333

E-Book-Monitoramento-da-Revegetacao-do-COMPERJ-Out2014.pdf

Embed Size (px)

Citation preview

  • O livro em pauta retrata o esforo de

    pesquisa de uma grande equipe de

    p r o f i s s i o n a i s d a Em b r a p a e d e

    colaboradores que se empenhou para

    caracterizaroambientenolocalondeesta

    sendo implantado o Comperj, antes das

    principais intervenoes antropicas que

    decorrem da construao de um mega

    empreendimento industrial.Euque tivea

    oportunidade de participar, desde o

    nascedouro, da formataao da parceira

    entreaEmbrapaeaPetrobrascomvistasa

    planejar e orientar tecnicamente as

    medidas de recuperaao e compensaao

    ambiental que estao sento tomadas para

    mitigar esses impactos, vejo agora, com

    satisfaao, os primeiros frutos desse

    projeto.Comcertezafoiumcaminhoarduo

    para chegar ate aqui, mas e bastante

    gratificante, observar nesta publicaao a

    consolidaaodeideiasinovadorasvoltadas

    para a recuperaao de areas degradadas.

    Alem de ser o marco zero que permitira

    quantificarasmudanasqueocorreraono

    ambiente,incluiaindainformaoessobrea

    fo rma a o e de senvo lv imen to dos

    CorredoresEcologicos,quejacomearama

    serplantadoseiraoincorporarmaisquatro

    milhoes de arvores na regiao. Boa leitura

    paratodos.

    EduardoFranciaCarneiroCampello

    ChefeGeraldaEmbrapaAgrobiologia

    Mandatode2008a2013

  • Braslia,DF

    2014

    Parceiros: Apoio:

  • Exemplaresdestapublicaaopodemseradquiridosna:

    EmbrapaAgrobiologia

    RodoviaBR465,km7

    Seropedica,RJ

    CEP:23891-000

    Tel:(21)3441-1500

    Fax:(21)2682-1230

    www.cnpab.embrapa.br

    [email protected]

    EmbrapaFlorestas

    EstradadaRibeira,km111

    Colombo,PR

    CEP:83411-000

    Tel:(41)3675-5600

    Fax:(41)3675-5601

    www.cnpf.embrapa.br

    [email protected]

    EmbrapaSolos

    RuaJardimBotanico,1024

    JardimBotanico

    RiodeJaneiro,RJ

    CEP:22460-000

    Tel:(21)2179-4500

    Fax:(21)2274-5291

    www.cnps.embrapa.br

    [email protected]

    Unidadesresponsveispelocontedo

    EmbrapaAgrobiologia

    EmbrapaFlorestas

    EmbrapaSolos

    ComitedePublicaoesdaEmbrapaSolos

    Presidente

    DanielVidalPrez

    SecretarioExecutivo

    JacquelineSilvaRezendeMattos

    Membros

    AdemarBarrosdaSilva,CludiaRegina

    Delaia,MaurcioRizzatoCoelho,Elaine

    CristinaCardosoFidalgo,JoyceMaria

    GuimaresMonteiro,AnaPaulaDias

    Turetta,FabianodeCarvalhoBalieiro,

    QuitriaSniaCordeirodosSantos

    Unidaderesponsvelpelaedio

    EmbrapaSolos

    SupervisaoEditorial

    JacquelineSilvaRezendeMattos

    Revisaodetexto

    GersonFerracini

    (www.estruturaetexto.com)

    Normalizaaobibliografica

    RicardoArcanjodeLima

    Ilustraaodaaberturadoscaptulos

    AruanaHansel

    Capaeeditoraaoeletronica

    FelipeIlrioMuruciFimDesign

    Layoutsdosmapas

    DayseThompson

    Tratamentodasilustraoes

    IsabelleCristineMirandaLaureano

    1ediao

    1impressao(2014):1.000exemplares

    Todososdireitosreservados.

    Areproduaonaoautorizadadestapublicaao,notodoouemparte,

    constituiviolaaodosdireitosautorais(Lein9.610).

    DadosInternacionaisdeCatalogaonaPublicao(CIP)

    EmbrapaSolos

    MonitoramentodarevegetaaodoComperj:etapainicial/editorestecnicos:Rachel

    BardyPrado,ElaineCristinaCardosoFidalgoeAnneteBonnet.Braslia,DF:

    Embrapa,2014.

    350p.:il.;16cmx23cm.

    ISBN978-85-7035-101-2

    1. Monitoramento. 2. Indicadores ambientais. 3. Vegetaao. 4. A gua. 5. Solo. 6.

    Biodiversidade.I.Prado,RachelBardy.II.Fidalgo,ElaineCristinaCardoso.III.Bonnet,

    Annete. IV. Embrapa Agrobiologia. V. Embrapa Florestas. VI. Embrapa Solos.VII.

    UniversidadeFederaldoRiodeJaneiro.VIII.UniversidadedoEstadodoRiodeJaneiro.

    CDD(21.ed.)333.7

    Embrapa2014

  • EmpresaBrasileiradePesquisaAgropecuria

    EmbrapaAgrobiologia

    EmbrapaFlorestas

    EmbrapaSolos

    MinistriodaAgricultura,PecuriaeAbastecimento

    EditoresTcnicos

    RachelBardyPrado

    ElaineCristinaCardosoFidalgo

    AnneteBonnet

    MONITORAMENTODAREVEGETAAO

    DOCOMPERJ:ETAPAINICIAL

    Embrapa

    Braslia,DF

    2014

    UniversidadedoEstadodoRiodeJaneiro

    UniversidadeFederaldoRiodeJaneiro

  • Agradecimentos

    A PetrobrasetodaaequipedoCOMPERJquevemacreditandonosonho

    de conciliar aoes ambientais ao projeto de um Complexo

    Petroqumico.

    AosfuncionariosdaEmbrapaeinstituioesparceirasUniversidade

    FederaldoRiodeJaneiro(UFRJ)eUniversidadedoEstadodoRiode

    Janeiro (UERJ) que, direta ou indiretamente, participaram da etapa

    inicialdomonitoramento,auxiliandonacoleta,analiseeorganizaao

    dosdados.

    Ao coordenador do Projeto Corredor Ecologico Comperj, Alexander

    Silva de Resende, pelo incentivo e apoio contnuo na execuao do

    monitoramentoepelascontribuioesparaaorganizaaodestevolume.

    AosfuncionariosdaempresaDedalos,contratadapelaPetrobras,que

    auxiliaramnoslevantamentosdesolosedevegetaao.

    Ao engenheiro florestal Fernando Lima Aires Gonalves, pelo apoio

    tecnicoe logsticonos levantamentosdecampo.Aos tecnicosTelmo

    FelixeCarlosFernandodaCunha,daEmbrapaAgrobiologia,eFabiano

    deOliveiraAraujo,daEmbrapaSolos.

    A secretariaAndreiadaCunhade Jesus, pela intermediaao comos

    pesquisadores e com a Fundaao de Apoio a Pesquisa e ao

    Desenvolvimento(FAPED),facilitandooslevantamentosdecampo,a

  • aquisiao de material e equipamentos, a realizaao de eventos e a

    concretizaaodepublicaoesdiversas,incluindoadestevolume.

    AosfuncionariosdaFAPED,pelosuporteadministrativo.

    AMarioLuizDiamanteA glioeRicardodeOliveiraDart,peloapoioas

    atividades de geoprocessamento e sensoriamento remoto

    desenvolvidasnoNucleodeGeoinformaao(NGEO)daEmbrapaSolos.

    ARaulRigotoMonteiro,daPetrobras,queorganizouedisponibilizouos

    dadosplanialtimetricosdaareadoComperj.

    Atodososestagiarioseestudantesdegraduaaoepos-graduaaoque

    auxiliaramnaetapa inicialdomonitoramentoenaelaboraaodeste

    livro,bemcomoaosorgaosfinanciadoresdesuasbolsas.

  • Biografiadosautores

    AiltonSantana,Bilogo

    Mestrando em Ecologia, UFRJ, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,

    [email protected]

    AlessandrodePaulaSilva

    EngenheiroFlorestal,DoutorandoemCienciasAmbientaiseFlorestais,

    UFRRJ,Seropedica,RiodeJaneiro,[email protected]

    AlexanderSilvadeResende

    Engenheiro Florestal, Pesquisador em Recuperaao de A reas

    DegradadaseCiclagemdeCeN,EmbrapaAgrobiologia,Seropedica,Rio

    deJaneiro,[email protected]

    AlexandreOrtegaGonalves

    EngenheiroAgronomo,PesquisadoremAgrometeorologia,Embrapa

    Solos,RiodeJaneiro,RiodeJaneiro,[email protected]

    AlexandreUhlmann

    Biologo, Pesquisador em Florstica e Fitossociologia, Embrapa

    Florestas,Colombo,Parana,[email protected]

    AnneteBonnet

    Biologa,PesquisadoraemManejoConservaaoeUsodaFlora,Embrapa

    Pesca Aquicultura e Sistemas Agrcolas, Palmas, Tocantins,

    [email protected]

  • ArieneBasliodosSantos

    Biologa,BolsistaCTC-ACNPq,EmbrapaAgrobiologia,Seropedica,Rio

    deJaneiro,[email protected]

    BernadetedaConceioCarvalhoGomesPedreira

    Engenheira Agronoma, Pesquisadora em Planejamento e

    DesenvolvimentoRuralSustentavel,EmbrapaSolos,RiodeJaneiro,Rio

    deJaneiro,[email protected]

    BrunoJosRodriguesAlves

    Engenheiro Agronomo, Pesquisador em Ciclagem de Nutrientes,

    Embrapa Agrobiologia, Seropedica, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,

    [email protected]

    CarlosEduardodeViveirosGrelle

    Biologo,ProfessorAdjuntodoDepartamentodeEcologia,UFRJ,Riode

    Janeiro,RiodeJaneiro,[email protected]

    CarlosFernandodaCunha

    Tecnico, Embrapa Agrobiologia, Seropedica, Rio de Janeiro, carlos-

    [email protected]

    ChristianoPinheirodaSilva

    Biologo,MestreemEcologiaeEvoluao,UERJ,RiodeJaneiro,Riode

    Janeiro,[email protected]

    CludiadosReisFerreira

    EngenheiraAgronoma,MestreemAgronomia-CienciadoSolo,UFRRJ,

    Seropedica,RiodeJaneiro,[email protected].

    CludiaPozziJantalia

    EngenheiraAgronoma,PesquisadoraemMateriaOrganicadoSoloe

    CiclagemdeCeN,EmbrapaAgrobiologia,Seropedica,RiodeJaneiro,

    [email protected]

  • EduardoFranciaCarneiroCampello

    Engenheiro Florestal, Pesquisador em Recuperaao de A reas

    Degradadas, Embrapa Agrobiologia, Seropedica, Rio de Janeiro,

    [email protected]

    ElaineCristinaCardosoFidalgo

    Engenheira Agronoma, Pesquisadora em Planejamento e

    DesenvolvimentoRuralSustentavel,EmbrapaSolos,RiodeJaneiro,Rio

    deJaneiro,[email protected]

    ElianeMariaRibeirodaSilva

    EngenheiraFlorestal,PesquisadoraemFungosMicorrzicos,Embrapa

    Agrobiologia,Seropedica,RiodeJaneiro,[email protected]

    FabricioAugustoHansel

    Qumico,AnalistaemQumicaAnaltica,EmbrapaFlorestas,Colombo,

    Parana,[email protected]

    FernandoLimaAiresGonalves

    Engenheiro Florestal, Residente do Projeto Corredor Ecologico

    Comperj,Itabora,RiodeJaneiro,[email protected]

    FernandoZuchello

    EngenheiroAgronomo,DoutorandoemAgronomia,UFRRJ,Seropedica,

    RiodeJaneiro,[email protected]

    GuilhermeMontandonChaer

    Engenheiro Agronomo, Pesquisador em Microbiologia do Solo,

    Emb r a p a A g r o b i o l o g i a , S e r o p e d i c a , R i o d e J a n e i r o ,

    [email protected]

    GustavoRibasCurcio

    Engenheiro Agronomo, Pesquisador em Solos e Ambientes Fluviais,

    EmbrapaFlorestas,Colombo,Parana,[email protected]

  • JamileNehmedeAzevedo

    GraduandaemEngenhariaAgrcola,UFRRJ,Seropedica,RiodeJaneiro,

    [email protected]

    JooBoscoVasconcellosGomes

    Engenheiro Agronomo, Pesquisador em Classificaao e Genese de

    S o l o s , E m b r a p a F l o r e s t a s , C o l o m b o , P a r a n a ,

    [email protected]

    JoyceMariaGuimaresMonteiro

    Engenheira Agronoma, Pesquisadora em Planejamento Ambiental,

    E m b r a p a S o l o s , R i o d e J a n e i r o , R i o d e J a n e i r o ,

    [email protected]

    LilianedeSouzaSeixas

    Biologa,MestrandaemEcologiaeEvoluao,UERJ,RiodeJaneiro,Riode

    Janeiro,[email protected]

    MariaAlicedosSantosAlves

    Biologa,ProfessoraAdjuntadoDepartamentodeEcologia,UERJ,Riode

    Janeiro,RiodeJaneiro,[email protected]

    MariaElizabethFernandesCorreia

    Biologa, Pesquisadora em Fauna do Solo, Embrapa Agrobiologia,

    Seropedica,RiodeJaneiro,[email protected]

    MarianaIguatemy,Biloga

    Doutoranda em Ciencia, Tecnologia e Inovaao em Agropecuaria,

    UFRRJ,Seropedica,RiodeJaneiro,[email protected]

    MariellaCamardelliUzda

    Engenheira Agronoma, Pesquisadora em Ecologia da Paisagem e

    Agroecologia, Embrapa Agrobiologia, Seropedica, Rio de Janeiro,

    [email protected]

  • MaurcioBrandoVecchi

    Biologo,ProfessorVisitantedoDepartamentodeEcologia,UERJ,Riode

    Janeiro,RioJaneiro,[email protected]

    MicheleRibeiroRamos

    Engenheira Agronoma, Doutoranda em Engenharia Florestal, UFPR,

    Curitiba,Parana,[email protected]

    NadjhaRezendeVieira

    Biologa,ConsultoraemMeioAmbiente,RiodeJaneiro,RiodeJaneiro,

    [email protected]

    NicelleMendesOliveira

    GraduandaemEngenhariaFlorestal,UFRRJ,Seropedica,RiodeJaneiro,

    [email protected]

    RachelBardyPrado

    Biologa,PesquisadoraemGeotecnologiasAplicadasaoMonitoramento

    Ambiental, Embrapa Solos, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,

    [email protected]

    RafaelNogueiraScoriza

    Biologo, Mestre em Ciencias Ambientais e Florestais, UFRRJ,

    Seropedica,RiodeJaneiro,[email protected]

    RangelFeijdeAlmeida

    Graduando emAgronomia,UFRRJ eBolsista IC-PIBICpelaEmbrapa

    A g r o b i o l o g i a , S e r o p e d i c a , R i o d e J a n e i r o ,

    [email protected]

    ReginaldoHonorato

    GraduandoemCienciasBiologicas,UFRJ,RiodeJaneiro,RiodeJaneiro,

    [email protected]

  • RenatoAntonioDedecek

    EngenheiroAgronomo, PesquisadorAposentado emFsica de Solos,

    EmbrapaFlorestas,Colombo,Parana,[email protected]

    RenatoCrouzeilles

    Biologo,DoutorandoemEcologia,UFRJ,RiodeJaneiro,RiodeJaneiro,

    [email protected]

    RodrigoGrochoski

    Graduando em Engenharia Agronomica, UFPR, Curitiba, Parana,

    [email protected]

    SelenobaldoAlexinaldoCabraldeSant'anna

    Biologo,DoutorandoemAgronomia,UFRRJ,Seropedica,RiodeJaneiro,

    [email protected]

    SrgioGaiad

    EngenheiroFlorestal,PesquisadoremMicrobiologiadoSolo,Embrapa

    Florestas,Colombo,Parana,[email protected]

    VictorMarceloFernandes

    Biologo,UERJ,RiodeJaneiro,RioJaneiro,[email protected]

  • Prefcio

    A legislaao ambiental brasileira e internacionalmente

    reconhecida como uma boa ferramenta para que se viabilize um

    modelo de desenvolvimento economico em que seja igualmente

    efetivadaaconservaaodosrecursosnaturais.Noquedizrespeitoao

    processodelicenciamentoambiental,osorgaospublicosresponsaveis

    temdesempenhadoseupapelnaindicaaoefiscalizaaodasmedidas

    compensatorias e mitigadoras dos impactos inerentes aos

    empreendimentos responsaveis pelo desenvolvimento economico.

    Algumasempresas,entretanto,cientesdeseupotencialemcolaborar

    coma sociedade, enxergamnesse aspectomaisqueumaobrigaao:

    enxergamumaoportunidade!Estelivroe,assim,umprimeiroproduto

    deumaoportunidade.

    Umaoportunidadequecomeouaserconstrudacomavisao

    daPetrobrasembuscarumainstituiaocomaexperienciaeasolidezda

    Embrapaparaelaborarumprojetoquesugerissesoluoes.

    Uma oportunidade que se consolidou com a iniciativa da

    Embrapaementenderqueumatarefadetamanhoportenecessitavade

    umgrande esforode colaboraaomulti-institucional, envolvendo a

    participaaodediversoscentrosdepesquisadapropriaempresaede

    pesquisadoresdeuniversidadescomreconhecidaatuaao.

    Finalmente,umaoportunidadequeseconcretizoucomuma

    propostaque,maisquecorrigireventuaisimpactosambientais,visaa

    gerarconhecimento;umapropostaquecompreendequeasoluaopara

    questoesambientaisdeveserconstrudacomavisaodosmaisdiversos

    atores,comodialogoentreosaberacademicoeotradicional.

  • Para que, mais a frente, seja possvel saber se o caminho

    escolhido foi omais adequado, e fundamental conhecer de onde se

    partiu.E esteumdospropositosdasinformaoesapresentadasnesse

    volume,asquaisevidenciamqueoprojetoqueoraseiniciatempor

    propositoaconstruaodeumapaisagememqueavertenteambiental,a

    economicaeasocialestejaminseridosdeformaequilibrada.

    LuizFernandoDuartedeMoraes

    PesquisadordaEmbrapaAgrobiologia

    MembrodaRedeBrasileiradeRestauraaoEcologica

  • Apresentao

    Imaginemumlaboratoriodepesquisaaoarlivre,commaisde

    dois milhoes de metros quadrados, que permite a uma equipe

    multidisciplinardemaisde60pesquisadoresavaliaro impactoque

    aoesdereflorestamentocomespeciesnativasdaMataAtlanticapode

    tersobreindicadoresfsicos,qumicosebiologicosdosolo,daagua,da

    floraedafauna.

    Essesonhosaiudaimaginaaoecomeaasematerializarnas

    paginas deste livro: uma parceria entre a Empresa Brasileira de

    Pesquisa Agropecuaria (Embrapa), atraves de suas Unidades

    AgrobiologiaeSolos,ambaslocalizadasnoRiodeJaneiro,eaUnidade

    Florestas,noParana,comapoiodepesquisadoresdaUniversidadedo

    EstadodoRiodeJaneiro(UERJ)edaUniversidadeFederaldoRiode

    Janeiro(UFRJ),comfinanciamentodaPetrobras.

    Aspaginasdestevolumedelineiamumretratodoentornoda

    areaemqueseraimplantadoomaiorempreendimentojarealizadoem

    solo pela Petrobras: o Complexo Petroqumico do Rio de Janeiro

    (Comperj). A Petrobras adquiriu cerca de dois milhoes de metros

    quadradosadicionaisasuaareadeimplantaaoparaquesepudesse

    criarumaareaverde,recompondoavegetaaonativaepropiciandoum

    novomodelodeimplantaaodeempreendimentosdesseportenopas.

    AEmbrapasesentehonradaemfazerpartedessahistoria,que

    vai gerar diversas informaoes cientficas que possibilitaraomelhor

    entendercomoosmecanismosecologicossecorrelacionamquandose

    reflorestauma areaque foiutilizadaporquase500anossemquea

    questaoambientalfossepriorizada.

  • Estelivro,ummarcoinicialdecomoseencontravaaareaantes

    doreflorestamento,ereflexodemaisde100excursoesdeamostragem

    sistematizada em campo e constituira referencia para estudos

    posteriores, em que os diversos especialistas poderao trabalhar de

    forma integrada e entender o modo como seu objeto de estudo

    influencia e e influenciado pela mudana ambiental proveniente da

    transformaaodepastagenspoucoprodutivasemflorestanativa.

    Maisque isso,espera-sequeestevolumepossamarcaruma

    seriehistoricaemqueasquestoesambientaissaotratadasdeforma

    prioritaria, garantindo assim a nossos filhos e netos um ambiente

    inteiro,enaopelametade.

    AlexanderSilvadeResende

    PesquisadordaEmbrapaAgrobiologia

    CoordenadorgeraldoProjetoCorredorEcologicoComperj

  • 23

    37

    49

    65

    85

    103

    119

    SUMRIO

    Oambienteeomonitoramento

    Captulo1

    Compartimentaaodaspaisagens

    GustavoRibasCurcio,AnneteBonneteAlexanderSilvadeResende

    Captulo2

    Estrategiametodologicaparaomonitoramento

    ElaineCristinaCardosoFidalgo,RachelBardyPrado,AlexanderSilvade

    Resende, Gustavo Ribas Curcio, Guilherme Mantondon Chaer, Annete

    BonneteMariaElizabethFernandesCorreia

    Captulo3

    Umretratodousoecoberturadaterra

    Rachel Bardy Prado, Elaine Cristina Cardoso Fidalgo e Bernadete da

    ConceiaoCarvalhoGomesPedreira

    Captulo4

    Caracterizaaoclimatica

    AlexandreOrtegaGonalves

    Agua

    Captulo5

    A gua:umreflexodoambientedeentorno

    FabricioAugustoHanseleRachelBardyPrado

    Afsicaeaqumicadossolos

    Captulo6

    Atributosqumicosemineralogicosdossolos

    JoaoBoscoVasconcellosGomes,GustavoRibasCurcio,RenatoAntonio

    DedecekeMicheleRibeiroRamos

    Captulo7

    Caractersticasfsico-hdricasdossolos

    RenatoAntonioDedecek,MicheleRibeiroRamos,GustavoRibasCurcioe

    JoaoBoscoVasconcellosGomes

    ParteII

    ParteI

    ParteIII

  • Abiologiadossolos

    Captulo8

    Biodiversidade de fauna e fungos de solo nos fragmentos

    florestais

    MariaElizabethFernandesCorreia,RafaelNogueiraScoriza,Claudiados

    ReisFerreiraeElianeMariaRibeirodaSilva

    Captulo9

    Caracterizaaomicrobiologicadosolo

    GuilhermeMontandonChaer,SergioGaiad,ArieneBasliodosSantose

    RodrigoGrochoski

    Ocarbonodossolos

    Captulo10

    Biomassavegetalnasareasdepastagensenaserapilheiradas

    florestas

    Alessandro de Paula Silva, Fernando Lima Aires Gonalves, Jamile

    Nehme de Azevedo, Nicelle Mendes Oliveira, Claudia Pozzi Jantalia,

    EduardoFranciaCarneiroCampelloeAlexanderSilvadeResende

    Captulo11

    Imobilizaaodecarbononossolos

    GustavoRibasCurcio,MicheleRibeiroRamos,RenatoAntonioDedeceke

    JoaoBoscoVasconcellosGomes

    Captulo12

    Emissaodegasesdeefeitoestufaemsolossobflorestaesob

    pastagem

    JoyceMariaGuimaraesMonteiro,BrunoJoseRodriguesAlves,Fernando

    ZuchelloeSelenobaldoAlexinaldoCabraldeSant'anna,RangelFeijode

    Almeida

    Aflora

    Captulo13

    Acoberturavegetaldasflorestasepastagens

    AlexandreUhlmann,AnneteBonnet,GustavoRibasCurcio,Alessandro

    de Paula Silva, Fernando Lima Aires Gonalves e Alexander Silva de

    Resende

    Captulo14

    A presena de plantulas em fragmentos de vegetaao com

    diferentesnveisdeisolamento

    MariellaCamardelliUzedaeMarianaIguatemy

    141

    159

    177

    187

    207

    223

    245

    ParteIV

    ParteV

    ParteVI

  • Captulo15

    Epfitosvascularesesuadistribuiaonapaisagem

    Annete Bonnet, Carlos Fernando da Cunha, Gustavo Ribas Curcio,

    AlexanderSilvadeResende,FernandoLimaAiresGonalveseAlexandre

    Uhlmann

    Afauna

    Captulo16

    Aves em diferentes ambientes e sua importancia para a

    restauraaoflorestal

    MariaAlicedosSantosAlves,MaurcioBrandaoVecchi,LilianedeSouza

    Seixas,ChristianoPinheirodaSilvaeVictorMarceloFernandes

    Captulo17

    Mamferosemumapaisagemfragmentada

    CarlosEduardodeViveirosGrelle,ReginaldoHonorato,NadjhaRezende

    Vieira,AiltonSantanaeRenatoCrouzeilles

    Perspectivasdecontinuidade

    Captulo18

    Implicaoesdoinciodomonitoramentoeperspectivaspara

    suacontinuidade

    Annete Bonnet, Alexander Silva de Resende, Elaine Cristina Cardoso

    Fidalgo,RachelBardyPradoeGustavoRibasCurcio

    263

    281

    309

    325

    ParteVII

    ParteVIII

  • Aruana Hansel

    Oambientee

    omonitoramentoPARTEI

  • Introduo

    Nomunicpio fluminensede Itabora, situadona confluncia

    dasbaciashidrogrficasGuapi-MacacueCaceribu,regiolestedabaa

    deGuanabara,encontra-seemimplantaooComplexoPetroqumico1

    doRiodeJaneiro(Comperj) .Napartemaisbaixadessasbacias,que

    tambm abrangem os municpios de Guapimirim, Cachoeiras de

    Macacu, Rio Bonito, Tangu e So Gonalo, o empreendimento vem

    tomando forma em meio a morrotes de pequena envergadura,

    mesclando-se a plancies com diferentes abrangncias geogrficas,

    atualmentedrenadas.

    EmdireoscabeceirasdosriosGuapiau,MacacueCaceribu,

    em cotas altimtricas mais elevadas da serra dos rgos, so

    identificadas formaes florestais mais conservadas, inclusive com

    coberturasestpicasderarabelezaincrustadasnascumeeirasdessa

    serra. Esse mosaico de paisagens e os grandes fragmentos

    remanescentesdeMataAtlntica ali existentesestoprotegidospor

    diferentescategoriasdeUnidadesdeConservao(Figura1.1),asquais

    fazempartedoMosaicoCentralFluminensedeMataAtlntica.

    COMPARTIMENTAODASPAISAGENS

    GustavoRibasCurcio

    AnneteBonnet

    AlexanderSilvadeResende

    1

    NestaobraconsideramosareadasbaciashidrogrficasGuapi-Macacu(resultadodajuno

    artificialdosriosGuapiaueMacacu)eCaceribucomoaregioemqueselocalizaoComperj.23

  • Figura1.1.Im

    agemdosatliteLandsat5(2007)comlim

    itesdoComperj,dasbacias

    hidrogrficasGuapi-MacacueCaceribuedasUnidadesdeConservao.

    Fonte:adaptadodePedreiraetal.,2009.

    24

  • A cobertura vegetal original das bacias Guapi-Macacu e

    Caceribu, assim como o restante da Baixada Fluminense,

    essencialmente florestal, ou seja, apresenta elevado grau de

    diversidade, com expressiva relao entre seus organismos. As

    comunidades presentes nessas florestas esto distribudas em

    ambientes muito distintos entre si, configurando uma grande

    diversidade de ecossistemas, reunidos na unidade fitoecolgica

    FlorestaOmbrfilaDensa(IBGE,1992).Essaunidadesecaracterizapor

    rvoresearbustoscomfolhaspermanentes,tpicosdeambientescom

    chuvasbemdistribudaseelevadastemperaturasdurantetodo oano.

    Em coerncia com parmetros principalmente altitudinais, foi

    subdividida em Floresta de Terras Baixas, Floresta Submontana,

    FlorestaMontanaeFlorestaAltomontana(IBGE,1992).

    Na rea do Comperj prevalecem padres altitudinais que

    variamde5a50m.Poressarazo,acoberturavegetaldominantede

    Florestas de Terras Baixas, categoria que, segundo Amador (1997),

    constituifloratpicaderelevoscombaixacotaaltimtrica.NoComperj,

    essacoberturaestpresentenoapenasnaspaisagensdoTercirioedo

    Proterozoico,mastambmnasdoHoloceno.

    Ao longo de praticamente 500 anos de uso, osmecanismos

    integrados do desenvolvimento social e econmico da regio se

    ampliaram e se intensificaram cada vez mais, em detrimento da

    cobertura florestaloriginal.Esta foi sendogradualmente substituda

    pordiferentessistemasdeproduo,culminandocomoquadroatual,

    emque se observa elevado graudedegradao ambiental, restando

    poucosfragmentosflorestaisisolados,nenhumdosquais,semdvida,

    apresentatodososatributoscaractersticosdeflorestasprimrias.

    Paraqueostrabalhosdereconstruoflorestalpropostospela

    Embrapa, assim como as pesquisas relacionadas aomonitoramento,

    pudessemserimplantadoseadequadamenteconduzidos,apaisagem

    compreendida pelo Comperj foi compartimentada com base em

    caractersticas abiticas (geologia, geomorfologia e pedologia) e

    biticas (fitofisionomias e estdios sucessionais dos fragmentos

    florestais)esuasrelaes,procurando-seestabelecerumahierarquia

    dosfatoresquemaisinterferemnodesenvolvimentodasespcies.

    25

  • Noprocessodecompartimentao,partiu-sedacertezadeque

    a natureza possui uma diversidade de fatores de composio e

    processosextraordinrios,tantoque,namaioriadasvezes,concebida

    como uma trama de interatividades muito complexas e de difcil

    elucidao.Assim,sobopontodevistaabitico,emboraanaturezase

    apresente de forma totalmente assimtrica em sua composio,

    algumas caractersticas guardam certa similaridade em termos dos

    componentesrelacionadoscomsuaformao.Exemplosdissosoas

    descries morfolgicas de perfis de solos, que sempre incluem

    caractersticas da formao geolgica local associadas a algumas

    informaessobreacoberturavegetalprimitivaesobreotipodeusoa

    queosolofoieestsendosubmetido.Dessamaneira,relacionam-se

    alguns atributos e fases dos solos ao conjunto de informaes que

    explicitaadinmicadesuaexistncia.Damesmaforma,nocampoda

    geomorfologia h uma srie de elementos na paisagem que traduz,

    probabilisticamente,nososfatoresdecomposiorelacionadosa

    suaorigemesuasintercalaesaolongodotempo,masquesobretudo

    permiteinferir ocomportamentodasformasdosvolumesfrenteaos

    agentesdomodelamentopretritoeatual.

    Complementarmente, do ponto de vista bitico, embora a

    ocorrncia das coberturas vegetais se condicione dominantemente

    peloclima(CRAWLEY,1986),adistribuiodealgumasfitofisionomias,

    assimcomoograudedesenvolvimentodesuasespciesconstituintes,

    regida principalmente por atributos dos solos, especialmente pelos

    regimes hdricos destes. Por exemplo, reconhecida a grande

    seletividadeimpostavegetaopelohalomorfismo(presenadesais

    nosolo) (BRADY;WEIL,1999),oumesmopelosdiferentesgrausde

    hidromorfismo (presenade guano solo) (KOZLOWSKI, 1984).Do

    mesmo modo, em coerncia com o tipo e as caractersticas das

    fitofisionomiasexistentes,humacomposiofaunsticaquedeveser

    consideradaaoseprocederreconstruodaflorestaoriginal.

    Assim, para a citada compartimentao da paisagem,

    procurou-se estabelecer alguns critrios que pudessem guardar

    mximalegitimidadeemrelaoaosambientesexistentese,sobretudo,

    proporcionarmaiorsubsdiotcnicoparaareconstituioflorestalno

    Comperj.

    26

  • Figura1.2.Paisagemcomambientesdeencostaedeplancie.

    Foto:GustavoRibasCurcio.

    Oobjetivodesteestudoestabelecerumacompartimentao

    depaisagemqueidentifiqueambientesesubstratosdiferenciadospara

    aes de plantio de rvores nativas, assim como fundamentar os

    princpios bsicos para o monitoramento das funcionalidades

    ambientais edosnveisdedesenvolvimentodasdiferentes espcies

    nativasfrentediversidadedecondies,especialmentedosregimes

    hdricosdossolos.

    Descriodacompartimentao

    Para hierarquizar os fatores a serem levados em conta na

    compartimentao ambiental, foram contempladas caractersticas

    abiticasebiticas,iniciandopelasprimeiras.

    No universo abitico, foram considerados aspectos

    relacionadosgeologia,geomorfologiaepedologia.Dessamaneira,em

    um primeiro nvel abstracional, esta metodologia consistiu em

    subdividiraspaisagensdoComperjemdoisgrandescompartimentos:

    deplancieedeencosta(Figura1.2).

    27

  • A razo dessa subdiviso foi a de separar ambientes

    constitudosporsoloshidromrficoseno-hidromrficos,permitindo

    evidenciarcriteriosamentepaisagenssujeitas presenadeguaem

    abundncia,devidoconstantepresenadonvelfretico.

    Osambientesdeplancieforamnominadostalcomofiguram

    comumente em mapas geolgicos: ambientes de Quaternrio

    (Holoceno) .Osefeitosdaconstantevariaodolenolfreticosobrea2

    vegetaojustificamaseparaoentreosambientesdeplancieeos

    demais (CASANOVA; BROCK, 2000; MEDRI et al., 2002). Em

    concordnciacomessacolocao,LoboeJoly(2000)comentamquea

    diversidade florstica do estrato arbreo das florestas sujeitas a

    saturaohdricadosoloinversamenteproporcionalintensidade,

    duraoerecorrnciadoestresse.Nessecontexto,asadaptaesdas

    espcies interferem na variabilidade da cobertura vegetal

    (RODRIGUES;SHEPERD,2000).

    Paraexplicitarasvariaesexistentesdentrodasplanciesda

    readoComperj,sobretudoasvariaesnasaturaohdrica,cumpre

    levaremcontaquetrsclassesdesolosmineraisforamidentificadas:

    Gleissolos, Espodossolos e Cambissolos Flvicos, contendo as duas

    primeirasmaiorgraudehidromorfia.Aindanasplancies,comampla

    expressogeogrfica,foiconstatadaapresenadeAntropossolos.

    Os Gleissolos so volumes que possuem horizonte glei em

    subsuperfcie e que apresentam textura dominantementemdia ou

    argilosa, desenvolvidos emmeio presena de gua. Por efeito dos

    processosdereduo(gleizao),possuemcoresplidas,geralmente

    tendentessacinzentadas.Porsuavez,osEspodossolosexibemtextura

    dominantementearenosa,comsequnciadehorizontesA(superficial)

    ouE(subsuperficialeluvial)sobrehorizonteBespdico(subsuperficial

    iluvial),esteformadopelatranslocaodamatriaorgnica.Emrazo

    dosnveiselevadosdehidromorfia, relacionadosdiretamentecoma

    funcionalidade de recarga de aqufero livre, essas classes so

    consideradasdeextremavulnerabilidade.

    Os Cambissolos Flvicos, de textura mdia a argilosa, so

    formadossobcondiesemqueo lenol fretico frequentementese

    encontra mais rebaixado, propiciando a formao de horizonte B

    2

    Quaternrio:perodoqueseestendeatostemposatuaiseabrange1,6milhodeanos.

    OHolocenoenglobaosltimos10000anosdesseperodo.28

  • Figura1.3.AmbientesdeencostaemmorrotesdoTercirio(maisbaixos)

    edoProterozoico.

    Foto:GustavoRibasCurcio.

    incipiente.Noentanto,suaposiodeplancieosujeitaafrequentes

    inundaes,oqueotornaumsolodeelevadafragilidade.

    Almdostiposdesolosnaturaiscitados,foramidentificados

    volumesdeorigemessencialmenteantrpicaosAntropossolos.Esse

    tiporesultantededuaspossveisaesexecutadaspelohomemem

    tempos passados: retirada de horizontes superficiais arenosos dos

    Gleissolos edosEspodossolosou remobilizaode sedimentospela

    retificao do rio Macacu, com subsequente formao de seu atual

    diquemarginal.

    Em um segundo nvel abstracional procedeu-se a nova

    subdiviso,destavezsubcompartimentandoosambientesdeencosta

    conformeostiposderochapresentesnarea.Comissoseevidenciaram

    dois ambientes de encosta: as paisagens modeladas sobre rochas

    sedimentares pertencentes Formao Macacu (volumes do3

    Tercirio ) e as assentes sobre rochas metamrficas (gnaisses) da3

    FormaoSoFidlis(volumesdoProterozoico )(Figura1.3).

    3

    Tercirio:perodoqueseestendede1,6a65milhesdeanospassados.OProterozoicose

    estendede540milhesdeanosa2,5bilhesdeanos.29

  • Sobreambasasformaespredominamsolosmuitoprofundos,

    destacando-seLatossoloseArgissolos.Osprimeirossecaracterizam

    por um alto grau de evoluo pedogentica, com sequncia de

    horizontesmineraisA,B (Blatosslico)eC.Emrazodessegraudew

    evoluo, apresentam grande similaridade entre os horizontes

    subsuperficiais,compequenosacrscimosgraduaisdafraoargilaem

    profundidade,atingindodominantementetexturaargilosa.

    Emboradeelevadograudeevoluo,osArgissolosdaregiodo

    Comperjpossuemsequnciadehorizontes comdiferenas texturais

    expressivas, ou seja, acrscimos significativos da frao argila no

    horizonte B (B textural) em relao ao horizonte superficial. Esse

    incremento de argila impe grande vulnerabilidade ambiental, pela

    maiorsuscetibilidadeeroso.

    Embora essas duas classes de solos sejam identificadas em

    ambasaslitotipias(rochassedimentaresemetamrficas),hdiversas

    justificativas para compartimentar os ambientes de acordo com a

    provenincialitotpica.Algumasfeiesgeomrficasinerentesqueles

    tipos de rochas podem vir a ser protagonistas de diferenas na

    velocidade de reconstituio do ambiente florestal, sobretudo o

    comprimento e a declividadede rampa. Semdvida, estas variveis

    interferemnacapacidadedearmazenamentodeguapelosolo(SOUZA

    etal.,2002)enopotencialdeerosodaspaisagens.NaFormaoSo

    Fidlis(rochasmetamrficasdoProterozoico),rampascommaiores

    comprimentosedeclividadesexibemmaiorpotencialerosionaldoque

    rampasdaFormaoMacacu(rochassedimentaresdoTercirio).

    A justificativa principal para a compartimentao proposta

    reside,noentanto,nofatodequeossolosdesenvolvidossobrevolumes

    do Tercirio, dominantemente Latossolos Amarelos e Argissolos

    Amarelos,possuemhorizontescoesos(Figura1.4),volumesestesque

    apresentam certo grau de cimentao (SANTOS et al., 2006),

    apresentando-se,portanto,maisdensos(CINTRA,2001)ecommenor

    grau de permeabilidade (LIBARDI; MELO FILHO, 2001).

    Indubitavelmente, em paisagens assemelhadas, solos menos

    permeveissomaissujeitoseroso.

    30

  • Em razo desse atributo, considerou-se preponderante

    investigarseessetipodehorizontepodecausaralgumadiferenana

    reconstituio florestal, sobretudo com as intensidades de

    desenvolvimento das espcies arbreas nativas, uma vez que j se

    detectaram,porexemplo,diferenasnoestabelecimentodasrazesde

    fruteirasctricas(SOUZAetal.,2006).Ademais,possveisdiferenas

    nas caractersticas qumicas, como a capacidade de troca catinica4

    (CTC ),asaturaoporbases(V%)easaturaoporalumniotrocvel

    (m%), todas possivelmente relacionadas com distintos graus de

    resilincia ambiental, podem ser prospectadas com maior rigor,

    abrindoumanovaperspectivaparaaspesquisasaseremefetivadas.

    Aindanocontextoabitico,emumterceironveldeabstrao,

    estabeleceu-se uma nova subdiviso que secciona os ambientes de

    encostadoTercirioedoProterozoico(Figura1.5),subdividindo-os

    em trs subcompartimentos em correspondncia com o

    posicionamentonapaisagem(terossuperior,mdioeinferior),coma

    finalidadedesepararpossveisdiferenasnosteoresdeumidadedos

    solos. Dessa maneira, esperado que os solos que constituem as

    paisagensdeteroinferiordaencostaapresentemmaiorumidadeao

    longo do tempo do que os posicionados em tero superior, como

    4

    Capacidadedetrocacatinica(CTC)=Ca+Mg+K+Na+Al+H.

    Saturaoporbases=(Ca+Mg+K+Na)100/CTC.

    Saturaoporalumniotrocvel=100Al/Al+S(Ca+Mg+K+Na).

    Figura1.4.LatossoloAmareloDistrocoesotpico.

    Foto:GustavoRibasCurcio.

    31

  • Os anos de uso, sobretudo o mau manejo praticado nos

    sistemas produtivos, incorreram em forte degradao dos solos, a

    ponto de a influncia de alguns atributos ficar dissimulada. Nesse

    sentido, no s as espessuras do horizonte superficial se

    descaracterizaramemrelaoaseuposicionamentonapaisagem,mas

    omesmoocorreucomasaturaoporbaseseoteordecarbono,entre

    outros atributos. Ainda assim, foi considerada pertinente a

    compartimentao.

    Complementarmente, nova compartimentao (quarto nvel

    abstracional)foiempreendida,destavezcomenfoqueessencialmente

    bitico, separandoos ambientesde encosta comvegetao florestal

    daqueles que se encontram sob pastagens, portanto considerando

    aspectosfitofisionmicos(Figura1.6).

    verificadoporSouzaetal.(2006)emSapeau,municpiodoRecncavo

    Baiano. Sem dvida, distines nesse nvel tambm podem

    proporcionar diferenas no desenvolvimento de arbreas nativas,

    assim como gerar potenciais resilientes distintos, ou seja, ensejar

    melhorescondiesdedesenvolvimentotantodasespciesplantadas

    como daquelas que venham a ingressar naturalmente nesses

    ambientes.

    Figura1.5.Segmentaoambientaldeacordocomoposicionamento

    (ambientesdeencostaedeplancie).

    Ilustrao:GustavoRibasCurcio.

    32

  • Figura1.6.Paisagemcomflorestaepastagem,ambasemrelevosdoProterozoico.

    Foto:GustavoRibasCurcio.

    Cabe aqui uma ressalva, pois nos ambientes florestais,

    porquantofosseconstatadoapenasumestdiosucessional,podemser

    identificadas dinmicas sucessionais florestais distintas, tanto em

    planciescomoemencostas(Figura1.7),comodescreveoCaptulo13.

    Figura1.7.AmbienteflorestalemrelevodoProterozoico.

    Foto:GustavoRibasCurcio.

    33

  • Finalmente, os ambientes de plancie de Quaternrio

    (Holoceno)foramsubcategorizadoscombasenapresenadeduas

    coberturasvegetais:pastagemeformaoarbustiva.Noprimeirocaso,

    a vegetao essencialmente herbcea, enquanto no segundo h

    dominncia da melastomatcea Tibouchina moricandiana Baill.,

    caracterizandoumestdiosucessionalflorestalinicialemplancie.

    ATabela1.1eaFigura1.8sintetizamascompartimentaes

    adotadasparaaspaisagensdoComperj,considerandofatoresabiticos

    ebiticos.

    Tabela1.1.Compartimentaodepaisagens,critriosecompartimentosgerados.

    Compartimentao Critrios Compartimentos

    1.a tipo de paisagem plancie, encosta

    2.a derivao geolgica de encosta Proterozoico, Tercirio

    3.a posicionamento na encosta superior, mdio, inferior

    Figura1.8.Esquemadacompartimentaodaspaisagens.

    Consideraesfinais

    Acompartimentaopropostaserevestedevitalimportncia,

    poispossibilitamelhorentendimentodascaractersticasabiticasdas

    paisagens que constituem o Comperj, alm de possibilitar maior

    compreensodainteraoentreoscomponentesbiticoseabiticosda

    34

    4.a fitofisionomia floresta, pastagem, arbustiva

  • paisagem. Tambm indica uma hegemonia de nominaes para o

    trabalho de pesquisadores que se dedicam investigao e

    monitoramentodarevegetaoerestauraodasfuncionalidadesde

    ambientesnaturais.

    Referncias

    AMADOR,E.daS.BaadeGuanabaraeecossistemasperfifricos:

    homemenatureza.RiodeJaneiro:E.S.Amador,1997.539p.

    BRADY,N.C.;WEIL,R.R.Thenatureandpropertiesofsoils.12.ed.

    UpperSaddleRiver:PrenticeHall,1999.881p.

    CASANOVA,M.T.;BROCK,M.A.Howdodepth,durationandfrequency

    offloodinginfluencetheestablishmentofwetlandplantcommunities?

    PlantEcology,v.147,p.237-250,2000.

    CINTRA, F. L. D. Distribuio do sistema radicular na presena de

    horizontes coesos. In: WORKSHOP COESO EM SOLOS DOS

    TABULEIROS COSTEIROS, 2001, Aracaju,Anais... Aracaju: Embrapa

    Tabuleiros,2001.p.229-239.

    CRAWLEY,M.J.Thestructureofplantcommunities.In:CRAWLEY,M.J.

    PlantEcology.Oxford:BlakwellScientificPublications,1986.p3-50.

    IBGE. Manual tcnico da vegetao brasileira. Rio de Janeiro:

    DepartamentodeRecursosNaturaiseEstudosAmbientais,1992.92p.

    KOZLOWSKI, T. T. Responses of woody plants to flooding. In:

    KOZLOWSKI, T. T. Flooding and plant growth. Orlando: Academic

    PressInc.,1984.p129-163.

    LIBARDI,P.L.;MELOFILHO,J.F.de.In:WORKSHOPCOESOEMSOLOS

    DOS TABULEIROS COSTEIROS, 2001, Aracaju, Anais... Aracaju:

    EmbrapaTabuleiros,2001.p.193-227.

    35

  • LOBO,P.C.;JOLY,C.A.Aspectosecofisiolgicosdavegetaodemata

    ciliardosudoestedoBrasil.In:RODRIGUES,R.R.;LEITOFILHO,H.F.

    (Ed.).Matasciliares:conservaoerecuperao.SoPaulo:Edusp,

    2000.p.143-158.

    MEDRI,M. E.; BIANCHINI, E.; PIMENTA, J. A.; COLLI, S.;MLLER, C.

    Estudossobretoleranciaaoalagamentoemespciesarbreasnativas

    dabaciadorioTibagi.In:MEDRI,M.E.;BIANCHINI,E.;SHIBATTA,O.A.;

    PIMENTA,J.A.AbaciadorioTibagi.Londrina:Copyright,2002.p.133-

    172.

    PEDREIRA,B.daC.C.G.;FIDALGO,E.C.C.;PRADO,R.B.;FADUL,M.J.do

    A.;BASTOS,E.C.;SILVA,S.A.da;ZAINER,N.G.;PELUZO,J.Dinmicade

    usoecoberturadaterranasbaciashidrogrficasdeGuapi-Macacu

    eCaceribu-RJ.RiodeJaneiro:EmbrapaSolos,2009.65p.(Embrapa

    Solos.BoletimdePesquisaeDesenvolvimento,136).Disponvelem:

    .Acessoem:

    21dez.2009.

    RODRIGUES, R. R.; SHEPHERD, G. J. Fatores condicionantes da

    vegetaociliar.In:RODRIGUES,R.R.;LEITOFILHO,H.F.(Ed.).Matas

    ciliares:conservaoerecuperao.SoPaulo:Edusp,2000.p.101-

    107.

    SOUZA, L. S.; PAIVA A. Q.; SOUZA L. D.; COGO N. P. gua no solo

    influenciada pela posio na paisagem, em uma topossequncia de

    solosdetabuleirodoestadodaBahia.RevistaBrasileiradeCinciado

    Solo,v.26,p.843855,2002.

    SOUZA, L. D.; RIBEIRO, L. da S.; SOUZA, L. da S.; LEDO, C. A. da S.;

    SOBRINHO,A.P.daC.Distribuiodasrazesdoscitrosemfunoda

    profundidadedacovadeplantioemLatossoloAmarelodostabuleiros

    costeiros.RevistaBrasileiradeFruticultura,Jaboticabal,v.28,n.1,p.

    8791,2006.

    36

  • Introduo

    OComplexoPetroqumicodoRiodeJaneiro(Comperj)localiza-

    seemumapaisagemprofundamentealteradacomoresultadodelongo

    perodo de interveno antrpica, no qual se sucederam diversos

    sistemasdeproduoeexploraoquegeraramimpactosambientais

    negativos, principalmente desflorestamento, eroso e perda de

    fertilidadedossoloseretificaodecursosd'gua.Poroutrolado,como

    apontado no Captulo 1, a regio em que o empreendimento foi

    instaladocompostadeummosaicodeusosecoberturasdaterra,que

    incluem tambm grandes fragmentos remanescentes de Mata

    Atlntica, muitos dos quais protegidos na forma de Unidades de

    Conservao que compem o Mosaico Central Fluminense de Mata

    Atlntica.

    A rea doComperj se localiza entre os riosGuapi-Macacu e

    Caceribueamontantedamaiorextensodemanguezalremanescente

    nabaadeGuanabara,poroessaquefazpartedareadeProteo

    Ambiental Guapimirim. Portanto, o Comperj ocupa uma importante

    readeconexoentreosmaciosdareaserrana,osfragmentosda

    Baixada Fluminense e o manguezal. As aes do Projeto Corredor

    Ecolgico Comperj visam restabelecer a cobertura florestal e as

    funcionalidadesambientaispormeiodarevegetaodareaaoredor

    do empreendimento industrial. Espera-se que a estratgia de

    revegetaoadotadapelaEmbrapaeseusparceirospromova,emum

    Estratgiametodolgica

    paraomonitoramento

    ElaineCristinaCardosoFidalgo

    RachelBardyPrado

    AlexanderSilvadeResende

    GustavoRibasCrcio

    GuilhermeMantondonChaer

    AnneteBonnet

    MariaElizabethFernandesCorreia

    37

  • primeiro momento, o restabelecimento de funes primrias da

    vegetao,taiscomoacoberturae,consequentemente,ocontroledos

    processoserosivos,bemcomoproporcioneo recondicionamentodo

    solo,assegurandocomissomelhorescondiesdearmazenamentoe

    recargahidrolgicadosaquferos.Comoplantiodervores,pretende-

    setambmproporcionarcondiesmaisfavorveisparaareinsero

    docomponenteepifticoemreasmuitoempobrecidas.

    Alcanando-se maior estabilidade dos ambientes, outros

    importantes processos dos ecossistemas, como a ciclagem de

    nutrienteseaamplificaodabiodiversidade,seroimpulsionados.

    Para o acompanhamento dos resultados do projeto e a

    avaliaodaeficciade suasaes, foi implantadoumprogramade

    monitoramentoambiental.Esteseprestaaobter,aolongodotempo,

    dadoseinformaessobrevriostemasambientais,comoobjetivode

    avaliar qualitativa e quantitativamente as condies dos recursos

    naturaisemdeterminadomomentoeasalteraesnelesocorridasnos

    perodosanalisados,permitindoformularprognsticos.

    O monitoramento abrange diversos parmetros biticos e

    abiticos e seus resultados contribuem para a identificao de

    processosdedegradaoourecuperaoambiental,assimcomoparaa

    especificaodoslocaisemqueocorremedaintensidadeemquese

    processam.Omonitoramentouminstrumentofundamentalparao

    planejamento e conservao ambiental, auxiliando na definio de

    polticasediretrizes.

    Omonitoramentoseestenderpelosseteanosdeduraodo

    Projeto Corredor Ecolgico Comperj, envolvendo a coleta de dados

    relacionadosaostemassolo,gua,clima,usodaterra,floraefauna,os

    quais sero abordados nos captulos subsequentes. A estratgia de

    amostragemadotadavisaaobtenodedadosdetodosostemas,sua

    anlise integrada e a espacializao dos resultados, permitindo

    entender aspectos das relaes existentes em cada compartimento

    geolgico da rea do projeto (descritos no Captulo 1). Os dados

    integradostambmpoderoserextrapoladosparaasbaciasCaceribue

    Guapi-Macacuemlocaisqueapresentemcondiesambientaiseusos

    deterrasimilares,eassimsubsidiaraesderecuperaoambiental

    emtodaaregio.

    38

  • Estratgiaamostral

    A estratgia amostral para o monitoramento foi traada

    considerando-se a compartimentao da paisagem do Comperj,

    esquematizada na Figura 2.1 e descrita no Captulo 1. A

    compartimentao foi realizada em quatro nveis distintos, desde a

    divisodaspaisagenssegundosuasfeiesdeencostaeplancie,ata

    distino entre as fisionomias da cobertura vegetal (florestas,

    formaesarbustivasepastagens).Nasreasdepastagemforamainda

    consideradasduasformasdereestruturaodasflorestas:atravsdo

    plantiodemudasedaregeneraonaturaldasespciesflorestais.Para

    cadacondio,abrangendoosquatronveisdecompartimentaoeos

    doistiposde intervenoemreasdepastagem, foramselecionadas

    duasreasdeamostragem.Aexceoparaessaseleodereasforam

    as pastagens do compartimento Quaternrio, nas quais no haver

    plantio de mudas, mas apenas acompanhamento da regenerao

    natural. Dessa forma, selecionaram-se 16 reas de amostragem,

    perfazendo40parcelasdeamostragem.Asreasdeamostragem,seus

    compartimentoserespectivoscdigossoapresentadasnaTabela2.1.

    SuadistribuioapresentadanaFigura2.2.Oslocaisdeamostragem

    foram georreferenciados com auxlio de instrumentos GPS (Global

    PositioningSystem).

    Figura2.1.Compartimentaodapaisagemeestratgiaderevegetaoadotadascomobase

    paraadefiniodomonitoramento.

    39

  • Tabela2.1.Cdigosdasparcelasdeamostragemecaractersticascorrespondentess

    compartimentaes.

    40

    Compartimento

    geolgico

    Fitofisionomia

    e interveno

    rea de

    amostragem

    Posio

    (tero da

    encosta)

    Proterozoico

    Floresta

    1

    superior

    mdio

    inferior

    2

    superior

    mdio

    inferior

    Pastagem,

    regenerao

    natural

    1

    superior

    mdio

    inferior

    2

    superior

    mdio

    inferior

    Pastagem,

    plantio de

    mudas

    1

    superior

    mdio

    inferior

    2

    superior

    mdio

    inferior

    Tercirio

    Floresta

    1

    superior

    mdio

    inferior

    2

    superior

    mdio

    inferior

    Pastagem,

    regenerao

    natural

    1

    superior

    mdio

    inferior

    2

    superior

    mdio

    inferior

    Pastagem,

    plantio de

    mudas

    1

    superior

    mdio

    inferior

    2

    superior

    mdio

    inferior

    Quaternrio

    regenerao natural

    1

    2

    Formao

    arbustiva

    1

    2

    Cdigo

    PF1S

    PF1M

    PF1I

    PF2S

    PF2M

    PF2I

    PN1S

    PN1M

    PN1I

    PN2S

    PN2M

    PN2I

    PI1S

    PI1M

    PI1I

    PI2S

    PI2M

    PI2I

    TF1S

    TF1M

    TF1I

    TF2S

    TF2M

    TF2I

    TN1S

    TN1M

    TN1I

    TN2S

    TN2M

    TN2I

    TI1S

    TI1M

    TI1I

    TI2S

    TI2M

    TI2I

    QN1

    QN2

    QT1

    QT2

    Pastagem,

  • A coleta de amostras compreende trs fases. A primeira

    amostragem(Tempo0,ouT0),cujosresultadossoapresentadosneste

    volume,ocorreunosprimeirosanosdeexecuodoprojeto,de2009a

    2011.Osresultadosdessaamostragemrefletemascondiesatuaisdo

    ambiente,resultantesdohistricodeusodaterrae,maisrecentemente,

    do uso nas antigas propriedades rurais estabelecidas no local. A

    segundaetapadeamostragem(Tempo1,ouT1),previstapara2013,no

    quintoanodoprojeto,representaumintervaloaproximadodetrsanos

    apsoinciodasintervenesvoltadasreestruturaodasflorestas

    por meio do plantio de mudas. A terceira etapa (Tempo 2, ou T2)

    Figura2.2.Locaisamostradosparamonitoramento,emcomposiodeimagensde30de

    junhode2009dosatliteQuickBird.

    41

  • ocorrer no stimo ano do projeto, representando um intervalo de

    aproximadamentecincoanosapsoinciodasatividades.

    O delineamento amostral para o monitoramento de alguns

    parmetros ambientais foi diferenciado em razo de caractersticas

    particulares. Isso ocorreu no caso das anlises de atributos e

    caractersticas qumicas, fsicas e de matria orgnica dos solos

    (Captulos6,7e11),davegetaoepifticaedeplntulasdeespcies

    arbreas(Captulos14e15),dagua(Captulo5)edaavifaunaede

    pequenosmamferos(Captulos16e17).

    Para a caracterizao dos solos da rea do Comperj, foram

    abertosperfiscomplementares,adicionaisaosperfisabertosnoslocais

    deamostragemcomunsaosdemaisestudos(Tabela2.2eFigura2.2).

    No compartimento Proterozoico, os perfis complementares foram

    analisadosemumaencostasobpastagem,considerandoseusteros

    superior,mdioeinferior.NoTercirio,perfiscomplementaresforam

    analisados em duas reas distintas, uma sob floresta e outra sob

    pastagem,levando-seemcontacadaumanastrsposiesaolongoda

    encosta. J no compartimento Quaternrio, os perfis amostrais

    complementaresforamanalisadosembaciasdeinundaonointerior

    darea(doisperfis)enoslimitesdareadoComperj,nasmargensdo

    rioGuapi-Macacu(trsperfis).

    Tabela2.2.Amostrascomplementaresdesolosesuascaractersticas.

    42

    Compartimento

    geolgico

    Nome de

    referncia Fitofisionomia

    Posio

    (tero da

    encosta)

    Nmero

    do

    perfil

    Proterozoico Morro das Antenas Pastagem

    superior 1

    mdio 2

    inferior 3

    Tercirio

    Morro do Empurro Pastagem

    superior 12

    mdio 13

    inferior 14

    Cambar da gleba 7 Floresta

    superior 34

    mdio 35

    inferior 33

    Quaternrio

    Interior da rea

    Pastagem

    plancie alada 18

    Plancie do rio Guapi-

    Macacu

    bacia de

    inundao 19

    Plancie do rio Guapi-

    Macacu dique marginal 20

    Plancie do rio Guapi-

    Macacu terrao 21

    Interior da rea plancie 23

  • Para caracterizar a vegetao epiftica, foram feitos

    levantamentos florsticos em toda a rea do Comperj e em seus

    arredores.Esseslevantamentossubsidiaramaescolhadasreaspara

    monitoramentoeconsistiramemobservaesgeraisdasrvoresque

    possuam algum epfito. Paramonitoramento dessas plantas, foram

    selecionadasseisreascomunsaosdemaisestudos,sendoquatrode

    floresta, nos compartimentos Proterozoico e Tercirio, e duas com

    formaoarbustiva,nocompartimentoQuaternrio(Tabela2.1).

    As plntulas presentes nas florestas dos fragmentos sero

    monitoradasdentroeforadareadoComperj,oquemotivadopela

    necessidade de consolidao do conhecimento sobre o efeito que a

    matriz da paisagem exerce sobre a capacidade de regenerao dos

    fragmentos.QuatrofragmentosestolocalizadosnareadoComperj,

    sendo trs comuns aos demais estudos e um selecionado do

    compartimentoTercirio,denominadoPistadeConcreto(Figura2.3).

    OutrosdoisfragmentossoexternosaoComperj,masaindanoslimites

    dabaciahidrogrficaGuapi-Macacu.Ambosestoassentessobresolos

    derivadosderochasdoTercirio.

    43

  • Omonitoramentodaqualidadedaguafoirealizadoemdois

    crregossituadosnareaexperimental.Umdeles(crrego1)localiza-

    se integralmente, desde a nascente, na rea doComperj; o segundo

    (crrego 2) situa-se na poro oeste da rea experimental, fazendo

    divisacomareaexternadocomplexo.Aqualidadedaguafoiavaliada

    emtrspontosemcadacorpod'gua:P01,P02eP03,nocrrego1,e

    P04,P05eP06,nocrrego2(Figura2.4).

    Figura2.3.Locaisamostradosparamonitoramentodeplntulas,emcomposiodeimagens

    de2deagostode2007dosatliteTMLandsat5.

    44

  • Oslocaisdeamostragemdeavesemamferosforamescolhidos

    deacordocomotipodeusoecoberturadosolo,umavezqueesses

    animaisestomaisestritamenteassociadosaessascaractersticasdo

    que propriamente aos compartimentos geolgicos. Alm disso, tais

    espcies no respondem a pequenas diferenas de altitude, o que

    descartaanecessidadededistinguirosterosdasencostasnareade

    estudo.Emvisitadereconhecimentoaolocal,foramselecionadasseis

    reas para amostragem, constituindo duas rplicas de trs tipos de

    ambiente: floresta, plancie e pastagem (Figura 2.5). Os locais de

    amostragem situados em floresta, denominados Fl1 e Fl2,

    correspondem aos locais de monitoramento conjunto identificados

    Figura2.4.Locaisamostradosparamonitoramentodaqualidadedegua,emcomposio

    deimagensde30dejunhode2009dosatliteQuickBird.

    45

  • comoPF1(Proterozoico)eTF2(Tercirio),respectivamente.Oslocais

    de amostragem situados em pastagem, denominados Pa1 e Pa2,

    correspondem aos locais identificados no monitoramento conjunto

    comoPI1ePN1(ambosnoProterozoico), respectivamente.Asduas

    reasdeplancieforamdenominadasPl1ePl2,havendopredomniode

    arbustosdeTibouchinamoricandianaBaill.(quaresmeira)naprimeira

    e de pastagem na segunda. Os locais amostrados compreendem

    transecescompontosdecoletadistanciados200mumdooutro.Na

    Figura2.5estorepresentadostodosospontosdecoletaeoincioe

    finaldecadatranseco.

    Figura2.5.Locaisdeamostragemdeavesepequenosmamferos,emcomposio

    deimagensde30dejunhode2009dosatliteQuickBird.

    46

  • Consideraesfinais

    Monitoramentosqueintegramdiversostemas,comooadotado

    noProjetoCorredorEcolgicoComperj, requeremumdelineamento

    amostralcomum,quepermitaqueosdadosobtidossejamanalisados

    de forma integrada.Esse requisito fundamentalparaque sepossa

    compreenderograuderestabelecimentodafuncionalidadeambiental

    dareaestudada.Aestratgiametodolgicaadotadatempotencialpara

    ser reproduzida e adaptada a outras regies do Brasil para

    monitoramentodesituaessimilares.

    Osdadossobreosdiversostemasambientais,obtidosaolongo

    doprojeto,estosendoorganizadosemumabasededados,etapaessa

    essencialparaosucessodomonitoramento.Aissoseagregaousode

    ferramentas de geoprocessamento e sensoriamento remoto, que

    viabilizam a espacializao de informaes que auxiliam o

    planejamentodasatividadesdessemonitoramento.

    47

  • 48

  • Introduo

    Aapropriaoeopovoamentodaregioemqueselocalizao

    ComplexoPetroqumicodoRiode Janeiro (Comperj)constituemum

    processoqueremontaameadosdosculoXVI,comoestabelecimento

    definitivodoscolonizadoresportugueseseafundaodacidadedoRio

    de Janeiro (CABRAL, 2004). Em torno da capela de Santo Antnio,

    construdaem1612,desenvolveu-seoprimeironcleodepovoamento,

    que dispunha de agricultura prspera, o que contribuiu para sua

    elevao categoria de freguesia de Santo Antnio de Casseribu

    (CARVALHO,1993).Em1697,afreguesiafoielevadaavila,denominada

    SantoAntniodeS.Aevoluohistricadaregiodeixoumarcasna

    readoComperj,entreelasasrunasdoconventodeSoBoaventurade

    Macacu,fundadoem1660eumdoscincomaisantigosdopas.

    Trata-sedeumaregioqueaolongodotempovivenciouvrios

    ciclos econmicos e agrcolas, como o extrativismomadeireiro e os

    ciclosdocafedacana-de-acar,assimcomooperodoemquese

    destacaramasolarias,aindapresentesemalgunsmunicpios.

    NosculoXVIII,asatividadeseconmicasconsistiamnocultivo

    decana-de-acar(parafabricaodeacareaguardente),deanilede

    gneros alimentcios, assim como no comrcio de lenha, madeira e

    carvo (SANTOS, 1974). A estrutura porturia, urbana e comercial

    surgidanabaixadadaGuanabaraemrespostacana-de-acar,acabou

    servindotambmaociclodeexploraomineral.

    Umretratodousoecoberturadaterra

    RachelBardyPrado

    ElaineCristinaCardosoFidalgo

    BernadetedaConceioCarvalhoGomesPedreira

    49

  • Como os engenhos necessitavam de gado bovino para as

    moendas e para o transporte da cana, as fazendas reservavam as

    extensasreasdebrejos,cobertasporvegetaodecamposnaturais,

    para a pecuria. Dos vales extraa-se a tabatinga, argila propcia

    fabricao de telhas e tijolos em pequenas e primitivas olarias

    (MACHADO;CASTRO,1997).

    Umsurtodeproduocafeeiraocorreunaregiodemeadosda

    dcadade1840atoinciodosanos1870,impulsionadopeloaumento

    dopreodesseprodutonomercadointernacional.Ocrescimentoda

    produodecafexigiumaiorcapacidadedetransportedecarga,oque

    promoveu a construo de ferrovias que permitissem escoar a

    produodoaltodaserra.OsvalesdosriosMacacueCaceribuforam

    atravessadosporumaconsidervelmalhaferroviria,responsvelpor

    importantesmudanasnadinmicaregional(CARVALHO,1993).

    Osalagamentosperidicosnaturaisnessaregioocasionaram

    vriasepidemias,que,associadascriseaucareira,cafeeiraede

    modeobra(estaltimadevidaaofimdaescravido),contriburam

    paraumgradativodesinteresseeabandonodasterrasporparcelados

    grandesproprietrios.

    Adecadnciadosengenhosdeacarlevouaoinvestimentoem

    outrasatividadeseconmicas,dentreelasaproduodelaranjas,que

    valorizouasterraseprovocouafragmentaodealgumasfazendasem

    lotesdepequenosstios.Aolongodosegundoeterceiroquartisdo

    sculoXX,ocultivodesseprodutochegouatornar-seoprincipalitem

    da pauta de arrecadao fluminense, anteriormente ocupada pelo

    acarepelocaf(GEIGER,1956).

    No final do sculo XIX, nas reas alagveis dessas bacias

    (ambientedeplanciesdescritonoCaptulo1),tiveramincioasobras

    de drenagem e retificao dos rios Macacu, Guapiau e Caceribu.

    Juntamente com essas obras voltadas ao saneamento, foram

    construdasrodovias,comoaatualBR-101,queligaoRiodeJaneiro

    regiodosLagos.Issocontribuiudeformadecisivaparaqueousoea

    colonizaodasterrasdaregiosealterassemsignificativamente.

    A partir da, ampliou-se a ocupao, por pequenas

    propriedades,dasreasdrenadas,nasquaistiveramincioasculturas

    anuais (incluindo a mandioca, o feijo e o milho) e perenes

    50

  • (principalmente a laranja), fosse para subsistncia ou para

    comercializao e suprimento de parte do mercado consumidor da

    cidade do Rio de Janeiro (MACHADO; CASTRO, 1997). Apesar das

    grandes transformaes por que passaram, essas atividades

    econmicasaindaprosseguemnaregio.

    OlocalescolhidoparaaimplantaodoComperjpertencia,em

    suamaiorparte,antigaFazendaMacacu,cujaprincipalatividadeeraa

    pecuria leiteira, seguidado cultivode ctricos.Almdessa fazenda,

    muitaspequenaschcaras,principalmentedeveraneio,faziamparteda

    rea.Osprincipaistiposdeusoecoberturadaterrapresentesnoincio

    daimplantaodoempreendimentoerampastagense,emcertasreas,

    cultivosdecocoectricos,oraabandonados,almdepequenasreas

    denominadas quintais, locais contguos s moradias nos quais se

    cultivavamalgumasespciesfrutferas.

    Para o acompanhamento das mudanas no entorno das

    instalaesdoempreendimento,eenfatizandoorestabelecimentoda

    vegetao,vem-semonitorandoousoecoberturadaterranareado

    Comperjutilizandoimagensdealtaresoluoprovenientesdesatlites.

    Os resultados desse monitoramento, configurados em

    diferentesformatos(mapas,descriesequantificaesdasclassesde

    uso e cobertura da terra), e a identificaodasmudanas ocorridas

    proporcionammaiorseguranaparaoplanejamentoinicialdetalhado

    dasaesdoProjetoCorredorEcolgicoComperjporexemplo,na

    seleodeespciesvegetaisedemodelosderevegetao,assimcomo

    naestimativadaquantidadedemudasdervoresedemodeobra

    necessriasparaesseplantio.Auxiliam,portanto,tambmnapreviso

    dos custos da interveno e na delimitao de reas em que sero

    instaladasasvitrinestecnolgicasedemaiscomponentesdeeducao

    ambientaletransfernciadetecnologia.

    Aolongodoprojeto,omapeamentodousoecoberturadaterra

    do Comperj em diferentes perodos tambm proporcionar apoio

    identificaodereasquenoestiveremrespondendoadequadamente

    sintervenes,permitindooredirecionamentodasaes.

    O objetivo deste captulo apresentar as principais

    caractersticas e fazeromapeamentono sdousoeocupaodas

    terras, mas tambm da situao do marco inicial (Tempo 0) do

    51

  • monitoramentodareadeintervenodoprojeto.

    Mtodos

    Asprincipaisetapasestabelecidasparaomapeamentodousoe

    coberturadaterraforam:

    organizao da base cartogrfica em formato digital e de todo o

    material de apoio em uma base de dados georreferenciada (com

    informaoespacialassociada);

    seleodaimagemdesatlitedealtaresoluoaserutilizada;

    aplicaodeferramentasdeprocessamentodigitaldeimagenspara

    identificaoemapeamentodasclassesdeusoecoberturadaterra;

    definio das classes de uso e cobertura da terra a comporem a

    legendadomapaaserobtido;

    levantamentoemcampoparaidentificaoeverificaodepadres

    dasclassesmapeadas;

    elaboraodemapaemescala1:10000;e

    clculodareadecadaclasse.

    Osdadosdabasecartogrficautilizadosforamoconjuntode

    fotografias areas obtido antes do incio da terraplanagem e

    informaesfornecidaspelaPetrobrasreferentesaoslimitesdarea,

    suahidrografia,curvasdenvelepontoscotados.Essesdadosforam

    reunidosemumabasedigitalempregando-seosistemadeinformao

    geogrfica (SIG) ArcGIS, da ESRI. O uso desses sistemas otimiza a

    organizaodosdadosespaciaisaseremutilizados,bemcomoparasua

    integrao,permitindoapresent-losnaformademapasquefacilitem

    a tomada de decises no planejamento e acompanhamento das

    atividadesrelacionadasrevegetaodarea.

    Selecionou-se uma imagem de alta resoluo do satlite

    QuickBird,de30de junhode2009,queabrangetodaaextensodo

    Comperj. Essa imagem, de resoluo espacial de2,40m, permitiu a

    elaboraodeummapafinalemescala1:10000.

    A opo pelo uso de imagem de alta resoluo deve-se s

    vantagensdessatecnologia.Amelhorresoluoespacialpermitiuqueo

    mapeamentodousoecoberturadaterranoComperjfosseexecutado

    52

  • emmaiorescala,ouseja,commaiordetalhamento.Mesmoasclassesde2

    usoecoberturadaterradepequenasdimenses(maioresque256m ,

    reaconsideradamnimaparaomapeamento)puderamsermapeadas,

    permitindomaiorprecisoemtermosdeidentificao,caracterizaoe

    posicionamentodasreasdeinteressenoespao,bemcomopreciso

    doclculodesuaextenso.Almdisso,apossibilidadedeobtercom

    frequncia imagens de alta resoluo possibilita acompanhar as

    mudanasocorridasaolongodotempo,condiofundamentalparao

    monitoramentodadinmicadousoecoberturadaterra.

    Para o processamento digital da imagem, foi utilizado o

    programa ENVI, verso 4.5 (licena adquirida em 2008 com apoio

    financeiro da Fundao de Amparo Pesquisa do Estado do Rio de

    Janeiro). O processamento incluiu georreferenciamento, ou seja, as

    imagenstiveramsuascoordenadasgeogrficasajustadasutilizando-se

    comorefernciaascoordenadasgeogrficasdoconjuntodefotografias

    areasdareadoComperj.Emseguida, foramaplicadas tcnicasde

    classificao automtica de imagens, visando-se obter o melhor

    resultadonaidentificaoedelimitaodasclassesdosdiversosusose

    coberturasdaterra.

    Asclassesdeusoecoberturaassimmapeadasforamdefinidas

    com base na legislao e em mapeamentos anteriores realizados

    especificamenteparaessaregio(PEDREIRAetal.,2007a,2007b,2009

    a,2009b;FIDALGOetal.,2008e2010).

    Um refinamento do mapeamento foi obtido utilizando-se

    informaesprovenientesdeumlevantamentodecampoempreendido

    em6e7demaiode2010paraseconheceremaspectosdarealidade

    localedadistribuioespacialdosdiferentesusosecoberturasdaterra

    na rea de estudo, assim como para sanar dvidas referentes

    interpretaovisualdas imagens, coletarpontos amostraisdeusoe

    coberturada terraegerar informaesatualizadasparaalimentara

    basededadosgeorreferenciadadoprojeto.Ospontosamostraisforam

    registrados com auxlio de um aparelho GPS (Global Positioning

    System)eoslocaisforamfotografados.Nototal,visitaram-se43pontos

    distribudos de forma a representar as diferentes classes de uso e

    coberturadaterranarea(Figura3.1).Osresultadosforaminseridos

    na base de dados georreferenciada do projeto, de forma que esta

    53

  • inclusse os pontos numerados, a classe observada em campo, a

    identificaodasfotosdolocaleobservaesadicionais.

    Umavezreunidasbasededadosasinformaesobtidasem

    campo, procedeu-se a todos os ajustes e correes necessrios

    elaboraodomapadeusoecoberturadaterraemescala1:10000eao

    clculodasextensesdetodasasclassesmapeadas.

    54

  • Figura3.1.Pontosvisitadosnafasedeverificaodecampo(emlaranja),sobrecomposio

    deimagensde30dejunhode2009dosatliteQuickBird.

    55

  • Figura3.2.ClassesdeusoecoberturadaterramapeadasnoComperj.

    Fotos:RachelBardyPrado,ElaineCristinaCardosoFidalgoeBernadetedaConceio

    CarvalhoGomes.

    Resultadosediscusso

    Foram mapeadas nove classes de uso e cobertura da terra

    (Figura 3.2, de a at h). A vegetao presente na rea do Projeto

    CorredorEcolgicoComperjdetalhadanosCaptulos13,14e15.

    A

    B

    C

    D

    E E

    F F

    G H

    56

  • Classesdeusoecoberturadaterra

    a) Vegetaoemregenerao(Figura3.2a):Refere-sevegetaoem

    estgio de regenerao mdio e inicial. Apresenta fisionomia

    arbustivaouarbrea,dosselabertoeporvezescobertoporum

    emaranhadodelianas,cominciodediferenciaoemestratose

    surgimentodeespciesdesombra.Aalturamdiadasrvoresvaria

    de5a10m,comindivduosemergentesdeat18m;aserapilheira

    estporvezespresente,assimcomoplntulasealgumasespcies

    de sub-bosque; as trepadeiras, quando registradas, so

    predominantementelenhosas(Captulo13).Nestaclassetambm

    foramincludasreasdevegetaocompredomniodeGochnatia

    polymorpha(Less.)Cabrera(cambar)eTibouchinamoricandiana

    Baill. (Figura 3.2b), de forma adensada. Tais reas apresentam

    predomnio de arbustos e piso florestal composto de espcies

    herbceas, com cobertura aberta, presena de espcies

    predominantemente helifitas e ausncia de sub-bosque. A

    serapilheira, quando existente, forma uma camada fina e pouco

    decomposta.Asepfitassoraras,maspodemocorrertrepadeiras.

    G. polymorpha predomina nas encostas dos compartimentos

    Tercirio e Proterozoico e T. moricandiana nas plancies do

    Quaternrio(Captulo13).Ambassoespcieslenhosascomaltura

    mdiadeat3m,decrescimentorpidoeciclobiolgicocurto.

    b) Pastagem(Figura3.2c):Compreendereascobertasporvegetao

    herbcea rasteira que foram submetidas a diferentes tipos de

    manejo,nosendoatualmenteutilizadasematividadepecuria.

    Nesta classe tambm foram includos os campos higrfilos, que

    apresentamsolos semi-hidromrficosdevido ao afloramentodo

    lenolfreticoemalgunsperodosdoano.

    c) Pasto sujo (Figura 3.2d):Abrange reas cobertas por vegetao

    herbceaentremeadacomvegetaoarbustiva.Emgeral,soreas

    de pastagem abandonadas nas quais teve incio o processo de

    sucessodavegetaonativa.Nestaclasseforamincludasreas

    com presena de indivduos esparsos de cambar (Gochnatia

    polymorpha)e tambmarbustos esparsos, entre eles assa-peixe

    (Vernonia sp.) e Tibouchina moricandiana, comuns nos campos

    57

  • higrfilosdaregio.

    d) rea agrcola (Figura 3.2e): Consiste em pequenas glebas de

    culturasperenesdecoco(CocosnuciferaL.)ecitros(Citrusspp.)

    queatualmenteencontram-seabandonadas.

    e) Soloexposto(Figura3.2f):Compreendeareaemqueestsendo

    executadaaterraplanagemparaconstruodoempreendimento,

    reasqueapresentamprocessoserosivosereasdegradadaspor

    intervenesantrpicas.

    f) Corpo hdrico (Figura 3.2g): Corresponde a reas ocupadas por

    lagos, muitas delas nas proximidades de quintais de antigas

    residncias que hoje encontram-se abandonados. Amaioria dos

    corposhdricosencontra-seemestadoavanadodeassoreamento

    eeutrofizao.

    g) Quintal(Figura3.2h):Abrangereasprximasaantigasresidncias

    (atualmente demolidas no todo ou em parte), com presena de

    rvoresfrutferasetambmespciesarbreasearbustivas,nativas

    ou exticas, utilizadas para lenha, cercas-vivas ou outras

    finalidades. Tambm foram includos nesta classe locais com

    resquciosderesidnciaseoutrasconstruescorrespondentesa

    chcaras,stiosefazendasdesapropriados.

    h) Sombra:reasdepaisagemsombreadaspelorelevoou,emalguns

    casos,porrvoresdemaiorporte.

    58

  • Figura3.3.UsoecoberturadaterranareadoComperjem2009.

    59

  • Aanlisedasreasdecadaclassedeusoecobertura(Tabela3.1

    eFigura3.3)revelaque,nareatotalmapeada(4449,18ha),prevalece

    acategoria'Pastagem',constitudaporextensesatualmentesemusoe

    compredomniodegramneasbastantedesenvolvidas,jqueogadofoi

    delasretiradoapsasdesapropriaes.reasdessaclasseencontram-

    sedistribudasaolongodetodaareamapeada,commaiorpredomnio

    naparteoeste.Aclasse'Pastosujo',queperfazmaisde2%dototal,

    apresenta-se associada rea da categoria 'Pastagem' na forma de

    pequenasmanchas,caracterizando-sepormaiortempodeabandonoe

    presenadevegetaoherbceaentremeadacomvegetaoarbustiva

    esparsa.EstaclassemaispresentenaporolestedoComperj,naqual

    asaesderevegetaodoprojetoestoseiniciando.

    Tabela3.1.reasdasclassesdeusoecoberturadaterradoComperjem2009.

    A segundamaior classe em extenso foi a de 'Solo exposto'

    (29,91%), pelo fato de abranger majoritariamente a rea de

    terraplanagemdoempreendimento.Emboraareacorrespondente

    terraplanagemdoComperjtenhasidomapeadacomo'SoloExposto',o

    propsito do mapeamento dessa classe foi identificar na rea de

    intervenodoprojetoaocorrnciadesoloexpostosituadoaqumda

    terraplanagem,ondeessaclassetempequenaexpresso.Aolongodo

    tempo,sebuscarintervirnessasreascommanejoadequadodosolo,

    visando-se controlar processos erosivos que comprometem a

    qualidadedosoloedaguaeque,senorevertidos,podemdificultarou

    Classe rea (m2

    ) rea percentual

    Pastagem 2 620,49 58,90

    Solo exposto 1 330,93 29,91

    Vegetao em regenerao 207,94 4,68

    Pasto sujo 118,73 2,67

    rea agrcola 111,89 2,51

    Corpo hdrico 23,53 0,53

    Quintal 29,96 0,67

    Sombra 5,71 0,13

    Total 4 449,18 100,00

    60

  • impediroprocessoderegeneraooucrescimentodavegetao.

    Menos de 5% da rea do Comperj encontra-se coberta por

    vegetaodeMataAtlnticaemestgiomdioeinicialderegenerao

    (Tabela 3.1). Essa classe abrange principalmente dois fragmentos

    florestais, sendo o demaior extenso conhecido popularmente por

    MatadaAntigaFazendaMacumba.Paraesse local foram levadosos

    exemplares de fauna capturados por aes de resgate aps a

    desapropriaodasterraseinciodasobrasdoempreendimento.Tais

    fragmentos devero ser mantidos ou enriquecidos no processo de

    interveno do projeto, visando-se o restabelecimento da

    funcionalidadeambiental,bemcomoaconectividadeentreesteseos

    demaisfragmentosvizinhosreadoComperj.Aclasse'Vegetaoem

    regenerao' concentra-se na poro leste do Comperj, bem como

    dentrodopermetrodosetorindustrialdoempreendimento,emsua

    poro norte. A classe 'rea agrcola' corresponde a 2,51%do total

    (Tabela 3.1) e constituda por reas de cultivo de citros e coco,

    predominantementelocalizadasnaantigaFazendaMacacu,naporo

    oestedoComperj.Notrabalhodeverificaoterrestre,constatou-se

    queasplantaesdecitrosjeramraras,substitudasemsuamaior

    parteporoutrasespciesarbustivas.Na imagemdesatlite,porm,

    essasreaspuderamseridentificadaspelopadrodeplantioemlinhas.

    Aclasse'Quintal',totalizandomenosde1%dareamapeada

    (Tabela3.1),diferenciou-senoprocessodemapeamentopor conter

    espcies frutferas e outras espcies arbreas de grande porte e

    arbustivas, tanto nativas quanto exticas. Algumas dessas reas

    apresentamgrandepotencialparaenriquecimento,podendoservirde

    vitrineaosvisitantesdoprojeto.Essaclasseapresenta-senaformade

    pequenospolgonosdistribudospredominantementenaporoleste

    doComperj.

    Aclasse'Corpohdrico'correspondeu,emsuamaiorparte,a

    lagos de diferentes tamanhos, remanescentes de antigas chcaras e

    outras propriedades, perfazendo menos de 1% da rea mapeada

    (Tabela 3.1). Uma grande rea alagada formada pelas obras da

    indstria,naporonorte,foitambmclassificadacomocorpohdrico.

    Muitos lagos encontram-se em processo de assoreamento e

    eutrofizao, configurando uma tendncia reduo de suas

    61

  • dimenses at o completo desaparecimento ao longo dos anos, se

    mantidas as condies atuais. A qualidade da gua na rea de

    intervenodoprojetodiscutidanoCaptulo5.

    Consideraesfinais

    Aimagemdealtaresoluopermitiubomgraudedetalhepara

    omapeamentodousoecoberturadaterradoComperjeprecisono

    clculo de reas, revelando-se como ferramenta essencial para

    subsidiar o planejamento das aes de interveno e demais

    monitoramentosdoProjetoCorredorEcolgicoComperj.

    Averificaoemcampofoifundamentalparaaconfirmaodas

    classesadotadas,poispermitiuidentificarpadresecorrigirerrosde

    interpretao.

    Omapeamentomostrouopredomniodepastagensnareade

    estudo em 2009, com presena de poucos e pequenos fragmentos

    florestaisemregenerao,evidenciandoanecessidadedeinterveno

    parapromoverorestabelecimentodasfuncionalidadesambientaisda

    readestinadarevegetao.

    Referncias

    CABRAL, D. C. Produtores rurais e indstria madeireira no Rio de

    JaneirodofinaldosculoXVIIIevidnciasempricasparaaregiodo

    valedoMacacu.Ambiente&Sociedade,SoPaulo,v.7,n.2,p.126-143,

    2004.

    CARVALHO,J.AstransformaesdosusosdaterraemCachoeiras

    deMacacu. 1993. 167 f. Tese (Doutorado) - Instituto de Geografia,

    UniversidadeFederalFluminense,Niteri.

    FIDALGO,E.C.C.;PEDREIRA,B.C.C.G.;ABREU,M.B.;MOURA,I.B.;

    GODOY,M.D.P.Usoecoberturadaterranabaciahidrogrficadorio

    Guapi-Macacu.RiodeJaneiro:EmbrapaSolos,2008.(EmbrapaSolos.

    Documentos,105).

    62

  • FIDALGO,E.C.C.;PEDREIRA,B.C.C.G.;PRADO,R.B.;ARAJO,R.S.

    MapadeusoecoberturadaterradoComplexoPetroqumicodo

    RiodeJaneiro.RiodeJaneiro:EmbrapaSolos,2010.Escala1:15.000.

    GEIGER, P. P.; MESQUITA, M. G. C. Estudos rurais da baixada

    fluminense (1951-1953). IBGE: Rio de Janeiro, 1956. (Biblioteca

    GeogrficaBrasileira,12).

    MACHADO, L.; CASTRO, B.Gente do Caceribu, sua geografia, sua

    histria: diagnstico scio-econmico da bacia do Caceribu. Rio de

    Janeiro:IBG,1997.

    PEDREIRA,B.C.C.G.; FIDALGO,E.C.C.;ABREU,M.B.Propostade

    legendaparaomapeamentodousoecoberturadaterranabacia

    hidrogrficadorioMacacu.RiodeJaneiro:EmbrapaSolos,2007a.

    (EmbrapaSolos.Documentos,91).

    PEDREIRA,B.C.C.G.;ABREU,M.B.;FIDALGO,E.C.C.Mapadeusoe

    coberturadaterradabaciahidrogrficadorioGuapi-Macacu,RJ.

    RiodeJaneiro:EmbrapaSolos,2007b.Escala1:50.000.

    PEDREIRA,B.C.C.G.;FIDALGO,E.C.C.;PRADO,R.B.Mapadeusoe

    coberturadaterranasbaciashidrogrficasdosriosGuapi-Macacu

    eCaceribuem2007.Riode Janeiro: EmbrapaSolos,2009a.Escala

    1:50000.

    PEDREIRA,B.C.C.G.;FIDALGO,E.C.C.;PRADO,R.B.;FADUL,M. J.;

    BASTOS,E.C.;SILVA,S.A.;ZAINER,N.G.;PELUZO,J.Dinmicadeusoe

    coberturada terranas bacias hidrogrficas doGuapi-Macacu e

    CaceribuRJ.RiodeJaneiro:EmbrapaSolos,2009b.(EmbrapaSolos.

    BoletimdePesquisaeDesenvolvimento,136).

    SANTOS,A.M.VidaeconmicadeItaboranosculoXIX.1974.248f.

    Dissertao (Mestrado) - Instituto de Filosofia e CinciasHumanas,

    UniversidadeFederalFluminense,Niteri.

    63

  • 64

  • Introduo

    Podemosdefinirclimacomoasucessohabitualdostiposde

    tempometeorolgicoemdeterminadolocaldasuperfcieterrestre,

    sendotempooconjuntodevaloresdosfenmenosmeteorolgicosque,

    emdadomomentoe certo lugar, caracterizamoestadoatmosfrico.

    Dessemodo,oclima,configuradopelosfatoresfsicosdeumaregio,

    elemento essencial para a anlise dos potenciais naturais, da

    organizao regional das atividades econmicas e sociais e do

    desenvolvimentodavegetao.

    A partir de dados obtidos em postos de observao

    meteorolgicadereferncia,determinam-sevaloresmdioseextremos

    de elementos meteorolgicos que permitem classificar e avaliar o

    comportamento do clima durante determinado perodo e em

    determinadaregio.

    Elementosmeteorolgicoscomoradiaosolar,temperaturae

    umidade relativadoareprecipitaopluviomtrica, almdoprvio

    conhecimentodesuadinmicaaolongodotempo,desempenhampapel

    importantenoplanejamentodeatividadesnosdomeiorural,mas

    tambmdourbano,comoexpemPittoneDomingos(2004),Roseiro

    (2002),Anjos,NeryeMartins(2002)eNs(1989).

    Para uso dos recursos naturais de uma regio, torna-se

    necessriooconhecimentodosregimestrmicoehdricoedainterao

    entre estes. Calcular o balano hdrico climtico da regio uma

    Caracterizaoclimtica

    AlexandreOrtegaGonalves

    65

  • maneiraeficazdeconheceressainterao.

    Oclculodobalanohdricoclimtico,mtodoclimatolgico

    introduzidoporThornthwaite(1948)eaprimoradoporThornthwaite

    e Mather (1955), consiste em efetuar a contabilidade de gua em

    relao a uma dada superfcie vegetada, computando-se

    sistematicamentetodososganhoseperdas.Consideram-seganhosas

    contribuies devidas precipitao pluviomtrica e perdas as

    ocasionadaspelaevapotranspiraoreal.

    Decises quanto necessidade de irrigao, de tcnicas

    culturais para conservao da umidade, de estudos das aptides

    agroclimticasdeumaregioedeprevisesdesafrassoalgumasdas

    vriassituaesquesebeneficiamdoconhecimentodasvariaesda

    disponibilidadedeguanosolomedianteoclculodobalanohdrico.

    SegundoaFoodandAgricultureOrganization(FAO,1990),osestudos

    debalanohdricosoteisparacaracterizaroclimadeumaregioou

    reaetornam-sefundamentaisnaetapadedefinioeplanejamentode

    prioridadesagrcolasenaformulaodeprojetosdepesquisa.

    Este estudo tem por objetivo apresentar informaes

    meteorolgicas sobre a rea do Complexo Petroqumico do Rio de

    Janeiro (Comperj), no municpio de Itabora. Espera-se com essas

    informaessubsidiarestudoseaesqueenvolvamprincipalmenteo

    plantio de mudas de espcies arbreas e epifticas, cujo sucesso

    bastante dependente de adequado conhecimento das condies

    climticas.Asinformaesmeteorolgicastambmpodemauxiliarno

    planejamentodasaesdemonitoramentoenainterpretaodeseus

    resultados, comoporexemplonaanlisedaqualidadedos recursos

    hdricosedosparmetrosmicrobiolgicosdosoloenaestimativade

    perdadesolos.

    Mtodos

    Nosedispedesrieslongasdedadosclimticossobrearea

    do Comperj. Tal lacuna requereu que se empreendesse pesquisa

    bibliogrficaparalevantarinformaesquepermitissemestabelecer

    osvaloresmdiosdasvariveisclimticasdaregio.

    66

  • Temperaturadoar

    Alatitudeeaaltitudesoresponsveisporgrandesvariaes

    detemperatura.NoestadodoRiodeJaneiro,particularmente,orelevo

    acentuadoempartesignificativadoterritriofazcomqueaaltitudeseja

    fatordeterminantedosvaloresdetemperatura.

    Considerando-se a inexistncia de dados mensurados de

    temperaturadoarnareadeestudoemsriescommaisde30anos,

    optou-se pelo uso de equaes e modelos matemticos capazes de

    estimar seus valores. Para tanto, utilizou-se o programa Radiasol,

    verso2.0,desenvolvidopelaUniversidadeFederaldoRioGrandedo

    Sul (UFRGS, 2010), que permite estimar valoresmdios,mnimos e

    mximosmensaisdetemperaturadoarparadiversaslocalidadesdo

    pasmedianteinserodecoordenadasgeogrficasealtitudes.

    Precipitaopluviomtrica

    Assimcomoparaatemperaturadoar,tampoucosedispede

    sries longas de precipitao para a rea de estudo. Isso requereu

    utilizar os valores mdios referentes a trs postos pluviomtricos

    (Tabela4.1)da regiodo empreendimento (mdiasponderadasdas

    distncias entre cada posto e o ponto central do Comperj, de

    coordenadas 2240'S e 4250'40''W). Empregaram-se dados de

    precipitao pluviomtrica referentes ao perodo 1968-2009,

    fornecidospelaAgnciaNacionaldeguas(ANA).

    Tabela4.1.Coordenadas(emgrausdecimais)dospostospluviomtricosdaregiodo

    Comperjconsideradosnoestudodaprecipitaopluviomtrica.

    Para o clculo dos eventos extremos, utilizou-se a mesma

    matriz de dados de precipitao pluviomtrica, porm em sua

    totalidadeesemponderaopordistncia,considerando-seosvalores

    Posto Latitude Longitude

    Fazenda do Carmo 22,438 42,767

    Fazenda So Joaquim 22,441 42,622

    Japuba 25,550 42,698

    67

  • mximosencontradoacadams.

    Foram definidos como dias de chuva aqueles em que a

    precipitaopluviomtricafoiigualousuperiora1mmemtodosos

    trspostos.Oclculofoifeitomsamseaofinalcomputou-seamdia

    dessesvaloresnoperodofocalizado.

    Radiaosolar

    Os valores mdios de radiao solar foram simulados

    utilizando-seoprogramaRadiasol,queempregaumarotinabaseada

    eminformaesmeteorolgicasdesuperfciedetodooBrasilcoletadas

    pelo InstitutoNacional deMeteorologia (Inmet) e interpola valores

    paraopontodesejado,combasenalatitudeelongitudedefinidaspelo

    usurio.NoComperj, foiutilizadooponto centraldescritona seo

    anterior.

    Umidaderelativadoar

    Devidofaltadedadoshistricosdeumidaderelativadoardo

    municpiodeItabora,utilizaram-sevaloressimuladoscomoprograma

    Radiasolparaascoordenadasdopontocentral(jreferido)dareado

    Comperj.

    Balanohdrico

    ObalanohdricofoicalculadocomomtododeThornthwaite

    e Mather (1955), utilizando-se procedimentos computacionais

    elaboradosporRolimeSentelhas(1999),considerandocomo100mm

    a capacidade de armazenamento de gua no solo. Os dados de

    temperatura do ar empregados no clculo foram estimados com o

    programa Radiasol. A evapotranspirao potencial (EP) mensal foi

    calculadapelomtododeThornthwaite (1948).Contabilizando-sea

    precipitaoea evapotranspiraode referncia (THORNTHWAITE;

    MATHER, 1955), foram estimadas a evapotranspirao real, a

    deficinciahdrica(DEF)eoexcedentehdrico(EXC)paracadaano.Os

    valoresdessesltimosparmetrospermitiramobterondicehdrico

    68

  • (IH),ondicedeumidade(IU)eondicedearidez(IA),pormeiodas

    seguintesexpresses:

    IH=(100EXC60DEF)/EP

    IU=(100EXC)/EP

    IA=(100DEF)/EP

    Classificaoclimtica

    Adotou-se a classificao climtica de Kppen (1948), com

    algoritmoautomatizadoelaboradoporGonalvesetal.(2005).

    Resultadosediscusso

    Regimetrmico

    AtemperaturamdiaanualestimadaparaareadoComperj

    de21,4C(Tabela4.2).Aamplitudetrmicaregistradaemcadaumdos

    trspostospluviomtricosvarioude8,0a9,8C.

    Tabela4.2.Temperaturasdoarmximas,mnimasemdiasestimadasparaareado

    Comperjaolongodoano.

    Ms Mxima (C) C) C) Mnima ( Mdia (

    jan 29,0 20,6 24,2

    fev 29,7 20,8 24,5

    mar 29,0 20,4 23,9

    abr 26,9 18,6 22,0

    mai 25,6 16,5 20,1

    jun 24,1 14,8 18,6

    jul 23,9 14,3 18,2

    ago 24,8 15,0 19,0

    set 24,7 16,1 19,7

    out 25,6 17,6 21,0

    nov 26,8 18,8 22,3

    dez 27,8 19,7 23,3

    Mdia anual 26,5 17,8 21,4

    69

  • Asmaiorestemperaturasmdiasdoarocorremnoperodode

    dezembro a fevereiro, sendo fevereiro o ms que apresenta maior

    temperaturamximamdia(29,7C).Emjunhoejulhoastemperaturas

    mdiassoasmaisbaixas(emtornode18C),commnimamdiade

    14,3C.

    Regimepluviomtrico

    DadaaextensodoestadodoRiodeJaneiroeumrelevocom

    acentuadas diferenas em grande parte de seu territrio, o regime

    pluviomtrico apresenta grande diversidade. No entanto, h

    caractersticascomunsapraticamente todasasregies fluminenses.

    Umadelasaexistnciadedoisperodosbemdefinidos:umchuvosono

    vero e outro seco no inverno. Outra que a quase totalidade da

    precipitao concentra-se em seis ou sete meses do ano (outubro-

    abril),sendooquadrimestredezembro-maroresponsvelpormaisde

    50%dototalanual(ANDRetal.,2008).

    Deza25diasaoano,ouporvezescommaiordurao,ocorreo

    fenmenoregionalmenteconhecidocomoveranico,duranteoqual

    no h precipitao durante o perodo chuvoso. O fenmeno, que

    normalmente se verifica em janeiro e/ou fevereiro, coincide com a

    ocorrncia de temperaturas elevadas e, consequentemente, de

    evapotranspiraotambmpronunciada(ANTUNES,1986).

    70

  • Verifica-senaTabela4.3que,emtermosmdios,osmesesmais

    chuvosossonovembro,dezembroejaneiro,com181,213e210mmde

    precipitao,respectivamente.Somados,essesvaloresperfazem41%

    dototalanual.Porsuavez,asmenoresprecipitaesmdiasocorremde

    junhoaagosto,sendojunhoomsemqueessamdiamenor(47mm).

    Ototalmdioanualdeprecipitaopluviomtrica,considerando-seos

    dadosobtidospelospostospluviomtricoslistadosnaTabela4.1,foide

    1463mm.

    Diasdechuva

    Nem sempre o total de chuva precipitado, considerado

    isoladamente,umbomparmetroparaavaliarseadisponibilidade

    hdricaemdeterminadoperodo suficienteparaoatendimentode

    atividades de plantio, como o de mudas de espcies arbreas. J o

    nmero de dias de chuva proporciona indicaes da intensidade da

    precipitaoaolongodoperodoestudado.Comoobjetivodemelhor

    avaliar adisponibilidadehdricapara a regio, calculou-se a relao

    entreaprecipitaopluviomtricatotaleonmerodediasdechuvaao

    longodoano(Figura4.1).

    Tabela4.3.Precipitaespluviomtricasmensaismximas,mnimasemdiasnareado

    Comperjnoperodo1968-2009.

    Ms

    Mxima

    (mm)

    Mnima

    (mm)

    Mdia

    (mm)

    Mxima em

    24 h (mm)

    jan 454 78 210 224

    fev 294 8 150 168

    mar 339 29 158 144

    abr 208 27 117 138

    mai 190 19 81 130

    jun 190 10 47 77

    jul 124 5 52 90

    ago 126 5 56 83

    set 222 14 90 83

    out 233 52 106 117

    nov 314 50 181 191

    dez 392 113 213 442

    71

  • Emjaneiro,fevereiroemaro,perodoemqueaprecipitao

    pluviomtricatotal,de518mm,sedistribuiuem42dias,ataxamdia1

    diria de chuva foi de 12,3 mm dia . J para o segundo trimestre

    chuvoso, abrangendo maro, abril e maio, essa taxa alcanou1

    10,3mmdia ,tendo-seemcontaumaprecipitaototalde356mm

    distribuda em34dias de chuva.No terceiro trimestre considerado

    parafinsdesteestudo(junho,julhoeagosto),ataxamdiadiminuiu1

    para5,8mmdia ,omaisbaixovalordoperodo,comprecipitaototal

    de155mme27diaschuvosos.Paraoquartotrimestre,aprecipitao

    pluviomtricafoide500mm,distribuindo-seem41dias,resultando1

    em uma taxa mdia de 12,2 mm dia . Tais resultados mostram a

    distribuio,aolongodoano,doseventosdechuvaacumuladospor

    ms. Outro resultado interessante a distribuio dos eventos

    extremosdiriosdechuvaemfunodeintervalosdefrequnciade5,

    10,20e100mm(Figura4.2).

    Figura4.1.Relaoentreprecipitaopluviomtricamdiatotalnopontocentralenmero

    dediasdechuvaaolongodoanonostrspostospluviomtricosnaregiodoComperj.

    72

  • Figura4.2.Distribuiodeeventosextremosdeprecipitaopluviomtricanoperodo

    1968-2009nostrspostospluviomtricosnaregiodoComperj.

    Constata-sequeamaiorpartedoseventosextremos(cercade

    40%)caracteriza-seporumintervalode40-60mmdechuvaemumdia;

    j chuvas com intensidadediria superior a 100mmocorreramem

    aproximadamente15%doscasos.

    Aassociaodessesdadoscomparmetroshdricosdosolo,

    comoataxadeinfiltrao,permiteummelhorplanejamentodeaes

    decampo,incluindoopreparodosolo,oplantiodemudaseomanejo

    ps-plantio.

    Radiaosolar

    A temperatura do ar est intr