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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
FRANQUIA: UMA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE
INVESTIMENTO
Por: Fernanda Azevedo Pamplona Côrte Real
Orientador
Prof. Aleksandra Sliwowska
Niterói
2015
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
FRANQUIA: UMA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE
INVESTIMENTO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Finanças e Gestão
Corporativa.
Por: Fernanda Azevedo Pamplona Côrte Real
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha família por ter me
dado uma boa educação e ao meu
marido, Pedro, que sempre esteve ao
meu lado me apoiando em todas as
decisões da minha vida.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu marido,
Pedro, que teve paciência para me buscar
todas as segundas-feiras nas aulas do
curso de Pós- Graduação, e que sempre
me incentivou para que eu continuasse
estudando e me atualizando.
5
RESUMO
Este trabalho procurou estudar o conceito de Franchising para fazer
uma análise de investimento.
Além de ser um modelo em expansão no país, o franchising tem se
mostrado uma boa alternativa para o empreendedor com pouco conhecimento
no mercado. Por ser um modelo já formatado pelo franqueador, as chances de
o negócio ser bem sucedido são grandes, pois o franqueador ensina todo o
seu conhecimento e experiência para o franqueado.
Procurou-se mostrar a forma de analisar se o investimento em uma
franquia é viável. Para isso, utilizou-se dos métodos de análise de investimento
mais conhecidos como o VPL, a TIR e o Payback.
Por fim, este trabalho mostrou os fatores que levam o sucesso na
escolha de uma franquia, para que assim, um empreendedor possa se
informar antes de entrar neste mercado.
6
METODOLOGIA
Este estudo foi realizado através de pesquisas e consultas a sites
de franquias, site da ABF (Associação Brasileira de Franchising), e com
pesquisas bibliográficas em livros que abordam conceitos financeiros de
análise de investimentos e sistemas de Franchising.
A princípio, seria feito uma análise de viabilidade de investimento
em duas franquias existentes no mercado, mas foram encontradas limitações
por parte dos franqueadores em passar os dados solicitados. Diante disso,
optou-se por fazer uma análise de dois projetos fictícios, com o intuito de
mostrar como se calcula o VPL, a TIR e o Payback dos projetos.
Utilizou-se para os cálculos a planilha eletrônica excel.
Foi considerada como taxa mínima de atratividade a taxa SELIC,
consultada no site do Banco Central do Brasil.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 8
CAPÍTULO I: O SISTEMA DE FRANQUIAS ................................................... 10
1.1 - DEFINIÇÃO DE FRANQUIA .................................................................... 11 1.2 - O PAPEL DO FRANQUEADOR ............................................................... 11 1.3 - O PAPEL DO FRANQUEADO ................................................................. 13 1.4 - O CONTRATO ..................................................................................... 14 1.5 - AS TAXAS .......................................................................................... 15 1.6 - CIRCULAR DE OFERTA DE FRANQUIA ................................................... 17
CAPÍTULO II: ANÁLISE DE INVESTIMENTO ................................................ 18
2.1 - TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE .......................................................... 18 2.2 - MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO............................................. 19 2.3 - FLUXO DE CAIXA ................................................................................ 24 2.4 - APLICANDO OS MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO ...................... 25
CAPÍTULO III: O SUCESSO NA ESCOLHA DA FRANQUIA ......................... 28
3.1 - AS HABILIDADES DO FRANQUEADO DE SUCESSO .................................. 29 3.2 - FATORES DE INFLUENCIAM NA ESCOLHA DO PONTO .............................. 30 3.3 - COMO ESCOLHER A FRANQUIA CERTA ................................................. 32
CONCLUSÃO .................................................................................................. 34
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 36
ANEXO 1 ......................................................................................................... 38
ANEXO 2 ......................................................................................................... 41
8
INTRODUÇÃO
Nos dias atuais, com a escassez de emprego, muitas pessoas
optam por investir no seu próprio negócio. Porém, a decisão de investir em um
negócio próprio, deve ser avaliada com cautela, já que sempre haverá um risco
em qualquer alternativa de investimento. Portanto, a alternativa de investir em
uma franquia, é uma das mais seguras para quem quer iniciar um negócio num
ramo em que ainda não tenha experiência.
No modelo de Franquia ou Franchising, uma empresa cede o direito
de uso de sua marca, mediante a cobrança de taxas e royalties e com
condições pré-estabelecidas em contrato. Sendo assim, o investidor-
franqueado- conta com o peso de uma marca já consolidada no mercado,
diminuindo os riscos de o investimento fracassar. Já o franqueador- aquele que
cedeu o direito de uso de sua marca- se compromete em passar o seu know-
how, ou seja, o seu conhecimento sobre como fazer o padrão de trabalho que
a franquia utiliza. Deste modo, ficará mais fácil para o investidor franqueado se
estabelecer no mercado.
Diante do crescimento contínuo desse mercado de Franchising, este
trabalho visa contribuir para esclarecer dúvidas de futuros empreendedores
sobre o que é o negócio, quais os riscos e benefícios encontrados ao optar por
abrir uma franquia, destacando a importância da relação entre o franqueador e
o franqueado, para que a franquia se consolide no mercado e obtenha
sucesso.
Mesmo que o investimento em Franquia ofereça menor risco, ainda
é preciso avaliar o projeto do investimento antes mesmo de realiza-lo. Em
geral, antes de executar qualquer tipo de projeto deve ser feita a avaliação do
retorno com o capital que se pretende investir, verificando o custo de
oportunidade desse capital.
A avaliação de projetos de investimentos engloba diversas técnicas
que permitem avaliar suas viabilidades. Neste trabalho, serão abordadas as
técnicas mais utilizadas hoje em dia, como: a TIR (taxa interna de retorno), o
9
VPL (valor presente líquido) e o Payback (prazo de retorno do investimento
inicial).
Através dessas técnicas, este trabalho irá buscar responder a sua
questão central, que é: Como analisar a viabilidade de investimento para a
implantação de franquia?
Este trabalho será estruturado em três Capítulos. No Capítulo 1,
será apresentado como funciona o Sistema de Franquias, incluindo o papel do
Franqueado e do Franqueador. Já o Capítulo 2, apresentará os métodos de
análise de investimento para implantação de Franquia. Por último, o Capítulo 3
discursará sobre os critérios de decisão para o investidor obter sucesso na
escolha da Franquia, seguido da Conclusão do estudo.
10
CAPÍTULO I
O SISTEMA DE FRANQUIAS
A origem da palavra franquia surgiu na Idade Média, mais
precisamente na França. Sua derivação, franchisage, vem de franc, que
significa a outorgação de um privilégio ou de uma autorização. A palavra foi
evoluindo e, atualmente, tem o sentido de “um direito concedido a uma pessoa
ou um grupo para comercializar produtos ou serviços de uma empresa em
determinado território” (DAHAB, 1996, p. 13).
Desde o século XII, em Londres, encontraram-se exemplos de
práticas comerciais que se assemelhavam ao sistema de Franquias. Porém,
somente depois da Guerra Civil, surgiu nos EUA o primeiro caso de Franquia
propriamente dito, que foi quando a Singer, fabricante de máquinas de costura,
começou a conceder o direito de uso de sua marca e de comercialização de
suas máquinas para comerciantes locais, sem ligação com a empresa. A partir
daí, grandes empresas como a General Motors, a Coca-Cola e o Mc Donald´s
instituíram também os seus sistemas de Franquia para expandir os seus
negócios.
Após a 2º Guerra Mundial, no século XX, o sistema de Franquia
atingiu o seu ápice nos EUA, pela abertura de diversos negócios por soldados
americanos que retornaram do campo de batalha desempregados.
No Brasil, as primeiras Franquias começaram a surgir no início dos
anos 60, através dos cursos de inglês Yazigy e CCAA, que introduziram essa
modalidade de negócio no país. Desde então, essa modalidade de negócio
não parou de crescer.
11
1.1 - Definição de Franquia
A Franquia é um sistema onde o franqueador autoriza ao
franqueado, a explorar os direitos do uso da sua marca, produtos ou serviços,
sistema de operação e gestão, dentro de um mercado pré-definido.
De acordo com a Lei nº 8955, que regulamenta o franchising no Brasil, o
seu artigo 2º estabelece que:
Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto fique caracterizado vínculo empregatício. (LEI Nº 8955, de 15 de dezembro 1994)
Para Cherto (2006), o franchising consiste na replicação de um mesmo
conceito de negócio em diversos locais ou mercados, onde cada unidade
implantada é operada e gerida por um terceiro autônomo, mas não
independente. Embora o franqueado seja proprietário da unidade que
administra e tenha certo grau de liberdade, ele deve observar sempre as
normas, políticas e padrões da franqueadora.
1.2 - O Papel do Franqueador
A empresa Franqueadora é aquela que deseja expandir-se, sem a
utilização de recursos próprios, cedendo o direito de uso de sua marca à outra
empresa.
O Franqueador possui a responsabilidade de orientar o franqueado
em todos os sentidos necessários para que a Franquia possa exercer suas
atividades, e consequentemente, dar lucro.
12
Segundo Cherto, cabe à empresa franqueadora de forma geral:
• Definir e desenvolver o conceito de negócio que será franqueado;
• Testar na prática este conceito, em uma ou mais “unidades-piloto” que, sempre que possível, devem ser instaladas, operadas e geridas pela própria empresa franqueadora;
• Estabelecer as Normas, Processos, Políticas e Padrões a serem observados pelos franqueados, no que se refere à implantação, operação e gestão das respectivas franquias;
• Recrutar e selecionar esses franqueados de acordo com critérios previamente estabelecidos pela própria direção da empresa franqueadora;
• Capacitar os franqueados (e, quando for o caso, também os integrantes das respectivas equipes, ou ao menos alguns destes), por meio de programas de Capacitação (presenciais, à distância ou híbridos), de Guias de Processos ou Manuais e outros materiais, de orientação in loco ou remota, e por outros, garantindo aos franqueados o acesso aos conhecimentos de que necessitam para terem uma chance razoável de sucesso;
• Manter e capacitar uma equipe qualificada para assessorar, orientar e inspirar, inclusive pelo exemplo, os franqueados no que diga respeito ao cumprimento das Normas, Políticas e Padrões acima referidos;
• Apoiar e orientar seus franqueados na elaboração e implementação de planos e ações necessários à concretização do potencial de resultados de cada franquia;
• Supervisionar e monitorar constantemente a rede de franquias, a fim de garantir a consistência na observância das Normas, Políticas, Processos e Padrões, lembrando que tudo o que afete negativamente a imagem de uma das unidades franqueadas pode acabar contaminando a imagem de toda a rede;
• Coletar, processar, analisar e difundir conhecimentos que possam fazer uma diferença positiva nos negócios dos franqueados, inclusive – e especialmente – aquilo que poderíamos definir como “as melhores práticas” da rede, sem falar nos benchmarks identificados em outras organizações, inclusive de outros ramos de negócios; e
• Propiciar os meios necessários, tais como Intranet, encontros e convenções, para que seus franqueados se integrem e interajam de forma mais produtiva com a própria organização e entre eles mesmos. (CHERTO, e-book, p. 14-15)
13
Dessa forma, se a empresa franqueada receber todas as instruções
da franqueadora, e executá-la da forma correta, serão grandes as chances de
o negócio dar certo.
1.3 - O Papel do Franqueado
O Franqueado é aquele que decide fazer um investimento em uma
empresa que já existe no mercado, porém sem que seja subordinado a esta.
Ele investe algum dinheiro para ter o direito de usar o nome e os métodos do
franqueador, aprendendo com a sua experiência.
Segundo Cherto, cabe a cada Franqueado:
• Investigar a empresa franqueadora e seus integrantes antes de firmar qualquer documento ou efetuar qualquer pagamento relativo à aquisição de sua franquia, para ter certeza de que está se vinculando a uma marca e uma organização saudáveis, tanto do ponto de vista jurídico quanto financeiro e tributário;
• Investir (e reinvestir) os recursos necessários para implantar a respectiva unidade de negócios (a loja, o restaurante, a escola, o quiosque, o hotel, a oficina, ou o que quer que constitua sua unidade franqueada) e para mantê-la funcionando de acordo com os padrões ditados pelo franqueador;
• Utilizar apenas os produtos, serviços e fornecedores definidos e/ou autorizados pela empresa franqueadora;
• Pagar à franqueadora os valores relativos à aquisição e continuidade da franquia. Normalmente, esses valores incluem: taxas de franquia, ou inicial, de royalties, esta periódica, e uma contribuição, também periódica, para um Fundo Cooperativo de Marketing ou algo do gênero. Pode haver ainda a cobrança de outros valores, desde que prevista em contrato ou previamente ajustada de comum acordo entre as partes;
• Arcar com os custos e despesas relacionados à operação e à gestão de seu negócio, incluindo a aquisição de mercadorias e insumos e o pagamento de salários e encargos, aluguéis, despesas com luz, água, condomínio, impostos, manutenção de equipamentos e/ou softwares, e o que mais for necessário ao, ou decorrente do, funcionamento de sua franquia de acordo com os padrões definidos pelo franqueador;
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• Observar os Padrões, Normas, Processos e Políticas da rede em tudo o que se refere à implantação, operação e gestão de sua unidade franqueada, mantendo a consistência de imagem, de produto e de serviços que deve caracterizar a rede da qual faz parte;
• Cooperar com o franqueador e com os demais franqueados integrantes da rede na busca de diferenciais competitivos;
• Adotar apenas as ações de Marketing que sejam compatíveis com a imagem e o posicionamento da marca que identificam a rede e, de forma geral, apenas se, quando e da forma que seja autorizada pelo franqueador; e
• “Fazer acontecer” na sua unidade, cuidando do dia a dia, orientando e motivando seus colaboradores, ouvindo e cativando seus clientes, e desempenhando as demais funções que cabem ao dono de um negócio que deseja vê-lo bem-sucedido. Faz-se conveniente aqui lembrar o velho ditado chinês que diz: “Aquele que não sabe sorrir, não deve abrir uma loja”. (CHERTO, e-book, p. 16-17)
Deve haver uma sintonia entre a empresa Franqueada e a
Franqueadora para que o negócio possa prosseguir de acordo com as regras
estabelecidas no Contrato da Franquia.
1.4 - O Contrato
O contrato de franquia é o documento que sela definitivamente a
relação franqueado/franqueador, portanto, as informações devem estar
dispostas de maneira clara, para que não existam dúvidas nos direitos e
obrigações envolvidos nessa relação.
Antes de assiná-lo, o franqueado deve ter certeza de que tudo o que
nele está contido corresponde à Minuta Contratual que deve ser entregue junto
com a Circular de Oferta de Franquia. Os direitos e obrigações do franqueado
e franqueador vão variar conforme a natureza do negócio, porém devem estar
especificados no contrato.
15
Alguns pontos não podem faltar. É preciso constar os dados
completos das partes, além das informações da empresa franqueadora e seu
representante legal, bem como, do franqueado. O contrato traz quais serão os
contatos oficiais para comunicação.
O contrato deve estabelecer quais são as marcas cedidas para uso
do franqueado e qual a situação de registro no Instituto Nacional de
Propriedade Intelectual, o INPI. Uma marca com registro pendente pode vir a
ser negada pelo INPI e acarretar futuros prejuízos ao franqueado.
No contrato deve estar definido quando será o treinamento inicial do
franqueado, a entrega dos manuais e como serão os outros treinamentos.
Em relação ao território, deve estar explícito se o contrato é
estabelecido com território exclusivo ou não e se há direito de preferência em
relação a operações em territórios vizinhos, por exemplo.
O contrato deve contemplar todas as remunerações cabíveis à
relação estabelecida entre franqueador e franqueado, contendo valor ou
porcentagem, reajustes e datas de pagamento. As remunerações mais comuns
são: royalties, fundo de marketing e outras taxas relacionadas ao tipo de
negócio.
É também no contrato que estará prevista a responsabilidade sobre
o marketing da rede e das franquias. Se haverá taxa de publicidade, o que ela
cobrirá, a responsabilidade sobre o marketing local e o desenvolvimento das
peças publicitárias.
Devem vir determinados também o prazo do contrato, as condições
de renovação e as hipóteses de rescisão e resolução por ambas as partes.
1.5 - As Taxas
1.5.1- Taxa de Franquia- é a quantia inicial que o franqueado paga ao
franqueador na assinatura do contrato, como direito para pertencer a rede da
16
franquia. Geralmente, esse valor é fixo e pago uma única vez. Alguns
Franqueadores garantem aos seus Franqueados o acesso a alguns serviços
mediante o pagamento da taxa de franquia. Entre esses serviços estão: o
programa completo de treinamento teórico e prático, assistência profissional na
seleção e avaliação técnica do ponto, apoio na negociação e formalização do
contrato de aluguel do ponto, assistência profissional no projeto arquitetônico e
orientação na reforma do imóvel para adequá-lo ao layout da Franquia,
manuais de operação do negócio, apoio da equipe de inauguração na abertura
do negócio, pacote especial de promoção para o dia da inauguração.
1.5.2- Royalties- é a taxa cobrada periodicamente, permitindo o direito de
exploração da marca e modelo de negócio. O valor dos Royalties pode ser fixo
ou variável sobre as vendas, dependendo do tipo de Franquia. Os recursos
arrecadados são utilizados pelo Franqueador na melhoria constante da rede de
Franquia.
1.5.3- Taxa de Publicidade/ Propaganda- também é uma taxa periódica que
é cobrada para custear as despesas de toda a rede com as companhas
publicitárias.
1.5.4-Taxa de Aluguel/ Leasing- cobrança de aluguel do ponto comercial ou
locação/leasing de equipamentos, caso sejam da franqueadora.
1.5.5- Taxa de Serviços- valor cobrado pelo franqueador para a realização de
serviços extras.
1.5.6- Taxa de Compras- é uma taxa cobrada por alguns franqueadores pelo
uso de sua estrutura de Compras.
As taxas cobradas variam de acordo com o tipo de Franquia.
Portanto, as taxas devem ser analisadas antes da aquisição da franquia para
que o fraqueado saiba o custo exato do negócio e não seja pego de surpresa.
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1.6 - Circular de Oferta de Franquia
De acordo com a lei nº 8955, sempre que o franqueador tiver
interesse na implantação do sistema de Franquia Empresarial, deverá fornecer
ao interessado em tornar-se franqueado uma Circular de Oferta de Franquia,
por escrito e em linguagem clara e acessível, contendo obrigatoriamente
informações como: valor total estimado do investimento inicial necessário à
aquisição, implantação e entrada em operação da Franquia, valor da taxa de
filiação ou taxa de franquia e de caução, informações claras quanto a taxas
periódicas e outros valores a serem pagos pelo Franqueado ao Franqueador
ou a terceiros por este indicados, detalhando as respectivas bases de cálculo e
o que as mesmas remuneram ou o fim a que se destinam.
Ainda de acordo com a lei acima citada, esta circular deve ser
entregue ao interessado pelo menos 10 dias antes da assinatura do contrato e
do pagamento de qualquer tipo de taxa.
De posse desta circular e das demais informações coletadas
previamente sobre a franquia é importante que o investidor analise os
indicadores financeiros do projeto. Para isto existem métodos que podem
auxiliá-lo nessa avaliação.
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CAPÍTULO II
ANÁLISE DE INVESTIMENTO
Quando um investidor decide investir o seu dinheiro seja ele no
mercado financeiro ou em um negócio próprio, ele precisa avaliar
antecipadamente, através das ferramentas financeiras, se esse projeto lhe
trará retorno. Com o investimento em Franquias não é diferente. O investidor
que pretende investir em Franquias precisa fazer uma análise não só do local
onde irá instalar a sua Franquia, como também é necessário avaliar o projeto
financeiramente, de modo que possa saber se esse projeto será viável.
Segundo ROSS, WESTERFIELD e JAFFE (2002) os mercados
financeiros é que dão aos indivíduos e às empresas um padrão de referência
para os investimentos propostos. Este padrão é essencial para a tomada de
decisão. Um investimento só deve ser realizado se os retornos esperados
forem melhores que os disponíveis nos mercados financeiros. Segundo os
autores, este é o primeiro princípio da tomada de decisões, e a decisão correta
de um investimento depende desta comparação com as alternativas existentes
nos mercados financeiros.
Os principais métodos de análise de investimentos são: o valor
presente líquido (VPL), a taxa interna de retorno (TIR) e o payback. Neste
Capítulo, apresentaremos esses métodos quantitativos que são utilizados para
tomada de decisão de qualquer investimento; portanto, serão também
utilizados para avaliar os investimentos em Franquias.
2.1 - Taxa Mínima de Atratividade
Antes de apresentarmos os métodos de avaliação de investimentos,
precisamos definir qual será a taxa mínima requerida pelo investidor, também
denominada como Taxa Mínima de Atratividade ou Custo de Capital.
19
De acordo com LAPPONI (2000), para avaliar um investimento é
necessário primeiro definir esta taxa, que nada mais é do que a taxa de juros
que o investidor exige para aceitar um investimento levando em consideração
o risco que ele oferece.
Para PUCCINI (2011):
A taxa de atratividade é entendida como o custo de oportunidade da organização. Em geral, a taxa de atratividade é o custo de capital da empresa ou ainda o retorno médio obtido pela empresa em suas atividades; o poder público pode considerar custo de capital a taxa básica de juros da economia. (PUCCINI, 2011, p.164)
GITMAN (2001) define o risco como possibilidade de perda e está
associado ao grau de incerteza sobre o investimento. Quanto maior o risco,
maior a taxa mínima requerida.
A taxa de atratividade é um dos principais parâmetros para
avaliação de projetos, pois influencia muito o seu resultado.
Para esse trabalho utilizaremos como taxa mínima de atratividade a
taxa básica de juros da economia, que é a taxa SELIC. De acordo com
pesquisa realizada ao site do Banco Central do Brasil, em 30/01/2015, a taxa
SELIC equivale a 12,15% a.a.
2.2 - Métodos de Análise de Investimento
2.2.1- Valor Presente Líquido (VPL)
GITMAN (2001) define o VPL como:
Uma técnica de orçamento de capital sofisticada, encontrada ao se subtrair o investimento inicial de um projeto do valor presente de seus fluxos de entrada de caixa, descontados a uma taxa igual ao custo de capital da empresa. (GITMAN, 2001, p. 302)
20
Para este autor o VPL é considerado uma técnica sofisticada,
devido o fato de considerar explicitamente o valor do dinheiro no tempo.
A equação matemática para o calculo do VPL é:
Onde: I = investimento inicial
FCt = retorno depois dos impostos na data t do fluxo de caixa
n = prazo de análise do projeto
k= taxa mínima requerida para realizar o investimento
A maior vantagem do método para ROSS, WESTERFIELD e JAFFE
(2000) é o fato de o VPL considerar o valor do dinheiro no tempo, pois permite
calcular o valor presente do investimento levando em consideração todos os
fluxos de caixa futuros. Outra vantagem, para LAPPONI (2000), é o fato de o
método considerar também o risco do investimento, uma vez que a taxa
mínima requerida de juros é utilizada no cálculo.
De acordo com GITMAN (2001):
Quando o VPL é usado para tomar decisões aceitar- rejeitar, os critérios de tomada de decisões são os seguintes: se o VPL é maior do que 0 (zero), aceitar o projeto. Se o VPL é menor do que 0 (zero), rejeitar o projeto. (GITMAN, 2001, p.302)
De acordo com LAPPONI (2000), sempre que o valor presente dos
retornos for maior que o valor presente do investimento, calculada com a taxa
mínima requerida, o projeto deverá ser aceito. E, caso contrário, se o VPL for
negativo, o projeto deverá ser recusado. Ainda segundo o autor, quando o VPL
é utilizado como critério de escolha entre projetos mutuamente excludentes o
melhor projeto de investimento é o projeto com maior VPL.
21
2.2.2- Taxa Interna de Retorno (TIR)
Segundo GITMAN (2001):
A taxa interna de retorno (TIR) é a taxa de desconto que iguala o valor presente de fluxos de entrada de caixa com o investimento inicial associado a um projeto. Em outras palavras, é a taxa de desconto que iguala o VPL de uma oportunidade de investimento a zero. (GITMAN, 2001, p. 303)
A equação matemática para o cálculo da TIR é:
Onde: TIR = taxa de juros que zera o VPL do fluxo de caixa do investimento.
I = investimento inicial
FCt = retorno depois dos impostos na data t do fluxo de caixa
n = prazo de análise do projeto
Ainda de acordo com GITMAN (2001):
Quando a TIR é usada para tomada de decisões do tipo aceitar- rejeitar, os critérios de tomada de decisão são os seguintes: Se a TIR é maior do que o custo de capital, aceitar o projeto. Se a TIR é menor do que o custo de capital, rejeitar o projeto. (GITMAN, 2001, p. 303)
LAPPONI (2000) destaca que a maior vantagem do método da TIR,
é dar como resultado uma taxa efetiva de juros, o que a torna de fácil
compreensão. No entanto, é preciso atentar que o método só pode ser
utilizado quando o fluxo de caixa for simples ou convencional, ou seja, ocorrer
com periodicidade uniforme e apresentar uma única mudança de sinal.
É preciso ressaltar, que a TIR não pode ser utilizada como critério
de escolha para projetos mutuamente excludentes, uma vez que o projeto com
a maior TIR não é o que necessariamente adiciona maior valor a empresa.
22
Uma alternativa, neste caso, seria utilizar a TIR incremental. “A TIR
incremental é a TIR do investimento adicional resultante da escolha do projeto
maior em lugar do projeto menor.” (ROSS, WESTERFIELD e JAFFE, 2002, p.
137).
A TIR incremental utiliza no cálculo os fluxos de caixa incrementais
decorrentes da escolha da alternativa de maior investimento. Para calcular o
seu valor, deve-se subtrair os fluxos de caixa do projeto menor dos fluxos de
caixa do projeto maior. Se a TIR incremental for maior do que a taxa mínima
requerida, o investimento incremental é justificável.
2.2.3- Payback
Segundo GITMAN, “o período de Payback é o exato montante de
tempo necessário para uma empresa recuperar seu investimento inicial em um
projeto, como calculado a partir de seus fluxos de entrada de caixa.” (GITMAN,
2001, p. 300)
Apesar de popular o payback é visto como uma técnica de
orçamento de capital pouco sofisticado, pois ela não considera explicitamente
o valor do dinheiro no tempo.
Ainda de acordo com GITMAN,
Quando o período de payback é usado para decisões aceitar-rejeitar, os critérios de tomada de decisão são os seguintes: se o período de payback é menor do que o período de payback máximo aceitável, deve-se aceitar o projeto. Se o período de payback é maior do que o período de payback máximo aceitável, deve-se rejeitar o projeto. (GITMAN, 2001, p. 300).
A equação matemática para calculo do Payback simples é:
Exemplo de como calcular o Payback:
23
PROJETO A PROJETO B
Investimento Inicial R$ 30.000,00 48.000,00
Ano Entradas de Caixa Entradas de Caixa
1 R$ 15.000,00 R$ 19.000,00
2 R$ 15.000,00 R$ 14.000,00
3 R$ 15.000,00 R$ 10.000,00
4 R$ 15.000,00 R$ 10.000,00
Payback 2 anos 3,5 anos
O período de payback máximo aceitável é o período de tempo
definido pelo próprio investidor para recuperação do dinheiro investido.
Portanto, esse período é arbitrário. Para o exemplo acima, se o investidor
definiu que o período de payback máximo aceitável é de 3 anos, o Projeto A
será aceito, pois possui o payback de 2 anos. Já o Projeto B será recusado,
pois possui payback de 3 anos e meio.
Esse método de análise é muito utilizado por empreendedores para
avaliar pequenos projetos, pela facilidade de seu cálculo. Mas existem algumas
desvantagens na utilização do método, pois ele não considera os fluxos de
caixa posteriores ao período de recuperação do investimento. Isso faz com que
os projetos que tenham receitas iniciais pequenas, porém crescentes ao longo
do tempo, sejam prejudicados.
Portanto, não se deve utilizar somente o método do payback para
avaliar um grande investimento como o investimento em uma Franquia. Neste
caso, deve-se utilizar o payback juntamente com os outros métodos citados
anteriormente, como o VPL e a TIR, pois a análise dos três em conjunto dará
um parâmetro melhor para escolher a Franquia que lhe trará o maior retorno.
As expressões matemáticas desses métodos de decisão são de
difícil aplicação, portanto é necessária a utilização de planilhas eletrônicas ou
calculadoras financeiras como ferramentas para calculá-las. Faz-se também
24
necessária a construção de um fluxo de caixa projetado de cada um dos
investimentos que se pretende realizar.
2.3 - Fluxo de Caixa
O fluxo de caixa de uma empresa é o conjunto de ingressos e
desembolsos ao longo de um período determinado. É o instrumento de
programação financeira das estimativas de entradas e saídas em certo período
de tempo projetado.
GITMAN (2001) aponta a importância do orçamento de caixa como
instrumento de projeção orçamentária, uma vez que permite à empresa ter
uma visão clara do momento exato das entradas e saídas esperadas em
determinado período. Com esta estimativa, uma empresa com expectativa de
excedente de caixa pode planejar investimentos, enquanto uma empresa com
expectativa de carência deve conseguir financiamento a curto prazo.
Vale lembrar que para a construção do fluxo de caixa são utilizadas
médias ponderadas ou valores esperados e quanto maior o tamanho e a
complexidade do projeto de investimento, maiores as dificuldades de realizar
estas estimativas e maiores as fontes de erro.
As estimativas para construção do fluxo de caixa se dividem em
previsões de entradas e saídas, a seguir descritas.
2.3.1- Previsões de Entrada
As previsões de entrada ou as previsões de vendas são, de acordo
com GITMAN (2001), a entrada-chave para o processo de planejamento
financeiro. Baseado nestas previsões é possível estimar os fluxos de caixa que
vão resultar de receitas de vendas, bem como as despesas relativas a estas
vendas. Ainda segundo o autor, estas previsões podem ser baseadas em
análise de dados internos, externos ou uma combinação dos dois.
25
LAPPONI (2000) destaca que as estimativas de vendas são
provenientes de pesquisas de mercado orientadas para o público-alvo do
produto e baseadas em conhecimentos sólidos do comportamento da relação
preço-volume do produto.
2.3.2- Previsões de Saídas
As previsões de saída incluem os custos e despesas do
investimento. Para ROOS, WESTERFIELD e JAFFE (2002) as saídas de caixa
podem ser enquadradas em quatro categorias básicas: pagamento de contas a
pagar, salários, impostos e outras despesas; gastos de capital; financiamento a
longo prazo.
As previsões de saídas são tão importantes quanto às estimativas
de vendas, uma vez que influenciam a rentabilidade do investimento. Mesmo
gerando grandes receitas, um projeto pode ser inviável se tiver custos
elevados.
De acordo com ROOS, WESTERFIELD e JAFFE (2002) os custos
podem ser divididos em:
- Custos Variáveis: alteram de acordo com a quantidade produzida
e/ou vendida. Ex.: royalties, compra de produtos, taxa de propagandas.
- Custos Fixos: independem da quantidade produzida/ vendida. Ex.:
aluguel, internet.
2.4 - Aplicando os Métodos de Análise de Investimento
Para aplicar os métodos de análise de investimentos explicitados
anteriormente, iremos utilizar valores fictícios de investimento inicial e fluxo de
caixa, com o intuito de fazer uma avaliação de dois supostos projetos de
investimento em Franquia, durante os seus primeiros 5 anos.
26
O Projeto A possui investimento inicial de R$ 103.000,00 e fluxos de
caixa de R$ 30.000,00 no primeiro ano, R$ 35.000,00 no segundo ano, R$
32.000,00 no terceiro ano, R$ 28.000,00 no quarto ano e R$ 37.000,00 no
quinto ano.
O Projeto B possui investimento inicial de R$ 105.000,00 e fluxos de
caixa de R$ 25.000,00 no primeiro ano, R$ 30.000,00 no segundo ano, R$
35.000,00 no terceiro ano, R$ 35.000,00 no quarto ano e R$ 25.000,00 no
quinto ano.
A taxa mínima de atratividade utilizada no cálculo do VPL e da TIR
será a taxa SELIC de 12,15% a.a., como segue na planilha abaixo.
Para calcular o VPL na planilha eletrônica Excel, é necessário clicar
em Função (Fx), selecionar a categoria “Financeira”, procurar a função do VPL,
selecionar a célula onde está a taxa mínima de atratividade (12,15%), e em
seguida selecionar o intervalo entre os fluxos de caixa do ano 1 ao 5.
A função VPL do Excel apenas traz para o presente os fluxos de
caixa a partir do primeiro período; para calcular o valor presente líquido, é
necessário subtrair o investimento inicial do valor obtido através da função
VPL. Como na planilha acima o investimento inicial já está com o sinal
FRANQUIA A FRANQUIA B Investimento
Inicial -103000,00 -105000,00
Ano Fluxos de Caixa 1 30000,00 25000,00 2 35000,00 30000,00 3 32000,00 35000,00 4 28000,00 35000,00 5 37000,00 25000,00
Taxa Mínima da Atratividade 12,15% VPL R$ 12.817,05 R$ 2.171,37 TIR 17,0% 13,0% Payback 4 anos 4 anos
27
negativo, teremos que somar o valor que esta na célula referente ao
investimento inicial.
Para calcular a TIR, faremos da mesma forma, utilizando a função
TIR, encontrada no Excel na categoria de funções “Financeira”. Porém,
diferentemente do VPL, no cálculo da TIR, teremos que selecionar o intervalo
desde o investimento inicial até o fluxo de caixa no ano 5 e em seguida
selecionaremos a célula onde se encontra a taxa mínima de atratividade
(12,15%).
Pela análise do VPL, as duas franquias possuem VPL maior do que
zero (VPL >0). Portanto, verifica-se que o melhor projeto para investimento é a
Franquia A, pois possui o VPL maior do que a Franquia B.
Analisando a TIR, verifica-se que o melhor projeto para investimento
também é a Franquia A, que possui a TIR maior em comparação com à
Franquia B.
Se analisarmos somente o Payback, verificaremos que o tempo para
recuperar o valor investido inicialmente é de 4 anos tanto para a Franquia A,
quanto para a Franquia B. Portanto, isso levaria a um erro ao achar que os
dois projetos seriam igualmente viáveis. Por este motivo, o Payback não é o
melhor método para avaliar entre duas opções de investimento.
Quando se possui duas ou mais opções de investimentos, devem-se
analisar todos os dados em conjunto para escolher a opção que, futuramente,
irá trazer o maior retorno para o investidor.
28
CAPÍTULO III
O SUCESSO NA ESCOLHA DA FRANQUIA
Com o setor de franquias crescendo cada vez mais, como se pode
observar nos gráficos encontrados no site pela ABF (vide anexo), algumas
pessoas tem a falsa impressão de que se trata de uma fórmula mágica, onde
basta escolher uma boa marca que o sucesso da franquia será garantido.
Apesar de as franquias apresentarem baixa taxa de mortalidade quando
comparadas aos negócios independentes, ainda assim, apresentam riscos.
Não pode haver a sensação de que é só comprar uma franquia e
começar a contabilizar os lucros, pois o mercado apresenta diversos casos de
insucesso. Para minimizar esses riscos é preciso tomar uma série de cuidados,
antes e depois de escolher a marca que se pretende comprar.
Antes de tudo, é recomendável fazer uma auto-avalição, pois quanto
maior for a sua identificação com o negócio, maiores as chances de sucesso.
Portanto, antes de pensar em abrir uma franquia, é interessante que se faça
uma análise de suas ambições, aonde se quer chegar, quantas unidades quer
abrir e em quanto tempo. Deve-se verificar se você se encaixa no perfil ideal
desejado pela franqueadora.
Outro ponto fundamental é conversar com os franqueados da rede
para ouvir o que eles têm a dizer sobre o dia-a-dia da franquia. Eles podem dar
dicas preciosas sobre o negócio e os seus desafios.
É preciso identificar quais são os pontos críticos da franquia, para
entrar no negócio já sabendo o que se pode pegar pela frente.
29
3.1 - As Habilidades do Franqueado de Sucesso
3.1.1- Determinação
É fundamental que o franqueado tenha a convicção e consciência
sobre o que é ter o seu próprio negócio. Ele deve ser persistente e
determinado, não desestimulando diante dos obstáculos.
3.1.2- Afinidade
Se o franqueado não tem a menor afinidade para lidar com o
negócio que deseja empreender, não vale a pena ingressar no negócio, uma
vez que a falta de afinidade compromete resultados, por mais atraente que
seja a oportunidade.
3.1.3- Cooperação
O franqueado que entra com o investimento financeiro deve ser
capaz de motivar seus colaboradores a cooperarem com a franquia, pois a
mesma é uma equipe; portanto, os resultados dependem de todos.
3.1.4- Responsabilidade
Cabe ao franqueado motivar a sua equipe para resultados, para que
todos tenham responsabilidade e comprometimento com o negócio.
3.1.5- Vontade de Aprender
É preciso ter muita vontade de aprender, uma vez que precisa estar
sempre buscando e aplicando novos conceitos, conhecimentos e habilidades
no mercado em que atua.
30
3.1.6- Disponibilidade
É importante que o novo franqueado tenha disponibilidade para a
prática de uma gestão bem próxima, que possa acompanhar de perto toda a
rotina da franquia.
3.1.7- Relação com o Franqueador
A relação entre franqueado e franqueador deve ser clara,
transparente e de ajuda mútua. Os franqueados que alcançam o sucesso são
aqueles que estão sempre em contato com a franqueadora, aprendendo,
contribuindo e utilizando da força do grupo.
3.2 - Fatores de Influenciam na Escolha do Ponto
A escolha do lugar ideal para o franqueado abrir a sua franquia é
uma decisão muito importante que deve ser tomada juntamente com o
franqueador. Se o ponto escolhido for o lugar ideal, as chances de a franquia
decolar rapidamente são grandes. Caso contrário, se a escolha do ponto não
for acertada, o franqueado terá que correr atrás do prejuízo.
Segundo Germano Leardi Neto, diretor de relações institucionais da
franqueadora imobiliária Paulo Roberto Leardi, alguns fatores devem ser
levados em conta na hora de se escolher o ponto para abrir a franquia.
3.2.1- Perfil do Público
A definição do público-alvo é parte obrigatória no plano de negócios
inicial de qualquer empresa. Primeiro, por meio de pesquisas e estudos, você
conhece os hábitos de consumo do público que seu empreendimento pretende
atingir. Naturalmente, você tem que optar por uma região em que o seu
31
público-alvo esteja sempre presente. Se você vende produtos acessíveis, por
exemplo, não faz sentido se instalar em uma região de alto padrão.
3.2.2- Movimento de Pessoas
Ainda pensando no público-alvo, é bom prestar atenção no fluxo de
pessoas, anotando os horários e dias de pico da região. Esse fator é mais
determinante para franquias de ticket médio barato, como rede de fast-food,
por exemplo, porque precisa vender bastante para compensar as despesas,
pontua o diretor, informando que o uso de ferramentas tecnológicas que
contam o número de pessoas que passam por determinada região pode ser
uma boa estratégia para ter uma referência. O franqueado deve ir ao futuro
ponto em diferentes dias e horários, inclusive nos finais de semana. Dessa
forma, vai poder conhecer o público-alvo e perceber quais são os horários de
pico de movimento.
3.2.3- Visibilidade
O ideal é que o local chame atenção e seja visto de longe pelas
pessoas. Instalar o seu empreendimento em uma esquina ajuda. A iluminação
da rua também faz parte do fator visibilidade. Se for uma rua bem iluminada, a
sua loja vai chamar atenção mesmo depois de escurecer.
3.2.4- Concorrência
A temida concorrência também deve se muito bem analisada na
etapa de escolha do ponto comercial. E não pense que não ter concorrentes
próximos é um bom sinal. É preciso pensar porque nenhuma empresa
concorrente está no local. Ou você vai se dar bem por ser o primeiro a chegar
lá, ou talvez o setor da sua franquia não seja compatível com o público dessa
região. Então, ter concorrência significa ter demanda. Isso já pode ser um bom
motivo para se instalar no local. Mas é preciso fazer antes uma análise de
32
atuação das empresas concorrentes para ver se a sua franquia é capaz de
competir com elas.
3.2.5- Acessibilidade
O acesso do cliente também é algo que o franqueado precisa se
preocupar. Uma região bem servida de estações de ônibus e com
estacionamentos é um chamariz. Disponibilizar algumas vagas na frente da
sua loja facilita bastante a vida dos fregueses. É preciso pensar também nos
portadores de necessidades especiais, se o local possui rampa de acesso para
eles. Caso não tenha, veja se é possível colocá-la.
3.2.6- Aluguel
Procure um imóvel compatível com o valor que você pode pagar.
Não coloque a mão aonde você não alcança. Início de negócio é sinônimo de
orçamento apertado.
3.2.7- Aspectos Legais
Mantenha-se sempre atento às questões legais. Lembre-se que
para abrir um estabelecimento é preciso respeitar uma série de leis. Portanto,
verifique se o local aceita a abertura de determinados negócios e fique atento
com os impactos ambientais e sanitários. É interessante contar com o auxílio
de um advogado para não ter dores de cabeça com órgãos públicos no futuro.
3.3 - Como Escolher a Franquia Certa
O primeiro passo na busca de uma franquia é compreender como
este sistema funciona. Conhecer todos os direitos e deveres das partes é de
extrema necessidade para se iniciar no negócio. É importante buscar
33
informação sobre a desistência do negócio, as obrigações do franqueado e
também a estrutura das redes.
O empreendedor deve criar um filtro que o ajude a refinar a busca
por marcas. Para ajudar nesse filtro, devem-se selecionar negócios por nível
de investimento, adequação à região ou mesmo tipo de produto que estejam
de acordo com as afinidades do empreendedor.
Para escolha da franquia certa, é aconselhável fazer uma pesquisa
com até cinco redes de franquias. É importante pesquisar sobre a estrutura de
cada uma delas, conhecer o nível de formatação da franquia. Um bom
indicador são aquelas que estão cadastradas na ABF (Associação Brasileira de
Franchising), que significa que já passaram por um processo de formatação.
Outro ponto importante é rever as finanças antes de o
empreendedor investir numa franquia. O investimento inicial é um fator
determinante para a escolha do negócio. O valor divulgado pelas redes de
franquia geralmente contempla o suficiente para implantar a franquia. É preciso
ter uma reserva de capital de giro para se manter nos meses iniciais, pois a
franquia pode não dar lucro de início. O retorno do investimento pode variar
muito de acordo com as características e a localização de cada ponto.
Deve-se fazer uma análise financeira do investimento, como
mostrado no capítulo II deste trabalho, de forma que o investidor possa avaliar,
através dos métodos do VPL, TIR e Payback, qual é a franquia que lhe dará o
maior retorno.
Vale ressaltar que as projeções dos dados financeiros fornecidos
pelo próprio franqueador podem estar com os valores superestimados, devido
ao interesse em vender a sua marca. Portanto, seria interessante analisar os
dados de franqueados já estabelecidos no mercado e confrontar com os dados
informados pelo franqueador.
34
CONCLUSÃO
Este estudo se propôs a fazer uma abordagem sobre o sistema de
franquias e analisar a inserção de um investidor neste mercado.
Primeiramente, abordou-se o conceito de Franquia, como ele se
desenvolveu, e o contínuo crescimento que vem tendo desde então. Falou-se
sobre o papel do franqueado e do franqueador e como um contribui com o
outro para o crescimento da rede. Foi explicado como funciona o contrato de
franquia e quais são as taxas exigidas pelo franqueador.
Um dos objetivos desse estudo foi fazer uma análise financeira,
utilizando-se os métodos de avaliação de investimento VPL, TIR e Payback.
Para isso, utilizaríamos dados de duas franquias existentes no mercado, porém
no decorrer do estudo houve algumas limitações de pesquisa, uma delas foi a
dificuldade de acesso às informações a respeito dos valores que envolvem a
construção do fluxo de caixa. Algumas empresas liberam informações através
de seus sites, mas o esclarecimento total a respeito da franquia só é obtido
após algumas etapas de seleção feita por parte do franqueador. Portanto,
utilizamos dados fictícios com o intuito apenas de mostrar como se calcula o
VPL, a TIR e o Payback de um investimento, e entre duas opções de
investimento, mostrar aquela que seria a melhor opção para se investir.
Por fim, o estudo procurou pesquisar quais os fatores que levam um
franqueado obter sucesso na escolha da franquia, incentivando muitos
empreendedores desencorajados pelos riscos de iniciar um negócio próprio, a
lançarem-se nesse sistema e conseguirem estar à frente do seu próprio
empreendimento.
Conclui-se que, apesar de todas as incertezas que o mercado
transmite para o empreendedor, o investimento em uma franquia ainda é dos
mais seguros comparando-se com um negócio independente, devido à
experiência que o franqueador detém diante do mercado. Se o investidor
franqueado seguir todos os passos que são ordenados pelo franqueador,
adquirindo o seu Know-How e utilizando-se dele nas atividades da sua
35
franquia, contanto com um pouco de sorte e afinidade com o negócio, grandes
são as chances de se obter sucesso na sua franquia.
36
BIBLIOGRAFIA
ABF (Associação Brasileira de Franchising). Disponível no site:
<http://www.portaldofranchising.com.br> - Acesso em 05/01/2015
BRASIL, Lei Nº 8.955, de 15 de dezembro 1994, Dispõe sobre o contrato de
franquia empresarial (franchising) e dá outras providências. Disponível no site:
<http://www.planalto.gov.br> - Acesso em 06/01/2015
Banco Central do Brasil – Disponível no site: <http://www.bcb.gov.br> - Acesso
em 30/01/2015.
CHERTO, Marcelo et al. Franchising: uma estratégia para a expansão de
negócios. São Paulo: Premier, 2006.
CHERTO, Marcelo. Dicas Práticas para quem pensa em investir numa
Franquia. E-book disponível no site: <www.franchisestore.com.br> – Acesso
em 10/01/2015
DAHAB, Sônia (org.). Entendendo Franchising. Salvador: Casa da qualidade,
1996.
Entrevista Leando Leardi Neto- Disponível no site <www.novonegocio.com.br>
- Acesso em 31/01/2015
GITMAN, L.J. Princípios de Administração Financeira. 2 ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
LAPPONI, Juan Carlos. Projetos de Investimento: construção e avaliação
do fluxo de caixa. São Paulo: Editora Lapponi, 2000.
37
ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolph W.; JAFFE, Jeffrey F.
Administração Financeira. Corporate Finance. 2. ed. São Paulo: Atlas,
2002.
PUCCINI, Ernesto Coutinho. Matemática Financeira e Análise de
Investimentos. Florianópolis: Departamento de Ciências da
Administração/UFSC, 2011.
38
ANEXO 1
GRÁFICOS
Faturamento do Setor de Franchising Brasileiro (Valor em
bilhões de reais)
Site da ABF (Associação Brasileira de Franchising)
39
ANEXO 1
GRÁFICOS
Evolução do número de redes de franquias no setor de
franchising brasileiro
Site da ABF (Associação Brasileira de Franchising)
40
ANEXO 1
GRÁFICOS
Evolução do Número de unidades franqueadas do Setor
de Franchising Brasileiro.
Site da ABF (Associação Brasileira de Franchising)
41
ANEXO 2
LEI No 8.955, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1994.
Dispõe sobre o contrato de franquia empresarial (franchising) e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso
Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
Art. 1º Os contratos de franquia empresarial são disciplinados por
esta lei.
Art. 2º Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador
cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito
de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços e,
eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e
administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos
pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no
entanto, fique caracterizado vínculo empregatício.
Art. 3º Sempre que o franqueador tiver interesse na implantação de
sistema de franquia empresarial, deverá fornecer ao interessado em tornar-se
franqueado uma circular de oferta de franquia, por escrito e em linguagem
clara e acessível, contendo obrigatoriamente as seguintes informações:
I - histórico resumido, forma societária e nome completo ou razão
social do franqueador e de todas as empresas a que esteja diretamente ligado,
bem como os respectivos nomes de fantasia e endereços;
II - balanços e demonstrações financeiras da empresa franqueadora
relativos aos dois últimos exercícios;
III - indicação precisa de todas as pendências judiciais em que
estejam envolvidos o franqueador, as empresas controladoras e titulares de
marcas, patentes e direitos autorais relativos à operação, e seus
subfranqueadores, questionando especificamente o sistema da franquia ou
que possam diretamente vir a impossibilitar o funcionamento da franquia;
42
IV - descrição detalhada da franquia, descrição geral do negócio e
das atividades que serão desempenhadas pelo franqueado;
V - perfil do franqueado ideal no que se refere a experiência
anterior, nível de escolaridade e outras características que deve ter, obrigatória
ou preferencialmente;
VI - requisitos quanto ao envolvimento direto do franqueado na
operação e na administração do negócio;
VII - especificações quanto ao:
a) total estimado do investimento inicial necessário à aquisição,
implantação e entrada em operação da franquia;
b) valor da taxa inicial de filiação ou taxa de franquia e de caução; e
c) valor estimado das instalações, equipamentos e do estoque inicial
e suas condições de pagamento;
VIII - informações claras quanto a taxas periódicas e outros valores
a serem pagos pelo franqueado ao franqueador ou a terceiros por este
indicados, detalhando as respectivas bases de cálculo e o que as mesmas
remuneram ou o fim a que se destinam, indicando, especificamente, o
seguinte:
a) remuneração periódica pelo uso do sistema, da marca ou em
troca dos serviços efetivamente prestados pelo franqueador ao franqueado
(royalties);
b) aluguel de equipamentos ou ponto comercial;
c) taxa de publicidade ou semelhante;
d) seguro mínimo; e
e) outros valores devidos ao franqueador ou a terceiros que a ele
sejam ligados;
43
IX - relação completa de todos os franqueados, subfranqueados e
subfranqueadores da rede, bem como dos que se desligaram nos últimos doze
meses, com nome, endereço e telefone;
X - em relação ao território, deve ser especificado o seguinte:
a) se é garantida ao franqueado exclusividade ou preferência sobre
determinado território de atuação e, caso positivo, em que condições o faz; e
b) possibilidade de o franqueado realizar vendas ou prestar serviços
fora de seu território ou realizar exportações;
XI - informações claras e detalhadas quanto à obrigação do
franqueado de adquirir quaisquer bens, serviços ou insumos necessários à
implantação, operação ou administração de sua franquia, apenas de
fornecedores indicados e aprovados pelo franqueador, oferecendo ao
franqueado relação completa desses fornecedores;
XII - indicação do que é efetivamente oferecido ao franqueado pelo
franqueador, no que se refere a:
a) supervisão de rede;
b) serviços de orientação e outros prestados ao franqueado;
c) treinamento do franqueado, especificando duração, conteúdo e
custos;
d) treinamento dos funcionários do franqueado;
e) manuais de franquia;
f) auxílio na análise e escolha do ponto onde será instalada a
franquia; e
g) layout e padrões arquitetônicos nas instalações do franqueado;
44
XIII - situação perante o Instituto Nacional de Propriedade Industrial
- (INPI) das marcas ou patentes cujo uso estará sendo autorizado pelo
franqueador;
XIV - situação do franqueado, após a expiração do contrato de
franquia, em relação a:
a) know how ou segredo de indústria a que venha a ter acesso em
função da franquia; e
b) implantação de atividade concorrente da atividade do
franqueador;
XV - modelo do contrato-padrão e, se for o caso, também do pré-
contrato-padrão de franquia adotado pelo franqueador, com texto completo,
inclusive dos respectivos anexos e prazo de validade.
Art. 4º A circular oferta de franquia deverá ser entregue ao candidato
a franqueado no mínimo 10 (dez) dias antes da assinatura do contrato ou pré-
contrato de franquia ou ainda do pagamento de qualquer tipo de taxa pelo
franqueado ao franqueador ou a empresa ou pessoa ligada a este.
Parágrafo único. Na hipótese do não cumprimento do disposto no
caput deste artigo, o franqueado poderá argüir a anulabilidade do contrato e
exigir devolução de todas as quantias que já houver pago ao franqueador ou a
terceiros por ele indicados, a título de taxa de filiação e royalties, devidamente
corrigidas, pela variação da remuneração básica dos depósitos de poupança
mais perdas e danos.
Art. 5º (VETADO).
Art. 6º O contrato de franquia deve ser sempre escrito e assinado na
presença de 2 (duas) testemunhas e terá validade independentemente de ser
levado a registro perante cartório ou órgão público.
45
Art. 7º A sanção prevista no parágrafo único do art. 4º desta lei
aplica-se, também, ao franqueador que veicular informações falsas na sua
circular de oferta de franquia, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.
Art. 8º O disposto nesta lei aplica-se aos sistemas de franquia
instalados e operados no território nacional.
Art. 9º Para os fins desta lei, o termo franqueador, quando utilizado
em qualquer de seus dispositivos, serve também para designar o
subfranqueador, da mesma forma que as disposições que se refiram ao
franqueado aplicam-se ao subfranqueado.
Art. 10. Esta lei entra em vigor 60 (sessenta) dias após sua
publicação.
Art. 11. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 15 de dezembro de 1994; 173º da Independência e 106º da
República.
ITAMAR FRANCO
Ciro Ferreira Gomes