Doutores 2010: Estudos da demografia da base técnico-científica brasileira

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Doutores 2010: Estudos da demografia da base técnico-científica brasileira.

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Doutores 2010:Estudos da demograa da base tcnico-cientca brasileira

Doutores 2010: estudos da demografia da base tcnico-cientfica brasileira

Braslia DF 2010

Centro de Gesto e Estudos Estratgicos (CGEE)Presidenta Lucia Carvalho Pinto de Melo Diretor Executivo Marcio de Miranda Santos Diretores Antonio Carlos Filgueira Galvo Fernando Cosme Rizzo AssunoDiagramao / Paulo Henrique Gurjo Grficos / Camila Maia, Daniela Barbosa e Mayra Fernandes Capa / Eduardo Oliveira Edio / Tatiana de Carvalho Pires Apoio tcnico ao projeto / Alberto Jakob e Maria Ivonete Zorzetto Teixeira

C389d Doutores 2010: estudos da demografia da base tcnico-cientfica brasileira - Braslia, DF: Centro de Gesto e Estudos Estratgicos, 2010. 508 p.; Il.; 24 cm ISBN - 978-85-60755-29-5 1. Demografia - Brasil. 2. Doutores. 3. CT&I. I. CGEE. II. Ttulo. CDU 312:378.245(81)

Centro de Gesto e Estudos Estratgicos SCN Qd 2, Bl. A, Ed. Corporate Financial Center sala 1102 70712-900, Braslia, DF Telefone: (61) 3424.9600 http://www.cgee.org.br Esta publicao parte integrante das atividades desenvolvidas no mbito do Contrato de Gesto CGEE - 14o termo aditivo/ao: Recursos Humanos em CT&I - subao: 51.30.2 - Demografia II/MCT/2008. Interpretaes, concluses e opinies expressas neste livro so de responsabilidade de seus autores e no refletem necessariamente a posio das instituies que contriburam para sua realizao. A realizao dos estudos que deram origem aos captulos aqui publicados somente foi possvel graas colaborao institucional e de tcnicos de Centro de Gesto e Estudos Estratgicos (CGEE), Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES, MEC), Ministrio da Cincia e Tecnologia (MCT), Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE), Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq), Ministrio da Previdncia Social (MPS), Empresa de Tecnologia e Informaes da Previdncia Social (Dataprev) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatsticas (IBGE), a quem os autores agradecem. Essa publicao pode ser acessada na pgina mantida pelo Centro de Gesto e Estudos Estratgicos (CGEE) em: www.cgee.org.br. Todos os direitos reservados pelo Centro de Gesto e Estudos Estratgicos (CGEE). Os textos contidos nesta publicao podero ser reproduzidos, armazenados ou transmitidos, desde que citada a fonte. Impresso em 2010

Doutores 2010: estudos da demografia da base tcnico-cientfica brasileira

Superviso Antonio Carlos Filgueira Galvo Consultores Eduardo Baumgratz Viotti (coordenador) Rosana Baeninger Antonio Ibarra Equipe tcnica do MCT Renato Baumgratz Viotti Roberto Dantas de Pinho Equipe tcnica do CGEE Sofia Daher (coordenadora) Carlos Duarte de Oliveira Jr.

SumrioCaptulo 1. Doutores 2010: estudos da demografia da base tcnico-cientfica brasileira Captulo 2. Doutorados e doutores titulados no Brasil: 1996-2008 Captulo 3. O emprego dos doutores brasileiros Captulo 4. A populao de mestres e doutores no Brasil Captulo 5. Estrangeiros autorizados a trabalhar no Brasil 15 61 195 359 443

ApresentaoO Brasil conta hoje com uma vantagem comparativa para o seu desenvolvimento sustentvel sobre a qual poucos tm ideia clara de sua dimenso e importncia. A ps-graduao brasileira, que passa por intenso processo de crescimento, diversificao e amadurecimento, j atingiu uma escala e um padro de qualidade que a distingue entre as naes emergentes. A relevncia desse fato tem a ver com a importncia vital que os recursos humanos altamente qualificados desempenham no processo de reduo da excessiva dependncia que nossa competitividade tem da explorao de recursos naturais e de mo de obra barata. A existncia desses recursos humanos qualificados essencial para o aumento das vantagens competitivas de base tecnolgica, porque tais vantagens dependem de nossa capacidade de absorver, transformar e produzir novos conhecimentos e inovao. Em qualquer pas, a ps-graduao forma uma reduzida parcela da mo de obra qualificada, mas essa parcela especfica tem papel fundamental na formao de multiplicadores de recursos humanos qualificados e, em especial, na formao de doutores, que so profissionais com capacidade para realizar pesquisa e desenvolvimento (P&D) original. Este livro se dedica a aprofundar e divulgar conhecimentos sobre a formao, o emprego e as caractersticas demogrficas dos doutores. So apresentadas informaes detalhadas e na sua maior parte originais sobre a formao de doutores titulados no Brasil no perodo 1996-2008 e sobre o emprego destes no ano de 2008. A essas informaes foi adicionada uma anlise demogrfica que buscou situar essa populao especfica na dinmica populacional brasileira mais ampla. Alm disso, foram analisadas as dimenses e caractersticas do fluxo de estrangeiros que entraram no mercado de trabalho brasileiro no perodo 1993 a 2009 com autorizao do Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE). A expectativa a de que esses registros possam vir a constituir-se em importante fonte de informaes sobre carncias do mercado de trabalho brasileiro. Os estudos que constituem os captulos deste livro so resultado da ao do CGEE sobre a Demografia da Base Tcnico-Cientfica Brasileira II, parte integrante de seu contrato de gesto com o Ministrio da Cincia e Tecnologia (MCT) no ano de 2009. A realizao desses estudos resultado de um intenso processo de colaborao do CGEE com o prprio MCT, a Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (Capes), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq), o Ministrio do Trabalho e Emprego e o Ministrio da Previdncia Social. O CGEE muito grato a essas instituies e espera que a aproximao e colaborao desenvolvidas na realizao deste estudo possam prosseguir em reas de formao dos recursos humanos que constituem a base tcnico-cientfica brasileira.

O fato de a formao de doutores ter atingido um patamar altamente significativo, como demonstrado neste livro, no reduz, no entanto, a responsabilidade que o pas tem de aperfeioar a poltica de formao de doutores. de fundamental importncia continuar a expandir e melhorar a qualidade dos doutores brasileiros de forma a melhor contribuir para o enfrentamento do desafio de produzir conhecimentos e inovaes necessrios ao avano do processo de desenvolvimento sustentvel brasileiro. Com a riqueza de informaes e anlises objetivas que propicia, estou segura de que este livro dar contribuio importante para o processo de discusso e avaliao das polticas recentes de formao de doutores, assim como para a sua reformulao ou aperfeioamento.

Lucia Carvalho Pinto de Melo Presidenta do CGEE

Captulo 1 Doutores 2010: estudos da demografia da base tcnicocientfica brasileira

Eduardo Baumgratz ViottiConsultor legislativo do Senado Federal (licenciado) e professor adjunto da School of International and Public Affairs (SIPA) da Columbia University

Captulo 1 Doutores 2010: estudos da demografia da base tcnicocientfica brasileira

SumrioIntroduo 1.1. Os quatro estudos1.1.1. Doutorados e doutores titulados no Brasil - 1996-2008 1.1.2. O emprego dos doutores brasileiros 1.1.3. A populao de mestres e doutores no Brasil 1.1.4. Estrangeiros autorizados a trabalhar no Brasil

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1.2. Principais resultados dos estudos 1.3. Agradecimentos e perspectivas Referncias

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Lista de grficosGrfico 1.1. Nmero de portadores de ttulos de doutorado por mil habitantes na faixa etria entre 25 e 64 anos de idade, pases selecionados Grfico 1.2. Nmero de doutores titulados no Brasil, 1987-2008 Grfico 1.3. Proporo representada pelo nmero de doutores titulados no Brasil em relao ao de titulados nos EUA, 1987-2008 (%) Grfico 1.6. Taxa percentual de crescimento anual mdio do nmero de doutores titulados no Brasil no perodo 1996-2008, por grande rea do conhecimento Grfico 1.7. Participao percentual das grandes reas do conhecimento no total de doutores titulados no Brasil, 1996 e 2008 Grfico 1.8. Nmero de doutores titulados no Brasil por natureza jurdica das instituies, 1996-2008 Grfico 1.9. Distribuio percentual dos doutores titulados no Brasil pela natureza jurdica dos programas de doutorado, 1996 e 2008 Grfico 1.10. Diagrama de crculos representativos do nmero de doutores titulados no perodo 1996-2008 nas cinco universidades e unidades da federao que mais titularam doutores, e nas cinco grandes regies brasileiras Grfico 1.11. Mapa em rvore representativo da ordem de grandeza referente ao nmero de doutores titulados no Brasil no perodo 1996-2008, por regies, unidades da federao e instituies de ensino Grfico 1.12. Distribuio percentual dos doutores titulados no Brasil por regies, 1996 e 2008 Grfico 1.13. Distribuio percentual dos programas de doutorado por regies, Brasil, 1998 e 2008 Grfico 1.14. Nmero e percentagem de doutores titulados no Brasil em 1996 e em 2006, que estavam empregados em 2008, por regio do emprego Grfico 1.15. Nmero e percentagem de doutores titulados no Brasil em 1996 e em 2006, que estavam empregados em 2008, nas cinco unidades da federao com maior nmero de doutores empregados Grfico 1.16. Distribuio percentual dos doutores titulados no Brasil no perodo 1996-2006, empregados durante o ano de 2008, por seo da classificao nacional de atividades econmicas (CNAE) dos estabelecimentos empregadores Grfico 1.17. Percentagem dos doutores titulados no Brasil em 1996 e em 2006 que estavam empregados em 2008 nas cinco sees da classificao nacional de atividades econmicas (CNAE) que mais empregam doutores

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Grfico 1.18. Percentagem dos doutores titulados no Brasil em 1996 e em 2006 que estavam empregados em 2008 nas cinco sees da classificao nacional de atividades econmicas (CNAE) que correspondem da 6 10 sees que mais empregam doutores Grfico 1.19. Distribuio dos doutores titulados no Brasil por sexo, 1996-2008 Grfico 1.20. Participao percentual das mulheres no total dos doutores titulados no Brasil por regio, 1996 e 2008 Grfico 1.21. Participao percentual das mulheres no nmero de doutores titulados no ano de 2004, pases selecionados Grfico 1.22. Estimativa da participao percentual de raas ou cores na populao total e na populao dos portadores de ttulo de mestrado ou doutorado, Brasil, 1998 e 2007 Grfico 1.23. Taxa de crescimento anual observada e estimada para grupos etrios de interesse para a formao de mestres e doutores, Brasil, 1980 / 2040

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Doutores 2010: estudos da demografia da base tcnico-cientfica brasileira

1. Doutores 2010: estudos da demografia da base tcnicocientfica brasileira

IntroduoApesar de os doutores constiturem uma parcela muito pequena da populao total de qualquer pas, sua importncia estratgica. Os doutores constituem no s os indivduos que receberam o mais elevado nvel de qualificao educacional possvel, como tambm compem a parcela dos recursos humanos que foi treinada especificamente para realizar pesquisa e desenvolvimento. Por essa razo eles so considerados o grupo com a maior probabilidade de contribuir para o avano e a difuso de conhecimentos e tecnologias e, como tal, (...) so frequentemente vistos como atores que desempenham papel chave na criao do crescimento econmico baseado no conhecimento e na inovao (OECD, Eurostat e Unesco/UIS 2007, p. 6). Em razo desse papel estratgico desempenhado pelos doutores nos processos de produo e transmisso de conhecimentos e tecnologias que se justifica a necessidade de conhecer e acompanhar cuidadosamente a evoluo dessa populao especfica. O objetivo principal do conjunto de estudos divulgados neste livro contribuir para a ampliao e a divulgao de conhecimentos e informaes sobre a populao de doutores brasileiros, seu crescimento, diversidade, reas de formao, condies de emprego, setores de atividade, remunerao, ocupao, composio por raa ou cor e por gnero, distribuio espacial, etc. Estudiosos dos sistemas e polticas de cincia, tecnologia e inovao, assim como formuladores de poltica, dirigentes de universidades e, mesmo, de empresas, assim como estudantes ou potenciais estudantes de ps-graduao gostariam de ver respondidas diversas questes sobre a formao de doutores no Brasil e seu mercado de trabalho. Seria importante buscar respostas para perguntas tais como: Quais so as dimenses e as caractersticas do potencial dessa parte altamente qualificada

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dos recursos humanos com a qual possvel contar no esforo nacional de produo de conhecimentos, tecnologias e inovaes? Quais so as caractersticas demogrficas dessa populao? Qual a situao do mercado de trabalho para doutores e como ele dever evoluir no futuro? Quantos doutores trabalham na indstria? Quais so os setores que mais empregam doutores? Quais so as ocupaes dos doutores?Quantos trabalham em pesquisa e desenvolvimento (P&D)? Quais so as especializaes relativas de cada estado ou regio do Pas em termos da formao de doutores? Qual o perfil dos estrangeiros que trabalham no Brasil? possvel identificar reas de carncia especfica na oferta de profissionais brasileiros a partir dos fluxos de entrada de estrangeiros? Como se compara a situao da populao de doutores no Brasil com a de outros pases? Os resultados estatsticos divulgados neste livro jogaro um significativo facho de luz sobre muitas dessas questes. Algumas delas, contudo, continuaro sem resposta direta ou satisfatria. No entanto, os resultados estatsticos aqui divulgados serviro certamente de base para o avano dos esforos de investigao e monitoramento de temas relacionados a essas questes. Este conjunto de estudos um trabalho de referncia original. Apresenta anlises que destacam os principais resultados encontrados nos diversos estudos, mas sua essncia a de um relatrio estatstico que divulga dados em grande parte inditos. A extenso de sua contribuio somente poder ser devidamente explorada pelo uso que deles fizerem os analistas interessados no tema e os avaliadores ou formuladores de poltica da rea. A originalidade destes estudos reside em diversos aspectos. Primeiro, ele indito por que gerou e divulga informaes nunca antes produzidas ou sistematizadas sobre a populao de (mestres e) doutores brasileiros. Tambm indito em seu esforo de utilizar e desenvolver uma metodologia de utilizao de inmeros registros administrativos1 e ou pesquisas realizadas regularmente pelo IBGE e, com isso, dispensar a realizao de pesquisas de campo que seriam dispendiosas e envolveriam as dificuldades inerentes a esse tipo de pesquisas amostrais. Ademais, original pelo fato, que no ser perceptvel pela simples consulta destes estudos, de haver desenvolvido um esforo parale1 Parte da metodologia aqui utilizada foi testada em um exerccio similar realizado no mbito do projeto do CGEE intitulado Demografia da Base Tcnico-Cientfica I, cujos principais resultados aparecem em Viotti e Baessa, Caractersticas do emprego dos doutores brasileiros: caractersticas do emprego formal no ano de 2004 das pessoas que obtiveram ttulo de doutorado no Brasil no perodo 1996-2003. (Braslia: CGEE, 2008). O corrente estudo, contudo, aperfeioou significativamente aquela metodologia e expandiu seu escopo. importante registrar, ademais, que o atual estudo foi realizado a partir de novas bases de dados acessadas por intermdio de novos entendimentos ou acordos de cooperao realizados com essa finalidade entre CGEE e MCT com Capes, CNPq, MTE e MPS. As novas bases de dados, que se referem a perodo muito mais amplo do que o daquele estudo pioneiro, foram tratadas, classificadas e exploradas por tcnicos do CGEe e do MCT pelos consultores envolvidos no projeto.

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Doutores 2010: estudos da demografia da base tcnico-cientfica brasileiralo de construo das bases de um ncleo de articulao interinstitucional e de capacitao tcnica que poder vir a gerar novos trabalhos dessa natureza. necessrio reconhecer, como indicado no incio desta introduo, que a populao de doutores e mestres representa parcela diminuta da populao total do pas. O captulo 4 deste conjunto de estudos, que de autoria da Professora Rosana Baeninger, estima, com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios - PNAD, que existiam 586 mil portadores de ttulos de mestrado ou doutorado no Brasil no ano de 2008, o que representava apenas 0,31% dos 190 milhes de brasileiros existentes naquele ano.2 possvel estimar como essa populao se divide especificamente em mestres e em doutores a partir de uma inferncia aproximada. Para isso, razovel utilizar a proporo de mestres e doutores que se verificou entre os titulados ao longo das duas ltimas dcadas, nas quais se formou a maioria absoluta dos atuais mestres e doutores brasileiros. Entre 1987 e 2008, o nmero de doutores correspondeu a 22,6% do total de titulados em programas de mestrado e doutorado e essa proporo manteve-se relativamente estvel ao longo do perodo.3 Tomando-se como referncia esta proporo, possvel inferir que o nmero de doutores existentes no Pas no ano de 2008 fosse de aproximadamente 132 mil indivduos. Considerando-se esse nmero, possvel afirmar que o nmero de doutores correspondia a apenas 0,07% da populao brasileira total e a 0,14% da populao brasileira na faixa etria entre 25 e 64 anos de idade. Apesar de a proporo de doutores ser uma frao pequena da populao em qualquer pas do mundo, os nmeros disponveis indicam claramente que essa proporo um mltiplo da brasileira no caso de pases desenvolvidos, como mostra o grfico 1.1. Caso o Brasil queira contar em seu esforo de desenvolvimento com doutores em propores similares s de pases desenvolvidos, ainda ser necessrio multiplicar por 4, 5 ou mais vezes a participao de doutores em sua populao.

2 A forma como foram coletados os dados da PNAD no permite a identificao direta e especfica da populao de doutores em separado da de mestres. 3 Estimativa realizada com base nos dados da tabela 3.5.1 Brasil: Alunos novos, matriculados ao final do ano e titulados nos cursos de mestrado e doutorado, 1987-2008 acessada no dia 03/12/2009 em http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/6629.html.

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Grfico 1.1. Nmero de portadores de ttulos de doutorado por mil habitantes na faixa etria entre 25 e 64 anos de idade, pases selecionados25 23,0

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5 2,1 1,4 0,2 0

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Fontes: Coleta Capes (Capes, MEC), PNAD 2008 (IBGE); MCT (2009) e Auriol (2007, p. 8), elaborao do autor. Notas: O nmero de doutores brasileiros foi estimado como sendo 22,64% (proporo dos doutores no nmero total de mestres e doutores titulados no perodo 1987-2008) da populao de mestres e doutores estimada pelo captulo 4 deste livro (tabelas 4.2.2.1.1 e 4.2.2.2.1) a partir da PNAD 2008 (IBGE). A proporo aqui utilizada foi calculada a partir de MCT (2009). Os dados dos demais pases so provenientes de Auriol (2007, p. 8). Os dados de Austrlia e Canad referem-se a 2001; Sua, Alemanha e EUA a 2003; Argentina a 2005 e Brasil a 2008. No caso da Argentina, o dado foi estimado em relao populao total. O uso destes dados deve levar em considerao o fato de eles serem resultados de estatsticas no consolidadas. O dado do Brasil foi obtido a partir de expanso da amostra da PNAD para uma populao especfica muito pequena, qual foi adicionada a inferncia indicada acima. Os dados dos demais pases so resultado do primeiro exerccio de coleta de dados do Projeto Carreiras dos Portadores de Ttulo de Doutorado (conhecido como projeto CDH, em sua sigla em ingls) realizado sob a coordenao de OCDE, Eurostat e Instituto de Estatsticas da UNESCO.

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Grfico 1.2. Nmero de doutores titulados no Brasil, 1987-200812.000 10.000 8.000 6.000 4.000 2.000 0 1.005 990 1.139 1.410 1.750 1.759 1.875 2.031 2.497 2.830 3.472 3.797 4.713 5.197 5.753 6.567 7.690 8.080 8.982 9.364 9.913 10.705

Fontes: Coleta Capes (Capes, MEC) e MCT (2010), elaborao do autor. Notas: Os dados referentes ao perodo 1987 a 1995 foram extrados de MCT (2009). Os dados referentes ao perodo 1996-2008 so provenientes da tabela A.2.2.1 do captulo 2 deste livro (CGEE 2010).

Na verdade, o objetivo de dotar o Brasil de uma adequada populao de doutores vem sendo perseguido com determinao h muitos anos. O crescimento de cerca de mil por cento corrido no nmero de doutores titulados anualmente entre 1987 e 2008 evidencia esse fato, como indica o grfico 1.2. Essa uma das razes pelas quais possvel classificar a poltica de implantao, expanso e controle de qualidade dos programas de mestrado e doutorado no Brasil, que se estruturou em meados dos anos 1970, como um raro exemplo de poltica de estado. Essa poltica demonstrou uma continuidade surpreendente ao longo das ltimas dcadas, independentemente das inmeras mudanas de governo e at mesmo de regimes polticos ocorridas no perodo. O sucesso relativo do resultado quantitativo dessa poltica d significativas mostras de avanos, por exemplo, na comparao que possvel fazer entre o nmero de doutores titulados a cada ano no Brasil e nos Estados Unidos. No ano de 1987, o Brasil titulava apenas cerca de um trigsimo do nmero de doutores titulados nos Estados Unidos. Pouco mais de vinte anos depois, em 2008, o nmero de doutores ti-

19 8 19 7 88 19 8 19 9 90 19 9 19 1 92 19 9 19 3 94 19 9 19 5 9 19 6 97 19 9 19 8 99 20 0 20 0 01 20 0 20 2 03 20 0 20 4 05 20 0 20 6 07 20 08

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tulados no Brasil j representava mais de um quinto dos titulados nos Estados Unidos4, como pode ser visto no grfico 1.3.5Grfico 1.3. Proporo representada pelo nmero de doutores titulados no Brasil em relao ao de titulados nos EUA, 1987-2008 (%)25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,06,0 6 ,9 4,7 4,5 4,7 4 ,9 3,1 3,0 3,3 3 ,7 11,5 8,9 21,9 20,7 20,5 20,6 19,2

18,9 16,4 14,1 12,6

8,2

Fontes: Coleta Capes (Capes, MEC), MCT (2010) e NSF (2009a, Table 1), elaborao do autor. Notas: Os dados brasileiros referentes ao perodo 1987 a 1995 foram extrados de MCT (2009), enquanto que os referentes ao perodo 1996-2008 so provenientes da tabela A.2.2.1 do captulo 2 deste livro (CGEE 2010). Os dados sobre os EUA so provenientes de NSF (2009a, Table 1).

Inicialmente, as caractersticas dessa expanso acelerada da oferta de doutores foram determinadas principalmente pela prpria dinmica acadmica das especialidades ou das reas do conhecimento e, subsidiariamente, por informaes assistemticas sobre as reais necessidades do mercado de trabalho tanto em termos do nmero de doutores, quanto em termos das qualidades ou especificidades da formao requerida dos doutores (Viotti e Baessa 1998, pp. 7 e 8). possvel afirmar que, em linhas gerais, a grande motivao da expanso da oferta de doutores foi a demanda de quadros para atender s necessidades da prpria ps-graduao, em especial, e do sistema universitrio em geral. No contexto da carncia de quadros existentes, a dinmica funcionou em seu incio como que por

4 Esta estimativa inclui os cidados estrangeiros que obtiveram seus ttulos nos EUA com vistos temporrios de permanncia. Esse grupo correspondeu a aproximadamente um tero do total de titulados no ano de 2008 (NSF 2009a, p. 39). 5 A publicao S&E Indicators (SEIND), publicao bienal da National Science Foundation dos EUA, costuma divulgar alguns dados de titulados nos EUA significativamente superiores aos do Survey of Earned Doctorate (SED) (NSF 2009a) utilizados aqui. O SED utiliza um conceito de doutorado de pesquisa, que corresponde ao nvel ISCED-6 da International Standard Classification of Education (UNESCO 1997), que idntico ao utilizado para definir doutorados no Brasil e que o que serve de base para comparaes internacionais.

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1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Doutores 2010: estudos da demografia da base tcnico-cientfica brasileiraintermdio do que os economistas chamam de Lei de Say, que estabelece o entendimento de que toda oferta geraria sua prpria demanda. O atual avano da formao de doutores no Pas, assim como a crescente necessidade do emprego de doutores em outras atividades econmicas, torna cada vez menos funcional aquela lgica que operou de maneira relativamente adequada por um longo perodo. Por outro lado, o enorme potencial de contribuio desses profissionais altamente qualificados pode no se realizar inteiramente, caso eles no encontrem emprego em atividades apropriadas ou caso sua formao no corresponda aos requisitos demandados pela dinmica do processo de desenvolvimento da economia e da sociedade em geral e, em particular, do processo de produo de conhecimentos e inovaes. Por isso, essencial, nesse novo contexto de amadurecimento da ps-graduao brasileira, poder contar com dados e informaes sobre a formao e ou mercado de trabalho dos doutores brasileiros. Contribuir para isso o objetivo principal deste livro.

1.1. Os quatro estudosEste livro divulga os resultados de quatro estudos realizados no mbito do projeto Demografia da Base Tcnico-Cientfica II do Centro de Gesto e Estudos Estratgicos (CGEE). Os captulos que apresentam tais resultados so precedidos por este captulo de introduo de autoria do coordenador dos estudos. Nesta introduo, cada um dos demais captulo brevemente apresentado, destacando-se principalmente seus objetivos e naturezas, assim como as fontes de dados e as metodologias utilizadas. A enorme riqueza e variedade de dados estatsticos encontrados desaconselhou a realizao, nesta introduo, de um esforo de sntese, que permitisse a apresentao dos principais resultados de cada captulo, e recomenda sua explorao direta pelos interessados. Alguns dos principais resultados revelados pelo conjunto dos estudos so, no entanto, apresentados em uma seo especial desta introduo.

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1.1.1. Doutorados e doutores titulados no Brasil - 1996-20086O segundo captulo tem por objetivo apresentar as principais caractersticas da evoluo dos programas de doutorado e da formao de doutores no Brasil no perodo 1996-2008. As informaes utilizadas para a realizao deste captulo so basicamente provenientes do sistema Coleta Capes, que alimentado de forma regular pelos programas de ps-graduao. Esse sistema contm informaes detalhadas sobre os programas, inclusive sobre os indivduos que neles obtiveram seus ttulos. Tais informaes so utilizadas pelo processo de avaliao e credenciamento de programas de ps-graduao e pelo sistema de concesso a estes de bolsas e auxlios pesquisa. Por isso, esse sistema alimentado peridica e cuidadosamente pelos programas de ps-graduao e pode gerar resultados estatsticos de boa qualidade. O captulo sistematiza e divulga uma ampla gama de informaes sobre os programas de doutorado e sobre os indivduos que obtiveram ttulos de doutorado no perodo 1996-2008. Na seo sobre os programas, so sistematizadas informaes sobre o nmero de programas de doutorado por reas do conhecimento, conceitos recebidos no sistema de avaliao da Capes, natureza jurdica das instituies s quais se vinculam os programas e sobre regies e unidades da federao onde se localizam os programas. Na seo sobre os titulados so apresentadas informaes com os mesmos cortes e sobre o sexo dos doutores titulados. Alguns dos resultados deste captulo so analisados na parte desta introduo que apresenta os principais resultados do conjunto dos quatro estudos.

1.1.2. O emprego dos doutores brasileiros7O terceiro captulo tem por objetivo apresentar as principais caractersticas do emprego dos doutores titulados no Brasil no perodo 1996-2008. Os resultados estatsticos desse captulo foram alcanados basicamente por intermdio do cruzamento da base de dados de titulados em programas de doutorado (construda para a elaborao6 Os autores deste captulo so Eduardo Baumgratz Viotti (Senado Federal e Columbia University), Renato Baumgratz Viotti (MCT), Carlos Duarte de Oliveira Jr. (CGEE), Roberto Dantas de Pinho (MCT), Sofia Daher (CGEE) e Roberto Vermulm (FEA, USP). 7 Os autores deste captulo so Eduardo Baumgratz Viotti (Senado Federal e Columbia University), Antonio Ibarra (Dieese), Renato Baumgratz Viotti (MCT), Carlos Duarte de Oliveira Jr. (CGEE), Roberto Dantas de Pinho (MCT), Sofia Daher (CGEE) e Roberto Vermulm (FEA, USP).

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Doutores 2010: estudos da demografia da base tcnico-cientfica brasileirado segundo captulo com base nas informaes contidas no Coleta Capes) com os dados da Relao Anual de Informaes Sociais (RAIS) do ano de 2008. A RAIS , na verdade, um questionrio que empregadores brasileiros, pblicos ou privados, enviam anualmente ao Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE) com informaes individualizadas sobre todos seus empregados. Alm de monitorar o mercado de trabalho, o MTE utiliza-se dessas informaes para conceder benefcios, tais como o seguro desemprego, aos trabalhadores. O cruzamento com a RAIS de 2008 foi realizado tanto com o estoque de doutores titulados no perodo 1996-2006, quanto com as coortes de doutores titulados a cada ano do perodo. Apesar de as informaes sobre os titulados nos anos de 2007 e 2008 estarem disponveis, adotou-se o cuidado de tratar separadamente esses recm-doutores e foram concentrados esforos nos doutores titulados h mais de dois anos antes do ano de referncia. Tratar os recm-doutores separadamente recomendao da metodologia do projeto CDH (OECD, Eurostat e Unesco/UIS, 2007), que est desenvolvendo padres internacionais para gerao de estatsticas sobre os doutores e pratica corrente da National Science Foundation (NSF). A inteno de adotar tal procedimento a de evitar que os dados sobre o emprego desses doutores, que receberam seus ttulos h muito pouco tempo e em grande parte no tiveram tempo para se estabelecer profissionalmente, possam vir a destorcer os dados sobre as caractersticas do emprego dos doutores. A realizao daquele cruzamento requereu a realizao de cuidadoso e complexo tratamento dos dados e inclusive a consulta a outras bases de dados ou cadastros. O captulo 3 sistematizou informaes sobre os doutores titulados no perodo 1996-2006, que estavam empregados no ano de 2008. Foram tratadas informaes sobre o nmero e a proporo de doutores empregados em relao ao de titulados, nmero de vnculos empregatcios, remunerao, atividade econmica principal do empregador de acordo com a Classificao Nacional de Atividades Econmicas (CNAE), natureza jurdica do empregador, tipo de ocupao exercida de acordo com a Classificao Brasileira de Ocupaes (CBO), tamanho do estabelecimento empregador, regio e unidade da federao da titulao e do emprego, sexo e nacionalidade dos doutores. Muitas destas variveis tambm foram tratadas pelas reas do conhecimento nas quais os doutores obtiveram seus ttulos.

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1.1.3. A populao de mestres e doutores no Brasil8O quarto captulo apresenta um estudo demogrfico da populao de mestres e doutores brasileiros. Esse captulo est dividido em trs partes. Na primeira parte, projees demogrficas so utilizadas para analisar os provveis impactos que a transio demogrfica em curso no Brasil poder ter no grupo etrio onde se situa a maior parte da populao potencial de mestres e doutores.9 Na segunda parte do captulo realizado um exerccio de tratamento dos resultados do ltimo censo demogrfico brasileiro com o objetivo de analisar a populao de mestres e doutores. Os censos so uma fonte privilegiada de informaes demogrficas por terem grande confiabilidade, serem baseados em pesquisas cujas amostras so muito grandes e assegurarem ampla cobertura geogrfica. Contudo, essas pesquisas so realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatsticas (IBGE) com intervalos de dez anos e o ltimo censo disponvel, quando da realizao deste estudo, era o censo de 2000. Os dados desse censo referem-se, portanto, a um momento no qual a populao de mestres e doutores era certamente muito diferente e menor do que a atual. Tal fato decorre especialmente do fato de essa populao especfica ter crescido e se modificado de forma muito acelerada ao longo da ltima dcada, como pode ser verificado pelo crescimento e pelas mudanas nas caractersticas da populao de doutores titulados nos anos mais recentes analisada no captulo 2. Com o objetivo de buscar superar a limitao resultante do fato de o ltimo censo disponvel ser de 2000, recorreu-se, na terceira parte do captulo 4, Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (PNADs) de diversos anos. As PNADs so pesquisas realizadas pelo IBGE para todo ano em que no h censo. Portanto, as PNADs utilizadas forneceram informaes muito mais recentes, mas preciso levar em conta o fato de que tais informaes baseiam-se em amostras muito mais reduzidas do que as do censo.8 Este captulo de autoria da Professora Rosana Baeninger do Departamento de Demografia e do Ncleo de Estudos de Populao (NEPO) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). 9 A esse respeito, vale a pena lembrar que o prprio Manual de Camberra (OECD 1995, p. 13), que estabelece as normas internacionalmente adotadas para a gerao de estatsticas sobre recursos humanos devotados C&T, chama ateno para importncia da obteno de dados sobre as tendncias demogrficas gerais com o objetivo de projetar a oferta futura de estudantes da rea de C&T. Lembra especificamente que na primeira metade da dcada de 1990 houve um significativo declnio no nmero de pessoas jovens em particular no Japo e em muitos pases da Europa Ocidental e da Amrica do Norte. Em muitos desses pases o nmero de pessoas jovens, que constituem o principal grupo de entrantes na educao superior, tornou-se um tero menor entre meados de 1980 at meados de 1990.

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Doutores 2010: estudos da demografia da base tcnico-cientfica brasileiraCenso de 2000, apesar de contar com amostras muito maiores, apresenta uma limitao em relao sua utilidade como instrumento para a anlise da populao alvo do estudo, que o fato de no haver quesitos especficos em seu questionrio que permitam a identificao direta dos indivduos que concluram mestrado ou doutorado. O censo identifica apenas os indivduos que cursaram ao menos um ano de curso de mestrado ou de doutorado. Apesar dessa limitao, foi possvel obter um rico conjunto de informaes sobre a populao que se enquadra nesse parmetro mais abrangente em termos de estrutura etria; distribuio por sexo, raa ou cor; localizao geogrfica; mobilidade; reas de titulao; emprego; ocupao e rendimento. Com a utilizao das PNADs de 1998, 2001, 2004, 2007 e 2008 foi, contudo, possvel obter aproximadamente o mesmo tipo de informaes no s sobre perodos mais recentes, como tambm sobre a evoluo dessas informaes no tempo. Ademais, as caractersticas do questionrio da PNAD permitiram ao estudo trabalhar especificamente com a populao de indivduos que efetivamente concluram cursos de mestrado ou de doutorado, apesar de, ainda no permitir a diferenciao do grupo dos que concluram cursos de mestrado daqueles que concluram cursos de doutorado. Alguns dos resultados mais significativos do captulo 4 foram utilizados na introduo deste captulo e na prxima seo onde so apresentadas as principais revelaes do conjunto de estudos que deram origem a esse livro.

1.1.4. Estrangeiros autorizados a trabalhar no Brasil10O quinto e ltimo captulo examina as caractersticas da populao de estrangeiros que vivem e trabalham no Brasil. Os estrangeiros constituem no s uma parte da fora de trabalho geral que atua no pas, como emprestam contribuio importante para o reforo de segmentos altamente qualificados de nosso mercado de trabalho. Ademais, uma melhor compreenso do perfil dos profissionais contratados no exterior pode dar indcios sobre a possvel existncia de carncias de profissionais com determinadas qualificaes na oferta de trabalho brasileira. H que considerar tambm o fato de os portadores de ttulos de doutorado serem profissionais com elevada mobilidade nacional e internacional e que tal mobilidade tem funo altamente relevante10 Este captulo tambm de autoria da Professora Rosana Baeninger.

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para a difuso entre setores, regies e pases tanto de conhecimentos tcitos e codificados j existentes, quanto de capacitao para a produo de novos conhecimentos e tecnologias. Portanto, o monitoramento de tal mobilidade tarefa chave para o acompanhamento e a anlise das caractersticas, tendncias e potenciais de sistemas nacionais de inovao. Ademais, a importncia de tal monitoramento se acentua no momento histrico atual, no qual se d uma transio em direo economia do conhecimento11 e, simultaneamente, ocorre um envelhecimento acelerado da populao de muitos pases avanados. Em razo da combinao desses dois fenmenos, verifica-se uma escalada de polticas de pases desenvolvidos voltadas para atrair cientistas ou pesquisadores de pases jovens e com grande potencial na rea, como o caso do Brasil. Por isso, o monitoramento da mobilidade de profissionais altamente qualificados e doutores, em particular, tambm requer um olhar voltado especificamente para os brasileiros que atuam no exterior. Infelizmente, contudo, existe enorme carncia de informaes estatsticas sobre eles e grande a dificuldade de obt-las. Por isso, esforos no sentido da superao desses obstculos precisam ser realizados. Buscando contribuir para a melhor compreenso das dimenses e caractersticas da populao de estrangeiros atuantes no Brasil, o captulo 5, explora o potencial de duas fontes de dados. Na primeira parte do captulo, analisada a populao de estrangeiros com base em informaes levantadas pelo Censo Demogrfico do ano de 2000, enquanto que na segunda parte so analisados os registros mantidos pelo Ministrio do Trabalho e do Emprego (MTE) sobre as autorizaes, por ele concedidas, para o trabalho de estrangeiros no Brasil no perodo que vai de 1993 a 2009. Apesar das limitaes do Censo como fonte de informaes sobre a populao de elevado nvel de educao formal, foi possvel identificar algumas caractersticas e mesmo tendncias importantes sobre a populao de estrangeiros. Antes de qualquer coisa, preciso reconhecer de incio que apenas 0,4% dos residentes no Brasil no ano de 2000 eram estrangeiros. Contudo, foi possvel identificar que, entre esses, os imigrantes mais recentes apresentam qualificao significativamente maior, medida em termos de anos de estudo. Cresce tambm entre os imigrantes mais recentes a importncia de cidados de pases latino-americanos e, especialmente, dos vizinhos do Mercosul. Por outro lado, a anlise dos resultados do censo brasileiro em comparao com os dos censos daqueles pases permite concluir que poderia estar havendo uma troca de fluxos migratrios com diferenas significa11 Estudo do Banco Mundial (World Bank 2006, p. v, traduo do autor) sobre as redes de dispora e a migrao internacional de talentos faz a seguinte afirmao nas primeiras linhas de seu prefcio: A migrao internacional um tema de crescente importncia para o desenvolvimento. A transio para uma economia com base no conhecimento cria um mercado mais integrado para as qualificaes e premia o talento. Com o talento e as qualificaes transformando-se no mais importante ativo da economia mundial, o brain drain do mundo em desenvolvimento est se intensificando.

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Doutores 2010: estudos da demografia da base tcnico-cientfica brasileirativas de qualificao em favor do Brasil. H indicaes de que os brasileiros, que migraram para os pases do Mercosul, tinham em mdia nvel de escolaridade mais baixo e exerciam ocupaes menos qualificadas do que os argentinos, uruguaios, paraguaios e bolivianos que se instalaram no Brasil. Apesar de os estrangeiros representarem apenas 0,4% dos residentes no Brasil no ano de 2000, neste mesmo ano os estrangeiros eram 5% dos indivduos que possuam ao menos um ano de mestrado ou doutorado. Isso d uma indicao de que a importncia relativa dos estrangeiros maior nos extratos de populao mais qualificada e, simultaneamente, que o nvel educacional dos estrangeiros no Brasil bem superior ao da mdia dos brasileiros. A segunda parte do captulo utiliza-se de tabulaes elaboradas pela Secretaria do Trabalho da Coordenao-Geral de Imigrao do Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE) com base nos registros das autorizaes concedidas a estrangeiros no perodo 1993 a 2009, conforme requerido pela Lei n 6.815, de 1980, chamada de Estatuto do Estrangeiro. Tendo em mente o fato de que era de natureza temporria a maior parte das autorizaes concedidas, foi possvel identificar a insero de 315 mil estrangeiros no mercado de trabalho brasileiro entre 1993 e 2009. A srie histrica indica a existncia de um processo de crescimento acentuado e consistente ao longo do perodo, o qual parece relacionado aos processos de abertura e retomada do crescimento da economia brasileira. O fluxo anual de entrada de estrangeiros autorizados a trabalhar no Brasil cresceu de 20 mil a 29 mil entre os anos de 2004 e 2007. Nos dois anos seguintes, no entanto, aquele fluxo saltou para o patamar de aproximadamente 43 mil pessoas. Cerca de 60% dos 43 mil estrangeiros que entraram no Brasil no ano de 2009 tinham curso superior e ou de mestrado ou doutorado. possvel perceber, por outro lado, a existncia de uma associao entre a predominncia de certas nacionalidades entre os estrangeiros e a origem nacional dos capitais estrangeiros de maior presena no Brasil, onde predominam de maneira marcada os capitais e cidados de origem norte-americana. A anlise das informaes divulgadas pelo MTE sobre as autorizaes de trabalho concedidas para estrangeiros, desenvolvida no captulo 5, revelou caractersticas e tendncias importantes desse segmento especfico de participantes do mercado de trabalho brasileiro. O potencial dessa fonte de informaes , contudo, muito superior quele que foi possvel explorar. Apesar da relativa simplicidade dos formulrios hoje requeridos de empregadores e empregados para a concesso de vistos

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de trabalho a estrangeiros, alguns campos de interesse no tm sido tratados estatisticamente pelo MTE. A plena explorao de tal potencial depender de tratamento daqueles registros administrativos e de maior acesso s informaes desagregadas, assegurando-se o sigilo estatstico dos dados. Tais aperfeioamentos podero vir a permitir o uso efetivo desta fonte de informaes para, entre outras coisas, buscar uma identificao mais clara das qualificaes especficas dos profissionais mais buscados no exterior.

1.2. Principais resultados dos estudos121. O nmero de doutores titulados no Brasil cresceu 278% entre 1996 e 2008, o que corresponde a uma taxa mdia de 11,9% de crescimento ao ano. Todas as grandes reas do conhecimento cresceram significativamente no perodo, mas as de menor participao relativa cresceram mais do que reas de maior tradio como o caso das cincias exatas e da terra, engenharias e cincias biolgicas. Mais de 87 mil pessoas obtiveram ttulos de doutorado no Brasil no perodo 1996-2008.13 O nmero de titulados no ano de 2008 foi 278% superior ao dos que titularam no ano de 1996. Durante esses 13 anos, a taxa mdia de crescimento anual foi de 11,9%. Todas as grandes reas do conhecimento apresentaram taxas significativas de crescimento, mas as grandes reas que cresceram abaixo da mdia (11,9%) foram algumas das que tm maior tradio na formao de doutores. A rea de cincias exatas e da terra foi aquela que apresentou a menor taxa de crescimento no perodo e, com isso, sua participao no total de titulados, que no incio do perodo correspondia a 16,1% do total de doutores, atingiu em 2008 apenas 10,6%. As cincias exatas e da terra ocupava posio de segunda rea que mais titulava doutores no incio do perodo, no entanto, ao final do perodo sua posio relativa tinha cado para o sexto lugar. As cincias biolgicas e as engenharias cresceram um pouco menos do que a mdia de todas as reas. As cincias da sade apresentaram crescimento similar ao da mdia e conseguiram preservar durante todo o perodo a posio de rea que titula o maior nmero de doutores.

12 Essa seo uma espcie de sumrio executivo do livro e muitas das informaes, grficos e anlises aqui apresentadas voltaro a aparecer ao longo dos demais captulos deste livro. 13 Vide grfico 1.2.

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Grfico 1.6. Taxa percentual de crescimento anual mdio do nmero de doutores titulados no Brasil no perodo 1996-2008, por grande rea do conhecimentoExatas e da terra Biolgicas Engenharias Sade Mdia Agrrias Humanas Sociais aplicadas Ling., letras e artes Multidisciplinar 0 10 20 30 40 50 8,1 10,2 10,3 11,8 11,9 13,5 13,6 14,8 15,7 59,8 60

Fonte: Coleta Capes (Capes, MEC). (Apud grfico 2.2.2 do captulo 2.)

Grfico 1.7. Participao percentual das grandes reas do conhecimento no total de doutores titulados no Brasil, 1996 e 2008Multidisciplinar Ling., letras e artes Sociais aplicadas Exatas e da terra Engenharias Biolgicas Agrrias Humanas Sade 0 5 10 15 0,1 3,9 1996 2008 6,5 6,4 10,6 16,1 13,7

5,0

11,4 13,8 11,6 10,6 12,3 14,9

17,4

19,3 18,3 20

Fonte: Coleta Capes (Capes, MEC). (Apud grfico 2.2.3 do captulo 2.)

As demais reas cresceram mais do que a mdia e, por isso, ganharam participao relativa na formao de doutores. Destacam-se entre as grandes reas que mais cresceram as cincias sociais aplicadas e as cincias humanas, que apresentaram crescimento de respectivamente 14,8% e 13,6% em mdia ao ano, e a rea de lingustica, letras e artes que, com um crescimento anual de 15,7% foi a segunda rea que mais cresceu. No entanto, o desempenho mais destacado foi a da rea multidisciplinar. O crescimento anual mdio do nmero de titulados nessa rea foi de 59,8%. bem verdade

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que a rea praticamente no existia em 1996, quando apenas 3 doutores (0,1% do total) obtiveram seus ttulos na rea multidisciplinar. Contudo, o fato de a rea ter titulado 415 doutores (3,9% do total) em 2008 extraordinrio e pode estar relacionado com o processo de mudana estrutural por que passa atualmente a C&T, no qual se reduz a nitidez das fronteiras que separam as reas do conhecimento e a prpria cincia da tecnologia. A tendncia geral de crescimento mais acentuado das reas do conhecimento menos tradicionais e mais lento das reas de maior tradio na ps-graduao est certamente articulada com a trajetria de diversificao, consolidao e amadurecimento que vem sendo percorrida pela formao de doutores no Brasil, mas preciso avaliar se a intensidade desse processo est de acordo com as reais necessidades do Pas. 2. O nmero de doutores titulados em instituies pblicas estaduais cresceu 170% entre 1996 e 2008, enquanto o dos que titularam em instituies particulares cresceu 396% e os das pbicas federais 416%. Com isso, as estaduais que titulavam mais da metade dos doutores em 1996, cederam essa liderana para as federais a partir de 2006. Dos 87.063 doutores titulados no Brasil entre 1996 e 2008, 40.671 obtiveram seus ttulos em programas de instituies pblicas estaduais, 38.334 em instituies pblicas federais e 8.058 em instituies particulares. No entanto, o nmero de titulados em instituies dessas trs naturezas jurdicas apresentou taxas de crescimento muito diferenciadas no perodo. O nmero dos titulados nas instituies pblicas estaduais cresceu (170%) bem menos do que os titulado nas particulares (396%) e nas federais (416%). Com isso, as estaduais que titulavam mais da metade (55,5%) dos doutores em 1996, titularam apenas 39,7% dos doutores titulados em 2008. A proporo dos titulados nas instituies particulares passou de 7,3% do total em 1996 para 9,5% em 2008. Entre 1996 e 2003, os nmeros de titulados em programas de instituies pblicas federais e estaduais seguiram trajetria de crescimento similar. Nesse perodo, os titulados nas instituies estaduais foram responsveis pela titulao do maior nmero de doutores, apesar de o nmero de programas federais j ser significativamente maior do que o das estaduais desde o incio do perodo. Esse descompasso foi possvel porque os programas estaduais titularam em mdia mais doutores do que os federais. Entre 2004 e 2005, os programas estaduais ainda titularam em conjunto mais doutores do que os federais, mas a diferena entre eles foi pequena. A partir de 2006 houve um descolamento

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Doutores 2010: estudos da demografia da base tcnico-cientfica brasileiraentre a titulao nos programas estaduais e nos federais, com esses ltimos seguindo em sua trajetria de crescimento acelerado e os primeiros reduzindo significativamente o seu ritmo de crescimento. Com isso, as instituies pblicas federais passaram a ser responsveis pela titulao do maior nmero de doutores a partir de 2006.Grfico 1.8. Nmero de doutores titulados no Brasil por natureza jurdica das instituies, 1996-20086.000 5.000 4.154 4.000 3.000 2.000 1.571 1.000 1.053 1.822 2.103 2.483 2.546 1.835 2.193 2.846 2.383 3.277 2.690 3.662 3.672 3.300 3.590 4.819 4.401 4.246 3.980 4.118 4.171 5.437

1.022 728 818 848 845 823 458 524 600 0 206 349 342 395 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Estadual Federal Particular

1.301 1.352

Fonte: Coleta Capes (Capes, MEC). (Apud grfico 2.2.7 do captulo 2.)

Grfico 1.9. Distribuio percentual dos doutores titulados no Brasil pela natureza jurdica dos programas de doutorado, 1996 e 20081996 2008

Estadual 55,5

Federal 37,2

Estadual 39,7

Federal 50,8

Particular 7,3 Fonte: Coleta Capes (Capes, MEC). (Apud grfico 2.2.8 do captulo 2.)

Particular 9,5

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3. H grande concentrao de programas de doutorado e do nmero de doutores titulados em um reduzido nmero de instituies, unidades da federao e regies brasileiras. Est em curso, no entanto, um significativo processo de desconcentrao da formao de doutores no Brasil. Instituies localizadas na regio Sudeste titularam 67.626 doutores, o que correspondeu a 77,7% dos 87.063 doutores titulados no Brasil no perodo 1996-2008. A regio Sul titulou 6 vezes menos doutores do que a Sudeste no mesmo perodo, enquanto que as regies Nordeste, Centro-Oeste e Norte titularam respectivamente cerca de 12, 32 e 106 vezes menos do que a regio que mais titulou doutores. Essas propores do uma clara indicao do elevadssimo grau de concentrao regional do processo de formao de doutores existente no Brasil.Grfico 1.10. Diagrama de crculos representativos do nmero de doutores titulados no perodo 1996-2008 nas cinco universidades e unidades da federao que mais titularam doutores, e nas cinco grandes regies brasileiras

UFRGS (4.070)

UNESP (6.417)

UFRJ (7.251)

UNICAMP (8.454)

USP (23.372)

PR (2.265)

MG (6.241)

RS (6.460)

RJ (13.548)

SP (47.691)

Norte (639)

Centro-Oeste (2.138)

Nordeste (5.761)

Sul (10.899)

Sudeste (67.626)

Fonte: Coleta Capes (Capes, MEC). (Elaborao dos autores do captulo 2.)

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Grfico 1.11. Mapa em rvore representativo da ordem de grandeza referente ao nmero de doutores titulados no Brasil no perodo 1996-2008, por regies, unidades da federao e instituies de ensinoCentro-Oeste DF UFLA UnB UFMG Outras RJ FIOCRUZ PUC-RIO UERJ UNESP USP UFV PUC/SP UFSCAR UFPR Outras MG Sudeste SP Sul PR

GO Nordeste BA UFBA CE UFC PB UFPB PE UFPE RN UFRN Outras Norte AM PA

RS PUC/RS

UFF

UFRGS

UFRJ

UNICAMP Outras SC UFSC Outras

Outras

UNIFESP

Fonte: Coleta Capes (Capes, MEC), elaborao dos autores do captulo 2 utilizando o software Google docs (Apud grfico 2.1.12 do captulo 2).

Esses indicadores gerais referentes ao nmero acumulado de doutores titulados em todo o perodo escondem, no entanto, a ocorrncia de um significativo processo de desconcentrao regional. No incio do perodo, em 1996, o grau de concentrao era muito maior. Naquele ano as instituies localizadas no Sudeste foram responsveis por 88,9% do total de doutores titulados no Brasil. Essa proporo sofreu uma queda muito significativa nos 12 anos seguintes, quando caiu quase dezenove pontos percentuais e atingiu 70,1% no ano de 2008. Tal declnio relativo foi resultado do fato de as taxas de crescimento das demais regies terem sido muito superiores da regio Sudeste. Enquanto o nmero de titulados nessa regio cresceu 198% durante o perodo, o da regio Norte cresceu 438% e esse crescimento foi de 682% na regio Sul e de 840% na Centro-Oeste. A regio Nordeste, no entanto, apresentou a excepcional taxa de crescimento de 2.487% no perodo. Com isso, com exceo da regio Sudeste, todas as demais regies obtiveram ganhos muito significativos em suas participaes relativas no total de doutores titulados no Brasil. O crescimento extraordinrio da regio

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Nordeste fez com que sua participao no total de titulados no Pas desse um salto de apenas 1,4% em 1996 para quase 10% no ano de 2008.Grfico 1.12. Distribuio percentual dos doutores titulados no Brasil por regies, 1996 e 2008Norte Centro-Oeste Nordeste Sul Sudeste 0 20 40 60 0,7 1,1 1,5 3,7 1,4 9,7 7,5 15,5 88,9 70,1 80 100 1996 2008

Fonte: Coleta Capes (Capes, MEC). (Apud grfico 2.2.11 do captulo 2.)

A distribuio do nmero de titulados entre as unidades da federao tambm muito concentrada em alguns poucos estados, mas igualmente passou por significativo processo de desconcentrao durante o perodo 1996-2008. So Paulo, a unidade da federao que mais titula doutores no Brasil, foi responsvel pela titulao de 67% dos doutores no ano de 1996. Contudo, no ano de 2008, a participao de So Paulo no total brasileiro tinha cado 1/3, isto , 22 pontos percentuais, quando alcanou 45%. Na prtica, isso significa que a queda da regio Sudeste veio praticamente apenas do estado de So Paulo, dado que o Rio de Janeiro manteve participao mais ou menos estvel e Minas Gerais cresceu sua participao de 5,4% para 8,7% do total brasileiro, enquanto o Esprito Santo continuou a ter participao muito pouco significativa. Em linhas gerais, foi apenas o estado de So Paulo que teve sua participao reduzida de forma a permitir o crescimento da participao relativa de praticamente todas as demais unidades da federao. H que assinalar tambm o fato de que o nmero de programas de doutorado j relativamente muito menos concentrado geograficamente do que o nmero de titulados nestes programas. No ano de 2008, a regio Sudeste titulou 70,1% dos doutores titulados no Brasil, mas ela tinha apenas 60,4% do nmero de programas de doutorado existentes no Pas. Ademais, o crescimento mais acelerado no nmero de programas de doutorado das regies de menor tradio na ps-graduao

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Doutores 2010: estudos da demografia da base tcnico-cientfica brasileirapode estar antecipando uma tendncia de acelerao da formao de doutores nessas regies na medida em que os programas mais novos vierem a se consolidar.Grfico 1.13. Distribuio percentual dos programas de doutorado por regies, Brasil, 1998 e 20081996 PB: 0,3 PE: 0,50,2 BA: 0,0 PR: 1,1 CE: 0,4 GO: 0,0 DF: 1,5 PA: 0,4 RN: AM: 0,4 SC: 2,3 2008 RN: 1,4 PA: 0,7 GO: 0,7 CE: 1,4 BA: 1,5 AM: 0,3 PB: 1,9,9 : 2 ,8 S C F: 2 DPE : PR: 3,2 3,3 MG: 8,7 9,2 RS:

M

RJ: 1

Fonte: Coleta Capes (Capes, MEC). (Apud grfico 2.1.13 do captulo 2.)

4. O emprego dos doutores brasileiros muito menos concentrado regionalmente do que a formao de doutores, isto , muitos dos que titulam nos polos de formao de doutores vo trabalhar em outras regies ou unidades da federao. Alm disso, o prprio emprego dos doutores est passando por um processo de progressiva desconcentrao. Trabalhavam na regio Sudeste do Brasil 68,3% dos doutores que titularam no Brasil no ano de 1996 e que estavam empregados no ano de 2008. As quatro demais regies empregavam apenas 31,7% daquela coorte de doutores, sendo 14,7% na regio Sul, 7,9% na regio Nordeste, 6,4% na regio Centro-Oeste e apenas 2,7% na regio Norte. Esse elevado grau de concentrao do emprego de doutores reduziu-se significativamente entre os doutores titulados no Brasil no ano de 2006. As quatro regies, que menos empregavam doutores titulados em 1996, elevaram de forma significativa sua participao relativa no emprego entre a coorte dos titulados no ano de 2006. Apenas a regio Sudeste teve sua participao reduzida. O emprego de doutores nessa regio caiu de 68,3% entre os titulados em 1996 para 53,0% entre os titulados em 2006.

RJ: 1

6,1

RS

G:

6,3SP: 67,0

:4

5,4

,2

SP: 45,0

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Grfico 1.14. Nmero e percentagem de doutores titulados no Brasil em 1996 e em 2006, que estavam empregados em 2008, por regio do empregoCentro-Oeste Norte 57253 134 585 Nordeste 167 824 308 Sul 1.146 1.435 Sudeste 1996 2006 Centro-Oeste Norte 2,7 4,2 6,4 9,8 7,9 Nordeste 13,8 14,7 Sul 19,2 Sudeste 1996 2006

3.172 Nmero

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

68,3 53,0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 %

Fonte: Coleta Capes (Capes, MEC). (Apud grfico 3.1.4 do captulo 3.)

Grfico 1.15. Nmero e percentagem de doutores titulados no Brasil em 1996 e em 2006, que estavam empregados em 2008, nas cinco unidades da federao com maior nmero de doutores empregadosParan Rio Grande do Sul Minas Gerais Rio de Janeiro So Paulo 0 500 123 126 202 495 1996 2006 Paran Rio Grande do Sul Minas Gerais 812 900 1000 Rio de Janeiro 1.737 1500 2000 Nmero So Paulo 0 10 20 5,9 8,3 6,0 7,8 9,6 9,1 1996 2006

464 545 307

14,6 13,6 29,0 30 40

42,8 50 %

Fonte: Coleta Capes (Capes, MEC). (Apud grfico 3.1.5 do captulo 3.)

Quando se considera a distribuio do emprego em 2008 entre as unidades da federao, tambm se observa um elevadssimo grau de concentrao. As cinco unidades da federao que mais empregavam, no ano de 2008, doutores que obtiveram seus ttulos em 1996 eram os estados de So Paulo (42,8%), Rio de Janeiro (14,6%), Minas Gerais (9,6%), Rio Grande do Sul (6,0%) e Paran (5,9%). Essas cinco unidades da federao empregavam, em 2008, 78,9% dos titulados em 1996. Entre 1996 e 2006 houve significativa desconcentrao entre esses cinco estados na medida em que o nmero dos doutores empregados nos estados do Paran e do Rio Grande do Sul cresceu muito mais rapidamente do que nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e So Paulo. Essas trs unidades da federao que mais empregam doutores apresentaram um crescimento menor do que a mdia nacional e por isso perderam participao relativa. Todas as demais 24 unidades da federao cresceram mais rapidamente do que esses trs estados. Como os ganhos de participao relativa nacional do Paran e do Rio Grande do Sul foram menores do que as perdas de Minas, Rio e So Paulo, foi possvel aumentar significativamente a participao das outras 22 unidades da federao que menos empregavam doutores. Com isso, a participao dessas 22 unidades passou de 21,1% dos titu-

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Doutores 2010: estudos da demografia da base tcnico-cientfica brasileiralados em 1996, que estavam empregados em 2008, para 32,2% dos titulados em 2006, que estavam empregados em 2008. Portanto, possvel concluir que apesar de o emprego de doutores ainda estar muito concentrado em poucas regies e unidades da federao, o Pas est passando por um processo de desconcentrao espacial do emprego de doutores. importante notar ademais, que o emprego dos doutores brasileiros bem menos concentrado regionalmente do que sua formao. A regio Sudeste foi responsvel pela titulao de 88,9% dos doutores brasileiros no ano de 1996, enquanto que apenas 68,3% dos titulados naquele ano encontravam-se empregados naquela regio no ano de 2008. No ano de 2006, o Sudeste titulou 73,5% dos doutores brasileiros, mas apenas 53,0% dos doutores titulados naquele ano encontravam-se empregados na mesma regio em 2008. Essa diferena entre as propores de titulados e empregados, que surpreendentemente permaneceu constante e equivalente a 20,5% do total brasileiro nas comparaes dos dois anos, d uma ideia da importncia da contribuio que a regio Sudeste presta s demais regies formando doutores em excesso s suas necessidades. Portanto, possvel concluir que, apesar de haver grande concentrao de doutores empregados no Sudeste, essa regio ainda capaz de formar muito mais doutores do que absorve e, por isso, ela tem dado importantssima contribuio para a formao de doutores que vo trabalhar no resto do Brasil. 5. Para cada conjunto de dez doutores brasileiros, que obtiveram seus ttulos no perodo 1996-2006 e que estavam empregados no ano de 2008, aproximadamente oito doutores trabalhavam em estabelecimentos cuja atividade econmica principal era a educao e um trabalhava na administrao pblica. Os demais doutores, cerca de um dcimo do total, distribuam-se entre as restantes 19 sees da Classificao Nacional de Atividades Econmicas (CNAE). Inferindo-se pela evoluo do emprego em 2008 das coortes de doutores titulados entre 1996 e 2006, possvel afirmar, no entanto, que a concentrao do emprego de doutores na educao est diminuindo e que est em curso um processo de disperso do emprego de doutores para praticamente todos os demais setores de atividade. Os estabelecimentos cuja atividade econmica principal a educao empregavam 38.440 doutores no ano de 2008, o que correspondia a 76,8% dos doutores que titularam no Brasil entre 1996 e 2006, que estavam empregados no ano de 2008. O segundo setor que mais absorvia doutores no

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ano de 2008 era o constitudo pelos estabelecimentos cuja atividade principal administrao pblica, defesa e seguridade social. Este setor absorvia 11,1% dos doutores titulados entre 1996 e 2006. Educao e administrao pblica empregavam em conjunto aproximadamente 9 em cada 10 doutores titulados no Brasil entre 1996 e 2006, que estavam empregados em 2008. Os demais doutores, isto , um pouco mais de um dcimo do total, distribuam-se entre as restantes 19 sees da Classificao Nacional de Atividades Econmicas (CNAE).Grfico 1.16. Distribuio percentual dos doutores titulados no Brasil no perodo 1996-2006, empregados durante o ano de 2008, por seo da classificao nacional de atividades econmicas (CNAE) dos estabelecimentos empregadoresEducao (76,77%) Adm. Pblica (11,06%) Ativ. prof. e C&T (3,78%) Sade (3,00%) Ind. de transf. (1,39%) Outros servios (1,11%) Ativ. Financeiras (0,53%) Ind. Extrativa (0,42%) Agricultura (0,41%) Comrcio (0,39%) Ativ. Administrativas (0,28%) Inf. e comunicao (0,23%) Construo (0,22%) Outros (0,42%) Fontes: Coleta Capes (Capes, MEC) e RAIS 2008 (MTE). (Apud grfico 3.4.1 do captulo 3.) Notas: CNAE Verso 2.0 (IBGE 2007). O estabelecimento empregador correspondente ao principal vnculo empregatcio (i.e., ao de maior remunerao). Os ttulos das sees da CNAE foram abreviados. Outros inclui as sees da CNAE com 0,15% do emprego ou menos. Essas sees so: eletricidade e gs (0,15%); artes, cultura, esporte e recreao (0,10%); gua, esgoto, atividades de gesto de resduos e descontaminao (0,08%); transporte, armazenagem e correio (0,07%); organismos internacionais e outras instituies extraterritoriais (0,01%); alojamento e alimentao (0,01%); atividades imobilirias (0,00%) e servios domsticos (0,00%).

Essa concentrada estrutura setorial do emprego dos doutores brasileiros d mostras, no entanto, de estar passando por um importante processo de mudana, dado que possvel inferir a existncia de uma tendncia de queda da participao relativa dos estabelecimentos educacionais no emprego de doutores. Note-se que essa perda inferida na participao relativa do setor educao no

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Doutores 2010: estudos da demografia da base tcnico-cientfica brasileiradecorrente de perda absoluta de doutores para os demais setores. O nmero de doutores empregados em 2008 no setor educao, que haviam titulado em 2006, era 150% superior ao daqueles que tinham obtido seus ttulos no ano de 1996. No entanto, entre os doutores empregados em 2008 em todos os setores de atividade, inclusive a educao, havia uma coorte de titulados no ano de 2006 que era 185% maior do que a coorte dos titulados em 1996. Aplicando-se essa mesma comparao apenas para os doutores empregados nos demais setores, a taxa de crescimento inferida foi de 338%. Essas so claras indicaes de que os demais setores esto absorvendo doutores em uma velocidade muito superior da educao.Grfico 1.17. Percentagem dos doutores titulados no Brasil em 1996 e em 2006 que estavam empregados em 2008 nas cinco sees da classificao nacional de atividades econmicas (CNAE) que mais empregam doutoresInd. transformao Sade Ativ. prof. C&T Adm. Pblica Educao 0 20 40 60 0,95 1,98 2,75 2,84 3,70 4,01 8,53 13,92 81,13 71,00 80 1996 2006

Fontes: Coleta Capes (Capes, MEC) e RAIS 2008 (MTE). (Apud grfico 3.4.2 do captulo 3.) Notas: CNAE Verso 2.0 (IBGE 2007). O estabelecimento empregador correspondente ao principal vnculo empregatcio, i.e., ao de maior remunerao. Os ttulos das sees da CNAE foram abreviados.

Inferindo-se o crescimento do emprego de doutores entre 1996 e 2006 pela comparao do nmero de doutores empregados em 2008, que pertenciam coorte dos titulados em cada um daqueles anos, possvel extrair uma concluso importante. O emprego de doutores cresceu praticamente em todas as atividades econmicas e esse crescimento mais rpido do que o do setor educao. Por isso, com a exceo do setor educao, praticamente todos os setores ganharam maior expresso em termos de participao relativa no emprego de doutores entre os anos de 1996 e 2006.

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Grfico 1.18. Percentagem dos doutores titulados no Brasil em 1996 e em 2006 que estavam empregados em 2008 nas cinco sees da classificao nacional de atividades econmicas (CNAE) que correspondem da 6 10 sees que mais empregam doutoresAgricultura Ind. Extrativa Comrcio Ativ. nanceiras Outros servios 0,0 0,5 1,0 0,2 0,6 0,2 0,6 0,4 0,7 0,3 1,0 1,1 1,6 1,5 2,0 1996 2006

Fontes: Coleta Capes (Capes, MEC) e RAIS 2008 (MTE). (Apud grfico 3.4.3 do captulo 3.) Notas: CNAE Verso 2.0 (IBGE 2007). O estabelecimento empregador correspondente ao principal vnculo empregatcio, i.e., ao de maior remunerao. Os ttulos das sees da CNAE foram abreviados no grfico. H 21 sees na CNAE. As 11 sees, que menos empregavam doutores, absorviam apenas 1,15% dos doutores titulados entre 1996 e 2006, empregados em 2008. Note a grande mudana da escala de grandeza do eixo horizontal deste grfico em relao do anterior.

O caso da indstria de transformao pode servir como um exemplo. Ela empregava no ano de 2008 apenas 1,39% dos doutores titulados no Brasil no perodo 1996-2006, que estavam empregados em 2008. Contudo, caso se analise apenas os doutores que titularam no ano de 1996, aquela proporo era bem menor, i.e., 0,95% do total. Entre os titulados no ano de 2006, essa proporo havia mais do que dobrado ao atingir 1,98%. Inferido pela evoluo no emprego em 2008 das coortes de titulados a cada ano, o nmero absoluto de doutores empregados na indstria de transformao cresceu 495% no perodo 1996-2006, taxa essa mais de duas vezes e meia superior mdia de todas as atividades e mais de 3 vezes superior da educao. A outra face desse fenmeno pode ser observada no fato de a educao ter sido responsvel pela absoro de 81,13% dos doutores titulados em 1996 e de apenas 71,00% dos titulados dez anos depois, em 2006. Esse um fenmeno importante e indica uma mudana estrutural no quadro da ps-graduao brasileira (supondo-se que tendncia similar tambm esteja se manifestando em relao aos mes-

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Doutores 2010: estudos da demografia da base tcnico-cientfica brasileiratres). Nas primeiras dcadas da consolidao da ps-graduao, sua principal funo foi a de fornecer quadros para alimentar a expanso da prpria ps-graduao e do sistema universitrio em geral. O fenmeno aqui detectado apontaria para o incio de um processo de amadurecimento da ps-graduao na medida em que haveria evidncias de uma progressiva diversificao dos tipos de atividades econmicas que empregam doutores. verdade que os demais setores ainda empregam muito poucos doutores, mas empregam cada vez mais doutores em termos absolutos e relativos. Essa mudana estrutural precisar ser levada em conta na definio tanto da poltica de ps-graduao, quanto das estratgias de instituies de ps-graduao. 6. As mulheres brasileiras deixaram de ser minoria entre os doutores titulados no Brasil a partir do ano de 2004. O Brasil um pas pioneiro entre aqueles que conseguiram alcanar esse marco histrico da igualdade de gnero no nvel mais elevado da formao educacional. Entre 1996 e 2008, obtiveram ttulo de doutorado no Brasil 43.228 homens e 42.424 mulheres.14 O maior nmero de homens entre os doutores titulados no Brasil , no entanto, um fenmeno que terminou no ano de 2004. Naquele ano, o Brasil titulou em programas de doutorado 3.991 homens e 4.085 mulheres.15 A partir de ento, o nmero de mulheres tituladas tem sido superior ao de homens.Grfico 1.19. Distribuio dos doutores titulados no Brasil por sexo, 1996-200858,0 56,0 54,0 52,0 50,0 48,0 46,0 44,0 42,0 40,0 44,2 45,5 45,2 47,5 45,9 49,0 48,7 55,8

54,5 54,8

54,1 52,5 51,0 51,3 51,1 50,2 50,6 50,9 51,7 51,5

49,8 49,4 49,1 48,9 48,3

48,5

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Mulher

Homem Fonte: Coleta Capes (Capes, MEC). (Apud grfico 2.2.14 do captulo 2.)

Nota: A distribuio percentual dos titulados por sexo foi computada desconsiderando-se o nmero de doutores sobre os quais no havia informao sobre sexo. 14 15 Na base de dados utilizada, no havia dados sobre o sexo de 1.411 doutores titulados no perodo. Em 2004, no havia dados sobre o sexo de 5 doutores.

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A anlise da distribuio dos titulados por sexo nas diversas regies brasileiras apresentava diferenas muito significativas no ano de 1996. Naquele ano, a proporo de mulheres entre os titulados era muito baixa no Nordeste (32,5%) e no Sul (41,1%). A participao de mulheres entre os titulados no ano de 1996 nas regies Centro-Oeste (45,2%) e Sudeste (44,7%) era similar do total nacional (44,2%). No Norte a participao feminina era um pouco superior mdia nacional (47,6%). No ano de 2008 a diferena de participao feminina entre as regies diminuiu e todas elas apresentaram crescimento dessa participao entre os anos 1996 e 2008, mas esse foi mnimo na regio Norte. As participaes nas regies Sudeste e Centro-Oeste cresceram mais ou menos como a mdia nacional. No ano de 2008, tanto o Brasil, como as regies Sudeste e Centro-Oeste apresentaram um pouco mais de 51% de participao de mulheres entre os doutores titulados. A regio Sul, que tinha apresentado a segunda menor participao de mulheres entre os titulados em 1996, tambm se alinhou com a mdia nacional no ano de 2008. A regio Nordeste, no entanto, apresentou um crescimento espetacular da participao de mulheres entre os doutores titulados no Brasil. Enquanto no ano de 1996 o Nordeste foi a regio que apresentou a menor proporo de mulheres entre os titulados (menos de um tero do total), no ano de 2008, o Nordeste foi a regio que apresentou a maior participao de mulheres entre os titulados (52,8% do total).Grfico 1.20. Participao percentual das mulheres no total dos doutores titulados no Brasil por regio, 1996 e 2008Norte Sul Sudeste Brasil Centro-Oeste Nordeste 0 10 20 30 32,5 52,8 40 50 60 41,1 51,3 44,7 44,2 51,2 45,2 51,8 51,4 47,6 47,8 1996 2008

Fonte: Coleta Capes (Capes, MEC). (Apud grfico 2.2.15 do captulo 2.) Notas: As percentagens de titulados por sexo foram calculadas para o total dos doutores sobre os quais havia informao sobre sexo. No havia informao sobre o sexo de 68 titulados no ano de 1996 e sobre 65 no ano de 2008.

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Doutores 2010: estudos da demografia da base tcnico-cientfica brasileiraO fato de as mulheres terem deixado de ser minoria entre os brasileiros titulados no mais elevado nvel de educao, no qual so formados profissionais com capacidade de realizao de pesquisa original, pode ser considerado um marco das conquistas femininas no esforo de reduo das desigualdades de gnero. importante notar tambm que esse um feito no qual o Brasil se destaca quando comparado com pases para os quais esse tipo de estatsticas est disponvel. Entre os 20 pases que mais titularam doutores no ano de 2004,16 o Brasil emerge como um dos poucos pases no qual as mulheres no eram minoria entre os doutores.Grfico 1.21. Participao percentual das mulheres no nmero de doutores titulados no ano de 2004, pases selecionados70,050,9 50,6 49,3

60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0

54,7

48,7

47,7

47,5

43,1

42,9

42,6

41,7

40,5

39,4

39,0

38,1

38,0

36,9

35,6

33,9 24,9

Fonte: Coleta Capes (Capes, MEC) e Eurostat (2007, table 3), elaborao do autor.

7. A participao de pardos ou pretos na populao de mestres ou doutores muito menor do que sua participao na populao total, mas houve reduo dessa desigualdade ao longo da ltima dcada. De acordo com estimativas baseadas nas PNADs, os brasileiros de cor parda representavam 42,3% da populao brasileira no ano de 2007, mas sua proporo na populao de portadores de ttulos de mestrado ou de doutorado era de apenas 11,8%. Os brasileiros de cor preta eram 7,4% da populao16 Os dados sobre o Brasil, computados a partir da base do Coleta Capes, foram inseridos entre os 19 pases que mais formaram doutores no ano de 2004 de acordo com levantamento do Eurostat (2007, table 3). Nesse levantamento, o Brasil encontra-se na stima posio relativa entre os pases que mais titularam doutores naquele ano, aparecendo aps Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Japo, Frana e Espanha.

ga l It lia B Ro rasi m l Fin ni ln a di a Es EU Re pa A in nh o Un a i Hu do ng r Su ia c Fr ia an u a Ho stria Al lan em da an h Gr a c Tu ia rq Re S uia p. u Tc a he c B a lgi ca Jap o

Po

rtu

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em 2007, enquanto que os pretos representavam apenas 2,7% da populao com ttulo de mestrado ou doutorado. J os brancos eram 49,4% da populao total e 84,2% da populao dos que possuam mestrado ou doutorado.Grfico 1.22. Estimativa da participao percentual de raas ou cores na populao total e na populao dos portadores de ttulo de mestrado ou doutorado, Brasil, 1998 e 2007Brancos 100 86,48 80 84,21 % 7 5 3 1 5,69 1,84 1998 Pretos na populao total Pretos entre mestres ou doutores Pretos 7,45 2,69

%

60

54,01

49,41

2007

40

20 1,92 0,53 1998

Amarelos

0 1998 2007 Brancos na populao total Brancos entre mestres ou doutores

2,0 1,5 % 1,0 0,5 0,0

0,54 2007

0,9

Pardos 50 40 % 30 20 10 0 1998 Pardos na populao total Pardos entre mestres ou doutores Fonte: PNAD 1998 e 2007 (IBGE). (Apud tabela 4.2.2.3.1 do captulo 4.) 2007 9,36 11,84 0,40 0,30 % 0,20 0,10 0,00 39,54 42,31

Amarelos na populao total Amarelos entre mestres ou doutores

Indgenas

0,39 0,23

0,29

0,35

1998 Indgenas na populao total

2007

Indgenas entre mestres ou doutores

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Doutores 2010: estudos da demografia da base tcnico-cientfica brasileiraHouve uma reduo dessa desigualdade racial entre 1998 e 2007 na medida em que o nmero dos portadores de ttulo de mestrado ou doutorado cresceu menos para os brasileiros de cor branca (121%), do que para os pardos (188%) e os pretos (233%). Contudo, a desigualdade ainda era muito grande no ano de 2007, dado que existia uma proporo de 183 brancos para cada branco com mestrado ou doutorado; 862 pretos para cada preto com mestrado ou doutorado; e 1.112 pardos para cada pardo com mestrado ou doutorado. 8. O Brasil encontra-se atualmente em uma janela de oportunidade demogrfica que favorecer a expanso da populao na faixa etria entre 25 e 44 anos de idade at o ano de 2020. Essa populao, na qual se encontra a maior parte dos estudantes de mestrado e doutorado, dever comear a diminuir em termos absolutos a partir de ento. As projees demogrficas indicam que os grupos de idade acima de 25 anos sero, no Brasil, os de maior crescimento populacional durante os prximos trinta anos. Com isso, quase metade da populao brasileira dever estar na faixa de 35 a 54 anos de idade por volta do ano 2040. No entanto, os extratos dessa faixa de populao adulta com maior potencial para a formao de mestres e doutores, isto , a populao de 25 a 44 anos, dever crescer at o ano de 2020, conforme indicado no grfico 1.4. Entre 2020 e 2040, esse segmento da populao dever decrescer em termos absolutos. Portanto, identifica-se no horizonte dos prximos 10 anos uma janela de oportunidade demogrfica para a expanso significativa da base populacional de cuja faixa etria a ps-graduao mais se alimenta. A partir do ano de 2020, essa tendncia se inverte e aquela janela de oportunidades inicia um processo de fechamento que retirar esse fator de dinamismo que tem contribudo para a expanso da populao de mestres e doutores no Brasil. Muitos pases europeus, por exemplo, enfrentam atualmente um processo de declnio da populao potencial para a formao de mestres e doutores e, por essa, dentre outras razes, precisam desenvolver esforos deliberados para atrair cidados de pases mais jovens, como o Brasil, para preencher vagas tanto em seus programas de mestrado e doutorado, quando no mercado de trabalho de profissionais portadores desses ttulos.

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bem verdade, no entanto, que a expanso e melhoria da qualidade do ensino mdio e superior, que se espera venha a ocorrer ao longo dos prximos anos, poder alongar por muitos anos o horizonte de expanso da base de brasileiros qualificados para cursarem os programas de mestrado e doutorado. Contudo, a perspectiva de evoluo demogrfica da populao brasileira precisa ser includa nas consideraes a serem levadas em conta na definio da poltica de ps-graduao a ser implementada nos prximos anos.Grfico 1.23. Taxa de crescimento anual observada e estimada para grupos etrios de interesse para a formao de mestres e doutores, Brasil, 1980 / 20403,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 -0,5 -1,0 -1,5 1,35 Menos de 25 anos 25 -34 anos 1980 -2000 Fontes: IBGE (2009). (Apud grfico 4.1.2 do captulo 4.) 35 -44 anos 2020 -2040 45 - 54 anos 0,59 0,76 0,94 0,85 0,99 2,50 3,43 2,91 2,65

1,61

0,09

2000 -2020

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1.3. Agradecimentos e perspectivasO conjunto de estudos que integra este livro resultado de um esforo coletivo que o autor dessa apresentao teve o privilgio de coordenar. Muitas pessoas e instituies contriburam para sua realizao e a estas so devidos agradecimentos. H que agradecer especialmente equipe que se dedicou de forma intensa realizao desse trabalho ao longo de aproximadamente um ano. O ncleo central dessa equipe foi composto pelos tcnicos do CGEE, do MCT, e contou com a inestimvel contribuio de Antnio Ibarra, tcnico do DIEESE, especialmente na compreenso e tratamento dos dados da RAIS. A professora Rosana Baeninger no s contribuiu com a elaborao dos dois estudos que constituem os captulos 4 e 5 deste livro, como iluminou com seus conhecimentos sobre demografia diversos aspectos dos demais captulos. O professor Roberto Vermulm contribuiu para a crtica e a interpretao dos resultados estatsticos gerados pelos estudos. H que agradecer sobremaneira s instituies que tornaram esse trabalho possvel, especialmente ao Centro de Gesto e Estudos Estratgicos (CGEE) e ao Ministrio da Cincia e Tecnologia (MCT), que de diversas formas deram contribuio vital ao projeto. Todos os dados e informaes estatsticas utilizadas e divulgadas nos captulos 2 e 3 dependeram da base de dados Coleta Capes, que foi disponibilizada ao projeto pela Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES). Por isso, Capes devido nosso agradecimento, especialmente nas pessoas de seu presidente, o professor Jorge Almeida Guimares, e do assessor de planejamento e estudos da presidncia, Srgio Oswaldo de Carvalho Avellar. Tambm devido agradecimento ao Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE) pelo acesso aos dados das RAIS e ao banco de informaes sobre as autorizaes de trabalho concedidas a estrangeiros, assim como ao Ministrio da Previdncia Social (MPS) pela consulta ao Cadastro Nacional de Informaes Sociais. Ao instituto Brasileiro de Geografia e Estatsticas (IBGE) tambm necessrio agradecer e reconhecer a contribuio vital que a utilizao dos resultados do Censo 2000 e de diversas pesquisas PNAD deu aos captulos 4 e 5. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq) tambm contribuiu de diversas maneiras para o trabalho, especialmente por intermdio da colaborao de seus tcnicos Silvana Meireles Cosac, assessora chefe assessoria de estatsticas e informao, e Geraldo Sorte, coordenador-geral de informtica.

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Cincia, Tecnologia e Inovao

Centro de Gesto e Estudos Estratgicos

A perspectiva dos autores desse livro a de que a mais importante retribuio que se pode dar s instituies, que colaboraram para o seu sucesso, venha a ser a utilidade para elas dos resultados aqui divulgados. A publicao deste livro, no entanto, no termina esse trabalho. Muito ainda h que explorar e, na verdade, essa exatamente a inteno de um trabalho estatstico que, como esse, pretende constituir-se em um documento de referncia e consulta. Acreditamos, ademais, que a maior contribuio que esse projeto pode dar para a rea seria a transformao de seu acervo e de seu aprendizado institucional em bases para a criao de um sistema permanente de produo e divulgao de indicadores e estudos sobre a ps-graduao brasileira.

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Doutores 2010: estudos da demografia da base tcnico-cientfica brasileira

RefernciasAURIOL, L. Labour market characteristics and international mobility of doctorate holders: results for seven countries; STI Working Paper 2007/2. Paris: OECD, Directorate for Science, Technology and Industry, 2007. Disponvel em: Acesso em: 15 Jan. 2008. BAENINGER, R. A populao de doutores e mestres no Brasil, Relatrio tcnico final do projeto demografia da base tcnico-cientfica II. Braslia: CGEE, 2010. (mimeo). EUROSTAT. Doctorate holders. In: ______. Statistics in focus science and technology 131/2007. Luxemburg: 2007. Disponvel em: . KANNANKUTTY, N.; WILKINSON, R.K. SESTAT: A tool for studying scientists and engineers in the United States (NSF 99-337). Arlington, VA: National Science Foundation, Division of Science Resources Studies, 1999. Disponvel em: . Acesso em: 30 jun. 2008. KUZNETSOV, Y. Diaspora networks and the international migration of skills: how countries can draw on their talent abroad. Washington: The World Bank, 2006. 254 p. MINISTRIO DA CINCIA E TECNOLOGIA. Tabela 3.5.1 Brasil: alunos novos, matriculados ao final do ano e titulados nos cursos de mestrado e doutorado, 1987-2008. Braslia: Coordenao-Geral de Indicadores, ASCAV/SEXEC, com base em dados da Capes (MEC). 2009. Disponvel em: . Acesso em: 03 dez. 2009. NATIONAL SCIENCE FOUNDATION. Division of Science Resources Statistics. Characteristics of doctoral scientists and engineers in the United States: 2006, detailed statistical tables. (NSF 09-317). Arlington, VA.: 2009. Disponvel em: Acesso em: 10 dez. 2009. ______. Doctorate recipients from U.S. universities: summary report 200708. (Special Report NSF 10309). Arlington, VA.: 2009. Disponvel em: Acesso em: 03 dez. 2009. ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. Canberra manual -manual on the measurement of human resources devoted to S&T (OCDE/GD(95)77). Paris: OECD, 1995. 111 p. Disponvel em: Acesso em: 30 jun. 2009.

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Cincia, Tecnologia e Inovao

Centro de Gesto e Estudos Estratgicos

ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT, EUROSTAT, UNESCO, UIS. Mapping careers and mobility of doctorate holders: draft guidelines, model questionnaire and indicators: the OCDE / UNESCO Institute for Statistics Eurostat Careers of Doctorate Holders (CDH) Project, STI Working Paper 2007/6 [DSTI/DOC (2007/6)]. Paris: OCDE. Disponvel em: . Acesso em: 30 jun. 2009. UNITED NATIONS EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION. International standard classification of education - ISCED 1997. Paris: UNESCO, 1997. Disponvel em: http://www. unesco.org/education/information/nfsunesco/doc/isced_ 1997.htm. Accesso em: 30 jul. 2008. VIOTTI, E.; BAESSA, A. Caractersticas do emprego dos doutores brasileiros: caractersticas do emprego formal no ano de 2004 das pessoas que obtiveram ttulo de doutorado no Brasil no perodo 19962003. Braslia: Centro de Gesto e Estudos Estratgicos, 2008. p. 50. Disponvel em: Acesso em: 9 out. 2008.

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Captulo 2 Doutorados e doutores titulados no Brasil: 1996-2008

Eduardo Baumgratz ViottiConsultor legislativo do Senado Federal (licenciado) e professor adjunto da School of International and Public Affairs (SIPA) da Columbia University

Carlos Duarte de Oliveira Jr.Analista de Sistemas e Assessor tcnico do Centro de Gesto e Estudos Estratgicos (CGEE)

Renato Baumgratz ViottiCoordenador-Geral substituto da Coordenao-Geral de Indicadores (CGIN) do Ministrio da Cincia e Tecnologia (MCT)

Roberto Dantas de PinhoAnalista em Cincia & Tecnologia da Coordenao-Geral de Indicadores (CGIN) do MCT

Sofia DaherAnalista em Cincia e Tecnologia do CNPq e Assessora Tcnica do CGEE

Roberto VermulmProfessor da Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade da Universidade de So Paulo (USP)

Captulo 2 Doutorados e doutores titulados no Brasil: 1996-2008

SumrioIntroduo 2.1. Evoluo dos programas de doutorado2.1.1. Evoluo do nmero de programas 2.1.2. Evoluo dos programas por rea do conhecimento 2.1.3. Avaliao dos programas 2.1.4. Programas de instituies federais, estaduais e particulares 2.1.5. Distribuio regional dos programas

61 6363 65 67 71 77

2.2. Doutores titulados no Brasil2.2.1. Evoluo do nmero de titulados 2.2.2. Titulados por rea do conhecimento 2.2.3. Titulados e a avaliao dos programas 2.2.4. Titulados em programas de instituies federais, estaduais e particulares 2.2.5. Distribuio regional dos titulados 2.2.6. Titulados por sexo

8282 85 87 92 94 101

Referncias Anexo Resultados estatsticosA.2.1. Evoluo dos programas de doutorado A.2.2. Doutores titulados no Brasil

105 107109 139

Lista de tabelasTabela 2.1.1. Nmero de programas de doutorado por grande rea do conhecimento, Brasil, 1998-2008 Tabela 2.1.2. Nmero e percentagem de programas de doutorado por regio, Brasil, 1998-2008 Tabela 2.1.3. Nmero e percentagem de programas de doutorado por unidade da federao, Brasil, 1998-2008 Tabela 2.1.4. Nmero e distribuio percentual dos programas de doutorado de cada grande rea do conhecimento pelas regies, Brasil, 2008 Tabela 2.1.5. Nmero e distribuio percentual dos programas de doutorado de cada regio pelas grandes reas do conhecimento, Brasil, 2008 Tabela 2.1.1. Nmero de doutores titulados no Brasil por grande rea do conhecimento, 1996-2008 Tabela 2.2.2. Nmero de doutores titulados no Brasil por conceito atribudo pela avaliao da Capes ao programa onde se deu a titulao, 1998-2008 Tabela 2.2.3. Nmero de doutores titulados no Brasil por regio, 1996-2008 Tabela 2.2.4. Nmero e percentagem de doutores titulados no Brasil por unidade da federao, 1996-2008 Tabela 2.2.5. Nmero e percentagem dos doutores titulados no Brasil em cada regio por grande rea do conhecimento, 2008 Tabela 2.2.6. Nmero e percentagem dos doutores titulados no Brasil em cada grande rea do conhecimento por regio, 2008

65 77 79 81 81 85 88 94 96 98 100

Anexo Resultados estatsticosTabela A.2.1.1. Nmero de programas de doutorado por grande rea do conhecimento, Brasil, 1998-2008 Tabela A.2.1.2. Taxa de crescimento percentual do nmero de programas de doutorado por grande rea do conhecimento, Brasil, 1998-2008 Tabela A.2.1.3. Distribuio percentual do nmero de programas de doutorado por grande rea do conhecimento, Brasil, 1998-2008 Tabela A.2.1.4. Nmero de programas de doutorado por conceito recebido na avaliao da Capes, Brasil, 1998-2008 109 110 111 112

Tabela A.2.1.5. Nmero de programas de doutorado por grande rea do conhecimento e conceito da avaliao da Capes, Brasil, 1998-2008 Tabela A.2.1.6. Nmero de programas de doutorado por grande rea do conhecimento e natureza jurdica das instituies, Brasil, 1998-2008 Tabela A.2.1.7. Nmero de programas de doutorado por regio e unidade da federao, Brasil, 1998-2008 Tabela A.2.1.8. Taxa de crescimento percentual do nmero de programas de doutorado por regio e unidade da federao, Brasil, 1998-2008 Tabela A.2.1.9. Nmero de programas de doutorado por regio e unidade da federao de acordo com a natureza jurdica das instituies, Brasil, 1998-2008 Tabela A.2.1.10