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Fórum Picoas Auditório | Altice 25 de outubro de 2018

“Incêndios em Estruturas. Aprender com o passado.”

E SE O CHIADO FOSSE HOJE?

Estaremos agora melhor preparados ?

O que aprendemos ?

PEDRO PATRÍCIO

Comandante do Regimento de Sapadores Bombeiros

Câmara Municipal de Lisboa

Incêndios em Estruturas. Aprender com o passado

SUMÁRIO

1. ESTAREMOS PREPARADOS

2. FORMAÇÃO DOS BOMBEIROS

3. E SE O CHIADO FOSSE HOJE?


SUMÁRIO





Porque acontecem os Desastres?

David Alexander: Nos nossos dias, a primeira causa é:

CORRUPÇÃO MORAL !!!!


SABEMOS | PODEMOS | MAS NÃO FAZEMOS!!!



1968 – Vistoria aos Armazéns Grandela

• O Batalhão Sapadores Bombeiros, após vistoria, alertou múltiplas entidades paraos riscos existentes através do Oficio nº 2190/S.T. (Processo nº 364/8/1ª),

constituído por 28 pontos com recomendações de melhoria da segurança



Mudança do Paradigma

DE

Perigo

Reativo

Organizações individuais

Conhecimento científico

Gestão de resposta

Planeamento para a comunidade

Comunicação com a comunidade

PARA

Vulnerabilidade

Proativo

Parcerias

Abordagem multidisciplinar

Gestão de risco

Planeamento com a comunidade

Comunicação com a comunidade

De uma Instituição “interna”

para um foco centrado na Comunidade

(Salter, 1998, p.11)- In Prevention, Preparedness, Response, Recovery - an outdated concept? Mal Crondstedt



Desastres

• Impõem dinâmicas de investimento



Desastres – A dinâmica está a mudar


SUMÁRIO






Uma mesma tarefa

Dois tipos de Bombeiros

PROFISSIONAIS E VOLUNTÁRIOS



Formação e aprendizagem

EscolaRegimento de Sapadores Bombeiros - Lisboa

https://www.enb.pt/index.php

https://www.enb.pt/index.php



Doutrina

Formação transversal

Otimização do Socorro



Universo de mudança

Ainda que mudem:

• os equipamentos;

• as técnicas;

• o contexto de trabalho (socorro)

Os princípios doutrinais têm de ser únicos,

simples e claros



Não há substituto para o conhecimento

• O conhecimento é a chave

Elemento determinante

• Aptidões do Operacional


Aptidões verso Competências do

Operacional





Preparação física

• ajustada às necessidades funcionais


Preparação física• Avaliação do perfil de saúde cardiovascular

e aptidão física para a função

• Programas de treino ajustados às

necessidades funcionais, com a sua

inclusão em planos de instrução, de forma

a preparar os operacionais para as

exigências físicas dos territórios/espaço das

ocorrências e respetiva complexidade

funcional


SUMÁRIO





3. E SE O CHIADO FOSSE HOJE



• Compartimentação dos espaços

• Resistência ao fogo dos materiais

• Maior carga térmica

• Mais flashover e backdraft

Se fosse no mesmo local, não seria igual!



O Local de trabalho está a mudar!

Teatro de Operações



Marcha geral

das operações Salvamentos

Reconhecimento

Estabelecimento dos

meios de ação

Ataque e

proteção

Rescaldo

Prevenção


Implementação de uma nova

marca rodoviária destinada aos

motoristas dos veículos de

socorro, para indicação do tipo

(dimensão) de veículos que

consegue circular em cada via

EXEMPLO DE PROATIVIDADE – UMA BOA PRÁTICA


Implementação de uma nova marca rodoviária destinada aos automobilistas

para identificação dos locais onde a paragem ou estacionamento

impossibilitam a circulação dos veículos de socorro: LINHA VERMELHA DE

BOMBEIROS (Fire Line)



1. Risco sísmico

O risco existe e não é possível evitar! O que fazer?



Capítulo 5 – SINALIZAÇÃO

5.2. MARCAS RODOVIÁRIAS (pág. 21 a 25)

EDIÇÃO: Câmara Municipal de Lisboa

TÍTULO: Lisboa: o Desenho da Rua

SUBTÍTULO: Manual de espaço público

COORDENAÇÃO EXECUTIVA: Jorge Bonito Santos

ASSESSORIA TÉCNICA: João Carlos Marrana

Pedro Trindade Ferreira

COORDENAÇÃO EDITORIAL: Departamento de Espaço Público / Direção

Municipal de Urbanismo

ANO: 2018


Fórum Picoas Auditório | Altice 25 de outubro de 2018


E SE O “CHIADO” FOSSE HOJE?

ESTAREMOS AGORA MELHOR PREPARADOS?


INCÊNDIO DO “CHIADO”DE 25 DE AGOSTO DE 1988

ONTEM E HOJE

AS METODOLOGIAS FORMATIVAS SÃO AGORA DIFERENTES

O SISTEMA ORGANIZACIONAL JÁ NÃO É O MESMO

AS VIATURAS DE INTERVENÇÃO EVOLUIRAM

A PROTEÇÃO DO PESSOAL DE COMBATE É AGORA MAIS EFICAZ

O MATERIAL DE COMBATE É QUALITATIVAMENTE MUITO SUPERIOR


O INCÊNDIO DO CHIADO, DE 1988

ECLODIU NOS ARMAZÉNS GRANDELA

ESTE INCÊNDIO DEVE SER “VISTO DE CIMA”

ÁREA ATINGIDA PELO INCÊNDIO:

Ruas Áurea, Assunção, Crucifixo, Nova do Almada, Garrett, Carmo, e Calçada doSacramento.

Ficaram destruídos totalmente 11 edifícios, Parcialmente 5, tendo ficado outros 5com sérios danos.


QUEM CONSEGUIR “VER DE CIMA” ESTA INFERNAL INTERAÇÃO ENTRE O “INCÊNDIO EM SI”, OS BOMBEIROS QUE O COMBATERAM;

A POPULAÇÃO QUE “DE LADO” INTERAGIU; O PAÍS EM PÂNICO;

QUEM PERCECIONAR O DANTESCO DA SITUAÇÃO;

OS GRITOS DE MEDO DO POVO;

AS FAMÍLIAS DOS COMBATENTES, A CHORAR;


E QUEM PERCECIONAR A BRAVURA DOS PRESENTES;E DOS QUE ÍAM CHEGANDO,

PARA SEREM “BRAVOS” TAMBÉM,E FINALMENTE, QUEM SOUBER INTERIORIZAR

O COLOSSO DO DESASTREQUE OS BOMBEIROS RESOLVERAM,


Área Atingida pelo Incêndio de 25/08/1988


INCÊNDIO DO CHIADO, DE 1988

MEIOS HUMANOS E MEIOS MATERIAIS ENVOLVIDOS::

Bombeiros envolvidos no incêndio: 1 680

Viaturas de Combate, de Apoio, e de Logística: 300

SINISTRADOS

2 Mortos: 1 bombeiro e 1 residente

60 bombeiros feridos

3 agentes da PSP feridos

10 residentes feridos


A GÉNESE DO SERVIÇO DE INCÊNDIOS EM PORTUGAL

25 de agosto de 1395: Carta Régia de D. João I:

..." que por quanto pr uezes se leuanta fogo em essa çidade, considerando sobrelo alguu boõ remedio ; Acordaste q os pregoeiros

dessa çidade pº freguesias e cada hua noute, depois do signo da colhença, andem pr a dita çidade apregoando q cada huu

guarde e ponha guarda ao fogo em suas casas, e q em caso de q se alguu fogo leuantasse, o q ds não queira, q todos os

carpenteiros e calafates venham aaquel lugar, cada huu com seu machado, pr auere de atalhar o dito fogo : e q outº ssi todas as

molheres q ao dito fogo acodirem, tragam cada hua seu cantaro ou pote pª carretar auga pª apagar o dito fogo;E outº ssi por q

muitas acudem e veem a elo pª Roubar, acordaste q Cem corretores q há na dita çidade chegu e hi com suas armas, pª auerem de

guardar q se no faça Roubo ..." (Hermínio Santos, 1995, 13-14).

Assim nasceu o Serviço de Incêndios em Portugal


ALGUNS GRANDES INCÊNDIOS DO CHIADO

1396 [Idade Média] – Prédios da Rua Nova (Chiado daqueles tempos): casasdestruídas / muitas mortes

1734 [Idade Moderna]– Rua Nova do Almada: 18 prédios destruídos.

1755 [Idade Moderna] – Pavorosos incêndios resultantes do terramoto. Inúmerasmortes.

1889 [Idade Contemporânea] – Armazéns Barela: Destruição do edifício e danosem outros.

1988: [Idade Contemporânea] – Grande incêndio do Chiado. Eclodiu nos ArmazénsGrandela. 20 prédios afetados.


INCÊNDIOS DO CHIADO DE 1734 E 1988: PRINCIPAIS SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS

Edifícios destruídos e afetados:

- 18 prédios em 1734

- 21 prédios em 1988

Sistemas e meios de segurança:

- Inexistência de medidas passivas, de meios de deteção e de 1ª intervenção em 1734.

- Ausência de compartimentação corta-fogo, e de deteção e extinção de incêndios em 1988.

Regulamentação de Segurança

- Falta de regulamentação de fundo em 1734.

- Incumprimento da regulamentação existente, em 1988.


REGULAMENTAÇÃO EXISTENTE ANTES DE 1988


Diário Municipal 11 914, de 23 de outubro de 1974


PÓS-1988: “O PARAÍSO PREVENTIVO”

Após o Grande Incêndio Surgem Regulamentos

para:

- Centros Urbanos Antigos (1989)

- Estabelecimentos Comerciais (1990)

- Edifícios de Habitação (1990)

- Parques de Estacionamento (1995)

- Lares de Idosos (1998)

- Edifícios Hospitalares (1998)

- Edifícios Administrativos (1998)


INCÊNDIO DO “CHIADO” DE 1988

Tipologia Construtiva e Metodologia Operacional

• O incêndio teve origem nos Armazéns Grandela.

• Todos os pisos já ardiam quando os bombeiros chegaram.

- Pavimentos e escadas em madeira.

- Paredes em alvenaria

Armazéns Grandela: - Tetos em estuque

- Divisórias em madeira e em tabique

- Estrutura de suporte da cobertura

em madeira, e também metálica.


INCÊNDIO DO “CHIADO” DE 1988

Tipologia Construtiva e Metodologia Operacional

Armazéns Grandela (Suas Inconformidades):

Ausência de compartimentação corta-fogo.

Escadas e elevadores sem serem enclausurados.

Enorme carga térmica proveniente de uma pluralidade de artigosaltamente combustíveis.

Inexistência de sistema automático de deteção de incêndios.


CENÁRIO INICIAL

Armazéns Grandela:

Totalmente pasto de chamas à chegada dos bombeiros.

Chamas 15 m acima da cobertura.

Lavaredas saindo por portas e vidros de janelas e montras.

Rolos de fumo e fogo varrendo as ruas.

Explosões constantes e “línguas de fogo” para o exterior.

Cedência de elementos das fachadas.

Temperatura elevadíssima e múltipla projeções de faúlhas.


Incêndio do Chiado de 1988

Projeções de rolos de fumo e de fogo


METODOLOGIA OPERACIONAL

Frente do Incêndio

Alerta registado manualmente ás 05h19 de 25/08/1988.

05h21: 1ª viatura, que se coloca na Rua Nova do Almada.

05h23: 2ª viatura, que vai para a Rua do Carmo.

Objetivo: Em ataque, iniciar a circunscrição do incêndio.

Garantir a proteção do pessoal de combate.

Solicitados meios de reforço, de Lisboa e concelhos limítrofes.

Prioridade: Garantir a evacuação dos civis, da área afetada.

Em ataque, desmontar, retroceder, e remontar material.


COMBATE AO INCÊNDIO

Para circunscrição, chegam viaturas ás ruas Áurea e da Assunção.

Foram montadas agulhetas canhão, muitas outras de 70 mm, e inúmeras de alta pressão.

Até ás 05h30, as viaturas recuam duas vezes, para proteção de pessoal e material.

O combate processa-se então com agulhetas canhão a partir de autoescadas, e também das coberturas

de prédios próximos.

05h45: o incêndio propagara-se para os Armazéns do Chiado, pelo saguão, através de vãos abertos em

vários níveis.

As viaturas, em circunscrição, são dispostas a norte, sul, leste, e oeste.


COMBATE AO INCÊNDIO (continuação)

Há chamas descomunais, projeções e explosões.

Até ás 07h20, há vários recuos de viaturas, mas sempre circunscrevendo o incêndio.

Ás 07h30, considerou-se refreado na frente norte, e delimitado na frente leste.

A maior intensidade estava nas frentes sul e oeste.

Na Rua Nova do Almada estabelecem-se ataques diretos nas coberturas e emtodos os pisos.

09h30: Ataques diretos pelos interiores e á cobertura do “Eduardo Martins” com 3agulhetas canhão, e o incêndio é aqui contido.


As Chamas eram“Descomunais”


Fases dos Trabalhos

• Alerta: 05h19 de 25 de agosto de 1988

• Circunscrição: 11h00

• Domínio: 15h10

• Extinção: 17h50

• Rescaldo: Terminado às 20h00 de 05 de setembro de 1988.

• Prevenção: Até ao dia 22 de outubro de 1988


- Ai Alberto, que a gentehoje morre aqui todos!

- Não “Ti Chico”, não vaimorrer ninguém!


Muito Obrigado

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