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DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA MATA DA DONA ZINA PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTO ANTONIO DO GRAMA MG Desenvolvido de acordo com as normas do IEPHA-MG para o período de ação e preservação de 16 de abril de 2006 a 15 de abril de 2007.

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DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA MATA DA DONA ZINA PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTO ANTONIO DO GRAMA – MG

Desenvolvido de acordo com as normas do IEPHA-MG para o período

de ação e preservação de 16 de abril de 2006 a 15 de abril de 2007.

Conjunto Paisagístico da Mata da Dona Zina

Dossiê de Tombamento

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SUMÁRIO

Introdução

Informe histórico e caracterização do município

Informe histórico do bem cultural e contextualização do mesmo no desenvolvimento do município

Descrição e análise arquitetônica do bem cultural

Delimitação e descrição do perímetro de tombamento

Justificativa da definição do perímetro de tombamento

Delimitação do perímetro de entorno do tombamento

Justificativa da definição do perímetro de entorno de tombamento

Documentação cartográfica

Documentação fotográfica

Laudo de avaliação sobre o estado de conservação

Diretrizes de intervenção sobre o bem tombado

Anexo I – Ficha de Inventário

Anexo II – Documentos legais

Bibliografia

Ficha técnica

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INTRODUÇÃO

Através deste trabalho, pretende-se iniciar as instruções do Processo de tombamento municipal da Mata da Dona Zina, bem natural, conforme solicitado pelo Conselho Municipal do Patrimônio Cultural da cidade de Santo Antônio do Grama por meio da Prefeitura Municipal, bem como avaliar e aprimorar os instrumentos atuais usados em prol da proteção do mesmo, visto se constituir patrimônio natural e cultural do município, com importantes características naturais, tais como exemplares da fauna e flora remanescentes da floresta tropical, extensão da Mata Atlântica, assim como as características histórico-culturais. Para tanto, destina-se a: a) aplicar o instrumento de proteção do patrimônio cultural referente à mata da Dª Zina, elaborando

e detalhando suas diretrizes com vistas a assegurar o equilíbrio daquele ecossistema, a preservação da fauna e flora locais, bem como de suas característica cênico-paisagísticas e culturais;

b) definir diretrizes para promover a recuperação, preservação e a conservação da Mata da Dª Zina,

consolidando-a como espaço de preservação da fauna e flora locais, educação ambiental, lazer e entretenimento junto à natureza, atendendo a comunidade de Santo Antônio do Grama, bem como grupos de visitantes vindos de outras regiões;

c) compatibilizar a aplicação dos instrumentos de incentivo à proteção do Patrimônio Cultural à

utilização do bem enquanto espaço ecológico e cultural, objetivando a preservação das características que motivam sua proteção;

d) Delimitar e definir área a ser protegida e preservada e suas respectivas áreas de vizinhança ou

entorno.

A metodologia de trabalho consistiu em primeiro lugar de pesquisa através da qual foi feita revisão bibliográfica sobre a história do município, da Zona da Mata e da Floresta Tropical e Mata Atlântica, que é o bioma da região. No segundo momento realizou-se uma coleta de dados orais com moradores locais e levantamento de documentação existente em cartório do município, buscando captar relatos e provas das quais emergem os elementos da história oral. Por fim, e em terceiro momento, realizou-se visita à mata para diagnóstico, delimitação da área do bem e levantamento fotográfico. A partir dos dados colhidos nas etapas anteriores foi possível concluir a análise e descrição do Bem Cultural a ser tombado.

Através de avaliação tornou-se possível identificar os valores naturais, ecológicos, histórico-culturais e simbólico-afetivos relacionados à Mata da Dª Zina e assim justificar seu tombamento, propondo medidas complementares para sua efetiva conservação.

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INFORME HISTÓRICO E CARACTERIZAÇÃO DO MUNICIPIO

A fonte utilizada para o relato, descrição histórica e caracterização do Município, que se segue, foi a segunda edição do livro Memória Histórica de Santo Antônio do Grama, escrito por José Henrique Domingues, na década de 90.

“O Grama” como é conhecida e carinhosamente chamada por sua população, faz alusão à clareira que existia coberta por grama macia e regada por águas de riachos que ofereciam acolhida para os animais que ali viviam e pastavam, bem como aos forasteiros e tropeiros que passavam por ali vindos das regiões de Manhuaçu, Abre Campo, Matipó em direção a Ponte Nova Mariana e outras localidades. De relevo acidentado no entorno, as características amenas do vale se contrastaram com a agressiva natureza das montanhas e favoreceram o surgimento do núcleo do povoado, cujo primeiro morador foi Manoel Felipe da Silva que nomeou a propriedade como paragem e mais tarde Fazenda da Grama. Com o falecimento de sua esposa por volta de 1846, Manoel Felipe então desbravador da região e primeiro cidadão civilizado a habitá-la, distribuiu suas terras aos seus filhos, inventário este procedido na Comarca de Mariana. Estas terras, mais tarde, foram vendidas pelos herdeiros de Manoel Felipe a Joaquim Gonçalves Gomes. Esta primeira ocupação organizada culminou na colonização da região de macia grama, que se transformou anos depois em Santo Antônio do Grama, fundada por Antônio Luis de Freitas, em 13 de junho de 1850. O Município foi vinculado ao distrito de Jequeri, na ocasião. Oito anos após sua fundação, através da Lei provincial 867 de 14 de maio de 1858, foi desmembrado de Jequeri e vinculado política e administrativamente ao distrito recém criado de Nossa Senhora da Conceição do Casca, território que tomou o nome de Bicudos, hoje município de Rio Casca. Então, ficou a região conhecida como Grama dos Bicudos.

Religiosos fervorosos, os filhos do “Grama” construíram sua história em torno dos templos católicos. A primeira capela católica da Fazenda da Grama, nomeada Capela de Santo Antônio, foi construída de pau a pique com terreno doado por Antônio Luis de Freitas no ano de 1850, local este que atualmente localiza-se entre a Igreja Matriz e a esquina da Casa Paroquial. Assim, aos 13 de junho de 1850 surgiu Santo Antônio do Grama, em pequena porção de terra doada, tendo como marco principal a pequena capelinha de Santo Antônio, em torno da qual foi se formando povoado. A primeira missa foi celebrada por Padre Fortunato de Abreu e Silva. Por volta de 1851, já foi necessário fazer a primeira derrubada de mata para ampliar o povoado e criar uma nova rua, o local já estava ficando pequeno para comportar todos que lá queriam morar.

Por volta de 1863 no dia de Santa Cruz, em nova gleba de terra doada por herdeira de Manoel Felipe, ergueu-se uma cruz de madeira artesanal e neste local no ano de 1868 foi construída uma nova capela que mais tarde se tornou a Matriz de Santo Antônio. Neste mesmo ano, o arraial do Grama fica elevado a distrito de Paz, pela Lei Nº 1550, de 20 de julho de 1868. Foi então desmembrado de Bicudos e novamente incorporado a Jequeri. Porém, somente no ano de 1873 é que se deu a instalação do Distrito da Paz. Nesta época foi erguida a Igreja de Santa Efigênia em morro de mesmo nome, parte de terreno doado para ampliação da região.

Em 1880 o distrito foi elevado à categoria de Freguesia do Município de Ponte Nova, pela Lei 2657, de 4 de novembro do mesmo ano. De 1881 a 1884 ficou o Padre Nicolau Maria Macaroni, responsável pelo sacerdócio na nova freguesia. Em 27 de novembro de 1886, Santo Antônio do Grama era elevada à categoria de paróquia, tendo como seu primeiro vigário o Padre Cândido Sinfrônio de Castro. Foi este incansável e fervoroso Padre que conseguiu a aprovação da Assembléia Legislativa do Estado através da Lei 3714, de 13 de agosto de 1889, que concedeu a gratificação de quatrocentos mil réis para construção da Igreja do Grama. Nesta época este último Padre já havia sido substituído pelo Padre Dario Schetini Guimarães, segundo vigário da paróquia. Nesta última década o terceiro vigário foi João Severiano de Carvalho e o quarto foi Padre Cândido Sinfrônio de Castro, pela segunda vez e finalizando a década. Por volta de 1899, após seu falecimento, foi substituído por Padre Miguel Leite Schitini, quinto vigário da Paróquia.

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Em 1889, ao fim do regime monárquico, Santo Antônio do Grama voltou a fazer parte do Município de Abre Campo, sob a Lei 3712, de 27 de julho do mesmo ano.

O século XX foi palco do florescimento do Grama através do desenvolvimento material e espiritual de sua população, que já vislumbrava o progresso sem os entraves da ignorância. No ano de 1904 foi o Padre João Batista Coutinho de Anchieta o sexto vigário, tendo também sido o fundador do primeiro Jornal, o São Geraldo Magela. Padre João Batista Coutinho foi substituído por Padre José Cassimiro, ao deixar a paróquia em 1913. Falecido por volta de 1918, este último foi seqüencialmente substituído pelo Padre Adalberto Sabino, oitavo vigário, Padre Antônio Ribeiro Pinto, nono vigário e Padre Raimundo Machado, décimo vigário da paróquia.

Por volta de 1923, por motivos econômicos e sociais, Santo Antônio do Grama volta a ser distrito de Nossa Senhora da Conceição de Rio Casca, agora chamada Município de Rio Casca. Foi então que a região recebeu a luz elétrica e construção de estradas para veiculação de automóveis. Nesta época o Padre Antônio Ribeiro Pinto volta como décimo primeiro vigário da paróquia e teve como destaque de seus trabalhos na época, a revitalização dos prédios de algumas igrejas já decadentes.

Foi do décimo segundo vigário, Padre Antônio Russo, filho da terra, que nasceu a idéia de comemorar o centenário de Santo Antônio do Grama, no ano de 1950. A festa cívica religiosa presenteou o distrito com marco comemorativo, cuja placa contém a seguinte inscrição: “DURATE ET VOSMET REBUS SERVATE SECUNDIS”, ou seja “ Perseverai e conservai-vos para um futuro melhor”.

Nesta ocasião era grande a luta pela emancipação do Distrito a Município, cuja vitória foi alcançada com a Lei 1039, de 12 de dezembro de 1953, cuja instalação foi na data de primeiro de janeiro de 1954. Foi escolhido para Intendente Municipal o Sr. Carlos Cunha Brandão, a quem coube a tarefa de administrar o município até as primeiras eleições municipais em 3 de outubro de 1954. O primeiro prefeito eleito foi José Flaviano Bayão, vice Francisco de Araújo Lima. Na mesma data foi eleita a primeira Câmara Municipal, instalada na ocasião da posse do prefeito, em 31 de janeiro de 1955.

Ficaram então definidos os limites municipais com Ponte Nova, Rio Casca, Abre Campo e Jequeri, sendo que este primeiro começa no rio Casca, na foz do córrego São Joaquim, descendo pelo rio Casca até a ponte Queimada. O segundo limite municipal, que faz com o Rio Casca, começa no rio Casca na ponte Queimada, continua pelo espigão divisor de águas dos ribeirões Santo Antônio de um lado e córrego São Bento e São Bartolomeu de outro lado, até atingir o Alto da Queimada. O limite com Abre Campo começa pelo Alto da Queimada, no divisor de águas dos rios Casca e Matipó. Segue até encontrar o divisor da vertente da margem direita do córrego Água Doce; segue por este pela Serra dos Maias, até a foz do córrego Água Doce, no ribeirão Santo Antônio ou Córrego Grande, sob por este até a foz do córrego da Cachoeirinha. Com o município de Jequeri o limite começa no córrego Grande ou ribeirão Santo Antonio, na foz do córrego Cachoeirinha; sob pelo espigão na margem esquerda do córrego Grande até a serra do Cerca; atravessa e continua pelo divisor da vertente da margem direita do córrego Quebra Coco até a ponte sobre o rio Casca, situado quinhentos metros abaixo da foz do referido córrego Quebra Coco; desce pelo ro Casca até a foz do córrego São Joaquim.

A cidade de Santo Antônio do Grama possui área de 112 quilômetros quadrados, fica localizada a aproximadamente 403m de altitude, latitude 20 graus, 18 minutos e 904 seg e longitude 42 graus, 36 min, 564 seg, segundo coordenadas geográficas feitas através de GPS, tendo como ponto a Igreja Matriz. Situa-se na micro-região de Ponte Nova e meso região da Mata e Rio Doce Mineiro, no Estado de Minas Gerais, Brasil. Em 12 de Dezembro de 1953, pela Lei número 1039 se emancipou, foi criado então o Município de Santo Antônio do Grama, atualmente distrito da sede.

A região é banhada pelo rio Casca, que passa na zona rural e pelos córregos Grande e dos Salgados. Estes dois últimos se unem no ribeirão Santo Antônio que deságua no rio Casca. Carvão vegetal e mica são riquezas da região.

A cidade possui aproximadamente 4.547 habitantes, dados do censo de 1996. A sociedade encontra-se dividida em núcleo urbano constituído de aproximadamente 681 residências, distribuídas nas 29 ruas e núcleo rural. Na área da Educação conta em sua infra-estrutura com a Escola Estadual

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Mariano Gomes e a Escola Municipal Ione Moreira Couto Brandão e Biblioteca Pública Municipal. E nos núcleos rurais conta com a escolas municipais da Comunidade do Baú, da Comunidade do Taquaral, do Córrego dos Frades, a do Córrego do Pouso Alto e Córrego dos Índios. A primeira escola da região foi criada por volta de 1881, após a deliberação da Lei 2765, de 13 de setembro de 1881 que criou cadeira de instrução primária do sexo feminino. Os filhos da cidade pertencentes às classes média e alta costumam se mudar para as cidades vizinhas de maior porte e grandes centros já na fase da adolescência, com finalidade de buscar boas escolas e faculdades. Porém, não se esquecendo das raízes, retornam para morar ou passear deixando assim sua contribuição para o crescimento da cidade.

As rodovias municipais para tráfego de automóveis são, rodovia da Mata da Dª.Zina e dos Salgados, que dá acesso a Rio Casca, municipal do Taquaral que leva a Abre Campo e fica a 8km da rodovia 262, rodovia do Jacaré que liga o Grama a Jequeri e do Córrego Grande que leva a São Sebastião do Grota. Possui uma rodovia estadual, MG/Santo Antônio do Grama que leva a Ponte Nova e à rodovia 329.

Em tempos pretéritos, na década de 50, sua economia teve como uma das atividades principais a cafeicultura, cuja benfeitoria foi responsável pela devastação da floresta tropical, extensão da Mata Atlântica na região, da qual sobraram apenas fragmentos remanescentes. O café ocupa hoje 5,91% da área cultivada. O feijão e o fumo também tiveram destaque nesta época, tendo sido considerados produtos bastante expressivos. Logo após o fumo, a cebola se tornou a vedete da região, dando a esta a alcunha de “Terra da Cebola”. Atualmente sua economia continua tendo como atividade principal a agricultura, se destacando a cana-de-açúcar, que ocupa 40,51% da área cultivada, quase monocultura e cuja produção em quase sua totalidade é beneficiada na Usina Jatiboca, localizada na região de mesmo nome. Para se ter uma idéia da importância dos produtos da cana para a região, pode-se citar a expectativa da Usina Jatiboca de produzir em torno de 1.2000.000 sacas de açúcar na safra de 2006, tendo esta alcançado em 2005, a produção de aproximadamente 1.000.000 de sacas. A Usina também é produtora de álcool, melaço e rapadura. Outros produtos da agricultura são o arroz, que ocupa 5,88% da área de cultivo, o milho ocupando 20,32% da área de cultivo, o feijão ocupando em época das águas 27,17% da área cultivada, cebola e tomate, porém plantados em menor escala em pequenas propriedades.

Com relação à ocupação atual das terras, José Henrique Domingues, 1997, cita levantamento realizado através de pesquisas, que mostram que as culturas ocupam 9,58%, as pastagens 78,83%, as capoeiras 10,94%, o reflorestamento 0,15% e mata nativa 0,50%. Em última análise escreve que a estrutura fundiária da comunidade não difere de outros municípios brasileiros, apresentando concentração. Pode-se notar que 16,24% dos proprietários concentram 59,86% das terras, que são usadas para pasto e cultivo de cana-de-açúcar. Os demais são pequenos produtores ocupando 40,14% das terras.

Na pecuária se destaca economicamente a criação do gado de leite, mestiços das raças holandês, girolanda e outras. A suinocultura é de subsistência atendendo às necessidades da região, os porcos são criados em pocilgas nas fazendas.

Também na década de 50 a região foi grande produtora de laticínios e destacou-se na fabricação caseira de “queijo cabacinha” e do tipo “provolone”, cuja produção era praticamente toda vendida para o Rio de Janeiro.

Em 1967 foi criado o Horto Florestal com objetivo de manter viveiro de mudas de espécies nativas e exóticas para reflorestamento na região, desde então é filiado ao Instituto Estadual de Florestas.

No tocante ao artesanato, habilidosas mãos produzem balaios, bordados, forros, vassouras, gamelas, também peças no couro e outros.

Santo Antônio do Grama possui em sua infraestrutura Posto Municipal de Saúde, para pronto atendimento. Os casos mais graves e de internação hospitalar são encaminhados normalmente, segundo depoimento oral, para a cidade de Ponte Nova.

No que tange a política, a cidade é representada por nove vereadores no Poder Legislativo, prefeito e vice-prefeito no Poder Executivo.

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Na cidade acontecem eventos culturais tais como a festa de São Sebastião, celebrada no mês de Janeiro, o Carnaval também é motivo de festas nas ruas e clube, blocos caricatos se formam para garantir a folia. A Semana Santa e Corpus Christi contam com várias celebrações e encenações. O mês de Junho é privilegiado com as festas juninas, que muito animadas e regadas à canjica e quentão, comemoram o dia de Santo Antônio padroeiro da cidade.

Em setembro se destaca o Festival dos Violeiros, que conta com a participação de músicos consagrados.

O mês de Outubro também tem tradição de comemorações e de congado, comemora-se o dia de Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora do Rosário, nesta última ocasião a missa é celebrada ao ar livre, logo após sae às ruas a procissão em alvorada conga, com destino à casa dos Reis.

Nos dia 12 de dezembro é lembrado e comemorado o dia da Emancipação do Município.

Para prática de esportes e eventos esportivos, a cidade conta com o Campo do Gramense e com o Estádio José Januário de Lima. Este último foi construído no ano de 1975, com o dinheiro de indenização paga ao Município pela Samarco Mineração S/A, por servir-se das vias públicas para construção de tubulações destinadas a transporte de minério.

Criativas cabeças produzem canções e poemas que retratam a história das famílias e da cidade, bem como seus sentimentos de amor à terra natal, artes plásticas e pintura tem em alguns filhos do grama seu ponto forte. Como memória literária do “Grama”, muitos poemas e crônicas foram escritos, abaixo um poema feito por Maria das Graças Pereira Costa em 1962, que descreve um pouco do significado da cidade para a autora.

Acalanto Antigo

Escuta um canto

De espanto

“Grama precisa crescer”!

Estribilho sem coro

Sem solo e orquestra.

Dir-se-ia voz funesta!

Um dia,

Falaram-me à memória

Que Grama tem uma história

Ataviada de glória.

Grama é um pastinho de grama

Tapete de esperanças

Enxoval de batizado.

É um carro de boi cantante

Que vai subindo estafante

A estrada do sertão.

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Vai rangendo sinfonia

Num tom de melancolia

Eia dourado!

Vamos Mimoso!

Suba Alazão!

Grama é cebola aos caminhões

Réstia aos milhares...milhões

E muito tomate na várzea!

Grama é esta terra ubertosa

Cheia de estâncias frutuosas:

Santa Cruz... Cercá-la... Fazendinha!

São mil tordilhos de raça

Que fazem poeira na praça

E lá vão pelos caminhos!

Mas Grama não é só

O mapa da parede

Nem as casas, a praça, a rede

De cebolas,

Cafezais,

Milho e tomate.

Grama é o negrinho Liri

Que assovia estridente

Apita no ouvido da gente

E se põe a pilheriar!...

Grama é Maria Baú

Menina de cabelo branco

Que não tem casa nem franco

Nem roupa e naco de angu!

Grama é o vigário piedoso

Que pastora nossa alma zeloso.

Grama é o lavrador incansável

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Que amaina o campo.

É o comerciante...

Fabricante...

Carpinteiro...

Pedreiro...

Grama é a casa bendita

Minha escola estremecida

Santuário do saber.

Grama é cada professora

Insigne labutadora

Chama rútila...incessante

Que arde chamejante

E luz espalha ao redor.

Vai conferindo-nos ciência

Plasmando-nos a inteligência.

É nosso arrimo, é bordão

Quando subimos a longa escada

Do saber... da perfeição.

Hoje ela sorri. Justa razão

Entre luzes, festa e aroma

Nossa alma reza uma oração para

Alcançarmos o sonhado diploma.

Grama é cada gramense

Que trabalha

Que batalha para engrandece-la

Grama é você

Sou eu

Somos nós

Unidos na força do bem.

Gramense que me escuta

Viva comigo

O acalanto antigo

E o Grama crescerá...

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E o estribilho terá coro

Solo...

Festa...

E orquestra!

Percebe-se através dos relatos e documentos históricos, que o povo do “Grama” valoriza sua terra, sua cultura e suas tradições. Os filhos da cidade são sensíveis e receptivos, oferecem hospitalidade mineira que acolhe e deixa saudades em quem passa por lá.

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INFORME HISTÓRICO DO BEM CULTURAL

A Mata da Dª Zina situa-se na Fazenda Vargem Bonita, Zona Rural do município de Santo Antônio do Grama, no Estado de Minas Gerais, na meso região da Zona da Mata.

Segundo depoimento oral do Sr. José Luis ( Seu Zé, como é chamado por todos ) de 83 anos, ex-morador da fazenda Vargem Bonita e ex-funcionário da fazenda por 14 anos, a mata ganhou este nome porque a antiga proprietária da fazenda, Dona Virgínia, cujo apelido carinhoso era Dª Zina, apreciava fazer suas caminhadas pelas suas trilhas e passar horas desfrutando de sossego debaixo do pé de Arichichá ( Sterculia chicha ), árvore centenária que ainda lá está.

Dona Virgínia Alvarenga Bacelar, filha de João Bacelar e Dona Delfina Alvarenga Bacelar, faleceu aos 103 anos e foi casada com Capitão Mariano Gomes. Segundo José Henrique Domingues, 1997, em capítulo de seu livro dedicado ao Capitão Mariano, este nasceu no distrito de Santa Rita, município de São Domingos do Prata, no dia 11 de maio de 1855. Homem trabalhador, dedicava-se como representante comercial, tendo viajado por muitos anos por diversas regiões, nas quais se destacou pela seriedade de seu trabalho, conquistando estima e respeito de seus colegas e do comércio em geral. Foi numa destas viagens a Santo Antônio do Grama que o Capitão Mariano Gomes conheceu Dona Virgínia e com ela se casou em 12 de janeiro de 1895. Fixou então residência em Santo Antônio do Grama, na Fazenda Vargem Bonita, cujo terreno adquiriu do Sr. Jácomo Russo no mesmo ano de seu casamento. A partir daí então, o Capitão Mariano dedicou-se a agricultura, fervorosamente como todo trabalho que fazia. Do casamento nasceram quinze filhos, onze mulheres e quatro homens. Sr. Mariano e Dª Zina eram muito preocupados com a educação de seus filhos, então em prol do progresso de seus filhos e da cidade, trouxeram para o Grama o senhor José Martins Domingues, primeiro professor para escola do sexo masculino do arraial. Em seguida conseguiram a criação da cadeira para o sexo feminino, cuja professora foi Dona Feliciana. Assim, possibilitaram aos filhos bons estudos, sendo que as mulheres se formaram em curso normal e dos homens, dois se formaram médicos e dois deles engenheiros. Foi esta dedicação aos filhos e à educação destes, que fizeram o capitão merecedor de ter seu nome em uma das escolas Estaduais do Grama. O Capitão Mariano Gomes faleceu de crise cardíaca no dia 12 de julho de 1923.

Segundo relato da professora de História, Maria das Graças Salgado Braga, Dª Zina então fixou residência na cidade de Belo Horizonte, onde os filhos estudavam. Porém, em época de colheita Dª Zina continuou a passar seus dias na Fazenda Vargem Bonita.Todo povo da cidade sabia que nestas ocasiões, havia movimento na sede da fazenda e que este fato significava a presença de Dª Zina por lá, com as crianças e parentes. Segundo Sr. José, tamanho era o apreço dela pelo Arichichá, que varria as folhas secas caídas ao seu redor, providenciava assentos por entre as catanas da árvore e lá ficava com os parentes a desfrutar da frescura da mata.

De acordo com testemunho oral do Sr.José Segundo Santana, 73 anos, descendente de italianos, vizinho nascido e criado na propriedade ao lado da Vargem Bonita, Dª Zina era uma mulher sensível e recebia carinhosamente a criançada da região do Grama, que costumava passear por lá e sempre prontas a andar pela matinha e ver a árvore centenária. Segundo ele, Dª Zina contava histórias, servia a eles quitanda e dizia que a Arichichá era tão velha que não tinha idade. Nesta época, como relatou Sr. José Segundo Santana, fazia divisa com a fazenda Vargem Bonita a propriedade do Sr. José Rodrigues Santana, pai do mesmo o terrenos dos senhores Juca Pereira e José Mendes.

Segundo relato de Maria da Graças Salgado Braga ( Dadá ), filha de Santo Antônio do Grama, tão afeitos eram os jovens pelos encantos da mata da Dª Zina e da Arichichá, que por volta da década de 80, organizou-se um grupo do qual ela fazia parte e foram acompanhados por Monsenhor da Costa Val, vigário da paróquia de Abre Campo, responsável por atender os fiéis do

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Grama na época, a fazer retiro espiritual nas catanas da árvore onde passaram todo o dia em comunhão com Deus e a natureza.

De acordo com dados pesquisados no livro de notas do Cartório de Registros Civil e Notas, Clóvis Baião Júnior, a fazenda antiga propriedade do Sr. Mariano Gomes e herança de Dona Virgínia Bacelar Gomes, ( conforme formais de partilha extraídos do Cartório do Quinto Ofício Civil da Comarca de Belo Horizonte, em 21/12/1979 e das matrículas R1.1295 a R18.1295, do Livro 2B, folhas 110, feitas no Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de Rio Casca, MG), foi passada a seus herdeiros após seu falecimento e possuía na época 316hectares, 71 ares e 75 centiares, na região da Vargem Bonita, uma casa sede taqueada com sete cômodos e uma sede antiga que foi demolida, duas casas de colono, um paiol de madeira e um curral de réguas de madeira coberto de telhas, quando vendida por estes para a Empresa Jatiboca Agrícola S.A. Esta representada pelos já falecidos Ari Soares Martins, Hélio Soares Martins, Luís Carlos Soares Martins em 09/06/1982.

Segundo Edinei Ventura, funcionário público e morador do Grama, a Usina Jatiboca pertencente à Companhia Agrícola Pontenovense, cujo nome faz referência ao bambu que era abundante em suas propriedades, está localizada no município de Urucânia em Minas Gerais, a uma distância aproximada de 200 km de Belo Horizonte. Suas lavouras se estendem a vários municípios sendo Santo Antônio do Grama um deles. Outros são Piedade de Ponte Nova, Rio Casca, Jequeri, Dom Silvério, São Domingos do Prata e Ponte Nova. Fundada em 1920, Jatiboca registrou sua primeira produção de açúcar no ano de 1925/26 com 2.832 sacos de 60 kg. A primeira produção de álcool foi em 1981/82 com 7,803 milhões de litros. Na última safra (2005); foram produzidos 4.986.769 milhões de litros de álcool hidratado; 8.750.634 milhões de litros de álcool anidro; 984.149 mil sacas de 50 kg de açúcar e 21.630.225 Kg de melaço. De acordo com informações de Edinei Ventura, para o ano de 2006 a Usina tem a expectativa de produzir em torno de 1.200.000 sacas de açúcar.

Segundo relatos do Sr. José Santana, a primeira estrada a comunicar com Rio Casca e viável para automóveis, foi construída a carro de boi, cortando a Mata da Dª Zina.

Como citado por José Henrique Domingues (1997), no livro que relata as memórias do “Grama”, a estrada que passava pela mata era o principal acesso a Rio Casca nas décadas de 50, 60, 70 e muito contribuiu para o progresso do Grama. Porém sob outra ótica, a derrubada que foi feita para sua construção com certeza teria ocasionado sérios distúrbios na mata, na fauna e flora locais. De acordo com relatos do Seu Zé ex-funcionário de Dª Zina e do Sr. José Luis, caseiro da sede e tomador de conta da fazenda da Vargem Bonita há 4 meses, a mata desde os anos 50 e ainda hoje costumava ser invadida por pessoas em busca de pau de lenha e cabo de enxada, que cortavam suas árvores para retirada da madeira própria e já conhecida para tal finalidade. Além destes agravantes, animais de terceiros invadiam pasto e a mata em busca alimento. Esta devastação doméstica ocasionou impactos na mata resultando em clareiras por onde cresceram Embaúbas (Cecropia leucocoma), vegetação primária prova de recolonização na área que foi degradada.

Segundo o tomador de conta da fazenda Vargem Bonita, a mata da Dª Zina é ainda hoje bastante freqüentada pelo povo do Grama nos finais de semana e feriados. Buscam lá vestígios da natureza selvagem da floresta tropical, tão amada por Dª Zina e pelos seus em tempos passados. Assim como apreciam o sossêgo da Arichichá que lá está imponente, o lirismo do canto da aves e o contato com pequenos mamíferos que colonizam a região. A mata portanto possui um significado simbólico afetivo e cultural para os moradores de Santo Antônio do Grama, remontando a época das colheitas e do desenvolvimento econômico e cultural da cidade, pois passava por dentro daquela mata a estrada que ligava a cidade a Rio Casca, estrada através da qual por muitos anos os jovens seguiam rumo aos estudos.

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DESCRIÇÃO DETALHADA E ANÁLISE DO BEM

A Mata da Dª Zina, bem natural aqui descrito, situa-se na meso região da Zona da Mata mineira, micro região de Ponte Nova, no município de Santo Antônio do Grama, na zona rural entre as rodovias do Salgado e rodovia da Mata da Dª Zina, que ligam a cidade ao município de Rio Casca, que fica a aproximadamente 18km. A mata de aproximadamente 28,77 hectares, se encontra a uma altitude média de 453m, possuindo topografia ondulada apresentando semi-montanhas e vale. O clima é temperado na região As características geomorfológicas são latossolo vermelho e amarelo. A mata na sua região mais plana possui nascente que dá origem ao Córrego Vargem Bonita, que percorre a faixa lateral direita da trilha da mata, finalizando em pequena lagoa com brejo próximo à sede da Fazenda.Os cursos d’água mais próximos são o Córrego Fundo, Ribeirão Santo Antônio, e dos Salgado. Este dois últimos deságuam no Rio Casca. A vegetação da mata tem as características de Floresta Tropical Latifoliada, extensão da Mata Atlântica, possuindo alguns exemplares centenários de espécies da flora deste bioma.

A Mata Atlântica que preenchia faixa litorânea de Norte a Sul do Brasil, extendia-se em Floresta Tropical por entre vales e montanhas, nos interiores dos Estados e foi praticamente extinta. Por apresentar tais características de vegetação é que a Região da Mata mineira ganhou seu nome. Porém ao longo da história da ocupação do Estado e do desenvolvimento econômico deste, a Zona da Mata sofreu inúmeras derrubadas, com finalidade de limpar o terreno par o cultivo de café, cana-de-açúcar, milho, feijão, arroz, pastagens e teve seu solo saturado pelas monoculturas e queimadas.Tais agriculturas foram responsáveis por tornar a região grande produtora de café e cana-de-açúcar, mas a transformar suas matas em pequenas manchas, ameaçando assim a sobrevivência da fauna que lá vivia. Na região do Grama não foi diferente. Restam atualmente nestes fragmentos remanescentes, indivíduos de espécies que são testemunhos históricos vivos das características físicas e da biodiversidade deste bioma, que urge ser preservado e conservado, de forma a garantir a sua perenização.

Segundo Robert T. Orr, na quinta edição do livro Biologia dos Vertebrados, ano de 1986, os vertebrados são abundantes nas florestas tropicais, sendo que anfíbios e répteis são mais numerosos nesta do que em qualquer outro bioma. Algumas das aves mais comuns são os papagaios, araras, tucanos, galos de serra, tiranídeos, sanhaços, papa-formigas e joãos-de-barro. Os mamíferos incluem um grande número de morcegos, antas e muito tipo de macacos, desde bugios e cuatás até minúsculos sagüis. Entre os carnívoros pode-se encontrar a jaguatirica e a onça-pintada.

Confirmando a frequência destas espécies da fauna no bioma da mata da região, temos o depoimento oral do Sr. José Luis, morador há 4 meses da Fazenda Vargem Bonita e do Seu Zé, 83 anos e ex-funcionário da fazenda, onde viveu 14 anos, relato este no qual foram citados os seguintes vertebrados representantes da fauna na região: da Classe Mammalia, macaco preto, macaco lixeiro, sagüi (Família Callithricidae), todos pertencentes à Ordem Primates, esquilo (Ordem Rodentia, Família Sciuridae), gambá (Ordem Marsupialia, Família Didelphidae, Gênero Didelphus), ratos (Ordem Rodentia, Família Cricetidae e Muridae), morcegos (Ordem Chiroptera), veado (Ordem Artiodactyla, Família Cervidae), capivara (Rodentia, Família Hydrochoeridae, Hydrochoerus hydrochaerus), paca e cutia (Rodentia, Família Dasyproctidae), lontra (Carnívora, Mustelidae), jaguatirica (Carnívora, Felidae), tamanduá bandeira e mirim (Ordem Edentata, Família Myrmecophagidae), cachorro do mato e lobo-guará (Carnívora, Canídae), tatu (Ordem Edentata, Família Dasypodidae).

Da Classe Reptilia foram lembrados, a cobra coral, cobra cipó e Jaracuçu (Ordem Squamata, sub-ordem Ophidia), teiú (Ordem Squamata, Lacertília, Família Teiidae) lagartixa (Ordem Squamata, Lacertília, Família Gekkonidae), jacaré (Reptilia, Subclasse Archosauria, Ordem Crocodillia, Família Alligatoridae).

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Foi citada a presença de sapos e rãs, representantes da Classe Amphibia, Ordem Anura.

Na Classe Aves, sub-classe Neornithes, os representantes lembrados foram: Inhambu (Ordem Tinamiformes), Rolinha (Columbridae), Bem-te-vi (Ordem Passeriformes, F. Tyrannidae), Seriema (Ordem Gruiformes, Cariamidae), Maritaca (Ordem Psittaciformes, Psittacidae), Tucano (Ordem Piciformes, F. Ramphastidae), Beija-flor e andorinha (Ordem Apodiformes), Pardal (Passeriformes, Ploceidae), Coruja (Ordem Strigiformes) e Gavião (Falconiformes, Falconidae), perdiz (Ordem Galliformes, Phasianidae) entre estes, também o Jacu, Trinca-ferro, Canário-da-Terra e outros. Cumpriu-se aqui destacar nos exemplares citados, na maioria das vezes apenas a classe, ordem família e gênero, quando possível, uma vez que não foi realizado inventário com coleta de exemplares para devida classificação de alguns gêneros e espécie.

Entre os invertebrados citados e observados rapidamente, estão a minhoca, o piolho de cobra ( Diplopoda ), borboletas, besouros, grilos e gafanhotos, formiga cabeçuda entre outros vários.

A mata possui sub-bosque e dossel, com considerável número de pteridófitas, gramíneas e plantas herbáceas. Os vegetais superiores são representados por espécies arbustivas de pequeno porte e grande porte.Ocupa lugar de destaque na Mata da Dª Zina, a centenária Arichichá, Sterculia chicha, que possui em torno de 17m de diâmetro medido à altura do peito, 40 m de altura e cujo tronco se ramifica em catanas enormes.

Vale citar aqui gêneros da flora de importância econômica, que foram lembradas no relato de Seu Zé, Sr. José Luis e Edinei Ventura, bem como averiguadas visualmente em visita à mata. Entre elas pode-se citar a canela noz moscada (Família Laurácea), cujo fruto é bastante usado para tempero na culinária da região, por isso o povo da cidade que tem conhecimento deste pé de noz moscada, vez por outra vai lá buscar seus frutos para fazer seus temperos.

Como representante da vegetação característica da floresta tropical, pode-se conferir a presença do vinhático, representante do Gênero Plathymenia. A de espécie foliosa, chega a atingir até 30m X 100 cm, cuja madeira vai do amarelo-dourado ao amarelo-queimado ou pardo-amarelado, com reflexo dourado, quase sempre uniforme, mas ás vezes com manchas bem escuras (vinhático-rajado); de surperfície bastante lustrosa, algo áspera. Moderadamente pesada e dura; bastante resistente em face dos agentes destruidores; fácil de trabalhar. Usada em construções civis, navais, mobiliário fino, forros, tabuas para assoalho, tacos, portas, etc. Ocorre de Pernambuco ao Rio de Janeiro, na floresta pluvial, sendo especialmente comum no Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em Minas, encontra-se nos capões da zona campestre, (Rizzini, 2000).

Também pôde-se ver na mata a presença da Braúna, gênero Melanoxylon, Este tipo de árvore pode chegar geralmente de 20-25m X 40-90cm e sua madeira vai do pardo-escuro ao negro, ás vezes com manchas nigérrimas; superfície opaca, lisa, compacta. Muito pesada e duríssima; difícil de trabalhar, mas dando acabamento bonito; incorruptível. Utilizada em obras externas pesadas, vigas, mourões, dormentes, tacos, pontes, cubos de rodas, assoalhos, etc. Mesmo onde abunda, não é correntemente abatida. A casca é tanífera e tinctória, mas sem uso. Área de ocorrência é ampla, sendo encontrada do sul da Bahia a S.Paulo, na floresta pluvial, da qual é um dos membros conspícuos; muito comum no sul da Bahia, no Vale do Rio Santo Antonio (MG), etc. Floresce em janeiro-abril e frutifica em agosto-outubro. As sementes germinam em cada 15-25 dias. Regenera-se facilmente por rebrotação de toco. O crescimento é moroso; pode florescer já aos 4 anos, (Rizzini, 2000 ).

Também encontrada na Mata da Dª. Zina com freqüência árvore do gênero Apuleia, vulgarmente chamada de Garapa, grapiapunha, amarelão, gema-de-ovo, jitaí (PE), jutaí, jataí, amarelinho, grapia, garapa-branca, garapa amarela. Apuleia praecox Mart. Arvore pequenina nos descampados (2-5m), mediana ou às vezes grande (até 20m X 50-60 cm) na floresta. De madeira bege-clara, às vezes rosada, até o amarelo-claro, uniforme; superfície lisa, lustrosa. Pesada, dura e muito durativa. Fácil de trabalhar, recebendo bem a cola e dando acabamento liso. È usada na construção, marcenaria, decoração de interiores, esquadrias, tanoaria, vigas, postes, dormentes, tacos, carrocerias de caminhão, carroças, etc. Sua distribuição geográfica vai do nordeste até a Argentina e Uruguai; mais comum de Minas Gerais ao Rio Grande do Sul. É própria da floresta pluvial atlântica e das suas extensões interiores (serras nordestinas, capões centrais e matas ciliares); aparece ocasionalmente no cerrado (Brasília). Aprecia lugares altos e acidentados. Coloniza facilmente as capoeiras ensolaradas e roças abandonadas, (Rizzini, 2000).

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O Angelim também está presente na mata, sendo árvores de madeira pesada, dura e resistente, muito usada para fabricação de móveis e dormentes. Na mata existem três tipos de Angico, o Vermelho, o Branco e o Vassoura. Por lá também se encontra a Sapucaia, ou cumbuca-de –macaco, cujas sementes são fonte de alimento. A madeira da Sapucaia é resistente, dura e pesada, também usada para construção civil , vigas e esteios.

O Jatobá do Gênero Hymenaea presente na mata, fornece também boa madeira, valiosas resinas, frutos comestíveis e casca tanífera.

Também pôde-se observar frutos de Mandauçu, a Piorra, Ipê Amarelo e Ipê Roxo, Palmito Brejaúba, Folha de Serra, cipó Cravo, cipó Imbé, epífitas bromélias e orquídeas.

Sobressaindo ao dossel, pequenas ocorrências de Cecropia leucocoma, espécie pioneira, prova de regeneração que na mata já se encontra em estágio médio a avançado.

O chão da trilha apresenta importante banco de plântulas, espalhados sob serrapilheira. Já alguns frutos dispersaram sobre esta suas sementes, que aguardam sol, chuva e temperatura adequada para terem quebradas a sua dormência, dando vida a novo embrião.

Alguns distúrbios e problemas foram observados na mata. Sua borda externa, que margeia os limites com a estrada para Rio Casca, está bem degradada. A vegetação dominante nestas áreas é a capoeira.

A borda interna da mata também sofre os efeitos inerentes à sua localização, limite com o canavial. Percebe-se que esta área está perturbada pelo fogo usado para a colheita da cana e a vegetação dominante é secundária inicial em alguns pontos e média em outras partes.

No ponto próximo à nascente observou-se uma avançada erosão no terreno, que se inicia no canavial e adentra a mata colocando em risco de assoreando a nascente, prejuízo inegável, tanto para o corpo d’água quanto para a vegetação de entorno.

Providências deverão se tomadas para preservação do bem natural.

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DELIMITAÇÃO E DESCRIÇÃO DO PERÍMETRO DE TOMBAMENTO

O perímetro de tombamento abrange exclusivamente e completamente área da Mata da Dª Zina propriamente dita, área esta de 28,77hectares. Sendo assim sua delimitação não se deu por curvas de nível ou outro marco natural ou topográfico mas sim pelo perímetro real da referida mata sendo que este perímetro ficou delimitado, com auxílio de GPS, pelo polígono cujos vértices estão representados por 11 pontos (marcados por GPS) e representados por suas coordenadas geográficas sendo eles os pontos P01, P02, P03, P04, P05, P06, P07, P08, P09, P10, P11.

Desta forma o perímetro de tombamento tem início com o ponto P01, cujas coordenadas geográficas são S – 20°17.697’ e NO 42°36.709’ à altitude de 425m. A poligonal de perímetro de tombamento segue em linha reta no sentido ante-horário até encontrar P02 cujas coordenadas geográficas são S – 20°17.767’ e NO 42°36.547’ à altitude de 413m. A poligonal segue em linha reta no sentido ante-horário até encontrar P03, na nascente do Córrego Vargem Bonita, cujas coordenadas geográficas são S – 20°17.733’ e NO 42°36.458’ à altitude de 399m. A poligonal segue em linha reta no sentido ante-horário até encontrar P04, primeira cabeceira de morro, na borda interna da Mata, cujas coordenadas geográficas são S – 20°17.682’ e NO 42°36.364’ à altitude de 446m. A poligonal segue em linha reta, no sentido horário, até encontrar P05, na segunda cabeceira de morro, na borda interna da mata, cujas coordenadas geográficas são S – 20°17.599’ e NO 42°36.281’ à altitude de 443m. A poligonal segue em linha reta no sentido ante-horário até encontrar P06, cujas coordenadas geográficas são S – 20°17.689’ e NO 42°36.238’ à altitude de 460m. A poligonal segue em linha reta no sentido ante-horário, até encontrar P07, no primeiro Topo de Morro, cujas coordenadas geográficas são S – 20°17.639’ e NO 42°36.200’ à altitude de 491m. A poligonal segue em linha reta no sentido ante-horário até encontrar P08 que fica no segundo Topo de Morro, cujas coordenadas geográficas são S – 20°17.536’ e NO 42°36.233’ à altitude de 541m. A poligonal segue em linha reta no sentido ante-horário até encontrar P09, cujas coordenadas geográficas são S – 20°17.490’ e NO 42°36.436’ à altitude de 521m. A poligonal segue em linha reta no sentido ante-horário e em direção Sul, até encontrar P10, na divisa da borda externa da mata com a estrada para Rio Casca, cujas coordenadas geográficas são S – 20°17.584’ e NO 42°36.727’ à altitude de 451m. A poligonal segue em linha reta no sentido ante-horário até encontrar P11, que fica nas mesmas coordenadas geográficas de P01 S – 20°17.676’ e NO 42°36.547’ à altitude de 425m fechando assim o perímetro de tombamento do Conjunto Paisagístico da Mata da Dona Zina.

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Perímetro de Tombamento do Conjunto Paisagístico da Mata da Dona Zina. Croquis ilustrativo (com sobreposição de pontos marcados em GPS) elaborado por Fábio Chamon Melo.

Escala gráfica. Santo Antônio do Grama, abril de 2006.

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JUSTIFICATIVA DA DEFINIÇÃO DO PERÍMETRO DE TOMBAMENTO

A definição da área contida dentro do perímetro de tombamento da Mata da Dª Zina refere-se aos limites exatos da referida mata e suas limitações. Por conseguinte os pontos foram marcados com GPS para não deixar nenhuma porção importante (tanto da mata quanto de seu curso d’água) fora do perímetro, ao invés de se guiar por curvas de nível ou acidentes topográficos..

A definição dos pontos foi também norteada pela Legislação Brasileira do Meio Ambiente, tendo como referência a Lei 4.771, de 15 de setembro de 1965, que institui o Novo Código Florestal.

Artigo 2°. Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:

a) ao logo dos rios e de qualquer curso d’água desde seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima seja:

1) de 30 m para os cursos d’água de menos de 10m de largura;

2) de 50 m para os cursos d’água que tenham de 10 a 50m de largura;

3) de 100 m para os cursos d’água que tenham de 50 a 200m de largura;

4) de 200 m para os cursos d’água que tenham de 200 a 600m de largura;

5) de 500 m para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 de largura;

c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados olhos d’água, qualquer que seja a situação topográfica, num raio mínimo de 50 m de largura;

d) nos topos de morros, montes montanhas e serras;

e) nas encostas ou parte destas, com declividade superior a 45º, equivalente a 100%na linha de maior declive;

Artigo 3°. Consideram-se ainda de preservação permanente, quando assim declaradas em ato de poder público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas:

a) atenuar a erosão das terras

c) a formar faixa de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;

e) a proteger sítios de excepcional beleza e ou valor científico ou histórico;

f) a asilar exemplares da fauna e flora ameaçados de extinção;

O perímetro de tombamento da Mata da Dª Zina foi definido com objetivo de preservar suas características físicas e naturais, tendo sido delimitado toda a área de mata, garantindo assim a sobrevivência das espécies vegetais remanescentes e ameaçadas de extinção, representantes do bioma de mata tropical, que servem como alimento para fauna local. Além do mais, a área representa um dos poucos bens naturais ainda originais e representativos do Município de Santo Antônio do Grama.

Espera-se com a delimitação desta área, garantir abrigo e espaço mínimo para a sobrevivência da fauna local, entre eles mamíferos de pequeno e médio porte, répteis, anfíbios e invertebrados que colonizam a região e/ou a freqüentam sazonalmente, mantendo sua área de atuação.

Como citado acima, o perímetro da mata foi definido e delimitado de forma também a atender a Legislação Brasileira do Meio Ambiente, além de estender a proteção do Patrimônio Cultural e

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Natural local também a este importante bem, sendo, portanto válido lembrar aqui seus pontos justificando cada um deles:

P01, P02, P11, são regiões que estão dentro da faixa de vegetação e a menos de 50 m do leito do córrego Vargem Bonita. P03, é a região que abriga nascente do córrego da Vargem Bonita. P04 e P05, são tidas regiões de cabeceira de mata. P06 e P07, região de ecótono (encontro de dois biomas diferentes, no caso de dois tipos de vegetação, secundária em estágio médio/avançado e secundária inicial) e também cabeceira de mata.P08, P09, região de topo de morro. P10, região próxima à estrada.

Preservar este bem natural é manter viva parte da história natural de Santo Antônio do Grama, uma vez que dele remonta parte da história da cultura e desenvolvimento do Município. Sendo este eficiente instrumento de proteção e conservação das características físicas, naturais do bem em questão e da história e cultura do município.

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DELIMITAÇÃO E DESCRIÇÃO DO PERÍMETRO DE ENTORNO DE TOMBAMENTO.

A definição da área contida dentro do perímetro de entorno de tombamento da Mata da Dª Zina refere-se aos pontos exatos marcados com GPS para não deixar nenhuma porção importante fora do perímetro, ao invés de se guiar por curvas de nível ou acidentes topográficos..

O perímetro de entorno de tombamento da Mata da Dª Zina é delimitado por um polígono formado por 12 pontos também marcados por GPS encima de pontos exatos observados “in loco”. Tal perímetro tem início na entrada da Mata sendo chamado de ponto PE1, cujas coordenadas geográficas são S – 20°17.709’ e NO 42°36.737’ à altitude de 413m. A poligonal de entorno de tombamento segue então em linha reta no sentido ante-horário até encontrar PE2 cujas coordenadas geográficas são S – 20°17.777’ e NO 42°36.545’ à altitude de 418m, na margem direita do Córrego Vargem Bonita. A poligonal então segue em linha reta no sentido ante-horário até encontrar PE3, próximo á nascente do Córrego Vargem Bonita, cujas coordenadas geográficas são S – 20°17.705’ e NO 42°36.734’ à altitude de 415m. A poligonal então segue em linha reta no sentido ante-horário até encontrar PE4, entorno da primeira cabeceira, cujas coordenadas geográficas são S – 20°17.687’ e NO 42°36.361’ à altitude de 443m. A poligonal então segue em linha reta, agora no sentido horário, até encontrar PE5, na segunda cabeceira da borda interna da mata, cujas coordenadas geográficas são S – 20°17.609’ e NO 42°36.283’ à altitude de 447m. A poligonal então segue em linha reta no sentido horário até encontrar PE6, a cabeceira da divisa da mata da Dª.Zina com a mata da Jatiboca, cujas coordenadas geográficas são S – 20°17.690’ e NO 42°36.246’ à altitude de 453m. A poligonal então segue em linha reta na direção Norte, até encontrar PE7, no primeiro Topo de Morro, divisa com a mata Jatiboca, cujas coordenadas geográficas são latitude S- 20°17.690’ e longitude NO- 42º36.198’, a 482m de altitude. A poligonal então segue em linha reta, em sentido ante-horário, até encontrar o ponto PE8, topo de morro e divisa com a propriedade de Joaquim Frade, cujas coordenadas geográficas são S – 20°17.637’ e NO 42°36.198’ à altitude de 494m. A poligonal então segue em linha reta no sentido ante-horário até encontrar PE9 que fica no terceiro Topo de Morro, ponto de divisa da Mata da Dª.Zina com o berrante, cujas coordenadas geográficas são S – 20°17.535’ e NO 42°36.196’ à altitude de 540m. A poligonal então segue em linha reta no sentido ante-horário até encontrar PE10, na divisa da mata com a propriedade de Otacílio Frade, cujas coordenadas geográficas são S – 20°17.489’ e NO 42°36.449’ à altitude de 516m. A poligonal então segue em linha reta no sentido ante-horário e em direção Sul, até encontrar PE11, na divisa da borda externa da mata com a estrada para Rio Casca, cujas coordenadas geográficas são S – 20°17.582’ e NO 42°36.730’ à altitude de 456m. A poligonal então segue em linha reta no sentido ante-horário até encontrar PE12, sendo que PE12 possui as mesmas coordenadas geográficas de PE1 fechando assim o perímetro de entorno de tombamento da Mata da Dª Zina.

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Perímetro de Entorno de Tombamento do Conjunto Paisagístico da Mata da Dona Zina. Croquis ilustrativo (com sobreposição de pontos marcados em GPS) elaborado por Fábio Chamon Melo.

Escala gráfica. Santo Antônio do Grama, abril de 2006.

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JUSTIFICATIVA DA DEFINIÇÃO DO PERÍMETRO DE ENTORNO DE TOMBAMENTO

Os pontos de entorno ao perímetro da área de tombamento, foram definidos com objetivo de salvaguardar a ambiência do bem natural e atender também à Legislação Brasileira do Meio Ambiente.

Para tal, foram definidos os pontos de perímetro de entorno a partir dos pontos que delimitam o perímetro de tombamento, sendo que abaixo está descrita a respectiva distancia de cada um.

Com objetivo de proteção de corpo d’água, PE1 foi definido a partir de P01 e fica a aproximadamente 100m de distância destes. Assim também fica PE2 definido a partir de P02 e fica a aproximadamente 50m de distância deste. Com objetivo de cumprir distância mínima para proteção de nascente, fica PE3 definido a partir de P03 e fica a aproximadamente 50m de distância deste. Na cabeceira de mata PE4 definido a partir de P04 e fica a aproximadamente 20m de distância deste, evitando assim queimadas nas colheitas de cana. Assim com mesmo objetivo ficam definidos os pontos PE5 definido a partir de P05 com aproximadamente 20m de distância deste e PE6 definido a partir de P06 com aproximadamente 20m de distância deste. No topo de morro e com objetivo de ampliar área de atuação da fauna, PE7 também definido a partir de P06 e fica a uma distância maior que 150m deste, passando da borda interna da mata para borda externa. Com objeto de proteção da vegetação da borda da mata e topo de morro, ficam definidos PE8 a partir de P07 e fica a aproximadamente 20m de distância deste; PE9 definido a partir de P08 e fica a aproximadamente 30m de distância deste; Pe10 definido a partir de P09 e fica a aproximadamente 20m de distância deste. Por fazer divisa com estrada e com objetivo de manter faixa de vegetação, PE11 fica definido a partir de P10 e fica a aproximadamente 30m de distância deste.PE12 ficou definido de forma a se encontrar com PE1.

As distâncias delimitadas objetivam a preservação não só da ambiência do bem, mas também o entorno próximo aos cursos d’água. Fundamenta também este perímetro a necessidade de proteção da vegetação de borda da mata contra queimadas, bem como manter uma área de entorno com diretrizes adequadas a esta preservação. Entre as diretrizes de intervenção que se fazem necessárias, o não plantio de cana na área delimitada como entorno resguarda a mata contra a queima realizada na época de colheita. Para tanto, este entorno não foi definido por curvas de nível ou eixo de estrada ou curso d’água ou outra referência topográfica qualquer, tendo o perímetro de entorno de tombamento sido definido “in loco”, através de GPS. Desta forma a área de entorno foi mapeada com coordenadas geográficas precisas e que realmente garantirão a preservação das características mais preciosas do bem tombado.

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DOCUMENTAÇÃO CARTOGRÁFICA

Localização da Microrregião de Ponte Nova no Estado de Minas Gerais Fonte: www.ibge.gov.br

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Municípios da Microrregião de Ponte Nova Fonte: www.ibge.gov.br

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Perímetros de Tombamento e Entorno de Tombamento do Conjunto Paisagístico da Mata da Dona Zina. Croquis ilustrativo (com sobreposição de pontos marcados em GPS) elaborado por Fábio Chamon Melo.

Escala gráfica. Santo Antônio do Grama, abril de 2006.

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DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA

FO

TO

01

Estrada da Mata da D,Zina que dá acesso à

Fazenda Vargem Bonita. Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

FO

TO

02

Estrada da Mata da D,Zina que dá acesso à Fazenda

Vargem Bonita.Início da Propriedade. Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

FO

TO

03

Estrada dentro da Sede da Fazenda Vargem Bonita

Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

FO

TO

04

Vista Parcial da Mata da D.Zina

Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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05

Vista parcial da Mata da Dª.Zina

Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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06

Foto da Sede da Fazenda Vargem Bonita

Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

Conjunto Paisagístico da Mata da Dona Zina

Dossiê de Tombamento

SANTO ANTÔNIO DO GRAMA MINAS GERAIS BRASIL MARÇO DE 2006. 28

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07

Foto da Sede da Fazenda Vargem Bonita

Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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08

Foto da Gameleira da sede.

Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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09

Foto da antiga estrada para Rio Casca, que cortava

a mata da D.Zina. Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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10

Foto da antiga estrada para Rio Casca, que cortava a mata da D.Zina. Placa sinalizadora de área protegida.

Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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Entrada da mata e entorno. Mata da Dª Zina.

Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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Vista parcial da Arichichá, Sterculia chicha.

Mata da DªZina. Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

Conjunto Paisagístico da Mata da Dona Zina

Dossiê de Tombamento

SANTO ANTÔNIO DO GRAMA MINAS GERAIS BRASIL MARÇO DE 2006. 29

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Foto da Sterculia Chicha- Arichichá.

Mata da Dª Zina. Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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Trilha Central da Mata da Dª Zina.

Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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Foto do entorno da borda da mata, com vista do limite da mata com o canavial. Mata da Dª Zina. Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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Bananeira – borda da mata..

Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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17

Biodiversidade no entorno da Dª Zina.

Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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Planta herbácea e serrapilheira no entorno da Mata

da Dª Zina. Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

Conjunto Paisagístico da Mata da Dona Zina

Dossiê de Tombamento

SANTO ANTÔNIO DO GRAMA MINAS GERAIS BRASIL MARÇO DE 2006. 30

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Biodiversidade no entorno da Nascente do Córrego

Vargem Bonita. Mata da Dª Zina. Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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Biodiversidade no entorno da Nascente do Córrego

Vargem Bonita. Mata da Dª Zina. Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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Região de Latossolo amarelo. Erosão na Mata da Dª Zina.

Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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Voçoroca. Mata da Dª Zina.

Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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Latossolo amarelo-Diplopoda.

Mata da Dª Zina. Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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Vista parcial da mata da Dª.Zina a partir do canavial.

Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

Conjunto Paisagístico da Mata da Dona Zina

Dossiê de Tombamento

SANTO ANTÔNIO DO GRAMA MINAS GERAIS BRASIL MARÇO DE 2006. 31

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Vista parcial da mata da Dª.Zina a partir do canavial.

Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

F

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O 2

6

Vista parcial da borda interna da mata da Dª.Zina a

partir do canavial. Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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Vista parcial do Canavial.

Entorno da Mata da Dª.Zina . Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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Vista parcial da borda interna da mata.

Mata da Dª.Zina. Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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Vista parcial da borda interna da mata da Dª.Zina a

partir do canavial. Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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Vista parcial do entorno do, na borda interna da da

mata da Dª.Zina a partir do canavial. Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

Conjunto Paisagístico da Mata da Dona Zina

Dossiê de Tombamento

SANTO ANTÔNIO DO GRAMA MINAS GERAIS BRASIL MARÇO DE 2006. 32

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31

Vista do fim do perímetro interno da mata, a partir do

canavial. Mata da Dª Zina. Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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Vista parcial da borda interna da da mata da Dª.Zina

a partir do canavial. Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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Vista parcial da mata da Dona Zina. Borda interna. Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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Vista parcial da Mata da Dª Zina. Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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Vista parcial do vale e divisa com Joaquim Frade. Borda externa.

Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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Foto parcial da Borda externa da mata e entorno da. Mata da Dª Zina..

Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

Conjunto Paisagístico da Mata da Dona Zina

Dossiê de Tombamento

SANTO ANTÔNIO DO GRAMA MINAS GERAIS BRASIL MARÇO DE 2006. 33

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Sapucaia e Garapa. Borda externa da mata - Mata da Dª Zina.

Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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Vista parcial da borda externa da mata, . Mata da Dª Zina.

Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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Vista parcial da Cidade de Santo Antonio do Grama

Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

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Vista parcial da Cidade de Santo Antonio do Grama

Fotógrafo: Analuce de Araújo Abreu – Fev.2006

Conjunto Paisagístico da Mata da Dona Zina

Dossiê de Tombamento

SANTO ANTÔNIO DO GRAMA MINAS GERAIS BRASIL MARÇO DE 2006. 34

LAUDO DE AVALIAÇÃO SOBRE ESTADO DE CONSERVAÇÃO

RESPONSÁVEL TÉCNICO: Analuce de Araújo Abreu

PROFISSÃO: BIÓLOGA CRBIO MG: 44994/04p DATA: 10/03/2006 BEM TOMBADO EMver documentação anexa) DOSSIÊ ENVIADO AO IEPHA EM: 15 de abril -2006 ENDEREÇO: Zona rural do município de Santo Antônio do Grama HÁ OBRA DE RESTAURAÇÃO EM ANDAMENTO? SIM x NÃO HÁ PROJETO APROVADO POR LEI DE INCENTIVO À CULTURA? SIM x NÃO EM CASO POSITIVO: LEI FEDERAL LEI ESTADUAL OUTRA COLABORAÇÃO/ACOMPANHAMENTO: Sr. Edinei Ventura, Sr. José Luis.

O bem avaliado se encontra em razoável estado de conservação, uma vez que sob a administração do atual proprietário, teve sua área sinalizada e delimitada por cercamento de arame. Foi destinado à fiscalização de seu entorno e à guarda da propriedade o Sr. José Luiz, que reside na sede da Fazenda Vargem Bonita, bem como responsável por autorizar entrada de pessoas no interior da Mata.

A borda externa da mata, que margeia os limites com a estrada para Rio Casca, está sujeita a degradação, pelo trânsito de automóveis que trafegam em direção a Rio Casca. A vegetação dominante nestas áreas é a capoeira.

A borda interna da mata também sofre os efeitos inerentes à sua localização, limite com o canavial. Percebe-se que esta área está perturbada pelo fogo da colheitas da cana e a vegetação dominante é secundária inicial em alguns pontos e média em outras partes.

No interior da mata pode-se encontrar vegetação primária, como a centenária Sterculia Chicha e a canela-noz-moscada, bem como outros representantes da flora. Também está presente vegetação secundária média e avançada, presença da espécie pioneira Embaúba, do Gênero Cecropia e outras espécies vegetais como pteridófitas, briófitas, epífitas. A mata apresenta sub-bosque e dossel.

No interior da mata a próximo à trilha cuja vegetação está se regenerando, pode ser observado banco de plântulas sob a copa as árvores.

No P03, observou-se uma avançada erosão no terreno, que se inicia no canavial e adentra a mata,colocando em rico de assoreando a nascente, prejuízo inegável, tanto para o corpo d’água quanto para a vegetação de entorno.

Apesar do cercamento da mata, a região vem sendo constantemente invadida por terceiros para retirada de pau de lenha, madeira para cabo de enxada e outros. Segunda testemunho oral de Seu Zé e de José Luís , este fato vem acontecendo a muitos anos e atualmente, sendo que a tentativa de contenção da extração predatória por parte do caseiro, é motivo de ameaças constantes.

Belo Horizonte, 10 de março de 2006.

____________________________________

Analuce de Araújo Abreu Bióloga- CRBIO04- 44994/04-p

Conjunto Paisagístico da Mata da Dona Zina

Dossiê de Tombamento

SANTO ANTÔNIO DO GRAMA MINAS GERAIS BRASIL MARÇO DE 2006. 35

FOTOGRAFIAS

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Foto da voçoroca, próxima à nascente.

Mata da Dona Zina. Fotógrafa- Analuce de Araújo Abreu. Janeiro de

2006.

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Foto da voçoroca, próxima à nascente.

Mata da Dª Zina. Fotógrafa- Analuce de Araújo Abreu. Janeiro de 2006.

Fo

to 4

3

Foto de vestígios de queimada.

Mata da Dª Zina. Fotógrafa- Analuce de Araújo Abreu. Janeiro de

2006.

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to 4

4

Foto de vestígios de queimada. No limite da Mata e

Canavial. Mata da Dª Zina. Fotógrafa- Analuce de Araújo Abreu. Janeiro de 2006.

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5

Vista parcial do canavial que foi plantado no local da

Mata nativa. Mata da Dª Zina. Fotógrafa- Analuce de Araújo Abreu. Janeiro de

2006.

Fo

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6

Vista parcial do canavial que foi plantado no local da

Mata nativa. Mata da Dª Zina. Fotógrafa- Analuce de Araújo Abreu. Janeiro de 2006.

Conjunto Paisagístico da Mata da Dona Zina

Dossiê de Tombamento

SANTO ANTÔNIO DO GRAMA MINAS GERAIS BRASIL MARÇO DE 2006. 36

DIRETRIZES DE INTERVENÇÃO PARA O BEM TOMBADO.

Este instrumento foi elaborado objetivando a preservação do bem natural em questão e para que esta seja efetiva, é necessário que, dentro do perímetro de tombamento, os seguintes itens sejam observados:

Manter placa sinalizadora informando a categoria do bem, destacando a importância histórica e afetivo-simbólica, observando a manutenção da integridade visual do mesmo;

Deverá ser elaborado, Plano de Manejo, com objetivo de promover e resguardar a Conservação e Monitoramento da biodiversidade da Mata da Dona Zina;

O Plano de Manejo da Mata deverá garantir, através de sua administração, a manutenção adequada à perfeita conservação de suas características físicas e naturais; bem como sua proteção contra qualquer tipo de depredação e vandalismo;

Qualquer intervenção sobre o bem tombado ou qualquer obra a ser realizada dentro do perímetro de tombamento deverá passar por aprovação no Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Santo Antônio do Grama, que não poderá permitir ações descaracterizantes sobre o bem;

Toda e qualquer intervenção que venha a ser realizada no bem deverá contar com o apoio de técnicos especializados.

Caso ocorra necessidade de recuperar áreas degradadas, recomenda-se plantar espécies nativas do bioma.

Toda e qualquer intervenção que venha a ser realizada no Bem Cultural tombado deverá ser explicitada em um Projeto de Intervenção;

A visitação pública deverá ser com fim educacional e de lazer, observando a presença de monitor acompanhante, capacitado para abordar temas relacionados ao meio ambiente, fauna e flora locais e evitar ação predatória, queimada, derrubada e lixo;

Não será permitida caça amadorística, profissional e predatória;

O equilíbrio dinâmico entre a população e a conservação deverá ser observado, para tal se faz necessário inventário de fauna e flora locais, bem como monitoramento periódico;

Não será permitida a exploração de recursos naturais do ecossistema, nem extração de madeiras para qualquer fim, para garantia de preservação das espécies remanescentes;

A pesquisa científica ficará sujeita a prévia autorização do Conselho Municipal e do proprietário do bem e deverá ser para fins de educação ambiental, conservação das características naturais do bem e preservação da vida silvestre;

Não devem ser autorizadas práticas que impeçam a regeneração natural. A trilha temática deverá ser definida de forma a não prejudicar o abrigo dos animais, nem causar distúrbios excessivos no ambiente natural;

Espécies exóticas não deverão ser introduzidas;

Adotar medidas de contenção da erosão já presente. Adotar medidas de prevenção;

O cercamento do perímetro de tombamento deverá ser mantido e fiscalizado periodicamente, evitando a entrada de animais domésticos e assim preservando a vegetação natural de pisoteamento;

Não será permitida a presença de animais que não sejam da fauna silvestre da região;

Deverá ser protegida a mata ciliar na nascente e ao longo de todo curso d’água, evitando assim desmoronamento e erosão, com conseqüente assoreamento do córrego;

Deverão ser tomadas providências de intervenção na área onde foi diagnosticada a erosão, na borda da mata, objetivando sua contenção imediata;

Não será permitida a entrada e/ou permanência de veículos, animais domésticos no perímetro do bem tombado, ou outro qualquer fator que seja impedimento da regeneração natural da vegetação nativa;

Conjunto Paisagístico da Mata da Dona Zina

Dossiê de Tombamento

SANTO ANTÔNIO DO GRAMA MINAS GERAIS BRASIL MARÇO DE 2006. 37

Dentro do perímetro de tombamento, os seguintes itens sejam observados:

O perímetro de entorno de tombamento deverá garantir a boa ambiência junto ao Conjunto Histórico/Cultural e Natural Tombado. Dessa forma não será permitida a construção de elementos que desviem a percepção das características naturais do bem. Assim sendo, a vegetação nativa deve ser mantida.

Deverá ser elaborado Programa de Educação Ambiental, com vistas a promover a sensibilização dos moradores da região, bem como dos agricultores, para práticas de manejo sustentável na área de entorno do bem tombado.

A região de entorno deverá ser respeitada, não devendo ser realizada queimada de cana ou na vegetação nativa, o que poderá significar risco para toda a Mata.

Fica desautorizado o cultivo de cana-de-açúcar, bem como outro cultivo qualquer, que não seja vegetação natural, na região de entorno do bem tombado.

Não será permitida a entrada e/ou permanência de veículos, animais domésticos na região de entorno do bem tombado, ou outro qualquer fator que seja impedimento da regeneração natural da vegetação nativa.

Espécies exóticas não deverão ser introduzidas na área de entorno do bem tombado.

Caso ocorra necessidade de recuperar áreas degradadas, recomenda-se plantar espécies nativas do bioma.

Conjunto Paisagístico da Mata da Dona Zina

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SANTO ANTÔNIO DO GRAMA MINAS GERAIS BRASIL MARÇO DE 2006. 38

ANEXO I – FICHA DE INVENTÁRIO

Conjunto Paisagístico da Mata da Dona Zina

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SANTO ANTÔNIO DO GRAMA MINAS GERAIS BRASIL MARÇO DE 2006. 39

ANEXO II – DOCUMENTOS LEGAIS

Parecer sobre o tombamento elaborado por membro do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural

Parecer sobre o tombamento elaborado pelo profissional responsável pela elaboração do dossiê

Cópia da Ata de reunião do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural aprovando perímetros, diretrizes e tombamento provisório

Notificação aos proprietários dos bens informando o tombamento

Recibos de Notificação

Edital de Tombamento Provisório

Cópia da Ata de reunião do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural aprovando tombamento definitivo

Cópia do decreto do executivo tombando o bem cultural

Cópia da inscrição do bem cultural no Livro de Tombo Municipal

Cópia da divulgação do Decreto de Tombamento do bem

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SANTO ANTÔNIO DO GRAMA MINAS GERAIS BRASIL MARÇO DE 2006. 40

PARECER TÉCNICO PARA O TOMBAMENTO DA MATA DA DONA ZINA.

A Mata da Dª Zina tem inquestionável importância histórica, cultural e ecológico-ambiental.

Pertencente ao bioma de floresta tropical, que é uma extensão da Mata Atlântica, cuja história foi de grandes derrubadas, urge ser preservada para garantir representatividade da biodiversidade de ecossistema tão rico em tempos passados.

O desenvolvimento econômico do Estado de Minas deixou marcas históricas na natureza,

fechando seus ciclos diversos. Na agricultura, a Zona da Mata viu aflorar o cultivo do café, milho, cebola, arroz, cana, feijão e outros. Perdeu para a pecuária parte de suas matas, que se transformaram em pastos. Tão sem regras foi a utilização do solo e dos recursos naturais na Zona da Mata mineira que pouco sobrou da vegetação e de sua fauna, mas muito da grandeza de sua história se deve a estes. Penso que os fragmentos de mata restantes, devem ser conservados por vários motivos que vão além do valor ecológico intrínseco, mas porque também são provas vivas da história do Brasil, de Minas Gerais, de Santo Antônio do Grama e tantas outras. São instrumento didático para a lição “de como o homem não deve proceder”.

Na década de 50 por entre a Mata da Dª.Zina, foi aberta com força de tração animal a primeira

estrada para Rio Casca, trafegada por automóveis. Por ela passaram vigários de outras paróquias, que vinham pregar e dar atendimento à população, jovens em busca de estudos, comerciantes em busca de negócios, carga e suprimentos que antes chegavam no lombo de burros, vinham agora através dela, de carro. A mata sofreu e assistiu de perto mais esta etapa de desenvolvimento do Grama, perdendo em derrubadas mais do que a cidade ganhou. Foi desvirtuada em seu silêncio interno, com certeza alvoroçada foi sua fauna pelos novos transeuntes, que não só desfrutaram de seus caminhos como também tomaram especial apreço por este. Passou então a se chamar estrada da Mata da D.ªZina, esposa do Capitão Mariano Gomes e também proprietária da Fazenda Vargem Bonita, dentro da qual todo este trajeto percorria e percorre ainda.

Reitero que meu parecer é de que se faz necessário o tombamento cultural deste bem natural,

uma vez que dele remonta parte da história da cultura e desenvolvimento de Santo Antônio do Grama. Sendo este eficiente instrumento de proteção e conservação das características físicas, naturais do bem em questão e da história e cultura do município.

Belo Horizonte,10 de março de 2006.

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Analuce de Araújo Abreu Bióloga – CRBIO 44994/04-p

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ANEXO III - DOCUMENTOS DIVERSOS

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BIBLIOGRAFIA

Cullen Jr.,Larry; Rudran,Rudy; Valladares-Pádua, Cláudio. Métodos de Estudo em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Editora da Universidade Federal do Paraná, Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. Curitiba, Paraná, 2003

Diretrizes para a proteção do Patrimônio Cultural de Minas Gerais. Belo Horizonte: Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA/MG.

Domingues, José Henrique. Memória Histórica de Santo Antonio do Grama. Santo Antonio do Grama, MG. Editora folha de Viçosa, 1997.2ª Edição.

Lorenzi,Harri;Moreira, Hermes. Plantas Ornamentais no rasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras. Editora Plantarum, Nova Odessa, São Paulo, 1995.

Orr, Robert. T. Biologia dos Vertebrados. Livraria Roca.5ª Edição. São Paulo. S.P,1986.

Orr, Robert. T. Biologia dos Invertebrados. Livraria Roca.5ª Edição. São Paulo. S.P,1986.

Rizzini, Carlos Toledo. Árvores e madeiras úteis do Brasil. Manual de Dendrologia Brasileira. Editora Edgard Blucher.. 5ª Edição.

Rocco, Rogério.Legislação Brasileira do Meio Ambiente. DP&A Editora. Rio de Janeiro, 2005. 2ª Edição.

Sitios visitados na Internet.

www.brasilchannel.com.br/municípios

www.asminasgerais.com.br

www.ecologia.info/bambu.htm

www.bdt.fat.org.br/workshop/mata.atlantica

www.ibge.org.br

www.scielo.com.br

www.google.com.br

Fontes Orais Consultadas:

Sr. Edinei Ventura, funcionário da Prefeitura da Santo Antônio do Grama.

Sra. Maria das Graças Salgado Braga.

Sr. José Luis, funcionário da Usina Jatiboca e morador da Fazenda Vargem Bonita.

Sr. José Luis, ex-funcionário de Dona Zina e ex-morador da Fazenda Vargem Bonita.

Sr. José Segundo Santana.

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FICHA TÉCNICA

Equipe responsável pela realização do dossiê:

ARO Arquitetos Associados Ltda CREA MG 28.859

CNPJ 04.544.819/0001-70 Inscrição Municipal 167.155.001-0

Av. Portugal, 2.085/loja 14, Pampulha, Belo Horizonte - MG, CEP 31.555-000

TeleFax (31) 3491.1118/9157.9071 e-mail [email protected]

Levantamento e elaboração Analuce de Araújo Abreu Bióloga CRBIO44994/04-p

Revisão histórica Letícia Martins Historiadora RG. M-6.081.185

Colaboração/Agradecimentos Equipe Técnica da Prefeitura Municipal do município de Santo Antonio do Grama

Conselho Municipal do Patrimônio Cultural do município de Santo Antonio do Grama

Apoio Ana Paula Costa Arquiteta Urbanista CREA-MG 80093

Branca Perocco Arquiteta Urbanista CREA-MG 80093

Jusyanna de Souza e Silva Arquiteta Urbanista CREA-MG 04002266

Viviane Braga Arquiteta Urbanista RG. MG-11.448.275

Orientação e revisão Andrea Zerbetto Arquiteta Urbanista CREA-MG 69.616

Coordenação Geral Rodrigo Torres Arquiteto Urbanista CREA-MG 75.598

Belo Horizonte, 10 de fevereiro de 2006.

______________________________________________ Analuce de Araújo Abreu

Bióloga- CRBIO 44994/04p Responsável pelo levantamento e a elaboração

__________________________________________

Letícia Martins Historiadora

Responsável pela revisão histórica

__________________________________________

Andréa Zerbetto Arquiteta Urbanista – CREA-MG 69.616

Responsável pela orientação e a revisão geral