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E.E PROFª IRENE DIAS RIBEIRO DOM CASMURRO DANIEL DOS SANTOS LEITÃO MURILO PATRICIO CORRÊA BERNARDES EDUARDO JORDAN DE PAULA 3ª SÉRIE A - 2011

Dom casmurro - 3ª A - 2011

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E.E PROFª IRENE DIAS RIBEIRO

DOM CASMURRODANIEL DOS SANTOS LEITÃO

MURILO PATRICIO CORRÊA BERNARDESEDUARDO JORDAN DE PAULA

3ª SÉRIE A - 2011

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BIOGRAFIA

(...) Assim são as páginas da vida, como dizia meu filho quando fazia

versos, e acrescentava que as páginas vão 

passando umas sobre as outras, esquecidas apenas lidas.

"Suje-se Gordo!"

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Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta,

nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de um operário mestiço

de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior escritor do país e um mestre da língua, perde a mãe muito cedo e é criado pela madrasta, Maria

Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na escola pública, única

que freqüentará o autodidata Machado de Assis.

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De saúde frágil, epilético, gago, sabe-se pouco de sua infância e início da

juventude. Criado no morro do Livramento, consta que ajudava a missa na igreja da

Lampadosa. Com a morte do pai, em 1851, Maria Inês, à época morando em São

Cristóvão, emprega-se como doceira num colégio do bairro, e Machadinho, como era chamado, torna-se vendedor de doces. No

colégio tem contato com professores e alunos e é até provável que assistisse às aulas nas ocasiões em que não estava trabalhando.

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Mesmo sem ter acesso a cursos regulares, empenhou-se em aprender.  Consta que, em

São Cristóvão, conheceu uma senhora francesa, proprietária de uma padaria, cujo

forneiro lhe deu as primeiras lições de Francês. Contava, também, com a proteção

da madrinha D. Maria José de Mendonça Barroso, viúva do Brigadeiro e Senador do

Império Bento Barroso Pereira, proprietária da Quinta do Livramento, onde foram agregados

seus pais.

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Aos 16 anos, publica em 12-01-1855 seu primeiro trabalho literário, o poema "Ela", na revista Marmota Fluminense, de Francisco de

Paula Brito. A Livraria Paula Brito acolhia novos talentos da época, tendo publicado o

citado poema e feito de Machado de Assis seu colaborador efetivo.

Com 17 anos, consegue emprego como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Nacional, e

começa a escrever durante o tempo livre.  Conhece o então diretor do órgão, Manuel

Antônio de Almeida, autor de Memórias de um sargento de milícias, que se torna seu

protetor.

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Em 1858 volta à Livraria Paula Brito, como revisor e colaborador da Marmota, e ali

integra-se à sociedade lítero-humorística Petalógica, fundada por Paula Brito. Lá

constrói o seu círculo de amigos, do qual faziam parte Joaquim Manoel de Macedo,

Manoel Antônio de Almeida, José de Alencar e Gonçalves Dias.

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Começa a publicar obras românticas e, em 1859, era revisor e colaborava com o jornal

Correio Mercantil. Em 1860, a convite de Quintino Bocaiúva, passa a fazer parte da redação do jornal Diário do Rio de Janeiro.

Além desse, escrevia também para a revista O Espelho (como crítico teatral,

inicialmente), A Semana Ilustrada(onde, além do nome, usava o pseudônimo de Dr.

Semana) e Jornal das Famílias.

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Seu primeiro livro foi impresso em 1861, com o título Queda que as mulheres têm para os tolos, onde aparece como tradutor.  No ano de 1862 era censor teatral, cargo que não

rendia qualquer remuneração, mas o possibilitava a ter acesso livre aos teatros.

Nessa época, passa a colaborar em O Futuro, órgão sob a direção do irmão de sua futura

esposa, Faustino Xavier de Novais.Publica seu primeiro livro de poesias em

1864, sob o título de Crisálidas.Em 1867, é nomeado ajudante do diretor de

publicação do Diário Oficial.

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Agosto de 1869 marca a data da morte de seu amigo Faustino Xavier de Novais, e, menos de

três meses depois, em 12 de novembro de 1869, casa-se com Carolina Augusta Xavier de

Novais.Nessa época, o escritor era um típico homem

de letras brasileiro bem sucedido, confortavelmente amparado por um cargo

público e por um  casamento feliz que durou 35 anos. D. Carolina, mulher culta, apresenta Machado aos clássicos portugueses e a vários

autores da língua inglesa.

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Sua união foi feliz, mas sem filhos. A morte de sua esposa, em 1904, é uma sentida perda, tendo o marido dedicado à falecida o soneto

Carolina, que a celebrizou.  Seu primeiro romance, Ressurreição, foi

publicado em 1872.  Com a nomeação para o cargo de primeiro oficial da Secretaria de

Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, estabiliza-se na carreira

burocrática que seria o seu principal meio de subsistência durante toda sua vida.

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No O Globo de então (1874), jornal de Quintino Bocaiúva, começa a publicar em

folhetins o romance A mão e a luva. Escreveu crônicas, contos, poesias e romances para as

revistas O Cruzeiro, A Estação e Revista Brasileira.

Sua primeira peça teatral é encenada no Imperial Teatro Dom Pedro II em junho de

1880, escrita especialmente para a comemoração do tricentenário de Camões,

em festividades programadas pelo Real Gabinete Português de Leitura.

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Na Gazeta de Notícias, no período de 1881 a 1897, publica aquelas que foram

consideradas suas melhores crônicas.Em 1881, com a posse como ministro interino

da Agricultura, Comércio Obras Públicas do poeta Pedro Luís Pereira de Sousa, Machado

assume o cargo de oficial de gabinete.

Publica, nesse ano, um livro extremamente original , pouco convencional para o estilo da época: Memórias Póstumas de Brás Cubas --

que foi considerado, juntamente com O Mulato, de Aluísio de Azevedo, o marco do

realismo na literatura brasileira.

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Extraordinário contista, publica Papéis Avulsos em 1882, Histórias sem data (1884),

Vária Histórias (1896), Páginas Recolhidas (1889), e Relíquias da casa velha (1906).

Torna-se diretor da Diretoria do Comércio no Ministério em que servia, no ano de 1889.Grande amigo do escritor paraense José

Veríssimo, que dirigia a Revista Brasileira, em sua redação promoviam reuniões os

intelectuais que se identificaram com a idéia de Lúcio de Mendonça de criar uma Academia

Brasileira de Letras. 

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Machado desde o princípio apoiou a idéia e compareceu às reuniões preparatórias e, no dia

28 de janeiro de 1897, quando se instalou a Academia, foi eleito presidente da instituição, cargo que ocupou até sua morte, ocorrida no

Rio de Janeiro em 29 de setembro de 1908. Sua oração fúnebre foi proferida pelo acadêmico Rui

Barbosa.É o fundador da cadeira nº. 23, e escolheu o nome de José de Alencar, seu grande amigo,

para ser seu patrono.Por sua importância, a Academia Brasileira de

Letras passou a ser chamada de Casa de Machado de Assis.

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Dizem os críticos que Machado era "urbano, aristocrata, cosmopolita, reservado e cínico, ignorou questões

sociais como a independência do Brasil e a abolição da escravatura. Passou ao longe do nacionalismo, tendo

ambientado suas histórias sempre no Rio, como se não houvesse outro lugar. ... A galeria de tipos e

personagens que criou revela o autor como um mestre da observação psicológica.  ...  Sua obra divide-se em

duas fases, uma romântica e outra parnasiano-realista, quando desenvolveu inconfundível estilo desiludido,

sarcástico e amargo. O domínio da linguagem é sutil e o estilo é preciso, reticente. O humor pessimista e a

complexidade do pensamento, além da desconfiança na razão (no seu sentido cartesiano e iluminista), fazem

com que se afaste de seus contemporâneos."

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Dizem os críticos que Machado era "urbano, aristocrata, cosmopolita, reservado e cínico, ignorou questões

sociais como a independência do Brasil e a abolição da escravatura. Passou ao longe do nacionalismo, tendo

ambientado suas histórias sempre no Rio, como se não houvesse outro lugar. ... A galeria de tipos e

personagens que criou revela o autor como um mestre da observação psicológica.  ...  Sua obra divide-se em

duas fases, uma romântica e outra parnasiano-realista, quando desenvolveu inconfundível estilo desiludido,

sarcástico e amargo. O domínio da linguagem é sutil e o estilo é preciso, reticente. O humor pessimista e a

complexidade do pensamento, além da desconfiança na razão (no seu sentido cartesiano e iluminista), fazem

com que se afaste de seus contemporâneos."

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BIBLIOGRAFIA

Comédia

Desencantos, 1861.Tu, só tu, puro amor, 1881.

Poesia

Crisálidas, 1864.Falenas, 1870.Americanas, 1875.Poesias completas, 1901.

Romance

Ressurreição, 1872.A mão e a luva, 1874.Helena, 1876.Iaiá Garcia, 1878.Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881.Quincas Borba, 1891.Dom Casmurro, 1899.Esaú Jacó, 1904.Memorial de Aires, 1908.

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Contos

Contos Fluminenses,1870.Histórias da meia-noite, 1873.Papéis avulsos, 1882.Histórias sem data, 1884.Várias histórias, 1896.Páginas recolhidas, 1899.Relíquias de casa velha, 1906.

Teatro

Queda que as mulheres têm para os tolos, 1861Desencantos, 1861Hoje avental, amanhã luva, 1861.O caminho da porta, 1862.O protocolo, 1862.Quase ministro, 1863.Os deuses de casaca, 1865.Tu, só tu, puro amor, 1881.

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Algumas obras póstumas

Crítica, 1910.Teatro coligido, 1910.Outras relíquias, 1921.Correspondência, 1932.A semana, 1914/1937.Páginas escolhidas, 1921.Novas relíquias, 1932.Crônicas, 1937.Contos Fluminenses - 2º. volume, 1937.

Crítica literária, 1937.Crítica teatral, 1937.Histórias românticas, 1937.Páginas esquecidas, 1939.Casa velha, 1944.Diálogos e reflexões de um relojoeiro, 1956.Crônicas de Lélio, 1958.Conto de escola, 2002.

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Antologias

Obras completas (31 volumes), 1936.Contos e crônicas, 1958.Contos esparsos, 1966.

Contos: Uma Antologia (02 volumes), 1998.

Em 1975, a Comissão Machado de Assis, instituída pelo Ministério da Educação e Cultura, organizou e

publicou as Edições críticas de obras de Machado de Assis, em 15 volumes.

Seus trabalhos são constantemente republicados, em diversos idiomas, tendo ocorrido a adaptação de

alguns textos para o cinema e a televisão.

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Antologias

Obras completas (31 volumes), 1936.Contos e crônicas, 1958.Contos esparsos, 1966.

Contos: Uma Antologia (02 volumes), 1998.

Em 1975, a Comissão Machado de Assis, instituída pelo Ministério da Educação e Cultura, organizou e

publicou as Edições críticas de obras de Machado de Assis, em 15 volumes.

Seus trabalhos são constantemente republicados, em diversos idiomas, tendo ocorrido a adaptação de

alguns textos para o cinema e a televisão.

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RESUMOPrimeiramente, explica-se o nome do livro e o porquê da alcunha a Bento Santiago de “Dom Casmurro”:

a) “Casmurro” faz referência a seus reclusos e calados;b) “Dom” é o termo irônico que lhe fornece ares de fidalgo.

O narrador-personagem, depois de tentar, sem sucesso, reconstituir a sua história através de uma cópia de sua casa na infância, decide atar duas pontas da sua vida, através de um livro autobiográfico que o ajudasse a restaurar o passado.Dom Casmurro ou Bentinho, como era chamado o personagem na sua infância, morava em uma casa com sua mãe a viúva D. Glória, tio Cosme, prima Justina e, também, José Dias, agregado da família, que já era considerado como membro desta.

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Era novembro de 1857, Bentinho escutou José Dias conversando com sua mãe, aconselhando D. Glória a colocar Bentinho no seminário o mais rápido possível, a fim de cumprir uma promessa feita no passado, pois já havia a desconfiança de que Bentinho estivesse apaixonando-se por uma vizinha, amiga de infância, Capitu.

Após escutar a conversa Bentinho, percebe que realmente gosta de Capitu. Ao declarar-se a vizinha, Bento percebe que seu sentimento é correspondido e passa a fazer planos para não precisar ir para o seminário. 

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Mas Bentinho não tem êxito com seus planos e não consegue escapar do destino imposto pela religiosidade da mãe. Segue, então ao seminário, e lá conhece Escobar que veio a ser, mais tarde, o seu melhor amigo.

Bentinho se empenhou em convencer a mãe a custear os estudos de outra pessoa, fazendo dele padre em seu lugar. Dessa forma, o protagonista abandonou o seminário e foi para a faculdade de Direito. 

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Formou-se advogado e retornou ao local da sua infância para casar com Capitu. O amigo Escobar também saiu do seminário e se casou com a melhor amiga de Capitu, Sancha.

Os dois casais vão fortalecendo as amizades. Sancha e Escobar têm uma filha que recebe o nome de Capitolina em homenagem a amiga Capitu.  Depois de um longo tempo de espera, Bentinho e Capitu, também têm um filho, quem recebe o nome de Ezequiel, como também se chamava Escobar.

 

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O tempo foi passando e a vida transcorrendo muito bem entre os casais. Mas, um dia, Escobar morre afogado. No enterro do amigo, Bentinho percebeu em Capitu, uma tristeza enorme que lhe pareceu indevida. A esposa não só lhe parecia triste demais, mais do que o normal, como também lhe aparentava, dissimular tal tristeza.

No dia seguinte ao da morte do amigo, Bentinho, ao olhar para uma fotografia do falecido, notou certa semelhança entre ele e seu filho. 

 

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Desde então surgem fatos, situações e lembranças que o conduzem ao adultério da esposa. Teria, Capitu, enganado Dom Casmurro?  Será que a esposa o havia traído com o seu melhor amigo?

O sentimento de traição passou a predominar e era horrível. Dom Casmurro chegou a procurar o suicídio, mas Ezequiel fez com que percebesse que, além do sentimento atormentador da traição e da condição de bastardo do filho, havia também o sentimento amoroso entre pai e filho.

 

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“Quando nem mãe nem filho estavam comigo o meu desespero era grande, e eu jurava matá-los a ambos, ora de golpe, ora devagar, para dividir pelo tempo da morte todos os minutos da vida embaçada e agoniada. Quando, porém, tornava a casa e via no alto da escada a criaturinha que me queria e esperava, ficava desarmado e diferia o castigo de um dia para outro.” (Capítulo cxxxii)  

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Ezequiel foi colocado em um internato, mas à medida que o tempo foi passando sua semelhança com o falecido foi aumentando e nos finais de semana era impossível para Bentinho sentir-se em paz.

Bentinho não conseguiu expor claramente suas idéias para Capitu, não houve uma conversa muito clara entre o casal e Capitu por sua vez disse que a semelhança do menino com Escobar era casualidade do destino, mas mesmo assim decidiram partir para uma separação amigável, mantendo as aparências.

 

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Bento resolveu então levar a família à Europa, e, de lá, voltou sozinho. Embora tenha viajado outras vezes para a Europa, nunca mais voltou a ver Capitu.

O tempo foi passando e morreram Tio Cosme, D. Glória e José Dias. Certo dia, Ezequiel voltou da Europa anunciando a morte também de Capitu. Dom Casmurro vê no filho a imagem perfeita de Escobar. Passados alguns meses Ezequiel viaja para o Oriente Médio e, depois de um tempo, morre de febre tifóide.

 

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O narrador-personagem apresenta uma série de provas, e também contraprovas como o fato de Capitu ser tão parecida com a mãe de Sancha sem haver parentesco algum entre elas. Nenhuma das provas do adultério de Capitu encontradas por D. Casmurro foram comprovadas.

 

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Mortos todos, familiares e velhos conhecidos, D. Casmurro, em sua vida fechada, ainda podia se consolar com algumas amigas, mas jamais se esqueceu do grande amor que o havia traído com seu maior amigo. Será que o havia traído?

A narrativa de seu livro se mostra eficaz ao tentar atar duas pontas de sua vida: a adolescência com a velhice e após o término, para esquecer o relembrado, o revivido, nada melhor que escrever outro livro: Uma História dos subúrbios do Rio de Janeiro.

 

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Mortos todos, familiares e velhos conhecidos, D. Casmurro, em sua vida fechada, ainda podia se consolar com algumas amigas, mas jamais se esqueceu do grande amor que o havia traído com seu maior amigo. Será que o havia traído?

A narrativa de seu livro se mostra eficaz ao tentar atar duas pontas de sua vida: a adolescência com a velhice e após o término, para esquecer o relembrado, o revivido, nada melhor que escrever outro livro: Uma História dos subúrbios do Rio de Janeiro.

 

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Narrador e foco narrativo A história é narrada na 1ª pessoa do singular, por um narrador-personagem, que se coloca como o escritor.Para tentarmos nos aproximar de seu enigma, a história de Dom Casmurro apresenta como primeira chave, a própria figura deste que ao mesmo tempo a vive e a relata.Trata-se de um velho solitário apelidado de Dom Casmurro. O autor da alcunha, foi um rapaz que, em uma viagem de trem, se aborreceu com a monotonia de Bento, cansado com o relato tão monótono da sua história de vida.

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Outro ponto a se ressaltar no romance é o fato de seu narrador não ser confiável. Ele mente, distorce, confunde o leitor, com quem conversa ao longo da narração, anunciando a metalinguagem da literatura do século XX.

Machado de Assis adota um narrador unilateral, fazendo dele o eixo da forma literária. Inscrevia-se, então, entre os romancistas inovadores, além de convergir com os espíritos adiantados da Europa, que sabiam que toda representação comporta um elemento de vontade ou interesse, o dado oculto a examinar, o indício da crise da civilização burguesa.

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Em Dom Casmurro, a dramatização do ato de narrar é um dos componentes essenciais do enredo e da vida do protagonista. Tal dramatização consiste no seguinte: em vez de simplesmente escrever uma história, Machado de Assis inventou uma personagem (um pseudo-autor) de quem nos é dado ver o ato de escrever o seu próprio romance.

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Dom Casmurro também pode ser entendido como uma auto-análise de Bento Santiago, sobrevivente único de uma história de amor com final amargo: pois Bento julga-se traído pela esposa Capitu e pelo melhor amigo Escobar. Há vários anos após a morte da esposa e de seu suposto amante, Bento decide escrever o livro para restaurar no presente o equilíbrio perdido no passado.O ponto de vista de Bento Santiago domina tudo na narrativa. Até mesmo as demais personagens não passam de projeções de sua alma. São lembranças do seu passado, que vão ressurgindo do subsolo da memória à medida que ele procura a reconstrução de si mesmo.

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Linguagem

Machado de Assis utiliza alguns aspectos centrais na linguagem de Dom Casmurro: reflexões metalingüísticas, as ironias às expectativas do leitor, as digressões. Através delas, o narrador nos revela, como se os estivesse escondendo, não só os “bastidores” sombrios da personalidade de Bentinho, mas também a própria arquitetura do romance.

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Por Exemplo, no capítulo 59 encontramos o seguinte trecho:

“Nada se emenda bem nos livros confuso, mas tudo se pode meter nos livros omissos (...). É que tudo se acha fora de um livro falho, leitor amigo. Assim preencho as lacunas alheias; assim podes também preencher as minhas.”

Esse fluxo é trabalhado literariamente ao longo do romance. Portanto na linguagem de Dom Casmurro há reflexão metalingüística — sempre recoberta pela ironia de seu ritmo, de sua não linearidade, da presença de “reticências”.

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O espaço

Em Dom Casmurro, Bentinho, o protagonista morou toda a sua infância na rua de Matacavalos, em companhia de sua grande amiga e vizinha.Bentinho só sai de lá, para entrar para o seminário em cumprimento de uma promessa que a mãe fizera e que não poderia ser quebrada. Em sua terra natal, o jovem deixa a mãe, o tio e seu grande amor, a vizinha.

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Ao voltar, casa-se com Capitu, sua melhor amiga e também seu grande amor. Vão morar nos altos da Tijuca, na Praia da Glória, mas fazem visitas freqüentes a Matacavalos, onde agora moram o pai de Capitu, a mãe de Bentinho, assim como parentes e amigos.Cada uma dessas regiões é explorada em seu texto, bem como as pessoas com quem Bentinho conviveu e que interagem no enredo. O livro é narrado, com emoção e riquezas de detalhes.

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Personagens Bento Santiago:Quando jovem era um pouco mais baixo que Capitu. Não apresentava traços físicos definidos e revela-se como um moço rico, mimado pela mãe e, talvez por isso, não apresentasse o mesmo espírito vivaz e a iniciativa de Capitu. Comenta-se que, aproximadamente aos vinte e dois anos de idade, Bentinho se parecia muito com o pai:

“[...] sim tem alguma coisa, os olhos, a disposição do rosto. É o pai um pouco mais moderno, concluiu por chalaça.”

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No passado dividia-se entre a mãe e a vizinha. Conforme escreve, o livro divide-se entre o passado e o presente. Tanto acusa quanto louva a falecida esposa.Bento não pretendia ser padre como determinava sua mãe, sua intenção era casar-se com Capitu, sua amiga de infância. Depois de velho e da perda de seus familiares passa a viver isolado.

Ele mesmo diz:

“Uso louça velha e mobília velha ““Em verdade, pouco apareço e menos falo. Distrações raras. O mais do tempo é gasto em hortar, jardinar e ler; como bem e não durmo mal”.

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Capitolina:No inicio na narrativa, está com 14 anos e é um pouquinho mais alta do que Bentinho. Tem os cabelos grossos negros e compridos até a cintura. Seus olhos são negros e misteriosos a ponto de despertar no narrador a comparação com a ressaca do mar, é esperta, inteligente, extrovertida, criativa e previdente.É ela que pensa primeiro num plano para livrar Bentinho do seminário e que desperta nele o impulso do primeiro beijo e que, após sua entrada no seminário, fica o maior tempo possível ao lado de D. Gloria. Torna-se querida de tal forma, que, quando José Dias usa a palavra nora D. Gloria sorri como quem aceita.

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O narrador mostra, nas entrelinhas, a parca condição financeira da jovem Capitu:

“apertada em um vestido de chita, meio desbotado. [...] As mãos, a despeito de alguns ofícios rudes, eram curadas com amor [...] Calçava sapatos de duraque, rasos e velhos, a que ela mesma dera alguns pontos”.

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Escobar:

Conhece Bento no seminário e logo se tornam amigos inseparáveis. Tem grande facilidade com números, por isso, sonha em ser comerciante e, assim que abandona o seminário, dedica-se ao negócio de café. É o grande desencadeador da trama, pois Bento acredita que ele tornou-se amante de sua esposa, Capitu.

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José Dias definiu Escobar como um rapaz polido de olhos claros e dulcíssimos. O narrador o descreve da seguinte forma:

“A cara rapada mostrava uma pele alva e lisa. A testa é que era um pouso baixa, vindo a risca do cabelo quase em cima da sobrancelha esquerda — mas tinha sempre a altura necessária para não afrontar as outras feições, nem diminuir a graça delas. Realmente, era interessante de rosto, a boca fina e chocarreira, o nariz curvo e delgado. Tinha o sestro de sacudir o ombro direito, de quando em quando e veio a perdê-lo, desde que um de nós lhe notou um dia no seminário; primeiro exemplo que vi de que um homem pode corrigir-se muito bem dos defeitos miúdos”.

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José Dias:Era magro chupado, com um principio de calviçe e dedicado a família de Bentinho até a morte. Era agregado em casa de D. Gloria "apresenta-se como medico sem o ser.”

“[...] amava os superlativos. Era um modo de dar feição monumental às idéias; não as havendo, servia a prolongar as frases. [...] vi-o passar com as suas calças brancas engomadas, presilhas, rodaque e gravata de mola. Foi dos últimos que usaram presilhas no Rio de Janeiro, e talvez neste mundo. Trazia as calças curtas para que lhe ficassem bem esticadas.

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A gravata de cetim preto, com um arco de aço por dentro, imobilizava-lhe o pescoço; era então moda. O rodaque de chita, veste caseira e leve, parecia nele uma casaca de cerimônia. Era magro, chupado, com um princípio de calva; teria os seus cinqüenta e cinco anos. Levantou-se com o passo vagaroso do costume, não aquele vagar arrastado se era dos preguiçosos, mas um vagar calculado e deduzido, um silogismo completo, a premissa antes da conseqüência, a conseqüência antes da conclusão. Um dever amaríssimo!"

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Dona Glória:Mãe de Bentinho, senhora religiosa e viúva que, em razão de uma antiga promessa, desejava fazer do filho um padre.

“D. Maria da Glória Fernandes Santiago contava quarenta e dous anos de idade. Era ainda bonita e moça, mas teimava em esconder os saldos da juventude, por mais que a natureza quisesse preservá-la da ação do tempo. Vivia metida em um eterno vestido escuro, sem adornos, com um xale preto, dobrado em triângulo e abrochado ao peito por um camafeu. Os cabelos, em bandos, eram apanhados sobre a nuca por um velho pente de tartaruga; alguma vez trazia a touca branca de folhas. Lidava assim, com os seus sapatos de cordovão rasos e surdos, a um lado e outro, vendo e guiando os serviços todos da casa inteira, desde manhã até à noite.”

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Tio Cosme:Irmão de D. Glória, advogado e viúvo era modesto, gordo, olhos dorminhocos e respiração curta. Ocupa posição neutra: não se opunha aos planos de Bentinho, mas também não interrompia.

"Era gordo e pesado, tinha a respiração curta e os olhos dorminhocos. Uma das minhas recordações mais antigas era vê-lo montar todas as manhãs a besta que minha mãe lhe deu e que o levava ao escritório. O preto que a tinha ido buscar à cocheira segurava o freio, enquanto ele erguia o pé e pousava no estribo - a isto seguia-se um minuto de descanso ou reflexão. Depois, dava um impulso, o primeiro, o corpo ameaçava subir, mas não subia; segundo impulso, igual efeito. Enfim, após alguns instantes largos, tio Cosme enfeixava todas as forças físicas e morais, dava o último surto da terra, e desta vez caía em cima do selim. Raramente a besta deixava de mostrar por um gesto que acabava de receber o mundo. Tio Cosme acomodava as carnes, e a besta partia a trote."

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Prima Justina:Viúva prima de D. Glória. Parece ser egoísta, ciumenta e intrigante.

“Era quadragenária, magra e pálida, boca fina e olhos curiosos. Vivia conosco por favor de minha mãe, e também por interesse; minha mãe queria ter uma senhora íntima ao pé de si, e antes parenta que estranha.”

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Pedro de Albuquerque Santiago:Pai falecido de Bentinho.

“Não me lembra nada dele, a não ser vagamente que era alto e usava cabeleira grande; o retrato mostra uns olhos redondos, que me acompanham para todos os lados, efeito da pintura que me assombrava em pequeno. O pescoço sai de uma gravata preta de muitas voltas, a cara é toda rapada, salvo um trechozinho pegado às orelhas. [...] O que se lê na cara de ambos [os pais de Bentinho] é que, se a felicidade conjugal pode ser comparada à sorte grande, eles a tiraram no bilhete comprado de sociedade.”

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Padre Cabral:

Velho amigo do tio Cose com quem costumava jogar durante as noites, na casa de D. Glória, e quem ensinou a Bentinho as primeiras letras, latim e doutrina. O padre ajuda Bentinho no caso do seminário, explicando para a família pode-se ter a vocação religiosa manifesta de outra forma que não a de se tornar padre:

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“Prima Justina interveio: — Como? Então pode-se entrar para o seminário e não sair padre? — Padre Cabral respondeu que sim, que se podia, e, voltando-se para mim [Bentinho], falou da minha vocação, que era manifesta; os meus brinquedos foram sempre de igreja, e eu adorava os ofícios divinos. A prova não provava; todas as crianças do meu tempo eram devotas. Cabral acrescentou que o reitor de S. José, a quem contara ultimamente a promessa de minha mãe, tinha o meu nascimento por milagre; ele era da mesma opinião.”

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Sancha:Companheira de colégio de Capitu, filha de Gurgel, comerciante de objetos americanos que “era viúvo e morria pela filha”.  Sancha casa-se com Escobar.

“Escobar e a mulher viviam felizes, tinham uma filhinha. Em tempo ouvi falar de uma aventura do marido, negócio de teatro, não sei que atriz ou bailarina, mas se foi certo, não deu escândalo. Sancha era modesta, o marido trabalhador.”

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O casal estreita amizade com Bentinho e Capitu:

“Demais, as nossas relações de família estavam previamente feitas; Sancha e Capitu continuavam depois de casadas a amizade da escola, Escobar e eu a do seminário. Eles moravam em Andaraí, aonde que riam que fôssemos muitas vezes, e, não podendo ser tantas como desejávamos, íamos lá jantar alguns domingos, ou eles vinham fazê-lo conosco. Jantar é pouco, íamos sempre muito cedo, logo depois do almoço, para gozarmos o dia compridamente, e só nos separávamos às nove, dez e onze horas, quando não podia ser mais.”

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Ezequiel:Filho de Capitu e Bentinho, cujas feições e trejeitos semelhantes aos de Escobar levam o narrador a desconfiar de que sua esposa o traíra, e a crer que não é seu filho, mas sim, de seu melhor amigo.

“Nem só os olhos, mas as restantes feições, a cara, o corpo, a pessoa inteira, iam-se apurando com o tempo. Eram como um debuxo primitivo que o artista vai enchendo e colorindo aos poucos, e a figura entra a ver, sorrir, palpitar, falar quase, até que a família pêndula o quadro na parede, em memória do que foi e já não pode ser. Aqui podia ser e era.”