejam

ouvidos e compreendidos. Assim, o psicopedagogo conquistará entre os jovens

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abertura e atenção para fazer intervenções e auxiliá-los a definirem condutas e

posturas de respeito e cuidado com o outro e aceitação de si mesmos.

Outra forma interessante de abordar o bullying nas escolas, tanto no

intuito de prevenção, quanto no de combate, é trabalhar com peças teatrais

sobre o assunto, sendo os jovens ou as crianças colocados nos papéis de

mocinhos e bandidos, isto é, de vítimas e agressores, alternadamente, para

que, ao se colocarem no lugar do outro, percebam e sintam o alcance

destrutivo do bullying.

“É importante salientar que essas dinâmicas devem ser realizadas com

muito cuidado para que não causem constrangimentos aos seus participantes.

Os profissionais responsáveis pela aplicação das vivências devem ter o

preparo adequado, dominar a técnica, e exercer controle sobre o grupo, a fim

de evitar que tais atividades sejam utilizadas de forma indevida para a prática

do próprio bullying”.(Silva, 2010, p. 164).

É papel também do psicopedagogo, na intenção de prevenir o bullying,

instruir os alunos quanto ao uso adequado das tecnologias a que têm acesso.

Auxiliá-los no uso coerente e positivo da internet, celulares, máquinas

fotográficas ou filmadoras.

Os alunos devem ser conscientizados que é importante manter certa

discrição ao usarem a tecnologia, para que não sejam alvos fáceis de possíveis

agressores.

“O aluno deve estar ciente da necessidade de limitar a divulgação de

dados pessoais nos sites de relacionamentos, o tempo de uso do computador e

os conteúdos acessados. Quanto menos exposição da intimidade e menor o

número de relações virtuais, mais seguro ele estará.” (Santomauro, 2010, p.

72).

É também muito importante para a prevenção do bullying, que outras

instituições que compõem a sociedade sejam parceiras da escola.

Família, instituições religiosas, conselhos tutelares, delegacia da criança

e do adolescente, vara da infância e da juventude são algumas delas.

O trabalho deve ser em conjunto, uma vez que todos formam a

sociedade em que os alunos estão inseridos.

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Poderá haver situações de bullying em que o psicopedagogo deverá

instruir a escola, na figura do diretor, a encaminhar o caso ao conselho tutelar

ou a outro órgão competente. Também poderá solicitar, por meio de projetos,

que a família e as instituições religiosas apóiem tanto na prevenção quanto na

eliminação do bullying entre os jovens e as crianças.

O tema deve ser debatido e compreendido por todos como de grande

importância e periculosidade.

O bullying deve ser conhecido por toda a sociedade, para que seja

reconhecido e tratado com a seriedade que necessita quando ocorrer.

Outra frente de trabalho muito importante a ser realizado com a família

na prevenção do bullying, tanto do sujeito ser uma possível vítima, quanto um

possível agressor, é a demonstração de amor e afeto.

“A opinião comum de diversos especialistas no assunto é que os pais

devem procurar elevar a autoestima de seus filhos, ressaltando sempre suas

qualidades e capacidades.” ( Martins, 2010).

Unida a essas atitudes deve estar a imposição de limites às crianças e

jovens.

Desde muito cedo, já na fase de educação infantil, é necessário ensinar

às crianças valores como respeito às pessoas e às suas diferenças, sejam elas

diferenças de credo, etnia, ou até de temperamento.

Sendo esse trabalho realizado ou não nos primeiros anos escolares das

crianças, o psicopedagogo deve ainda assim tratar esses temas com os jovens.

Aprender a lidar e aceitar quem é diferente é um grande desafio para a

juventude de hoje, diante dos conceitos que a mídia em geral traz sobre que

tipo físico é bonito e que realmente deve ser aceito, ou de que situação

financeira deve-se ter orgulho ou vergonha. Que orientação sexual é digna de

respeito e qual deve ser caçoada, são alguns pontos importantes tratados pela

mídia muitas vezes de forma errada, impondo seus próprios conceitos.

Pode-se notar que é essa mesma atitude que os agressores do bullying

pretendem fazer, ao seu modo.

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É então, muito importante também deixar as famílias que compõem a

escola a par do bullying, fazê-las conhecê-lo, sendo ele já uma realidade no

ambiente escolar ou não.

Dessa forma, as famílias poderão tornar-se grandes aliadas da escola a

partir do momento em que passa a ter conhecimentos que as auxiliem a

identificar o fenômeno e seus agentes, podendo preveni-lo já dentro de casa.

Impor limites, regras, e até levar novos conceitos ao relacionamento

interpessoal dos alunos é também uma atitude esperada ao psicopedagogo.

3.2. Como o psicopedagogo pode tratar a ocorrência de bullying na

escola

Talvez por não ter sido feito um trabalho como o descrito nos parágrafos

anteriores para a prevenção do bullying, ou até após o trabalho ter sido feito, o

bullying pode persistir nas instituições escolares.

Mesmo após o psicopedagogo ter instruído os profissionais da escola

sobre o bullying, após o assunto ter sido exposto às famílias, tratado em sala

de aula e em outros espaços escolares, por professores e por ele próprio - o

psicopedagogo - e pela sociedade em geral, alguns indivíduos podem insistir

em perpetuar a prática criminosa e violenta de discriminar e deteriorar quem

não se encaixa em seus padrões.

É importante agora, que sejam identificados cada um dos agentes do

bullying; o agressor, os espectadores e a vítimas. Além disso, deve-se ter

conhecimento de que tipo de violência a vítima foi exposta. Se foi humilhação,

ciberbullying, e/ ou violência física, ou uma série de situações.

Tendo ciência dos fatos e seus autores, cabe agora á escola, tomar as

providências necessárias.

Os espectadores do espetáculo violento de bullying, sejam eles

observadores reais ou virtuais, incentivadores, ou neutros, devem também ser

orientados. Eles precisam receber uma atenção especial, pois muitas vezes

foram omissos por medo de se tornarem também vítimas. Mas, ainda assim, os

alunos que estiveram envolvidos como platéia devem entender que foram

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responsáveis pelo sofrimento da vítima, uma vez que nada fizeram em seu

socorro.

Quanto ao agressor, é necessário que ele passe por um enfrentamento.

“É importante confrontá-los com fatos concretos, seguidos de

consequências específicas. Ameaçar sem consequências, chorar ou discutir o

problema não são eficazes e podem até se transformar em desafios.

Discussões racionais com pessoas irracionais não funciona.”

(Middelton-Moz; Zawadski, 2007, p. 126).

“Identificados os indícios, é hora de conversar com a vítima e o agressor

em particular – para que não sejam expostos. A escola não pode legitimar a

atuação do agressor nem puni-lo com sansões não relacionadas ao mal que

causou, como proibi-lo de freqüentar o intervalo. Se xingou os colegas em um

site de relacionamentos, precisa retira o que disse, no mesmo meio para que a

retratação seja pública. A vítima precisa estar fortalecida e segura de que não

será mais prejudicada. Ao mesmo tempo o foco deve se voltar para a

recuperação de valores essenciais, como respeito.

“Nas situações mais extremas, é possível levar o problema a delegacias

especializadas a crimes digitais [...].” (Santomauro, 2010, p. 72)

É necessário mostrar ao bullie ou agressor, que ele foi descoberto, e que

terá que sofrer as consequências por seus atos.

“Não espere que os bullies sejam honestos quando confrontados pela

primeira vez. Se aceitarem integralmente que pode haver consequências sérias

por seu comportamento, poderão começar a lentamente a ser honestos

consigo mesmos, e então, com os outros.” (Middelton-Moz; Zawadski, 2007, p.

128).

Os agressores, não sendo descobertos e devidamente punidos e

orientados, podem continuar com sua atitude mesmo com o passar dos anos.

Assim discorre Teixeira (2011) sobre o assunto:

“[...] Os bullies acreditam que nunca serão punidos por seus atos, e isso

é algo a que professores, diretores e coordenadores pedagógicos devem estar

atentos. Uma vez que esses agressores acreditam que, por pior que sejam

essas atitudes, jamais ocorrerá uma punição escolar.” (Teixeira, 2011, p. 32).

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Deve ser dada então, uma atenção especial á vítima, visto que é a mais

prejudicada e pode estar vivenciando alguns efeitos negativos do bullying,

como problemas alimentares e de relacionamento, por exemplo.

Ela deve se sentir segura, agora que foi descoberta como sofredora de

maus tratos por colegas, como uma vítima de bullying, para que não corra o

risco de continuar sendo vítima de violência, agora por parte de outro agressor.

Assim, ela deve receber apoio de sua família. Caso a família não tenha

sido previamente informada da situação, ou ocorrendo dela desconhecer a

vilania do bullying, deve ser posta a par de todos os acontecimentos, pelo

psicopedagogo.

E agora, a vítima e sua família devem receber instrução e apoio

psicopedagógico na escola, para que unidos, consigam sanar todo o mal que a

criança ou o jovem sofreu.

“A fim de parar o bullying e a violência no mundo de hoje, [...]

precisamos aprender a reconhecer o bullying e mostrar a seus perpretadores

que não estamos dispostos a aceitar seu abuso nem a permitir que outros

sejam vitimizados por eles em nossa presença. Precisamos respeitar a nós

mesmos e aos bullies o suficiente para esperar que eles possam encontrar

coragem e enfrentar seu sofrimento, acabando por fazer as escolhas

necessárias para mudar seu comportamento.” ( Middelton-Moz; Zawadski,

2007, p. 126).

Atualmente ainda não há no Brasil uma lei específica que trate do

bullying e do ciberbullying, porém, ainda assim, dependendo da gravidade de

um desses fenômenos violentos, o agressor pode ser encaminhado a

delegacias especializadas, como já foi dito anteriormente.

E dependendo do fator da agressão, e sofrimento causado, da falta de

apoio por parte da família às solicitações da escola em instruir o indivíduo que

comete bullying, ou da insistência do agressor em permanecer com suas

investidas contra sua vítima, e ainda, desconsiderando todo o processo de

ensino ocasionado e o espaço para diálogo que a escola forneceu a ele sobre

o assunto, tanto na fase de prevenção ao bullying, quanto na faze de

repressão, cabe então à escola, junto ao psicopedagogo, trabalhar ideia de

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encaminhá-lo às instituições competentes, como conselho tutelar ou delegacias

especializadas. Esse seria um ato extremo.

E para encerrar esse capítulo, é interessante lembrar que o ambiente

escolar é primeiramente um espaço de troca de conhecimentos, de

aprendizagem, de descobertas e de criatividade. E os alunos o vêm como um

espaço também para mostrar sua identidade, ou para criá-la. Assim, devem se

“sentir em casa” quando estiverem desfrutando de todo o espaço físico escolar.

Por isso também é inaceitável que crianças e jovens tornem esse local um

espaço para o sofrimento e a violência.

“É o desejo de todos (pais e professores) que a dinâmica escolar

favoreça a edificação de um ambiente seguro e saudável, não admitindo que

crianças e jovens sofram violências que lhes tragam danos físicos e/ ou

psicológicos, impedindo-os de desenvolver seu potencial intelectual e social.

Também não é admissível que, mesmo quando não sofrem ameaças, sejam

obrigados a testemunhar tais fatos e a se calar para não serem os próximos a

sofrer agressões, ou o que seria ainda mais desastroso, comecem a adotar

comportamento igualmente agressivo.” ( Chalita, 2008, p. 200).

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CONCLUSÃO

Tanto a escola quanto a família e a sociedade em geral estão

atualmente, à margem do conhecimento integral do que é bullying e quais são

suas consequências, visto que, apesar de ocorrer já há muitos anos, há pouco

tempo está recebendo a atenção e os cuidados devidos.

Por isso, é visível a falta de preparo em lidar com o assunto, que por

vezes é visto como brincadeira despretensiosa mal interpretada.

Esquece-se, neste caso, que diminuir o outro e não respeitá-lo em suas

peculiaridades não tem nada de despretensioso.

Essa falta de preparo pode levar as vítimas a serem interpretadas

como sensíveis demais e necessitadas de possuir mais malícia para entender e

participar da “brincadeira”, não recebendo o tratamento e os cuidados

necessários para vencer ou diminuir seu sofrimento. Ou, pode tentar colocar

em prática o velho ditado popular que diz que não se deve levar desaforo para

casa, e a partir daí, violência gera violência.

Nesses casos não é entendido o sofrimento das vítimas como legítimos

e reais. Ao contrário, leva-se em conta que legítimo é o direito dos agressores

de se divertirem na agressão que impõem ao outro. Ou até chega-se a culpar a

própria vítima, já que a aparência dela é mesmo o que dizem, ou que sua

condição financeira é a mesma de que debocham... E em um momento de

fragilidade ela é levada a acreditar que merece todo o sofrimento pelo que está

passando.

Por isso, cabe ao psicopedagogo a tarefa de instruir e desmistificar a

cerca do bullying diante da sociedade.

Fica a cargo dele atuar sobre o bullying frente à demanda de

conhecimento necessário à escola, à família e à sociedade. Certo de que

possui preparo para tratar tanto no que diz respeito a parte pedagógica quanto

a parte psicológica do tema, suas vertentes e consequências.

Contudo, não se deve entender esse trabalho do psicopedagogo

institucional como redentor.

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O psicopedagogo atuará enquanto agente educacional, auxiliador das

questões escolares. Não pode ser imposto sobre ele a nobre, porém penosa

tarefa de solucionar todos os problemas da escola, incluindo o bullying.

Que não seja imposto a ele plenamente a responsabilidade sobre os

objetivos não alcançados, como a não erradicação do bullying em sua

instituição de atuação, uma vez que nesse caso específico, o psicopedagogo é

apenas um agente facilitador, auxiliador no processo. Ele precisa de outros

agentes que lhe dêem apoio, como professores, diretores, pedagogos,

funcionários em geral e especialmente das famílias que constituem a escola.

A escola sendo uma sociedade que possui uma cultura própria necessita

do apoio de todos que fazem parte dela, para que as barreiras sejam

transpostas e os alvos sejam alcançados.

A cultura do bullying precisa ser inicialmente diminuída, vislumbrando a

realidade de que é um ato de violência, seja ela física ou moral, e que é

geradora de extremo sofrimento e angústia às vítimas.

Então, posteriormente deve ser erradicada do meio escolar, permitindo

que a escola volte a ser um ambiente de aprendizagem. Aprendizagem essa

não somente de disciplinas curriculares, mas também lições de cidadania,

respeito e amor, criando assim, cidadãos conscientes na sociedade em que

vivem, atuantes para o bem estar de todos, seja dentro ou fora da escola.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo I. Ocorrência de Bullying nas Regiões Brasileiras ................................42

Anexo II. Ocorrência de Bullying nas Séries do Ensino Fundamental 2 ..........43

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ANEXO 1

Ocorrência de bullying nas regiões brasileiras

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ANEXO 2

Ocorrência de bullying no Ensino Fundamental 2

*Fonte:

http://arquivo.campanhaeducacao.org.br/semana/2011/pesquisa_plan_resumo.pdf

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Teixeira, Dr.Gustavo. Manual Antibullying para Alunos, Pais e Professores. Rio

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