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BOLETIM OFICIAL SUMÁRIO Segunda-feira, 21 de Fevereiro de 2011 I Série Número 8 CONSELHO DE MINISTROS: Decreto-Legislativo nº 2/2011: Regula a concessão de incentivos de natureza fiscal e financeira, condicionados e temporários, a projectos de investimento com vista à internacionalização das empresas cabo-verdianas. Decreto-Lei nº 14/2011: Cria o Consulado de Cabo Verde em Benguela. Decreto-Lei nº 15/2011: Regula o Estatuto das Cidades e define as orientações da política de capacitação de espaços urbanos em Cabo Verde. Decreto-Lei nº 16/2011: Regula a importação de mercadoria por empresas de serviços que não tenham no seu objecto social o comércio de importação. Decreto-Lei nº 17/2011: Define o regime jurídico aplicável às cooperativas de habitação e construção e as suas organizações de grau superior. Decreto-Regulamentar nº 5/2011: Institui o Cadastro Único de beneficiários de habitação de interesse social. Decreto-Regulamentar nº 6/2011: Regula o Estatuto dos Centros de Emprego e Formação Profissional. SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA: Acórdão nº 8/2011: Cópia do Acórdão proferido nos Autos de Recurso Contencioso Elei- toral nº 08/11, em que é recorrente, JORNAL “JÁ”, Representado pela Média Plus, Ldª e recorrida, CNE – Comissão Nacional de Eleições. A4Q6Y8P2-0F6R6X9Z-5S5W8J0R-18XKVXLD-4D2Y2B2J-29U3YHLT-9U4V6A6J-42012W11

e Statuto Cidade s

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  • BOLETIM OFICIAL

    S U M R I O

    Segunda-feira, 21 de Fevereiro de 2011 I SrieNmero 8

    CONSELHO DE MINISTROS:

    Decreto-Legislativo n 2/2011:

    Regula a concesso de incentivos de natureza fi scal e fi nanceira, condicionados e temporrios, a projectos de investimento com vista internacionalizao das empresas cabo-verdianas.

    Decreto-Lei n 14/2011:

    Cria o Consulado de Cabo Verde em Benguela.

    Decreto-Lei n 15/2011:

    Regula o Estatuto das Cidades e defi ne as orientaes da poltica de capacitao de espaos urbanos em Cabo Verde.

    Decreto-Lei n 16/2011:

    Regula a importao de mercadoria por empresas de servios que no tenham no seu objecto social o comrcio de importao.

    Decreto-Lei n 17/2011:

    Defi ne o regime jurdico aplicvel s cooperativas de habitao e construo e as suas organizaes de grau superior.

    Decreto-Regulamentar n 5/2011:

    Institui o Cadastro nico de benefi cirios de habitao de interesse social.

    Decreto-Regulamentar n 6/2011:

    Regula o Estatuto dos Centros de Emprego e Formao Profi ssional.

    SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIA:

    Acrdo n 8/2011:

    Cpia do Acrdo proferido nos Autos de Recurso Contencioso Elei-toral n 08/11, em que recorrente, JORNAL J, Representado pela Mdia Plus, Ld e recorrida, CNE Comisso Nacional de Eleies.

    A4Q6Y8P2-0F6R6X9Z-5S5W8J0R-18XKVXLD-4D2Y2B2J-29U3YHLT-9U4V6A6J-42012W11

    INTRUSOHighlight

  • I SRIE NO 8 B. O. DA REPBLICA DE CABO VERDE 21 DE FEVEREIRO DE 2011 497

    s reais necessidades de cada comunidade, ajustando o perfi l dos postos e os recursos humanos e tcnicos s suas exigncias e dimenso;

    Tendo em conta a forte e histrica presena da comu-nidade cabo-verdiana na provncia de Benguela e uma presena dispersa da mesma em outras provncias das regies central, leste e sul de Angola, todas requerendo uma mais pronta e efi caz proteco consular, merecen-do especial ateno as camadas mais desfavorecidas e vulnerveis;

    Atenta a evidente dinmica do desenvolvimento dessas regies, nomeadamente nos domnios econmico, cientfi -co e cultural, criando oportunidades que podem e devem ser mais bem aproveitadas por Cabo Verde;

    Convencido de que a existncia de uma representao consular vai propiciar grandemente a realizao, a um tempo, de uma melhor proteco dos cidados cabo-verdianos residentes na rea sob sua jurisdio e de uma melhor identifi cao e aproveitamento de oportunidades de parcerias empresariais entre agentes econmicos de Cabo Verde e Angola;

    O Governo, nos termos da Conveno de Viena sobre as Relaes Consulares, solicitou e obteve o necessrio assentimento do Governo da Repblica de Angola em relao criao de um consulado em Benguela com jurisdio sobre as provncias de Kwanza Sul, Huambo, Bi, Moxico, Huila, Namibe, Kunene e Kuando Kubango.

    Assim;

    No uso da faculdade conferida pela alnea a) do n. 2 do artigo 204. da Constituio, o Governo decreta o seguinte:

    Artigo 1

    Criao

    criado, com sede em Benguela, o Consulado de Cabo Verde, com jurisdio sobre as provncias de Kwanza Sul, Huambo, Bi, Moxico, Huila, Namibe, Kunene e Kuando Kubango.

    Artigo 2

    Entrada em vigor

    O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicao.

    Visto e aprovado em Conselhos de Ministros.

    Jos Maria Pereira Neves - Jos Brito - Cristina Isabel Lopes da Silva Monteiro Duarte

    Promulgado em 11 de Fevereiro de 2011

    Publique-se.

    O Presidente da Republica, PEDRO VERONA RO-DRIGUES PIRES

    Referendado em 11 de Fevereiro de 2011

    O Primeiro-Ministro, Jos Maria Pereira Neves

    Decreto-Lei n 15/2011

    de 21 de Fevereiro

    Dados consistentes demonstram que a maioria da populao caboverdiana de sessenta e dois por cento (62%) urbana, o que acompanha a tendncia mundial. A Organizao das Naes Unidas tm vindo a apelar aos Governos do mundo que adoptem polticas pblicas que permitam resolver e antecipar os problemas resultantes dessa crescente urbanizao.

    Em Cabo Verde, especial ateno vem sendo dispen-sada nos ltimos anos problemtica do ordenamento do territrio, do planeamento, gesto e desenvolvimen-to urbanos. A implementao efectiva da lei de Bases do Ordenamento do Territrio, aprovada pelo Decreto Legislativo n 1/2006, de 13 de Fevereiro, na nova re-daco dada pelo Decreto Legislativo n 6/2010, de 21 de Junho, a aprovao e publicao do seu Regulamento, o fi nanciamento contnuo atribudo aos Municpios para a elaborao dos planos urbansticos e a consequente capacitao dos tcnicos municipais para a sua efectiva implementao, uma crescente preocupao com a ges-to fundiria, a montagem do Sistema de Informao Territorial e do Sistema Nacional de Cadastro Predial, a produo de cartografi a bsica para a prossecuo das polticas territoriais, a concepo e a implementao do Programa Casa para Todos que resultar na melhoria signifi cativa das condies habitacionais das famlias, so exemplos de medidas de poltica visando a capacitao das cidades e promoo do desenvolvimento urbano com sustentabilidade ambiental, oportunidades econmicas e sociais e qualidade de vida para todos.

    Mais do que encontrar a resposta adequada aos pro-blemas urbanos actuais, importa conceber uma poltica de criao de oportunidades que reforce a afi rmao das cidades como espaos privilegiados de produo de rique-za, do exerccio da cidadania e de insero internacional e competitiva do Pas no contexto global e que capacite as cidades para o cumprimento da sua funo social e econmica, enquanto espaos de atractividade e dina-mizao da economia local, de reforo da cidadania, da cultura da paz e da tolerncia, que estimulem a fi xao de famlias jovens nos centros urbanos secundrios dos municpios de caractersticas mais rurais.

    neste contexto que se enquadra o presente diploma, importando agora ao Governo adoptar medidas consen-tneas, pugnando-se designadamente pela criao de um estatuto das cidades, bem como pela adopo de uma po-ltica de capacitao das cidades em Cabo Verde, visando o incremento das condies para o estabelecimento de um territrio competitivo que, no seu conjunto, funcione como uma rede de competncias.

    So tambm defi nidos os eixos estratgicos de inter-veno, em funo dos objectivos delineados, prevendo-se, consequentemente, a adopo de um programa nacional de desenvolvimento urbano e capacitao das cidades, visando, no essencial, coordenar e apoiar projectos e aces direccionados para a capacitao dos agentes da administrao pblica e para o apoio ao sector pblico-privado, empresas, municpios e sociedade civil em geral,

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    INTRUSOHighlight

  • 498 I SRIE NO 8 B. O. DA REPBLICA DE CABO VERDE 21 DE FEVEREIRO DE 2011

    que administrativa e fi nanceiramente, possam ser suporta-dos e desenvolvidos pelo Estado e pelas autarquias locais, num quadro temporal de aplicao da respectiva poltica.

    Por outro lado, no presente diploma, assume-se clara-mente que a poltica do planeamento e do ordenamento do territrio tem assento privilegiado no mbito da es-tratgia do desenvolvimento das cidades, com enfoque essencial na compatibilizao entre os diversos instru-mentos de poltica sectorial com incidncia territorial, tanto no mbito nacional, regional, municipal e especial, de resto matrias bem adensadas no mbito da lei de Bases do Ordenamento do Territrio e do Desenvolvimento Urbanstico.

    No mbito da governao das cidades, preconizam-se competncias partilhadas, tanto a nvel nacional, quer a nvel regional e local. Assim, alm do papel que cabe ao Governo central na monitorizao da poltica de cidades, enfatiza-se o papel do Poder local, preoconizando-se em qualquer dos casos a participao popular, das organi-zaes da sociedade civil e das empresas privadas no processo da defi nio e da execuo da poltica de cidades, bem como da sua capacitao.

    Por isso mesmo, alm da orientao para uma gesto democrtica das cidades, prev-se no presente diploma a criao do Conselho Nacional das Cidades, a nvel central, e o Conselho Municipal de Cidade, a nvel das autarquias, em qualquer dos casos com natureza consultiva, com composio heterognea, enquanto espaos abertos de debate volta da poltica urbana, articulando-se com todos os segmentos que os compem, designadamente, as entidades governamentais, as autarquias, as ONG, a sociedade civil e entidades profi ssionais, acadmicas e de investigao.

    Finalmente, para a boa consecuo dos objectivos estabelecidos neste diploma, o governo adoptar um amplo programa de divulgao e sensibilizao visando assegurar, tambm, a melhor coordenao entre os dife-rentes agentes da administrao pblica central e local e a sociedade civil em geral.

    Nestes termos,

    Tendo sido ouvida a Associao Nacional dos Municpios Cabo-verdianos,

    No uso da faculdade conferida pela alnea a) do n 2 do artigo 204 da Constituio da Repblica, o Governo decreta o seguinte:

    CAPTULO I

    Disposies gerais

    Artigo 1.

    Objecto

    1. O presente diploma regula o Estatuto das Cidades e defi ne as orientaes da poltica de capacitao de espaos urbanos em Cabo Verde.

    2. O presente diploma estabelece ainda normas de ordem pblica e de interesse social que regulam o uso da propriedade urbana, visando o bem-estar e segurana colectivos, bem como o equilbrio ambiental.

    Artigo 2.

    mbito

    O presente diploma aplica-se a todos os espaos urba-nos qualifi cados com o Estatuto de Cidade, nos termos da lei.

    Artigo 3.

    Defi nio

    1. Para efeitos do presente diploma, entende-se por cidade todo o aglomerado populacional contnuo, de limi-tes defi nidos, com um ncleo urbano que integre equipa-mentos estruturantes, onde a actividade fundamental a funo de servios, nomeadamente nas reas poltico-administrativas, de sade, hotelaria, cultura, educao, banca, indstria e cuja populao heterognea na sua origem e profi sso.

    2. Lei prpria defi ne as condies de elevao dos cen-tros urbanos categoria de cidade.

    Artigo 4.

    Princpios e objectivos da poltica de cidades

    A poltica de cidades tem por objectivo ordenar o ple-no desenvolvimento das funes sociais da cidade e da propriedade nos centros urbanos, independentemente da sua localizao, dimenso territorial ou demogrfi ca, mediante os seguintes princpios gerais:

    a) Promover o desenvolvimento do territrio e a competitividade das cidades, apostando num modelo policntrico e reforando a integrao e coeso territorial atravs de infra-estruturas e equipamentos;

    b) Assegurar a equidade territorial na distribuio de infra-estruturas e equipamentos colectivos e a universalidade no acesso aos servios pblicos, garantindo assim a coeso social;

    c) Criao de redes e infra-estruturas modernas que permitam o rpido fl uxo de informao, bens e servios entre cidados, empresas e administrao pblica;

    d) Melhorar a qualidade e efi ccia da gesto territorial atravs de uma gesto fundiria integrada e informatizada e da participao informada de todos os actores envolvidos;

    e) Utilizar os recursos energticos de forma sustentvel;

    f) Conservar e valorizar o patrimnio natural e cultural minimizando e prevenindo eventuais riscos e assegurando a sustentabilidade da indstria e do turismo;

    g) Democratizar a gesto dos espaos urbanos por meio da participao da populao e de associaes representativas dos vrios segmentos da comunidade na formulao, execuo e acompanhamento de planos, programas e projectos de desenvolvimento urbano;

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  • I SRIE NO 8 B. O. DA REPBLICA DE CABO VERDE 21 DE FEVEREIRO DE 2011 499

    h) Cooperao entre o governo central e as autarquias, entidades colectivas privadas e os demais sectores da sociedade nos processos de urbanizao, em atendimento ao interesse social;

    i) Planeamento do desenvolvimento das cidades, da distribuio espacial da populao e das actividades econmicas sobre o territrio sob sua rea de jurisdio, de modo a evitar e corrigir as distores do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o ambiente; e

    j) Ordenamento e controle do uso do solo, de forma a assegurar:

    i) Utilizao adequada dos imveis urbanos;

    ii) Usos compatveis e convenientes dos espaos urbanos;

    iii) A preveno de prticas de loteamento do solo, de edifi cao ou de o usos excessivos ou inadequados em relao s infra-estruturas urbanas existentes;

    iv) A preveno da instalao de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como plos geradores de trfego, sem a previso da infra-estrutura correspondente;

    v) A preveno da reteno especulativa de imvel urbano, que resulte na sua subutilizao ou no utilizao;

    vi) A preveno da deteriorao das reas urbanizadas; e

    vii) A preveno da poluio e da degradao ambiental.

    k) Integrao e complementaridade entre as atividades urbanas e rurais, tendo em vista realar a dicotomia urbano-rural e o desenvolvimento socioeconmico equilibrado das autarquias e dos territrios sob a sua rea de jurisdio;

    l) Adopo de padres de produo e consumo de bens e servios e de expanso urbana compatveis com os limites da sustentabilidade ambiental, social e econmica das autarquias e dos territrios sob sua rea de jurisdio;

    m) Adequao dos instrumentos de poltica econmica, tributria e fi nanceira e da despesa pblica aos objectivos do desenvolvimento urbano, de modo a privilegiar os investimentos geradores de bem-estar geral e a fruio dos bens pelos diferentes segmentos sociais;

    n) Reabilitao dos investimentos pblicos de que tenha resultado uma comprovada valorizao de imveis urbanos;

    o) Proteco, preservao e recuperao do meio ambiente natural e construdo, do patrimnio cultural, histrico, artstico, paisagstico e arqueolgico;

    p) Regularizao fundiria e urbanizao de reas ocupadas por populao de menor rendimento mediante estabelecimento de normas especiais de urbanizao, uso e ocupao do solo e edifi cao, tendo em considerao a situao socioeconmica da populao e as normas ambientais;

    q) Simplifi cao legislativa, uso e ocupao do solo e das normas sobre construes e edifi cao urbana, com vista a permitir a racionalizao dos custos e o aumento da oferta dos lotes de terreno e unidades habitacionais; e

    r) Defi nio de normas e programas que facilitem e promovam a verticalizao dos centros urbanos, com o objectivo de se evitar a sua horizontalizao excessiva e de se assegurar a optimizao da utilizao das infra-estruturas urbanas e o uso racional do solo, melhorando-se assim a economia urbana.

    Artigo 5

    Competncia do Governo no mbito da poltica de cidades

    Compete ao Governo, no mbito da poltica de cidades, designadamente:

    a) Promover a legislao sobre normas gerais de direito urbanstico;

    b) Promover normas sobre articulao entre o governo central e as autarquias no mbito da poltica de cidades, tendo em vista o equilbrio do desenvolvimento e o bem-estar geral;

    c) Promover, por iniciativa prpria e em articulao com as autarquias, programas de construo de habitaes e que visem a melhoria das condies habitacionais e de saneamento bsico; e

    d) Emitir directivas para o desenvolvimento urbano, inclusive habitao, saneamento bsico e acessibilidades e transportes urbanos.

    Artigo 6

    Eixos estratgicos de interveno

    Para a concretizao dos objectivos da poltica de cidades, so institudos, designadamente, os eixos estra-tgicos de interveno seguintes:

    a) Dotao de equipamentos e infra-estruturao do territrio;

    b) Gesto do territrio e sua informatizao;

    c) Energia e sustentabilidade;

    d) Mobilidade e inovao tecnolgica;

    e) Poltica de solos e de habitao;

    f) Saneamento ambiental; e

    g) Ordenamento e planeamento territorial.

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    INTRUSOHighlight

  • 500 I SRIE NO 8 B. O. DA REPBLICA DE CABO VERDE 21 DE FEVEREIRO DE 2011

    CAPTULO II

    Instrumentos da poltica de cidades

    Seco I

    Instrumentos de gesto territorial

    Artigo 7

    Enumerao

    1. Para efeitos do presente diploma, so considerados, designadamente, os instrumentos de gesto territorial e de planeamento urbanstico seguintes:

    a) Directiva Nacional do Ordenamento do Territrio (DNOT);

    b) Esquemas Regionais do Ordenamento do Territrio (EROT);

    c) Planos Sectoriais do Ordenamento do Territrio (PSOT);

    d) Planos Especiais do Ordenamento do Territrio (PEOT);

    e) Planos Urbansticos Municipais, nomeadamente:

    i) Planos Directores Municipais (PDM);

    ii) Planos de Desenvolvimento Urbano (PDU);

    iii) Planos Detalhados (PD); e

    iv) Planos Intermunicipais do Ordenamento do Territrio (PIMOT).

    2. Na aplicao dos instrumentos referidos no nmero anterior, so observadas as recomendaes dos corres-pondentes estudos de impacto ambiental, quando couber.

    Artigo 8

    Enquadramento legal e aplicao

    1. Os instrumentos previstos no artigo anterior regem-se por legislao prpria.

    2. Nos casos de programas e projectos habitacionais de interesse social, desenvolvidos por entidades pbli-cas com actuao especfi ca nessa rea, a concesso de direito real de uso de imveis do domnio pblico pode ser contratada colectivamente.

    3. Na elaborao dos planos detalhados de reabilitao urbana, so ainda tomados em considerao para alm do disposto na legislao aplicvel ao ordenamento do territrio e planeamento urbanstico, gesto de solos, urbanismo e construo civil, o regime jurdico de reabi-litao urbana e demais legislao em vigor.

    Seco II

    Instrumentos especfi cos da poltica de cidades

    Artigo 9

    Programas operacionais

    Enquanto instrumentos especfi cos da poltica de cidades, so adoptados os seguintes programas operacionais:

    a) Parcerias para a renovao e a reabilitao urbana;

    b) Redes urbanas para a mobilidade, conectividade, competitividade e a inovao;

    c) Aces inovadoras para a gesto sustentvel dos solos, desenvolvimento urbano inclusivo e propiciadoras de ampliao das redes sociais em favor do reforo da identidade cultural, do desporto, da cidadania, da tolerncia e cultura da paz; e

    d) Equipamentos estruturantes do sistema urbano nacional.

    Artigo 10

    Parcerias para a renovao e reabilitao urbana

    1. As parcerias para a renovao e reabilitao urbanas des-tinam-se a equacionar e a fi nanciar programas de aco integrados, preparados e implementados por parcerias pblico-pblico e pblico-privadas, preferencialmente lideradas pelas autarquias locais.

    2. Para efeitos do disposto no nmero anterior, as parcerias locais devem promover um processo estrutu-rado e formal de cooperao entre diversas entidades comprometidas com um programa de aco comum de regenerao de reas especfi cas de uma dada cidade, nos termos defi nidos na lei-quadro da descentralizao administrativa, no regime jurdico da reabilitao urbana e demais legislao aplicvel.

    3. As parcerias locais, alm o municpio, podem inte-grar empresas, associaes empresariais, cooperativas, servios da administrao central e outras entidades do sector pblico, concessionrios de servios pblicos, em particular na rea de infraestruturas, ambiente, saneamento, energia e gua, instituies de ensino, formao profi ssional e investigao, organizaes no governamentais, moradores e suas associaes e outros actores urbanos portadores de projectos relevantes para a regenerao urbana do territrio em causa e para a qualifi cao da sua insero no conjunto da cidade.

    4. As parcerias locais e os correspondentes programas de aco podem ter como objecto:

    a) A valorizao de reas de excelncia urbana, nomeadamente centros histricos e frentes ribeirinhas e martimas, quando couber;

    b) A qualifi cao das periferias urbanas e de outros espaos relevantes para a estruturao urbana;

    c) A renovao das funes e dos usos de reas ou prdios urbanos abandonados ou com usos desqualifi cados;

    d) A requalifi cao e reintegrao urbana de bairros crticos, em particular combatendo os riscos urbanos, a vulnerabilidade habitacional e sanitria, os factores de excluso social e de segregao territorial; e

    e) A reabilitao ou o aproveitamento dos vazios urbanos para implementao de projectos integrados de habitao de interesse social ou equipamentos pblicos.

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  • I SRIE NO 8 B. O. DA REPBLICA DE CABO VERDE 21 DE FEVEREIRO DE 2011 501

    5. Os programas de aco devem dar resposta inte-grada aos desafi os de qualifi cao do espao pblico e do ambiente urbano, do desenvolvimento econmico, do desenvolvimento social e do desenvolvimento cultural.

    Artigo 11

    Redes urbanas para a mobilidade, conectividade, inovao e competitividade

    1. As redes urbanas para a mobilidade, conectividade, inovao e competitividade, consubstanciam-se num instrumento de poltica que visa estruturar os processos de cooperao entre municpios contguos, entidades p-blicas e entidades privadas que se proponham elaborar e implementar, em comum, um programa estratgico de de-senvolvimento urbano centrado nos factores territoriais mobilidade, conectividade, inovao e competitividade.

    2. So objectivos das redes urbanas para a competiti-vidade e a inovao:

    a) Apoiar a afi rmao das cidades enquanto espaos de circulao de pessoas, bem e servios, por excelncia, actuando na melhoria contnua e planeada das redes virias e de transportes urbanos, interurbanos, intermodais, na implementao de sistemas modernos de gesto do trfego rodovirio e do estacionamento organizao nos centros urbanos;

    b) A continuao do esforo de implementao do Plano Estratgico para a Sociedade de informao, alargando os espaos de acesso livre a internet, como prestao pblica aos cidados, visando a concretizao do objectivo de incluso digital para todos;

    c) Diversifi car as iniciativas e as parcerias para a promoo da conectividade e incentivo ao alargamento das redes de conhecimento e de acesso cultura e ao saber;

    d) Promover o reforo das funes econmicas superiores das cidades, atravs da obteno em rede de limiares e sinergias para a qualifi cao das infra-estruturas tecnolgicas e o desenvolvimento dos factores de atraco de actividades inovadoras e competitivas;

    e) Estimular a cooperao entre cidades para a valorizao partilhada de recursos, potencialidades e factores de diferenciao;

    f) Promover a insero das cidades em redes internacionais e afi rmar a sua imagem internacional;

    g) Optimizar o potencial das infra-estruturas e equipamentos numa perspectiva de rede;

    h) Apostar fortemente na disponibilizao de vias pedonais e ciclo vias, espaos verdes, qualifi cao do espao pblico e de reas livres do tabaco e do lcool nos centros urbanos; e

    i) Programas de efi cincia energtica e estimulo ao uso de fonte de energia verdes.

    3. Na concretizao do instrumento de poltica referido no n 1, deve ser priorizada a estruturao de redes de cidades nacionais, cooperando, numa base territorial de solidariedade inter-regional, na formulao e concretiza-o de uma estratgia comum de reforo dos factores de criatividade e de promoo do conhecimento, inovao e internacionalizao, tendo por objectivo o seu reposicio-namento nacional e internacional.

    Artigo 12

    Aces inovadoras para o desenvolvimento urbano sustentvel e propiciador da ampliao das redes sociais

    1. As aces inovadoras para o desenvolvimento ur-bano sustentvel e propiciador da ampliao das redes sociais para a incluso social, tolerncia e cultura da paz constituem-se instrumentos de poltica visando a dina-mizao de solues inovadoras de resposta s demandas e aos problemas urbanos, centradas, nomeadamente, na efi cincia e reutilizao de infra-estruturas e equipamen-tos existentes, na explorao das oportunidades que as novas tecnologias oferecem, na capacitao das comuni-dades locais e no desenvolvimento de novas formas de parceria pblico-privado, visando ampliar a capacidade de respostas propiciadoras da incluso social, tolerncia e cultura da paz.

    2. Podem ser institudos projectos-piloto que potenciem o desenvolvimento ou a transferncia, para aplicao noutras cidades cabo-verdianas, de solues que ainda no tenham sido ensaiadas em territrio nacional ou que, tendo-o sido com resultados positivos, caream de aplicao demonstrativa a uma escala mais alargada para motivar a sua generalizao, nomeadamente, nas seguintes reas temticas:

    a) Prestao de servios de proximidade;

    b) Acessibilidade, mobilidade urbana, com vias e circuitos pedonais, ciclo vias;

    c) Segurana, preveno de riscos e combate criminalidade;

    d) Gesto do espao pblico e do edifi cado;

    e) Construo sustentvel e valorizao paisagstica;

    f) Criatividade e empreendedorismo na valorizao dos recursos territoriais;

    g) Governao urbana com espaos de participao dos cidados e dos actores econmicos e sociais;

    h) Incentivos ao voluntariado e a participao activa das agncias socializadoras no processo de organizao e gesto dos equipamentos e espaos pblicos urbanos;

    i) Disponibilizar espaos na cidade para acolher aces e projectos que contribuam para a animao do espao pblico urbano, o reforo da cidadania, dos laos de solidariedade, favorecedores de maior integrao social, tolerncia e cultura da paz;

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  • 502 I SRIE NO 8 B. O. DA REPBLICA DE CABO VERDE 21 DE FEVEREIRO DE 2011

    j) Estimular a criao de espaos e redes de inovao e competitividade de mbito nacional ou internacional, nomeadamente atravs da promoo de eventos como das feiras, exposies, festivais, congressos, conferencias, competies desportivas, acadmicas;

    k) Promoo de hortos urbanos e de pulmes verdes nos projectos de infra-estruturao e urbanizao, associados aos programas de efi cincia energtica, racionalizao dos recursos hdricos, reutilizao, modernizao tecnolgica e criao de oportunidades econmicas nas cidades; e

    l) Programas de incentivo ao desporto, a cultura e a arte, integrados na malha urbana.

    Artigo 13

    reas e equipamentos estruturantes do sistema urbano nacional

    1. A defi nio de equipamentos estruturantes do sis-tema urbano nacional deve constituir um instrumento de poltica que visa a identifi cao, a planifi cao, reabi-litao ou construo de equipamentos especializadas e a requalifi cao de reas de elevado valor paisagstico e ambiental, que contribuam para a estruturao e desen-volvimento do sistema urbano nacional, para a afi rmao e diferenciao dos centros urbanos de nveis superiores da hierarquia urbana e, no contexto global do pas, para o reforo do policentrismo, envolvendo, designadamente:

    a) Requalifi cao e valorizao urbana de iniciativa da Administrao Pblica central, regional, local, devendo-se sempre que possvel privilegiar as parcerias pblico-pblico e pblico- privadas, envolvendo, tambm, empresas, agremiaes e particulares, o das redes nacionais de equipamentos estruturantes;

    b) Construo ou reabilitao de equipamentos urbanos inovadores ou nicos, da iniciativa de entidades de mbito nacional, que contribuam para o reforo do policentrismo e para a melhoria do potencial do sistema urbano;

    c) Equipamentos urbanos, da iniciativa de entidades de mbito regional ou local, que contribuam para a diferenciao e reforo dos factores de integrao e coeso social, valorizao do patrimnio, atraco e de competitividade de uma cidade e para a sua imagem distintiva no contexto.

    2. Os critrios e parmetros para a identifi cao das reas e dos equipamentos estruturantes serem requali-fi cados, construdos ou reabilitados deve ser objecto de regulamentao e de acesso a fi nanciamento pblico para a execuo dos mesmos, sujeitar-se as regras gerais de aquisies pblicas.

    3. As cidades elegveis variam de acordo com as espe-cifi cidades de cada cidade e regio em que se encontra e o tipo de programa ou equipamento, nos termos regu-lamentar.

    Artigo 14

    Outros instrumentos relevantes para a poltica de cidades

    Devem ser criados mecanismos para assegurar a arti-culao dos instrumentos especfi cos da poltica de cida-des com outros domnios de interveno com relevncia para o sucesso das operaes integradas de desenvolvi-mento urbano, designadamente nos domnios de:

    a) Promoo de tipologias habitacionais que facilitem a incluso e a coeso social;

    b) Sistemas de incentivos, garantindo que, no respeito das regras aplicveis em matria de apoios e incentivos do Estado, os territrios abrangidos por operaes integradas de desenvolvimento urbano benefi ciam de tratamento favorvel quanto a incentivos fi scais e fi nanceiros s actividades econmicas;

    c) Valorizao, conservao, classifi cao, divulgao e densifi cao do patrimnio material e imaterial;

    d) Melhoria contnua dos servios de proteco civil e de alerta e educao para os riscos urbanos;

    e) Sistemas de Informao Geogrfi ca e de monitoramento do desenvolvimento urbano, integrados e de acessveis a administrao e aos cidados, e

    f) Adopo de medidas de conservao e valorizao das ribeiras, dos montes e das reas urbanas.

    Artigo 15

    Poltica de reabilitao urbana

    1. O Estado promove uma poltica activa de reabili-tao urbana em geral, e, em particular, relativamante aos centros histricos das cidades que enfrentem srios problemas de obsolescncia dos edifcios, infra-estruturas e equipamentos, com nveis de degradao que prejudi-quem a atraco de turismo e o investimento privado exgeno e, bem assim, em relao s reas de ocupao espontnea, delimitadas para a regularizao fundiria, reabilitaes e reordenamento urbano, visando a cria-o de condies habitacionais, sanitrias e ambientais apropriadas.

    2. A reabilitao urbana e as medidas de incentivo, bem como a regulao da respectiva matria, rege-se por legislao prpria.

    CAPTULO III

    Governao da poltica de cidades

    Artigo 16

    Administrao central

    1. A implementao da poltica de cidades compete ao departamento Governamental responsvel pela rea do Ordenamento do Territrio, em estreita articulao com os demais departamentos governamentais responsveis e as autarquias locais.

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    INTRUSOHighlight

  • I SRIE NO 8 B. O. DA REPBLICA DE CABO VERDE 21 DE FEVEREIRO DE 2011 503

    2. O organismo tcnico responsvel pela poltica urba-na a Direco-Geral do Ordenamento do Territrio e Desenvolvimento Urbano.

    3. A responsabilidade do organismo referido no nmero anterior exerce-se num quadro em que administrao central cabe defi nir os instrumentos de poltica, estabe-lecer o referencial da sua aplicao e fi xar as orientaes gerais da implementao coerente do desenvolvimento urbano.

    4. Para efeitos do disposto no presente artigo, deve ser institudo um programa nacional de capacitao das cidades, cujas linhas orientadores defi nida em articu-lao com a organizao representativa dos municpios.

    Artigo 17

    Administrao local

    As autarquias locais devem cooperar na promoo do efi caz cumprimento das normas constantes no presente diploma, criar as condies necessrias para a imple-mentao da poltica de cidades, colaborar na produo legislativa sobre mecanismos ou instrumentos que se afi gurem necessrias execuo da poltica de cidades, emitir pareceres solicitados sobre matrias da sua com-petncia ou que represente especial interesse, designa-damente, sobre bens imveis afectos s autarquias locais.

    Artigo 18

    Implementao da poltica de cidades

    1. A poltica de cidades implementada segundo uma abordagem descentralizada, em que se destacam os se-guintes princpios:

    a) Iniciativa local;

    b) Procedimento concursal;

    c) Programao estratgica; e

    d) Parceria e contratualizao.

    2. A implementao da poltica de cidades assegurada atravs da aplicao dos princpios da descentralizao, da desconcentrao e da contratualizao, tanto a nvel local, atravs do estabelecimento de parcerias slidas para a prossecuo dos objectivos programados, como a nvel central, atravs dos mecanismos de acesso aos recursos fi nanceiros que o Estado disponibiliza para o efeito.

    CAPTULO IV

    Gesto democrtica das cidades

    Artigo 19

    Participao popular

    Para garantir a gesto democrtica das cidades, devem ser utilizados, entre outros, os seguintes instrumentos:

    a) rgos colegiais de poltica urbana, a nveis nacional, regional e municipal;

    b) Debates, audincias e consultas pblicas;

    c) Conferncias sobre assuntos de interesse urbano, a nveis nacional, regional e municipal; e

    d) Iniciativa popular de propostas de lei e de planos, programas e projectos de desenvolvimento urbano.

    Artigo 20

    Gesto oramental participativa

    As autarquias devem adoptar um modelo de gesto oramental participativa, que inclui a realizao de debates, audincias e consultas pblicas sobre as pro-postas do plano plurianual, da lei de enquadramento oramental e da proposta do oramento anual, como condio obrigatria para sua aprovao pelo respectivo rgo executivo colegial.

    Artigo 21

    Promoo da participao popular pelas autarquias locais

    As autarquias devem promover a participao da populao e de associaes representativas dos vrios segmentos da comunidade, de modo a garantir o con-trolo directo de suas actividades e o pleno exerccio da cidadania.

    Artigo 22

    Conselho Nacional das Cidades e Conselho Municipal de Cidade

    1. O Governo, atravs do departamento Governamental responsvel pela rea do Ordenamento do Territrio, deve instituir, em articulao com as autarquias, um Conselho Nacional das Cidades, que tem por fi nalidade estudar e propor directrizes para a formulao e a imple-mentao do Plano Nacional do Desenvolvimento Urba-no, bem como acompanhar a sua execuo, envolvendo e todos os segmentos da sociedade civil, organizaes no governamentais, entidades profi ssionais, acadmicas e de investigao.

    2. A nvel local, as autarquias devem tambm promover a institucionalizao dos respectivos Conselhos Munici-pais de Cidade, nos mesmos moldes defi nidos no nmero anterior, com as necessrias adaptaes.

    CAPTULO V

    Disposies fi nais

    Artigo 23

    Programa nacional de capacitao das cidades

    1. O Governo deve adoptar um Programa Nacional de Desenvolvimento Urbano e de Capacitao das Cidades, atravs do departamento Governamental responsvel pela rea do Ordenamento do Territrio, visando coor-denar e apoiar aces e programas direccionados para a capacitao dos agentes da administrao pblica central e local e para o apoio s parcerias pblico-privadas, s empresas e sociedade civil em geral.

    2. O Programa deve envolver as estruturas tcnicas da administrao pblica municipal, e os actores sociais envolvidos com a implementao da poltica urbana no-meadamente, a Associao Nacional dos Municpios Ca-bo-verdianos, a Ordem dos Arquitectos Cabo-verdianos, a Ordem dos Engenheiros, instituies do ensino superior vocacionados e organizaes no governamentais com particular interesse na matria.

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  • 504 I SRIE NO 8 B. O. DA REPBLICA DE CABO VERDE 21 DE FEVEREIRO DE 2011

    Artigo 24

    Extenso de aplicao

    O presente diploma aplica-se, com as devidas adap-taes, s Vilas, tendo em ateno as respectivas espe-cifi cidades.

    Artigo 25

    Regulamentao

    O Governo, por iniciativa do membro do Governo res-ponsvel pela rea do Ordenamento do Territrio e Ha-bitao, promove a regulamentao do presente diploma.

    Artigo 26

    Entrada em vigor

    O presente diploma entra em vigor no prazo de trinta dias aps a sua publicao.

    Visto e aprovado em Conselho de Ministros.

    Jos Maria Pereira Neves - Manuel Inocncio Sousa - Maria Cristina Lopes de Almeida Fontes Lima - Cristina Isabel Lopes da Silva Monteiro Duarte - Sara Maria Duarte Lopes

    Promulgado em 11 de Fevereiro de 2011

    Publique-se.

    O Presidente da Repblica, PEDRO VERONA RO-DRIGUES PIRES

    Referendado em 11 de Fevereiro de 2011

    O Primeiro-Ministro, Jos Maria Pereira Neves

    Decreto-Lei n 16/2011

    de 21 de Fevereiro

    As operaes de importao so livres para os importa-dores credenciados nos termos da lei, conforme preceitua o n 1 do artigo 2 do Decreto-Lei n 68/2005, de 31 de Outubro, devendo a credenciao operar-se atravs da emisso do certifi cado de operador comercial a que se refere o artigo 26 do Decreto-Lei n 69/2005, de 31 de Outubro.

    Destinando-se a importao a introduzir mercadorias no mercado interno, em regra, para a comercializao, pode-se concluir que, nesta circunstncia, s praticada por agentes comerciais denominados importadores, ac-tuando normalmente sob veste societria que tenha por objecto social o comrcio de importao.

    Por razes de ordem vria, empresas, sob forma socie-tria ou no, da rea de servios, que no tm por objecto o comrcio de importao, doravante designadas em-presas de servio, tm vindo a fazer importao de bens para a sua utilizao exclusiva, margem da legislao reguladora da importao, por mera tolerncia do ser-

    vio central do comrcio externo, por sua vez, avalizada pelo membro de Governo de que o mesmo dependa. Esta situao, eximindo as empresas de servios a muitas das obrigaes impostas pela lei a agentes importadores, pode eventualmente favorecer concorrncia desleal, que deve ser prevenida.

    Sendo Cabo Verde um Estado de Direito, impe-se que toda a actividade de importao se faa nos precisos termos da lei. H que, assim, defi nir se as empresas de servios que no tm por objecto o comrcio de importa-o e no esto sequer inscritas no cadastro comercial podem ou no importar e, na hiptese afi rmativa, em que condies.

    Num mercado organizado mas que procura a efi cincia econmica, nomeadamente atravs de especializao e economia de escala, natural que as empresas creden-ciadas e que se dediquem importao de mercadorias, estejam preparadas para oferecer a outras empresas no importadoras, em condies de preos competitivos, qualidade e prestao de servios ps-venda, bens im-portados de que necessitam para seu estabelecimento e prossecuo de sua actividade econmica.

    As empresas importadoras esto, em princpio, em melhores condies, nomeadamente por causa da escala e da especializao, de obter melhores preos de forneci-mento externo do que outras empresas que necessitam desse fornecimento para fi ns exclusivos de sua actividade e que, portanto, por princpio importam em quantidades reduzidas.

    A especializao e melhores conhecimentos do mercado fornecedor criam vantagem adicional das empresas im-portadoras sobre as no importadoras.

    Assim, a prpria lgica econmica e do mercado que estabelece o princpio de vantagens de aquisio no mercado interno pelas empresas no importadoras que necessitam desta aquisio para fi ns exclusivos, e no de comercializao interna, desde que o quadro normativo no estabelea privilgios particulares para essas em-presas, por aco ou omisso.

    O princpio de liberdade econmica e liberalizao con-sequente do mercado, consagrado jurdicamente atravs de vrios instrumentos legais e acordos internacionais, impe que no se proba a quem queira, e para isso esteja em condies legais de o fazer, a realizao de importao de bens de que necessita para prosseguir a sua actividade econmica. Seriam os casos de empresas de servios que, por opo, entenderem que estariam melhor servidas importando bens e servios de que necessitam para suas actividades do que adquirindo-os no mercado local, com origem externa ou no.

    H que, contudo, ter em considerao que se podero verifi car situaes em que os bens a importar no se acham disponveis no mercado ou as empresas de impor-tao no queiram ou no possam import-los. Proibir a importao de tais bens pelas empresas de servios que delas necessitam para sua actividade econmica seria um contra-senso econmico evidente.

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