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1 CURSO DEFENSORIA PÚBLICA/MG (MANHÃ) DATA 21/07/2014 DISCIPLINA P.CIVIL/ CAUTELARES E PROCEDIMENTOS ESPECIAIS PROFESSOR IVAL HECKERT MONITORA RENATA WERKEMA AULA 1/4 E-mail do Professor: [email protected] EMENTA Pontos abordados durante a aula: I - PROCESSO DE CAUTELAR: 1. INTRODUÇÃO b) Processo de execução: a) Processo de conhecimento: c) Processo Cautelar 2. CAUTELAR - Processo cautelar: - Medida Cautelar: OBS1: Tutela antecipada X Cautelar OBS2: Fungibilidade 2.1. Processo Cautelar a) Regra: de dependência (Art.796) b) Classificação c) Competência (Art.800) d) Processo: Procedimento d.1)Petição Inicial d.2) Citação d.3) Contestação ou Revelia d.4) Audiência de Instrução e Julgamento (AIJ) d.5) Sentença (Art.520, IV, CPC) e) Prazo f) Cautelares típicas: 1)Arresto 2)Sequestro

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CURSO – DEFENSORIA PÚBLICA/MG (MANHÃ) DATA – 21/07/2014 DISCIPLINA – P.CIVIL/ CAUTELARES E PROCEDIMENTOS ESPECIAIS PROFESSOR – IVAL HECKERT MONITORA – RENATA WERKEMA AULA 1/4

E-mail do Professor: [email protected]

EMENTA Pontos abordados durante a aula:

I - PROCESSO DE CAUTELAR:

1. INTRODUÇÃO b) Processo de execução: a) Processo de conhecimento: c) Processo Cautelar

2. CAUTELAR

- Processo cautelar: - Medida Cautelar:

OBS1: Tutela antecipada X Cautelar OBS2: Fungibilidade

2.1. Processo Cautelar

a) Regra: de dependência (Art.796) b) Classificação c) Competência (Art.800) d) Processo: Procedimento

d.1)Petição Inicial d.2) Citação d.3) Contestação ou Revelia d.4) Audiência de Instrução e Julgamento (AIJ) d.5) Sentença (Art.520, IV, CPC)

e) Prazo f) Cautelares típicas:

1)Arresto 2)Sequestro

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I – PROCESSO CAUTELAR

1. INTRODUÇÃO

Quando se fala de classificação de Processo, ainda se usa a classificação usada pelo código:, ,.

a) Processo de conhecimento: pratica de atos processuais que viabilizam ao juiz, dizer e

declarar a existência do direito; auxilia o procedimento jurisdicional.

b) Processo de execução: o direito está declarado no título executivo por uma situação de

acordo de vontades (extrajudiciais) ou por uma situação judicial.

c) Processo de cautelar: seu objetivo é praticar atos processuais, dotados certa de força

coercitiva, mas não destinados a efetivação de direitos, e sim destinados a garantir a possível

efetivação de um direito, que seria garantido no processo de conhecimento (potencializa a

efetivação do processo principal; “instrumento do instrumento”). Não satisfaz a pretensão, pois a

pretensão é ato de natureza executiva (ato próprio para efetivação do direito do cidadão). Servirá

para uma situação protetiva (protege a potencialidade de um direito).

Na época de organização do código de processo civil, partia da premissa que atos processuais de

natureza distinta não se misturavam no mesmo processo, por isso se justificava essa tripartição

(processo de conhecimento, processo de execução, processo cautelar). Como no processo de

conhecimento não se efetivava o direito de ninguém, necessitava percorrer, em outro processo, o

processo de execução (atos que seriam dotados de força coercitiva).

Essa não é mais a realidade do direito processual civil (a partir de 1994). Dois artigos mudam a

história dessa tripartição (com a mudança da redação do Art.273 e Art.461).

Com essa mudança, não há mais o processo de execução quando a ação tiver por objeto o

cumprimento de obrigação de fazer, não fazer ou entregar (art.461). Passamos a ter no Processo

de conhecimento atos de cumprimento da sentença (atos de execução), sem necessidade de

outro processo.

Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a

tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o

resultado prático equivalente ao do adimplemento. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

Passou a permitir também a antecipação de atos de execução com a pratica de atos de efetivação

do direito.

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- Pergunta: Como atualmente, o processo passa a ser voltado ao jurisdicionado (ao cidadão;

antes era a jurisdição do Estado), posso dizer que o processo de conhecimento é um processo

apto a gerar a efetivação do direito do cidadão? Sim, o processo de conhecimento é um processo

apto a gerar a efetivação do direito do cidadão, assim como o processo de execução. Não se

exige mais aquela dicotomia de processo de conhecimento e processo execução para viabilizar o

direito do cidadão. Mesmo sem titulo executivo, haverá a pratica de atos de efetivação de direito.

Logo, ambos os processos, de conhecimento e execução, são satisfativos (pratico atos que visam

satisfazer a pretensão do cidadão).

OBS: Ainda há processo de execução de titulo executivo judicial, no caso da fazenda pública

(Art.730, CPC), quando se tratar de obrigação de pagar quantia certa (obrigação de fazer, não

fazer ou entregar serão resolvidos com o cumprimento de sentença).

Art. 730. Na execução por quantia certa contra a Fazenda Pública, citar-se-á a devedora para opor embargos

em 10 (dez) dias; se esta não os opuser, no prazo legal, observar-se-ão as seguintes regras: (Vide Lei nº

8.213, de 1991) (Vide Lei nº 9.494, de 1997)

I - o juiz requisitará o pagamento por intermédio do presidente do tribunal competente;

II - far-se-á o pagamento na ordem de apresentação do precatório e à conta do respectivo crédito.

Art. 731. Se o credor for preterido no seu direito de preferência, o presidente do tribunal, que expediu a

ordem, poderá, depois de ouvido o chefe do Ministério Público, ordenar o seqüestro da quantia necessária

para satisfazer o débito.

O legislador ainda mantém o processo cautelar, que é processo não satisfativo, pois não é seu

objetivo a efetivação do direito, mas tão somente criar situações protetivas (acautelatórias) para,

futuramente, viabilizar a pretensão do cidadão.

OBS: “Cautelar satisfativa”

Se for cautela não pode ser satisfativa. Ex: Cautelar de exibição (para exibir documento; cautelar

preparatória); nesse caso, a pretensão pode se esgotar com a exibição de documento. Se houve a

satisfação da pretensão deixa de ser cautelar (o que interessa não é o nome, mas sim a natureza

jurídica). Nesse caso, quando a pretensão se esvai (se esgota), a natureza jurídica não é de

cautela, mas sim de conhecimento.

No próximo código, o próximo passo no sincretismo será a não existência do processo cautelar,

podendo praticar, no mesmo processo, atos de efetivação de direitos e atos de proteção.

2. CAUTELAR

Em prova objetiva, avaliar o que o enunciado está discutindo (diferenciar):

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Processo cautelar: procedimento desenvolvido em contraditório, que tem como objetivo

viabilizar a concessão de uma medida cautelar.

Medida Cautelar: pratica de ato (ato acautelatório), por determinação do magistrado, que cria

uma situação protetiva do direito de cidadão, para que, futuramente, possa se efetivar um direito

(visa garantir uma futura execução).

- Pergunta: Medidas Cautelares podem surgir somente no processo cautelar? Pelo Princípio da

legalidade, processo cautelar é o meio regra para que lícito seja ao juiz conceder medidas de

natureza cautelar (a regra é um processo cautelar apto a pratica da medida cautelar). Mas,

excepcionalmente, é lícito ao juiz conceder medidas cautelares sem um processo cautelar

(Art.653, CPC – arresto, que é uma medida de natureza cautelar, praticada no processo de

execução, não necessitando de processo cautelar; Art.273, CPC – tutela antecipada genérica).

Art. 653. O oficial de justiça, não encontrando o devedor, arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para

garantir a execução.

Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela

pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da

alegação e: (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

OBS1: Tutela antecipada X Cautelar

Medida de tutela antecipada: medida satisfativa.

Haverá a plenitude sobre o objeto de um pedido (pressupõe a satisfação da pretensão). O pedido

será julgado posteriormente (não preciso cumprir o objeto desse direito porque se trata de uma

medida satisfativa). Prova inequívoca e verossimilhança da alegação (juízo do provável; juiz deve

estar convencido do que está sendo alegado; juízo do provável é maior do que o juízo do

possível).

Medida Cautelar: medida de proteção

Concedida a cautelar, tenho que cumprir o pedido, uma vez que a cautelar é uma medida apenas

protetiva (reconhecido o direito no título, uma vez protegido pela cautelar, irei buscar a efetivação

desse direito). Cautelar estará em autos apartados (outro processo) e terá distribuição por

dependência. “Fumaça do bom direito” é requisito para medida de natureza cautelar (juízo do

possível).

OBS2: Fungibilidade

Como muitos usavam a tutela antecipada, não para buscar medida de natureza satisfativa, mas

sim uma medida cautelar (busca provimento de natureza cautelar), havia a exigência de se buscar

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essa cautela pelo processo cautelar (formalismo exacerbado dos juízes que prejudicava o

cidadão). Atualmente, em 2002, permite-se o uso fungibilidade entre as medidas. Alguns autores

afirmam, que como se permite a pratica de atos cautelares no processo de conhecimento, não

haveria a necessidade de cautelares incidentais (formais; viabilizada no processo cautelar). Mas

não se pode descartar o uso do processo cautelar, nem muito menos a busca por cautelares

incidentais, que ainda são usuais.

Art.273, §7º, Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá

o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do

processo ajuizado. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002).

2.1. Processo Cautelar

a) Regra: de dependência (Art.796)

Primeira preocupação da lei será definir essa regra de dependência. O processo cautelar é

sempre dependente do processo principal, pois a cautelar não se presta a satisfação de um

direito, mas sim viabilizar que futuramente se tenha o ato executivo.

Art. 796. O procedimento cautelar pode ser instaurado antes ou no curso do processo principal e deste é

sempre dependente.

b) Classificação

Cautelar poderá ser:

Preparatória: quando são requeridas antes da propositura do processo principal;

Incidental (ulterior): quando são requeridas depois de proposto o processo principal (no

curso do processo);

Nominadas ou típicas: criadas pelo legislador, definidas a partir do Art.813;

Inominadas ou atípicas: em razão de não ser possível nomear todas as medidas

protetivas, poderá o juiz determinar as medidas provisórias (Art.798), que decorre do seu

poder geral de cautela, que é o poder de criação do magistrado para deferir medidas não

criadas pelo legislador.

Art. 798. Além dos procedimentos cautelares específicos, que este Código regula no Capítulo II deste Livro,

poderá o juiz determinar as medidas provisórias que julgar adequadas, quando houver fundado receio de que

uma parte, antes do julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão grave e de difícil reparação.

- Pergunta: O poder geral de cautela dá o permissivo para o magistrado conceder cautelares

inominadas, que não estão na lei. Seria lícito conceder medidas cautelares de ofício? Segundo o

Art.797, percebe-se que há a possibilidade de concessão de medidas cautelares de ofício. Em

razão do poder geral de cautela, será possível tanto a criação do magistrado para deferir medidas

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não criadas pelo legislador (inominadas), quanto a potencialidade de conceder medidas de ofício

(independente da audiência das partes). Ex: Lei 10259, Art.4º

Art. 797. Só em casos excepcionais, expressamente autorizados por lei, determinará o juiz medidas

cautelares sem a audiência das partes. (grifo nosso)

Art. 4º, Lei 10259/01 O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, deferir medidas cautelares no

curso do processo, para evitar dano de difícil reparação. (grifo nosso)

.

c) Competência (Art.800)

Será competente o juízo onde será proposto o processo principal. Pela regra da dependência, a

competência não se dá pela cautela, mas pela existência de um futuro processo (ou processo já

existente – processo cautelar é sempre dependente do processo principal). Se medida cautelar

incidental, será competente o juiz da causa principal; se medida cautelar preparatória, será

competente o juiz que irá conhecer a ação principal.

Art. 800. As medidas cautelares serão requeridas ao juiz da causa; e, quando preparatórias, ao juiz

competente para conhecer da ação principal.

OBS1: Quando se trata de produção antecipada de provas preparatória (Art.846), não será

preciso respeitar a regra de dependência, uma vez que a prova poderá ser no local da coisa; ou

endereço da testemunha. Logo, não há ato de distribuição por dependência.

Art. 846. A produção antecipada da prova pode consistir em interrogatório da parte, inquirição de

testemunhas e exame pericial.

Art. 851. Tomado o depoimento ou feito exame pericial, os autos permanecerão em cartório, sendo lícito aos

interessados solicitar as certidões que quiserem.

OBS2: Processo principal e sentença (apelação)

A apelação será apresentada no juízo de primeiro grau (duplo efeito: efeito devolutivo e

suspensivo), para que, sendo processada e admitida, será julgada pelo tribunal (pelo julgamento

do recurso de apelação será proferido acórdão). Por força do Art.800, PU, CPC, como foi

interposto o recurso, a cautelar incidental será apresentada no tribunal (prova que ainda existe

cautelar enquanto processo; recurso interposto, que é diferente de recurso admitido, diferente de

recurso recebido no tribunal). Ex: Medida Cautelar de sequestro (Art.822, II, CPC).

Art.800, Parágrafo único. Interposto o recurso, a medida cautelar será requerida diretamente ao tribunal.

(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

Art. 822. O juiz, a requerimento da parte, pode decretar o seqüestro:

II - dos frutos e rendimentos do imóvel reivindicando, se o réu, depois de condenado por sentença ainda

sujeita a recurso, os dissipar;

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OBS3: Sentença apelação (acórdão) REsp ou RExt STJ ou STF (admite o recurso); ou

Agravo (inadmite o recurso; Art.544, CPC)

Os recursos especial ou extraordinário não serão recebidos no efeito suspensivo. Esses recursos

serão propostos no tribunal de origem, que o processará e, fazendo o juízo de admissibilidade,

determinará a remessa dos autos para o STJ ou STF (quando admite o recurso); ou, inadmitindo o

recurso, caberá agravo (Art.544, CPC). Por meio de cautelar, através de um processo cautelar

específico, posso solicitar que se atribua efeito suspensivo a recurso especial ou extraordinário.

Qual o juízo competente para solicitar, por meio da cautelar, o efeito suspensivo? Nesse caso,

serão aplicadas as Súmulas 634 e 635 do STF. Interposto recurso especial ou extraordinário, não

uso a regra do PU do Art.800, pois se deve observar se houve ou não o juízo de admissibilidade

(se houve juízo de admissibilidade, interponho a cautelar no STJ ou STF; se não houve juízo de

admissibilidade, interponho a cautelar no tribunal de origem).

STF Súmula nº 634 - Competência - Concessão de Medida Cautelar para Dar Efeito Suspensivo a Recurso

Extraordinário - Objeto de Juízo de Admissibilidade na Origem

Não compete ao Supremo Tribunal Federal conceder medida cautelar para dar efeito suspensivo a recurso

extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade na origem.

STF Súmula nº 635 - Competência - Decisão em Pedido de Medida Cautelar em Recurso Extraordinário

Pendente do Juízo de Admissibilidade

Cabe ao Presidente do Tribunal de origem decidir o pedido de medida cautelar em recurso extraordinário

ainda pendente do seu juízo de admissibilidade.

d) Processo: Procedimento

d.1) Petição Inicial: ao formal da parte (Art.801, CPC);

Art. 801. O requerente pleiteará a medida cautelar em petição escrita, que indicará:

I - a autoridade judiciária, a que for dirigida;

II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido;

III - a lide e seu fundamento;

IV - a exposição sumária do direito ameaçado e o receio da lesão;

V - as provas que serão produzidas.

Parágrafo único. Não se exigirá o requisito do no III senão quando a medida cautelar for requerida em

procedimento preparatório.

OBS1: Segundo a redação do Art.801, CPC, o requerimento de citação não é requisito da petição

inicial da cautelar. Mas devo ler esse artigo conjuntamente com o Art.282, CPC, no qual também

será requisito da petição inicial da cautelar o requerimento de citação (completar Art.801, CPC

com Art.282, CPC, que trata dos requisitos da PI).

Art. 282. A petição inicial indicará:

VII - o requerimento para a citação do réu.

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OBS2: Ocorrerá a prorrogação da competência (Art.114, CPC), quando não for proposta a

exceção de incompetência relativa territorial proposta pelo réu. Assim, a cautelar preparatória

(antes da ação principal) pode ser proposta no domicílio do autor (preclusão do direito do réu).

Art. 114. Prorrogar-se-á a competência se dela o juiz não declinar na forma do parágrafo único do art. 112

desta Lei ou o réu não opuser exceção declinatória nos casos e prazos legais. (Redação dada pela Lei nº

11.280, de 2006)

OBS3: Dos requisitos do Art.801, será dispensado o inciso III (a lide e seu fundamento, que

ampara o processo principal), se a cautelar for incidental, por força do PU (“Não se exigirá o

requisito do no III senão quando a medida cautelar for requerida em procedimento preparatório”).

OBS4: Requisitos da:

Medida Cautelar:

“Fumaça do bom direito”;

Periculum in mora

Tutela antecipada (Art.273)

Prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação;

Periculum in mora (Art.273,I,CPC1: “fundado receio de dano irreparável ou de difícil

reparação”); Surge tanto em razão de um juízo de urgência (I) quanto em razão de um

juízo de evidência (por força do II e §6º, Art.273, CPC2); OBS: juízo de evidência se volta a

situações nas quais se observa: abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito

protelatório do réu; pedidos cumulados que se mostram incontroversos;

- Pergunta: Posso conceder tutela antecipada liminarmente baseada num juízo de evidência

(abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu; pedidos cumulados que

se mostram incontroversos)? Para responder, deve-se entender a expressão “liminar”: Liminar não

será natureza jurídica de nada. Liminar pressupõe o momento (o tempo em que surge a pratica de

um ato do magistrado; ato que inclui, inclusive, a sentença, Art.285-A3 ou Art.295, CPC4). A liminar

1 Art. 273. I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação;

2 Art. 273, II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.

Art. 273, §6o A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso. 3 Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver sido proferida sentença de

total improcedência em outros casos idênticos, poderá ser dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada. 4 Art. 295. A petição inicial será indeferida:

I - quando for inepta; II - quando a parte for manifestamente ilegítima; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) III - quando o autor carecer de interesse processual; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) IV - quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição (art. 219, § 5o); V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à natureza da causa, ou ao valor da ação; caso em que só não será indeferida, se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal; Vl - quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, parágrafo único, primeira parte, e 284.

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surge dentro da estrutura procedimental. Deriva de uma expressão latina in limine litis (no começo

da lide), que pressupõe a expressão Inaudita Altera Pars (sem manifestação da parte contrária).

Consiste num pedido no inicio da lide, antes da defesa do réu (antes da contestação do réu). Não

posso conceder liminarmente uma tutela antecipada baseada num juízo de evidência, pois nos

casos previstos para juízo de evidencia se exige a manifestação do réu.

Procedimento:

d.2) Citação

Art. 802. O requerido será citado, qualquer que seja o procedimento cautelar, para, no prazo de 5 (cinco)

dias, contestar o pedido, indicando as provas que pretende produzir.

Parágrafo único. Conta-se o prazo, da juntada aos autos do mandado:

I - de citação devidamente cumprido;

II - da execução da medida cautelar, quando concedida liminarmente ou após justificação prévia.

d.3) Contestação ou Revelia

A contestação também está prevista no Art.802, CPC, que diz que o réu terá 5 dias para

apresentar sua defesa. Já a revelia, prevista no Art.803, CPC, diz respeito apenas ao processo

cautelar e não se refere a atos constitutivos do direito, que serão discutidos no processo principal.

Art. 803. Não sendo contestado o pedido, presumir-se-ão aceitos pelo requerido, como verdadeiros, os fatos

alegados pelo requerente (arts. 285 e 319); caso em que o juiz decidirá dentro em 5 (cinco) dias. (Redação

dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Parágrafo único. Se o requerido contestar no prazo legal, o juiz designará audiência de instrução e

julgamento, havendo prova a ser nela produzida. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

d.4) Audiência de Instrução e Julgamento (AIJ)

Permite o uso de todos os meios probatórios necessários (documentos, testemunha, perícia), que

serão colhidos em AIJ (permite o juiz ter elementos probatórios suficientes).

Petição Inicial

(Art.801) Citação (Art.802) Réu é citado para apresentar defesa

Juiz pode: 1) Indeferir (Art.295) 2) Emendar (Art.284) 3) Conceder despacho positivo

Contestação (5 dias)

Sentença

AIJ (se necessário)

ou revelia (Art.803)

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d.5) Sentença (Art.520, IV, CPC)

Processo cautelar é decidido por sentença, para a qual caberá apelação, que será recebida

apenas no efeito devolutivo (OBS: no processo cautelar, a apelação não será recebida com efeito

suspensivo por ser um procedimento de urgência).

Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no entanto, recebida só no

efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

IV - decidir o processo cautelar; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

OBS: Medida cautelar liminar

Segundo o CPC (Art.804, CPC), é permitido ao juiz conceder essa medida cautelar liminarmente

(antecipa a medida no tempo), sem manifestação do réu, quando verificar que, sendo citado o réu,

poderá tornar a medida ineficaz. Essa concessão liminar é uma exceção, apesar de ser comum na

prática. Ex: Ao ser citado, réu vende a coisa que era o objeto da medida cautelar.

Art. 804. É lícito ao juiz conceder liminarmente ou após justificação prévia a medida cautelar, sem ouvir o réu,

quando verificar que este, sendo citado, poderá torná-la ineficaz; caso em que poderá determinar que o

requerente preste caução real ou fidejussória de ressarcir os danos que o requerido possa vir a sofrer.

(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

OBS2: Art. 805, CPC, prevê uma contra cautela que possa surgir em razão do deferimento da

medida cautelar ser muito gravoso para o réu (essa contra cautela será a favor do réu).

Art. 805. A medida cautelar poderá ser substituída, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, pela

prestação de caução ou outra garantia menos gravosa para o requerido, sempre que adequada e suficiente

para evitar a lesão ou repará-la integralmente. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

OBS3: Caução

Toda medida cautelar de caráter precário (que pode ser modificada ou revogada a qualquer

tempo) pode causar dano irreparável ao réu. Nesse caso, ao deferir liminarmente a medida

(Art.804, CPC), poderá ser exigida caução, caso em que poderá determinar que o requerente

preste caução real ou fidejussória de ressarcir os danos que o requerido possa vir a sofrer (regra

de responsabilidade objetiva do requerente). Segundo o Art.475-O5, CPC, a execução provisória

ocorrerá por conta e risco do requerente, a fim de manter uma possível reparabilidade de danos

que podem ser gravosos ao réu. Na execução provisória, é possível o deferimento de prestação

de caução quando os atos praticados pelo exequente possam causar prejuízos ao executado

5 Art. 475-O. A execução provisória da sentença far-se-á, no que couber, do mesmo modo que a definitiva, observadas

as seguintes normas: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) I – corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) II – fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidados eventuais prejuízos nos mesmos autos, por arbitramento; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

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(atos que podem causar danos de difícil ou incerta reparação; Estado não será responsabilizado

por eventuais danos, porque a responsabilidade do requerente/exequente é objetiva). Toda

medida em caráter precário, seja ela de efetivação ou garantia do direito, incidirá a regra de

responsabilidade civil objetiva do requerente, ou seja, qualquer prejuízo causado ao réu é de

responsabilidade do requerente (responsabilidade civil objetiva é regra para qualquer medida de

caráter precário, inclusive tutela antecipada).

Art. 811. Sem prejuízo do disposto no art. 16, o requerente do procedimento cautelar responde ao

requerido pelo prejuízo que Ihe causar a execução da medida:

I - se a sentença no processo principal Ihe for desfavorável;

II - se, obtida liminarmente a medida no caso do art. 804 deste Código, não promover a citação do requerido

dentro em 5 (cinco) dias;

III - se ocorrer a cessação da eficácia da medida, em qualquer dos casos previstos no art. 808, deste Código;

IV - se o juiz acolher, no procedimento cautelar, a alegação de decadência ou de prescrição do direito do

autor (art. 810).

Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos do procedimento cautelar.

(grifo nosso)

OBS4: Prescrição ou decadência (Art.811, IV, CPC)

É lícito ao juiz conhecer de ofício a prescrição ou decadência (Art.295, IV6). Logo, na cautela

preparatória, existe formação de coisa julgada material (Art.269, IV7; sentença de mérito). Nesse

caso, se despercebida a existência de prescrição ou decadência no processo cautelar

preparatório, e intentado o processo principal, deve-se alegar, em preliminar de mérito na

contestação, a coisa julgada material. Em cautelar incidental, prescrição e decadência serão

acolhidas no processo principal.

Art. 810. O indeferimento da medida não obsta a que a parte intente a ação, nem influi no julgamento desta,

salvo se o juiz, no procedimento cautelar, acolher a alegação de decadência ou de prescrição do direito do

autor.

e) Prazo

O prazo para propositura do processo principal será de 30 dias da efetivação da medida (Art.806,

CPC) Esse prazo visa evitar que a medida cautelar perpetue no tempo (não é a ideia atividade

jurisdicional; evitar a vingança privada). A medida cautelar terá cessada a sua eficácia se a parte

não ajuizada a ação no prazo de 30 dias (Art.808, I, CPC).

Art. 806. Cabe à parte propor a ação, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da efetivação da medida

cautelar, quando esta for concedida em procedimento preparatório.

6 Art. 295. A petição inicial será indeferida: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)IV - quando o juiz verificar,

desde logo, a decadência ou a prescrição (art. 219, § 5o); (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

7 Art. 269. Haverá resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)IV - quando o juiz pronunciar a

decadência ou a prescrição; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

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Art. 808. Cessa a eficácia da medida cautelar: I - se a parte não intentar a ação no prazo estabelecido no art.

806;

Art.808, Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a medida, é defeso à parte repetir o pedido,

salvo por novo fundamento. (grifo nosso)

OBS: Há algumas medidas que, mesmo não ajuizada a ação no prazo do Art.806 (30 dias), não

irão perder a sua eficácia. Ex: Art.8468 (produção antecipada de provas), Art.8449; Direito de

família (separação de corpos).

OBS2: Súmula 482, STJ

Se houve perda da eficácia da liminar concedida no processo cautelar, em razão do não

ajuizamento da ação principal no prazo de 30 dias de efetivação da medida, o processo cautelar

será extinto, não cabendo à parte repetir o pedido, pois, nesse caso, não se trata novo

fundamento.

Súmula 482, STJ

(SÚMULA) A falta de ajuizamento da ação principal no prazo do art. 806 do CPC acarreta a perda da eficácia

da liminar deferida e a extinção do processo cautelar.

OBS3: Muitas vezes, o cumprimento da medida não depende do Estado, mas sim do requerente.

Assim, será cessada a eficácia da medida cautelar se a medida não for executada dentro de 30

dias (por culpa da parte; desídia da parte), nos termos do Art.808, II, CPC:

Art. 808. Cessa a eficácia da medida cautelar:

II - se não for executada dentro de 30 (trinta) dias;

Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a medida, é defeso à parte repetir o pedido, salvo por novo

fundamento.

OBS4: Se o juiz declarar extinto o processo principal, com ou sem julgamento do mérito, será

cessada a eficácia da medida cautelar. Hoje, com o sincretismo, a cautelar irá manter sua eficácia

até a efetivação do direito (mesmo após o trânsito em julgado, se houver a continuidade do

processo pela pratica de atos executórios para efetivação do direito).

8 Art. 846. A produção antecipada da prova pode consistir em interrogatório da parte, inquirição de testemunhas e

exame pericial.

9 Art. 844. Tem lugar, como procedimento preparatório, a exibição judicial:

I - de coisa móvel em poder de outrem e que o requerente repute sua ou tenha interesse em conhecer; II - de documento próprio ou comum, em poder de co-interessado, sócio, condômino, credor ou devedor; ou em poder de terceiro que o tenha em sua guarda, como inventariante, testamenteiro, depositário ou administrador de bens alheios; III - da escrituração comercial por inteiro, balanços e documentos de arquivo, nos casos expressos em lei.

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Art. 808. Cessa a eficácia da medida cautelar: III - se o juiz declarar extinto o processo principal, com ou sem

julgamento do mérito.

f) Cautelares típicas:

Ex: Proprietário de um automóvel vende-o a um amigo, por R$15 mil, valor que será pago em 15

dias (entrega o carro com o documento assinado). Dez dias depois, o amigo, antes de pagar o

valor combinado, diz que transferiu o carro para o nome dele (sendo o único bem que possui) e o

vendeu a outra pessoa por R$20 mil, afirmando que não irá pagar a sua dívida. A cautela cabível

será sequestro ou arresto? Mesmo sendo o único bem que o amigo possui, a medida adequada

seria o arresto (busca garantir a obrigação de entrega da coisa ou do pagamento dos R$15mil?

Como será o pagamento dos R$15mil será arresto).

1) Arresto

Cautelar que garante a futura execução por quantia certa. A garantia dada em uma obrigação de

pagar quantia certa será a penhora. Arresto se resolve em penhora (Art.818, CPC).

Art. 818. Julgada procedente a ação principal, o arresto se resolve em penhora.

OBS: A garantia dada em uma obrigação de fazer ou não fazer será a caução.

OBS2: Como não se pode penhorar o bem da fazenda pública, não caberá arresto (porque se

resolve em penhora), logo caberá sequestro (Art.731, CPC).

Art. 731. Se o credor for preterido no seu direito de preferência, o presidente do tribunal, que expediu a

ordem, poderá, depois de ouvido o chefe do Ministério Público, ordenar o seqüestro da quantia necessária

para satisfazer o débito.

2) Sequestro

Cautelar que garante a futura execução para entrega da coisa. A garantia dada em uma

obrigação para entrega da coisa será o depósito da coisa.