76
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA PROF. TSUNESSABURO MAKIGUTI E SUAS CONTRIBUIÇÕES PEDAGÓGICAS Por: Linda Izumi Shimota Orientador Profª. Solange Monteiro Niterói 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Para a grande desilusão de Makiguti, os tradicionalistas, elevados por uma crescente onda de nacionalismo e militarização, triunfaram

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

PROF. TSUNESSABURO MAKIGUTI

E SUAS CONTRIBUIÇÕES PEDAGÓGICAS

Por: Linda Izumi Shimota

Orientador

Profª. Solange Monteiro

Niterói

2013

DOCU

MENTO

PRO

TEGID

O PEL

A LE

I DE D

IREIT

O AUTO

RAL

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

PROF. TSUNESSABURO MAKIGUTI

E SUAS CONTRIBUIÇÕES PEDAGÓGICAS

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Psicopedagogia

Institucional.

Por: Linda Izumi Shimota

Niterói

2013

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos professores da AVM Faculdade

Integrada pelo acompanhamento e orientação na

conclusão deste curso.

4

DEDICATÓRIA

Dedico essa Monografia aos meus pais e

irmão, por sempre me amarem e me

protegerem; ao meu marido, por me apoiar e

incentivar nesta jornada acadêmica; aos

familiares e amigos, pela torcida na conclusão

deste curso; e ao meu Mestre Daisaku Ikeda,

por ter tornado realidade todas as

idealizações de seus antecessores e por

também confiar a continuidade desta jornada

a seus sucessores.

5

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo apresentar à comunidade educacional brasileira um pouco sobre a vida e o legado deste grande Mestre japonês Tsunessaburo Makiguti, cujas ideias inovadoras, mesmo após 68 anos de seu falecimento, ainda contribuem para a melhoria do ensino escolar, e principalmente, no desenvolvimento feliz e saudável de cada criança, cujo resultado interfere diretamente na edificação de uma sociedade mais humana, digna e respeitável.

6

METODOLOGIA

A metodologia desenvolvida nesse trabalho foi a bibliográfica,

através de conteúdos recolhidos em revistas, publicações e livros, em especial

da Soka Gakkai, para fundamentar a realização desse trabalho.

7

“Todas as puras forças das benções causadas pela humanidade não são dádivas de habilidade nem do acaso. Elas se encontram na natureza interior de todos os seres humanos, junto com outras qualidades inerentes. O desenvolvimento dessas forças é a necessidade comum de toda a humanidade.”

Johann Heinrich Pestalozzi

8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I

PROFESSOR TSUNESSABURO MAKIGUTI 13

CAPÍTULO II

PENSAMENTOS DO PROFESSOR MAKIGUTI 25

CAPÍTULO III

CONTRIBUIÇÕES DO SISTEMA EDUCACIONAL SOKA NO MUNDO E NO

BRASIL 41

CONCLUSÃO 52

BIBLIOGRAFIA 55

ÍNDICE 58

ANEXOS 60

9

INTRODUÇÃO

Neste conturbado início do século XXI, em que os valores morais

estão esquecidos, as dificuldades enfrentadas por nossas crianças são

causadas pelo declínio da função educativa da sociedade como um todo,

fenômeno que reflete a deterioração da ética da sociedade adulta.

Analisando o curso das políticas educacionais, percebe-se que elas

nem sequer se aproximaram de algo que reflita a busca da felicidade dos

alunos. A ausência desta questão, fez-me refletir sobre o real propósito da

Educação, cuja influência pode ser canalizada tanto para o lado positivo, como

também para o lado destrutivo.

Particularmente, minha vida escolar não foi nada positiva. Apesar de

ter crescido estudando em uma escola particular (pois minha mãe expôs nossa

dificuldade financeira à Diretora da escola, conseguindo assim, uma bolsa de

estudo para os filhos), fiquei bastante indignada quando percebi que havia sido

‘iludida’ ao longo desses longos anos de estudo (educação infantil, mais ensino

fundamental I e II e mais ensino médio na mesma escola), pois somente

depois (já em um curso pré-vestibular renomado), constatei que a qualidade de

ensino da escola onde estudei era fraquíssima. Além desta constatação, o que

me deixou ainda mais indignada foi quando percebi que, somente os alunos

que possuem melhor poder aquisitivo conseguem acesso a uma educação de

‘qualidade’. Toda essa indignação influenciou na escolha da minha formação

acadêmica, pois busquei aprimorar-me na área Educacional, para assim,

transformar esta triste e INJUSTA realidade da educação brasileira.

Foi na Teoria do Valor do Prof. Makiguti que encontrei o

pensamento que valoriza o aluno. O espírito e ponto primordial do ‘Sistema

10

Educacional de Criação de Valor’ de Makiguti é prezar os alunos pensando na

sua felicidade no futuro. Não é uma educação para atender aos interesses do

Estado, das empresas ou de alguma instituição religiosa. O objetivo da

Educação de Criação de Valor (Humano) é o de servir para a felicidade das

pessoas e da sociedade e para a paz da humanidade.

De acordo com a proposta educacional apresentada pelo Educador

japonês Tsunessaburo Makiguti, o significado da vida humana reside na

Criação de Valores. O propósito da vida é adquirir a felicidade, que ele definia

como sendo o estado em que a pessoa pode plenamente ‘criar valor’. Apesar

desta sua grande percepção, a vida de Makiguti não foi nada tranqüila.

Makiguti iniciou sua carreira como educador numa época de

grandes debates sobre a direção do novo Japão, em que se discutia o papel

social e a responsabilidade da educação. Os tradicionalistas e os

confucionistas de sua época sustentavam que a fidelidade e a obediência eram

virtudes primárias que deveriam ser dogmatizadas nos indivíduos. Para a

grande desilusão de Makiguti, os tradicionalistas, elevados por uma crescente

onda de nacionalismo e militarização, triunfaram e dominaram o tratado

educacional japonês até o final da Segunda Guerra Mundial.

Makiguti foi um homem a frente de seu tempo. Suas ideias são

consideradas tão revolucionárias quanto as do educador americano John

Dewey (1859-1952). Porém, enquanto Dewey era tido como um renomado

educador, influenciando também outros importantes pensadores, o trabalho e

a teoria de Makiguti eram rejeitados e humilhados, exercendo pouca influência

na educação japonesa enquanto viveu.

Pode-se relacionar três razões que contribuíram para o seu

anonimato; o primeiro seria que, na época em que viveu, a cultura e os

pensamentos orientais não serem valorizados tanto quanto as do ocidente; o

segundo, foi a própria barreira do idioma, não facilitando o seu pensamento

exercer influências fora do Japão; e o terceiro, é entender que para a época e

11

contexto em que viveu, suas ideias serem inovadoras e não compreensíveis

para os pensadores de seu período. Contudo, hoje, sua teoria é considerada

bastante atual, pois aborda tópicos ainda presentes no cotidiano escolar, como

a falência do método da memorização, desenvolvimento e capacitação da

criatividade inata de cada aluno.

Por falta de credenciais acadêmicas respeitáveis, e sempre atacar

consistente e abertamente bradando por uma reforma do sistema escolar,

Makiguti sempre era tido como um intruso na área educacional japonesa.

Entretanto, ele jamais se abalou e continuou dedicando sua vida à educação

para a ‘Criação de Valores (Humanos)’.

E assim, em 1930, Makiguti fundou a Sociedade Educacional de

Criação de Valores (Soka Kyoiku Gakkai). Atualmente, Daisaku Ikeda a frente

desta instituição, vem tornando realidade todos os sonhos de Makiguti. Ao

assumir a presidência da Soka Gakkai Internacional, Ikeda empenhou

sucessivos esforços para colocar em prática a educação humanística

defendida por Makiguti. O sistema educacional Soka (em português ‘SOKA’

significa ‘Criação de Valores (Humanos)’ ), que hoje abrange desde a pré-

escola até o nível universitário, foi criado como uma grande homenagem aos

grandes mestres fundadores da Soka Gakkai e para dar oportunidade de

vivenciar na prática a educação para a ‘Criação de Valor (Humano)’.

Este trabalho está estruturado em três capítulos. No primeiro,

introduzo a vida de Tsunessaburo Makiguti. No segundo capítulo, apresento as

teorias pensadas pelo prof. Makiguti, apresentando o seu livro Geografia da

Vida Humana, a Teoria do Valor, e qual o real objetivo da Educação: a

Felicidade da Criança. E no último capítulo, trago as contribuições do Sistema

Educacional Soka para a sociedade brasileira e mundial.

Qual o valor das teorias desenvolvidas pelo Educador Makiguti?

Trata-se de um grande educador da humanidade, ou, como muitos educadores

de sua época o classificaram, trata-se apenas de um professor escolar

12

insignificante com ideias “estranhas”? A filosofia educacional e pedagógica de

Makiguti possuem realmente contribuições da Teoria do Valor para os

educadores modernos? Segundo Dayle M. Bethel1, pesquisador da vida e da

filosofia educacional de Makiguti, o trabalho do Prof. Makiguti contém

importantes e valiosos apontamentos para os dias de hoje, merecendo grande

reconhecimento como um dos maiores pensadores da educação2.

Apesar de algumas críticas à Makiguti, o que pode-se destacar de

valor não são apenas os seus conceitos de valor, como a ‘criação de valor’,

mas também a importância da comunidade e a responsabilidade que a

sociedade exerce para que os indivíduos tornem-se ‘criadores de valor’. O

mérito do trabalho de Makiguti está na confirmação de que, apesar de ele ter

pertencido a uma distinta cultura, ele foi capaz de defender e lutar pela

educação baseada na liberdade, e não apenas na ‘transmissão de

conhecimento’.

Hoje, sua teoria e seu valor estão sendo reconhecidos

mundialmente – exatamente em 192 países e territórios do mundo – através da

Soka Gakkai, organização que foi herdada pelos sucessores de Makiguti

(Jossei Toda e Daisaku Ikeda), expandindo o legado de Makiguti, de respeito,

dignidade e valor contido em cada aluno, em cada ser humano.

Na história da educação japonesa, Makiguti ficou conhecido apenas

como um “explicador”, ou então, como “aquele que trouxe problemas”.

Entretanto, apesar de toda esta sua “fama” e anonimato, hoje, Makiguti é

considerado como um dos maiores educadores do século XX.

1 Bethel é professor de educação e antropologia no International University Learning Center em Osaka, Japão. 2 BETHEL, 1973.

13

CAPÍTULO I

PROFESSOR TSUNESSABURO MAKIGUTI 3

O objetivo da educação é preparar as crianças para se tornarem células responsáveis e saudáveis no organismo social, a fim de contribuírem para a felicidade da sociedade e, com isto, encontrarem sentido, propósito e felicidade em suas vidas. (MAKIGUTI, 1994, p. 39)

Tsunessaburo Makiguti (1871-1944) foi um homem a frente de seu

tempo. Ele propôs uma reforma educacional tão revolucionária como as

avançadas teorias do educador americano John Dewey (1859-1952). Criador

da Teoria do Valor, Makiguti percebeu que uma das principais razões da vida é

a criação de valor, propondo este mesmo princípio à Educação.

No ocidente, temas em torno da Educação Dialética e Educação

Dialógica eram comumente discutidos, todavia, no oriente do início do século

XIX, Makiguti chegou a estas conclusões sozinho, dentro de uma estrutura

educacional militar japonesa, cujo objetivo era treinar as crianças para serem

obedientes, não livres e não iguais. Este autor, há mais de 100 anos, já

abordava temas que hoje são considerados ‘modernos’.

Sua vida foi marcada por sucessões de tragédias pessoais,

incluindo a morte de quatro filhos seus. Outro fator marcante foi o ambiente

político e cultural no qual ele viveu como educador. E para “piorar”, depois de

dedicar mais de 40 anos de sua vida tentando trazer mudanças no arcaico

sistema educacional japonês, ele teve que encarar a dura realidade de que

perdera esta batalha. Seus esforços para humanizar o sistema educacional

3 No anexo foto de Makiguti.

14

foram dissipados tanto pela rígida cultura como também pelo crescimento do

domínio militar na nação japonesa.

Em seguida, será apresentado mais aspectos de sua vida, como

também seus pensamentos.

1.1 Vida de Makiguti

Tsunessaburo Makiguti nasceu em 6 de junho de 1871, numa

distante vila pesqueira à noroeste do Japão. Com apenas três anos de idade,

já havia sofrido duas tentativas de suicídio: primeiramente, foi com seu pai; e a

outra com sua mãe, que se jogou do alto de um penhasco com o pequeno

Tsunessaburo no colo. Após a tentativa frustrada de suicídio, sua mãe o

abandona com uma tia, sendo este o último contato dele com a mãe. Com

quinze anos de idade, devido à extrema pobreza da família, passou a viver

com uma outra tia e precisou abandonar os estudos após concluir o ensino

fundamental. Começou a trabalhar no departamento de polícia local, onde

impressionou a todos com seu excelente desempenho no trabalho, sua paixão

pelos estudos e seu talento inato para o ensino; e então, um grupo de pessoas

que trabalhava com ele, juntou uma certa quantia em dinheiro para que ele

pudesse cursar a Escola Normal. Nesta época de estudante da escola normal,

foi submetido a uma rigorosa disciplina para que se tornasse um educador

obediente.

Depois de formado, aos 22 anos, começou a trabalhar como

professor supervisor na escola primária vinculada à escola normal. Neste

período que Makiguti dava seus primeiros passos como educador, o Japão

realizava significativas mudanças na política governamental, definindo,

inclusive, o papel social e a responsabilidade da Educação. A política nacional

tornava-se cada vez mais militarizada, como afirmava o slogan da época

15

“riqueza nacional e poderio militar – o caminho da expansão”, e buscava criar

cada vez mais cidadãos fiéis e obedientes, para que estes se tornassem cegos

e não questionassem o Governo. Entretanto, sem se deixar influenciar,

Makiguti foi um professor que sempre se preocupou com o bem-estar de seus

alunos, ajudando inclusive aqueles que não possuíam recursos, com lanches

que preparava e oferecia com o seu próprio recurso (limitado).

Makiguti era totalmente contra os tradicionalistas e confucionistas de

sua época, defendendo abertamente a liberdade e os direitos do indivíduo.

Esta sua postura de discordar frequente e publicamente a burocracia

educacional implementada pelo Ministério da Educação, logicamente, o fez

encontrar muitos inimigos poderosos. Um destes, em 1901, obrigou Makiguti a

abandonar seu cargo numa escola, devido a um incidente associado à sua

“ruptura disciplinar”, pois Makiguti recusou-se a conceder tratamento especial,

muito comum na época, aos alunos de famílias ricas e influentes. Muitos pais e

colegas professores questionaram sua transferência. Makiguti só aceitou ir

para a outra escola, se as autoridades realizassem reformas no pátio escolar

da escola para onde estava sendo designado. Em todas as suas atitudes,

Makiguti demonstrava seu espírito nobre e abnegado.

Apesar das sucessivas dificuldades financeiras, que ele e sua

família em crescimento passaram a enfrentar devido a estas perseguições, em

1903, Makiguti conseguiu produzir seu primeiro livro "Geografia da Vida

Humana", onde já trazia a consciência de cidadania global, estando à frente de

seu tempo, ao contrário da elite intelectual da época, que apoiava as ações

militares do governo japonês, que resultou na participação do Japão em mais

uma guerra, eclodindo a Guerra Russo-Japonesa.

Em 1913, Makiguti conseguiu assumir a função de diretor de uma

escola de ensino fundamental em Tóquio – Capital do país –, onde

permaneceu neste cargo aproximadamente por vinte anos, tornando a

instituição que dirigia uma das mais notáveis escolas públicas da cidade.

16

Em 1928, aos 57 anos de idade, Makiguti converteu-se ao Budismo

de Nitiren Daishonin4, juntamente com seu jovem discípulo e também educador

Jossei Toda, que havia conhecido dez anos antes. O encontro com esta

filosofia budista resultou em novas e significativas proporções na vida de

Makiguti.

Em 1930, com a publicação da obra Teoria do Sistema Educacional

de Criação de Valor, foi fundada a Soka Kyoiku Gakkai – literalmente

Sociedade Educacional de Criação de Valor (predecessora da atual Soka

Gakkai) –, onde Makiguti tornou-se o presidente da organização.

A obra Teoria do Sistema Educacional de Criação de Valor consiste

em anotações de sua vivência, que reuniu enquanto lecionava nas escolas.

Anos depois, todas suas reflexões, pensamentos e experiências foram

compiladas por Dayle M. Bethel, pesquisador da vida e da filosofia educacional

de Makiguti, resultando na obra “Educação para uma Vida Criativa”. O livro

expõe que a felicidade é o estado em que a pessoa pode plenamente criar

valor, trazendo a “teoria da criação de valor” de Makiguti.

Para a educação atingir o objetivo de felicidade e realização para todos, precisa transformar a apatia da existência social, alienada e egocêntrica em um comprometimento consciente com a sociedade. A educação pode e deve levar o indivíduo a reconhecer seu comprometimento com a sociedade e o Estado a que pertence, não apenas com relação à satisfação de suas necessidades básicas e da segurança, mas de tudo que constitui felicidade. (MAKIGUTI, 1994, p. 45)

Com a entrada do Japão na Segunda Guerra Mundial, Makiguti foi

acusado de violar a Lei de Preservação da Paz e de lesa-majestade, sendo

preso aos 73 anos de idade, em 6 de julho de 1943. Após dezessete meses de

confinamento, em 18 de novembro de 1944, devido à desnutrição e aos maus

tratos, Makiguti veio a falecer na prisão.

4 Ver anexo.

17

Com esta guerra, a Família Makiguti, além da perda de seu

patriarca, também teve a perda do filho Yozo que morreu aos 37 anos, em sua

segunda convocação, quando foi enviado à China.

Para evitar que esse seu filho ficasse preocupado, Makiguti nunca

contou a ele sobre sua prisão. Quando soube do falecimento do filho, um mês

antes de também vir a falecer, Makiguti escreveu uma carta sobre a dor que

sentia com o falecimento de seu querido filho e tentou confortar os familiares.

Nessa mesma carta, Makiguti escreveu palavras que podem ser consideradas

como testamento e também como seu último desejo:

Estou muito bem. Estou lendo avidamente os escritos filosóficos de Kant. Quando reflito sobre como consegui produzir minha Teoria do Valor – uma teoria que os estudiosos dos últimos cem anos buscaram em vão – e permitir a milhares de pessoas concretizarem a prova real, fico surpreso comigo mesmo. (MAKIGUTI apud IKEDA, 2008, pág. A3)

Hoje, a teoria de Makiguti está sendo difundida em 192 países e

territórios do mundo através da Soka Gakkai, que foi reconstruída pelo

sucessor de Makiguti, Jossei Toda, e posteriormente, por Daisaku Ikeda,

sucessor de Toda. Assim, Instituições e autoridades de vários países estão

reconhecendo e homenageando Makiguti como um extraordinário educador.

No trecho seguinte, há um trecho do romance Nova Revolução

Humana5 que retrata a consideração e expectativa de líderes e personalidades

de renome mundial perante as Instituições que se baseiam na Teoria

Educacional de Criação de Valor de Tsunessaburo Makiguti:

O Colégio Soka de Kansai recebeu cerca de 1.200 líderes de cinquenta países, entre os quais, as visitas de Mikhail Gorbachev, ex-presidente da antiga União Soviética; Anatoli Logunov, reitor da Universidade Estatal de Moscou; Felix Unger, presidente da Academia Europeia de Ciências e Artes; Armando Hart Dávalos, ministro da Cultura de Cuba; Cho Moon Boo, reitor da Universidade Nacional Cheju da Coréia do Sul; Jose V. Abueva, reitor da Universidade de Filipinas.

5 Nova Revolução Humana: romance publicado pela Editora Brasil Seikyo, autor Daisaku Ikeda.

18

Todos os visitantes, por serem empenhados em prol da paz, não pouparam palavras de louvor pelos esforços dos alunos que consideravam a concretização do bem-estar da humanidade como sua própria missão. A reitora Lygia Lumina Pupato, da Universidade Estadual de Londrina, no Brasil, que visitou o Colégio Soka de Kansai em 2004, teve a seguinte impressão: “Fiquei muito emocionada com a postura dos alunos de estarem pensando na paz mundial desde jovem. Senti profundamente que eles são nossos parceiros na luta pela paz e pelo bem do futuro do nosso mundo”. (IKEDA apud Jornal Brasil Seikyo, 2009, pág. A11).6

1.2 Produções Bibliográficas

Makiguti não teve a oportunidade de lançar muitos livros com seus

pensamentos e apontamentos. O seu primeiro livro surgiu mais da

necessidade de abrir espaço numa área dominada por interesses particulares

do governo, mas apesar disso conseguiu significativa repercussão a seu favor.

A postura de Makiguti era de falar e de lutar pelo que ele

considerava verdade, independente se seus colegas ou a direção escolar

estivessem de acordo ou não. Devido a esta crença, muitas vezes, Makiguti foi

ridicularizado e perseguido; e como tinha apenas a formação “normalista”, era

considerado pelos acadêmicos como apenas um simples “explicador”. Para

reverter esta sua situação, e passar a ter prestígio, Makiguti precisaria publicar

um livro que se tornasse referência na área educacional, e assim conseguir a

chance de “subir de carreira”.

Enquanto que, para muitos professores, a disciplina de geografia

trata-se apenas do estudo da terra, clima e recursos, Makiguti, quando

lecionava essa disciplina, buscava criar em seus alunos o interesse pelos

6 A. Publicado no Jornal Brasil Seikyo, na edição de 14 de fevereiro de 2009, p. A11, capítulo Esperança, parte 67. B. Reportagem completa sobre a entrega do título de Doutor Honorário oferecido ao presidente da SGI, pela Universidade Estadual de Londrina, segue no anexo.

19

habitantes que moravam nos locais estudados e trabalhava a relação da

pessoa e seu ambiente, como este influencia aquele e vice-versa (tal forma de

ensino, hoje, é conhecida como Geografia Humana). Makiguti, então, reuniu

todas estas anotações que vinha fazendo há dez anos, e publicou o livro

Geografia da Vida Humana (1903), que foi tida como uma obra-prima e

referência escolar devido a sua grandiosidade. Este fato abriu novos horizontes

para Makiguti, inclusive criando contato com intelectuais de sua época.

Mais tarde, aproximadamente 30 anos depois, contando com o

apoio de colegas e principalmente de seu discípulo Jossei Toda, em 1930,

Makiguti publicou Soka Kyoikugaku Taikei (Teoria do Sistema Educacional de

Criação de Valores). Mais do que um livro era uma compilação de ideias que

vinha fazendo, com suas críticas e sugestões sobre o sistema educacional.

Os livros publicados por Tsunessaburo Makiguti foram:

ð 1903: Jinsei Chirigaku (Geografia da Vida Humana):

Apresenta abordagem humanista sobre a Geografia e o

desenvolvimento das sociedades.

Além do japonês, esta obra encontra-se traduzida apenas para o

inglês.

Será melhor apresentado no capítulo seguinte.

ð 1912: Kyodoka (Estudos da Comunidade):

Trouxe contribuições significativas aos estudiosos da área de

Ciências Sociais.

Encontra-se apenas no original em japonês.

20

ð 1930: Soka Kyoikugaku Taikei (Teoria do Sistema Educacional de

Criação de Valores):

Na época de seu lançamento, conseguiu grande repercussão entre

importantes educadores e filósofos japoneses.

Posteriormente, quando esta obra foi traduzida para o inglês,

passou a ser conhecida como Educação para uma vida criativa. O supervisor

e editor da tradução desta obra, Dr. Dayle M. Bethel separou e integrou os

apontamentos e propostas de Makiguti – trabalho que não lhe foi possível fazer

(mas Bethel continuou mantendo-se fiel ao autor e ao espírito da obra).

Educação para uma vida criativa já foi lançado em vários países,

inclusive no Brasil, pela Editora Record (1994).

1.3 Soka Gakkai e Sucessores de Makiguti

A Soka Kyoiku Gakkai (Sociedade Educacional de Criação de

Valores), predecessora da Soka Gakkai (Sociedade de Criação de Valores), foi

fundada em 1930 pelo educador Tsunessaburo Makiguti (1871–1944). Seu

objetivo inicial era criar valores humanos por meio da educação.

Posteriormente, seu campo de atuação foi ampliado, mas a educação

continuou sendo uma de suas prioridades.

Em 1975, foi criada a Soka Gakkai Internacional (SGI) que visa à

promoção de valores como a paz e o respeito humano. No âmago do

movimento da Soka Gakkai encontra-se o ideal da educação pela cidadania

global. Por meio de uma ampla variedade de atividades, a SGI tem por meta a

conscientização das responsabilidades para com a sociedade, com o meio

21

ambiente e com o futuro do Planeta. Trata-se de educação no sentido mais

amplo da palavra e não se limita às salas nem a um grupo em particular.

Hoje, a SGI está presente em 192 países e territórios, e no Brasil, a

SGI é representada pela Associação Brasil SGI (BSGI).

Os programas da SGI são inspirados na filosofia humanística do

Budismo de Nitiren Daishonin. Seus conceitos principais são: a dignidade e a

igualdade inerentes em todos os seres humanos; a unidade da vida e seu meio

ambiente; o inter-relacionamento das pessoas que fazem do altruísmo o

caminho viável para a felicidade pessoal; o potencial ilimitado de cada pessoa

para a criatividade, e o direito fundamental de cultivar o auto-desenvolvimento

por meio de um processo de reforma automotivada chamada "revolução

humana".

Como organização não-governamental (ONG) filiada às Nações

Unidas, a SGI promove várias atividades, tais como exposições, intercâmbios

culturais, oficinas educacionais, além de esforços humanitários para o bem-

estar social.

1.3.1 JOSSEI TODA7: Co-fundador da Soka Gakkai

Jossei Toda nasceu em 11 de fevereiro de 1900, na Província de

Ishikawa, Japão. Aos dois anos de idade, sua família enfrentou graves

problemas financeiros e teve de se mudar para o vilarejo de Atsuta, um

pequeno povoado pesqueiro no Mar do Japão.

7 No anexo foto de Jossei Toda.

22

Já na infância demonstrava forte inclinação para os estudos,

especialmente para álgebra. Ele concluiu com honra o curso na Escola de

Ensino Fundamental de Atsuta, mas teve de abandonar os estudos para ajudar

no sustento da família. Apesar disso, continuou a estudar sozinho nas horas

vagas. Dois anos depois, conseguiu passar nos exames que lhe davam crédito

para ser professor assistente de ensino fundamental.

Em 1918, começou a lecionar para a sexta série da Escola de

Ensino Fundamental Mayati, na desolada área de mineração de carvão de

Yubari. Ali, ele permaneceu por pouco tempo, mas deixou uma profunda

impressão em seus alunos.

Enquanto lecionava, Toda continuou seus próprios estudos e, nos

dois anos seguintes, passou nos exames que o habilitaram a lecionar Química,

Física, Geometria, Álgebra e matérias regulares do ensino fundamental.

Em 1920, apesar de estar estabelecido como professor, decidiu

mudar-se para Tóquio e tentar a carreira no magistério. Na capital, conheceu

Makiguti, então diretor da Escola de Ensino Fundamental Nishimati.

Impressionado com seu caráter e suas ideias inovadoras sobre a educação,

Toda pediu-lhe que o empregasse, prometendo transformar mesmo as

crianças mais atrasadas em excelentes alunos. Makiguti o aceitou como

professor substituto e a partir desse dia tornaram-se companheiros

inseparáveis. Compartilhando o mesmo ideal, fundaram a Soka Kyoiku Gakkai.

No final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, Jossei Toda, após

ser libertado (ele foi preso na mesma época de seu Mestre Makiguti, ficando

confinado por dois anos), iniciou a luta para a reconstrução da organização e

alterou sua denominação para Soka Gakkai, ampliando seu campo de atuação

de além da educação, para a cultura também, com o intuito de criar um novo

movimento popular para a paz.

23

Jossei Toda faleceu em 2 de abril de 1958, deixando uma

organização fortalecida que, sob a liderança de seu sucessor, Daisaku Ikeda,

expandiu-se além das fronteiras do Japão.

1.3.2 DAISAKU IKEDA: Fundador do Sistema Educacional Soka

Daisaku Ikeda nasceu em 2 de janeiro de 1928, como o quinto filho

de uma pobre família de cultivadores de algas marinhas.

Aos 19 anos, Daisaku conheceu Jossei Toda, que tornou seu

grande mentor e teve influência decisiva em sua vida. Após o falecimento de

Toda, Daisaku assumiu a presidência da Soka Gakkai, em 1960. Sob sua

liderança, a organização expandiu suas atividades em escala mundial. Em

1975, ele instituiu a Soka Gakkai Internacional (SGI).

A fim de apoiar as ações humanísticas da Soka Gakkai, Daisaku

fundou várias instituições que promovem a paz, a cultura e a educação. Entre

as instituições, destacam-se as Escolas Soka (da pré-escola ao ensino

universitário), a Associação de Concertos Min-On, o Instituto de Filosofia

Oriental, o Centro de Pesquisas para o Século XXI de Boston, o Instituto Toda

para a Paz Global e Pesquisa Política e o Museu de Arte Fuji de Tóquio.

Além disso, acreditando que os primeiros passos rumo à realização

da paz iniciam-se com o diálogo de vida a vida, ele se encontra com líderes

políticos e intelectuais de todo o mundo, promovendo um intercâmbio de

opiniões a respeito dos desafios que se interpõem à humanidade. Alguns

desses diálogos foram compilados na forma de livro, como ‘Escolha a Vida’

(1976 – com Arnold Toynbee), ‘Antes que Seja Tarde Demais’ (1999 – com

Aurelio Peccei), ‘Direitos Humanos no Século XXI’ (2000 – com Austregésilo de

24

Athayde) já traduzidos para o português8; e Em ‘Busca de uma Paz Duradoura’

(com Linus Pauling), ‘Diálogo entre Cidadãos do Mundo: Sobre a Paz, a

Humanidade e as Nações Unidas’ (com Norman Cousins) e ‘Lições Espirituais

do Século XX’ (com Mikhail Gorbachev), dentre muitos outros (ainda não

traduzidos para o português). E também vem se engajando ativamente na

elaboração e publicação de propostas de paz dirigidas anualmente às Nações

Unidas, tratando de questões sobre a paz, desarmamento, educação e meio

ambiente9.

Em reconhecimento aos seus esforços em prol da educação,

Daisaku Ikeda já recebeu inúmeros títulos de Doutor e Professor Honorários de

Universidades e Instituições diversas do mundo inteiro, como a Universidade

de Sydney (Austrália), Universidade Estatal de Moscou (Rússia), Universidade

de São Paulo, Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade

Estadual do Rio de Janeiro (Brasil), Universidade de Macau (China),

Universidade de Denver (Estados Unidos) e muitas outras. Daisaku também é

sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 1992,

ocupando a cadeira de nº 14.

9 Todos pela Editora Record. 9 Relação completa das Propostas de Paz segue no anexo.

25

CAPÍTULO II

PENSAMENTOS DO PROFESSOR MAKIGUTI

Este capítulo II, além de trazer as teorias educacionais do Prof.

Makiguti, através do seu livro Soka Kyoikugaku Taikei (Teoria do Sistema

Educacional de Criação de Valores), destacará também a visão global e

universal que Makiguti já possuía, trazendo citações da sua obra Jinsei

Chirigaku (Geografia da Vida Humana). Apesar desse livro não tratar

diretamente de teorias educacionais, será realizado esta apresentação, para

evidenciar a visão humana e global que Makiguti já possuía, mesmo vivendo

em um país insular e pertencendo a uma época e cultura bem distinta, que

nada favorecia tal percepção.

2.1 Teoria do Sistema Educacional de Criação de Valores (Soka

Kyoikugaku Taikei)

Antes de mais nada, se faz necessário esclarecer que a obra Teoria

do Sistema Educacional de Criação de Valores não se trata de um livro, mas

de uma compilação de apontamentos que Makiguti rascunhou e acumulou ao

longo de 30 anos. Praticamente sem nenhuma preparação editorial, este

material foi publicado em 1930. No prefácio, Makiguti desculpa-se pela

publicação de apontamentos não revisados, explicando que pela sua falta de

recursos e por necessitar trabalhar todos os dias para poder se sustentar, não

teve oportunidade de, devidamente, preparar seus escritos para a publicação.

26

Porém, Makiguti não estava preocupado com a “estética” da obra, a

sua grande ansiedade girava em torno da grande frustração que sentia em não

conseguir proteger as gerações futuras das consequências destrutivas que,

segundo ele, as práticas e políticas educacionais, então utilizadas, marcariam

na personalidade das crianças. Sabia que suas ideias educacionais poderiam

ser geradoras de mudanças favoráveis na educação se tivesse oportunidade

de colocá-las em prática. Desta forma, sentindo a urgência de publicar a obra,

não lhe foi possível “separar o joio do trigo” (ou, como expressou em seu

idioma, “separar o cascalho do couro”).

Outra característica a ser apontada, é que esta obra apresenta-se

como um trabalho inacabado. O trabalho é apresentado em quatro volumes,

porém Makiguti havia planejado lançar também volumes adicionais, nos quais

apresentaria os resultados da aplicação de suas ideias. Entretanto, este

trabalho não foi realizado10.

As anotações publicadas na obra apresentam que, o único desejo

de Makiguti era a felicidade de seus queridos alunos, principalmente enquanto

estudavam; antecipando, assim, uma visão da educação humanística.

Apesar das ideias de Makiguti apresentarem visões similares e até

mesmo serem sustentadas por apontamentos de pensadores e filósofos

ocidentais como Comenius, Rousseau, Pestalozzi, Herbart, as análises e

conclusões que Makiguti chegou, foram desenvolvidas a partir de reflexões

sobre sua experiência e as de outros no ensino de alunos japoneses. Este

ponto é ressaltado, quando afirma que as fontes do pensamento e da cultura

japonesa devem ser japonesas, e não importadas da Europa ou dos Estados

Unidos. Ainda mais porque, para ele, a educação em seu país decaiu, por ter

sido obrigada a adotar filosofias de educação de acadêmicos bem distantes da

prática do ensino primário e secundário local.

10 Ao final do quarto volume há uma nota que faz referência a um quinto volume. Acredita-se que, se realmente este foi escrito, perdeu-se durante a guerra.

27

Caso as propostas de reforma educacional apresentadas na obra de

Makiguti tivessem sido adotadas e se firmado no Japão quando as lançou,

aconteceria uma profunda mudança da natureza da educação e da sociedade

japonesa. Contudo, isto não aconteceu, e suas ideias nem foram ouvidas pelas

autoridades educacionais do país, por duas razões. Primeiramente talvez, por

Makiguti não possuir uma formação universitária, o que fez com que suas

propostas fossem ignoradas pela comunidade acadêmica do país. Outro

motivo da rejeição pela elite intelectual às ideias de Makiguti foi o crescimento

da militarização no país, cujo regime não deixava lugar para as propostas e

convicções apresentadas pelo autor, que mais tarde, seria inclusive afastado

de suas atividades educacionais.

Apesar de toda esta rejeição, ainda assim, Makiguti lutou e

conseguiu realizar conferências com suas teorias, em vários locais,

apresentando as ideias de seu livro Soka Kyoikugaku Taikei. Sua expectativa

era de ser reconhecido e provocar debates sobre sua proposta. Todavia, o

único retorno que recebeu foi o silêncio. Makiguti foi simplesmente ignorado

pela elite intelectual que comandava as diretrizes educacionais do Japão.

Muitos anos depois, Makiguti desabafou:

apresentei minha teoria para a comunidade acadêmica. No entanto, não houve reação. Devido à situação atual da educação em nosso país, fiquei profundamente desapontado com este fato. (MAKIGUTI, apud BETHEL, 1994, p. 29.)

Apesar de ser ignorado pela academia educacional da época,

Makiguti tinha o respeito de pessoas influentes da sociedade japonesa, que

apoiavam sua causa. Entre eles, encontravam-se líderes reconhecidos como

Tsuyoshi Inukai, primeiro-ministro do Japão de dezembro de 1931 a maio de

1932; Magoichi Tsuwara, ministro do Comércio e Indústria; e Itamu Takagi,

professor de medicina na Universidade Imperial de Tóquio.

28

Nesta obra, Makiguti separou os problemas da educação japonesa

em seis questões fundamentais, que juntos, compõem a essência de suas

ideias sobre Educação e de suas propostas para a reforma educacional, e que

serão analisados logo em seguida nesse capítulo.

São estes:

1) o erro no estabelecimento do objetivo da educação;

2) o fato de não ter a felicidade como propósito final;

3) a incompreensão sobre o potencial criativo inerente ao ser

humano;

4) o sistema educacional incorreto, focando na transferência de

conhecimentos;

5) a falta de uma ciência sobre a educação;

6) e a ausência de uma parceria entre a escola, o lar e a

comunidade no processo educativo.

2.1.1 Objetivo na Educação

Em vez de permitir aos acadêmicos “lá de cima” pronunciamentos sobre o que acontece “embaixo”, nas escolas, perturbando a estratosfera com esta ou aquela teoria, para depois modificá-la de acordo com as tendências do momento, os profissionais que atuam na educação, embasados em suas experiências diárias, devem abstrair indutivamente princípios e reaplicá-los em suas práticas na forma de melhorias concretas. (MAKIGUTI, apud BETHEL, 1994, p. 22.)

Para Makiguti, o primeiro passo significativo para a efetiva reforma

educacional é entender que o objetivo da Educação deve basear-se nas

necessidades e no dia-a-dia dos alunos. Makiguti entende que o equívoco da

29

sociedade é pensar que os acadêmicos e os filósofos são os que possuem o

respaldo destas respostas. Pelo contrário, Makiguti diz que estes estão sempre

ocupados com pensamentos abstratos muito distantes da realidade da vida

diária, transformando, então, a Educação numa área deficiente e paralisada.

2.1.2 Felicidade

Não é prerrogativa dos educadores decidir que a preparação para a vida adulta deve ser o objetivo da educação. [... Eles] devem entender que a escolarização que sacrifica a felicidade presente das crianças, fazendo da felicidade futura sua meta, viola a personalidade infantil e o próprio processo de aprendizagem. (MAKIGUTI, 1994, p. 232-233)

A espinha dorsal da filosofia educacional de Makiguti é sua tese de

que o objetivo último da Educação é a Felicidade. Para chegar a esse sentido,

deve-se evitar os perigos de má compreensão. Para Makiguti, felicidade é mais

do que a satisfação imediata do indivíduo, pois não se trata do significado

superficial hedônico e egocêntrico, que o uso desta palavra pode evocar. Num

primeiro momento, ao pensar na felicidade, limita-se a análise no nível

individual, à auto-satisfação. Mas, com base na teoria de ‘Criação de Valores’,

esse conceito de felicidade ganha amplitude e dimensão social. Para Makiguti,

o nobre objetivo da Educação é a criação de valor, ajudando o ser humano a

desenvolver sua potência como um ‘criador de valores’, podendo-se até afirmar

que, esta é, na verdade, a real essência de ser humano.

Para Makiguti, a causa da situação preocupante da Educação é ter

falhado na tarefa mais importante que é o desenvolvimento da consciência

social nos estudantes. Para ele, em vez disso, criou-se exatamente o oposto,

uma preocupação com a imediata satisfação pessoal e material – destrutiva

em termos da felicidade. Isto acarreta na formação de uma sociedade onde os

seres humanos carecem da compreensão e do poder de avaliar o seu dever

para com a sociedade, não só para suas necessidades básicas e segurança,

mas para tudo o que constitui felicidade.

30

A partir do pensamento de que o principal objetivo da Educação é a

felicidade, as atividades educacionais deveriam acontecer a partir das

necessidades da vida diária. Para Makiguti, a Educação tem esta

responsabilidade de fazer com que o indivíduo reconheça seu compromisso

com a sociedade, e assim, crie a verdadeira felicidade em sua vida.

2.1.3 Teoria da Criação de Valores

Começamos reconhecendo que o ser humano não pode criar matéria. Pode, no entanto, criar valores. A criação de valores é, na realidade, a essência da natureza humana. Quando elogiamos as pessoas por sua ‘força de caráter’ estamos, na verdade, reconhecendo sua capacidade superior de criar valores. (MAKIGUTI, apud BETHEL, 1994, p. 23)

Observa-se nos escritos de Makiguti, que ele acredita fielmente na

igualdade, cujo princípio norteia seu pensamento sobre o potencial humano.

Ele era extremamente contra a postura da reforma educacional japonesa que

privilegiava apenas a elite. Ele bradava que, todas as pessoas são potenciais

criadores de valor e hábeis participantes da sociedade e do mundo em que

vivem. Se este potencial é desenvolvido ou não, depende apenas da

experiência educacional que a sociedade oferece e disponibiliza às pessoas.

Para Makiguti, o ser humano é criativo por natureza, e esta

criatividade é expressa no comportamento do homem – a não ser que esse

potencial seja reprimido ou destruído. O ponto a ser analisado é perceber para

qual direção e para quais interesses a criatividade humana vem sendo

conduzida.

Makiguti afirma que através de uma educação adequada, o ser

humano por si só saberá conduzir sua criatividade para sua melhor qualidade

de vida e também para o desenvolvimento de sua comunidade. É isto que

significa criação de valores. Ele entende que uma pessoa ativa, feliz e

31

realizada tem a sua existência baseada na criação de valores, o que intensifica

ao máximo a sua vida pessoal e a rede de relações de interdependência, o que

constitui a vida comunitária do indivíduo. A educação criadora de valores é

aquela que orienta para este fim.

Em sua obra Teoria do Sistema Educacional de Criação de Valores,

Makiguti expõe grande expectativa e esperança na Educação, cujo principal

propósito é desenvolver indivíduos, e esta sua obra está repletas de

informações sobre a “criação de valor”. Makiguti ensina que a Educação é a

maior de todas as artes, a arte da criação do valor de excelente caráter.

Educar as pessoas para cultivar nelas o humanismo e assim edificar a paz,

através de alunos que se transformarão em valores humanos, que contribuem

para o futuro de uma sociedade justa e pacífica, como cidadãos do mundo.

Para Makiguti, é na criação de valor que está o significado principal da vida

humana.

2.1.4 A Natureza do Processo de Aprendizagem e o Treinamento

de Professores

É com certeza um dos esquemas mais antigos e primitivos jamais utilizados por seres humanos. Cada estudante copia exatamente o que o professor faz. É o retrato exato dos povos pescadores que sempre utilizam varas e não conhecem redes. (MAKIGUTI, apud BETHEL, 1994, p. 24)

De acordo com Makiguti, a transferência de conhecimento não é e

nunca poderá ser o objetivo da Educação. Na verdade, o objetivo da Educação

é orientar o processo de aprendizagem, colocando a responsabilidade nas

mãos do próprio estudante. A educação como processo de orientação da

aprendizagem do estudante é a base da pedagogia deste autor.

Makiguti afligia-se com a ênfase à memorização de fatos que os

professores colocavam. Makiguti afirmava que este tipo de “Educação” além de

32

ser cansativa e não trazer resultados concretos, no final, descaracteriza o

indivíduo e a sociedade. A busca do conhecimento jamais pode acontecer

através do processo de aprendizagem como transferência. Segundo Makiguti,

a descoberta de fatos deve acontecer nos livros e ao professor caberia apenas

a incumbência de sustentar a experiência de aprendizagem desenvolvida pelo

educando, estimulando o interesse e a curiosidade natural do estudante, além

de auxiliá-lo na remoção de obstáculos que possam atrasar ou anular o

processo de aprendizagem.

O conceito de aprendizagem exposto por Makiguti altera

profundamente a concepção tradicional da Educação. No seu modelo, o aluno

é o centro do processo de aprendizagem e, não a escola. O currículo básico é

organizado de acordo com a natureza do indivíduo e da estrutura social (local,

nacional, regional e global). O professor possui papel fundamental na

Educação: incentivar o potencial criativo da criança, não reprimindo-o e nem

destruindo-o como acontece nas escolas. Para ele, a Educação deve ser

voltada para o futuro e estar relacionada à vida como é vivida, enriquecendo-a.

2.1.5 A Necessidade de uma Ciência da Educação

Segundo o positivismo, na educação devemos colocar as realidades diárias diante de nós como o conhecimento a ser trabalhado e, então, manejar o bisturi meticuloso do cientista para dissecar a teoria educacional. (MAKIGUTI, apud BETHEL, 1994, p. 25)

Na época que Makiguti viveu, o positivismo estava em voga, sendo

considerado o caminho para o futuro, por isso, Makiguti acreditava que a

Educação devia tornar-se uma Ciência, pois estava convencido de que os

educadores deveriam descobrir princípios da aprendizagem universalmente

aplicáveis e se orientar por eles, para que pudesse surgir alguma esperança de

melhoria da Educação.

33

A proposta que Makiguti apresenta aos educadores, é que eles

precisam continuar a se desenvolver, estudar e aprimorar os conhecimentos da

ciência sobre a Educação, buscando princípios universais do processo de

aprendizagem, avaliando experiências e opiniões convergentes e divergentes

sobre o sistema educacional com o uso da metodologia científica.

2.1.6 O Papel Educacional da Escola, do Lar e da Comunidade

O estudo não é visto como preparação para a vida; ao contrário, ele acontece enquanto se vive, e o viver acontece em meio ao estudo. Estudo e vida real precisam ser considerados mais do que paralelos; trocam informações entre si e as interpenetraram de acordo com cada contexto, o estudo na vida e a vida no estudo, por toda a existência do indivíduo. (MAKIGUTI, apud BETHEL, 1994, p. 28)

Para se alcançar uma educação eficaz, Makiguti defendia uma tripla

parceria entre escola, lar e comunidade. Para a época, seu programa de

reforma educacional, foi considerado como a criação de um sistema

educacional inteiramente novo, onde cada setor – escola, lar e comunidade –

ficaria responsável por uma parte específica da tarefa educacional.

Para o bom andamento dessa proposta, teria que acontecer a

redução do tempo da criança na escola para um único período, para então, na

parte restante do tempo, a criança ser disponibilizada para a aprendizagem na

comunidade e em casa, incluindo o aprendizado de artes e ofícios, e outros

tipos de atividades adequadas à natureza e às necessidades de cada criança.

Assim, capacitar a transformação de estudantes entediados – que estudavam

por obrigação – em alunos ativos e autodirigidos.

2.1.7 Bem, Belo, Benefício

34

Além dos apontamentos acima, em seu livro “Teoria do Sistema

Educacional de Criação de Valores”, Makiguti também apresenta uma pirâmide

de valores estéticos e morais; a base da pirâmide é formada pelos valores

estéticos e o topo é formado pelo moral.

São estes:

1) Bem: valor social ligado à existência grupal coletiva;

2) Benefício: valores pessoais ligados à existência individual

orientada para si mesmo;

3) Beleza: valores sensoriais ligados a partes isoladas da existência

individual.

Num sentido mais amplo, o valor do Bem, que é ligado ao valor

social encontra-se em todos os aspectos, como o econômico, artístico,

científico, religioso, dentre outros. A postura contrária a este aspecto, seria

buscar apenas a satisfação dos desejos individuais, inclusive, chegando a

magoar ou prejudicar propriedades alheias, tornando-se então um “anti-valor”.

O Benefício trata-se de valores de importância direta na vida do

indivíduo, sendo de caráter pessoal, estando diretamente ligado ao indivíduo

como um todo.

Os valores estéticos se dirigem aos sentidos, envolve a vida do

indivíduo apenas superficialmente.

Quando a relevância dos valores não se centra no indivíduo, mas,

sim da influência na vida em sociedade, estes valores (morais coletivos do

grupo), constituem um Bem. Então, o bem está no valor social ligado a

existência grupal coletiva. O Benefício e a Beleza são valores sensoriais

ligados a partes isoladas da existência individual.

35

O Presidente Toda deu um exemplo sobre isso, certa vez, fazendo

uma ligação com o dinheiro:

O “valor do belo” significa encontrar um emprego ou trabalho do qual gostem, o “valor do benefício” corresponde a conseguir uma fonte de renda que proporcione um valor adequado para se sustentar, e o “valor do bem” significa encontrar um trabalho que ajude as pessoas e que contribua para o desenvolvimento da sociedade. Isso por meio da educação. (TODA apud Revista Dez, 2005, pág. 5).

Trazendo esta teoria para a Educação, esta tríade integra três áreas

que a compõem: escola, lar e comunidade. A educação tem por função

orientar a vida sem valores em direção ao valor. Já a felicidade encontra-se na

busca do belo, do benefício e da virtude (bem).

Num sentido maior, o benefício trata-se de tudo que é

recompensador, surgindo a paz. A virtude, ou o bem, é a busca da justiça, ou

também, a oposição à injustiça. O belo é o desejo pela arte e pela cultura.

Na ausência de um destes três, acontece o desequilíbrio, assim

como também na sociedade, não conseguindo então, alcançar a felicidade. Ou

seja, o que esta teoria apresenta é que só é possível efetivamente ser feliz,

quando de fato, cada um se torna verdadeiro Valor Humano – e isso só

acontece por meio da verdadeira Educação.

Para reforçar esta importante Teoria, segue um trecho da

mensagem que Ikeda enviou para a ocasião da comemoração de 20 anos de

fundação da Coordenadoria Educacional da BSGI, onde ele afirma:

Na sociedade atual em que prevalece o lucro e a perda em meio ao confuso discernimento do bem e do mal, do correto e do errado, as crianças são a maior vítima. As pessoas que podem salvá-las fundamentalmente são certamente os integrantes da Coordenadoria Educacional. A filosofia Soka é a filosofia da felicidade, da solidariedade e da paz. É também a

36

filosofia do supremo bem, da refutação do mal e da vitória.11 (IKEDA, 2004, pág. A8)

Os três campos de atuação da Soka Gakkai são a Paz, a Cultura e

a Educação, e ligam-se perfeitamente com esse trinômio valoroso de seu

fundador: a educação é o grande “bem”, que juntamente com a “beleza” da

cultura traz o mais importante “benefício”, a paz.

2.2. Geografia da Vida Humana (Jinsei Chirigaku) 12

Quando Makiguti publicou o livro Geografia da Vida Humana (1903),

o Japão vivia grande momento de euforia, pois depois de anos sem contato

nenhum com o ocidente, o país abria novamente suas portas para a

“modernidade ocidental”. Foi um período que muitos escritores, compositores,

cientistas japoneses viajavam à Europa em busca de novos conhecimentos em

diversas áreas, como a filosofia, música, literatura. Muitos deles ganharam

reconhecimentos, inclusive sendo homenageados por suas importantes

contribuições.

Nesta mesma época, o jovem Makiguti de 33 anos, mesmo sem

usufruir dos privilégios dos intelectuais de sua época e apenas com o

conhecimento acadêmico adquirido em uma remota ilha do Japão, e

precisando também, além de estudar, trabalhar para poder sobreviver,

conseguia fazer anotações surpreendentes, que possibilitaram a publicação

dessa obra. Para a idade que tinha e sendo apenas um jovem educador e

geógrafo autodidata, é de se surpreender que suas anotações apresentem

uma visão à frente de sua época.

11 Esta mensagem apresenta-se na íntegra no anexo. 12 No anexo foto do livro no original e na versão em inglês.

37

Makiguti fazia estas anotações sem nenhum interesse de

transformá-las em livro; eram apenas observações que fazia de suas leituras,

de conversas com outros estudiosos e também de pesquisas que havia

acumulado enquanto lecionava Geografia nas aulas do ensino fundamental.

Entretanto, dois pontos o fizeram mudar de ideia. O primeiro, foi a situação

desoladora da educação japonesa, inclusive, da matéria de Geografia. Segue

esta sua observação:

Nenhuma outra disciplina é ensinada nas escolas japonesas de forma tão lamentável e ridícula quanto a Geografia. Estudantes não só do ensino fundamental, mas também do médio, são obrigados a decorar o nome de montanhas, rios, lagos, cidades e o número de habitantes sem nenhuma relação ou base teórica. É impossível para os estudantes reterem essa miscelânea de dados por muito tempo, de forma que, o que lhes restavam após os exames eram algumas poucas informações fragmentadas e inúteis. Não é de se admirar que os alunos demonstrem tão pouco interesse pela geografia e pelos temas a ela relacionados. Esta, certamente, não é a verdadeira Geografia. (MAKIGUTI apud Revista Terceira Civilização, 2003, p. 9)

Outra razão para a publicação desse livro foi para que seus

pensamentos sobre a educação fossem ouvidos e reconhecidos. Makiguti

sempre acreditou que a sociedade precisava estar relacionada com a

educação, e que o educador precisava fazer de sua sala de aula um lugar

onde alunos e professores reflitam suas experiências juntos, e onde o livro

didático não poderia ser a principal ferramenta, sendo apenas um material de

apoio. Para Makiguti, a solução dos problemas que a sociedade vive encontra-

se na Educação, mas somente quando a sociedade e a escola interagem

unidas e comprometidas.

Depois de decidir pela publicação do livro, Makiguti teve que resumir

as anotações de duas mil páginas pela metade para viabilizar a publicação.

Com muita insistência, conseguiu que um famoso geólogo revisasse seu

trabalho e após várias recusas, somente uma pequena editora aceitou publicar

a sua obra.

38

Este livro tornou-se um sucesso, sendo inclusive indicado como

material de apoio para professores que queriam graduar-se e lecionar

geografia; e assim, ele conseguiu seu objetivo de conseguir oportunidades a

seu favor.

No prefácio dessa obra em inglês, quando foi publicado em

comemoração ao centenário da escrita do mesmo, em 2002, Daisaku Ikeda

escreveu:

As palavras 'vida humana' no título da obra de Makiguti, referem-se à duração da vida dos seres humanos e às atividades de toda sua existência. Quando as pessoas são separadas umas das outras ou de seu local de atuação, não podem viver como verdadeiros seres humanos. Por esta razão, Makiguti explica em detalhes a relação entre as pessoas e sua localização geográfica. Em outras palavras, a obra é um estudo dedicado a descobrir como, enquanto fortalece as relações entre pessoas e seu meio ambiente, a cultura de sua sociedade e a situação internacional, pode-se melhorar o caráter humano, criar novos valores e enriquecer a sociedade e o ambiente natural. (IKEDA apud Revista Terceira Civilização, 2003, p. 11)

Atualmente, Makiguti é consagrado como um dos primeiros

estudiosos no Japão e no mundo a associar a disciplina da Geografia em

termos de relação entre os Seres Humanos e a Terra.

Para ilustrar tal afirmação, segue alguns pensamentos do Prof.

Makiguti de seu livro Geografia da Vida Humana, que demonstram o quão

humanas são suas ponderações:

O papel e a influência dos rios na vida do homem

Os rios são para a terra o que as veias são para o corpo humano: graças aos rios, a terra pode manter-se viva. A falta de água torna a terra deserta; a terra não irrigada é comparável a um corpo paralisado. Quando a terra é suprida por um sistema de abastecimento de água eficiente, os seres humanos podem conduzir uma vida social normal, saudável e

39

feliz. (MAKIGUTI apud Revista Terceira Civilização, 2003, p. 16) Assim como as montanhas, os rios influenciam profundamente nossa mente e nosso espírito. Enquanto as montanhas nos dão a impressão de elevação, força e grandeza, os rios nos transmitem paciência, perseverança e magnanimidade. (ibidem)

Regiões litorâneas

O local onde o mar e a terra se encontram é a melhor área para a habitação humana (...) O litoral e a civilização têm uma certa relação de proximidade. (ibidem, p. 15)

Montanhas

As principais religiões do mundo se desenvolveram nas regiões montanhosas. Por exemplo, o Buda Sakyamuni, nascido no Nepal, deu início aos três mil anos de tradição do budismo no Pico da Águia ao sul da Cordilheira do Himalaia. O homem reconhece sua pequenez em contraste com a imensidão do céu quanto mais se aproxima da montanha. O reconhecimento de que há algo mais amplo e maior é o ponto inicial para a religiosidade. (ibidem, p. 14)

Eu e o mundo

Sou do vilarejo pobre de Arahama, localizado ao norte do Japão, um homem comum que passou a metade de sua vida procurando suprir as necessidades diárias e dar uma pequena contribuição ao mundo. Contudo, quando penso nas coisas ao meu redor, fico admirado com a variedade de lugares de origem desses objetos que afetam minha vida. Por exemplo, uma peça de lã que me envolve foi originalmente produzida na América do Sul ou na Austrália e processada na Inglaterra por trabalhadores britânicos e com a utilização de carvão e ferro extraídos dali. Meus sapatos têm solas feitas de couro fabricadas nos Estados Unidos, e o resto do calçado é de couro da Índia. Sobre minha escrivaninha há uma lamparina a querosene; ela é silenciosa, embora o combustível em seu interior esteja dizendo: 'Jorro do sopé das montanhas do Cáucaso, ao longo da costa do Mar Cáspio, e cheguei aqui depois de ter viajado milhas e milhas de distâncias.' As lentes dos meus óculos foram produzidas com a destreza e precisão dos alemães.

40

Iniciei este capítulo descrevendo essas coisas triviais porque é muito mais fácil para nós percebermos a extensão de nossas inter-relações com o mundo ao nosso redor se reconhecermos a presença dessas relações até mesmo nos pequenos aspectos de nossa vida cotidiana. Imagine um homem que leva uma vida suntuosa, que monta num cavalo árabe, usa uma jaqueta de couro feita em Lyon, que se aquece com um casaco de pele da costa do Mar de Bering ou protege sua cabeça do sol com um chapéu do Panamá. Ele se revigora com especiarias das ilhas dos Mares do Sul, tem ouro do Transvaal, na África, e usa como adorno jóias do Amazonas. Essa pessoa na realidade depende de três tipos de clima (tropical, subtropical e frio) para manter a temperatura do corpo, do solo de cinco continentes distintos para alimentar-se, e de cinco diferentes raças para enriquecê-lo. (ibidem, p. 17)

A vida humana e o mundo

O ponto inicial e natural para compreender o mundo e nossa relação com ele é a comunidade (uma comunidade de pessoas, de terra e cultura) que nos dá origem. É essa comunidade que nos concede a própria vida e nos inicia no caminho para nos tornar as pessoas que somos. É ela que nos oferece a base como seres humanos, como seres culturais. Nas interações com o meio ambiente, observo simetria, harmonia e provas da lei universal no meio da complexa diversidade da natureza. Inconscientemente, meu coração se enche de gratidão e respeito. (ibidem, p. 17)

41

CAPÍTULO III

CONTRIBUIÇÕES DO SISTEMA EDUCACIONAL SOKA

NO MUNDO E NO BRASIL

Tsunessaburo Makiguti foi um educador à frente de seu tempo.

Enquanto a sociedade de sua época utilizava a Educação como um

instrumento para incutir a ideologia militar em seu povo, Makiguti se levantava

e realizava o contrário, difundindo e clamando por uma ampla reforma

educacional embasada na Teoria do Valor; para assim, os estudantes

despertarem e manifestarem seu senso de humanismo e edificarem uma

sociedade melhor. Propósitos ainda hoje fundamentais para a sociedade atual.

Makiguti acreditava firmemente, que no futuro, seu sistema

educacional de criação de valores seria adotado por diversas escolas, desde o

Jardim de Infância até a Universidade. Isto de fato aconteceu. Atualmente, o

sistema educacional de Criação de Valores é a base da Pedagogia Soka que é

desenvolvida em um amplo sistema educacional no Japão, da pré-escola à

universidade. Também, muitas escolas fora do Japão, como no Brasil e nos

Estados Unidos, vêm desenvolvendo a metodologia de ensino de Makiguti,

alcançando bons resultados.

Daisaku Ikeda é o fundador destas instituições que utilizam do

Sistema Educacional Soka. Ikeda manifesta a mesma preocupação de bem-

estar do indivíduo em meio à sociedade, assim como Makiguti demonstrava.

Seu pensamento também se iguala a de Makiguti, quando acredita na

Educação como a chave para o processo da reforma social e como o fator

mais importante para a mudança da realidade presente. O Lema13, Emblema14

13 Ver anexo.

42

e Diretrizes15 das Instituições Soka refletem estes pensamentos, cujo principal

objetivo é formar excelentes valores humanos que se encarreguem do futuro e

contribuam pelo desenvolvimento cultural do mundo.

Na ocasião da fundação do primeiro Colégio Soka, em 1968, seu

fundador, Daisaku Ikeda, proferiu:

O objetivo da educação Soka não era criar meros intelectuais debruçados em livros e teorias nem alunos que estudassem somente para ingressar numa universidade de prestígio. Seu objetivo maior era cultivar o corpo e a mente de forma saudável, descobrir a capacidade inerente em cada aluno e desenvolver pessoas que promovessem o bem estar da sociedade. (IKEDA apud Revista Dez, 2005, p. 18)

3.1. Instituições Educacionais Soka ao Redor do Mundo

Escola Soka de Ensino Fundamental 2 de Tóquio (Japão) 1968

Universidade Soka, Hatioji, subúrbio de Tóquio (Japão) 1971

Escola Soka de Ensino Fundamental 2 de Kansai (Japão) 1973

Centro de Aperfeiçoamento Lingüístico da Universidade Soka em Paris

(França) 1975

Jardim de Infância Soka, em Sapporo (Japão) 1976

Escola Soka de Ensino Fundamental 1 de Tóquio (Japão) 1978

Escola Soka de Ensino Fundamental 1 de Kansai (Japão) 1982

Faculdade Feminina Soka, em Hatioji (Japão) 1985

Universiade Soka da América, em Calabasas, Califórnia (EUA) 1987

Jardim de Infância Soka de Hong Kong (China) 1992

Jardim de Infância Soka de Cingapura 1993

Jardim de Infância Soka da Malásia 1995

Universidade Soka da América, Aliso Viejo (EUA) 2001

14 Ver anexo. 15 Ver anexo.

43

Jardim de Infância Soka do Brasil (São Paulo) 2001

Jardim de Infância Soka da Coréia do Sul 2008

3.1.1 Universidades Soka

Daisaku Ikeda relembra a ocasião em que Jossei Toda falou-lhe

sobre o sonho de fundar uma universidade:

O Sr. Toda falou-me pela primeira vez sobre a ideia de fundar a Universidade Soka no final do outono de 1950 na cafeteria da Universidade do Japão [em Tóquio]. ‘Daisaku’, disse ele, ‘vamos fundar a Universidade Soka. Seria ótimo se pudéssemos fazer isso enquanto ainda estou em boas condições de saúde, mas talvez não seja possível. Se for assim, deixo para você. Vamos transformá-la na melhor universidade do mundo’. Eu decidi, não importasse o quê, concretizar esse sonho de meus predecessores, os Srs. Makiguti e Toda. Fundei a Universidade Soka com o intuito de torná-la a melhor do mundo, assim como desejava o Sr. Toda. Escolhi para a fundação a data de 2 de abril, aniversário de falecimento de meu mestre. (IKEDA, apud Jornal Brasil Seikyo, 1999, pág. A3.)

No portão principal da Universidade Soka do Japão, encontra-se a

reprodução da caligrafia de Makiguti com a inscrição “Universidade Soka” em

caracteres chineses. Isto demonstra o quanto Makiguti foi um homem de

grande convicção e determinação.

3.1.1.1. Universidade Soka do Japão

44

A Universidade possui faculdades de Letras, Administração,

Engenharia (cursos de graduação e pós-graduação em Ciência de Sistemas e

Bioengenharia), Economia, Direito e Educação. Essas últimas possuem ainda

centros de educação à distância para estudantes não-graduados.

A Universidade promove o intercâmbio e a colaboração com outras

entidades de pesquisa e ensino superior no mundo, como a Universidade

Estatal de Moscou (Rússia), a Universidade do Arizona (EUA), a Universidade

de Pequim (China), a Universidade de Lund (Suécia), a Universidade de São

Paulo, a Universidade Federal do Paraná e a Universidade Federal do Rio de

Janeiro (Brasil). Com seus intercâmbios e convênios de cooperação, a

Universidade Soka contribui para o fortalecimento dos laços de amizade entre

povos de diferentes culturas ao redor do mundo. Hoje, a universidade mantém

convênios acadêmicos assinados com outras 14116 universidades em 46

países e territórios dos 5 continentes; sendo assim, uma das universidades

japonesas que mais promovem intercâmbios culturais e acadêmicos com

outras universidades do mundo.

3.1.1.2. Universidade Soka da América

Em 1987, foi fundado o campus da Universidade Soka da América

(SUA), em Calabasas, Califórnia. E, em 3 de maio de 2001, foi inaugurado um

novo campus da SUA em Aliso Viejo, no Condado de Orange, Estados Unidos.

A Universidade Soka da América iniciou suas atividades como

Faculdade de Ciências Humanas. Possui uma estrutura universitária tradicional

que tem como foco a formação de indivíduos de capacidade, como também o

desenvolvimento do conhecimento em campos especializados do aprendizado.

16 Dados do site oficial da Universidade Soka.

45

As salas de aula têm um número reduzido de alunos para cultivar um

relacionamento informal entre professores e estudantes.

O pensamento de Makiguti é atualmente expresso na forma desta

nova universidade dedicada à formação de pessoas, de cidadãos do mundo, e

que possui quatro diretrizes ou missões:

- Formar líderes de cultura na comunidade;

- Formar líderes de humanismo na sociedade;

- Formar líderes de pacifismo no mundo;

-Formar líderes para a coexistência criativa da natureza com a

humanidade.

3.2. Sistema Educacional de Criação de Valor – em Escolas

Brasileiras

A Associação Brasil SGI (BSGI) promove atividades educacionais a

partir das propostas pedagógicas de Makiguti, através de uma de suas

coordenadorias – a Coordenadoria Educacional –, que realiza projetos sociais

visando a solução de questões específicas da área educacional.

A Coordenadoria Educacional, além de possuir Instituições

Educacionais, desenvolve também dois projetos em escolas e comunidades

brasileiras: “Makiguti em Ação” e “Curso de Alfabetização para Jovens e

Adultos”. Toda a linha pedagógica da instituição e dos projetos tem como base

a teoria proposta por Makiguti, que promove a felicidade do aluno e a criação

de valores humanos para a sociedade através de uma educação humanística.

46

A Coordenadoria lançou também um livro chamado “Makiguti em

Ação – Educando para a Paz” (Editora Brasil Seikyo, SP, 2001), que apresenta

as atividades realizadas pela BSGI na área educacional, além de especificar a

metodologia aplicada com relatos e depoimentos de alunos que alcançaram

significativos resultados em sua vida através da participação em projetos

educacionais da Coordenadoria.

3.2.1. Instituição Educacional Soka no Brasil

A Escola Soka do Brasil é a primeira Instituição Educacional Soka

da América Latina, e a quarta unidade em operação no mundo, fora do Japão.

Hoje, ela atende em duas unidades. A primeira atende alunos do ensino

fundamental, e a segunda unidade atende apenas alunos da educação infantil,

e se chama Escola Infantil Soka.

A proposta educacional destas instituições é fazer com que a

criança tenha a oportunidade de desenvolver seu ilimitado potencial e viver de

forma plena, permitindo que o aluno seja feliz enquanto estuda. O diferencial

desta escola é enfatizar que a criança não é “mais uma na sociedade”, mas

sim que ela é importante e única. O que importa é a felicidade dela e não a

competitividade com outras crianças. O foco é o estímulo do saber, e não a

simples transmissão do conhecimento. A escola oferece o ambiente social

para uma educação que forme crianças de mente e corpo saudáveis. Em

espaços próprios, as crianças são estimuladas a interagir com todas as

manifestações do conhecimento.

3.2.2. Projeto Makiguti em Ação

47

O Projeto Makiguti em Ação foi implantado pela primeira vez em

1994 em uma classe de 2ª série numa escola de ensino fundamental da região

central de São Paulo, e tem como objetivo melhorar a qualidade de ensino,

colocando em prática as propostas pedagógicas do Prof. Tsunessaburo

Makiguti, difundindo nas escolas públicas a Educação Humanística em prol da

criação de valores humanos.

O projeto funciona no horário pedagógico do professor e através de

oficinas e palestras visa promover o papel do professor para mediador da

aprendizagem, e assim, sua sala de aula ser um local propício para a interação

criativa com os alunos, estimulando o gosto pelo aprendizado e envolvendo-os

em um ambiente saudável e feliz. Neste projeto, o professor é bastante

estimulado a refletir suas ações pedagógicas, pois conforme a citação abaixo

do livro Makiguti em Ação – Educando para a Paz (2001), o professor não é

um mero “transmissor de conhecimento”, mas um mediador, com a atenção de

desenvolver, e não podar, o potencial inato do aluno. A afirmação diz:

O educador deve ser visto como um ser humano, construtor de si mesmo e de sua história, tendo papel fundamental no processo, pois é ele quem direciona a ação e o processo educativo que pede um envolvimento afetivo criando um clima favorável ao desenvolvimento dos educandos. O que se deve ter em vista é uma escola na qual o aluno possa ser sujeito de sua própria formação, num complexo processo interativo onde o professor também se veja como sujeito mediador do conhecimento. (Coordenadoria Educacional da BSGI, 2001, p. 23).

Uma outra necessidade observada pelo projeto é a mudança dos

padrões hierárquicos das instituições de ensino em que a relação professor–

aluno, ainda hoje, tende a ser estritamente vertical, fria e distante. É

impossível, nessas condições, haver uma integração harmoniosa e criadora

entre professores e alunos. Por meio de procedimentos didático-pedagógicos

embasados nas propostas do professor Makiguti, o projeto visa transmitir ao

professor que a preocupação central deve ser a aprendizagem e não o ensino,

mostrando que a educação precisa ser vista como uma força propulsora da

transformação da sociedade por meio da criação de novos valores.

48

O Projeto Makiguti está funcionando em aproximadamente 235

escolas17 da rede pública dos estados de São Paulo, Paraná, Bahia e Pará e

10018 aguardando a implantação, pois o resultado do Projeto tem sido eficaz e

proveitoso, conforme segue a citação abaixo:

As reflexões sobre os resultados do projeto ‘Makiguti em Ação’ devem partir de pressupostos norteadores da construção de novas relações sociais, uma vez que o projeto trata de uma atividade que ocasiona uma mobilização social da área educativa. A experiência vivenciada indica caminhos dentro do intrincado processo de desenvolvimento do ser humano. Quando se envolvem emocionalmente com as atividades – quando seu universo afetivo é atingido – professores, alunos e pais crescem com esse trabalho coletivo da escola. Novos valores ligados ao humanismo são criados, recriados ou estimulados. Todo e qualquer ato passa então a ser orientado por esses novos valores, e o educador se vê na obrigação de conhecê-los para melhor entender seu universo social. (Coordenadoria Educacional da BSGI, 2001, p. 51).

3.2.3. Departamento de Alfabetização para Jovens e Adultos

O Curso de Alfabetização para Jovens e Adultos desenvolvido pela

Coordenadoria Educacional foi concebido na década de 80, tendo como base

diversas teorias pedagógicas e psicopedagógicas ligadas à Teoria de Criação

de Valor de Makiguti. Após cinco anos de um processo de experimentação, a

Coordenadoria elaborou uma proposta de alfabetização em 40 horas para

cada série. Com a criação de um projeto-piloto que foi aplicado com grande

êxito numa escola da capital paulista, ele foi sendo implementado em outras

escolas de São Paulo e, posteriormente, em outras cidades, e até outros

Estados. Atualmente, além das cidades de São Paulo, Guarulhos, Carapicuíba,

Taboão da Serra, Campinas e São Vicente (no Estado de São Paulo), o curso

é oferecido também em algumas cidades do Rio de Janeiro, em Brasília,

Recife e Salvador.

17 Dados do livro Makiguti em Ação (2001). 18 Ibidem.

49

A abrangência geográfica do Departamento de Alfabetização para

Jovens e Adultos do Rio de Janeiro atinge os pólos de: Belford Roxo, Duque

de Caxias, São Gonçalo, Rio das Ostras, Catete e Cabuçu (Nova Iguaçu).

O material utilizado é bem variado, procurando abranger tudo que

faça parte do cotidiano do aluno e também que seja de seu interesse, como

por exemplo, panfletos, anúncios, receitas de culinária, letras de música, além

de cadernos de avaliação e material pedagógico elaborado pela própria

Coordenadoria, jornais, revistas, materiais audiovisuais e muitos outros. Toda

equipe que contribui para a realização desse curso – coordenadores,

professores, monitores e pessoal de apoio – é formada por voluntários,

movidos pelo espírito de doação de vida a vida, eixo norteador da filosofia

humanística da SGI.

Atualmente, esse departamente atua em 39 pólos19 em todo o

Brasil, alfabetizando jovens (acima de 15 anos) e adultos (sem limites de

idade), que desejam dominar somente a leitura, a leitura e a escrita, ou

concluir a 4ª série do ensino fundamental para dar continuidade aos estudos.

O curso já atendeu 3.212 alunos20 que concluíram a 4ª série do primeiro ciclo

do ensino fundamental.

3.3. Reconhecimentos e Homenagens

Tsunessaburo Makiguti faleceu na prisão, como um criminoso de

guerra. O seu “crime” foi abolir abertamente um regime que limitava o potencial

do ser humano; ele não temeu nem mesmo o autoritarismo militar japonês.

Makiguti sempre acreditou e lutou por uma sociedade mais humana, onde

cada pessoa fosse livre para acreditar e evidenciar o seu verdadeiro potencial

como ser humano.

Apesar de seu fim ter sido no anonimato, hoje, pessoas e

instituições do mundo inteiro reconhecem-no como um grande educador e

19 Dados do livro Makiguti em Ação (2001).

50

idealizador do sistema educacional voltado para a criação de valores humanos.

No Brasil também, muitas homenagens já foram concedidas ao Professor

Makiguti – quão feliz e emocionado ficaria ele em saber que, um país

localizado geograficamente do outro lado do Japão o reconhece como um

ilustre educador.

Em seguida, será destacado apenas algumas homenagens,

priorizando homenagens do Rio de Janeiro, e algumas de São Paulo, Curitiba

e Brasília.

Algumas homenagens de cidades brasileiras ao Prof. Makiguti:

• 30 de março de 1996 – Inauguração da Estrada Professor Tsunessaburo

Makiguti em Itapevi (SP)21;

• 14 de junho de 1996 – Inauguração da Praça Tsunessaburo Makiguti em

Curitiba (PR)22;

• 20 de janeiro de 1998 – Moção de Aplausos concedida pela Câmara

Municipal de Duque de Caxias (RJ);

• 31 de março de 1998 – Moção de Aplausos e Congratulações concedida pela

Câmara Municipal de São João de Meriti (RJ);

• 3 de maio de 1998 – Moção de Aplausos e Congratulações concedida pela

Câmara Municipal de Nilópolis (RJ);

• 16 de julho de 1998 – Moção de Louvor concedida pela Câmara Legislativa

do Distrito Federal, Brasília;

20 ibidem. 21 Ver anexo. 22 Ver anexo.

51

• 13 de novembro de 1998 – Diploma e Medalha Felisberto de Carvalho

concedidos pela Câmara Municipal de Niterói (RJ);

• 24 de novembro de 1998 – Denominação da Rua Tsunessaburo Makiguti

pela Câmara Municipal de Guaratinguetá (SP);

• 22 de abril de 1999 – Moção de Congratulações concedida pela Câmara

Municipal de Magé (RJ);

• 1º de julho de 1999 – Denominação de Avenida Tsunessaburo Makiguti

aprovada pela Câmara Municipal de Pindamonhangaba (SP);

• 6 de maio de 2000 – Inauguração do Jardim Professor Tsunessaburo

Makiguti em Monte Alto (SP);

• 20 de setembro de 2000 – Título de Cidadão Honorário outorgado pela

Câmara Municipal de São João de Meriti (RJ);

• 31 de maio de 2008 – Moção de Aplausos concedida pela Câmara Municipal

de Rio Bonito (RJ);

• 29 de junho de 2008 – Moção de Aplausos concedida pela Câmara Municipal

de Rio das Ostras (RJ).

52

CONCLUSÃO

A sociedade atual está impregnada pelo materialismo e de uma

escandalosa corrupção entre adultos. Num ambiente carente de modelos que

nada inspira a geração mais jovem, a educação é afetada, não conseguindo

atuar plenamente. O sistema educacional foi reduzido a mero mecanismo que

serve a interesses nacionais, sejam eles políticos, militares, econômicos ou

ideológicos.

As crianças de hoje não possuem mais interesse na escola, seu

comportamento problemático e a fuga do aprendizado, deve-se ao declínio das

funções educacionais que deveriam ser inerentes não apenas às escolas mas

também à comunidade, família e sociedade como um todo.

O aprendizado já faz parte do propósito da vida humana, é o fator

primário no desenvolvimento da personalidade humana e o que torna os seres

verdadeiramente humanos.

Segundo a Sra. Vanilda Liziete Ribeiro Lopes, atual Diretora da

Escola Soka do Brasil, numa palestra onde abordou sobre as “Competências

do Educador Humanista”, o educador humanista precisa levar o aluno a

experimentar o valor no seu dia-a-dia, estimulando e despertando neles os

valores de caráter latentes. A Diretora acredita que a essência da Educação

Humanística encontra-se no relacionamento entre professor e aluno, sendo

assim, importante o professor conscientizar-se de seu papel na sociedade,

tornando-se um exemplo aos alunos, para então, criar novas gerações de

pessoas imbuídas de um profundo respeito pela dignidade da vida. Para

Vanilda, o Educador Humanista deve ter a benevolência como base para suas

53

ações, onde ela define benevolência como o ato de retirar a insegurança e o

medo da vida dos alunos e conceder-lhes alegria, esperança e tranqüilidade23.

Para Makiguti, esta missão só acontece quando o professor engaja-

se em diálogos com seus alunos, como se fosse um “irmão mais velho”; o

professor não precisa explanar, mas deixar fluir o conhecimento que os alunos

possuem; o professor não pode ser um “chefe”, mas deixar os estudantes

livres para buscarem a solução dos problemas; o professor não pode sufocar a

curiosidade do aluno, mas deixá-lo vivenciar o prazer da descoberta

(MAKIGUTI, 1973).

Entretanto, esta “definição” de professor ainda parece ser surreal. A

tarefa que Makiguti se determinou a empreender permanece inacabada. A

“aprendizagem forçada” continua sendo a forma principal de ensino na maioria

dos países do mundo, se não em todos. A confiança prolongada nesse tipo de

ensino está levando às consequências previstas pelo autor desta obra:

O sistema de ensino como um todo é estruturado segundo o nível dos conhecimentos factuais adquiridos, avaliado por exames. O sentimento de amor pela aprendizagem, inerente às crianças, de modo geral se extingue antes de se chegar à adolescência como resultado de aprendizagem forçada. (MAKIGUTI, 1994, p. 224)

Aspectos criticados por Makiguti, há mais de oito décadas, são

ainda hoje característicos da educação no Japão e no Ocidente. Os

pensamentos do Prof. Makiguti podem ser considerados revolucionários. Em

sua tentativa de compreender a natureza da personalidade humana e do

processo de aprendizagem, Makiguti antecipava o trabalho de filósofos,

educadores e psicólogos de décadas posteriores. Sua obra permanece como

uma comprovação da validade de princípios e hipóteses expressos por esses

acadêmicos mais recentes, cujas contribuições para a compreensão da

23 Informação verbal.

54

educação representam uma evidência da genialidade e importância de

Makiguti como educador.

A obra de Makiguti sobre a Teoria do Valor é bastante histórico e

contemporâneo. Uma verdadeira fonte de reflexão nos dias de hoje – num

momento em que os sistemas de ensino no mundo todo passam por séries

crises educacionais.

O Livro Educação para uma Vida Criativa (1994) são

fundamentações teóricas e não diz o que e como fazer. Neste ponto que se

encontra o grande desafio para os educadores em como aliar o aspecto

cognitivo à questão da filosofia humanística. Este é o grande diferencial da

Educação de Criação de Valor (Soka), pois ensinar conteúdos, todas as

escolas fazem, mas o Sistema Educacional Soka forma alunos corajosos,

justos, honestos e que preservam a dignidade da vida24, assim como

Tsunessaburo Makiguti deslumbrou em sua Teoria da Criação de Valor.

24 Diretora Vanilda – informação verbal.

55

BIBLIOGRAFIA

BETHEL, Dayle. M. MAKIGUTI – The Value Creator: Revolutionary

Japanese Educator and Founder of Soka Gakkai. Tokyo, Weatherhill, 1973.

COORDENADORIA Educacional da BSGI. Makiguti em Ação: Educando

para a Paz. São Paulo, Editora Brasil Seikyo, 2001.

IKEDA, Daisaku. Proposta Educacional: Algumas considerações sobre a

educação do século XXI. São Paulo, Editora Brasil Seikyo, 2006.

IKEDA, Daisaku. Educação Soka. São Paulo, Editora Brasil Seikyo, 2010.

IKEDA, Daisaku: Discurso. Jornal Brasil Seikyo, São Paulo, 28 de março de

1998, pág. 7.

__________ Jornal Brasil Seikyo, São Paulo, 4 de dezembro de 1999, pág.

A3.

__________ Jornal Brasil Seikyo, São Paulo, 14 de fevereiro de 2004, pág.

A8.

__________ Jornal Brasil Seikyo, São Paulo, 23 de fevereiro de 2008, pág.

A3.

__________ Jornal Brasil Seikyo, São Paulo, 14 de fevereiro de 2009, pág.

A11.

56

MAKIGUTI, Tsunessaburo. Educação para uma vida criativa. São Paulo,

Record, 1994.

REVISTA DEZ. Universo Soka. São Paulo, Editora Brasil Seikyo, edição de

Fevereiro 2005.

SGI GRAPHIC. Soka Educatioal System. Tokyo, Seikyo Shimbun, edição de

Abril de 2004.

SGI GRAPHIC. A Way of Education. Tokyo, Seikyo Shimbun, edição de Maio

de 2008.

SGI GRAPHIC. Soka Educatioal. Tokyo, Seikyo Shimbun, edição de

Novembro de 2008.

SOKA – Revista de estudos sobre criação de valor – Nº1. Editora Brasil

Seikyo, Nov.2010.

TERCEIRA CIVILIZAÇÃO. Geografia da Vida Humana: centenário da obra

imortal de Tsunessaburo Makituti. São Paulo, Editora Brasil Seikyo, edição

de Novembro de 2003.

TERCEIRA CIVILIZAÇÃO. Makiguti: um educador além de seu tempo. São

Paulo, Editora Brasil Seikyo, edição de Novembro de 2004.

57

WEBGRAFIA

Associação Brasil SGI.

Disponível em <http://www.bsgi.org.br>. Acesso em 16/03/2012 – 21h.

Escola Soka do Brasil.

Disponível em <http://www.escolasoka.org.br>. Acesso em 16/03/2012 – 22h.

Universidade Soka.

Disponível em <http://www.soka.ac.jp/en/international/network/list/>. Acesso

em 16/03/2012 – 22:45h.

Wikipédia, a enciclopédia livre. Biografia de John Dewey.

Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Dewey>. Acesso em

18/03/2012 – 10h.

58

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTOS 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 CITAÇÃO 7 SUMÁRIO 8 INTRODUÇÃO 9 CAPÍTULO I PROFESSOR TSUNESSABURO MAKIGUTI 13 1.1 – Vida de Makiguti 14 1.2 – Produções Bibliográficas 18 1.3 – Soka Gakkai e Sucessores de Makiguti 20 1.3.1 – JOSSEI TODA: Co-fundador da Soka Gakkai 21 1.3.2 – DAISAKU IKEDA: Fundador do Sistema Educacional Soka 23 CAPÍTULO II PENSAMENTOS DO PROFESSOR MAKIGUTI 25 2.1 – Teoria do Sistema Educacional de Criação de Valores (SOKA KYOIKUGAKU TAIKEI) 25 2.1.1 – Objetivo na Educação 28 2.1.2 – Felicidade 29 2.1.3 – Teoria da Criação de Valores 30 2.1.4 – A Natureza do Processo de Aprendizagem e o Treinamento de Professores 31 2.1.5 – A Necessidade de uma Ciência da Educação 32 2.1.6 – O papel Educacional da Escola, do Lar e da Comunidade 33 2.1.7 – Bem, Belo, Benefício 34 2.2 – Geografia da Vida Humana (JINSEI CHIRIGAKU) 36 CAPÍTULO III CONTRIBUIÇÕES DO SISTEMA EDUCACIONAL SOKA NO MUNDO E NO BRASIL 41 3.1 – Instituições Educacionais Soka ao Redor do Mundo 42 3.1.1 – Universidades Soka 43 3.1.1.1 – Universidade Soka do Japão 44 3.1.1.2 – Universidades Soka da América 44 3.2 – Sistema Educacional de Criação de Valor – em Escolas Brasileiras 45 3.2.1 – Instituição Educacional Soka no Brasil 46

59

3.2.2 – Projeto Makiguti em Ação 47 3.2.3 – Departamento de Alfabetização para Jovens e Adultos 48 3.3 – Reconhecimentos e Homenagens 50 CONCLUSÃO 52 BIBLIOGRAFIA 55 ÍNDICE 58 ANEXOS 60

60

ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> foto de Tsunessaburo Makiguti

Anexo 2 >> budismo de Nitiren Daishonin;

Anexo 3 >> matéria sobre a entrega do título de Doutor Honorário ao

presidente da SGI, pela Universidade Estadual de Londrina;

Anexo 4 >> foto de Jossei Toda;

Anexo 5 >> relação das Propostas de Paz enviadas à ONU;

Anexo 6 >> mensagem de Congratulações enviada pelo Presidente da SGI,

Dr. Daisaku Ikeda, por ocasião dos 20 anos de fundação da

Coordenadoria Educacional da BSGI;

Anexo 7 >> foto do livro Geografia da Vida Humana;

Anexo 8 >> lema das Instituições Educacionais Soka;

Anexo 9 >> emblema das Instituições Educacionais Soka;

Anexo 10 >> diretrizes eternas da Educação Soka;

Anexo 11 >> foto da Estrada Professor Tsunessaburo Makiguti;

Anexo 12 >> foto da Praça Professor Tsunessaburo Makiguti.

61

ANEXO 1

Tsunessaburo Makiguti

62

ANEXO 2

O Budismo de Nitiren Daishonin

Nitiren Daishonin nasceu em 16 de fevereiro de 1222, na vila de

Kominato, Japão. Ao contrário de Sakyamuni, que foi filho de rei, os pais de

Nitiren Daishonin eram pescadores. Naquela época, os pescadores e

caçadores eram desprezados porque sua sobrevivência envolvia tirar a vida.

As circunstâncias de seu nascimento são muito significativas, pois indicam o

princípio budista da igualdade máxima de todas as pessoas,

independentemente de sua posição social ou de outros critérios superficiais.

Ele recebeu o nome de Zenniti-maro e viveu na vila de pescadores

até 1233, quando, aos doze anos, deixou o lar para estudar o budismo. Em

seus estudos, percebeu várias contradições entre os ensinos budistas;

também determinou encontrar uma resposta para os problemas da

transitoriedade da vida humana, com a qual estava profundamente

preocupado.

Após muito estudo e contemplação, compreendeu a natureza da

realidade máxima da vida e do Universo. Nitiren recitou o Nam-myoho-rengue-

kyo pela primeira vez na manhã de 28 de abril de 1253 – apresentando dessa

forma a toda a humanidade o caminho direto para a iluminação. Ele declarou

então que nenhum dos ensinos pré-Sutra de Lótus revelavam a iluminação do

Buda e que todas as seitas budistas que se baseavam nesses ensinos eram

desencaminhadoras. Adotou também o nome Nitiren.

Nitiren Daishonin passou mais de duas décadas ensinando às

pessoas sobre o budismo e advertindo o governo – para que os líderes

63

levassem a paz à nação aceitando os verdadeiros ensinos do budismo.

Durante esse período, ele sobreviveu a dois exílios, uma tentativa de

execução, uma emboscada e numerosas tentativas de colocarem-no em

descrédito.

Na manhã do dia 13 de outubro de 1282, Nitiren Daishonin faleceu

pacificamente.

Por ter atingido a iluminação por si só – com sua própria

compreensão – e por ter revelado a verdade fundamental da vida, Nitiren

Daishonin é chamado de Buda original.

64

ANEXO 3

Universidade Estadual de Londrina confere título de

Doutor Honorário a presidente da SGI Matéria publicada no Jornal Brasil Seikyo do dia 24 de abril de 2004 – edição nº 1745

A Universidade Estadual de Londrina, no Paraná, conferiu

recentemente um título de Doutor Honorário ao presidente da SGI, Daisaku

Ikeda, por suas contribuições à paz, que se pautam pela filosofia do

humanismo.

A outorga ocorreu no dia 14 de abril, na torre central da

Universidade Soka, em Hatioji, Tóquio. Entre os presentes estavam: a reitora

da Universidade Estadual de Londrina, Lygia Lumina Pupatto; o diretor do

Centro de Ciências Exatas, Antônio Carlos Mastine; Ângela Maria Louzada

Veregue, funcionária da reitoria; e Maria Fusako Tomimatsu, chefe do Centro

de Cultura Japonesa. Também participaram da solenidade representantes da

Universidade Fuji de Tóquio, liderados pelo presidente do conselho, Sadao

Futagami e pelo presidente Tadahiro Hayasaka.

A reitora Pupatto declarou na ocasião ser uma grande honra

conceder um título honorário a Ikeda em tributo a seus esforços incansáveis

em prol do desenvolvimento da paz, cultura, educação e meio ambiente.

Afirmou ainda que muitas cidades no Norte do Paraná, entre elas Londrina,

reconhecem a liderança de Ikeda à frente da SGI.

A Universidade Estadual de Londrina firmou parceria com a BSGI

para promover a educação ambiental e atividades de preservação do meio

ambiente no Parque Ecológico Doutor Daisaku Ikeda, em Londrina.

65

Pupatto declarou na ocasião que aceitar diferenças é crucial para o

progresso da humanidade e base para a construção da paz. Ela disse também

que a chave para acabar com a desigualdade na sociedade humana encontra-

se na filosofia de humanismo de Ikeda.

A reitora disse esperar que os intercâmbios entre a Universidade de

Londrina e a SGI aprofundem-se e que possam trabalhar em parceria para a

construção de um futuro melhor.

Citando o educador brasileiro Paulo Freire, que declarou que a

educação é o melhor caminho para transformar a humanidade e a sociedade

numa escala mundial, Ikeda afirmou que a educação é a força universal que

une as pessoas em solidariedade. Ele também elogiou a liderança notável de

Pupatto no campo da educação e externou sinceros agradecimentos pela

honra a ele estendida. O presidente da SGI mencionou ainda Yumiti Takada,

fundador da Universidade Fuji de Tóquio, a alma mater de Ikeda. Takada

devotou-se à formação de jovens, plenamente convicto de que a educação

significa professores dedicando-se a seus alunos.

Encerrando, o presidente da SGI expressou sua firme decisão de

esforçar-se para o avanço da educação em prol do futuro da humanidade.

66

ANEXO 4

Jossei Toda

67

ANEXO 5

Propostas de Paz enviadas anualmente à ONU

2013 – Compaixão, sabedoria e coragem – Para a humanidade viver em paz.

2012 – Segurança humana e sustentabilidade: Compartilhar o respeito pela

dignidade da vida.

2011 – Por um mundo digno de todos: triunfo da vida criadora.

2010 – Novos valores para uma nova era.

2009 – Competição humanitária: nova esperança na história.

2008 – A humanização da religião a serviço da paz.

2007 – Resgatar a nossa humanidade: primeiro passo para a paz mundial.

2006 – A nova era do povo: uma rede mundial de indivíduos conscientes e

fortes.

2005 – Uma nova era de diálogo: o triunfo do humanismo.

2004 – Revolução interior: uma onda mundial pela paz.

2003 – Por uma ética global – A dimensão da vida: um paradigma.

2002 – O humanismo do caminho do meio – O alvorecer de uma civilização

global.

2001 – O desafio da nova era: construir a todo instante o “Século da Vida”.

2000 – A paz pelo diálogo – É tempo de falar: uma cultura de paz.

1999 – Pela cultura de paz – Uma visão cósmica.

1998 – A humanidade e o novo milênio: do caos para o cosmos.

1997 – Novos horizontes de uma civilização global.

1996 – Rumo ao terceiro milênio: o desafio da cidadania global.

1995 – Criando um século sem guerras por meio da solidariedade humana.

1994 – A luz do espírito global: uma nova alvorada na história da humanidade.

1993 – Rumo a um mundo mais humano no século vindouro.

68

1992 – Uma Renascença de esperança e harmonia.

1991 – O alvorecer do século da humanidade.

1990 – O triunfo da democracia: rumo a um século de esperança.

1989 – A alvorada de um novo globalismo.

1988 – Entendimento cultural e desarmamento: os blocos edificadores da paz

mundial.

1987 – Propagando o brilho da paz: rumo ao século do povo.

1986 – Rumo a um movimento global por uma paz duradoura.

1985 – Novas ondas de paz rumo ao século XXI.

1984 – Criando um movimento unido para um mundo sem guerras.

1983 – Nova proposta para a paz e o desarmamento.

1982 – Uma Nova Proposta para o Desarmamento e a Abolição de Armas

Nucleares.

1978 – Proposta para o Desarmamento Nuclear.

69

ANEXO 6

Mensagem de Congratulações enviada pelo Presidente da SGI,

Dr. Daisaku Ikeda, por ocasião dos 20 anos de fundação da

Coordenadoria Educacional da BSGI

A Coordenadoria Educacional da BSGI, que assinalou a sua

fundação junto comigo há 20 anos, tornou-se hoje um indispensável “pilar da

educação humanística” e é alvo de confiança e expectativa da sociedade

brasileira. Com profundo respeito, desejo louvar altamente os esforços de

todos. Os pais da Educação Soka, os professores Makiguti e Toda, estão

deveras muito felizes.

O professor Makiguti disse: “Qual é o fator principal que faz um

professor merecer respeito? É o seu ato de praticar o justo discernimento do

bem e do mal, do correto e do errado. Além disso, ele não deve meramente

explicar essas questões, mas tomar a iniciativa de colocar em prática e de

demonstrar pessoalmente o exemplo.” O espírito da Educação Soka consiste

em defender o bem e a justiça; é combater o mal que prejudica a vida humana.

Consiste também na iniciativa de agir de acordo com esse espírito.

Na sociedade atual em que prevalece o lucro e a perda em meio ao

confuso discernimento do bem e do mal, do correto e do errado, as crianças

são a maior vítima. As pessoas que podem salvá-las fundamentalmente são

certamente os integrantes da Coordenadoria Educacional. A filosofia Soka é a

filosofia da felicidade, da solidariedade e da paz. É também a filosofia do

supremo bem, da refutação do mal e da vitória.

70

O meu amigo e ex-ministro da Educação, Cristóvam Buarque, disse

em nosso diálogo: “A educação é o único caminho que assegura a estabilidade

e a paz no futuro de uma nação.” Os indivíduos tornam-se um ser humano

através da educação. Não se trata apenas de transferir conhecimentos nem de

mero desenvolvimento da inteligência. A educação é o grande caminho que

assegura a herança do humanismo do passado para o futuro. Nesse sentido, a

sagrada devoção de seus esforços em prol da educação é realmente uma vida

muito sublime e dotada de profunda missão. Espero que atuem como altivos

pioneiros da educação humanística e avancem imponentemente pela estrada

da unidade budismo-educação. Vamos construir prazerosamente o “Século da

Educação” e o “Século da Coordenadoria Educacional do Brasil”.

Em 8 de fevereiro de 2004.

Daisaku Ikeda

71

ANEXO 7

Livro Geografia da Vida Humana

Livro: Geografia da Vida Humana na edição em inglês,

publicado em 2002, em comemoração ao seu centenário.

72

ANEXO 8

Lema das Instituições Educacionais Soka

Lema da Escola Soka de ensino fundamental 1:

“Ser alegre, generoso e paciente”

Lemas das Escolas Soka de ensino fundamental 2 e médio:

“Sabedoria, glória e paixão”

“Bom senso, boa saúde e esperança”

Lemas do Colégio Soka feminino:

“Seja uma pessoa inteligente, feliz e virtuosa”

“Seja uma pessoa de princípios que trabalha pela harmonia de todos”

“Seja uma pessoa de visão global e critério social”

73

ANEXO 9

Emblema das Instituições Educacionais Soka

O emblema das Instituições Educacionais Soka é composto de uma

pena de escrever entre as asas de uma jovem fênix.

A pena representa “sabedoria” e as asas da fênix, o alçar de um “vôo

em direção a um glorioso futuro”.

74

ANEXO 10

Diretrizes eternas da Educação Soka

1. Almejem a criação de valores com sabedoria e paixão buscando sempre a

verdade;

2. Jamais causem incômodo aos outros e sejam responsáveis por seus atos;

3. Rejeitem a violência, valorizem a confiança e cooperacão e sejam cordiais

com as pessoas;

4. Declarem francamente suas convicções e atuem com coragem em defesa

da justiça;

5. Sejam pessoas de iniciativa e tornem-se gloriosos líderes do Japão e do

mundo.

75

ANEXO 11

Estrada Professor Tsunessaburo Makiguti

76

ANEXO 12

Praça Professor Tsunessaburo Makiguti

Busto do educador