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Olá Coordenadoras e equipe dos Centros de Formação! Nada melhor do que um E-mail de Sexta para retomarmos a comunicação e o acompanhamento aos Centros de Formação neste segundo semestre, não? Esse informativo de Setembro pretende propiciar a discussão sobre os critérios de seleção para compra de livros de literatura infantil. A ideia é convidar as equipes a refletir sobre seus atuais critérios e também, incentivar a criação de novos critérios. Mas, por que ter critérios para a escolha de livros infantis? Todos os anos as editoras publicam milhares de livros infantis. Assim, podemos pensar: É impossível conhecer todo este acervo! Ou, ainda, perguntar: Será preciso conhecer todos estes livros? Mais importante que conhecer uma enorme quantidade de livros é ter critérios de seleção. Deste modo, a escolha não estará relacionada à capa bonita ou às propaganda das editoras. Para fomentar o assunto, apresentamos os critérios de avaliação utilizados por importantes instituições relacionadas ao livro infantil e convidamos todas as equipes a analisar esses e outros critérios em seus acervos do Centro de Formação. Para acompanhar nosso E-mail de Sexta, um varal sobre livros de literatura adulta e seus personagens que vivem nas nossas prateleiras, mas, também, em nosso imaginário. Desejamos a todas as equipes uma boa leitura! E-mail de Sexta COMO ESCOLHER LIVROS INFANTIS PARA AMPLIAÇÃO DO ACERVO? Sexta-feira, Setembro de 2011 Ilustrações Silvana Rando

E-mail de Sexta · Regina Zilberman em seu livro Literatura Infantil Brasileira: História e histórias. Na opinião de alguns especialistas, podem ser classificadas como as primeiras

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Page 1: E-mail de Sexta · Regina Zilberman em seu livro Literatura Infantil Brasileira: História e histórias. Na opinião de alguns especialistas, podem ser classificadas como as primeiras

Olá Coordenadoras e equipe dos Centros de Formação! Nada melhor do que um E-mail de Sexta para retomarmos a comunicação e o acompanhamento aos Centros de Formação neste segundo semestre, não? Esse informativo de Setembro pretende propiciar a discussão sobre os critérios de seleção para compra de livros de literatura infantil. A ideia é convidar as equipes a refletir sobre seus atuais critérios e também, incentivar a criação de novos critérios. Mas, por que ter critérios para a escolha de livros infantis? Todos os anos as editoras publicam milhares de livros infantis. Assim, podemos pensar: É impossível conhecer todo este acervo! Ou, ainda, perguntar: Será preciso conhecer todos estes livros? Mais importante que conhecer uma enorme quantidade de livros é ter critérios de seleção. Deste modo, a escolha não estará relacionada à capa bonita ou às propaganda das editoras. Para fomentar o assunto, apresentamos os critérios de avaliação utilizados por importantes instituições relacionadas ao livro infantil e convidamos todas as equipes a analisar esses e outros critérios em seus acervos do Centro de Formação. Para acompanhar nosso E-mail de Sexta, um varal sobre livros de literatura adulta e seus personagens que vivem nas nossas prateleiras, mas, também, em nosso imaginário. Desejamos a todas as equipes uma boa leitura!

E-mail de Sexta

COMO ESCOLHER LIVROS INFANTIS

PARA AMPLIAÇÃO DO ACERVO?

Sexta-feira, Setembro de 2011

Ilustrações Silvana Rando

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A HISTÓRIA DO LIVRO INFANTIL Para dar início à nossa reflexão sobre critérios para escolha de livros infantis, vamos fazer uma breve viagem às origens da literatura infantil no mundo e à criação do livro infantil no Brasil. PANORAMA DA LITERATURA INFANTIL “Antes não se escrevia para as crianças, porque não existia infância”, explica Regina Zilberman em seu livro Literatura Infantil Brasileira: História e histórias. Na opinião de alguns especialistas, podem ser classificadas como as primeiras produções de literatura infantil as Fábulas, de La Fontaine (de 1668 e 1694), As aventuras de Telêmaco, de Fénelon (1717) e, o mais conhecido de todos, Os Contos da Mamãe Ganso, de Charles Perrault (1697). Para outros, o primeiro livro que pode ser considerado como “infantil” é o Livro dos Cinco Ensinamentos, datado do século V a.C., escrito em sânscrito, cujo conteúdo era ensinamentos religiosos e políticos, dirigido às crianças por meio de fábulas e narrativas. Porém, a primeira indicação é a mais aceita, pois a concepção de infância surgiu somente nesse período (XVII), no seio da sociedade burguesa e enfatizava o ser infantil no âmbito pedagógico, iniciando assim, o interesse da criação de uma literatura específica com a adaptação dos contos populares e folclóricos com o objetivo de inserir a criança culturalmente na sociedade. Desde então, a Literatura Infantil passou a ser considerada uma vertente da literatura. No século XIX, a literatura infantil passa a ser escrita e reescrita e novos autores como os Irmãos Grimm surgem, consagrando a literatura infantil com contos que se tornaram clássicos. Para a autora e especialista em literatura infantil, Nelly Novaes Coelho, é nesse momento que a criança entra como um valor a ser levado em consideração no processo social e no contexto humano. A LITERATURA INFANTIL NO BRASIL Enquanto a Europa lançava seus primeiros livros infantis às vésperas do século XVIII, no Brasil, a produção e a publicação foram mais tardias, datando do século XX. O escritor que demarcou a literatura infantil no Brasil foi Monteiro Lobato.

Lobato inic iou sua carreira na l i teratura infantojuvenil com o livro A Menina do Narizinho Arrebitado, publicado por sua própria editora, a Monteiro Lobato & Cia. Porém, foi com o mundo e os personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo, que o autor criou um universo de faz-de-conta, que perdura durante o tempo. Segundo as palavras do próprio Monteiro Lobato: “ando com ideias de entrar por esse caminho: livros para crianças. De escrever para marmanjos já me enjoei. Bicho sem graça. Mas para criança um livro é todo um mundo”.

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O LIVRO INFANTIL NO BRASIL Mas, por que a literatura infantil no Brasil data do século XX? Originalmente, muitas obras são anteriores às publicações de Monteiro Lobato, porém elas atendiam a intenção primeira do livro infantil brasileiro: a pedagógica. O livro infantil no Brasil foi criado com o único objetivo, ser usado nas escolas para a leitura. Esses livros foram as primeiras manifestações conscientes da produção de literatura específica para crianças. Porém, eram usados como “pretexto” para ensinar aspectos do conteúdo escolar. A importância da escola para o desenvolvimento da literatura infantil no período deve-se ao seu fortalecimento enquanto instituição e às campanhas de escolarização (principalmente primárias com aumento de vagas). Segundo Marisa Lajolo, no livro Literatura Infantil Brasileira, as grandes mudanças dessa época e a preocupação em transmitir uma ideia de país em modernização foram os principais motivos para que os valores dessa sociedade fossem passados por meio dos livros infantis. Por este motivo, eles possuem muitas características em comum, centradas na ideia de civismo e com missão formadora e patriótica das crianças. NÃO CONFUNDA UMA OBRA LITERÁRIA COM UM LIVRO DIDÁTICO! Por isso, é importante entender que a literatura não pretende explicar valores, letras do alfabeto, regras de polidez ou mensagens ambientais. Segundo a educadora Yolanda Reyes, “assim como o leitor adulto procura muito mais que ensinamentos explícitos quando lê um romance, o leitor infantil busca na literatura muito mais que um ensinamento moral. A literatura se move na esfera do simbólico e apela à experiência profunda dos seres humanos”. Por este motivo, ao mesmo tempo que é importante conhecer e ter contato com as editoras, é preciso saber identificar os livros infantis que "disfarçam" – principalmente sob o título de "conto" – as intenções simplesmente didáticas dos adultos e diferenciar os livros de ensinamentos que banalizam o texto e o leitor, das obras literárias. "Temos, hoje, uma produção de muita qualidade na literatura brasileira infantojuvenil, com conteúdo literário e poético", diz a escritora Carla Caruso, autora de sete livros e recentemente premiada pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, com a biografia de Oswald de Andrade, pela Callis Editora.

Ao conhecer brevemente a história do livro infantil no Brasil, podemos observar que é necessário muito cuidado ao selecionar e escolher livros infantis para ampliação do acervo. Hoje, muitos livros infantis brasileiros são considerados verdadeiras obras de arte literária para crianças e jovens, mais, ainda, estão no mesmo lugar que livros infantis didáticos e paradidáticos.

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LEITURA E LITERATURA DE LIVROS INFANTIS POR QUE É IMPORTANTE TER CRITÉRIO PARA SELECIONAR LIVROS INFANTIS? A aventura, as viagens da imaginação, a informação e o desenvolvimento intelectual que se oferece às crianças por meio da literatura merecem dos adultos atenção mais que especial. Vocês já pararam para pensar nos livros selecionados para a última compra de ampliação do acervo? A ampliação do acervo literário da biblioteca do Centro de Formação tem como objetivo propiciar ao leitor, qualquer que seja a sua idade, uma leitura de qualidade, por meio do acesso a textos literários que proporcionem experiências significativas, apreciações artísticas diversas e ofereçam estímulos para a reflexão e a participação criativa na construção de sentidos para o texto. Os livros literários também proporcionam momentos de contemplação estética e possibilitam a apropriação de práticas de leitura e escrita, que contribuirão para que esse leitor interaja com a cultura letrada, levando-o ao pleno exercício da cidadania. MAS, COMO ESCOLHER LIVROS DE LITERATURA PARA CRIANÇAS? Segundo a educadora e especialista em incentivo à leitura, Yolanda Reyes, a pergunta “como escolher livros infantis” é muito frequente entre educadores, especialistas, pais e bibliotecários. Por isso, não é possível respondê-la em abstrato. “Se cada criança é diferente e cada um tem seus gostos, suas perguntas, suas maneiras de ler. Isso sem falar nas idades, porque temos incluídos nesse rótulo que os adultos denominam, genericamente, ‘crianças’, desde os bebês até os adolescentes”. Para Reyes, ao escolher um livro infantil é importante “ler nas entrelinhas e não escolher um livro só pelo seu tema, mas pela sua forma e pela maneira como um autor constroi uma voz e um mundo próprios”. A educadora ainda adverte: “desconfie dessa linguagem pseudoinfantil, cheia de diminutivos e de histórias light, onde os protagonistas são tão perfeitos como ursos de pelúcia e o leitor será o primeiro a ‘não engolir a história’”.

Os livros infantis podem ser sutis, tristes, atrevidos, transgressores, irreverentes, inteligentes... Enfim, ter todas essas nuances, que constituem a infinita variedade da experiência de um ser humano que, na opinião de Yolanda Reyes, “alimentarão o mundo interior das crianças e lhes darão as chaves secretas para descriptografar muito sobre sua própria vida e sobre as emoções, sonhos e pesadelos sobre fantasia e realidade”. A educadora complementa: “Quando você for ler literatura para uma criança, deixe-se tocar pela linguagem cifrada e misteriosa dos livros. Todo o resto virá depois”.

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CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DE LIVROS DE LITERATURA INFANTIL

CRITÉRIOS DE QUEM ENTENDE DO ASSUNTO Saber se uma obra infantil ou juvenil é literária ou saber se é uma obra adequada às crianças e jovens não é tarefa fácil. É preciso analisar muito mais do que apenas a capa atraente ou a linguagem acessível. Por isso, uma saída é conferir os critérios para escolha e seleção de livros de literatura infantil criados por instituições que entendem do assunto. A seguir, apresentamos os critérios para escolha de livros de literatura infantil de três instituições: a FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil), o PNBE (Programa Nacional Biblioteca da Escola) e a Biblioteca Infatojuvenil Monteiro Lobato. A FNLIJ é a seção brasileira do International Board on Books for Young People ou IBBY (Conselho Internacional de Literatura Infanto-Juvenil). A Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil é responsável pela escolha e seleção dos livros do PNBE e, também, pelo Prêmio FNLIJ – O Melhor para Criança, premiação anual concedida aos melhores livros infantil e juvenis, que hoje conta com diversas categorias: Criança, Jovem, Imagem, Poesia, Informativo, Tradução Criança, Tradução Jovem, Tradução Informativo, Tradução Reconto, Projeto Editorial, Revelação Escritor, Revelação Ilustrador, Melhor Ilustração, Teatro, Livro Brinquedo, Teórico, Reconto e Literatura de Língua Portuguesa. Quanto aos critérios de avaliação, quem seleciona os títulos se compromete a analisar e observar cada livro quanto à qualidade, baseando-se nas seguintes considerações: ü originalidade do texto ü originalidade da ilustração ü uso artístico e competente da língua e do traço ü qualidade das traduções ü projeto editorial e gráfico Para conhecer os livros premiados entre 2001-2010, clique aqui.

FNLIJ - FUNDAÇÃO NACIONAL DO LIVRO INFANTIL E JUVENIL Criada em 23 de Maio de 1968 e estabelecida na cidade do Rio de Janeiro é uma importante instituição que tem como missão promover a leitura e divulgar o livro de qualidade para crianças e jovens, defendendo o direito dessa leitura para todos, por meio de bibliotecas escolares, públicas e comunitárias.

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CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DE LIVROS DE LITERATURA INFANTIL

PNBE – PROGRAMA NACIONAL BIBLIOTECA DA ESCOLA O Ministério da Educação vem distribuindo, por meio do PNBE, obras de literatura representativas da produção literária às bibliotecas das escolas públicas brasileiras. A opção por privilegiar o texto literário tem como objetivo oferecer aos leitores a oportunidade de acesso à expressão artística disseminada por meio da literatura. Os acervos serão compostos por obras de diferentes tipos e gêneros literários de forma a proporcionar aos leitores um panorama da literatura brasileira e estrangeira. A qualidade do texto, a adequação dos temas aos interesses do público-alvo, a representatividade das obras e os aspectos gráficos serão considerados critérios para a seleção de uma determinada obra. Qualidade do texto Os textos literários, além de contribuírem para ampliar o repertório dos leitores, devem propiciar a contemplação estética. Por este motivo, são avaliadas: ü as qualidades textuais básicas; ü o trabalho estético com a linguagem. Adequação temática São selecionadas obras com temáticas diversificadas, de diferentes contextos sociais, culturais e históricos. Não são selecionadas obras que apresentam moralismos, didatismos, preconceitos, estereótipos ou discriminação de qualquer ordem. Projeto gráfico O projeto gráfico-editorial deve apresentar equilíbrio entre texto principal, ilustrações, textos complementares e as várias intervenções gráficas que conduzem o leitor para dentro e para fora do texto principal. Para conhecer o catálogo infantil do acervo de 2008, acesse no site do Ministério da Educação ou clique aqui.

Essas obras devem estar adequadas à faixa etária e aos interesses dos alunos do ensino fundamental – anos finais e do ensino médio. Entre outras características, são observadas: ü a capacidade de motivar a leitura; ü o potencial para incitar novas leituras; ü a adequação às expectativas do público alvo; ü as possibilidades de ampliação das referências do universo cultural do aluno; ü a exploração artística dos temas.

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CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DE LIVROS DE LITERATURA INFANTIL

BIBLIOTECA INFANTO-JUVENIL MONTEIRO LOBATO A Biblioteca Monteiro Lobato é uma biblioteca pública, especializada em literatura infantojuvenil, mantida pela prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura. Inaugurada em 1936, é a mais antiga biblioteca infantil em funcionamento no Brasil. A maioria das publicações editoriais de literatura infantil e juvenil é enviada diretamente da editora para essa biblioteca. Para divulgar essas aquisições de maneira organizada, a equipe da biblioteca criou a seção “Bibliografia e Documentação da Biblioteca Infatojuvenil Monteiro Lobato”. Desde 1953, um departamento é responsável por analisar, selecionar as publicações e produzir uma publicação que dá conta de divulgar os livros aos leitores e frequentadores da biblioteca. A partir de 1994, a equipe passou a ter critérios para a divulgação. Continua a produção da publicação por meio de referências bibliográficas de todas as obras publicadas no respectivo ano, porém passaram a resenhar apenas os livros considerados significativos. Os critérios que vêm pautando a seleção e a análise destas obras também orientam os comentários apresentados nas introduções de cada uma das bibliografias. ü a qualidade da ilustração e suas relações com o texto; ü a durabilidade do livro.

DEPOIS DE CONHECER OS CRITÉRIOS DE ANÁLISE, FAZER O QUÊ? Agora que os critérios das três instituições foram apresentados, convidamos as equipes a conhecer mais de perto os acervos selecionados, para analisar tais critérios diretamente nas obras. Os livros selecionados pela FNLIJ são facilmente encontrados na internet (clique aqui para acessar). Já os livros selecionados pelo PNBE são localizados no site do MEC (clique aqui). Para conferir os livros da Bibliografia Brasileira de Literatura Infantil e Juvenil é só clicar aqui. Para ter o último exemplar, basta acessar clicando aqui.

Critérios quanto ao texto: ü as características estéticas da obra; ü a adequação do texto (temática e abordagem) às competências de leitura do leitor/faixa etária; ü as relações entre o volume de texto e/ou as imagens. Critérios quanto ao projeto gráfico: ü a adequação da proposta gráfica ao texto às competências de leitura do leitor/faixa etária; ü a adequação do tamanho e tipo das letras às competências de leitura e faixa etária à qual o livro se destina;

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O TEXTO, AS IMAGENS E DICAS DE LIVROS OS CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DE CADA EQUIPE Agora que conhecemos um pouco mais sobre a importância de se ter critérios para a escolha de livros para a ampliação dos acervo e dos critérios de análise de livros de algumas instituições, convidamos as equipes a pensar em seus próprios critérios. Já notaram que os livros que compõem o acervo da biblioteca também possuem alguns dos critérios apresentados e muitos outros? Então convidamos a todos a revisitar o acervo da biblioteca e a verificar, por exemplo, como em alguns livros as ilustrações têm papel fundamental ao lado da narrativa escrita, trazendo para o leitor pelo menos duas visões em diálogo (o discurso das ilustrações e o da escrita). Isso porque durante a seleção das obras, procuramos livros que multiplicam as possibilidades de sentido das obras infantis nesta relação visual–verbal. A recente exposição no SESCSP Linha de História traçou um verdadeiro Panorama do Livro Ilustrado no Brasil e vamos nos apropriar dessas classificações para apresentar alguns conceitos que certamente farão a diferença no momento das equipes pensarem em livros infantis ilustrados.

O LIVRO INFANTIL ILUSTRADO E, por falar em imagens e ilustrações nos livros infantis... O livro ilustrado é uma das experiências mais inovadoras da literatura infantojuvenil. Nele, a imagem deixa de ser coadjuvante para ocupar um espaço decisivo na compreensão e construção dos sentidos da obra. Por este motivo e pelo encantamento que proporciona, um bom critério é buscar essa relação especial entre texto e imagem.

LIVRO-IMAGEM Este tipo de livro infantil remonta aos primórdios da escrita em que, na falta do alfabeto, a ideia era desenhada. O livro-imagem tem na ilustração o carro condutor do enredo. A narrativa puramente visual é um experimento radical na utilização da imagem em sequência como criadora de possibilidades de significação. Dois exemplos de livros-imagem são Bruxinha atrapalhada, de Eva Furnari e Ida e volta, de Juarez Machado. HUMOR Quando se pensa no humor dentro do livro infantil ilustrado, a primeira coisa que nos vem à mente é o traço divertido, ágil e espontâneo, como toda piada deve ser. Embora correta essa primeira impressão, há algo de maior importância que a literatura ganhou quando o espírito do cartum e das histórias em quadrinhos adentrou seus domínios. Podemos ver humor no livro infantil de Adriana Falcão, Mania de Explicação. EXPERIMENTAIS A vontade de inventar leva-nos a fazer pesquisas desafiadoras que nos permitam investigar novas possibilidades de expressão. Quando o trabalho de arte se dá na relação com uma narrativa e na construção de seu sentido, a questão é encontrar possibilidades plásticas, formatos e soluções que possam ampliar ou criar novos significados para a história. Um livro onde o leitor encontra essa relação é no Sob o Sol, sob a Lua, de Cynthia Cruttenden.

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O TEXTO, AS IMAGENS E DICAS DE LIVROS O catálogo da exposição Linhas de histórias apresenta outros livros que podem constar nos acervos. Caso a equipe queira consultar outros exemplos desses tipos de livros infantis ilustrados, acesse o link e salve o arquivo em versão pdf. Essas sugestões podem ser incluídas na primeira parte da seleção e escolha dos livros. O mais importante é acreditar na palavra da criança, mas, ao mesmo tempo, oferecer ferramentas para que possam ir ampliando os seus critérios. Segundo a educadora Yolanda Reyes (aquela do começo do informativo): “na medida em que uma criança tem contato com literatura de qualidade, ela irá refinando a sua sensibilidade e tornando-se cada vez mais exigente. Nem sempre o que é fácil, o que está na moda ou o que está no topo da lista dos ‘mais vendidos’ é o melhor. E não queira acertar sempre. Ler é também equivocar-se”.

COMO ESCOLHER LIVROS INFANTIS? Apesar da resposta ainda ser complexa, já é possível pensar e refletir sobre alguns critérios que foram apresentados. Porém, ainda falta uma opinião muito importante: a do leitor. Isso mesmo! Mesmo estabelecendo critérios para a escolha de livros, é importante “abrirmos espaço” para o grande interessado. A dica para as equipes dos Centros de Formação é ter uma caixa de sugestões para que tanto educadores, alunos e outros leitores que frequentam a biblioteca possam opinar e sugerir ou, então, escrever o nome de um livro que gostou, especialmente, as crianças, que podem indicar livros lidos e falar de expectativas de leitura.

A TRADIÇÃO DO ARTESANATO Em contrapartida ao uso do computador em ilustrações, há muitos artistas que seguem a tradição do trabalho manual. Particularmente, o tecido, o bordado e a renda são importantes elementos na criação de um imaginário visual. Um livro muito conhecido deste tipo é o livro de Marina Colasanti, Moça tecelã. CULTURA BRASILEIRA Quando viajamos pelo Brasil podemos vivenciar muitas experiências: em Minas Gerais é possível provar deliciosos doces portugueses e de noite ouvir causos sobre o Saci; na Bahia, participar de celebrações de candomblé e umbanda e conhecer os Orixás de origem africana; no Pará, comer frutas diversas, oriundas da floresta amazônica e ouvir histórias do Boto ou do Curupira na beira de um rio. Vivemos em um país permeado por diversas culturas. O divertido Sete histórias para sacudir o esqueleto, de Angela-Lago é um exemplo. CLÁSSICOS E CONTOS DE FADA É sempre um desafio ilustrar obras clássicas. Primeiramente, porque já foram recontadas inúmeras vezes. Além disso, como são considerados textos de notável importância, acabam se tornando uma grande responsabilidade para aqueles que recebem tal missão. Quem nunca se encantou com o livro de Rui de Oliveira, Chapeuzinho Vermelho?

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DICA AOS CENTROS DE FORMAÇÃO REVISTA DIGITAL EMÍLIA (Brasil) Emília nasce para promover a integração das diferentes experiências, estudos e pesquisas de caráter multidisciplinar em torno da leitura e da literatura para crianças e jovens e para ser ponto de encontro de especialistas de diversas nacionalidades e áreas de atuação. A revista digital pretende: promover a reflexão sobre a formação de leitores e o fomento à leitura; analisar as inúmeras iniciativas de promoção da leitura; difundir teorias e práticas em torno da infância, do jovem e da literatura para eles produzida; criar um palco aberto de debate, reflexão, divulgação e troca de informações e experiências. Ao navegar no site (clique aqui), encontramos artigos, resenhas, entrevistas muito interessantes sobre o assunto leitura e literatura. ESPANTAPÁJAROS (Colômbia) Espantalho (espantapájaros em espanhol) é um projeto de incentivo à leitura e expressão artística que propicia o encontro criativo com a literatura e a arte. Por meio de um trabalho de investigação e prática, a proposta é dirigida ao público infantil e se estende à formação de pais, professores, bibliotecários e outros interessados em educação. O trabalho parte da “bebeteca”, uma biblioteca especializada em literatura infantil para bebês. Conheça mais iniciativas dessa equipe interdisciplinar formada por especialistas em literatura infantil, de incentivo à leitura e pedagogia. Acesse o site do Espantapájaros aqui.

CURIOSIDADES: A ILUSTRADORA

Silvana Rando nasceu em Sorocaba, interior de São Paulo. Lá cresceu, estudou, aprendeu a desenhar, a pintar e a sonhar. Ela nasceu e cresceu adorando bichos (de barata a elefante) e desenhos. Começou rabiscando cadernos, diários, paredes, tênis, quadros, até chegar aos livros. Hoje mora em São Paulo capital e é ilustradora de livros para criança. Trabalhava na Livraria da Vila quando conheceu Ilan Brenman, seu padrinho no mundo dos livros. Rando já tem 12 livros ilustrados e tanto Gildo como Peppa, ela mesma escreveu!

A ilustradora do E-mail de Sexta de

Setembro, Silvana Rando.

REVISTA ONLINE IMAGINARIA (Argentina) Imaginaria é uma revista online sobre literatura infantil e juvenil quinzenal. Voltada para docentes, bibliotecários, escritores, ilustradores, especialista e todos aqueles que trabalham ou se interessam por crianças e leitura. O site é argentino e, portanto, está em espanhol. Mas vale muito a pena conhecer. É só clicar aqui.

A ilustradora Silvana Rando, por ela mesma

Selecionamos duas revistas digitais, uma brasileira e uma argentina e um site colombiano para ajudá-los na criação de critérios para a escolha de livros infantis e para incentivar o acesso a outras informações sobre leitura e literatura.