DOSSIÊ DO FUTEBOL BRASILEIRO

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  • 7/27/2019 DOSSI DO FUTEBOL BRASILEIRO

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    DOSSI DO FUTEBOL BRASILEIRO

    ELABORADO PORBom Senso F.C.

    Comisso de AtletasUniversidade do FutebolGrupo Futebol do Futuro

    Dr. Joo Henrique Chiminazzo

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    DOSSI DO FUTEBOL BRASILEIROMovimento Bom Senso F.C.

    INTRODUO

    Este documento foi criado no s com o propsito de embasar os cinco pontoslevantados e propostos pelo Bom Senso F.C Confederao Brasileira de Futebol mas

    tambm debat-los com outros setores de nossa sociedade que admiram este esporte e oconsideram um dos nossos maiores patrimnios culturais.

    Sabendo que de responsabilidade da CBF a organizao e a elaborao docalendrio nacional, do regulamento das competies e das definies do futuro dofutebol brasileiro, este dossi tem como objetivo levantar e constatar questes vitais queprecisam ser debatidas e repensadas em carter de urgncia para que se viabilize umfutebol de melhor qualidade, mais rentvel e saudvel a todos os interessados. Para tanto,o Bom Senso F.C rene mais de 800 atletas das sries A e B do Campeonato Brasileiro ecujos conhecimentos prticos e tcnicos so altamente especficos e devem serconsiderados como forma de contribuio para a construo de novos alicerces que

    permitiro o pleno desenvolvimento e o aperfeioamento do futebol brasileiro.O que se busca, portanto, no s alertar os dirigentes responsveis pelasinstituies que representam os interesses do futebol brasileiro, cobrando deles medidasfirmes, justas e urgentes de mudanas, mas tambm fornecer dados e fundamentaesque possam elucidar a CBF, ajudando a entidade a encontrar solues a curto, mdio elongo prazos dentro e fora de campo, seja na produo e na qualidade do espetculo, nacapacitao de profissionais, na formao de novos atletas ou, ainda, na profissionalizaoda gesto das entidades (e suas afiliadas) que regem o esporte no Brasil.

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    OS CINCO PONTOS PRIMORDIAIS

    1) 30 DIAS DE FRIAS

    De acordo com a Consolidao das Leis Trabalhistas, todo empregado possui direitoa 30 de frias aps perodo de 12 meses de trabalho.

    Entretanto, como a atividade de atleta de futebol possui algumas particularidades, importante citar que a Lei Pel (Lei n 9.615/98) com as modificaes impostas pela Lein 12.395/11, clara ao afirmar que:"Art. 28. A atividade do atleta profissional caracterizada por remunerao pactuada emcontrato especial de trabalho desportivo, firmado com entidade de prtica desportiva, noqual dever constar, obrigatoriamente: (...) 4 Aplicam-se ao atleta profissional asnormas gerais da legislao trabalhista e da Seguridade Social, ressalvadas as

    peculiaridades constantes desta Lei, especialmente as seguintes: V - frias anuaisremuneradas de 30 (trinta) dias, acrescidas do abono de frias, coincidentes com orecesso das atividades desportivas (sem destaque no original) .

    Entende-se por recesso das atividades desportivas o perodo compreendido entre otrmino de uma temporada e o incio da temporada seguinte. No Brasil, esse perodo se d,normalmente, entre os meses de dezembro e janeiro.

    Este perodo de descanso essencial para que o atleta se recupere, tanto fsicaquanto emocionalmente, e possa desenvolver plenamente suas atividades na temporadaseguinte. Em um calendrio equilibrado, que potencialize a performance das equipes,conta muito a preservao do perodo de 30 dias ininterruptos de frias, assim como a

    preparao inicial destas equipes.Alm da garantia legal, h ainda, a garantia constitucional da integridade fsica erespeito a sade de todo trabalhador, nesse caso, o atleta profissional. E por fim, deve serobservado o bom senso em prol de um futebol melhor, no havendo justificativa para queo atleta no goze dos 30 dias ininterruptos de frias a que tem direito.

    2) PERODO DE PR TEMPORADA ADEQUADO

    Para destacar a importncia de uma pr-temporada bem feita, foram utilizadaspesquisas realizadas na rea de medicina do esporte e, mais especificamente, da fisiologia.Estes estudos indicam que quando o perodo (estimado entre 4 e 6 semanas) depreparao bsica da equipe no respeitado, compromete-se a construo de uma basefisiolgica slida e aquisio das reservas energticas que permitiro aos atletas sustentar,em alto nvel, todas as exigncias de uma temporada longa e intensa.

    O curto perodo de preparao no possibilita, entre outros quesitos, corrigirdeterminados desequilbrios funcionais e neuromusculares dos jogadores, acumulados emtemporadas anteriores ou advindos do prprio perodo de frias. Dependendo dascaractersticas individuais dos atletas, estes desequilbrios podero ser maiores oumenores, mas muito provavelmente em boa parte, eles se arrastaro para toda a carreira

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    do futebolista, trazendo malefcios e sequelas, pouco ou nada consideradas quando seorganiza os calendrios.

    O quadro comparativo entre os calendrios europeu e brasileiro apresentadoabaixo tambm esclarecedor, quando observadas as diferenas de dias entre o ltimo jogo da temporada anterior e o primeiro jogo da prxima temporada. (*)

    CLUBES EUROPEUSCAMPEES DA CHAMPIONS LEAGUE TEMPORADA

    DIFERENADE DIAS*

    Liverpool 04-05 80Barcelona 05-06 89Internazionale 09-10 91Barcelona 10-11 78Chelsea 11-12 90Bayern Munchen 12-13 56

    Fonte: IPEFut/Universidade do Futebol

    CLUBES BRASILEIROSCAMPEES DA LIBERTADORES TEMPORADA

    DIFERENADE DIAS*

    So Paulo 2005/06 31Internacional 2006/07 34Internacional 2010/11 29Santos 2011/12 34

    Corinthians 2012/13 35Atltico Mineiro 2013/14 22

    Fonte: IPEFut/Universidade do Futebol

    Esta realidade deixa evidente que, em um ambiente onde as exigncias deperformance so enormes, praticamente impossvel manter-se altos nveis derendimento (dos atletas e das equipes brasileiras) durante toda a temporada.

    A longo prazo os prejuzos acumulados so igualmente nefastos, afetando tambmo nvel dos jogos, tornando-os menos atraentes, com jogadores mais cansados, e claro,

    carreiras atlticas de alto nvel competitivo encurtadas.Confira abaixo a mdia de jogos, nos ltimos cinco anos, entre algumas dasprincipais equipes brasileiras comparada com a mdia de algumas das principais equipeseuropeias:

    CLUBES BRASILEIROS

    Clube 2008 2009 2010 2011 2012 TOTAL MDIA

    Vasco 66 64 69 75 68 342 68 Flamengo 66 66 67 69 66 334 67

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    Fluminense 71 72 62 65 69 339 68

    Corinthians 70 72 70 63 76 351 70

    Palmeiras 70 71 75 69 76 361 72

    Santos 70 67 78 77 75 367 73

    Grmio 62 68 70 71 78 349 70 Mdia 68 69 70 70 73 349 70

    Fonte: Futebol do Futuro

    CLUBES ESTRANGEIROS Clube 2008 2009 2010 2011 2012 TOTAL MDIA

    Barcelona 60 64 56 64 62 306 61

    Chelsea 60 61 54 56 62 293 59

    Manchester U. 57 66 54 62 53 292 58

    Real Madrid 52 47 50 61 59 269 54

    Bayern Munich 54 49 48 54 54 259 52

    Milan 48 45 49 50 55 247 49

    Total Exterior 55 55 52 58 58 278 56

    Fonte: Futebol do Futuro

    Portanto, no difcil concluir que o calendrio atual do futebol brasileiro nopossibilita um perodo bsico de pr-temporada e, consequentemente, inibe os processosque poderiam levar o futebol ao seu melhor desenvolvimento tcnico, ttico,mercadolgico e econmico.

    3) MXIMO DE 7 JOGOS A CADA PERODO DE 30 DIAS

    Quando se planeja um calendrio preciso considerar que, alm da adequao aosintervalos entre um jogo e outro, necessrio levar em conta as longas viagensassociadas sequncia cumulativa de jogos que dificultam a recuperao completa dos jogadores, tanto nos aspectos fisiolgicos quanto nos psicolgicos e emocionais.

    Em se tratando do Brasil, os responsveis e organizadores do futebol e seuscalendrios devem considerar que, por questes geogrficas, associadas a variveislogsticas de viagens, clima e qualidade dos gramados, o desgaste sofrido por um jogador ainda maior do que aquele normalmente considerado como padro. preciso preservara integridade fsica e, de forma mais ampla, a sade dos atletas. Por isso, necessriopensar em todos os problemas e dificuldades que enfrenta o futebol brasileiro hoje em diae, de forma sustentvel, buscar as solues em conjunto, com todos aqueles que possuemreal interesse em preservar e desenvolver o futebol.

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    Utilizando um exemplo atual: o So Paulo F.C. dever terminar a temporada de2013 com 79 jogos oficiais disputados. Caso realizasse uma temporada onde conseguissetodas as classificaes, chegaria absurda marca de 87 jogos.

    SO PAULO F.C. | TEMPORADA 2013

    38 jogos pelo Brasileiro23 jogos pelo Paulista

    16 jogos pela Libertadores8 jogos pela Sulamericana

    2 jogos pela Recopa Sulamericana

    A ttulo de ilustrao, o quadro abaixo demonstra algumas das consequncias que oatual calendrio brasileiro impe aos atletas, com prejuzos para as suas equipes e aofutebol de forma geral.

    CONSEQUNCIAS DO EXCESSO DE JOGOS AOS ATLETAS

    1) Diminuio das reservas energticas(Alteraes nas taxas de ferretina, tenso arterial diastlica etc.)

    2) Dores musculares e articulares generalizadas e frequentes.

    3) Diminuio da fora e potncia musculares.

    4) Queda do poder de concentrao e ateno.

    5) Queda do nvel de resistncia para tarefas mais longas e exigentes.

    6) Diminuio da resistncia de velocidade de jogo.

    7) Diminuio das defesas imunolgicas do organismo.

    8) Aumento da ansiedade e irritabilidade.

    9) Limitao do processo criativo e capacidade de tomar decises(Estudos ingleses mostram que, em mdia, um atleta tem que tomar mais de 1.000 decises

    durante uma partida de alto rendimento).

    10) Diminuio da autoconfiana devido ao aumento da incidncia de erros.

    11) Maior propenso s leses.

    Fonte: Universidade do Futebol

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    Todas estas consequncias que impactam nos atletas esto interligadas,provocando uma diminuio geral do rendimento esportivo. Por isso, preciso ficar claroque a desgastante sequncia de partidas s quartas e aos domingos gera, inevitavelmente,uma queda drstica na qualidade do jogo e do espetculo como um todo.

    Os quadros abaixo demonstram a quantidade do nmero de semanas com dois jogos dos clubes brasileiros e europeus , e deixa evidente a desgastante sequncia desemanas seguidas (13) em que jogam s quartas e aos domingos, os clubes brasileiros.

    TIMESDO BRASIL

    QUANTIDADE DESEMANAS COM DOIS

    JOGOS (2013)

    MXIMO DESEMANAS SEGUIDAS

    COM DOIS JOGOS

    Corinthians 30* 13**So Paulo 29* 13**

    Atltico Mineiro 26 * 12**Internacional 24* 12**Grmio 22* 8**Cruzeiro 20* 8**

    Fonte: Universidade do Futebol

    *Nmero de semanas (at 05/10/2013) Corinthians e So Paulo podem chegar a 37Semanas com dois jogos oficiais na mesma semana.**Nmero mximo de semanas seguidas com dois jogos (at 05/10/2013) Corinthians e

    So Paulo podem chegar a 17 semanas consecutivas com dois jogos oficiais na mesmasemana.

    TIMESDA EUROPA

    QUANTIDADE DESEMANAS COM DOIS

    JOGOS

    MXIMO DESEMANAS

    CONSECUTIVAS COMDOIS JOGOS

    Real Madrid (ESP) 24 4Barcelona (ESP) 22 4Bayern Munich (ALE) 18 5

    Borrussia (ALE) 18 3Manchester (ING) 15 3Arsenal (ING) 16 3

    Fonte: Universidade do Futebol

    Utilizando-se das 13 semanas consecutivas com jogos aos meios de semana e aosdomingos (demonstrado acima) e considerando uma programao padro (quadro abaixo)de um grande clube brasileiro exposto a dois jogos por semana, nota-se que, atualmente,

    sequer a Lei respeitada. O artigo 28, pargrafo 4, inciso IV, da Lei 9.615/98, com asalteraes introduzidas pela Lei 12.395/11 taxativo ao afirmar que o atleta tem direito a:

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    "repouso semanal remunerado de 24 (vinte e quatro) horas ininterruptas,preferentemente em dia subsequente participao do atleta na partida, prova ouequivalente, quando realizada no final de semana". Nota-se que, aps a realizao de umapartida, garantido ao atleta o direito de 24 horas ininterruptas de repouso, o que no

    ocorre no Brasil. Programao de um clube da Srie A do Campeonato Brasileiro:

    MANH TARDE NOITE

    QUARTA-FEIRA CONCENTRAO CONCENTRAO JOGO*

    QUINTA-FEIRA VIAGEM TREINO DERECUPERAO -

    SEXTA-FEIRA - TREINO TCNICO -

    SBADO TREINO TTICO VIAGEM CONCENTRAO

    DOMINGO CONCENTRAO JOGO VIAGEM DERETORNO

    SEGUNDA-FEIRA - TREINO DERECUPERAO -

    TERA-FEIRA TREINO TCNICO VIAGEM CONCENTRAO

    QUARTA-FEIRA CONCENTRAO CONCENTRAO JOGO*

    * Em jogos que comeam s 22h, os atletas dormem geralmente aps s 3h.

    A mdia dos ltimos trs anos do nmero de folgas completas (24 horasininterruptas) obtidas por atletas de uma grande equipe brasileira de alta performance nopas chega a ser assustadora quando comparada ao trabalhador brasileiro. Conforme oquadro abaixo, a quantidade mdia de folgas dos brasileiros de 100 dias por ano,enquanto a dos atletas de 21 dias, conforme o quadro abaixo:

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    claro que a profisso de jogador profissional de futebol cheia de particularidades e

    especificidades e o objetivo do Bom Senso F.C. no exigir as mesmas 100 folgas anuais de umtrabalhador comum, mas indiscutvel que um atleta profissional, de qualquer modalidade, noconseguir se manter no alto rendimento durante toda a temporada se obtiver o descanso desomente 21 dias ao ano.

    PRESSUPOSTOS PARA UM NOVO CALENDRIO

    a) Necessidade de equilbrio na quantidade de jogos que preserve, ao mais alto graupossvel, a integridade fsica dos atletas e permita que, com pr-temporadasracionais, treinamentos adequados, perodo de frias suficiente, entre outroscuidados, os atletas possam jogar na plenitude de suas potencialidades oupossibilidades.

    b) Necessidade de se buscar condies efetivas para que a grande maioria dos clubes,principalmente os de mdio e pequeno portes, possa jogar durante toda atemporada, permitindo que os jogadores consigam exercer a sua profisso deforma digna e, ao mesmo tempo atraente ao pblico, sustentandoestrategicamente a base que fornece jogadores para o mais alto escalo derendimento.

    c) Necessidade de se respeitar as datas FIFA para que no haja jogos de competiesestaduais ou nacionais durante esses perodos.

    Jogador de Futebol Trabalhador Brasileiro

    21

    100

    Quantidade mdia de diasde folga por ano

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    UMA ANLISE CRTICA SOBRE O CALENDRIO ATUAL

    Conforme demonstrado no quadro abaixo, dos 641 clubes brasileiros que disputamas primeiras, segundas, terceiras e quartas divises estaduais, apenas 15,8% possuem umcalendrio que os mantenham em atividade durante o ano inteiro.

    DISTRIBUIO DOS CLUBES POR COMPETIO E REGIO*

    CLUBES QUE DISPUTAMESTADUAIS NAS DIVISES

    CLUBES QUEDISPUTAM NACIONAIS

    1 2 3 4 TOTAL SRIEASRIE

    BSRIE

    CSRIE

    D TOTAL

    BRASIL 285 216 95 45 641 20 20 21 40 101

    SUDESTE 58 59 66 45 228 11 7 7 9 34

    SO PAULO 20 20 20 45 105 5 5 3 3 16

    RIO DE JANEIRO 16 21 30 67 4 3 2 9

    MINAS GERAIS 12 11 16 39 2 2 1 3 8

    ESPRITO SANTO 10 7 17 1 1

    SUL 38 36 14 0 88 5 6 1 6 18

    RIO G. DO SUL 16 16 32 2 1 2 5

    PARAN 12 10 5 27 2 2 2 6

    SANTA CATARINA 10 10 9 29 1 4 2 7

    NORDESTE 92 63 7 0 162 3 6 6 13 28

    CEAR 11 11 7 29 2 1 2 5

    PERNAMBUCO 12 15 27 1 1 1 3 6

    BAHIA 12 10 22 2 2 4

    ALAGOAS 10 11 21 1 1 1 3

    PARABA 10 4 14 1 1 2

    MARANHO 9 5 14 1 1 2

    SERGIPE 10 4 14 1 1

    RIO G. DO NORTE 10 3 13 2 1 1 4

    PIAU 8 8 1 1

    CENTRO-OESTE 45 39 8 0 92 1 1 5 5 12

    GOIS 10 10 8 28 1 1 2 2 6

    MATO G. DO SUL 14 12 26 1 1

    DISTRITO FEDERAL 12 10 22 1 1 2MATO GROSSO 9 7 16 2 1 3

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    NORTE 52 19 0 0 71 0 0 2 7 9

    PAR 8 12 20 1 1 2

    AMAZONAS 10 3 13 1 1

    ACRE 8 4 12 1 1 2

    TOCANTINS 8 8 1 1

    RONDNIA 7 7 1 1

    AMAP 6 6 1 1

    RORAIMA 5 5 1 1

    Fonte: Pluri Consultoria

    TIMES QUE NO POSSUEM CALENDRIO ANUAL*

    Que disputam a1 divisoestadual

    Que disputamdemais divises

    estaduaisTOTAL % de clubes com calendrioanual - sem copas estaduais

    184 356 540 15,8%

    *88 clubes brasileiros disputam copas estaduais, sendo que: Em So Paulo a Copa vai de julho a novembro e conta com 27 clubes; No Rio de Janeiro a Copa vai de setembro a

    novembro e conta com 25 clubes; No Rio Grande do Sul a Copa vai de agosto a outubro econta com 32 clubes; Em Santa Catarina a Copa vai de outubro a dezembro e conta com 12clubes e na Bahia a Copa vai de setembro a novembro e conta com 8 clubes. Seconsiderarmos as Copas Estaduais como complemento de calendrio, ainda teremos 452times, ou 70% dos clubes profissionais, sem um calendrio que os mantenha em atividadeo ano todo.

    Guardadas as devidas propores destes dois distintos nveis de prtica do futebolprofissional, em ambos os casos h um incontestvel comprometimento no equilbrio departicipao de todos os clubes (uns com muitos e excessivos jogos e outros com poucos edesinteressantes jogos). Para que se abrace todos os nveis de atuao e participao dofutebol brasileiro, se democratize sua prtica, se fomente sua importncia comopatrimonio scio-educacional e cultural, deve-se entender que apenas alguns clubes nopas buscaro e desenvolvero o alto rendimento, fundamental para que o Brasil, paspentacampeo do mundo, volte a ter um lugar de destaque no cenrio mundial. Porm,deve-se construir alicerces slidos e estratgias inteligentes que no impeam ou excluamcentenas de clubes do pas do direito de disputar e participar de competies queofeream condies de se conduzir o futebol profissional, de forma digna e sustentvel,aos quatro cantos do Brasil.

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    TODOS PERDEM COM O ATUAL CALENDRIO

    Os clubes das principais divises do Campeonato Brasileiro no possuem tempo suficiente para a realizao de uma pr-temporada adequada, necessria a uma

    melhor preparao de suas equipes na busca do alto rendimento. Por acumularemsequncias de jogos s quartas e aos domingos, de janeiro a dezembro, algunsclubes iniciam as competies estaduais com times mistos, priorizam ascompeties sul-americanas e nacionais e acabam por se desinteressar dostorneios regionais.

    Os atletas dos grandes clubes sofrem com o calendrio atual, em primeiro lugarpelo desgaste fsico devido a quantidade elevada de jogos. Alm disso, a maratonade partidas seguidas causa um desgaste psicolgico e emocional pois no h umapausa adequada onde os atletas consigam se desligar, descansar e dedicar tempo famlia e ao lazer. Esse fator, prioritariamente, compromete a qualidade do

    espetculo durante toda a temporada, prejudica a sade fsica e compromete alongevidade do atleta.

    Esses fatores citados acima acabam por influenciar, de forma significativa, no sna queda do rendimento individual e coletivo da equipe, mas tambm, no trabalhoefetuado pelas comisses tcnicas que, ao invs de servir para o aprimoramento eo desenvolvimento do jogo em si, serve apenas para recuperar e descansar seusatletas.

    Como se no bastasse, essas equipes so frequentemente desfalcadas epenalizadas por um nmero elevado de jogadores contundidos ou lesionados,prejudicando o espetculo e o nvel tcnico dos jogos. Alm disso, esse alto risco deleses ocasionado pelo calendrio atual faz com que os clubes tenham que contarcom um elenco numeroso, entre 30 e 40 atletas, para aguentar a quantidadedesgastante de jogos. Desta forma eleva-se tambm o custo fixo da folha salarial eaumenta-se o risco de inadimplncia, prejudicando o futebol de formageneralizada.

    Os clubes menores tambm so prejudicados pelo atual calendrio, que tem semostrado ineficaz na tentativa de atingir seu objetivo de levar os clubes do interior sua autosuficincia financeira e esportiva. Enfrentar os clubes grandes quatrovezes por ano, como acontece, por exemplo, no estado de So Paulo e do Rio de

    Janeiro, no suficiente para que os times do interior sobrevivam de forma efetivae benfica para o esporte do pas. Pelo contrrio, ao jogarem um futebol de formasazonal, esses clubes no conseguiro apresentar um futebol de alto nvel, muitomenos desenvolver um trabalho importante para a sustentao da base dapirmide que deveria fornecer atletas para o topo. Somente um novo formato detrabalho que implique em um calendrio que contenha jogos durante todo o ano possibilitar o desenvolvimento do futebol nessas cidades e regies.

    Os atletas dos times do interior ficam, no formato atual, expostos a contratos detrabalho de trs meses e, corriqueiramente, ao final dos campeonatos estaduais,sofrem com a falta, ou o atraso, de pagamento (problema recorrente). Pior ainda,

    esses jogadores sofrem com o desemprego que pode durar todo o restante datemporada.

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    A TV, os patrocinadores e os torcedores tambm so lesados pelo sistema vigente, j que algumas equipes jogam as primeiras rodadas dos estaduais com times mistospara minimizar o curto perodo de preparao oferecido pelo calendrio, tornandoo campeonato estadual ainda menos vistoso aos olhos do pblico. Alguns timestambm iniciam a competio nacional com seus times mistos privilegiando ascompeties sul-americanas e enfraquecendo o Campeonato Brasileiro.Historicamente a equipe que vence a Copa Libertadores no briga pelo ttulobrasileiro, assim como quem est nas fases finais da Copa Sul Americana tambmprivilegia tal competio e torna o Brasileiro menos competitivo.

    UM PANORAMA SOBRE A PRESENA DO PBLICO DOS ESTDIOS BRASILEIROS

    Em relao ao interesse do pblico pelo espetculo, representado pelo nmero detorcedores presentes nos estdios, inadmissvel que fiquemos abaixo de muitos pasesem mdia de pblico. Outra preocupao com a perda de atratividade do futebol comoproduto, afinal isso que garantir a sustentabilidade financeira dos clubes, pr-condiopara manter os salrios em dia.

    Atualmente perdemos para pases como os Estados Unidos e at as segundasdivises de Inglaterra e Alemanha:

    OS 20 CAMPEONATOS COM MAIOR MDIA DE PBLICODO MUNDO EM 2012-2013

    Rank2013

    Rank2012 Pas Campeonato

    Mdia dePblico

    % deocupao

    mdia1 1 Alemanha 1.Bundesliga 42.646 95%

    2 2 Inglaterra Premier League 35.921 95%

    3 3 Espanha Primera Divisin 28.616 83%

    5 4 Mxico Liga MX Apertura 24.245 53%

    4 5 Itlia Serie A 23.053 62%

    6 6 Holanda Eredivisie 19.737 90%

    7 7 Frana Ligue 1 19.191 68%

    8 8 EUA Major League Soccer 18.845 91%

    9 10 China Chinese Super League 18.740 44%10 9 Inglaterra Championship 17.660 67%

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    11 - Argentina Torneo Inicial/Final 17.548 47%

    12 11 Alemanha 2.Bundesliga 17.271 70%

    13 12 Japo J. League Division 1 16.434 60%

    14 - Turquia Sper Lig 14.215 49%

    15 15 Rssia Premier Liga 13.096 63%

    16 18 Ucrnia Premier Liga 13.005 53%

    17 21 Austrlia A-League 12.990 32%

    18 13 Brasil Campeonato Brasileiro 12.971 38%

    19 16 Sua Raiffeisen Super League 12.060 58%

    20 17 Blgica Jupiler Pro League 11.934 64%

    Fonte: Futebol do Futuro

    A mdia de pblico do Campeonato Brasileiro caiu de 13 para 18 do mundo,agora atrs at da Austrlia, pas sem tanta tradio no futebol. J no ranking de ocupaodos estdios, o Brasil caiu de 18 para 31 do mundo. E novas arenas vo elevar acapacidade mdia em 21% neste Brasileiro 2013.

    Outro dado interessante que demonstra a qualidade do produto futebol oferecidoem forma de espetculo ao pblico brasileiro a mdia de 3.800 pessoas por partida,considerando campeonatos nacionais e estaduais juntos, o que representa uma ocupaoem torno de apenas 21% dos estdios brasileiros.

    preciso pensar o futebol de forma sistmica. No se pode acreditar que seresolver todos os problemas do futebol brasileiro partir apenas das mudanas decalendrio. Mas este, talvez, seja o ponto de partida que pode desencadear reflexes emelhorias essenciais. No se resolve os problemas do futebol de alto rendimento sempensar estrategicamente no futebol de base e em sua massificao. Os clubes, base desustentao do futebol, precisam encontrar caminhos para se tornarem mais saudveis,autnomos e independentes e para isso, iniciativas urgentes devem ser tomadas para secomear a resgatar a sade financeira da grande maioria desses clubes. No maispossvel se desenvolver o futebol, neste sculo 21, sem substanciais investimentos emformao e capacitao de seus profissionais (recursos humanos). O Brasil um dos

    poucos pases que no reconhece e regulamenta as diferentes profisses no futebol. Devehaver um debate maduro entre os principais atores do futebol brasileiro (clubes, atletas,treinadores, TV, CBF e federaes), buscando uma convergncia, porm cujo o foco maiordeve ser a qualidade do futebol brasileiro.

  • 7/27/2019 DOSSI DO FUTEBOL BRASILEIRO

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    4) IMPLANTAO DO FAIR PLAY FINANCEIRO EM 2015

    Criado em 2009 pela Unio das Federaes Europeias de Futebol (UEFA), o fair playfinanceiro no futebol um plano que tem como principal objetivo introduzir mais disciplinanas finanas dos clubes de futebol e encoraj-los a competir apenas com valores das suasreceitas, garantindo a viabilidade do futebol europeu a longo prazo. A proposta do BomSenso F.C. a criao de um fair play financeiro para os clubes do Brasil.

    No modelo europeu, os clubes no podem apresentar despesas superiores s suasreceitas e so obrigados a fornecer informaes referentes s suas transaes,emprstimos e balancetes. Para o Brasil, o plano representa uma alternativa real paragarantir a sade financeira dos clubes e, principalmente, impor um equilbrio financeiroque impea o atraso de salrios - prtica que tem sido comum em, inclusive, grandes timesbrasileiros. Alm dessas vantagens a curto prazo, a implantao deste modelo vai garantir asustentabilidade do futebol brasileiro a longo prazo e estimular investimentos nascategorias de base.

    Em agosto de 2013, a UEFA apresentou um relatrio sobre o impacto da aplicaodos regulamentos de "fair play" financeiro. No ltimo exerccio, os prejuzos acumuladosdos clubes diminuram em 600 milhes de euros (-36%), aps seis anos de aumento. Almdisso, pela primeira vez desde que comearam a ser feitos registros em 2006, ocrescimento das receitas (6,9%) ultrapassou o dos salrios (6,5%).

    Os objetivos principais no Brasil seriam muito semelhantes aos utilizados na Europae poderiam ser aplicados em nosso pas em regime de carncia, alinhados com a lei deresponsabilidade fiscal, em vias de ser aprovada:

    garantir mecanismos para que os salrios sejam pagos em dia; encorajar os clubes a competir apenas com valores das suas receitas; proteger a viabilidade a longo prazo do futebol; assegurar que os clubes resolvam os seus problemas financeiros; introduzir mais disciplina e racionalidade nas finanas dos clubes de futebol; diminuir a presso sobre salrios e verbas de transferncias e limitar o efeito

    inflacionrio; encorajar investimentos a longo prazo nas categorias de base e em infraestruturas;

    (Fonte: Site UEFA)

    5) ATLETAS, TREINADORES E EXECUTIVOS DEVEM FAZER PARTE DO CONSELHO TCNICODAS COMPETIES E ENTIDADES

    O Bom Senso F.C. solicita Confederao Brasileira de Futebol que os atletas,treinadores e executivos faam parte do Conselho Tcnico das competies e entidades.

    Da mesma forma que o Estatuto do Torcedor foi criado para proteger os direitos dopblico consumidor dos jogos, a prpria existncia do conselho garante que os clubes

    possam opinar sobre os campeonatos, calendrios, regulamentos, distribuio da rendalquida dos jogos, preos de ingressos, etc.

  • 7/27/2019 DOSSI DO FUTEBOL BRASILEIRO

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