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Revista Virtual Direito Brasil – Volume 4 – nº 2 - 2010
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Duplicata Escritural Título Emitido Através dos Caracteres do Computador
Verônica Barbosa da Costa 1 Maria Bernadete Miranda
2 Resumo
O presente trabalho, sem a intenção de exaurir o assunto, buscará enfatizar a necessidade do surgimento de um novo conceito nos dias atuais no que diz respeito às duplicatas escriturais, um dos títulos emitidos através dos caracteres do computador, onde se faz aparente sua evolução diante do comportamento dinâmico encontrado no mundo dos negócios.
Abstract
This work was not intended to exhaust the subject, seek to emphasize the need for the emergence of a new concept with respect to the duplicates book, one of the securities issued through the characters of the computer, which is apparent on evolution by the dynamic behavior found in the business world.
Palavras-chave: Títulos, Crédito, Escritural
Key words: Duplicates, Credit, Book
1. Introdução
O meio informatizado vem, terminantemente, substituindo o papel como
recurso físico de suporte aos títulos de crédito.
Nas operações que envolvam duplicata escritural, o ideal seria termos uma
legislação que regulasse de forma categórica tais operações, garantindo a
tranqüilidade no que diz respeito a confiabilidade desses documentos emitidos pelos
programas de computador e, que além das instituições possuírem meios legais para
que se faça o devido protesto do título no caso de inadimplência, lhes fossem
1 Bacharel em Direito pela Faculdade de Administração e Ciências Contábeis de São Roque, pós-graduanda em
Direito Empresarial pela Faculdade de Direito de Itu (2009).
2 Professora orientadora. Mestre em Direito das Relações Sociais, sub-área Direito Empresarial, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Coordenadora e Professora do Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Direito de Itu e Professora de Direito Empresarial, Direito do Consumidor e Mediação e Arbitragem da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis de São Roque. Advogada.
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garantidas as possibilidades de execução, pois os problemas jurídicos surgem
exatamente nesse ponto.
De um lado existe a interpretação de que a legislação brasileira acolhe
juridicamente a duplicata escritural. De outro lado há o entendimento que esse
instituto deve ser encarado como uma exceção e deve ser interpretado com
restrições no sentido de atribuir maior segurança jurídica ao protesto e a execução,
evitando possíveis constrangimentos ilegais.
2. A Origem e Evolução Histórica da Duplicata
A duplicata surgiu o advento do Código Comercial de 1850, criando em seu
artigo 219 uma garantia para os comerciantes que, nas vendas a prazo, tinham
dificuldades de fazer valer seus créditos quando os compradores não honravam com
os pagamentos. A duplicata fatura passou a ser a prova do contrato de compra e
venda de mercadorias, devendo o vendedor ter em seu poder, uma via devidamente
assinada pelo comprador (MIRANDA, 2006, p.73,74)
Quanto a regulação desses créditos de origem mercantil, o Código Comercial
entendeu que as normas a serem aplicáveis seriam as da letra de câmbio.
Infelizmente o Código Comercial não obteve êxito quanto a sua efetividade,
pois na prática, as faturas nem sempre eram extraídas e, quando extraídas o
comprador não as devolvia, ficando o vendedor sem ter como obrigar o devedor ao
pagamento, ou seja, “desprovido de documento hábil a proceder à execução de seu
crédito” (BERTOLDI, 2006, p.440).
A Lei nº 5.474, de 1968, configurou novo conceito sobre as duplicatas,
estruturando melhor e caracterizando a duplicata “como um título de crédito causal”
(MARTINS, 2001, p. 142), ou seja, “a sua emissão somente é possível, para tipificar
um título de crédito quando ocorre uma determinada causa”, prevista em lei, “que é
sempre decorrente de uma venda e compra mercantil ou ainda da prestação de
serviços.” (PACHECO, 2006, p. 14). Estruturou melhor, também, a duplicata de
prestação de serviços. As normas para a padronização formal da duplicata foi feita
através da Resolução nº 102 de 26 de novembro de 1968, estabelecendo ainda,
além dos modelos especiais para as duplicatas liquidáveis em um só pagamento,
dois modelos para operações com pagamento parcelado, um mediante a emissão
de uma duplicata para cada parcela e outro para pagamento parcelado com a
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emissão de uma única duplicata discriminando as parcelas e os respectivos
vencimentos. (MARTINS, 2001, p. 142-143).
As inovações desta lei trouxeram juntamente com seus artigos, agrados e
desagrados.
Apesar das diversas tentativas de aperfeiçoamento, podemos observar que a
vigente Lei nº 5.474/68, que dispõe sobre as duplicatas, constitui um regulamento
bem melhor estruturado, principalmente após as modificações trazidas pelo Decreto-
Lei nº 436/69, mas nem por isso a lei deixou de apresentar algumas dúvidas,
“divergindo, às vezes autores e jurisprudência na interpretação de vários dos seus
dispositivos”. Com o advento da vigência do atual Código de Processo Civil, as
divergências doutrinárias e jurisprudências aumentaram em alguns pontos. Em
função dessas divergências, tornou-se necessária mais uma modificação, desta vez
trazida pela Lei nº 6.458, de 1º de novembro de 1977, que pela segunda vez
modificou na íntegra os artigos 15, 16, 17 e 18, da Lei nº 5.474, tratando sobre todo
o Processo para a cobrança da duplicata, “possibilitando a ação executiva e o
requerimento da falência do sacado fundamentado o pedido em duplicata não
aceita.” (MARTINS, 2001, p. 144-145).
A duplicata, mesmo se apresentando com expressões diversas, se faz presente
por mais de 150 anos na história do Direito Comercial, e diante da evolução e
desenvolvimento do comércio e da indústria, é de extrema importância a
regulamentação em conformidade aos acontecimentos atuais.
3. O Contrato de Compra e Venda Mercantil e a Duplicata
O artigo 481 do Código Civil de 2002 preceitua que “pelo contrato de compra e
venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro,
a pagar-lhe certo preço em dinheiro” (MIRANDA, 2006, p. 74).
O contrato de compra e venda mercantil é o suporte fático-jurídico que
possibilita legalmente a extração da fatura. Nesse sentido Fábio Ulhoa Coelho
(1995, p.272) colabora para tal assertiva dizendo que:
“somente quanto o pressuposto de fato escolhido pelo legislador – a compra e venda mercantil – se encontra presente, é que se autoriza a emissão do título. Este é o único sentido útil que se pode emprestar à causalidade da duplicata mercantil”
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Com a extração da fatura de venda o vendedor tem a faculdade de sacar uma
duplicata correspondente, para circular como título de crédito. (REQUIÃO, 2006, p.
560). Esse título é a duplicata mercantil, ou duplicata comercial, ou duplicata de
fatura ou ainda conta assinada. Essas são as denominações dadas à duplicata.
A duplicata é um documento formal na medida em que, para sua validade
como título de crédito, deverá conter determinados requisitos, conforme preceitua o
artigo 2º da Lei nº 5.474/1968 em seu parágrafo 1º.
Marcelo M. Bertoldi e Márcia Carla Pereira Ribeiro (2006, p. 442) pactuam na
idéia de que a duplicata só pode ser admitida quando houver uma causa que lhe dê
suporte para sua extração, qual seja, a existência do contrato de compra e venda ou
de prestação de serviços.
Conforme descrito no parágrafo 1º do artigo 2º da Lei nº 5.474/1968, são
requisitos essenciais da duplicata:
• A expressão duplicata (inciso I) – tal indicação serve para caracterizá-
la como título de crédito e diferenciá-la dos outros títulos de crédito, não bastando o
aspecto material, deve conter o vocábulo;
• A data de sua emissão (inciso I) – se faz importante uma vez que será
o referencial para dar início a contagem do prazo de 30 dias para a sua remessa ao
comprador (Lei 5.474/1968, art. 6º, § 1º);
• O número de ordem (inciso I) – esse número poderá ser o mesmo da
fatura ou não, seguindo uma ordem cronológica e deverá ser registrado no Livro de
Registro de Duplicatas (art. 19, § 1º da Lei 5.474/1968). Serve para diferenciar as
duplicatas emitidas pelo empresário em decorrência da operação que originou a
emissão da duplicata;
• O número da fatura (inciso II) – sendo a duplicata extraída de uma
fatura, necessário se faz referenciar o número da fatura na duplicata, para que se
possa relacionar uma com a outra;
• O vencimento (inciso III) – somente poderá ser à vista ou a data
acordada no negócio da compra e venda, ou seja, a lei não proíbe que seja
acordado entre as partes o vencimento que melhor aprouver. Na falta da indicação
do vencimento, segundo Marcelo M. Bertoldi, (2006, p; 442) o documento deixa de
ser um título de crédito tornando-se impossível sua execução, porém o Código Civil
em seu artigo 889, § 1º, estabelece que é “à vista o título de crédito”, incluindo a
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duplicata, “que não contenha o vencimento”, neste caso entendemos ser
perfeitamente executável tal duplicata;
• Nome e domicílio do comprador e do vendedor (inciso IV) – sendo o
comprador o sacado, o principal obrigado ao pagamento e o vendedor o credor, o
legítimo portador ou endossante da duplicata. Tal indicação é fundamental, uma vez
que não se reconhece uma duplicata com essas informações em branco;
• A importância a pagar em algarismos e por extenso (inciso V) –
segundo Marcelo. M. Bertoldi (2006, p. 443), o valor da duplicata deverá sempre ser
o valor total da fatura, havendo o desconto no preço, de direito do comprador, o
vendedor deverá mencionar também o valor líquido que deverá ser pago pelo
comprador, cabe acrescentarmos que quando a venda é feita com condição de
pagamento parcelado, poderão ser emitidas várias duplicatas, uma para cada
parcela, acrescentando-se ao número de ordem uma letra do alfabeto, para que
desta forma faça a distinção cronológica de cada uma delas (MARTINS, 2001, p.
157);
• A praça de pagamento (inciso VI) – as partes podem convencionar
qualquer lugar, porém em regra o lugar do pagamento é o do domicílio do
comprador.
• A cláusula à ordem (inciso VII) – a duplicata será sempre à ordem de
seu sacador, ou seja, o vendedor credor, o qual poderá transferí-la a um terceiro
mediante endosso. Desta forma o terceiro que recebeu a duplicata fica sendo o
portador que receberá o valor devido pelo comprador;
• A declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de
pagá-la, a ser assinada pelo comprador, como aceite cambial (inciso VIII) – através
desse requisito o aceite na duplicata pelo sacador (comprador) é obrigatório para
que ele se torne o principal devedor. É através do aceite que o comprador (devedor
principal) reconhece a exatidão do título, obrigando-se a pagá-lo, é por esse ato que
a duplicata passa a ter vida própria, desvinculando-a do negócio que lhe deu origem,
adquirindo as características cambiais, quais sejam: autonomia, literalidade,
abstração, independência, etc.;
• A assinatura do emitente – “é a primeira assinatura a constar na
duplicata” (MARTINS, 2001, p. 161), é a assinatura do vendedor que deverá ser
autêntica, de próprio punho com destino a vincular o emitente ao título.
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O artigo 27 da Lei nº 5.474/1968 determinou que o Conselho Monetário
Nacional, deveria no prazo de 120 dias baixar normas para a padronização dos
títulos e documentos nela referidos, fixando inclusive, prazo para sua adoção
obrigatória. A padronização se deu através da Resolução nº 102 de 26 de novembro
de 1968, pela qual foram aprovados os modelos correspondentes às operações
liquidáveis em um só pagamento (valor da duplicata idêntico ao da fatura), outro
correspondente às operações com pagamento parcelado, mediante emissão de uma
duplicata para cada parcela e outro modelo correspondente à operações com
pagamento parcelado mediante emissão de uma única duplicata discriminando as
parcelas e respectivos vencimentos. Nessa mesma resolução foram estabelecidas
as dimensões, altura e largura máxima e mínima, das duplicatas.
A emissão da duplicata é facultativa. Isso se dá ao fato do vendedor poder
optar por não emiti-la, podendo simplesmente cobrar a fatura do comprador. Nesse
caso, não poderá operar pelos bancos, ou seja, se desejar efetuar operações com
bancos (por exemplo: desconto para antecipação do valor), não haverá possibilidade
de fazê-lo. Porém uma vez extraída a duplicata, deverá ser apresentada ao
comprador, para que o mesmo aceite reconhecendo a sua exatidão e a obrigação de
pagá-la. O prazo pra tal remessa será de trinta dias contados da data de sua
emissão.
Os artigos 6º e 7º da Lei nº 5.474/68 dispõe que, quando o comprador recebe
a duplicata, poderá proceder dentro das seguintes possibilidades:
a) Assinar o título e devolvê-lo ao vendedor no prazo de 10 dias do
recebimento;
b) Devolver o título ao vendedor, sem assinatura;
c) Devolver o título ao vendedor acompanhado de declaração, por escrito, das
razões que motivam sua recusa em aceita-lo;
d) Não devolver o título, mas desde que autorizado por eventual instituição
cobradora, comunicar ao vendedor o seu aceite;
e) Não devolver simplesmente. (COELHO, 1995, p. 273)
3.1 O Aceite da Duplicata
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Até o momento do aceite, a duplicata é apenas uma reprodução da fatura,
não tendo as características peculiares a todas as cambiais. Somente após o aceite
ela se desvincula da fatura e do negócio que deu origem, passando a valer a partir
daí, o que nela se declara literalmente.
Em razão do caráter obrigatório, o aceite da duplicata mercantil é dividido em três
categorias conforme Fábio Ulhoa Coelho, (1995, p. 274):
a) Aceite ordinário – que resulta da assinatura do comprador na
duplicata;
b) Aceite por comunicação – resulta da retenção da duplicata mercantil
pelo comprador autorizado por eventual instituição financeira cobradora, com a
comunicação de seu aceite, por escrito, ao vendedor.
c) Aceite por presunção – que resulta do recebimento das mercadorias
pelo comprador, desde que não tenha havido causa legal motivadora de recusa,
com ou sem devolução do título ao vendedor. Este tipo de aceite viabiliza a ação de
execução, em caso de não-pagamento do título.
Recebida a duplicata, compete ao comprador aceitá-la e devolvê-la no prazo de
dez dias, porém existem três hipóteses legais que amparam o comprador, no sentido
de não ser obrigado a aceitar a duplicata, conforme rege o artigo 8º e seus incisos,
da Lei nº 5.474/68:
• Avaria ou não recebimento da mercadoria (inciso I);
• Vícios, defeitos e diferença na qualidade ou na quantidade das
mercadorias, devidamente comprovadas (inciso II);
• Divergência nos prazos e nos preços ajustados (inciso III)
Apenas na ocorrência de qualquer uma das hipóteses acima, poderá o
comprador recusar o aceite, não assumindo por conseqüência a obrigação cambial.
Havendo a necessidade, com base em uma dessas causas, poderá se discutir em
juízo com a finalidade de confirmar ou desconstituir a recusa do comprador. No que
diz respeito ao não-aceite de prestação de serviços, o artigo 21 da Lei nº 5.474/68
autoriza o sacado a deixar de aceita-la, desde que ela não corresponda aos serviços
contratados (inciso I); tenham ocorrido vícios ou defeitos devidamente comprovados
na prestação do serviço (inciso III) ou que haja divergência nos prazos e preços
ajustados (inciso III).
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3.2 O Endosso e seus Efeitos
Por endosso compreende-se o ato praticado pelo proprietário de um título de
crédito, qual seja: a assinatura, através da qual a duplicata é cedida para outra
pessoa, transmitindo os direitos que lhe competiam.
O endosso pode ser em branco ou em preto:
Em branco – significa que o titular do direito simplesmente põe sua assinatura
no verso da duplicata, transferindo-a a quem for seu portador.
Em preto – transfere à pessoa certa, nominalmente indicada.
Existem ainda, outras duas modalidades de endosso, denominados irregular
ou impropriamente ditos, onde se transmite a propriedade do título do endossante ao
endossatário:
O endosso-mandato – onde o endossante-mandante outorga ao
endossatário-mandatário poderes pra que este agindo em nome do mandante
realize a cobrança, apresentação para aceite, protesto e demais atos típicos do
proprietário da duplicata. Nessa modalidade insere-se a cláusula “por procuração”;
O endosso-caução – quando do cumprimento de uma obrigação, o devedor
dá ao credor uma garantia que pode ser através de penhor ou hipoteca (caução
real), ou por meio de fiança ou aval (caução fidejussória). Nessa modalidade insere-
se a cláusula “válido em garantia”. (MIRANDA, 2006, p. 26,27).
3.3 O Pagamento da Duplicata
Na compra e venda mercantil o comprador assume a obrigação de pagar o
preço ajustado com o vendedor.
A Lei nº 5.474/68 em seu artigo 9º trata do assunto facultando ao comprador o
resgate antes de aceitá-la ou, antes da data do vencimento. O pagamento
antecipado somente terá validade quando efetuado sem a intenção de causar lesão
ao terceiro de boa-fé, legítimo possuidor do título.
O recibo passado pelo legítimo portador, ou por procurador com poderes
especiais, tanto no verso do título, como em documento em separado, em que haja
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referência expressa à duplicata, constitui prova do pagamento (Lei nº 5.474/68,
artigo 9º, §1º).
Na vigência da Lei nº 187/37, a duplicata liquidada sempre ficava em poder do
devedor, que assim estava cercado da garantia da quitação (artigo 16 e respectivo
parágrafo). A prática usual do pagamento da duplicata mediante recibo em
separado, que se tornou uma constante no comércio de vendas à prestação, talvez
tenha sensibilizado nossos legisladores, levando-os a incluírem na lei em vigor tal
forma de quitação. Contudo existe o risco de o comprador-devedor, pagando a
duplicata antecipadamente e em recibo separado, venha sofrer nova cobrança,
senão vejamos:
É que sendo a duplicata um título de circulação por endosso, poderá ocorrer
que, depois de expedida, venha a ser endossada a outra pessoa, a qual passa a ser
seu legítimo possuidor. Dessa forma, aquele pagamento feito antecipadamente ao
emitente-vendedor, desatento ou desonesto, não produzirá efeitos em relação ao
endossatário, de boa-fé é claro, quanto à satisfação do débito. (PACHECO, 2006, p.
38,39). Por isso recomenda-se que o pagamento da duplicata tenha sempre a
correspondente quitação no próprio título, principalmente no caso de pagamento
antecipado, para que não exponha o devedor a um segundo pagamento. (Código
Civil, artigo 902, caput)
Em defesa da seriedade da duplicata cuja confiança poderia ser abalada,
devido a combinações entre o comprador-devedor e o emitente-vendedor em
prejuízo de terceiros, os tribunais têm sito rigorosos no exame dessa questão.
Ainda quanto ao pagamento da duplicata, o artigo 10 da Lei 5.474/68, dispõe
que, quando devidamente autorizados, poderão ser descontados quaisquer créditos
a favor do vendedor.
A liquidação de um débito cambiário se dá através do pagamento, que pode
ser feita de duas maneiras:
a) voluntariamente – onde existe o acordo de vontades entre o vendedor e o
devedor; e
b) através de ação consignatória – quando não houver a possibilidade de
solução amigável, onde poderá o devedor, após vencido o título consignar em juízo
a importância devida, a fim de exonerar-se da obrigação nos seguintes casos:
1) quando o credor se recusar, sem justa causa a receber o pagamento;
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2) quando o credor se encontrar ausente, ou em lugar incerto ou inacessível;
3) quando houver, da parte do devedor, fundada dúvida sobre quem deva
legitimamente receber o pagamento, ou porque não sabia, face às sucessivas
transmissões por endosso, em poder de quem se encontra o título, ou, então por
ocorrer disputa a respeito da titularidade do crédito.
Ocorrendo essas hipóteses, o devedor buscará a extinção da obrigação,
através da ação de consignação, afastando a sua mora para atribuí-la ao credor. Tal
ação está prevista no artigo 890 e parágrafos do Código de Processo Civil.
3.4. O Registro das Duplicatas
Na vigência de Lei nº 187/37, o comerciante tinha a obrigação de manter
escrita regular nos livros “Diário” e “Copiador”, bem como outros dois livros: Registro
de Duplicatas e Registro de Vendas à Vista.
A Lei nº 5.474/68 aboliu o Livro de Registro de Vendas à Vista e manteve a
exigência do Livro de Registro de Duplicatas.
Diante dos avanços das técnicas de contabilização, o legislador admitiu a
substituição do livro de Registro de Duplicatas, por qualquer sistema mecanizado,
desde que evidentemente, observados os requisitos exigidos.
4. O Avanço Tecnológico e a Desmaterialização do Título de Crédito -
Duplicata
Os programas que são utilizados nos computadores possibilitam que muitas
atividades sejam executadas, que vão desde as mais simples como escrever textos,
fazer planilhas, desenhos, brincar com jogos, às mais complexas, como projetar
construções, operar um sistema via satélite ou gerenciar uma empresa. Mesmo
quem não interage diretamente com os computadores, acaba tendo o contato
indireto quando vai ao banco, passa no supermercado ou faz um telefonema.
Estamos diante de uma revolução. Assim como a Revolução Comercial, na
Idade Média, propiciou o desenvolvimento de uma Sociedade Comercial e a
Revolução Industrial no século XIX fez surgir a Sociedade Industrial, surge agora
uma nova revolução que fará surgir a Sociedade da Informação, onde há a
possibilidade do ser humano se libertar das mais diferentes tarefas “repetitivas e
burocráticas”, abrindo espaço para que possa dedicar-se a tarefas mais criativas,
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multiplicando sua capacidade intelectual de produzir. “Nesse novo tempo, deter
informação é deter poder [...]” DIAS (1999, apud ZOCCOLI, 1999, p. 27).
A substituição do papel por meios informatizados de suporte à informação
traz diversas vantagens.
A priori faremos um estudo no que diz respeito às características básicas,
bem como à classificação de títulos de créditos típicos ou nominados e os atípicos
ou inominados.
Na caracterização do título de crédito devem ser observadas as formalidades
previstas na legislação para que nele estejam presentes determinados requisitos
que lhe são inerentes, ou seja, a capacidade das partes, o objeto lícito e o
consentimento, e os requisitos extrínsecos, de natureza formal, que lhe reveste de
força executiva. Os títulos de crédito encontram no Direito Cambiário, normas que
possibilitam a sua circulação com segurança e certeza da realização do crédito. Os
títulos de crédito se caracterizam pela:
a) cartularidade: é o título materializado em um documento, ou seja, em
um papel, o qual está dotado de direitos pelo fato de incorporar e formalizar o título
de crédito, devendo ser exigido quando o credor desejar exercer seu direito para
realização do crédito;
b) literalidade: consiste em considerar juridicamente válidas a
representação daquilo que está escrito no título, invalidando-o se houver rasuras
e/ou emendas, ou seja, é a observância restrita do teor do título;
c) autonomia: caracterizado pelo desprendimento do ato que lhe deu
origem, pois o título pode circular de forma independente e autônoma, ou seja, é
uma das garantias do portador de que a obrigação será cumprida pelo fato de que
há a independência das obrigações corporificadas no título.
Quando se trata de título de crédito eletrônico, maior destaque se dá à
literalidade e à autonomia, que permitem a circulação do título de crédito eletrônico,
pois o fato da cártula ter sido substituída pelo suporte informatizado já é uma
realidade que não se pode mais reverter. (OLIVEIRA, 2007, p. 79).
É certo que o papel, muito em breve será pouco utilizado nas transações
comerciais, industriais e bancárias.
Segundo OLIVEIRA, (2007 apud FRONTINI 1996), embora sejam
constatados que ocorreram grandes avanços da informatização no que tange a
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circulação de créditos, necessário se faz, principalmente no Direito Comercial, uma
legislação adequada à realidade dos novos tempos.
4.1 Típicos ou Nominados e Atípicos ou Inominados
A Lei nº 10.406/2002, ao unificar os Códigos Civil e Comercial, teve por
objetivo disciplinar os títulos de crédito, que são classificados como típicos ou
nominados, ou seja, existe previsão legal para que se opere o título de crédito,
“portanto, dependem de comando legal para serem emitidos e aceitos como tais.”
(SILVA, 2008, p. 55).
Por outro lado temos os documentos sem previsão legal, classificados como
atípicos ou inominados. SILVA, (2008 apud Sebastião José Roque, p. 55) define os
títulos de crédito inominados, como sendo títulos que além de não serem
regulamentados pela lei, vivem “sob uma disciplina jurídica criada pelos costumes e
usos ou pela aplicação de outras normas, por analogia”, existindo dessa forma uma
liberdade de criação desses títulos. O argumento mais convincente utilizado na
defesa dos títulos de crédito atípicos ou inominados é o de que eles se ajustam
e se harmonizam com a dinamicidade dos negócios, já que ampliam o campo
de avanço da criatividade própria do direito empresarial.
Mas, longe de ser uma visão pacífica, podemos observar a seguir, as muitas
objeções a que se sujeitam os títulos de crédito atípicos ou inominados, no que diz
respeito a posição de alguns doutrinadores:
O jurista Antônio Mercado Junior, em analise ao Anteprojeto do Código Civil,
mostrou-se cauteloso em relação à adoção dos títulos atípicos, argumentando que a
criação indiscriminada de novos títulos de crédito, poderia trazer perigo ao público
em geral, bem como o Professor Fábio Konder Comparato, condenando o Projeto
que redundou no novo Código Civil, reprovou a adoção dos títulos de crédito
atípicos, afirmando que geraria uma confusão quanto a distinção entre os títulos
atípicos e os típicos ou nominados, estes embutidos de legitimação. O Professor
Rubens Requião, convidado no ano de 1975, a manifestar-se no então Projeto de
Código Civil, teceu severas críticas direcionadas à Comissão Especial da Câmara
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dos Deputados incumbida de dar parecer ao citado Projeto, onde ao decorrer de seu
discurso contrário a inclusão das normas sobre títulos de crédito, arrematou:
“Afora os embaraços na escolha da norma adequada para aplicação ao caso concreto, imaginemos os percalços para os estudantes, ao se depararem, no confronto do futuro Código com a legislação cambial e as dificuldade didáticas que enfrentarão os professores, nesse inexplicável dualismo jurídico. Em relação aos empresários, então, a confusão seria imperdoável”
E decisivamente, contrário à inclusão de normas sobre títulos de crédito no
Código Civil de 2002, afirma Silvio de Salvo Venosa:
“A matéria referente aos títulos de crédito não se prende proeminentemente ao direito civil; é regulada pela legislação própria em suas várias modalidades. Desse modo, os dispositivos do código de 1916 a respeito guardam unicamente restrita supletividade, pois pouco é deixado de lado na legislação sobre o tema, decorrente do caldeamento de costumes mercantis. O novo Código, porém procurou traçar toda uma teoria geral dos títulos de crédito nos arts. 887 a 926, a qual deverá ser necessariamente harmonizada com a disciplina dos respectivos títulos, letras de câmbio, notas promissórias, duplicatas, cheques, etc. Na verdade, essa matéria, caldeada do direito costumeiro da Idade Média e da Lei Uniforme de 1930, já estava suficientemente disciplinada no ordenamento pátrio, não havendo necessidade de um Código Civil fazê-lo, aumentando os riscos de conflito de interpretação. Melhor seria que toda essa matéria fosse extirpada do novo Código, pois sua presença neste estatuto é injustificável em todos os sentidos. O novel legislador não usou da mínima cautela, não se apercebendo, ou não querendo aperceber-se, de que a matéria de títulos de crédito está de há muito solidificada por uma massa perfeitamente compreensível de normas em nosso direito.” (SILVA, 2008, p. 59)
No entanto, o autor do texto legal do Anteprojeto e mais tarde Projeto de
Código Civil, não pensava assim e na Exposição de Motivos que escreveu, o
saudoso Professor Mauro Brandão Lopes deixou claro que:
[...] “a intenção no Anteprojeto não” foi reunir simplesmente o que é comum aos diversos títulos regulados em leis especiais [...]; foi fixar os requisitos mínimos pra todos os títulos de crédito, inclusive para os títulos de crédito inominados, que a prática venha criar, deixando assim aberta a porta às necessidades econômicas e jurídicas do futuro. Tem assim a aludida regulamentação dois objetivos básicos: de um lado, estabelecer os requisitos mínimos para títulos de crédito, ressalvadas disposições de leis especiais; de outro lado permitir a criação de títulos atípicos ou inominados. Nesse último objetivo está o principal valor do Anteprojeto; regulando ele títulos atípicos, terão estes de se amoldar aos novos requisitos.” (Grifo nosso)
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Em seguida, sustentou a importância prática da regulamentação dos títulos
atípicos, esclarecendo que tais títulos incrementariam a tendência da qual não se
pode negar do mundo econômico de criar novos instrumentos de crédito em
resposta às novas necessidades e tais instrumentos, tomando na prática contornos
suficientemente claros, poderiam ser mais detalhadamente regulados por leis
especiais, inclusive para acertar aspectos que possam vir a causar danos, já que,
segundo o professor, mais desaconselhável seria a passividade ao surgimento dos
títulos atípicos ilegais realizados às ocultas.
Conclui-se desta feita que, os títulos atípicos ou inominados foram criados em
conformidade com as exigências e dinâmica dos negócios, onde podemos observar
que nem por isso estão afastados dos princípios reguladores dos títulos típicos ou
nominados, conforme entendimento do jurista Paulo Roberto Colombo Arnoldi (2004,
p. 14):
[...] “Os títulos de crédito impróprios, apesar de não expressarem uma verdadeira operação de crédito, são bastante difundidos, com larga aceitação. Isso se deve sobre tudo às garantias que os revestem com a aplicação aos mesmos de vários princípios inerentes aos títulos de crédito impróprios, dando ao portador uma relativa segurança quanto aos seus direitos.”
Ainda segundo ARNOLDI (op. cit), há no Código Civil de 2002 uma abertura
no sentido de se adotar a criação e emissão de títulos de crédito atípicos ou
inominados, uma vez que preferiu-se a admissão genérica dos mais variados tipos
de títulos de crédito.
4.2 O Marco na Evolução Tecnológica no Instituto Títulos de Crédito
A evolução tecnológica do Brasil se deu após a posse do ex-presidente
Fernando Collor de Mello, em março de 1990, trazendo, entre outros, o firme
propósito de tirar o Brasil do atraso na área da telecomunicação e informatização,
onde não mediu esforços para mudar a realidade que encontrara e, como prova
concreta disso, em 23 de outubro de 1991 promulgou a Lei nº 8.248 que dispõe
“sobre a capacitação e competitividade do setor de informática e automação[...]”,
iniciando-se dessa feita a “recuperação nacional”. Em 11 de janeiro de 2001, foi
sancionada a Lei nº 10.176 que estendeu até o ano de 2009 a concessão de
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estímulos fiscais, preservando o texto da Lei nº 8.248/91. Devemos notar que no
período de outubro de 1991 à janeiro de 2001, nenhum outro ordenamento jurídico
abordou sobre o tema, onde diante da velocidade das inovações e a pouca duração
de uma lei, podemos concluir que o texto da Lei nº 8.248/91, alargou os horizonte,
impondo ao setor de informática e automação importantes avanços no sentido de
ampliar seus limites e adequação às novas exigências. Em 24 de agosto de 2001, foi
editada a Medida Provisória nº 2.200-2, que “institui a Infra-Estrutura de Chaves
Públicas – ICP-Brasil e transforma o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação
em autarquia”. Tal medida é considerada por muitos analistas como sendo
autoritária, porém cabe destacar tratar-se de uma Medida Provisória, que pressupõe
melhor detalhamento e rigor no que diz respeito a garantia da segurança e
tranqüilidade do cidadão e de todos aqueles que utilizam a Internet para
disponibilizar os seus produtos.
O Código Civil de 1916 tornou-se obsoleto, demonstrando-se incapaz de
alcançar as mudanças vividas pela sociedade. A defasagem impunha-se rigorosa
até a promulgação da Carta Magna de 1988 que ampliou susbtancialmente os
direitos do cidadão, desafiando a estrutura do Código em vigor, porém, diante da
constante evolução mundial que vinha sempre em ritmo crescente semeando o
advento da Rede Mundial de Computadores – a Internet, a necessidade de um novo
código se fazia presente. O saudoso Senador Josaphat Marinho, na conclusão dos
trabalhos no Senado Federal, apresentou um parecer em que defendeu a
necessidade da sistematização de um novo Código, enfatizou:
“O Código Beviláqua, vigente há 80 anos, honrou o pensamento jurídico nacional, o tempo e as mudanças sociais e econômicas o superaram em muitos de seus institutos e comandos normativos. Por isso a necessidade de se sistematizarem normas reguladoras de fenômenos e relações que mudaram e estão em transformação”.
Depois de 26 anos em tramitação, constantes atualizações e modificações o
Projeto do Novo Código Civil Brasileiro foi transformado na Lei nº 10.406,
promulgada em 10 de janeiro de 2002 onde podemos observar que a grande
inovação foi apresentada no artigo 889, § 3º, ao regular títulos de crédito emitidos a
partir de caracteres criados em computador, “observados os requisitos mínimos”.
Ainda, conforme o parecer do Senador Josaphat Marinho, a atualidade da legislação
em face ao desenvolvimento tecnológico só foi possível devido à proposta do
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professor Mauro Rodrigues Penteado que no Projeto de Lei apresentava-se como
artigo 891:
“Por sugestão do professor Mauro Rodrigues Penteado, formulamos emenda aditiva admitindo que o título de crédito “poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente”, além de observados “os requisitos mínimos” do art. 891. Desse modo, com as cautelas necessárias, adota-se procedimento correspondente às inovações que a tecnologia vem proporcionando a todas as atividade humanas.”
Grande foi o tumulto que se instalou em torno do alcance, ou da real
aplicação do § 3º do artigo 889 do Código Civil, ainda mais quando o caput do
mesmo artigo determina que, para a sua caracterização, o título de crédito deve
conter a assinatura do emitente, sem mencionar a possibilidade dessa assinatura
também ser eletrônica.
O Código Civil em seu parágrafo 3º do artigo 889 estabeleceu expressamente
a possibilidade da emissão dos títulos através dos caracteres criados em
computador ou outro meio técnico equivalente. A essa tendência os doutrinadores
têm se referido como a desmaterialização ou descartularização dos títulos de
crédito, que acaba colocando em dúvida, de forma bastante intensa, o princípio da
cartularidade.
Haja vista que a desmaterialização da duplicata enseja a não documentação
em papel, e tendo como embasamento o artigo 889, § 3º, do Código Civil, levamos
nossa dedicação, ao parágrafo introdutor do nosso objeto de estudo.
As regras contidas na Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002 atinentes aos
títulos de crédito foram elaboradas pelo autor da matéria, destinada sobre tudo, para
permitir a criação dos títulos de crédito atípicos ou inominados sem prejuízo dos
aspectos atuais, podendo ser emitidos títulos de crédito por meio do computador ou
meio técnico equivalente, estabelecendo em seu artigo 889 parágrafo 3º, que: “O
título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou
meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os
requisitos mínimos previstos neste artigo” (Grifo nosso).
Não podemos negar que é uma inovação em que se considerou o atual
avanço tecnológico de nossa sociedade, permitindo ao Brasil a possibilidade de
firmar-se, com parâmetros conforme a norma, no mundo digital. (OLIVEIRA, 2007, p.
180).
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O Título VIII, dos Títulos de Crédito, que vai do artigo 887 a 926 causou,
quando da publicação do novo Código Civil, um grande impacto nos meios jurídicos,
onde além da confusão instalada pelas diversas interpretações, vêm estabelecendo
uma série de pressupostos para sua validade. Ainda que, os títulos de crédito
pressupõem a literalidade e a autonomia, somente produzirão efeitos se
preencherem os requisitos da lei (art. 887). Nesse sentido temos que:
a) os títulos não comportam, ou seja, estão proibidos de conter cláusula com:
estipulação de juros; proibição de endosso; exclusão de responsabilidade pelo
pagamento ou por despesas, bem como exclusão ou restrição de direitos e
obrigações e a dispensa a observância de termos e formalidade legais (art. 890)
(SILVA, 2008, P. 120,121);
b) a contemplação da data da emissão, que pode ser omitida na forma do
artigo 889, parágrafo 2º, a indicação precisa dos direitos pertinentes e a assinatura
do emitente (art. 889);
c) as leis que regulam os títulos de crédito não foram revogadas, ou seja, o
novo Código servirá para suprir lacunas de lei específica (art. 903).
Segundo Eversio Donizete de Oliveira (2007, p. 180), o artigo em questão,
gerou muita resistência demonstrada por vários juristas, a destacarmos o professor
Wille Duarte Costa (2003), que se opõe nitidamente a autores como Fábio Ulhoa
Coelho por afirmar “a existência da duplicata virtual”, a Luiz Emygdio, que “desvirtua
a idéia do Direito e da informática”, ao explicar a duplicata virtual e ainda, a Newton
De Lucca, que concebe como título atípico a “duplicata-extrato” em fita magnética.
Há aqueles que contestam quanto a classificação do documento eletrônico
como título de crédito, pelo fato de não existir a possibilidade de se reproduzir a
assinatura do emitente via caracteres criados em computador, mesmo porque para
que se evite a fraude o requisito da assinatura do emitente não pode ser reproduzida
por qualquer meio, pois é ela quem vai dar o caráter da incorporação do direito
contido no título. (OLIVEIRA, op. cit).
Essa tese perde sua consistência a cada dia, pois como bem sabemos
existem várias técnicas desenvolvidas na área da informática onde através do
certificado digital é capaz de formar a assinatura digital ou senha digital que
corresponde a assinatura particular e intransferível do emitente do título.
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Devemos apenas ter o cuidado de não confundir assinatura digital com
assinatura digitalizada que é apenas a reprodução de uma imagem digitalizada ou
“scanneada” de uma assinatura manual.
No sentido de acompanhar a evolução tecnológica, entendemos que o § 3º do
artigo 889 da Lei nº 10.406/2002 é uma conseqüência natural da modernização
legislativa brasileira, onde o fato de ter introduzido o citado artigo, propõem a
aplicabilidade tanto aos títulos atípicos quanto aos típicos, normatizando a emissão
de títulos de crédito “a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico
equivalente.”(SILVA, 2008, p. 121). Entretanto tal afirmação não é ponto pacífico
entre os doutrinadores e juristas.
5. Da Caracterização da Duplicata Escritural ao Boleto Bancário
Como é sabido, as duplicatas são extraídas a partir da prática de compra e
venda mercantil.
A montagem do borderô passa a ser eletrônico, “em que os dados do
faturamento são importados através de uma conexão com os computadores do
Banco”, através de um sistema fornecido pelo próprio banco o qual permite a
comunicação direta entre a empresa e o banco.
A duplicata é um título de crédito de valor correspondente ao preço da
mercadoria objeto da venda mercantil, ou do serviço prestado. Desta forma torna-se
possível a caracterização da duplicata escritural, pois é ela a própria duplicata,
registrada e mantida exclusivamente em dispositivo de armazenagem informatizada
de dados sob o controle do emitente, podendo ser, inclusive, materializada numa
cártula em papel.
Utilizando-se da prática informatizada, o devedor da duplicata paga o valor no
vencimento acertado, podendo desta forma não materializar a duplicata, pois através
de um arquivo enviado pelo banco ao emitente, todas as informações necessárias
para que se faça a liquidação do título estarão contidas, suprindo a necessidade da
impressão de papel. Ainda que o devedor não cumpra com sua obrigação, ou seja,
na hipótese de inadimplência, é possível se fazer o protesto também por indicações
transmitidas eletronicamente ao cartório. Entretanto em não havendo a possibilidade
de se fazer o protesto nessa modalidade, a duplicata escritural sempre poderá ser
impressa em papel pelo emitente.
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Cabe salientar que alguns doutrinadores enfatizam que a duplicata escritural,
não é uma nova espécie de título de crédito. Porém outros compartilham com os
ensinamentos de Darlan Airton Dias (1999, p. 46) de que, a duplicata escritural e a
duplicata são o mesmo e único título se considerarmos que a qualificação “escritural”
provém da condição desmaterializada da duplicata.
Nos ensinamentos de Amador Paes de Almeida (1998, p. 185), podemos
constatar que “em decorrência dos excelentes resultados práticos obtidos em virtude
da simplificação da cobrança e manifesta redução de gastos, vem a duplicata
escritural encontrando grande receptividade nas praças brasileiras”.
Todavia o mesmo ALMEIDA (op cit, p. 186), tece comentários contrários
dizendo que é necessária a existência de um documento para que se identifique o
título de crédito em razão do princípio da cartularidade, não podendo a duplicata
escritural ser vista como título de crédito.
A comprovação da existência da duplicata escritural se dá através do
lançamento no Livro de Registro de Duplicatas, onde o emitente deve,
necessariamente, possuir um registro informatizado correspondente a essa
duplicata. Se não houver o lançamento no Livro de Registro de Duplicatas, não
haverá prova da existência de determinada duplicata.
Necessário se faz um esclarecimento acerca do termo “duplicata escritural”.
Os doutrinadores de maneira geral têm se utilizado de outros termos para denominar
o objeto ora em estudo acrescentando à palavra duplicata:
a) “eletrônica”;
b) “em meio magnético”;
c) “informatizada”;
d) “virtual” ou
e) “desmaterializada”.
Na prática bancária a duplicata remetida por meio informatizado é chamada
de duplicata escritural, onde a partir das registros informatizados, o emitente pode
remeter, por meio de transferência eletrônica de dados, a “duplicata”, ou seja, os
dados constantes na nota fiscal, para cobrança. O banco emite, aos respectivos
devedores, um boleto de cobrança para cada duplicata escritural. (SILVA, 2008, p.
134,135)
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O boleto de cobrança ou boleto bancário é um título de crédito atípico, emitido
na realização de um negócio mercantil, onde sua concretização é realizada via
Internet. Sendo o boleto bancário um documento de vida recente, resultado da
informatização do crédito, falta-lhe algumas características dos títulos de crédito,
principalmente no que diz respeito as duplicata escriturais, ordenamento jurídico que
regule a sua circulação. Porém isso não impediu a incontrolável propagação e sua
utilização em todos os setores da economia brasileira.
5.1 O Aceite nas Duplicatas Escriturais na Prática
Em se tratando de duplicatas escriturais, não existe a materialização do título
numa cártula em papel. A duplicata não é remetida para o aceite do devedor. Ao
invés disso, é enviado um boleto bancário para que se faça o pagamento, ou seja, a
determinação do artigo 6º da Lei das Duplicatas não é cumprida na maioria das
vezes. Desta forma podemos fazer as seguintes considerações:
a) Por não existir a cártula para ser assinada pelo devedor não é possível se
falar em aceite ordinário;
b) Quanto ao aceite por comunicação, em se pensando no grande volume de
títulos que as empresas transacionam, acaba por não ser usual esse tipo de aceite
onde se pressupõe que o devedor comunique ao credor o aceite o título, por escrito.
Além do mais se o devedor nem recebeu a cártula, pouco provável que venha a se
preocupar em se manifestar por escrito o aceite;
c) Resta-nos dessa forma o aceite presumido que tem entre os doutrinadores
posições contrárias, como por exemplo, Fábio Ulhoa Coelho (1999, p. 452) onde faz
seu apontamento dizendo que “com a utilização do meio magnético para fins de
registro do crédito, o aceite por presunção tende a substituir definitivamente o
ordinário, até mesmo porque a duplicata não se materializa mais num documento
escrito, passível de remessa ao comprador”, já Amador Paes de Almeida (1998, p.
184-186), não só nega a caracterização do aceite presumido na prática de duplicata
escritural, como também lhe nega efeitos cambiários.
Por sua vez Erminio Darold (1999, p. 54), afirma que o aceite presumido terá de ser
provado através da exibição de AR (aviso de recebimento), ou de outro documento
equivalente, assegurando desta forma ter o sacado recebido o título.
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Esse procedimento acaba por encarecer o crédito, onerando o processo de
cobrança. Por ora, parece ser o único procedimento capaz de garantir o protesto por
indicação conforme rege a Lei nº 5.474/68, artigo 14, in fine, pois se assim não
proceder, o vendedor/credor, corre o risco de ser impedido de efetuar o protesto por
indicação e de ajuizar ação de execução desse título. (DIAS, 1999, p. 74)
6. Regulamentação Jurídica - Amparo nas Leis Existentes
A falta de regulamentação da duplicata emitida eletronicamente, no caso de
inadimplência do comprador das mercadorias ou do serviço, implica na dificuldade
para sua execução, o vendedor e as instituições financeiras têm se amparado no
artigo 15 da Lei nº 5.474/68 e na Lei nº 6.458/77 que adapta ao Código de Processo
Civil o “Processo para Cobrança da Duplicata” trazida na Lei nº 5.474/68.
Sobre os documentos de dívida nessa era da informatização, temos o parecer
favorável do professor Theophilo de Azevedo Santos (in: OLIVEIRA, 2008, p. 99)
que colabora dizendo “a chamada duplicata virtual, com suporte em fitas
magnéticas, já é conquista da moderna técnica bancária, sendo vitoriosa a
experiência de sua utilização nos últimos anos.”
Desta forma, entende-se que os documentos bancários, podem ser
protestados, desde que com clara identificação da dívida do comprador, produzindo
velocidade e segurança às transações, conforme as exigências do mercado. Muitos
juristas, e conforme vem sendo observada a prática pelos bancos e tabelionatos,
conceituam que o boleto bancário, assim como letra de câmbio e a duplicata, pode
ser apontado para protesto por indicação do apresentante, conforme disposto na Lei
nº 9.492/97, art. 8º, parágrafo único.
Enquanto a prática realizada no setor financeiro, confere ao boleto bancário
tratamento semelhante ao dos títulos de crédito convencionais, há aqueles que para
justificar sua rejeição a esses procedimentos, alegam que o artigo 889 do Código
Civil de 2002, que possibilita a emissão dos títulos de crédito a partir dos caracteres
criados pelo computador ou meio técnico equivalente, é uma prática à ser realizada
futuramente em observação à novas tecnologias.
Notório é que o § 3º, do artigo 889 do Código Civil, abre um acesso
importante, no intuito de regulamentar a crescente emissão de duplicatas
eletrônicas, onde nos dias atuais são apresentadas sob a forma de boleto bancário.
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Apesar da falta de regulamentação especial para as práticas realizadas Via
Rede Mundial de Computadores, algumas leis brasileiras promulgadas a partir da
última década, dedicam artigos a essas práticas, como já demonstramos acima.
O ordenamento jurídico brasileiro está em fase de adaptação a essa evolução
tecnológica. A utilização da duplicata escritural, para a maioria dos operadores do
direito, é válida e está amparada, independentemente de legislação especial, graças
as disposições trazidas na Lei nº 10.406 de 2002 em seu artigo 889 parágrafo 3º,
onde admite a emissão das duplicatas via eletrônica, combinada com as disposições
da Lei das Duplicatas nº 5.474 de 1968, que em seu artigo 13 caput combinado com
o § 2º do artigo 15, admitem o protesto e a execução da duplicata, bem como os
demais artigos de leis já existentes, que possibilitam a busca de soluções quando da
necessidade de exigibilidade de um direito de crédito.
7. Considerações Finais
A duplicata mercantil é um título de crédito disciplinado por lei (5.474/68) e é
usada exclusivamente no âmbito comercial. Através dela documenta-se uma
obrigação de pagar, advinda da compra e venda mercantil ou uma prestação de
serviço, que não sendo adimplida, torna-se um título executivo extrajudicial, previsto
no artigo 585, I do Código de Processo Civil.
No que diz respeito à duplicata escritural, sua utilização se dá na mesma
ocasião da duplicata cartularizada, ou seja, ambas advém da compra e venda
mercantil. Porém a diferença está na desmaterialização da duplicata em cártula, a
qual abre espaço a uma nova concepção de título de crédito.
O evento da introdução do artigo 889, § 3º, do Código Civil, ao admitir a
possibilidade da emissão do título através dos caracteres criados em computador,
trouxe uma contribuição para a disciplina dos títulos de crédito eletrônicos, mas
trouxe também uma discussão onde depara com a resistência por parte de alguns
magistrados e doutrinadores.
A utilização da duplicata em meio eletrônico é fenômeno que já está
assimilado pelos comerciantes nacionais, é um processo irreversível que muito tem
a contribuir para o Direito Comercial, servindo inclusive de estímulo para que os
trâmites judiciais sejam totalmente informatizados.
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Ainda podemos verificar um número razoável de estabelecimentos comerciais
que celebram seus contratos de compra e venda fazendo uso da duplicata em
cártula.
Provavelmente essa prática não deixe de existir, mas a tendência é de cada
vez mais verificarmos a sua versão em meio informatizado, ganhando, desta forma,
espaço na rotina comercial.
Podemos concluir que, se inicia uma nova era das relações civis. Os títulos de
crédito, ao longo da história, fortaleceram-se como sendo um importante instrumento
para a facilitação da circulação de crédito em prol ao desenvolvimento econômico.
Apesar da oposição de uns e defesa de outros, o parágrafo 3º do artigo 889,
apresenta o mérito de unir essas duas correntes, apontado em seu conteúdo um
fator quanto ao reconhecimento dos títulos de crédito emitidos via computador.
A defesa de uns para a aplicação dessa norma aos títulos eletrônicos já
utilizados no cotidiano das pessoas, o entendimento de outros de que esse texto
seria aplicável a títulos futuramente criados, devem encontrar um ponto de equilíbrio
quando da regulamentação da matéria, ou seja, leis que disciplinem melhor o
assunto. Desta forma temo que:
Em nosso ordenamento jurídico não existem normas que regulem a duplicata
escritural, ainda que sua utilização seja percebida no meio comercial;
Ainda existem empresas ou estabelecimentos comerciais que resistem a
substituição da duplicata em cártula pela duplicata emitida eletronicamente,
provavelmente devido a falta de lei que regule a matéria dando mais segurança aos
seus emitentes;
Os títulos eletrônicos ou escriturais são emitidos com uma rapidez e
segurança absoluta, garantidas pelas instituições financeiras em parceria com a
autoridade certificadora de assinatura digital, portanto enseja na confiabilidade
nesse tipo informatizado de recebimento através de duplicata escritural.
Os profissionais que vão operar com esse tipo de cobrança devem conhecer
toda a rotina inerente aos recebimentos do estabelecimento onde trabalha e o
sistema pelo qual vão ser transmitidos os dados para as instituições bancárias
dando início a emissão dos boletos de cobrança;
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A celeridade, a fluidez, a economia com o tempo utilizado no manuseio e os
gastos com papéis, são algumas das vantagens que o mundo dos negócios tem com
a duplicata escritural.
O que esperamos do Direito nesta era de informatização rápida, abrangente e
livre é uma atualização e adequação dos textos legais aos novos tempos.
8. Referências Bibliográficas
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