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Artigo sobre varíola, carbúnculo, peste e obesidade - Almanaque da Saúde
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VaríolaExistem duas estirpes: a varíola
‘major’ e a varíola ‘minor’. Esta última
distingue-se pelos sintomas serem me-
nos severos e por ser menos comum.O
vírus da varíola, pertencente ao género
perigos da sociedade moderna descoberta a cura
Doenças controladasCarbúnculo, Varíola, Peste, Raiva e Obesidade
Existem muitas enfermidades que continuarão a matar enquanto não se encontrarem tratamentos eficazes para as combater. No entanto, outras já são facilmente controláveis. Por Marisa Teixeira
Revisão científica Luís Mendonça, médico interno do Internato médico de psiquiatria
venção deve ser feita através do uso
profilático de antibióticos nos suspeitos
de exposição à bactéria.
A via de contágio pode causar diferentes formas de doença:
• Cutânea: É a mais comum (95% dos
casos) e dá-se através da inoculação dos
esporos sob a pele, geralmente numa
escoriação ou ferida. Na zona infectada
aparece uma pápula, que ao fim de 24 a
48h evolui para uma lesão com uma ul-
ceração central escura e indolor, rodeada
de um ‘inchaço’ em forma de auréola, com
pequenas vesículas contendo o bacilo.
Habitualmente os gânglios da região
afectada aumentam de volume. Se o doente for tratado a evolução é para a cura e a morte é rara.
• Pulmonar: Resulta da inalação de
esporos da bactéria. Tosse, febre e mal-
-estar são alguns dos primeiros sintomas.
No 2.º ou 3.º dia a febre alta, falta de ar e
alteração da consciência apontam para a
gravidade da situação, que pode levar à
morte devido a lesões hemorrágicas nos
pulmões e nas meninges. A mortalidade é elevada e mesmo com tratamento atinge geralmente 100% dos casos.
• Gastrointestinal: Acontece ao in-
gerirmos alimentos contaminados, sendo
pouco frequente. Os sintomas passam pela
febre, ulceração da faringe ou esófago,
vómitos, dores abdominais, diarreia
com sangue e pode desenvolver-se uma
infecção generalizada (sepsia), resultando
na morte do paciente em 50 a 60% dos casos, mesmo com tratamento.
Algumas doenças já não causam
tanto transtorno como outrora, devido,
principalmente, às nobres investigações
que foram sendo feitas ao longo dos
anos por inúmeros especialistas, com o
objectivo de descobrir a cura. Descubra
alguns dos exemplos.
Anthrax ou CarbúnculoÉ causado pela bactéria Bacilus An-
tracis, que se reveste de uma cápsula
formando esporos, quando em meio
favorável. Estes são resistentes e so-
brevivem por longos períodos de tempo,
conservando no seu interior a bactéria.
Atinge principalmente herbívoros, mas
pode afectar acidentalmente o ser hu-
mano. A contaminação do homem é feita
sobretudo a partir de animais infectados,
pois não se transmite de pessoa para
pessoa.
Desde que foi encontrada a vacina
para os animais, os casos de carbúnculo são raros. Apesar disso, tem sido muito
falado devido à sua possível utilização
como arma biológica, por parte de grupos
terroristas.
Como prevenir?Através da identificação dos animais
infectados, da sua declaração obrigatória
e vacinação. Se houver suspeita da sua
utilização como arma biológica, a pre-
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Orthopoxvirus, entra no corpo humano
através do tracto respiratório e implanta
-se nas células epiteliais da orofaringe e
na mucosa pulmonar. Depois migra para
os gânglios linfáticos, onde continua a
sua replicação. Após três a quatro dias
dá-se um período de latência, com a du-
ração de quatro a 14 dias, ao longo do
qual os vírus se multiplicam no sistema
reticuloendotelial.
Do 12.º ao 14.º dia o vírus desloca-se
para locais de crescimento das célu-
las imunes, replicando-se nos glóbulos
brancos maduros. Vinte e quatro horas
após infectar os órgãos do sistema imune
atinge a circulação sanguínea. Esta fase
caracteriza-se por erupções cutâneas e
sintomas como febre elevada, dores de
cabeça, mal-estar e prostração.
As membranas das mucosas na boca e
faringe são infectadas e o vírus invade
o epitélio capilar da camada dérmica da
pele, originando lesões. Estas acabam por
evoluir para lesões vesículas (‘bolhas’) e
pústulas, que se formam principalmente
na face e extremidades, que gradualmente
cobrem o corpo todo.
No início da infecção os pacientes são altamente contagiosos através da transmissão aérea.
Primeira vacina A elevada taxa de mortalidade (mais
de 30%) e a facilidade com que se propa-
gava transformou-a numa das maiores
pragas mundiais. Foi uma das doenças
mais estudadas e a primeira para a qual
se encontrou uma vacina.
Doença erradicadaFoi erradicada através de um programa
de vacinação e erradicação global. Em 1980 a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou oficialmente a sua erradicação, recomendando a todos os
institutos que destruíssem os stocks ex-
istentes ou os transferissem para centros
colaboradores da OMS.
Contudo, especula-se que possam haver
ainda stocks que a OMS desconheça, o
que leva a uma crescente preocupação,
visto o terrorismo com armas biológicas
ser uma realidade.
Peste Quando se fala em peste a ligação
à peste negra do século XIV é quase imediata – a designação medieval para a peste bubónica – que só na Europa matou um terço da população, fora nas
restantes regiões. Esta doença não desa-
pareceu do planeta e continua a causar, em
média, entre 100 a 200 mortes por ano.
A peste afecta animais, principalmente
ratos, cujas pulgas podem contaminar
os seres humanos. Entre as pessoas a
propagação é rápida, bastando um espirro.
A doença pode adoptar uma ou várias
formas e os sintomas variam. A bactéria
da peste denomina-se Yersinia pestis,
um organismo dinâmico que se adapta e
passa por mutações rapidamente.
Os antibióticos revolucionaram o tratamento desta enfermidade, trans-formando-a numa doença controlável. São eficazes a estreptomicina, tetracicli-
nas e cloramfenicol.
Diferentes formas de PestePeste BubónicaOs sintomas costumam aparecer dois
a cinco dias após a exposição à bactéria
– arrepios e febre até 41.ºC; batimento
cardíaco irregular; os gânglios linfáticos
inflamam-se (bubões), ficando dolorosos
ao tacto e podem encher-se de pus e
drenar durante a 2.ª semana; fígado e
baço aumentam de volume.
Mais de 60% das pessoas que não
recebem tratamento morrem entre o
3.º e o 5.º dia.
Peste Pneumónica Infecção dos pulmões pelas bactérias
da peste. Dois ou três dias depois da
contaminação os sintomas ocorrem –
arrepios, febre elevada, ritmo cardíaco
acelerado e dores de cabeça. Surge a tosse
acompanhada por uma expectoração
inicialmente clara, mas que rapidamente
começa a apresentar sinais de sangue,
até chegar a uma coloração vermelha
intensa. Sem tratamento as pessoas
morrem geralmente em 48h.
Peste SepticémicaQuando a forma de peste bubónica se
propaga ao sangue. Pode causar a morte
mesmo antes de aparecerem outros sin-
tomas da bubónica ou pneumónica.
Peste MenorForma ligeira de peste que costuma
aparecer na área geográfica em que a
doença é endémica. Gânglios linfáticos
inchados, febre, dor de cabeça e esgota-
mento são os sintomas que persistem ao
longo de uma semana.
RaivaAo vermos um cão a espumar da boca
rapidamente associamos o fenómeno à
Raiva. No entanto, apesar da forma habitual de contágio ser através do ‘melhor amigo do homem’ outros ani-mais podem contagiar os humanos.
Trata-se de uma infecção viral do tecido
cerebral que causa irritação e inflamação
deste e da espinhal medula. O vírus en-
contra-se na saliva dos animais infectados
que o transmitem ao morder ou lamber.
A partir do ponto de inoculação inicial,
o vírus propaga-se através dos nervos
até à espinal medula e ao cérebro, onde
se multiplica, instalando-se em seguida
nas glândulas salivares.
SintomasDemoram cerca de 30 a 40 dias a
aparecer, mas o período de incubação
pode variar entre os dez dias e mais de
um ano. Depressão mental, inquieta-
ção, sensação de mal-estar e febre são
os primeiros sintomas. A inquietação começa a tornar-se descontrolada e o paciente produz grande quantidade de saliva. Os espasmos musculares
da garganta e da área vocal costumam
ser terrivelmente dolorosos. Estes são
causados pela irritabilidade da área
cerebral responsável pelas acções de
engolir e respirar. Uma brisa ligeira
ou a simples tentativa de beber água
podem induzi-los.
Em 20 % dos casos, a raiva ini-cia-se com a paralisia das pernas, que se vai estendendo ao resto do corpo.
Como prevenir?Para prevenir a raiva humana
utiliza-se a vacina anti-rábica
que pode ser administrada
antes ou depois da exposição à
saliva de animal infectado.
Continua a ser bastante frequente em países da América Latina, África e Ásia e não sendo tratada convenientemente leva à morte.
descoberta a cura
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na origem deste efeito.
A investigação revela ainda a possi-bilidade da obesidade ser contagiosa, e, por isso, também poder ser combatida através de uma vacina ou tratamento antiviral.
Pesquisas anteriores já tinham asso-
ciado o adenovírus à obesidade em ani-
mais, demonstrando que frangos e ratos
infectados com o AD36 engordavam e
duplicavam a sua camada de gordura.
Mas nesta nova investigação foram
usadas células estaminais adultas de
tecido de gordura de pessoas submeti-
das a uma lipoaspiração. Metade destas
células foram expostas ao vírus e, após
uma semana, a maioria converteu-se em
células de gordura.
Estima-se que até 30% das pessoas obe-
sas e 11% de indivíduos magros possam
estar infectados com o AD-36, pelo que
o passo seguinte dos especialistas será
identificar quais os factores que levam
algumas pessoas a ganhar peso.
Ainda é desconhecido qual o tempo
que o vírus permanece no organismo
dos obesos e quanto dura o efeito de
produzir gordura.
AD36 – o vírus que engordaA obesidade é uma doença em que o
excesso de gordura corporal acumulada
pode atingir graus capazes de afectar a
saúde. Até agora muitos associavam-na
apenas à vida sedentária ou a factores
genéticos.
No entanto, descobriu-se recentemente
que a obesidade pode, muitas vezes, relacionar-se com um vírus, que des-poleta a infectobesidade. Esta nova
designação nasceu de um trabalho de
investigação de Nikhil Dhurandhar. O
médico indiano descobriu que o ade-novírus 36 (AD36) – conhecido por causar infecções respiratórias, gas-troenterites e conjuntivites – também provoca obesidade.O estudo do primeiro
departamento de Infectobesidade, na
Universidade de Louisiana, nos Estados
Unidos, indica que o AD36 pode trans-
formar as células principais do tecido
adiposo em células de gordura. Foi ainda
identificado um gene específico (E4Orfl),
presente no adenovírus, que parece estar
Obesidade em
números
Mais de 50% da população
mundial será obesa em 2025 se não
forem tomadas medidas mais sérias
para o controlo da doença.
Em Portugal, 15% da população
tem obesidade.
Só na Europa, as doenças
relacionadas com a obesidade
provocam a morte de 320 mil
pessoas por ano.