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DISCIPLINA TEOLÓGICADISCIPLINA TEOLÓGICADISCIPLINA TEOLÓGICA

REALIZAÇÃO:

Igreja Renovação em Cristo

EvangelhosEvangelhosEvangelhos

REALIZAÇÃO:

Igreja Renovação em Cristo

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ITER – Instituto Teológico Renovação Evangelhos 1

INSTITUTO TEOLÓGICO RENOVAÇÃO - ITER

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida sem autorização prévia por escrito do ITER - Instituto Teológico Renovação. Não poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, scaneados, gravação ou quaisquer outros, salvo breves citações com indicação direta da fonte.

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ITER – Instituto Teológico Renovação Evangelhos 2

Sobre o livro Didático

Categoria – Teologia Bíblica

Execução - 2013

1ª Edição

Título Original: Evangelhos

Todos os direitos reservados por

ITER- Instituto Teológico Renovação

Avenida Capitão Luiz Antônio Pimenta nº 354

São Vicente - SP

CEP 11330-200

Contatos: Pr. Abdón Solís

(13) 3466.7627 / 97418.6972

(13) 99166.2290

Equipe de realização Produção fotográfica:

Nathalia Alves Solís

Supervisão Geral:

Ap. Natanael Solís

Produção Editorial, Coordenação e Revisão Teológica:

Pr. Abdón Solís

Índice Catálogo Sistemático

1- Novo Testamento - Teologia

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ITER – Instituto Teológico Renovação Evangelhos 3

INTRODUÇÃO

Os Evangelhos compreendem os quatro primeiros livros do Novo Testamento os

quais relatam a vida e os ensinamentos do encarnado Filho de Deus, Nosso Senhor

Jesus Cristo - tudo o que fez para estabelecer uma vida reta e justa na terra e para

salvar a humanidade pecadora.

Antes da vinda de Cristo os homens entendiam Deus como o Criador Todo Poderoso

e implacável Juiz na Sua morada em inatingível glória. Jesus Cristo nos abriu um

novo entendimento sobre Deus, o Deus próximo a nós, misericordioso e Pai que nos

ama.

Através desta disciplina mostraremos em que circunstâncias os Evangelhos foram

escritos e apresentaremos ensinamentos selecionados do nosso Redentor. O nosso

desejo é que o leitor venha a se aprofundar na vida e nos ensinamentos do Salvador,

pois, quanto maior é nossa experiência espiritual à medida que passamos a ler mais

os Evangelhos, mais evidente se torna a nossa proximidade com o Salvador.

Nos dias de hoje principalmente, quando tantas opiniões contraditórias e infundadas

aparecem, seria mais sábio que fizéssemos dos Evangelhos o nosso livro de

referência, pois nos revelam as palavras eternas do Senhor.

O Senhor Jesus é o centro do Evangelho, sem Ele não existe Evangelho.

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EVANGELHOS

I. DEFINIÇÕES

A palavra “evangelho” tem o significado de “boas novas”. No Antigo Testamento, era o

que estava na boca dos “mensageiros” que traziam recados para reis, sacerdotes ou

para todo o povo. A pessoa perguntava para o mensageiro: “quais são as novas?”, se

o recado fosse bom, chamava-se “boas novas”, era um recado que agradava os

ouvintes. Vindo para o Novo Testamento foi traduzida pela Septuaginta como

euuangelion (ευαγγέλιον). É a mensagem de que Jesus é o Salvador para todo aquele

que crê, restaurando-o de volta perante Deus na posição de filho. É a doutrina do

Senhor revelando a “Nova Lei”, uma orientação e interpretação do que Jesus e os

apóstolos falaram. São os relatos onde estão apresentadas a vida e obra de Cristo

através dos quatro primeiros livros do Novo Testamento: Mateus, Marcos, Lucas e

João.

II. PERÍODO INTERTESTAMENTÁRIO

É comum o leigo aplicar que o período entre o Antigo e o Novo Testamento foi a

época em que Deus fez silêncio, não falou, não livrou e não se apresentou a ninguém.

Mas quando lemos minuciosamente a Bíblia e a história, vemos as mãos de Deus

agindo no período intermediário do Antigo e do Novo Testamento. A voz profética

havia cessado, mas a atuação poderosa na história continuou.

O servo de Deus Daniel profetizou na interpretação do sonho de Nabucodonosor, que

após o reino babilônico viriam outros quatro reinos. Três deles aconteceram no

Período Interbíblico (Dn 2.39,40). O chamado Período Intertestamentário refere-se

aos fatos acontecidos entre os dois Testamentos (inter “entre” e testamentário,

indicando os dois testamentos). Portanto, conhecermos como se desencadeou a

história secular/militar dos grandes reinos da época e como sobreviveram os judeus

no meio deles é de suma importância para se entrar na história do Novo Testamento.

1. Os Persas

Os persas tiveram sua hegemonia de 539 a.C. (que foi confirmada na conquista de

Babilônia com Dário I) até 400 a.C. Liderados por Ciro, o Grande, que fazia alianças

políticas, e quando não, vencia os seus inimigos estrategicamente. Um detalhe de

Ciro é que enquanto os assírios e os babilônicos eram acostumados a conquistarem

uma região e transportar aquele povo pra outro lugar, ele ajudava esses povos a

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retornarem para os lugares deles fazendo com que seu reinado fosse mais admirado

do que somente respeitado. Isto ele também fez com os judeus: voltaram para

restaurar o templo e para formar o país de novo. Os judeus tiveram três retornos para

sua pátria: em 538 a.C., em 457 a.C. e em 444 a.C. Ciro permitiu o primeiro retorno

com 50.000 exilados, depois com Xerxes I foram 17.000, treze anos após, com

permissão de Artaxerxes. As duas primeiras levas tinham o objetivo de reconstruir o

templo e a terceira de reconstruir os muros. Numa visão secular, era a política de

Ciro, mas na visão bíblica, o Senhor Deus tinha o controle do rei persa, ainda que

fosse pagão. Cento e cinquenta anos antes havia sido profetizado que ele estaria nas

mãos de Yavé (Is 44.28; 45.1). Este grande rei morreu em batalha no ano de 530 a.C.

2. Os Gregos

Apesar do comércio e colonização grega terem feito crescer a nação, foi num período

de aproximadamente dez anos que Alexandre, o Grande, desencadeou e impulsionou

o país a dominar o Oriente Médio da época. Todos os povos e nações conquistados

eram forçados a aprenderem a língua grega tanto no comércio como dentro da classe

nobre. Mesmo no império romano, que também abrange a época de Jesus, se falava

popularmente o grego koinê com o qual também os apóstolos deixaram registros dos

atos e palavras de Cristo que é o nosso Novo Testamento de hoje (traduzido daquela

língua). O que os gregos queriam transmitir para as outras nações como língua,

filosofia, religião e muito mais, é chamada de “cultura helenista”.

Alexandre, juntamente com o terceiro reinado do sonho de Nabucodonosor, morre em

323 a.C., deixando dez anos de um império que parecia iria permanecer por muito

tempo.

Após o falecimento deste rei, a regência grega é dividida em quatro partes para cada

um dos seus principais generais dentre os quais se sobressaíram dois: Ptolomeu e

seus descendentes, que ficaram no Egito com Alexandria como capital. A famosa

Cleópatra foi o último membro desta forte dinastia. O outro império era o selêucida,

cuja capital situava-se na Síria. A maioria dos que reinavam neste império tinha por

nome de “Seleuco” ou de “Antíoco”. Este último encerrou-se em 64 a.C.

Pela razão de disputa para conquistar o poder, a região que mais sofreu foi a

Palestina, pois estava no meio de ambos os impérios que anelavam a hegemonia. Por

cento e vinte e dois anos os ptolomeus regeram a Palestina (320 - 198 a.C.). Para

helenizar o povo palestino, ou seja, influenciar os judeus a uma cultura grega, o novo

rei, Antíoco Epifânio (173-163 a.C.) colocou Jasom (helenista) como sumo sacerdote

no lugar de seu irmão Onias (anti-helenista). Naquela época, os que eram contrários a

inovações foram intitulados de “os piedosos”. Neste período, o sacerdócio virou um

centro de ganância pelo poder; não havia busca de Deus para saber quem ficava ali,

mas o fator dinheiro. Por causa de receber mais tributos, Antíoco tira Jasom e coloca

Menelau, transformando o cargo em simonia. Mesmo com essa autoridade de tirar e

colocar sobre a Palestina, Epifânio temia Roma que estava crescendo e ameaçava

conquistar o Oriente Médio.

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Por causa de egoístas disputas políticas e religiosas, Epifânio foi contra o país

levando riquezas do templo, devastando e matando a muitos. Dois anos depois

enviou um general para buscar tributo, proibir a religião judaica e fazer os judeus

serem pagãos. Neste tempo muitos morreram e muitos outros viraram escravos. Um

altar a Zeus foi construído no templo, foi sacrificado uma porca no Altar de Sacrifícios

e a prostituição sagrada tornou-se oficial naquele lugar.

3. Os Macabeus

Grande parte dos judeus não suportava mais tanta humilhação. Era constrangedor ver

o país sendo roubado e massacrado. Isto fez com que certo sacerdote chamado

Matatías desse um basta. Principalmente quando aconteceu de receber um convite

para oferecer um sacrifício pagão a pedido de um agente de Antíoco na cidade de

Modin e ele recusou. Certo homem judeu ofereceu-se a sacrificar, Matatías o mata,

assim como ao agente. O acontecimento trouxe repercussão na Palestina de uma

forma tal que muitos se agregaram a este sacerdote que fugiu para as montanhas

com seus cinco filhos e outros seguidores. É na data de 167 a.C. que começa a

revolta dos Macabeus. Coletivamente a família de Matatías era chamada de

“hasmoneanos” em homenagem ao bisavô de Matatías. Também eram chamados de

“Macabeus” que significa “martelo”, porque Judas foi um dos líderes que tinha firmeza

ao cuidar dos judeus. Neste período surgem os saduceus, fariseus e outras seitas

judaicas. No ano 63 a.C., o general Pompeu vem sobre a Palestina com seus

soldados romanos e os domina tomando a autoridade daquele lugar. É Roma que

está reinando no mundo da época quando começamos a ler a história dos

Evangelhos.

4. Os Romanos

Roma foi fundada no século VIII a.C. e no século V a.C. se organizou na forma

republicana. Augusto foi o imperador da época do nascimento de Jesus onde houve o

recenseamento e o começo do culto ao imperador por ser visto como um deus (27-14

d.C.). Em 14 a 37 d.C. quem reinou foi Tibério, época em que Jesus começou o seu

ministério e também foi morto. O rei que considerava ser um deus a ponto de mandar

erigir sua estátua foi o prostíbulo Calígula, mas antes disto acontecer, morreu em 41

d.C. Cláudio não aceitava os judeus em Roma (41-54 d.C.), ao ponto de, até Áquila e

Priscila também serem expulsos nesta época. O próximo imperador foi Nero que,

talvez foi o que mais perseguiu os crentes em Roma (54-68 d.C.) sendo os apóstolos

Paulo e Pedro martirizados no tempo de seu reinado. Vespasiano (69-79 d.C.) foi o

que deixou seu filho terminar de acabar com o país palestino por causa da revolta

judaica. Naquele tempo aconteceu a queda de Jerusalém e do templo (70 d.C.).

Domiciano imperou na época em que foi escrito o Apocalipse através de João,

debaixo de muita perseguição romana oprimindo os cristãos.

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Foi naquela geração (desde 63 a.C.) que Roma externamente regia os judeus, mas

quando focalizamos a política secular/interna conhecemos uma outra família que

marca fortemente o judaísmo e o cristianismo. Por Roma dar a liderança da região

conquistada para aqueles que obedeciam a suas ordens, Herodes o Grande,

conseguiu governar a Palestina desde 37- 4 a.C. através de seu pai que o envolveu

na política e na carreira militar, mesmo que fosse à força, pois os judeus não

gostavam dele por ser idumeu (descendente de Esaú). Sua personalidade também

não era confiável: matou duas esposas dele e três filhos; eis aí a razão de não ter tido

dó de mandar matar as crianças de Belém (Mt 2.16), pois temia de alguém tirar o seu

reinado. Ele sabia fazer política, cobrava impostos pesados, mas dava cereal e vestes

para as pessoas em época de fome e frio. A sua maior obra e alegria dos judeus

aconteceu quando trabalhou na reconstrução do templo (por isso passou a ser

chamado de “Templo de Herodes”). Ele morreu em 4 a.C. de câncer nos intestinos e

hidropisia.1 Os filhos de Herodes dividiram o reino palestínico. As regiões da Judéia,

Iduméia e Samaria ficaram com Arquelau; a Traconites, Ituréia, Auranites e

Gaulanites ficaram com Herodes Filipe; e a Galiléia e Peréia estavam na regência de

Herodes Antipas, o que casou com Herodias2 e temia João Batista. O imperador

Augusto baniu Arquelau por causa de sua má administração e, por certo tempo

colocou Pilatos para cuidar de Samaria, Judéia e Iduméia. No ano de 70 d.C.

ocorreu a Grande revolta judaica, que resultou na destruição do Segundo Templo.

III. A NATUREZA DOS EVANGELHOS

1. História dos Textos do Evangelho

Todos os livros Sagrados do Novo Testamento foram escritos na língua grega, mais

especificamente, no popular dialeto alexandrino chamado koinê, que era a língua

mais falada, ou pelo menos compreendida pelos homens cultos de todas as

localidades do Oriente e do Ocidente do Império Romano. Esse era o idioma de todos

os homens instruídos daquela época. Por essa razão os evangelistas usaram o grego

e não o hebraico para escrever os Evangelhos, a fim de torná-lo acessível a um maior

número de pessoas.

Naquele tempo a escrita usava somente as letras maiúsculas do alfabeto grego, não

usava nenhuma pontuação e não separava as palavras. As minúsculas e o

espaçamento entre palavras passaram a ser usadas somente no século IX. A

pontuação veio somente com o aparecimento da imprensa no século XV. A separação

dos capítulos foi introduzida no Ocidente pelo Cardeal Hugo no século XIII e a

separação em versículos foi feita pelo tipógrafo parisiense Roberto Stephen no século

XVI.

1 Hidropisia é um “acúmulo de líquido nos tecidos do corpo”.

2 O que matou o apóstolo Tiago era o Herodes Agripa I, neto de Herodes o Grande. O que ouviu o

apóstolo Paulo em sua defesa foi o bisneto de Herodes o Grande, chamado Herodes Agripa II.

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Através de seus sábios bispos e presbíteros a Igreja sempre zelava pela preservação

dos textos sagrados na sua pureza original, principalmente antes do aparecimento da

imprensa, tempo em que os textos eram copiados manualmente, onde erros poderiam

se infiltrar em novas cópias.

2. O Tempo em que os Evangelhos foram Escritos

Não podemos precisar com exatidão quando cada um dos livros do Novo Testamento

foi escrito. Entretanto não há dúvida de que todos foram escritos na segunda metade

do primeiro século. Isto é evidente pelo fato de que uma série de escritas no segundo

século - como as “Apologias do Santo Mártir Justino”, o filósofo, escritas no ano 150,

as obras poéticas do autor pagão Celso, escritas no segundo século e especialmente

as epístolas do bispo-mártir Inácio Teóforo de Antioquia, escritas aproximadamente

em 107 d.C. - todos fazem inúmeras referências aos livros do Novo Testamento.

Os primeiros livros escritos do NT foram as epístolas dos apóstolos, escritas por

causa da necessidade de fortalecer a fé das recém-fundadas comunidades cristãs.

Em pouco tempo também surgiu a necessidade de uma documentação sistemática da

vida e dos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não importa o quão

exaustivamente os chamados "críticos contraditórios" se esforçaram em minar a

confiança na autenticidade histórica dos Evangelhos e outros livros sagrados,

afirmando que apareceram muito mais tarde, os novos achados na literatura patrística

da Igreja (especialmente os antigos trabalhos dos Santos Pais da Igreja), nos atestam

que todos os quatro Evangelhos foram, de fato, escritos no primeiro século.

Pelas inúmeras deduções podemos concluir que o Evangelho de São Mateus foi

escrito primeiro e no máximo 50-60 anos depois do nascimento de Cristo. O

Evangelho de São Marcos e São Lucas foram escritos mais tarde, mas certamente

antes da destruição de Jerusalém, ou seja, antes de 70 a.C. São João o Teólogo

escreveu o seu Evangelho depois dos outros e muito provavelmente no final do

primeiro século, quando estava com mais de 90 anos.

MATEUS MARCOS LUCAS JOÃO

Data Entre 50 – 60 d.C. Entre 50 – 70 d.C. Entre 60 - 65 d.C. Entre 70 a 90 d.C.

Tema Jesus, o Rei Messias Jesus, o Servo de Deus Jesus, o Salvador do mundo Jesus, o Filho de Deus

3. O Significado dos Quatro Evangelhos

Os quatro Evangelhos harmoniosamente relatam a vida e os ensinamentos de Cristo

Redentor, Seus milagres, os Seus sofrimentos na Cruz, Sua morte e sepultamento,

Sua gloriosa ressurreição e ascensão ao céu. Mutuamente complementando-se e

esclarecendo, os Evangelhos representam um único livro, sem contradições ou

variações no que é mais importante e fundamental.

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IV. INTRODUÇÃO AOS EVANGELHOS

A palavra “evangelho” aparece setenta e sete vezes no Novo Testamento, apesar de

que não foi o nome dado pelos apóstolos a estes livros, mas hoje conhecemos os

quatro primeiros escritos do Novo Testamento como “Os Evangelhos”. Para aqueles

que fazem uma análise mais minuciosa, entendem esses livros por nome de "Os

sinópticos e João". Pela razão dos três primeiros livros obterem a mesma fonte de

ideias. A própria palavra “sinóptico” expressa uma visão conjunta sobre algo, uma

parte que completa a outra.

Em comparação dos sinópticos e João, percebemos algumas diferenças que não

deixam de concordar com o propósito histórico. Os Evangelhos trazem uma

historicidade de Cristo na região da Galiléia e algumas viagens na circunvizinhança,

logo, o Evangelho de João está trazendo quase todo o registro ministerial do Senhor

em Jerusalém.

Apesar de Mateus se limitar a contar os fatos sistematicamente e Lucas organizar

detalhadamente com datas da história secular, omitindo outros acontecimentos,

ambos usaram o Evangelho de Marcos como referencial, porém, João Marcos

escreve um livro de suas aplicações talvez sem usar algumas dessas três fontes.

Os sinópticos não vieram de dependência entre os três, pois a razão da história de

Cristo ser contada por completo, os fazia registrar atos diferentes, mas os sinópticos

se ligam 85%. O seu esboço sequencial, a colocação de palavras idênticas e até

parágrafos com frases muito iguais, dá-se a entender a igualdade que têm. Um

exemplo disto é Marcos 2.10, Mateus 9.6 e Lucas 5.24 que relatam sobre a cura do

paralítico, os detalhes das palavras e as frases inteiras são muito similares para

dizermos que foi apenas coincidência.

1. Os Apócrifos e os Evangelhos

Muitos registros aparecem antes e depois dos Evangelhos, mas não foram suficientes

para serem canônicos. Por outro lado, os apócrifos servem para confirmação da

história cristã. Um exemplo disto é de que os escritos seculares de Flávio Josefo, o

Talmude Babilônico, Tácito, Suetônio, Luciano e Plínio o jovem (estes últimos são

autores romanos) diziam da figura pública de Jesus que morreu debaixo do governo

de Pôncio Pilatos. Outros papiros3 e evangelhos apócrifos falam de Jesus, mas se

contradizem em várias informações. Todos os escritos sobre Jesus não conseguiram

dar uma análise minuciosa e fidedigna senão os quatro Evangelhos que conhecemos

hoje, mesmo assim o próprio Lucas registrou que havia muitos que queriam narrar os

fatos da historicidade de Cristo (Lc 1.1). Nesta época também existiam os “ágrafos”,

que eram declarações que não foram ditas por Jesus.

3 Os registros dos Papiros de Oxirrinco (Oxyrhynchus Papyri) e o evangelho do apóstolo Tomé relatam

sobre declarações de Jesus Cristo, mas os mesmos não formam escritos pelos respectivos autores trazendo rejeição para o Canon genuíno.

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2. Documentários

Certo argumento diz que havia um conhecimento sistemático da história de Jesus, por

isso, quando Mateus, Marcos e Lucas escreveram, aconteceu esta semelhança. Mas

este argumento nos deixa uma dúvida, pois a narrativa do apóstolo João deveria estar

incluída nesta sistemática, mas possui uma forma diferente da igualdade dos

sinópticos.

O que mais se encaixa sobre a explicação do assunto é que Mateus e Lucas usaram

como base a narrativa de Marcos, de um outro documentário chamado de “Fonte

Quelly” no qual Lucas provavelmente usou outras além destas (1.1- 4) e estenderam

os ensinamentos de Cristo de um lado que acharam necessário para clarear um

ensino difícil ou de anular algo que não achavam tão necessário desenvolver. Assim,

os sinópticos foram desenvolvidos. Se foram escritos com ajuda de outros escritos ou

pela tradição oral, não se sabe, mas os Evangelhos foram registrados com o

propósito de preservar a Igreja do Senhor Jesus em unidade com uma tradição do

que Jesus ensinou e que os apóstolos afirmavam.

3. A Crítica

Autores modernistas tentaram estudar os Evangelhos segundo a mente naturalista. O

mais ferrenho dentre os críticos foi Bultmann, pois dizia que os Evangelhos foram

uma “fabricação humana”, cheio de mentiras, que teria de tirar todo o místico e ficar

somente o que é puro e verdadeiro. Bultmann e muitos dos seus contemporâneos não

levaram em conta algumas considerações:

Na época em que viviam (século XX) havia forte misticismo cristão, então, aplicaram

essas dúvidas por serem influenciados pelo tempo deles e não pelo dos apóstolos,

como os cristãos do século XX estavam em invenções mirabolantes e ao mesmo

tempo não sendo exemplo para o mundo, ficou fácil concluir precipitadamente de não

serem verdadeiros seus escritos. Se o que Bultmann falou estava certo, homens

estudiosos e discípulos dos discípulos de Cristo, que aprovaram os evangelhos como

parte do cânon do Novo Testamento, iriam questionar e ficar contra aqueles autores.

Se os apóstolos e discípulos deles estivessem aumentando e mentindo, nunca

morreriam por esta causa de resistirem a uma fé nestas coisas, estariam eles

enganando a si mesmos. Realmente Bultmann e seus seguidores foram levados pela

época e não enxergaram coisas mais além ou anteriores.

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V. O EVANGELHO E OS EVANGELHOS

Antes de tudo, o Evangelho é, de acordo com o sentido grego da palavra, a Boa Nova

da Salvação (cf. Mc 1.1); é a pregação desta Boa Nova. Assim o entende o apóstolo

Paulo ao falar do seu evangelho: trata-se do anúncio da salvação na pessoa de Jesus

Cristo. De sorte que, na origem, o Evangelho não foi um livro, obra literária ou

histórica; e se o título “evangelho” foi dado aos quatro livros atribuídos a Mateus,

Marcos, Lucas e João, é porque cada um desses autores proclama esta Boa Nova no

relato que faz das palavras e obras de Jesus, bem como na narrativa de sua morte e

ressurreição.

O leitor moderno, cioso de exatidão e sempre à procura de fatos estabelecidos e

verificados, fica desconcertado à vista dessa literatura que lhe parece desconexa,

cujo plano carece de continuidade, cujas contradições parecem insuperáveis e que

não logra responder a todas as perguntas que se lhe fazem.

Tal reação será vantajosa para o leitor, se o levar a suscitar os verdadeiros

problemas, primeiramente o do gênero literário dos Evangelhos. Os seus redatores

não são literatos que, instalados numa escrivaninha, a manusear documentos

devidamente classificados, se teriam abalançado a escrever uma vida de Jesus de

Nazaré desde o nascimento até a morte. Totalmente diversa é a maneira como se

deve encarar a composição dos Evangelhos. Jesus falou, anunciou a Boa Nova do

Reino, convocou discípulos, curou doentes, realizou atos significativos. Após sua

morte e à luz da fé pascal, os discípulos e, depois deles, os pregadores anunciaram a

sua ressurreição, repetiram suas palavras e referiram seus atos de acordo com as

necessidades da vida das igrejas.

As Tradições Orais

Durante cerca de quarenta anos, formaram-se tradições orais, que conservaram e

transmitiram, por meio da pregação, da liturgia e do ensino, todos os materiais com

que deparamos nos Evangelhos. Aliás, é verossímil que, no decorrer da história,

alguns desses materiais já tivessem recebido uma forma escrita: por exemplo, certas

formulações litúrgicas como as profissões de fé, coletâneas de palavras de Jesus ou

o relato da Paixão de Jesus que, sem dúvida, bem cedo constituiu um ciclo de

narrações claramente estruturado.

Os evangelistas trabalharam a partir desses dados tradicionais que, na vida movediça

das primeiras comunidades, já tinham adquirido formas diversas, à medida que a Boa

Nova, antes de passar a texto estabelecido, era uma palavra viva, que,

simultaneamente, nutria a fé dos cristãos, ensinava os fiéis, adaptava-se aos diversos

ambientes, respondia às necessidades das Igrejas, animava sua liturgia, exprimia

uma reflexão sobre a Escritura, corrigia os erros e, ocasionalmente, replicava aos

argumentos dos adversários.

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ITER – Instituto Teológico Renovação Evangelhos 12

Destarte, os evangelistas recolheram e puseram por escrito, cada um segundo sua

perspectiva, o que lhes era fornecido pelas tradições orais. Mas não se contentaram

com isto. Tinham também consciência de estarem anunciando a Boa Nova para os

homens de seu tempo, com a preocupação de ensinar e responder aos problemas

das comunidades para as quais escreviam. Mais adiante se verá qual foi a

perspectiva peculiar de cada evangelista.

A passagem pela tradição oral também explica por que numerosas perícopes (termo

grego que significa “cortar ao redor”, ou seja, uma parte destacada de um texto, para

ser analisada e estudada em separado) se apresentam como pequenas unidades

literárias centradas numa palavra ou num ato de Jesus, sem enquadramento

cronológico ou geográfico preciso; indicam-no as fórmulas introdutórias, vagas por si

sós: naqueles dias (Mt 3.1; Mc 8.1), por aquele tempo (Mt 11.25), depois disto (Lc

10.1), ora (Lc 8.22; 9.18,51; 11.27). Cada uma dessas narrativas teve de início uma

existência independente das outras, e sua acomodação é muitas vezes obra dos

evangelistas. No emprego que as primeiras gerações fizeram dessas traduções, as

recordações narradas foram vazadas em certas formas literárias de relativa fixidez; é

o que sucede em relatos, episódios que enquadram e situam um dito de Jesus, cenas

de controvérsia, de cura ou de milagre. Uma estrutura peculiar a cada um destes

gêneros é muitas vezes fácil de descobrir.

O Cristo Revelado

Então, como se devem considerar essas tradições, se estão a tal ponto marcadas

pelo uso que se fez delas antes de serem fixadas nos Evangelhos?

Qual o crédito que se lhes pode conceder? Qual a sua relação com a realidade da

história de Jesus? A essas perguntas pode-se responder que, sendo os nossos

documentos testemunhos da fé em Jesus, o Cristo, é este Cristo reconhecido pela fé

que eles nos querem fazer encontrar. Contudo, afirmar que os evangelhos são uma

pregação, que seus autores — mesmo Lucas, cioso da história — pretenderam antes

de mais nada ser testemunhas da Boa Nova, não significa serem eles indiferentes à

realidade (histórica) dos fatos que referem; mas o seu interesse maior é fazer

sobressair o seu sentido, mais do que reproduzir exatamente o teor literal das

palavras de Jesus (cf. as diferentes formas das Bem-aventuranças, do Pai nosso, da

fórmula eucarística) ou as circunstâncias e pormenores dos seus atos. Apresentam

uma tradição que já é uma interpretação. É pelo estudo minucioso dos textos que tais

palavras ou tais relatos hão de surgir como sólidos pontos de referência para a

história do ministério de Jesus não poucos métodos acham-se ao alcance dos

historiadores para tentar estabelecê-los.

Aqui, dois pontos há que devem ser especificados:

1. É certo que, através da tradição, e apesar de não se poder verificar

historicamente todo o conteúdo do evangelho, numerosos indícios — que,

aliás, esclarecem os demais textos — nos permitem saber que a fé em Cristo

ressuscitado se enraíza na vida e nas ações de Jesus.

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2. Só temos acesso às palavras e ações de Jesus através das "traduções" que

delas nos fornecem as tradições antigas e as redações dos evangelistas. A

transcrição em grego daquilo que primordialmente foi vivenciado em aramaico

é apenas o aspecto mais aparente desse fenômeno de transmissão. Pode-se

tentar reconstituir o que Jesus falou em sua língua materna, bem como se

pode tentar reconstituir as circunstâncias exatas em que pronunciou tal

parábola ou operou tal cura. Todavia, essas tentativas ficam afetadas em seus

pormenores por uma probabilidade maior ou menor. Essas limitações da

verificação histórica decorrem da própria natureza dos Evangelhos. A fé em

Cristo vivo iluminava as recordações referentes a Jesus e se exprimia por um

testemunho vivo, com tudo o que este comporta de relatos fragmentários,

repetições, ajustes, intervenções da testemunha ou do narrador. A função e a

virtude própria desses textos são, todavia, atrair o leitor à fé.

O estudo crítico dos Evangelhos permite assim ultrapassar uma leitura ingênua e

inserir-se na perspectiva própria do Novo Testamento. Por mais longe que se possa

remontar na pesquisa, a pergunta fica de pé: quem é Jesus? Ao invés de se sentir

desprovido e incerto, o leitor que se dispuser a ler os Evangelhos nesta perspectiva,

notadamente, fazendo um estudo comparado dos textos, sempre encontrará mais do

que de início suspeitava. Pois, com seus múltiplos elementos de resposta e seu modo

de compreender os dados da tradição, cada um dos Evangelhos fornecer-lhe-á o

meio de verificar e enriquecer seu conhecimento de Jesus, fazendo-o participar do

movimento que, sem cessar, vai do passado de Jesus à fé atual da comunidade cristã

e da convicção das testemunhas, àquele que é sua fonte.

VI. JESUS - A BASE DOS EVANGELHOS

Alguma coisa mudou no mundo por causa de Jesus. Mudança tal que nenhum faraó

ou rei, nem Buda, Sócrates ou Maomé conseguiram impactar sua geração a ponto da

história diferenciar o que veio antes e depois de sua estadia como o Senhor Jesus

Cristo o fez. Hoje, temos o que alguns dos historiadores do passado registraram e

também outros livros apócrifos procuraram falar de Cristo, mas os Evangelhos são os

mais fidedignos e completos que estão escritos sobre a vida de Jesus.

OS EVENTOS DA VIDA DE JESUS

Os eventos da vida de Jesus podem ser divididos em quatro períodos principais:

1. O seu nascimento e preparação para o ministério.

2. O seu ministério terreno e a Sua popularidade.

3. O seu ministério posterior e controvérsias e

4. A sua morte, ressurreição e ascensão.

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Esses períodos principais aparecem na mesma sequência, em cada narrativa

evangélica. Porém, os escritores sagrados dispuseram os incidentes específicos,

dentro de cada período, segundo os seus próprios propósitos. Devemos lembrar que

o alvo deles não era primariamente nos fornecer uma narrativa estritamente

cronológica, mas, sim, retratar com exatidão a pessoa de Jesus.

O esboço abaixo fornece a progressão geral dos eventos, bem como os capítulos em

cada Evangelho que estão associados a cada período básico.

CRONOLOGIA DA VIDA DE CRISTO

Períodos e Eventos Principais Referências

1. Nascimento e Preparação para o Ministério

– Nascimento e crescimento até à idade adulta

– Apresentação, batismo, tentação

Mateus 1.1 – 4.11

Marcos 1.1-13

Lucas 1.1 – 4.13

João 1.1-51

1. Ministério Inicial e Popularidade

– Ministério na Galileia

– Ministério na Judeia

– Regresso à Galileia

– Altura da popularidade

Mateus 4.12 – 15.20

Marcos 1.14 – 7.23

Lucas 4.14 – 9.17

João 2.1 – 6.71

2. Ministério Posterior e Controvérsias

– Retirada para o norte

– Novo ministério na Galileia

– Novo ministério na Judeia

– Ministério na Peréia

– Última viagem a Jerusalém

Mateus 15.21 – 20.34

Marcos 7.24 – 10.52

Lucas 9.18 – 19.28

João 7.1 – 12.11

3. 4. Morte, ressurreição e ascensão

– Entrada triunfal, julgamento, morte e sepultamento –

Ressurreição, comissão aos discípulos e Ascensão

Mateus 21.1 – 28.20

Marcos 11.1 – 16.20

Lucas 19.29 – 24.53

João 12.12 – 21.25

OS ENSINAMENTOS DE JESUS

Temos examinado as características dos Evangelhos e os principais acontecimentos

da vida de Jesus. Agora olharemos mais de perto para a Sua atividade como Mestre,

conforme a vemos nos Evangelhos. Ensinar era um dos aspectos vitais da Sua obra,

porquanto Ele veio com a missão de anunciar as boas-novas aos pobres e revelar a

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verdade de Deus a toda a humanidade. Cada página dos Evangelhos está assinalada

pela presença das Suas advertências, proclamações, exortações e explicações.

Consideraremos cinco importantes características do Seu ensino.

1. A Base

O ensino de Jesus alicerçava-se sobre o Antigo Testamento como a Palavra de Deus,

e sobre Si mesmo como “o Unigénito Filho de Deus”. Jesus usava dos recursos do

Antigo Testamento. Também Se colocava em relação aos escritos do AT como

Aquele que possuía total autoridade para explicar o seu verdadeiro sentido.

Jesus aplicava a Si mesmo as profecias e eventos do Antigo Testamento. De acordo

com o texto de Lucas 4.18, Ele leu a descrição sobre a Sua missão no livro do profeta

Isaías. Deixou bem claro que viera para cumprir a Lei (Mt 5.17-20). Quando Jesus

falou com Nicodemos, falou-lhe sobre a Sua morte na cruz aludindo a certa

experiência que os israelitas tiveram no deserto (Jo 3.14; Nm 21.8-9). Quando os

fariseus Lhe pediram um sinal, Ele disse-lhes que lhes daria “o sinal de Jonas” –

dando a entender que Ele ressuscitaria dentre os mortos, três dias depois de ser

crucificado (Mt 12.39-40). Após a Sua ressurreição, Jesus encontrou-se com dois dos

Seus discípulos na estrada para Emaús. Enquanto caminhavam, Ele explicava-lhes

“... o que dele se achava em todas as Escrituras” (Lc 24.27).

Jesus também mostrou que Ele estava investido duma posição de autoridade ímpar

em relação às Escrituras do Antigo Testamento. Por exemplo, Ele disse que era “...

Senhor também do sábado” (Mc 2.28). Em conformidade com o texto de Êx 31.15,

nenhum trabalho deveria ser feito em dia de sábado. No entanto, Jesus declarou que

tanto Ele quanto o Pai trabalhavam continuamente, mesmo em dia de sábado (Jo

5.17), Jesus curava em dia de sábado e ensinou que era legítimo fazer tal coisa (Lc

13.10-17). Jesus também introduziu um padrão de conduta superior àquele que fora

revelado no AT (Mt 5). Esses exemplos mostram que Jesus Se punha na posição de

Filho de Deus em relação não somente às profecias do AT, como também à Lei.

2. Propósito

O propósito de Jesus era revelar Deus e ensinar aos homens verdades sobre as

quais pudessem edificar as suas vidas. Ele disse que os Seus ensinos provinham do

Pai (Jo 14.10). Não se tratava de meras ideias interessantes, de pensamentos

esperançosos ou de histórias divertidas. Mas eram as próprias palavras da vida

eterna (Jo 6.68), palavras que permaneceriam para sempre (Mc 13.31; Mt 7.24).

3. Método

Jesus ensinava por toda a parte, sempre que surgia a necessidade. Ele ensinava nas

sinagogas (Lc 4.16) e no templo (Jo 8.2). Ele ensinava nas ruas (Mc 10.17) e em

casas particulares (Lc 14.1). O número de ouvintes não era um fator importante para

Ele. Embora Se dirigisse a grandes multidões, não hesitava em dirigir a palavra a

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algum homem ou mulher em particular. Muitos dos Seus mais importantes

ensinamentos foram endereçados a indivíduos, como no caso de Nicodemos (João

3). Jesus ensinava numa grande variedade de lugares, para um grande variedade de

pessoas. Também usava grande variedade de métodos. Examinaremos quatro

desses métodos.

As Parábolas - Jesus ensinava muitas verdades por meio de parábolas. Uma

parábola é “uma ilustração ou história, normalmente extraída dos acontecimentos da

vida diária”.

Declarações curtas - Jesus usava expressões curtas para fixar certas verdades nas

mentes dos Seus ouvintes. Com frequência, essas expressões contrastavam duas

ideias. Por exemplo: “... portanto sede prudentes como as serpentes e símplices como

as pombas” (Mt 10.16). “Quem achar a sua vida perdê-Ia-á; e quem perder a sua vida,

por amor de mim, achá-Ia-á” (Mt 10.39). “... quem crê em mim, ainda que esteja

morto, viverá” (Jo 11.25). Essas expressões são pensamentos provocadores e

inesquecíveis.

Lições Objetivas - Jesus também Se utilizava de objetos familiares para ensinar

verdades espirituais. Certa feita, fez uma pequena criança sentar-se no meio dos

Seus discípulos, destacando-a como um exemplo de humildade (Mt 18.1-6). Noutra

ocasião, Jesus chamou a atenção para certos ricos, e para uma pobre viúva, que

estavam a depositar as suas ofertas no tesouro do templo. Aos pescadores Ele disse:

“... Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” (Mt 4.19). Jesus também

disse que as aves do céu e os lírios do campo ilustravam o cuidado de Deus pela Sua

criação (Mt 6.26, 28).

Perguntas - Por muitas vezes, Jesus usou perguntas no Seu ensino. As perguntas

feitas por Ele faziam os homens pensar. Elas iam até ao âmago das preocupações e

necessidades dos homens. Por exemplo: “... que dará o homem em recompensa de

sua alma?” (Mt 16.26), perguntou Ele aos discípulos. “Pois qual é mais fácil? dizer:

Perdoados te são os teus pecados; ou dizer: Levanta-te e anda?” (Mt 9.5). Mas talvez

a mais importante de todas as perguntas que Ele fez aos Seus discípulos foi esta: “...

Mas vós, quem dizeis que eu sou?...” (Mc 8.29). Jesus não somente fazia perguntas,

mas também dava respostas a perguntas que outras pessoas Lhe faziam. Quando

Tomé perguntou: “... Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos

saber o caminho?” Jesus respondeu: “... Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida...”

(Jo 14.5-6).

4. Conteúdo

O ensino de Jesus incluía uma grande variedade de assuntos. Contudo entre eles

podem ser encontrados alguns temas principais. Ele ensinava acerca do Reino de

Deus – a sua verdadeira natureza e os seus requisitos. Ele ensinava sobre o homem

– a sua responsabilidade perante Deus e como ele deve tratar as outras pessoas. E

Ele ensinava sobre Ele mesmo – a Sua missão, a Sua relação ímpar com Deus, a

Sua morte e ressurreição, e a Sua Segunda Vinda. Em algumas das narrativas do

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Evangelho, os ensinos sobre assuntos semelhantes encontram-se agrupados num

lugar. Por exemplo, uma grande parte do ensino de Jesus acerca do Reino de Deus

encontra-se em Mateus 13. O Seu ensino sobre os eventos futuros e o fim dos

tempos acham-se quase todo nos textos de Mt 24.25; Mc 1.3 e Lc 21.5-38. Os Seus

ensinos não saíam de uma maneira formal e sistemática, mas organizavam-se em

torno da Sua pessoa. Quem quisesse compreender os Seus ensinos tinha de

compreendê-lo.

5. Efeitos

O ensinamento de Jesus exercia grande impacto sobre os Seus ouvintes. Quando os

principais sacerdotes e os saduceus enviaram guardas para O prender, voltaram de

mãos vazias. Os 36 líderes religiosos perguntaram: “... Por que o não trouxestes?” E a

resposta dos guardas foi: “... Nunca homem algum falou assim como este homem” (Jo

7.45-46). Quando Jesus terminou o “sermão do monte” (Mt 5 – 7), os Seus ouvintes

estavam admirados, porque ensinava “... como tendo autoridade; e não como os

escribas” (Mt 7.29). Os Seus ensinamentos silenciavam os Seus adversários (Mt

22.46), e levavam pecadores a mudar os seus caminhos (Lc 19.8). Precisamos ter a

reação que diz: “Senhor ensina-me a servir-Te melhor. Ajuda-me a sentar-me aos

Teus pés e a aprender de Ti, para que por minha vez possa tornar-me aquilo que Tu

queres que eu seja: o sal da terra e a luz do mundo”.

VII. OS EVANGELHOS SINÓPTICOS

Você já aprendeu muitos fatos sobre os Evangelhos – as suas características gerais,

o seu panorama geográfico e o seu pano-de-fundo histórico, além do seu maravilhoso

tema, Jesus Cristo.

Agora, porém, voltaremos a nossa atenção para as próprias narrativas evangélicas.

Em primeiro lugar, examinaremos a relação especial que existe entre Mateus, Marcos

e Lucas. Em seguida, consideraremos os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, em

separado. Notaremos a maneira distinta como cada um apresenta a pessoa e o

ministério de Cristo.

Os Evangelhos e suas relações mútuas.

O Evangelho chegou até nós sob a forma de quatro livretes. À primeira leitura,

percebe-se que o quarto Evangelho possui características que o situam à parte,

embora não deixe de ter ligações com os três primeiros. Estes três são testemunhos

cuja redação é anterior à do Evangelho de João. O Evangelho segundo Marcos, cuja

origem é, com toda a verossimilhança, romana, pode ser datado dos anos 65-70 d.C..

Os Evangelhos segundo Mateus e Lucas, redigidos quinze a vinte anos mais tarde,

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não refletem os mesmos ambientes e têm destinatários bem diferentes. Contudo,

suas características são tão semelhantes que puderam ser denominados "sinópticos",

nome proveniente de uma obra publicada no fim do século XVIII com o título de

Sinopsis (ou seja: visão simultânea ou mesma visão), que trazia os textos de Mateus,

Marcos, Lucas em três colunas paralelas, de forma a facilitar a comparação entre

eles. Esse fato cria um problema particular.

a) O fato sinóptico. As semelhanças e diferenças entre os sinópticos referem-se: ao

material empregado, à disposição em que se apresenta e à sua formulação.

Quanto ao material, eis um levantamento aproximativo do número de

versículos comuns a dois ou três Evangelhos:

Versículos Comuns MATEUS MARCOS LUCAS

Comuns aos três 330 330 330

Comuns a Mt - Mc 178 178 -

Comuns a Mc - Lc - 100 100

Comuns a Mt - Lc 230 - 230

Peculiares a cada um 330 53 500

Ao lado das partes comuns, existem fontes próprias para cada Evangelho.

Quanto à disposição, as perícopes agrupam-se em quatro grandes partes:

A. A preparação do ministério de Jesus.

B. O ministério da Galileia.

C. A subida para Jerusalém.

D. Ministério em Jerusalém, Paixão e Ressurreição.

Dentro dessas quatro partes, Mateus distribui as suas perícopes numa ordem que lhe

é peculiar até o cap. 14; a partir daí, apresenta perícopes comuns a ele e a Marcos,

na mesma ordem que este. Lucas intercala as perícopes que lhe são próprias no meio

de um quadro geral que é idêntico ao de Marcos (assim, Lc 6.20 – 8.3 ou 9.51 –

18.14). Deve-se, contudo, notar que, no interior desta concordância de conjunto, há

discrepâncias, por vezes, no próprio seio de passagens comuns (assim, em Lucas, o

chamamento dos discípulos ou a visita a Nazaré).

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Quanto à formulação, verifica-se igualmente um estreito parentesco entre os

textos: assim, um mesmo termo raro afientai encontra-se em Mt 9.6 = Mc 2.10 = Lc

5.24; ou ainda, somente duas palavras diferem, entre 63, em Mt 3.7b - 10 = Lc 3.7b-9.

Por outro lado, uma discordância surge bruscamente em passagens que no conjunto

são parecidas: numa estrutura fixa, as palavras são diferentes, ou então com palavras

idênticas, a estrutura é diferente.

b) Interpretação do fato sinóptico. O problema criado pelo fato sinótico estará

resolvido quando se tiverem explicado juntamente as semelhanças e as divergências.

Reina um acordo entre os críticos a respeito de certos pontos. Primeiro, quanto à

origem dos Evangelhos. Dois fatores determinaram o estado atual dos textos: a

função da comunidade que criou a tradição, quer oral quer escrita, e a função do

escritor que manejou as diversas tradições. As variações nas hipóteses dependem

essencialmente da importância relativa atribuída pelos críticos a estes dois fatores:

poderiam as discordâncias explicarem-se todas pela atividade redatorial do escritor ou

exigiriam o recurso a contatos havidos em nível pré-sinóptico?

Quanto ao método a seguir, reina certo acordo. As omissões ou acréscimos de

matérias e as modificações na formulação podem ser explicadas mais ou menos

adequadamente pelas "intenções" dos diversos redatores; mas por causa da

arbitrariedade que ameaça as interpretações que se podem dar das mesmas, a

solução do problema não pode ser fornecida no nível dos materiais ou da formulação.

Só o exame da disposição autoriza uma resposta firme. Para explicar as

concordâncias entre longas sequências de textos, impõe-se a hipótese de uma

dependência literária (e não somente oral), quer imediata (interdependência), quer

mediata (dependência de uma fonte comum). Para explicar as discordâncias, uns

acentuam a influência da comunidade durante a fase pré-sinóptica, outros, a dos

redatores. Mais exatamente, os críticos concordam geralmente em afirmar dois

princípios: Marcos depende de Mateus e de Lucas, Mateus e Lucas são entre si

independentes; com efeito, estes últimos entram em desacordo quando um deles

deixa de concordar com a ordem de Marcos, e ambos têm passagens comuns com

Marcos que o outro não repetiu (Mt: 178 vv.; Lc: 100 vv.).

O desacordo entre os críticos subsiste quanto à interpretação da relação de Marcos

com os outros dois sinópticos. Teria havido contatos, entre Mateus e Marcos e entre

Lucas e Marcos, sob a forma de dependência imediata do evangelho de Marcos ou

sob a forma de dependência relativamente a um texto pré-sinóptico comum? Eis, em

resumo, as duas modalidades de hipóteses que hoje são sustentadas:

1. Certos críticos, mais sensíveis às diferenças do que às concordâncias, preferem

renunciar à interdependência imediata dos sinópticos.

a) Uns evocam uma documentação múltipla: os evangelistas teriam utilizado coleções

mais ou menos extensas, agrupando desde o início (provavelmente com vistas à

pregação missionária da Igreja) pequenas compilações de fatos e sentenças

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(agrupamentos de milagres, reunião de sentenças...); assim se explicariam as

concordâncias menores entre Mateus e Lucas contra Marcos, que contradizem a sua

dependência deste; assim se justificariam também as variantes que dificilmente

podem ser atribuídas ao trabalho redatorial ou a perspectivas teológicas diferentes.

b) Outros críticos, embora se mantenham fiéis à flexibilidade da hipótese precedente,

estimam descobrir na origem da tradição sinótica dois documentos principais, além

das tradições singulares. Impõe-se uma constatação: a disposição difere, conforme se

trate da parte central (pregação na Galiléia: Mt 4,13–13,58 par.) ou das duas seções

que a enquadram (Mt 3,1–4,12 par.; Mt 14,1–24,51 par.). A estreita concordância que

domina essas duas seções envolventes sugere a existência de um documento de

base idêntico para os três evangelhos; pelo contrário, a discordância que caracteriza

a parte central (ministério na Galiléia) revela um estado menos adiantado da

organização das tradições. Destarte, na origem dos três sinópticos, haveria, além das

tradições singulares, dois documentos principais: um, já fortemente estruturado, outro

em estado ainda fluido, no momento em que foram empregados pelos evangelistas,

embora seu estado de fusão estivesse então mais ou menos adiantado.

2. Todavia, a maioria dos críticos adere à hipótese das Duas Fontes.

Conforme esta, Mateus e Lucas dependem imediatamente de Marcos, bem como de

uma fonte comum independente deste (muitas vezes chamada Q, do alemão Quelle).

Marcos e esta documentação seriam as duas fontes principais de Mateus e Lucas. O

esquema seguinte resume esta hipótese. Hoje em dia esta hipótese é apresentada

com muito mais nuanças do que inicialmente. Ela tem a grande vantagem de facilitar

o estudo do trabalho redacional de Mateus e Lucas. Assim explicar-se-iam pelo

trabalho de redação literária as adições, omissões e transposições verificadas no fato

sinóptico.

Convém observar que, em nossos dias, não se ousa mais resolver categoricamente a

questão de saber se o documento comum a Mateus e Lucas é um documento escrito

ou uma fonte oral, nem de saber se o texto de Marcos usado por Mateus e Lucas é o

que nós possuímos ou algum outro. No entanto, seja qual for a hipótese crítica

adotada para abordar o problema sinóptico, só um trabalho minucioso permite

determinar a natureza das perspectivas de cada evangelista. Acrescente-se que o

exame das fontes literárias não é nem o único, nem talvez o mais importante para

compreender melhor os evangelhos sinópticos. Fontes documentais, tradição oral,

influência do ambiente de origem e utilização de material diverso pelos redatores

finais são elementos que se devem levar simultaneamente em consideração, ao se

querer dar conta do fenômeno original que é a literatura evangélica.

Este rápido apanhado da questão sinóptica talvez ajude o leitor a melhor penetrar as

perspectivas de cada um dos evangelistas que serão indicadas nas introduções

particulares a Mateus, Marcos e Lucas.

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1) O EVANGELHO DE MATEUS

A vasta maioria do povo judeu não percebeu ou ignorou esta possibilidade que o

Messias veio e eles mesmos o mataram. Mateus procura explicar a estes trazendo

textos do Antigo Testamento e comparando-os com atos de Jesus na terra. Este

evangelho era o mais usado no século II. No cânon do Novo Testamento é o primeiro

a ser reconhecido universalmente na autoridade de igual modo ao Antigo Testamento.

Os seus tópicos e cronologia são ideais para dar um ensino sistemático sobre Jesus.

A narrativa e obras do Senhor são ricas neste livro, a visão de “Reino Universal”, ou

seja, a salvação para todos os que buscarem a Cristo é expressamente prioridade

fazendo o livro parte de suma importância do Novo Testamento.

a) Autoria

Mateus, nome dado a Levi por Jesus. Era um cobrador de impostos. Os judeus

odiavam este cargo por se tratar de compatriotas funcionários dos opressores

romanos. A prática na profissão que tinha o ajudou muito na preparação de um

excelente livro, sua intelectualidade era tal que após provavelmente escrever o

evangelho em aramaico para os hebreus (pois tinha condições de tal façanha)

traduziu-o para o grego koinê num objetivo de alcançar o povo helenístico. Os pais da

Igreja creditaram a Mateus autoria do Evangelho.

b) A datação pelos eruditos

Os eruditos diferem entre si sobre o lugar. Provavelmente o livro foi escrito na

Palestina, mas o ano está acima de 45 d. C. e abaixo de 100 d. C. O teólogo

canadense Richard Leroy Hoover 4 aborda que os estudiosos concordam numa

diferença menor, de 45 - 66 d.C., ao que nos parece ser mais correto. Donald Stamps

já conclui a data para 60 d.C. pela razão de Mateus estar em plena atividade

eclesiástica sem dúvida nenhuma. O doutor em Novo Testamento e doutor em língua

grega Russel Norman Champlin fortalece esta época, pois para aceitarmos a idéia de

que Mateus a escreveu, então foi antes da queda em Jerusalém, 70 d.C.

c) Tema

Mateus quer deixar bem claro que Jesus é o Messias e Rei. Desde o começo prova

as atitudes de Cristo baseadas no Antigo Testamento frisando que “tudo isto

aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta, que

diz...” (1.22). Cristo aceito como o Messias, também deveria ser aceito como Rei.

4 Teólogo e professor do Instituto Bíblico das Assembleias de Deus; autor do livro Os Evangelhos,

2008.

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ITER – Instituto Teológico Renovação Evangelhos 22

d) Propósito

Compreende-se que Mateus, testemunha ocular, traz este evangelho para os judeus

saberem de que alguém estava junto de Jesus e que não poderia deixar que qualquer

falso ensino desvirtuasse a verdade daqueles momentos que o Senhor viveu na terra,

para isso, era necessário de que essa testemunha fizesse um relato dos atos do

Senhor. O apóstolo, de igual modo, queria assegurar que este Jesus era o Messias e

Rei prometido por Deus através dos profetas. Em fim, ele revela a rejeição dos judeus

diante das palavras do Senhor por não ser um político, como eles queriam e

aguardavam que o Messias fosse, mas por ser um restaurador espiritual não foi aceito

por todos. Então ele morreu, ressuscitou, apareceu para os discípulos deixando

ordens a eles, voltará para buscar seu povo e governar a terra.

e) Mensagem

No sentido gramatical, qualquer um conseguia compreender o livro. Este Evangelho é

superior em comparação à gramática de Marcos. Nele tem noventa e cinco vocábulos

repetidos. O grego não chega a ser como o de Lucas, mas dá-se a entender que Levi

era um homem culto, bem como de uma mente judaica, pois o seu estilo revela ter

hábitos dos “rabinos judeus contemporâneos”.

2) O EVANGELHO DE MARCOS

O fato do Evangelho de Marcos estar colocado como o segundo livro do Novo

Testamento refere-se de que Agostinho e outros eruditos enxergavam Mateus como o

primeiro a ser escrito, mas qualquer um dos grandes estudiosos modernos confere a

Marcos esta primazia. Neste livro, Marcos retrata um breve esboço dramático de

Jesus como profeta, Messias e o momento da crucificação. Vinte por cento do livro

frisa a Paixão de Cristo.

O Evangelho se centraliza nos atos miraculosos do Senhor Jesus e deixa um pouco

os ensinamentos dele, por esta razão, Mateus e Lucas cobrem esta lacuna, mesmo

assim, os três (sinópticos) se ligam de uma forma harmônica e confiável. Somente

vinte e quatro versículos de Marcos não foram citados nos outros dois, mas é

importante lembrar de que o livro não começa a narrar o nascimento de Jesus e nem

seus doze anos ou sobre o começo do ministério do profeta João Batista.

a) Autoria

João é um nome hebraico e Marcos provém do latim. A mãe dele tinha uma casa para

reunião dos crentes em Jerusalém (At.12.12). Ele faz parte da primeira quantia de

cristãos da igreja primitiva, não recebeu a unção de apóstolo e nem de diácono, mas

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de cooperador, aquele que estava ao lado para auxiliar (Fm 24). Com esta

envergadura, João Marcos teve o privilégio de trabalhar ao lado de três apóstolos.

Barnabé que era seu tio (ou primo), após Marcos ter certa dificuldade de ir junto com

o grupo da primeira viagem missionária e ser barrado por Paulo na segunda quando

disposto, os dois andaram juntos para Chipre formando uma outra equipe de

missionários (At 13.13; 15.36-39). Paulo foi o segundo apóstolo a andar com João

Marcos, após o desacerto no passado. Viveram em grande comunhão (Cl 4.10; 2Tm

4.11). Enfim, o apóstolo Pedro cita-o como se fosse seu filho (1Pe 5.13) e bem

provável é que Pedro, em grande parte, ajudou a escrever este evangelho (Pedro

narrando ou confirmando e João escrevendo). A forma breve e de muita ação no

evangelho, bem como o bom conhecimento da cultura judaica são características de

Pedro como ajudante desta obra. Papias (130 d.C.) indica João Marcos como autor

do Evangelho.

b) Data e pelos eruditos

Sendo o livro escrito por Marcos e ajudado por Pedro, é bem provável que tenha uma

data antes da morte do apóstolo (67 d.C.), então, por este motivo Stamps põe uma

data de 55-65 d.C. Já Russel Champlin coloca de 64-67 d.C. O ano pode ser incerto,

mas as décadas entre cinquenta e setenta são as mais corretas a serem aplicadas. O

lugar da aceitabilidade da carta ter sido escrita foi em Roma, visando os crentes

gentios de lá, motivo este é, do país ser um centro cultural de gregos e romanos.

c) Tema

O autor quer trazer em mente que Jesus é o Filho/Servo. Ele veio na terra sendo o

Filho legítimo de Deus, mas para servir as ordens do Pai em prol do mundo

decadente. Jesus era o Filho de Deus, o verdadeiro Messias, mas também o Servo

Sofredor. Oitenta por cento do livro demonstra a primeira parte do tema, o Senhor

agindo poderosamente com milagres, e vinte por cento confirma ao Senhor sua

submissão ao ser entregue para o sacrifício.

d) Propósito

Os crentes romanos sofreram uma série de torturas e padecimentos: foram lançados

nas arenas para servirem de alimento às feras, pendurados em estacas ou até

torturados nos quintais de Nero. Este foi o que conseguiu matar Pedro e Paulo, sendo

um dos imperadores romanos mais cruéis ao cristianismo. O evangelho de Marcos

veio como um livro para esta igreja mártir, um aviso para eles se fixarem em Cristo

diante da morte. Da mesma forma que o Senhor sofreu, convinha que seus servos

também padecessem. Então este evangelho os incentivava a não negar o Senhor que

os salvou. Por causa disto é que o livro não é colocado como biográfico ou histórico,

mas uma prática da apologética evangélica.

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e) Mensagem

Este Evangelho foi escrito em grego koinê, mas de um modo gramatical inferior e de

difícil tradução como o de Apocalipse. Apesar de extrema simplicidade, Marcos

consegue cativar os seus leitores. Para Champlin, João Marcos deve ser apreciado

por receber a honra de “inovador literário e como gênio artístico, porquanto inventou

uma nova modalidade de literatura. Jamais alguém escrevera coisa alguma parecida

com o seu evangelho”.

3) O EVANGELHO DE LUCAS

Enquanto certo erudito declarou que o livro de Mateus foi “o mais importante livro que

jamais foi escrito”, ele também abordou que o Evangelho de Lucas é “o mais belo livro

que jamais foi escrito”. Conforme Paulo disse em Colossenses 4.14, estamos diante

de um escritor que gera caridade, compreende-se que as pessoas gostavam de estar

perto dele, pois era amado, “o médico amado”.

Stamps disse que Lucas era um “escritor culto e hábil, um historiador atento e teólogo

inspirado”. Segundo Hoover, no Evangelho de Lucas “há 250 palavras, que não são

encontradas nos outros evangelhos, também, contém 5 poemas (ou hinos), 20

milagres, 32 parábolas e 586 versos que recordam os dizeres de Cristo” .

a) Autoria

Irineu, Tertuliano, Orígenes, Eusébio, Jerônimo e o testemunho do cânon muratoriano

conferem a Lucas a autoria do evangelho e também o de Atos dos Apóstolos, todos

estes foram pais da Igreja no século II, por isto é de grande valia esta afirmação.

Lucas provavelmente foi o médico de Paulo quando este apóstolo estava em missão.

Era culto e educado, vindo de Antioquia da Síria, foi o primeiro gentio a ter seus

escritos inspirados por Deus. Além de médico, sua companhia para Paulo e aos

outros irmãos foi de grande valia, na hora em que o apóstolo mais precisou, ele

estava por perto e registrando a fantástica história de missões (2Tm 4.11). Com

certeza ele se encontrou com João Marcos e conheceu o Evangelho escrito pelo

amigo.

b) Data

Pelo contato que Lucas teve com Marcos (Cl 4.10-14; Fm 24), pode ser que, logo

após verificar os escritos dele, o médico passou a organizar e concluir o seu livro,

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portanto, muitos dos comentaristas concordam em deixar a data para 60-64 d.C., pois

após isto Lucas também já teria escrito Atos, antes da queda de Jerusalém (70 d.C.).

Não existe o lugar definido de onde ele escreveu o Evangelho, a razão dele sempre

estar em viagens missionárias, parando em várias cidades e registrando o presente

de sua época, fez do livro uma fonte de informação formada no mundo da época, foi

escrito nos lugares onde ele passou e não em local específico.

c) Tema

Seria simples dizermos que o tema era de “Jesus ser o Filho do Homem” se não

explicarmos esta profundidade. Em primeiro lugar, este termo “Filho do Homem”, por

mais que Jesus esteja falando na terceira pessoa do singular, indica a si mesmo. Em

segundo lugar, ele quer dizer que está representando a raça humana. E em terceiro

lugar, Daniel apontou o Messias como o Filho do Homem (7.13,14). Então, vemos um

cumprimento profético, bem como um ato de humildade do próprio Deus.

d) Propósito

Muitas pessoas naquela época escreveram sobre Jesus sem nenhuma inspiração.

Até hoje existem alguns livros e cartas daquele tempo, sem contar com os da Bíblia.

O primeiro propósito de Lucas mostra que ele produziu um trabalho da vida de Jesus

correto e em ordem (1.1-3). Outro propósito aqui era de apresentar a Teófilo, um

gentil e oficial romano que tinha se convertido havia pouco tempo (alguns comentários

dizem que através deste evangelho Teófilo se converteu). Mesmo com referência a

um homem apenas, Lucas, inspirado por Deus, prepara algo que traria bons

resultados para onde a carta chegou em mãos, principalmente aos não-judeus, ou

seja, Teófilo poderia ser uma ponte em que Lucas mostraria à classe intelectual de

Roma que os cristãos tinham ideias, defesa e objetivos de vida, não eram uma seita

judaica para promover sedição, mas uma instituição viva, com fundador que trazia

uma mensagem universal, sendo o fundador dele o Messias e Senhor. Apesar de

qualquer esforço, estes argumentos não foram aceitos por Roma como também não

aceitaram os judeus. Outro objetivo do médico amado, talvez subliminarmente, seria

de quebrar o preconceito aos gentios. Lucas mostra a genealogia desde Adão para

dizer que todos vieram de Deus. O motivo do livro ter sido escrito por um gentio

(reconhecido por judeus) também procura abrir espaço para demonstrar que o

cristianismo se encaixa em qualquer cultura e raça. O autor não deixa de frisar (e é

somente neste Evangelho) as palavras de Simeão quando diz que Jesus era “...luz

para revelação aos gentios...” (2.32). Também nestes escritos mostra o Senhor

explicando que existiam muitas viúvas de Israel, mas aprouve a Deus enviar o profeta

Elias à viúva de Sarepta, de Sidom, que Eliseu curou um leproso samaritano somente

e não israelita. Certamente o que Lucas quer deixar claro é que Jesus veio para os

gentios, por isso Paulo pregou entre eles, para provar esta verdade, então Lucas

registrou uma proposta para que as outras nações conhecessem o Deus de todas as

nações.

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O médico amado é o que mais fala sobre o Espírito Santo entre os sinóticos. São

dezessete referências acerca do Consolador enquanto que Mateus comenta doze

vezes e João Marcos seis. Vemos também neste evangelho a constante vida de

oração que Jesus teve aqui na terra sendo o exemplo para todos os crentes. Lucas de

igual modo mostrou muitas cenas e palavras, dando créditos às mulheres, por isso

frisou até detalhes de Maria, Isabel, Ana e as filhas de Jerusalém. Da mesma forma

lembrou-se das mulheres em Atos dos Apóstolos.

Por fim, compreende-se que Lucas procurou preencher todas as lacunas que João

Marcos deixou, “ambos foram completos nos seus propósitos”, como o exemplo dos

detalhes do sepulcro vazio onde ele traz explicações importantes aos apologistas de

hoje.

e) Mensagem

Lucas tem um excelente grego. Foi um dos eruditos daquela época e um dos mais

elogiados até hoje. Certamente influenciado por Paulo, os dois, com seus escritos,

foram os que mais escreveram no Novo Testamento. Apesar de que o médico amado

toma o livro de Marcos e alguns outros livros como seu esboço, ele fez algo bem

desenvolvido para que as gerações futuras conhecessem melhor o Salvador dos

gentios.

VIII. EVANGELHO DE JOÃO

Basta uma breve observação neste livro e percebesse que não tem uma sistemática

como a dos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas). Enquanto eles se igualam até com

oitenta e cinco por cento, na forma em que escrevem, ao comparar-se com o

Evangelho de João, não teremos mais que dez por cento. No entanto, não existe

disputa de sabedoria ou de quem prova que andou mais com Jesus, e sim, de que

João não vê as coisas como os outros escritores o veem, e também, provavelmente,

não toma os outros Evangelhos como esboço para a produção do seu livro.

Certamente o Espírito Santo queria dar outra visão neste escrito com o mesmo

objetivo.

Nos sinópticos temos, em seu conteúdo, a explicação dos fatos externos / históricos,

mas em João obtemos um Evangelho espiritual e íntimo, de alguém que detalha a

pessoa de Cristo, aquele que estava além do lugar judaico e da época grego-romana,

mas era eterno e veio morar no tempo com os homens, era amor e veio mostrar isto a

eles. Neste Evangelho, temos o versículo que resume toda a Bíblia:

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito, para que

todo aquele que nele crer, não pereça, mas tenha vida eterna”.

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a) Autoria

João, juntamente com seu irmão Tiago, recebeu o apelido de “Filho de Trovão”, pela

razão do temperamento impulsivo que tinha (Mc 3.17; Lc 9.54). Ele era galileu, sócio

de Pedro na pescaria e tinha sido discípulo de João Batista antes de seguir a Jesus.

Era filho de Zebedeu, conhecido do sumo sacerdote e um judeu por descendência.

Os prólogos antimarcionistas, Irineu, Clemente de Alexandria, Tertuliano e o cânon

muratoriano confiam a João a autoria do evangelho, sendo que este último é o que dá

mais crédito à autoria de João. Frases como “este é o discípulo” e “outro discípulo”

dá-se à compreensão de João querendo se ocultar ao leitor (Jo 3.23; 19.26; 20.1-10;

21.7,20). Pela razão do livro mostrar detalhes dos costumes judaicos como se

assentar debaixo de uma figueira (1.48,49) o embalsamento dos mortos (19.40), a

conversa de homem e mulher ou de judeus com samaritanos (4.7-9,27), e muitas

outras passagens e assuntos, apontam o autor a ser um judeu da Palestina.

Outra atenção que devemos dar ao autor é seu conhecimento geográfico sobre a

região da Palestina. Ele dá distâncias e explica lugares circunvizinhos de Jerusalém

que o identifica ser um grande conhecedor do lugar. Por mais que João escreve um

grego puro, seu conteúdo é judaico, mas talvez preparou um trabalho que

ultrapassasse sua cultura e se alastrasse para o mundo.

b) Data

João ficou em Jerusalém até a década da queda desta região (70 d.C.), após isto foi

para Éfeso onde permaneceu lá num período de vinte e cinco anos. Sendo o

Evangelho, em primeira instância, escrito para a Igreja da Ásia (que também

compreendia a Éfeso) e de igual modo trazer uma fé registrada por alguém que viveu

com Jesus desfazendo as ideias dos descrentes ou religiosos desvirtuados do

conceito de Jesus. Então foi escrito a partir de 90 anos depois de Cristo com a

possibilidade de talvez passar de 100 d.C.

c) Tema

Temos neste Evangelho a compreensão da messianidade e sua filiação divina como o

centro principal que o evangelista apresenta ao leitor. O texto “para que creiais que

Jesus é o Cristo” em 20.31, revela uma convicção intelectual em Cristo como a base

de todos aqueles que buscam a salvação. Na outra parte do texto, “e crendo, tenhais

vida em seu nome”, expressa uma regeneração espiritual, um verdadeiro encontro

com o Senhor.

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d) Propósito

O propósito maior de João, onde também já comentamos acima, é de que as pessoas

venham crer que o Messias Jesus, o verdadeiro Deus, Filho de Deus, esteve em

carne no meio dos homens. Jesus não era um fantasma como ensinavam os

gnósticos, mas o Messias prometido do Antigo Testamento. Estes gnósticos

afirmavam que Jesus recebeu o espírito de Cristo no batismo e foi embora quando

morreu na cruz, mas João entra em combate e deixa claro de que Jesus era Deus

antes e sempre seria (10.26-28; 11.25; 17.5). Então, o propósito deste Evangelho é

de deixar uma apologia para os cristãos defenderem-se dos judeus pagãos. O livro

refuta os judeus ortodoxos que rejeitaram a Jesus como Rei e Messias, retira a

heresia de que João Batista seria o Messias (este profeta reconhecia que Jesus tinha

o messiado e era superior a ele). O apóstolo João aprova que o cristianismo está

acima de ser uma religião especulativa, este escrito não era biografia, mas sim um

tratado teológico fiel de alguém que esteve com o Mestre.

e) Mensagem

Apesar de João ser um judeu palestino que mostrou vários costumes judaicos e ter

registrado os acontecimentos de Cristo num grego koinê puro, a mensagem principal

a ser deixada bem clara é que Jesus, o Messias veio e este é o Filho de Deus para

salvar a todos aqueles que nele crerem.

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CONCLUSÃO

O Novo Testamento é vasto, principalmente quando se refere a estudá-lo em

Teologia. Seu foco principal, do começo ao fim, é Jesus. Os Sinópticos e João são

quatro Testamentos com um só objetivo: eles contêm três regras importantes para

que possam ser considerados como tal documento:

Primeiramente, para ter testamento deve haver o testador do documento. Jesus é o

testador prometido, dono deste Evangelho, causador de quatro homens escreverem

sobre ele (Mt 3.11; Lc 4.17-21). Em segundo lugar, para ter testamento deve haver a

morte do testador. Jesus, dono da vida e que prometeu muitas coisas para a

humanidade, morreu (Rm 5.6). Em terceiro lugar, para se concluir um testamento

precisa haver promessa para o herdeiro. São muitas promessas, não dá para

abordarmos tudo, mas estes testamentos conferem que suas promessas são firmes

tanto para os fiéis (Rm 5.7-11; Gl 4.28; Jo 3.16; nestes textos estão somente algumas

promessas) quanto para os infiéis (Mc 16.16b). A maior eficácia dos Evangelhos foi

concluída. Hoje, preservados desde a época, copiados e distribuídos em quase todas

as línguas do mundo, evangelizam e instruem as pessoas dando um conhecimento

suficiente de Jesus e todos os personagens que o rodeiam. O mais interessante é que

quando os missionários traduzem a Bíblia para outra língua, em primeiro lugar

traduzem o Novo Testamento, em especial os Evangelhos, para depois copiarem a

outra parte das Escrituras. Poderíamos utilizar termos e assuntos mais profundos da

disciplina, porém, penso que não alcançaria o propósito que é de levar o estudante a

uma noção fiel sobre o que aconteceu nos quatro Evangelhos sem rodear com

especulações que muitas vezes trazem dúvidas ao estudante. Este trabalho tem um

sentido apologético, defensor da doutrina cristã. Os quatro Evangelhos são a prova da

vitória do Senhor.

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BIBLIOGRAFIA

CHAMPLIN, Russel Norman. O Novo Testamento - Interpretado Versículo por

Versículo, volume I e II; Ed. Hagnos; São Paulo, SP, 1993.

HOOVER, Richard Leroy; Os Evangelhos – O que Jesus Fez e Ensinou; Ed. EETAD;

Campinas, SP, 2000.

ICI, Instituto por Correspondência Internacional. O Reino, o Poder e a Glória.

Bruxelas, 1986.

CHAMPLIN, Russel Norman; Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, volume I, II,

III; ed. Hagnos; São Paulo, SP, 2002.

HALLEY, Henry Hampton; Manual Bíblico de Halley: Nova Versão Internacional; Ed.

Vida, São Paulo, SP, 2001.

ALEXANDER, David e Pat. O Mundo da Bíblia; Ed. Paulinas, São Paulo, SP, 1985.

MCDOWELL, Josh Evidências da Ressurreição de Cristo; Ed. Candeia; São Paulo,

SP, 1994.

Bíblia de Estudo Pentecostal (Almeida revista e Corrigida); Stamps, Donald; CPAD;

Rio de Janeiro, RJ, 1995.

Apologética (Almeida Corrigida e Revisada); Ed. ICP; São Paulo, SP, 2000.

PACKER, J.I.; TENNEY, MERRIL C.; White, William Júnior; O Mundo do Novo

Testamento; Ed. Vida; São Paulo, SP, 1999.

GUNDRY, Robert H. Panorama do Novo Testamento; Vida Nova; São Paulo, 2002.

Fontes Eletrônicas

http://marcusteologo.blogspot.com.br/p/apostilas.html

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ITER - PLANO DE ENSINO - CURSO DE TEOLOGIA (BACHAREL)

DISCIPLINA: EVANGELHOS DOCENTE: Ap. Natanael Solís CARACTERIZAÇÃO DA DISCIPLINA

EMENTA: A disciplina contém: Objetivos Gerais e Específicos, Conteúdo Programático, Metodologia, Sistema de Avaliação, Cronograma de Desenvolvimento da Disciplina e Bibliografias Gerais, Especificas e Anexas ou Complementares.

OBJETIVOS GERAIS

o O A disciplina objetiva, em seu aspecto conceitual, levar o aluno a COMPREENDER a importância dos Quatro EVANGELHOS: Sua autenticidade histórico-religiosa e veracidade nas Sagradas Escrituras; seu panorama histórico; detalhes dos quatro livros e seu conteúdo relatado na Bíblia.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Ao final do curso o aluno deverá ser capaz de:

o Conhecer a origem panorâmica e documental dos quatro EVANGELHOS. o Ter a noção exata sobre a importância que os EVANGELHOS têm para a Igreja de Cristo. o Conhecer e avaliar as principais características dos períodos da vida de Jesus e dos seus preciosos ensinos. o Desenvolver uma análise crítica analítica sobre as semelhanças e diferenças entre as narrativas dos quatro EVANGELHOS. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO: INTRODUÇÃO

1. Definições 2. Período Intertestamentário 3. A Natureza dos Evangelhos 4. Introdução aos Evangelhos 5. Os Evangelhos Sinópticos 6. O Evangelho de João REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

o HOOVER, Richard Leroy; Os Evangelhos – O que Jesus Fez e Ensinou; Ed. EETAD; Campinas, SP, 2000. o ICI, Instituto por Correspondência Internacional. O Reino, o Poder e a Glória. Bruxelas, 1986. o PACKER, J.I.; TENNEY, MERRIL C.; White, William Júnior; O Mundo do Novo Testamento; Ed. Vida; São Paulo, SP, 1999.

METODOLOGIA DE ENSINO As aulas serão ministradas obedecendo a seguinte metodologia: o Expositivo-dialogais / Leituras e análises de textos selecionados. o Audiovisuais (Slide/Multimídia/Vídeos). o Trabalhos escritos pesquisas/resenhas.

SISTEMÁTICA DE AVALIAÇÃO: A Avaliação será baseada nos seguintes critérios: Seminários\dinâmicas em grupos\pesquisas escritas\ participação\ trabalho em classe\aulas expositivas\vídeo aula e pesquisa de campo e Provas.

AVALIAÇÃO E TRABALHOS: o Elaboração de Trabalho estipulado pelo professor. Trabalho Individual ou em Grupo. o Siga as orientações da Metodologia Científica a serem adotadas no trabalho. Serão enviadas ao aluno via e-mail. o Avaliação e entrega de Trabalho previstas para quarta-feira 17/05/2017.

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

12º MÓDULO BACHAREL: Abril / Maio 2017

DISCIPLINA: Evangelhos

DOCENTE: Ap. Natanael Solís

NÚCLEO: El Shaddai – São Paulo SP

DIA/AULA: Quarta-feira

DATA

AULA

PÁGS.

CONTEÚDO

OBS.

26/04/17

3 – 8

* Apresentações

* Leitura do Plano de Ensino

Introdução

I. Definições

II. Período Intertestamentário

III. A Natureza dos Evangelhos

9 – 13

IV. Introdução aos Evangelhos

V. O Evangelho e os Evangelhos

03/05/17

13 – 17

VI. Jesus – a Base dos Evangelhos

17 – 20

VII. Os Evangelhos Sinópticos

10/05/17

21 - 22

1. Evangelho de Mateus

22 – 23

2. Evangelho de Marcos

17/05/17

24 – 26

3. Evangelho de Lucas

26 – 28

29 – 30

VIII. Evangelho de João

Conclusão

Avaliação / Entrega de Trabalho