Upload
hoangthuy
View
218
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
GESTÃO E PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
André Luiz Dias
ORIENTADOR:
Prof. William Rocha
Rio de Janeiro
2018
DOCUMENTO P
ROTEGID
O PELA
LEID
E DIR
EITO A
UTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Administração e Supervisão
Escolar. Por: Andre Luiz Dias
GESTÃO E PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
Rio de Janeiro
2018
3
AGRADECIMENTOS
Aos amigos Mario Bretas, Marcelo Alexandre,
Eliana Doreste, Heloisa Hespanhol, Oldair Paulo
Borges e toda equipe da Primeira Fila, pessoas
que tenho muita estima.
4
DEDICATÓRIA
Dedico a minha esposa Rosangela, a minha filha
Leticia, pessoas que iluminaram minha vida com
esperança e acreditaram na minha capacidade de
superar desafios.
5
RESUMO
E notório a falta de planejamento tributário nas empresas, não obstante
nas EPP e ME, o presente trabalho demonstrará que planejar ações futuras é
relevante para o sucesso, cabe salientar que uma empresa, é necessária planejar
para alcançar metas, portanto, o gestor tem o papel principal, porém, deverá contar
com o auxílio das equipes: administrativa, comercial, operacional e equipe de
manutenção, e assim, desenvolver o planejamento tributário. A minha pesquisa
ajudará de uma forma prática e fundamentada, pois os desafios serão grandes, mas
com muito trabalho e dedicação transformaremos uma empresa fadada ao fracasso
em grandes potencias sendo referência no planejamento tributário. Aplicaremos
técnicas de trabalhos de gestores de sucesso, para isso será necessária a
participação de todos os colaboradores das empresas, os clientes são de grande
relevância nesse processo de transformação, será de grande valia o apoio das
autoridades de todas as esferas, vamos criar mecanismo de facilitação de trabalho,
o resultado será a satisfação de todos que de alguma forma esperam o sucesso de
uma empresa. Através de estudos teremos uma boa base para o crescimento de
uma empresa de sucesso.
6
METODOLOGIA
Esse trabalho tem embasamento em pesquisas bibliográficas, onde foi
observado os benefícios de uma gestão planejada, equipes com autonomia de poder
na busca de formas de aperfeiçoamentos em excelência tributaria, ações e
planejamento para aproximar os clientes a fazerem parte do processo tributário de
uma empresa e integrarem a base de cadastro, assim prestaremos um serviço de
qualidade.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Surgimento do Tributo 09
1.1 O direito do tributo como ramo do direito público 15
1.2 Atividade financeira do Estado 19
1.3 Direito tributário como ramo do direito público 20
CAPÍTULO II
A evolução e os tipos de Tributos 23
2.1 sobre a evolução, reformas e revoluções 27
2.2 Os tipos de tributos 29
CAPÍTULO III
A aplicação prática dos Tributos 33
3.1 Outras Modalidades de Tributação – Lucro Arbitrado e
Simples Nacional
3.2 Condições necessárias para o Planejamento Tributário Legal 36
33. Contribuição Social sobre o lucro líquido 39
CONCLUSÃO 43
BIBLIOGRAFIA 44
8
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa desenvolverá mecanismo de ajuda para colaborar com o
aprimoramento do uso do planejamento tributário.
Irei abordar assuntos como o surgimento do tributo, sua parte histórica, a
evolução do tributo e por últimos casos práticos, temas pertinentes e relevantes para
transformar uma empresa sem planejamento em uma empresa de sucesso. São
muitas as empresas que não utilizam um planejamento tributário, sabemos que
planejando evitaria problemas posteriores, pois é uma engrenagem necessária para
organização do dia a dia.
O gestor executa o planejamento buscando seu mecanismo ideal para
garantir uma excelente organização. É fundamental para que as ações previstas
para o ano sejam implantadas com qualidade. A finalidade é garantir a satisfação do
cliente.
Nesse processo é importante saber qual realidade financeira? Qual a
característica iremos adotar? Que tipo de empresa irá trabalhar? Qual tipo
tributação aplicaremos? Que tipo planejamento tributário queremos para as
empresas modelos? É preciso colocar o planejamento em prática, ou seja, agir de
acordo com a legislação.
É importante a reunião de todo grupo envolvido periodicamente para o
julgamento do planejamento tributário, sendo assim o processo de gestão tributária
começará a ser um documento que irá avaliar as metas, os objetivos e o controle
tributário.
Devemos levar em conta as necessidades e características dos
profissionais, a gestão e planejamento tributário requerem pesquisa sempre e
estabelecem prioridades e limites, sendo assim, estaremos abertos para acolher o
cliente a sua realidade, sempre sendo flexível para planejar sempre que necessário.
9
CAPÍTULO I
O SURGIMENTO DO TRIBUTO
O mestre Claudio Carneiro brilhantemente relata que em sua obra a
Constituição de 1946 foi o embrião do sistema tributário atual do sistema previsto na
Constituição de 1988, sendo assim, a Emenda Constitucional 18/65 introduziu o
sistema tributário como modalidade “autônoma”.
Fala-se hoje numa nova e urgente reforma tributária porque a carga
tributária brasileira, de 36,5% do PIB, é a maior da América Latina e uma das
maiores do mundo. É também uma das mais injustas, pois quem paga mais imposto
no Brasil, proporcionalmente, são os pobres que ganham menos de três salários
mínimos, porque os impostos estão embutidos nos preços de tudo o que se compra,
principalmente alimentos.
Na realidade, nunca se pagou tanto imposto no Brasil. Na última década, a
evolução da carga tributária foi perversa. De 1995 a 2009 a carga tributária brasileira
cresceu de 26,6% para 36,5% do PIB.
Tenha-se em conta, entretanto, que a solução da questão tributária não
passa necessariamente pela reforma. Muitas questões não são problemas da
Constituição, mas de lei e de atitude. A gestão do gasto público, por exemplo, não
está engessada na Constituição. Resiste-se tanto à redução de impostos porque
esta obrigaria o Estado a ser eficiente, a evitar o desperdício de recursos e a deixar
de ser perdulário.
Mas, voltando ao início, se bem não conheça a matéria versada na obra,
conheço, entretanto, e muito bem, o seu autor. Acompanho a carreira do Professor
Claudio Carneiro desde o seu ingresso no corpo docente da UNESA. Logo revelou
extraordinária vocação para o magistério, conquistando a simpatia, a confiança e a
dedicação dos seus alunos, semestre após semestre, tornando-se o professor de
maior e melhor avaliação, não obstante a complexidade do Direito Tributário por ele
lecionado. O nome de Claudio Carneiro tornou-se conhecido e respeitado no mundo
acadêmico estadual e nacional, razão pela qual passou a ser requisitado para dar
10
aulas em cursos de pós-graduação de respeitáveis instituições, entre as quais a
Escola da Magistratura do Rio de Janeiro \u2013 EMERJ, Fundação Getulio Vargas
\u2013 FGV e outras mais.
O mestre consagrado revelou também o seu talento como autor, trazendo a
lume notáveis obras de Direito Tributário que mereceram a receptividade dos
estudantes, professores, advogados e magistrados por todo o Brasil; obras de
referência necessária na ceara do Direito Tributário.
Com esta terceira obra, dedicada aos impostos federais, estaduais e municipais,
Claudio Carneiro completa uma primorosa coleção de Direito Tributário e dá mais
uma inestimável contribuição às letras jurídicas. Tive o privilégio de lê-la em primeira
mão e devo confessar que ela me proporcionou a reaproximação com o Direito
Tributário. A didática, a objetividade e a clareza de Claudio Carneiro é o fio condutor
para o estudo e a compreensão do Direito Tributário. É também o segredo do seu
sucesso como professor e escritor. Ele tem o dom de tornar o difícil fácil.
A obra esgota a matéria sobre todos os temas abordados, fazendo
minucioso exame dos aspectos relevantes de cada imposto à luz do mais atual
entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Supremo Tribunal Federal
(STF). Será de grande contribuição para todos os que militam na seara do Direito
Tributário na medida em que, além de tratar especificamente de cada imposto,
aborda também relevantes questões relacionadas com a incidência do ISSQN sobre
serviços prestados mediante a utilização de bens e serviços explorados
economicamente mediante concessão, permissão ou autorização, e os
questionamentos decorrentes do princípio da não cumulatividade do ICMS em
leasing, na substituição tributária etc.
O artigo 5º do CTN e o artigo 145 da CRFB/88 indicam que são três as
espécies de tributos, também chamados de espécies tributáveis. Tais dispositivos
determinam que a União, os Estados, os DF e os Municípios poderão instituir
impostos, taxas e contribuições de melhoria. Porém, em outros artigos da
Constituição de 1988, encontramos também s empréstimos compulsórios e as
11
contribuições especiais. Com base nestes artigos, surgiram algumas teorias que
discutem quantas são as espécies tributáveis, a saber:
Teoria bipartite - Historicamente, a Constituição Republicana de 1891 previa apenas
os impostos e as taxas. Desde a constituição de 1946, a doutrina já estendia que as
contribuições de melhoria têm natureza tributária. Esta teoria trabalha com a
dicotomia que existe entre impostos e taxas. Nós teremos apenas impostos, que são
tributos com o fato gerador não vinculado, e as taxas, que possuem fato gerador
vinculado. Hoje esta teoria se encontra totalmente superada.
Teoria Tripartite – Segundo esta teoria, os tributos são divididos em três espécies
autônomas, citando as hipóteses do art. 145 da CRFB/88 como taxativas. São eles:
a) impostos; b) Taxas c) Contribuições de Melhorias. Assim sendo, o art. 5º do CTN
ainda está em vigor, e, no que tange aos empréstimos compulsórios e às
Contribuições Sociais, aplica-se o contido no 4º do CTN. Este artigo preceitua que o
elemento caracterizador do tributo é o seu fato gerador e na a sua destinação ou sua
denominação. Val dizer que, daqui, surgiu a classificação de tributos vinculados e
não vinculados.
Teoria Quadripartite - para esta teoria, os tributos são divididos em quatro
modalidades: a) Impostos b) Taxas c) Empréstimo Compulsório; d) Contribuições
(Sociais e de Melhoria).
Teoria Pentapartite - que considera como tributo os impostos, as taxas, as
contribuições de melhoria, empréstimo compulsório e as contribuições especiais,
previstas no art. 149 e 149-A da Constituição Federal, sendo tal classificação
defendida por Hugo de Brito Machado e doutrina majoritária.
A teoria pentapartite é a adotada pelo Supremo Tribunal Federal, vez que,
segundo sua jurisprudência, os empréstimos compulsórios (Recurso Extraordinário n
º 111.954/PR, DJU 24/06/1988) e as contribuições especiais (AI-AgR 658576/RS,
Relator Ministro Ricardo Lewandowski, 1ª Turma, Julgamento em 27/11/2007; AI-
AgR 679355/RS, Relator Ministro Ricardo Lewandowski, 1ª Turma, Julgamento em
27/11/2007) são espécies tributárias autônomas, ostentando natureza jurídica
própria que as distingue dos impostos, taxas e contribuições de melhoria.
12
Teoria Hexapartite – com o advento de EC 39/02, foi criada a Contribuição de
Iluminação Pública, de competência privativa dos Municípios e do DF, e, já que a
receita é destinada aos entes federativos citados, não pode ser considerada
parafiscal. Assim, há quem sustente que temos agora seis espécies de tributos,
quais sejam, as cinco constantes da pentapartite e mais a Contribuição de
Iluminação Pública. Contudo, acompanhamos a tese do STF quanto à teoria
pentapartite, e entendemos que esse tributo se encaixaria dentro da classificação
dada às contribuições especiais e, desta forma, continuariam a ser cinco as espécies
de tributos no Brasil.
Tamanha foi a discussão sobre o tema que até hoje a Constituição, em seus arts.
149 e 195 § 6°, traz a previsão das contribuições em separado.
Como a nossa obra visa a abordar apenas os impostos, vamos ficar, daqui em
diante, adstritos apenas a essa espécie tributária. A disciplina normativa dos
impostos encontra amparo geral art.145, I da Constituição da República e no art.16
do CTN, que assim dispõe: “ Art.16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato
gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa
ao contribuinte”. Assim, podemos dizer que o imposto é um tributo, por excelência,
com finalidade meramente fiscal, ou seja, de cunho meramente arrecadatório. Pode,
contudo, assumir, em situações excepcionais, o caráter extrafiscal, conforme
veremos nos capítulos desta obra. Trata-se de uma espécie tributária cujo fato
gerador não está vinculado a nenhuma atividade estatal diretamente relacionada
com o contribuinte. O imposto serve principalmente para fazer face a despesas
genéricas, podendo, excepcionalmente, ser usado para uma destinação específica.
Na forma do art. 167, IV, CRFB/88 (alterado pela EC n° 27/00 e 42/2003), a receita
arrecadada advinda de impostos não pode ser vinculada, salvo em determinadas
situações previstas pela própria Constituição, como, por exemplo, para as ações e
os serviços públicos de saúde, para a manutenção e desenvolvimento do ensino e
para a realização de atividades da administração tributária, saúde e ensino. Isso
porque é principalmente através dos impostos que se constitui a receita pública, e é
através dessa receita que o Estado mantém hospitais públicos, cumpre com a folha
de pagamento de servidores e realiza obras públicas, dentre outras funções
relevantes.
13
Os impostos justificam o seu fato gerador pela simples exteriorização da riqueza
decorrente da capacidade econômica do contribuinte. Derivam do poder do império
do Estado em obter receita para a realização das suas despesas, mas, por força do
princípio da legalidade, somente podem ser instituídos por lei (art.150, I, da CRFB/88
e art. 97 do CTN). Vale destacar também que, além dos requisitos genéricos do
art.3° do CTN, os impostos apresentam algumas características importantes, a
saber:
a) Os fatos geradores dos impostos são, em regra, constitucionalmente
previstos. Embora o fato gerador do imposto venha previsto na lei, também é
nominado na norma constitucional que outorga a competência tributária.
Destaque-se que, por questões óbvias, somente no exercício da competência
residual a Constituição não denominou o seu fato gerador.
b) A existência do elemento causal. Como os impostos não são vinculados a
uma atuação especifica do Estado. A lei prevê o fato gerador em razão de
uma atividade, uma situação do contribuinte, sendo que essa situação deve,
segundo a lei, ser geradora de riquezas.
c) O elemento finalístico: O produto da arrecadação dos impostos é destinado às
funções gerais e indivisíveis do Estado, ou seja, às despesas públicas. Por
isso, se diz que a finalidade do imposto é a utilização prevista nos orçamentos
e nos documentos que trazem planejamento orçamentário (PPA, LDO, LOA).
Já vimos no capitulo que trata do Direito Financeiro que a receita obtida com
a arrecadação dos impostos não pode ser vinculada a órgão, fundo ou
despesa, conforme o art. 167, inciso IV, da CRFB/88 (Princípio da não
vinculação da receita dos impostos ou também chamado de não-afetação).
Para efeitos didáticos adotamos nesta obra a classificação dos impostos levando em
consideração, o ente federativo titular da competência tributária outorgada pela
Constituição. Neste sentido, temos impostos federais, previstos no art.153 da
CRFB/88, instituídos pela União; os estaduais e os do Distrito Federal, previstos no
art. 155 da CRFB/88, e os municipais, previstos no art.156 da CRFB/88.
Comentaremos então, cada imposto em capítulos individualizados, a fim de
podermos abordá-los com maior profundidade, buscando tornar esta obra mais
didática possível. Padronizamos a apresentação de cada capitulo, sempre iniciando
14
pela disciplina normativa de cada imposto, tecendo depois comentários sobre sua
evolução histórica, e suas principais características; em seguida, tratamos de todos
os elementos do fato gerador integral, a saber: elemento objetivo, subjetivo,
espacial, temporal e quantitativo. Ao final de cada capitulo, trazemos citações da
jurisprudência dos Tribunais dos diversos Estados brasileiros e, principalmente, do
Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, enfocando as mais
novas decisões sobre as principais polêmicas sobre cada imposto abordado, além
de comentá-las no corpo dos capítulos.
Em síntese, a obra do Professor Claudio Carneiro oferece uma visão, ao
mesmo tempo ampla e detalhada, dos impostos federais, estaduais e municipais,
bem como dos caminhos seguidos pela doutrina e pela jurisprudência para
enfrentarem as mais complexas controvérsias na área tributária.
Por tudo isso podemos concluir que a obra é oportuna e realiza plenamente o
propósito do autor de contribuir com o estudo e o debate do Direito Tributário, pois
conjuga, repita-se, a análise científica das complexas questões sobre os impostos
com a abordagem clara, lúcida e consistente do autor.
Conforme Cláudio Carneiro (artigo publicado em 18 de agosto de 2016, “Compliance f iscal: uma
necessidade para as empresas”. Publicada pela revista: Comunidade ADM. Desde a vigência da Constituição de 1988 já foram editadas mais de trezentas mil leis tributárias e, se
considerarmos também todos os atos administrativos normativos editados pela Receita Federal do Brasil e
demais Fazendas estaduais e municipais, somam mais de três milhões de normas. Essa “voracidade”
legislativa exige uma atenção muito maior por parte das empresas, independentemente da atividade.
Diante desse quadro jurídico-contábil desfavorável para o empresariado, é de suma importância adotar
procedimentos de conformidade tributária que chamamos de compliancefiscal, pois o governo brasileiro está se
aprimorando cada vez mais, para f iscalizar, identif icar situações de evasão de receita e aplicar sanções
administrativas e penais.
Em apertada síntese, podemos dizer que o remédio para evitar complicações f iscais e penais na área tributária
é a adoção de um sistema de gestão de compliance, o que permite uma vantagem competitiva de mercado e
proporciona a sustentabilidade da organização empresarial.
O autor Ricardo Alexandre brilhantemente relata que em sua obra
Direito Tributário Esquematizado de 2012, professor com larga experiência em
15
concursos públicos. Nos temas controversos, não obstante a exposição das
correntes divergentes, sempre aponta o entendimento mais seguro para ser seguido
em prova. Em muitos casos, ao lado da análise da jurisprudência, são apresentados
exemplos de como as principais bancas examinadoras do país abordam a matéria
nas avaliações que elaboram.
1.1 O DIREITO DO TRIBUTO COMO RAMO DO DIREITO PÚBLICO
É clássica a divisão do direito entre os ramos público e privado.
A principal característica do direito privado é a predominância do interesse
dos indivíduos participantes da relação jurídica. Mesmo havendo normas jurídicas de
aplicação cogente ao caso concreto, haverá necessariamente a subjacência do
interesse individual.
Assim, a título de exemplo, num casamento existe um conjunto de regras do direito
da família consideradas normas de ordem pública cuja observância não se podem
furtar cônjuges. Não obstante, há claramente, subjacente ao interesse da
manutenção da ordem pública, o interesse dos indivíduos participantes da relação
jurídica instaurada, o que situa o conjunto de normas aplicáveis na seara do direito
privado.
Em direito privado, portanto pela, pela subjacência sempre presente do
interesse privado, a regra é a livre manifestação da vontade, a liberdade contratual,
a igualdade entre as partes da relação jurídica (os interesses privados são
vislumbrados como equivalentes). Além disso, a regra em direito privado é a
disponibilidade dos interesses, podendo os particulares abrir mão de seus direitos,
ressalvados aqueles considerados indisponíveis, pois, como já destacado, a
necessária subjacência do interesse privado não exclui a existência de disposições
cogentes relativas à ordem pública.
Quando se passa a tratar de direito público, a análise parte de premissas
bastante diferentes, quase que diametralmente opostas.
Os princípios fundamentais do regime jurídico de direito público são:
16
a) A supremacia do interesse público sobre o interesse privado
b) A indisponibilidade do interesse público.
Nessa linha, em virtude do primeiro princípio, quando há, numa relação
jurídica, um pólo ocupado pelo Estado, agindo nesta qualidade (como ente estatal
buscando a consecução de fins públicos), e outro ocupado por particular defendendo
seus direitos individuais, é considerada normal a atribuição de vantagens ao Estado.
Há um desnivelamento, uma verticalização na relação jurídica. O estado comparece
um pouco acima; o particular, um pouco abaixo.
Explique-se melhor este ponto. Se um particular, proprietário de um estabelecimento
comercial, deseja expandir seus negócios e , para isso, vê como fundamental a
aquisição do prédio vizinho, também pertencente a outro particular, a única
possibilidade à sua disposição é o acordo. Se o vizinho não se pelas propostas do
visionário comerciante, o negócio não se aperfeiçoará.
Ambos são particulares. Ambos defendem seus interesses individuais. A relação
jurídica é horizontalizada, e nenhum deles pode impor sua vontade ao outro, pois, o
ordenamento jurídico não assegura a preponderância de quaisquer interesse em
jogo.
Imagine-se agora a duplicação de uma rodovia entre as cidades “A” e “B”.
Suponha-se que, num determinado ponto do trajeto da nova pista, exista um imóvel
pertencente a um particular que é utilizado como residência familiar. Novamente, há
uma pessoa (o Estado) precisando de um imóvel pertencente a outra (o particular).
Nesse caso, a inexistência de acordo não impedirá o Estado adquira a propriedade.
Mesmo com a possível discordância do particular, o ordenamento jurídico possibilita
ao Estado utilizar-se do instituto da desapropriação. Aqui a relação jurídica é
verticalizada, ou seja, o Estado comparece numa situação de supremacia, pois a
duplicação de rodovia atende aos interesses de toda a coletividade. Dessa forma, o
interesse do particular, embora legítimo, cederá em homenagem à supremacia do
interesse público sobre o privado.
17
O segundo, a indisponibilidade do interesse publico, traz como consectário a
impossibilidade de os agentes públicos praticarem atos que possam menoscabar o
patrimônio público ou o interesse público.
Assim, se um particular “A” conta para um particular “B” a história de sua
desditosa vida, com todas as nuances possíveis e imagináveis de sofrimento e
penúria, para, ao fim, arrematar com um pedido de perdão de uma determinada
dívida, “B” poderá livremente tomar decisão que melhor lhe aprouver. Seu patrimônio
(o credito) é plenamente disponível, não havendo qualquer restrição à concessão do
perdão (remissão).
Todavia, se “B” é u fiscal de tributos e o crédito que “A” deseja ver perdoado é um
crédito tributário, o perdão não poderá ser concedido. O credito tributário é parte do
patrimônio público e, justamente por isso, indisponível.
Alguns poderiam se perguntar como é possível, diante da indisponibilidade do
interesse público, a concessão de perdão por intermédio de lei, algo tão comum
brasileiro. Ocorre que, em face do princípio democrático, pelo próprio povo.
Verdadeiro destinatário teórico de todas as ações estatais.
O ponto crucial é que, ao menos na teoria, no parlamento estão os representantes
do povo. Dessa forma, a concessão de qualquer benefício fiscal por lei significa que
o povo quis o proveito do benificiário.
Seguindo esse raciocínio, pode-se dizer que o patrimônio público é indisponível
apenas para aquelas meramente obrigados ao cumprimento das ordens dadas pelo
povo, consubstanciadas em leis. Mas o próprio povo tem a prerrogativa de dispor de
tal patrimônio por meio das leis que elabora, por meio de seus representantes
legítimos.
Tudo o que foi exposto deixa claro que o direito tributário é, inequivocamente,
ramo do direito público e que a ele são inteiramente aplicáveis os princípios
fundamentais inerentes ao regime jurídico de direito público.
A supremacia do interesse público sobre o interesse privado é facilmente vista pelo
fato de a obrigação de pegar tributo decorrer diretamente da lei, sem manifestação
de vontade autônoma de contribuinte ( foi proprietário de um imóvel na área urbana,
18
tem que pagar IPTU, querendo ou não) e pelas diversas prerrogativas estatais que
colocam o particular num degrau abaixo do ente público, nas relações jurídicas,
como, por exemplo, o poder de fiscalizar unilateralmente punições e apreender
mercadorias, entre tantos outros.
Já a indisponibilidade do interesse e do patrimônio publico é visualizada, de
maneira cristalina, na sempre presente exigência de lei para a concessão de
quaisquer benefícios fiscais. Por ser extremamente oportuno, transcreve-se o
pedagógico art. 150, § 6º, da CF:
“§6º. Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de
crédito presumindo, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou
contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou
municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumerada ou o
correspondente, tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2º,
XII, g”
São claros os termos do dispositivo. Todos os institutos citados enquadram-se
na definição de “benefícios fiscais”, dependendo da edição de lei específica a
implementação de quaisquer deles, afinal, como já afirmado, só o povo pode
dispor do patrimônio.
Conforme Ricardo Alexandre (2012 nota à 1º edição) "Não compreendemos o Direito divorciado
da lei e das orientações dos tribunais."
A frase é do saudoso Hely Lopes Meirelles e demonstra que, por mais importante que se
considere a busca acadêmica por uma perfeição desejável -porém inatingível -na investigação
científ ica dos institutos jurídicos, esta não pode se dissociar, por completo, da prática.
Não que haja um fosso intransponível entre teoria e prática. A ideia não é defender que, "_na
prática, a teoria é outra", mas simplesmente dar a devida importância à maneira como o
ordenamento jurídico-tributário é entendido pelos órgãos constitucionalmente legitimados a dizer
o direito aplicável a cada caso, com poderes coercitivos e a força da coisa julgada.
19
1.2 ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO
O Estado existe para a consecução do bem comum. Para atingir tal mister,
precisa obter recursos financeiros, o que faz, basicamente, de duas formas, que dão
origem a uma famosa classificação dada pelos financistas às receitas públicas.
Para obter receitas originárias, o Estado se despe das tradicionais vantagens que o
regime jurídico de direito público lhe proporciona e, de maneira semelhante a um
particular, obtém receitas patrimoniais e ou empresariais. A titulo de exemplo, cite-se
um contrato de aluguel em que o, locatário é um particular e o locador é o Estado. O
particular somente se obriga a pagar o aluguel porque manifesta sua vontade ao
assinar o contrato, não havendo manifestação de qualquer parcela do império
estatal.
Na obtenção de receitas derivadas, o Estado, agindo como tal utiliza-se das
suas prerrogativas de direito público, edita uma lei obrigando o particular que
pratique determinados atos ou se ponha em certas situações a entregar valores aos
cofres públicos, independentemente de sua vontade. Como exemplo e proventos de
qualquer natureza (impostos de renda) independentemente de qualquer
manifestação volitiva.
Registre-se, por enquanto, que tanto nas receitas originárias quanto nas derivadas
existem em que o sujeito passivo (devedor) também é ente estatal, sendo a nota
estimativa entre as espécies de receita ora estudadas o regime jurídico a que estão
essencialmente submetidas (direito público ou privado) e não os pólos da
perspectiva relação jurídica.
Atualmente, com a concepção de Estado mínimo que tem sido globalmente
adotada, tornando excepcional a exploração de atividade econômica por parte do
Estado, perderam importância as receitas originárias, tendo como conseqüência a
concentração da arrecadação estatal precipuamente nas receitas derivadas
20
É lugar comum se afirmar que Estado tributa para conseguir carrear recursos para
os cofres públicos, possibilitando o desempenho de sua atividade financeira, tudo
em busca do seu desígnio maior: o bem comum. Essa visão é correta, mas
incompleta.
No período clássico das finanças publicas (Estado Liberal dos séculos XVIII e
XIX), a regra fundamental, quase que absoluta, era a não intervenção do Estado na
economia. Foi nessa época que Adam Smith apontou a existência de uma “mão
invisível do mercado”, que se responsabilizaria pelo ótimo funcionamento da
economia, automaticamente corrigindo os desvios, propiciando as condições
necessárias ao crescimento econômico e à melhoria da vida sociedade.
Nessa linha, o liberalismo entendia que o Estado não deveria intervir no domínio
econômico, de forma que os tributos deveriam ser neutros, ou seja, apenas uma
forma de obtenção de meios materiais para as atividades típicas do Estado (Estado
Polícia), jamais um instrumento de mudança social econômica.
Luciano Amaro publicou em 1983 seu estudo candente sobre a aplicação, ao
imposto de renda, dos princípios da irretroatividade e da anterioridade, Henry I
Tilbery saudou aquele trabalho como uma tese ambiciosa, pois ela se confrontava
com Súmula de nossa Suprema Corte. Dez anos depois, no Congresso do IDEPE,
Geraldo Ataliba qualificou aquele estudo como "belíssima provocação" que ensejou
a revisão da velha Súmula 584 e sua superação pela moderna jurisprudência
brasileira. Nesta obra, o autor produz, em texto mais maduro, mas não menos '
candente, uma abordagem didática e crítica do sistema tributário pátrio, destinada
aos estudiosos do direito dos tributos.
1.3 DIREITO TRIBUTÁRIO COMO RAMO DO DIREITO PÚBLICO
Se é verdade que o direito privado se tem "publicizado" em vários de seus
setores, deve apontar-se, como nota característica desse ramo jurídico (se não
quisermos afirmar a preponderância do interesse dos indivíduos participantes da
relação jurídica), pelo menos a necessária subjacência do interesse individual, nessa
21
espécie de relações. Assim, numa obrigação ligada ao direito de família, ou à
legislação do inquilinato, ou à disciplina legal da relação de emprego, há normas
cogentes, ou normas de ordem pública, interrogáveis pela vontade das partes, mas
nem por isso se deve esquecer que, subjacente à preocupação de ordem pública, há
o interesse dos indivíduos que participam da relação jurídica, fazendo-a situar-se,
por isso, no campo do direito privado. Já no direito público prepondera o interesse da
coletividade. Em suma, em atenção à utilidade relativa que possa ter a divisão do
direito nos ramos público e privado, cumpre precisar a posição do direito tributário no
campo do direito público.
Já vimos que, em razão do extraordinário desenvolvimento da disciplina
jurídica dos tributos, o direito tributário acabou ganhando foros de autonomia. A
questão da autonomia deste ou daquele ramo do direito costuma ser ligada aos reais
ou supostas especificidades ou propriedades de um dado conjunto de normas
jurídicas, que possam distingui-lo dos demais setores do direito. Até aí, trata-se de
discussão com acentuada natureza acadêmica. Não obstante, o debate é aceso na
doutrina. Zelmo Denari reconhece a autonomia do direito tributário, negando-a em
relação ao direito financeiro". Paulo de Barros Carvalho só aceita que se fale em
autonomia didática do direito tributário12, como sustentara Alfredo Augusto BeckerI3
e afirma Hugo de Brito Machado, ao averbar que "o tema da autonomia se tem
prestado para intermináveis debates, sem maiores conseqüências práticas"".
Eduardo Marcial Ferreira Jardim dá curso à polêmica, ao comparar o direito tributário
"ao sistema neurológico ou sistema ósseo do ser humano, que não são dotados de
vida própria ou de autonomia absoluta fora do ser como um todo"15, com o que
procurou contestar a "autonomia científica" defendida por Alberto XavierI6. O tema
da autonomia, porém no que se refere ao direito tributário, envolve mais do que
mera pendenga doutrinária. Parece-nos que o próprio Aliomar Baleeiro subestimou o
problema, ao dizer que "a controvérsia sobre a alfoma do direito tributário já entedia,
por estéril e monótona"17. Com efeito, podemos pôr em discussão a autonomia do
direito tributário sob dois ângulos diferentes. No primeiro, debate-se a questão geral
sobre se pode ou não falar em autonomia dos ramos do direito, o que abrange a
questão específica consistente em poder ou não sustentar que o direito tributário
seja autônomo.
22
No segundo, mais importante, cuida-se de perquirir se a aplicação do direito
tributário deve ou não seguir, diante de fatos disciplinados noutros setores do direito,
uma “principiologia específica”, uma exegese diferente, ou uma especial valorização
fática. Conforme a resposta a essa dúvida seja positiva ou negativa, a pergunta, por
exemplo, sobre se determinado contrato configura ou não uma compra e venda
poderá admitir respostas diferentes em função de qual seja o plano da análise (civil
ou tributário). Nesses dois cenários (não excludentes, pois ambos podem ser
superpostos), foi extensa a polêmica mantida entre autores que rejeitavam a revisão
de conceitos tradicionais do direito privado e os que a defendiam, apoiados
justamente na alegada autonomia dogmática do direito tributário. Estes últimos
enfrentaram, ainda, a resistência dos administrativistas, que viam no direito tributário
(ou no direito financeiro) mera província do direito administrativo, disciplinador de
todas as relações entre o Estado e os administrados, inclusive, portanto, as relações
atinentes à obrigação tributária. Amílcar de Araújo Falcão insistiu, com apoio em
Dino Jarach, em que o direito administrativo, ao regular a atividade do agente do
Estado, não absorve a relação substantiva. Caso se vá além na posição
autonomista, pode ainda situar-se a disciplina da atuação das autoridades fiscais
dentro do campo do direito tributário dito forma1190u instrumental. Acirrada foi a
polêmica entre François Gény e Louis Trotabas, sustentando o primeiro a tese de
que o "particularismo" do direito fiscal se resumia a alguns aspectos técnicos, o que
não implicava reconhecer-lhe autonomia, e defendendo o segundo a posição
autonomista do direito fiscal2'. Giuliani Fonrouge fez uma sinopse das posições
doutrinárias em artigo publicado no Brasil em 1941, sob o título: "Direito financeiro:
uma nova disciplina jurídica", onde, em texto profético, preconizou que o direito
financeiro haveria de ramificar-se e o mais importante de seus ramos seria o direito
tributário.
23
CAPÍTULO II
A EVOLUÇÃO E OS TIPOS DE TRIBUTOS
Conforme o artigo de Ricardo Varsano publicado em janeiro de 1996 “A EVOLUÇÃO
DO SISTEMA TRIBUTÁRIO BRASILEIRO AO LONGO DO SÉCULO: ANOTAÇÕES
E REFLEXÕES PARA FUTURAS REFORMAS”:
Após a Revolução de Março de 1964, a reforma tributária adquiriu impulso, posto
que, como relata a Comissão, "passou a encontrar menos obstáculos institucionais e
políticos, bem assim menos resistência por parte de interesses criados (...)" [ver
Fundação Getúlio Vargas (1967) ]. Um novo sistema tributário foi paulatinamente
implantado entre 1964 e 1966, concedendo-se prioridade para as medidas que, de
um lado, contribuíssem de imediato para a reabilitação das finanças federais e, de
outro, atendessem de forma mais urgente os reclamos de alívio tributário dos
setores empresariais, que constituíam a base política de sustentação do regime: a
administração fazendária federal foi reorganizada; o IR sofreu revisões que
resultaram em vigoroso crescimento de sua arrecadação; e o imposto de consumo
foi reformulado dando origem ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), com
resultado semelhante. A Emenda Constitucional nº 18/65 que, com algumas
alterações, incorporou-se ao texto da Constituição de 30 de janeiro de 1967 e o
Código Tributário (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966) são os documentos legais
que marcam o fim dos trabalhos desta reforma.
Além de bem-sucedida quanto ao objetivo de reabilitar rapidamente as finanças
federais -- a receita do Tesouro Nacional, que atingira o mínimo de 8,6% do PIB em
1962, recuperou-se e, em 1965, já chegava aos 12% --, a reforma da década de 60
teve os méritos de ousar eliminar os impostos cumulativos, adotando, em
24
substituição, o imposto sobre o valor adicionado -- hoje de uso generalizado na
Europa e na América Latina, mas, na época, em vigor apenas na França --, e de,
pela primeira vez no Brasil, conceber um sistema tributário que era, de fato, um
sistema -- e não apenas um conjunto de fontes de arrecadação -- com objetivos
econômicos, ou, mais precisamente, que era instrumento da estratégia de
crescimento acelerado traçada pelos detentores do poder.
Assim, o objetivo fundamental do sistema tributário foi elevar o nível de esforço
fiscal da sociedade de modo que não só se alcançasse o equilíbrio orçamentário
como se dispusesse de recursos que pudessem ser dispensados, através de
incentivos fiscais à acumulação de capital, para impulsionar o processo de
crescimento econômico. Ao privilegiar o estímulo ao crescimento acelerado e à
acumulação privada -- e, portanto, os detentores da riqueza -- a reforma
praticamente desprezou o objetivo de eqüidade. De acordo com a estratégia traçada,
a orientação e o controle do processo de crescimento caberiam ao governo federal,
o que exigia a centralização das decisões econômicas. Quanto ao setor privado,
suas decisões podiam ser moldadas por meio dos incentivos fiscais. Em relação ao
setor público, era necessário o comando central dos impostos que fossem
primordialmente instrumentos da política econômica -- como os impostos sobre o
comércio exterior e sobre operações financeiras -- bem como da forma de utilização
dos recursos tributários. A reforma previa, no entanto, que os estados e municípios
contassem com recursos suficientes para desempenhar suas funções sem
atrapalhar o processo de crescimento, principalmente através da arrecadação do
ICM -- imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias -- e de um
sistema de transferências intergovernamentais, que garantia receita para as
unidades cuja capacidade tributária fosse precária.
Para assegurar a não-interferência das unidades subnacionais na definição e
controle do processo de crescimento, o seu grau de autonomia fiscal precisava ser
severamente restringido. Assim, o poder concedido aos estados para legislar em
matéria relativa ao ICM foi limitado, de modo que o imposto gerasse arrecadação
sem que pudesse ser usado como instrumento de política; e os recursos transferidos
foram, em parte, vinculados a gastos compatíveis com os objetivos fixados pelo
governo central.
25
Após completada a reforma, os estados sofreram limitações adicionais ao seu poder
de tributar e, já em 1968, no auge do autoritarismo, também as transferências foram
restringidas. O Ato Complementar nº 40/68 reduziu, de 10 para 5%, os percentuais
do produto da arrecadação do IR e do IPI destinados aos Fundos de Participação
dos Estados e dos Municípios (FPE e FPM), respectivamente. Em contrapartida,
criou o Fundo Especial (FE), cuja distribuição e utilização dos recursos eram
inteiramente decididas pelo Poder Central, destinando a ele 2% do produto da
arrecadação daqueles tributos. O Ato também condicionou a entrega das cotas dos
fundos a diversos fatores, inclusive à forma de utilização dos recursos. A autonomia
fiscal dos estados e municípios foi reduzida ao seu nível mínimo, aí permanecendo
até 1975.
A despeito da intensa concessão de incentivos fiscais, a carga tributária do
país conseguiu se sustentar acima de 25% do PIB até 1978, com a União
arrecadando aproximadamente 3/4 do montante de recursos e dispondo, após as
transferências para estados e municípios, de cerca de 2/3 dos mesmos. Contudo,
desde 1970 já era evidente para o governo que a concessão dos incentivos corroía
excessivamente a receita. Para reforçar suas fontes de financiamento, o governo
federal criou o PIS -- contribuição para o Programa de Integração Social --, que
marca o ressurgimento no país da cumulatividade na tributação. Determinou também
que parcela do valor dos incentivos concedidos fosse direcionada para o Programa
de Integração Nacional (PIN) e o Programa de Redistribuição de Terras e de
Estímulo à Agropecuária do Norte e Nordeste (Proterra), reduzindo praticamente à
metade o valor dos incentivos concedidos através do Imposto de Renda de Pessoas
Jurídicas. Embora relacionados pela legislação aos incentivos fiscais -- um
subterfúgio utilizado na época para evitar a distribuição de parcela desses recursos,
através do FPE e do FPM, aos estados e municípios -- os recursos do PIN e do
Proterra são, de fato, receitas vinculadas.
Ao encerrar-se a fase do "milagre brasileiro", o sistema tributário já começava
a mostrar os primeiros sinais de exaustão. A proliferação dos incentivos fiscais havia
enfraquecido a sua capacidade de arrecadar e, a partir de 1975, o sistema
praticamente deixou de ser utilizado como instrumento para novas políticas. Suas
más características quanto à eqüidade haviam se acentuado a ponto de exigir
26
ajustes na legislação do IR, realizados em 1974, com o intuito de mitigar a
regressividade da tributação. Os estados e municípios começavam a esboçar reação
ao baixo grau de autonomia, o que sustou o processo de crescente centralização
das decisões a que haviam sido submetidos e gerou a Emenda Constitucional nº
5/75, que elevou os percentuais de destinação de recursos ao FPE e ao FPM a partir
de 1976.
No período 1979/83, a despeito da recessão que caracterizou seus anos finais,
ainda foi possível -- através de freqüentes alterações na legislação e pela sustação
da criação de novos incentivos e eliminação de alguns já existentes -- manter a
carga tributária oscilando entre 24,5 e 27% do PIB. É interessante observar que as
iniciativas no sentido de promover a desconcentração de recursos através de
medidas legais, como a mencionada Emenda Constitucional nº 5/75 e a nº 17/80,
não surtiram qualquer efeito até 1983. Estas emendas elevaram progressivamente
os percentuais do produto da arrecadação do IR e do IPI destinados ao FPE e ao
FPM que, de 5% em 1975, atingiram 10,5% em 1982 e 1983. Nesse ano, as
participações da União tanto na arrecadação como na receita tributária disponível do
setor público alcançaram picos históricos. Em outras palavras, a cada ação no
sentido de descentralizar os recursos corresponderam reações da União que as
neutralizaram. O total das transferências tributárias da União para estados e
municípios mantivesse, desde 1976 até 1983, ano a ano, na faixa de 8,5 a 9,5% da
sua receita tributária, a despeito do aumento dos percentuais de destinação de
recursos aos fundos.
A impressionante quantidade de alterações processadas na legislação
tributária na década de 80, quase sempre -- como no início da década de 60 --, com
o objetivo de sustentar o nível da arrecadação que podia ser obtida por um sistema
reconhecidamente deficiente, conseguiu evitar que a carga tributária se reduzisse
drasticamente a partir de 1984. Entre aquele ano e 1988, ela se manteve em nível
apenas ligeiramente inferior ao observado até 1983, oscilando entre 23,4 e 24,3%,
com exceção de 1986, ano do Plano Cruzado, em que atingiu 26,5%. Embora o
esforço legislativo tenha comprometido a qualidade da tributação, inclusive criando
mais um tributo cumulativo, o Finsocial -- contribuição para o Fundo de
Financiamento Social -- , e transformando o IPI e o ICM em tributos pouco
27
semelhantes ao que se concebe ser um imposto sobre o valor adicionado, a
preservação de seu nível foi essencial para que, num longo período de estagnação
da economia e de inflação crescente, o Estado brasileiro não atingisse condição
ainda mais precária que a observada atualmente.
Também a partir de 1984 observa-se um forte processo de desconcentração
dos recursos. Ele foi, em parte, conseqüência da Emenda Constitucional nº 23/83,
que elevou os percentuais do FPE e do FPM para 12,5 e 13,5%, respectivamente,
em 1984, e para 14 e 16%, de 1985 em diante, e fechou brechas legais que
permitiram anteriormente à União reduzir as bases sobre as quais incidiam os
percentuais destas e de outras participações dos estados e municípios na receita
tributária. As transferências da União cresceram até atingir o máximo de 16% de sua
receita tributária em 1988. Mas não foi apenas o aumento do montante das
transferências que provocou a desconcentração. Ela resultou também da perda do
poder de arrecadar da União, fenômeno que não se reproduziu no nível estadual.
Assim, a participação da União no total da receita tributária disponível teve uma
queda de quase 10 pontos percentuais entre 1983 e 1988, enquanto sua
participação na arrecadação dos três níveis de governo caiu cerca de cinco pontos
percentuais no mesmo período.
Foi neste ambiente -- mas sem o conhecimento dos dados referentes aos anos mais
recentes, que confirmariam a forte desconcentração -- que se deu início no 1º trimestre de 1987 ao processo de elaboração da nova Constituição.
2.1 SOBRE EVOLUÇÃO, REFORMAS E REVOLUÇÕES
O sistema tributário criado pela Constituição de 1988 -- ao contrário do
originado pela reforma da década de 60, elaborado por uma equipe técnica em
gabinetes -- foi fruto de um processo participativo em que os principais atores eram
políticos. É bem verdade que os políticos que conduziram o processo de criação
tinham formação técnica e haviam exercido recentemente funções executivas no
governo e que um grupo de técnicos os assessorava. Contudo, as decisões, embora
tecnicamente informadas, tinham caráter eminentemente político.
Este foi o tipo de processo privilegiado pelo Regimento Interno da Assembléia
Nacional Constituinte, elaborado logo após a sua instalação, no início de 1987.
28
Definidos os temas a serem tratados na Constituição, repartiu-se a tarefa entre 24
subcomissões que iniciaram a preparação dos textos relativos a seus respectivos
temas praticamente a partir do nada. As subcomissões eram, três a três,
subordinadas a oito comissões que atuaram de forma independente e não-
coordenada. Os textos resultantes dos trabalhos das oito comissões convergiram
para a Comissão de Sistematização, cuja atribuição era, em princípio, apenas
integrar as diversas partes, eliminando duplicidades e conflitos, preparando assim o
projeto de Constituição a ser encaminhado à votação em plenário. A previsão era de
um processo rápido que desse ao país uma nova Constituição ainda em 1987.
O sistema tributário hoje vigente no país é fruto de uma lenta evolução que se
conforma às linhas gerais das teorias a respeito tradicionalmente encontradas na
literatura econômica [ver Hinrichs (1972) ]. Em um primeiro estágio, no Império e nos
primeiros anos da República, os impostos sobre comércio exterior eram
predominantes, coadjuvados por imposto sobre imóveis e um conjunto de tributos,
de pouca importância, incidentes sobre bens, alguns rendimentos e serviços
prestados pelo governo. No final do século passado estabeleceu-se um imposto de
consumo que, modificando-se ao longo do tempo, transformou-se na década de 60
no IPI que ainda vigora. O ICMS tem origem no imposto sobre vendas mercantis
criado em 1922. Somente em 1924 os impostos sobre rendimentos que foram sendo
criados ao longo do tempo foram grupados, formando o imposto de renda, que foi
semicedular durante 40 anos até tomar forma semelhante à que tem hoje. A
predominância dos impostos sobre o comércio exterior sobre os domésticos como
fonte de receita perdurou até o início da década de 40. A partir daí foram
necessários mais 25 anos até que se tratasse o sistema tributário como instrumento
econômico.
29
2.2 OS TIPOS DE TRIBUTOS
IMPOSTOS SOBRE A PROPRIEDADE: IPTU — IMPOSTO PREDIAL
TERRITORIAL URBANO
ESTUDO DE CASO A Lei Municipal nº 5.641/89 de Belo Horizonte estipulou
as alíquotas do IPTU de forma progressiva de acordo com o valor e local do imóvel.
Inconformado, um contribuinte ajuizou uma ação sustentando a inconstitucionalidade
da cobrança do tributo referente aos anos de 1998 e 1999, tendo em vista a redação
original dos artigos 156 e 182 da Constituição Federal. A decisão do STF foi no
seguinte sentido: EMENTA: IPTU. Progressividade. No sistema tributário nacional é
o IPTU inequivocamente um imposto real. Sob o império da atual Constituição, não é
admitida a progressividade fiscal do IPTU, quer com base exclusivamente no seu
artigo 145, § 1º, porque esse imposto tem caráter real que é incompatível com a
progressividade decorrente da capacidade econômica do contribuinte, quer com
arrimo na conjugação desse dispositivo constitucional (genérico) com o artigo 156, §
1º (específico). A interpretação sistemática da Constituição conduz inequivocamente
à conclusão de que o IPTU com finalidade extrafiscal a que alude o inciso II do § 4º
do artigo 182 é a explicitação especificada, inclusive com limitação temporal, do
IPTU com finalidade extrafiscal aludido no artigo 156, I, § 1º. — Portanto, é
inconstitucional qualquer progressividade, em se tratando de IPTU, que não atenda
exclusivamente ao disposto no artigo 156, § 1º, aplicado com as limitações
expressamente constantes dos §§ 2º e 4º do artigo 182, ambos da Constituição
Federal.
IMPOSTOS SOBRE A PROPRIEDADE: ITR — IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE
TERRITORIOL RURAL
Conforme se extrai do art. 153, VI, da CF/88, à União foi atribuída competência
para instituir o Imposto sobre Propriedade Territorial Rural, o qual incide sobre a
propriedade de imóvel rural. Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: VI
30
— propriedade territorial rural; De acordo com o art. 29 do Código Tributário
Nacional, a incidência do imposto ora em comento se dá sobre a propriedade, o
domínio útil ou a posse do imóvel localizado fora da zona urbana do Município. Art.
29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem
como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza,
como definido na lei civil, localização fora da zona urbana do Município. A Lei
9.393/1996, lei que institui o imposto, dispõe acerca do critério material no mesmo
sentido do Código Tributário Nacional. Há discussão acerca da extrapolação da base
econômica definida na CRFB/88 pelo art. 29, do CTN. O art. 110, do CTN estabelece
que a lei tributária não pode alterar a definição, conteúdo e o alcance dos conceitos
de direito privado utilizados pela CRFB/88 para definir ou limitar competência
tributárias. O conceito de propriedade vigente quando da edição do CTN era aquele
constante do art. 500 do Código Civil de 1916, o qual prescrevia que propriedade é o
direito de usar, gozar e dispor de seus bens, e de reavê-los de quem injustamente o
possua. Com o advento do Código Civil de 2002, o supramencionado conceito não
foi consideravelmente modificado. Dessa forma, vê-se que o conceito de
propriedade do direito privado não abrange o domínio útil e a posse, o que atrairia a
inconstitucionalidade para o previsto no art. 29, do CTN. Entretanto, os tribunais tem
se posicionado no sentido de que o domínio útil e a posse são alcançados pelo ITR,
uma vez que tais institutos, algumas vezes, estão inseridos no conceito de
propriedade. Importante ressaltar que, diferentemente do IPTU, o ITR incide
somente sobre a propriedade territorial (e não sobre a predial). Na prática, isso quer
dizer que importa para a cobrança do ITR somente a extensão do território, não
fazendo diferença se há construções (prédios, casas, etc.), sobre esta.
IMPOSTOS SOBRE A PROPRIEDADE: IPVA — IMPOSTO SOBRE
PROPRIEDADE DE VEÍCULOS AUTOMOTORES.
A tributação sobre a propriedade de veículos no Brasil se iniciou com a Taxa
Rodoviária Única — TRU, de cobrança anual. Em 1985, a TRU foi extinta, tendo a
EC 27/85 sido a responsável pela introdução do IPVA no ordenamento jurídico com
a inserção do item III no artigo 23 da Constituição de 1967. Em razão da
mencionada inserção, a TRU foi extinta e o IPVA a substituiu. Conforme se extrai do
31
art. 155, III, CF/88, aos Estados e ao Distrito Federal foi atribuída competência para
instituir o IPVA, o qual incide sobre a propriedade de veículos automotores. Art. 155.
Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) III — propriedade de veículos
automotores. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993). Destaque-
se que o IPVA não possui Lei Complementar federal de definição de normas gerais.
Dessa forma, até que venha a ser editada a referida lei complementar, os Estados e
o Distrito Federal possuem competência legislativa plena para disciplinar tal tributo,
conforme art. 24, §3º, da CF/88. No que se refere ao fato gerador do IPVA, pode-se
dizer que o conceito de propriedade utilizado abrange a propriedade plena ou não.
Assim como ocorre com o IPTU, é possível que a lei estabeleça a incidência de
IPVA sobre a propriedade plena, o domínio útil ou a posse do veículo automotor. A
título de exemplo, temos a Lei 7.431/85 do Distrito Federal, a qual prevê a incidência
do IPVA sobre o domínio útil e a posse do veículo automotor. Quando o veículo se
encontra na montadora, a propriedade é da montadora, entretanto, entende-se que
não há incidência do IPVA em tais hipóteses, uma vez que o automóvel figura como
mercadoria para as montadoras. Somente a partir do momento em que ele é vendido
para o consumidor final, há a incidência do IPVA. Questão relevante refere-se ao
IPVA sobre as embarcações e aeronaves. O STF, ao decidir acerca da incidência do
IPVA sobre tais veículos, interpretou o fato gerador à luz da origem do tributo. A TRU
somente incidia sobre veículos automotores terrestres e o IPVA foi instituído para
substituí-la, logo, sua incidência deve ocorrer nos mesmos moldes da TRU. Além
disso, o registro de embarcações é federal e, por isso, sendo o IPVA um tributo
estadual, sua incidência não abarcaria as embarcações.
TRIBUTAÇÃO SOBRE A TRANSFERÊNCIA DE PATRIMÔNIO: ITBI —
IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO INTERVIVOS DE BENS IMÓVEIS
O ITBI, tributo com previsão no art. 156, II, da CF/88 combinado com §2º do
mesmo dispositivo constitucional, de competência dos Municípios, tem seu fato
gerador definido no art. 35, CTN.
32
O conceito de atividade preponderante pode ser encontrado no art. 37 do CTN,
o qual prescreve que se mais de 50% da receita operacional, nos dois anos
anteriores ou posteriores à operação, for de atividade com bens imóveis, haverá a
incidência do ITBI. A previsão constitucional também faz referência às hipóteses de
transmissão de bens imóveis quando da extinção da pessoa jurídica. Entretanto, não
TRIBUTOS EM ESPÉCIE FGV DIREITO RIO 81 90 PAULSEN, Leandro e MELO,
José Eduardo Soares de. Impostos federais, estaduais e municipais. 6ª edição rev. e
atual – Porto Alegre: Livraria do Advogado editora, 2011. p. 301 há qualquer
referência às hipóteses de retirada de bem imóvel da pessoa jurídica sem extinção
da mesma. O art. 36, parágrafo único do CTN, por sua vez, trata da desincorporação
do imóvel do patrimônio da pessoa jurídica. Há, portanto, quem entenda que o
parágrafo único do art. 36 não foi recepcionado pela CF/88.
William Henry Chamberlin (1897-1969) “A arte de governar geralmente consiste em espoliar a maior
quantidade possível de dinheiro de uma classe de cidadãos para transferir a outra. ”
Voltaire (François Marie Arouet) (1694-1778) “Um governo seria considerado um duro governo se espoliasse
sua população em um décimo de sua renda. ”
Benjamin Franklin (1706-1790)
“Existem dois tipos de pessoas numa nação: aqueles que pagam seus impostos e aqueles que recebem e vivem dos impostos. ”
Thomas Paine (1737-1809)
“O Estado é essa grande ficção pela qual todos tentam viver às custas de todos os demais. ”
Fréderic Bastiat (1801-1850)
“Tributar as rendas mais altas com uma porcentagem maior de impostos que as baixas se assemelha a castigar as pessoas por terem trabalhado mais duro e
terem poupado mais que seus vizinhos. ”
John Stuart Mill (1806-1873) “Se o Estado me dissesse dê-me sua carteira ou sua vida” porque
deveria lhe obedecer e dar o produto do meu esforço? Me sentiria indignado se o f izesse. ”
Henry David Thoreau (1817-1862)
“Há apenas uma maneira de matar o capitalismo: com impostos, impostos e mais impostos. ”
Karl Marx (1818-1883)
“A diferença entre a morte e os impostos é que a morte não piora toda vez que Congresso se reúne. ”
Will Rogers (1879-1935)
“A coisa mais difícil de compreender neste mundo é o imposto de renda. ”
33
CAPÍTULO III
APLICAÇÃO PRÁTICAS DOS TRIBUTOS
3.1 OUTRAS MODALIDADES DE TRIBUTAÇÃO – LUCRO ARBITRADO E
SIMPLES NACIONAL
Conforme o professor Luiz Alves em sua obra: “Planejamento Tributário –
Conceitos e Práticas”, publicada em fevereiro de 2017.
Simples Nacional - Tributação das Microempresas e Empresas de Pequeno
Porte A Constituição Federal de 1988 definiu em seu artigo 179 que “a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às
empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado,
visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas,
tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por
meio de lei”. Por sua vez, o assunto foi regulamentado na Lei 9.841/99, que instituiu
o estatuto da microempresa e da empresa de pequeno porte, que assegurava a elas
tratamento jurídico diferenciado e simplificado nos campos administrativo, tributário,
previdenciário, trabalhista, creditício e de desenvolvimento empresarial.
O Estatuto, contudo, não tinha aplicação prática no campo tributário, que era
regido pela Lei 9.317/96, com suas alterações posteriores. No final de 2006 foi
publicada a Lei Complementar no. 123, que REVOGOU as Leis no. 9.317/96 e
9.841/99 a partir de julho de 2007. O problema é que uma parte significativa da LC
123/2006 dependia de regulamentação, que foi transferida para o COMITÊ GESTOR
DE TRIBUTAÇÃO DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUEN O PORTE
– CGSN, criado pelo Decreto no. 6.038, publicado no D.O.U. em 07/02/2007 e que
publicou seu primeiro normativo efetivo apenas no dia 30 de maio de 2007, ou seja,
praticamente 30 dias antes do SIMPLES NACIONAL, entrar em funcionamento.
Esse fato causou muita indignação na classe Contábil tendo em vista o pequeno
espaço de tempo para conhecer uma nova legislação extremamente complexa.
Justificativas para criação do SIMPLES As justificativas apresentadas pela
Secretaria da Receita Federal do Brasil – SRFB, para a instituição do regime
simplificado para as ME´s e as EPP´s, são as seguintes: a) Estas empresas
possuem baixo potencial arrecadatório; b) O regime simplificado destina-se a buscar
34
um ambiente mais competitivo entre grandes e pequenas empresas e não conceder
privilégios; c) Minimização dos custos tributários, dessas empresas, em função da
sua importância para a economia (geração de empregos, inovação tecnológica,
competição no mercado e etc...). d) A relação entre o contribuinte e o Estado,
sempre que possível, deve ser única, a despeito da existência de distintos níveis de
governo e administração tributária envolvidos.
A legislação do SIMPLES teve como grande diferencial a inclusão ao
recolhimento único dos encargos previdenciários, reduzindo o custo de pessoal e
incentivando a contratação de mão–de-obra. Além disso, a ideia original era
estender o SIMPLES para os tributos estaduais e municipais, notadamente ICMS e
ISS. Todavia, os estados e os principais municípios do país não aderiram ao modelo
federal. Já no SIMPLES NACIONAL, o ISS e o ICMS são incluídos obrigatoriamente,
facilitando consideravelmente o controle e a parte burocrática das empresas.
Redução da Burocracia Os artigos 4º. E 11 da LC no. 123/96, com alterações da LC
128/2008, tratam dos aspectos legais envolvendo a abertura e o fechamento de
empresas, embora os dispositivos precisem de novos atos para facilitar efetivamente
o processo que envolve o início de atividade desse tipo de empresas.
Está prevista a utilização de princípios expressos, oriundos do projeto do
REDESIM (Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legislação de
Empresas e Negócios), que definam diretrizes objetivas para a implantação do
cadastro unificado, entrada única de documentos, na exigência de vistorias prévias
para atividades sem risco, dentre outros aspectos burocráticos. Formalização da
Opção pelo Simples Nacional A formalização da opção pelo SIMPLES NACIONAL
permanece sendo feita pela internet, sendo irretratável para todo o ano-calendário. O
prazo para inscrição de empresas no SIMPLES NACIONAL permanece sendo o
último dia útil do mês de janeiro, valendo a inscrição já para o próprio ano-
calendário.
Quem se inscrever em janeiro de 2011 será enquadrado no regime simplificado
em todo o ano de 2011. No momento da opção, o contribuinte deverá prestar
declaração de que sua atividade não é proibida de optar pelo SIMPLES NACIONAL.
A SRFB disponibilizará aos Estados, Distrito Federal e Municípios relação dos
contribuintes que fizeram opção para verificação quanto à regularidade para a opção
pelo Sistema, e, posteriormente, a relação dos contribuintes que tiveram a sua
opção deferida. Livro Caixa e Escrituração contábil O contribuinte fica desobrigado,
35
para fins fiscais, da escrituração contábil, bastando escriturar o livro caixa e o livro
registro de inventário, no qual deverão constar os estoques existentes no final de
cada ano.
É importante frisar que, embora a legislação fiscal permita a não escrituração
contábil das empresas tributadas pelo SIMPLES NACIONAL e pelo LUCRO
PRESUNMIDO, toda e qualquer empresa deve manter escrituração contábil por
vários motivos, dentre os quais: a) O Código Comercial Brasileiro exige escrituração
contábil completa para servir de instrumento de prova em juízo e em eventuais
acertos de direitos dos sócios, acionistas, seus herdeiros ou sucessores; b) No Livro
Caixa somente poderá ser contabilizada a movimentação financeira, não se
registrando as compras e vendas a prazo, os empréstimos e demais valores a pagar
e a receber; c) O levantamento de balancetes e balanços de forma adequada,
reduzindo a insegurança e os prejuízos que podem ser acarretados pela falta de
registro de seus direitos e suas obrigações.
Novos limites da Receita Bruta Anual a partir de janeiro de 2012 a)
Microempresas - R$ 360.000,00 por ano; b) Empresa de Pequeno Porte – R$
3.600.000,00 por ano e também foi criado um Limite Extra para exportação de
mercadorias de r$ 3.600.000,00 por ano. Obs.: O limite extra não se aplica para as
receitas advindas da exportação de serviços. Reflexões: A EPP que auferiu receita
bruta anual em 2011 superiores a R$ 2.400.000,00, mas não ultrapassou de R$
3.600.000,00. De acordo com o artigo 79-E da Lei Complementar no. 123 de 2006
(alterada pela Lei Complementar no. 139 de 2011), continuará no Simples Nacional.
a) Empresa antiga que ultrapassou o limite de r$ 2.400.000,00, mas não ultrapassou
o novo limite de R$ 3.600.000,00.
Empresa Alfa, aberta em 2004, e optante pelo Simples Nacional desde
01/01/2009, auferiram receita bruta anual total no ano de 2011 de R$ 3.000.000,00
(três milhões de reais). Por ter ultrapassado em 2011 o limite de receita bruta de R$
2.400.000,00, estaria excluída a partir de 01/01/2012. Contudo, considerando o novo
limite de receita bruta estabelecida a partir de 01/01/2012 e a previsão legal antes
citada, a empresa Alfa permanece no Simples, ressalvado o direito de exclusão por
comunicação do optante. b) Empresa em inicio de atividade que ultrapassou em
menos de 20% o limite proporcional de 2011. Empresa Delta, aberta em 15/11/2011,
e optante pelo Simples desde então, auferiu receita bruta total no ano de 2011 de R$
450.000,00 (quatrocentos e cinqüenta mil reais).
36
Em 2011, por estar no ano de inicio de atividade, se sujeita ao limite
proporcional de R$ 400.000,00 (R$ 200.000,00 x número de meses em
funcionamento no período). Como a empresa Delta não ultrapassou o limite
proporcional em mais de 20%, ela estará excluída somente a partir de 01/01/2012
(&& 10 e 12 do artigo 3º. Da LC 123 de 2006, na sua redação original). Contudo,
considerando o novo limite proporcional de receita bruta estabelecida a partir de
01/01/2012, a empresa Delta permanece no Simples. c) Empresa em inicio de
atividade que ultrapassou em mais de 20% o limite proporcional de 2011. Empresa
Gama, aberta em 15/11/2011, e optante pelo Simples desde então, auferiu receita
bruta total no ano de 2011 de R$ 500.000,00 (Quinhentos mil reais).
Em 2011, por estar no ano de início de atividade, sujeita-se ao limite
proporcional de R$ 400.000,00 (Quatrocentos mil reais) ou ( R$ 200.000,00 x
número de meses em funcionamento no período. Como a empresa Gama
ultrapassou o limite proporcional em mais de 20%, os efeitos da exclusão retroagem
ao início da atividade, 15/11/2011 (&& 10 e 12 do artigo 3º. Da Lei Complementar
123, de 2006, na sua redação original. Neste caso, a empresa deverá efetuar a
comunicação obrigatória de exclusão com efeitos a partir de 15/11/2011.
Também, na opinião de Humberto Bonavides: “a natureza ou
essência do Planejamento Fiscal – ou Tributário – consiste em
organizar os empreendimentos econômicos mercantis da empresa,
mediante o emprego de estruturas e formas jurídicas capazes de
bloquear a concretização da hipótese de incidência tributária ou,
então, de fazer com que sua materialidade ocorra na medida ou no
ponto que lhe sejam mais propícios. Trata-se, assim, de um
comportamento técnico funcional, adotado no universo dos
negócios, que visa excluir, reduzir ou adiar os respectivos encargos
tributários”.
3.2 CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA O PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
LEGAL
Qualquer que seja a forma de tributação escolhida pela empresa, pode-se
verificar que a falta de planejamento estratégico tributário pode deixar a empresa
mal preparada para investimentos futuros, devido a uma possível insuficiência de
caixa, gerando um desgaste desnecessário de investimentos forçado para cobertura
de gastos que não estavam previstos. Para a correta execução das tarefas inerentes
37
ao planejamento tributário, o contador precisa aplicar todos os seus conhecimentos
sobre a legislação do tributo a ser reduzido, para que, a partir desses cenários,
possa planejar com bastante antecedência a melhor alternativa para a empresa
executar suas operações comerciais. A finalidade principal de um bom planejamento
tributário é, sem dúvida, a economia de impostos, sem infringir a legislação. Trata-se
do conceito de tax saving, bastante praticado pelos norte-americanos. Para alcançar
êxito nessa atividade, o contador precisa, com profundidade: Conhecer todas as
situações em que é possível o crédito tributário,
Principalmente com relação aos chamados impostos não cumulativos – ICMS
e IPI; Conhecer todas as situações em que é possível o deferimento (postergação)
dos
Recolhimentos dos impostos, permitindo melhor gerenciamento do fluxo de
caixa; Conhecer todas as despesas e provisões permitidas pelo fisco como dedução
de
Receita; Ser oportuno e aproveitar as lacunas deixadas pela legislação, para
tanto
Ficando atento às mudanças nas normas e aos impactos nos resultados da
empresa.
De acordo com os preceitos tributários, a vontade das partes não pode ser
alterada ou modificada, após o fato gerador ter ocorrido. Contudo, nada impede que
o contribuinte antecipe a ocorrência do fato gerador e comece a projetá-lo e a
dimensioná-lo, objetivando a economia de impostos. Com esse procedimento, o
contribuinte tem a vantagem de adotar, entre as opções legais disponíveis, as que
com certeza lhe forem mais satisfatório. Fato gerador é a obrigação tributária
principal, que tem como objetivo o pagamento tributo; é a situação descrita em lei
que, uma vez ocorrida, concretamente localizada no tempo e no espaço, determina a
transferência jurídica, em favor do Estado, da titularidade de certa quantia. Nesse
mesmo momento, deixa de ser titular dessa mesma quantia. Num planejamento
tributário estratégico, a empresa passa a desenvolver suas atividades de forma
estritamente preventiva. Também procura projetar de forma clara os atos e fatos
administrativos, de modo a deixar transparentes para todos os envolvidos, as
informações sobre os ônus tributários em cada uma das opções legais disponíveis.
O planejamento tributário estratégico tem como objetivo fundamental a economia
38
tributária de impostos, procurando atender às possíveis formas da legislação fiscal,
evitando perdas desnecessárias para a organização. Para poder usufruir em toda a
sua plenitude de todas as formas legais de planejamento tributário, é necessário que
o contribuinte esteja bem assessorado por uma equipe especializada que saiba
realizar o planejamento de tributos sem distorcer, alterar ou esconder as obrigações
quando o fato gerador assim o exigir.
De uma forma geral o Planejamento Tributário concentra-se na apuração do
Imposto de Renda e Contribuição Social da Pessoa Jurídica. É aí, nessa o esforço
de redução da carga tributária tem se concentrado nas modalidades que apuração
esses tipos de tributos. Em particular, as modalidades do Lucro Presumido e do
Lucro Real costumam ser o alvo do esforço para a redução desses tributos.
A economia tributária resultante da adoção de alternativas legais menos
onerosas ou de lacunas da lei denomina-se Elisão Fiscal. Portanto, a elisão fiscal é
legitima e lícita, pois é alcançada por escolha feita de acordo com o ordenamento
jurídico, adotando-se a alternativa legal menos onerosa ou utilizando-se de lacunas
da lei. É dever de todo administrador maximizar os lucros e minimizar as perdas. Por
essa razão, o planejamento tributário é um instrumento tão necessário para ele
quanto qualquer outro planejamento, seja de marketing, de vendas, de qualificação
de pessoal, de comércio exterior e etc. A legislação tributária sofre quase que
semanalmente, alterações torrenciais, usando e abusando da edição e reedição de
medidas provisórias, uso e abuso que vem sendo tolerados, de forma inexplicável,
pelo Legislativo e pelo Judiciário. Essas constantes alterações geram confusão e
insegurança jurídica. Além disso, essa legislação se contradiz, com frequência, em
muitos pontos, produzindo diversas alternativas e abrindo lacunas da lei. Se o
agente econômico não for bem assessorado na parte jurídica e contábil, ele não
conseguirá cumprir infindáveis exigências detalhadas da lei. Sem um bom
planejamento tributário, será muito difícil competir num mercado globalizado e
garantir um bom retorno para o capital investido.
A evasão fiscal, ao contrário da elisão, consiste em prática contrária à lei.
Geralmente, é cometida após a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária,
objetivando reduzi-la ou oculta-la. A evasão fiscal está prevista a capitulada na Lei
dos Crimes Contra a Ordem Tributária, Econômica e Contra as Relações de
Consumo (Lei no. 8.137/90). A citada lei define que constitui crime contra a ordem
tributária suprimir ou reduzir tributo mediante as condutas discriminadas no seu
39
texto, das quais se ressaltam as seguintes: Omitir informação ou prestar declaração
falsa às autoridades fazendárias;
Fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo
operações de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;
Falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda ou qualquer
outro documento relativo a operação tributável;
Elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documentos que saída ou deva
saber falso ou inexato;
Utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao
sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela
que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública; e Fazer declaração falsa ou omitir
declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se,
total ou parcialmente, do pagamento de tributo. Alterações do CTN - A Lei Antielisão
A lei Complementar no. 104, de 10-01-200.
3.3 CONTRIBUIÇÕES SOCIAL SOBRE O LÍQUIDO LUCRO
No caso da CSLL, conforme o art. 29 da Lei no. 9.430/96, o percentual de
presunção do lucro (base positiva), corresponde a 12%, para as empresas
comerciais e industriais, da receita bruta, e como no IRPJ, o resultado da presunção
será acrescido de ganhos de capital, de rendimentos de aplicações financeiras e de
demais receitas e resultados auferidos no trimestre. Já para as empresas
prestadoras de serviços de um modo geral, o percentual a ser aplicado será de 32%.
Tanto na apuração do IRPJ quanto da CSLL, quando uma empresa possui vários
tipos de atividades, as bases deverão ser montadas separando-se as diversas
atividades. Determinada a base de cálculo de acordo com o tópico anterior, deve-se
aplicar as alíquotas fixadas na legislação vigente. No caso do IRPJ, o art. 3º. Da Lei
no 9.245/95 dispõe que o valor do imposto a recolher será mediante a aplicação,
sobre a base de cálculo, da alíquota de 15%.
No caso de o montante identificado como o lucro presumido ultrapassar o limite
fixado pelo art. 3º. & 1º. Da Lei no. 9.249/95 de R$ 20.000,00 (vinte mil reais)
multiplicados pelo número de meses do respectivo período de apuração há
incidência do adicional do Imposto de Renda à alíquota de 10%, sobre o valor
excedente. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a
40
partir do Mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas
tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não estão sujeitos à
incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do
imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no país ou no
exterior. No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou
arbitrado, poderá ser distribuído, a título de lucros, sem incidência de imposto:
I) O valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos
e contribuições a que estiver sujeitam a pessoa jurídica;
II) A parcela dos lucros ou dividendos excedentes ao valor determinado
no item I, desde que a empresa demonstre, através de escrituração
contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é
maior que o determinado segundo as normas para apuração da base
de cálculo do imposto pela qual houver optado, ou seja, o lucro
presumido ou arbitrado.
As empresas que têm diversas atividades precisam estar atentas á
possibilidade de economia tributária, especialmente com a elevação da carga fiscal
da CSLL no Lucro Presumido, que passou de 1,08% para 2,88% sobre o
faturamento das empresas prestadoras de serviços. Uma das circunstâncias que
pode ocorrer é que os resultados, sendo tributado pelo Lucro Presumido, estejam
onerando os custos do IRPJ e CSLL, sob este regime: Imagine-se uma empresa
com 2 (duas) atividades: uma, de serviços advocatícios (lucrativa) e, outra, de
serviços de cobrança (pequeno lucro, mas faturamento alto). Admitindo-se que a
atividade de serviços advocatícios gere 35% de lucro sobre as receitas, e que a
receita de cobrança gere um lucro de apenas 5%. Se a atividade de cobrança fatura
R$ 480.000,00 por ano, o desdobramento da atividade em 2 (duas) empresas, uma
tributada pelo lucro presumido serviços advocatícios) e outra tributada pelo lucro real
(cobrança) poderá representar até R$ 31.104,00 por ano de economia fiscal. A
Legislação, para disciplinar a sistemática de apuração dos lucros tributáveis ou
prejuízos posteriormente compensáveis, impõe algumas regras para harmonizar o
resultado societário ao resultado fiscal. Desta forma, por exemplo, algumas
despesas, custos, receitas e ganhos embora sejam contabilizados para fins
societários devem ter os seus efeitos anulados para a apuração do resultado fiscal,
originando assim ajustes ao lucro contábil, mediante exclusões e adições previstas
41
na legislação, para fins de determinar o chamado “Lucro Real”. Lucro Real é o lucro
líquido do período de apuração (apurado contabilmente) ajustado pelas adições,
exclusões e compensações, quando houver, prescritas na legislação, para fins de
determinar o chamado “Lucro Real”.
A maioria das empresas brasileiras tem fraco movimento comercial nos meses
de janeiro e fevereiro de cada ano. Isto provoca distorções tributárias, que devem
ser levadas em conta na hora de optar pelas modalidades oferecidas pelo
Regulamento do Imposto de Renda. Na opção pelo Lucro Real Trimestral, há
limitações específicas e a empresa pode acabar pagando mais IR e CSLL. Isto
porque, se no 1º. Trimestre do ano houver prejuízo fiscal, o mesmo só poderá ser
compensado em até 30% do Lucro Real dos trimestres seguintes. Então, para este
caso, utilizando-se da forma de estimativa mensal (balancetes de suspensão), paga-
se menor imposto. É comum uma empresa apurar lucro contábil diferente do lucro
tributável (lucro real e base de cálculo da CSSL). As diferenças são facilmente
explicadas quando nos lembramos que na apuração do resultado contábil, as
receitas e despesas são reconhecidas, obrigatoriamente, segundo os princípios
fundamentais de contabilidade, os quais representam a essência das doutrinas e
teoria relativas a Ciência da Contabilidade, enquanto para a apuração do resultado
tributável devem ser observadas as regras trazidas pela legislação fiscal. As
diferenças entre o lucro contábil e o lucro tributável podem ser temporárias ou
permanentes. A diferença é que as temporárias afetarão a apuração do lucro
tributável em período futuro, enquanto que as permanentes não. Como exemplo de
diferença temporária, podemos citar contingências decorrentes de expectativa de
perda futura sobre processo trabalhista, a qual deve ser adicionada quando da
apuração do resultado tributável, conforme determinam as regras fiscais. Quando
essa provisão se realizar, quer por pagamento do processo trabalhista ou por
reversão contábil em virtude de alguma alteração na expectativa de perda do
processo, é necessário efetuar o ajuste (exclusão) na apuração do resultado
tributável.
A Lei Complementar no. 128/08 definiu que o Microempreendedor Individual
(MEI) poderá optar pelo recolhimento dos impostos e contribuições abrangidas pelo
SIMPLES NACIONAL em valores fixos mensais, independentemente da receita
bruta por ele auferida no mês. Será o Microempreendedor Individual (MEI), o
empresário individual que tenha auferido receita bruta, no ano-calendário anterior, de
42
até R$ 60.000,00, optante pelo SIMPLES NACIONAL e que não esteja impedido de
optar pela sistemática. A Lei Complementar no. 128/08 também estabeleceu outras
regras com relação aos MEI, dentre as quais destacam-se: processo de registro;
redução a zero dos valores referentes à taxas, emolumentos e demais custos
relativos à abertura, à inscrição, ao registro, ao alvará, à licença, ao cadastro e aos
demais itens relativos ao seu registro; concessão de Alvará de Funcionamento
Provisório.
43
CONCLUSÃO
O desenvolvimento do presente estudo possibilitou afirmar que nossa economia
tem um grande potencial, com destaque em várias áreas e uma imensa riqueza
natural. É evidente que nosso maior problema é a corrupção, porém, temos uma
carga tributária leonina, que faz com que empresas erroneamente burlem o sistema
tributário para esconder seu real faturamento.
Os tributos de uma empresa é um assunto muito delicado, tanto pela sua
importância na saúde financeira, quanto pela sua má gestão. Notoriamente, no
Brasil paga-se muito imposto, uma situação que causa um retrocesso na economia.
Uma empresa de pequeno porte que inicia no mercado e tem um limite de capital
para conseguir mais clientes, ao investir em publicidade e pagar os tributos, a
mesma estará fadada ao insucesso, considerando que no seu primeiro ano, o
dinheiro faturado não é o suficiente para cobrir esses gastos. Diante dos argumentos
expostos é imprescindível que todos se conscientizem de que o sistema tributário
nacional precisa de uma organização que incentive as empresas a se estabelecer no
mercado, pois é importante frisar que a gestão tributária é uma forma lícita de buscar
a saúde econômica de uma empresa.
O cenário acima mostra a realidade do mercado e o grande índice de falência
nele apresentado. O desenvolvimento do presente estudo apontou um dos aspectos
de reestruturação e planejamento para uma melhor organização financeira de uma
corporação. Um empresário ao montar sua empresa tem a necessidade de contratar
uma equipe de profissionais qualificados que através de sua experiência empírica
utiliza as ferramentas que nosso ordenamento jurídico oferece, a fim de minimizar os
pagamentos excessivos de tributos, o planejamento tributário não pode ser deixado
de lado, dessa forma, o financeiro bem estruturado ajudará a empresa a se
fortalecer no mercado.
Enfim, conclui-se que para o crescimento financial de uma empresa, o gestor
terá que fazer um planejamento tributário. Na atual circunstância, o mais indicado
para iniciar no mundo dos negócios é o Sistema Simples Nacional e, claro, precisa
observar as regras e admitir um profissional qualificado que ajudará no processo do
planejamento tributário.
44
BIBLIOGRAFIA
BRASIL, Lei Complementar 123 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional
da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.
BRASIL, Regulamento do Imposto de Renda - RIR/99 (Decreto nº 3.000, de 26 de
março de 1999). Regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e
administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza.
BRASIL, Resolução CGSN nº 4, de 30 de maio de 2007. Dispõe sobre a opção pelo
Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos
pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional).
BRASIL, Resolução CGSN nº 7, de 18 de junho de 2007. Altera a Resolução CGSN
nº 5, de 30 de maio de 2007, que dispõe sobre o Regime Especial Unificado de
Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas
de Pequeno Porte (Simples Nacional).
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de
outubro de 1988.
CAVALCANTI, Jaerson; MARIANO, Vanessa Mariano; NETTO, João Baptista
Morello. Guia do Simples Nacional - Vantagens e Desvantagens do Simples
Nacional. São Paulo: Diário do Comércio. Disponível em Acesso em 26/02/2008.
Estudos e pesquisas. Disponível em: Acesso em: 12 dez. 2006.
FABRETTI, Láudio Camargo. Contabilidade Tributária. 10.ed. São Paulo: Atlas,
2006.
FERREIRA, Célio Augusto. Simples – imposto único para micro e pequenas
empresas. Goiânia: AB, 1997.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm >.
Acessado em 11/11/2008.
SIMPLES NACIONAL. Disponível em: Acesso em 02/07/2007.
45
TRIBUTÁRIO, Portal. Novo regime simplificado de tributação – Simples Nacional ou
“Super Simples” a partir de 01/01/2007. Disponível em. Acesso em 10/01/2008.