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ORAÇÃO AO ESPÍRITO SANTO Espírito Santo, tu és a alma de minha alma! Adoro-te humildemente. Ilumina-me, dirige-me, conduze-me, fortalece-me, consola-me. Revela-me teus desejos, tanto quanto corresponder aos planos do eterno Pai. Faze-me conhecer o que o amor eterno deseja de mim. Faze-me conhecer o que devo fazer. Faze-me conhecer o eu devo sofrer. Faze-me conhecer o que eu devo aceitar, em silêncio, modéstia e reflexão, carregar e suportar. Sim, Espírito Santo, faze-me conhecer tua vontade e a vontade do Pai, pois quero que toda a minha vida não seja senão um contínuo e perene SIM aos desejos e a vontade do eterno Pai. Amém.

DONS E FRUTOS DO ESPÍRITO SANTO.docx

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ORAO AO ESPRITO SANTO

Esprito Santo, tu s a alma de minha alma! Adoro-te humildemente. Ilumina-me, dirige-me, conduze-me, fortalece-me, consola-me. Revela-me teus desejos, tanto quanto corresponder aos planos do eterno Pai. Faze-me conhecer o que o amor eterno deseja de mim. Faze-me conhecer o que devo fazer. Faze-me conhecer o eu devo sofrer. Faze-me conhecer o que eu devo aceitar, em silncio, modstia e reflexo, carregar e suportar. Sim, Esprito Santo, faze-me conhecer tua vontade e a vontade do Pai, pois quero que toda a minha vida no seja seno um contnuo e perene SIM aos desejos e a vontade do eterno Pai.

Amm.

Vinde, Esprito Santo, enchei meu corao, eu que sou vosso fiel, e acendei nele o fogo do vosso amor. Enviai, Senhor, o vosso Esprito e tudo ser criado e renovareis a face da terra. Deus, que iluminais os coraes dos vossos fiis com as luzes do Esprito Santo, concedei-me que, no mesmo Esprito, eu saiba o que reto e goze sempre de suas consolaes. Por Cristo, com Cristo e em Cristo, na unidade do Esprito Santo. Toda honra e toda a glria. Agora e para sempre. Amm.

Dons do Esprito Santo Sabedoria, Inteligncia/Entendimento, Conselho, Fortaleza, Cincia, Temor a Deus.Frutos do Esprito Santo Caridade, Alegria, Paz, Pacincia, Longanimidade, Bondade, Benignidade, Mansido, Fidelidade, Modstia, Continncia, Castidade.

CATEQUESEPraa So Pedro VaticanoQuarta-feira, 9 de abril de 2014

Queridos irmos e irms, bom dia!Iniciamos hoje um ciclo de catequeses sobre os dons do Esprito Santo. Vocs sabem que o Esprito Santo constitui a alma, a seiva vital da Igreja e de cada cristo: o amor de Deus que faz do nosso corao a sua morada e entra em comunho conosco. O Esprito Santo est sempre conosco, est sempre em ns, no nosso corao.O prprio Esprito o dom de Deus por excelncia (cfr Jo 4, 10), um presente de Deus e sua volta comunica a quem o acolhe diversos dons espirituais. A Igreja identifica sete, nmero que simbolicamente diz plenitude, completude; so aqueles que se aprendem quando nos preparamos ao sacramento da Confirmao e que invocamos na antiga orao chamada Sequncia ao Esprito Santo. Os dons do Esprito Santo so: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, cincia, piedade e temor a Deus1. O primeiro dom do Esprito Santo, segundo este elenco, ento a sabedoria. Mas no se trata simplesmente da sabedoria humana, que fruto do conhecimento e da experincia. Na Bblia conta-se que Salomo, no momento da sua coroao como rei de Israel, tinha pedido o dom da sabedoria (cfr 1 Re 3, 9). E a sabedoria justamente isso: a graa de poder ver cada coisa com os olhos de Deus. simplesmente isso: ver o mundo, ver as situaes, as conjunturas, os problemas, tudo, com os olhos de Deus. Esta a sabedoria. Algumas vezes vemos as coisas segundo o nosso prazer ou segundo a situao do nosso corao, com amor ou com dio, com inveja No, estes no so os olhos de Deus. A sabedoria aquilo que faz o Esprito Santo em ns a fim de que ns vejamos todas as coisas com os olhos de Deus. este o dom da sabedoria.2. E obviamente isto deriva da intimidade com Deus, da relao ntima que ns temos com Deus, da relao de filhos com o Pai. E o Esprito Santo, quando ns temos esta relao, nos d o dom da sabedoria. Quando estamos em comunho com o Senhor, como se o Esprito Santo transfigurasse o nosso corao e o fizesse perceber todo o seu calor e a sua predileo.3. O Esprito Santo torna ainda o cristo sbio. Isto, porm, no no sentido de que tem uma resposta para cada coisa, que sabe tudo, mas no sentido de que sabe de Deus, sabe como Deus age, conhece quando uma coisa de Deus e quando no de Deus; tem esta sabedoria que Deus d aos nossos coraes. O corao do homem sbio neste sentido tem o gosto e o sabor de Deus. E quo importante que nas nossas comunidades haja cristos assim! Tudo neles fala de Deus e se torna um sinal belo e vivo da sua presena e do seu amor. E isto uma coisa que no podemos improvisar, que no podemos procurar por ns mesmos: um dom que Deus faz queles que se tornam dceis ao Esprito Santo. Ns temos dentro de ns, no nosso corao, o Esprito Santo; podemos escut-Lo, podemos no escut-Lo. Se ns escutamos o Esprito Santo, Ele nos ensina esta via da sabedoria, presenteia-nos com a sabedoria que ver com os olhos de Deus, ouvir com os ouvidos de Deus, amar com o corao de Deus, julgar as coisas com o juzo de Deus. Esta a sabedoria que nos d o Esprito Santo e todos ns podemos t-la. Somente devemos pedi-la ao Esprito Santo.Pensem em uma me, em sua casa, com as crianas que, quando uma faz uma coisa, a outra pensa em outra, e a pobre me vai de um lado a outro, com os problemas das crianas. E quando as mes se cansam e gritam com as crianas, isto sabedoria? Repreender as crianas pergunto-vos sabedoria? O que vocs dizem: sabedoria ou no? No! Em vez disso, quando a me pega a criana e a repreende docemente e lhe diz: Isto no se faz por isso e lhe explica com tanta pacincia, isto sabedoria de Deus? Sim! aquilo que nos d o Esprito Santo na vida! Depois, no matrimnio, por exemplo, os dois esposos o esposo e a esposa brigam e depois no se olham ou se o fazem com a cara amarrada: isto sabedoria de Deus? No! Em vez disso, se diz: Bem, a tempestade passou, faamos as pazes, e recomeam a seguir adiante em paz: isto sabedoria? [o povo: Sim!] Sim, este o dom da sabedoria. Que esteja casa, que esteja com as crianas, que esteja com todos ns!E isto no se aprende: isto um presente do Esprito Santo. Por isto, devemos pedir ao Senhor que nos d o Esprito Santo e nos d o dom da sabedoria, daquela sabedoria de Deus que nos ensina a olhar com os olhos de Deus, a ouvir com o corao de Deus, a falar com as palavras de Deus. E assim, com esta sabedoria, vamos adiante, construmos a famlia, construmos a Igreja e todos nos santificamos. Peamos hoje a graa da sabedoria. E peamos Nossa Senhora, que a sede da sabedoria, este dom: que Ela nos d esta graa. Obrigado!

CATEQUESEPraa So Pedro VaticanoQuarta-feira, 30 de abril de 2014

Queridos irmos e irms, bom diaDepois de ter falado da sabedoria, como primeiro dos sete dons do Esprito Santo, hoje gostaria de colocar a ateno sobre o segundo dom, isso , o entendimento. No se trata daquela inteligncia humana, da capacidade intelectual de que podemos ser mais ou menos dotados. , em vez disso, uma graa que s o Esprito Santo pode infundir e que suscita no cristo a capacidade de ir alm do aspecto externo da realidade e perscrutar as profundezas do pensamento de Deus e do seu plano de salvao.O apstolo Paulo, dirigindo-se comunidade de Corinto, descreve bem os efeitos deste dom isso , o que faz o dom do entendimento em ns e Paulo diz isso: Coisas que os olhos no viram, nem os ouvidos ouviram, nem o corao humano imaginou (Is 64, 4) tais so os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Todavia, Deus no-las revelou pelo seu Esprito (1 Cor 2,9-10). Isso obviamente no significa que um cristo possa compreender cada coisa e ter uma plena conscincia dos planos de Deus: tudo isso permanece espera de manifestar-se em toda a sua clareza quando nos encontrarmos diante dos olhos de Deus e formos realmente uma s coisa com Ele. Porm, como sugere a prpria palavra, a inteligncia permite intus legere, isso , de ler por dentro: este dom nos faz entender as coisas como Deus as entende, com a inteligncia de Deus. Porque uma pessoa pode entender uma situao com a inteligncia humana, com prudncia, e tudo bem. Mas entender uma situao em profundidade, como a entende Deus, o efeito deste dom. E Jesus quis enviar-nos o Esprito Santo para que ns tenhamos este dom, para que todos ns possamos entender as coisas como Deus as entende, com a inteligncia de Deus. um belo presente que o Senhor deu a todos ns. o dom com o qual o Esprito Santo nos introduz na intimidade com Deus e nos torna participantes do plano de amor que Ele tem conosco. claro, ento, que o dom da inteligncia est estreitamente conectado f. Quando o Esprito Santo habita o nosso corao e ilumina a nossa mente, faz-nos crescer dia aps dia na compreenso daquilo que o Senhor disse e realizou. O prprio Jesus disse aos seus discpulos: eu vos enviarei o Esprito Santo e Ele vos far entender tudo aquilo que eu vos ensinei. Entender os ensinamentos de Jesus, entender a sua Palavra, entender o Evangelho, entender a Palavra de Deus. Algum pode ler o Evangelho e entender alguma coisa, mas se ns lemos o Evangelho com este dom do Esprito Santo podemos entender a profundidade das palavras de Deus. E isto um grande dom, um grande dom que todos ns devemos pedir e pedir juntos: Dai-nos, Senhor, o dom do entendimento.H um episdio do Evangelho de Lucas que exprime muito bem a profundidade e a fora deste dom. Depois de ter visto a morte na cruz e o sepultamento de Jesus, dois de seus discpulos, desiludidos e tristes, vo a Jerusalm e retornam ao vilarejo de nome Emas. Enquanto esto a caminho, Jesus ressuscitado se aproxima e comea a falar com eles, mas os seus olhos, velados pela tristeza e pelo desespero, no so capazes de reconhec-Lo. Jesus caminha com eles, mas eles esto to tristes, to desesperados, que no O reconhecem. Quando, porm, o Senhor explica a eles as Escrituras, para que compreendessem que Ele deveria sofrer e morrer e depois ressuscitar, as suas mentes se abrem e nos seus coraes se reacende a esperana (cfr Lc 24, 13-27). E isto o que faz o Esprito Santo conosco: abre-nos a mente, abre-nos para entender melhor, para entender melhor as coisas de Deus, as coisas humanas, as situaes, todas as coisas. importante o dom do entendimento para a nossa vida crist. Peamos esse dom ao Senhor, que nos d, que d a todos ns este dom para entender, como Ele entende, as coisas que acontecem e para entender, sobretudo, a Palavra de Deus no Evangelho. Obrigado.

CATEQUESEPraa So Pedro VaticanoQuarta-feira, 7 de maio de 2014

Queridos irmos e irms, bom dia!Ouvimos na leitura do trecho do livro dos Salmos O Senhor me deu conselho, mesmo de noite o meu corao me exorta (Sal 16, 7). E este um outro dom do Esprito Santo: o dom do conselho. Sabemos quanto importante, nos momentos mais delicados, poder contar com sugestes de pessoas sbias e que nos querem bem. Ora, atravs do dom do conselho, o prprio Deus, com o seu Esprito, a iluminar o nosso corao, de forma a nos fazer compreender o modo correto de falar e de se comportar e o caminho a seguir. Mas como esse dom age em ns?1. No momento em que o acolhemos e o hospedamos no nosso corao, o Esprito Santo logo comea a nos tornar sensveis sua voz e a orientar os nossos pensamentos, os nossos sentimentos e as nossas intenes segundo o corao de Deus. Ao mesmo tempo, leva-nos sempre mais a dirigir o olhar interior para Jesus, como modelo do nosso modo de agir e de nos relacionarmos com Deus Pai e com os irmos. O conselho, ento, o dom com que o Esprito Santo torna a nossa conscincia capaz de fazer uma escolha concreta em comunho com Deus, segundo a lgica de Jesus e do seu Evangelho. Deste modo, o Esprito nos faz crescer interiormente, faz-nos crescer positivamente, faz-nos crescer na comunidade e nos ajuda a no ficar merc do egosmo e do prprio modo de ver as coisas. Assim, o Esprito nos ajuda a crescer e tambm a viver em comunidade. A condio essencial para conservar este dom a orao. Sempre voltamos ao mesmo tema: a orao! Mas to importante a orao. Rezar com as oraes que todos ns sabemos desde criana, mas tambm rezar com as nossas palavras. Rezar ao Senhor: Senhor, ajuda-me, aconselha-me, o que devo fazer agora?. E com a orao abrimos espao, a fim de que o Esprito venha e nos ajude naquele momento, aconselhe-nos sobre o que ns devemos fazer. A orao! Nunca esquecer a orao. Nunca! Ningum, ningum percebe quando ns rezamos no nibus, na estrada: rezamos em silncio com o corao. Aproveitemos esses momentos para rezar, rezar para que o Esprito nos d o dom do conselho.2. Na intimidade com Deus e na escuta da sua Palavra, gradualmente colocamos de lado a nossa lgica pessoal, ditada nas maiorias das vezes pelos nossos fechamentos, pelos nossos preconceitos e pelas nossas ambies, e aprendemos, em vez disso, a perguntar ao Senhor: qual o teu desejo, qual a tua vontade, o que te agrada? Deste modo amadurece em ns uma sintonia profunda, quase inata no Esprito e se experimenta quanto so verdadeiras as palavras de Jesus reportadas no Evangelho de Mateus: No vos preocupeis nem pela maneira com que haveis de falar nem com que haveis de dizer: naquele momento, ser-vos- inspirado o que haveis de dizer. Porque no sereis vs que falareis, mas o Esprito de vosso Pai que falar em vs (Mt 10, 19-20). o Esprito que nos aconselha, mas ns devemos abrir espao ao Esprito, para que possa nos aconselhar. E abrir espao rezar, rezar para que Ele venha e nos ajude sempre.3. Como todos os outros dons do Esprito, ento, tambm o conselho constitui um tesouro para toda a comunidade crist. O Senhor no nos fala somente na intimidade do corao, fala-nos sim, mas no somente ali, mas nos fala tambm atravs da voz e do testemunho dos irmos. realmente um grande dom poder encontrar homens e mulheres de f, que, sobretudo nos momentos mais complicados e importantes da nossa vida, ajudam-nos a fazer luz no nosso corao, a reconhecer a vontade do Senhor!Eu me lembro uma vez no santurio de Lujn, estava no confessionrio, diante o qual havia uma fila longa. Havia um rapaz todo moderno, com piercings e tatuagens, todas estas coisas E veio para me dizer algo que acontecia com ele. Era um problema grande, difcil. E me disse: eu contei tudo isso minha me e ela me disse: v Nossa Senhora e ela te dir o que voc deve fazer. Eis uma mulher que tinha o dom do conselho. No sabia encontrar uma sada para o problema do filho, mas indicou o caminho justo: V a Nossa Senhora e ela lhe dir. Este o dom do conselho. Aquela mulher humilde, simples, deu ao filho o conselho mais verdadeiro. De fato, este rapaz me disse: olhei para Nossa Senhora e senti que devia fazer isto, isto e isto Eu no precisei falar, j tinham dito tudo sua me e o prprio rapaz. Este o dom do conselho. Vocs, mes, que tm este dom, peam no para os seus filhos. O dom de aconselhar os filhos um dom de Deus.Queridos amigos, o Salmo 16, que ouvimos, convida-nos a rezar com estas palavras: Bendigo o Senhor porque me deu conselho, porque mesmo de noite o corao me exorta. Ponho sempre o Senhor diante dos olhos, pois ele est minha direita, no vacilarei (vv. 7-8). Que o Esprito possa sempre infundir no nosso corao esta certeza e nos encher assim com o seu consolo e a sua paz! Peam sempre o dom do conselho.

CATEQUESEPraa So Pedro VaticanoQuarta-feira, 14 de maio de 2014

Queridos irmos e irms, bom dia!Refletimos nas catequeses passadas sobre os primeiros trs dons do Esprito Santo: a sabedoria, o entendimento e o conselho. Hoje pensemos naquilo que o Senhor faz: Ele vem sempre para nos apoiar na nossa fraqueza e faz isto com um dom especial: o dom da fortaleza.1. H uma parbola, contada por Jesus, que nos ajuda a acolher a importncia deste dom. Um semeador sai para semear; nem toda a semente que espalha, porm, d fruto. Aquilo que acaba pelo caminho comido pelos pssaros; aquilo que cai em terreno rochoso ou em meio a espinhos semeia, mas logo secado pelo sol ou sufocado pelos espinhos. Somente aquilo que termina em terreno bom pode crescer e dar fruto (cfr Mc 4, 3-9 // Mt 13, 3-9 // Lc 8, 4-8). Como o prprio Jesus explica aos seus discpulos, este semeador representa o Pai, que espalha abundantemente a semente da sua Palavra. A semente, porm, muitas vezes encontra a aridez do nosso corao e, mesmo quando acolhida, corre o risco de permanecer estril. Com o dom da fortaleza, em vez disso, o Esprito Santo liberta o terreno do nosso corao, liberta-o do torpor, das incertezas e de todos os nossos medos que possam impedi-Lo, de modo que a Palavra do Senhor seja colocada em prtica, de modo autntico e alegre. uma verdadeira ajuda este dom da fortaleza, d-nos fora, liberta-nos tambm de tantos impedimentos.2. H tambm momentos difceis e situaes extremas nas quais o dom da fortaleza se manifesta de modo extraordinrio, exemplar. o caso daqueles que se encontram diante de experincias particularmente duras e dolorosas, que perturbam suas vidas e de seus entes queridos. A Igreja resplandece com o testemunho de tantos irmos e irms que no exitaram em dar a prpria vida para permanecerem fiis ao Senhor e ao seu Evangelho. Mesmo hoje no faltam cristos que em tantas partes do mundo continuam a celebrar e a testemunhar a sua f, com profunda convico e serenidade, e resistem mesmo quando sabem que isso pode comportar um preo mais alto. Tambm ns, todos ns, conhecemos pessoas que viveram situaes difceis, tantas dores. Pensemos naqueles homens, naquelas mulheres que levam uma vida difcil, lutam para levar adiante a famlia e educar os filhos: fazem tudo isso porque h o esprito de fortaleza que os ajuda. Quantos homens e mulheres ns no sabemos seus nomes que honram nosso povo, nossa Igreja, porque so fortes: fortes em levar adiante sua vida, sua famlia, seu trabalho, sua f. Estes nossos irmos e irms so santos, santos no cotidiano, santos escondidos em meio a ns: tm justamente o dom da fortaleza para poder levar adiante o seu dever de pessoas, de pais, de mes, de irmos, de irms, de cidados. Temos tantos! Agradeamos ao Senhor por estes cristos que so de uma santidade escondida: o Esprito Santo que tm dentro que os leva adiante! E nos far bem pensar nessas pessoas: se elas fazem tudo isso, se elas podem faz-lo, por que no eu? E nos far bem tambm pedir ao Senhor que nos d o dom da fortaleza.3. No preciso pensar que o dom da fortaleza seja necessrio somente em algumas ocasies, ou em situaes particulares. Este dom deve constituir um pano de fundo do nosso ser cristo, na ordinariedade da nossa vida cotidiana. Como disse, em todos os dias da vida cotidiana devemos ser fortes, temos necessidade desta fortaleza, para levar adiante a nossa vida, a nossa famlia, a nossa f. O apstolo Paulo disse uma frase que nos far bem ouvir: Tudo posso naquele que me fortalece (Fil 4, 13). Quando enfrentamos a vida ordinria, quando vm as dificuldades, recordemos isto: Tudo posso naquele que me fortalece. O Senhor nos d a fora, sempre, no a deixa faltar. O Senhor no nos d uma prova maior do que podemos tolerar. Ele est sempre conosco. Tudo posso naquele me fortalece.Queridos amigos, s vezes podemos ser tentados a nos deixar levar pela preguia ou, pior, pelo desnimo, sobretudo diante dos cansaos e das provaes da vida. Nestes casos, no vamos desanimar, invoquemos o Esprito Santo para que, com o dom da fortaleza, possa aliviar o nosso corao e comunicar nova fora e entusiasmo na nossa vida e no nosso seguimento a Jesus

CATEQUESEPraa So Pedro VaticanoQuarta-feira, 21 de maio de 2014

Queridos irmos e irms, bom diaHoje gostaria de destacar outro dom do Esprito Santo, o dom da cincia. Quando se fala de cincia, o pensamento vai imediatamente capacidade do homem de conhecer sempre melhor a realidade que o cerca e de descobrir as leis que regulam a natureza e o universo. A cincia que vem do Esprito Santo, porm, no se limita ao conhecimento humano: um dom especial, que nos leva a entender, atravs da criao, a grandeza e o amor de Deus e a sua relao profunda com cada criatura.1. Quando os nossos olhos so iluminados pelo Esprito, abrem-se contemplao de Deus, na beleza da natureza e na grandiosidade do cosmo, e nos levam a descobrir como cada coisa nos fala Dele e do seu amor. Tudo isto suscita em ns grande admirao e um profundo sentido de gratido! a sensao que experimentamos tambm quando admiramos uma obra de arte ou qualquer outra maravilha que seja fruto da inveno e da criatividade do homem: diante de tudo isso, o Esprito nos leva a louvar o Senhor do fundo do nosso corao e a reconhecer, em tudo aquilo que temos e somos, um dom inestimvel de Deus e um sinal do seu infinito amor por ns.2. No primeiro captulo do Gnesis, propriamente no incio de toda a Bblia, coloca-se em evidncia que Deus se alegra com a sua criao, destacando repetidamente a beleza e a bondade de cada coisa. Ao trmino de cada dia, est escrito: Deus viu que era coisa boa (1, 12. 18. 21. 25): se Deus v que a criao uma coisa boa, uma coisa bela, tambm ns devemos assumir esta atitude e ver que a criao coisa boa e bela. Eis o dom da cincia que nos faz ver esta beleza, portanto louvamos a Deus agradecendo-lhe por ter nos dado tanta beleza. E quando Deus terminou de criar o homem no disse viu que era coisa boa, mas disse que era muito boa (v. 31). Aos olhos de Deus ns somos a coisa mais bela, grande, boa da criao: mesmo os anjos esto abaixo de ns, ns somos mais que os anjos, como ouvimos no livro dos Salmos. O Senhor nos quer bem! Devemos agradecer a Ele por isto. O dom da cincia nos coloca em profunda sintonia com o Criador e nos faz participar da clareza do seu olhar e do seu juzo. nesta perspectiva que conseguimos entender no homem e na mulher o vrtice da criao, como cumprimento de um projeto de amor que est impresso em cada um de ns e que nos faz reconhecer como irmos e irms.3. Tudo isto motivo de serenidade e de paz e faz do cristo um testemunho alegre de Deus, nos passos de So Francisco de Assis e de tantos santos que souberam louvar e cantar o seu amor atravs da contemplao da criao. Ao mesmo tempo, porm, o dom da cincia nos ajuda a no cair em algumas atitudes excessivas ou erradas. A primeira constituda pelo risco de nos considerarmos donos da criao. A criao no uma propriedade, na qual podemos mandar de acordo com a nossa vontade; nem, to pouco, uma propriedade somente de alguns, de poucos: a criao um presente, um presente maravilhoso de Deus que nos deu para que cuidemos dela e a utilizemos em benefcio de todos, sempre com grande respeito e gratido. A segunda atitude errada representada pela tentao de nos pararmos nas criaturas, como se estas pudessem oferecer a resposta a todas as nossas expectativas. Com o dom da cincia, o Esprito nos ajuda a no cair neste erro.Mas gostaria de retornar ao primeiro caminho errado: dominar a criao em vez de proteg-la. Devemos proteger a criao porque um presente que o Senhor nos deu, um presente de Deus para ns; ns somos guardies da criao. Quando ns exploramos a criao, destrumos o sinal do amor de Deus. Destruir a criao dizer a Deus: no gosto. E isto no bom: eis o pecado.A proteo da criao justamente a proteo do presente de Deus e dizer a Deus: obrigado, eu sou o guardio da criao, mas para faz-la progredir, nunca para destruir o teu presente. Esta deve ser a nossa atitude diante da criao: proteg-la, porque se ns destrumos a criao, a criao nos destruir! No se esqueam disso. Uma vez eu estava no campo e ouvi um dito de uma pessoa simples, que gostava tanto das flores e cuidava delas. Disse-me: Devemos proteger estas coisas belas que Deus nos deu; a criao para ns a fim de que ns a aproveitemos bem; no explorar, mas proteg-la, porque Deus perdoa sempre, ns homens perdoamos algumas vezes, mas a criao no perdoa jamais e se voc no a protege ela te destruir.Isto deve nos fazer pensar e pedir ao Esprito Santo o dom, o dom da cincia para entender bem que a criao o mais belo presente de Deus. Ele fez tantas coisas boas para a melhor coisa que a pessoa humana.

CATEQUESEPraa So Pedro VaticanoQuarta-feira, 4 de junho de 2014

Queridos irmos e irms, bom dia,Hoje queremos nos concentrar em um dom do Esprito Santo que tantas vezes mal entendido ou considerado de modo superficial, e em vez disso toca no corao a nossa identidade e a nossa vida crist: trata-se do dom da piedade. preciso esclarecer logo que este dom no se identifica com ter compaixo de algum, ter piedade do prximo, mas indica a nossa pertena a Deus e a nossa ligao profunda com Ele, uma ligao que d sentido a toda a nossa vida e que nos mantm sadios, em comunho com Ele, mesmo nos momentos mais difceis e conturbados.1. Esta ligao com o Senhor no deve ser entendida como um dever ou uma imposio. uma ligao que vem de dentro. Trata-se de uma relao vivida com corao: a nossa amizade com Deus, dada a ns por Jesus, uma amizade que muda a nossa vida e nos enche de entusiasmo, de alegria. Por isso, o dom da piedade suscita em ns antes de tudo a gratido e o louvor. este, na verdade, o motivo e o sentido mais autntico do nosso culto e da nossa adorao. Quando o Esprito Santo nos faz perceber a presena do Senhor e todo o seu amor por ns, aquece-nos o corao e nos move quase naturalmente orao e celebrao. Piedade, ento, sinnimo de autntico esprito religioso, de intimidade filial com Deus, daquela capacidade de rezar a Ele com amor e simplicidade que prpria das pessoas humildes de corao.2. Se o dom da piedade nos faz crescer na relao e na comunho com Deus e nos leva a viver como seus filhos, ao mesmo tempo nos ajuda a dirigir este amor tambm para os outros e a reconhec-los como irmos. E ento sim seremos movidos por sentimentos de piedade no de pietismo! nos confrontos com quem est prximo a ns e com aqueles que encontramos todos os dias. Por que digo no de pietismo? Porque alguns pensam que ter piedade fechar os olhos, fazer uma cara de imagem, fazer de conta que um santo. No dialeto piemonts se diz fare la mugna quacia. Este no o dom da piedade. O dom da piedade significa ser realmente capaz de alegar-se com quem est na alegria, de chorar com quem chora, de estar prximo a quem est sozinho ou angustiado, de corrigir quem est no erro, de consolar quem est aflito, de acolher e socorrer quem est precisando. H uma relao muito estreita entre o dom da piedade e a mansido. O dom da piedade que nos d o Esprito Santo nos faz mansos, nos faz tranquilos, pacientes, em paz com Deus, a servio dos outros com mansido.Queridos amigos, na Carta aos Romanos o apstolo Paulo afirma: Todos aqueles que so conduzidos pelo Esprito de Deus so filhos de Deus. Porquanto no recebestes um esprito de escravido para viverdes ainda no temor, mas recebestes o esprito de adoo pelo qual clamamos: Aba! Pai (Rm 8,14-15). Peamos ao Senhor que o dom do seu Esprito possa vencer o nosso temor, as nossas incertezas, tambm o nosso esprito inquieto, impaciente, e possa nos tornar testemunhas alegres de Deus e do seu amor, adorando o Senhor em verdade e tambm no servio ao prximo com mansido e com sorriso que sempre o Esprito Santo nos d na alegria. Que o Esprito Santo d a todos ns este dom da piedade.CATEQUESEPraa So Pedro VaticanoQuarta-feira, 11 de junho de 2014

Queridos irmos e irms, bom dia,O dom do temor de Deus, do qual falamos hoje, conclui a srie dos sete dons do Esprito Santo. No significa ter medo de Deus: sabemos bem que Deus Pai e que nos ama e quer a nossa salvao e sempre perdoa, sempre; por isso no h motivo para ter medo Dele! O temor de Deus, em vez disso, o dom do Esprito que nos recorda quanto somos pequenos diante de Deus e do seu amor e que o nosso bem est em nos abandonarmos com humildade, com respeito e confiana em suas mos. Este o temor de Deus: o abandono na bondade do nosso Pai que nos quer tanto bem.1. Quando o Esprito Santo faz morada em nosso corao, infunde em ns consolo e paz e nos leva a nos sentirmos assim como somos, isso , pequenos, com aquela atitude to recomendada por Jesus no Evangelho de quem coloca todas as suas preocupaes e as suas expectativas em Deus e se sente envolvido e apoiado pelo seu calor e pela sua proteo, justamente como uma criana com o seu pai! O Esprito Santo faz isso nos nossos coraes: nos faz sentir como crianas nos braos do nosso pai. Nesse sentido, ento, compreendemos bem como o temor de Deus vem assumir em ns a forma da docilidade, do reconhecimento e do louvor, enchendo o nosso corao de esperana. Tantas vezes, de fato, no conseguimos acolher o desgnio de Deus e percebemos que no somos capazes de assegurarmos por ns mesmos a felicidade e a vida eterna. justamente na experincia dos nossos limites e da nossa pobreza, porm, que o Esprito nos conforta e nos faz perceber como a nica coisa importante deixar-nos conduzir por Jesus entre os braos do seu Pai.2. Eis porque temos tanta necessidade deste dom do Esprito Santo. O temor de Deus nos faz tomar conscincia de que tudo vem da graa e que a nossa verdadeira fora est unicamente em seguir o Senhor Jesus e em deixar que o Pai possa derramar sobre ns a sua bondade e a sua misericrdia. Abrir o corao para que a bondade e a misericrdia de Deus venham at ns. O Esprito Santo faz isso com o dom do temor de Deus: abre os coraes. Corao aberto a fim de que o perdo, a misericrdia, a bondade, os carinhos do Pai venham a ns, para que ns sejamos filhos infinitamente amados.2. Quando somos permeados pelo temor de Deus ento somos levados a seguir o Senhor com humildade, docilidade e obedincia. Isto, porm, no com atitude de resignao, passiva, mesmo lamentosa, mas com o estupor e a alegria de um filho que se reconhece servido e amado pelo Pai. O temor de Deus, ento, no faz de ns cristos tmidos, acomodados, mas gera em ns coragem e fora! um dom que faz de nos cristos convictos, entusiasmados, que no ficam submetidos ao Senhor por medo, mas porque so comovidos e conquistados pelo seu amor! Ser conquistado pelo amor de Deus! E isto uma coisa bela. Deixar-se conquistar por este amor de pai, que nos ama tanto, ama-nos com todo o seu corao.Mas, estejamos atentos, porque o dom de Deus, o dom do temor de Deus tambm um alarme diante da persistncia no pecado. Quando uma pessoa vive no mal, quando blasfema contra Deus, quando explora os outros, quando lhes tiraniza, quando vive somente para o dinheiro, para a vaidade, o poder ou o orgulho, ento o santo temor de Deus nos coloca um alerta: ateno! Com todo este poder, como todo este dinheiro, com todo o teu orgulho, com toda a tua vaidade, no sers feliz. Ningum pode levar consigo para o outro lado nem o dinheiro nem o poder, nem a vaidade nem o orgulho. Nada! Podemos levar somente o amor que Deus Pai nos d, os carinhos de Deus, aceitos e recebidos por ns com amor. E podemos levar aquilo que fizemos pelos outros. Ateno para no colocar a esperana no dinheiro, no orgulho, no poder, na vaidade, porque tudo isso no pode nos prometer nada de bom! Penso, por exemplo, nas pessoas que tm responsabilidade sobre os outros e se deixam corromper; vocs pensam que uma pessoa corrupta ser feliz do outro lado? No, todo o fruto da sua corrupo corrompeu o seu corao e ser difcil ir para o Senhor. Penso naqueles que vivem do trfico de pessoas e do trabalho escravo; vocs pensam que esta gente que trafica as pessoas, que explora as pessoas com o trabalho escravo tem no corao o amor de Deus? No, no tm o temor de Deus e no so felizes. No so. Penso naqueles que fabricam armas para fomentar guerras; mas pensem que profisso esta. Estou certo de que se fao agora a pergunta: quantos de vocs so fabricantes de armas? Ningum, ningum. Estes fabricantes de armas no vem ouvir a Palavra de Deus! Estes fabricam a morte, so mercantes de morte e fazem mercadoria de morte. Que o temor de Deus faa com que eles compreendam que um dia tudo termina e que devero prestar contas a Deus.Queridos amigos, o Salmo 34 nos faz rezar assim: Este miservel clamou e o Senhor o ouviu, de todas as angstias o livrou. O anjo do Senhor acampa em redor dos que o temem e os salva (vv. 7-8). Peamos ao Senhor a graa de unir a nossa voz quela dos pobres, para acolher o dom do temor de Deus e poder nos reconhecermos, junto a eles, revestidos da misericrdia e do amor de Deus, que o nosso Pai, o nosso Pai. Assim seja.

Os doze principais frutos do Esprito SantoConsiderando os frutos do Esprito Santo como sendo todos os atos ltimos e deleitveis das virtudes e dos dons - ou, em outras palavras, como todas as obras virtuosas com que nos comprazemos -, sua enumerao deveria ser muito extensa. Entretanto, o Apstolo distingue apenas doze em sua Epstola aos Glatas: "O fruto do esprito a caridade, a alegria, a paz, a pacincia, a longanimidade, a bondade, a benignidade, a mansido, a fidelidade, a modstia, a continncia, a castidade" (Gl 5, 22-23).4 A propsito, Santo Agostinho explica que So Paulo no tinha o intuito de dar o nmero exato desses dons, mas apenas mostrar o "gnero de coisas" em que devemos busc-los.5 So Toms, por sua vez, considera adequada essa enumerao paulina, explicando que "todos os atos dos dons e das virtudes podem, com certa convenincia, ser reduzidos a esses frutos".6 E classifica os frutos enumerados pelo Apstolo conforme os diferentes modos pelos quais o Esprito Santo procede conosco. A mente humana, esclarece o Doutor Anglico, deve estar ordenada em si mesma, em relao ao que est ao seu lado e em relao ao que lhe inferior. Os trs primeiros frutos do Esprito Santo - caridade, alegria e paz - ordenam a alma em si mesma em relao ao bem, enquanto a pacincia e longanimidade o fazem em relao ao mal. Bondade, benignidade, mansido e fidelidade a ordenam em relao aos outros; e modstia, continncia e castidade, em relao quilo que lhe inferior.Caridade A caridade - "sentimento primordial e raiz de todos os sentimentos", segundo So Toms - o primeiro fruto do Esprito Santo. Nela, o Parclito d-Se de forma toda particular "como em Sua prpria semelhana", uma vez que, no eterno e inefvel convvio entre as trs Pessoas da Santssima Trindade, Ele o Amor substancial do Pai para com o Filho, e do Filho para com Pai.7 Quando uma alma cumulada pela seiva divina do Esprito de Caridade, o amor a arrebata e transforma por completo. Assim aconteceu com Santa Maria Madalena, a pecadora pblica perdoada e restaurada a ponto de encabear a lista das virgens invocadas na Ladainha de Todos os Santos. Tocada por um amor corajoso, no hesitou ela em comprar os melhores perfumes e, alheia ao respeito humano, lanar-se aos ps de Jesus, lav-los com suas lgrimas e enxug-los com seus cabelos. Foi uma manifestao de amor veemente, exclusivo e - quase se diria - irrefletido, por no medir esforos nem calcular consequncias. Bem podem se aplicar a ela as palavras de So Francisco de Sales: "A medida de amar a Deus consiste em am-Lo sem medida". Ou as de So Pedro Julio Eymard: "O que o amor seno o exagero?". Note-se, entretanto, que a caridade nem sempre vem acompanhada de consolaes para a alma que a pratica, pois, sendo uma virtude, reside na vontade, e no no sentimento. Assim, "no se trata necessariamente de um amor sentido, mas de um amor intensamente querido; e tanto mais querido, nas almas fervorosas, quanto menos sensvel for". A verdadeira prova da autenticidade da caridade o fato de ela vir acompanhada de uma repulsa inteira ao pecado, pois diz Santo Agostinho: "Ficar demonstrado que amas o que bom se vires em ti que odeias o que mau". No podemos esquecer, por fim, um fundamental desdobramento deste fruto do Esprito Santo, ensinado pelo prprio Cristo: "Amars a teu prximo como a ti mesmo" (Mt 22, 39). No dizer de Santo Agostinho, "o amor ao prximo como o princpio do amor a Deus". E "no h degrau mais seguro para subir ao amor de Deus que a caridade do homem para com seus semelhantes".Alegria Corolrio do amor a Deus e ao prximo a alegria, "pois quem ama se alegra por estar unido ao amado. Ora, a caridade tem sempre presente a Deus, a quem ama, segundo o dizer da primeira Carta de Joo: Quem permanece no amor, permanece em Deus, e Deus nele' (I Jo 4, 16). Portanto, a alegria consequncia da caridade". Longe de se confundir com os gozos passageiros, provenientes de frivolidades ou de aes proibidas pela Lei de Deus, que logo se transformam em frustrao, a alegria do Esprito Santo toda sobrenatural e penetra at o fundo da alma. Por isso pde So Paulo dizer: "Estou cheio de consolao, transbordo de gozo em todas as nossas tribulaes" (II Cor 7, 4).Paz"Mas a perfeio da alegria a paz", afirma o Doutor Anglico. E isto sob dois aspectos: "Primeiro, quanto ao repouso das perturbaes exteriores, pois no pode desfrutar perfeitamente do bem amado o que perturbado por outros nessa fruio". E, segundo, "no sentido que ela acalma a instabilidade dos desejos, pois no goza da alegria perfeita quem no se satisfaz com o objeto que o alegra". No h, pois, absolutamente nada que possa perturbar uma alma abandonada ao do Esprito Santo, porque ela "tm conscincia de estar na posse do nico bem a que est apegada; sabe que possui a Deus; sabe-se amada por Ele at a loucura', apesar de sua misria e, por sua vez, tambm ama a Deus sem medida". De fato, como a paz procurada em nossos dias, e como parece escorregar de nossas mos! Numa existncia agitada e ruidosa, marcada a fundo pela violncia e pelo pecado, tudo concorre para arrancar- nos a paz interior. Como so atuais as palavras de Jeremias: "Exclamam Paz, paz!' quando no h paz" (Jr 6, 14).PacinciaDepois de considerar os frutos do Esprito Santo que ordenam a mente para o bem, vejamos aqueles que a levam a atuar de forma correta perante a adversidade: a pacincia e a longanimidade. O primeiro nos torna inalterveis ante os males iminentes; o segundo, imperturbveis com a prolongada espera dos bens, dado que a privao destes j um mal. Derivada da fortaleza, a virtude da pacincia "inclina a suportar sem tristeza de esprito nem abatimento de corao os padecimentos fsicos e morais". Segundo Santa Catarina de Sena, a pacincia a "rainha posta na torre da fortaleza, que vence sempre e nunca vencida". Assim aconteceu com o justo J que, tendo perdido as riquezas, os filhos e a sade, com a mesma atitude de alma continuava glorificando seu Criador: "O Senhor deu, o Senhor tirou: bendito seja o nome do Senhor!" (J 1, 21). Quando o Esprito Santo produz em nossas almas esse fruto, tornamo-nos conformes vontade de Deus; almejamos imitar o exemplo de Jesus Cristo e de Maria Santssima na Paixo; compenetramo-nos da necessidade de reparar nossos pecados, purificando-nos no cadinho do sofrimento.Longanimidade Pela longanimidade, o Esprito Santo nos leva a aguardar com equanimidade, sem queixas nem amargura, os bens que esperamos de Deus, do prximo e de ns mesmos. No se trata de uma espera passiva e preguiosa, mas sim de uma manifestao de coragem que se estende no tempo, de uma dilatada esperana que nos faz fortes de alma nas delongas espirituais.Frutos de longanimidade vemos em abundncia na vida de Santa Mnica, durante os muitos anos em que receava pela salvao eterna do filho Agostinho, transviado na imoralidade e na heresia. Sem nunca esmorecer na confiana, rezava persistentemente pela sua converso. Deus, comprazido em contemplar nessa me exemplar os frutos que Ele mesmo semeara, deu-lhe a honra sublime de ter o filho elevado condio de um dos grandes luminares da Santa Igreja.Bondade Depois de bem disposta a mente em relao a si mesma, cumpre ajust-la em relao ao que lhe est ao redor: o prximo. Isto se d, em primeiro lugar, pela bondade, isto , pela "vontade de agir bem". Por efeito de nossa unio com Deus, somos compelidos pelo Esprito Santificador a beneficiar os outros. Nossa alma como que se dilata e expande, a ponto de nos converter, de certa forma, em amor. Pois, "como o carvo ou a barra de ao, em si mesmos negros e frios, se tornam brilhantes e ardentes como o fogo, assim a alma imersa nesse braseiro de amor que o Esprito Santo se torna semelhante em todas as coisas ao divino Esprito". Jesus nos deixou registrado o paradigma dessa bondade na parbola do filho prdigo (cf. Lc 15, 11-32). Deus o pai que espera ardentemente o retorno daqueles que d'Ele se afastaram pelo pecado e se encontram enlameados e impregnados de mau odor. Fica ansioso, por assim dizer, de nos ver procurar um de seus ministros no misericordioso tribunal da Reconciliao, para nos perdoar, sarar nossas feridas espirituais e fortalecer-nos a fim de no reincidirmos nas mesmas faltas.BenignidadeO fruto da benignidade se distingue ao da bondade por j ser, no s um querer, mas um praticar efetivo do bem. Aqui o carvo ou a barra de ao do exemplo anterior no apenas brilham e ardem, mas queimam e inflamam. Por isso "chamam-se benignos aqueles a quem o fogo bom' do amor se inflama em favor do prximo". Modelo desse amor que "se inflama em favor do prximo" foi So Vicente de Paulo. Pedia insistentemente a Deus que lhe desse um esprito benigno; e conseguiu, com a ajuda da graa, domar seu temperamento seco e bilioso, tornando- se corts e afvel. Transformou-se a ponto de se lhe tornar natural uma polidez de trato maravilhosa, com palavras sempre amveis para todo tipo de pessoas.Mansido Uma terceira disposio da mente ao ordenar-se em relao ao prximo a mansido, pela qual refreamos a ira e suportamos com serenidade de esprito os males infligidos pelos outros. Santa Teresinha do Menino Jesus nos d belssimos exemplos de mansido perante impulsos de irritao, ensinando-nos a praticar esta virtude na vida cotidiana. Eis um deles: Estando um dia as freiras trabalhando na lavanderia conventual, constituda por grandes tanques comunitrios, aconteceu de uma irm, por falta de ateno, lanar sobre a Santa uma chuva de gua com sabo. Como natural, isso lhe provocou um mpeto de indignao. Mas, acalmada pela brandura do Esprito Santo, logo se conteve, recorrendo ao piedoso subterfgio de imaginar que o Menino Jesus estava brincando com ela... esborrifando-lhe gua e sabo.Fidelidade Como ltimo fruto de nosso bom relacionamento com o prximo, temos a fidelidade, que nos faz "manter a palavra dada, as obrigaes assumidas, os contratos estipulados". A fidelidade complementa a mansido no sentido de que, se esta nos leva a no prejudicar o prximo pela ira, aquela nos conduz a no fraud-lo nem engan-lo. Ora, "isso a f, tomada no sentido de fidelidade", afirma So Toms. "E se a tomarmos como f em Deus, ento o homem por ela se ordena ao que lhe superior, ou seja, dispe- se a submeter seu intelecto a Deus e, por consequncia, tudo o que possui". ModstiaPor fim, aps ordenar-se a mente em face do que lhe est em volta, cumpre faz-lo quanto ao que lhe inferior, e isto se d em primeiro lugar pela modstia, "observando o comedimento em tudo o que diz e faz". Esta virtude mantm nossos olhos, lbios, risos, movimentos, enfim, toda a nossa pessoa, sem excluir nossos trajes, nos justos limites "que correspondem a seu estado, habilidade e fortuna". Santo Agostinho recomenda particular cuidado com a modstia exterior, que tanto pode edificar quanto escandalizar os que nos rodeiam. Note-se que a afirmao do Bispo de Hipona no deve ser interpretada num sentido exclusivamente negativo. A modstia exterior inclui tambm o dever positivo de revestir-se das roupas, gestos e atitudes prprias a edificar o prximo e dar glria a Deus. L-se na vida de So Francisco de Assis um episdio que ilustra quanto o cumprimento desse dever pode produzir nas almas um efeito equivalente ou talvez maior que o de um sermo. Certa vez, ele convidou um frade, seu discpulo, a acompanh-lo: - Irmo, vamos fazer uma pregao - disse-lhe. Aps percorrerem a cidade em silncio, So Francisco retomou o caminho do convento. Sem entender o que se passava, o frade perguntou: - Mas, meu pai, no dissestes que amos fazer uma pregao? Aqui estamos de volta, e no proferimos uma s palavra... E o sermo? - J o fizemos. No percebes que a vista de dois religiosos andando pelas ruas com estas vestimentas e em atitude de recolhimento vale tanto quanto um sermo? - respondeu o Santo.Continncia e CastidadeTambm em relao ao que lhe inferior - isto , s paixes - ordenam o homem a Continncia e a Castidade. Segundo So Toms, elas se distinguem uma da outra "quer porque a castidade nos refreia em relao ao que ilcito, e a continncia ao que lcito, quer porque a pessoa continente sofre as concupiscncias, mas no se deixa arrastar por elas, enquanto o casto nem as sofre e muito menos as segue". Com efeito, a alma que produz o fruto da castidade torna-se realmente anglica. Muito ao contrrio dos tormentos interiores de agitao e ansiedade, nos quais vive quem se entrega s paixes desordenadas, o casto j antegoza o Cu na terra. A continncia, a seu lado, "robustece a vontade para resistir s concupiscncias desordenadas muito veementes"; portanto, indica um freio, enquanto a pessoa abstm-se de obedecer s paixes. Ela, assim, prepara a alma para essa castidade, pois "os que fazem tudo quanto permitido acabaro por fazer o que no permitido".Esprito de Amor e intercesso de MariaQual navio batido pelas ondas na procela, a alma sente neste vale de lgrimas os falaciosos atrativos da carne, convidando-a ao naufrgio. Muito bem exprime So Paulo essa difcil situao: "Sinto, porm, nos meus membros outra lei, que luta contra a lei do meu esprito e me prende lei do pecado, que est nos meus membros. Homem infeliz que sou! Quem me livrar deste corpo que me acarreta a morte?" (Rm 7, 23-24). Mas, aos olhos do bravo navegante que, em vez de desanimar, ergue a vista busca da salvao, sempre est a brilhar um farol: "A lei do Esprito de Vida me libertou, em Jesus Cristo, da lei do pecado e da morte. O que era impossvel lei, visto que a carne a tornava impotente, Deus o fez" (Rm 8, 2-3). Dada a nossa natural insuficincia, agravada pelas consequncias do pecado original, torna-se indispensvel o auxlio divino para completarmos a rdua corrida rumo eterna bem-aventurana. E o Esprito de Amor vem sempre em socorro da nossa fraqueza, com suas graas e dons. Ele no cessa de interceder por ns "com gemidos inefveis" (Rm 8, 26) e ainda nos d como medianeira e advogada sua Fidelssima Esposa. Saibamos recorrer sempre a Ela. Pois a poderosa intercesso de Maria Santssima a via mais segura para transformar graminhas estreis em frondosas rvores carregadas de frutos.