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COMPORTAMENTO DA DEMANDA DE INSUMOS MODERNOS DO NORDESTE Lúcia Maria Ramos Silva* José Valdeci Biserra** RESUMO Analisou-se o comportamento da demandapor insumos modernos tais como tratores, arados, colhei- tadeiras, fertilizantes e calcário, no período de 1970-1985. Utilizaram-se técnicas de análise tabular e descritivas. Os resultados mostraram, de maneira geral, taxa de crescimento pouco expressiva para o Nordeste, destacando-se, contudo, o estado da Bahia com relação à expansão do uso dos referidos insu- mos. Medidas de políticas foram sugeridas. INTRODUÇÃO O desenvolvimento econômico é, em termos gerais, um processo de crescimen- to contínuo da renda "per capita" real, de- corrente do processo tecnológico no siste- ma de produção, associado a transforma- çôes estruturais, econômicas e sociais (LEI- TE8) Apesar de muitos estudos direcionados para a região Nordeste do Brasil, observa- se que esta região não tem acompanhado o desenvolvimento das outras regiôes do País, apresentando problemas tais como o tradicionalismo que, de acordo com estu- do feito pela SUDENE (BRASIL 1) e aponta- do como a causa do baixo nível de produti- vidade das explorações agropecuárias que, por sua vez, dá origem ao baixo nível de renda, baixo padrão de vida da maioria da população rural, inadequado aproveitamen- to das explorações frente às variações cli- máticas, crescente índice migratório, pobre- za absoluta de determinados segmentos da população rural, entre outras conseqüên- cias. PALAVRAS-CHAVE: Insumos Modernos, Taxa de Crescimento, Nordeste. SUMMARY CHANGE IN DEMAND FOR MODERN INPUTS IN NORTHEAST Changes in demand for modern inputs such as tractors, implements and fertilizers, by farmers, for lhe period 1970-1985 were studied. Descriptive and table analysis of lhe data were made. The results indicated a small increase in lhe rale of input uses in lhe region. The State of Bahia had lhe higher rale of increase as compare to other states. Suggestions for policy makers were also made. É possível constatar através de dados do IBGE uma forte predominância de práti- cas tradicionais na exploração agrícola, on- de grande maioria da população usa, exclu- sivamente, força de trabalho humano e muito poucos utilizam arados, possuem tra- tores ou ainda fazem uso de adubos e de- fensivos. Percebe-se também, que, no ge- ral, estes insumos modernos, quando utili- zados, são na maioria para a exploração de monoculturas como a cana-de-açúcar Ciên. Agron., Fortaleza, 21 (1/2): pág.93-102 - Junho/Dezembro, 1990 93 KEY WORDS: Modern inputs, Rate of increase, Northeast. . Professora Adjunta do Departamento de Economia Agrícola da Univesidade Federal do Ceará. .. Professor Adjunto do Departamento de Economia Agrícola da Universidade Federal do Ceará.

SUMMARYccarevista.ufc.br/site/down.php?arq=13rca21.pdfe o cacau. Sendo assim, não favorecem a produtividade de culturas alimentares, des-de que as mesmas são produzidas, princi-palmente,

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COMPORTAMENTO DA DEMANDA DE INSUMOS MODERNOS DO NORDESTE

Lúcia Maria Ramos Silva*José Valdeci Biserra**

RESUMO

Analisou-se o comportamento da demanda porinsumos modernos tais como tratores, arados, colhei-tadeiras, fertilizantes e calcário, no período de1970-1985. Utilizaram-se técnicas de análise tabulare descritivas. Os resultados mostraram, de maneirageral, taxa de crescimento pouco expressiva para oNordeste, destacando-se, contudo, o estado da Bahiacom relação à expansão do uso dos referidos insu-mos. Medidas de políticas foram sugeridas.

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento econômico é, emtermos gerais, um processo de crescimen-to contínuo da renda "per capita" real, de-corrente do processo tecnológico no siste-ma de produção, associado a transforma-çôes estruturais, econômicas e sociais (LEI-TE8)

Apesar de muitos estudos direcionadospara a região Nordeste do Brasil, observa-se que esta região não tem acompanhadoo desenvolvimento das outras regiôes doPaís, apresentando problemas tais comoo tradicionalismo que, de acordo com estu-do feito pela SUDENE (BRASIL 1) e aponta-do como a causa do baixo nível de produti-vidade das explorações agropecuárias que,por sua vez, dá origem ao baixo nível derenda, baixo padrão de vida da maioria dapopulação rural, inadequado aproveitamen-to das explorações frente às variações cli-máticas, crescente índice migratório, pobre-za absoluta de determinados segmentosda população rural, entre outras conseqüên-cias.

PALAVRAS-CHAVE: Insumos Modernos,Taxa de Crescimento, Nordeste.

SUMMARY

CHANGE IN DEMAND FOR MODERNINPUTS IN NORTHEAST

Changes in demand for modern inputssuch as tractors, implements and fertilizers,by farmers, for lhe period 1970-1985 werestudied. Descriptive and table analysis oflhe data were made. The results indicateda small increase in lhe rale of input usesin lhe region. The State of Bahia had lhehigher rale of increase as compare to otherstates. Suggestions for policy makers werealso made.

É possível constatar através de dadosdo IBGE uma forte predominância de práti-cas tradicionais na exploração agrícola, on-de grande maioria da população usa, exclu-sivamente, força de trabalho humano emuito poucos utilizam arados, possuem tra-tores ou ainda fazem uso de adubos e de-fensivos. Percebe-se também, que, no ge-ral, estes insumos modernos, quando utili-zados, são na maioria para a exploraçãode monoculturas como a cana-de-açúcar

Ciên. Agron., Fortaleza, 21 (1/2): pág.93-102 - Junho/Dezembro, 1990 93

KEY WORDS: Modern inputs, Rate ofincrease, Northeast.

. Professora Adjunta do Departamento de Economia

Agrícola da Univesidade Federal do Ceará... Professor Adjunto do Departamento de Economia

Agrícola da Universidade Federal do Ceará.

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e o cacau. Sendo assim, não favorecem aprodutividade de culturas alimentares, des-de que as mesmas são produzidas, princi-palmente, por pequenos produtores quenão têm facilidade de acesso a esses insu-mos.

descritiva. Desta forma, diversas tabelas fo-ram elaboradas visando analisar aspectosrelacionados com o comportamento da de-manda por insumos modernos na agricultu-ra do Nordeste.

Os dados, todos secundários, foramobtidos junto aos censos agropecuários, re-lativos aos anos 1970, 1975, 1980 e 1985,para todos os estados nordestinos.

Nas interpretações e projeção utilizou-se a taxa geométrica de crescimento, queindica o ritmo médio de crescimento ocorri-do num determinado período. Em sua for-ma geral, essa taxa pode ser expressa como:

+ r)nVn = Vo (1)

Vn = Valor de uma variável qualquerno n-ésimo período;

Vo = Valor de uma variável qualquerno período "0";

r = Taxa geométrica de crescimento

(natural);

Número de perídos.n

Logaritmizando a expresão acima, te.

É sabido que o emprego de insumosmodernos representa uma possibilidadede aumento da produtividade, tanto da ter-ra, quanto do trabalho empregado na agri-cultura. Daí a importância e a necessida-de da utilização de tecnologias modernase recursos tecnológicos adequados às con-dições do trabalhador rural.

Para que o Nordeste recupere o atra-so em relação aos outros estados, fazem-se necessárias políticas agrícolas diferencia-das, tendo em vista o nível de desenvolvi-mento atual da região. Estas políticas pode-riam estar associadas à promoção do usode insumos modernos; contudo, para queestas políticas tenham sucesso, é necessá-rio, em parte, o conhecimento da estruturade mercado destes insumos.

Assim, o conhecimento do comporta-mento da demanda de insumos modernos,tais como máquinas, adubos, defensivos

etc., é de especial interesse para a formula-ção de política de desenvolvimento agríco-la, principalmente no que se refere aos in-centivos visando ao uso de tecnologiasmais modernas.

Além disso, estas informações podemauxiliar as instituições produtoras destes in-sumos no que diz respeito à elaboraçãode previsões de vendas futuras e, conse-qüentemente, ao planejamento da produção.

In Vn = In Vo + nln (1 + r) (2)

Finalmente, após algu nas operaçõesalgébricas temos:

r = antiln [(lnVn - InVo)/n] - (3)Os objetivos principais são:

Para maiores detalhes veja: HOFF-MANN & ENGLER7, BUAROUE2, SANTA-NA9 e CASAROTTO FILHO & NELSON3,

a) Analisar o comportamento da de-manda por insumos modernos taiscomo tratores, arados, colheitadei-ras, fertilizantes e calcário; e

b) Sugerir medidas de políticas visan-do o fornecimento de insumos mo-dernos à região.

RESULTADOS E DISCUSSÕESTendo em vista que se pretende anali-

sar o comportamento da demanda por insu-mos modernos nos diversos estados doNordeste, tentou-se a obtenção de dadosrelativos à mesma para os últimos quinzeanos (70-85). Em alguns casos, porém,

METODOLOGIAPara atender os objeticos propostos,

utilizaram-se técnicas de análise tabular e

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não foi possível obter as informações parao período selecionado inicialmente. Alémdisso, o período em estado foi desdobra-do em vários subperíodos, objetivando enri-quecer e permitir uma análise mais detalha-da. Os insumos selecionados foram: trato-res, arados, colheitadeira, fertilizantes ecalcá rio.

país no início da década de 80, agravado,ainda, pela seca que levou a região à redu-ção e ao desemprego de fatores de produ-ção. Contudo, quando se analisam as ta-xas de crescimento do período como umtodo, observa-se que a mesma foi positivapara todos os estados, o que significa quehouve crescimento do número de tratoresutilizados pelos estados e pelo Nordeste(11,7%). Outra informação importante dasTABELAS 1 e 2 é que, apesar do númerorelativamente baixo de tratores no Mara-nhão e Piauí, estes estados apresentaramas maiores taxas anuais de crescimentono período. Isto, em parte, demonstra umelevado esforço das instituições locais nes-ses estados no sentido de ampliarem amecanização.

1 - TratoresA TABELA 1 apresenta o número de

tratores demandados em cada estado doNordeste no período 1970-1985. Observa-se que, em termos quantitativos, Pernambu-co e Bahia foram os estados que apresenta-ram maior utilização, enquanto Piauí e Ma-ranhão apresentam maior utilização de tra-tores, nos quinze anos analisados.

Quando se comparam as taxas de cres-cimento nos intervalos de tempo 1970-75,1975-80, 1980-85 e 1970-85 (TABELA 2)vemos que, no qüinqüênio 1980-85, a ta-xa de crescimento foi relativamente baixa,chegando próxima de zero para o estadodo Ceará e negativa para os estados doRio Grande do Norte, Pernambuco, Alago-as e Paraíba. Admite-se que este fato de-ve-se à crise nacional que se verificou no

2 - Arados

Com relação a arados, o período emestudo foi o de 1970-80. Além da deman-da de arados à tração mecânica, analisou-se, também a demanda de arados a traçãoanimal, com o intuito de observar e compa-rar o comportamento da demanda dessesdois tipos de arados.

TABELA 1Número de Tratores Segundo os Estados do Nordeste (1970-1985).

PeríodosEstados

1970 1975 1980 1985*

168244734570822

1.519965420

1.838

372370

1.4191.2311.4162.5702.2941.0564.342

2.3041.6223.8813.0293.1095.0813.7361.934

13.349

2.7081.9603.7882.9272.6924.4673.5671.951

14.218

MaranhãoPiauíCearáRio Grande do NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahia

Nordeste 7.281 15.074 38.046 38.278

95

FONTE: Censos Agropecuários 19704, 19755, 19806 e 1985*,* Dados Preliminares

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TABELA 2Taxa Geométrica de Crescimento' do Número de Tratores Segundo os Estados do Nordeste

(1970-1985).(%)

PeríodosEstados

75-80 80-85 Total70-75

443422191714101225

3,3

3,9

0,5

-0,7

-2,8

-2,5

-0,9

0,2

1,3

20141111879

1014

178

14161111182018

MaranhãoPiauíCearáRio Grande do NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahia

20,3 0,12 11,715,7Nordeste

* Calculada com base nos dados da TABELA 1

TABELA 3Número de Arados Segundo os Estados do Nordeste (1970-1980).

Arados Tração Animal Arados Tração MecânicaEstados

1975 1980 1970 1975 19801970

7314.70224.190

1.05851.14537.65821.313

3.78754.953

34622.22934.9024.063

20.72556.18125.384

5.45468.489

97189587447659

1.188818313

1.453

138228955665

1.1142.1361.638

6373.178

1.5341.0823.0812.2742.2754.1142.6991.2379.361

1149.661

10.35117.6217.110

21.90914.8662.335

38.724

MaranhãoPiauíCearáRio Grande do NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahia

208.879 237.773 5.753 10.692 27.660Nordeste 122.692

FONTE: Censos Agropecuários 19704, 19755, 19806.

Ciên. AQron., Fortaleza, 21 (1/2): pág.93-102 Junho/Dezembro, 199096

,o

,4

,3

,7

,O

,6

,2

,9

,2

,3,9,6,5,2,4,1,8,6

,2,7,1,6,5,1,9,2,7

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deste, a expansão deste tipo de arado deu-se a uma taxa anual de crescimento de 17%.

Quando se compara o comportamento,ao longo do período de 1970-80, da deman-da pelos dois tipos de arados, vê-se que:(a) a taxa de crescimento dos arados a tra-ção mecânica, tanto para os subperíodoscomo para o período total analisado, foisempre maior que a estimada para os ara-dos da tração animal; (b) no período de1975-80 houve, para grande parte dos esta-dos, queda na taxa de crescimento dos ara-dos a tração animal, enquanto que no mes-mo período houve grande crescimento dautilização dos arados a tração mecânica,significando que houve substituição, no fi-nal da década de 70, dos arados a traçãoanimal pelos arados a tração mecânica.

3 - Colheitadeiras

De acordo com os dados dos censosagropecuários, somente em alguns dos es-tados do Nordeste (Paraíba, Piauí, Alago-as e Bahia) houve aumento em termos quan-titativos do número de colheitadeiras de-mandas da década de 70 (TABELA 5). Va-

A utilização do arado a tração animalcresceu para todos os estados do Nordes-te, com exceção do estado do Rio Grandedo Norte, que apresentou taxa de cresci-mento negativa tanto para o qüinqüênio1970- 75 como para o período como um to-do (TABELAS 3 e 4).

Vê-se que, para o Nordeste, a taxa decrescimento do período de 1975-80 foi me-nor que a do período de 1970-75, o que in-dica que, apesar de ter havido crescimen-to no período de 1970-80, este crescimen-to tem se processado a taxas decrescentes.Para este tipo de arado, a taxa de cresci-mento para o Nordeste foi de 6,8% ao ano.

Por outro lado, quando se analisou autilização de arados a tração mecânica, ob-servou-se o contrário, ou seja, expansãoda taxa de crescimento que, para o perío-do de 1975-80, foi relativamente alta, o quecontribuiu para que a taxa de crescimentoanual para o período total analisando fos-se bem expressiva.

A Bahia apresentou um percentual de34% do total dos arados a tração mecâni-ca utilizados na região em 1980 e, no Nor-

TABELA 4Taxa Geométrica de Crescimento* do Número de Arados Segundo os Estados do Nordeste

(1970-1980)%

Arados Tração MecânicaArados Tração AnimalEstados

Total Total70-75 75-80 70-75 75-80

61,9

36,5

26,4

27,9

15,3

14,0

10,5

14,224.1

31,819,118,017,713,213,212,714,720,5

-8,58,8

18,5-43,048,411,47,5

10,17,2

36,5

8,6

7,6

30,9

-16,5

8,3

3,5

7,6

4.5

11,78,7

12,9-13,611,39,95,58,85,9

7,33,8

10,28,3

11,012,414,915,316,9

MaranhãoPiauíCearáRio Grande do NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahia

2,6 6,8 13,2 20.9 7,01,2Nordeste

* Calculada com base nos dados da TABELA 3

97Ciên. Agron., Fortaleza, 21 (1/2): pág.93-102 - Junho/Dezembro, 1990

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TABELA 5Número de Colheitadeiras Segundo os Estados do Nordeste (1970-1980).

PeríodosEstados

1970 1975 1980

6687

1.108248472645174

79534

4784

528207549321372

62996

267113256143219503510

593.183

MaranhãoPiauíCearáRio Grande do NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahia

Nordeste 3.413 3.166 5.253

FONTE: Censos Agropecuários 19704, 19755 e 19806.

TABELA 6Taxa Geométrica de Crescimento* do Número de Colheitadeiras Segundo os Estados do

Nordeste (1970-1980).%

PeríodosEstados

70-75 75-80 70-80

-6,6-0,7

-13,8-3,53,1

-13,016,4-4,713,3

41,56,1

-13,5-71,

-16,89,46,5

-1,026,1

15,02,6

-13,6-5,3-74,-2,411,3-2,919.5

MaranhãoPiauíCearáRio Grande do NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahia

-1.5 10,6Nordeste 4,4

* Calculada com base nos dados da TABELA 5.

98 Ciên. Agron., Fortaleza, 21 (1/2): pág.93-102 Junho/Dezembro. 1990

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TABELA 7Número de Estabelecimentos que utilizaram fertilizantes nos Estados do Nordeste (1970-1980).

PeríodosEstados

1970 1975 1980

1.5104.063

17.82910.2126.745

21.0537.314

25.94353.686

1.7252.989

14.27510.1199.483

27.29913.94829.22872.628

6.4735.388

26.45118.73020.27260.06225.35437.721

120.999

MaranhãoPiauíCearáRio Grande do NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahia

Nordeste 148.355 181.695 321.443

FONTE: Censos Agropecuários 19704, 19755 e 19806,

TABELA 8Taxa Geométrica de Crescimento' do Número de Estabelecimentosque Utilizaram Fertilizantes nos Estados do Nordeste (1970-1980).

(%)

PeríodosEstados

1970/1975 1975/1980 Total

2-6-4

O

7

5

13

2

6

30,312,513,113,116,517,112,75,2

10.7

15246

11111338

MaranhãoPiauíCearáRio Grande do NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahia

Nordeste 4,1 12,1 8,0

Calculada com base nos dados da TABELA 7.

99Ciên. Agron., Fortaleza, 21 (1/2): pág.93-102 - Junho/Dezembro, 1990

,7,O,3,8,O,3,8,4.2

,7

,9

,O

,2

,6

,O

,2

,8

,5

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TABELA 9Número de Estabelecimentos que utilizaram calcá rio nos Estados do Nordeste (1970-1975),

PeríodosEstados

1970 1975 1980

5254

1022867

490126101

1.421

2930

2512988

52936

1402.056

67280

923123258

1.232311445

1.136

MaranhãoPiauíCearáRio Grande do NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahia

2.441 3.188 15.180Nordeste

FONTE: Censos Agropecuários de 19704, 19755 e 19806,

TABELA 10Taxa Geométrica de Crescimento' do número de Estabelecimentos que Utilizaram Calcário

nos Estados do Nordeste (1970-1980).(%)

PeríodosEstados

70-75 75-80 Total

-11,0-11,119,70,75,61,5

-22,26,77,7

87,521,729,733,524,018,454,026,040,3

29,24,0

24,615,914,49,69,4

16,022.8

MaranhãoPiauíCearáRio Grande do NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipeBahia

5,5 36,6 20,0Nordeste

* Calculada com base nos dados da TABELA 9.

Junho/Dezembro, 1990100 Ciên. Agron., Fortaleza, 21 (1/2): pág.93-102

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le ressaltar que o estado da Bahia apresen-tou um número de colheitadeiras bem supe-rior ao dos outros estados, especialmenteno final da década (cerca de 60% do totalde colheitadeiras do Nordeste em 1980).Observa-se que, no intervalo de 1970-75,houve, na maioria dos estados, decrésci-mo na utilização de colheitadeiras (T ABE-LA 6). Este período, como se sabe, caracte-rizou-se pela chamada crise do petróleoque, associada a outros fatores, acelerouo processo inflacionário, provocando, tam-bém, estagnação do sistema. Quando seobserva a década como um todo, vê-seque, da mesma forma que para os subpe-ríodos, nos estados do Ceará, Rio Grandedo Norte, Sergipe, Paraíba e Pernambuco,a taxa de crescimento anual foi negativa.No Nordeste, a taxa de crescimento foi4,4%, na década.

estado da Bahia mais uma vez liderou ouso deste insumo, participando em 1980com 73,3% do total de estabelecimentosque utilizam calcário no Nordeste. Com rela-ção as taxas de crescimento, vê-se que,para o período de 1970-75, houve decrésci-mo do número de estabelecimentos queutilizaram calcário nos estados do Mara-nhão, Piauí e Alagoas. Contudo, quandose observa o comportamento para as déca-das de 1970 e 80, a taxa de crescimentofoi positiva, significando que, neste perío-do, houve crescimento do número de esta-belecimentos que utilizavam calcário noNordeste. Os estados que apresentarammaiores taxas foram o Maranhão, o Cearáe a Bahia. No Nordeste, houve uma expan-são anual de 20% no período em estudo.(TABELAS 9 e 10)

4 - Fertilizantes

Para este item, os dados disponíveissó permitiram a análise do número de esta-belecimentos que utilizaram fertilizantesnas décadas de 1970 e 1980. A TABELA7 apresenta o total de estabelecimentosque fizeram uso de fertilizantes, conformeos diversos estados do Nordeste. É possí-vel perceber que a proporção dos estabele-cimentos que utilizaram este insumo au-mentou na década de 70 para todos os es-tados. Vale destacar contudo que, dos esta-belecimentos que utilizaram fertilizante,mais de 50% estão situados na Bahia ePernambuco.

A TABELA 8 apresenta as taxas geo-métricas de crescimento da utilização defertilizantes. Vê-se que, em 1970/75, estataxa foi negativa para os estados do Piauíe Ceará (talvez os estados mais afetadospela seca do Nordeste). Contudo, dado osignificativo crescimento no quiquênio1970/75, essa taxa foi positiva para o perío-do total analisado. O Nordeste apresentoutaxa média de crescimento de 80% ao ano.

5 - Calcário

Assim como para o item anterior, paraeste fator trabalhou-se, também, com o nú-mero de estabelecimentos que utilizaramcalcá rio no período 1970-80. Vê-se que o

CONCLUSÕES E SUG ESTÕESAs principais conclusões foram:a) houve queda substancial da taxa

de crescimento do número de trato-res no ínicio da década de 80;

b) os resultados indicam a tendência,em todos os estados do Nordeste,da substituição dos arados a traçãoanimal pelos arados a tração mecâ-nica;

c) com relação às colheitadeiras, so-mente os estados da Bahia, Mara-nhão e Alagoas mostraram cresci-mento expressivo. Os outros esta-dos expandiram pouco ou reduziramo número destas máquinas nas ativi-dades agrícolas;

d) no que se refere aos fertilizantes,observou-se que a Bahia foi o esta-do que teve maior participação. Con-tudo, as maiores taxas anuais decrescimento ficaram por conta dosestados do Maranhão e Alagoas;

e) para o calcário verificou-se que asmaiores taxas de crescimento ocor-reram nos estados do Maranhão,Ceará e Bahia; e

f) a Bahia, de modo geral, foi o esta-do que mais se destacou com rela-ção ao uso dos fatores de produçãono período em estudo. Tal fato po-

Junho/Dezembro, 1990 101Ci~n. Aaran.. Fartaleza. 21 (1/2\: Dáa.93-102

Page 10: SUMMARYccarevista.ufc.br/site/down.php?arq=13rca21.pdfe o cacau. Sendo assim, não favorecem a produtividade de culturas alimentares, des-de que as mesmas são produzidas, princi-palmente,

de ser explicado pelo cultivo de pro-dutos exportáveis que, em geral, têmtratamento diferenciado dos produtosde consumo interno.

Como se sabe, grande parte da produ-ção agrícola destinada ao consumo inter-no é produzida pelos pequenos e médiosprodutores, que por sua vez são bastantedescapitalizados, sendo o fator trabalho oprincipal e, às vezes, o único fator de pro-dução utilizado, daí a baixa produtividadeobtida e a pouca expressão no crescimen-to do uso dos insumos. Assim, sugere-seque haja incentivo por parte do governocom relação à obtenção, pelos agricultores,especialmente os pequenos e médios, dosinsumos modernos. Tais incentivos pode-riam traduzir-se em financiamento com pra-zo de carência elástico e redução na buro-cracia para obtenção de créditos etc.

2. BUAROUE, C. Avaliação Econômicade Projetos. Rio de Janeiro, Cam-pus, 1984, 266p.

3. CASAROTTO FilHO, N. & KOPITTKE,B.H. Análise de Investimento. 3ed. São Paulo, Vértice, 1987. 255p.

4. FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASilEIRODE GEOGRAFIA E ESTATíSTICA.Censo Agropecuário de 1970. Riode Janeiro, 1973.

5. . Censo Agropecuário de1975. Rio de Janeiro, 1978.

6. . Censo Agropecuário de1980. Rio de Janeiro, 1984.

7. HOFFMANN, R., ENGlER, J.J.C., SER-RANO, O., THAME, A.C., NEVES,E.M. Administração da EmpresaAgrícola. 5 ed. Pioneira, São Paulo,1981. 325p.

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9. SANTANA, A.C. Crescimento e Estrutu-ra da Produção Agrícola na Ama-zônia. Boletim Técnico. Belém,FCAP, 1988.

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Junho/Dezembro, 1990Ciên. Aaron.. Fortaleza. 21 (1/2): pág.93-10210?