AS EMPRESASQUE LHE PAGAM(QUASE) TUDO

CRISE. AS REGALIAS DOS MELHORES SÍTIOS PARA TRABALHAR EM PORTUGAL

Imagine um dia na sua vida : vai deixar os miúdos à escola de manhã, almoça na empresa e

passa pelo ginásio ao fim da tarde. Já em casa, decide marcar umfim-de-semana românticono Algarve e aluga um carro. E se tudo isto fosse grátis? Por Ana Taborda e Patrícia Silva Alves

Vamos

evitar a palavra que todos

sabem, até porque ela está sem-

pre presente. Está nos númerosdos portugueses que não conse-

guem pagar as dividas (100 miltêm salários penhorados), no preço de umdepósito de gasolina (em Fevereiro a factura

passou os 100 euros, mais cinco do que em

Janeiro) ou no que vai receber quando entre-

gar o IRS de 2011 (pode ser menos 26% do

que em 2010). Num cenário destes, estar

numa boa empresa é mais do que trabalhar

num edifício confortável, com colegas sim-

páticos e festas animadas.

Por isso, para além de uma revista extrasobre as melhores empresas para trabalhar

em Portugal (a partir de um ranking de 24 es-

colhidas pelo Great Place to Worklnstítute),a SÁBADO mostra-lhe porque é que estas são

também boas empregadoras em tempos de

dificuldade (náo, não vamos usar essa pala-vra). Dois casos: nafohrrson's Wax, fabrican-

te de produtos químicos, na BMW e na con-sultora Mmd Source já houve pedidos de an-

tecipação de salários, que as empresasaceitaram. E na ROFF, consultora na área in-formática, os responsáveis instalaram uma

máquina automática que serve almoços pormenos de 5 euros porque viram chegar mais

pessoas com marmita. Há outros apoios quenáo resultaram dela (sim, nós sabemos quevocê sabe o que é). Veja a seguir.

TODAS AS REFEIÇÕES GRÁTIS NA EMPRESA

im Os funcionários da Janssen-Cilag podemtodos tomar o pequeno-almoço, almoçar e

jantar no refeitório da empresa, sem pagar. Hácinco menus diferentes (tradicional, interna-

cional, vegetariano, dieta e prato do chefe),mais quatro opções (omeletas, bitoques, sa-

ladas e pratos de fruta). E ainda o prato Vita-

lity, que faz sucesso com 30% dos funciona-

rios, sobretudo mulheres - tem as calorias e

nutrientes nas quantidades certas. Só o ser-

viço de tákeaway é pago, mas pouco: umaquiche (para seis pessoas) custa 5 euros e umbolo (12-15 pessoas) 8 euros. Na Roche tam-bém há menus tákeaway por 4,20 euros. NaMicrosoft, o pequeno-almoço é grátis e naROFF uma máquina automática serve refei-

ções prontas: pratos entre 2,90 e 340euros, sopas, sobremesas e wraps.

COLÉGIO DOS FILHOS PAGO A lOO%wm Quando decidem ter um filho,os funcionários da Tabaqueira IItêm menos uma preocupação: o

preço do colégio. A empresa paga a mensa-lidade de todas as crianças até aos 5 anos noJardim-Escola João de Deus de Albarraque:berçário, creche e jardim de infância, em ho-rário alargado, das 6h45 às 191130 (os pais

poupam pelo menos 300 euros por filho).Dos 6 aos 12 anos, o ATL do mesmo colégio,

que não fecha no Verão, é grátis, só as acti-

vidades extracurriculares como a informa- ?

Todos os funcionários daTabaqueira II têm colégio pagopara os filhos até aos 5 anos

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?tica e o inglês são pagas, (10 euros cada). Na

Janssen também há subsídio de creche: 50euros por mês por cada criança até aos 3

anos. A consultora Everis e a fábrica José Jú-

lio Jordão (de equipamentos de refrigera-ção) ajudam a pagar as despesas da escola:

a primeira dá 100 euros por ano a todos os

colaboradores com filhos entre os 3 e os 18

anos que estejam a estudar; a Jordão, 75 eu-

ros, em Setembro.

CASA DE FÉRIAS SEM PAGAR¦¦ Entre Junho e Setembro, todos os cola-

boradores há mais de um ano nos quadrosda Johnson's Wax podem passar uma se-

mana no Balaia Golf Village, em Albufeira.A casa, alugada pela empresa por um pe-ríodo de 12 semanas, tem capacidade paraseis pessoas. Em Janeiro é enviado um mapacom as pontuações dos funcionários (a fór-mula inclui factores como a antiguidade):quanto mais pontos tiver o colaborador,mais hipóteses tem de conseguir o aparta-mento na data escolhida - cada um indica

três opções.

PCRSONU TRAINER GRÁTIS

¦i Se arranja desculpas para não andar 500metros até ao ginásio, o melhor é não sair da

empresa. E há várias opções: o ginásio priva-do da Roche (o Fitness WorX, uma parceriacom o Holmes Place) é grátis e utilizado por40% dos funcionários da farmacêutica. As má-

quinas estão disponíveis todos os dias das

7h30 às 2ih, há aulas duas vezes por dia (as

mais populares são as de body balance e boây

umbat) e umpersonaltrainer gratuito (num gi-násio pode custar 300 euros por mês). Na

Medtronic, especialista em tecnologia médi-

ca, o programa Total Health acompanha a saú-

de dos colaboradores, incluindo a alimenta-

ção, pressão arterial, níveis de stresse, sono e

exercícios mais indicados - e um personal coach

dá-lhe dicas. Na Microsoft, o ginásio tambémé grátis e a empresa paga-lhe, ainda, 300 eu-ros por ano em outros gastos com desporto.No ginásio da farmacêutica Janssen-Cilag, há

aulas de step, aeróbica, localizada, shorinjikem-

po (uma arte marcial) e pilates, além de cardio-

fèness- tudo grátis. JáaßMWpagametadedamensalidade no ginásio Club L, em Oeiras, (olivre- trânsito custa 70 a 80 euros) e a Diageo,

que está na distribuição de bebidas alcoóli-

cas, financia 40% damensalidadeno Holmes.

TRATAMENTOS DE QUIMIOTERAPIA PAGOS

M Quando os plafonds do seguro de saúde

são ultrapassados, a Cisco tenta ajudar. Foio que aconteceu no caso de uma colaborado-

ra com cancro - esta empresa tecnológica

A Cisco pagou quimioterapiaa uma funcionária porqueo seguro já não a cobria

pagou-lhe as sessões de radioterapia e qui-mioterapia num hospital privado. Tambémhá empresas que pagam o seguro de saúde,

não só aos colaboradores, mas aos maridos

ou mulheres e aos filhos: na Roche, Merce-

des, Avis e Medtronic, é um extra totalmen-

te grátis; na empresa de comércio e distri-

buição 3M, paga-se 50 cêntimos mensais

por cada pessoa do agregado familiar; na

Diageo, e na José Júlio Jordão, os funcioná-

rios pagam se quiserem incluir os filhos -na Jordão mais 26,58 euros por ano, por cada.

CARRO GRÁTIS NAS VIAGENS

¦i Quando precisou de decorar a casa

de férias, perto de Tomar, BlandinaOliveira não teve de chamar uma em-

presa de mudanças nem de recorrer à

ajuda de um amigo com um carromaior - podia pedir um automóvel à

Avis. Quem trabalha na empresa de rent-a-

car há mais de 10 anos (101 pessoas) temdireito a carro emprestado durante sete dias

por ano; há 20 anos ou mais, como Blandi-

na, a 21 dias. Em 2011, mais de 80% das

pessoas usaram este benefício. Como Blan-

dina passa as férias da Páscoa com os so-

brinhos e a sogra, precisa de um carro de

sete a no ve lugares para chegar às praias do

Sul de Espanha, onde habitualmente fica -poupa 137,14 euros por dia. A regalia podeser usada nos 120 países onde a empresaestá. E os familiares dos colaboradores têm

40% de desconto no aluguer.

MÃES COM 100% DE SALÁRIO

M Na Diageo, as funcionárias têm direito

a 20 semanas de licença de maternidade,

como a lei permite. Mas, em vez de recebe-

rem 80% do salário no 5.° mês, recebem a

totalidade, paga pela empresa. ]á a licença de

paternidade é de 15 dias, mais cinco do queos legais. A BMW e a Everis adiantam o va-

lor da licença paga pela Segurança Social.

Nos laboratórios Abbott, na consultora Gru-

po CH e na Avis, os pais têm direito a sub-

sídio de nascimento - 500, 250 e 104 euros,

respectivamente. E a Medtronic proporcio-na outros extras: os cursos de preparação

para o parto, a criopreservaçáo de células es-

taminais e os tratamentos para corrigir ano-

malias, doenças ou malformações congéni-tas são comparticipados até 80%.

MÉDICO EM CASA TODOS OS DIAS¦ Na Chep, que aluga paletes e contento-

res, o seguro de saúde oferece assistência

médica gratuita em casa - entre as 2oh e as

yh nos dias de semana e 24 horas aos fins-

de-semana e feriados. O apoio é para todos

os colaboradores e pessoas que vivam com

eles, sejam ou não familiares. Na BMW,

quem passa os 40 anos tem direito a um

check-up anual completo na Clínica Parquedos Poetas (custa no mínimo4Ós euros). E

na Tabaqueira II pode marcar a consulta do

viajante na empresa - o médico diz-lhe

quais os cuidados a ter e de que vacinas pre-cisa e, no fim, recebe um hit do viajante, queinclui antibióticos e antialérgicos.

TRATAMENTOS DE ACUPUNCTURA

H Há dois anos, Patrícia Marques decidiu

experimentar a Rede Bem-Estar, associada ao

seguro de saúde da Medtronic. A consultora

queria gerir melhor o stresse e perder peso.Por isso, além de um nutricionista (já com ?

? desconto), optou pelas sessões de acupunc-tura. "A primeira consulta, de avaliação, foi

grátis, nas outras paguei cerca de 20 euros",

explica. Durante três meses, mesmo quandonão estava no médico (a que ia uma vez porsemana, às vezes quatro horas por sessão),

andava sempre com uma agulha na orelha.

"Nunca estive tão calma" e o peso baixou -sete quilos. Através desta rede, os funcioná-

rios têm acesso a terapias alternativas com

um desconto até 80% - homeopatia, osteo-

patia,spas,staKu, psicologia e estética. "Que-

ro experimentar a talas soterapia [tratamen-to com água do mar] e o termalismo."

UM MÊS EXTRA DE FÉRIAS

H Ao fim de 10 anos na McDonakTs, to-dos os funcionários do escritório e geren-tes de restaurantes têm direito a quatro se-

manas pagas de descanso - além das férias.

A única exigência é que as gozem segui-das, e por inteiro. Na |ohnson's Wax nin-

guém trabalha entre a semana de Natal e

o Ano Novo, e na consultora Maksen há

cinco dias extra de férias (30, no total). Na

SAS, as férias dependem da antiguidade:

quem trabalha há menos de cinco anos

nesta empresa tecnológica tem duas pon-tes extra por ano; os outros, três. A Medtro-nic tem um sistemaparecido: por cada cin-

co anos na empresa ganha-se um dia de

férias extra. Na Avis há mais dinheiro: mar-

car férias fora da época alta (entre Junho e

Setembro) pode significar um subsídio de

férias equivalente a 140% do salário (se

gozar 22 dias seguidos). E em três empre-sas não se trabalha à sexta- feira à tarde: na

Diageo a partir das i4h; na Johnson's Wax,das 14I130; e na Abbott desde as 151130.

ESTAFETA PARA ASSUNTOS PESSOAIS

¦i Na SAS, quase só uma pessoa sabe tra-

balhar com a máquina de encadernações.

Porquê? Há um colaborador cuja única fun-

ção é facilitar o dia dos colegas. E isso incluiencadernar trabalhos, ir à Loja do Cidadão

alterar moradas ou aos correios levantar car-

tas. Trabalha todos os dias, das íoh às iBh,e é suposto tratar de assuntos pessoais dos

trabalhadores. A José Júlio Jordão tem umestafeta com as mesmas funções - já lhe pe-diram para entregar flores no Dia dos Namo-rados. No caso da Avis e da Everis, os esta-

fetas não levam encomendas, mas trazem:se precisar de um medicamento, basta en-viar a receita por email ou fax e a encomen-da é entregue no escritório, nesse dia. NaEveris este serviço tem 10% de desconto.

A EMPRESA PAGA A RENDA DA CASA

tm Se já não consegue pagar a casa ou a fa-

culdade dos seus filhos, a Fundação Clara

Abbott pode dar uma ajuda. Foi criada para

A McDonalcTs dá um mês deférias extra aos trabalhadorescom mais de 10 anos de casa

dar assistência financeira e educacional aos

funcionários e famílias (incluindo reforma-dos da empresa e viúvos) em várias situa-

As mais generosasDÃO PRÉMIOS AOS FUNCIONÁRIOS -E TAMBÉM j

A PESSOAS QUE NÃO TRABALHAM NA EMPRESA \

EXTRA. A Fundação Everis dá um prémio j

de 60 mil euros a quem tiver uma ideia:

de negócio inovadora - é atri buído a;

pessoas fora da empresa. I

AMELHORVOZ.AMcDonald'stemumconcurso de talentos mundial para os

funcionários. Em 2008, a portuguesa Na-\

tércia Pintor ganhou os 19 mil euros do\

primeiro lugar.

PREMIAR. Na Roche, quem tiver 25|

anos de casa recebe 1.500 euros. A

Abbott distingue os colaboradores comj

vouchers de 1.000 i

ções. Paga as propinas (só no ensino supe-rior, para a primeira licenciatura e no caso

de jovens entre os 17 e os 29 anos), trata-

mentos de saúde e até a prestação da casa.

As comparticipações não têm li-

mite: podem chegar aos 100%,tudo depende da situação. Regras:os funcionários têm de ser efecti-

vos há um ano, trabalhar no mí-nimo 20 horas por semana, apre-sentar declaração de rendimen-

tos e um resumo das despesas regulares.

FRIGORÍFICO COM COMIDA

H Mesmo que não paguem refeições, vá-

rias empresas oferecem comida. Na McDo-

nald's, os frigoríficos têm sempre bebi-das - Coca-Cola, sumos, águas e leite. A

fruta é colocada em cestos, nas salas de

pausa e de reuniões. Na Diageo, Cisco,Maksen e Chep, há bebidas quentes grá-tis (café, chá e chocolate) e as duas pri-meiras também oferecem fruta. Mas se

prefere petiscar a meio do dia, a Medtro-nic tem iogurtes, pão, queijo, fiambre,

sopa e fruta na copa, e a Microsoft fruta,

iogurtes, café e chá. Na Abbott, o subsí-dio de refeição é acima da média: os fun-cionários do escritório recebem 9,5 euros

por dia,- os vendedores, 15 euros.

LAVAGEM DE CARRO GRÁTIS¦ Na Microsoft, todas as pessoas com car-

ro da empresa têm direito a lavagens grá-tis duas vezes por mês. Na Roche, há des-

contos: a lavagem de carrinha custa 10 eu-

ros, a de carro 8 euros. E a Chep paga o

combustível usado em todas as deslocaçõesde trabalho, o que inclui o transporte de

casa para o trabalho e do trabalho para casa.

OS MELHORES PRÉMIOS¦ Em algumas empresas o recibo de orde-

nado melhora no fim do ano: na Huf, que fa-

brica componentes automóveis, há 50 pes-

Joana Sousa Pinto recomendou dois amigos

para a ROFF. Por cada um recebeu 1.500 euros

soas (todas as que não trabalham na fábrica)

que podem receber prémios até 20% do sa-

lário-base. E, na Tabaqueira 11, os colabora-

dores e equipas que mais se destacam rece-

bem um prémio de excelência - em 2011houve 11 pessoas com direito a um extra de

14%. Ê fazer as contas: se receber 1.500 eu-

ros por mês, um prémio de 20% significa umbónus de 3.600 euros (na Huf contam-se 12

meses de salário); 14% são mais 2.940 euros

(com base em 14 meses). Na McDonakfs, os

bónus variam entre 7 e 50% do salário anual.

SUBSÍDIO PARA CASAR

M Voltar a casa depois da lua-de-mel podeser doloroso, mas Marta Bernardes e o ma-rido tinham um incentivo na caixa de cor-

reio. O que parecia só uma carta com o sím-

bolo do grupo CH, a consultora onde Marta

trabalha, era, afinal, um cartão do presiden-te a dizer que ainda faltava a prenda da em-

presa - 500 euros. Marta foi a primeira a re-

ceber o subsídio pago a todos os trabalhado- ?

? res que casam. Ana Rita Pereira, que casou

meses depois, já sabia o que fazer com o di-

nheiro: pagar parte das fotografias da ceri-

mónia. O subsídio duplica (1.000 euios) se

ambos trabalharem na CH. A Abbott tem o

mesmo subsídio, também de 500 euros.

FISIOTERAPIA GRÁTIS

¦I Todas as semanas há 22 pessoas que pa-ram umas horas para se esticarem na fábri-

ca da Huf. São os colaboradores que estão a

fazer fisioterapia para prevenir as doenças

que afectam quem trabalha nalinha de montagem. As sessões,

feitas por uma empresa que se

desloca às instalações, são pa-

gas pela fábrica. Também há em-

presas que pagam mais duran-

te a baixa de doença: a Seguran-

ça Social cobre 65% do salário, mas a ROFF

e a Abbott suportam o resto.

MAIS 200 EUROS DE REFORMA

M O cenário não é animador. Quem tiver

hoje 30 ou 40 anos poderá receber menos60% do salário quando se reformar. Por isso,

entre as 24 empresas, pelo menos 12 têm

planos de pensões. Na Chep, este beneficio

varia entre 2 e 4% do salário pensionável(média dos 12 melhores ordenados); na

BMW, pode chegar aos 3%; na Roche, aos

5%; e na Abbott o valor máximo da pensãoé de 12,5%. A empresa farmacêutica dá um

exemplo: um funcionário que se reforme aos

30 anos de casa, com 1.995 euros brutos de

salário e que nunca tenha aplicado 1 cênti-

mo no fundo irá receber 200 euros por mês

quando se reformar (além da reforma da Se-

gurança Social). Na Tabaqueira, as contri-

buições podem chegar a 8% e a pensão é re-convertível para o cônjuge, em caso de mor-

te. Na Cisco há um incentivo especial: sobe

25% o valor dado pelo colaborador - e as

contribuições voluntárias aumentaram si-

gnificativamente desde o inicio de 2012.

PSICÓLOGO À BORLA

M Ansiedade, stresse ou fobias podem afec-

tar qualquer funcionário, mas, em multina-cionais como a Teleperformance, Cisco e

Microsoft, as empresas oferecem ajuda: têm

psicólogos para os colaboradores, a custo

zero. Na Teleperformance, empresa de call-

Há empresas com psicólogográtis, outras acrescentam 200euros mensais à sua reforma

AQUI APRENDE-SE CHINÊS

wm Na Chep, pode aprender chinês no seu

computador; ou ter lições de liderança; oude comunicação eficaz. A empresa criou

uma plataforma online de formação commais de 822 cursos, acessível em qualquerlugar - basta ter a password. Os cursos de

línguas incluem 50 idiomas em sessões

que duram 15 a 20 minutos e têm vários ní-veis. Se preferir ficar no escritório, pode ir

para o espaço lúdico da empresa, que era

suposto chamar-se "sala fuja do seu chefe"

até as pessoas perceberem que se davambem com o chefe.

centers, oito funcionários são acompanha-dos num gabinete da empresa. Na Cisco, as

consultas podem ser feitas em casa do fun-cionário (por telefone) ou num consultório

(na Microsoft são na empresa) - mas longedos colegas. O preço mínimo destas con-sultas em Lisboa é 35 euros.

NUTRICIONISTAS PARA ADULTOS E FILHOS

M AMicrosofttem duas nutricionistas: uma

para adultos e outra especializada em crianças.Foi depois de acompanhar o filho a uma con-sulta (as crianças são atendidas ao sábado de

manhã, na sede da empresa) que Rui Duarte,

manager na área de consultoria, se inscreveu.

Há um ano e meio que todos os meses guar-da entre 45 minutos a uma hora para ir ao ga-binete da nutricionista, durante o horário de

trabalho e sem pagar - o que já o fez pouparpelo menos 450 euros (25 euros é opreço mí-nimo de uma consulta). O objectivo de Rui

nem era perder peso. "A minha família tem

antecedentes de diabetes. E a tendência, em ca-

sos como o meu, de pré-diabetes, é para queos níveis de glicemia em jejum [concentraçãode glicose no sangue] aumentem com a ida-de. Eu fui baixando", diz. São 60 as pessoas

acompanhadas na empresa, sem terem depa-

gar - algumas perderam mais de 15 kg.

MBA EM SINGAPURA

M No ano passado, Liliana Santos, 41 anos,voltou ao ISCTE, onde se licenciou em Gestão,

para fazer um mestrado em Políticas de Des-

envolvimento de Recursos Humanos. Conci-

liar os estudos e o trabalho na McDonakTs é

a única ginástica que tem de fazer: a empresapaga-lhe as propinas do curso - no total, pou-pou 3 mil euros (a McDonald' s paga 500 eu-

ros por ano por licenciatura e até 3.500 em

pós-graduações, mestrados, doutoramentos

ou MBA). ]í no caso de Rui Miguel, gerente da

Maksen, a empresa não só lhe pagou cinco

dias de formação intensiva num MBAesperia-lizado em telecomunicações (a sua área),comolhe ofereceu o voo até Singapura - um pré-mio pela promoção a gerente sénior. No to-

tal, gastou 5 mil euros . E Rui brilhou num con-

curso das aulas - preparar a proposta de lan-

çamento deumarede4Gnuma ilhaimaginá-ria junto à República Dominicana. "Ganhá-

mos com distinção." A BMW e a SAS também

pagam estudos: metade das propinas em pós-

graduações, mestrados ou MBAs; e a 3M até

80% (num máximo de 1.250 euros anuais).Outras empresas têm cursos feitos à medida:

a Maksen e a Everis pagam pós-graduações

em telecomunicações e media e na área finan-

ceira - criadas pela Universidade Católica es-

pecificamente para estas empresas.

CÂMARAS OE VÍDEO E IPODS PARA TODOS

¦l Se trabalhar na Janssen-Cilag, pode pre-

parar um fim-de-semana romântico com a

prenda de Natal: em 20 10, a empresa ofere-

ceu um vale de 210 euros e umpacft Odisseias

de duas noites euma aventura paradois. Nos anos anteriores distri-buiu câmaras de vídeo e iPods. Na

Diageo, os presentes de Natal che-

gam num cesto, um cabaz {gour-met ou tradicional) só com produ-tos nacionais, como bacalhau, novalor de 700 euros. A José Júlio Jordão ofe-

rece 50 euros pelos aniversários.

ROUPA DE LUXO COM DESCONTO

M A BMW tem um incentivo extra para com-

prar um fato de estilista: 30% de desconto em

roupa e acessórios Hugo Boss. Se prefere ócu-

los de sol, o ideal é trabalhar na José Júlio Jor-

dão: todos os produtos do grupo Solução Óp-tica têm um desconto de 20%. Mas se o seu

problema é o tabaco, não, não há descontos,

mas há outros incentivos: a Janssen-Cilag

paga-lhe para deixar de fumar. O programa só

pode ser usado uma vez - não cobre recaídas.

0 centro médico da Tabaqueira II tem con-

sultas grátis para lidar com dependências,como álcool e drogas.

1.500 EUROS POR AMIGO CONTRATADO¦i As conversas duraram dois meses, o tem-

po necessário para convencer Carlos Rocha a

mudar de emprego. A escolha não era fácil: o

consultor estava a trabalhar noutra empresahá vários anos e teria de se mudar de Lisboa

para o Porto. Joana Sousa Pinto sabia disto, é

amiga de Carlos há seis anos, mas tambémsabia que havia uma boa oportunidade na

RO FF. Em Janeiro, Carlos aceitou a propostae Joana ganhou 1.500 euros - o valor pago

pela ROFF a todos os funcionários que levem

novos colaboradores para a empresa (desde

que tenham mais de três anos de experiência).

Meses depois, Joana voltou a aconselhar uma

amiga e recebeu mais 1.500 euros. Com os 3mil euros extra que ganhou em 201 1, os qua-tro filhos passaram 43 dias fora de Lisboa.

Não só foram para colónias de férias como fi-

caram ummês (o dobro do tempo) na casa da

família em Vila No va de Milfontes . A iniciati-

va começou em 2010 e, em 2011, representou

25% das contratações da ROFF.

VOLTAR A ESTUDAR EVITA DESPEDIMENTO¦ Havia semanas em 2009 em que Jorge Si-

mões chegava a casa estafado. Os dias que o

chefe de linha da Huf passava sentado nas au-

las cansavam-no mais do que um dia na fábri-

ca - não estava habituado. Como ele, outros

255 colaboradores da empresa voltaram à es-

cola sem sair da fábrica: todos os dias, três a

quatro espaços de reuniões estavam reserva-

dos para as aulas - uma delas foi sobre como

evitar desperdícios. A alternativa era despedi-los - a produção tinha caído 30%. Resultado:

como o turno da noite quase terminou e estes

trabalhadores tinham aulas das çh às 171130,

a cantina, antes de livre acesso, passou a ter

horários - uns iam almoçar às 121130, outros

às 1311. Jorge Simões conseguiu completar o

12." ano (faltava-lhe uma cadeira), manteve o

emprego e o salário. Pois é, aquela cujo nomenão pode ser pronunciado e de que nos recu-

samos a falar neste artigo (nem uma vez, viu?

Conseguimos) não pode ganhar sempre. •

Com André Jequndo e Mariana Béu Carvalho

Nas festas oferecem-lhe iPods,câmaras de vídeo e um cabaz

gourmet no valor de 700 euros

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Everis. A consultora aceita todos os cur- j

rículos de recém-licenciados. I

Patrícia Marques

(à esq.) vai fazer

tratamentos de

talassoterapia

(com desconto); a

casa no Algarve

onde a Johnson's

Wax oferece

férias; Andreia

Rangel, directora

de Recursos

Humanos da

Cisco: a empresa

já pagou

tratamentos

que o seguro de

saúde não cobria