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•• OIl lnalS 0 ESPORTE E A ATIVIDADE FiSICA COMO ~ - ESTRATEGIA DE PREVEN~AO AO usa INDEVIDO DE DROGAS NAS ESCOLAS As drogas, substancias capazes de alterar compor- tamentos e produzir diversos efeitos ao Sistema Nervoso Central, estao cada vez mais presentes na vida dos jovens. A escola, por ser responsavel pela educa~ao e transmissao da cultura, possui a maior clientela de risco, tomando-se local propicio a execu~ao de programas de preven~ao as drogas A educa~ao para a promo~ao da saOde como mo- delo pedag6gico e um dos melhores meios de preven~ao para reduzir a demanda e 0 abuso de drogas, visando a melhorar 0 estado de saOde, assim como a Educa~ao Ffsi- ca, disciplina obrigat6ria, pode ser utilizada como valiosa estrategia Para tanto, foi executada uma interven~ao educativa a partir do diagn6stico da realidade escolar de alunos e professores de uma escola pOblica de Fortaleza- Ceara, cujos dados foram obtidos de questionarios desen- volvidos para este estudo, objetivando capacita~ao dos professores de Educa~ao Ffsica e de outras areas para a preven~ao ao uso indevido de drogas, utilizando 0 esporte eaatividade ffsica como principal estrategia, Ap6s a inter- ven~ao, foram evidenciadas uma melhora dos conhecimen- tos e das praticas dos professores, bem como a necessi- dade de um processo sistematico de estudo sobre 0 tema. PALAVRAS-CHAVE: esporte, atividade ffsica, pre- ven~ao, drogas LILIA BRAGA MAlA VERA LiGIA M. DE ALBUQUERQUE Universidade de Fortaleza- UNIFOR SPORTS AND PHYSICAL ACTIVITY AS A PREVENTION STRATEGY AGAINST DRUG ABUSE IN SCHOOLS Drugs, substances capable of altering behaviors and producing several effects to the Central Nervous System, are becoming more and more present in the lives of the youth, The school, for its role in education and the transmission of culture, displays the largest risk clientele, thus becoming a favorable place for the development of drug prevention programs, The education for the promotion of health as a pedagogic model is one of the best prevention means to reduce the demand and the abuse of drugs, aiming at improving the health condition, Physical Education, as a mandatory subject in schools, can be used as a valuable strategy in this task, through sports and physical activity. For this purpose, an educational intervention was started from the diagnosis of the students' and teachers' reality in a public school in Fortaleza - Ceara, whose data were obtained through especially developed questionnaires, with the purpose of training Physical Education teachers and teachers of other subjects in the prevention of the improper use of drugs, using sports and physical activity as the main strategy. After the intervention, an improvement in the awareness and of the teachers' practices was observed, as well as the need of a systematic process of study on the theme. KEY WORDS: sport, physical activity, prevention, drugs. 1lJ 1J '::1 l1J Ul oil l1J (J .~ In ,~ l.L 1lJ 1J l1J 1J .~ :> .~ ... a: N Oil Oil N '" i " ,;

drogas e esporte

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artigo para estudo da importancia do esporte e o uso de drogas.

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• 0 ESPORTE E A ATIVIDADE FiSICA COMO~ -

ESTRATEGIA DE PREVEN~AO AO usa INDEVIDO DEDROGAS NAS ESCOLAS

As drogas, substancias capazes de alterar compor-tamentos e produzir diversos efeitos ao Sistema NervosoCentral, estao cada vez mais presentes na vida dos jovens.A escola, por ser responsavel pela educa~ao e transmissaoda cultura, possui a maior clientela de risco, tomando-selocal propicio a execu~ao de programas de preven~ao asdrogas A educa~ao para a promo~ao da saOde como mo-delo pedag6gico e um dos melhores meios de preven~aopara reduzir a demanda e 0 abuso de drogas, visando amelhorar 0 estado de saOde, assim como a Educa~ao Ffsi-ca, disciplina obrigat6ria, pode ser utilizada como valiosaestrategia Para tanto, foi executada uma interven~aoeducativa a partir do diagn6stico da realidade escolar dealunos e professores de uma escola pOblica de Fortaleza-Ceara, cujos dados foram obtidos de questionarios desen-volvidos para este estudo, objetivando capacita~ao dosprofessores de Educa~ao Ffsica e de outras areas para apreven~ao ao uso indevido de drogas, utilizando 0 esportee a atividade ffsica como principal estrategia, Ap6s a inter-ven~ao, foram evidenciadas uma melhora dos conhecimen-tos e das praticas dos professores, bem como a necessi-dade de um processo sistematico de estudo sobre 0 tema.

PALAVRAS-CHAVE: esporte, atividade ffsica, pre-ven~ao, drogas

• LILIA BRAGA MAlAVERA LiGIA M. DE ALBUQUERQUE

Universidade de Fortaleza- UNIFOR

SPORTS AND PHYSICAL ACTIVITY AS APREVENTION STRATEGY AGAINST DRUGABUSE IN SCHOOLS

Drugs, substances capable of altering behaviors andproducing several effects to the Central Nervous System,are becoming more and more present in the lives of theyouth, The school, for its role in education and thetransmission of culture, displays the largest risk clientele,thus becoming a favorable place for the development ofdrug prevention programs, The education for the promotionof health as a pedagogic model is one of the best preventionmeans to reduce the demand and the abuse of drugs, aimingat improving the health condition, Physical Education, as amandatory subject in schools, can be used as a valuablestrategy in this task, through sports and physical activity.For this purpose, an educational intervention was startedfrom the diagnosis of the students' and teachers' reality in apublic school in Fortaleza - Ceara,whose data were obtainedthrough especially developed questionnaires, with thepurpose of training Physical Education teachers andteachers of other subjects in the prevention of the improperuse of drugs, using sports and physical activity as the mainstrategy. After the intervention, an improvement in theawareness and of the teachers' practices was observed, aswell as the need of a systematic process of study on thetheme.

KEY WORDS: sport, physical activity, prevention,drugs.

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INTRODU~AOo IV Levantamento sobre 0 Uso de Drogas

entre estudantes de 10 e 20 graus em dez capitaisbrasileiras, de 1997, realizado pelo Centro Brasi-leiro de Informac;ao sobre Drogas Psicotr6picas(CEBRID), e uma das fontes de dados mais con-cretas para afIrmar que as drogas, atualmente, saoelemento presente na vida de muito adolescentebrasileiro. A pesquisa realizada com 15 mil estu-dantes do Brasil mostrou que urn quarto deles jaexperimentou alguma droga. Em Fortaleza, na fai-xa etaria de 10 a 12 anos ja e expressivo 0 mimerode usuanos.

As quest6es relativas as drogas invadiram asociedade, sendo presenc;a constante na rnidia, e acomunidade escolar se ve pressionada a criar res-postas que possam dar conta das ansiedades de pro-fessores, pais e alunos.

Varios ambientes podem ser consideradospara implementac;ao de programas de promoc;ao dasaude para jovens. Os cenarios apropriados refle-tern dois aspectos: os lugares onde os jovens pas-sam a maior parte do seu tempo, bem como as pes-soas que podem ter influencias sobre eles. Os maiscomuns entre estes ambientes sao a escola e osprofessores, a casa e os pais, igrejas ou comunida-des e seus lfderes, assim como os educadores emsaude e os medicos

A escola como urn ambiente para promoc;aoda saMe e particularmente atrativa por uma seriede raz6es. 0 tempo que os jovens passam na esco-la, tanto num dia como numa semana, proporcionaampla janela de acesso para essa populac;ao. Aamplitude das atividades em que os estudantes seengajam durante esse tempo inclui aprendizagem,divertimento e socializac;ao, provendo uma varie-dade de ambientes controlados nos quais os jovenspodem aprender, praticar e reforc;ar a tomada deatitudes saudaveis. Mas a principal e que, quandoos jovens frequentam a escola regularmente e quan-do estao na escola, eles se tomam urn publico cati-vo (POLLAND et al; 2000; TOZZI; BOUER,1998;BUCHER,1992).

Para muitas crianc;as e jovens, a escola e aunica oportunidade de acesso as prciticas de espor-tes e atividades fisicas. Nesse contexto e que a aulade Educac;ao Ffsica assume papel privilegiado.

Para NEUENFELDT (1999: 235,236), a Edu-cac;ao Ffsica e uma prcitica sistematizada de ativi-dade ffsica, exercfcio ffsico, jogos, lutas, danc;a e

esportes, que sejam desenvolvidos de forma cons-ciente, ou seja, que tenham uma intenc;ao na ac;aoeobjetivos a serem alcanc;ados

A Educac;ao Ffsica escolar, atraves dos con-teudos, deve oferecer aos jovens as mais variadasformas de movimento, mas, tambem, favorecer apossibilidade do aluno crescer com a conscienciaem si mesmo, de suas capacidades ffsicas. Portan-to, e imprescindfvel que 0 professor escolha os con-teudos compatfveis com 0 ensino medio, e, nas ati-vidades, orienta-Ias e desenvolve-Ias de forma pla-nejada, com objetivos e metodologia adequada.

A Educac;aoFfsica, para GON<;ALYES (1994);PELLEGRINOTTI (1998); ARATANGY(1998);SALLES(1998); LORENCINI JUNrOR(1998), deveter 0 objetivo de formar a personalidade do educan-do, de modo que ele seja capaz de organizar e enri-quecer sua vida, desenvolver a autonomia, a capaci-dade de decisao, a autoconfIanc;a, a cooperac;ao, acriatividade e a solidariedade. Estes sao alguns va-lores que devem ser trabalhados com os jovens edesenvolvidos por eles, com 0 intuito de prevenc;aoao uso indevido de drogas.

No Brasil, urn pafs em desenvolvimento, apromoc;ao em saude e vital para todas as areas noambito da saude publica. Nao e diferente para aEducac;ao Ffsica, pois, segundo NAHAS; CORBIN(1992), se apresenta como uma profIssao que terna maior responsabilidade em prestar servic;os rela-cionados com atividades fisicas e desenvolvimen-to humano, ou ainda, de acordo com FLORINDO;ARAUJO (1997), alem da tradicional atuac;ao emescolas, parques e academias, a Educac;ao Ffsicapoderia atuar como parte de uma equipemultidisciplinar na area de saMe, inclusive em cen-tros de saude, junto com a comunidade, orientan-do a pratica de atividade ffsica.

Sugerimos que a escola, de maneira geral, e adisciplina Educac;ao Ffsica, pelas suas caracterfsti-cas voltadas a atividade motora, assumam a tarefade desenvolver programas que conduzam os alu-nos a perceberem a importancia de se adquirir urnestilo de vida saudavel, fazendo que a atividade fi-sica direcionada a promoc;ao da saude se tome urnhabito no dia-a-dia das pessoas (GUEDES;GUEDES, 1994). Nessa perspectiva, espera-se quea Educac;ao Ffsica centralize seus objetivos e suasac;6es nas estrategias de promoc;ao da saude, entreelas a de prevenc;ao ao uso indevido de drogas.

Os estudos referentes ao esporte e a atividadefisica mostram a possibilidade de inserc;ao em di-

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ferentes culturas, aceitando tambem a ideia de queo conhecimento produzido por essa ci(~ncia sejaassimilado por toda a humanidade; essa socializa-<;aodos conhecimentos da atividade fisica e do es-porte, pela sociedade, permite que os indivfduostenham a chance de escolher a melhor forma depratica-los, e, ao mesmo tempo, pode influenciaras polfticas publicas, em reconhecer os responsa-veis por estas.

Alem do mais 0 esporte e a atividade ffsicapossuem tambem estudos que comprovam a suaimportancia na manuten~ao da qualidade de vida daspessoas, melhoram as capacidades fisicas, atravesde metodos especfficos, alem de atuar nos valoressocio16gicos e psico16gicos dos alunos, ao mesmotempo que se apresentam firmemente como urn cam-po de conhecimento, tornando-se uma ciencia.

A atividade ffsica e 0 esporte ja se consagra-ram como elementos indispensaveis na forma de vidado ser humano e, associados a qualidade de vida,podem provocar efeitos, a medio e a longo prazo, demelhores comportamentos relacionados a saude.

o melhor caminho para a preven~ao contra 0abuso de drogas nao e reprimir e sim oferecer aosjovens oportunidades para que estes possam dar va-zao as suas necessidades de viver experiencias di-ferentes e significativas e de partilha-las com seusamigos.

A experiencia acumulada pelos jovens e fun-damental na forma~ao de uma imagem positiva desi mesmo e no aumento da auto-estima. Por isso,de acordo com CLIMENT; CARLOS (1992), osjovens necessitam explorar diferentes atividades naarea dos esportes e desenvolver aptid6es pr6prias,particulares, de maneira a satisfaze-lo e compensa-10 por possfveis frustra~6es em outras atividades.E mais, segundo os autores, a importancia do es-porte e da atividade ffsica exige uma aten~ao espe-cial, porque proporciona urn desenvolvimento ide-al ao organismo, alem de ser urn meio mais indica-do de canalizar as energias de forma positiva, mui-tas vezes excessiva, por parte dos jovens.

Os esportes, os jogos ao ar livre e outras ati-vidades recreativas permitem a experiencia de no-vos desafios, 0 desenvolvimento da alegria, da con-fian~a em participar; atitudes cada vez mais rarasde se desenvolverem fora da escola, alem da opor-tunidade de cooperarem socialmente, os jovensaprendem a manejar 0 estresse durante as aulas eposteriormente durante a vida. 0 trabalho em equi-pe resgata 0 ensino de atitudes positivas, como 0

jogo limpo e 0 exercfcio da paciencia e perseve-ran~a, alem da aprecia~ao pela qualidade esteticado movimento.

Atividades relacionadas com equilibrio, co-ordena~ao e seguran~a proporcionadas pela Edu-ca~ao Ffsica saD importantes na vida, alem de or-ganizar situa~6es que conduzam os alunos a toma-rem decis6es positivas, sem pressao do amigo oudo professor, desenvolvendo assim a tomada dedecisao responsavel e consciente, a lideran~a, leal-dade, coopera~ao, autodisciplina, iniciativa, tena-cidade, espfrito esportivo e de equipe, generosida-de e respeito para com 0 adversario.

Nao se pode negar que 0 esporte, e nao ape-nas 0 esporte de lazer, preencha fun~6es classicasdo lazer, recreio, divertimento e desenvolvimentoda personalidade (BETTI, 1991).

Do ponto de vista geral, achar e confirmar urnmeio de prevenir 0 abuso de drogas por parte dosjovens e de suma importancia. Todos saem ganhan-do: 0 jovem, a fanu1ia, a sociedade. Quem sabe sea prMica de atividade fisica e esportiva ajude tam-bem os jovens ja usuarios de drogas! Nesse caso, 0esporte agiria nao s6 na preven~ao primaria e se-cundaria mas tambem na reabilita~ao (preven~aoterciaria).

Este estudo teve como objetivo geral capa-citar os professores de Educa~ao Ffsica e de ou-tras areas para a preven~ao ao uso indevido dedrogas, utilizando 0 esporte e a atividade fisicacomo principal estrategia; e mais especificamen-te: levantar dados estatfsticos dos usuarios de dro-gas e dos praticantes de esporte e de atividade fi-sica, dentro e fora da escola; obter 0 nfvel de co-nhecimento dos alunos e professores em rela~aoas drogas e seus efeitos no organismo e a saude;realizar uma interven~ao educacional com os pro-fessores de Educa~ao Ffsica e de outras areas,denominada "0 Uso Indevido de Drogas dentrode urn Processo Educativo"; induzir reflex6es so-bre 0 atual papel do professor de Educa~ao Ffsicacom 0 intuito de reaver a importancia dessa disci-plina na escola; sugerir programas esportivos ede atividade ffsica dentro da escola, que previ-nam 0 con sumo de drogas por parte dos jovens;iniciar uma intera~ao com os pais,conscientizando-os da importancia da familia nocombate ao uso de drogas; elaborar urn Estatuto

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que normatize 0 uso de drogas na escola por partedos altinos, pais, professores e funcionarios.

MATERIAL E METODOSOptamos por desenvolver urn estudo descriti-

vo transversal, de natureza predominantementequantitativa, para que fosse possivel elaborar umaintervenc;ao no ambito escolar, com 0 intuito deimplementar urn programa de prevenc;ao ao usoindevido de drogas em uma escola publica de ensi-no medio.

Realizado no perfodo de junho de 2001 amarc;o de 2002, foi dividido em sete etapas a se-guir numeradas, sendo a principal a realizac;ao daintervenc;ao: 1- selec;ao da escola; 2- diagnosticoinicial da realidade escolar; 3- planejamento e exe-cuc;aoda capacitac;ao dos professores (intervenc;ao);4- ac;oes educativas junto as famflias; 5-monitoramento e avaliac;ao das ac;oes educativasdesenvolvidas pelos educadores; 6- elaborac;ao doestatuto escolar; 7-retroalimentac;ao e reavaliac;aodo programa de prevenc;ao.

A populac;ao objeto do estudo foi compostados alunos das tres series de ensino medio, matri-culados no primeiro semestre do ano letivo de 2001,perfazendo urn total de 1.800 alunos, distribuidosnos turnos manha e tarde.

Utilizamos como amostra no diagnostico ini-cial 239 alunos e 40 professores que foram escla-recidos sobre 0 estudo e concordaram em partici-par. Na avaliac;ao final foram utilizados como amos-tra 226 alunos e 22 professores que participaramda intervenc;ao.

Como instrumentos de coleta de dados foramaplicados tres questionarios con tendo perguntasabertas, fechadas e de multipla escolha, desenvol-vidos especialmente para 0 estudo, urn com os alu-nos, outro com os professores e urn terceirodirecionado aos profess ores de Educac;ao Ffsica.as questionarios aplicados aos professores foramdiferentes em razao de inicialmente fazerem partedo estudo somente os professores de Educac;ao Ff-sica, ma,s a pedido da direc;ao da escola, os demaisforam incluidos.

as dados das questoes abertas dos questiomi-rios dos alunos e professores foram identificados ecategorizados. As falas encontradas nas respostasdos professores foram transcritas com 0 objetivode reforc;ar as questoes quantitativas.

as resultados dos questionarios dos alunosforam transcritos para urn arquivo utilizando 0

Software SPSS (STATISTICAL PACKAGE FORTHE SOCIAL SCIENCES) versao 8.0 paraWindows.

No diagnostico inicial, alem das freqlienciase percentuais, utilizamos a Regressao LogisticaBinomial Multipla, atraves do metodo BacckwardStepwise.

as dados obtidos atraves da aplicac;ao dosquestionarios, antes e apos a intervenc;ao, foramanalisados comparativamente atraves de tecnicasda estatistica inferencial, permitindo induzir ou naopara a populac;ao as diferenc;as porventura obser-vadas na amostra.

Para a verificac;ao da ocorrencia de mudan-c;as, foram utilizados os testes estatisticos do c2

(Qui- quadrado), 0 teste exato de Fisher, 0 coefici-ente de correlac;ao de Pearson e a analise devariancia pertinentes ao software anteriormentecitado.

A partir da analise da coleta de dados inicial,executamos a intervenc;ao educativa denominadade Prevenfiio ao Uso Indevido de Drogas dentrode um Processo Educativo, composta de tres en-contros de 08 horas/ aula cada urn e quatro reuni-oes de 04 horas/ aula cada uma, perfazendo urntotal de 40 hia, ocorridos em salas da propria esco-la em estudo, aos sabados, por opc;ao dos professo-res. Dos quarenta professores pesquisados, vinte etres participaram da intervenc;ao, sendo quatro donucleo gestor e tres de Educac;ao Ffsica.

a programa de prevenc;ao teve como temasprincipais:

- Aquisic;ao de habitos saudaveis (esporte,atividade ffsica, lazer, entre outros).

- A informac;ao cientifica sobre drogas(contextualizada).

- a ensino valorativo (auto-estima, des en-volvimento da reflexao crftica, capacidade de man-ter 0 autocontrole, resistencia a pressao de grupos,liberdade com responsabilidade, poder de decisaoresponsavel, desenvolvimento da dimensao espiri-tual).

- Interac;ao com a farru1ia.

- Programas alternativos (esporte, arte, mu-sica, teatro, entre outros).

as encontros, que iniciavam com uma dina-mica de grupo, foram registrados atraves de diario

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de campo, fotografias e observac;ao participante,seguindo os criterios de PARRA FILHO; SANTOS(1999). A metodologia utilizada centrou-se em ex-planac;ao oral com a utilizac;ao de recursosaudiovisuais.

RESULTADOS E DISCUSSAOUrn levantamento da realidade escolar e mui-

to importante para planejar, elaborar, executar eavaliar urn programa preventivo atraves da educa-c;ao para enfrentar a real situac;ao do con sumo dedrogas na escola.

Para CAVALCANTE (1997), e fundamentalrealizar uma pesquisa, nesse caso na escola, parase ter uma ideia geral de como anda a situac;ao dasdrogas. Neste estudo chamamos esta pesquisa dediagnostico inicial.

Os resultados do diagnostico inicial com osalunos mostraram que a maioria dos pesquisados,239 jovens, situa-se na faixa emria de 14 a 17 anos,representando 73,2% do total da amostra.

Os dados levantados junto aos alunos dizemrespeito as atitudes, opinioes, comportamentos,pniticas e conhecimentos da Educac;ao Fisica (EF),do esporte, da atividade fisica, das drogas licitas eilicitas.

Em relac;ao as questoes referentes ao esportee a atividade fisica, observamos que:

• 30 (12,6%) alunos pesquisados eram dispensa-dos da EF, sendo a maioria por problemas de saude.

• 113 (48,1 %) praticam esporte e atividade ff-sica dentro da escola. Entre as modalidades, estaofutsal, futebol, voleibol, danc;a, capoeira, taekewdoe Coope.

• 122 (51,5%) praticam esporte e atividade fi-sica fora da escola.

• 231 (97,5%) dos alunos tern como opiniaoque 0 esporte e a atividade fisica fazem bem a sau-de. Apenas citando algumas afmnac;oes, temos: aju-dam a manter 0 corpo em forma; desenvolve amente e 0 corpo; previnem doenc;as; ajuda-nos anao pensar em drogas; aliviam as pessoas de al-gum problema; praticando esporte, ficamos longedas drogas.

Este fato mostra que 192 (80,7%) afrrmaramque foram esclarecidos pelo professor EF de que aatividade ffsica e 0 esporte san beneficos a saude,alem de outros beneffcios, tambem mencionados,

tais como DST's, higiene, drogas, musculatura,saude, alimentac;ao.

o conhecimento sobre os beneficios da pniti-ca do esporte e da atividade fisica regular pode in-fluenciar a aquisic;ao de habitos saudaveis e atitu-des mais positivas em relac;ao a manutenc;ao dasaude e a qualidade de vida (NAHAS, 2001;PELLEGRINOTTI, 1998).

Na escala de opiniao, composta de vinte afir-mativas, houve urn consenso dos alunos em con-cordarem com a afmnativa de que a EF contribuipara 0 bem-estar e que a disciplina e importante naescola, embora eles nao tenham se mostrado moti-vados para a sua pratica. Mesmo assim concorda-ram com a ideia de que os eventos esportivos e delazer podem servir como espac;os adequados paradivulgac;ao de mensagens de alerta ao uso indevidode drogas e a pratica da atividade ffsica e do espor-te e capaz de prevenir 0 uso de drogas por partedos jovens.

A aquisic;ao de habitos saudaveis, aconscientizac;ao de sua importancia, bem como aefetiva possibilidade de estar integrado socialmen-te (0 que pode ocorrer mediante a participac;ao ematividades ludicas e esportivas), san fatores quepodem ir contra 0 consumo de drogas. Quando 0

indivfduo preza sua saUde e esta integrado a urngrupo de referencia com 0 qual compartilha ativi-dades socioculturais e cujos valores nao estimu-lam 0 consumo de drogas, tera mais recursos paraevitar esse risco (BRASIL,1997:31).

Ainda na escala, constatamos uniformidadede opiniao com relac;ao a jovens fumantes teremmais riscos de sofrer depressao; que 0 fumo e res-ponsavel por diversos tipos de cancer, principal-mente 0 cancer de pulmao; que a ingestao de alco-01 causa acidentes, alem das pessoas desenvolve-rem vanas doenc;as, sendo a mais freqtiente a doffgado, e nas gestantes pode trazer conseqtienciasgraves ao recem- nascido; de que 0 uso da maco-nha causa perturbac;ao na capacidade da pessoa decalcular, prejufzo na memoria, na atenc;ao e nainfertilidade masculina; que os solventes pratica-mente so atuam no cerebro, levando a lesoes damedula as sea, dos rins, do figado e dos nervos pe-rifericos; que a cocafna e 0 crack podem provocardor no peito, contrac;oes musculares, convulsoes,coma e ate a morte; e finalmente que 0 uso de dro-gas injetaveis pode levar a pessoa a contrair hepa-tite, malaria, dengue e AIDS.

Nas questoes referentes as drogas, observa-

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mos que 235 (98,3%) dos alunos reconhecem quea droga faz mal a saude. Dos alunos pesquisados,44 (18,4%) disseram ser usuarios de drogas. E, entreestes, 2 (0,9%) injetam herofna na veia.

Em referencia as respostas sobre conhecimen-to dos efeitos colaterais do abuso de drogas ao or-ganismo, selecionamos as categorias: (1) - conhe-ce, quando citar tres ou mais drogas e seus respec-tivos efeitos; (2) conhece pouco, quando citar me-nos de tres drogas e seus respectivos efeitos; (3) -nao conhece, quando nao citar nada. Os resultadosestao na Tabela 1.

Dentre os alunos que estao na categoria 2 (co-nhece pouco), a maioria respondeu que 0 cigarrocausa cancer e 0 alcool traz problemas no ffgado.

217 (90,79%) alunos, quando questionados seurn amigo, namorado (a), parente ou outra pessoade quem eles gostam e nos quais confiam, lhes ofe-recerem uma droga ilfcita, responderam que naoaceitariam porque nao usam drogas. 22 (9,2%) naoaceitariam com medo dos efeitos colaterais; 7(2,92%) dos alunos recusariam porque ja experi-mentaram; 4 (1,67%) aceitariam por curiosidade;1 (0,4%) aceitaria para nao decepciona-lo; 3(1,25%) disseram sim, porque ja usam drogas e 2(0,8%) dos alunos acatariam a ideia por arnizade.

As drogas mais consurnidas pelos usuariosforam: 0 alcool- 36(15,06%), 0 cigarro-23(9,6%),o solvente- 6(2,51 %), a maconha- 3(1,25%), xaro-pes- 2(0,8%).

No Brasil, segundo estatfsticas, a op~ao pelasdrogas lfcitas supera as ilfcitas. A automedica~ao ea divulga~ao exagerada de bebidas alc06licas e ci-garros, tornam-se componentes que estimulam 0abuso e, em consequencia, os maleffcios a saude(ALMEIDA, 1999:31).

A media de idade do uso inicial de drogas foide 12,33 anos, embora alguns alunos tenham men-

cionado que come~aram a usar maconha aos seisanos, beber e fumar aos sete, nove e dez anos deidade.

Dentre os alunos usuarios, quem mais os in-fluenciou ao uso de drogas foram: os arnigos derua, 14 (5,85), ninguem - 12 (5,02%), parentes - 9(3,76%), amigos da escola - 9 (3,76%), outros - 3(1,25%), professores - 1 (0,4%), respectivamente.

Entre os usuarios, 22 (9,4%) disseram queforam orientados sobre os efeitos das drogas paraa saude antes do infcio do uso. 17 (7,2%) dessesalunos tentaram deixar de usar e justificaram 0 fra-casso da tentativa pelos motivos: influencia dosarnigos - 10 (4,18%); depressao, tristeza e solidao9 (76%); problemas familiares - 8 (34%); falta defor~a de vontade - 6 (51%); fugir da realidade - 4(1,67%); outros motivos 6 (2,51 %).

Os resultados obtidos com a descri~ao perrni-tiram a sele~ao de urn conjunto de variaveis quepoderiam estar significativamente relacionadas como fato de os respondentes serem ou nao usuarios dedrogas. Obtiveram, de infcio, urn modelo logfsticoenvolvendo todas as variaveis independentes. Pro-cedida a retirada passo a passo das variaveis inde-pendentes que nao se relacionaram significativa-mente (p< 0,10), foi obtido urn modele final comas variaveis: escala de opiniao; pergunta n°. 1; per-gunta n.o 2; pergunta n.o 3; pergunta n.o 7, item 2;pergunta n.O8, item 3.

Como resultado, tivemos que os usuarios ten-dem a apresentar menor myel de concordancia comas afirma~6es da escala, ou seja, discordam mais dassenten~as afirmativas; a ser mais dispensados daEduca~ao Ffsica do que os nao-usuarios; esperamque os companheiros sejam mais participativos nasdecis6es; ao mesmo tempo, os nao-usuarios tendema ser mais participativos e prestativos, demonstran-do uma necessidade do gropo e/ou de aceita~ao; eos usuarios tern menor participa~ao nos esportes.

Distribui~ao da freqiiencia e percentual dos dados referentes ao conhecimento dos alunos sobre osefeitos no organismo decorrentes do abuso de drogas.

QUESTAo 11

1- Conhece2 - Conhece pouco3 - Nao conhece.TOTAL

FREQ.1515096239

PV 0/0

6,2762,7630,96100

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Tra<;ando um perfil dos 40 professores, dosquais 4 eram da disciplina Educa<;ao Ffsica, queconstitufram a amostra aleat6ria do estudo, temos:a faixa etaria de maior mimero esta entre 31 a 40anos, constando de l8( 45 %) professorespesquisados; a incidencia maior e do sexo femini-no, com 26(65%); todos possuem forma<;ao supe-rior, estando 0 tempo de servi<;oem escola publicamais concentrado nas faixas de 1 a 5 anos- 10(25 %)e 16 a 20 anos- 10(25 %), totalizando 50% e17(62,5 %) dos professores trabalham em escolasparticulares, cujo tempo de servi<;oesta entre 1 e 5anos (48%).

Quando perguntamos se conheciam algumaluno da escola fazendo uso de drogas e qual a re-a<;aoao saberem desse fato, tivemos como objeti-vo conhecer 0 nfvel de intera<;ao do professor como aluno e 0 grau de envolvimento deles (professo-res) com os problemas relacionados com os alunose a disponibilidade para ajuda-los. Salientamos queeste estudo se prop6e prevenir primaria e secunda-riamente, mas 0 conhecimento da realidade do alu-no e importante para se realizar a interven<;ao.

Obtivemos 42,5% de afmnativas, significan-do que um numero representativo de professores(17) tem conhecimentos de alunos (as) que usamdrogas na escola, portanto 0 percentual descrito nosda indfcios de que a divulga<;ao do uso de drogaspossa estar ocorrendo e/ou que os usuarios nao es-tao se preocupando com a omissao de tal fato.

A juventude e um dos grupos sociais maisvulneraveis e, portanto, facilmente exposto as dro-gas. Por esse motivo, 0 abuso lfcito e ilfcito passa aser um problema no ambito escolar, a medida queos alunos fazem da escola 0 seu espa<;ode intera<;ao,socializa<;ao e afirma<;ao (AQUINO, 1998;PAULINO, 1996).

o papel, a postura, as convic<;6es, os saberesdo professor em rela<;ao nao s6 as causas e conse-quencias do uso de drogas, mas tambem as estrate-gias, os metodos, a didatica, 0 ensino valorativo, ede como discutir esse tema com os alunos, tudoisso e de vital importancia num programa de pre-ven<;ao ao uso de drogas.

A rea<;ao de alguns professores foi de comu-nicar a Dire<;ao e fazer 0 aluno apagar 0 cigarroporque "era proibido dentro da escola", ''Jaz mal asaude" ou ainda "encarei com tranqiiilidade", "jdsabia que alguns usavam ...". Eles demonstram co-nhecimento do fato, conforme eles pr6prios afir-maram, e uma falta de atitude mais positiva para

com os alunos usumos. Quando 0 professor desta-ca "comuniquei a diretoria ...", e "comuniquei adirec;aopara providenciar uma ac;aojunto aos co-legas de orientac;ao sobre os efeitos das drogas ..."isenta-se de atuar com 0 seu papel de educador.

Outro grupo de professores demonstrou rea-<;aode preocupa<;ao, dizendo que procurariam con-versar com 0 aluno usuario, alguns ate mesmo comos pais, orientando-os sobre a forma de lidar comseus filhos no caso de serem usuarios, comoencaminha-los a institui<;6es que tratam de depen-dentes, demonstrando, assim, uma atitude deenvolvimento. E 0 que percebemos atraves de suasrespostas:

- Fiquei surpresa e tentei conversar com 0

aluno sobre 0 uso de drogas e suas conseqiiencia;

- Conversei, orientei, passei vIdeo, debate etrabalho sobre 0 tema.

Concordamos com COSTA (2001) quando afu-ma: um programa de preven<;ao as drogas, que sejaimplementado atraves da escola, deve contar com aparticipa<;ao efetiva de professores comprometidoscom os alunos e que apresentem legitimidade e co-erencia entre "0 que dizem e 0 que fazem".

Posto assim, verificamos, atraves das falas, queos professores tem intera<;ao com seus alunos, pormeio de contatos que podem ser tanto superficiaiscomo profundos. Percebemos, tambem, uma neces-sidade de refor<;ar essas atitudes ha pouco mencio-nadas, imprimindo a materia um pouco de funda-menta<;ao cientffica para que os professores possamenfrentar melhor as situa<;6escotidianas dos jovens.

Com a contextualiza<;ao do problema, a edu-ca<;aopreventiva contra as drogas passa da dimen-sao informativa, em que as informa<;6es sao ne-cessarias mas nao sao suficientes, para a dimen-sao formativa, em que 0 enfoque educativo estaem estruturar novos estados de desejos e expan-sao para a liberdade humana (LORENCINIJUNIOR, 1998:42).

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Em rela<;ao ao conhecimento sobre os efeitosnocivos das drogas ao organismo, adotamos comocriterio para essa questao 0 mesmo criado no ques-tionmo dos alunos: (1) conhece- quando 0 profes-sor citar cinco ou mais drogas e seus efeitos; (2)-conhece pouco- quando 0 professor citar menos decinco; (3)- nao conhece - quando 0 professor naocitar nada. Vejamos a Tabela 2.

Verificamos que 6 (15%) professores nao res-ponderam a pergunta, 18 (45%) citaram menos de

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cinco drogas e 16 (40%) mencionaram mais de cin-co e seus respectivos efeitos. Neste criterio, perce-bemos uma repeti9ao de alguns efeitos, por exem-plo: cigarro - dependencia; alcool - dependencia;crack- dependencia; ou ainda, cocafna - alucina9ao;herofna- alucina9ao; solventes - alucina9ao. Tam-bem esti'io neste criterio algumas respostas nao en-contradas na literatura especializada no assunto, porexemplo: alucin6genos- problemas cardiovasculares;maconha - malforma9ao do cerebro.

As drogas mais citadas foram 0 cigarro, alco-01e a maconha e os efeitos colaterais mais citadosforam, respectivamente: cigarro - cancer de pul-mao; maconha- dependencia e depressao; alcool -cirrose hepatica.

o conhecimento cientifico sobre drogas estasituado neste estudo de forma complementar, pois,segundo CARLINI et al; (1991), as avalia90es rea-lizadas sobre a eficacia da preven9ao ao usa de dro-gas, atraves do fornecimento de informa90es sobredrogas de modo imparcial e cientifico, foram bas-tante desanimadoras. Mas, para a Organiza9ao dasNa90es Dnidas (OND), 0 modelo de informa9aoainda e bastante utilizado como auxiliar naestrutura9ao de programas educativos mais amplos.

Na questao referente aos temas transversais esua contextualiza9ao, nenhum professor mencio-nou os seis temas (saude, educa9ao sexual, meioambiente, etica e cidadania, pluralidade cultural,trabalho e consumo), inclusive 18 (45%) deixarama pergunta em branco, 1 (2,5%) citou "saude, iti-ca e cidadania". Alguns citaram erroneamente adidatica da contextualiza9ao do ensino medio, comopodemos perceber nas falas a seguir:

- Os alunos tecnicos de enfermagem tem no-c;i5esde farmacologia;

- Os radicais livres e os prejulZos para 0 serhumano;

- Poderes executivo, legislativo e judicidrio,estrutura da economia brasileira.

No ensino medio os temas transversais devemser contextualizados, isto e, relacionados a praticaou experiencia de vida cotidiana do aluno e ser tra-balhados na perspectiva de evocar dimensoes pre-sentes na vida pessoal, social e cultural, tendo emvista mobilizar competencias ja adquiridas. Issoimplica refor9ar a intera9ao de teoria e pratica, naoapenas trazendo a vida real para sala de aula, mastambem criando condi90es para que 0 aluno (re)experiencie os eventos da vida real a partir de mul-tiplas perspectivas (BRASIL, 1999).

Os professores, quando perguntados se acha-yam importante mencionar os agravos a saude nassuas aulas e quais citariam, 36 (90%) concordaramcom a ideia de que e importante, entretanto,11(27,5%) nao responderam sobre que agravos deve-riam mencionar; os demais foram unanimes comalguns agravos, tais como: os causados pelas dro-gas, alimenta9ao inadequada, estresse, doen9as se-xuais, higiene, diabetes, cancer, educa9ao para umavida saudavel; falta de auto-estima, "amotiva9ao"[leia-se falta de motiva9ao]; inteligencia, discrimi-na9ao social; gravidez precoce; depressao e soli-dao; fome e miseria; obesidade, hipertensao,sedentarismo, entre outros.

No entanto, quando indagados sobre comoabordariam 0 tema drogas nas suas aulas, 9 (22,5 %)professores nao responderam e 0 restante 31(77,5%) nao soube contextualizar 0 tema, comovemos pelas respostas:

- Obteria mais conhecimento do assunto paradebater melhor;

- A inutilidade e a fuga da realidade fisica;

- Na adolescencia, falta de personalidade,competitividade, ser 0 melhor. ...

Distribui~ao da freqiiencia e percentual dos dados relativos ao nivel de conhecimento dos professorespesquisados acerca dos efeitos de drogas no organismo.

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Observamos, portanto, que os professores es-Uio abertos a aquisi9ao de conhecimentos e tecni-cas, como e constatado pela resposta a pergunta seeles gostariam de participar de urn curso decapacita9ao sobre preven9ao ao uso indevido dedrogas na escola, a qual 36 (90%) dos pesquisadosresponderam que sim.

as quatro professores de Educa9ao Ffsica ti-veram algumas perguntas diferenciadas acrescidasao questionario.

Entre os 4 respondentes, 1 (25%) deixou to-das as questoes em branco. as outros 3 (75%) en-sinam na escolafutsal, voleibol, futebol de campo,recrea9ao, atletismo. Entre outras modalidades, 1(25 %) respondeu que ensina, tamMm, dama,domino, xadrez.

A pratica de esportes, principalmente coleti-vos, leva 0 jovem a descobrir as regras que devemser obedecidas por todos, canalizar em090es, ofe-recer situa90es de expansao da mente e crescimen-to pessoal, excita9ao, desafio, alivio do tedio e pro-mover estilos de vida ligados a uma vida saudavele alimenta9ao adequadas (SALLES, 1998;ARATANGY,1998).

Quando inquiridos se, na organiza9ao do seuplano de curso, a parte teorica esta incIuida equalo material didatico utilizado, 3 (75%) disseram quesim e utilizavam:

- VIdeos, textos, biblioteca, som.

- Livros, textos, fitas de vldeo, depoimentos.

- Fitas de vldeo, debates, trabalhos de pesquisa

Por intermedio dessas falas, percebemos adisponibilidade dos professores de Educa9ao Ffsi-ca utilizarem outros recurs os, nao se limitando apratica, ensinando tamMm conteudos relativos adisciplina, demonstrando assim urn caminho aber-to para se trabalhar a preven9ao de forma mais efe-tiva, por haver a oportunidade de contextualizar.

a material utilizado nos programas preventi-vos contra as drogas nas escolas deve ser relevantee interessante para quem vai recebe-lo, porem deveestar revestido de sensibilidade etica e cultural(COSTA, 2001).

Relativamente a opiniao dos professores quan-do perguntados se achavam que a Educa9ao Ffsicaescolar e capaz de prevenir 0 uso de drogas, 3 (75%)afirmaram que sim, embora 2 (50%) nunca tenhampromovido nenhum evento desportivo e/ou recrea-tivo com 0 intuito educativo e/ou informativo so-

bre 0 tema drogas. 1 (25%) professor garantiu ha-ver realizado urn evento, .... com a intenc;iio dealertar, orientar e prevenir 0 uso de drogas e suasconseqiiencias e relaciona-los [drogas J ao despor-to, ao seu desempenho fisico.

E apenas este respondente constatou algumamudan9a de comportamento dos alunos que partici-param do evento, citando as mudan9as e a avalia9ao.

As mudanc;as ocorrem gradativamente no ano.Ocorre uma certa conscientizac;iio e em cima des-sa conscientizac;iio acontecem as mudanc;as de ha-bitos, comportamentos. A avaliac;iio sempre e po-sitiva pois mesmo que atinja uma pequena ca-mada, a satisfac;iio ocorre e niio podemos nos omi-tir ou nos deixar alheios a esse problema social,onde a tendencia no mundo modemo e cada vezmaior (B.M.)

Algumas atividades e/ou eventos, quando pla-nejados e executados pelos alunos e orientados peloprofessor, podem contribuir para a preven9ao con-tra as drogas, tais como: trabalhos em grupo, pro-dU9ao em grupo, de textos, videos e pe9as teatrais;assim como estimular a participa9ao em ativida-des esportivas e artisticas, que ajudam no desen-volvimento de socializa9ao saudavel e afetiva, vol-tada para a valoriza9ao da vida (LORENCINIJUNIOR, 1998).

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Percebemos, portanto, que em sua maioria osprofessores de EF dessa escola, que responderamao questionario, nao tiveram nenhuma experienciaem trabalhar preven9ao atraves do esporte e da ati-vidade ffsica na realiza9ao de eventos. Salientamosque trabalhar preven9ao deve ser uma pratica con-tinua e sistematica durante todo 0 ana letivo atra-yes de estrategias diferentes, e que realizar even-tos, gincanas, competi90es, tomeios, campeonatos,festivais de dan9a, entre outros, faz parte de urncontexto preventivo que pode ser utilizado pela dis-ciplina Educa9ao Ffsica.

Este fato e confirmado atraves das falas de 3(75%) professores a seguir mencionadas, quandoperguntados qual a sugestao sobre programas re-creativos e/ou desportivos que possam ser utiliza-dos como preven9ao ao uso indevido de drogas nasescolas.

- Gincanas, competic;oes esportivas,dramatizac;oes (teatro);

- Todos os programas recreativos oudesportivos devem ser utilizados como prevenc;iioao usa de drogas. Os esportes siio atrativos e de

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valor social importante, pois atraves do desportoa educar;iio e a saude estiio sempre inseridos e niiose pode esquecer desse fato;

- Niio promovi nenhum evento com esta in-tenr;iio, mas jd promovi outros ...Acho que esse tipode atividade e muito importante pois fazem comque os alunos se ocupem, se distraiam junto aogrupo, eles passam a se sentir valorizados e me-lhoram a auto-estima.

Constatamos, por conseguinte, que os profes-sores de Educa((ao Fisica dessa escola estao cons-cientes da importancia do esporte e da atividadeffsica para os jovens e disponiveis a aquisi((ao demaiores conhecimentos sobre preven((ao as drogas.Percebemos, porem, a necessidade de esclareci-mento das tecnicas, das abordagens, dacontextualiza((ao, das estrategias de preven((ao eprincipalmente de trazer a pnitica tudo isso.

De acordo com BUCHER (1992), os progra-mas de educa((ao preventiva que mostraram resul-tados mais satisfatorios foram aqueles que deramenfase a informa((ao do uso racional, responsavel,de drogas e que tambem enfatizaram os benefici-os de urn estilo de vida sem as drogas, dando refe-rencias a praticas desportivas saudaveis, ao lazer,entre outros, do que aqueles programas concentra-dos em informar sobre os perigos das drogas.

Estes resultados foram utilizados como sub-sidios para 0 planejamento da interven((ao e, con-seqtientemente, a implementa((ao do programa depreven((ao ao uso indevido de drogas junto aos pro-fessores da disciplina Educa((ao Fisica e de outrasareas. As informa((oes colhidas no diagnostico ser-viram como ponto de partida para que fossem tra-balhadas, de modo a trazer esclarecimentos e atemesmo conhecimentos para os professores para queestes possam ser agentes, junto aos jovens, na pre-ven((ao as drogas.

Apos 0 termino da interven((ao educativa, co-letamos mais dados sobre os conhecimentos e apratica dos professores e dos alunos, para detectarse os objetivos e metas da interven((ao foram atin-gidos e se as estrategias foram adequadas.

Nesta coleta de dados, buscamos a mesmaamostra dos alunos, ou seja, nas mesmas salas, ereaplicamos 0 questionario. Em virtude da evasaoescolar, transferencia de alunos para outra turma,outro turno e/ou outra escola (dados fornecidos pelapropria escola) , a amostra inicial (239) ficou redu-

zida a 206 respondentes.

Levantamos os dados das questoes mais rele-vantes a esta pesquisa, atraves do cruzamento detabelas com os dados levantados antes e apos a in-terven((ao, utilizando 0 teste estatistico do qui-qua-drado (X2). Tambem sugerimos uma explica((ao,caso haja alguma mudan((a sigriificativa nos resul-tados:

• Quanto a pratica de esportes e de atividadefisica dentro da escola, houve mudan((a significati-va. Observou-se diminui((ao de 48,1 % para 38%em termos percentuais da pratica dessas modali-dades dentro da escola. Por analise intuitiva no ce-nario, chega-se a conclusao de que essa diminui-((ao decorre da dispensa da EF e/ou transferenciasdos alunos (X2 = 3,650 ; P>0,05);

• A pratica do esporte e da atividade fisica forada escola permaneceu a mesma, nao tendo ocorri-do mudan((a significativa. Em termos percentuais,houve urn aumento de 51,5% para 55,8%. Supoe-se que houve urn aumento do enfoque dado pelosprofessores de que a pratica do esporte e da ativi-dade fisica e salutar para a manuten((ao da saude epode trazer melhorias a qualidade de vida, (X2 =1,441 ; P>0,05);

• Atraves da declara((ao dos a1unos , houveurn aumento significativo na orienta((ao dada peloprofessor de EF de que 0 esporte e a atividade ffsi-ca sao beneficos a saude, de 80,7% para 92,7%.Sugere-se, portanto, que apos a interven((ao houvemaior participa((ao dos professores de EF em res-saltar a importancia dessa disciplina para a saude(x2

= 13,521; P<O,Ol);

• Entre os temas mencionados pelos profes-sores de EF durante as aulas, houve urn aumentosignificativo dos temas saMe, de 40,6% para 59,5%(X2 = 15,814 ; P<O,Ol), e drogas, de 54,4% para62,4% (X2 =2,934 ; P>0,05). Apesar do Qui-qua-drado ser maior que 0,05, neste caso, foi usado 0

teste de Fisher, de que resultou P<0,05. Os outrostemas nao tiveram mudan((a significativa, 0 que cor-robora a questao anterior, sobre maiorconscientiza((ao dos professores de EF em abordaresses assuntos com seus alunos e nao somente uti-lizar a pratica como metoda de ensino da EF;

• Utilizamos a mesma analise de varianciapara a escala de opiniao. Em geral, nao houve mu-dan((a significativa na escala de opiniao, ou seja,os alunos continuam com as mesmas opinioes de

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antes da intervenc;ao (F=2,05 ; P>0,05). Em rela-c;ao aos itens da escala que medem atitudes pes so-ais, opini6es sobre a disciplina EF e sobre drogas,constatamos mudanc;a significativa somente no item09- Os professores dessa escola ja mencionaramsobre os ·efeitos das drogas no organismo(F=6,673 ; P<O,Ol). Tal fato coincide com a mu-danc;a observada na questao seis (06)ha pouco ci-tada, urn possivel indicativo de resultado da inter-venc;ao em relac;ao a urn maior esclarecimento doterna drogas, ou seja, a informac;ao cientifica, ascausas, as conseqtiencias, as estatfsticas etc;

• Em relac;ao ao reconhecimento dos alunosde que as drogas fazem mal a saude, 0 percentualpermanece alto (antes = 98,3%, depois da inter-venc;ao = 98%). Nao houve necessidade de nenhu-ma analise estatistica nesse caso;

• Em referencia ao conhecimento dos alunossobre os efeitos colaterais ao organismo quando hao abuso de drogas, empregamos 0 mesmo criterioda primeira avaliac;ao. Obtivemos a informac;ao deque houve urn aumento no percentual do item (1) -conhece e uma diminuic;ao do percentual do item(3) - nao conhece, indicando uma mudanc;a do ni-vel de conhecimento dos alunos sobre os efeitosdas drogas ao organismo, como mostrado na Ta-bela 3:

• Em relac;ao aos motivos dos alunos no fra-casso da tentativa de usar drogas, 0 percentual caiusignificativamente de 4,2% para 0,5% 0 item (02)influencia dos amigos (X2=6,278; P<0,05), poden-do significar maior consciencia do aluno em rela-c;ao a pressao de grupos e ao poder dos amigos,fator de prevenc;ao trabalhado na intervenc;ao. Tam-Mm diminuiu significativamente de 3,0% para0,5% 0 item (03) problemas familiares (X2=4,573; P<0,05), podendo indicar uma melhora nos rela-cionamentos familiares ap6s a intervenc;ao. Em

relac;ao aos outros itens dessa questao, nao houvemudanc;a significativa.

A avaliac;ao com os professores ocorreu emduas etapas. Vma durante a intervenc;ao, atravesde observac;ao participante, diario de campo, reu-ni6es, visitas e fotos, e outra ap6s a intervenc;ao,com a aplicac;ao de urn questiomirio contendo per-guntas abertas.

Decorrente da observac;ao participante, cons-tatamos alto grau de interesse do grupo de profes-sores, demonstrado pela quantidade e diversidadede perguntas, pelo entusiasmo na participac;ao dasatividades, pela freqtiencia na intervenc;ao e nasreuni6es com os pais.

Percebemos, tambem, interesse quando foipedido pelos professores para que fosse realizadauma retroalimentac;ao dos temas tratados na inter-venc;ao. Esta revisao, anteriormente prevista parafevereiro de 2002, ocorreu em marc;o de 2002, emurn encontro com carga horma de quatro aulas.

A avaliac;ao do processo de intervenc;ao ocor-reu com a aplicac;ao de questionario contendo tresproposic;6es abertas, as quais constavam do questi-onario aplicado para elaborac;ao do diagn6stico. 0motivo de se repetir os itens deveu-se ao fato deserem relacionados ao conhecimento e dornfnio deconteudos e estrategias de prevenc;ao abordadas naintervenc;ao. Foram elas:

1- Cite as drogas do seu conhecimento men-cionando os efeitos delas no organismo.

2- Na sua opiniao qual ou quais estrategiaspodem ser utilizadas na prevenc;ao ao uso de dro-gas na escola?

3- Como voce abordaria 0 tema "drogas" nassuas aulas?

Distribui~ao da freqiiencia e percentual dos dados relativos ao nivel de conhecimento dos alunospesquisados acerca dos efeitos das drogas no organismo, ap6s a interven~ao.

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As respostas as questoes que versavam sobreos tipos de drogas, seus efeitos e contextualiza~aona fase diagn6stica, demonstraram pouco ou ne-nhum conhecimento sobre os tipos, seus efeitos ecomo contextualiza-las em sala de aula e, obtive-ram, na fase ap6s interven~ao, uma mudan~a sig-nificativa.

As drogas mencionadas a principio se limita-yam a alcool, cigarro e maconha e seus efeitoscolaterais ao cancer, no sentido generico, sem es-pecificar 0 tipo. Ap6s a interven~ao, observamos,pelo mimero de tipos de drogas mencionadas e dosseus efeitos colaterais, que houve aumento de co-nhecimento em rela~ao as preposi~oes ha poucocitadas e consequentemente demonstraram maiorseguran~a em abordar 0 tema em sala de aula e nautiliza~ao das estrategias por eles utilizadas.

Em rela~ao a segunda propositura, houve urnaumento significativo do conhecimento das estra-tegias que podem ser usadas no trabalho de pre-ven~ao as drogas e muitos concordaram com a ideiade que deve haver 0 envolvimento da farm1ia e dacomunidade, entendendo-se por comunidade ossujeitos que atuam na escola ou junto a ela, comopercebemos nas falas seguintes:

- Conversar, conscientizar os pais ou responsd-veis como eles vilo abordar este tema com os ii/hos;

- Saber as causas e trabalhar a fam{/ia;

- Ter um didlogo sempre aberto, evitarenfatizar a violencia.

o trabalho de preven~ao foi outro ponto com 0

qual todos esrnode acordo.A auto-estima, a afetividade,o amor e a compreensao (ensino valorativo) tamocmforam citados e 0 esporte e a atividade fisica foramestrategias das mais mencionadas:

- Esporte porque ocupa fisica e mentalmenteo aluno;

- Junto ao aluno adolescente, pode-se canali-zar para a prdtica de esporte, criatividade atravesde projetos de oficinas, teatro, etc.

- Atividades esportivas, gincanas cultural eque se trabalhe a solidariedade;

- Trabalhar a auto- estima, exerdcios fisicos,esportes e vida sauddvel;

- Trabalhar 0 lado emocional dos jovem.

As falas evidenciaram, tambem, que algunsprofessores citaram a pratica do esporte e da ativi-dade fisica, do teatro, da marcenaria, da musica,como atividades extraclasse para preencher 0 tem-po livre dos alunos, pois, dessa forma, eles naocorreriam 0 risco de usar drogas.

- Preencher a ociosidade, principalmente dosjovens, fazendo com que eles se sintam uteis e res-ponsdveis;

- Esportes, porque ocupa fisica e mentalmen-te 0 aluno ...

Os professores pesquisados estao de acordo,tamMm, com 0 argumento de que urn refor~o con-tinuo e sistematico dos conteudos, com a leitura detextos, apostilas e qualquer outro tipo de materialinformativo sobre 0 tema em questao, deve ser uti-lizado como estrategia:

- Cursos para capacitar mais professores egrupo gestor;

- Carti/has informativas para a escola;

- Desenvolver 0 tema atraves de palestras,encontros, uso de fitas, slaids, textos...

Ocorreu, portanto, uma mudan~a significati-va, atraves do aumento do nivel de conhecimentodos professores em rela~ao as estrategias que po-dem ser utilizadas na preven~ao as drogas na esco-la e principalmente urn aumento do esclarecimen-to dos beneffcios do esporte e da atividade fisicapara a saude e para a preven~ao as drogas e da im-portancia da disciplina Educa~ao Ffsica dentro daescola.

A mudan~a mais significativa, entretanto,aconteceu na contextualiza~ao do tema em foco nasdiferentes disciplinas. Como citado no diagn6sti-co, poucos professores responderam a esta pergun-ta. Ap6s a interven~ao, todos os professores, de umaforma ou de outra, souberam contextualizar 0 temadrogas em suas disciplinas, e que deveriam ser abor-dados com clareza, naturalidade e sem preconcei-to, como podemos perceber pelas verbaliza~oes dasequencia:

- Quando os alunos perguntarem ou quan-do 0 assunto surgir dentro do meu conteudo;

Page 13: drogas e esporte

- Com textos citando 0 tipo e 0 efeito da dro-ga direcionando para 0 conteudo trabalhado eoportunamente com fitas de video;

- Se eu fosse professor da minha disciplinamatematica, eu contextualizaria com problemasmatematicos, com as estatisticas de drogas, ques-toes em prova, etc [atualmente, exerce a funyao dediretor da escola].

Percebemos, tambem, por via de interpret a-yao dos resultados do questionano, que alguns pro-fessores ainda se sentiam inseguros em abordar 0

tema drogas em suas aulas, na sua maioria por es-quecimento das informay6es cientificas:

- Respondi ao primeiro questionario, agoraniio lembro, preciso de uma nova lida;

- No momenta niio estou recordando sobreas drogas;

- ...Niio lembro todos os efeitos.

Os resultados da analise do questionano dosprofessores serviram de subsidio para aretroalimentayao, realizada em maryo de 2002.

Esta reuniao, registrada em diano de campo,contou com a presenya de vinte professores, cincodos quais nao participaram do programa inicial.Portanto, verificamos a presenya de outros docen-tes interessados em participar do programa de pre-venyao as drogas em 2002. Tambem percebemos,pelas conversas informais, que os professores par-ticipantes da intervenyao estao divulgando 0 cur-so, tentando conquistar mais adeptos a essa causa,tomando-se, assim, multiplicadores.

Nessa reuniao, a pauta maior foi avaliar osresultados da intervenyao e preencher possiveislacunas. Dos itens da intervenyao, 0 mais procura-do pelos professores foi rever a informayao cientf-fica sobre drogas. Portanto, comeyamos 0 ano comurn trabalho de pesquisa, dado aos professores paraentregar na pr6xima reuniao. Outra questao foiagendar as reuni6es com os pais e as pr6ximas reu-ni6es do Programa.

o ponto mais alto desta reavaliayao, contudo,foi quando os profess ores foram indagados qualou quais a(s) disciplina(s) do curriculo escolar apre-sentam maior facilidade em se trabalhar a preven-yao as drogas de acordo com os objetivos da inter-venyao. Houve unanirnidade na afrrmayao de que

a Educayao Fisica, com seu conteudo pedag6gico,e a mais aciequada e tern maior facilidade em porem pratica os objetivos da intervenyao.

Notamos, tambem, uma demonstrayao de in-teresse para que houvesse continuidade do progra-ma e esperamos que os professores da escola este-jam aptos a dialogar entre si e com seus alunos, demodo a trabalharem a prevenyao ao usa de drogas,contribuindo assim para a formayao de urn cida-dao crftico e consciente. Nossa intenyao e de queesses jovens conscientes optem por uma meThorqualidade de vida e, por intermedio de seus exem-plos, consigam influenciar outros jovens.

CONCLUSOESTrayando urn paralelo entre a literatura

pesquisada, os temas do programa de intervenyaocom a educayao Ffsica e os objetivos alcanyadosneste estudo, concluimos que:

· 0 corpo docente participante da intervenyaose fortaleceu, individual e coletivamente, adquirin-do seguranya, clareza, objetividade e sem precon-ceito para tratar do tema drogas de formacontextualizada;

· 0 autofortalecimento ensejou a mudanya decomportamento deles pela aquisiyao de novas ati-tudes e posturas em tratar do tema em questiio;

· 0 esporte e a atividade ffsica podem ser con-siderados como principal estrategia na prevenyaoao usa indevido de drogas nas escolas;

· a Educayao Ffsica e a disciplina mais ade-quada e demonstra maior facilidade para se traba-Tharprevenyao, mas nao deve agir sozinha. Salien-tamos a necessidade de urn interca.mbio discipli-nar com as demais areas para 0 desenvolvimentode ay6es de saude. Dessa forma, as pniticas peda-g6gicas ficam unidas em tomo de urn problema etodas conectadas para trabalhar a mesma questao.

o programa de intervenyao anteriormente pla-nejado, participativo, esclarecedor, com tecnicas emetodologia especffica, objetivando ay6eseducativas e preventivas junto aos jovens, alcan-yOUsuas metas principais e produziu efeitos posi-tivos. Mas, tambem, que 0 processo exige urnaprendizado continuo e sistematico dos professo-res e do envolvimento de todos os que fazem parteda comunidade escolar, assim como a inclusao des-se tema no projeto polftico-pedag6gico da escolapara os anos seguintes.

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