2
ntercado FOLHA DE S.PA U LO * * * DOMINGO, 10 DE MARÇO DE 2019 A17 reforma da Previdência PEC da Previdência antecipa reforma trabalhista de Bolsonaro se que a PEC "propõe ajustes pontuais em temas de conta- to entre Previdência e traba- lho", mas disse não ser o ob- jetivo antecipar medidas na área de trabalho e emprego. LuizGuilhenne Migliora,sô- cio do Veirano Advogados, diz ver similaridades entre as li- nhas propostas para a refor- ma da Previdência de agora e a trabalhista de 2017 - que quis reduzir custos empre- sariais e flexibilizar acordos. Medidas buscam aliviar custo de contratação para empregador e iniciam flexibilização das regras Anais Fernandes SÃO PAULO EspecialiStaS em direito previdenciário que se debruçam sobre a propos- ta de reforma da Previdên- cia apresentada pelo gover- no estão se deparando com respeito à Advogadosouvidos pela Fo- cisam fazer essa complemen- tação do próprio bolso. texto deixou claro o que vai acontecer. Do lado do em- presário, o que gerava insegu- rança era saber se aquele tra- balhador estaria ou não asse- gurado pela Previdência no caso de um acidente de tra- balho, por exemplo", diz Sa- rina Manata, assessora jurí- dica da FecomercioSP (fede- ração do setor em São Paulo). Bolsonaroe sua equipe eco- nômica, capitaneada pelo mi- nistro Paulo Guedes, sinali- zam desde o ano passado a intenção de aprofundar a fle- xibilização das leis trabalhis- tas iniciada por Temer, quan- do uma reforma alt erou mais de cem pontos daCLT(Conso- lidação das Leis do Trabalho). De largada, Bolsonaro ex- tinguiu o Ministério do Tra- balho, colocando parte de su- as atribuições sob as asas de Guedes, que, por sua vez, ti- rou a Previdência da Receita. Para assumir sua Secreta- ria Especial de Previdência e Trabalho, o ministro escolheu Rogério Marinho (PSDB-RN), que foi deputado federal e re- lator da reforma trabalhista. Em nota, a secretaria dis- "Estamos falando de um go- verno [Bolsonarol que quer criar mecanismos para redu- zir o custo dos empresários, o chamado 'custo Brasil: e a con- tribuição previdenciária é um grande elemento desse custo." Continuo nopóg. A18 lhaapo ntamqueexiste uma r;=================================================;- espéciede reforma trabalhis- ta dentro da previdenciária. Para lves Gandra da Silva Martins Fil ho, ministro do TST {Tribunal Superior do Trabalho), a reforma da Pre- vidência segue na linha do ajuste fiscal do teto de gastos quanto ao setor público e na linha da reforma trabalhista quanto ao setor privado. "O novo governo está com- pletando o que o anterior não conseguiu concluir ", diz. As medidas identifi cadas até agora indicam a int enção de reôuzir os custos de con- tratação do trabal hador for- mal, wnaantigareivind.icação do set or empresarial. Um a das mudanças com maior potencial de impacto envolve o custo previdenciá- rio que recai sobre a folha de pagamento - e soma cerca de 30% do custo da mão de obra. Pelo texto da reforma de )a· ir Bolsonaro (PSL} que está no Congresso, empregados po- derão escolher se vão contri- buir pelo atual regime de Pre- vidência - de repartição, em que as pessoas na ativa sus- t entam o beneficio dos apo- sentados- ou p or um novo modelo de capitalização, no qual cada trabalhadort azsua própria poupança. A capitalização ainda seria regulamentada por lei com- plementar, mas a PEC (Pro- posta de Emenda à Constitui- ção) da Previdência já abre es- paço para que o recolhimen- to dos empregadores seja fa- cultativo nesse regime. Hoj e, o segurado pelo lNSS recolhe de 8% a u %sobre seu salário de co ntribuição, de- pendendo do valor da remu- neração, enquanto o empresá- rio recolhe "lo% sobre a massa dos salários dos empregados. A leitura é que a contribui- ção do e mpregador não será aplicada sobre o salár io do funcionário que estiver no re- gime de capitalimção, o que reduziria o custo de mão de obra para a empresa. O trabalhador, por sua vez, ainda contr ibuiria, mas den- tro de regras e com valores a serem definidos. A princípio, essas medidas iriam contra o objetivo da reforma de reduzir o rombo na Previdência, ob- serva Mauricio Tanabe, sócio do CarnposMellos Advogados. Segundo ele, porém, o go- ver no aposta que a qu eda do custo da mão de obra e a desburocratização vão trazer mais trabalhadores para a for- malidade, a umentando aba- se de contribuição. "Alinhado com o discurso de campanha, o governo aprovei- tou a reforma da Previdência para inser ir dispositivos que A PEC t raztambém um nor - te para a contribuição no con- trato int ermitente ( sem jorna- da fixa), que ficou de fora da ref onna trabalhista de Michel Temer(MDB). De acordo com especialistas , a regra confere segurança para empregador e trabalhador. Pela proposta, empregados que não afcançarem a contri· buição mínima mensal exigi- da para sua categoria poderdo usaroval orde uma contribu· ição que exceder o lirrúte para cobrir essa diferença, ou agru- par recolhimentos baixos pa- ra atingir o valor necessário. Para enfrentar os desafios do setor, fabricantes descentralizam a produção, fecham unidades antigas e inauguram novas. Qual seo Impacto dessa mudança nos negócios, nos empregos e na economia doPais Hoje,ostrabalhadorespre- L': ================================================'-

DOMINGO, 10 DE MARÇO DE 2019 reforma da Previdência PEC da … · 2019-03-11 · ntercado FOLHA DE S.PAULO * * * DOMINGO, 10 DE MARÇO DE 2019 A17 reforma da Previdência PEC da

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: DOMINGO, 10 DE MARÇO DE 2019 reforma da Previdência PEC da … · 2019-03-11 · ntercado FOLHA DE S.PAULO * * * DOMINGO, 10 DE MARÇO DE 2019 A17 reforma da Previdência PEC da

ntercado FOLHA DE S.PAULO * * * DOMINGO, 10 DE MARÇO DE 2019 A17

reforma da Previdência

PEC da Previdência antecipa reforma trabalhista de Bolsonaro

se que a PEC "propõe ajustes pontuais em temas de conta­to entre Previdência e traba­lho", mas disse não ser o ob­jetivo antecipar medidas na área de trabalho e emprego.

LuizGuilhenne Migliora,sô­cio do Veirano Advogados, diz ver similaridades entre as li­nhas propostas para a refor­ma da Previdência de agora e a trabalhista de 2017 - que quis reduzir custos empre­sariais e flexibilizar acordos.

Medidas buscam aliviar custo de contratação para empregador e iniciam flexibi l ização das regras

Anais Fernandes

SÃO PAULO EspecialiStaS em direito previdenciário que se debruçam sobre a propos­ta de reforma da Previdên­cia apresentada pelo gover­no estão se deparando com

~~a~bae~~~~ respeito à

Advogados ouvidos pela Fo-

cisam fazer essa complemen­tação do próprio bolso.

~o texto deixou claro o que vai acontecer. Do lado do em­presário, o que gerava insegu­rança era saber se aquele tra­balhador estaria ou não asse­gurado pela Previdência no caso de um acidente de tra-

balho, por exemplo", diz Sa­rina Manata, assessora jurí­dica da FecomercioSP (fede­ração do setor em São Paulo).

Bolsonaroe sua equipe eco­nômica, capitaneada pelo mi­nistro Paulo Guedes, sinali­zam desde o ano passado a intenção de aprofundar a fle-

xibilização das leis trabalhis­tas iniciada por Temer, quan­do uma reforma alterou mais de cem pontos daCLT(Conso­lidação das Leis do Trabalho).

De largada, Bolsonaro ex­tinguiu o Ministério do Tra­balho, colocando parte de su­as atribuições sob as asas de

Guedes, que, por sua vez, ti­rou a Previdência da Receita.

Para assumir sua Secreta­ria Especial de Previdência e Trabalho, o ministro escolheu Rogério Marinho (PSDB-RN), que foi deputado federal e re­lator da reforma trabalhista.

Em nota, a secretaria dis-

"Estamos falando de um go­verno [Bolsonarol que quer criar mecanismos para redu­zir o custo dos empresários, o chamado 'custo Brasil: e a con­tribuição previdenciária é um grande elemento desse custo." Continuo nopóg. A18

lhaapontamqueexiste uma r;=================================================;­espéciede reforma trabalhis-ta dentro da previdenciária.

Para lves Gandra da Silva Martins Filho, ministro do TST {Tribunal Superior do Trabalho), a reforma da Pre­vidência segue na linha do ajuste fiscal do teto de gastos quanto ao setor público e na linha da reform a trabalhista quanto ao setor privado.

"O novo governo está com­pletando o que o anterior não conseguiu concluir", diz.

As medidas identificadas até agora indicam a intenção de reôuzir os custos de con-tratação do trabalhador for­mal, wnaantigareivind.icação do setor empresarial.

Uma das mudanças com maior potencial de impacto envolve o custo previdenciá­rio que recai sobre a folha de pagamento - e soma cerca de 30% do custo da mão de obra.

Pelo texto da reforma de )a· ir Bolsonaro (PSL} que está no Congresso, empregados po­derão escolher se vão contri­buir pelo atual regime de Pre­vidência - de repartição, em que as pessoas na ativa sus­tentam o beneficio dos apo­sentados- ou por um novo modelo de capitalização, no qual cada trabalhadortazsua própria poupança.

A capitalização ainda seria regulamentada por lei com­plementar, mas a PEC (Pro­posta de Emenda à Constitui­ção) da Previdência já abre es­paço para que o recolhimen­to dos empregadores seja fa­cultativo nesse regime.

Hoje, o segurado pelo lNSS recolhe de 8% a u %sobre seu salário de contribuição, de­pendendo do valor da remu­neração, enquanto o empresá­rio recolhe "lo% sobre a massa dos salários dos empregados.

A leitura é que a contribui­ção do empregador não será aplicada sobre o salário do funcionário que estiver no re­gime de capitalimção, o que reduziria o custo de mão de obra para a empresa.

O trabalhador, por sua vez, ainda contribuiria, mas den­tro de regras e com valores a serem definidos. A princípio, essas medidas iriam contra o objetivo da reforma de reduzir o rombo na Previdência, ob­serva Mauricio Tanabe, sócio do CarnposMellos Advogados.

Segundo ele, porém, o go­verno aposta que a queda do custo da mão de obra e a desburocratização vão trazer mais trabalhadores para a for­malidade, aumentando aba­se de contribuição.

"Alinhado com o discurso de campanha, o governo aprovei­tou a reforma da Previdência para inserir dispositivos que

~~mm~~ed~ ~b~'l~r~~~~[~~ A PEC traztambém um nor­

te para a contribuição no con­trato intermitente (sem jorna-da fixa), que ficou de fora da refonna trabalhista de Michel Temer(MDB). De acordo com especialistas, a regra confere segurança para empregador e trabalhador.

Pela proposta, empregados que não afcançarem a contri· buição mínima mensal exigi­da para sua categoria poderdo usarovalordeuma contribu· ição que exceder o lirrúte para cobrir essa diferença, ou agru­par recolhimentos baixos pa­ra atingir o valor necessário.

Para enfrentar os desafios

do setor, fabricantes

descentralizam a produção, fecham unidades antigas

e inauguram novas. Qual será o Impacto dessa

mudança nos negócios, nos

empregos e na economia

doPais

Hoje,ostrabalhadorespre- L':================================================'-

Page 2: DOMINGO, 10 DE MARÇO DE 2019 reforma da Previdência PEC da … · 2019-03-11 · ntercado FOLHA DE S.PAULO * * * DOMINGO, 10 DE MARÇO DE 2019 A17 reforma da Previdência PEC da

A18 DOMINGO, 10 DE MARÇO DE 1019

mercado

MERCADO ABERTO Maria Cris tina Frias [email protected]

com Felipe Gutierrez

FOLHA DE S.PAULO * * *

Moro nomeia 'mãe da Lava Jato' para órgão que detectou transações de Queiroz

Pedidos de falência e de recuperação judicial no Brasil < MAIS VERBA, '" MENOS AJUDA

Os pedidos de recuperação judicial caíram 44,7% em fe­vereiro de2019 em relação ao mesmo mês de2ot8, de acordocomaSerasa Expe­rian. Foram 132 solicitações contra 73·

A nomeação de Érika Mare· na como conselheira no Coa f (ConselhodeControledeAtivi· dades Financeiras) indica que o órgão passará por mudan· ças, deacordocom tributaris· tas que conhecem a autarquia.

Marena, ex-delegada da Po· lida Federal e apelidada de "mãe" da Operação Lava Ja· to, foi nomeada pelo minis·

Balanço do Coaf em 1018

7.279 relatórios de inteligência financeira produzidos

Pessoas físicas e jurídicas relacionadas 370mil······· Comunicações de

operaçõeiisllisiiusiÍpeilitjiajs eileilml eíislpécie HOmil •

tro Sérgio Moro para ocupar o posto que foi de Camila Co· lares Bezerra, da Controlado· ria·Geral da União.

Foi Marena também que SO· licitou a prisão de Luiz Carlos Cancellier, ex·reitorda Univer· sidade Federal de Santa Cata· rina que se matou em2017.

O Coalfoi o órgãoquedetec· tou movimentação bancária

6.915 Pedidos de informações de autoridades nacionais

297 trocas de informações com unidades de inteligência f inanceira no exterior

Fonte: Coaf

O PRIVILÉGIO DE PODER ESCOLHER O principal desafio para a maioria (84 %) dos recrutado· res de mão de obra nos pró· ximos meses será encontrar profissionais qualificados, de acordo com a Robert Half, que atua no setor.

"Pessoas com ensino superi· ortêm participado de mais de uma seleção e recebido contra· propostaaopedirdemissão,al· goincomumnosúltimosanos~ diz FernandoMantovan~ dire· to r-geral da consultoria.

A taxa mais baixa de de· sem prego entre trabalhado· res qualificados em relação à da população geral (5,3% con· tra 11,6%) influencia essa pers· pectiva, segW1do ele.

Principais motivos que levam recruta dores a desconsiderar candidatos

Mentira no currículo

Falta de encaixe com cultura da empresa

Ub Falta de interesse pela vaga ... Falar mal do emprego anterior ... Foote: RobertHalf

atípica de Fabricio Queiroz, ex· assessor do senador Flávio Boi· sonaro (PSlrRJ} em seu rnan· dato como deputado estadual

Aex·delegadaéchefedeum departamento do Ministério da Justiça. Tem ~experiência reconhecida na recuperação de ativos e investigaç-J.ode crimes financeiros", seb1tmdo a pasta.

Marenaétecnicamentequa· lificada para o cargo, segundo os advogados, mas o fato de ser oriunda da Polícia Fede· ral sinaliza que o órgão pode· rá virar um braço na policia, nas palavras de um crimina· lista de um grande escritório.

O Coaf não precisa de au· torização judicial para anali· sar movimentação financei· ra. Até o governo Temer, era vinculado à Fazenda.

A possibilidade de o órgão passara investigar pode dimi· nu ir sua capacidade para pro· duzir relatórios de inteligên· cia,segundo uma tributarista.

160

120

80

40

o fev.2018

Font~= se rasa Exp~rian

122

73

fev.2019

EFEITO TRUMP NOS CALÇADOS A exportação brasileira de calçadoscresceu26%em vo· lume no primeiro bimestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2018, segundo a Abicalçados (associação da indústria).

Uma quantidade maior de encomendas dos Estados Unidos é a principal explica· ção para o aumento, de acor· do com Heitor Klein, presi· dente da entidade.

Ao se considerar apenas os EUA, o númerodeparesex· portados subiu cerca de 68%.

"Os importadores ameri· ...........,.

canos olharam mais para o Brasil em função das dispu· tas entre [o presidente Do· nald) Trump e a China", diz o executivo.

"Com a impo;ição de res· trições a produtos chineses, há receio de que haja algum impacto no fornecimento de calçados daquele país."

A tendência é que o rit· mo siga no patamar atual mesmo se o embate entre os dois países for resolvido, afirma Klein.

"Se a tensão prosseguir, o volume deverá até crescer'

Exportação brasileira de calçados no 1• bimestre EmUSSmiltl6es

37,75

509 5,52 •• EUA França Argentina Bolívia Chile

Fontes: ~e~eAbicalçados

Embora as petições de falência tenham registrado aumento de 27,1% nomes­mo período, as decretadas climinuíram28,t%na com­paração anual.

A recuperação judicial diz mais sobre o ciclo econômi­co do que a insolvência em si, segtmdo Luiz Rabi, eco­nomista do birô.

lsso porque o pedido de falência muitas vezes é usa­do como instrumento de pressão dos credores con­tra a inadimplência.

Além disso, o processo até o decreto de bancarrota leva, em média, cinco anos. ~Fevereiro é sempre um

mêscomplicado para a na· lisar devido ao Carnaval, mas notamos que a i na· dimplência de pessoas ju· ri dicas estabilizou no últi· mo trimestre de 2018 e se· gue nesse ritmo", diz.

A expectativa do Serasa é de queda nos pedidos de re· cuperaç-J.o judicial em 2019.

TURIS MO ••• 0 faturamen· to das companhias aéreas domésticasobtido com vi· agens de negócios cresceu 18,6% em janeiro deste ano, segundo a Abracorp (asso· ciação setorial) .

... SEM LAZER 0 número de bilhetesemitidosporagên· cias subiu 13,8% - ao con· sideraro total de assentos daAnac (agência regulado· ra). a alta to i de 3,3%.

HORA DO CAF~ I Tiago Recchia

Mercado:; reagel'll ao at"lúncio da re-forl'l!a da Previdência!

... f'ro-te:;-to:; con-tra a

re.forl'l!a da Previdêt"lcia ...

Re-forl'l!a da Pt"evidêttcia f'odet"á Yecel:>er ar-teraçõe:; no ...

Re.foyl'l!a da Previdência irá

~col'\ol'llizar R$ ·1,-1 -tt"i, diz ...

Jlllili-t..ar~ 5erão il'\cluído:; na re-forl'l!a da

f'revidêl'lcia dePois que ...

. .. -tral'lli-tação da re.forl'l!a da

Previdência 1'\0 Cottgre:;:;o deve. ..

... e a t'~orl'l!a da PreviCiência

5et'á a ...

com Felipe Gutierrez, lgor Utsumi, Ivan Martinez .Vargas c Paula Soprana

PEC da Previdência antecipa reforma trabalhista de Bolsonaro

Continuação da pág. A17 Sólon Cunha, sócio do Mattos Filho e professor da FGV Direi· to SP, ressalta que referências ao mundo do trabalho apare· cem também na proposta da reforma de isentar empresas de recolher o FGTS de aposen· tados que continuam traba·

~~~o~r~â~d~~[:s~~ ~~~ ses empregados.

Cunha lembra que a refor· ma trabalhista impôs uma quarentena para contratados virarem terceirizados, mas excluiu os já aposentados da regra. ~ Isso foi uma primeira porta para terceirizar o apo· sentado imediatamente. A segunda acaba de ser aber· ta com a questão da mu1ta."

Marinho já indicou que o go· vemo estuda ainda atrelar o sistema de capitalização a uma nova modalidade de contra·

to, a carteira verde e amarela. a A ideia é que ela garanta os Maia e presidente

direitos trabalhistas da Cons· discutem tramitação tituição, que são maisgenéri· cos, oferecendo maior liber· dade em sua aplicação.

Com menos custos, especi· alistas apontam que, na práti· ca, a opção por uma carteira e seu respectivo regime previ· denciário será menos do tra· balhador e mais da empresa.

Sem um controle, "a tendên· cia é a nova carteira se tomar a realidade", diz lvani Contini Bramante, desembargadora

~~J~~;~~~~~p~~~';!l gião)e professornda Faculda· de de Direito de São Bematdo.

Otávio Pinto e Silva, sócio do Siqueira Castro e professor da USE! lembra a instituição do FGTS, que tornou let ra morta artigo da CLT assegurando es· tabilidadeao trabalhador com

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM·RJ). encontrou·se com Jair Bolsomro (PSL) na manhã deste sábado (9) para conversar sobre a tramitação da refa-ma da Previdência. Maia esteve no Alvorada por uma hora e saiu sem falar com a imprensa. Segundo relatos feitos à Folha, na conversa os dois afinaram discurso

~2~~~~~o~~l;~a~~or~fr;~a. de Maia ter dito recentemente que o governo ainda não tem os votos necessários para que o texto passe na Câmara. Por outro lado, Bolsonaro ouviu do deputado que é preciso ter mais cautela nas declarações sobre a Previdência.

dez anos ou mais de empresa. "Ele teria a opção de esco·

lher. Na prática, ou concor· dava com o fundo ou não te· ria o emprego. É importante falar em alternativas para as empresas gerirem suas rela· Çóes, mas, sem proteções nú · nimas, cria· se um mecanismo de negociação em que, muitas vezes, o trabalhador não tem opção de escolha real."

Esses limites definidos pe· lo Estado, para especialistas, poderiam incluir a validade da carteira verde e amarela apenas para o primeiro em· prego, limitação de prazo do contrato, porte das em presas elegíveis e percentual de car· gos contratados pela carteira.

"Não existe negociação com uma pessoa em inferiorida· de técnica, econômica e jurí· dica. Se deixar o mercado re· guiar, vamos ver o domínio do mais forte", diz Jorge Pinhei· ro Castelo, advogado traba· lhista e conselheiro estadual da OAB·SP(Ordem dosAdvo· gados do Brasil).

D Benefícios na reforma para os empregadores

Desoneração da folha · A PEC da reforma

abre espaço para que o recolhimen:o dos empregadores seja facultativo na capitalização

·Hoje, o segurado pelo INSS recolhe de 8% a 11% sobre seu salário de contribuição. Já o empregador recolhe, em sua maior ia, 20% sobre a massa dos salários

· Se a contribu ção do empregador não for aplicada sobre o salário do funcionárb da capitalização, o custo de mão de otra para a empresa ca rá

Contrato intermitente · A proposta regulamenta a

cont ribuição previdenciâria do trabalhador sem jornada fixa, tema que não foi contemplado na re forma trabalhista de Michel Temer (MDB)

• Empregados q ue não alcançarem a contribuição mínima mensal exigida para sua categoria poderão ou usar o valor de uma contribuição que exceder o limite para cobrir essa diferença ou agrupar recolhimentos baixos para atingir o valor necessário

· Segundo especialista, medida gerava insegurança para saber se o trabalhador teria direito à cobertura previdenciária em caso de acidente de trabalho

Desobrigação do FGTS · A reforma acaba com a multa para os aposentados que forem demitidos após a aprovação das novas regras

• Parte dos aposentados também perderâ os depósitos mensais do FGTS

· As medidas ampliariam o uso da mão de obra dos mais velhos

bmartins
Realce
bmartins
Realce