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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AVM FACULDADE INTEGRADA
Valéria Junqueira Santos
A IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS NEUROCIENTÍFICOS DO CEREBELO NO
ASPECTO MOTOR E COGNITIVO NA EDUCAÇÃO INFANTIL EM
CRIANÇAS DE 2 A 4 ANOS.
Orientadora
Professora Marta Pires Relvas
Rio de Janeiro
2013
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS NEUROCIENTÍFICOS DO CEREBELO NO
ASPECTO MOTOR E COGNITIVO NA EDUCAÇÃO INFANTIL EM
CRIANÇAS DE 2 A 4 ANOS.
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Neurociência Pedagógica.
Por: Valéria Junqueira Santos.
Rio de Janeiro
2013
3
AGRADECIMENTOS
... ao meu companheiro, e a minha
amiga que me incentivou
diáriamente para conclusão desta
etapa da minha vida.
4
DEDICATÓRIA
...Dedico ao Colégio dos Santos
Anjos por me dar o prazer de estar
nesta intituiçao sempre me
renovando a novos conhecimentos e
me dedicando a uma educaçao mais
voltada para o saber e o
desenvolvimento emocional do
aluno.
5
METODOLOGIA
A pesquisa bibliográfica foi realizada através de oito livros, além de
várias leituras de artigos disponível em site da Neurociência, psicomotricidade
e saúde do ser humano. Foi escrito um capítulo por mês, buscando-se pontos
divergentes e/ou convergentes em relação à abordagem apresentada por
diversos autores que falam da importância da ludicidade para o
desenvolvimento psicomotor, intelectual e emocional para o desenvolvimento
infantil. Alguns deles relatam, de forma aprofundada, a neurobiologia e a
fisiologia das sinapses neurais, sendo que somente a bióloga Marta Pires
Relvas e a pesquisadora Elvira Souza e Lima articulam os conhecimentos da
pedagogia à Neurociência, pois em seus livros, tal conhecimento é proposto, é
evidente. Com base nas pesquisas e contribuições das referências
bibliográficas analisadas, a monografia foi produzida de forma crítica e
aprofundada. Assim, a questão centralizada alcançou a resposta requerida.
Após a leitura das fontes disponíveis já citadas, o estudo definiu que a
ludicidade pedagógica ativa o potencial dos neurônios, bem como na formação
das sinapses neurais da aprendizagem escolar, entendendo-se que as
atividades lúdicas servem de estímulos para o prazer de aprender e o
desenvolvimento das habilidades psicomotoras planejadas pelo educador da
educação infantil.
6
RESUMO
O presente trabalho monográfico tem uma abordagem de experiência de
vinte e três anos de educadora que articula conceitos da Neurociência e a
pedagogia atual. Para isso, o ponto inicial, que inspirou essa produção foi a
seguinte problematização: Qual a importância do cerebelo para a estimulação
dos potencias do neurônio e a formação das sinapses no desenvolvimento
corporal e emocional no intuito de promover a aprendizagem? Assim, ao longo
do texto, há importantes discussões a serem consideradas a respeitos de
atividades lúdicas para ao processo de desenvolvimento intelectual e
psicomotor da criança e a intervenção na educaçao infantil, identificando
também as estruturas anatômicas corticais que potencializadas durante o
crescimento do aluno com o lúdico, buscam analisar e compreender a fisiologia
do sistema límbico de recompensas ao prazer de realizar as brincadeiras.
Enfim, há um estudo aprofundado das conexões neuronais formadas,
verificando-se que as atividades lúdicas pedagógicas paralelas às atividades
psicomotoras estimulam o pontencial da ação do neurônio, contribuindo para a
formação das sinapses neurais da apredizagem escolar.
Palavras-chave: Neurociência. Cerebelo. Equilíbrio. Postura. Tônus.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO 1 - ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A NEUROCIÊNCIAS:
UM FOCO NO CEREBELO 11
CAPÍTULO 2 - DISFUNÇÂO NO CEREBELO E SUAS INTERFERÊNCIAS NO
COMPORTAMENTO MOTOR 29
CAPÍTULO 3 – A NEUROCIÊNCIA E A APRENDIZAGEM MOTORA:
ALGUMAS FORMAS DE OBSERVAÇÃO 38
CONCLUSÃO 49
BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS 51
BIBLIOGRAFIAS CITADAS 53
ÍNDICE 54
ÍNDICE DE FIGURAS 55
8
INTRODUÇÃO
O estudo da Neurociência, com seus avanços e constantes
descobertas, vem contribuindo de forma produtiva para o processo
educacional, assim como desvenda relações importantes no que diz respeito
ao desenvolvimento não só cognitivo e psicomotor do indivíduo, mas também o
processo de aprendizagem como um todo.
Os avanços científicos, em inúmeras áreas de conhecimento, vêm
agregando informações relevantes para a educação, pois devido às inúmeras
mudanças no mundo e na vida cotidiana, alguns problemas vêm ganhando
destaque na história da educação, como o aumento de síndromes, transtornos,
dificuldade de aprendizagem, dentre outros. Com isso, cresce o interesse,
entre médicos, cientistas, e professores, sobre o corpo humano, suas
funcionalidades, especificidades, anatomia e fisiologia. No que se refere a
esses interesses, o cérebro humano vem ganhando cada vez mais destaque
em pesquisas e produções científicas.
Surge nesse cenário de curiosidades e descobertas, a Neurociência
para acrescentar novos conhecimentos e propostas para uma educação
comprometida com o desenvolvimento do indivíduo, mas especificamente das
crianças, que serão foco desta pesquisa. A Neurociência veio como uma marca
bem determinada para o conhecimento neurológico da evolução da mente e do
saber através da diversidade de conhecimento e técnicas para lidar com os
novos conflitos sociais e educacionais deste século (MIETTO, 2009).
A Neurociência, segundo Denise Pirillo Nicida (2010) busca
compreender o funcionamento do sistema nervoso, assim como busca integrar
suas variadas funções. Estudos comprovam a plasticidade do sistema nervoso,
ou seja, é capaz de se modificar segundo ações e estímulos ambientais, isso
ocorre graças à formação de novos circuitos neurais. É essa característica de
constante transformação do sistema nervoso que nos permite adquirir novas
9
habilidades motoras, cognitivas e emocionais, assim como aperfeiçoar as já
existentes.
Segundo alguns autores como Roberto Lent, Arthur Gyuton, John
Hall, Angelo Machado e Vitor da Fonseca, citados ao longo deste trabalho,
quando pensamos na criança, deve existir uma preocupação com intercâmbio
entre o fisiológico e o emocional, uma vez que estes, principalmente nos dias
de hoje, se associam ao comportamento e a qualidade de vida do indivíduo, de
uma maneira geral.
No intuito de direcionar este trabalho, é possível nos deter ao
comportamento motor que vem sofrendo muitas mudanças na era da
globalização e do desenvolvimento tecnológico. O comportamento motor vem
se desenvolvendo em grandes etapas da vida desde o surgimento da escrita a
séculos atrás até os dias atuais. Entretanto, para compreender este
comportamento motor, é importante partir de uma análise sobre o cérebro
humano, mas especificamente, o cerebelo.
O comportamento motor, este processo neurológico e mecânico,
vem se aperfeiçoando a cada fase da vida cotidiana, além de se ajustar ao
habitat, mudando de geração pra geração. Para Schmidt e Lee (2005), os
movimentos são um aspecto muito importante em nossa vida, já que nossa
capacidade de executar movimentos é mais do que uma mera conveniência,
pois ela é fundamental no processo de desenvolvimento humano.
Em relação aos movimentos, alguns são pré-estabelecidos e se
tornam presentes no desenvolvimento normal do ser humano. Estes estão
estabelecidos pelo o organismo desde o momento do nascimento. Ao longo do
desenvolvimento do ser humano vão surgindo novos movimentos, habilidades
motoras que são vivenciadas durante todo o processo evolutivo do ser no meio
em que vive.
Para que a criança vivencie e experimente as possibilidades de seu
desenvolvimento são importantes as conexões feitas para se chegar as
habilidades motoras. Nesse sentido, Vera Mietto (2009) afirma que a
Neurociência, que está voltada para a área da educação, para a aprendizagem
cognitiva e motora, é em termos gerais, o estudo de como o cérebro aprende,
10
ou seja, o entendimento de como as redes neurais se estabelecem no
momento de determinada vivência, experiência e aprendizagem, assim como
de que maneira os estímulos chegam ao cérebro, da forma como as memórias
se consolidam, e de como temos acesso a essas informações.
Como dito anteriormente, é importante analisar o estudo do cerebelo
e sua relação com esse processo educacional, pois o cerebelo funciona como
um mecanismo de auto controle e corretor de erros. Ele funciona sempre em
nível involuntário e inconsciente, sendo estes a principal função dos atos
motores. O cerebelo é o centro controlador das vias extrapiramidal, ou seja,
responsável pelos movimentos automáticos (MACHADO, 1988).
Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é analisar as disfunções no
cerebelo que vão interferir no processo motor, mais especificamente, no
equilíbrio, postura e tonicidade. Para alcançar este objetivo, a metodologia
utilizada foi de referência bibliográfica através de análises sobre os estudos
neurocientíficos e a importância dos mesmos para a educação infantil, na faixa
de idade de 3 e 4 anos, que estejam no Jardim 1. Além disso, foi realizado um
trabalho de observação em uma turma de Jardim 1, de um colégio particular no
bairro da Tijuca, Zona Norte do Município do Rio de Janeiro, onde constam 15
alunos, sendo 7 alunos com 3 anos e 8 alunos com 4 anos.
Este trabalho foi desenvolvido no intuito de analisar algumas
alterações motoras, cognitivas e de comportamento, ou seja,
comprometimentos notórios para a faixa etária de 3 e 4 anos. Com isso, vem
aumentando o número de professores preocupados, não apenas com as
questões de aprendizagem cognitiva, mas também preocupados em
reconhecer transtornos e/ou dificuldades apresentadas pelas crianças diante
de certas alterações motoras. Esse reconhecimento não só dificulta a avaliação
do desenvolvimento desse aluno, como prejudica o trabalho do professor no
que se refere à atuação desse profissional para ajudar certas deficiências.
11
CAPÍTULO I: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A NEUROCIÊNCIA:
UM FOCO NO CEREBELO
A Neurociência é um conjunto que trata do sistema nervoso, que
nasceu da busca das bases cerebrais da mente humana. Segundo Santana
(2010), a Neurociência investiga o funcionamento do sistema nervoso, tanto em
seu estado normal, quanto em seu estado patológico, principalmente os
elementos anatômicos e fisiológicos do cérebro, relacionando-os, dentre outras
coisas, com as reações comportamentais, os mecanismos de aprendizado e
aquisição do conhecimento humano.
Ainda segundo Ana Lucia Santana (2010) a Neurociência pode ser
dividida em três campos fundamentais, no intuito de compreender o
funcionamento do sistema nervoso dos animais e do homem; são eles: a
neurofisiologia, que investiga as tarefas que cabem ao sistema nervoso, a
neuroanatomia, que investiga a face estrutural deste sistema e
a neuropsicologia.
A Neurociência tem sido ampliada para incluir diferentes
abordagens, além de se abrir ao estudo dos aspectos moleculares, celulares,
de desenvolvimento, estruturais, funcionais, e médicos do sistema nervoso. As
técnicas usadas pelos neurocientistas têm sido expandidas em grande escala,
desde os estudos moleculares e celulares de neurônios individuais, até
mapeamento de tarefas sensoriais e motoras no cérebro. Avanços teóricos
recentes na Neurociência têm sido auxiliados pelo estudo das redes neurais.
Como o intuito deste trabalho volta-se para a discussão da
Neurociência com foco de análise no cerebelo, é válido trazer alguns pontos
sobre este, que irão auxiliar na compreensão de sua funcionalidade e
disfunções, relacionadas à questão da aprendizagem motora.
1.1.Córtex pré-frontal
De acordo com o psiquiatra Fábio Barbirato, em seu livro A mente
de seu filho, “a última área do cérebro a se desenvolver é a pré- frontal, o
12
neocórtex, relacionada á capacidade de pensar,estabelecer relções e contolar
impulsos” (2009, p. 93).
O córtex pré-frontal é um a das áreas associativas como são os
córtex parietal superior e o córtex temporal inferior. Percebe-se que a
coordenação motora é definida como a capacidade de produzir a contração dos
músculos de modo tal, que a sua atividade resulte em um movimento
biologicamente adequado ao contexto. O comando motor pode ter
consequências muito diferentes na periferial corporal, dependendo do estado
em que se encontrem as percepções sensoriais visual, vestibular e
proprioceptivas ou nociceptiva desencadeando uma resposta motora
automática e estereotipada. Apresenta virtualmente todos os movimentos
‘voluntários’ que implicam atividade consciente do córtex cerebral.
A maior parte do controle pelo córtex compreende a ativação,
simultânea de múltiplos padrões funcionais armazenados em áreas inferiores
na medula espinhal, tronco cerebral, gânglios da base e no cerebelo.
O sistema de memória operacional ou de trabalho tem sido especialmente relacionado ao córtex pré-frontal lateral, que tem sido conceituado como um depositário transitório de informações que depois poderão ser acessadas por outros circuitos neurais. Assim, a memória de trabalho permite a representação transitória de informações relevantes para uma dada tarefa, informações estas que podem ser de uma experiência passada armazenada na memória de longo-prazo ou que podem estar disponíveis no ambiente atual (GAZZANIGA et al, 2002).
A suposição de que o córtex pré-frontal lateral seria um depositário
transitório de informações, envolvido na memória de trabalho, tem sido
corroborada por diversos estudos. Por exemplo, o estudo de Courtney,
Ungerleider, Keil e Haxby (1997) revelou aumento da ativação do córtex pré-
frontal lateral em tarefas de memória, especialmente de memória de trabalho e
durante o período em que o estímulo está ausente e deve ser mantido na
memória de forma a ser manipulado e posteriormente evocado.
É valido que devidamente estimulado, o córtex amadurece e passa a
apresentar uma capacidade de planejamento, resolução dos problemas e
13
possibilidade de autoconsciência. Verifica-se que entre as suas funções,
algumas estejam relacionadas à memória de trabalho e ao aprendizado,
utilizadas na solução de problemas e no planajamento do comportamento, uma
vez que sem memória não há aprendizagem:
A memoria de trabalho não é apenas amanutensão ativadas informaçoes revelevantes das terefas; é também a manipulação da informação para que os objetivos comportamentais sejam atingidos (PETRIDES 2000, apud GAZZANIGA, 2000, p. 536).
Figura 1 fonte: www.viviancristina.spaceblog.com.br
1.1.2. Área pré-frontal
O córtex pré –frontal corresponde á área do encéfalo responsável
pelas escolhas, decisões, pensamento, raciocínio, comportamento socialmente
adequado, pela aprendizagem das regras, valores, condutas morais, pela
definição da identidade do ser, pelo senso de responsabilidade, pela
intencionalidade, pela capacidade de liderar, pela geração de hipoteses, pela
abstração, avaliação e crítica para as respostas selecionadas.
A função psicológica mais importante relacionada com o córtex pré-
frontal é a função executiva. Esta função se relaciona a habilidades para
diferenciar pensamentos conflitantes, determinar o bom ou ruim, melhor e pior,
14
igual e diferente, consequências futuras de atividades correntes, trabalho em
relação a uma meta definida, previsão de fatos, expectativas baseadas em
ações, e controle social:
O córtex motor primário começa lateralmente na fissura de Sylvius,alarga-se superiormente em direção à porção mais superior do cérebro e, então mergulha profundamente na fissura longitudinal. Há Varias áreas no córtex motor primário começando com a região da face e bica, perto da fissura de Sylvius; a área do braço e da mão,nas porções do córtex motor primário; o tronco do ápice do cérebro;e as áreas da perna e do pé,na parte do córtex motor primário que afunda na fissura longitudinal(GUYTON, 1996, p 633 ).
Observe que grande parte de todo o córtex primário é dedicada ao
controle das mãos e dos músculos da fala. As estimulações destas áreas
motoras da mão e a da fala frequentemente causam a contração de um único
músculo nas áreas com um grau menor de representação, como do tronco, a
estimulação elétrica contraí um grupo de músculos:
O córtex motor cerebral que estar relacionado com o controle muscular.Conforme se proguide em direção aos niveis mais altos do controle motor, representado pelo córtex cerebral, os tipos de movimentos que são controlados adquirem novas qualidades. Primeiro, número muito maior de movimentos de precisão pode se executado, em particular, movimentos precisos de mão e que não são controlados por nenhum dos centros inferiores. Segundo, os movimentos são preponderantemente do tipo aprendido e não do tipo esteriotipado. E, finalmente, a grande maioria dos movimentos musculares controlados pelo córtex cerebral são do tipo consciente e não do tipo subconsciente (GUYTON, 1988, p 148).
O córtex motor é uma área anterior ao sulco central do cérebro,
ocupando o terço anterior dos lobos frontais. Localizado posteriormente ao
sulco central se encontra o córtex somatossensorial, que envia sinais ao córtex
motor para que o controle das atividades motoras possa ser exercido. O córtex
motor se subdivide em três áreas, cada uma tendo sua representação de
15
grupos musculares e funções motoras específicas do corpo: córtex motor
primário, córtex pré-motor e a área motora suplementar.
O córtex motor primário é uma região do cérebro nos humanos
localizada na porção posterior do lobo frontal, no giro pré-central. Ele funciona
em associação com o córtex pré-motor, a área motora suplementar, o córtex
parietal posterior e várias outras regiões subcorticais, para planejar e executar
movimentos.
1.1.3.Área motora suplementar
A área motora suplementar tem uma organização para o controle da
função motora e se situa imediatamente superior à área pré- motora, situando,
sobretudo na fissura longitudinal, mas estendendo-se por alguns centímetros
sobre a borda para a porção mais superior do córtex lateral.
Estímulos elétricos mais fortes que em outras áreas são necessários
na área motora suplementar para causar a contração múscular. As contrações
obtidas são frequentemente bilaterais em vez de unilaterais. A estimulação,
frequentemente, leva a movimentos de preensão bilaterais de ambas as mãos
simultaneamente. Também pode haver rotação do tronco, rotação das mãos,
movimentos dos olhos ou fixação dos ombros. Nesta área funciona em
conjunto com a área pré - motora para provocar movimentos de fixação dos
diferentes segmentos do corpo, movimentos por diante como fundo para o
controle motor mais apurado dos braços e das mãos pela área pré-motora e
pelo córtex motor primário:
A área motora suplementar situa-se na face medial do giro frontal superior. Suas principais conexões são com o corpo estriado via tálamo e com a área motora primária. Relaciona-se com a concepção ou planejamento de sequências complexas de movimentos e é ativada juntamente com a área motora primária quando esses movimentos são executados, mas é ativada sozinha quando a pessoa é solicitada a repetir mentalmente a sequência dos movimentos. A área pré-motora localiza-se no lobo frontal na face lateral do hemisfério. Nas lesões dessa região, os músculos têm sua força diminuída (musculatura axial e proximal dos membros). Projeta-se também para a área motora primária e recebe aferências do cerebelo (via tálamo) e de várias áreas de
16
associação do córtex. Através da via córtico-retículo-espinal, que nela se origina, a área pré-motora coloca o corpo em uma postura básica preparatória para a realização de movimentos mais delicados, a cargo da musculatura mais distal dos membros (TERESINHA AUGUSTA CARVALHO, 2011, p 129).
Figura 2 fonte: www.sistemanervoso.com.br
1.2. Córtex parietal
A cognição espacial corresponde à capacidade de um indivíduo de
perceber as relações espaciais entre os objetos bem como de lidar com as noções de
profundidade, solidez e distância. Essa capacidade cognitiva está intimamente
correlacionada com a percepção espacial, a qual pode ser entendida como o resultado
final da organização e integração de diversos estímulos sensoriais de maneira a
fornecer à consciência um panorama geral acerca das formas do meio externo entre si
e suas relações espaciais. Apresentamos alguns pontos sobre as vias sensoriais
(visual, tátil, proprioceptiva, auditiva e vestibular) capazes de fornecer elementos para
o desenvolvimento da cognição espacial. Ao longo dessa discussão, é importante
elucidar os mecanismos psicológicos inerentes ao processo bem como suas
respectivas bases neurofisiológicas.
1.2.1. Córtex de associação parietal
17
O Córtex Parietal Posterior, especialmente do hemisfério direito, é
responsável por interações multimodais relacionadas à percepção espacial.
Essa área também é responsável pelo direcionamento espacial da atenção,
bem como pela integração do sistema motor com as percepções espaciais, de
modo a organizar os planos motores do indivíduo.
Há alguns grupos neuronais específicos nessa região, cuja função
parece ser de representar o espaço extracorporal do mundo exterior de uma
maneira útil, visando os planos e as tarefas motoras. Esses neurônios são
capazes de combinar as informações provenientes da retina com informações
sobre a posição dos olhos e enquadrá-las em um todo perceptivo cujo centro é
ocupado pela cabeça do indivíduo. Dessa maneira, todas as informações
visuais seriam percebidas em função desse ponto referencial. Esta região é
responsável pela monitorização das funções cognitivas e também da resposta
do sistema neurovegetativo a momentos de dor e ameaça (CAPOVILLA et al,
2007).
Segundo estudos referidos em Capovilla et al. (2007), o córtex
cingulado anterior ativa-se em situações específicas tais como: durante tarefas
de atenção dividida e durante a emissão de uma resposta errada a uma dada
tarefa e em situações em que há conflito de respostas. Desta forma, considera-
se o córtex cingulado anterior como um sistema capaz de supervisionar o
desempenho das tarefas, tendo em conta o seu grau de dificuldade, efetuando
a correção de respostas erradas.
Para representar o espaço em torno do nosso corpo, e
principalmente, para atuar sobre o espaço é preciso integrar as informações da
visão, da propriocepção e do tato, assim como as sensações vestibulares e
auditivas.
1.2.2. Córtex cingulado
O cíngulo anterior é a porção anterior do córtex cingulado. Essa
porção encontrada abaixo do lobo frontal e atua em funções executivas como
monitorar a resposta e identificar os erros e a atenção.
18
Giro Cingulado situado na face medial do cérebro, entre o sulco
cingulado e o corpo caloso (principal feixe nervoso ligando os dois hemisférios
cerebrais). Há ainda muito por conhecer a respeito desse giro, mas sabe-se
que a sua porção frontal coordena odores, e visões com memórias agradáveis
de emoções anteriores. Esta região participa ainda, da reação emocional à dor
e da regulação do comportamento agressivo.
O córtex cingulado contém várias subdivisões que parecem
envolvidas em diversas funções cognitivas. Juntamente com estudos que
implicam o córtex cingulado anterior em tarefas que requerem a inibição de
estímulos irrelevantes para a emissão de uma resposta correta:
Para além do córtex pré-frontal lateral, também o córtex cingulado anterior desempenha uma função importante na realização de tarefas executivas. Esta região é responsável pela monitorização das funções cognitivas e também da resposta do sistema neurovegetativo a momentos de dor e ameaça. O córtex cingulado anterior ativa-se em situações especificas tais como: durante tarefas de atenção dividida e durante a emissão de uma resposta errada auma dada tarefa e em situações em que há conflito de respostas. Desta forma, considera se o córtex cingulado anterior como um sistema capaz de supervisionar o desempenho das tarefas, tendo em conta o seu grau de dificuldade, efectuando a correcção de respostas erradas (CAPOVILLA et al, 2007, página não informada).
1.3. Cerebelo e algumas de suas funções
O cerebelo, como um todo, atende a todos os critérios para um bom
metrônomo neural, pois além de receber inúmeras informações sensoriais dos
sistemas corticais auditivo, visual e somatossensório, ainda possui a capacidade
necessária para sincronizar movimentos a diversos estímulos, desde sons até
flashes luminosos e toque, contendo representações sensório-motoras para o
corpo inteiro.
De forma geral, pode-se entender que o cerebelo é a região do
cérebro que capta os impulsos sensitivos das articulações, tendões, músculos,
além de receptores do equilíbrio e visuais. O cerebelo, também é responsável
19
pelos reflexos e movimentos voluntários, age ainda, no sistema muscular
sendo responsável pelo tônus muscular (GUYTON e HALL, 1996).
Embora sua massa ocupe apenas 10% de volume do encéfalo, o
cerebelo é responsável por funções extremamente importantes em nosso
corpo, como, por exemplo, coordenar as complexas sequências dos músculos
esqueléticos.
Sem o cerebelo, seria impossível desempenhar todas as atividades
motoras que requerem habilidade, desde apanhar um objeto, até realizar uma
atividade física que exija um pouco mais de coordenação motora. A perda
desta área do encéfalo pode causar a incoordenação quase total destas
atividades, pois o cerebelo ajuda a sequenciar as atividades motoras e também
monitora e faz ajustes corretivos nas atividades motoras do corpo de modo que
atendam aos sinais pelo córtex motor.
Segundo Aires (1999), o córtex motor é uma área anterior
ao sulco central do cérebro, ocupando o terço anterior dos lobos frontais.
Localizado na parte posterior ao sulco central, se encontra o córtex
somatossensorial, que envia sinais ao córtex motor para que o controle das
atividades motoras possa ser exercido. O córtex motor se subdivide em três
áreas, cada uma delas, tendo sua representação de grupos musculares e
funções motoras específicas do corpo. As subdivisões são: córtex motor
primário, córtex pré-motor e a área motora suplementar.
Nessa análise, é importante ressaltar que o cérebro recebe
informações continuamente atualizadas acerca do programa desejado de
contrações musculares a partir desta área de controle motor, recebendo
informações sensoriais contínuas das porções periféricas do corpo, fornecendo
as alterações sequenciais do estado de cada parte do corpo. Nesse sentido, o
cerebelo compara os movimentos que estão ocorrendo, tais como são
representados pelas informações sensoriais de feedback, com os movimentos
pretendidos pelo sistema motor. É correto observar que o cerebelo atua como
um mecanismo de feedback no controle dos movimentos musculares pelo
córtex motor e pelos gânglios da base. O cerebelo recebe informação,
originada no córtex dos movimentos musculares que, ao mesmo tempo
20
recebendo a informação proprioceptiva diretamente do corpo, informa-o dos
movimentos que foram executados de verdade. Após comparar a execução
pretendida com a que foi realizada, envia sinais de volta ao córtex, a fim de
fazer com que o movimento realizado fique de acordo com o que foi pretendido.
O cerebelo ajuda o córtex a planejar o próximo movimento
sequencial em fração de segundos. O cerebelo aprende com os erros, e com
isso, aprende a fazer movimentos mais fortes ou mais fracos, para que
aconteçam alterações da excitabilidade dos neurônios cerebelares apropriados,
trazendo as contrações subsequentes para uma correspondência melhor com
os movimentos pretendidos.
1.3.1. A anatomia do cerebelo
O cerebelo é tradicionalmente subdividido em vestíbulo
cerebelo (arquicerebelo), espinocerebelo (paleocerebelo) e neocerebelo.
Essa divisão, no entanto, encontra fundamentação em critérios
anatômicos, filogenéticos e funcionais.
O vestíbulo cerebelo é separado da porção principal do
cerebelo pela fissura postero lateral, sendo, em termos filogenéticos, a
região cerebelar mais antiga. Mantém conexões recíprocas com os
núcleos vestibulares do tronco cerebral, e atua essencialmente no
controle do equilíbrio e na coordenação de movimentos oculares. A
porção principal do cerebelo é dividida em três regiões: vermis, zona
intermediária e zona lateral (AIRES, 1999).
O vermis e a zona intermediária constituem o espinocerebelo,
informações sensoriais por intermédio da medula espinal, além de
responderem também a estímulos visuais e auditivos. A Síndrome de Vérmis
pode causar a falta de coordenação motora na cabeça e tronco; Tendência
para cair para frente e para trás; pode existir dificuldade em manter o tronco
ereto.
De origem filogenética mais recente, o espinocerebelo deve ter
se desenvolvido paralelamente a uma maior complexidade de
movimentos dos membros necessários à locomoção. As projeções
21
eferentes do espinocerebelo são efetuadas por intermédio dos núcleos
cerebelares fastigial, globoso e emboliforme, alcançando a medula
espinal e núcleos supra espinais do sistema extrapiramidal.
Eferências do espinocerebelo também alcançam o córtex
motor, por intermédio de projeções talâmicas. A porção mais lateral dos
hemisférios cerebelares constitui o neocerebelo, o qual é densamente
inervado por projeções de áreas corticais motoras e sensoriais. As
eferências do neocerebelo emergem do núcleo denteado, projetando-se
em sua grande parte, via núcleos talâmicos, sobre o córtex cerebral
contralateral. Esses núcleos talâmicos se projetam sobre o córtex motor
primário o córtex pré-motor, e áreas pré-frontais.
O neocerebelo representa a aquisição filogenética mais
recente dos circuitos cerebelares, relacionando-se com o controle de
movimentos voluntários. Pode-se então resumir, a função motora das
diferentes regiões cerebelares. Enquanto o vestíbulo cerebelo constitui-
se no responsável por ajustes posturais de origem labiríntica, o
neocerebelo faria parte dos circuitos responsáveis pelo planejamento do
movimento, e o espinocerebelo estaria relacionado ao controle da
execução do movimento (AIRES, 1999).
Para Aires (1999), embora o cerebelo seja constituído por
circuitos neurais bem conhecidos, devido ao padrão de organização
relativamente regular que os caracteriza, não são bem compreendidos os
mecanismos detalhados que o cerebelo utiliza nesses processos de
coordenação motora. Uma possibilidade é que o cerebelo exerça um
controle temporal do movimento, coordenando a seleção de momentos
precisos para a ativação de uma sequência de grupos musculares
agonistas e antagonistas. Dito de outra forma, a ideia é que o cerebelo
contribua para o controle motor estabelecendo um padrão temporal da
ativação entre os diversos músculos recrutados.
Essa ideia é compatível com a observação de que lesões
cerebelares comprometem de forma mais crítica a execução de
22
movimentos altamente treinados, que requerem um controle temporal
mais refinado.
Embora o cerebelo tenha sido tradicionalmente concebido
como uma estrutura essencialmente motora, evidências recentes têm
indicado sua participação em funções não motoras. A grande expansão
evolutiva do neocerebelo, em paralelo ao grande desenvolvimento do
córtex pré-frontal e de conexões recíprocas entre ambos, suporta a ideia de
que o processamento de aspectos temporais realizado pelo cerebelo seja
também utilizado por sistemas perceptivos e cognitivos. Uma evidência
favorável a essa ideia é a dificuldade, por parte de pacientes com lesões
cerebelares, no julgamento de durações ou velocidades (AIRES, 1999).
A zona lateral opera a um nível muito remoto porque está na área
junto ao córtex cerebral no planejamento global dos movimentos motores
sequenciais. Sem esta zona lateral, a maior parte das atividades motoras perde
sequenciamento apropriado tornando-se, portanto, incoordenadas.
Uma parte específica do cerebelo, localizada em sua extremidade
mais inferior o lobo flocunodular, está relacionada com o equilíbrio corporal.
Isto é, com a manutenção do corpo em posição ereta, contra o sentido da ação
da gravidade. Os sinais do equilíbrio são transmitidos, a partir do aparelho
vestibular, para os núcleos vestibulares do tronco cerebral e, por meio do
tronco cerebral, para o lobo floculonodular do cerebelo.
Esse lobo ajuda o indivíduo a antecipar que irá perder o equilíbrio
quando modifica a direção de seu movimento, antes do tempo, impedindo que
isso ocorra. Quando os lobos floculonodulares de uma pessoa são destruídos,
essa pessoa perde a capacidade de predizer que irá perder seu equilíbrio, ao
mudar de direção, de modo que terá de realizar todos os seus movimentos com
lentidão maior do que o normal.
As bases neurofisiológicas do equilíbrio corporal são fundamentais
para se compreender a postura corporal, independente da posição adotada
pelo corpo, seja ela estática ou dinâmica. A manutenção do equilíbrio geral é
realizada pelo sistema vestibular, é ele que detecta as sensações de equilíbrio,
muito embora Guidetti (1997) relata que os seres humanos, praticamente
23
desprezam a capacidade do sistema vestibular, e coloca quase toda
responsabilidade de equilíbrio sobre o sistema visual. A neurofisiologia e o
cerebelo descritos neste texto fazem abordagens fundamentais para o
entendimento destas relações, ou seja, equilíbrio e manutenção do equilíbrio.
Há uma dependência direta do sistema vestibular e seus auxiliares
(sistema visual, proprioceptivo e meio ambiente) em relação ao equilíbrio
corporal, manutenção do equilíbrio e posturas.
O cerebelo exerce uma influência reguladora sobre a atividade
muscular, recebendo impulsos originados em receptores das articulações,
tendões, músculos, pele e também de órgãos terminais do sistema visual,
auditivo e vestibular, sendo que esses impulsos não são conscientes, mas são
estímulos essenciais para o controle do movimento (HENNEMAN, 1982).
Segundo Lent (2008), há evidencias de que o cerebelo atua como
um componente do modelo antecipatório, promovendo rápidas antecipações
das consequências das ações, que são comparadas com as consequências
sensorias reais. Por exemplo, durante a manipulação de objetos, o ajuste da
força e do tipo de movimento com os dedos ocorre de maneira automática e
sem esforço consciente. Esses ajustes finos do movimento são claramente
antecipatórios e estão comprometidos em paciente que apresentam lesões
cerebelares.
1.4. Núcleos da base
Os núcleos da base são compostos por três estruturas a serem
consideradas: o corpo estriado, o núcleo amigdalóide e o claustrum. O núcleo
rubro a substância negra e o subtálamo fazem íntima relação com os núcleos
da base.
Os núcleos da base, como o cerebelo, são outro sistema motor que
não funciona sozinho, mas sempre em íntima associação com o córtex cerebral
e o sistema motor corticoespinhal. Os gânglios da base recebem virtualmente
todos os sinais de entrada a partir do próprio córtex e por sua vez denvolvem
quase todos os seus sinais de volta ao córtex.
24
Figura 3: Inter-relação do tálamo, núcleo lentiforme e núcleo caudado (NETTER,1999)
1.4.1. Corpo estriado
Situado lateralmente ao tálamo, encontramos a cápsula interna que,
por sua vez separa o núcleo lentiforme do núcleo caudado. Corpo estriado é o
termo utilizado para definir o núcleo caudado e o putâmen (uma das três
estruturas que formam o núcleo lentiforme), interligados funcionalmente. A
designação estriada deve-se ao fato de que fibras estriadas atravessam a
cápsula interna para interconectar o caudado ao putâmen.
1.4.2. Núcleo caudado
Em forma de C, o núcleo caudado é subdividido em cabeça, corpo e
cauda. Por vezes nos referimos aos núcleos caudados e putâmen como neo-
estriado ou estriado por conta da conexão fisiológica que há entre ambos. O
corpo estriado ventral definiu como núcleo accumbens. A cauda do núcleo
caudado possui uma estrutura arredondada pertencente ao sistema límbico
denominado corpo amigdalóide.
1.4.3. Núcleo lentiforme
Separado do núcleo caudado e do tálamo pela cápsula interna, o
núcleo lentiforme é composto por três estruturas a serem estudadas: putâmen
(mais escurecido), globo pálido (mais claro devido ao grande número de fibras
mielinizadas) lateral e globo pálido medial. Ao conjunto dos dois globos pálidos
25
denominamos paleoestriado ou pallidum. A cápsula externa separa o claustrum
do putâmen. Já o claustrum é separado da insula pela cápsula extrema. A
função do claustrum é desconhecida.
1.5. Tálamo
Segundo Marta Relvas (2009) a importância destes núcleos na
regulação do comportamento emocional decorre de suas coxeções. O núcleo
dorso-medial liga-se ao córtex da área pré- frontal e ao hipotálamo.
Os núcleos anteriores ligam-se ao corpo mamilar e ao córtex do giro
do cíngulo, fazendo parte de circuitos do sistema límbico. A significação
funcional da área pré-frontal e do sistema límbico (RELVAS, 2009).
Ao que aparece, entretanto, a importância desses núcleos na
regulação do comportamento emocional decorre de suas conexões.
O núcleo dorso medial liga-se ao córtex do giro do cíngulo, fazendo
parte do circuito do sistema límbico. Suas funções mais conhecidas
relacionam-se com a sensibilidade, motricidade, comportamento emocional e
ativação do córtex cerebral.
O tálamo é um centro de organização cerebral, como uma
encruzilhada de diversas vias neuronais onde estas se podem influenciar
mutuamente antes de serem redistribuidas. As suas ligações mais abundantes
são, de longe, com o córtex. A principal função do tálamo é servir de estação
de reorganização dos estimulos vindos da periferia e do tronco cerebral e
também de alguns vindos de centros superiores:
O tálamo está situado no diencéfalo, acima do sulco hipotalâmico, e faz parte do sistema límbico. É fundamentalmente constituído de substância cinzenta, na qual se distinguem vários núcleos. Apresentam duas grandes massas ovóides de tecido nervoso, com uma extremidade anterior pontuda, o tubérculo anterior do tálamo, e outra posterior, bastante proeminente, o pulvinar do tálamo. Os dois ovóides talâmicos estão unidos pela aderência intertalâmica e relacionam-se medialmente com o III ventrículo, lateralmente com a cápsula interna, superiormente com a fissura cerebral transversa e com os ventrículos laterais, e inferiormente com o hipotálamo e subtálamo. O tálamo é na verdade um agregado de núcleos de conexões muito diferentes, o que indica funções
26
também diversas. Assim, as funções mais conhecidas do tálamo relacionam-se com: 1. Sensibilidade – as funções sensitivas do tálamo são as mais conhecidas e as mais importantes, tais como dor, temperatura e tato grosseiro. Todos os impulsos sensitivos, antes de chegarem ao córtex, trafegam até o tálamo` Portanto, é pertinente dizer que o tálamo é um centro de retransmissão cortical. Contudo, admite-se que o papel do tálamo não é apenas o de retransmitir os impulsos sensitivos ao córtex, senão de integrá-los e modificá-los. Acredita-se mesmo que o córtex só seria capaz de interpretar corretamente impulsos já modificados pelo tálamo. 2. Motricidade – através de circuitos que saem dos núcleos da base e cerebelo e se direcionam ao córtex. 3. Comportamento emocional – por fazer parte do sistema límbico; alguns de seus núcleos fazem conexões com a área pré-frontal, relacionado a funções executivas, como o julgamento social e a moral (FARIA, 2008).
1.6. Tronco encefálico
Segundo Relvas (2009), o tronco encefálico tem sua ativação desta
estrutura por impulsos nervosos de origem telencefálicas ou dience fálicas
ocorre nos estados emocionais, resultando diversas manifestações que
acompanham a emoção, o choro, as alterações fisionômicas, a sudorese, a
salivação, o aumento cardíaco. O tronco encefálico é o principal responsável
pela integração e pela coordenação dos fenômenos emocionais.
O tronco encefálico se interpõe entre a medula e o diencéfalo,
situado ventralmente ao cerebelo. Na sua constituição entram os corpos de
neurônios que se agrupam em núcleos e fibras nervosas,que se agrupam em
feixes denominados tractos, fascículos ou lemniscos. Muitos dos núcleos do
tronco encefálico recebem ou emitem fibras nervosas que entram na
constituiçao dos nervos cranianos.
O tronco encefálico se divide em: bulbo, situado caudalmente;
mesencéfalo, situado cranialmente; e ponte situada entre os ambos. O bulbo
raquídeo tem a forma de um tronco de cone cuja extremidade menor se
continua caudalmente com a medula espinhal.
O tronco encefálico se une a medula espinhal com a parte mais
rostral do sistema nervoso central. Sua forma é meramente similar a de um
27
tronco de cone invertido e mais fino inferiormente. Acima estão o tálamo e o
domo dos hemisférios cerebrais. É enrolado ao redor da parte inferior do tronco
encefálico, na parte posterior do encefálo, está o cerebelo. Neste local estão
localizados vários nervos cranianos, viscerais (MACHADO,1988).
Dos doze pares de nervos cranianos, dez fazem conexões no tronco
encefálico. No centro tronco encefálico há conjunto de corpos celulares
conhecidos como núcleos e numerosos feixes de fibras nervosas ou axônios
chamados de tractos nervosos.
Nesta estrutura é estimulada e ativada por impulsos nervosos de
origem telecefálica ou diencefálica, que ocorre nos estados emocionais e o
resultado nas diversas manifestações que a emoção é acompanhada (choro, a
sudorese, a salivação, o aumento do ritmo cardíaco) (RELVAS, 2009).
As diversas vias descendentes que passam ou se originam ativam
os neurônios medulares, permitindo que as manisfestações periféricas dos
fenômenos emocionais que se que fazem por nervos espinhais ou pelos
sistemas simpáticos e parasimpático sacral. Portanto, o principal papel do
tronco encefálico é agir na expressão das emoções.
A grande maioria das fibras nervosas monoaminérgicas do sistema
nervoso central que se originam no tronco encefálico, em especias vias
serotomonérgica, noradrenérgica e dopominérgicas.
Estas se projetam para o diencéfalo e telencéfalo, que então
exercem ação moduladora sobre os neurônios e circuitos nervosos que existem
nas principais áreas encefálicas que tem relação com o comportamento
emocinonal.
O tronco encefálico é dividido em 3 partes: bulbo, ponte e cerebelo.
O Bulbo raquídeo ou medula oblonga tem forma de um tronco de cone, abriga
os grupos de núcleos que controlam a respiração o musculo cardíaco e
vasomotoro controle do espirro, deglutição e a tosse. Já a ponte, contém
grande quantidade de neurônios que retransmite informações dos hemisférios
cerebrais para o cerebelo garantindo a coordenação dos movimentos
pretendidos e reais. Quanto a medula espinhal, ela é a área integradora para os
reflexos musculares que produzem respostas musculares localizadas. O reflexo
28
de estriamento, que se faz com que qualquer músculo que seja esticado em
demasia se contraia instantaneamente, o que impede variações significativas
de seu comprimento. Esse reflexo importante por tornar os movimentos
corporais contínuos, fluidos e uniformes e não trêmulos e irregulares
(MACHADO, 1988).
No que diz respeito à medula espinhal para as funções motoras, a
substância cinzenta é a área de integração dos reflexos da medula espinhal e
de outras funções motoras. Cada segmento espinhal entre um nervo espinhal e
o próximo tem vários milhões de neurônios na sua substância cinzenta. Os
neurônios motores anteriores localizados em cada segmento na ponta anterior
da substância cinzenta, eles dão origem às fibras nervosas e inervam as fibras
musculares esqueléticas, são os neurônios alfa e gama.
Figura 4 fonte: www.guia.heu.nom.br - [68] SOBOTTA - Atlas de Anatomia
Humana - 20ª edição - Volume 1 - R. Putz e R. Pabst.
Após trazer alguns apontamentos sobre a Neurociência e o
cerebelo, é necessario uma discussão sobre as lesões cerebelares, mais
pontualmente, sobre as disfunções cerebelares, no intuito de compreender um
pouco mais sobre a questão da aprendizagem motora e suas limitações.
29
CAPÍTULO II: DISFUNÇÂO NO CEREBELO E SUAS INTERFERÊNCIAS NO
COMPORTAMENTO MOTOR
Como o interesse deste trabalho voltou-se para o comportamento
motor, inicia-se uma discussão sobre as disfunções no cerebelo e sua
interferência no processo de aprendizagem motora, especialmente no
equilíbrio, postura e movimento.
Não se pode esquecer que as lesões cerebelares comprometem a
coordenação motora de diferentes maneiras, refletindo a heterogeneidade
anatômica e funcional dessa estrutura neural. Como foi visto, o cerebelo pode
ser subdividido, com bases em critérios morfológicos, funcionais e
filogenéticos, em vestibulocerebelo (arquicerebelo), espinocerebelo
(paleocerebelo) e neocerebelo.
Lesões do vestíbulo cerebelo podem comprometer seriamente a
organização dos reflexos vestíbulo-oculares, elevar também os distúrbios do
equilíbrio, acompanhadas de vertigens e náuseas. Já lesões espinocerebelares,
particularmente do vermis, geram distúrbios na coordenação de músculos
axiais, comprometendo a organização de ajustes posturais. Em função dessas
alterações, a marcha pode também ser alterada, comportamento
frequentemente observado em pessoas alcoolizadas, já que o cerebelo é
especialmente sensível à ação do álcool (GUYTON, 1996, p 652).
Alterações de circuitos cerebelares da zona intermediária
manifestam-se sobre o controle de membros superiores e inferiores.
Movimentos desses membros podem ser iniciados, mas são realizados de
forma irregular e imperfeita, podendo apresentar oscilações durante sua
execução. Um sinal frequentemente observado em distúrbios do
espinocerebelo é a dismetria, que se caracteriza por erros na direção ou medida
do movimento.
Convém observar que as lesões do neocerebelo (áreas laterais dos
hemisférios cerebelares) produzem sintomas semelhantes a distúrbios
espinocerebelares, apresentando movimentos imperfeitos (atáxicos) e
30
dismétricos, especialmente quando constituído por uma sequência de gestos.
Adicionalmente, distúrbios neocerebelares fazem com que a iniciação do
movimento seja prolongada, evidenciando a participação desses circuitos
cerebelares no planejamento do movimento.
Uma característica importante das anormalidades cerebelares
clínicas é que a destruição de pequenas porções do córtex cerebelar raramente
causa anormalidades perceptíveis na função motora.
Nesse sentido, para promover disfunção grave e contínua do
cerebelo, a lesão cerebelar geralmente tem que abranger um ou mais dos
núcleos cerebelares profundos. Os núcleos denteados, interposto ou fastígio
bem como o córtex cerebelar.
O conhecimento do cerebelo é muito complexo, entretanto, é fácil
verificar quando um paciente possui uma lesão cerebelar, pois três
características são bem evidentes, a ataxia, que é uma descoordenação dos
movimentos, o nistagmo que são movimentos oculares involuntários e a
dismetria que vem a ser a perda da capacidade de medir um movimento.
A ataxia significa a perda de coordenação dos movimentos
musculares voluntários. É um termo que cobre uma grande variedade de
desordens neurológicas e, portanto, pode fazer parte do quadro clínico de
numerosas doenças do sistema nervoso.
A ataxia pode afetar os dedos, as mãos, os braços, as pernas, o
corpo, a fala ou o movimento dos olhos. Essa perda de coordenação pode ser
causada por diversas condições médicas ou neurológicas.
Já a ocorrência do nistagmo cerebelar é devido à falta de
coordenação dos músculos extrínsecos do globo ocular. O nistagmo é
caracterizado pelo movimento oscilatório rítmico dos bulbos oculares, podendo
ser vertical, horizontal ou rotatório, que ocorre especialmente em lesões do
cerebelo e do sistema vestibular. “Para verificar a existência do nistagmo de
origem cerebelar, pede-se ao paciente, sem mexer a cabeça, para acompanhar
com os olhos o dedo do examinador até o limite do movimento ocular”
(GUYTON, 1996, p. 654).
31
No que se refere à dismetria, é um transtorno do cerebelo que causa
uma interpretação errada em relação à distância, causando desorientação
espacial e incapacidade para alcançar com precisão um ponto determinado.
Pode-se citar ainda duas disfunções cerebelares bem comuns, como
o tremor de intenção, que é quando uma pessoa teve uma lesão no cerebelo e
executa um ato voluntário, os movimentos tendem a oscilar principalmente
quando se aproximam do objetivo pretendido, é a incapacidade do sistema
cerebelar de conter os movimentos motores; e a hipotonia, se caracteriza pela
perda dos núcleos cerebelares profundos, núcleos denteados e interposto,
causando perda do tônus muscular periférico do lado da lesão, apesar de
depois de vários meses, o córtex motor cerebelar compensar esta atividade
intrínseca. “A hipotonia resulta de perdas da facilitação cerebelar do córtex
motor e dos núcleos motores do tronco cerebral” (GUYTON, 1996, p. 655).
Três síndromes são muito presentes no que se refere às disfunções
cerebelares: a Síndrome de Arquicerebelo, a Síndrome do Paleocerebelo a
Síndrome do Neocerebelo.
A Síndrome de Arquicerebelo ocorre devido a tumores do teto IV
ventrículo, que comprime o nódulo e o pendúnculo do floculo. Quando isso
ocorre há somente perda do equilíbrio. Entretanto, quando qualquer um dos
motivos citados acima ocorre lesão do arquicerebelo, provoca inclusive ataxia
do tronco e titubeação que não é agravada pelo fechamento dos olhos.
A Síndrome do Paleocerebelo provoca a perda do equilíbrio e ataxia
dos membros inferiores e apresenta diversas alterações no tônus muscular. Em
alguns casos a lesão do paleocerebelo pode levar a exagero dos reflexos
miotáticos da musculatura de suporte.
Por último, a Síndrome do Neocerebelo que é responsável pela
coordenação fina da atividade muscular, principalmente dos membros. A lesão
do neocerebelo leva a incoordenação motora (ataxia) que aparecem em várias
complicações como: dismetria, assinergia, disdiacocinesia, hipotonia muscular,
movimentos alternados, rechaço, tremor.
Convém observar que a disfunção cerebelar vai ocorrer devido aos
problemas de grandes alterações no equilíbrio, postura e movimentos que são
32
controlados pelo cerebelo. Em primeiro lugar, se percebe a falta do tônus
muscular causando uma perda de contração na musculatura, pois perde o
impulso nervoso que as estimulem em repouso, o tônus muscular é mantido
através de impulsos provenientes da medula espinhal. È preciso considerar
que a causa principal desse desequilíbrio são dos neurônios gama e alfa. O
tônus muscular pode variar dependendo se o músculo está ativo ou em
descanso.
Essas grandes alterações de tônus musculares vão interferir
imediatamente no controle motor, no equilíbrio, na força muscular, nas
deformidades gerando até mesmo processo de dor.
Segundo Guyton (1985), tônus muscular é o estado de tensão leve,
porém permanente existente nos músculos. Desaparece quando um músculo
está em repouso e está privado de sua inervação.
Segundo Nitrini e Bacheschi (1991), em condições normais, os
músculos apresentam certo grau de tônus muscular que pode ser examinado
pela inspeção, palpação, ou pela movimentação passiva.
Não se pode esquecer que o tônus postural é fundamental para que
o ser humano fique na sua postura ereta para poder se adaptar ao meio que
vive. A postura e a locomoção vêm associadas e mantidas através de um
circuito regulador funcional do tônus a interferências diretas das supra-
espinhais que vêm das estruturais corticais que modificam os padrões dos
reflexos espinhais, ou seja, muda a integridade do sistema nervoso.
2.1. Disfunções cerebelares e as alterações no controle motor
O controle motor é o nome que se dá ás funções da mente e do
corpo que se unem para controlar a postura e o movimento, ou seja, estuda
como os movimentos acontecem e como são direcionados em diferentes níveis
pelo sistema nervoso central (GALLAHUE e OZMUN, 2003).
O ser humano planeja e controla suas ações, assim como o
Sistema Nervoso Central, produz respostas e padrões motores coordenados,
através de duas vertentes, a periférica e a centralista. Para desempenhar com
33
sucesso a grande variedade de habilidades motoras que utilizamos em nossa
vida diária, é preciso coordenar o funcionamento conjunto de vários músculos e
articulações.
Segundo Meinel (1984), uma perspectiva evolutiva do
desenvolvimento das habilidades fornece um enfoque adequado para a
avaliação do controle postural e dos movimentos. Os processos evolutivos
normais propiciam uma estrutura clínica útil para avaliação e tratamento dos
pacientes com deficiências no controle motor.
Segundo Darcy (2004), pacientes com doenças neurológicas podem
ter um comportamento motor normal porque o dano no Sistema Nervoso
Central altera a capacidade integrativa do cérebro. O ser humano que é
portador de alguma alteração neurológica que acometeu sérios danos no tônus
muscular devido ao um desequilíbrio entre os motoneurônios excitatórios ou
inibitórios não terá capacidade de realizar um movimento coordenado.
No que diz respeito ao equilíbrio, convém observar que este, é de
grande importância para o ser humano, pois sem este artifício seria impossível
a realização de várias tarefas na vida diária. Por meio deste equilíbrio é que se
consegue permanecer de pé, andar, correr, pular e principalmente mexer todos
os membros. Essas realizações acontecem devido ao nosso aparelho
vestibular. O equilíbrio é um processo complexo, que envolve a recepção e a
integração dos estímulos sensoriais e o planejamento e a execução do
movimento, e é indispensável para alcançar um objetivo requerendo a postura
ereta.
Segundo Horak e Macpherson (1996), o controle postural envolve o
controle da posição do corpo no espaço, para o objeto duplo de estabilidade e
orientação. Já a orientação postural é definida como a capacidade de manter
uma relação adequada entre os segmentos do corpo e o ambiente.
Para Umphered (2004), erros na seleção e execução de respostas
de equilíbrio ocorrem tanto com pessoas sadias como com aquelas que sofrem
de desordens neurológicas. Ambos os grupos de pessoas podem ser
incapazes de resolver conflitos oriundos do processamento sensorial de
informações vindas do sistema visual, somatossensorial e vestibular.
34
O controle postural é resultado de um processo de alta
complexidade, pois envolve vários sistemas que precisam trabalhar de forma
harmônica, para controlar a orientação e a estabilidade do corpo (SHUMWAY e
WOOLLACOTT, 2003).
2.2. As perturbações psicomotoras
Levando em consideração que as perturbações psicomotoras
interferem nas bases psicomotoras do indivíduo, podendo levá-lo a desordens
em todo o seu esquema corporal e sua imagem corporal, deve-se estar atento
a qualquer alteração fora dos padrões de normalidade.
É indispensável que as crianças diagnosticadas com perturbações
psicomotoras sejam imediatamente submetidas à análise, pois quanto mais
rápido o processo de reeducação começar, menor será a possibilidade da
criança se bloquear a algum tipo de reação. Nesses casos a criança sente-se
mais angustiada, e as punições e as observações das pessoas que o cercam
sejam familiares ou outros, podem agravar essa angústia. A reeducação tem
como objetivo propiciar aos usuários deste serviço a resignificação de suas
limitações e tomar posturas que modifiquem seus comportamentos a fim de
cessar os sofrimentos. Pouco a pouco os que o cercam terão a percepção
dessas crianças de maneira mais positiva.
O local que a criança com perturbações psicomotoras vive é muito
importante, seja em seu lar ou na escola, em um processo de reeducação, a
criança deve sentir-se apoiada, compreendida e ajudada.
Para Meur e Staes (1991), as perturbações psicomotoras são
classificadas como: perturbações motoras, perturbações intelectuais,
perturbações do esquema corporal, perturbações da lateralidade, perturbações
da estrutura espacial, perturbações da orientação espacial, perturbações do
grafismo e perturbações afetivas.
É importante compreender que o distúrbio psicomotor significa um
transtorno que atinge a unidade indissociável, formada pela inteligência, pela
afetividade e pela motricidade.
35
Não se pode esquecer que qualquer distúrbio psicomotor está ligado
a problemas que envolvem o indivíduo em sua totalidade. Levando em conta
que a psicomotricidade analisa o indivíduo como um todo, pesquisando se o
problema está no corpo, na área da inteligência ou na afetividade.
Os distúrbios psicomotores podem apresentar-se através de
comportamentos como: crianças desajeitadas, que começam a andar tarde,
caem muitas vezes, precipitam-se pelas escadas ao invés de descê-las, ou
morre de medo como se fosse um grande desafio. Na hora de vestir-se tem
dificuldade em identificar o que é a manga, onde estão os braços, as pernas
das calças, dentre outras características.
Na criança com distúrbio psicomotor, os movimentos são
desajeitados, lentos e pesados. Quando andam, apoiam duramente o
calcanhar no solo. Quando crianças custam a aprender a subir e descer
escadas, nas escolas evitam participar de jogos, nos quais geralmente são
ridicularizadas e afastadas.
2.3. Atrasos do desenvolvimento motor
Convém observar que a criança que não consegue andar para trás
ou subir uma escada pode ter atraso no seu desenvolvimento global, ou seja,
indiretamente afeta o seu desenvolvimento intelectual e motor.
Não se pode esquecer que o atraso intelectual que traduz, na
criança, um atraso no nível motor ou de ordem psicológica, pode revelar um
problema afetivo considerável que exige uma reeducação:
O atraso global no desenvolvimento psicomotor é definido como um atraso significativo em vários domínios do desenvolvimento, sejam eles motricidade fina e/ou grosseira, linguagem, cognição, competências sociais e pessoais e as atividades de vida diária. O desenvolvimento infantil é um processo que se inicia desde a vida intrauterina e envolve diversos aspectos, como a maturação neurológica, o crescimento físico e a construção das habilidades relacionadas ao comportamento e as esferas cognitivas, afetivas e sociais de uma criança (FERREIRA, J.C. 2012).
36
São inúmeras as causas e os fatores de risco que podem levar ao
atraso no desenvolvimento. Dentre eles, temos os fatores de risco e causa pré-
natal, que são aqueles que vão desde a concepção até o início do trabalho de
parto, desnutrição, má assistência a gestante, doenças infecciosas (rubéola,
sífilis, toxoplasmose), agentes tóxicos como álcool, drogas, tabagismo,
medicamentos e exposição radiação, além de alterações cromossômicas.
2.3.1. Grandes déficits motores
A hemiplegia é uma paralisia que atinge um dos lados do corpo,
causada por lesões no encéfalo, como por exemplo, hemorragia, congestão
ou embolia, podendo surgir também como sintoma da arterosclerose.
A paralisia cerebral não é uma doença e também não é progressiva. Os sintomas da paralisia cerebral podem oscilar entre a falta de jeito quase imperceptível e a espasticidade grave. Diferentes tipos de lesões podem causar paralisia cerebral, mas, habitualmente, a causa é desconhecida. Os valores elevados de bilirrubina no sangue, freqüentes nos recém-nascidos, podem desembocar numa doença chamada querníctero, com lesão cerebral (DE MEUR, 1991, p 28).
Embora diferentes tipos de lesões possam causar a paralisia cerebral,
Observa-se que esses tipos de lesões podem ocorrer especialmente durante
os primeiros anos de vida quando a criança desenvolve doenças graves como
a meningite, infecções ou desidratação grave, mas na maioria dos casos sua
causa é desconhecida.
Já as perturbações no equilíbrio, podem ser observada em crianças
que caem com regularidade, choca-se contra seus companheiros, anda com os
pés afastados, corre com o tronco para frente. Com isso, pode-se perceber que
essa criança sofre alterações no seu equilíbrio.
A falta de equilíbrio pode ter sua origem no vestíbulo da orelha
interna ou no cerebelo. Vem com perturbações na coordenação. A falta de
equilíbrio pode provir da sensibilidade proprioceptiva.
No que diz respeito a perturbações na coordenação, pode-se
observar que a criança não tem gestos harmônicos, nas refeições é
37
desajeitada à mesa, suas habilidades manuais são inadequadas, “recorta mal”,
seu grafismo é hesitante, além de levar muito mais tempo para vestir-se.
A discronometria provoca atraso no desencadeamento do
movimento e em sua parada, assim como a dismetria, provoca a não
localização do movimento (DE MEUR, 1991, p 29).
A adiadococinesia é a dificuldade de executar rapidamente
movimentos alternados. Pode ser causada por perturbações vestibulares ou
cerebelares, perturbações da sensibilidade superficial ou profunda,
perturbações psicológicas ou afetivas: a criança não se concentra em seu
trabalho, fica ansiosa e insegura.
Após apresentar alguns distúrbios cerebelares, transtornos ou
síndromes, pode-se perceber, que muitas podem ser as causas, assim como
muitos devem ser os cuidados para avaliar cada um deles. Nesse intuito, torna-
se de suma importância o papel do professor em sala de aula, pois em muitos
dos casos, ele será o primeiro passo para possíveis mudanças. Por isso, como
se pode observar e avaliar as questões da Neurociência aplicadas ao âmbito
escolar, a toda a questão da aprendizagem?
38
CAPÍTULO III: A NEUROCIÊNCIA E A APRENDIZAGEM MOTORA:
ALGUMAS FORMAS DE OBSERVAÇÃO
A Neurociência vem apresentando, a cada ano, novas possibilidades
sobre o processo de aprendizagem, uma vez que estudos na área
neurocientífica, centrados no comportamento do aluno em sala de aula vem
nos esclarecer que a aprendizagem ocorre quando dois sistemas ou mais
sistemas funcionam de maneira inter-relacionada.
Dessa forma, a Neurociência torna-se uma parceira de grande
utilidade para o professor, no intuito de proporcionar ao indivíduo, ou seja, ao
aluno, maiores possibilidades de desempenho cognitivo, pensando-o como um
ser único, crítico e atuante, que desenvolve seu processo de desenvolvimento
da aprendizagem de forma única e especial.
A Neurociência oferece ferramentas para o professor quando
apresenta e esclarece o processo de produção de conhecimento sobre como
se processa a linguagem, a memória, o esquecimento, a atenção, o medo, e
como incorporamos o conhecimento ao desenvolvimento infantil, as nuances
do desenvolvimento cerebral desta infância e os processos que estão
envolvidos na aprendizagem. Todo esse processo torna-se de suma
importância para uma pedagogia crítica, preocupada com as exigências do
aprendizado na sociedade contemporânea, no mundo globalizado, que é cada
vez mais complexo e exigente.
Proporcionar uma boa aprendizagem para o aluno não depende
apenas do professor, é preciso que tenha todo o envolvimento da escola, mas
principalmente da família, pois o aluno precisa aprender a perceber sua
individualidade, tornando-se também responsável pelo ato de apreender.
A infância é uma fase da vida definida pela maleabilidade do cérebro
e sua predisposição de aprender certas habilidades com pouco esforço como,
por exemplo, aprender a falar uma língua.
O aluno precisa aprender a proporcionar, para ele mesmo, o
conhecimento sobre suas habilidades, assim como otimizá-las facilitando o
processo de aprendizagem e criando condições para aprender como aprender.
39
A compreensão de como a criança deve lidar com certas características
pessoais, a ajudará a identificar e utilizar suas características criativas e
intuitivas, pois cada um aprende no seu ritmo e a sua maneira.
Segundo Mietto (2009) os avanços e as descobertas da
Neurociência, no que se refere ao processo de aprendizagem, é sem dúvida,
uma revolução para o campo da educação, pois o entendimento sobre como as
redes neurais são estabelecidas no momento da aprendizagem, bem como a
chegada dos estímulos ao cérebro, da forma como as memórias se
consolidam, e de como temos acesso a essas informações armazenadas, são
excelentes ferramentas no processo de desenvolvimento da aprendizagem. A
aprendizagem, nada mais é do que um processo complexo pelo qual o cérebro
reage aos estímulos do ambiente, ativa essas sinapses, e se torna mais forte.
Figura 5 fonte: http://www.cartanaescola.com.br/mobile/single/64
40
3.1 - A Neurociência e os sentidos: a aprendizagem e a percepção do
mundo
É importante que tenhamos em mente que todo o processo de
aprendizagem, é um conjunto complexo de ações e reações do nosso corpo,
não só em seu interior, mas também, em sua relação com o exterior, ou seja,
com o que está a sua volta. Sendo assim, não poderíamos deixar de lado a
interação da criança com o mundo para compreendermos essa aprendizagem.
A percepção de mundo a nossa volta, se dá por meio dos nossos
sentidos: audição, tato, paladar, olfato e visão. Segundo Goldschmidt et al, a
união e o estímulo dos sentidos facilitam o processo de aprendizagem da
criança, uma vez que o conhecimento do mundo chega por meio desses
sentidos, captados por células sensoriais e, posteriormente, interpretados pelo
cérebro. Assim, o corpo se estabelece como o principal instrumento de
aprendizagem.
41
Figura 6 fonte: http://isis-brum.com/2012/10/26/neurociencias-as-novas-rotas-da-educacao/
A prática de atividades lúdicas estimula a criança a experimentar o
novo, imaginar, criar e aprender, estimulando o gosto do educando pela
aprendizagem. A utilização do corpo para a prática de atividades explora a
maior parte dos sentidos, tornando maior o prazer da criança em conhecer o
mundo, facilitando a interpretação do cérebro no processo cognitivo.
Muitas são as atividades lúdicas, como jogos, estafetas, circuitos,
dentre outros, que serão percebidos, pelas crianças, como simples
brincadeiras, entretanto, no ensino, levam a uma percepção cognitiva,
transformando o concreto em abstrato. As crianças começam a perceber o
mundo que as cerca e a cultura do meio em que vivem por meio de jogos e
42
brincadeiras, e estes, através dos sentidos. Durante todo o tempo de
desenvolvimento infantil, o lúdico está presente.
O cérebro humano é responsável por receber e interpretar as
sensações captadas pelos órgãos dos sentidos, transformando-as em
informações muito importantes para o corpo. Essas sensações e informações
são preciosas no processo cognitivo do educando.
As atividades que exploram os sentidos, principalmente se os
utilizarmos juntos, auxiliam, direta ou indiretamente, no processo de
aprendizagem, que são interpretados por áreas específicas situadas no córtex
cerebral. Tudo que é percebido no mundo, ou seja, todos os estímulos devem
ser recebidos, interpretados e transformados em informações para que se
possa compreender o mundo a nossa volta.
Segundo Goldschmidt et al apud Pocock e Richards (2006):
No corpo humano, apontam que a capacidade de perceber o ambiente é realizada por células sensoriais, altamente especializadas, espalhadas pelo corpo ou concentradas nos chamados órgãos dos sentidos, formando o que se conhece por sentidos do corpo humano. Os estímulos são capturados por essas células sensoriais e levados até o cérebro através de impulsos nervosos. Chegando ao cérebro, o impulso nervoso é interpretado como uma sensação visual, olfativa, auditiva, gustativa ou de toque. Entretanto, os impulsos gerados pelos diferentes órgãos sensoriais são interpretados em regiões distintas no cérebro.
Nesse sentido, é importante pensar nos sentidos como uma forma
de se apropriar do mundo, e com isso, explorar técnicas que privilegiam o uso
dos sentidos que auxiliam a captação dos mais diversos conteúdos. O corpo
torna-se um canal de convergência sensorial, ou seja, a percepção individual
ocorre através dos órgãos dos sentidos associados a atividades cerebrais.
Entretanto, cada passo desse enorme processo, é extremamente individual,
pois as diferentes percepções do mundo estão relacionadas às diferentes
personalidades, à idade, às experiências, à educação e ainda, à herança
biológica.
43
As sensações nos dão as impressões dos objetos e com isso,
formamos nossos próprios significados e valores. Para termos as sensações,
necessitamos dos sentidos, pois são eles que nos permitem formar ideias,
imagens e compreender o mundo que nos rodeia.
A Neurociência também contribuiu, quando atestou que o indivíduo,
através de atividades diversificadas, prazerosas e desafiadoras, é capaz de
acionar as células neurais, provocando as sinapses que se fortalecem e
fazendo com que as redes neurais se estabeleçam com mais facilidade.
O ensino desafiador conduzido de forma lúdica tem como efeito:
aulas dinâmicas, divertidas e ricas em conteúdos, fazendo com que o aluno
participe verdadeiramente da aula, não sendo um mero observador, mas, sim
participante, crítico e ativo na construção do seu próprio saber.
Antes de partirmos para o próximo tópico que é pensar, mas
propriamente a Neurociência e a aprendizagem escolar, é importante colocar a
importância do papel da escola e do professor.
A escola tem o desafio de observar e explorar o potencial da inteligência
de seus alunos para a conquista do sucesso no processo de aprendizagem. A
sociabilidade proporcionada pela escola desdobra a mera percepção sensorial
para percepções de características essenciais para a vida humana. Logo, a
escola vai muito além de preparar o indivíduo para o mercado de trabalho.
Portanto, a escola, ela estimula e promove a interação social e a sensibilidade
da consciência, tornando o indivíduo apto ao conhecimento.
Os professores são os principais agentes nesse complexo processo
de aprendizagem, pois não cabe a ele ser apenas educador e transmitir
conhecimento; o professor está ali para mediar, trocar e inspirar o aluno na
busca pelo conhecimento, sempre tendo em mente que este processo envolve
cérebro, corpo e sentimentos, adotando uma ação mais competente, levando
em conta a influência das emoções para o desenvolvimento na construção do
conhecimento.
3.2 – A Neurociência e a aprendizagem escolar
44
A Neurociência na aprendizagem escolar é um tema que muito tem
a ver com o cotidiano da sala de aula. Através de uma abordagem conceitual
para essa fundamentação neurocientífica, o cérebro se torna, na atualidade,
um mediador importante para o conhecimento do professor, educador e pais
reconhecerem potencialidades e até mesmo dificuldades no aprender.
A forma como aprende-se está relacionada ao recebimento de
estímulos que são captados pelos sentidos, estímulos chamados canais
sensoriais. Esses estímulos conhecidos como informações (som, visão, tato,
gustação, olfação) chegam ao tálamo que é uma estrutura no cérebro que tem
a função de receber esses estímulos e reenviá-los para áreas específicas que
são responsáveis na elaboração, decodificação e associação dessas
informações.
O cérebro é provavelmente o órgão mais fascinante do corpo
humano. Ele controla tudo, da respiração até as emoções e inclusive o
aprendizado. Hoje em dia sem o estudo da Neurociência o professor vai estar
fora do conhecimento básico neurológico para realizar uma aula de conteúdos
interligados a aprendizagem e o seu emocional:
Aprendemos com a cognição, mas sem dúvida alguma, aprendemos pela emoção, o desafio é unir conteúdos coerentes, desejos, curiosidades e afetos para uma prazerosa aprendizagem (RELVAS,2010).
Segundo Relvas (2009) devem-se estar atentos a quaisquer
interações que perpassam por aspectos biológicos, psicológicos e sociais, e
nesse sentido, a sala de aula, torna-se um espaço privilegiado.
Marta Relvas (2012) afirma que a Neurociência quando dialoga com
a educação, é capaz de promover caminhos para que o professor torne-se um
mediador através de recursos pedagógicos que estimulem o aluno a pensar.
Entretanto, é fundamental para o professor promover os estímulos corretos no
momento certo.
45
A criança ao ingressar na escola, já possui um número grande de
experiências, e estas, necessitam ser trabalhas e organizadas com o intuito de
propiciar um maior desenvolvimento global e emocional.
É preciso desenvolver um trabalho motor através de diversas
atividades que vão levar a criança a ter conhecimento sobre o seu corpo para
entender o contexto onde vive. Oferecendo estas possibilidades, segundo Le
Boulch (2001), a criança delimita seu próprio corpo, do mundo dos objetos
através de atividades práticas. Também Gallahue acrescenta:
O domínio das habilidades motoras fundamentais é básico para o desenvolvimento motor da criança. As experiências motoras, em geral, fornecem múltiplas informações sobre a percepção que a criança tem de si mesma e do mundo que a cerca (GALLAHUE, 2003, p. 258).
Partindo do princípio de que, quanto maior o número de estímulos
ao qual a criança tem contato, maior a possibilidade de um bom processo de
desenvolvimento em relação a sua compreensão do mundo, é válido
apresentar algumas atividades que podem ser trabalhadas no ambiente
escolar, a fim de que o desenvolvimento da criança se dê da melhor forma
possível.
Figura 7 fonte: http://amaliapsicopedagoga.blogspot.com.br/
46
Com base no que foi explicitado quanto a importância de se
estimular a criança, no intuito de um maior desenvolvimento psicomotor,
emocional e cognitivo, iremos trazer algumas das atividades que foram
trabalhadas com os alunos do Jardim 1, de um colégio particular no bairro da
Tijuca, Zona Norte do Município do Rio de Janeiro, onde constam 15 alunos,
sendo 7 alunos com 3 anos e 8 alunos com 4 anos.
Estas atividades foram trabalhadas pautadas em uma preocupação
com a relação entre a Neurociência e a aprendizagem, através de estímulos
psicomotores, principalmente com um olhar voltado para o equilíbrio, a postura
e o tônus.
3.2.1- Saltos e transposição de obstáculos
Esta atividade implica no controle global dos deslocamentos,
exigindo uma coordenação particular ligada ao equilíbrio e ao controle postural.
As crianças devem executar saltos em círculos colocados no chão.
Desenha-se, um alinha no chão, onde a criança deve pegar impulso a tentar
chegar aos círculos cada vez mais afastados.
Nesta atividade 15 crianças participaram, dentre elas 7 realizaram
com facilidade, 5 realizaram a atividade com pouco impulso e saindo da
direção do círculo e 3 crianças não completaram a tarefa devido a falta de
equilíbrio caindo pelos obstáculos.
3.2.2. Atravessando o rio
Traçam-se duas linhas paralelas que representa o rio; entre as
linhas colocam-se pedaços de madeiras de 20cm x 10cm e a criança deverá
‘atravessar um rio’,de uma margem para outra, pisando sobre os blocos de
madeiras dispostos aleatoriamente.
Nesta atividade houve a participação de 15 crianças. 9 delas
realizaram a atividade com êxito, 4 realizaram a metade do caminho no rio, e 2
não realizaram a tarefa por não conseguir se equilibra nos espaços de madeira.
3.2.3. Andar sobre um plano inclinado
47
No dia dessa atividade, 3 crianças faltaram a escola, por isso, apenas 12
crianças realizaram as atividades. A criança deveria dar o impulso para subir o
plano inclinado. As 6 primeiras crianças realizaram conforme solicitado. 4
subiram o plano inclinado, porém caíram no meio do trajeto e as outras 2 foram
de gatinho para subir no plano inclinado.
3.2.4. Circuito do equilíbrio
Neste circuito, a criança deve andar na tábua, pular da tábua e subir
em uma almofada circular e percorrer a sua circunferência. Esta atividade foi
realizada por 15 crianças. 9 crianças conseguiram realizar o circuito inteiro, 3
crianças conseguiram realizar as duas primeiras tarefas sozinhos, porém não
conseguiram subir na almofada sozinhos e necessitando de auxílio para
percorrer a circunferência da almofada e os outros 3 necessitaram de auxílio
em todas as tarefas.
3.2.5. Corrida com jornal
Nesta atividade apresentou-se 15 alunos. As crianças deveriam
correr com o jornal no seu corpo e não deixar o jornal cair. Foi notória a
dificuldade das crianças com menor maturidade, pois perderam mais o
equilíbrio para a realização desta atividade. E as crianças de maturidade
compatível com a sua idade realizaram a tarefa com um equilíbrio muito
melhor.
3.2.6. Cesta equilibrada
Em duas filas de meninos e meninas as crianças devem carregar a
cesta na cabeça com objetos leves dentro. Nesta atividades havia 12 crianças
6 meninos e 6 meninas. Formou-se uma fila de cada grupo e cada um tinha
que equilibrar a cesta até o outro lado. As meninas levaram as cestas e não
deixaram cair. Já os meninos, 4 levaram com êxito e os outros 2, deixaram cair.
Estas foram apenas algumas das atividades que foram trabalhadas com
os alunos, no intuito de verificar suas habilidades relacionadas ao equilíbrio,
postura e tônus. A escolha dessas atividades foi direcionada pelo interesse das
48
crianças, ou seja, estas foram as atividades onde as crianças mais se
divertiram e interagiram com o exercício e entre eles.
49
CONCLUSÃO
Em virtude de todas as considerações apresentadas e discutidas ao
longo deste estudo, podemos considerar que existem no cerebelo regiões
distintas e funções interdependentes com múltiplos sistemas menores de redes
complexas para a formação de ações lúdicas para realização da pedagogia
lúdica na formação das sinapses neurais na aprendizagem escolar.
Assim no capítulo 1, foram identificadas as estruturas anatômicas do
cérebro potencializadas durante as atividades lúdicas, fazendo um recorte
detalhado sobre o cerebelo suas regiões e funções.
No que diz respeito ao capítulo 2, buscou-se as disfunções do
cerebelo e suas complicações, além de apontar o que ocorre no
comportamento psicomotor, intelectual e emocional das crianças que
apresentam certos distúrbios.
O foco principal foi o cerebelo e suas anormalidades que causam
sérios distúrbios psicomotores no equilíbrio, postura e motricidade. Devido a
estes transtornos a criança fica debilitada a realizar certas atividades
necessitando de um trabalho diário com vários profissionais especializados e
de um educador conhecedor destas áreas do cérebro para ajudar este aluno a
fazer suas redes neurais entrarem em conexão para gerar potencialidade
intelectual e emocional para o desenvolvimento pedagógico. O cérebro é capaz
de alta flexibilidade, adaptabilidade e aprendizagem, por isso, se mostra
fisiologicamente preparado para aumentar ao máximo a sua potencialidade,
sendo devidamente estimulado a isso.
O cérebro devido à neuroplasticidade pode expandir capacidades,
adquirir, aprimorar habilidades, e se organizar para possibilitar a criança a ter
uma vida mais lúdica e saudável.
Finalmente, no capitulo 3 o estudo aprofundado do neurônio definiu
a questão central do tema deste trabalho, que com as conexões neurais,
estabelecidas a partir de estímulos relacionados as diversas atividades
50
psicomotoras, jogos matemáticos e atividades lúdicas pedagógicas estimulam
a ação neuronal promovendo a aprendizagem escolar que desejamos para os
nossos alunos. Além disso, foi observado que a mente humana necessita estar
sempre em sinapse para ativar o cérebro e chegar em uma aprendizagem
construtiva e global para as crianças. Faz-se necessário o uso de estratégias
específicas para realizar as sinapses, visando sempre a estimulação neural.
É importante e perceptível que a pedagogia e a Neurociência estão
interligadas, sendo assim, o neuroeducador pode realizar atividades para a
estimulação das sinapses para um aprendizado construtivo e criativo e com
fortalecimento do lado emocional da criança.
Assim, é certo que, as estruturas anatômicas do cérebro são
potencializadas durante as atividades lúdicas, e dessa forma, as habilidades
intencionalmente planejadas pelo educador se desenvolvem através das
brincadeiras psicomotoras.
O brincar tende às necessidades da criança e o desenvolvimento
pleno durante a infância, e serve como excelente estímulo ao cérebro do aluno
na educação infantil.
51
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53
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WOOLLACOTT, M e SHUMWAY, C. A. H. Controle motor. 2ª ed. Rio de
Janeiro: Manole, 2003.
54
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I – Algumas considerações sobre a neurociência: Um foco no
cerebelo 11
1.1- Córtex pré-frontal 11
1.1.2 - Área pré-frontal 13
1.1.3- Área motora suplementar 15
1.2- Córtex parietal 16
1.2.1- Córtex de associação parietal 16
1.2.2 – Córtex cingulado 17
1.3 – Cerebelo e algumas de suas funções 18
1.3.1 – A anatomia do cerebelo 20
1.4 – Núcleos de base 23
1.4.1 – Corpo estriado 24
1.4.2 - Núcleo caudado 24
1.4.3 – Núcleo lentiforme 24
1.5 – Tálamo 25
1.6 – Tronco encefálico 26
CAPÍTULO II – Disfunção no cerebelo e suas interferências no comportamento
motor 29
2.1- Disfunções cerebelares e as alterações no controle motor 32
55
2.2 – As perturbações psicomotoras 34
2.3 - Atrasos no desenvolvimento motor 35
2.3.1 - Grandes déficits motores 36
CAPÍTULO III – A neurociência e a aprendizagem motora: Algumas formas de
observação 38
3.1- A Neurociência e os sentidos: a aprendizagem e a percepção do mundo 40
3.2-A Neurociência e a aprendizagem escolar 43
3.2.1–Salto e transposição de obstáculos 46
3.2.2-Atravessando o rio 46
3.2.3-Andar sobre o plano inclinado 46
3.2.4-Circuito do equilíbrio 47
3.2.5-Corrida com jornal (equilibrio) 47
3.2.6 Cesta equlibrada 47
CONCLUSÃO 49
ÍNDICE DAS FIGURAS
Figura 1 – Lobo Pré-frontal direito e esquerdo 13
Figura 2 – Área suplementar, área pré-motora e córtex motor primário 16
Figura 3 – Interrelação do tálamo e núcleo lentiforme 24
Figura 4 - Divisão do tronco encefálico 28
Figura 5 – Como acontece a sinapse 39
Figura 6 – Neurociência – A nova rota da educação 41
Figura 7- A pirâmide do aprendizado 45