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PROSPECÇÃO QUÍMICA E BIOLÓGICA DO ESTRATO ARBÓREO DA MATA DO BOM JESUS (CAMPOS DOS GOYTACAZES): UMA CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA ESPÉCIE Parapiptadenia pterosperma (benth.) Brenan (FABACEAE) ROBERTA FERREIRA NAGIPE DA SILVA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ FEVEREIRO-2011

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PROSPECÇÃO QUÍMICA E BIOLÓGICA DO ESTRATO ARBÓREO DA MATA

DO BOM JESUS (CAMPOS DOS GOYTACAZES): UMA CONTRIBUIÇÃO AO

ESTUDO DA ESPÉCIE Parapiptadenia pterosperma (benth.) Brenan

(FABACEAE)

ROBERTA FERREIRA NAGIPE DA SILVA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ

FEVEREIRO-2011

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PROSPECÇÃO QUÍMICA E BIOLÓGICA DO ESTRATO ARBÓREO DA MATA

DO BOM JESUS (CAMPOS DOS GOYTACAZES): UMA CONTRIBUIÇÃO AO

ESTUDO DA ESPÉCIE Parapiptadenia pterosperma (Benth) Brenan

(FABACEAE)

ROBERTA FERREIRA NAGIPE DA SILVA

Orientadora: Leda Mathias

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

Fevereiro-2011

Dissertação de Mestrado apresentada ao curso de Pós- Graduação de Ciências Naturais do Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Ciências Naturais.

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PROSPECÇÃO QUÍMICA E BIOLÓGICA DO ESTRATO ARBÓREO DA MATA

DO BOM JESUS (CAMPOS DOS GOYTACAZES): UMA CONTRIBUIÇÃO AO

ESTUDO DA ESPÉCIE Parapiptadenia pterosperma (Benth.) Brenan

(FABACEAE)

ROBERTA FERREIRA NAGIPE DA SILVA

COMISSÃO EXAMINADORA:

Profª. Leda Mathias (Doutora em Química de Produtos Naturais) - UENF

Profª. Ana Brígida Soares (Doutora em Ciências Naturais) - IFES

Prof. Carlos Roberto Ribeiro Matos (Doutor em Química Orgânica) - UENF

Prof. Edmilson José Maria (Doutor em Química Orgânica) - UENF

Dissertação de Mestrado apresentada ao curso de Pós- Graduação de Ciências Naturais do Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Ciências Naturais.

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Talvez não tenhamos conseguido fazer o melhor, mas lutamos para que o melhor

fosse feito. Não somos o que deveríamos ser, não somos o que iremos ser, mas

graças a Deus não somos o que éramos.

Martin Luther King

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Dedico este trabalho a minha família e em especial aos meus pais, as pessoas

mais importantes da minha vida e os meus grandes incentivadores.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pelo dom da vida e por me dar paciência e sabedoria para a condução

deste trabalho.

Aos meus pais, Paulo e Maria pelo amor incondicional, incentivo e apoio. Por me

ensinarem a ser persistente e a ser fiel aos princípios que me foram passados.

Aos meus irmãos, Lorrant e Maíra por todo carinho e compreensão.

Ao Leandro, meu namorado, por seu companheirismo e pelas palavras de

incentivo nos momentos mais difíceis.

A Universidade Estadual do Norte Fluminense e ao Programa de Pós-graduação

em Ciências da Natureza.

A professora Leda Mathias pelos valiosos ensinamentos, que contribuíram para o

meu conhecimento.

Ao professor Carlos Matos pela preciosa contribuição.

Ao professor Raimundo Braz pela colaboração.

A técnica Maristela pela gentileza e atenção.

A amiga Elaine pelas altas dicas.

Aos amigos que compõe o grupo de pesquisas de produtos naturais e que tornam

nossa rotina mais prazerosa, em especial aos meus grandes amigos Fernanda e

Rennê, por todo apoio e companheirismo.

Ao CNPQ pelo auxílio financeiro.

Enfim agradeço a todos que de alguma forma estiveram presente e que me

auxiliaram a concluir esta etapa.

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RESUMO:

SILVA, Roberta Ferreira Nagipe da; Universidade Estadual do Norte Fluminense –

Darcy Ribeiro; fevereiro de 2011; Prospecção Química e Biológica do estrato

arbóreo da Mata do Bom Jesus (Campos dos Goytacazes) : Uma contribuição ao

estudo da espécie Parapiptadenia pterospema Benth (Fabaceae); Orientadora:

Leda Mathias.

O Bioma Mata Atlântica possui uma grande variedade de espécies vegetais ricas

em substâncias químicas de interesse, estas encontradas em diferentes teores em

folhas, frutos, caules, raízes e sementes.

No presente trabalho foi realizada uma prospecção química e biológica da espécie

Parapiptadenia pterosperma (Fabaceae) conhecida popularmente como monjolo

branco.

O estudo fitoquímico dos extratos do caule de um espécime de P.p coletada na

mata do Bom Jesus, Campos dos Goytacazes (RJ) em abril de 2008, conduziu ao

isolamento e a identificação de diferentes metabólitos especiais. Do extrato

hexânico foram identificados: dois terpenenóides, friedelina e lupeol, três

esteróides: campesterol, estigmasterol, sitosterol, um álcool, Eicosan-1-ol e uma

cetona, 6,10,14-trimetilpentadecan-2-ona. Do extrato em clorofórmio foram

identificados os triterpenos: epifriedelanol e quantidades adicionais de friedelina.

Do extrato metanólico foram identificados: epifriedelanol e os derivados acetilados

da amirina, lupeol, campesterol, sitosterol e estigmasterol.

A determinação estrutural das substâncias foi realizada através de técnicas de

RMN 1H e 13C a uma e duas dimensões, infravermelho (IV), espectrometria de

massas (EM), bem como por comparação com dados descritos na literatura.

Concomitante à investigação fitoquímica foi realizado um ensaio biológico para

verificar a citotoxicidade dos extratos frente às larvas de A.salina Leach, a

atividade foi observada significativamente no extrato metanólico e hidrometanólico.

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ABSTRACT:

SILVA, Roberta Ferreira Nagipe da; Universidade Estadual do Norte Fluminense –

Darcy Ribeiro; agosto de 2010; Prospecção Química e Biológica do estrato

arbóreo da Mata do Bom Jesus (Campos dos Goytacazes) : Uma contribuição ao

estudo da espécie Parapiptadenia pterospema Benth (Fabaceae); Orientadora:

Leda Mathias.

The Atlantic Forest biome has a wide variety of plant species rich in chemicals of

interest, they found at different levels in leaves, fruits, stems, roots and seeds.

In the present study aims to exploit the chemical and biological species

Parapiptadenia pterosperma (Fabaceae) popularly known as monjolo branco.

The phytochemical study of extracts of stems of a specimen collected in the forest

P. p of Bom Jesus Campos (RJ) in April 2008 led to the isolation and identification

of different metabolites special. The hexane extract were identified: two

terpenenóides, friedelin and lupeol, three steroids: campesterol, stigmasterol,

sitosterol, an alcohol, Eicosan-1-ol and a ketone, 6,10,14-trimetilpentadecan-2-

one of the chloroform extract were identified triterpenes: epifriedelanol and

additional quantities of friedelin. The methanol extract were identified:

epifriedelanol and acetylated derivatives of amyrin, lupeol, campesterol, sitosterol

and stigmasterol.

Structure determination of compounds was performed by techniques of 1H and

13C one and two dimensions, infrared (IR), mass spectrometry (MS) and

compared with previously reported data.

Concomitant with the phytochemical investigation was conducted a bioassay to

determine the cytotoxicity of the extracts against the larvae of A. salina Leach,

activity was observed significantly in the methanol extract and hydromethanolic.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa com a localização da Mata do Bom Jesus....................................3

Figura 2: Distribuição de espécies vegetais encontradas na Mata do Bom Jesus............3

Figura 3: Fotografia da espécie Parapiptadenia pterosperma.................................9

Figura 4: Principais grupos de metabólitos especiais............................................10

Figura 5: Triterpenos de esqueleto lanostano isolados do fungo Fomitopsis

pinicola com atividade inibitória para COx-2...........................................................12

Figura 6. Ácido oleanólico e seus derivados..........................................................12

Figura 7: Estrutura do esqueleto lupano e do glicocorticóide................................13

Figura 8: Biossíntese de terpenóides....................................................................14

Figura 9: Fluxograma resumido dos extratos oriundos do caule de P.

pterosperma............................................................................................................30

Figura 10: Fluxograma resumido das amostras oriundas do fracionamento do

extrato hexânico do caule de P. pterosperma........................................................34

Figura 11: Fluxograma resumido das amostras oriundas do fracionamento do

extrato em clorofórmio do caule de P. pterosperma...............................................35

Figura 12: Fluxograma resumido das amostras oriundas do fracionamento do

extrato metanólico do caule de P. pterosperma.....................................................38

Figura 13: Fluxograma resumido de uma alíquota acetilada do extrato metanólico

do caule de P. pterosperma....................................................................................38

Figura 14: Avaliação da atividade citotóxica frente às larvas de A.salina..............41

Figura 15: Teste de Liebermann-Buchard.............................................................44

Figura 16: Mecanismo proposto para a reação de Liebermann-Burchard............44

Figura 17: Teste de Salkowski...............................................................................45

Figura 18. Espectro de absorção molecular obtido na região do infravermelho para

PP-01......................................................................................................................46

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Figura 19. Fragmentograma de massas da substância PP-01 (70 eV)..................47

Figura 20. Provável mecanismo de fragmentação de PP-01.................................48

Figura 21. Espectro de RMN de 1H obtido para PP-01 (400 MHz, CDCl3)............48

Figura 22: Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP-01 na

região de H 0,72 a 1,17 ppm..................................................................................49

Figura 23. Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP-01 na

região de H 2,20 a 2,45 ppm..................................................................................49

Figura 24. Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP-01 na

região de H 1,25 a 1,76 ppm..................................................................................50

Figura 25. Espectro de RMN de 13C obtido para PP-01 (100 MHz, CDCl3)...........51

Figura 26. Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP-01 na

região de C 14,7 a 42,8 ppm..................................................................................52

Figura 27. Espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C (HMQC) da substância

PP-01......................................................................................................................52

Figura 28. Ampliação do espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C (HMQC)

da substância PP-01 na região de 0 a 3,0 ppm......................................................53

Figura 29. Espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C (HMBC) da substância

PP-01......................................................................................................................53

Figura 30. Ampliação do espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C (HMBC)

da substância PP-01 na região de 0 a 3,0 ppm......................................................54

Figura 31. Estrutura da friedelina (PP-01).............................................................56

Figura 32: Espectro de absorção molecular obtido na região do infravermelho

para PP02a-e..........................................................................................................57

Figura 33: Cromatograma de gás da fração PP-02 do extrato hexânico de P.

pterosperma............................................................................................................58

Figura 34: Fragmentograma de massas de PP-02a..............................................58

Figura 35: Fragmentograma de massas de PP-02b..............................................59

Figura 36: Fragmentograma de massas de PP02-c..............................................59

Figura 37:Fragmentograma de massas da substância PP-02d.............................60

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Figura 38: Provável fragmentação de PP02-d.......................................................61

Figura 39: Fragmentograma de massas de PP-02e..............................................62

Figura 40: Espectro de RMN de 1H obtido para PP-02a-e (400 MHz, CDCl3)......63

Figura 41: Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP-02a-e na

região de H 0,76 a 1,68 ppm..................................................................................63

Figura 42: Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP-02a-e na

região de H 3,64 a 7,27 ppm..................................................................................64

Figura 43: Espectro de RMN de 13C obtido para PP-02a-e (100 MHz, CDCl3).....65

Figura 44: Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP-02a-e na

região de C 14,19 a 29,94 ppm..............................................................................65

Figura 45: Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP-02a-e na

região de C 32,01 a 63,2 ppm................................................................................66

Figura 46: Estrutura do Lupeol (PP02-d)...............................................................68

Figura 47: Espectro de absorção molecular obtido na região do infravermelho para

PP03a-c..................................................................................................................70

Figura 48: Cromatograma de gás da fração PP-03a-c do extrato hexânico de P.

pterosperma............................................................................................................71

Figura 49: Fragmentograma de massas de PP03-b..............................................71

Figura 50: Fragmentograma de massas de PP03-c..............................................72

Figura 51: Provável fragmentação de PP03a-c.....................................................73

Figura 52: Espectro de RMN de 1H obtido para PP03a-c (400 MHz, CDCl3)........75

Figura 53: Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP03a-c na

região de H 4,98 a 5,36 ppm..................................................................................75

Figura 54: Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP03a-c na

região de H 0,68 a 1,65 ppm..................................................................................76

Figura 55: Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP03a-c na

região de H 1,43 a 5,34 ppm..................................................................................76

Figura 56: Espectro de RMN de 13C obtido para PP03a-c (100 MHz, CDCl3).......77

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Figura 57: Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP03a-c na

região de C 1,94 a 71,91 ppm................................................................................77

Figura 58: Espectro de absorção molecular obtido na região do infravermelho para

PP-04a e PP-04b....................................................................................................80

Figura 59: Cromatograma de gás da fração PP-04a-b do extrato em clorofórmio

de P. pterosperma..................................................................................................81

Figura 60: Fragmentograma de massas de PP04-a..............................................81

Figura 61: Fragmentograma de massas de PP04-b..............................................82

Figura 62: Espectro de RMN de 1H obtido para PP-04a e PP-04b (400 MHz,

CDCl3).....................................................................................................................82

Figura 63: Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP-04a e PP-

04b na região de H 0,72 a 1,56 ppm.....................................................................83

Figura 64: Espectro de RMN de 13C obtido para PP-04a e PP-04b (100 MHz,

CDCl3).....................................................................................................................83

Figura 65: Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP-04a e

PP- 04b na região de C 37,19 a 61,44 ppm.........................................................84

Figura 66: Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP-04a e

PP-04b na região de C 11,71 a 41,81 ppm...........................................................84

Figura 67: Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP-04a e

PP-04b na região de C 29,45 a 36,17 ppm...........................................................85

Figura 68: Espectro de absorção molecular obtido na região do infravermelho

para PP-05..............................................................................................................88

Figura 69: Cromatograma de gás da fração PP-05 do extrato metanólico de P.

pterosperma............................................................................................................89

Figura 70: Fragmentograma de massas de PP-05................................................89

Figura 71: Provável fragmentação de PP-05.........................................................90

Figura 72: Espectro de RMN de 1H obtido para PP-05 (400 MHz, CDCl3)............90

Figura 73: Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP-05 na

região de H 3,69 a 3,74 ppm..................................................................................91

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Figura 74: Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP-05 na

região de H 1,12 a 1,60 ppm..................................................................................91

Figura 75: Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP-05 na

região de C 0,85 a 1,26ppm...................................................................................92

Figura 76: Espectro de RMN de 13C obtido para PP-05 (100 MHz,

CDCl3).....................................................................................................................93

Figura 77: Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP-05 na

região de C 11,70 a 72,85 ppm..............................................................................94

Figura 78: Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP-05 na

região de C 11,70 a 42,91 ppm..............................................................................94

Figura 79: Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP-05 na

região de C 28,25 a 42,91 ppm..............................................................................95

Figura 80: Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP-05 na

região de C 28,25 a 11,70 ppm..............................................................................95

Figura 81. Espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C (HMQC) da substância

PP-05......................................................................................................................96

Figura 82: Ampliação do espectro de HMQC da substância PP-05 na região de

0,5 a 4,7 ppm..........................................................................................................96

Figura 83: Espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C (HMBC) da substância

PP-05......................................................................................................................97

Figura 84: Ampliação do espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C (HMBC)

da substância PP-05 na região de 0,8- 1,6 ppm.....................................................97

Figura 85: Estrutura do epifriedelanol (PP-05).......................................................98

Figura 86: Espectro de absorção molecular obtido na região do infravermelho para

PP06a-e................................................................................................................100

Figura 87: Cromatograma de gás da fração PP-06a-e do extrato metanólico de P.

pterosperma..........................................................................................................101

Figura 88: Proposta de fragmentação de PP-06d através de mecanismo

envolvendo a reação de retro Diels-Alder.............................................................102

Figura 89: Fragmentograma de massas de PP06-a............................................103

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Figura 90: Fragmentograma de massas de PP06-b............................................104

Figura 91: Fragmentograma de massas de PP06-c............................................104

Figura 92: Fragmentograma de massas de PP-06d............................................105

Figura 93: Fragmentograma de massas de PP-06e............................................105

Figura 94: Espectro de RMN de 1H obtido para PP06a-e (400 MHz, CDCl3)......106

Figura 95: Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP06a-e na

região de H 0,67 a 4,68 ppm..............................................................................106

Figura 96: Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP06a-e na

região de H 4,45 a 4,68 ppm................................................................................107

Figura 97: Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP06a-e na

região de H 3,47 a 3,66 ppm................................................................................107

Figura 98: Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP06a-e na

região de H 0,67 a 2,38 ppm................................................................................108

Figura 99: Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP06a-e na

região de H 0,67 a 1,68 ppm................................................................................108

Figura 100: Espectro de RMN de 13C obtido para PP06a-e (100 MHz,

CDCl3)...................................................................................................................109

Figura 101: Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP06a-e na

região de C 34,30 a 56,79 ppm............................................................................110

Figura 102: Ampliação do espectro de RMN 13C(100 MHz, CDCl3) de PP06a-e na

região de C 40,95 a 11,94 ppm............................................................................110

Figura 103: Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP06a-e na

região de C 55,49 a 11,94 ppm............................................................................111

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01:Constituintes químicos isolados de espécie Parapiptadenia rigida, com

registro na literatura..................................................................................................6

Tabela 02: Classificação botânica proposta para Parapiptadenia

pterosperma..............................................................................................................8

Tabela 03: Fracionamento do extrato hexânico do caule de Parapiptadenia

pterosperma (HPP) através de cromatografia em coluna aberta de sílica gel.......33

Tabela 04: Fracionamento do extrato em clorofórmio do caule de Parapiptadenia

pterosperma (CPP) através de cromatografia em coluna aberta de sílica gel.......35

Tabela 05: Fracionamento do extrato em clorofórmio do caule de Parapiptadenia

pterosperma (MPP) através de cromatografia em coluna aberta de sílica gel.......37

Tabela 06: Testes químicos...................................................................................43

Tabela 07: Dados dos espectros de RMN de 1H, HMQC (1JCH, 1H-13 C) e HMBC

(2,3JCH) obtido para a substância PP-01, comparados com dados da literatura para

a friedelina..............................................................................................................55

Tabela 08. Atribuição do espectro de RMN 13C obtido para PP-02a-e..................67

Tabela 09: Principais picos observados no espectro de massas da fração PP-02

do extrato hexânico de P. pterosperma..................................................................68

Tabela 10: Atribuição do espectro de RMN 13C obtido para PP03a-c...................78

Tabela 11: Principais picos observados no espectro de massas da fração PP-03

do extrato hexânico de P. pterosperma..................................................................79

Tabela 12: Atribuição do espectro de RMN 13C obtido para PP-04a-b..................86

Tabela 13: Principais picos observados no espectro de massas da fração PP-04

do extrato hexânico de P. pterosperma..................................................................87

Tabela 14: Atribuição dos espectros de RMN de 1H, HMQC (1JCH, 1H-13 C) e

HMBC (2,3JCH) obtido para a substância PP-05......................................................98

Tabela 15: Atribuição do espectro de RMN 13C obtido para PP06a-e.................112

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Tabela 16: Principais picos observados no espectro de massas da fração PP-02

do extrato hexânico de P. pterosperma................................................................113

Tabela 17: Valores obtidos a partir do teste de letalidade frente às larvas de

A.salina.................................................................................................................115

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Estrutura química dos constituintes químicos isolados da espécie

Parapiptadenia rigida, com registro na literatura......................................................7

Quadro 02: Estrutura química dos constituintes de PP-02....................................69

Quadro 03: Estrutura química dos constituintes de PP-03....................................79

Quadro 04: Estruturas químicas dos constituintes de PP-04................................87

Quadro 05: Estruturas químicas dos constituintes da fração PP-06...................114

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LISTA DE ABREVIATURAS e SIGLAS

-Deslocamento químico em ppm

CC/flash- Cromatografia em coluna de sílica tipo flash

CCDA- Cromatografia em camada delgada analítica

CCDP- Cromatografia em camada delgada preparativa

CDCl3-Clorofórmio deuterado

CD3OD- Metanol deuterado

CI50- Concentração inibitória a 50%

COSY- Correlation Spectroscopy (espectroscopia de correlação)

COX-2- Ciclo-oxigenase 2

D2O- Óxido de deutério

DCM- Diclorometano

DEPT- Distortionless Enhancement by Polarization Transfer (Intensificação do

sinal sem distorção por transferência de polarização)

DMAPP- Dimetilalil difosfato

DMSO-d6-Dimetilsulfóxido deuterado

DMSO-Dimetilsulfóxido

DPR- Desvio padrão relativo

dtn- Determinações

EtOAc-Acetato de etila

EtOH- Etanol

FPP- Farnesil difosfato

GGPP-Geranigeranil difosfato

GPP- geranil difosfato

HMBC- Heteronuclear Multiple Bond Correlation (Correlação heteronuclear em

ligações múltiplas)

HMQC- Heteronuclear Multiple Quantum Coherence (Coerência heteronuclear em

múltiplo quantum)

Hx- Hexano

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IPP- Isopentenil difosfato

IV- Infravermelho

J - Constante de acoplamento escalar

MEP- Metileritrol-3-fosfato

MeOH- Metanol

RDA- retro-Diels-Alder

RMN- Ressonância magnética nuclear

TR- Tempo de retenção

UV- Ultra-violeta

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SUMÁRIO

RESUMO

ABSTRACT

LISTA DE FIGURAS xxx

LISTA DE TABELAS

LISTA DE QUADROS

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Capítulo 01:

Introdução...............................................................................................................1

1.1. O Bioma Mata Atlântica..………….................................................................. ..1

1.2. A Família Fabaceae...........................................................................................4

1.2.1. A subfamília Mimosoideae...............................…………………………………5

1.2.2. O gênero Parapiptadenia…..........................................………………………..5

1.2.3. A espécie Parapiptadenia pterosperma.............................................………..8

2.Metabolismo secundário..............…………..........................................................10

2.1.Terpenóides..........................……………………………………………………....11

2.2. Biossíntese de terpenóides..............................................................................13

3. Atividade Biológica..............................................................................................15

3.1.Atividade Citotóxica..........................................................................................16

3.2.Referência Bibliográfica……………….....…………………………...………....…18

Capítulo 02: Objetivos .........................................................................................26

2.1.Objetivos gerais………......…………….............................................................26

2.2. Objetivos específicos ......................................................................................26

Capítulo 03: Parte Experimental.….....................................................................27

3.1. Equipamentos utilizados..................................................................................27

3.2. Reagentes utilizados……………..…………………..........................................28

3.3. Material de consumo utilizado.........................................................................28

3.4 Solução Reveladora Empregada nos Processos Cromatográficos em Camada

Delgada.........................................................................................……...............…29

3.4.4. Solução de Vanilina Sulfúrica...........................................…………...………29

3.5. Levantamento Bibliográfico …...……………....................................................29

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3.6. Material vegetal......................……………………………………………….....…29

3.7.Preparação dos Extratos Brutos do Caule de Parapiptadenia

pterosperma.......................................................................................................…29

3.8. Testes genéricos para a identificação de triterpenos e esteróides..................31

3.8.1. Avaliação dos Testes genéricos para a identificação de triterpenos e

esteróides ………………...........................................................……………………31

3.9. Fracionamento do Extrato Hexânico (HPP)…......................................………31

3.10.Fracionamento do extrato em clorofórmio (CPP)...........................................35

3.11. Fracionamento do extrato em metanol (MPP).............................................36

3.12. Métodos espectrométricos.............................................................................39

3.12.1.Infravermelho...............................................................................................39

3.12.2.Ressonância Magnética Nuclear...............…………....................................39

3.13.Caracterização Físico-química…………....................................................... .39

3.13.1. Ponto de fusão............................................................................................39

3.14. Avaliação da atividade citotóxica…………….....................……………...……39

3.16. Referência Bibliográfica…………………….…………………………………….42

Capítulo 04. Resultados e discussão….......……...………………………………….43

4.1.Análises Cromatográficas……………………….......……………………………..43

4.2. Resultados e discussões dos testes químicos para identificação de triterpenos

e esteróides............................................................................................................43

4.3. Identificação estrutural das substâncias isoladas do caule de P.

pterosperma............................................................................................................45

4.3.1. Identificação da fração 41-50 do extrato hexânico (PP-01)...........................45

4.3.2. Identificação da fração 16-24 do extrato hexânico (PP-02)..............................56

4.3.3. Identificação da fração 104-117 do extrato hexânico (PP-03)......................69

4.3.4. Identificação da fração 1-3 do extrato em clorofórmio (PP-04)......................79

4.3.5. Identificação da fração 10-14 do extrato metanólico (PP-05).......................87

4.3.6. Identificação da fração 8-13 do extrato metanólico (PP-06).....……………...99

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4.4. Resultados e Discussões da avaliação da atividade citotóxica frente às larvas

de A.salina............................................................................................................115

4.5. Referência Bibliográfica.................................................................................117

Capítulo 05: Conclusão......................................................................................119

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1 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Introdução

1. INTRODUÇÃO

1.1 O Bioma Mata Atlântica

A Mata Atlântica é considerada a segunda maior formação florestal

brasileira. Na sua formação original cobria cerca de 1,1 milhões de Km2, o

equivalente a aproximadamente 12% da superfície do território brasileiro.

Estendendo-se por mais de 3300 Km na costa leste, desde o Rio Grande do

Norte até o Rio Grande do Sul (Morelato, 2000; Oliveira-Filho & Fontes, 2000).

Essa formação vegetacional apresenta diferentes definições, sendo

atualmente a mais aceita aquela que a classifica como Domínio Tropical

Atlântico, que inclui não somente as matas de encosta e de planícies costeiras

litorâneas, como também o conjunto de formações vegetais associadas,

ampliando o limite de sua distribuição em algumas regiões para cerca de 700

Km em direção ao interior do Brasil. Segundo RADAMBRASIL (1983), uma das

formações da Mata Atlântica é a Floresta Ombrófila Densa, que se caracteriza

por apresentar elevadas temperaturas, alto índice de precipitação bem

distribuído durante o ano, praticamente sem períodos de seca. De acordo com

a hierarquia topográfica que reflete fisionomias diferentes de acordo com as

variações ecotípicas das faixas altimétricas, resultantes de ambientes também

distintos, este tipo de formação foi dividido em quatro tipos florestais principais:

Floresta de baixada (até 50 m), Floresta submontana (50-500 m), Floresta

Montana (500-1500 m) e Floresta alto Montana (acima de 1500 m)

(Radambrasil, 1983)

A Mata Atlântica é detentora de alta biodiversidade relativa à flora

fanerogâmica (Giulietti e Forero, 1990). Entretanto devido ao grande

desmatamento efetuado pela prática agropecuária ou madeireira, seus

remanescentes encontram-se restritos a manchas florestais reduzidas e

fragmentadas, algumas vezes isoladas e circundadas por extensas matrizes

antrópicas (Fundação SOS Mata Atlântica, 2002). Este processo de redução e

isolamento da vegetação afeta a estrutura e os processos das comunidades

vegetais, ocasionando perda da biodiversidade. Por conta da intensa ação de

degradação e a perda de habitat, a elevada diversidade e ao elevado grau de

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2 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Introdução

endemismo, a Mata Atlântica é considerada um dos hotspots de biodiversidade

(Meyers et al., 1982), que são 34 áreas espalhadas pelo globo terrestre

consideradas prioritárias para a conservação (Mittermeier et al., 2005).

Antes do intenso desmatamento a maior parte da região norte do estado

do Rio de Janeiro era coberta pela floresta Ombrófila de Terras Baixas - até

250 metros, sendo que hoje se encontra reduzido a menos de 7% de sua

cobertura (Veloso et al., 1991). Neste contexto, o pouco do que resta desta

vegetação encontra-se altamente fragmentada e representada por manchas

florestais com áreas, em geral, inferiores a 100 ha e que estão localizadas na

sua grande maioria em propriedades privadas (Veloso et al., 1991).

O município de Campos dos Goytacazes, localizado no extremo norte do

Rio de Janeiro, apresenta fitofisionomias diversificadas, englobando florestas

de baixadas estacionais semideciduais, ombrófila e restinga (Fundação SOS

Mata Atlântica, 2002). Atualmente esta região encontra-se com menos de 3%

de sua cobertura florestal original devido ao intenso desmatamento iniciado no

século XIX para implemento de monocultura de cana-de-açúcar (Fundação

SOS Mata Atlântica, 2002). Este remanescente encontra-se a mercê de

pressões antrópicas diversas, tais como queimadas, cortes seletivos de

madeira, caça entre outras. Mesmo diante destas adversidades, grande parte

deste fragmento, apesar do tamanho e isolamento, ainda apresenta elevada

diversidade de espécies arbóreas (Pagano et al., 1987).

Dentre os fragmentos de Mata Atlântica encontrados no município de

Campos dos Goytacazes, pode-se citar a Mata do Bom Jesus, com uma área

de 35 ha (Figura 1, p.3). Esta região está caracterizada como um fragmento de

floresta aluvial situada nas proximidades do rio Paraíba do Sul. Até o início dos

anos 80 a mata pertencia a uma fazenda, posteriormente foi cedida a Santa

Casa de Misericórdia de Campos dos Goytacazes para a extração seletiva de

madeira utilizada na fabricação de caixões. Nos anos 90 esta atividade foi

abandonada, porém a mata continua sendo alvo de extração seletiva de

madeira caça e queimada. Este fragmento está imerso em uma matriz

antrópica formado por extensos canaviais, pastagem e algumas áreas de

regeneração florestal (capoeiras) em suas bordas (Carvalho et al., 2006).

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3 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Introdução

Figura 1. Mapa com a localização da Mata do Bom Jesus.

Estudos realizados por Carvalho et. al. (2006) nesta região permitiu a

identificação de 336 indivíduos distribuídos em 105 espécies pertencentes a 91

gêneros e 35 famílias, onde aquelas que apresentaram maior riqueza de

espécies foram Fabaceae (10 espécies), Myrtaceae (10 espécies),

Mimosaceae (7 espécies), Euphorbiaceae (7 espécies), Lauraceae (6

espécies), Rubiaceae (6 espécies), Anacardiaceae (5 espécies) e

Caesalpinaceae (1 espécie) (Figura 2).

Figura 2. Distribuição de espécies vegetais encontradas na Mata do Bom Jesus.

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4 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Introdução

1.2 A Família Fabaceae

A flora brasileira é considerada uma das mais ricas do globo e a família

Fabaceae é apontada como uma das mais representativas nas formações

florestais neotropicais (Gentry, 1982). No domínio tropical Atlântico, esta família

destaca-se entre os elementos mais importantes do estrato arbóreo (Leitão-

Filho, 1982; Peixoto e Gentry, 1990; Lima, 2000; Oliveira-Filho et al., 1994).

A família Fabaceae pertence à ordem Fabales (Sensu Croquist, 1988) e

constitui uma das maiores e mais importante família botânica, devido ao grande

número de espécies vegetais. Essa família também tem grande importância

econômica pelo fato de produzirem madeiras úteis, produtos alimentares,

medicinais e ornamentais.

Para a família Fabaceae é descrito aproximadamente 642 gêneros e

18.000 espécies, sendo considerada a terceira maior família de angiospermas.

Apresenta hábitos variados que vão desde árvores gigantes até diminutas

ervas e habitam os mais variados ambientes, em diferentes latitudes e altitudes

(Joly, 2002). Possui ampla distribuição nas regiões temperadas e tropicais do

globo (Barroso, 1978).

Outra característica encontrada nesta família é a capacidade que muitas

espécies possuem de converter o nitrogênio da atmosfera em substâncias

nitrogenadas utilizados pelas plantas, por meio de uma relação simbiótica com

bactérias do gênero Rhizobium (Souza & Castro, 2008).

No Brasil, a família está representada por aproximadamente 188

gêneros e 2.100 espécies, distribuídas em quase todas as formações

vegetacionais (Barroso et al., 1991). Encontra-se dividida em três subfamílias:

Mimosoideae, Caesalpinoideae e Papilionoideae (Evans, 2002).

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5 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Introdução

1.2.1 A subfamília Mimosoideae

A subfamília Mimosoideae compreende quatro tribos, 78 gêneros e

aproximadamente 3.270 espécies (Lewis & Schire, 2005) distribuídas nas

regiões tropicais, subtropicais e cálido-temperadas (Polhill & Raven, 1981).

São plantas subarbustivas, arbustivas, ou arbóreas (Joly, 2002). Quase dois

terços das espécies conhecidas estão subordinados a três gêneros: Acacia,

Mimosa e Inga (Elias, 1974).

1.2.2 O gênero Parapiptadenia

Segundo o levantamento bibliográfico realizado até o presente momento,

o gênero Parapiptadenia está representado por seis espécies:

Parapiptadenia blanchetii,

Parapiptadenia excelsa,

Parapiptadenia ilheusana,

Parapiptadenia pterosperma,

Parapiptadenia rígida

Parapiptadenia zehntner. (www.plantsystematic.org).

A química do gênero Parapiptadenia é composta por diferentes classes

de substâncias e, devido à aplicação industrial, os primeiros relatos que

envolvem o gênero foram dirigidos na determinação de conteúdos de taninos

(Zelada & Coni, 1995). O primeiro relato da presença de taninos dentro do

gênero Parapiptadenia foi verificado na espécie Parapiptadenia rigida. (Primo,

1945).

Espécies do gênero também são utilizadas na a recuperação de áreas

degradadas (Souto, 1984) e para a restauração florestal em áreas de

preservação permanente (Durigan & Nogueira, 1990). São árvores de madeira

muito pesada, elástica e bastante durável, o que as torna próprias para

construções rurais e para a carpintaria (Reitz et al., 1988).

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6 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Introdução

Em 2008 foi realizada uma pesquisa no Chemical Abstracts, Web of

Science, Scirus e etc, onde foi registrada apenas uma espécie do gênero

Parapiptadenia estudada fitoquimicamente, a espécie Parapiptadenia rígida.

P. rígida apresenta uma vasta aplicação na medicina popular e na

indústria farmacológica, atuando no combate a disenterias, raquitismo,

reumatismo, hemorragias, afecções bronco-pulmonares, sinusite e asma,

assim como na cura de inchaço das pernas. A goma resinosa que exsuda da

sua casca, pode ser utilizada como expectorante (Carvalho, 2003). A espécie

P. rigida também apresenta atividade contra cepas de Staphylococcus aureus,

S. epidermidis, Bacillus subtilis e Micrococcus luteus (Magalhães, 1997; Coelho

et al. 2004).

Os principais metabólitos especiais encontrados nesta espécie

pertencem às seguintes classes: terpenóides, ésteres, chalconas, flavonóides e

ciclitóis (Tabela 1, p. 6; Quadro 1, p. 7).

Tabela 01. Constituintes químicos isolados de espécie Parapiptadenia rigida, com registro na literatura.

Substância Estrutura Referência

Sitosterol 01 Gomes et al.,2002

Betulina 02 Gomes et al.,2002

Lupeol 03 Gomes et al.,2002

3,4-diidroxibenzoato de metila 04 Gomes et al.,2002

4-hidroxi-3,5-dimetilbenzaldeído 05 Gomes et al.,2002;

Gomes et al.,2003

p-hidroxibenzaldeído 06 Gomes et al.,2002

Isoliquiritigenina 07 Gomes et al.,2002

Gomes et al., 2003

Liquiritigenina 08 Gomes et al. 2003

Triidroxiflavona 09 Gomes et al. 2002

Gomes et al. 2003

Diidroxiflavanona 10 Gomes et al. 2002

Gomes et al. 2003

Tetraidroxiflavanona 11 Gomes et al.,2002

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7 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Introdução

Gomes et al.,2003

L-2-O-metilchiroinositol 12 Gomes et al. 2002

7,8,3’,4’-tetraidroxiflavanona 13 Alves et al. 2003.

Quadro 1. Estrutura química dos constituintes químicos isolados da espécie Parapiptadenia rigida, com registro na literatura.

HOHO

OH

HO

O OCH3

OH

OH

O H

OH

OH

O H

OH

HO

OHHO

O

OH

O

O

O

HO

OH

O

HO

OH

OH

O

O

HO

O

O

HO

OH

OH

OH

O

O

HO

OH

OH

OH

OH

OH

OCH3HO

OHHO

1 2 3

5 6 7

8 9 10

11 12

4

13

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8 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Introdução

1.2.3 A espécie Parapiptadenia pterosperma (Benth.) Brenan

A espécie Parapiptadenia pterosperma Benth., sinonímia Piptadenia

pterosperma, pertence a ordem Fabales, família Fabaceae, tribo Mimosoideae

e subfamilia Mimosoideae (Lorenzi, 1998; www.specieswikimedia.org).

Popularmente é conhecida como monjolo branco, angico vermelho, angico

pedra e angico de flor roxa (Lorenzi, 1998; www.gbif.org,

www.dannemann.com, www.tropmad.com.br).

P. pterosperma distribui-se principalmente pelo sudeste brasileiro, nos

estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e também no nordeste

do país, no estado da Bahia (Lorenzi, 1998; www.ildis.org/LegumeWeb). É uma

árvore de grande porte variando de 12 a 15 metros de altura. Possuem folhas

pinadas, folíolos muito pequenos, floração em pequenos cachos pendentes de

coloração marrom escuro (Figura 3, p.9). Seu fruto apresenta-se como vagem

e suas sementes possuem pequena asa, o que diferencia esta espécie de

outras similares (Lorenzi, 1998; www.arvoresdobrasil.com.br).

A Tabela 2 apresenta a classificação botânica e demais características

atribuídas a essa espécie.

Tabela 2. Classificação botânica proposta para Parapiptadenia pterosperma (Zipcodezoo.com).

Parapiptadenia pterosperma

Classe: Angiosperma

Subclasse: Dicotiledônea

Ordem: Fabales

Família: Fabaceae

Subfamília: Mimosoideae

Tribo: Mimoseae

Gênero: Parapiptadenia

Espécie: Parapiptadenia pterosperma (Benth.) Brenan

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9 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Introdução

Sinonímia científica: Piptadenia pterosperma

Nomes populares: monjolo branco, angico vermelho, angico pedra e

canafístula preta.

Características: Árvores de grande porte com cerca de 12 a 15 m

de altura. Possuem folhas pinadas, folíolos muito

pequenos, floração em pequenos cachos

pendentes de coloração marrom escuro, fruto em

forma de vagens, sementes aladas

Habitat: Regiões Sul a Leste do Brasil

Fontes: (Lorenzi, 1998; www.gbif.org; www.dannemann.com;

www.tropmad.com.br).

Figura 3. Fotografia da espécie Parapiptadenia pterosperma (www.dannemann.com)

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10 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Introdução

2 METABOLISMO SECUNDÁRIO.

Plantas e microorganismos sintetizam uma imensa variedade de

metabólitos que são geralmente classificados em dois grupos baseados em

suas funções. (Bode, 2004) Os metabólitos primários são essenciais ao

crescimento e desenvolvimento e utilizados universalmente enquanto que os

metabólitos secundários (especiais) são extremamente diversos e varáveis.

(Gershenzon et al., 2000). Uma das principais funções atribuídas a essas

substâncias são os mecanismos de defesa das plantas. Assim, os metabólitos

especiais agem como defesa contra herbívoros, ataque de patógenos,

competição entre plantas e atração de organismos benéficos como

polinizadores, dispersores de sementes e microorganismos simbiontes. Possui

também ação protetora em relação a mudanças de temperatura, conteúdo de

água, níveis de luz, exposição aos raios ultravioleta (UV) e deficiência de

nutrientes minerais. Sendo assim estes metabólitos atuam desempenhando o

papel de garantir a sobrevivência do organismo no habitat natural. Os

metabólitos secundários dividem-se em três grandes grupos: terpenóides,

substâncias fenólicas e alcalóides (Figura 4.) (Peres, 2004).

Piruvato + 3 PGA TERPENÓIDES

FENÓLICOS

ALCALÓIDES

Via do mevalônato

Via do ácido chiquímicoAminoácidos aromáticos

Figura 4. Principais grupos de metabólitos especiais (Peres, 2004).

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11 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Introdução

2.1 Terpenóides

Os terpenóides constituem a maior classe de metabólitos especiais,

caracterizados principalmente como substâncias de defesa contra herbívoria e

patógenos (Rodriguez et al., 2002). Além disto, atuam na atração de

polinizadores, na dispersão de sementes por animais e também como

aleloquímicos, que influenciam na competição entre espécies de plantas

(Kleinig, 1989).

Os terpenóides são encontrados principalmente em plantas superiores,

porém é possível encontrá-los em plantas inferiores, fungos, animais e

procariontes (Kleinig, 1989). Podem se apresentar de forma livre, no entanto

muitos são encontrados como glicosídeos, ésteres de ácidos orgânicos, até

mesmo combinados com proteínas (Geissman & Crout., 1961).

A classificação destas substâncias está de acordo com o número de

unidades de isopreno (monômero com cinco átomos de carbonos) que os

constitui, sendo assim: monoterpenos (C10); sesquiterpenos (C15); diterpenos

(C20); sesterpenos (C25); triterpenos (C30) e tetraterpenos (C40) (Deans &

Waterman, 1993).

A volatilidade de algumas substâncias deste grupo faz com que sejam

facilmente perceptíveis nos aromas de plantas. A mistura de monoterpenos e

sesquiterpenos voláteis é chamada de óleo essencial e geralmente possuem

ação repelente sobre herbívoros e podem servir como atraentes de inimigos

naturais de fitófagos (Deans & Waterman, 1993; Waterman, 1993).

Industrialmente podem ser utilizados como antioxidantes, fragrâncias ou

aromatizante de alimentos (Deans & Waterman, 1993).

Estudos têm demonstrado a importância farmacológica dessa classe de

substâncias. Os triterpenos de esqueleto lanostano, por exemplo, (Figura 5,

p.12) isolados de Fomitopsis pinicola possuem ação antiinflamatória e são de

grande interesse farmacológico, uma vez que apresentam atividade inibitória

seletiva para a enzima COX-2 (Yoshikawa et al., 2005). Já os triterpenos de

núcleo oleaneno, ácidos uncárico A e B (Figura 6, p.12), isolados a partir das

folhas de Uncaria rhynchophylla apresentam atividade citotóxica para diversas

cepas de células tumorais (A-549, HCT-15, MCF-7) (Lee et al., 2000).

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12 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Introdução

OH

R2XylOOC

3

2024

HOOC

OH

R1

R2

R1O

X: R1=R2=OH

Y: R1= Ac

R2=a

Z: R1=Ac

R2=b

Xy= xilose

a=

b=OH

Figura 5. Triterpenos de esqueleto lanostano isolados do fungo Fomitopsis pinicola com atividade inibitória para COX-2.

Figura 6. Ácido oleanólico e seus derivados

Muitos derivados do ácido oleanólico (Figura 6) têm sido relatados na

literatura (Heitzman et al., 2005; Mahato e Kundu, 1994), porém somente

alguns destes derivados revelam uma potencial atividade biológica (Lee et al,

2000). Estudos recentes revelam algumas destas atividades, tais como

atividades antiúlcera, antiinflamatória, anti hipertriglicêmica, antihiperglicêmica,

anti-HIV e um grande potencial de atividade nos tratamentos da artrite e

reumatismo apresentados para essa substância na sua forma livre (Heitzman

et al., 2005; Safayhi e Sailer, 1997).

A literatura mostra que existe uma relação entre estrutura dos triterpenos

e a atividade antiinflamatória apresentada por estes. Tais como a presença dos

grupos carboxilas em C-28 e C-30 (Recio, 1995; Recio, 1995a) e nos

HO

COOH

HO

COOH

Ácido uncárico A R= E-feruloilaÁcido uncárico B R= Z-feruloila

Ácido oleanólico

R

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13 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Introdução

esqueletos lupanos a carboxila em C-27 (Mendes, 2004), além disto, nos

lupanos a presença de um anel de cinco membros pode fazer com que estes

se liguem a receptores glicocorticóides devido à semelhança estrutural com os

esteróides (Figura 7) (Mendes, 2004).

HO

OH

O

OH

Esqueleto Lupano GlicocorticóideH

HO O

Figura 7. Estrutura do esqueleto lupano e do glicocorticóide

2.2. Biossíntese de terpenóides

Os terpenóides são biosintetizados a partir de metabólitos primários por

no mínimo duas rotas diferentes, como mostra a Figura abaixo:

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14 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Introdução

H3C C

O

S CoA

3x Acetil CoA (C2)

H C OH

H2C

CHO

O P

Gliceraldeído 3-fosfato

H3C C

O

C

O

OH

Piruvato

OH

CH2C

H2C OHH3C

CH2

COOH

Ácido mevalônico

C

OHH3C

H2C CH

H2C O P

OH OH

Metileritrol fosfato (MEP)

OPPisopentenil difosfato

IPP (C5)

PPO

dimetilalilpirofosfato (DMAPP

C5)

isopreno C5

Ro

ta d

o M

evalo

na

to* R

ota

do

Metile

ritrofo

sfa

to**

H2C OPP

Monoterpenos C10

Geranil difosfato (GPP) C10

H2C OPP

sesquiterpenos C15

triterpenosC30

Farnesil difosfato (FPP C15)

H2C OPP

diterpenos (C20)

2x

Tetraterpenos C40

Geranilgeranil difosfato (GGPP C20)

Politerpenóides

* Ocorre no citosol** Operante nos plastídeos, ocorre também em eubactérias e algas verdes

Figura 8: Biossíntese de terpenóides Fonte: Taiz & Zeiger, 2004.

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15 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Introdução

Na rota do ácido mevalônico, três moléculas de acetil CoA são ligadas, a

partir de uma série de etapas da rota, para formar o ácido mevalônico. Esse

importante intermediário de seis carbonos é então pirofosforilado,

descarboxilado e desidratado para produzir o isopentenil difosfato (IPP), que é

a unidade básica na formação de terpenos (Taiz & Zeiger, 2004) (Figura 8,

p.14).

O IPP também pode ser formado a partir de intermediário da glicose ou

do ciclo de redução fotossintética do carbono, através de um conjunto de

reações denominado de rota do metileritrol-3-fosfato (MEP), que ocorre nos

cloroplastos e outros plastídeos. O gliceraldeído-3-fosfato e dois átomos de

carbono derivados do piruvato se combinam para formar um intermediário que

é convertido em IPP (Taiz & Zeiger, 2004) (Figura 8, p.14).

O isopentenil difosfato e seu isômero, o dimetilalil difosfato (DMAPP) se

unem para formar moléculas maiores. Inicialmente o IPP e o DMAPP reagem e

formam o geranil difosfato (GPP), uma molécula de 10 carbonos, a partir da

qual são formados os monoterpenos. O GPP pode então ligar-se a outra

molécula de IPP, formando a substância de 15 carbonos, farnesil difosfato

(FPP), precursor da maioria dos sesquiterpenos. A adição de outra molécula de

IPP forma o geranigeranil difosfato (GGPP), substância de 20 carbonos

precursor dos diterpenos. Finalmente, FPP e GGPP podem dimerizar para

formar triterpenos (C-30) e tetraterpenos (C-40), respectivamente (Taiz &

Zeiger, 2004) (Figura 8, p.14).

3. ATIVIDADE BIOLÓGICA

Dentre as atividades biológicas e/ou farmacológicas, tais como:

alelopática, antiparasitária e apresentadas pelos metabólitos especiais, há um

grande estímulo para a descoberta de novas substâncias que apresentem

atividades antioxidante, antifúngica e antibacteriana. A descoberta de

substâncias com tais atividades, constitui uma necessidade urgente devido ao

aumento da incidência de doenças infecciosas e degenerativas e a alta

capacidade dos microrganismos de desenvolverem resistência aos

medicamentos usados clinicamente. Além disto, a identificação de metabólitos

especiais em diferentes espécies de plantas tem contribuído de forma

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16 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Introdução

significativa para o desenvolvimento de diversas áreas de estudo tais como,

classificação sistemática de plantas, quimiossistemática, ecologia, farmacologia

e etc. (Da Costa et al., 1995).

3.1 Atividade Citotóxica

A família Fabaceae é conhecida por apresentar várias substâncias

bioativas. Então, objetivando a identificação das substâncias bioativas

possivelmente presentes na espécie P. pterosperma foi introduzido neste

trabalho à investigação da atividade citotóxica dos extratos brutos do caule de

um espécime de P. pterosperma através de um ensaio simples e de baixo

custo para determinar a DL50 das amostras analisadas.

O bioensaio que utiliza camarão de água salgada (A. salina) foi proposto

por McLaughlin e é caracterizado como um ensaio simples para determinar a

DL50 (g/mL) para substâncias puras e extratos (McLaughlin et al., 1995).

A. salina é um crustáceo da classe Anostracea, de água salgada que é

utilizado como alimento vivo para peixes, sendo seus ovos facilmente

encontrados em lojas de aquaristas. Possui quatro estágios de

desenvolvimento (ovo, náuplio, metanáuplio e adulto) e alguns mecanismos de

adaptação que as tornam cosmopolitas, como a osmorregulação, a presença

de pigmentos respiratórios como a hemoglobina e a disponibilidade de

alternativas reprodutivas que facilitam a dispersão e a perpetuação dessa

espécie (Siqueira et al., 1998). A praticidade e simplicidade que envolve o

bioensaio favorecem sua utilização sistemática dentro de um laboratório de

fitoquímica. A técnica tem a vantagem de apresentar baixo custo, rapidez e não

exigir técnicas assépticas. (Meyer et al., 1982).

O teste baseia-se no princípio da toxicidade que as substâncias

bioativas apresentam em altas doses. Deste modo, a mortalidade in vivo de

organismo de maior simplicidade na escala zoológica pode indicar a

bioatividade de novas substâncias. Na literatura há vários trabalhos que tentam

relacionar a toxicidade sobre as larvas de A. salina com atividades, tais como:

antifúngica, viruscida, antimicrobiana, parasiticida e tripanossomocida (Siqueira

et al., 1998; Dolabela, 1997; Brasileiro et al., 2006; Niño et al., 2006;

Magalhães et al., 2007).

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17 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Introdução

A literatura também mostra a correlação existente entre a toxicidade

sobre o crustáceo e a citotoxicidade para células cancerosas do tipo P-388.

(Yunes et al., 2001).

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18 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Referência Bibliográfica

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www.zipcode.com (acessado em 15 de junho de 2009)

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25 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Referência Bibliográfica

Yunes, R.S., Calixto, J.B. (2001). Plantas Medicinais sob a Ótica da Química

Medicinal Moderna. UNOESC, SC- Chapecó, ARGOS Editora Universitária, p.

320.

Zelada, F., Coni,H. (1995). Contribution to the study of Piptadenia Cebil. Tese,.

Universidad Nacional de la Plata. Buenos Aires. p.72.

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26 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Objetivos

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

O principal objetivo desta dissertação visou o conhecimento da química

de espécime (P. pterosperma) do estrato arbóreo da região norte - noroeste

Fluminense, através do estudo fitoquímico e avaliação da atividade citotóxica,

frente às larvas de Artemia salina.

2.2. Objetivos Específicos

• Isolar os constituintes químicos dos extratos brutos do caule de P.

pterosperma através de técnicas cromatográficas clássicas;

• Purificar os constituintes isolados através de cromatografia e/ou

recristalização;

• Identificar os constituintes isolados através de técnicas

espectrométricas (espectrometria na região do infravermelho,

ressonância magnética nuclear e cromatografia gasosa acoplada ao

espectrômetro de massa);

• Avaliar a atividade citotóxica dos extratos brutos de P. pterosperma

frente às larvas de Artemia salina.

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27 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Parte Experimental

3. PARTE EXPERIMENTAL

3.1 Equipamentos Utilizados

Aparelho de ponto de fusão MQAPF - 301, Microquímica.

Balança analítica GEHAKA.

Balança, Triple beam balance – OHAUS.

Câmara escura UV, Cienlab.

Cromatógrafo acoplado ao espectrômetro de massas CG/EM- QP5050,

Shimadzu.

Espectrofotômetro, IV affinity-1, Simadzu.

Espectrofotômetro, Perkin Elmer, modelo FT-IR 1600.

Espectrômetro de RMN, Jeol Eclipse.

Estufa, Med clave.

Evaporador rotativo, FISATOM.

Luz ultravioleta portátil, Mineral lamp, modelo UVGL-25

Micropipetas multicanal (8 canais), volume ajustável 0,25-10 mL, 5-100

mL e 20-250 mL, Gilson.

Micropipetas, volume ajustável de 0,5-2 mL, 5-50 mL e 20-200 mL,

Transferpette-Brand.

Micropipetas, volume ajustável de 25-100 mL e 200 mL -1 mL, Oxford.

Minivortex, biomix, modelo QL 901

Moinho de facas tipo Willey

Placa de aquecimento, Corning.

Soprador serigráfico, Sternel, modelo HL 500.

Ultra-som, Unique, modelo USC 1450.

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28 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Parte Experimental

3.2 Reagentes utilizados

Acetato de etila P.A.,Vetex, Synth.

Acetona P.A., Synth.

Ácido acético glacial P.A.,Vetec.

Ácido sulfúrico P.A.,Isofar.

Anisaldeído, Vetec.

Carbonato de cálcio,Vetec.

Cloreto de alumínio, Vetec.

Cloreto de cálcio, Vetec.

Cloreto de magnésio, Vetec.

Cloreto de sódio, Vetec, Reagen.

Clorofórmio deuterado, Cambridge Isotope.

Clorofórmio P.A.,Synth.

Diclorometano P.A.,Synth.

Dimetilsulfóxido (DMSO), Vetec.

Etanol P.A., Synth.

Hexano P.A.,Synth.

Metanol deuterado, Cambridge Isotope.

n-Butanol P.A., Synth.

Sulfato de sódio anidro P.A.,Vetec.

3.3. Material de Consumo utilizado

Cromatofolhas de sílica gel 60, Merck.

Papel de filtro qualitativo, porosidade 3 micras, Nalgon.

Papel de pH Universalindikator pH 0-14, Merck.

Pipetas de Pasteur, vidro.

Ponteiras, 0,2-10 mL, VWR.

Sílica gel 60G F254para CCDP, Merck.

Sílica gel 60G F254 para CCDA, Merck.

Sílica gel para coluna, 70-230 mm, Merck.

Sílica gel para coluna, 0,063- 0,200 mm, Merck.

Tubos de ressonância, 5 mm, Wilmad-Lab-Glass.

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29 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Parte Experimental

3.4 Solução reveladora Empregada nos Processos Cromatográficos em

Camada Delgada.

3.4.4 Solução de Vanilina Sulfúrica

Foi preparada uma solução de vanilina sulfúrica a partir da adição de 3,0

gramas de vanilina em 135 mL de água destilada juntamente com 135 mL de

álcool etílico e 30 mL de ácido sulfúrico.

3.5 Levantamento Bibliográfico

Realizado através de pesquisa bibliográfica de periódicos em bibliotecas e

em sítios disponíveis na INTERNET, tais como Chemical abstracts, Web of

Sciense, Scirus e etc.

3.6 Material Vegetal

O caule de Parapiptadenia pterosperma foi coletado no Parque

Taquaruçú (Mata do Bom Jesus), localizado no município de Campos dos

Goytacazes, RJ, em maio de 2008.

Inicialmente foi realizada a triagem do material coletado, quando foi

separado folhas e caule. O material vegetal (caule) foi diretamente submetido à

secagem a temperatura ambiente durante 7 dias.

3.7 Preparação dos Extratos Brutos do Caule de Parapiptadenia

pterosperma

O material vegetal seco (1498,4 g) foi pulverizado em moinho de facas

tipo Willey e submetido à maceração exaustiva com hexano, clorofórmio,

metanol e metanol/água (8:2).

Os extratos foram concentrados em evaporador rotatório, a

aproximadamente 50 °C, sob pressão reduzida, até obtenção de um resíduo. Os

extratos brutos obtidos foram transferidos para frasco previamente pesado e

mantido em capela de exaustão, por no mínimo, 48 h, com exceção do extrato

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30 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Parte Experimental

metanol/água que foi reduzido com auxílio da adição de butanol. Esse

procedimento forneceu 117,3 g de extrato hexânico, 100,0g de extrato em

clorofórmio, 100 g de extrato em metanol e 32,0 g de extrato em metanol/água

(8:2).

Todos os fracionamentos cromatográficos foram monitorados por

cromatografia em camada delgada analítica de sílica gel (CCDA), utilizando-se

diversos eluentes. Apresenta-se na Figura 9 o fluxograma resumido da

obtenção dos extratos. Os cromatogramas foram observados sob luz visível e

ultravioleta (254 e 365 nm) após revelação com a solução reveladora descrita

no item 3.4.4. As frações foram reunidas de acordo com seus perfis, sendo

concentradas em evaporador rotatório a 40-60°C e transferidas para frascos

previamente tarados e mantidas em capela de exaustão, para eliminação do

solvente remanescente.

P. pterosperma caule (1498,4 g)

HPP 117,3 g

Maceração (período de 7 dias e três repetições para cada solvente)1. hexano2. CHCl33. MeOH1.MeOH/H2O) (8:2)

CPP 100 g MPP 100 g MHPP 32 g

Figura 9: Fluxograma resumido dos extratos oriundos do caule de P.

pterosperma.

Legenda:

HPP = Extrato hexânico de P. pterosperma;

CPP = Extrato em clorofórmio de P. pterosperma;

MPP = Extrato metanólico de P. pterosperma;

MHPP = Extrato hidrometanólico de P. pterosperma

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31 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Parte Experimental

3.8 TESTES GENÉRICOS PARA IDENTIFICAÇÃO DE TRITERPENOS E

ESTERÓIDES.

3.8.1 Avaliação dos testes genéricos para identificação de triterpenos e

esteróides.

Para determinar a presença dos metabólitos especiais foram utilizados

diferentes técnicas, tais como:

Reação de Liebermann Burchard (triterpenos e esteróides)

Uma alíquota de 5,0 mg dos extratos brutos secos foram resuspendidos

em 5,0 mL de clorofórmio, em seguida adicionou-se carvão ativo e

prosseguiu-se com uma filtração, logo após foram adicionadas gotas do

reagente de Liebermann Burchard (2 mL de anidrido acético mais duas

gotas de ácido sulfúrico). A coloração verde persistente indica a presença

de triterpenos e esteróides (Costa, 1982).

Reação de Salkowski

Uma alíquota de 5,0 mg dos extratos brutos secos foram resuspendidos em

5,0 mL de clorofórmio, em seguida adicionou-se carvão ativo e prosseguiu-

se com uma filtração, logo após foram adicionadas gotas de ácido sulfúrico

concentrado. A coloração verde persistente indica a presença de triterpenos

e a coloração mutável indica a presença de esteróides (Costa, 1982).

3.9. Fracionamento do Extrato Hexânico (HPP)

O extrato hexânico (117,3g) foi submetido ao fracionamento preliminar

utilizando cromatografia em coluna de gel de sílica (malha 0,063 a 0,200 mm),

empregando-se como série eluotrópica n-hexano (Hx), éter de petróleo (Ep),

diclorometano (DCM), acetato de etila (EtOAc) (1:1) e metanol (MeOH), ou seja,

em gradiente crescente de polaridade. Após este procedimento obtiveram-se

cinco frações que foram concentradas sob pressão reduzida em evaporador

rotativo.

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32 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Parte Experimental

A fração de diclorometano (2,0 g) foi fracionada através de cromatografia

tipo flash em coluna de gel de sílica (malha 0,05 a 0,063 mm), utilizando como

sistema de solvente éter de petróleo e acetato de etila (95:5). Após este

procedimento foram obtidas 263 frações. Após análise por CCDA, as frações

que apresentaram o mesmo Rf foram reunidas.

As frações de 1- 40 não foram trabalhadas por apresentarem grande

quantidade de material graxo.

A subfração obtida da união das frações 41- 50 (65,02 mg) foi

acrescentado hexano. Este procedimento gerou duas frações, uma solúvel em

hexano (sobrenadante) e outra insolúvel (precipitado). Através de CCDA

verificou-se que esta quando revelada com vanilina sulfúrica, apresentava-se

como uma única mancha. Tratando-se da substância (PP - 01).

A parte solúvel em hexano apresentou material graxo e, portanto não foi

trabalhada.

A subfração obtida da reunião das frações 51- 65 (93,50 mg) foi

fracionada através de cromatografia CC/flash, utilizando como eluente

diclorometano e hexano (1:1). Após este procedimento foram obtidas 114

frações. Após análise por CCDA, as frações que apresentaram o mesmo Rf

foram reunidas.

Foram reunidas as frações 84 - 162 (326,01 mg) dentre estas, algumas

apresentaram material cristalino (frações 104 -117), que foi separado da água

mãe através de filtração em papel de filtro.

A água mãe foi submetida à CC/flash utilizando como eluente éter de

petróleo e acetato de etila (95:5). Após este procedimento foram obtidas 26

frações. A subfração obtida da reunião das frações 15-26 (80,20 mg) foi

submetida ao mesmo procedimento anterior fornecendo 89 frações. A subfração

obtida da união entre as frações 27-35 (59,11 mg) foi fracionada utilizando-se

CC/flash, obtendo-se 45 frações. A subfração obtida da união entre as frações

17-34 (40,21 mg) foi fracionada utilizando-se CC/flash obtendo-se 24 frações. A

subfração obtida da reunião entre as frações 16-24 (20,05 mg) foi fracionada

utilizando-se cromatografia preparativa (CCDP), o sistema de solvente utilizado

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33 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Parte Experimental

foi éter de petróleo e acetato de etila (9:1). Este processo resultou na mistura de

substâncias PP-02a, PP-02b, PP-02c e PP-02d (27,34 mg).

Os cristais da fração anterior foram solubilizados em diclorometano e

fracionados utilizando-se CC/flash, o sistema de solvente empregado foi éter de

petróleo e acetato de etila (9:1), resultando na mistura de substâncias PP-03a,

PP-03b e PP-03c.

Na Figura 10, p.34 apresenta-se o fluxograma resumido das amostras

oriundas do fracionamento do extrato hexânico do caule de P. pterosperma e na

Tabela 3 listados os grupos de frações cromatográficas, massas obtidas e seus

respectivos códigos.

Tabela 3. Fracionamento do extrato hexânico do caule de P. pterosperma (HPP) através de cromatografia em coluna aberta de sílica gel.

Fração Massa Código

41 - 50 65,02 mg PP-01

16 - 24 27,34 mg PP - 02a, PP - 02b, PP - 02c e PP -

02d

104 -117 33,11 mg PP - 03a, PP - 03b e PP - 03c

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34 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Parte Experimental

HPP

(117,3 g)

HX 100,0 mg

Filtração em CC-sílica gel

Eluentes: n-hexano, éter de petróleo, diclorometano,

acetato de etila e metanol

EP 191,0 mg DCM 98 g AC 2,9 g MeOH 35 mg

41- 50 100 mg 51- 85 93,50 mg 84-162 326,0 mg 104-117 126 mg

CC/flash [éter de petróleo/acetato de etila (95:5)]

PP- 01 65,02 mg 15- 26 80,20 mg

27- 35 59,11 mg

17- 34 40,21 mg

16- 24 20,05 mg

PP- 02a PP- 02b PP- 02c PP- 02d

CC/flash

CC/flash

CC/flash

CC/flash

CC/flash

CCDP

Eluente:éter de petróleo e acetato de etila (9:1)

PP- 03a

PP- 03b

PP- 03c

Precipitado

Figura 10. Fluxograma resumido das amostras oriundas do fracionamento do extrato hexânico do caule de P. pterosperma. Legenda:

HPP = Extrato hexânico de P. pterosperma;

HX = Fração em hexano de P. pterosperma;

EP = Fração em éter de petróleo de P. pterosperma;

DCM = Fração em diclorometano de P. pterosperma;

AC = Fração em acetato de etila de P. pterosperma;

MeOH = Fração em metanol de P. pterosperma

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35 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Parte Experimental

3.10. Fracionamento do extrato em clorofórmio (CPP)

Uma alíquota do extrato em clorofórmio (10,0 g) foi submetido a

fracionamento preliminar em coluna CC utilizando como eluente éter de petróleo

(Ep), diclorometano (DCM), acetato de etila (EtOAc) e metanol (MeOH) em

gradiente crescente de polaridade. Após este procedimento obtiveram-se quatro

frações que foram concentradas sob pressão reduzida em evaporador rotativo.

A fração em acetato de etila (1,5 g) foi fracionada em CC/flash, utilizando

como eluente clorofórmio e acetato de etila (90:10). Após este procedimento

foram obtidas 75 frações. Após análise por CCDA, as frações que

apresentaram o mesmo Rf foram reunidas. A subfração 1 – 3 (5,5 mg) resultou

na mistura de substâncias PP-04a e PP-04b.

Na Figura 11 apresenta-se o fluxograma resumido das amostras oriundas

do fracionamento do extrato em clorofórmio do caule de P. pterosperma.

Tabela 04. Fracionamento do extrato em clorofórmio do caule de P. pterosperma (CPP) através de cromatografia em coluna.

Fração Massa Código

1-3 5,50 mg PP-04a, PP-04b.

CEP - 8,3 mg

Filtração em CC - sílica gel

Eluentes: éter de petróleo,

diclorometano,

acetato de etila e metanol

CDCM - 2,76 mg CAcOEt - 23 g CMeOH 13,48 g

CPP 100, 0 g

CC/flash

Eluente: clorofórmio e acetato de etila (9:1)

PP- 04a PP- 04b

Figura 11: Fluxograma resumido das amostras oriundas do fracionamento do extrato em clorofórmio do caule de P. pterosperma.

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36 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Parte Experimental

Legenda:

*Frações não estudadas

CPP = Extrato em clorofórmio de P. pterosperma

CEP = Fração em éter de petróleo de P. pterosperma

CDCM = Fração em diclorometano de P. pterosperma

CAcOEt = Fração em acetato de etila de P. pterosperma

CMEOH = Fração em metanol de P. pterosperma

3.11. Fracionamento do extrato em metanol (MPP)

O extrato em metanol (100,0 g) foi submetido ao fracionamento

preliminar em CC, utilizando como eluente clorofórmio, acetato de etila e n-

butanol, em gradiente crescente de polaridade. Após este procedimento

obtiveram-se três frações (fração eluída com CHCl3, AcOEt e BuOH) que foram

concentradas sob pressão reduzida em evaporador rotativo.

Da fração eluida com AcOEt foi retirada uma alíquota de 100,00 mg que

foi então submetida a fracionamento em coluna de sílica, utilizando-se como

eluente hexano e clorofórmio (3:7). Este procedimento resultou em 56 frações.

Após análise por CCDA, as frações que apresentaram o mesmo Rf foram

reunidas.

A subfração obtida da reunião entre as frações 10 -14, quando revelada

com vanilina sulfúrica, apresentava-se como uma única mancha que recebeu o

código (PP - 05).

Outra alíquota (5,00 g) foi dissolvida em pequena quantidade de metanol.

Em seguida adicionou–se acetato de etila (quantidade suficiente para formação

de precipitado). O precipitado (A1) foi separado do sobrenadante através de

filtração em papel de filtro. Ao sobrenadante adicionou-se éter de petróleo até

formação de novo precipitado que foi separado do sobrenadante através de

filtração em papel de filtro e codificado de A2. O sobrenadante resultante deste

procedimento recebeu o código A3.

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37 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Parte Experimental

O solvente do sobrenadante A3 foi eliminado sob vácuo em evaporador

rotatório e o resíduo resultante (70,00 mg) foi acetilado, utilizando piridina e

anidrido acético [9:1 (5 mL)]. A solução foi aquecida a aproximadamente 50oC e

em seguida mantida em repouso à temperatura ambiente durante 24 horas.

Após este período adicionou-se água gelada (5 mL) e procedeu-se a extração

utilizando-se 3 porções de 10 mL de acetato de etila. A fase orgânica foi seca

com sulfato de sódio anidro e o solvente eliminado sob vácuo em evaporador

rotatório. O resíduo (produto) foi deixado em dessecador até peso constante

(356,0 mg).

O produto foi submetido cromatografia em coluna, utilizando-se como

eluente diclorometano e hexano (8:2). Após este procedimento foram obtidas

116 frações. A subfração obtida da reunião entre as frações 1 - 8 (58,47 mg) foi

fracionada utilizando CC/flash e como eluente utilizou-se diclorometano e

hexano (8:2). Após este procedimento foram obtidas 42 frações. A subfração

obtida da reunião entre as frações 8 -13 quando reveladas com vanilina

sulfúrica se apresentou com coloração arroxeada, tratando-se da mistura de

substâncias (PP-06a, PP-06b, PP-06c, PP-06d e PP-06e). Ofluxograma

resumido desse procedimento encontra-se na Figura 12, p. 38 e 13, p. 38.

Tabela 5. Fracionamento do extrato em clorofórmio do caule de Parapiptadenia pterosperma (MPP) através de cromatografia em coluna.

Fração Massa Código

10-14 15,80 mg PP-05

8-13 12,23 mg PP - 06a, PP - 06b, PP - 06c, PP - 06d e PP-

06e

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38 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Parte Experimental

MC (2,1 g)

Filtração em CC-sílica gelEluentes: clorofórmio

acetato de etila e n-butanol

MAcOEt (13,8 g)

MPP(100,0 g)

MBuOH (18,9 g)

1- 9 (8,4 mg) 10 - 14 (PP-05) 15 - 33 (18,1 mg) 34 - 56 (23,7 mg)A1 (precipitado) sobrenadante

Adição de éter de petróleo

A2 (precipitado)A3

(sobrenadante)

Adiçao de acetato de etila

Figura 12: Fluxograma resumido das amostras oriundas do fracionamento do extrato metanólico do caule de P. pterosperma.

Legenda:

MPP = Extrato metanólico de P. pterosperma;

MC = Fração em clorofórmio de P. pterosperma;

MOAcEt = Fração em acetato de etila de P. pterosperma;

MBUOH = Fração em butanol de P. pterosperma.

A3 solúvel

1-8 58,47 mg

Acetilação CC- diclorometano/hexano (8:2)

9-19 20-32 34-66

CC/flashdiclorometano/hexano (8:2)

67-68 69-116

8-13 12,23 mg 14-41 20,0 mg 42 5,0 mg

PP-06a PP-06b PP-06c PP-06d PP-06e

Figura 13: Fluxograma resumido de uma alíquota (produto acetilado) do extrato metanólico do caule de P. pterosperma.

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39 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Parte Experimental

3.12. MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS

3.12.1. infravermelho

Os espectros no infravermelho foram obtidos em espectofotômetro

Shimadzu, à temperatura de 25 °C. Os espectros foram adquiridos diretamente,

sem emprego de diluição em brometo de potássio (KBr).

3.12.2 Ressonância Magnética Nuclear

Os espectros de RMN de 1H de 13C foram obtidos no equipamento Jeol

Eclipse, a 25 °C, empregando as sondas TXI 5mm, para detecção de 1H e 13C

(400 e 100 MHz), respectivamente. Utilizou-se tetrametilsilano (TMS) como

referência interna, para ambos os núcleos.

3.13. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA

3.13.1. Ponto de fusão

As faixas de fusão foram determinadas em aparelho de ponto de fusão

MQAPF-301 Microquímica, e não foram corrigidas.

3.14. AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CITOTÓXICA

O teste de citotoxicidade frente às larvas de Artemia salina foi realizado

segundo a metodologia proposta por McLaughlin (1982).

Utilizou-se para o bioensaio 50,0 mg de amostra dos extratos brutos,

bem como das frações. As amostras foram solubilizadas na mistura de solvente

composta por água e DMSO [3:2 (5mL)] e diluídas nas seguintes

concentrações: 50, 100, 200, 300 e 500 ppm. Os testes foram realizados em

quadruplicata.

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40 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Parte Experimental

Os ovos do microcrustáceo foram colocados em água do mar artificial

pelo período de 48 horas na presença de luz artificial para que fossem

eclodidos. Após a eclosão dos ovos foram retiradas 15 larvas, que então foram

adicionadas aos tubos de ensaio. Com a adição da amostra e das larvas

completou-se o volume dos tubos para 5 mL com água do mar artificial. Após

um período de 24 horas em presença de luz realizou-se a contagem dos

indivíduos mortos e vivos.

Os dados obtidos (porcentagem de mortos e vivos) foram analisados pelo

programa Finney Probit, desenvolvido por McLaughlin para análise estatística e

determinação dos valores de DL50, a qual é a dose necessária para matar 50%

dos indivíduos testados.

Valores de DL50 ≤1000 são considerados ativos para extratos.

No teste em branco foram utilizados 50 µg/mL de água: DMSO (3:2).

No controle positivo utilizou-se o oxidante dicromato de potássio

(K2Cr2O7), comparado com a massa e as concentrações da amostra analisada,

na qual se tem a morte de todos os indivíduos.

Para o preparo da água do mar artificial foram utilizados os seguintes

sais, nas seguintes proporções para que se tenha 1L da solução; NaCl (24 g),

CaCl2.2H2O (1,5g), KBr (0,1g), KCl (0,7g ), Na2SO4 (4,0g ), NaHCO3 (0,2g )e

MgCl.6H2O ( 11g ).

Para a eclosão dos microcrustáceos utilizou-se um microaquário (14X75

cm) dividido ao meio por uma peneira.

Os testes foram realizados em quadruplicata.

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41 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Parte Experimental

Figura 14: Avaliação da atividade citotóxica frente às larvas de A.salina.

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42 Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Referência Bibliográfica

3.15. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Costa, A. F. (1982). Farmacognosia III v. 2. ed. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.

McLaughlin, J. L. Colman-Saizarbitoria, T. e Anderso J. E. (1982). Tres

bioensayos Simples para Químicos de Productos Naturales. Revista de la

Sociedad Venezoelana de Química, p.18, 13-18

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Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Resultados e Discussão

43

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Análises Cromatográficas

O extrato hexânico, clorofórmico e metanólico do caule de P.

pterosperma e as frações provenientes do fracionamento preliminar destes

extratos foram submetidas a testes químicos para avaliação do perfil químico de

metabólitos especiais e letalidade frente às larvas de A. salina. Estas frações

(item 3.9; 3.10 e 3.11) apresentaram-se ativas, em diferentes ensaios, sendo re-

fracionadas.

4.2. Resultados e discussões dos testes químicos para identificação de

triterpenos e esteróides.

Os extratos brutos foram submetidos aos testes químicos para a

identificação de triterpenos e esteróides.

Os resultados estão expressos na tabela abaixo:

Tabela 6: Testes químicos

Reativos Hexano Clorofórmio Metanol

Liebermann-Buchard + + +/-

Salkowski + + -

Legenda:

(+) – Considerados positivos;

(+/-) – Considerado fracamente positivo;

(-) – Considerado negativo.

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Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Resultados e Discussão

44

Figura 15: Teste de Liebermann-Buchard

A reação de Liebermann-Burchard permite a identificação do núcleo

esteroidal da amostra, através do mecanismo demonstrado abaixo. Quando o

reagente é adicionado à amostra ocorre uma mudança de coloração da mesma,

tornando-a esverdeada, isto acontece devido a formação de um derivado

sulfônico.

HO HO

1

2

3

45

max 620 nm (calc. 626 nm)max 410 nm (calc. 618 n m)

Ac2O(SO3)

SO2HO

H2SO4

HOAc

Colesterol

Figura 16: Mecanismo proposto para a reação de Liebermann-Burchard

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Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Resultados e Discussão

45

Figura 17: Teste de Salkowski.

4.3 IDENTIFICAÇÃO DOS CONSTITUÍNTES QUÍMICOS DO CAULE DE P.

pterosperma

4.3.1. Identificação da fração 41-50 do extrato hexânico (PP-01).

A substância PP-01 foi obtida da fração 41-50 do extrato hexânico, por

eluição (Éter de petróleo/ AcOEt na proporção 9:1, respectivamente) utilizando

como método de separação cromatografia em camada delgada preparativa

(CCDP) (item 3.9). PP-01 apresentou-se como um sólido branco cristalino, com

faixa de fusão 255,2 - 255,7°C.

A análise do sólido através de CCDA (item 3.9), eluente Éter de petróleo/

AcOEt (9:1), sugeriu, tratar-se de uma substância triterpenoídica, em função da

mancha de coloração arroxeada, obtida após revelação com solução de vanilina

sulfúrica, seguido de aquecimento. (Wagner et al., 1983; Mills et al., 2003).

Quantidades adicionais da substância PP-01 também foram encontradas nas

frações 41-50 do extrato hexânico e nas frações 1-3 do extrato clorofórmico.

Assim, a solubilidade de PP-01 foi determinada em CH2Cl2.

A análise do espectro de PP-01 na região do infravermelho evidenciou

sua natureza alifática, pela presença de bandas de intensidade em 2966,52 -

2866,22 e bandas de intensidade 1458,18-1384,89 cm-1 atribuídas ao

estiramento e à deformação C-H de carbono alifático (metílicos, metilênicos e

metínicos) respectivamente, além disso, observou-se uma banda intensa de

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Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Resultados e Discussão

46

absorção condizente com a presença de grupo carbonílico de cetona em anéis

de seis membros em 1712,79 cm-1 (Silverstein et al., 2005; Pavia et al., 2001).

Na Figura 18 apresenta-se o espectro na região do infravermelho de PP-01.

3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Wavenumber (cm-1)

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

%T

ransm

itta

nce

2966.5

22927.9

42866.2

2

1712.7

9

1458.1

8

1384.8

9

1219.0

11184.2

91111.0

01076.2

81049.2

81002.9

8979.8

4921.9

7790.8

1

Figura 18. Espectro de absorção molecular obtido na região do infravermelho para PP - 01.

O espectro de massas de baixa resolução, obtido por inserção via CG,

apresentou tR em 26,28 min e pico do íon molecular em m/z 426 [M.+], alem dos

picos a m/z 411 [M+ - (CH3)] , m/z 302 [M+ - (C9H16)] e m/z 273. A Figura 20, p.

48 apresenta a provável fragmentação de PP-01.

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Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Resultados e Discussão

47

Figura 19. Fragmentograma de massas da substância PP-01 (70 eV)

O espectro de RMN de 1H (400 MHz, CDCl3) da substância PP-01

(Figuras 21-24, p.48-50) apresentou 8 sinais entre 0,70 e 1,2 ppm indicando a

presença de oito grupos metílicos na molécula a 0,72; 0,86; 0,88; 0,95; 0,99;

1,0; 1,04; 1,17 ppm (Figura 22, p.49), referentes aos hidrogênios dos carbonos

C-24, C-25 e C-29, C-30, C-26, C-27, e C-28 respectivamente. O espectro ainda

apresentou sinais múltiplos entre 2,20 - 2,45 ppm (Figura 23, p.49), indicando a

presença de três hidrogênios ligados a carbonila, juntamente com sinais entre

1,25 - 1,76 ppm (Figura 24, p.50), que confirmam a presença de hidrogênios

ligados a carbonos sp3 (metilênicos e metínicos) na molécula.

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Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Resultados e Discussão

48

O

H H H

O

H H H

CH3

m/z 411

- C9H16

O

H H

m/z 302

m/z 426

O

H H

m/z 273

- C2H4

Figura 20: Provável mecanismo de fragmentação de massas de PP-01.

BA01-1H.6

8 7 6 5 4 3 2 1 0

Chemical Shift (ppm)

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

7.2

67.2

6

5.2

9 2.3

82.3

72.2

92.2

7 2.2

52.2

31.7

3 1.5

61.5

41.4

8

1.3

41.1

7

1.0

00.8

60.7

2

0.0

0 0.0

0-0

.01

Figura 21. Espectro de RMN de 1H obtido para PP-01 (400 MHz, CDCl3).

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Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Resultados e Discussão

49

BA01-1H.6

1.15 1.10 1.05 1.00 0.95 0.90 0.85 0.80 0.75 0.70 0.65

Chemical Shift (ppm)

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0N

orm

alize

d In

ten

sity

1.1

7

1.0

4

1.0

00

.99

0.9

5

0.8

8

0.8

6

0.7

2

Figura 22: Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP-01 na

região de H 0,72 a 1,17 ppm.

BA01-1H.6

2.45 2.40 2.35 2.30 2.25 2.20 2.15

Chemical Shift (ppm)

0

0.05

0.10

0.15

No

rma

lize

d In

ten

sity

2.2

32.2

5

2.2

7

2.2

9

2.3

62

.36

2.3

72

.38

Figura 23. Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP-01 na

região de H 2,20 a 2,45 ppm.

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Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Resultados e Discussão

50

BA01-1H.6

1.75 1.70 1.65 1.60 1.55 1.50 1.45 1.40 1.35 1.30 1.25

Chemical Shift (ppm)

0.05

0.10

0.15

0.20

0.25

0.30N

orm

alize

d In

ten

sity

1.2

51.2

61.2

81

.28

1.3

1

1.3

31

.34

1.3

51

.35

1.3

7

1.3

8

1.4

01

.41

1.4

41

.45

1.4

51

.46

1.4

8

1.4

91

.50

1.5

4

1.5

6

1.5

7

1.6

5

1.6

7

1.6

9

1.7

0

1.7

3

1.7

6

Figura 24. Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP-01 na

região de H 1,25 a 1,76 ppm.

O espectro de RMN de 13C desacoplado de 1H (75 MHz, CDCl3) obtido

para PP-01 (Tabela 07, p.55; Figuras 25-26, p.51-52) apresentou sinais que

permitiram identificar um total de trinta átomos de carbonos, confirmando seu

caráter triterpênico. A concentração de sinais na região abaixo de 70 ppm

caracteriza a presença de carbonos sp3. Sendo quatro terciários (CH), onze

secundários (CH2), oito primários (CH3) e sete não hidrogenados. Ao grupo

carbonílico de cetona em anel de seis membros foi atribuído o sinal a 213,3 ppm

(C-3). A metila em C-23 aparece a 6,9 ppm evidenciando proteção devido a

efeito gauche da carbonila. Os sinais dos carbonos C-2, C-4, C-5 e C-24

aparecem a 41,6; 58,3; 42,8 e 14,6 ppm respectivamente. Os valores

assinalados estão de acordo com a presença de um triterpeno pentacíclico de

esqueleto friedelano. A atribuição dos sinais baseou-se na comparação com

dados relatados para triterpenos (Akihisa et al., 1992; Olea e Roque, 1990;

Mahato e Kundu, 1994).

A localização das metilas pode ser comprovada pela correlação JCH entre

H 0,87 e C 6,9 (C-23),H 0,72 e C 14,7 (C-24), H 0,86 e C 18,0 (C-25), H

1,05 e C 18,6 (C-26), H 1,0 e C 20,2 (C-27), H 1,17 e C 32,1 (C-28), H 0,99 e

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Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Resultados e Discussão

51

C 31,8 (C-29), H 0,95 e C 35,1 (C-30), apresentadas no espectro de correlação

heteronuclear HMQC (Figuras 27 - 28, p.52-53).

As mesmas podem ainda ser confirmadas através das correlações a

longa distância entre o átomo de carbono C-4 em C 58,3 com hidrogênios em

H 0,72 (3H-24), o átomo de carbono C-6 em H 41,3 com hidrogênios em H

0,72 (3H-24), o átomo de carbono C-8 em C 53,1 com hidrogênios em H 0,86

(3H-25) e H 1,05 (3H-26), o átomo de carbono C-29 em C 31,8 com

hidrogênios em H 0,95 (3H-30) e o átomo de carbono C-30 em C 35,1 com

hidrogênios em H 0,99 (3H-29) apresentadas no espectro de HMBC (Figuras

29-30, p.53-54).

BA01-13C_BB.1

240 220 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0

Chemical Shift (ppm)

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

213.2

8

77.4

276.7

9

59.5

7

53.1

9

42.8

841.6

139.3

4

32.8

630.5

928.2

522.3

718.7

514.7

4

6.9

1

Figura 25. Espectro de RMN de 13C obtido para PP-01 (100 MHz, CDCl3).

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52

BA01-13C_BB.1

42 40 38 36 34 32 30 28 26 24 22 20 18 16

Chemical Shift (ppm)

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8N

orm

alized Inte

nsity

42.8

8

42.2

3

41.6

141.3

8

39.7

939.3

4

38.3

9

37.5

3

36.1

035.7

2

35.1

1

32.8

632.5

132.1

831.8

7

30.5

930.0

829.7

9

28.2

5

22.3

7

20.3

5

18.7

518.3

318.0

3

14.7

4

Figura 26. Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP-01 na

região de C 14,7 a 42,8 ppm.

4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5

F2 Chemical Shift (ppm)

0

50

100

150

200

F1 C

hem

ical S

hift (ppm

)

Figura 27. Espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C (HMQC) da substância PP-01.

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53

2.5 2.0 1.5 1.0 0.5

F2 Chemical Shift (ppm)

0

20

40

60

80

F1 C

hem

ical S

hift (ppm

)

Figura 28. Ampliação do espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C (HMQC) da substância PP-01 na região de 0 a 3,0 ppm.

2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0

F2 Chemical Shift (ppm)

0

50

100

150

200

F1 C

hem

ical S

hift (ppm

)

Figura 29. Espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C (HMBC) da substância PP-01.

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54

2.5 2.0 1.5 1.0 0.5

F2 Chemical Shift (ppm)

20

40

60

80

F1 C

hem

ical S

hift (ppm

)

Figura 30. Ampliação do espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C (HMBC) da substância PP-01 na região de 0 a 3,0 ppm.

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55

Tabela 07. Dados dos espectros de RMN de 1H, HMQC (1JCH, 1H-13 C) e HMBC (2,3JCH) obtido para a substância PP-01.

Atribuição HMQC HMBC Literatura* C H C

2JCH 3JCH

H C 1 1,95 22,3 H-10 - 1,94 22,3

2 2,36 41,6 - - 2,36 41,6

3 - - - - - 213,2

4 2,23 58,3 - 3H-24 2,24 58,3

5 - - - - - 42,8

6 2,37 41,3 - 3H-24 - 41,3

7 - - - - - 18,3

8 1,38 53,1 - 3H-25, 3H-26 1,38 53,1

9 - - - - - 37,5

10 1,55 59,5 - H-2, H-6, 3H-24 1,53 59,5

11 - - - - - 35,4

12 - - - - - 32,5

13 - - - - - 38,3

14 - - - - - 39,7

15 - - - - 30,5

16 - - - - 36,1

17 - - - - 30,0

18 - - - 1,54 42,8

19 - - - - 35,4

20 - - - - 28,5

21 - - - - 32,8

22 - - - - 39,3

23 0,87 6,9 H-4 - 0,87 6,9

24 0,72 14,7 - H-4 0,71 14,6

25 0,86 18,0 - H-8 0,85 18,0

26 1,05 18,66 - H-8 0,99 18,7

27 1,0 20,2 - - 1,03 20,3

28 1,17 32,1 - - 1,16 32,1

29 0,99 31,8 - 3H-30 0,94 31,8

30 0,95 35,1 - 3H-29 0,99 35,1

*Fonte: Mahato e Kundu, 1994.

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56

O conjunto dos dados acima sugere para a substância PP - 01 a

estrutura do triterpeno friedelan-3-ona (PP - 01) também conhecido como

friedelina.

O

1

2

3

4

5

6

7

89

11

12

13

14

15

16

1718

19 20 21

22

2324

25 26

27 28

2930

H

Figura 31: Estrutura da friedelina (PP-01)

Friedelina (Figura 31) já foi isolada anteriormente de algumas espécies

da família Fabaceae, do gênero Caesalpinia, como por exemplo, da espécie:

Caesalpinia bonduc (Ageta et al., 1995). Segundo estudos feitos por Alonso

(1998) e Cordeiro (1999) a friedelina possui atividade antiúlcerogênica, sendo

eficiente no tratamento de gastrites e úlceras.

4.3.2 Identificação da fração 16-24 do extrato hexânico (PP-02).

A fração 16-24 (PP-02) foi obtida do extrato hexânico, por eluição (Éter

de petróleo/ AcOEt na proporção 9:1, respectivamente) utilizando como método

de separação cromatografia preparativa (item 3.9).

A análise do sólido através der CCDA de sílica gel (item 3.9), eluentes,

Éter de petróleo/ AcOEt 9:1, quando revelada com vanilina sulfúrica seguida de

aquecimento, apresentou-se como uma mancha de coloração arroxeada, que a

através da análise dos espectros obtidos no cromatógrafo à gás acoplado ao

espectrômetro de massa (CG/EM) (Figura 33, p.58) mostrou tratar-se de uma

mistura de cinco substâncias que foram codificadas de PP - 02a a PP - 02e. A

solubilidade da mistura foi determinada em CH2Cl2.

A análise do espectro da mistura na região do infravermelho evidenciou a

presença de uma banda em 3385,22 cm-1relativa ao grupo OH, sua natureza

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57

alifática foi demonstrada pela presença de bandas de intensidade em 2922,28 -

2848,98 e 1462,11 - 1379,16 cm-1, atribuídas ao estiramento e à deformação C-

H de carbono alifático (metílicos, metilênicos e metínicos) respectivamente,

além disso observou-se uma banda intensa a 1710,93 cm-1 referente ao grupo

carbonílico de cetona (em anéis de seis membros) (Silverstein et al., 2005;

Pavia et al., 2001). Na Figura 32 apresenta-se o espectro na região do

infravermelho de PP-02a-e.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Wavenumber (cm-1)

8

16

24

32

40

48

56

64

72

80

88

%T

ransm

itta

nce

3385.2

2

2922.2

82848.9

8

2663.8

1

2017.6

3

1710.9

31641.4

9

1462.1

1

1379.1

6

1188.2

0

1030.0

3

883.4

4

719.4

8

638.4

7

547.8

1

418.5

7

Figura 32: Espectro de absorção molecular obtido na região do infravermelho para PP02a-e.

O cromatograma de gás (Figura 33, p.58), apresentou 5 picos,

evidenciando a presença de uma mistura de 5 substâncias majoritárias.

Segundo comparação com a biblioteca (NIST) de dados do espectrômetro de

massa, os índices de similaridade sugerem que a substância PP - 02a (tR = 8,06

min) trata-se da 6,10,14-trimetilpentadecan-2-ona; PP-02b (tR =14,67 min) do

eicosan-1-ol; PP-02c (tR =17,30 min) do uncosanoato de metila ( Figuras, 34-35,

p.58-59; Tabela 09, p.68).

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58

Figura 33: Cromatograma de gás da fração PP-02 do extrato hexânico de P. pterosperma

Figura 34: Fragmentograma de massas de PP-02a.

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59

Figura 35: Fragmentograma de massas de PP-02b.

Figura 36: Fragmentograma de massas de PP02-c.

A substância PP - 02d (tR = 22,92 min) apresentou pico do íon molecular

em m/z 426 [M.+], alem dos picos a m/z 411 [M+ - (CH3)] , m/z 218 [M+ -

(C14H23OH)], m/z 207 [M+ - (C16H26).] e m/z 189 u.m.a característicos de

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60

esqueleto lupano (Figura 37) e segundo análise dos dados obtidos do espectro

na região do IV (Figura 32, p.57), espectro de massa (Figura 37), RMN 1H

(Figuras 40-42, p. 63) e 13C (Figura 43-45, p. 65-66) mostrou tratar-se do

triterpeno lupeol.

Figura 37: Fragmentograma de massas da substância PP-02d

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61

HO

H

H

HO

H

HO

m/z 207

C16H26

m/z 426 m/z 189

C16H27OH

m/z 218H

HO

H

H

m/z 411

CH3

C14H23OH

m/z 425

Figura 38. Provável fragmentação de PP02-d.

A substância PP – 02e (TR = 26,35 min), apresentou pico do íon

molecular a m/z 426 u.m.a e segundo análise dos dados obtidos do espectro na

região do IV (Figura 32, p. 57), espectro de massa (Figura 39, p. 62.), RMN 1H

(Figura 40-42, p. 63-64) e 13C (Figura 43-45, p. 65-66) mostrou tratar-se de

quantidades adicionais de PP-01.

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62

Figura 39. Fragmentograma de massas de PP-02e.

O espectro de RMN de 1H (400 MHz, CDCl3) da fração (Figuras 40-42,

p.63-64), confirmou tratar-se de uma mistura de substâncias, uma vez que se

pôde observar à presença de diversos sinais entre 0,75 e 1,25 ppm que indicam

a presença de vários grupos metílicos na molécula, além de um intenso em 1,25

ppm indicativo da presença de vários grupos CH2. O espectro ainda apresentou

um sinal em 3,64 ppm característico de hidrogênio em carbono ligado a átomo

de oxigênio, indicando a presença de um grupo hidroxila. Também foi

observado um sinal duplo em H 4,64 ppm atribuído a presença de hidrogênio

olefínico.

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63

AC02-1H.12

20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4

Chemical Shift (ppm)

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

7.2

67.2

6

3.6

4 1.6

8

1.2

50.9

60.8

90.0

0-0

.01

Figura 40. Espectro de RMN de 1H obtido para PP-02a-e (400 MHz, CDCl3).

AC02-1H.12

2.0 1.9 1.8 1.7 1.6 1.5 1.4 1.3 1.2 1.1 1.0 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4

Chemical Shift (ppm)

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

1.6

81.6

51.6

41.5

9

1.3

81.3

61.3

51.3

2

1.2

51.2

51.2

31.2

2

1.0

41.0

21.0

0

0.9

60.9

5 0.9

40.8

80.8

70.8

70.8

6 0.8

20.7

80.7

6

Figura 41. Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP-02a-e

na região de H 0,76 a 1,68 ppm.

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64

AC02-1H.12

8.0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0

Chemical Shift (ppm)

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

7.2

7 7.2

67.2

6

3.6

4

Figura 42. Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP-02a-e

na região de H 3,64 a 7,27 ppm.

O espectro de RMN de 13C desacoplado de 1H (75 MHz, CDCl3) obtido

para PP-02 (Figuras 43-45, p. 65-66 e Tabela 08, p.67 ) evidenciou a presença

de uma dupla ligação nos átomos de carbono C-20 e C-29 através dos

deslocamentos químicos relativos aos carbonos em 151,07 ppm (C-20) e 109,4

ppm (C-29), compatíveis com os triterpenos da série lupano (Ahmad e Rahman,

1994). Além disto, foi observado um sinal em 79,1ppm (C-3) que indica a

presença de um carbono oxigenado. O conjunto destes dados juntamente com

aqueles dos demais espectros permitiu propor a estrutura do lupeol para a

substância PP02-d. Estes dados corroboram com os encontrados na literatura.

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65

AC02-13C_BB_copy-24.jdf

240 220 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0

Chemical Shift (ppm)

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

151.0

7

109.4

0

79.1

177.4

177.0

976.7

8

63.2

055.3

950.5

348.4

040.0

938.9

538.1

435.6

732.9

029.7

829.6

929.4

428.0

722.7

718.0

915.4

514.1

90.0

7

Figura 43. Espectro de RMN de 13C obtido para PP-02a-e (100 MHz, CDCl3).

AC02-13C_BB_copy-24.jdf

30 28 26 24 22 20 18 16 14 12 10

Chemical Shift (ppm)

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

29.9

429.7

829.7

429.6

929.5

229.4

4

28.0

727.5

427.5

0

25.8

2

25.2

4

22.7

7

21.0

2

19.3

9

18.4

118.0

9

16.2

016.0

615.4

5

14.6

4

14.1

9

Figura 44. Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP-02a-e

na região de C 14,19 a 29,94 ppm.

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66

AC02-13C_BB_copy-24.jdf

70 65 60 55 50 45 40 35

Chemical Shift (ppm)

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0N

orm

alized Inte

nsity

63.2

0

55.3

9

50.5

3

48.4

048.0

8

43.0

942.9

2

40.9

340.0

938.9

538.7

938.1

437.2

6 35.6

7

34.3

7

32.9

0

32.0

1

Figura 45. Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP-02a-e

na região de C 32,01 a 63,2 ppm.

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67

Tabela 08. Atribuição do espectro de RMN 13C obtido para PP-02a-e

Atribuição PP-02d* Lupeol** PP-02e* Friedelina***

C (ppm) C (ppm) C (ppm) C (ppm)

1 38,9 38,6 22,3 22,7

2 27,5 27,3 41,6 41,8

3 79,1 78,9 213,2 213,0

4 38,8 38,8 58,3 58,2

5 55,3 55,2 42,8 42,8

6 18,4 18,2 41,3 41,2

7 34,37 34,2 18,3 18,3

8 40,9 40,7 53,1 53,2

9 50,5 50,3 37,5 37,8

10 37,2 37,1 59,5 59,5

11 21 20,9 35,4 35,2

12 25,3 25,0 32,5 32,4

13 38,1 38,0 38,3 38,2

14 43 42,7 39,7 39,7

15 27,6 27,4 30,5 30,6

16 35,6 35,5 36,1 36,1

17 43,1 42,9 30,0 30,0

18 48,4 48,2 42,8 42,9

19 48 47,9 35,4 35,3

20 151 150,8 28,5 28,2

21 29,9 29,8 32,8 32,9

22 40 39,9 39,3 39,3

23 28 27,9 6,9 6,8

24 15,5 15,3 14,6 14,6

25 16,1 16,1 18,0 18,2

26 16 15,9 18,7 18,6

27 14,6 14,5 20,3 20,1

28 18 17,9 32,1 32,1

29 109,4 109,3 31,8 31,8

30 19,4 19,2 35,1 35,0

*PP-02c-d- Mistura de lupeol e fridelina = dados obtidos no presente trabalho (100 MHz, CDCl3). **Lupeol = dados relatados em Mahato & Kundu (1994) ***Friedelina = dados relatados em Aragão et al.(1990)

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68

O conjunto dos dados acima sugere para a substância PP-02d a

estrutura do triterpeno lupeol.

HO

1

2

7

9

10

11

12

13

14

15

16

1718

19

21

22

23 24

25 26

27

28

30

29

3

4

6

8

20

H

Figura 46. Estrutura do Lupeol (PP02 - d).

O triterpeno lupeol já foi isolado anteriormente de várias espécies da

família Fabaceae.

Estudos realizados por Vasconcelos e colaboradores em 2008,

verificaram que o lupeol isolado de um espécime de Diplotropis ferruginea,

atenua as alterações características das inflamações alérgicas das vias aéreas,

uma vez que reduz os níveis das citocinas IL-4, IL-5 e IL-3 do tipo II.

Sendo assim, a mistura de substâncias PP-2a-e é composta pelas

seguintes substâncias PP-02 (6,10,14-trimetilpentadecan-2-ona), PP-02b

(eicosanol), PP-02c (uncosanoato de metila), PP-02d (lupeol) e PP-02e

(friedelina) como mostra a tabela 09.

Tabela 09: Principais picos observados no espectro de massas da fração PP-02 do extrato hexânico de P. pterosperma

Pico* tR** Substância PM % em área

do pico

1 8,06 6,10,14-trimetilpentadecan-

2-ona (PP - 02a)

268 1,2

2 14,68 Eicosan-1-ol (PP- 02b) 298 13,76

3 17,3 Uncosanoato de metila (PP

- 02c)

340 12,67

4 22,92 Lupeol (PP - 02d) 426 59,14

5 26,35 Friedelina(PP - 02e) 426 14,43

*Pico: ver Figura 33, p.58; **tempo de retenção em minutos.

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69

Quadro 02: Estrutura química dos constituintes da fração PP-02

O

6,10,14-trimetilpentadecan-2-ona (PP-02a)

OH CH317

Eicosan-1-ol (PP-01a)

OCH3

O

CH317

Uncosanoato de metila (PP-03a)

HO

Lupeol (PP-04a)

O

Friedelina (PP-05a)

1

2

3

4

5

6

7

89

10

11

12

13

14

15

16

1718

19 20 21

22

23

24

25 26

2728

29 30

1

2

34

56

7

89

10

11

1213

14

15

16

1718

19

2021

22

23 24

25 26

27

28

29

30

4.3.2 Identificação da fração 104 - 117 do extrato hexânico (PP-03).

A mistura foi obtida das frações 104 -117 do extrato hexânico por eluição

(éter de petróleo/ AcOEt 9:1) em coluna fechada de gel de sílica (item 3.9).

Apresentou-se como um sólido branco cristalino, com faixa de fusão de 158-

168oC,demonstrando então não trata-se de uma substância pura.

A análise do sólido através de CCDA de sílica gel (item 3.9), eluentes,

Éter de petróleo/ AcOEt 9:1, quando revelada com vanilina sulfúrica seguida de

aquecimento, apresentou-se como uma mancha de coloração arroxeada, que

através da análise dos espectros obtidos no cromatógrafo à gás acoplado ao

espectrômetro de massa (CG/EM) (Figura 48, p.71) mostrou tratar-se de uma

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70

mistura de substâncias que foram codificadas de PP-03 a PP-03c. A

solubilidade da mistura foi determinada em CH2Cl2.

A análise do espectro da mistura na região do infravermelho evidenciou

sua natureza alifática, pela presença de bandas de intensidade em 2954,95 -

2858,51 atribuídas ao estiramento C-H de carbono alifático (metílicos,

metilênicos e metínicos), uma banda em 1095,57 cm-1 atribuída à deformação

da ligação C-O e uma banda intensa de absorção condizente com a presença

de grupo OH em 3348,42 cm-1 (Silverstein et al., 2005; Pavia et al., 2001). Na

Figura 47 apresenta-se o espectro na região do infravermelho da mistura

PP03a-c.

3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Wavenumber (cm-1)

70

75

80

85

90

95

100

%T

ransm

itta

nce

3348.4

2

2954.9

52931.8

0

2858.5

1

2357.0

12330.0

1

1732.0

81670.3

51639.4

9

1462.0

4

1377.1

7

1095.5

7

964.4

1

802.3

9

470.6

3

Figura 47. Espectro de absorção molecular obtido na região do infravermelho para PP03a-c.

O cromatograma de gás (Figura 48, p.71) apresentou 3 picos

evidenciando a presença de uma mistura de 3 substâncias. Segundo

comparação com a biblioteca (NIST) do espectrômetro de massa, os índices de

similaridade sugerem que a substância PP - 03a (tR1=17,50 min), m/z=410,

trata-se do esteróide campesterol; PP-03b (tR2=18,20 min), m/z 412; trata-se do

esteróide estigmasterol e PP-03c (tR3 =22,93 min), m/z 414; trata-se do

esteróide sitosterol. A Figura 51(p. 73) apresenta a provável fragmentação de

PP03a-c.

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71

Figura 48: Cromatograma de gás da fração PP-03a-c do extrato hexânico de P. pterosperma.

Figura 49: Fragmentograma de massas de PP03-b

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72

Figura 50: Fragmentograma de massas de PP03-c

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73

HO

R

m/z = 400; R = Me (PP - 03a)

m/z = 412; R = et, 22 (PP - 03b)

m/z = 414; R = Et (PP - 03c)

HO

m/z = 163

R

RDA*

HO

m/z = 138

R

HO

m/z = 232

RDA*

R

m/z = 262

CH3

R

m/z = 247

R

m/z = 121m/z = 135m/z = 133

R

H2

*Retro Diels Alder

Figura 51. Provável fragmentação de PP03a - PP03c

O espectro de RMN de 1H (400 MHz, CDCl3) da mistura PP03a-c

(Figuras 52-55, p. 75-76), apresentou um grande acúmulo de sinais entre H

0,68 e 2,28 ppm referentes à hidrogênios de grupos metílicos, metilênicos e

metínicos do esqueleto esteroidal do campesterol, sitosterol e estigmasterol. O

espectro ainda apresentou um sinal múltiplo entre H 3,49 – 3,54 ppm, referente

ao hidrogênio H-3 e ainda um sinal duplo em H 5,34 ppm referente ao

hidrogênio H-6.

Campesterol e sitosterol apresentam grande semelhança estrutural (com

exceção de um grupo metilênico a menos no átomo de carbono C-28 da cadeia

lateral), que implica em uma grande semelhança nos seus espectros de RMN

1H, porém a identificação da presença do estigmasterol é possível observando-

se as absorções dos hidrogênios olefínicos da cadeia lateral em H 5,02 e 5,14.

O espectro de RMN de 13C desacoplado de 1H (75 MHz, CDCl3) obtido

para PP03a-c (Figura 56-57, p.77; Tabela 10, p.78) possibilitou distinguir o

sitosterol e o estigmasterol pela presença de sinais em 121,8 e 140,8 ppm (C-6

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74

e C-5) de ambas as estruturas e 129,37 e 138,4 ppm referentes aos carbonos,

C-23 e C-22 presentes apenas na estrutura do estigmasterol. Os valores

assinalados pelos espectros de RMN 1H e RMN 13C juntamente à comparação

com dados constantes da literatura possibilitaram a atribuição dos sinais de

cada esteróide de forma coerente.

Campesterol (PP - 03a)

Estigmasterol (PP - 03c)

HOHO

HO

140,7

31,7

31,9

138,4 (5,02)

121,7 (5,34)

140,7121,7 (5,34)

140,7

121,7 (5,34)

32,0

26,17

129,37 (5,14)

Sitosterol (PP - 03b)

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75

GA01-1H.14

8.0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5

Chemical Shift (ppm)

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0N

orm

alized Inte

nsity

7.2

6

5.3

45.1

45.1

2

3.5

43.5

23.5

13.4

9

2.2

82.2

7

2.0

2 1.9

91.8

6 1.8

3

1.6

51.5

6

1.4

91.2

81.2

51.1

31.0

31.0

10.9

30.8

4

0.6

8

Figura: 52. Espectro de RMN de 1H obtido para PP03a-c (400 MHz, CDCl3).

GA01-1H.14

5.8 5.7 5.6 5.5 5.4 5.3 5.2 5.1 5.0 4.9 4.8 4.7 4.6 4.5 4.4

Chemical Shift (ppm)

0

0.05

0.10

0.15

0.20

0.25

0.30

Norm

alized Inte

nsity

5.3

65.3

4

5.1

85.1

6 5.1

45.1

2

5.0

45.0

2

4.9

8

Figura 53: Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP03a-c na

região de H 4,98 a 5,36 ppm.

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76

GA01-1H.14

1.6 1.5 1.4 1.3 1.2 1.1 1.0 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3

Chemical Shift (ppm)

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0N

orm

alized Inte

nsity

1.6

5

1.5

61.5

4 1.4

9

1.4

51.4

3 1.2

8

1.2

51.2

21.1

8 1.1

61.1

51.1

3 1.1

11.0

81.0

51.0

31.0

1

0.9

60.9

50.9

30.9

10.8

80.8

60.8

40.8

30.8

20.8

00.7

90.7

6

0.7

00.6

8

Figura 54: Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP03a-c na

região de H 0,68 a 1,65 ppm

GA01-1H.14

5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5

Chemical Shift (ppm)

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

5.3

45.1

85.1

65.1

45.1

25.0

45.0

25.0

14.9

84.6

6

4.1

1

3.6

53.5

53.5

4 3.5

23.5

13.4

9

2.3

22.3

12.2

82.2

72.2

3

2.0

4 2.0

2 1.9

91.9

51.8

6 1.8

31.6

71.6

51.5

6

1.4

91.4

51.4

3

Figura: 55. Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP03a-c

na região de H 1,43 a 5,34 ppm.

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77

GA01-13C_BB.3

240 220 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0

Chemical Shift (ppm)

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

140.8

5138.4

0

121.8

1

77.4

277.1

076.7

971.9

1

56.8

6

53.5

150.2

3

42.3

937.3

532.0

031.7

529.7

8

21.1

719.9

019.4

719.1

2

11.9

40.0

7

Figura 56. Espectro de RMN de 13C obtido para PP03a-c (100 MHz, CDCl3).

GA01-13C_BB.3

70 65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5

Chemical Shift (ppm)

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

71.9

1

56.8

656.1

5

53.5

1

50.2

3

45.9

3

42.4

242.3

9

39.8

7

37.3

536.6

036.2

334.0

4

32.0

031.7

529.7

829.2

528.3

326.1

724.3

923.1

621.1

719.9

019.4

719.1

219.0

618.8

612.3

212.0

611.9

4

Figura 57. Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP03a-c

na região de C 1,94 a 71,91 ppm.

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78

Tabela 10. Atribuição do espectro de RMN 13C obtido para PP03a-c Atribuição PP-03a* Campesterol** PP-03b* Estigmasterol** PP-03c* Sitosterol**

C (ppm) C (ppm) C (ppm) C (ppm) C (ppm) C (ppm)

1 37,34 37,3 37,34 37,3 37,34 37,29

2 32,0 31,9 32,0 31,9 32,0 31,94

3 71,9 71,8 71,9 71,8 71,9 71,83

4 42,4 42,2 42,4 42,2 42,4 42,4

5 140,8 140,7 140,8 140,7 140,8 140,7

6 121,8 121,7 121,8 121,7 121,8 121,7

7 34,04 33,9 34,04 33,9 34,04 34,0

8 31,8 31,9 31,8 31,9 31,8 31,9

9 50,2 50,1 50,2 50,1 50,2 50,1

10 36,2 36,1 36,2 36,1 36,2 36,1

11 21,2 21,1 21,2 21,1 21,2 21,1

12 39,9 39,8 39,9 39,8 39,9 39,8

13 42,4 42,3 42,4 42,3 42,4 42,3

14 56,86 56,8 56,86 56,8 56,86 56,8

15 24,4 24,3 24,4 24,3 24,4 24,3

16 28,3 28,9 28,3 28,9 28,3 28,9

17 56,0 56,0 56,0 56,0 56,0 56,0

18 12,3 12,3 12,3 12,3 12,3 12,3

19 19,5 19,4 19,5 19,4 19,5 19,4

20 37,3 37,3 40,5 39,8 40,5 39,8

21 12,2 14,1 19,9 20,5 19,1 18,8

22 32,0 32,0 138,4 138,3 31,9 32,0

23 31,7 31,6 129,37 129,3 26,17 26,0

24 45,9 45,8 51,3 51,2 45,9 45,8

25 31,8 31,9 31,7 31,9 29,0 29,0

26 21,3 21,2 21,3 21,2 19,9 19,8

27 19,9 20,2 19,5 19,8 19,5 19,8

28 18,8 18,2 25,49 25,4 23,2 23,0

*PP-03a-c- Mistura de campesterol, estigmasterol e sitosterol = dados obtidos no presente trabalho (100 MHz, CDCl3). **Campesterol, estigmasterol e sitosterol = dados relatados em Seo et al.,(1994)

O conjunto dos dados acima sugere para a mistura PP03a-c as

estruturas dos esteróides, campesterol, estigmasterol e sitosterol.

Os fitoesteróides (esteroídes de plantas) são frequentemente

encontrados dentro do reino vegetal, sendo que os mais comuns dentro desta

classe de substâncias são o estigmasterol e o sitosterol.

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79

Tabela 11: Principais picos observados no espectro de massas da fração PP-03 do extrato hexânico de P. pterosperma

Pico* tR** Substância PM % em

área do

pico

1 19,4 Campesterol (PP-03a) 400 20

2 20,0 Estigmasterol (PP-03b) 412 28

3 21,1 Sitosterol (PP-03c) 414 62

*Pico: ver Figura 48, p. 68; **tempo de retenção em minutos.

Quadro 03: Estrutura química dos constituintes da fração PP-03

1

2

3

45

6

7

89

10

11

12

13

14 15

16

1719

18 20

21 22

2324

25

26

27

28

1

2

3

45

6

7

89

10

11

12

13

14 15

16

1719

18 20

21 22

2324

25

26

27

2829

1

2

3

45

6

7

89

10

11

12

13

14 15

16

1719

18 20

21 22

2324

25

26

27

29

Campesterol (PP-03a) Sitosterol (PP-03b) Estigmasterol (PP-03c)

HO

HO

HO

4.3.4 Identificação da fração 1-3 do extrato em clorofórmio (PP-04)

A mistura foi obtida da fração 1-3 do extrato de clorofórmio partição com

acetato de etila por eluição (clorofórmio e acetato de etila 9:1) em coluna tipo

flash (item 3.10). Apresentou-se como um sólido branco cristalino, com faixa de

fusão 269,1 - 271,1oC.

A análise do sólido através der CCDA de sílica gel (item 3.10), eluente

clorofórmio, quando revelada com vanilina sulfúrica seguida de aquecimento,

apresentou-se como uma mancha de coloração arroxeada, que através da

análise dos espectros obtidos no CG/EM (Figura 59, p. 81) mostrou tratar-se de

uma mistura de substâncias. A solubilidade da mistura foi determinada em

CH2Cl2.

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80

A análise do espectro da mistura na região do infravermelho evidenciou

sua natureza alifática, pela presença de bandas de intensidade em 2939,52 -

2866,22 atribuídas ao estiramento C-H de carbono alifático (metílicos,

metilênicos e metínicos), observou-se também, bandas de intensidade em

3622,32 – 3479,58 cm-1 condizente com a presença de grupo OH e bandas de

intensidade em 1708,93 relativa ao estiramento da ligação C=O (Silverstein et

al., 2005; Pavia et al., 2001). Na Figura 58 apresenta-se o espectro na região do

infravermelho da mistura PP04-a e PP04-b.

3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Wavenumber (cm-1)

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

%T

ransm

itta

nce

3622.3

2

3479.5

8

2939.5

22866.2

2

1708.9

3

1458.1

8

1384.8

9

1257.5

9

1149.5

7

1006.8

4979.8

4921.9

7

794.6

7

717.5

2

Figura 58. Espectro de absorção molecular obtido na região do infravermelho

para PP-04a e PP-04b.

O Cromatograma de gás apresentou dois picos evidenciando a presença

de uma mistura de substâncias. Segundo comparação com a biblioteca (NIST)

do espectrômetro de massa, os índices de similaridade sugerem que a

substância PP - 04a (tR1=25,74 min), m/z=428 [M.+], trata-se do triterpeno

epifriedelanol (Figura 60, p.81). A substância PP - 04b (tR2=26,35 min),

apresentou pico do íon molecular a m/z 426 u.m.a e segundo análise dos dados

obtidos do espectro na região do IV (Figura 58) espectro de massa (Figura 61,

p.82), RMN 1H (Figura 62-63, p. 82-83) e 13C (Figura 64-67, p. 83-85) mostrou

tratar-se de quantidades adicionais de PP-01. A análise dos dados obtidos por

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81

meio do espectro de 1H e 13C para a substância PP-04a, serão discutidos

posteriormente, nos itens 4.3.5, p.85-88.

Figura 59: Cromatograma de gás da fração PP-04a-b do extrato em clorofórmio de P. pterosperma.

Figura 60. Fragmentograma de massas de PP04-a

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82

Figura 61. Fragmentograma de massas de PP04-b.

CHCI01-1H.1

20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4

Chemical Shift (ppm)

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

7.2

6

3.7

3

1.8

81.7

41.7

1

1.5

6 1.5

4

1.4

01.3

01.2

50.9

90.9

40.8

50.7

2

0.0

0

Figura 62. Espectro de RMN de 1H obtido para PP-04a e PP-04b (400 MHz, CDCl3).

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83

CHCI01-1H.1

1.6 1.5 1.4 1.3 1.2 1.1 1.0 0.9 0.8 0.7 0.6

Chemical Shift (ppm)

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0N

orm

alized Inte

nsity

1.5

6 1.5

41.5

21.5

11.4

8 1.4

7

1.4

4

1.4

0 1.3

8

1.3

6

1.3

3 1.3

01.2

9

1.2

5

1.2

0

1.1

81.1

71.1

41.1

21.1

11.0

9

1.0

51.0

41.0

0

0.9

90.9

9

0.9

60.9

40.9

20.9

1

0.8

80.8

70.8

5

0.7

2

Figura 63. Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP-04a e

PP-04b na região de H 0,72 a 1,56 ppm.

CHCL_01-13C_BB.1

240 220 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0

Chemical Shift (ppm)

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

77.4

2 77.1

076.7

872.8

453.2

849.2

641.8

139.3

736.1

735.4

3

32.1

8 29.7

928.2

618.7

318.3

317.6

316.4

815.8

811.7

1

Figura 64. Espectro de RMN de 13C obtido para PP-04a e PP-04b (100 MHz,

CDCl3).

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84

CHCL_01-13C_BB.1

62 60 58 56 54 52 50 48 46 44 42 40 38

Chemical Shift (ppm)

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

61.4

4

58.3

2 53.2

8

49.2

6

46.4

0 42.9

1

41.8

141.6

2

39.7

639.3

7

38.4

637.9

2

37.1

9

Figura 65. Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP-04a e

PP- 04b na região de C 37,19 a 61,44 ppm.

CHCL_01-13C_BB.1

40 35 30 25 20 15 10 5

Chemical Shift (ppm)

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

41.8

141.6

239.7

639.3

738.4

637.9

2

36.1

735.6

435.4

335.2

735.1

132.9

032.4

132.1

831.8

830.7

2

29.7

929.4

5 28.2

6

20.2

1

18.7

318.3

317.6

3

16.4

815.8

8

11.7

1

Figura 66. Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP-04a e

PP-04b na região de C 11,71 a 41,81 ppm.

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85

CHCL_01-13C_BB.1

36.5 36.0 35.5 35.0 34.5 34.0 33.5 33.0 32.5 32.0 31.5 31.0 30.5 30.0 29.5 29.0

Chemical Shift (ppm)

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0N

orm

alized Inte

nsity

36.1

7

35.6

4

35.4

335.2

7

35.1

1

32.9

0

32.4

1

32.1

8

31.8

8

30.7

230.5

9 30.1

1

29.7

9

29.4

5

Figura 67. Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP-04a e

PP-04b na região de C 29,45 a 36,17 ppm.

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86

Tabela 12. Atribuição do espectro de RMN 13C obtido para PP-04a-b

Atribuição PP04-a

epifriedelanol*

epifriedelanol** PP04-b Friedelina***

C (ppm) C (ppm) C (ppm) C (ppm)

1 15,88 15,8 - 22,7

2 35,2 35,2 41,8 41,8

3 72,8 72,8 - 213,0

4 49,2 49,2 58,3 58,2

5 37,2 37,1 42,9 42,8

6 41,8 41,7 41,6 41,2

7 17,6 17,6 18,3 18,3

8 53,3 53,2 53,2 53,2

9 38,4 38,4 37,9 37,8

10 61,4 61,4 61,4 59,5

11 35,2 35,3 35,2 35,2

12 30,6 30,6 32,9 32,4

13 37,9 37,8 38,4 38,2

14 39,7 39,7 39,7 39,7

15 32,4 32,3 30,6 30,6

16 36,1 36,1 36,1 36,1

17 30,1 30,0 30,1 30,0

18 42,9 42,8 42,9 42,9

19 35,6 35,6 35,4 35,3

20 29,4 28,2 29,4 28,2

21 32,1 32,8 32,9 32,9

22 39,3 39,3 39,3 39,3

23 11,7 11,6 - 6,8

24 16,4 16,4 15,8 14,6

25 18,3 18,2 18,3 18,2

26 18,7 18,6 18,7 18,6

27 20,2 20,1 20,2 20,1

28 31,8 31,8 32,1 32,1

29 35,1 35 31,8 31,8

30 32,2 32,1 35,1 35,0

*PP-04-a-b = Mistura de epifriedelanol e fridelina = dados obtidos no presente trabalho (100 MHz, CDCl3). **Epifriedelanol = dados relatados em Kiem et al., (2004) ***Friedelina = dados relatados em Aragão et al.(1990)

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87

O conjunto dos dados acima sugere para a substância PP-04a a

estrutura do triterpeno epifriedelanol e para PP-04b a estrutura do triterpeno

friedelina, já isolada em frações anteriores.

Tabela 13: Principais picos observados no espectro de massas da fração PP-04 do extrato hexânico de P. pterosperma

Pico* tR** Substância PM % em

área do

pico

1 25,74 Epifridelanol (PP - 04a) 426 77,81

2 26,32 Friedelina (PP - 04b) 426 22,19

*Pico: ver Figura 59, p. 81; **tempo de retenção em minutos.

Quadro 04: Estruturas químicas dos constituintes da fração PP-04

O

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19 2021

22

23

24

2526

27 28

29 30

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19 20 21

22

23

24

25 26

27

29 30

28

HO

HH

Epifriedelanol (PP - 04a) Friedelina (PP - 04b)

4.3.5. Identificação da fração 10-14 do extrato metanólico (PP-05).

A substância PP-05 foi obtida das frações 10-14 do extrato metanólico

(item 3.11). PP-05 apresentou-se como um sólido branco cristalino, com faixa

de fusão 215,3 - 219°C.

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88

A análise do sólido através de CCDA de sílica gel (item 3.11), eluente

clorofórmio, sugeriu tratar-se de uma substância triterpenoídica, em função da

presença de uma única mancha de coloração arroxeada que através da análise

dos espectros obtidos no CG/EM (Figura 69, p. 89) mostrou tratar-se de uma

substância pura. A sua solubilidade foi determinada em CH2Cl2.

A análise do espectro na região do infravermelho evidenciou sua

natureza alifática pela presença de bandas de intensidade em 2920,23 -2850,79

e 1708,93-1465,90 cm-1 relativas ao estiramento e à deformação C-H de

carbonos alifáticos (metílicos, metilênicos e metínicos) respectivamente.

Verificou-se também bandas de intensidade em 3622,32 – 3475,73 cm-1

condizente com a presença de grupo OH (Silverstein et al., 2005; Pavia et al.,

2001). Na Figura 68 apresenta-se o espectro na região do infravermelho da

substância PP-05.

3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Wavenumber (cm-1)

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

%T

ransm

itta

nce

3622.3

2

3475.7

3

3001.2

4

2920.2

3

2850.7

9

2669.4

8

2357.0

12330.0

1

1770.6

51735.9

3

1465.9

0

1384.8

91361.7

41311.5

91257.5

91176.5

81049.2

81018.4

11002.9

8979.8

4945.1

2918.1

2794.6

7 721.3

8

Figura 68: Espectro de absorção molecular obtido na região do infravermelho para PP-05.

O espectro de massas de baixa resolução, obtido por inserção via CG,

apresentou um único pico (Figura 69, p.89). Segundo comparação com a

biblioteca (NIST) do espectrômetro de massa, os índices de similaridade

sugerem que a substância PP-05 tR em 25,63 min, pico do íon molecular m/z

428 [M.+], além dos picos em m/z 413 [M+ - (CH3)], m/z 275 [M+ - (C11H21)] e m/z

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89

231 u.m.a trata-se do triterpeno epifriedelanol. A figura 71 (p. 90) apresenta a

provável fragmentação de PP-05

Figura 69: Cromatograma de gás da fração PP-05 do extrato metanólico de P. pterosperma.

Figura 70: Fragmentograma de massas de PP-05.

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90

CH3

m/z = 428

C2H4O

m/z = 275 m/z = 231

HO

HO

C11H21

m/z = 413

HO

Figura 71. Provável fragmentação de PP-05.

O espectro de RMN de 1H (400 MHz, CDCl3) da amostra PP - 05 (Figuras

72-75, p.90-92), apresentou diversos sinais entre 0,85 e 1,74 ppm que indicam

a presença de vários grupos metílicos na molécula. O espectro ainda

apresentou um sinal múltiplo em 3,74 ppm referente ao H-3.

MEAC_01-1H.6

20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4

Chemical Shift (ppm)

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

7.2

6

3.7

43.7

23.7

11.7

41.7

11.5

6

1.3

2 1.3

01.2

91.2

81.2

41.2

41.2

20.9

9 0.9

4

0.8

5

-0.0

1

Figura 72. Espectro de RMN de 1H obtido para PP-05 (400 MHz, CDCl3).

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91

MEAC_01-1H.6

4.15 4.10 4.05 4.00 3.95 3.90 3.85 3.80 3.75 3.70 3.65 3.60 3.55 3.50 3.45 3.40 3.35

Chemical Shift (ppm)

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

3.7

4

3.7

2

3.7

1

3.6

9

Figura 73. Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP-05 na

região de H 3,69 a 3,74 ppm.

MEAC_01-1H.6

2.6 2.5 2.4 2.3 2.2 2.1 2.0 1.9 1.8 1.7 1.6 1.5 1.4 1.3 1.2 1.1

Chemical Shift (ppm)

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

1.6

01.5

61.5

41.5

21.5

11.4

9 1.4

61.4

41.3

81.3

71.3

61.3

5 1.3

2 1.3

01.2

61.2

51.2

41.2

41.2

2

1.1

6

1.1

2

Figura 74. Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP-05 na

região de H 1,12 a 1,60 ppm.

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92

MEAC_01-1H.6

1.3 1.2 1.1 1.0 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5

Chemical Shift (ppm)

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

1.3

2 1.3

01.2

9

1.2

61.2

51.2

41.2

41.2

2

1.1

6

1.1

2

1.0

71.0

6

1.0

00.9

90.9

80.9

50.9

40.9

20.9

10.9

0

0.8

7

0.8

5

Figura 75. Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP-05 na

região de C 0,85 a 1,26 ppm.

O espectro de RMN de 13C desacoplado de 1H (75 MHz, CDCl3) obtido

para PP-05 (Tabela 14, p.95; Figuras 76-80, p.93-95) apresentou um sinal em

72,85 (C-3) indicando ser um carbono oxigenado. Os deslocamentos químicos

dos carbonos adjacentes C-2, C-1 e C-4 e a metila C-23 foram atribuídos

levando-se em consideração o efeito do grupo hidroxila no carbono o qual está

ligado.

A localização das metilas pode ser comprovada pela correlação JCH entre

H 0,95 e C 11,70 (C-23),H 0,92 e C 16,47 (C-24), H 0,85 e C 18,33 (C-25),

H 1,0 e C 18,73 (C-26), H 0,95 e C 20,2 (C-27), H 0,96 e C 31,87 (C-28), H

0,92 e C 35,0 (C-29), H 1,16 e C 32,17 (C-30), apresentadas no espectro de

correlação heteronuclear HMQC (Figuras 81-82, p.96).

As mesmas podem ainda ser confirmadas através das correlações a

longa distância entre o átomo de carbono C-4 em C 49,25 com hidrogênios em

H 0,92 (3H-24), o átomo de carbono C-6 em H 41,8 com hidrogênios em H

0,92 (3H-24), o átomo de carbono C-8 em C 53,28 com hidrogênios em H 0,85

(3H-25) e H 1,0 (3H-26), o átomo de carbono C-29 em C 35,1 com hidrogênios

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93

em H 1,16 (3H-30) e o átomo de carbono C-30 em C 32,17 com hidrogênios

em H 0,92 (3H-29) apresentadas no espectro de HMBC (Figuras 83-84, p.97).

MEAC_01-13C_BB.2

240 220 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0

Chemical Shift (ppm)

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

77.4

277.1

076.7

872.8

5

61.4

3 58.5

753.2

849.2

541.8

035.4

232.9

0

29.7

828.2

518.7

318.5

118.3

317.6

315.8

711.7

0

Figura 76. Espectro de RMN de 13C obtido para PP-05 (100 MHz, CDCl3).

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94

MEAC_01-13C_BB.2

70 65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10

Chemical Shift (ppm)

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0N

orm

alized Inte

nsity

72.8

5

61.4

3 58.5

7

53.2

8

49.2

5

42.9

141.8

039.7

639.3

7

37.9

137.1

936.1

635.4

232.9

032.4

132.1

7

30.1

029.7

8

28.2

5

20.2

018.7

3 18.5

118.3

317.6

316.4

715.8

7

11.7

0

Figura 77.Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP-05 na

região de C 11,70 a 72,85 ppm.

MEAC_01-13C_BB.2

42 40 38 36 34 32 30 28 26 24 22 20 18 16 14 12

Chemical Shift (ppm)

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

42.9

1

41.8

0

39.7

639.3

738.4

537.9

137.1

936.1

635.6

3 35.4

235.2

635.1

1

32.9

032.4

132.1

731.8

7

30.7

230.1

029.7

8

28.2

5

20.2

0

18.7

3 18.5

118.3

317.6

3

16.4

715.8

7

11.7

0

Figura 78. Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP-05 na

região de C 11,70 a 42,91 ppm.

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95

MEAC_01-13C_BB.2

43 42 41 40 39 38 37 36 35 34 33 32 31 30 29 28

Chemical Shift (ppm)

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0N

orm

alized Inte

nsity

42.9

1

41.8

0

39.7

6

39.3

7

38.4

5

37.9

1

37.1

9

36.1

6

35.6

3 35.4

235.2

635.1

1

32.9

0

32.4

132.1

731.8

7

30.7

2

30.1

0

29.7

8

28.2

5

Figura 79. Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP-05 na

região de C 28,25 a 42,91 ppm.

MEAC_01-13C_BB.2

28 27 26 25 24 23 22 21 20 19 18 17 16 15 14 13 12

Chemical Shift (ppm)

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

28.2

5

20.2

0

18.7

3 18.5

118.3

3

17.6

3

16.4

7

15.8

7

11.7

0

Figura 80. Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP-05 na

região de C 28,25 a 11,70 ppm.

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96

3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0

F2 Chemical Shift (ppm)

0

20

40

60

80

100

120

F1 C

hem

ical S

hift (ppm

)

Figura 81. Espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C (HMQC) da substância PP-05.

1.9 1.8 1.7 1.6 1.5 1.4 1.3 1.2 1.1 1.0 0.9 0.8

F2 Chemical Shift (ppm)

20

40

60

80

100

120

F1 C

hem

ical S

hift (ppm

)

Figura 82. Ampliação do espectro de HMQC da substância PP-05 na região de 0,5 a 4,7 ppm.

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97

4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5

F2 Chemical Shift (ppm)

0

50

100

150

200

F1 C

hem

ical S

hift (ppm

)

Figura 83. Espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C (HMBC) da substância PP-05.

1.6 1.5 1.4 1.3 1.2 1.1 1.0 0.9 0.8

F2 Chemical Shift (ppm)

10

20

30

40

50

60

70

80

F1 C

hem

ical S

hift (ppm

)

Figura 84. Ampliação do espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C (HMBC) da substância PP-05 na região de 0,8- 1,6 ppm.

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98

Tabela 14: Atribuição dos espectros de RMN de 1H, HMQC (1JCH, 1H-13 C) e HMBC (2,3JCH) obtido para a substância PP-05.

Atribuição HMQC HMBC Referência**

C H C 2JCH

3JCH

H

C

1 1,4 15,8 H-10 - - 15,8

2 1,6 35,2 - - - 35,2

3 3,7 72,8 - 3H-23 3,7 72,8

4 1,29 49,2 - 3H-23, 3H-24 - 49,2

5 - 37,1

6 1,94 41,8 - - - 41,7

7 1,35 17,6 H-8 - - 17,6

8 1,24 53,2 - - - 53,2

9 - 38,4

10 0,87 61,4 - 3H-24 - 61,4

11 1,34 35,2 - - - 35,3

12 1,38 30,7 - 3H-27 - 30,6

13 - 37,8

14 - 39,7

15 1,26 32,4 - 3H-26 - 32,3

16 1,5 36,1 - 3H-28 - 36,1

17 - 30,0

18 1,5 42,9 - - - 42,8

19 1,26 35,6 - 3H-29 - 35,6

20 - 28,2

21 1,43 32,9 - - - 32,8

22 1,46 39,3 - 3H-28 - 39,3

23 0,95 11,7 - - 0,91 11,6

24 0,92 16,4 - - 0,94 16,4

25 0,85 18,3 - - 0,83 18,2

26 1,0 18,5 - - 0,98 18,6

27 0,95 20,2 - - 0,95 20,1

28 0,96 31,8 2H-16 - 0,97 31,8

29 0,92 35,1 - 3H-30 0,92 35,0

30 1,16 31,8 - 3H-29 1,14 32,1

**Epifriedelanol = dados relatados em Kiem et al., (2004)

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99

O conjunto dos dados acima sugere para a substância PP-05 a estrutura

do triterpeno epifriedelanol.

1

2

3

4 6

7

8

9

11

12

13

14

15

16

17

18

19 20 21

22

2324

25 26

27

29 30

28

HO

HH

Figura 85. Estrutura do epifriedelanol (PP-05)

Na literatura encontram-se diversos estudos relatando a atividade

biológica do epifriedelanol. Kundu e colaboradores (2000) verificaram que o

triterpeno isolado da espécie Vitis trifolia (Ulmaceae) apresentou atividade

antitumoral em um bioensaio realizado com discos de batata. Yang et. al (2010)

verificaram que o mesmo isolado das raízes da espécie Ulmus davidiana

(Ulmaceae) reduz a senescência em células humanas primárias, podendo então

ser utilizado como suplemento alimentar, ou na formulação de cosméticos para

reduzir o envelhecimento dos tecidos ou doenças associadas ao

envelhecimento tecidual.

4.3.6 Identificação da fração 8-13 do extrato metanólico (PP-06)

A mistura foi obtida das frações 8-13 do extrato metanólico (item 3.11).

PP-06 apresentou-se como um sólido amarelado, com faixa de fusão de 137,4-

139,4°C. A análise do sólido através de CCDA de sílica gel (item 3.11), eluente

clorofórmio, sugeriu tratar-se de uma substância triterpenoídica, em função da

presença de uma única mancha de coloração arroxeada que através da análise

dos espectros obtidos no CG/EM (Figura 87, p. 101) mostrou tratar-se de uma

mistura de substâncias. A solubilidade da mistura foi determinada CH2Cl2.

A análise do espectro da mistura na região do infravermelho confirmou

que a mistura estava acetilada devido à presença de uma banda intensa na

região de 1732,8 cm-1 referente à absorção do grupo C=O dos ésteres.

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100

Verificou-se também a presença de bandas de intensidade em 2943,37 -

2854,65 e 1678,07 - 1452,72, cm-1 atribuídas ao estiramento e à deformação de

C-H de carbono alifático (CH3, CH2 e CH) respectivamente. (Silverstein et al.,

2005; Pavia et al., 2001). Na Figura 86 apresenta-se o espectro na região do

infravermelho da mistura de substâncias PP-06a, PP-06b, PP-06c, PP-06d, PP-

06e.

3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Wavenumber (cm-1)

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

%T

ransm

itta

nce

3070.6

7

2943.3

7

2870.0

82854.6

5

2353.1

6

1732.0

81678.0

71643.3

5

1465.9

01454.3

3

1369.4

6

1246.0

21199.7

21145.7

2

1026.1

3979.8

4902.6

9875.6

8

659.6

6609.5

1547.7

8493.7

8

Figura 86. Espectro de absorção molecular obtido na região do infravermelho para PP06a-e.

O espectro de massas de baixa resolução, obtido por inserção via CG

(Figuras 87, p.101), apresentou 5 picos principais evidenciando a presença de

uma mistura de substâncias). Segundo comparação com a biblioteca (NIST) do

espectrômetro de massa, os índices de similaridade sugerem que a substância

PP- 06a (tR1 =21,8 min), trata-se do acetato de campesterol; PP- 06b (tR2 =22,58

min), trata-se do acetato de estigmasterol; PP- 06c (tR3 =24,16 min) trata-se do

acetato de sitosterol; PP - 06d (tR4=24,42 min) trata-se do acetato de amirina;

PP-06e (tR5=25,73 min), trata-se do acetato de lupeol.

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101

Figura 87: Cromatograma de gás da fração PP-06a-e do extrato metanólico de P. pterosperma.

Conforme pode ser visto nas Figuras 89 -91, p.103-104 os picos relativos

aos íons moleculares de PP–06a, PP-06b e PP-06c não foram detectados. Este

fato envolve a transferência de um hidreto para o oxigênio da carbonila

(rearranjo de McLafferty) (Silverstein et al., 2005) com perda de um fragmento

neutro de m/z 60 (CH3COOH) e formação de um fragmento estável como

esquematizado abaixo.

O

OH

CH3COOH

m/z 442 (PP-06a)m/z 454 (PP-06b)m/z 456 (PP-06d)

m/z 382 (PP-06a)m/z 394 (PP-06b)m/z 396 (PP-06d)

Nas substâncias P-06d e PP-06e observam-se os picos dos íons

moleculares a m/z 468, além dos fragmentos envolvendo a reação de Retro

Diels-Alder (Silverstein et al., 2005) (Figura 93).

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102

H3COOC

m/z = 468

m/z = 218

*RDA

CH3

C2H3

m/z = 203 m/z = 189

(-amirina)

H3COOC

m/z = 468

m/z = 218

*RDA

CH3

C2H3

m/z = 203 m/z = 189

(-amirina)

*Retro Diels-Alder

Figura 88. Proposta de fragmentação de PP-06d através de mecanismo

envolvendo a reação de retro Diels-Alder.

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103

Figura 89: Fragmentograma de massas de PP06-a.

Figura 90: Fragmentograma de massas de PP06-b

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104

Figura 91: Fragmentograma de massas de PP06-c

Figura 92: Fragmentograma de massas de PP-06d

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105

Figura 93: Fragmentograma de massas de PP-06e.

O espectro de RMN de 1H (400 MHz, CDCl3) para a mistura de

substâncias (Figuras 95 - 100, p. 108-111) apresentou vários sinais entre 0,69 e

1,68 ppm, correspondentes aos grupos metílicos das substâncias. Os sinais

simples em 2,05, 2,04 e 2,03 ppm, correspondem a grupos metilas de acetato.

Verificou-se a presença de um sinal duplo em 4,68 ppm relativo ao H do

carbono C-3.

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106

PPA3_01-1H.1

20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4

Chemical Shift (ppm)

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

7.2

77.2

6

4.6

84.5

74.5

6

3.6

63.4

92.3

2 2.1

72.0

42.0

4

1.6

81.3

81.0

20.8

40.8

30.7

80.6

90.0

0-0

.01

-0.0

1

Figura 94. Espectro de RMN de 1H obtido para PP06a-e (400 MHz, CDCl3).

PPA3_01-1H.1

7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5

Chemical Shift (ppm)

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

7.2

77.2

77.2

6

4.6

84.6

84.5

64.4

9

4.4

64.4

5

3.6

63.5

03.5

03.4

93.4

7

2.3

82.3

62.3

2 2.1

72.0

5 2.0

42.0

42.0

32.0

01.8

41.6

81.6

51.4

51.3

91.3

8

1.2

51.2

41.0

91.0

20.9

30.8

50.8

40.8

30.7

80.6

7

Figura 95. Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP06a-e na

região de H 0,67 a 4,68 ppm.

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107

PPA3_01-1H.1

4.85 4.80 4.75 4.70 4.65 4.60 4.55 4.50 4.45 4.40 4.35 4.30 4.25

Chemical Shift (ppm)

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0N

orm

alized Inte

nsity

4.6

84.6

8

4.5

74.5

6

4.4

9

4.4

74.4

6

4.4

5

Figura 96. Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP-06a-e

na região de H 4,45 a 4,68 ppm.

PPA3_01-1H.1

3.80 3.75 3.70 3.65 3.60 3.55 3.50 3.45 3.40

Chemical Shift (ppm)

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

3.6

6

3.5

03.5

0

3.4

9

3.4

7

Figura 97. Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP06a-e na

região de H 3,47 a 3,66 ppm.

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108

PPA3_01-1H.1

2.5 2.0 1.5 1.0

Chemical Shift (ppm)

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0N

orm

alized Inte

nsity

2.3

82.3

62.3

32.3

22.3

1

2.1

7

2.0

5 2.0

42.0

42.0

32.0

02.0

01.9

41.8

81.8

71.8

71.8

61.8

4

1.6

81.6

51.6

31.6

21.6

11.6

01.5

71.4

11.3

91.3

81.3

71.3

61.2

81.2

51.2

41.2

31.2

21.2

01.1

9

1.0

21.0

10.9

9

0.9

30.9

2

0.8

50.8

40.8

30.8

00.7

8

0.7

30.6

90.6

7

Figura 98. Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP06a-e na

região de H 0,67 a 2,38 ppm.

PPA3_01-1H.1

1.6 1.5 1.4 1.3 1.2 1.1 1.0 0.9 0.8 0.7

Chemical Shift (ppm)

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

1.6

81.6

7 1.6

51.6

31.6

21.6

11.6

01.5

7

1.5

01.4

81.4

71.4

61.4

5 1.4

11.3

91.3

81.3

71.3

6

1.3

31.3

1 1.2

81.2

51.2

41.2

31.2

21.2

01.1

91.1

71.1

31.1

31.0

91.0

7

1.0

21.0

10.9

90.9

90.9

7

0.9

30.9

20.9

1

0.8

8

0.8

50.8

40.8

30.8

20.8

10.8

00.7

8

0.7

3

0.6

90.6

7

Figura 99. Ampliação do espectro de RMN 1H (400 MHz, CDCl3) de PP06a-e na

região de H 0,67 a 1,68 ppm.

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109

O espectro de RMN de 13C desacoplado de 1H (75 MHz, CDCl3) obtido

para a mistura PP-06a-e (Tabela 15, p.113; Figuras 100-103, p. 111-113)

verifica-se um sinal em 171,1 ppm, relativo à carbonila do grupo acetato; um

sinal em 151 ppm, relativo ao C-20 do acetato de lupeol. Os sinais em 21,4

(PP06-b e PP06-c); 25,2 (PP-06-d) e 21 ppm (PP06-e), foram atribuídos

respectivamente ao CH3 do grupamento acetato das substâncias presentes na

mistura e os sinais em 74,0 (PP06-b e PP06-d); 75,3 (PP06-d) e 81,2 ppm

(PP06-e) foram atribuídos ao carbono metínico CH-3 em que o grupamento

acetato se encontra ligado.

Estas atribuições em conjunto com os dados encontrados na literatura,

permitiram confirmar as estruturas das substâncias presentes na mistura.

PPA3_01-13C_BB.1

240 220 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0

Chemical Shift (ppm)

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

171.1

1

151.0

6

139.7

6

122.7

3

109.4

4

81.0

777.4

177.1

076.7

755.4

850.4

448.1

043.0

938.4

937.8

937.1

835.6

629.7

827.5

323.8

021.4

018.3

018.0

916.0

614.6

00.0

7

Figura 100. Espectro de RMN de 13C obtido para PP06a-e (100 MHz, CDCl3).

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110

PPA3_01-13C_BB.1

56 54 52 50 48 46 44 42 40 38 36 34

Chemical Shift (ppm)

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0N

orm

alized Inte

nsity

56.7

9

55.4

8

50.4

450.1

2

48.3

848.1

0

43.0

942.9

242.4

1

40.9

5

40.0

939.8

2 38.4

9

38.1

437.8

937.1

837.0

936.6

8 35.6

6

34.3

0

Figura 101. Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP06a-e

na região de C 34,30 a 56,79 ppm.

PPA3_01-13C_BB.1

40 35 30 25 20 15 10 5

Chemical Shift (ppm)

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

Norm

alized Inte

nsity

40.9

540.0

939.8

2 38.4

938.1

437.8

937.1

837.0

9

35.6

6

34.3

0

31.9

5

29.9

329.7

829.2

528.3

328.0

427.5

3

25.1

924.3

8 23.8

023.1

621.5

221.4

0

21.0

319.9

019.4

018.3

018.0

916.5

816.2

616.0

614.6

014.2

0

11.9

4

Figura 102. Ampliação do espectro de RMN 13C(100 MHz, CDCl3) de PP06a-e

na região de C 40,95 a 11,94 ppm.

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111

PPA3_01-13C_BB.1

65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5

Chemical Shift (ppm)

0

0.05

0.10

0.15

0.20

0.25

Norm

alized Inte

nsity

55.4

8

50.4

450.1

248.3

848.1

0

43.0

942.9

242.4

140.9

540.0

939.8

238.4

9

37.8

937.1

837.0

9

35.6

634.3

0

31.9

5

29.9

329.7

829.2

528.0

4 27.5

3

25.1

9

23.8

0

21.5

221.4

021.0

319.9

0

18.3

018.0

916.2

616.0

614.6

014.2

0

11.9

4

Figura 103. Ampliação do espectro de RMN 13C (100 MHz, CDCl3) de PP06a-e

na região de C 55,49 a 11,94 ppm.

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112

Tabela 15. Atribuição do espectro de RMN 13C obtido para PP06a-e. Atribuição PP06-

a*

Acetato de

Campesterol**

06-b* Acetato de

Estigmasterol

06-c* Acetato de

Sitosterol**

06-d* Acetato

de

amirina**

06-e* Acetato

de

lupeol**

C

(ppm)

C

(ppm)

C

(ppm)

C

(ppm)

C

(ppm)

C (ppm) C

(ppm)

C (ppm) C

(ppm)

C

(ppm)

1 37,09 37,3 37,09 37,0 37,09 37,0 38,49 38,7 38,49 38,6

2 27,8 27,8 27,8 27,8 27,8 27,8 27,5 27,2 23,8 23,9

3 74,0 74,0 74,0 78,3 81,1 81,2

4 37,9 37,9 37,9 38,1 37,9 38,1 37,9 38,7 37,9 38

5 139,7 139,7 139,7 139,6 139,7 139,6 55,5 55,2 55,5 55,5

6 122,7 122,7 122,7 122,6 122,7 122,6 18,3 18,3 18,1 18,2

7 31,9 31,9 31,9 31,8 31,9 31,8 32 32,9 34,3 34,4

8 31,9 31,9 31,9 31,8 31,9 31,8 40,1 40,0 40,9 41

9 50,1 50,1 50,1 50,0 50,1 50,0 48 47,7 50,4 50,5

10 37,1 36,1 37,1 37,0 37,1 37,0 37,1 36,9 37,2 37,2

11 21,4 21,1 21,4 21,2 21,4 21,2 23,2 23,3 21 21,1

12 39,8 39,8 39,8 39,7 39,8 39,7 122,7 124,3 25,2 25,2

13 42,4 42,3 42,4 42,3 42,4 42,3 139,7 139,3 38,5 38,2

14 55,5 56,8 55,5 56,7 55,5 56,7 41,8 42 43 43

15 24,4 24,3 24,4 24,4 24,4 24,4 28 28,7 27,5 27,6

16 28 28,9 28 28,4 28 28,2 27,5 26,6 35,6 35,7

17 55,5 56,0 55,5 56,0 55,5 56,0 37,9 37,7 43 43

18 11,9 12,3 11,9 12,0 11,9 12,0 - 58,9 48,1 48,4

19 19,4 19,4 19,4 19,3 19,4 19,3 39,8 39,6 48,1 48,2

20 37,2 37,3 40,1 40,5 - 36,2 40,1 39,6 151,1 151,1

21 14,2 14,1 21,4 21,2 18,3 18,8 31,9 31,2 29,9 29,9

22 32,0 32,0 139 138,3 34,3 33,9 40,9 41,5 40,1 40,2

23 29,9 31,6 - 129,3 25,2 26,1 28 28,1 28 28,1

24 - 45,8 50,4 51,2 - 45,8 16 15,6 16,6 16,7

25 29,2 31,9 29,2 29,1 29,2 29,1 16 15,6 16,3 16,2

26 19,9 21,2 19,9 19,8 19,9 19,8 16,6 16,8 16,6 16,8

27 19,0 20,2 19 19,0 19 19,0 23,2 23,3 14,6 14,7

28 25,2 18,2 25,2 25,4 23,2 23,1 28 28,1 18,3 18,2

29 - - 11,9 12,2 11,9 11,8 16,6 17,4 109,4 109,5

30 - - - - - - 21,4 21,3 19,4 19,4

1´ - 171,1 170,5 171,1 170,5 171,1 170,9 171,1 171,2

2´ - 21,5 21,4 21,5 21,4 21,4 21,39 21 21,1

*PP-06a-e- Mistura de acetato de campesterol, acetato de estigmasterol, acetato de sitosterol, acetato de amirina e acetato de lupeol = dados obtidos no presente trabalho (100 MHz, CDCl3). **Acetato de campesterol, acetato de estigmasterol, acetato de sitosterol, acetato de amirina e acetato de lupeol= dados relatados em Veloso et al.,(1998)

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113

Tabela 16: Principais picos observados no espectro de massas da fração PP-06 do extrato metanólico de P. pterosperma

Pico* tR** Substância PM % em

área do

pico

1 21,8 Acetato de campesterol (PP-06a) 268 3,9

2 22,5 Acetato de estigmasterol (PP-06b) 298 5,57

3 24,1 Acetato de sitosterol (PP-06c) 340 15,13

4 24,4 Acetato de amirina (PP-06d) 458 5,86

5 25,7 Acetato de lupeol (PP-06e) 458 69,46

*Pico: ver Figura 87, p. 98; **tempo de retenção em minutos.

O conjunto dos dados acima sugere para a mistura de substâncias PP06a-

PP06e, as estruturas abaixo:

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114

Quadro 05: Estruturas químicas dos constituintes da fração PP-06

O

O

C30H50O2m/z = 442 O

O

O

O

C31H52O2m/z = 456

Acetato de campesterol (PP - 06a)

Acetato de sitosterol (PP - 06c)

C31H50O2m/z = 454

O

O

C32H52O2m/z = 468

Acetato de estigmasterol(PP - 06b)

O

O

C32H52O2m/z = 468

Acetato de lupeol (PP - 06e)

O

O

C32H52O2m/z = 468

Acetato de -amirina

(PP-06d)

Acetato de -amirina

(PP-06d)

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115

4.4 RESULTADOS E DISCUSSÕES DA AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE

CITOTÓXICA FRENTE ÀS LARVAS DE A. salina

O bioensaio de A. salina tem demonstrado eficiência na avaliação do

potencial biológico dos extratos de plantas (Leite et al., 2009). A literatura indica

correlações entre a toxicidade geral para esse microcrustáceo e a citoxicidade

para linhagens de células humanas de tumores sólidos (McLaughlin et al.,

1998). Outras correlações já foram determinadas para atividades inseticidas

(Meyer et al., 1982) e antitripanossoma (Alves et al., 2000). Assim os dados

obtidos no bioensaio com A.salina revelam os extratos metanólicos e

hidrometanólicos do caule de P. pterosperma como fontes promissoras de

substâncias anticancerígenas, inseticidas e tripanomicidas, uma vez que estes

apresentaram DL50 191,5941 e 109,8776 μg/ mL, isto é ≤ 1000 μg/ mL.

Dentre os extratos de baixa polaridade, o extrato hexânico não

apresentou atividade, no entanto, o extrato diclorometânico apresentou-se ativo,

o que está de acordo com a literatura, a qual relata atividade citotóxica para

fitoesteróides e triterpenos (Gallota e Boaventura, 2005).

Tabela 17: Valores obtidos a partir do teste de letalidade frente às larvas de A.salina

Porcentagem de mortos após 24 horas

Concentração

(μg/ mL)

Extrato em

CHCl3

Extrato em

MeOH

Extrato em

MeOH/H2O

100 0% 6,45% 18,42%

200 6% 23% 22,2%

400 8,1% 60% 86,8%

600 2% 81% 100%

1000 11,4% 83,8% 100%

DL50 18228,11 191,5941 109,8776

Intervalo de

confiança a

95%

1,45904 138,3927-

262,4281

86,74859-

132,9603

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116

Correlacionando os resultados do perfil fitoquímico e o bioensaio de A.

salina, pode-se inferir que a presença de esteróides presentes nos extratos

podem ser os responsáveis pela ação citotóxica frente ás larvas de A. salina,

uma vez que em estudos realizados por Padmaja et al. (2002) demonstrou que

esta classe de metabólitos apresenta ação tóxica frente às larvas destes

microcrustáceo.

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Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Referência Bibliográfica

117

4.8. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Referência Bibliográfica

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Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Conclusão

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5. CONCLUSÃO

O estudo fitoquímico do caule de Parapiptadenia pterosperma resultou

na identificação dos seguintes metabólitos especiais. Do extrato hexânico foram

identificados dois terpenóides: friedelina (PP-01) e lupeol (PP-03c) e três

esteróides: sitosterol (PP-03c), estigmasterol (PP-03b) e campesterol (PP-03a),

um álcool, eicosanol (PP-02a) e um éster, uncosanoato de metila (PP-02b).

Do extrato em clorofórmio foram identificados dois terpenóides,

epifriedelanol (PP-04a) e friedelina (PP-04b).

O extrato metanólico resultou na identificação dos triterpenos:

epifriedelanol (PP-05) e os derivados acetilados da amirina (PP-06d), lupeol

(PP-06e), campesterol (PP-06a), sitosterol (PP-06c) e estigmasterol (PP-06b).

A revisão bibliográfica da espécie mostrou que a mesma não havia sido

estudada fitoquimicamente até o momento. Desta forma o presente trabalho

contribuiu para o conhecimento da composição química da espécie P.

pterosperma, bem como ao incentivo de estudos biológicos mais específicos,

uma vez que os extratos mais polares apresentaram atividade citotóxica frente

as larvas de Artemia salina.

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Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Resultados e Discussão

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Roberta Ferreira Nagipe da Silva Parapiptadenia pterosperma Conclusão

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FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pela Biblioteca do CCT / UENF 18/2011

Silva, Roberta Ferreira Nagipe da Prospecção química e biológica do estrato arbóreo da mata do Bom Jesus (Campos dos Goytacazes): uma contribuição ao estudo da espécie Parapiptadenia pterosperma (Benth.) Brenan (Fabaceae) / Roberta Ferreira Nagipe da Silva. – Campos dos Goytacazes, 2011. 119 f. : il. Dissertação (Mestrado em Ciências Naturais) --Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Centro de Ciência e Tecnologia. Laboratório de Ciências Químicas. Campos dos Goytacazes, 2011. Orientadora: Leda Mathias. Área de concentração: Química de Produtos Naturais. 1. Parapiptadenia pterosperma 2. Fabaceae 3. Fitoquímica 4. Atividade citotóxica. I. Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Centro de Ciência e Tecnologia. Laboratório de Ciências Químicas lI. Título.

CDD 547