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DISCIPLINA TEOLÓGICADISCIPLINA TEOLÓGICADISCIPLINA TEOLÓGICA
REALIZAÇÃO:
Igreja Renovação em Cristo
Atos dosAtos dosApóstolosApóstolosAtos dos
Apóstolos
REALIZAÇÃO:
Igreja Renovação em Cristo
ITER – Instituto Teológico Renovação Atos dos Apóstolos 1
INSTITUTO TEOLÓGICO RENOVAÇÃO - ITER
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida sem autorização prévia por escrito do ITER - Instituto Teológico Renovação. Não poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados:
eletrônicos, mecânicos, fotográficos, scaneados, gravação ou quaisquer outros, salvo breves citações com indicação direta da fonte.
CONSELHO DIRETOR
Chanceler:
Apóstolo Fábio Abbud
Reitor Presidente: Apóstolo Natanael Solís
Diretora Vice-Presidente:
Apóstola Maria Solís
Diretor Executivo:
Pr. Abdón Solís
Diretores Adjuntos:
Pr. Jorge Santos Pra. Eunice Solís
Secretários (as):
Nathalia Alves Solís Pra. Sandra Santos
Tesoureiros (as):
Pra. Eunice Solís
Coordenadoria Pedagógica:
Pra. Karen Braz - Pedagoga
APOIO:
IREC – EL SHADDAI
www.iterteologia.com
www.portalrenovacao.com
ITER – Instituto Teológico Renovação Atos dos Apóstolos 2
Sobre o livro Didático
Categoria – Teologia Bíblica Execução - 2016
1ª Edição
Título Original: Atos dos Apóstolos
Todos os direitos reservados por
ITER- Instituto Teológico Renovação
Avenida Capitão Luiz Antônio Pimenta nº 354
São Vicente - SP
CEP 11330-200
Contatos: Pr. Abdón Solís
(13) 3466.7627 / 97418.6972
(13) 99166.2290
Equipe de realização Produção fotográfica:
Nathalia Alves Solís
Supervisão Geral:
Ap. Natanael Solís
Produção Editorial, Coordenação e Revisão Teológica
Pr. Abdón Solís
.
Índice Catálogo Sistemático
1- Novo Testamento – Teologia
ITER – Instituto Teológico Renovação Atos dos Apóstolos 3
INTRODUÇÃO
Um dos estudos mais importantes para a Igreja hoje é o do livro de Atos dos
Apóstolos, pois ele relata a história da mesma durante suas três primeiras décadas.
Sem este livro ninguém conseguiria acompanhar bem o desenvolvimento do Corpo de
Cristo, desde seu início até pouco antes da morte do grande apóstolo Paulo. Sem ele
teríamos poucas informações sobre o crescimento da Igreja, seu progresso na fé, sua
missão e seus problemas iniciais. Não teríamos qualquer sermão do primeiro século,
nem pregação explícita sobre a comunhão entre os irmãos na Igreja Primitiva, sobre o
louvor, a prática cristã e a estrutura da Igreja. Finalmente, veríamos muito menos o
trabalho do Espírito Santo na obra de Cristo aqui na terra.
O livro de Atos consiste basicamente nos atos do Espírito Santo, agindo em homens
como Pedro e Paulo, para lançar a grande missão evangelística da Igreja, espalhando
a mensagem da salvação por todas as partes do Império Romano. É um livro
missionário, uma história de vitórias e derrotas, coragem e covardia, altruísmo e
cobiça, liberdade em Cristo e legalismo, assim como choques entre a religião cristã e
as culturas hebraica e greco-romana.
Esta é a história de Atos dos Apóstolos e dos primeiros cristãos. Estas são nossas
raízes. No livro de Atos vemos homens e mulheres iguais a nós, sujeitos a fraquezas,
mas se estudarmos este livro com seriedade, dedicação e deixando o Espírito Santo
nos dirigir em tudo, poderemos repetir em nossos dias o verdadeiro milagre da Igreja
nas suas três primeiras décadas. Com certeza, o estudo desta Obra trará grandes
bênçãos para a nossa vida e para a Igreja.
ITER – Instituto Teológico Renovação Atos dos Apóstolos 4
ATOS DOS APÓSTOLOS
I. PANORAMA GERAL DO LIVRO DE ATOS
1) Título do Livro - O título “Atos dos Apóstolos” usado em toda a igreja desde o
século II, não é abrangente e tão pouco fiel. Muitos dos apóstolos nem aparecem no
livro, e outros são personagens secundários. Por outro lado, diáconos como Filipe e
Estêvão são personagens fundamentais.
É indiscutível que a pessoa e a obra do Espírito Santo são o centro desta narrativa. A
palavra Espírito é usada 11 vezes e Espírito Santo 41 vezes. Outra grande ênfase do
livro é o poder de Jesus Cristo ressuscitado. Portanto, seria melhor algo como: “Atos
de Cristo ressuscitado” ou ainda ”Atos do Espírito Santo”.
Um manuscrito antigo (Aleph) dá-lhe simplesmente o nome de “Atos”. Veja outros
nomes dados a este livro: “Atividades dos Santos Apóstolos”, “O Quinto Evangelho”,
“O Evangelho do Espírito Santo”, ou ainda, “O Livro do Início da Igreja”.
Enfim a consciência destes fatos é o suficiente para abordarmos corretamente o título:
“Atos dos Apóstolos”.
2) Autor - O autor de Atos é Lucas do NT, companheiro do apóstolo Paulo nas suas
viagens missionárias, o médico amado que também escreveu o Evangelho que leva o
seu nome. (Cl 4.14; Fm 24; 2 Tm 4.11).
Existem evidências que provam a sua autoria:
Passagens escritas na primeira pessoa do plural (At 16.10-17; 20.5-21.18).
Comparação das introduções de Lucas e Atos (Cl 1.1-3 e At 1.1).
Irineu (180 d.C.), cita Lucas, como sendo o autor do 3º Evangelho e de Atos.
Desde o início do 3º século d. C. é indisputada a tradição da autoria de
Lucas, para o livro de Atos.
Não existem evidências de qualquer outro autor para o livro de Atos.
3) Data em que foi escrito - Há uma divergência de 5 a 6 anos nos cálculos
históricos sobre a época do Novo Testamento. Através das pesquisas do grande
historiador e teólogo, Adam Clarke, que baseou suas pesquisas na conhecida história
do Império Romano, entendemos que o começo da Igreja teria acontecido
aproximadamente no ano 30 d.C. e o final da narrativa, aproximadamente no ano 63
d.C.; dois anos depois da primeira prisão de Paulo em Roma. O final do livro nos
mostra Paulo ainda prisioneiro em Roma, sem mencionar os eventos posteriores de
sua vida. Ninguém pode explicar a razão do livro terminar dessa maneira, como se
fosse interrompido, sem um capítulo final.
ITER – Instituto Teológico Renovação Atos dos Apóstolos 5
4) Destinatário - O livro de Atos foi escrito a Teófilo. Muito provavelmente era um
oficial romano residente em Roma. Se cristão, Atos visa confirmar a fé, se incrédulo
interessado, Atos visa defender e esclarecer a fé cristã recente no mundo da época.
Alguns acham que devido ao nome Teófilo (amigo de Deus), Lucas referia-se ao
“leitor cristão”, ou ainda “prezado leitor cristão”, todavia esta idéia é fraca de provas,
pois Teófilo era e é um nome próprio, e em outras cartas quando um nome próprio é
usado, trata-se invariavelmente de um indivíduo.
No Evangelho de Lucas, Teófilo é chamado de “excelentíssimo”, título correspondente
a “Vossa Excelência”, alguém de grande importância. Qualquer outra informação é
conjectura infundada. O texto de At 23.8, sugere que Teófilo não era judeu, pois
Lucas tem que explicar as crenças dos saduceus, algo que qualquer judeu da época
saberia.
5) Tema do Livro de Atos - Basicamente, o tema deste livro é a história do
desenvolvimento da Igreja Primitiva desde a ascensão de Cristo até a prisão de Paulo
em Roma. Muitos eruditos da Bíblia veem no livro de Atos o começo formal da Era do
Espírito Santo. Após a sua ascensão, Cristo fez o anúncio de uma grande campanha
de Missões por todo o mundo, através de mediação humana pelo poder do Espírito
Santo (1.8).
“O livro, depois de descrever como o poder do Espírito Santo equipou os discípulos de Jesus para a
Sua obra, continua contando a história emocionante do início da Igreja em Jerusalém, sua expansão
nas áreas mais altas da Judéia e de Samaria, e, depois seu movimento rápido da Antioquia da Síria,
através da Ásia Menor, da Macedônia e da Grécia, até, que finalmente, a chegada de Paulo em Roma
simboliza a presença do Evangelho na cidade central do mundo antigo”.
6) Versículo-chave: Atos 1.8
“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em
Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (ARA).
7) Propósito e Importância do Livro - Atos é a consequência lógica dos
Evangelhos. Um grupo de pessoas que vive o Evangelho pratica Atos. É também a
introdução necessária para as 21 epístolas, principalmente as 13 paulinas.
O Evangelho de Lucas foi escrito, descrevendo os atos de Jesus aqui na terra (At
1.1). O livro de Atos descreve as obras de Jesus ressuscitado através da sua Igreja
(Corpo de Cristo) e do Seu Espírito. Este livro demonstra que Cristo, mesmo no Céu,
está trabalhando na terra. Atos introduz a nova era da Igreja. Portanto, ao tratar da
origem do Cristianismo, Atos é a consequência dos Evangelhos e a introdução às
cartas. O livro de Atos foi escrito conforme o estilo literário do Antigo Testamento
Grego (LXX). Lucas escreveu uma obra literária, deixando algo registrado de muita
importância, da melhor maneira possível.
ITER – Instituto Teológico Renovação Atos dos Apóstolos 6
O propósito do livro de Atos não pode ser considerado separadamente do Evangelho
de Lucas, pois Atos é a segunda parte de uma obra só. Portanto, devemos buscar o
propósito de Lucas-Atos. Sendo assim, podemos perceber que Lucas reúne a história
de Jesus e a história da Igreja Primitiva, considerando ambas narrativas da história da
Igreja. Desta maneira, os dois volumes abrangem o começo do Evangelho, o
estabelecimento da salvação no ministério de Jesus, e a proclamação da salvação
pela Igreja Primitiva.
Conheça um pouco mais sobre o livro de Atos:
É o único livro incompleto das Escrituras, não tratando do final da vida de Paulo,
da morte dos outros apóstolos, de Lucas, Marcos, Tiago ou de outras figuras
mencionadas no texto. A história posterior da Igreja é também inteiramente
ignorada.
É a história da Igreja e dos apóstolos, mas não de todos, nem de todas as regiões
nas quais a igreja foi iniciada.
Contém fatos sobre o começo da Igreja e sua difusão no mundo.
Demonstra como o Evangelho tinha em mira os gentios, e não apenas judeus.
Descreve o trabalho do Espírito Santo nas primeiras décadas da história do
Cristianismo. Inclui provas da autenticidade do Cristianismo.
É a “ponte” entre os Evangelhos e as Epístolas – a aplicação do evangelho na
igreja primitiva.
Sem Atos, não poderíamos ver o nascimento da Igreja, nem testemunhar o
advento do Espírito Santo prometido.
Sem Atos não poderíamos ter uma noção completa do impressionante
crescimento da igreja no primeiro século.
Atos é a estrutura em que podemos basear os princípios apresentados nas
epístolas posteriores.
Atos nos mostra o desenvolvimento do plano de Deus para a comunicação do
Evangelho.
Atos é o “palco no qual podemos observar em ação o apóstolo Paulo, considerado
por muitos o maior missionário de todos os tempos”.
Atos é o manancial de muitas das doutrinas da fé cristã. Vemos em Atos, por
exemplo, os requisitos para tornar-se cristão: At 2.38, 3.19.
Atos é o manual para fazer “Missões” obedecendo assim o “Ide” de Jesus.
Através de Atos conheceremos mais intimamente a pessoa do Espírito Santo, nos
dispondo como verdadeiros adoradores e sacerdotes ao serviço da sua Obra aqui
na terra.
Concluindo: se o propósito de Lucas foi o de escrever sobre tudo o que Jesus
“começou não só a fazer, mas a ensinar”, assim também a intenção do livro de Atos é
registrar o que Jesus continuou a fazer e a ensinar, agora, pelo Espírito Santo,
através dos apóstolos.
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8) Gráfico Temático de Atos - Através deste gráfico você poderá analisar as
ordens cronológica, temática, de capítulos, das personagens centrais e dos locais
geográficos que foram palco do livro de Atos. É fundamental assimilar bem este
gráfico para melhor proveito desta matéria. Analise o gráfico:
ATOS – FORMAÇÃO E PROPAGAÇÃO DA IGREJA
Data
Caps. Fato histórico Personagem Cidade
31
d.C.
32
d.C.
46
d.C.
62
d.C.
1
a
7
1. Ascensão de Cristo
P E D R O
JERUSALÉM
2. Descida do Espírito Santo
3. Milagre e pregação
4. 1ª Prisão dos Apóstolos
5. Disciplina, Milagres, 2ª Prisão
6. Diáconos, Estêvão
7. Estêvão
8
8. Dispersão
F E L I P E
JUDÉIA
E
SAMARIA
Pregação
Simão
Pedro e João
Eunuco
9
a
28
9. Conversão de Saulo
P E D R O
E
P A U L O
CONFINS
DA
TERRA
10. Cornélio
11. Antioquia
12. Perseguição
13 - 14 1ª Viagem Missionária
15. 1º Concílio
16 - 18 2ª Viagem Missionária
19 - 21 3ª Viagem Missionária
21 - 28 Prisões de Paulo
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II. DIVISÃO DO LIVRO DE ATOS
1) AGUARDANDO O PODER DO ESPÍRITO SANTO (cap. 1)
A. A Ascensão de Jesus (1-11)
B. Os discípulos em Jerusalém (12-14)
C. A escolha de Matias (15-26)
Logo no v. 2, Lucas já menciona o personagem principal do livro: o Espírito Santo.
Coloca-o desde cedo como o “poder” (do grego dunamis) que iria gerar força
necessária para que os discípulos de Jesus pudessem cumprir a sua função. A
ascensão também é considerada por Lucas assunto de fundamental importância, pois
o seu Senhor só poderia ser Senhor da Igreja se estivesse ressurreto.
O v.3 destaca outros dois pontos fundamentais para o livro de Atos: A ressurreição de
Jesus e o Reino de Deus. Era fundamental que Cristo tivesse se apresentado vivo
para iniciar a Igreja, como também para desenvolvê-la hoje. Neste ponto o doutor
Lucas usa sua linguagem científica quando menciona provas incontestáveis, ou seja,
provas lógicas, demonstrativas da sua ressurreição.
O v. 4 contém mais uma prova incontestável da ressurreição e uma aplicação do que
Jesus falara aos apóstolos: “Esperar a promessa do Pai” (Lc 24.29; Gl 2.28). Esta
promessa era o batismo no Espírito Santo. João batizava com o seu batismo,
preparava o caminho para o mais importante dos batismos – o batismo com o Espírito
Santo (este assunto será abordado no capítulo 2).
Os primeiros versículos de Atos trazem as três grandes ênfases do livro:
1. A ressurreição de Jesus
2. O Espírito Santo
3. O Reino de Deus (Missões)
Poderíamos dizer que Atos é o relatório de um povo que vivia pelo poder do Espírito
Santo, baseados na ressurreição de Jesus, implantando e vivendo o Reino de Deus.
Será que esta é a realidade de minha vida?
Vivo a vida cristã controlado e impulsionado totalmente pelo Espírito? Prossigo no
meu dia-a-dia crendo de fato num Jesus vivo e poderoso? Tenho uma única e grande
prioridade na minha vida – implantar e viver o Reino de Deus, hoje, aqui na terra?
Se eu não vivo assim, a minha Igreja também não. Talvez seja por isto que estamos
tão distantes da realidade de Atos.
Algumas lições: Nesta passagem observamos qual deve ser a ênfase da Igreja:
1. Não se preocupe com o tempo ou época (v.7): Jesus não se recusou a
responder a pergunta a respeito das datas que estavam sendo procuradas. O controle
soberano da história está nas mãos de Deus, e não compete à Igreja ficar
adivinhando datas ou épocas oportunas para a volta de Jesus. Esta é primeira ordem:
não se preocupe com tempos ou épocas.
ITER – Instituto Teológico Renovação Atos dos Apóstolos 9
2. Seja testemunha por todo o mundo (v.8): O mas no v.8 indica que em lugar de
nos preocuparmos com tempos ou épocas, é necessário sermos testemunhas por
todo o mundo. Há um contraste entre os 2 versículos:
A ordem: ser testemunha – não só testemunha de Jesus, mas pela direção de Jesus.
A força: receber poder, o dunamis, a energia para cumprir esta ordem é o poder sobrenatural do
Espírito de Cristo ou Espírito Santo. O mesmo que deu a ordem, nos deu do seu Espírito.
A amplitude: tanto em – o testemunho impulsionado pelo poder do Espírito, precisa acontecer
simultaneamente:
Na cidade local (Jerusalém)
Na região, estado ou país (Judéia)
No contato com outra cultura (Samaria)
Povos não atingidos (confins da terra)
Este é o esboço do livro de Atos. A obra conta como isto efetivamente aconteceu em
menos de 50 anos. Implantar agências da Igreja de Jesus Cristo através de todo o
mundo. Esta é a nossa função, esta é a ordem maior.
3. Tenha esperança na volta de Jesus (vs. 9-11)
Assim como subiu, Jesus vai descer, e enquanto isso, está à direita de Deus Pai
intercedendo por nós, preparando lugar para nós e se preparando para voltar. Esta é
a esperança que nos leva a trabalhar, sacrificar-nos por Ele e por Sua causa. Pois se
a nossa esperança está somente neste mundo, somos os mais infelizes dos homens.
A esperança da volta de Jesus é ingrediente fundamental para uma Igreja sadia. O
livro de Atos registra a marcha dos crentes com esta esperança, plantando Igrejas e
sendo testemunhas a toda hora e em todo lugar.
4. Persevere sempre em Oração (vs. 12-14)
Aqueles que desejam o derramamento do Espírito Santo em suas vidas, para terem o
poder e realizar assim a Obra de Deus, devem colocar-se à disposição do Espírito
mediante sua submissão à vontade de Deus e à prática constante da genuína oração.
Os discípulos obedeceram ao seu Mestre, ficaram unânimes neste propósito e
receberam a promessa.
5. Seja um discípulo qualificado (vs.15-26)
A qualificação humana para o apostolado era ter conhecimento íntimo da vida
terrestre de Jesus e ser testemunha ocular de sua ressurreição. A qualificação divina
era ser escolhido por Cristo através do Espírito Santo. Matias foi o escolhido para
tomar lugar no ministério e apostolado (v.24-26). Lançar sortes era uma disposição da
Lei (Lv 16.8). note-se que após o derramamento do Espírito Santo no dia de
Pentecoste, esta prática não volta a ser mencionada.
ITER – Instituto Teológico Renovação Atos dos Apóstolos 10
2) O DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO SANTO (cap. 2.1- 41)
A. A descida do Espírito Santo no dia de Pentecoste (1-3)
B. O Dom de línguas (4-13)
C. O discurso de Pedro (14-36)
D. As primeiras conversões (37-41)
O rei Davi planejou a edificação do templo e reuniu os materiais necessários. Mas foi
Salomão, seu sucessor, quem o erigiu (1Cr 29.1,2). Jesus igualmente planejou a
Igreja durante seu ministério terreno (Mt 16.18; 18.17), preparou os materiais
humanos, porém o Espírito Santo a erigiu. Foi no dia de Pentecoste que esse templo
espiritual foi construído e cheio de glória do Senhor (cf. Ex 40.34,35; 1Rs 8.10,11; Ef
2.20). O dia de Pentecoste era o aniversário da Igreja, e o cenáculo, o local do seu
nascimento. O cap. 2 narra este glorioso evento.
1. Pentecoste – uma festa movimentada: “E cumprindo-se o dia de
Pentecoste...” O nome “pentecoste”, derivado do grego penteekostos que significa
quinquagésimo / no hebraico: shavout (Nm 28.26) era dado à festa religiosa do Antigo
Testamento. O dia de Pentecoste era uma das três solenidades mais importantes do
calendário judaico, conforme ordenado pelo Senhor em Ex 23, Lv 23 e Dt 16. As
outras eram Páscoa e Tabernáculos. Neste dia, todos os israelitas eram convocados
para celebrarem a Festa das Semanas, que acontecia cinquenta dias após a Páscoa,
sendo esta celebrada em um determinado dia de cada ano. A festa principal sempre
caía em um sábado. Isso significa que Pentecoste caía num domingo, cinquenta dias
depois do santo Sábado da Páscoa. Nos tempos do Novo Testamento, judeus de
todas as partes do mundo se congregavam em Jerusalém para observarem a Páscoa,
permanecendo ali por mais sete semanas, com a finalidade de celebrar também o Dia
de Pentecoste, o qual atraía um milhão ou mais celebrantes.
2. O local: “Estavam todos reunidos no mesmo lugar”. O horário era antes das
nove da manhã (a hora do culto matutino). O lugar era o cenáculo (At 1.14) duma
casa particular, local regular para a observância de festas religiosas. Neste dia tão
importante para os judeus, todos os apóstolos estavam reunidos, esperando o
cumprimento de uma maravilhosa promessa de Jesus.
3. Um milagre dos céus: “E de repente veio do céu um som, como de um vento
veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados”. Foi como
se uma tempestade tivesse entrado na casa sem continuar o seu caminho. O vento é
um conhecido símbolo do Espírito Santo (Ez 37.1-14; Jo 3.8). O vento representante
do sopro divino encheu primeiro o cenáculo, a casa de Deus, e em seguida os
indivíduos que adoravam. Passou, então, a se espalhar pela terra em poder
vivificante. Como na criação, quando o Espírito do Senhor pairava sobre as águas
(Gn 1.2). Tente imaginar o Cristo glorificado, em pé, à mão direita de Deus, soprando
sobre os 120 e dizendo: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20.22; cf. 1 Co 15.45).
ITER – Instituto Teológico Renovação Atos dos Apóstolos 11
4. A visão: “E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as
quais pousaram sobre cada um deles”. Esta manifestação deve ter feito os discípulos
lembrarem-se das palavras de João Batista: “Batizará com o Espírito Santo e com
fogo”. Diante dos seus olhos estava a evidência física do cumprimento desta profecia.
E qualquer judeu entenderia muito bem que o fogo proclamava a presença de Deus,
trazendo à memória incidentes, como a sarça ardente (Ex 3.1,2), o fogo no monte
Carmelo (1Rs 18.36-38), o pilar de fogo no deserto e a vocação de Ezequiel (Ez 1.4).
As línguas de fogo se assentando em cada um deles indicava que surgia uma nova
dispensação. O Espírito de Deus já não seria concedido à comunidade como um todo,
e sim a cada membro individualmente. A forma de fogo, em línguas, indicava que o
Dom de línguas sobrenaturais tinha sido outorgado a esta companhia de pessoas. O
Espírito, como fogo, dá luz, purifica, dá calor e propaga-se.
5. O Falar em Línguas: Apareceu em seguida a realidade da qual o vento e o
fogo eram símbolos: “E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em
outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”. É necessário
notar alguns fatos importantes sobre o falar em línguas:
a) O que produz esta manifestação é o impacto do Espírito de Deus sobre a alma humana. É tão
direto e com tanto poder, que a pessoa fica extasiada, falando de modo sobrenatural. Isto pelo fato
de a mente ficar totalmente controlada pelo Espírito. Para os discípulos era a evidência de estarem
completamente controlados pelo poder do Espírito prometido por Cristo.
b) Não existe limite para a continuidade desta manifestação através dos séculos, pois até em nossos
dias temos em nossas igrejas muitos irmãos que possuem dons espirituais e que, por meio do
Espírito, falam toda sorte de línguas. Alguns argumentam que a manifestação do falar em línguas
limitou-se apenas à época dos apóstolos, mas a história da Igreja e a própria Bíblia desmentem tal
argumento. A Enciclopédia Britânica declara que a glossolalia (o falar em línguas) ocorreu em
reavivamentos cristãos durante todas as eras.
c) Existe atualmente muita polêmica sobre este fenômeno. Muitos cristãos contemporâneos de
diferentes denominações acreditam que a experiência de “falar em línguas” pode acompanhar a
ocasião quando uma pessoa recebe pela primeira vez a plenitude no Espírito Santo. Dentro da
tradição Pentecostal clássica, espera-se esta experiência e é expressa assim: “A primeira
evidência física do batismo no Espírito Santo é o falar em outras línguas”. Outros cristãos que não
aceitam necessariamente esta terminologia doutrinária, na prática aceitam suas implicações
fundamentais. Esta visão modificada, também aceita por alguns pentecostais, dá menos ênfase à
importância das línguas como evidência do Batismo com o Espírito Santo, tanto em termos de uma
experiência inicial, ou como um estado permanente de plenitude no Espírito. Destacam sim, mais o
conjunto de dons, dos quais o falar em línguas está incluído. Levando-se em conta que todos
possuem uma efetividade circunstancial e que nenhum deles pode servir como sinal do Batismo no
Espírito Santo.
d) Outros ainda afirmam que naquele dia aconteceu um duplo milagre: Essas línguas não eram da
Terra. A palavra “línguas”, nos vs. 3 e 4 no grego é glossa. Mas o vocábulo "língua” nos vs.6 e 8 é
dialektos. Os discípulos falaram, portanto, línguas desconhecidas (glossa), e cada representante
dessas 16 nações ouvia-os em sua própria língua.
e) O falar em línguas nem sempre é em língua conhecida (1Co 14.2). Tem havido casos recentes de
pessoas falarem, por meio de um poder sobrenatural, línguas que nunca aprenderam, e de haver
na congregação quem as entendesse. Naquele dia, alguns ficaram perplexos diante deste
fenômeno novo e estranho, e perguntaram: “O que quer dizer isto?” Outros zombavam, achando
que os discípulos estavam bêbados.
f) É um erro procurar as línguas por si só. Busquemos a pessoa do Espírito Santo, e o sinal será
acrescentado.
ITER – Instituto Teológico Renovação Atos dos Apóstolos 12
6. O que realmente aconteceu naquele dia? : Vemos claramente que os judeus
presentes, naturais de pelo menos quinze nações, ouviram pela primeira vez o
Evangelho em sua língua materna, embora os apóstolos não a conhecessem
previamente. O v.8 põe fim a qualquer dúvida sobre isso. Todos ouviram
simultaneamente a mensagem divina, nas línguas conhecidas pelos povos presentes,
sem necessidade de intérpretes. Esta passagem prova que o Dom foi concedido aos
apóstolos, para ensinarem e convencerem os não cristãos (1Co 14.20-28).
Deduzimos, portanto, que o que é tido hoje como dom de línguas não se compara ao
que foi praticado pelos apóstolos naquele dia, nem tem o mesmo propósito. O seu
propósito hoje (o Dom de línguas) é o de “se comunicar” com Deus, a um nível mais
celestial (1Co 14.1-5) e de provar a salvação e a santidade. O falar em línguas de
Atos 2 foi para proclamar de uma forma sobrenatural o Evangelho de poder. Com o
desenvolvimento da Igreja, o falar em línguas “evolucionou” produzindo pelo Espírito o
que é chamado de “línguas angelicais” (1Co 13.1) que é o “Dom de línguas”.
7. A Primeira Pregação do Evangelho: No pátio do grande templo de
Jerusalém, o apóstolo Pedro, revestido agora de poder, pregou, explicando os
fenômenos que haviam acabado de acontecer. Pedro citou o profeta Joel, quem
profetizara sobre este acontecimento (Jl 2.28,29). Aplicando depois várias outras
profecias do Antigo Testamento, ele provou ser Jesus o Messias prometido, a quem
eles tinham rejeitado. A prova mais contundente da divindade de Cristo foi a sua
ressurreição destacada por Pedro no final do seu discurso como uma demonstração
objetiva da divindade do Messias, chamando-o de Senhor e Cristo. Vemos, então,
que Jesus o Nazareno é não somente o Messias (Ungido, Salvador), mas também o
Senhor Divino sobre todos os homens (1Co 11.3; Cl 1.13-20).
8. Arrependimento e Batismo: O apóstolo Pedro explicou aos judeus que a
única solução para seu crime (a morte do Messias) era o arrependimento sincero. E
que, além do arrependimento, havia outro requisito: o Batismo. “Arrependei-vos, e
recebereis a remissão dos vossos pecados, e como testemunho público disto, deveis
ser batizados na água” – era o que Pedro transmitiu . O perdão dos pecados, dado
por Deus, ocorre separadamente do batismo na água (At 10.44-48). Nenhum poder
existe inerente na água (At 8.13,21,22). Naturalmente, isto não diminui a importância
do batismo na água. Como rito estabelecido por ordem divina, exige a nossa
obediência. O batismo na água é uma expressão exterior da fé em Jesus Cristo.
9. Colheita extraordinária: Na primeira proclamação da Lei, três mil pessoas
foram destruídas (Ex 32.28), na primeira proclamação do Evangelho três mil foram
salvas. Nota-se que não foram acrescentadas a fim de serem salvas, mas porque já
eram salvas. Acrescentar pessoas à Igreja na esperança de que, depois, cheguem a
ser salvas não é o método do Novo Testamento. Foi o Senhor quem acrescentou
estas três mil pessoas (v.47). Somente uma Igreja pura tem condições de ser
poderosa e permanente. Num só dia foram acrescentados três mil aos cento e vinte
membros originais da primeira Igreja - um acréscimo de 2.500% - a divina
multiplicação. Foi este acontecimento que marcou o início da Igreja, no dia de
Pentecoste.
ITER – Instituto Teológico Renovação Atos dos Apóstolos 13
3) O INÍCIO DA IGREJA EM JERUSALÉM (cap. 2.42 – 8.1a)
A. Características da Igreja Apostólica (2.42-47)
B. A cura de um coxo e suas consequências (3.1-4.31)
C. A generosidade dos primeiros cristãos (4.32-37)
D. Ananias e Safira (5.1-11)
E. Mais curas e a prisão dos apóstolos (5.12-42)
F. A escolha de sete diáconos (6.1-7)
G. Estêvão: o primeiro mártir do Cristianismo (6.8 – 8.1a)
1. A comunhão: At 2.42-47 e 4.32-37 se completam. Esse dois relatos revelam a
vida comunal dos que se convertiam ao Evangelho. Lucas mostra nestes breves
relatos como era o dia-a-dia dos primeiros cristãos. O v.42 diz que os novos
convertidos perseveravam na doutrina dos apóstolos. Além disso, permaneceram na
comunhão, no partir do pão e nas orações. Cada alma temia ao Senhor e os
apóstolos faziam grandes milagres, provando que a doutrina era de Deus.
Riqueza literária
Compartilhar, unidade, uma estreita associação, participação, uma
sociedade, comunhão, companheirismo, ajuda de contribuição e irmandade.
A koinonia é uma unidade produzida pelo Espírito Santo. Na koinonia, o
indivíduo mantém íntimas relações de companheirismo com o resto da
sociedade cristã. A koinonia une firmemente os crentes ao Senhor Jesus e
uns com os outros.
2.42 comunhão -
koinonia
2. Uma cura e um sermão: Em At 2.43, Lucas afirma: “e muitas maravilhas e
sinais se faziam pelos apóstolos”. A cura do coxo é uma amostra desses sinais. Isso
também mostra que o poder de Jesus, para curar os enfermos, continua, o qual foi
delegado aos seus discípulos.
3. O horário da cura: “Pedro e João subiam juntos ao Templo à hora da oração,
a nona”. Os judeus oravam três vezes ao dia: de manhã, ao meio dia e à tarde, à
“hora nona” (Sl 55.17; Dn 6.10). A ida desses dois apóstolos ao Templo à “hora nona”
(15 horas), mostra que o Cristianismo e Judaísmo ainda andavam juntos.
4. O local da cura: Foi na porta do templo, chamada “Formosa”. Segundo Josefo
havia no Templo nove portas cobertas de ambos os lados com ouro e prata. Uma
estava fora da casa, feita do bronze de Corinto, ornada de ouro e prata, que reluziam
à luz do sol, conhecida como “Porta de Nicanor” ou “Porta Oriental”. A maioria dos
expositores identifica essa porta com a do texto. Por isso era “chamada Formosa”.
5. “Em nome de Jesus... anda”: A cura do mendigo coxo foi realizada pelo
poder de Cristo operando através dos apóstolos. Jesus disse aos seus seguidores no
tocante àqueles que viriam a crer nEle: “Em meu nome ... imporão as mãos sobre os
enfermos e os curarão” (Mc 16.17,18). A Igreja continuou o ministério de cura que
Jesus exercera, em obediência à Sua vontade.
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6. O sermão: Pedro então, revestido de grande autoridade começa um dramático
sermão enfatizando que crer em Cristo e receber o Espírito Santo depende de
renunciar ao pecado e separar-se da iniquidade: “Arrependei-vos e convertei-vos,
para que sejam apagados os vossos pecados”.
7. A repercussão da cura: O milagre aconteceu na área do templo, local de
atividade dos sacerdotes, que agora eram obrigados a admitir que Jesus estava vivo.
Isso ameaçava a sobrevivência da religião deles. Por isso os lançaram na prisão, mas
perante o Sinédrio novamente, Pedro e João “cheios do Espírito Santo” pregaram
com ousadia o Cristo ressurreto, maravilhando assim as autoridades judaicas, pois
eram homens indoutos. Não havendo, portanto, acusações contra eles foram soltos.
Tudo isto contribuiu para levar mais almas a Jesus, que, aliás, era o objetivo de Pedro
e João. Esse milagre elevou o número de crentes para cerca de cinco mil (4.4).
8. Ananias e Safira foram julgados pela sua hipocrisia e por mentir a Deus, não
por ter decidido reter parte do lucro da venda da sua propriedade (v.4). A severidade
do castigo para uma ofensa tão pequena, à vista pode parecer intolerante e pouco
misericordiosa (Cl 9.54,55), mas era necessário estabelecer a autoridade apostólica
na Igreja Primitiva e guardar sua pureza. O caso de Ananias e Safira trouxe um
resultado positivo: “e houve um grande temor em toda a Igreja”.
9. Continuam os milagres: Vimos como o diabo procurou corromper a Igreja por
dentro. Mas ele fracassou. Longe de ser abalada, a Igreja cresceu em sua influência
espiritual. Muitos milagres foram operados (5.12-17), despertando a admiração de
todos. Assim sendo, o inimigo mudou outra vez sua estratégia e atiçou os líderes dos
judeus a perseguirem os crentes.
10. A Prisão: O próprio clero do Judaísmo não suportava o poder espiritual e o
notável crescimento da Igreja. Movidos pela inveja, lançaram mão dos apóstolos,
aprisionando-os.
11. A intervenção divina: (5.19-25) Os planos de Deus jamais podem ser
frustrados por meros homens. Neste caso um anjo do Senhor livrou os apóstolos da
prisão, enviando-os novamente ao templo, para pregar.
12. A defesa dos Apóstolos: Os apóstolos, vibrantes de fé e determinação, foram
apanhados de novo, mas corajosamente testemunharam perante as autoridades,
confirmando a essencialidade da obediência a Deus, recalcando a ressurreição e
deidade de Jesus (v.31).
13. Conselhos de um mestre sábio: As autoridades aceitaram o conselho do
mestre Gamaliel (certamente influenciado pela providência divina), de não agir
precipitadamente contra os apóstolos, mas ainda queriam vingar-se deles. Portanto,
açoitaram-nos e proibiram novamente qualquer pregação sobre Jesus. Mas, em vez
de se calarem, estes voltaram para a companhia dos discípulos regozijando-se por ter
padecido por causa de Cristo e pregando publicamente e de casa em casa, a Jesus.
A perseguição jamais pode destruir a verdade!
ITER – Instituto Teológico Renovação Atos dos Apóstolos 15
14. A escolha dos diáconos: a Igreja, mesmo perseguida pelas autoridades,
crescia cada vez mais rapidamente. No entanto, o crescimento trouxe um problema
com possibilidade de sérias consequências. A Igreja cuidava dos seus pobres,
especialmente das viúvas. Com a falta de organização, surgiram dificuldades em
relação às viúvas. Humanamente falando, havia ali uma base para um futuro
rompimento dentro de grupos na Igreja. Os apóstolos perceberam a dificuldade e
reuniram a comunidade. Aconselharam a escolha de sete homens qualificados para
cuidar desse aspecto. Foram estes os primeiros diáconos (do grego diakonia que
significa “servir”). Todos “cheios do Espírito Santo e de sabedoria” e dois deles, Filipe
e Estêvão, com um ministério muito especial. Estes foram os escolhidos:
1. Estêvão
2. Filipe
3. Prócoro
4. Nicanor
5. Timão
6. Pármenas
7. Nicolau
15. O Ministério de Estêvão: Estêvão, um dos sete diáconos, tornou-se
posteriormente um evangelista poderoso. Por ser helenista, ele tinha grande êxito
entre seus conterrâneos. Mas, seu sucesso trouxe-lhe repercussões negativas.
Surgiram adversários fortes os quais o acusaram de ter blasfemado contra Deus
(v.11). Pouco depois, Estêvão foi aprisionado, levado ao Sinédrio e severamente
acusado de ter pregado a idéia de abandonar as “santas tradições” dos judeus. Mas,
Estêvão, cheio do Espírito Santo, falou em sua própria defesa, afirmando ser Cristo o
verdadeiro Messias, prometido por Deus desde os primórdios tempos (cap.7).
Mostrando não ser tímido nem medroso, Estêvão apresentou um pequeno relatório da
história judaica, relembrando seus ouvintes como Deus havia cuidado do seu povo, e
como este mesmo povo se rebelara contra o Todo-Poderoso. Estêvão transformou-se
assim de réu em acusador dos seus próprios juízes. Acusou-os também de resistirem
ao Espírito Santo (v.51), perseguindo todos os profetas e finalmente rejeitando Jesus
e seus mensageiros.
16. A morte gloriosa de Estêvão: As autoridades, muito chocadas, se
enfureceram. Logo após a eloquente defesa de Estêvão, o Senhor se revelou a ele.
Em uma visão, Estêvão pôde ver o Deus Supremo no Seu Trono e ao seu lado direito,
Jesus, em pé, para dar as boas-vindas ao seu primeiro mártir que morria por amor a
Ele. Levado para fora da cidade, o corpo de Estêvão foi rapidamente transformado em
uma massa sangrenta com a chuva de pedras atiradas sobre ele. O nobre e fiel mártir
disse mais duas coisas antes de morrer: Pediu que seu espírito fosse recebido por
Jesus e que o Senhor não culpasse aqueles que o haviam condenado. Quis que
Cristo perdoasse seus próprios assassinos. Que grande exemplo de fé e perdão!
17. Saulo - a testemunha: (At 7.58 e 8.1a) O jovem Saulo de Tarso foi um dos
cúmplices desta cena dramática. E dela Saulo nunca se esqueceu. Continuou
perseguindo a Igreja por mais algum tempo até a sua conversão.
ITER – Instituto Teológico Renovação Atos dos Apóstolos 16
4) A PERSEGUIÇÃO LEVA À EXPANSÃO (8.1b – 9.30)
A. Os cristãos dispersos na Judéia e Samaria (8.1b - 4)
B. Filipe: o ministério de um Evangelista (8.5-40)
C. Saulo de Tarso: A conversão de um perseguidor (9.1-30)
Parece que Saulo foi o líder da primeira perseguição em grande escala contra a Igreja
(8.1; 9.1), perseguição essa intensa e severa. Homens e mulheres eram encerrados
na prisão (v.3) e açoitados (22.19), e muitos foram mortos (22.20; 26.10,11). Mas
Deus transforma o bem em mal (leia Rm 8.28). Aleluia! A primeira perseguição oficial
da Igreja tirou os cristãos de Jerusalém e pregaram o Evangelho por onde passaram,
iniciando assim a Grande Obra Missionária da Igreja (v.4), começando na Judéia e
logo em Samaria, exatamente conforme a ordem divina (leia At 1.8). Só faltavam os
confins da terra!
1. O Evangelho em Samaria: “Descendo Filipe à cidade de Samaria”. Samaria
era a antiga capital da província do mesmo nome. Samaritanos e judeus não
combinavam (Jo 4.9). Os judeus consideravam os samaritanos uma raça misturada,
que seguia doutrinas errôneas (2Rs 17.24-41). Por isso, eles normalmente evitavam
qualquer contato com os “amaldiçoados samaritanos”. Mas, o poder do Evangelho
entrou em cena, para derrubar as barreiras entre as raças e os níveis sociais. Filipe
(não o apóstolo), um dos sete diáconos, chamado de “Evangelista” (21.9) foi o
portador das Boas-novas aos samaritanos os quais receberam o Espírito Santo.
2. Filipe e a conversão do eunuco: Filipe se encontrava no meio de um grande
avivamento onde sua presença parecia necessária. Mesmo assim, recebeu ordens de
ir caminhando pelo deserto, uma jornada de 96 quilômetros, até a cidade pagã de
Gaza. Certamente era uma ordem estranha, um brilhante pregador ir ao deserto
quando cidades e vilas precisavam urgentemente do seu ministério. Mas o Senhor
tinha outros planos! De repente, apareceu o tesoureiro da rainha Candace da Etiópia,
uma vasta região africana ao sul do Egito. Este voltava ao seu país, depois de uma
longa viagem a Jerusalém. Era apenas uma alma, mas capaz de obedecer a Cristo e
levar a salvação a uma nação inteira. Pense no valor de uma só alma convertida.
Irineu (180 d.C.) diz que ele se tornou um missionário entre os etíopes. O encontro de
Filipe com o eunuco da rainha da Etiópia era o prenúncio da Evangelização Mundial.
O Evangelho chegava até os confins da terra! (1.8).
Saulo, o Apóstolo dos gentios (9.1-31) - Você pôde perceber que nos caps. 1-8 de
Atos, a história da Igreja volta-se principalmente a Jerusalém, Judéia e Samaria,
tendo como personagens centrais a Pedro e Filipe (veja o quadro na pag. 7). Mas a
partir do cap. 9 o Evangelho já começa a se espalhar até os confins do mundo
daquela época, colocando agora como personagem chave, o grande apóstolo Paulo.
Cerca de um ano depois da morte de Estêvão, acontece a conversão de Saulo de
Tarso. Chama-nos a atenção o grande poder de Jesus e a sua imensa graça,
transformando-o pelo poder sobrenatural do Espírito Santo, lapidando-o e
preparando-o para ser “o apóstolo dos gentios”. Quem era Saulo de Tarso? –
ITER – Instituto Teológico Renovação Atos dos Apóstolos 17
Seu nome, suas origens - Seu nome hebraico é Shaul, o mesmo nome do primeiro rei de Israel, que
significa “pedido”. Seu nome romano é Paulus, que significa “pequeno”. Muitos acreditam que Saulo,
após sua conversão passou a chamar-se Paulo, tendo Jesus mudado o seu nome, mas isso não passa
de especulação. Saulo, depois de converter-se ao Evangelho, passou sim, a ser chamado de Paulo,
mas pelo fato de ele ser cidadão romano, e ter começado a percorrer o mundo daquela época, que era
dominado pelo Império de Roma, levando o Evangelho de Cristo aos gentios. Desde o nascimento de Paulo até aparecer em Jerusalém, como perseguidor dos cristãos, há pouca
informação sobre a sua vida. Sabemos que pertencia à tribo de Benjamim e era membro zeloso do
partido dos fariseus (Rm 11.1; Fl 3.5; At 23.6), teria nascido em Tarso, grande centro cultural da Cilicia.
Jerônimo fala de uma tradição segundo a qual os antepassados de Paulo eram oriundos da Galiléia.
Não se sabe a razão pela qual imigraram a Tarso. Foi criado em Jerusalém, e educado aos pés de
Gamaliel (At 22.3; 26.4). Herdou de seu pai a cidadania romana (At 16.37; 21.39; 22.25).
Sua aparência física - Muito se tem discutido sobre a sua aparência física, mas a Bíblia nada fala a
respeito. O que se costuma dizer em nosso meio é proveniente da tradição que, seguindo a obra
apócrifa “Atos de Paulo”, escrita na segunda metade do 2o século, diz: “E viu Paulo se aproximando,
um homem pequeno de estatura, com cabelos ralos na cabeça, torto de pernas, o corpo em bom
estado, com sobrancelhas ligadas, e nariz um tanto convexo, cheio de graça, pois algumas vezes ele
se assemelha a um homem e algumas vezes em o rosto de um anjo”. (Veja 1Co 2.3; 2 Co 10.10).
Antes de sua conversão - Tudo que sabemos de Paulo, encontramos em Atos, nas suas epístolas e
em 2Pe 3.15. No entanto, possuímos mais dados sobre a sua vida do que acerca de qualquer um dos
outros apóstolos. Como membro do Sinédrio, tinha direito a voto (26.10). Por isso, votou a favor da
morte de Estêvão. Antes de sua conversão, é mencionado três vezes (At 7.58; 8.1,3) como inimigo
implacável da Igreja. A sua perseguição era tão feroz que procurava os discípulos até em suas casas,
arrastando impiedosamente até as mulheres, e encerrando-os no cárcere. O v.1 revela a Saulo como
um animal devastador, feroz e indomável.
“Cartas para Damasco” - (v.2) Roma havia concedido aos judeus o direito de extradição dos
criminosos fugitivos de Jerusalém. Ser cristão naquela era crime religioso e também civil. Saulo
conseguiu cartas dos principais dos sacerdotes (26.10), as quais o investiram de autoridade para
prender os discípulos do Senhor Jesus.
Na estrada de Damasco - (v.3) Damasco ficava a 213 km de Jerusalém, levava cerca de uma semana
de viagem. Paulo ia com uma comitiva na tentativa de esmagar a fé cristã. Chegando perto desta
cidade, ele foi subitamente envolvido por uma luz que o derrubou por terra, e a voz de Jesus o chamou
nominalmente. Ele reconheceu, imediatamente, que se tratava de algo divino, pois disse: “Quem és
Senhor?” (v.5).
Uma suposta contradição - A aparente discrepância entre At 9.7: “ouvindo a voz, mas não vendo
ninguém” e At 22.9: “mas não ouviram a voz daquele que falava comigo” é meramente uma questão de
tradução. O verbo grego usado para “ouvir”, empregado nestas duas passagens, é “akouo” e significa
também “entender, prestar atenção”.
Experiência com o Cristo vivo - Esta mudança súbita de Saulo de Tarso tem deixado os judeus
estarrecidos, até a atualidade. Muitos ficam sem entender como um homem, o qual agia ferozmente
contra os cristãos, de repente passa a ser um deles, defendendo e anunciando com fervor o
Cristianismo. Isso é a graça de Deus!
O “aguilhão” - O texto: “duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões. E ele, tremendo e atônito, disse:
Senhor que queres que faça?” (vs.5 e 6) não aparece em algumas versões da Bíblia, por não se
encontrar nos manuscritos gregos. Mas isso em nada desabona a inspiração e autenticidade da
mesma. Os próprios críticos reconhecem essa autoridade. São variações oriundas de falhas de
copistas durante 14 séculos, copiando manualmente essas passagens. São coisas que não
comprometem o Evangelho. O aguilhão é uma vara aguçada na sua ponta que serve para espetar os
bois. Isto sugere que já Paulo sentia alguma preocupação pelas terríveis coisas que estava cometendo.
ITER – Instituto Teológico Renovação Atos dos Apóstolos 18
A visão de Ananias: (vs.10,11) Vencido e alvejado pela graça de Deus, Saulo foi conduzido cego para
Damasco, para rua chamada Direita, que existe ainda hoje nesta cidade. Deus em sua infinita
sabedoria, não permitiu que a prova dessa conversão ficasse limitada apenas aos companheiros de
Paulo. Por isso, revelou esse acontecimento a Ananias, o qual teve temor (v.13,14), o que era uma
reação perfeitamente normal a qualquer ser humano, tratando-se ainda, do maior perseguidor dos
cristãos. Ananias, porém, ainda não sabia que a graça de Deus havia alvejado o indomável
perseguidor, e o tal seria um vaso escolhido para os propósitos divinos.
“Chegando a Jerusalém” (vs.26-30) Atos declara que “todos o temiam”, pois consideravam que a
estratégia de Paulo era fingir-se de crente para se infiltrar na Igreja.
“Passados muitos dias”: Paulo esteve na Arábia durante três anos depois de sua conversão (Gl
1.17-19) talvez com o propósito de consultar a Deus em relação ao seu apostolado.
Existe um paralelo entre a vida de Pedro, na 1a parte de Atos (caps. 1-12), e Paulo na 2
a (13-28)
que parece ser mais que pura coincidência:
PEDRO PAULO
Primeiro sermão (cap. 2) Primeiro sermão (cap. 13)
Cura de um coxo (cap. 3) Cura de um coxo (cap. 14)
Simão, o mágico (cap. 8) Elimas, o mágico (cap. 13)
Influência da sombra (cap. 5) Influência dos lenços e aventais (cap.19)
Imposição das mãos (cap. 8) Imposição das mãos (cap. 19)
Pedro adorado (cap. 10) Paulo adorado (cap. 14)
Ressurreição de Dorcas (cap. 9) Ressurreição de Êutico (cap. 20)
Prisão de Pedro (cap. 12) Prisão de Paulo (cap. 28)
O que Paulo representa para a Fé Cristã?
1. O apostolado entre os gentios. A visão de Paulo, no ministério entre os
gentios, compartilhada com Barnabé, o tornava “progressista” para a sua época, no
mundo judaico, e da mesma forma, as suas doutrinas para os padrões sociais do
mundo greco-romano. Ele se tornara o principal representante da nova fé revelada. O
seu conceito da divindade contrariava frontalmente as religiões politeístas (vários
deuses) de seus dias. A nova compreensão sobre o Messias mudou radicalmente sua
vida e contrariava, não o AT, mas, o que o Judaísmo pensava a respeito do
Libertador. Paulo considerava os judeus e gentios na mesma situação (veja Rm 1-3).
Diante disso, levou avante a ordem de Jesus: “Porque hei de enviar-te aos gentios de
longe” (At 22.21).
2. As Missões. Como resultado das quatro viagens missionárias de Paulo (que
estudaremos mais adiante), surgiram as igrejas da Ásia e Europa. A ele deve-se a
expansão do Cristianismo. Suas estratégias missionárias são ainda hoje o modelo
para nós. Nenhum homem fez pelo Evangelho o que ele realizou, exceto o próprio
Jesus Cristo.
3. As epístolas. Suas epístolas são o maior tesouro que Paulo deixou para a
Igreja. São frutos de suas experiências e trabalhos na direção do Espírito Santo. Seus
escritos ocupam um terço do NT. Sem as suas cartas, o Cristianismo poderia ser uma
ITER – Instituto Teológico Renovação Atos dos Apóstolos 19
mera seita do Judaísmo. O ministério de Paulo entre os gentios, suas viagens
missionárias e as epístolas escritas, o tornam o maior herói da fé cristã. Seus
exemplos devem ser seguidos pelos obreiros (1Co 11.1) e seus ensinos obedecidos
por todos os cristãos. Suas ideias continuam vivas e atuais, porque foram inspiradas
pelo Espírito Santo para a Igreja de todas as épocas.
5) O EVANGELHO PROPAGA-SE ENTRE OS GENTIOS (9.31-12.25)
A. A Igreja cresce (9.31)
B. O ministério de Pedro em Lida e em Jope (9.32-43)
C. A missão de Pedro aos gentios em Cesaréia. Cornélio (10.1-48)
D. O informe de Pedro à Igreja de Jerusalém sobre os gentios (11.1-18)
E. O Evangelho é pregado em Antioquia, a 1a Igreja gentia (11.19-30)
F. Perseguição de Herodes / morte de Tiago (12.1-23)
G. Resumo do crescimento da Igreja (12.24,25)
“Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, Galiléia e Samaria tinham paz e eram
edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e na consolação do
Espírito Santo”. A partir do v. 32 do cap. 9 de Atos há um intervalo em relação a
Paulo. Começa o relato do ministério do apóstolo Pedro em algumas cidades vizinhas
de Jerusalém, mostrando assim que o ministério deste apóstolo era voltado mais à
área da capital de Israel.
1. As curas continuam - Em Lida, o paralítico Enéias foi curado (32-34). A cura
realizou-se realmente para levar muitos a Cristo. Jope “uma discípula chamada
Tabita, que, traduzido, se diz Dorcas”, a qual fazia boas obras, foi ressuscitada. Lida,
conhecida atualmente como Lod, era uma pequena vila ao oeste de Jerusalém, a
caminho de Jope (v.38).
2. O centurião Cornélio - Centurião era um Oficial do exército romano que
comandava 100 homens. (Mt 8.11). Mesmo não sendo um prosélito dos judeus,
Cornélio era monoteísta (cria num só Deus) e nos ensinos éticos desse povo. Apesar
de ser um homem piedoso, precisava ouvir a mensagem da salvação. Nota-se a
importância da conversão deste primeiro gentio pelo espaço que a narrativa ocupa
(caps. 10 e 11).
3. A visão de Pedro - Três vezes viu Pedro uma visão de animais tidos como
imundos, e em cada uma delas uma voz celestial insistiu para que comesse, em
violação das crenças judaicas. Esta tripla visão procurava mostrar a Pedro que Deus
não faz acepção de pessoas (v. 34). Provavelmente Pedro não teria visitado a
Cornélio se Deus não tivesse lhe falado tão diretamente (veja v. 28; 11.2,3; Gl
2.11,12). O fato de que Deus não faz acepção de pessoas, manifesta o desejo de que
todo mundo, independente da sua nacionalidade ou etnia, possa ouvir o Evangelho e
crer nele. Em Cristo não há barreiras (Gl 3.26-29).
ITER – Instituto Teológico Renovação Atos dos Apóstolos 20
4. Mais um sermão de Pedro - Pedro, obedecendo a ordem divina (10.20),
chegou em Cesaréia, e achou à sua espera uma congregação gentia. Era composta
de Cornélio, seus parentes e amigos. Após as apresentações e explicações,
rejeitando qualquer tipo de adoração (vs. 25,26) e esclarecendo as preconceituosas
tradições judaicas de, não poder um judeu ajuntar-se a alguém de outra raça (v.28),
Pedro iniciou a sua inspirada mensagem. “E, dizendo ainda Pedro estas palavras,
caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra”.
5. O Espírito Santo desce sobre os gentios - Não houve tempo de chegar ao
fim do sermão e fazer o apelo. Ao ouvirem as palavras "receberão o perdão dos
pecados pelo seu nome", os ouvintes, com fome espiritual, creram de todo coração,
alma e força (Rm 10.17). Como resultado, seus corações foram purificados pela fé e
receberam o batismo com o Espírito Santo. Este derramamento do Espírito marcou o
nascimento da Igreja gentílica.
6. As línguas como sinal - Assim como os crentes judeus receberam o Espírito e
louvaram a Deus em línguas no Pentecoste, estes crentes gentios receberam idêntico
dom (10.45; 11.15). Os judeus cristãos que estavam presentes entenderam que os
gentios tinham recebido o dom do Espírito (v.45) porque os ouviam falar em línguas.
Essas línguas, neste caso, eram um meio para evidenciar que haviam realmente
recebido o Espírito Santo.
7. A defesa de Pedro e a aceitação da Igreja - (11.1-18) A notícia das
“estranhas” atividades de Pedro na casa de um incircunciso chegaram a Jerusalém,
onde o apóstolo foi confrontado pelos cristãos da circuncisão (vs.1-3). Pedro porém
levantou-se com uma brilhante defesa da evangelização dos gentios. O v. 18 é um
versículo comovente. O que aconteceu com Cornélio sob o ministério de Pedro e a
positiva reação da Igreja em Jerusalém, construíram o cenário para o ativo ministério
de Paulo entre os gentios nos capítulos restantes de Atos.
8. Antioquia, a Primeira Igreja Missionária - (11.19-26) Outro centro cristão
começava a despontar no horizonte. Após frequentes perseguições, os discípulos
foram dispersos para a Judéia e Samaria, exceto os apóstolos (At 8.1). Por onde
passavam anunciavam o Senhor Jesus. Outros foram para a Fenícia, a ilha de Chipre
e as cidades de Antioquia da Síria e Cirene. De todas essas localidades, Antioquia da
Síria sobressaiu-se, tornando-se o mais importante centro missionário, no primeiro
século do Cristianismo. Ali Barnabé e Saulo permaneceram por um ano doutrinando
este povo. O v. 26 diz: “Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez
chamados de cristãos” (do grego christianos).
9. Perseguição de Herodes: Era Herodes Agripa I (37-44 d.C.), neto de Herodes
o Grande. Pouco se fala deste homem nas Escrituras, mas sabe-se que ajudou
Cláudio a converter-se em imperador de Roma depois que o famoso Calígula foi
assassinado. Ao incluir este relato, Lucas poderia estar indicando a existência de uma
conexão entre a morte de Herodes e a perseguição aos cristãos. Teve um fim trágico
por parte de Deus (vs.21-23).
ITER – Instituto Teológico Renovação Atos dos Apóstolos 21
10. Assassinato de Tiago: Deus permitiu que Tiago, irmão de João (cf. Mt 4.21)
morresse, mas enviou um anjo para livrar a Pedro (vs.3-17). São os caminhos
misteriosos de Deus para com o seu povo que levaram Tiago a morrer, enquanto
Pedro escapou para continuar se ministério. Tiago teve a honra de ser o primeiro dos
apóstolos que morreu como mártir.
11. Crescimento contínuo da Igreja: (12.24,25) Nem as altas autoridades, nem
as perseguições, conseguiram atrapalhar o crescimento da Igreja. Pelo contrário elas
precipitaram a multiplicação da Obra do Senhor. Em toda a história do Cristianismo, a
oposição e perseguição, em vez de destruírem a Igreja, garantiram seu sucesso.
Glória a Deus!
12. O sinal ICTHUS: Este sinal foi usado como uma forma secreta de
comunicação entre os cristãos do início da Igreja dentro das catacumbas romanas.
Eles entalhavam este sinal nas paredes para identificar-se com outros cristãos.
Do grego:
I esous = Jesus
C hristos = Cristo
Th eous = de Deus
U ious = Filho
S oter = Salvador
A sigla pronunciada como
palavra significa “peixe”, daí o
uso do desenho.
6) PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO (13.1 - 14.28)
A. Paulo e Barnabé enviados pela Igreja de Antioquia (13.1-3)
B. Início da evangelização da província da Ásia (13.4-12)
C. Discurso de Paulo em Antioquia da Pisídia (13.13-52)
D. O Evangelho é pregado em Icônio, Listra e Derbe (14.1-23)
E. O retorno a Antioquia (14.24-27)
O maior empreendimento da Igreja é Missões estrangeiras, e aqui temos o início
dessa grande obra. Surgiu exatamente como devia: numa reunião de oração.
A Igreja em Antioquia - Muitos haviam se convertido e o Cristianismo havia
conquistado pessoas ilustres da sociedade: “Na Igreja que estava em Antioquia havia
alguns profetas e doutores...” Dentre estes homens de Deus, foram escolhidos dois
para a Obra Missionária: Barnabé e Saulo. O interessante é que o Espírito Santo
escolhe o melhor para as Missões. Começava assim, a Primeira Viagem Missionária
do apóstolo Paulo.
A partida: Como já foi visto, o ponto de partida da 1a Viagem de Paulo foi Antioquia
da Síria (13.1-4). Barnabé e Marcos o acompanharam. Selêucia era uma cidade
portuária onde Paulo e seus companheiros embarcaram. Veja o mapa:
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A campanha de Chipre: Chipre era a terra natal de Barnabé (At 4.36), região das
primeiras atividades missionárias de Paulo. Em Salamina, anunciaram a Palavra de
Deus nas sinagogas (At 13.4,5). Depois, atravessaram a ilha até o outro extremo dela,
chegando a Pafos (13.6-12), onde o apóstolo dos gentios pregou para o procônsul
Sérgio Paulo e enfrentou Elimas, o mágico, que se opôs à pregação do Evangelho.
João Marcos volta para casa: Depois, Paulo deixou a ilha e seguiu para o
continente, passando por Perge, cidade da região de Panfília na Ásia. Marcos deixou
seus companheiros voltando para Jerusalém (13. 13,14; 12.12). Este ato teve sérias
repercussões, como vemos no cap. 15. Na sinagoga de Antioquia da Pisídia, no
interior da atual Turquia, o apóstolo dos gentios pregou aos judeus. Expulso de
Antioquia da Pisídia, Paulo foi para Icônio (At 13.50; 14.1-5). Como as hostilidades
eram as mesmas da cidade anterior, havendo motim tanto dos judeus como dos
gentios, foram para a região da Licaônia, e fundaram igrejas em Listra e Derbe.
A cura de um coxo: A atividade missionária de Paulo em Listra resultou na cura de
um coxo (14.8-10). O povo licaônico era supersticioso e idólatra, por isso, vendo o
milagre de Paulo, concluíram que os dois eram deuses, descidos dos céus. A
Barnabé chamaram de Júpiter, o maior deus dos gregos, e a Paulo chamaram
Mercúrio, o deus mensageiro, pois este era o principal pregador.
Paulo é apedrejado: O apóstolo dos gentios aproveitou esta cura, e
estrategicamente passou a anunciar-lhes com grande ousadia a Palavra. Os judeus
de Antioquia da Pisídia e de Icônio apedrejaram a Paulo, sendo arrastado para fora
da cidade, achando que estava morto (At 14.19).
Fim da 1a Viagem: Depois disso, Paulo e Barnabé foram para Derbe (14.20). De lá,
retornaram ao ponto de partida, confirmando as igrejas em Listra, Icônio e Antioquia
da Pisídia (14.22) e estabelecendo pastores nativos em cada uma (14.23). Essa
primeira viagem começou no ano 46 e terminou em 48 d.C. e ocupa os capítulos 13 e
14 de Atos.
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7) O CONCÍLIO DE JERUSALÉM (15.1- 35)
A. A controvérsia sobre a circuncisão (15.1-5)
B. O parecer da Assembleia de Jerusalém (15.6-35)
Ao retornar da primeira viagem, Paulo deparou com um problema sério no meio dos
judeus cristãos. Ele havia descoberto a fórmula da transculturação, ou seja,
evangelizar os gentios sem os judaizar. Os radicais que estavam na Igreja, os
judaizantes, queriam que esses novos crentes seguissem o modus vivendi deles.
Paulo e Barnabé não suportavam a exigência da circuncisão para os gentios, pois
esta doutrina traria consigo a morte eventual da nova fé cristã, transformando-a em
nada mais que uma sub seita judaica. Essa discussão deu origem ao Concílio de
Jerusalém:
Causa da discussão: Deus abriu a porta da fé aos gentios. Isso era ponto pacífico
(At 11.18; 14.27). Outro problema surgiu sobre a situação deles: deviam ser
judaizados? Essa questão era séria, por isso não vendo uma solução fácil, os líderes
da igreja em Antioquia resolveram enviar Paulo e Barnabé e alguns dos outros irmãos
a Jerusalém, para se aconselharem com os apóstolos e presbíteros sobre o assunto
de tanta importância.
Os causadores da Polêmica: (15.1) Tudo isto era proveniente dos fariseus que se
haviam convertido. Eles se apresentaram como vindos da parte de Tiago (Gl 2.12),
que jamais os autorizou, com o ele mesmo declara (At 15.24). Em Antioquia da Síria,
eles fizeram um estrago muito grande. Até Pedro e Barnabé se deixaram levar por
essa “dissimulação”, fazendo “vista grossa” (Gl 2.11-13). Paulo, com justiça ficou
revoltado e repreendeu publicamente um dos principais líderes da Igreja (Gl 2.14).
A epístola aos Gálatas: O texto de At 15.1-5 tem ligação com o testemunho de Paulo
registrado em Gálatas 1.7 e 5.10. Esta carta, ao que todo indica, foi escrita antes do
Concílio de Jerusalém.
O discurso de Pedro: Havia grande discussão, quando Pedro se levantou,
chamando a atenção dos ouvintes. Ele salientou a revelação que recebeu, antes de ir
à casa de Cornélio. Lembrou ainda que Deus o escolhera para falar aos gentios, uma
alusão à experiência na residência do centurião (At 10). A declaração de Pedro no
v.11 revela que ele concordou com Paulo na discussão de Antioquia da Síria. São as
mesmas palavras que o apóstolo dos gentios usou em Gálatas 2.16.
O parecer de Tiago: (15.12-21) Depois de Paulo e Barnabé terem relatado os
prodígios que Deus fizera entre os gentios por meio deles, mostrando que as práticas
do ritualismo judaico não serviam para a salvação, Tiago (irmão de Jesus), um dos
principais líderes da Igreja judaica, tomou a palavra. Citou Amós 9.11-12, sobre o
plano divino de revelar sua mensagem também para os gentios. Baseado neste texto,
ele concluiu que os irmãos judeus não deveriam exigir dos gentios nada além de um
ITER – Instituto Teológico Renovação Atos dos Apóstolos 24
mínimo de restrições, todas ligadas às tendências imorais entre os povos pagãos. Os
cristãos gentios, recém-convertidos do paganismo, deveriam abster-se de:
1) Qualquer contaminação ligada a ídolos (imagens).
2) Incontinência (imoralidade sexual).
3) Carne de animais sufocados (cujo sangue não havia sido drenado do corpo do
animal).
4) Sangue (no sentido de comer sangue de animais e também de violência física
contra outros homens, pois o sangue representa a vida, que é sagrada perante
Deus).
Os resultados da Conferência: (15.22-29) Finalmente, todos chegaram a um acordo
pacífico sobre o assunto e resolveram enviar sua decisão por escrito a Antioquia. A
carta descreveu a crise surgida e a solução elaborada pelos presbíteros e apóstolos.
Além disso, enviaram dois irmãos, Judas e Silas, para testemunharem a autenticidade
da carta, a qual foi recebida com grande alegria pelos irmãos de Antioquia (15.30-32).
Lições do Concílio: Vivemos os bons costumes, porque somos salvos e não para
sermos santificados. Tudo o que a consciência acusa, corrompe os bons costumes,
viola a santidade e causa escândalo. É pecado.
8) SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO (15.36 - 18.22)
A. Separação entre Paulo e Barnabé (15.36-40)
B. Visita às igrejas fundadas junto com Silas (15.41-16.5)
C. Novas regiões evangelizadas na província da Ásia (16.6 – 18.21)
D. Retorno a Antioquia da Síria (18.22)
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Depois do Concilio de Jerusalém Paulo resolveu empreender outra viagem. Era a
Segunda Viagem, com dois objetivos:
1) Visitar a igrejas que ele fundara durante a sua primeira missão.
2) Abrir novos campos de trabalho.
Paulo e Barnabé se separam: Barnabé queria levar seu sobrinho Marcos, mas o
apóstolo dos gentios não concordou com a idéia, pois aquele jovem havia voltado do
meio do caminho, na vez anterior. Isso foi motivo para se separarem (15.36-39),
apesar de terem continuado amigos.
Visitando as igrejas: Paulo e Silas partiram de Antioquia da Síria, de onde havia
uma estrada que ia até Tarso e Ásia Menor. Portanto, nessa 2a viagem, o apóstolo
dos gentios viajou por terra, atravessou a Cilícia, região onde se situava Tarso, sua
terra natal (não há registro de que ele tenha realizado trabalhos missionários na sua
cidade), e seguiu direto para Derbe, Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia, a fim de
fortalecer as igrejas.
O jovem Timóteo: Em Listra, Paulo encontrou a Timóteo, um jovem filho de uma
judia que era crente, mas o seu pai grego (16.1). Agora Paulo, Silas e Timóteo
atravessam a região frígio-gálata (região norte da Galácia), onde foram “impedidos
pelo Espírito Santo de anunciar a Palavra na Ásia” (At 16.6). Seguiram para Mísia e
tentaram ir à Bitínia, “mas o Espírito de Jesus não lho permitiu” (16.7). Então, partiram
para Trôade (16.8).
Trôade e Neápolis – Lucas junta-se a eles: Antiga Tróia da Ilíada de Homero.
Nessa cidade, Paulo teve uma visão em que alguém lhe dizia: “Passa à Macedônia e
ajuda-nos!” (16.9). Nessa localidade, Lucas se ajuntou à comitiva (16.10). Navegaram
para Neápolis, durante dois dias de viagem, e chegaram a Filipos.
Filipos, a Primeira igreja européia: Colônia romana e uma das principais cidades da
Macedônia. Com essa visita, Paulo fundou a primeira Igreja na Europa. Ao entrar,
assim, neste continente, ele se deparou com outra realidade. Os romanos seriam uma
nova experiência para o seu apostolado. Nessa cidade, ele organizou uma igreja na
casa de Lídia, vendedora de púrpura (16.14,15). Nessa ocasião, libertou uma adivinha
da opressão maligna e foi, por isso, para a cadeia juntamente com Silas.
O louvor no meio das prisões: “Perto da meia-noite Paulo e Silas oravam e
cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam” (16.25) Paulo e Silas,
apesar das terríveis circunstâncias, se regozijavam. Este é o poder do louvor em
ação. Mais tarde, ele escreveu à Igreja que fundara em Filipos, desde uma outra
prisão, pedindo-lhes: “regozijai-vos sempre no Senhor...” (Fp 4.4). O resultado de tudo
isto, foi a conversão do carcereiro (16.33,34). Os direitos de Paulo e Silas, como
cidadãos romanos, foram desrespeitados. De lá, partiram para Tessalônica, passando
por Anfípolis e Apolônia (17.1).
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O Poder da Oração
O livro de Atos mostra-nos que sempre que indivíduos ou grupos de pessoas oravam, Deus os
movia por meio do Espírito Santo. Os discípulos reuniram-se para orar em Pentecoste, e o poder
de Deus caiu (1.14). Quando eram perseguidos por estarem testificando, os discípulos oravam
pedindo coragem. Pedro e João oraram e os crentes samaritanos receberam o Espírito Santo
(8.14-17). Paulo e Silas oraram e foram libertos da prisão (16.25,26). A oração portanto, era,
realmente, a prática da igreja Primitiva (2.42). Aprendamos não somente os fatos, mas
igualmente os princípios espirituais do livro de Atos. Se seguirmos o padrão ali retratado, o
reavivamento virá, e muitas pessoas serão atraídas para Cristo em resultado disso.
Tessalônica e Beréia: Tessalônica era a principal cidade da Macedônia. Sua
população era constituída de gregos, romanos e judeus. Como de costume, o
apóstolo procurou uma sinagoga, para iniciar seu trabalho evangelístico. Paulo só
ficou três semanas nessa localidade, por causa da perseguição (17.2,5). De lá, partiu
para a Beréia (v.10). Os bereanos foram mais receptivos que os tessalonicenses e
Paulo, na sinagoga anunciou o Evangelho do Senhor Jesus. Como Beréia estava
próxima de Tessalônica, não demorou muito, para que os mesmos judeus, os quais
perseguiram o apóstolo, viessem também para aquela cidade. Assim, ele saiu às
pressas e sozinho, indo para Atenas, deixando Silas e Timóteo naquela localidade (At
17.13-15).
Atenas: Paulo navegou para Atenas, o centro cultural do mundo grego. Lá, pregou
para os filósofos estóicos e epicureus (duas escolas filosóficas muito famosas nos
dias do apóstolo), e fundou uma igreja, como resultado dessa pregação, mas com um
grupo muito pequeno. No seu sermão, Paulo, referindo-se ao altar erigido AO DEUS
DESCONHECIDO, lhes anunciou o poder do único Deus. Apesar da sua
religiosidade, os atenienses ignoravam o verdadeiro Deus. De Atenas, partiu para
Corinto (18.1). A maneira como Paulo descreveu o estado psicológico em que se
encontrava, ao chegar naquela cidade (1Co 2.1-5), mostra que a sua emoção ia muito
além das palavras de Lucas, em Atos 17.32,33.
Corinto: Era a capital da Grécia, naqueles dias, com uma população de,
aproximadamente, 500 mil habitantes. Paulo permaneceu ali durante um ano e meio,
onde ensinou a Palavra de Deus (At 18.11). Morou na casa de Áquila (judeu do Ponto
e expulso de Roma, por determinação de Cláudio) e Priscila, sua mulher. De Corinto,
em 52 d.C. ele escreveu 1 Tessalonicenses (1 Ts 3.6). Em menos de um ano, ele
enviou a segunda carta para a mesma igreja.
Fim da Segunda Viagem: De Corinto, foi para Cencréia, cidade portuária, de onde
partiu para sua base (18.18), com breve parada em Éfeso, navegando, em seguida,
rumo à Cesaréia, de onde seguiu para Jerusalém e depois Antioquia da Síria (18.22).
Era o fim de sua 2a Viagem Missionária.
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9) TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO ( 18.23 – 21.16)
A. A caminho de Éfeso (18.23)
B. O ministério de Apolo (18.24 – 28)
C. Um longo ministério em Éfeso (cap. 19)
D. Viagem à Macedônia, Grécia e volta à Macedônia (20.1 – 5)
E. Regresso a Jerusalém (20.6 – 21.16)
Paulo começou a terceira Viagem Missionária a partir de Antioquia da Síria, como fez
nas duas primeiras (At 13.2-4; 15.35-40; 18.23). Lucas omitiu detalhes dessa
trajetória, até chegar a Éfeso.
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Éfeso
1) Sua localização: Capital da Ásia menor, era a cidade mais importante da região,
pois localizava-se no cruzamento das rotas comerciais. Nela, encontrava-se o
templo da deusa Diana, chamada pelos romanos de Ártemis, uma das sete
maravilhas do mundo antigo.
2) Primeiros discípulos em Éfeso: Por essa cidade havia passado Apolo (18.24) que
foi instruído por Áquila (18.26). Paulo encontrou nela um grupo de doze novos
convertidos, que conheciam apenas o batismo de João (19.1-7).
3) Um longo ministério em Éfeso: Deus havia usado Paulo poderosamente para curar
e expulsar demônios (19.11,12). Isto fez com que certos exorcistas tentassem
imitar o poder do apóstolo na expulsão de um demônio. Mas, o possuído pelo
espírito maligno feriu-os gravemente. O povo passou então a ter um respeito
profundo pelos cristãos (19.13-17). Os próprios cristãos gozaram de autêntico
crescimento espiritual (19.18-20). Não é de admirar que a Palavra de Cristo
crescesse tanto em Éfeso.
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Retorno de Paulo: Novamente Paulo viaja a Corinto, onde passou três meses (20.3).
Aos coríntios ele escreveu duas cartas. De Éfeso, a primeira; e da Macedônia, a
segunda. Nessa última visita a Corinto, ele escreveu a carta aos Romanos, em 58
d.C. (Rm 16.1). Na volta para Antioquia da Síria, por terra, visitou igrejas da
Macedônia (20.1,2), até chegar a Mileto, depois de passar 5 dias em Filipos.
De Mileto, mandou chamar os anciãos da igreja em Éfeso, pois tinha pressa, e queria
chegar o mais rápido possível a Jerusalém, para a festa de Pentecoste (20.16). Na
praia local, fez o célebre discurso de despedida (20.17-38). Depois, segue para
Cesaréia, passando pela Fenícia, e, em seguida, chega à Cidade Santa, onde é preso
pelos judeus (At 21.1-8, 27-36).
10) PRISÃO DE PAULO (21.17 - 28.31)
A. Em Jerusalém (21.17 – 23.35)
B. Em Cesaréia (24.1 – 26.32)
C. A caminho de Roma (27.1- 28.15)
D. Em Roma (28.16-31)
Depois de mais alguns dias em Cesaréia, Paulo e seus companheiros subiram para
Jerusalém onde, conforme o que o Espírito lhe havia revelado, duras perseguições o
esperavam (21.4; 10-12). A resposta de Paulo, diante desta situação, foi heróica: “que
fazeis vós, chorando e magoando-me o coração? Porque eu estou pronto não só a
ser ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus” (21.13).
Paulo é preso em Jerusalém: Chegando em Jerusalém, foi dar seu relatório aos
líderes da Igreja. Estes lhe deram parabéns pela obra missionária. Ao mesmo tempo,
acusaram-no de anarquista religioso. Alguém que instigava os judeus, pelo mundo
afora, a abandonarem a Lei de Moisés. Sugeriram que ele fizesse concessões a estes
cristãos judeus. Assim desmancharia tais acusações e comprovaria não ser destruidor
das tradições do AT. Paulo, então, patrocinou as despesas de quatro homens que
haviam feito um voto segundo a Lei de Moisés. O apóstolo permaneceria no Templo
durante sete dias, até oferecerem os sacrifícios que indicavam o cumprimento do
voto. Assim, ninguém diria que Paulo era inimigo das tradições.
O apóstolo aceitou por não estar em jogo a liberdade espiritual dos gentios. Sempre
estava disposto a entrar em acordo caridoso com os outros. Desde que não
precisasse abrir mão de verdades fundamentais (1Co 9.20). Os acontecimentos que
se seguiram ilustram as tribulações de um homem justo:
1) Paulo falsamente acusado (21.28)
2) Paulo quase assassinado (21.30,31)
3) A defesa de Paulo perante o povo (21.37 – 22.21)
4) Defesa de Paulo perante o Sinédrio (22.30 – 23.1-10)
5) Paulo é enviado perante Félix em Cesaréia (23.23 – 24.1-27)
6) Paulo apela a César (25.1-12)
7) Paulo perante Festo e Agripa II (25.22 – 26.1-32)
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Viagem para Roma: Como Paulo apelou para César (25.11; 26.32), na condição de
prisioneiro romano, partiu de Cesareia com destino a Roma (27.1-2). Foi uma viagem
muito difícil. Era inverno, e o navio naufragou em Malta, onde esteve três meses
(28.1-11). Até que chegou á capital do Império Romano em 62 d.C.
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Epístolas de Roma: Da capital do Império, escreveu as seguintes cartas:
1) Filemom (62 d.C.)
2) Efésios (62 d.C.)
3) Colossenses (62 d.C.)
4) Filipenses (63 d.C.)
5) 2 Timóteo (entre 67 e 68 d.C. após o incêndio de Roma, quando estava preso pela
segunda vez, durante a sua condicional).
Paulo prega o Evangelho em Roma: (28.23-29) Na sua casa, desde manhã até a
tarde, Paulo pregou para um grande número de judeus, procurando persuadi-los a
crer em Jesus. Apenas alguns aceitaram a Palavra. Havendo discórdia entre eles,
Paulo citou Isaías 6.9-10, mostrando-lhes seu coração fechado e duro e que a
mensagem do Evangelho seria retirada deles e enviada aos gentios.
Paulo continua aprisionado: (28.30-31) Por dois anos Paulo permaneceu preso na
sua própria casa em Roma, ensinando a Palavra a muitos. Pregava com intrepidez
sobre Cristo e Seu Reino e ninguém o impedia de ensinar. Com o apoio de Paulo, a
Igreja em Roma crescia dia a dia. E o que aconteceu depois destes dois anos?
Como termina o Livro de Atos: Ninguém sabe a razão, mas Lucas, o narrador de
Atos, abruptamente terminou a história, sem mencionar os outros atos e o martírio de
Paulo. Ficamos, porém, conhecendo certos detalhes do resto da vida de Paulo
através das suas epístolas e de histórias escritas por líderes cristãos dos séculos II e
III. E assim termina o livro de Atos: Paulo pregando aberta e destemidamente sobre
Cristo e Seu Reino.
ITER – Instituto Teológico Renovação Atos dos Apóstolos 30
CONCLUSÃO
Concluímos, observando que a intenção de Deus é, que os atos do Espírito Santo e a
pregação do Evangelho continuem na vida do povo de Cristo até o fim dos tempos (At
2.17-21; Mt 28. 18-20). Lucas, sob a inspiração do Espírito Santo, revelou o padrão
daquilo que a Igreja deve ser e fazer. Ele registrou exemplos da fidelidade dos
crentes, do triunfo do Evangelho em meio à oposição do inimigo e do poder do
Espírito Santo operante na Igreja e entre os homens. Esse é o padrão de Deus para
as igrejas atuais e futuras, e devemos fielmente guardá-lo, proclamá-lo e vivê-lo (2 Tm
1.14). Todas as igrejas devem avaliar-se segundo o que o Espírito disse e fez entre
os crentes do primeiro século. Se o poder, a justiça, a alegria, a comunhão, a oração
e a fé das nossas igrejas atuais não são idênticas às que lemos na Igreja em Atos,
devemos pedir a Deus, mais uma vez, uma renovação da nossa fé no Cristo
ressurreto, e um novo derramamento do Seu Espírito Santo. Assim seja.
ITER – Instituto Teológico Renovação Atos dos Apóstolos 31
BIBLIOGRAFIA
BAXTER, J. Sidlow. Examinai as Escrituras. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova.
Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Bíblia Plenitud. Editorial Caribe.
OSBORN, T. L. Três chaves para o livro de Atos. Graça Editorial.
PEARLMAN, Myer. Atos - E a Igreja se fez Missões. CPAD.
NOGUEIRA,Carlos Antônio T. Atos – Curso de Treinamento de Líderes.
SHEDD, Russell P. Bíblia Vida Nova. Sociedade Religiosa Vida Nova.
SHIPP, Glover. Atos – Cristianismo em Ação. Editora Vida Cristã.
https://www.portasabertas.org.br/
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
3º MÓDULO BACHAREL: Maio / Julho 2017 (2ª turma)
DISCIPLINA: Atos dos Apóstolos
DOCENTE: Pra. Karen Solís Braz
NÚCLEO: São Vicente
DIA/AULA: Quarta-feira
DATA
AULA
PÁGS.
CONTEÚDO
OBS.
24/05/17
1ª
3 – 7
* Apresentações
* Leitura do Plano de Ensino
Introdução
I. Panorama do livro de Atos
31/05/17
2ª
8 – 9
10 - 12
II. Divisão do livro de Atos
1) Aguardando o Poder do Espírito Santo
2) O Derramamento do Espírito Santo
07/06/17
3ª
13 – 15
16 - 19
3) O início da Igreja em Jerusalém
4) A perseguição leva à expansão
14/06/17
4ª
19 – 21
5) O Evangelho propaga-se entre os gentios
21/06/17
5ª
21 – 22
23 – 24
6) Primeira Viagem Missionária de Paulo
7) O Concílio de Jerusalém
28/06/17
6ª
24 – 26
27 – 28
8) Segunda Viagem Missionária de Paulo
9) Terceira Viagem Missionária de Paulo
05/07/17
7ª
28 – 29
30
10) Prisão de Paulo
Conclusão
12/07/17
Última
AVALIAÇÃO / ENTREGA DE TRABALHO
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TER - PLANO DE ENSINO
CURSO DE TEOLOGIA (Bacharel / 2ª Turma) DISCIPLINA: ATOS DOS APÓSTOLOS. DOCENTE: Pra. Karen Solís
CARACTERIZAÇÃO DA DISCIPLINA
EMENTA [tópicos que caracterizam as unidades dos programas de ensino]:
A disciplina contém: Objetivos Gerais e Específicos, Conteúdo Programático, Metodologia, Sistema de Avaliação, Cronograma de
Desenvolvimento da Disciplina e Bibliografias Gerais, Especificas e Anexas ou Complementares.
OBJETIVOS GERAIS
O objetivo principal desta disciplina é mostrar como o Evangelho se estabeleceu entre os gentios sob o poder do Espírito Santo. O aluno adquirirá, no decorrer deste estudo, um maior conhecimento da Palavra, utilizando-se também deste poder que vem do alto.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
No intercurso do programa pretende-se:
Apontar definições do livro, abordando seu pano de fundo histórico. Levar o aluno a conhecer panoramicamente as divisões do livro de Atos. Mostrar a identidade da Igreja de Cristo do primeiro século, suas conquistas e seus exemplos para a Igreja atual. Salientar as três ênfases do livro: a ressurreição de Jesus, o poder do Espírito Santo e Missões da Igreja.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
Introdução
I. Panorama do Livro de Atos II. Divisão do Livro de Atos
Conclusão REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
OSBORN, T. L. Três chaves para o livro de Atos. Graça Editorial.
PEARLMAN, Myer. Atos - E a Igreja se fez Missões. CPAD.
METODOLOGIA DE ENSINO
As aulas serão ministradas obedecendo a seguinte metodologia:
Expositivo-dialogais. Leituras e análises de textos selecionados. Audiovisuais (Slide/Multimídia/Vídeos). Trabalhos escritos pesquisas/resenhas.
SISTEMÁTICA DE AVALIAÇÃO: A Avaliação será baseada nos seguintes critérios: Dinâmicas em grupos/pesquisas escritas/participação/trabalho em classe/aulas expositivas/vídeo aula e pesquisa de campo e Provas. TRABALHOS:
Elaboração de Trabalho estipulado pelo professor: Agendamento de datas e entregas de trabalhos estipulado pelo professor.
Avaliação e entrega de Trabalho previstos para quarta-feira 12/07.